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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
DE GESTÃO DE UNIDADES DE CUIDADOS
Stress associado ao problema de fertilidade:
Intervenção de enfermagem
Ascensão Mendes Nora Varela Baia
Coimbra, Março de 2012
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
DE GESTÃO DE UNIDADES DE CUIDADOS
Stress associado ao problema de fertilidade:
Intervenção de enfermagem
Ascensão Mendes Nora Varela Baia
Orientadora: Doutora, Manuela Frederico, Professora, Escola Superior de Enfermagem
de Coimbra
Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra para obtenção do grau de
Mestre em Enfermagem de Gestão de Unidades.
Coimbra, Março de 2012
A esperança não murcha, ela não cansa,
também como ela não sucumbe a crença.
Vão-se sonhos nas asas da descrença,
voltam sonhos nas asas da esperança.
Augusto dos Anjos
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos
João Miguel e Ana Maria, força do meu viver.
AGRADECIMENTOS
A todos os casais que aceitaram, com total disponibilidade, a participar neste estudo
de uma forma acolhedora e simpática transmitindo algo do que pensavam /sentiam. A
todos o nosso sincero obrigado.
À instituição, a toda a equipa, mas em especial às colegas por toda a colaboração
prestada.
À Sr. Professora Olinda pela valiosíssima ajuda na leitura da dissertação, à D.Adélia
pela sua ajuda na pesquisa bibliográfica.
À Professora Doutora Manuela Frederico, pela orientação dada, pela motivação
constante e pela grande disponibilidade demonstrada durante a realização deste
estudo.
Ao Olímpio, meu marido pelo apoio, paciência e motivação com que me acompanhou
neste percurso.
A Deus Criador pela força, coragem, confiança e luz no meu caminhar.
E a todos os que, directa e indirectamente, tornaram possível este trabalho.
A todos o meu sincero
MUITO OBRIGADO
LISTA DE SIGLAS
ACTH- Hormona de adrenocorticotrófico
AVP- Arginina Vasopressina
CRH- Hormona Libertadora da Corticotropina
DNA- Ácido Desoxirribonucleico
DP- Desvio padrão
FERTIS- Sistema de Informação de Apoio à Fertilidade e procriação Medicamente
Assistida
FIV- Fertilização in Vitro
FSH- Hormona Folículo Estimulante
GnRH- Hormona Libertadora da Gonadotrofina
HHA- Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
ICMART- Comissão Internacional para a Monitorização da Reprodução Medicamente
Assistida
ICSI- Microinjecção Intracitoplasmática
IMC- Índice de Massa Corporal
LH- Hormona Luteinizante
Md- Mediana
Mn- Mínimo
Mx- Máximo
OMS- Organização Mundial de Saúde
PMA- Procriação Medicamente Assistida
SNC- Sistema Nervoso Central
X- Média
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO..............................................................................................................17
PARTE UM: ENQUADRAMENTO TEÓRICO...............................................................21
CAPITULO I: STRESS ASSOCIADO AO PROBLEMA DE FERTILIDADE.................23
1.1- STRESS E FUNÇÃO REPRODUTIVA...................................................................291.2- SAÚDE REPRODUTIVA E INFERTILIDADE..........................................................31
1.3- AS IMPLICAÇÕES DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA INFERTILIDADE............................................................................................................34
2– REDE DE REFERÊNCIAÇÃO DE CUIDADOS EM INFERTILIDADE....................402.1- INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA
A FERTILIDADE...........................................................................................................41
2.1.1. Consulta de enfermagem aos casais com problema de fertilidade..............42
PARTE DOIS: ESTUDO EMPÍRICO.............................................................................45
CAPITULO II: METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO..................................................46
1-TIPO DE ESTUDO......................................................................................................47
2- QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPOTESES......................................................48
3-VARIÁVEIS................................................................................................................563.1- VARIAVEL DEPENDENTE......................................................................................56
3.2-VARIÁVEIS INDEPENDENTES...............................................................................57
3.3- VARIÁVEIS ATRIBUTO...........................................................................................58
4 - POPULAÇÃO / AMOSTRA.......................................................................................59
5- INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS.............................................................60
5.1- PRÉ-TESTE............................................................................................................60
6- PROCEDIMENTOS ÉTICO/LEGAIS..........................................................................62
7-TRATAMENTO ESTATISTICO....................................................................................63
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS............65
1- APRESENTAÇÃO DOS DADOS .............................................................................661.1- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .....................................................................66
1.2- O STRESS ASSOCIADO AO PROBLEMA DE FERTILIDADE .............................70
1.2.1- Resultados dos testes de hipóteses ..............................................................73
2- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..........................................................................81
3- PROPOSTA DE PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM CUIDADOS DEFERMAGEM.................................................................................................................86
CONCLUSÃO...............................................................................................................89
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................94ANEXOS
ANEXO I -Instrumento de recolha de dados.
ANEXO II- Pedido de autorização à autora a escala do inventário de problemas de fertilidade.
ANEXO III- Pedido de autorização ao Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E.
ANEXO IV- Autorização para a realização do estudo.
ANEXO V- Autorização para aplicação do Inventário de Problemas de Fertilidade. ANEXO
ANEXO VI- Consentimento informado.
LISTA DE QUADROS pág.
Quadro 1 – Distribuição dos elementos da amostra segundo variáveis pessoais e sociais em função do sexo................................................................................68
Quadro 2 - Distribuição dos elementos da amostra segundo as variáveis do estilo de vida associadas ao problema de fertilidade.......................................................70
Quadro 3 – Medidas descritivas referentes às dimensões e stress associado ao problema da fertilidade dos homens que frequentam a consulta de esterilidade da M.B.B. (n=50)...............................................................................................71
Quadro 4 – Medidas descritivas referentes às dimensões e stress associado ao problema da fertilidade, das mulheres que frequentam a consulta de esterilidade da M.B.B. (n=50) ...........................................................................72
Quadro 5 – Diferença do stress, associado ao problema de fertilidade, nos homens e nas mulheres em função do sexo, pela aplicação do teste de Mann-Whitney U (n=100)..............................................................................................................74
Quadro 6 – Correlação de Spearman’srho do stress, associado ao problema de fertilidade e dimensões com a idade dos homens e das mulheres (n=100)..............................................................................................................75
Quadro 7- Correlação de Spearman’srho de stress, associado ao problema de fertilidade, dos homens e das mulheres em função do tempo de infertilidade (n=100) .............................................................................................................76
Quadro 8 – Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade nos homens, em função da frequência das relações sexuais pela aplicação do teste Mann- Whitney U (n=50) ..............................................................................................77
Quadro 9 – Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade nas mulheres, em função da frequência das relações sexuais, pela aplicação do teste Mann-Whitney U( n=50) ...........................................................................77
Quadro 10- Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade nos homens, em função do índice de massa corporal, pela aplicação do teste Kruskal- -Wallis (n=50) ....................................................................................................78
Quadro 11 – Comparação do stress associado ao problema de fertilidade nas mulheres em função do índice de massa corporal, pela aplicação do teste Kruskal-Wallis (n=50).........................................................................................79
Quadro 12 – Comparação do stress associado ao problema de fertilidade, nos homens em função do nº de agentes de risco ocupacional, associados à alteração da fertilidade, pela aplicação do teste KrusKal-Wallis (n=50) ...........80
Quadro 13 – Comparação do stress associado ao problema de fertilidade, nas mulheres em função do nº de agentes de risco ocupacional, associados à alteração da fertilidade, pela aplicação do teste KrusKal-Wallis (n=50).........80
RESUMO
Em Portugal, a taxa de prevalência da infertilidade, ao longo da vida, situa‐se entre os
9 e os 10%. O stress é uma das causas.
O presente estudo – exploratório, descritivo e correlacional do tipo quantitativo – tem
como tema central “Stress associado ao problema de fertilidade: intervenção de
enfermagem”. E como ponto de partida, a seguinte questão: Qual o nível de stress,
associado ao problema de fertilidade, nos homens e mulheres (casais) que frequentam
a consulta de esterilidade e que relação há entre esse nível de stress e as variáveis
sexo, idade, tempo de infertilidade, frequência das relações sexuais, índice de massa
corporal e contacto com agentes de risco ocupacional?
Utilizamos o questionário, integrando uma escala validada. A amostra é constituída por
cem participantes. Os dados foram processados através do programa estatístico
SPSS (Statiscal Package for the Social Sciences), versão 19 para Windows.
O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, apresentado pelas mulheres é
ligeiramente superior (3,20) ao dos homens (3,10), não sendo a diferença
estatisticamente significativa.
O nível de stress, quando associado à idade dos homens, tem uma correlação
negativa e não é estatisticamente significativa; mas, para as mulheres, é
estatisticamente significativa nas dimensões “preocupação sexual” (p=0,00) e “stress
global” (p=0,03).
Nos homens, o nível de stress, quando correlacionado com o tempo de infertilidade,
tem uma correlação positiva em todas as dimensões e não é estatisticamente
significativa. Nas mulheres, a correlação também é positiva, excepto na dimensão
“preocupação com a relação”, e é estatisticamente significativa para a dimensão
“stress global” p=0,04, “necessidade da parentalidade” (p=0,03) e “preocupação social”
(p=0,01).
ABSTRACT
In Portugal, the life time infertility prevalence rate is 9 to 10%. Stress is one
important aspect in etiology.
The aim of this quantitative descriptive exploratory correlational study is to
investigate the “Stress and infertility: Nursing intervention”. The main question is
“Which is the level of stress associated to the infertility problem in men and women
(couples) in the Bissaya Barreto Maternity infertility outpatient clinic and, which is
the relationship between that level of stress and gender, age, duration of infertility,
frequency of sexual intercourse, body mass index and exposure to occupational risk
agents?
The instrument used was a questionnaire, integrated a validated scale. The sample
involved one hundred participates. We used the SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences), version 19, for Windows, for data processing.
Female stress level associated to infertility was slightly higher (3.20) than male
stress (3.10), with no statistical significance.
In male, stress level and age were negatively correlated but with no statistical
significance. However, for female it was also found a positive correlation with
statistical significance in the dimensions “sexual preoccupation” (p=0.00) and “stress
in general” (p=0.03).
Male stress and infertility duration is positively correlated in every dimension but with
no statistical significance. In female there was also a positive correlation, but with
the dimension “preoccupation about relationship”, and of statistical significance for
“general stress” (p=0.04), “parental designs” (p=0.03) and “social preoccupation”
(p=0.01) dimensions.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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1-INTRODUÇÃO
Ao longo da história de todas as civilizações, o problema da reprodução e a sua falência
têm sido causa de preocupação, essencialmente pelas repercussões sociológicas,
humanas e éticas.
Em Portugal, a prevalência da infertilidade, ao longo da vida, situa‐se entre os 9 e os
10% (Carvalho e Santos, 2009). Actualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
considera que a infertilidade é um problema de saúde pública. Este organismo, com o
objectivo de garantir o acesso a todos os indivíduos a serviços de saúde reprodutiva até
2015 – tal como preconiza o Programa de Acção da Conferência das Nações Unidas
sobre População e Desenvolvimento – tem colocado, na mão dos responsáveis e de
todos aqueles que estão envolvidos na prestação de cuidados em infertilidade e
procriação medicamente assistida, este grande desafio, que é garantir a acessibilidade
e promover acções no sentido de inverter ou controlar este fenómeno.
Segundo a Direcção Geral de Saúde (2010), o aumento de casos de infertilidade,
sugerido pelos dados disponíveis, pode estar relacionado com as consequências de
comportamentos de risco para a saúde em geral, como é o caso, entre outros, da
alimentação desequilibrada e conducente à obesidade, do tabagismo, alcoolismo, riscos
ocupacionais (exposição e contacto com agentes agressivos à fertilidade), aumento do
stress associado ao diagnóstico e tratamento da infertilidade, sedentarismo e relação
sexual. Porém, não poderá ignorar‐se também a sua natural associação com a opção
de adiar a gravidez para idades mais tardias.
Os cuidados em saúde reprodutiva constituem um conjunto diversificado de serviços,
métodos e técnicas que contribuem para o bem-estar e saúde, através da prevenção e
resolução de problemas, com respostas adequadas às necessidades específicas,
concretamente dos casais em fase reprodutiva, que desejam ter filhos, mas que
encontraram obstáculos à fertilidade.
Num estudo realizado por Kikendall e citado por Souza (2005), em que abordou a
experiência de infertilidade como período de crise, constatou que 95% das causas da
infertilidade eram fisiológicas; no entanto, houve um período em que a origem da
infertilidade era identificada e associada a um problema psicológico feminino. Os dados
revelam também que a infertilidade pode ser analisada como agente stressor, com
implicações no processo reprodutivo.
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Segundo Rabin (2010), é comum afirmar que, enquanto a infertilidade provoca stress,
sem dúvida, o stress não causa infertilidade. No entanto, estas duas condições podem
estar relacionadas e esta premissa pode ser invertida.
O stress é realmente um dos factores que age contra a fertilidade, quer este esteja no
papel de factor causal, quer esteja no papel de efeito do grande fenómeno que é a
infertilidade, provocando desgaste, ansiedade e problemas de relacionamento entre o
casal. Este é afectado pelos efeitos negativos do stress. Desses efeitos, salientamos a
diminuição da líbido, da frequência da actividade sexual, produção de espermatozóides,
alterações no sistema endócrino e perturbações sócio-laborais.
O presente estudo centra-se no tema stress associado ao problema de fertilidade,
apresentado pelos casais que frequentam a consulta de esterilidade na Maternidade
Bissaya Barreto. A infertilidade é um fenómeno evidente, que desperta grande interesse
na prática de enfermagem; isto, determinado pela procura de cuidados e pelo que está
preconizado no plano nacional de saúde reprodutiva, que é promover acções no sentido
de inverter ou controlar o fenómeno.
A Direcção Geral de Saúde (2010) aconselha que diminuir os níveis de stress pode
melhorar o relacionamento do casal, levar a um aumento da líbido e da frequência das
relações sexuais.
Imeson e McMurray, citados por Delgado (2007), referem que a compreensão do modo
como os casais vivenciam a infertilidade pode melhorar com a intervenção dos
profissionais. Os utentes esperam, cada vez mais, dos profissionais de saúde, uma
forma de cuidar compreensiva, sustentada, não só pelo conhecimento científico, mas
também pela relação estabelecida, orientação e acompanhamento.
Neste enquadramento, surgiu a pertinência da escolha desta temática e a questão de
partida deste estudo: Qual o nível de stress, associado ao problema de fertilidade, nos
homens e mulheres (casais) que frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade
Bissaya Barreto e que relação há entre esse nível de stress e as variáveis sexo, idade,
tempo de infertilidade, frequência das relações sexuais, índice de massa corporal e
contacto com agentes de risco ocupacional?
Os principais interesses deste estudo são contribuir para a concepção e organização
dos cuidados de enfermagem aos utentes que sofrem de infertilidade; propor um plano
de intervenção no âmbito de enfermagem, no nível de 1ª linha, no contexto da consulta
de esterilidade; contribuir para a tomada de decisão na gestão dos recursos humanos e
dos espaços físicos, assim como obter conhecimento científico, com a finalidade de
melhorar as práticas, de modo a produzir ganhos em saúde (aumentar a taxa de
gravidez e diminuir o tempo de infertilidade) junto dos utentes, família, comunidade e
instituição hospitalar.
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A fim de orientarmos todo o estudo, definimos os seguintes objectivos:
Caracterizar os homens e as mulheres que frequentam a consulta de esterilidade
da Maternidade Bissaya Barreto, na vertente sócio-demográfica e segundo o
estilo de vida associado ao problema de fertilidade.
Determinar o nível de stress associado ao problema de fertilidade nos homens e
nas mulheres que frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya
Barreto.
Relacionar o nível de stress, associado ao problema de fertilidade, nos homens e
nas mulheres que frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya
Barreto, com variáveis pessoais (idade, tempo de infertilidade, frequência das
relações sexuais, índice de massa corporal e agentes de risco ocupacional que
tem contacto).
Verificar se existe diferença entre o nível de stress apresentado pelos homens e
pelas mulheres que frequentam a consulta de esterilidade na MBB.
Para tal, realizámos um estudo exploratório, descritivo e correlacional do tipo
quantitativo.
Como instrumento de recolha de dados, utilizou-se o questionário dividido em duas
partes. A primeira parte visa determinar o nível de stress associado ao problema da
fertilidade. Para isso, utilizámos uma escala da autoria de Newton, et al. (1999), versão
original; e Moura et al. (2008), versão portuguesa. A segunda parte recolhe a
informação sócio-demográfica.
A amostra circunscreve-se aos casais inscritos na consulta de esterilidade da
Maternidade Bissaya Barreto e que sofrem de problema de fertilidade. Seleccionaram-
se, para o estudo, os participantes que recorreram à consulta no período temporal de 1
de Setembro a 15 de Dezembro de 2011.
Estruturalmente o relatório está organizado em duas partes: O enquadramento teórico e
o estudo empírico. No capítulo I, integrado na parte um, apresenta-se o enquadramento
teórico do stress associado ao problema de fertilidade, stress e função reprodutiva,
saúde reprodutiva e infertilidade, as implicações do diagnóstico e tratamento da
infertilidade, rede de referenciação de cuidados em infertilidade e intervenção de
enfermagem nos casais com infertilidade.
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Na parte II, constam o capítulo II, onde é referenciada a conceptualização e justificação
metodológica do estudo e o capítulo III onde é feita a apresentação, análise, discussão
dos resultados e proposta de programa de intervenção em cuidados de enfermagem.
Por último, vêm a conclusão, a bibliografia e os anexos.
A realização deste estudo pode contribuir para mobilizar, adquirir e aumentar
conhecimentos, de forma a permitir melhorar a qualidade de intervenção de
enfermagem junto dos casais com problema de fertilidade.
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PARTE UM: ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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CAPITULO I: STRESS ASSOCIADO AO PROBLEMA DE FERTILIDADE
O conceito de stress tem evoluído ao longo dos tempos. Vários autores deram o seu
contributo. Segundo Serra (1999), foi com Claude Bernard, fisiologista francês que viveu
entre 1813 e 1878, que se reconheceu pela primeira vez a existência de eventuais
consequências disfuncionais provocadas por um desequilíbrio do organismo. E
salientou, também, que as ameaças físicas à integridade de um organismo reproduzem
respostas defensivas da parte deste, de forma a impedirem a ameaça. A ideia chave
deixada por Bernard é que a vida está dependente, de forma crítica, da capacidade do
ser vivo manter constante o meio interno, perante qualquer transformação do meio
externo.
Refere ainda que, Walter Cannon, fisiologista americano, introduziu a noção de
homeostase, para designar a capacidade que o organismo tem em manter estável o
ambiente interno, apesar das transformações que poderá enfrentar em relação ao
ambiente externo. Além dos mecanismos físicos para manter a homeostase, também
acreditava que a doença poderia resultar de uma desregulação do sistema ao nível do
funcionamento sócio-cultural e psicológico.
Loureiro (2006) refere que Hans Selye, endocrinologista canadiano, foi o primeiro a
recorrer sistematicamente ao termo stress, como meio para compreender a regulação
fisiológica, em resposta às ameaças ao organismo. Utilizou o termo stress para designar
os efeitos de qualquer agente que ameace seriamente a homeostase do organismo.
Acrescenta ainda que, para Selye, o stress baseia-se na resposta fisiológica do
organismo e não no estímulo que se exerce sobre ele. Que a resposta do organismo era
independente do tipo de agente agressor (ou seja o stressor), quer este fosse de
natureza física ou psicológica. A resposta variaria apenas em gravidade e duração, em
função da intensidade do agente agressor e da sua permanência real ou simbólica.
Assim, a perspectiva em que o stress era tido como estímulo dá lugar, a partir de
Selye, a uma perspectiva em que passa a ser considerado uma resposta.
Richard (1984) define como situação provocadora de stress, toda aquela em que a
relação estabelecida entre o indivíduo e o meio ambiente é avaliada como excedendo
os seus próprios recursos, prejudicando, por isso, o seu bem-estar. Uma pessoa está
em stress, quando sente que o grau de exigência que determinada ocorrência lhe cria é
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superior à sua capacidade de resposta, consoante os meios pessoais e sociais de que
dispõe para a ultrapassar com sucesso.
Na década de 60, Lazarus, citado por Serra (1999), mostra que, considerar de forma
exclusiva os estímulos e a resposta, é insuficiente para apreender na globalidade os
mecanismos que provocam o stress. Os estímulos não têm o mesmo significado para
todos os indivíduos: a mesma situação pode ser percebida como stressante ou não, de
acordo com a avaliação que o indivíduo faz dela, em função das suas necessidades e
motivações, mas também em função dos recursos de que dispõe para fazer face a
essa situação.
Lazarus, citado por Serra (2007), defende que o resultado da interacção entre as
pessoas e o seu meio ambiente é chamado de stress, surgindo como consequência de
um desequilíbrio entre as exigências que o meio lhe coloca e os recursos de que o
indivíduo dispõe. Deste modo, o stress é um processo de ajustamento constante entre
as exigências do meio e as estratégias do indivíduo para lidar com essas mesmas
exigências.
Ao longo dos tempos, sucederam-se três perspectivas na evolução do conceito de
stress. De uma concepção em que o stress era considerado um estímulo, evoluímos
para uma concepção de stress enquanto resposta; numa perspectiva interacionista (ou
transaccional), consideramos o stress como a consequência de uma interacção entre o
indivíduo e o seu ambiente, perspectiva em que são tidos em conta os processos
cognitivos envolvidos nas reacções ao stress.
Na sociedade actual, o stress converteu-se num fenómeno relevante e tem vindo a
condicionar o comportamento e o desenvolvimento pessoal (Gestoso, 2005; Gomes,
2006; citado por Pocinho & Capelo, 2009). Para os mesmos autores, é um termo
proveniente do latim e que existe na língua inglesa desde o século XV. Ao longo dos
tempos, esse conceito foi-se alterando. No séc. XX, referia-se à força externa, pressão
ou tensão a que são submetidas pessoas ou objectos, resistindo aos seus impactos
(Pocinho & Capelo, 2009, citando Gestoso, 2005).
Para Serra (2005), o stress é intrínseco à espécie humana e a outras espécies, e só
deixa de existir quando o indivíduo morre. É um elemento com o qual tem de se
aprender a viver e a lidar no dia a dia. Na sua opinião, ninguém está livre de stress.
Nesse contexto, clarifica que um indivíduo se sente em stress quando está perante um
acontecimento muito significativo para si, o qual não controla, porque as exigências
impostas por este ultrapassam as suas aptidões e os recursos pessoais e sociais para
enfrentá-lo.
“O stress não é apenas um termo que se relaciona vagamente com alguma
situação incomodativa. Quando é intenso, repetitivo e prolongado é susceptível
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de determinar consequências preocupantes que podem lesar o bem-estar e a
saúde (física e psíquica) do indivíduo” (Serra, 2007, p.11).
Ainda o mesmo autor refere que o stress excessivo torna-se prejucial, porque pode
induzir alterações do sono, vida sexual, metabolismo e sistema imunitário, além de
outras repercusões. A vulnerabilidade ao stress não é uniforme e a maneira de enfrentar
as circunstâncias indutoras de stress são diferenciadas (MoreiraI, et al., 2006). Assim, à
medida que o stress se tem vindo a converter num fenómeno relevante e reconhecido a
nível social, tem crescido também a pesquisa, tomando em consideração os efeitos para
a saúde e o bem-estar do indivíduo.
Apud Moreira, et al. (2005), afirmam que o stress é capaz de interferir na função
reprodutiva, através dos diversos mecanismos de regulação da respectiva função.
Serra (2005), refere que o stress só se verifica perante situações de tensão que
desencadeiem experiências stressantes, tais como acontecimentos subjectivos
(pensamentos, imagens ou sensações internas) ou objectivos (factos relevantes da vida
ou que incomodam no dia a dia). Assim, a avaliação dos acontecimentos por parte do
indivíduo é importante e dá-lhe a percepção de ter ou não recursos suficientes para lidar
com o problema. Se os recursos disponíveis no indivíduo forem inferiores às exigências
para a resolução do problema, então o indivíduo não tem capacidade de controlo e entra
em stress.
O que é o stress? Segundo Soares e Alves (2006), a resposta a esta questão ainda
gera bastante polémica. Para Cohen et al. (1997), citados pelos autores atrás referidos,
existem três perspectivas: ambiental, psicológica e biológica, que, embora divergentes,
partilham semelhanças. Todas se interessam pelo processo no qual as exigências
ambientais excedem a capacidade adaptativa de um organismo, que tem como
consequência determinadas mudanças psicológicas e biológicas que, por seu turno,
aumentam o risco de desenvolvimento de um estado de doença.
O papel do stress associado ao problema de fertilidade continua a ser uma questão de
debate. Para Louis (2010), citado por Rabin (2010), os casais, simplesmente a tentar
engravidar, estão realmente stressados. Eles têm uma expectativa, querem ter uma
família. De todos os factores de estilo de vida estudados até hoje, o stress é o factor
mais consistente e que mostra efeito sobre o tempo que leva a gravidez a acontecer.
Numa investigação sobre questões de ansiedade e stress em pessoas inférteis, durante
o período de fertilização in vitro (FIV), realizada por Seger (2000) e referido por Souza
(2005), foram encontrados níveis similares de ansiedade e stress em homens e
mulheres. Observou também que a não-verbalização livre de emoções eleva os níveis
de ansiedade e do stress, sendo as mulheres as mais afectadas. No entanto, os casais
mostraram-se bem ajustados psicologicamente.
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Para Moreira, et al. (2005) existe uma relação significativa entre o stress e a função
reprodutiva, visto que os elementos stressores afectam o eixo hipotálamo-hipófise-
ovariano, através de diversos mecanismos biológicos; isto explica, assim, as várias
formas de alteração do ciclo menstrual observadas em mulheres submetidas a fortes
impactos emocionais. Por outro lado, os procedimentos envolvidos no diagnóstico e
tratamento da infertilidade podem exacerbar problemas psicológicos. Neste contexto,
evidencia-se a importância de um plano de intervenção de enfermagem relacionado
com a infertilidade nas consultas de esterilidade, instituído a partir das etapas iniciais do
acompanhamento clínico.
Segundo Moreira e Melo (2006), a correlação entre stress e infertilidade conjugal é
estudada desde a década de 1950. O stress das mulheres submetidas à reprodução
assistida, que não tiveram sucesso com o tratamento, apresentaram maior nível de
stress do que as que tiveram sucesso. No entanto, também em outros estudos se
verificou que não havia diferença estatisticamente significativa em relação ao nível de
stress entre os individuos férteis e inférteis. Baseando-se nestes factos, os autores
referidos anteriormente realizaram um estudo em que se propõem avaliar a presença de
stress em mulheres inférteis e correlaciona-lo com factores de risco. Constataram que o
stress foi maior no grupo com infertilidade em relação ao grupo de controlo. No entanto,
não se observaram diferenças significativas entre os grupos com relação às fases de
stress e o tipo de sintomatologia predominante.
Wright et al. (1991), citados por Melo, et al. (2006), realizaram um estudo com 449
casais que frequentavam uma clínica de fertilidade. Um dos seus objectivos era avaliar
a diferença entre o sexo feminino e masculino, nas suas respostas ao problema de
infertilidade. Os resultados finais sugerem que os homens e as mulheres dos casais
inférteis experienciam maiores níveis de depressão, stress e ansiedade, quando
comparados com a população normal, sendo que as mulheres experienciam mais
sintomas que os homens.
Num estudo transversal, envolvendo 152 mulheres inférteis (média de idade 30,3) e 150
controles saudáveis (média de idade 25,7), avaliadas através da aplicação do Inventário
de Sintomas de Stress de Lipp, confirmou-se que a frequência de stress foi maior no
grupo infertilidade em relação ao grupo controle (61,8 e 36,0%, respectivamente); no
entanto, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos com relação às
fases do stress e tipo de sintomatologia predominante (Moreira & Melo, 2006).
Também Melo, et al. (2006), realizou um estudo com uma amostra de 120 homens e de
80 mulheres inférteis, distribuídos por quatro grupos cada, de acordo com as causas da
infertilidade (infertilidade feminina, infertilidade masculina, infertilidade mista e
infertilidade desconhecida), constatou-se que a comparação do nível de depressão,
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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ansiedade e stress entre homens e mulheres com infertilidade, estas apresentavam-se
mais ansiosas do que os homens. Contudo, numa análise comparativa anterior entre
todos os homens e mulheres que constituíam a amostragem, também as mulheres
apresentavam valores mais elevados e estatisticamente significativos nas escalas de
ansiedade e stress.
Num estudo de meta-análise de “Gender Differences in Coping with Infertility” feita por
Jordan e Revenson (1999), citados por Delgado (2007), indica que a infertilidade
provoca stress tanto nas mulheres como nos homens, embora a bibliografia indique que
o resultado é maior nas mulheres. São ainda evidenciadas diferenças significativas,
onde as mulheres utilizam mais estratégias de coping centrado na emoção, incluindo a
expressão das emoções, a procura de suporte social, a fuga e recusa, e a adopção de
medidas de distracção e redução da ansiedade. Paralelamente, os homens utilizam
mais estratégias de coping centrado no problema.
Num estudo publicado na revista Fertility and Sterility, Rabin (2010) refere que numa
amostragem de 274 mulheres britânicas com idades comprendidas entre os 18 e 40
anos, as que pararam de usar contraceptivos e que continham níveis elevados da
enzima alfa-amilase (indicador biológico do stress) na saliva, levaram mais tempo a
engravidar do que as que apresentavam níveis baixos da referida enzima. Afirma,
também, que este estudo é um dos primeiros a relacionar um biomarcador do stress
com a dificuldade de mulheres saudáveis e normais engravidarem.
Jacky e Lone (2010), num recente trabalho publicado também na revista Fertility and
Sterility, concluíram que o stress pode ter um impacto negativo no sucesso do
tratamento da infertilidade. A correlação entre o stress masculino e as falhas de
tratamentos da infertilidade foi menor que a do stress feminino. A avaliação do efeito do
nível de stress dos casais sobre os resultados do tratamento de fertilidade foi feita pela
aplicação, a ambos, do inventário de stress dos problemas de fertilidade, logo no início
do tratamento
Domínguez (2010) refere que, a partir dos anos 90, vários estudos evidenciam a
hipótese de que a infertilidade é um factor de stress e que pode produzir sintomas
emocionais significativos. Ainda para a mesma autora, estudos recentes têm identificado
aspectos específicos do stress associados à infertilidade e desenvolvido ferramentas
para a sua avaliação. Constatou, também, que os casais afectados pela infertilidade
mostram taxas elevadas de ansiedade e stress, o que faz com que a gravidez não
ocorra espontaneamente no tempo esperado. As mulheres tendem a ser mais
perturbadas pela experiência da infertilidade do que os homens. Se a causa de
infertilidade for masculina, os homens tendem a sentir emoções mais negativas e
sentem-se estigmatizados.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
27
Newton (1999), citado por Domínguez (2010), num estudo realizado numa amostra de
1153 mulheres e 1149 homens, confirmou resultados de outros estudos, que mostram
que a experiência da infertilidade produz maior stress emocional nas mulheres do que
nos homens. Este estudo também revelou que, em casais com diagnóstico de
infertilidade masculina, foi percebido como mais stressante para os homens que para
mulheres, quando comparada com casais com diagnóstico que provoca infertilidade
feminina.
Com base na experiência clínica, podem explicar este resultado, observando que – ao
contrário do que acontece em casos de infertilidade feminina – quando é o homem que
tem o problema, o casal parece apresentar mais vulnerabilidade às dificuldades e
preocupações sociais. Domínguez (2010), citando Newton (1999), considera que a
experiência da infertilidade é uma fonte de stress a nível de relacionamento pessoal e
com o ambiente social. Considera também que o nível emocional contribui directa e
indirectamente para a adesão a uma resposta positiva aos tratamentos.
Boivin e Schmidt (2011) afirmam que 30% dos problemas de infertilidade são causados
pelo stress. Os efeitos são variáveis de pessoa para pessoa. As mulheres com mais
elevado nível de stress tendem a ovular menos e as mulheres menos stressadas têm
maior probabilidade de engravidar.
Para Moreira, Lima, et al. (2005), além das consequências provocadas pela relação
eixo hipotálamo-hipófise-ovariano/stress, também os procedimentos envolvidos no
diagnóstico e tratamento da infertilidade podem agravar problemas psicológicos.
Reis (2011) avaliou 83 casais recrutados na Unidade de Procriação Medicamente
Assistida do Hospital de São João. Perante os resultados. A investigadora conclui que a
experiência e vivência da infertilidade e dos tratamentos de PMA (procriação
medicamente assistida) constitui uma situação geradora de stress e instabilidade
emocional.
Afirma também que estas alterações psicológicas podem sujeitar, ainda que com
diferentes respostas, diversos aspectos da vida pessoal, conjugal e social dos
indivíduos inférteis. É o caso da convivência com casais com filhos, que se torna
desconfortável.
Outra conclusão é que homens e mulheres reagem de forma diferente a esta
experiência. Embora os homens se sintam mais constrangidos quando a causa da
infertilidade do casal é de origem masculina, no geral, as mulheres são mais afectadas
pelo stress e evidenciam menores níveis de auto-estima e mais sentimentos de
culpabilização do que os homens.
Também a satisfação conjugal e sexual diminui mais no sexo feminino, bem como o
interesse por projectos relacionados com a parentalidade.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
28
1.1- STRESS E FUNÇÃO REPRODUTIVA
Para que a gravidez ocorra, é necessário que haja normalidade da função reprodutiva e
da actividade sexual tanto no homem como na mulher.
Segundo Moreira, et al. (2005), o stress, em diversos aspectos, é capaz de interferir na
função reprodutiva. Na ausência de uma causa orgânica identificada, a ausência do
ciclo reprodutivo é chamada de amenorreia hipotalâmica funcional ou de anovolação
crónica funcional. Esta anormalidade está relacionada com stress físico e emocional,
como ocorre nos casos de perda excessiva de peso, anorexia e exercícios físicos
extenuantes (amenorreia da atleta); nesses casos, alterações no balanço metabólico
parecem ser a causa principal.
A resposta endócrina ao stress psicológico tem sido estudada, tanto em animais quanto
em humanos. Segundo Armario e tal., citados pelas autoras atrás referidas, a relação
entre a intensidade do stress e a resposta endócrina é pouco conhecida. No entanto, a
partir de resultados obtidos com roedores, observou-se que stressores físicos ou
emocionais actuam sobre o hipotálamo alterando a secreção de factores libertadores ou
inibidores de hormonas hipofisárias.
Nessas situações, a libertação da Hormona libertadora da corticotropina (CRH) promove
aumento da produção da hormona de adrenocorticotrófico (ACTH), a qual, por sua vez,
estimula a activação do sistema simpático, com libertação de cortisol e catecolaminas,
substâncias responsáveis pela resposta fisiológica ao stress (Figura 1).
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
29
Dobson e Smith, citados por Moreira, et al., (2005), referem que pesquisas
experimentais demonstraram que stressores físicos e psicológicos produzem um
imediato e constante aumento nas concentrações de CRH. Além dos aumentos do
ACTH e do cortisol, ocorre a activação do sistema nervoso simpático com consequente
aumento dos níveis de glicémia, pressão arterial sanguínea e frequência cardíaca. O
CRH não deve ser a única neurohormona do eixo HHA envolvido na resposta ao stress,
existindo evidências de que a arginina-vasopressina (AVP) de origem paraventricular
também aumenta em resposta ao stress e actua sinergicamente com o CRH,
aumentando a secreção de ACTH.
Alguns trabalhos em humanos falharam em demonstrar a acção inibidora do CRH na
libertação de gonadotrofinas, Barbarino et al, citado por Moreira, et al. (2005), referem
que tal facto se deve, provavelmente, a dificuldades metodológicas de se reproduzir a
acção directa do CRH no sistema nervoso central, uma vez que a administração
periférica é inapropriada para alcançar concentrações fisiológicas nesse nível.
Dobson e Smith, citados por Moreira, et al. (2005), concluiram que a função reprodutiva
humana depende de complexas interacções entre o sistema nervoso central (SNC),
hipófise, ovários, outras estruturas endócrinas e órgãos reprodutivos. Para que o ciclo
menstrual ocorra com normalidade, é necessário que haja uma função ovulatória
regular, o que depende de uma sincronia entre as suas acções e a integridade
anatómica das diversas estruturas do eixo reprodutivo. A função cíclica do ovário pode
ser facilmente perturbada pelo stress emocional, levando à interrupção temporária das
menstruações. Sabe-se, também, que o desejo obsessivo de engravidar pode
desencadear amenorreia temporária, dificultando, ainda mais, a gravidez. Entretanto, é
importante considerar as diferenças individuais na resposta a um determinado factor de
stress.
Diferentes mecanismos biológicos relacionados ou desencadeados pelo stress podem
alterar a função reprodutiva, a ponto de diminuir a fertilidade. No entanto, é
extremamente difícil estabelecer relações de causa-efeito, porque as causas de
infertilidade são múltiplas e não envolvem apenas factores ligados à fisiologia feminina,
mas também masculina.
O stress é realmente um dos factores que opera contra a fertilidade, provocando
desgaste, ansiedade e, muitas vezes, problemas de relacionamento entre o casal. Na
mulher, o stress altera a produção de várias hormonas importantes para a reprodução.
O stress também pode aumentar os níveis de cortisol no sangue, alterando as
hormonas responsáveis pelo ciclo ovulatório da mulher e dificultando, assim, a gravidez.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
30
Moeda e Fatela (citados por Delgado, 2007, p. 50) referem que “o stresse e uma
ansiedade crónica produzem alterações hormonais por alterações hipotálamo-
hipofisárias, na premissa de que cada vez mais são encontradas evidências científicas
da influência dos factores psicológicos no funcionamento físico”.
Também o homem é afectado pelos efeitos negativos do stress. A ansiedade e o
nervosismo, em geral, baixam a libido e podem afectar a produção de espermatozóides.
Associados todos esses factores à tensão no relacionamento com o parceiro, torna-se
mais difícil que a gravidez aconteça.
Para Delgado (2007), a regulação da espermatogénese é também assegurada através
da interacção entre o hipotálamo, hipófise e testículos. Tanto no homem, como na
mulher, o hipotálamo produz a hormona libertadora da gonadotrofina (GnRH), que
estimula a hipófise a responder, libertando as gonadotrofinas ou hormonas
gonadotróficas que, por sua vez, influenciam o funcionamento testicular. A LH (Hormona
Luteinizante) estimula as células de Leydig (células intersticiais testiculares), regulando
a produção de testosterona.
A FSH (Hormona Folículo Estimulante) estimula a produção de espermatozóides.
O stress excessivo deixa sequelas na vida sexual tanto da mulher como do homem,
devido a alterações dos factores hormonais. Todo o sistema é inibido, levando à
diminuição da concentração da GnRH, LH e da FSH, à interrupção da actividade
testicular e à diminuição da concentração da testosterona circulante, podendo interferir
também com a erecção e a ejaculação (Serra, 2007).
Moeda e Fatela, citados por Delgado (2007), referem que o stress produz alterações
hormonais e, frequentemente, são encontradas evidências científicas da influência dos
factores psicológicos no funcionamento físico.
1.2. - SAÚDE REPRODUTIVA E INFERTILIDADE
A saúde reprodutiva é considerada como um
“Estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as questões
relacionadas com o sistema reprodutivo, e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade. A saúde reprodutiva implica, assim, que as pessoas são capazes
de ter uma vida sexual segura e satisfatória e que possuem a capacidade de se
reproduzir e a liberdade para decidir se, quando e com que frequência devem
fazê-lo." Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,
1994, citado pela (Direcção Geral de Saúde, 2010, p.7).
No entanto, no percurso de vida de alguns casais, a capacidade de se reproduzirem e a
liberdade para decidirem quando, como e com que frequência é alterada e torna-se
necessário a intervenção de outrem.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
31
Segundo Speroff, et al. (1999), citados por Delgado (2007), estudos sobre padrões de
fecundidade de casais férteis que tentam engravidar indicam que 72% das mulheres
engravidam num período de seis meses, 85% ao fim de um ano e 93% consegue uma
gravidez ao fim de dois anos.
Em cada ciclo ovulatório, a probabilidade de ocorrer uma gravidez é de apenas 30%,
quando estão assegurados todos os pressupostos que viabilizam o processo
reprodutivo.
Nakano (s.d), professor na universidade de Brasília, num estudo que realizou, concluiu
que a maioria dos casais apresenta baixa probabilidade de obter uma gravidez, sendo a
probabilidade média dos casais férteis de 31,74%, e que o risco de concepção entre os
casais diminui ao longo do tempo.
No contexto da população portuguesa, a taxa de concepção mensal nos casais férteis é
de aproximadamente de 20%. Relações sexuais regulares durante um ano e sem uso
de contracepção, a gravidez surge em cerca de 84% dos casais; em metade dos
restantes, essa situação verificar-se-á no segundo ano (Direcção Geral de Saúde,
2010).
Na nosssa prática, muitas vezes, passadas as etapas complexas de todo o processo de
tratamento, sem resultados imediatos, presenciamos um nascimento de um novo ser,
praticamente inesperado, mas que cumpre um destino biológico, assegurado pelo
processo reprodutivo natural.
A infertilidade é considerada uma doença que, segundo Serafini (s.d.) afecta, em idade
fértil, um em cada dez casais. Nos Estados Unidos, a infertilidade atinge mais de seis
milhões de pessoas, homens e mulheres igualmente. No Brasil, estima-se que
aproximadamente dois milhões de casais venham a apresentar dificuldade ao longo da
sua vida reprodutiva. Os sintomas são silenciosos e o diagnóstico é moroso.
Em Portugal, segundo Carvalho e Santos (2009, p.57),
“a prevalência da infertilidade ao longo da vida situa-se entre os 9 e 10% e não
se verificam diferenças regionais de prevalência. Estima-se que 266.088 e
292.996 mulheres (casais) tenham infertilidade ao longo da vida e que 116.630
e 121.059 se encontrem em idade reprodutiva”.
Apesar de não existirem diferenças na prevalência regional da infertilidade, existe um
maior número de mulheres (casais) inférteis no Norte e em Lisboa e Vale do Tejo,
consequência das diferenças de densidade populacional entre as regiões.
A prevalência da infertilidade é bastante difícil de avaliar, no entanto, existem estudos,
segundo Hjelmstedt et al (s.d), que referem que uma em cada quatro mulheres podem
ter dificuldade em engravidar no percurso da sua vida.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
32
Em idade reprodutiva, 10 a 15% dos casais enquadram-se na definição de infertilidade e
pode ter variações geográficas. A prevalência varia entre 3,5 e 16,7%, nos países mais
desenvolvidos, e 6,9 a 9,3%, nos menos desenvolvidos, levando a uma média estimada
de 9%. Desses casais, só cerca de 50% procuram ajuda médica (Direcção Geral de
Saúde, 2010, citando Boivin et al., 2007).
Um dos objectivos do Programa de Acção da Conferência das Nações Unidas sobre
População e Desenvolvimento é assegurar a todos os indivíduos que, em 2015, o
acesso aos serviços de saúde reprodutiva seja uma realidade. A garantia da
acessibilidade é um grande desafio a todos aqueles que estão envolvidos na prestação
de cuidados aos casais com dificuldades em procriar. Já em 2008, o Parlamento
Europeu, nesta linha de pensamento, aconselhou os seus Estados-membros a
garantirem o direito dos doentes ao acesso universal para o tratamento da infertilidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Comissão Internacional para a
Monitorização da Reprodução Medicamente Assistida (ICMART), em Dezembro de
2008, definiram, em reunião de consenso, a “Infertilidade como uma doença do sistema
reprodutivo traduzida na incapacidade de obter uma gravidez após 12 meses ou mais
de relações sexuais regulares e sem uso de contracepção”
Delgado (2007), citando Cedars (2005), diz que a infertilidade pode apresentar-se de
duas formas:
Incapacidade de atingir uma gravidez
Incapacidade para manter essa gravidez.
A distinção entre os termos infertilidade e esterilidade também é importante, porque
frequentemente o seu uso é indevido, sendo confundidos ou utilizados como sinónimos.
Segundo Wentz, citado por Delgado (2007, p.19), a “esterilidade refere-se aos
indivíduos que apresentam um factor absoluto que impede a concepção, mesmo com
tratamento clínico, constituindo uma situação irreversível”. Segundo a mesma autora,
infertilidade designa a incapacidade de engravidar sem o auxílio de intervenção clínica,
durante um período de tempo clinicamente limitado.
O conceito de fecundabilidade, neste contexto, também é importante, enquanto
sinónimo de taxa de concepção que ocorre numa população num determinado período.
Para a Direcção Geral de Saúde (2010, p. 5-6),
“A taxa de concepção mensal nos casais férteis é de aproximadamente 20%.
Durante o 1º ano de relações sexuais regulares e sem uso de contracepção,
a gravidez surge em cerca de 84% dos casais; em metade dos restantes,
essa situação verificar‐se‐á no 2º ano (taxa cumulativa de 92%).”
Este aumento da prevalência dos casos de infertilidade, segundo a organização atrás
referida, sugerido pelos dados disponíveis, pode estar relacionado com as
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
33
consequências de estilos de vida de risco, como é o caso, entre outros, da alimentação
desequilibrada e conducente à obesidade, do tabagismo, consumo de álcool, da
exposição e contacto com agentes químicos ou outros e às infecções sexualmente
transmissíveis. Também não é de ignorar o adiar da gravidez para idades mais tardias
(na mulher, a fertilidade diminui, inequivocamente, com o aumento da idade, sendo o
efeito no homem muito menos claro).
O fenómeno da infertilidade é caracterizado como uma doença dos orgãos reprodutivos
do ser humano, mas grande parte das suas causas podem ser prevenidas.
Segundo a Direcção-Geral da Saúde (2008), cerca de 30%-40% das causas estão
relacionadas com factores femininos; 30%-40% com factores masculinos e os 20%
restantes, são causas mistas. Em aproximadamente 10% dos casais não é possível
estabelecer uma causa. O casal precisa de ajuda médica após um ano de tentativas
sem conseguir engravidar. Refere também que a investigação aponta que, 15% dos
casais, após tentarem a gravidez pelos métodos naturais, irão precisar de assistência
médica especializada.
1.3- AS IMPLICAÇÕES DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA INFERTILIDADE
Uma das implicações do diagnóstico e tratamento da infertilidade são os problemas
psico-sociais.
Para Remoaldo et al. (2005), alguns anos atrás, a etiologia da infertilidade era
associada, sobretudo, ao género feminino. Presentemente, a situação é bem diferente,
o factor masculino é tão frequente como o feminino. Apesar dos progressos realizados,
continua a existir 10% de infertilidade inexplicada.
Talvez por uma questão cultural – referem as autoras – na aceitação da
responsabilidade da infertilidade pela mulher, ao longo das gerações, esta consegue
assumir mais facilmente a sua infertilidade, que o homem, para quem esta situação é
muito mais difícil de aceitar. Muitas vezes associam-na à perda de masculinidade com
interferência na sexualidade do casal.
Os sentimentos sobre a infertilidade são complexos e múltiplos. A infertilidade é
considerada como um dos factores de stress que podem afectar a auto-estima, as
relações com o cônjuge, a família, os amigos e a carreira profissional.
Neste contexto, a infertilidade é vista como uma perda. O processo de luto deve ser
trabalhado pelos casais com a ajuda de um profissional, no sentido de uma resolução
(Perry, 2008).
Ainda para o mesmo autor, as respostas psicológicas a um diagnóstico de infertilidade
podem constituir um obstáculo para a relação de reciprocidade na proximidade física e
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
34
sexual. Também em função da realização de muitos exames, o cumprimento de
prescrições e proibições para engravidar e de um acumular de tempo, surgem
sentimentos muitas vezes inesperados e perturbadores, que podem adicionar tensão ao
funcionamento sexual do casal.
A prescrição de relações sexuais com dia e hora marcados, ou mesmo o seu
evitamento, podem diminuir o desejo sexual, a espontaneidade e a satisfação,
chegando a ter como consequência a disfunção sexual (Cedars, citado por Delgado,
2007).
Em paralelo, também é descrito que a vivência dos problemas relacionados com a
infertilidade pode levar a uma maior intimidade emocional, tornando os elementos do
casal mais próximos, refere (Delgado, 2007). Este fenómeno pode estar relacionado
com o seu isolamento, levando-os a apoiarem-se exclusivamente um no outro.
Segundo Rodrigues e Rodrigues, citado por Delgado (2007, p.64),
“A actividade sexual do casal transforma-se muitas vezes no desejo de fazer um
filho e não de fazer amor, assistindo-se frequentemente ao total desinvestimento
por parte de um ou ambos na qualidade afectiva e sexual da relação. Face ao
exposto, torna-se imprescindível considerar a infertilidade como um problema do
casal, independentemente do factor orgânico ser masculino ou feminino,
estimulando a participação e o envolvimento de ambos, pois esta abordagem
promove o alívio do sentimento de culpa e promove a união do casal.”
A infertilidade é considerada uma doença e pode ser um acontecimento na vida de um
casal que comprometa o relacionamento entre si, com a equipa de saúde e com o
contexto social em que estão inseridos.
Nesta perspectiva, o enfermeiro pode desempenhar um papel importante, auxiliando os
casais a ultrapassar as dificuldades e necessidades desencadeadas pela infertilidade. O
acolhimento, informação, ensino/instrução e orientação são aspectos muito importantes
na vida do casal e que podem ser facilitadores ou promotores de um tratamento mais
eficaz.
A literatura descritiva apresenta a infertilidade como uma experiência devastadora.
Muitas mulheres inférteis sentem-se desvalorizadas, anormais, incompletas e
insatisfeitas. Expressam sentimentos de frustração e inadequação, perda de auto-
estima, depressão e ansiedade, podendo gerar sentimentos de incapacidade de ajuda
nos familiares do casal e na equipe de saúde. O tratamento da infertilidade implica
realizar extensos exames e tratamentos médicos de longa duração, que podem
desencadear sintomas de stress e ansiedade.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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Num estudo realizado por Delgado (2007, p.100-127), o tratamento da infertilidade
evidencia repercussões emocionais, como mais referidas e sentidas pela mulher através
das seguintes declarações:
“Os tratamentos provocam-me irritabilidade, alterações de humor, fico mais
agitada.”
“A maneira de ser altera-se, fica mais nervosa, mais irritada, ferve por qualquer
coisa.”
“Dias antes de ir à consulta nota-se aquela ânsia”.
“No momento que eu ‘tou fazendo os exames (...) fico mais irritada, mais
nervosa.”
“Na véspera já não durmo, fico a dizer, não vou aguentar.”
“O tratamento hormonal mexe com a parte psicológica, ia ficar toda alterada,
mais irritada.”
Salienta-se que uma das repercussões emocionais dos procedimentos nos homens diz
respeito ao incómodo decorrente da colheita para a realização do espermograma, como
foi referido na declaração de um entrevistado:
“É muito constrangedor fazer o espermograma.”
As repercussões físicas também são referidas, parecendo ser menos valorizadas que as
repercussões emocionais:
“Eu tenho a barriga parece um passador, toda cheia de marcas de agulhas,
porque são doses atrás de doses”.
“Ela fez o tratamento e engordou, engordou demais.”
“Alguns exames foram muito difíceis, muito dolorosos.”
A ausência de resultados dos tratamentos é também apontada como uma insatisfação
decorrente dos procedimentos:
“Há momentos em que eu penso que não ando cá a fazer nada.”
“A mim custa-me mais fazer os tratamentos, as ecografias e ver que nada
alterou, que ficou tudo igual, entro mais em desespero.”
“Frustrada, cada vez que fazia uma ecografia..., não havia evolução.”
Uma outra implicação psico-social é a incapacidade de obter uma gravidez sem a
intervenção de outrem como se verifica num testemunho relatado num estudo realizado
por Madureira e Pousa (2010, p. 74 ).
“Nunca pensei que viesse a ter dificuldades em manter uma gravidez! Como
sabe, há dois anos engravidei, mas não durou mais que 8 semanas. Desde então
tentamos, tentamos, tentamos e nada, até que a nossa médica, achou que tinha
que me submeter a um tratamento… Custa-me ser picada a dias e horas certos,
mês após mês e não ter resultados… Já faz um ano… está cansado de não
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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decidir quando podemos ter relações! Tudo tende a ser orientado por outros… se
não fosse pelo bebé, não sei…”
Segundo o autor atrás referido, a auto-estima, a auto-imagem, situações de conflito na
tomada de decisão no respeitante a tratamentos ou alternativas disponíveis, a dor como
consequência de exames ou cirurgia, o desânimo face a incertezas em relação ao
prognóstico, alteração nos padrões de sexualidade com perda da libido são sentimentos
e emoções muito fortes face ao problema da infertilidade.
Para Nelson (2010), o stress proveniente da infertilidade tem um impacto substancial na
percepção das mulheres sobre si mesmas, na diminuição da auto-estima sexual, menor
qualidade de vida no geral, redução de controlo interno e aumento de conflitos
interpessoais.
Ainda segundo o mesmo autor, o stress associado à infertilidade pode incorporar
reacções a pressões sociais ou a situações problemáticas, dificuldades associadas com
a identidade sexual e desempenho, problemas de relacionamento e a necessidade de
paternidade e o forte desejo de ter filhos.
Num estudo realizado por Stewart e Robinson, citado por Martins (2004), concluiu-se
que, em mais de 50% das mulheres, a experiência de infertilidade é a mais
transtornante das suas vidas e um fracasso no seu papel de mulheres, apresentando
em simultâneo níveis elevados de ansiedade e depressão. Para os homens, que não
são o principal alvo da atenção médica, nem estão sujeitos à mesma pressão social da
mulher – embora se diga, que ter um filho é o testemunho da sua virilidade e do seu
bom desempenho sexual – a infertilidade pode ser um sentimento desconcertante, mas
não é uma tragédia.
Autores como Mennig (1980), Lalos (1989), Boivin (1995) e Pinto (1998), referenciados
por Delgado (2007), admitem que a infertilidade conjugal desencadeia uma reacção
semelhante à provocada por outras crises traumáticas, tal como a morte de um ente
querido. Nesta reacção podem identificar-se quatro fases principais:
A fase inicial - de surpresa, choque e negação.
A fase reactiva - de frustração, raiva, ansiedade, culpa, sofrimento, depressão e
isolamento.
A fase adaptativa - de aceitação.
A fase de resolução - de planeamento e soluções futuras.
Contudo, na infertilidade, a fase reactiva mostra-se mais prolongada, comparativamente
com outras situações de crise.
O sentimento de culpa poderá também ser outra das implicações, pois o desejo de
paternidade dos cônjuges não pode ser realizado; ou seja, não possibilitam ao outro a
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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hipótese de constituir uma família com filhos, tendo muitas vezes como solução o
divórcio.
Paralelamente, é também referido por Delgado (2007), que a vivência dos problemas
causados pela infertilidade pode levar a uma maior intimidade emocional, tornando os
cônjuges mais próximos. Esta evidência pode estar relacionada com o seu isolamento,
levando-os a apoiarem-se exclusivamente um no outro.
Segundo Souza (2005), o diagnóstico de infertilidade é vivenciado como crise
existencial: ansiedade elevada, stress, depressão, dificuldades sexuais e interferência
no relacionamento conjugal. A autora observou também que a infertilidade carrega
estigma social e cultural, ocupando assim um lugar diferenciado, interferindo nas
relações entre homens e mulheres e de cada pessoa consigo mesma.
No contexto geral, a infertilidade provoca sentimentos que interferem na auto-estima,
nos planos e desejos dos casais para o futuro.
Numa revisão sistemática da literatura realizada por Palácios e Jadresic (2000), citados
por Souza (2005), concluiram que os problemas reprodutivos interferem na vida
psíquica, familiar, social e são influenciados por questões culturais. Os aspectos psico-
sociais da infertilidade devem ser consideradas como uma crise vital, que conduz a um
grande impacto sobre as vivências individuais e conjugais, reflectindo-se na vida
económica.
O stresse pode ter como consequência o aumento dos conflitos conjugais (World Health
Organization, 2002, referido por Delgado, 2007), podendo ocorrer a deteriorização da
relação conjugal, durante o progresso da intervenção terapêutica.
Moreira (2004) evidencia que é importante, para os casais inférteis, participarem num
grupo terapêutico, porque utilizam a mesma linguagem e partilham as mesmas
vivências; isto poder-lhes-á proporcionar uma melhor adaptação ao tratamento da
infertilidade, possibilitando aceitar e assumir o seu problema de forma mais suave e
tolerante e proporcionando um estímulo das capacidades positivas, minimizando
sentimentos de isolamento e estigma social. A infertilidade não deve ser tratada como
uma doença meramente orgânica, mas sim de natureza biológica, psicológica e social.
“Perante a infertilidade, torna-se necessário ter presente a componente biológica, tanto
ginecológica como andrológica, mas também a componente psicológica / emocional e a
sua inter-dependência” (Delgado, 2007, p.49).
“Diminuir os níveis de stress pode melhorar o relacionamento do casal, levar a um
aumento da libido e da frequência das relações sexuais” (Direcção Geral de Saúde,
2010).
Até 20% os casais que passam por tratamento de fertilidade não apresentam patologias
físicas causadoras de infertilidade, e os médicos acham que a principal razão para não
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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engravidar é o stress. São estes que aconselham a acunpuntura e outras formas de
relaxamento e acompanhamento (Martins, 2004).
No entanto, novos horizontes de esperança aparecem: O progresso significativo no
tratamento da infertilidade nas duas últimas décadas, devido à introdução das técnicas
de Procriação Medicamente Assistida, tornando possível para muitos casais a solução
da infertilidade, que era praticamente impossível há anos atrás (Remoaldo, Machado, &
Reis, 2005).
Para a maioria dos seres humanos, o desejo de procriar representa uma parte muito
significativa do seu projecto de vida. Por esse motivo, todo o desenvolvimento desse
processo é merecedor da nossa atenção enquanto enfermeiros. A maternidade e o
nascimento de um bebé são, sem sombra de dúvida, um acontecimento único na vida
de uma mulher/casal /família.
É importante também que o enfermeiro tenha competências para actuar de acordo com
a capacidade e o nível de compreensão do casal, através da identificação dos défices
de conhecimento e clarificação das informações. Durante o período dos testes de
diagnóstico, o enfermeiro deverá adoptar uma postura calma, transmitindo apoio e
confiança ao casal e fornecendo informação clara e concisa acerca de todos os
procedimentos futuros.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
39
2– REDE DE REFERENCIAÇÃO DE CUIDADOS EM INFERTILIDADE
A Direcção-Geral da Saúde (2008), numa perspectiva de atingir os objectivos principais
do Programa de Acção da Conferência das Nações Unidas sobre População e
Desenvolvimento – “garantir a todos os indivíduos, em 2015, o acesso a serviços de
saúde reprodutiva de qualidade” – tornou imperativo garantir, com equidade, respostas
adequadas e de qualidade no diagnóstico e tratamento das situações de infertilidade.
Para isso, foi necessário adaptar estruturas físicas, equipamentos e organização de
recursos.
A acessibilidade tem sido um grande desafio por parte do governo e de todos aqueles
que estão envolvidos na prestação de cuidados em infertilidade e procriação
medicamente assistida.
No contexto de prestação de cuidados integrados em saúde reprodutiva, insere-se a
abordagem clínica e orientação, no âmbito da medicina geral e familiar dos casais que
têm dificuldade em obter uma gravidez com sucesso e sem intervenção.
A Rede de Referenciação de Cuidados em Infertilidade/Procriação Medicamente
Assistida (PMA) foi aprovada pelo Despacho n.º 24855/2008 de 26 de Setembro e
actualizada em Outubro de 2010, tendo em vista a sua adequação à reorganização dos
Cuidados de Saúde Primários em Agrupamentos de Centros de Saúde e Unidades
Locais de Saúde. Com vista a melhorar a acessibilidade e, consequentemente, as
respostas aos pedidos, assim como uniformizar os protocolos de actuação e redução de
listas de espera, foram definidas as formas de articulação entre os serviços prestadores
de cuidados e as regras de encaminhamento interinstitucional dos casais que sofrem de
infertilidade.
Consideram-se assim três níveis de cuidados:
“Cuidados de saúde primários – prestados no âmbito da medicina familiar,
informação/esclarecimento no sentido de corrigir factores que possam interferir com o processo
de fecundidade; avaliação clínica básica do casal, nomeadamente na preconcepção.
Cuidados hospitalares de 1.ª linha – fornecidos no contexto da consulta de
infertilidade/medicina da reprodução, tendo em vista o diagnóstico do/s factore/s em causa, bem
como os eventuais tratamentos médicos e cirúrgicos, que podem contemplar a inseminação
artificial nos hospitais apetrechados e autorizados para o efeito.
Cuidados hospitalares de 2.ª linha – disponibilizados pelos centros de PMA que realizem
FIV (fertilização in vitro) e ICSI (microinjecção intracitoplasmática)
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
40
O acesso dos casais a estes serviços será monitorizado através de um sistema informático
(FERTIS) que se previa operacional em 2011” (Direcção Geral de Saúde, 2010).
Uma boa articulação entre a equipa de medicina familiar e a que presta cuidados
diferenciados é de grande importância, podendo ter grande eficácia e eficiência nos
tratamentos e satisfação do casal.
As Administrações Regionais de Saúde deverão promover relações de
complementaridade entre as instituições, sempre que não dispuserem das condições
indispensáveis para dar resposta às necessidades da população da sua área de
influência.
Segundo a Direcção Geral de Saúde (2010), reforça-se a necessidade de assegurar a
realização de consultas, com a finalidade de prestar cuidados pré-concepcionais, a fim
de facilitar a diminuição do tempo na definição do diagnóstico e, por sua vez, o acesso
aos tratamentos e orientações apropriadas à situação clínica.
Pretende-se integrar os cuidados pré-concepcionais numa filosofia em que haja uma
continuidade de cuidados em saúde reprodutiva, de preferência desde a adolescência
até à data de tomada de decisão da primeira gravidez. Neste processo, é importante
actualizar e sistematizar os dados colhidos na avaliação do risco reprodutivo.
O tratamento de doenças crónicas e os cuidados médicos têm tido grande evolução,
permitindo a muitas mulheres, desaconselhadas de fazer contracepção e até de
engravidar, poderem agora ter filhos.
A avaliação pré-concepcional, o planeamento da gravidez e os cuidados aos casais com
diagnóstico de infertilidade são fundamentais para a concepção, o sucesso da gestação,
para a saúde materna e o bem-estar parental.
2.1- INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A
FERTILIDADE.
O exercício profissional de enfermagem focaliza-se na relação interpessoal do
enfermeiro com uma pessoa (cliente) ou com a família e a comunidade, que possuem
quadros de valores, crenças e desejos de natureza individual, os quais se desenvolvem
em função do meio ambiente que os envolve. Neste enquadramento, compete aos
enfermeiros assegurar os cuidados de enfermagem ao longo do ciclo vital da família,
durante a vivência dos processos de vida e na resposta humana aos problemas que daí
possam surgir. Fazem-no exercendo um papel de ligação entre o cliente e a equipa de
saúde, ajudando a gerir os recursos pessoais e da comunidade e dotando-o de
competências para lidar com os desafios de saúde (Ordem dos Enfermeiros, 2001).
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
41
A satisfação do cliente é um padrão de qualidade dos cuidados de enfermagem.
Neste enquadramento e no contexto em que prestamos cuidados de enfermagem, são
elementos importantes:
O respeito pelas capacidades, crenças, valores e desejos da natureza individual
do cliente.
O respeito pelas expectativas relacionadas com o projecto de
maternidade/paternidade.
O estabelecimento de uma relação terapêutica com o cliente e o empenho do
enfermeiro para capacitar a tomada de decisão e acção
O empenho do enfermeiro em criar condições ambientais favoráveis e
acolhedoras ao longo do processo de assistência de saúde.
Na promoção da saúde são importantes:
A avaliação e o diagnóstico das necessidades em cuidados do cliente (casal).
A identificação dos recursos disponíveis, criação e aproveitamento de
oportunidades para promover estilos de vida saudáveis, saúde ginecológica,
sexual e reprodutiva.
Na prevenção de complicações:
O rigor técnico/científico na implementação de intervenções de enfermagem
Referenciação das situações problemáticas identificadas para outros
profissionais envolvidos no processo de cuidados de saúde.
Na organização dos cuidados são elementos importantes:
Um quadro de referência para o exercício profissional.
A existêcia de um sistema de melhoria contínua da qualidade do exercício
profissional dos enfermeiros, assim como um sistema de registos de
cuidados de enfermagem que incorpor as necessidades dos clientes, as
intervenções de enfermagem e os resultados obtidos pelos clientes fruto da
intervenção de enfermagem.
Satisfação dos enfermeiros e dotações que façam face à necessidade dos
cuidados de enfermagem.
Política de formação contínua.
Utilização de metodologias de organização dos cuidados de enfermagem
promotoras da qualidade (Ordem dos Enfermeiros , 2011).
2.1.1-Consulta de enfermagem aos casais com problema de fertilidade
A evidência mostra-nos que a infertilidade é uma questão urgente nos cuidados de
saúde. Cerca de 10 a 15% dos casais em idade reprodutiva enquadram-se na definição
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
42
de infertilidade, e a taxa de concepção mensal, nos casais férteis, é de 20%. (Direcção
Geral de Saúde, 2010). Num estudo de caracterização da infertilidade, estima-se que
9,8% das mulheres tiveram um problema de infertilidade ao longo da vida (Carvalho &
Santos, 2009).
Os cuidados de enfermagem aos casais inférteis devem ser direccionados no sentido de
desenvolver competências de adaptabilidade, no decurso de todo o processo de
cuidados e no período de transição para a fertilidade. É importante perceber e ter
conhecimento que a infertilidade pode levar a uma crise de vida, pois o processo de
nascimento é visto como básico para a sobrevivência do ser humano. Se a gravidez não
acontecer, pode levar a sentimentos de culpa, isolamento, stress e depressão (Barros,
2000).
Nesta consulta, é feita a avaliação inicial ao casal, uma vez que ambos são parte
fundamental do processo de diagnóstico e terapêutica. É relevante:
Identificar histórico pessoal e familiar com detalhes dos antecedentes sexuais e
reprodutivos do casal.
Fazer exame físico, avaliação de sinais vitais e índice de massa corporal.
Identificar sentimentos do casal em relação à infertilidade, expectativas pessoais
e familiares, factores culturais envolvidos.
Transmitir informação adequada e de fácil compreensão baseada na evidência;
sempre que possível, complementada com documentação escrita ou até
audiovisual.
Adequar estratégias para ajudar os casais a lidar com os processos de
tratamento.
Dar apoio emocional, ajudá-los a aliviar o stress e a aceitar a situação e assistir
na sua tomada de decisão.
Fazer aconselhamento e recomendações sobre estilos de vida favorecedores da
fertilidade tais como:
o Evitar o consumo excessivo de álcool e café e, principalmente, tabaco e
drogas, que podem dificultar as hipóteses de ocorrência de gravidez.
o Fazer uma alimentação equilibrada para manter ou atingir um índice de
massa corporal adequado (IMC> 19 e <29), aumentando assim as
probabilidades de uma gravidez evolutiva (Direcção Geral de Saúde,
2010).
o Diminuir os níveis de stress, podendo, assim, melhorar o relacionamento
do casal, levar a um aumento da libido e da frequência das relações
sexuais.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
43
o Ter relações sexuais com intervalos não superiores a 48 horas durante a
semana fértil do ciclo, porque aumenta as hipóteses de uma gravidez.
o Ensinar a fazer a auto-observação das características do muco cervical e
das posições mais adequadas à penetração do esperma no colo uterino.
Não usar lubrificantes artificiais, pois interferem com a mobilidade dos
espermatozóides.
o Não tomar banho antes ou depois da relação sexual, para que não haja
alteração do PH vaginal.
o Informar e identificar alguns medicamentos que interferem com a
fertilidade.
o Informar que a temperatura escrotal elevada, a utilização de roupa muito
apertada, de computadores portáteis no colo, a prática excessiva de
bicicleta e desportos, trabalho físico intenso ou por turnos e stress podem
ser factores inibidores de uma gravidez.
o Incentivar o casal a discutir abertamente a sua relação e a acertar todos
os conflitos provocados ou não pela infertilidade.
o Proporcionar conhecimento informado e esclarecido, de modo que os
casais tenham um entendimento correcto daquilo que eles esperam.
Colaboração com a equipe multidisciplinar.
Aconselhar a participação em grupos de casais com o mesmo problema.
Instruir sobre a administração de medicação e plano terapêutico a executar no
domicílio.
O acolhimento, a forma de se relacionar com os utentes ao utilizar o conhecimento
científico e o respeito pelos valores ético-deontológicos são elementos imprescindíveis
na melhoria contínua da qualidade dos cuidados. Sendo o stress uma evidência que se
associa à vivência da infertilidade, é pertinente explorar e descrever a sua realidade
numa determinada amostra, para contributo na melhoria dos cuidados de saúde.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
44
PARTE DOIS: ESTUDO EMPÍRICO
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
45
CAPITULO II – METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
Para a realização deste estudo e de acordo com os objectivos definidos, foi utilizada a
metodologia quantitativa que, como refere Richardson (1989), se carateriza pelo
emprego da quantificação, quer na colheita de informação quer no tratamento desta,
através de técnicas estatísticas. O método quantitativo representa, em príncipio, a
intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e
interpretação, possibilitando, consequentemente, uma margem de segurança quanto às
inferências.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
46
1-TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e correlacional do tipo quantitativo.
Exploratório, porque, como refere Gil (1994, p. 44), “tem como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vista à formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.
Justifica-se, sobretudo, pela escassez de pesquisas que incidem sobre o fenómeno do
stress associado aos problemas da fertilidade. Este tipo de pesquisas é “realizado
especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele
formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (Gil, 1994, p. 45).
Descritivo, na medida em que este permite “descrever simplesmente um fenómeno ou
um conceito relativo a uma população, de maneira a estabelecer as características
desta população ou de uma amostra desta” (Fortin, 2003, p.162). Com este tipo de
estudo, pretende-se descrever um fenómeno delimitado e circunscrito e, tal como refere
Carmo e Ferreira (1998, p.213), “esta área de investigação implica estudar,
compreender e explicar a situação actual do objecto de investigação”. Procura-se
também descobrir e classificar a relação entre variáveis. Segundo Richardson (1989, p.
30), “os estudos de natureza descritiva propõem-se a investigar o que é, ou seja, a
descobrir as caracteristicas de um fenómeno como tal”. No nosso estudo, é considerado
como objecto de estudo um grupo específico e pretende-se obter melhor entendimento
do comportamento de diversos factores que se relacionem com o stress associado aos
problemas de fertilidade.
Correlacional, porque determina as relacões existentes entre as variáveis. Os
coficientes de correlação variam de +1,00 (para uma relação directa perfeita), passando
por 0,00 (ausência de relação) e chegando a -1,00 (para uma relação inversa perfeita)
Quantitativo, porque utiliza uma abordagem quantitativa, onde o tratamento de dados
se faz através de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como a percentual,
medidas de tendência central, a mais complexas, como correlação de Spearman'srho,
Mann-Whitney U e Kruskal Wallis.
Nesta linha de ideias, desenvolvemos o nosso estudo, procurando obter um
conhecimento mais concreto e objectivo do tema: Stress Associado ao Problema de
Fertilidade: Intervenção de enfermagem.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
47
2- QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES
QUESTÃO
A questão de investigação é uma interrogação explícita relativa a um problema a
examinar e a analisar, com o fim de obter novas informações.
Neste sentido, no presente estudo, colocamos como questão de partida:
Qual o nível de stress associado ao problema de fertilidade nos homens e nas mulheres
que frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya Barreto e que
relação há entre esse nível de stress e as variáveis sexo, idade, tempo de infertilidade,
frequência das relações sexuais, índice de massa corporal e contacto com agentes de
risco ocupacional que interferem na fertilidade?
HIPÓTESES
A formulação e teste de hipóteses são aspectos importantes no processo de
investigação, porque capacitam o investigador a testar aspectos da realidade com o
mínimo de distorções, tornando o estudo mais objectivo e determinando a adequação
das teorias como fundamentos explicativos. Sendo as hipóteses uma previsão
experimental ou uma explicação da relação entre duas ou mais variáveis, ou por outras
palavras, traduzindo as hipóteses o enunciado do problema para uma previsão precisa e
clara dos resultados esperados (Poli & P. Hungler, 1995), estas são uma resposta ao
problema a investigar, que será corroborada ou rejeitada depois de devidamente
testada.
Nesta perspectiva, formulamos hipóteses no sentido dos objectivos do estudo.
O stress é efectivamente um dos factores que age contra a fertilidade, provocando
desgaste, ansiedade e, muitas vezes, problemas de relacionamento entre o casal.
O casal é afectado pelo stress. Alguns desses efeitos são a diminuição da libido, da
frequência da actividade sexual e da produção de espermatozóides.
Num estudo realizado por Seger (2000) e referido por Souza (2005), foram encontrados
níveis similares de stress em homens e mulheres. Observou também que a não-
verbalização livre de emoções eleva os níveis do stress, sendo as mulheres as mais
afectadas.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
48
Jacky e Lone (2010), num recente trabalho publicado na revista Fertility and Sterility,
concluiram que o stress pode ter um impacto negativo no sucesso de tratamento da
infertilidade. A correlação entre o stress masculino e as falhas de tratamentos da
infertilidade foi menor que a do stress feminino.
Um estudo realizado por Newton (1999), citado por Domínguez (2010), numa amostra
de 1153 mulheres e 1149 ho (Ramos, et al., 2008)mens, com o objectivo de desenvolver
um instrumento de avaliação do “stress percebido associado com a infertilidade”,
confirmou resultados de outros estudos, em que a experiência da infertilidade produz
maior stress emocional nas mulheres do que nos homens.
Neste contexto e para esclarecimento da nossa questão, formulamos a seguinte
hipótese:
H1- O nível de stress associado ao problema de fertilidade apresentado pelas mulheres
é superior aos dos homens.
A idade avançada é um factor de risco, pela dimuição da qualidade dos ovócitos e
redução da quantidade de folículos (Ramos, et al., 2008). Num estudo realizado por
estes autores, a idade avançada foi considerada um factor de risco com significação
estatística de p <0,001.
A probabilidade de obter uma gravidez diminui 3 a 5 % ao ano, após a terceira década
de vida, e essa percentagem aumenta a partir da quarta década.
Esses factos são explicados pela presença de uma quantidade geneticamente limitada
de células germinativas no ovário e a deterioração da sua qualidade, assim como o
aumento da incidência de erros meióticos e aneuploidias dos gametas e embriões. Esse
processo tem continuidade ao longo da vida, culminando com a menopausa, que
representa o marco do fim da vida reprodutiva da mulher. O período de vida reprodutiva
no homem é menos claramente definido quando comparado à mulher (Erthal, s.d.).
Um dos factores importantes na infertilidade é a idade, porque está associado à
condição biológica do ovário, diminuindo o conjunto das células germinativas e
aumentando os riscos de anomalias genéticas. No homem, a idade também tem
alguma importância, porque comporta o risco de menor qualidade espermática, maior
número de anomalias cromossómicas e eventuais disfunções da actividade sexual. A
queda das taxas de gestação espontânea, na mulher, inicia lentamente por volta dos 30
anos, acelera-se após os 35, chegando a praticamente a zero aos 45 anos (Martins,
2004).
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
49
H2- O nível de stress associado ao problema de fertilidade está correlacionado com a
idade dos homens e das mulheres.
Para Nelson (2010), o stress associado à infertilidade pode incorporar reacções a
pressões sociais ou a situações problemáticas, dificuldades associadas à identidade
sexual e desempenho, problemas de relacionamento e a necessidade de paternidade e
o forte desejo de ter filhos.
A infertilidade, associado a um período de tempo, carrega também estigma social,
cultural, ocupando assim um lugar diferenciado, interferindo nas relações entre homens
e mulheres e de cada pessoa consigo mesma (Souza, 2005).
Num estudo realizado por Delgado (2007), o tempo de duração da situação de
infertilidade oscila entre os 18 meses e os 9 anos, sendo a média de 3 anos e 8 meses.
H3- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, está correlacionado com o
tempo de infertilidade dos homens e das mulheres.
Segundo o site informativo do Instituto Paulista de Ginecologia, os casais que desejam
engravidar devem ter relações pelo menos a cada 48 horas no período da ovulação.
“Um estudo demonstrou que casais que têm menos de uma relação sexual por semana
tem taxa de gravidez de 16,7% em seis meses, ao passo que os que têm cerca de
quatro relações sexuais por semana tem taxa de gestação de 83,3%”.
As relações sexuais deverão ocorrer durante o período fértil, com intervalos não
superiores a 48 h (Direcção Geral de Saúde, 2010).
No entanto, há que ter em atenção o aconselhamento de relações sexuais no período
ovulatório ou o número frequente das relações, porque o casal perde a sua privacidade
a partir do momento em que profissionais de saúde determinam quando e como o casal
se irá relacionar sexualmente, afastando-se assim a naturalidade da intimidade sexual.
Situações como estas são ameaçadoras e problemáticas e requerem tomadas de
posições e decisões que exigem do casal capacidades adaptativas (Souza, 2005).
H4- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante a
frequência das relações sexuais, tanto nos homens como nas mulheres.
Na fertilidade, o impacto do excesso ou do défice de massa corporal (IMC> 27 kg/m2 ou
<17 kg/m2) está associado à infertilidade anovulatória; isto, provavelmente, devido a
alterações da secreção da hormona hipotalâmica (libertadora de gonadotrofinas),
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
50
alterações nas secreções do FSH e LH hipofisários, levando à anovulação, que pode
estar associada à síndrome dos ovários poliquísticos. Em mulheres obesas, a fertilidade
encontra-se reduzida em 50%. Uma perda de peso entre 10 a 15 kg aumenta
consideravelmente as probabilidades de gravidez (Erthal, s.d.).
Mudanças nos estilos de vida, passando por uma alimentação adequada e exercício
físico, são fundamentais. A redução do peso corporal contribui para a regularização dos
ciclos menstruais e deve ser considerada a primeira medida em mulheres obesas e
inférteis (Izzo, 2008).
As mulheres obesas têm três vezes mais probabilidade de sofrer de infertilidade,
comparativamente a mulheres com um índice de massa corporal normal.
Também o baixo peso pode causar uma disfunção nos ovários e, consequentemente,
infertilidade. Numa mulher com o peso ideal (IMC de 20-25), uma perda moderada de
peso de 10 a 15% pode causar irregularidade menstrual.
Em relação aos homens, o excesso de peso reduz o nível de testosterona e aumenta o
nível de estradiol, comprometendo a produção de esperma e um índice maior de
fragmentação do DNA do espermatozóide, originando falhas na fertilização. O homens
obesos apresentam níveis mais baixos de glucosidade, o qual tem um importante papel
no amadurecimento e na mobilidade dos espermatozóides (Pereira, et al., 2010).
Num estudo realizado por Sallmen (s.d), os dados sugerem que 10 kg de excesso de
peso no homem aumenta a probabilidade de infertilidade em 10%.
Manter um índice de massa corporal >19 e <a 29 aumenta a probabilidade de uma
gravidez evolutiva (Direcção Geral de Saúde, 2010).
Também, num estudo realizado por Ramos, et al. (2008), o índice de massa corporal foi
considerado um factor de risco com significação estatística de p <0,001.
A obesidade (IMC> 29) tanto no homem como na mulher, assim como o baixo peso
(IMC <19) em mulheres, estão relacionados com diminuição da fertilidade. O IMC
recomendado situa-se entre 19 e 29 Kg/m2 (Direcção Geral de Saúde, 2010).
H5- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante o
índice de massa corporal, tanto nos homens como nas mulheres.
O cigarro é considerado uma toxina para o aparelho reprodutivo.
Na mulher, diminui a reserva do ovário, a taxa de implantação do óvulo, a produção de
estrogénios e desenvolvimento folicular.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
51
No homem, reduz a espermatogénese, provoca alterações morfológicas e de mobilidade
nos espermatozóides e leva ao stress oxidativo, reduzindo o potencial de fertilização
(Erthal, s.d.).
Segundo José (1994), citado por Martins (2004), o tabaco é responsável por
oligospermia e teratospermia.
Num estudo realizado por Coelho, et al. (2009), concluiu-se que ao consumo tabágico
se associou a maior incidência de oligo/azoospermia (p = 0,04).
Na análise comparativa entre grandes fumadores e fumadores ligeiros, verificou-se que
no grupo dos grandes fumadores ocorreram alterações do volume do esperma em 22%
(n = 12) e nos fumadores ligeiros em 10% (n = 8). Esta diferença mostrou-se
estatisticamente significativa (p =0.03).
Relativamente à concentração e mobilidade não foram encontradas diferenças entre os
dois grupos.
A Direcção-Geral da Saúde (2008) afirma que existe associação entre o consumo de
tabaco e a redução da quantidade e da qualidade dos espermatozoides e dos ovócitos.
H6a- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
consome ou não tabaco, tanto nos homens como nas mulheres.
O consumo de álcool pelas mulheres está associado a um aumento de infertilidade
(Erthal, s.d.) O consumo de mais de 100 gramas de álcool por semana (1 bebida por
dia) está associado a problemas de ovulação. O uso de cinco doses diárias de álcool
(50 gr) reduz em 40% a probabilidade de gravidez. Na mulher, provoca irregularidade no
ciclo menstrual, aumenta o risco de aborto espontâneo e diminui o número de ovócitos.
No homem, diminui a quantidade de espermatozoides, a capacidade ejaculatória e, por
vezes, impotência sexual e diminuição dos níveis de testosterona sérica (Pınar Aslan
Koşar, 2010).
O álcool leva à redução de testosterona, à produção de esperma com anomalias, tendo
como efeito colateral a disfunção eréctil (Martins, 2004).
O álcool diminui a fertilidade, sendo estabelecidos máximos de ingestão: Unidades de
álcool por semana: ≤ 1-2 na mulher e ≤ 3-4 no homem, sendo que uma unidade de
álcool corresponde a 10 gr de álcool, o equivalente ao conteúdo de qualquer bebida
servida nos copos habitualmente utilizados (cerveja = copo, brandy = cálice, etc)
(Direcção-Geral da Saúde, 2008 ).
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
52
H6b- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior quando há
consumo de álcool, tanto nos homens como nas mulheres.
É aconselhado, pela Direcção Geral de Saúde (2010), como estilo de vida saudável,
evitar drogas, porque podem dificultar as hipóteses de ocorrência de gravidez.
Fármacos de prescrição corrente em determinadas patologias, segundo Martins (2004),
contribuem para a diminuição da fertilidade.
Os medicamentos mais comuns, que contribuem para a diminuição da fertilidade na
mulher, são antidepressivos e anti-inflamatórios não esteróides, que podem associar-se
a anovulação; imunossupressores, que interferem na capacidade de concepção;
citotóxicos, que podem induzir falência ovárica.
No homem, os esteróides anabolizantes diminuem a qualidade do esperma e a
exposição a quimio ou radioterapia pode interferir na capacidade reprodutiva (Direcção-
Geral da Saúde, 2008).
H6c- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
tomam ou não medicamentos, tanto nos homens como nas mulheres.
Apesar do exercício físico estar associado a grandes benefícios para a saúde dos
indivíduos – redução do risco das doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade,
cancro, entre outras – a relação entre actividade física e a infertilidade ainda não está
bem documentada (Colégio Americano de Medicina Desportiva). Esta institição
recomenda, também, a realização de 30 ou mais minutos de exercício físico moderado,
cinco dias /semana, ou no mínimo, 20 minutos de exercício vigoroso, três
vezes/semana.
Num trabalho recentemente publicado, onde foram avaliados 2261 homens, os
resultados mostraram não haver associação entre exercício físico regular e alterações
no sémen, excepto para o grupo que pratica ciclismo cinco ou mais horas por semana.
H6d- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
pratica ou não actividade física, tanto nos homens como nas mulheres.
Casos de infertilidade masculina, segundo Delgado (2007), podem relacionar-se com a
profissão. A formação de espermatozoides ocorre a temperaturas abaixo da
temperatura corporal, logo é necessário que se evite usar roupas apertadas, ficar
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
53
sentado muito tempo, usar computadores no colo ou trabalhar perto de fontes de muito
calor, porque estes factores provocam o aquecimento dos testículos.
Segundo Parente (2010), diversos factores ambientais e ocupacionais têm uma acção
tóxica directa sobre as gônadas e sobre o eixo hipotálamo-hipofisário. São exemplos
disso, pesticidas: dibromocloropropano, ácido diclorofenoxiacético; metais pesados:
chumbo, cádmio, mercúrio, cromo e alumínio; solventes: éteres de etinilenoglicol,
estireno, percloroetileno, dissulfeto de carbono e tolueno; agentes químicos.
O calor excessivo pode levar a degeneração do epitélio seminífero. A exposição crónica
à radiação leva ao aumento do FSH e LH com prejuízo para as células germinativas.
Para o homem, doses de radioterapia acima de 150 cGY (1 cGY corresponde a 100
radiações) podem levar à destruição definitiva das espematogónias; para as mulheres,
doses acima de 20 cGY podem levar a falência ovárica e agentes quimioterápicos.
Segundo a Direcção-Geral da Saúde (2008), a infertilidade pode estar associada à
exposição profissional de alguns agentes:
NA MULHER:
Solventes usados na indústria de tintas ou madeiras.
Agentes químicos como mercúrio, cádmio ou agentes anti-neoplásicos
(farmacêuticas e enfermeiras)
NO HOMEM:
Calor – o aumento da temperatura na região do escroto (trabalhadores em
fornos, cozinheiros, motoristas); radiações (radioterapeutas); pesticidas (trabalhadores
agrícolas), solventes ou outros agentes químicos (pintores, técnicos de laboratório).
NO CASAL:
Exercício excessivo, trabalho físico intenso ou por turnos e stress.
H7a- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nos homens
que têm contacto com o calor.
H7b- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nos homens
que têm contacto com radiações.
H7c- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nos homens
que têm contacto com pesticidas.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
54
H7d- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nas mulheres
que têm contacto com solventes.
H7e- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior quando têm
trabalho físico intenso, tanto nos homens como nas mulheres.
H7f- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior em quem
trabalha por turnos.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
55
3-VARIÁVEIS
3.1- VARIÁVEL DEPENDENTE
Acerca das variáveis dependentes, Richardson (1989, p. 75) refere que estas variáveis
são “aquelas afectadas ou explicadas pelas variáveis independentes. Isto é, variarão de
acordo com as mudanças nas variáveis independentes”.
Também Polit & Hungler (1995, p. 27) referem que a variável dependente “é o efeito
presumível causado por um determinado fenómeno”.
Neste estudo, a variável dependente é “o stress associado ao problema de fertilidade”.
Esta é a variável principal do nosso estudo, a qual está operacionalizada num conjunto
de quarenta e seis itens, agrupados em cinco dimensões e stress global, conforme
escala cedida por Ramos, et al. (2008).
Preocupação social: Sensibilidade perante comentários acerca da infertilidade,
sentimentos do isolamento social, alienação da família e amigos
Itens: *9, *12, 14, 27, 30, *35, 39, 40, 43, *44 (10 itens)
Preocupação sexual: Diminuição da satisfação com a sexualidade, dificuldade em lidar
com a programação das relações sexuais
Itens: 3, *4, *7, 13, 17, 22, 32, 37 (8 itens)
Preocupação com a relação: dificuldade em falar sobre o problema de fertilidade e
compreender/aceitar as diferenças; preocupação com o impacto da infertilidade na
relação conjugal.
Itens: 11, 16, *18, 21, 24, 26, *33, 36, 45, *46 (10 itens)
Necessidade da parentalidade: identificação com o papel parental; parentalidade
percebida como um objectivo essencial à vida.
Itens: 2, 5, 6, 8, 10, 19, *23, 29, 34, 42 (10 itens)
Rejeição de estilo de vida sem filhos: perspectiva negativa de um estilo de vida ou
estatuto sem filhos; a satisfação e felicidades futuras dependem do nascimento de um
filho (ou de outro filho)
Itens: *1, *15, *20, *25, *28, *31, *38, *41 (8 itens)
Stress Global: Stress associado ao problema de fertilidade (todas as escalas/ todos os
46 itens).
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
56
3.2- VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Variável independente é “a causa presumível de qualquer fenómeno” (Poli & P.Hungler,
1995, p.27).
No nosso estudo selecionamos como variáveis independentes:
Idade
Tempo de infertilidade
Frequência das relações sexuais
Índice de massa corporal
Estilo de vida
No exercício do seu trabalho tem contacto com agentes de risco ocupacional
(calor, radiações pesticidas, solventes ou outros agentes químicos, trabalho
físico intenso e trabalho por turnos)
A variável “idade” é contínua e expressa em anos.
Quanto à variável, “há quanto tempo tenta engravidar (tempo de infertilidade)”,
é contínua e expressa em anos.
A variável “frequência das relações sexuais” é nominal dicotómica, expressa em tempo
superior a 48h e inferior a 48h, conforme orientação da Direcção Geral de Saúde, 2010.
A variável “índice de massa corporal” é calculada com base na relação entre a altura e o
peso, determinado pela divisão da massa do indivíduo pelo quadrado da sua altura; a
massa é expressa em quilogramas e a altura em metros e classificada segundo tabela
apresentada por Roche (s.d): baixo peso: <18,5; normal: 18,5 a 24,9; excesso de peso:
25,0 a 29,9; obeso grau I: 30,0 a 34,9; obeso grau II: 35,0 a 39,9; obeso grau III: > 40,0.
A variável “estilo de vida” é categorizada em quatro itens:
Hábitos tabágicos: sim ou não. Se respondeu sim, há quantos anos e quantos
cigarros por dia.
Hábitos de consumo de álcool: sim ou não. Se respondeu sim, há quantos anos,
com que regularidade, que bebida e quantidade diária.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
57
Toma regularmente algum medicamento: sim ou não, se respondeu sim, indicar
qual.
Prática de actividade física: sim ou não. Se respondeu sim, qual e com que
regularidade.
Quanto à variável “no exercício do seu trabalho tem contacto com agentes de risco”, foi
categorizada em seis itens:
Calor
Radiações
Pesticidas
Solventes ou outros agentes químicos
Trabalho físico intenso
Trabalho por turnos
3.3- VARIÁVEIS ATRIBUTO
De modo a caracterizarmos a amostragem do estudo, consideramos ainda as seguintes
variáveis atributo:
Nacionalidade, estado civil, habilitações literárias, local de residência, com quem vive,
se tem filhos, rendimento mensal em euros, por quem foi tomada a decisão para
frequentar a consulta de esterilidade e religião.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
58
4 - POPULAÇÃO / AMOSTRA
População é uma colecção de elementos ou de sujeitos que partilham características
comuns e com um conjunto de critérios definidos (Fortin, 2003).
A população do nosso estudo é constituída por todos os casais que sofrem de problema
de fertilidade e frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya Barreto.
Na impossibilidade de acedermos a todos os casais que constituem a nossa população,
trabalhámos com uma amostra, que Barros e Lehfeld (1986, p. 105) definem como “um
conjunto representativo da população”. Também Richardson (1989, p. 104) define
amostra como “qualquer subconjunto do conjunto universal ou população”. Em
complemento desta definição, Polit e Hungler (1985, p.114) dizem que amostra consiste
“em um subconjunto de entidades que compõem a população. Essas entidades que
compõem as amostras são chamadas de elementos. Considerando a população alvo
homogénea, utilizamos uma amostra probabilística aleatória simples. Este tipo de
amostragem extrai da população elementos que permitem prover dados inferenciais da
população alvo. O método de amostragem probabilística, segundo Fortin (2003), é o
único que oferece ao investigador a possibilidade de precisar os riscos tomados quando
generaliza, ao conjunto da população ou outros contextos, os resultados da
investigação.
.
No campo de amostragem, foram considerados todos os casais que frequentam a
consulta de Esterilidade da Maternidade Bissaiya Barreto.
A amostra de participantes do estudo obedeceu aos seguintes critérios de inclusão:
Casais (homens e mulheres) com dificuldade em engravidar.
Casais (homens e mulheres) que frequentem a consulta no período de 1 de
Setembro a 15 de Dezembro de 2011 e que se disponibilizaram a participar no
estudo.
Que aceitem participar voluntariamente no estudo, após informados sobre a
natureza do mesmo.
Que saibam ler e escrever.
Que dominem a língua portuguesa
Selecionámos os indivíduos enquanto esperavam para consulta.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
59
5- INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS
Ao elaborar o instrumento de recolha de dados, o investigador deve utilizar técnicas
para obter informação válida para a realização do estudo que pretende efectuar.
Relacionado com este assunto, Richardson (1989, p.137) considera que:
“O questionário é um instrumento de colheita de dados que pode ser utilizado
para obter informações acerca de grupos sociais, que nos permite descrever
algumas características e medir variáveis desse mesmo grupo, permitindo ao
investigador tirar conclusões do seu estudo”
Ainda segundo o mesmo autor, o questionário é um instrumento válido quando mede o
que se deseja. Assim, todo o instrumento deve ser capaz de produzir as informações
adequadas e necessárias para dar respostas às questões de investigação. Deverá
conter questões elaboradas com o máximo de objectividade e precisão, a fim de serem
entendíveis por todos os inquiridos. Refere, também, que o questionário tem duas
funções:
Descrever as características de um indivíduo ou grupo
Medir as variáveis num determinado grupo social.
Tendo em conta o tipo de estudo que pretendemos efectuar, as características da
amostra e o tempo para a realização deste estudo, optamos por utilizar um questionário
(Anexo I). Este é constituído por duas partes:
Da primeira parte, constam quarenta e seis questões, que expressam diferentes
opiniões acerca de problemas de fertilidade e operacionalizam a variável dependente.
Foi utilizado o Inventário de Problemas de Fertilidade de Ramos, Gameiro e Canavarrro
(2008).
Da segunda parte, constam vinte e uma questões fechadas, relativas às variáveis
independentes e varáveis atributo, tendo estas últimas a função caracterizadora da
amostra; por último, uma questão aberta, com a finalidade de receber comentários ou
observações.
5.1-PRÉ-TESTE
A finalidade é evidenciar possíveis falhas de redacção, garantir a aplicabilidade, a
precisão e a validade, de modo a que se responda a todas as questões colocadas.
Assim, antes de aplicarmos o questionário na forma definitiva, foi realizado o pré-teste,
como uma referência de validade do referido questionário.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
60
Fizemos a aplicação de dez questionários seguidos de uma entrevista, a qual constava
dos seguintes pontos:
Se todas as questões foram claras
Se entendeu o assunto em estudo
Se achou fácil o preenchimento
Tempo que demorou a preencher o questionário.
Foi testado num grupo de indivíduos que recorreram à consulta de esterilidade da MBB,
num período que antecedeu o do estudo. Verificámos que não houve dúvidas, pelo que
considerámos o questionário adequado à utilização no estudo.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
61
6- PROCEDIMENTOS ÉTICO/LEGAIS
A autora da escala do Inventário de Problemas de Fertilidade e sua operacionalização
foi contactada, via telefone e e-mail, e solicitada a devida autorização para a utilização
da mesma (anexo II).
Foi também solicitada autorização para a realização do estudo através de um pedido
formal, dirigido ao conselho de administração do Centro Hospitalar de Coimbra e ao
conselho directivo do Departamento de Saúde da Mulher (anexo III). Neste pedido, foi
explicitada a natureza do estudo, os seus objectivos e metodologia e assegurada a
manutenção do anonimato dos participantes e a confidencialidade dos dados. Foi obtida
autorização formal, através de ofício, via e-mail (anexo IV), em tempo considerado útil
para a realização do estudo.
Posteriormente à obtenção da autorização oficial das direcções do Departamento de
Saúde da Mulher e do Centro Hospitalar de Coimbra assim como da autorização para
aplicação do Inventário de Problemas de Fertilidade (Ramos, et al., 2006), (anexo V), os
questionários, após consentimento informado (anexo VI), foram entregues a cada casal
num mesmo envelope, através do próprio investigador ou das enfermeiras que faziam a
respectiva consulta. Estes foram informados dos objectivos do estudo, bem como, da
voluntariedade da participação.
A confidencialidade foi assegurada pela individualização dos questionários do casal em
envelope anónimo, fechado e pela colocação dos mesmos em urna identificada para o
efeito.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
62
7-TRATAMENTO ESTATÍSTICO
O tratamento estatístico é considerado por Polit e Hungler (1995) como um conjunto de
técnicas que torna comprensível a informação recolhida, dando-lhe sentido. Os métodos
estatísticos permitem que o investigador reduza, organize, avalie e interprete os dados
e, ainda, comunique as conclusões mais relevantes e significativas.
No nosso estudo, após a construção da base de dados e a colheita dos mesmos, estes
foram introduzidos e processados num computador através do programa estatístico
SPSS (Statiscal Package for the Social Sciences), versão 19 para Windows.
Procedemos ao tratamento estatístico descritivo pelo cálculo de:
Frequências absolutas
Frequências percentuais
Medidas de tendência central:
Média
Mediana
Mínimo
Máximo
Medidas de dispersão
Desvio padrão
Em relação à estatística inferencial, recorremos aos testes não paramétricos, uma vez
que a nossa variável dependente (stress associado ao problema de fertilidade) é de
natureza quantitativa com distribuição não normal, confirmada pelo teste de normalidade
Kolmogorov-Smirnov (p=0,00). Os testes utilizados para testar as nossas hipóteses
foram o teste de Mann-whitney, Kruskal-Wallis, correlação de Spearman srho. Para
todos os testes, fixamos os valores de significância de 0,05.
Para avaliar a consistência interna global da escala IFP – Stress Associado ao
Problema de Fertilidade – calculámos o coeficiente alpha de Cronbach. Os valores
obtidos comprovam que a escala apresenta, na totalidade dos itens, uma consistência
interna de 0,803. Para o grupo dos homens é de 0,849. Para o grupo das mulheres de
0,674. Marôco (2010) considera que, valores para alpha superiores a 0,70 são
reveladores de uma boa consistência interna, mas acima de 0,60 indicam a
possibilidade de utilizar a escala.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
63
Tal como os autores da escala (Newton et. al, 2005) e os autores da versão Portuguesa
(Moura et al., 2006), consideramos importante tratar e analisar os dados para homem e
para mulher separadamente.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
64
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS.
Este capítulo tem como finalidade a apresentação dos dados e discussão dos
resultados obtidos no nosso estudo.
Optamos por dividi-lo em três partes. Na primeira, fazemos a apresentação e a análise
dos dados, obedecendo à sequência determinada pela ordenação das variáveis da
parte II do questionário, seguida da variável dependente que consta da primeira parte.
Na segunda, fazemos discussão dos resultados, tendo por base a bibliografia
consultada e a nossa experiência profissional. Na terceira parte apresentamos a
proposta de programa de intervenção em cuidados de enfermagem
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
65
1- APRESENTAÇÃO DE DADOS
Os dados serão apresentados em quadros, de forma a facilitar a sua leitura e
interpretação. Iniciamos pela caracterização da amostra
1.1 - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
No quadro 1, constam as principais características sócio-demográficas dos indivíduos
que constituem a amostra dos casais (homens e mulheres) com infertilidade, os quais
frequentam a consulta da Maternidade Bissaya Barreto.
Verificamos, no que se refere à distribuição dos indivíduos, que 50% são do sexo
masculino e 50% do sexo feminino. Em relação à idade dos homens inquiridos,
constatamos que está compreendida entre os 24 e 48 anos, com uma média de idades
de 35,32 e desvio padrão de 5,07 anos. Em relação à idade das mulheres, constatamos
que está compreendida entre os 25 e 45 anos, com uma média de idades de 32,68 e
desvio padrão de 4,15 anos. Tanto no sexo masculino como no feminino, o grupo etário
com maior percentagem situa-se nos 30-40 anos, 72% e 68% respectivamente, logo
seguido do grupo etário 20-30 das mulheres com 28% e de 14% nos grupos etários 20-
30 e 40-50 dos homens. No grupo etário dos 40-50 das mulheres apenas 4%.
A maioria dos casais é de nacionalidade portuguesa (99%). Quanto ao estado civil, são
casados ou em união de facto (92%), seguido de 8% de solteiros.
No total da amostra, é maioritária a percentagem dos que possuem
Bacharelato/Licenciatura, no grupo masculino 30% e feminino 50%, seguido do 11º/12º
ano (26%) e 9ºano (24%), para o grupo masculino, e 9ºano (20%), 11º/12º ano (18%),
para o grupo feminino. Verifica-se que há uma percentagem de 2%, no grupo
masculino, e de 4%, no grupo feminino, com o grau de mestre/doutor.
Os dados evidenciam, no que diz respeito à profissão, que 34% dos homens
pertencem ao grupo dos trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices,
30% ao grupo técnicos e profissões de nível intermédio, seguidos de 16% de
trabalhadores não qualificados e 20% estão distribuídos por outros grupos
profissionais. No que diz respeito ao grupo das mulheres, verifica-se que 46% pertence
ao grupo dos técnicos e profissões de nível intermédio (16%) do pessoal
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
66
administrativo, 14% ao grupo dos trabalhadores não qualificados, seguidos de 20%
distribuídos pelos restantes grupos profissionais e 4% de desempregados.
A proveniência dos casais é de 58% do meio urbano e de 42% do meio rural.
A maioria dos casais (96%) vive com o marido/esposa/companheiro. Só 2% vivem com
os pais ou sogros. No que respeita a terem ou não filhos, 12% têm filhos e 88% não têm
filhos.
Em relação ao rendimento mensal em euros, uma maior percentagem de mulheres
(54%) tem um rendimento mensal compreendido entre 500 a 1500 euros, enquanto
apenas 44% dos homens usufruem desse rendimento. A percentagem no grupo dos
homens e das mulheres que têm rendimento compreendido entre 1500 a 2500 é igual
30%. Com rendimento mensal superior a 2500 euros, salienta-se o grupo dos homens
com 12%, enquanto no grupo das mulheres é apenas de 6%. Com rendimento inferior a
500 euros temos 12% no grupo masculino e 10% no grupo feminino.
Relativamente à decisão para frequentarem a consulta de esterilidade da Maternidade
Bissaya Barreto, 56% fizeram-no por iniciativa própria e 44% por indicação de médico
ou enfermeiro. No que respeita à confissão religiosa, tanto no grupo dos homens como
das mulheres, predomina a religião católica (90% e 96% respectivamente), pertencendo
a outras religiões ou sem religião a parte restante da amostra.
O tempo de duração de infertilidade, ou seja, o tempo em que tenta engravidar oscila
entre 1 e os 10 anos, sendo a média de 3,36 anos e desvio padrão de 1,90, tanto para
os homens como para as mulheres.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
67
Quadro 1- Distribuição dos elementos da amostra segundo variáveis pessoais e sociais
em função do sexo.
Distribuição das varáveis em função do sexo.
Homens
n %
Mulheres
n % Total 50 50,00 50 50,00
Estado civil: Solteiro
Casado/união de facto
4
46
8,00
92,00
4
46
8,00
92,00
Habilitações literárias
6ºano 9ºano
11º/12º ano Bacharelato/Licenciatura
Mestrado/Doutoramento
9
12 13 15 1
18,00 24,00 26,00 30,00 2,00
4
10 18 25 2
8,00
20,00 36,00 50,00 4,00
Local de residência:
Urbano Rural
29 21
58,00 42,00
29 21
58,00 42,00
Com quem vive: Marido/esposa/companheiro Pais/sogros
48 2
96,00 4,00
48 2
96,00 4,00
Tem filhos: Sim Não
6
44
12,00 88,00
6
44
12,00 88,00
Decisão para frequentar consulta: Iniciativa própria Indicação do enf./ médico
28 22
56,00 44,00
28 22
56,00 44,00
Religião: Católica Outras
45 5
90,00 10,00
45 5
90,00 10,00
Idade (em anos)
Mn
Mx
X
DP
Mn
Mx
X
DP
24
48
35,32
5,07
25
45
32,68
4,15
Tempo de infertilidade
1
10
3,36
1,90
1
10
3,36
1,90
Nos dados apresentados no quadro 2, constatamos que a maioria dos homens inférteis
inquiridos se situa no grupo com excesso de peso, numa percentagem de 56%; dezoito
com peso normal, numa percentagem de 36%, seguido de quatro no grupo da
obesidade, numa percentagem de 8%.
No grupo dos inquiridos, 52% das mulheres dos casais inférteis apresentam peso
normal, 32% excesso de peso, seguido de 16% com obesidade.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
68
Em relação aos agentes que interferem na fertilidade, verifica-se que a maioria (42%
dos homens e 58% das mulheres) não teve contacto com qualquer agente. Tiveram
contacto com dois ou mais agentes 36% dos homens e 20% das mulheres. Contacto só
com um agente 22%, quer nos homens quer nas mulheres.
Em relação aos hábitos tabágicos, verificamos que apenas 34% dos homens e 10% das
mulheres têm hábitos tabágicos. Os homens fumam em média 12,35 cigarros diários, há
de 14,56 anos. As mulheres, uma média diária de 5,20 cigarros, há 11,80 anos.
Verifica-se que 60% dos homens e 94% das mulheres não consomem bebidas
alcoólicas. Dos que consomem, 40% são homens, 20% fazem-no diariamente e os
restantes semanalmente. As bebidas consumidas são a cerveja e o vinho tinto, numa
quantidade de 10 a 20 gr. Numa baixa percentagem (6%) são mulheres, que consomem
mensalmente cerveja em quantidade de 10 a 20 gr.
Em relação à regularidade da toma de medicamentos, verifica-se que os homens e as
mulheres na maioria não tomam medicamentos (86% e 84% respectivamente). Quando
tomam são medicamentos que não interferem na fertilidade. O exercício da prática de
actividade física com regularidade é referenciado pelos homens numa percentagem de
40%; isto duas vezes por semana (46,7%), predominando o futebol com 41,2%; as
mulheres fazem-no numa percentagem de 20%, com a regularidade de uma, duas, três
vezes ou mais em igual percentagem (33,3%), predominando a ginástica com 44,4%,
seguida da hidroginástica com 22,2% e as restantes actividades com 11,1% cada.
A maioria dos casais refere ter actividade sexual (98%). No entanto, 2% refere não ter
actividade sexual. Em relação à regularidade, a maioria (51%) responde que tem
relações com intervalos <a 48h (inferiores a quarenta e oito horas) e 49% com
intervalos> a 48 h (superiores a quarenta e oito horas). No entanto, os resultados da
estatística da frequência de relações sexuais por sexo mostram que os homens na
maioria (58%) refere que têm relações sexuais com intervalos inferiores a 48h, e 42%
referem que têm relações sexuais com intervalos superiores a 48h. No grupo das
mulheres verifica-se o inverso. A maioria (56%) refere que têm relações sexuais com
intervalos superiores a 48h, e 44% refere que têm relações sexuais com intervalos
inferiores a 48h.
.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
69
Quadro 2- Distribuição dos elementos da amostra segundo as variáveis do estilo de vida
associadas ao problema de fertilidade.
Variáveis do estilo de vida
HOMENS
n %
MULHERES
n % 50 50,00 50 50,00
Índice de massa corporal: Peso normal Excesso Obesidade
18 28 4
36,00 56,00 8,00
26 16 8
52,00 32,00 16,00
Contacto com agentes que interferem na fertilidade: Só com um agente Dois ou mais agentes Nenhum agente
11 18 21
22,00 36,00 42,00
11 10 29
22,00 20,00 58,00
Hábitos tabágicos: Sim Não
17 33
34,00 36,00
5
45
10,00 90,00
Consumo de bebidas alcoólicas: Sim Não
20 30
40,00 60,00
3
47
6,00
94,00
Consumo de medicamentos: Sim
Não
7
43
14,00 86,00
8
42
16,00 84,00
Prática de actividade física: Sim Não
20 30
40,00 60,00
10 40
20,00 80,00
Prática de actividade sexual: Sim Não
49 1
98,00 2,00
49 1
98,00 2,00
1.2- O STRESS ASSOCIADO AO PROBLEMA DE FERTILIDADE.
Os dados obtidos (quadro 3) revelam que o stress associado ao problema de fertilidade,
nos casais que frequentam a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya Barreto,
para ambos os sexos, apresenta um mínimo de 2 e um máximo de 4, numa escala de 1
a 6. No grupo das mulheres, uma média de 3,20, um desvio padrão de 0,46 e uma
mediana de 3,25. No grupo dos homens, uma média de 3,10, um desvio padrão de 0,58
e uma mediana de 3,11.
A observação dos valores relacionados com o stress associado ao problema de
fertilidade, dos homens, apresentados no quadro 3, leva-nos a considerar que a média
nas dimensões do “stress global”, “necessidade da parentalidade” e “rejeição do estilo
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
70
de vida sem filhos” é mais elevada do que nas dimensões “preocupação social”,
“preocupação sexual” e “preocupação com a relação”. Com igual valor de média,
apresenta-se a dimensão “rejeição do estilo de vida sem filhos”; ou seja, perspectiva
negativa de um estilo de vida ou estatuto sem filhos, a satisfação e felicidades futuras
dependem do nascimento de um filho (ou de outro filho) e a dimensão “necessidade de
parentalidade”; isto é, identificação com o papel parental e parentalidade percebida
como um objectivo essencial à vida. As dimensões “preocupação social”, preocupação
sexual” e “preocupação com a relação” apresentam uma maior dispersão de dados, com
valor mínimo de 1 e de máximo 5.
Quadro 3- Medidas descritivas referentes às dimensões e stress associado ao problema
da fertilidade dos homens que frequentam a consulta de esterilidade da M.B.B. (n=50)
Dimensões e global do stress
associado ao problema da fertilidade
X
Md
DP
Min
Max
Preocupação social 2,69 2,65 0,78 1 5
Preocupação sexual 2,39 2,19 1,02 1 5
Preocupação com a relação 2,58 2,65 0,71 1 4
Necessidade da parentalidade 3,94 3,95 0,75 2 6
Rejeição de estilos de vida sem filhos
3,94 4,00 0,71 2 5
Stress global 3,10 3,11 0,58 2 4
A observação dos valores relacionados com o stress, associado ao problema de
fertilidade das mulheres apresentados no quadro 4, leva-nos a considerar que a média
do stress global e nas dimensões “necessidade da parentalidade” e “rejeição do estilo
de vida sem filhos” é mais elevada do que nas dimensões “preocupação social”,
“preocupação sexual” e “preocupação com a relação”. Salienta-se a média (4,23) de
stress mais elevada na dimensão “necessidade de parentalidade”, ou seja, identificação
com o papel parental e parentalidade percebida como um objectivo essencial à vida.
Tendo em conta cada uma das dimensões, a maior diferença verifica-se em relação à
dimensão “necessidade de parentalidade”. As dimensões “preocupação social” e
“preocupação sexual” apresentam uma maior dispersão de dados, com valor mínimo de
1 e de máximo 5.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
71
Quadro 4 - Medidas descritivas referentes às dimensões e stress associado ao
problema da fertilidade, das mulheres que frequentam a consulta de esterilidade da
M.B.B. (n=50)
Dimensões e global do stress
associado ao problema da
fertilidade
X
Md
DP
Mn
Mx
Preocupação social 2,80 2,80 0,82 1 5
Preocupação sexual 2,43 2,50 0,77 1 5
Preocupação com a relação 2,57 2,60 0,78 1 4
Necessidade da parentalidade 4,23 4,30 0,77 3 6
Rejeição de estilos de vida sem filhos
3,95 4,00 0,85 2 5
Stress global 3,20 3,25 0,46 2 4
Em relação às hipóteses:
H6a- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
consome ou não tabaco, tanto nos homens como nas mulheres.
H6b- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior quando há
consumo de álcool, tanto nos homens como nas mulheres.
H6c- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
tomam ou não medicamentos, tanto nos homens como nas mulheres.
H6d- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
pratica ou não actividade física, tanto nos homens como nas mulheres.
Devido à dispersão de dados, não testamos as hipóteses, faremos apenas uma análise
global dos resultados.
Também pela razão atrás referida, não testamos as hipóteses relacionadas com os
agentes, com os quais os indivíduos que constituíam a nossa amostra tinham contacto.
H7a- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nos homens
que têm contacto com o calor.
H7b- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior nos homens
que têm contacto com radiações.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
72
H7c- O nível de stress, associado ao problema, de fertilidade é superior nos homens
que têm contacto com pesticidas.
H7d- O nível de stress, associado ao problema, de fertilidade é superior nas mulheres
que têm contacto com solventes.
H7e- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior quando têm
contacto com trabalho físico intenso, tanto nos homens como nas mulheres.
H7f- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é superior em quem
trabalha por turnos.
Posteriormente, foi reconvertida a variável “no exercício do seu trabalho tem contacto
com agentes” e surgiu uma nova variável “contacto com número de agentes de risco
ocupacional”, operacionalizada do seguinte modo:
Contacto só com um agente
Contacto com dois ou mais agentes
Contacto com nenhum agente
Em função desta variável (contacto com número de agentes de risco ocupacional) e sua
operacionalização surgiu a seguinte hipótese:
Hipótese 7- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente nos
homens e nas mulheres, conforme têm contacto com diferente número de agentes de
risco ocupacional.
1.2.1 Resultados dos testes de hipóteses
H1- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, apresentado pelas
mulheres é superior aos dos homens.
Para testar a nossa hipótese – “O nível de stress, associado ao problema de fertilidade,
apresentado pelas mulheres, é superior aos dos homens” – utilizámos o teste de Mann-
Whitney U (quadro 5). Podemos verificar, pelos resultados obtidos, que as diferenças
não são estatisticamente significativas para o valor do stress associado ao problema de
fertilidade (p=0,20). No entanto, o stress global revelado pela mulheres difere,
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
73
ligeiramente (Md=3,25), do descrito pelos homens (Md= 3,11); aqui, como nas restantes
dimensões, as mulheres revelaram valores ligeiramente superiores aos dos homens.
Salientamos que esta diferença é estatisticamente significativa para a dimensão
“necessidade de parentalidade” (p=0,04).
Os resultados obtidos não nos permitem corroborar a hipótese formulada; ou seja, que o
nível de stress, associado ao problema de fertilidade, apresentado pelas mulheres, é
superior aos dos homens.
Quadro 5- Diferença do stress, associado ao problema de fertilidade, nos homens e nas
mulheres, em função do sexo, pela aplicação do teste de Mann-Whitney U (n=100)
Dimensões e global do stress
associado ao problema de
fertilidade em função do sexo
Homens
(n=50)
Mulheres
(n=50)
Mean
rank
Md Mean
rank
Md Z p
Preocupação social 48,36 2,65 52,64 2,80 -0,73 0,46
Preocupação sexual 48,89 2,19 52,11 2,50 -0,55 0,57
Preocupação com a relação 50,90 2,65 50,10 2,60 -0,13 0,89
Necessidade da parentalidade 44,74 3,95 56,26 4,30 -1,98 0,04
Rejeição de estilos de vida sem filhos
50,03 4,00 50,97 4,00 -0,16 0,87
Stress global 46,32 3,11 53,61 3,25 -1,26 0,20
H2- O nível de stress associado ao problema de fertilidade está correlacionado com a
idade dos homens e das mulheres.
Pelos valores apresentados no quadro 6, resultantes da aplicação do coeficiente de
correlação de Spearman'srho, verificamos que o nível de stress está correlacionado com
a idade dos homens e das mulheres. Especificamente, a correlação é negativa em todas
as dimensões, quer nos homens quer nas mulheres. Não é estatisticamente significativa,
para os homens, em todas as dimensões. Para as mulheres, é estatisticamente
significativa para as dimensões “preocupação sexual” (p=0,00) e “stress global” (p=0,03).
Os dados sugerem que quanto mais idade menos stress.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
74
Quadro 6- Correlação de Spearman'srho do stress, associado ao problema de
fertilidade, e dimensões com a idade dos homens e das mulheres (n=100)
Dimensões e global do stress associado ao problema
de fertilidade dos homens e das mulheres em função
da idade.
Idade
Homens
(n=50)
Mulheres
(n=50)
rs2 p rs2 p
Preocupação social -0,07 0,60 -0,24 0,08
Preocupação sexual -0,11 0,43 -0,37 0,00
Preocupação com a relação -0,09 0.51 -0,22 0,10
Necessidade da parentalidade -0,09 0,51 -0,00 0,94
Rejeição de estilos de vida sem filhos -0,27 0,05 -0,22 0,12
Stress global -0,15 0,31 -0,30 0,03
H3- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, está correlacionado com o
tempo de infertilidade dos homens e das mulheres.
Aplicado o cálculo do coeficiente de correlação de Spearman'srho, verificamos que os
resultados apresentados pelos homens (quadro 7) comprovam que não existe
correlação estatisticamente significativa no nível de stress, associado ao problema de
fertilidade (p=0,05), conforme o tempo de infertilidade. Verifica-se, no geral, uma
correlação positiva e estatisticamente significativa a nível da dimensão “necessidade da
parentalidade” (p=0,01).
Em relação às mulheres, a correlação também é positiva, excepto na dimensão
“preocupação com a relação”, e estatisticamente significativa para as dimensões “stress
global” (p=0,04), “necessidade da parentalidade” (p=0,03) e “preocupação social”
(p=0,01).
De uma forma geral, a correlação é positiva. Quanto mais tempo de infertilidade maior o
nível de stress.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
75
Quadro 7- Correlação de Spearman'srho de stress, associado ao problema de
fertilidade, dos homens e das mulheres, em função do tempo de
infertilidade (n=100)
Dimensões e global do stress dos homens e das
mulheres em função do tempo de infertilidade
Tempo de infertilidade
Homens
(n=50)
Mulheres
(n=50)
rs2 p rs2 p
Preocupação social 0,21 0,13 0,34 0,01
Preocupação sexual 0,20 0,16 0,02 0,88
Preocupação com a relação 0,16 0,24 -0,03 0,79
Necessidade da parentalidade 0,35 0,01 0,30 0,03
Rejeição de estilos de vida sem filhos 0,05 0,71 0,14 0,30
Stress global 0,27 0,05 0,27 0,04
H4- O nível de stress associado ao problema de fertilidade é diferente para homens e
para mulheres, consoante a frequência das relações sexuais.
Relativamente à hipótese “o nível de stress associado ao problema de fertilidade, é
diferente para homens e para mulheres, consoante a frequência das relações sexuais”,
constatamos que os resultados obtidos através do teste de Mann-Whitney U (quadro 8 e
9) comprovam que o nível de stress não é estatisticamente significativo nem para
homens nem para mulheres, conforme a frequência das relações sexuais, em nenhuma
das dimensões.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
76
Quadro 8-Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade nos homens, em
função da frequência das relações sexuais, pela aplicação do teste Mann-
Whitney U (n=50)
Dimensões e global de stress
nos homens em função da
frequência das relações
sexuais,
< 48h
(n=29)
>48h
(n=21)
Z
p
Mean
Rank
Md Mean
Rank
Md
Preocupação social 26,17 2,60 24,57 2,80 -039 0,70
Preocupação sexual 24,81 2,00 26,45 2,38 -0,39 0,69
Preocupação com a relação 24,43 2,50 26,98 2,70 -0,61 0,54
Necessidade da parentalidade 27,24 4,00 23,10 3,70 -0,99 0,32
Rejeição de estilos de vida vem filhos
25,59 4,00 25,38 4,13 -0,04 0,96
Stress global 25,43 3,16 24,43 3,11 -0,24 0,80
Quadro 9- Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade, nas mulheres,
em função da frequência das relações sexuais, pela aplicação do teste
Mann-Whitney U( n=50)
Dimensões e global do stress
nas mulheres em função da
frequência das relações
sexuais,
<48h
(n=22)
>48h
(n=28)
Z
p
Mean
Rank
Md Mean
Rank
Md
Preocupação Social 23,95 2,75 26,71 2,85 -0,66 0,50
Preocupação Sexual 26,75 2,63 24,52 2,25 -0,53 0,59
Preocupação com a relação 28,98 2,70 22,77 2,55 -1,49 0,13
Necessidade da parentalidade 29,30 4,50 22,52 4,15 -1,63 0,10
Rejeição de estilos de Vida Sem Filhos
23,91 3,88 26,75 4,,60 -0,68 0,49
Stress global 27,66 3,29 23,80 3,22 -0,92 0,35
H5- O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante o
índice de massa corporal, tanto nos homens como nas mulheres.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
77
Constatamos, através dos valores obtidos pelo teste de Kruskal Wallis, que não existe
diferença, estatisticamente significativa, para o nível de stress nos homens (quadro 10)
e nas mulheres (quadro11), conforme o índice de massa corporal.
Porém, quando analisamos os valores das mean rank nos homens, o grupo com
obesidade apresenta valores mais elevados.
O mesmo não se verifica nas mulheres. As médias mais elevadas estão no grupo das
que têm peso normal. A obesidade apresenta valores ligeiramente menores.
Os resultados obtidos, e que constam dos quadros 10 e 11, não corroboram a nossa
hipótese “o nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente consoante
o índice de massa corporal, tanto nos homens como nas mulheres”, sendo p=0,47 e
p=0,20, respectivamente.
Quadro 10- Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade, nos homens,
em função do índice de massa corporal, pela aplicação do teste Kruskal-
Wallis (n=50)
Dimensões e global do stress nos homens em função do índice de massa corporal
Peso normal
(n= 18)
Excesso de
peso
(n=28 )
Obesidade
(n= 4)
2
p
Mean rank
Md
Mean rank
Md
Mean rank
Md
Preocupação social
20,33 2,50 28,45 3,00 28,13 2,70 3,55 0,16
Preocupação sexual
25,36 2,13 24,36 2,19 34,13 3,19 1,58 0,45
Preocupação com a relação
26,75 2,70 23,80 2,50 31,25 2,70 1,10 0,57
Necessidade da parentalidade
25,56 3,85 25,13 3,95 27,88 4,05 0,12 0,93
Rejeição de estilos de vida sem filhos
23,78 3,94 25,70 4,00 31,88 4,19 1,02 0,59
Stress global 22,03 2,91 26,02 3,16 30,50 3,29 1,47 0,47
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
78
Quadro 11- Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade, nas mulheres,
em função do índice de massa corporal, pela aplicação do teste Kruskal-
Wallis (n=50)
Dimensões e global do stress nas mulheres em função do índice de massa corporal
Peso normal
(n=26)
Excesso de
peso
(n=16)
Obesidade
(n=8)
2
p
Mean rank
Md
Mean rank
Md
Mean rank
Md
Preocupação social
26,23 2,90 24,38 2,80 25,38 2,75 0,61 0,92
Preocupação sexual
27,27 2,56 23,91 2,19 22,94 2,25 0,85 0,66
Preocupação com a relação
25,81 2,60 26,84 2,70 21,81 2,45 0,66 0,71
Necessidade da parentalidade
27,31 4,50 28,31 4,35 14,00 3,50 5,98 0,05
Rejeição de estilos de vida sem filhos
27,35 4,06 26,84 4,13 16,81 3,38 3,41 0,18
Stress global 27,75 3,25 25,97 3,26 17,25 2,90 3,20 0,20
Hipótese 7 -O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente nos
homens e nas mulheres, conforme têm contacto com diferente número de
agentes de risco ocupacional.
Perante os valores obtidos (quadro 12 e 13), resultantes do teste de Kruskal Wallis,
podemos afirmar que não existe diferença, estatisticamente significativa, para o nível de
stress associado ao problema de fertilidade e as restantes dimensões, tanto nos
homens como nas mulheres, conforme têm contacto com diferente número de agentes
de risco ocupacional.
Verificamos ainda que, para cada grupo de “agentes”, também não há diferença
significativa a nível das médias.
Os resultados obtidos e que constam dos quadros 12 e 13 não corroboram a nossa
hipótese “o nível de stress, associado ao problema de fertilidade, é diferente nos
homens e nas mulheres conforme têm contacto com diferente número de agentes de
risco ocupacional”, sendo p=0,93 e p=0,64, respectivamente.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
79
Quadro 12 -Comparação do stress associado ao problema de fertilidade, nos homens
em função do nº de agentes de risco ocupacional associado à alteração da
fertilidade, pela aplicação do teste KrusKal-Wallis (n=50)
Dimensões e global do
stress nos homens em
função do nº de agentes
de risco ocupacional,
Só um
agente
(n=11
Dois ou mais
agentes
(n=18)
Nenhum agente
(n=21)
2
p Mean
rank
Md Mean
Rank
Md Mean
Rank
Md
Preocupação social 28,32 2,80 23,67 2,60 25,60 2,70 0,70 0,70
Preocupação sexual 23,09 2,13 26,56 2,25 25,86 2,38 0,40 0,81
Preocupação com a relação
28,36 2,80 26,22 2,70 23,38 2,30 0,91 0,63
Necessidade da parentalidade
27,14 4,00 25,64 3,75 24,52 4,00 0,23 0,88
Rejeição de estilos de vida sem filhos
24,14 4,00 27,25 4,00 24,71 4,00 0,41 0,81
Stress global 25,68 3,17 23,94 3,02 25,50 3,24 0,14 0,93
Quadro 13 -Comparação do stress, associado ao problema de fertilidade, nas mulheres,
em função do nº de agentes de risco ocupacional, associados à alteração da
fertilidade, pela aplicação do teste KrusKal-Wallis (n=50)
Dimensões e global do
stress nas mulheres em
função do nº de agentes
de risco ocupacional,
Só um
agente
(n=11)
Dois ou mais
agentes
(n=10)
Nenhum agente
(n=29)
2
p Mean
rank
Md Mean
Rank
Md Mean
Rank
Md
Preocupação social 18,27 2,00 25,25 2,75 28,33 2,90 3,80 0,14
Preocupação sexual 19,23 2,25 27,50 2,69 27,19 2,63 2,62 0,26
Preocupação com a relação
25,77 2,60 32,95 2,95 22,83 2,60 3,60 0,16
Necessidade da parentalidade
24,09 4,30 28,35 4,45 25,05 4,20 0,51 0,77
Rejeição de estilos de vida sem filhos
23,91 3,88 20,80 3,69 27,72 4,25 1,85 0,39
Stress global 22,73 3,24 28,70 3,29 25,45 3,22 0,88 0,64
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
80
2- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após a apresentação e análise dos dados, passamos à discussão dos resultados,
destacando os mais significativos e fazendo uma breve apreciação e interpretação dos
mesmos, confrontando-os, sempre que possível, com a fundamentação teórica que
fizemos relativamente ao fenómeno.
A discussão dos resultados está organizada de forma sequencia, a fim de dar resposta
às hipóteses formuladas.
A primeira hipótese do nosso estudo sugeria que “o nível de stress associado ao
problema de fertilidade apresentado pelas mulheres é superior ao dos homens”.
Pela aplicação do teste de Mann-Whitney, obtivemos valores dos quais concluímos que
não existe diferença estatisticamente significativa, excepto para a dimensão
“necessidade da parentalidade” (p=0.04). Mas os valores das médias indicam-nos que é
no grupo das mulheres que se verifica uma diferença ligeiramente mais elevada entre os
níveis obtidos. Estes resultados corroboram os resultados encontrados em estudos
realizados por Newton (1999), citados por Melo, Leal e Faria (2006), e por Jordan e
Revenson (1999), citados por Delgado (2007), e por Domínguez (2010), em que
constataram que a experiência da infertilidade produz um nível médio de stress mais
elevado nas mulheres do que nos homens.
Numa outra investigação sobre questões de stress em pessoas inférteis, durante o
período de fertilização in vitro (FIV), realizada por Seger (2000) e referida por Souza
(2005), foram encontrados níveis similares de stress em homens e mulheres, o que está
de acordo com o nosso estudo.
Também os resultados de um estudo realizado na maternidade Bissaya Barreto por
Carvalho (2009), apesar de ser uma população com características diferentes,
permitem-nos concluir que as mães revelaram valores de stress significativamente
superiores (M = 137,18), quando comparados com o descrito pelos pais (M = 118,07).
Para Melo (2004), segundo a análise dos dados de um estudo, constatou-se que o nível
de stress feminino é 5% maior que o observado nos homens. Dos 180 entrevistados,
30% das mulheres demonstrou altos índices de stress, enquanto os mesmos índices
foram detectados em 25% dos homens, o que contradiz o nosso estudo.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
81
Consideramos que o stress é realmente uma resposta a um acontecimento/fenómeno
importante na vida dos casais que pertendem ter filhos, que é o fenómeno de
infertilidade. O contacto prático com os casais sugere-nos algumas capacidades
adaptativas dos individuos inquiridos à realidade que vivenciam. A expectativa de
construir família é evidente. Serra (2007) refere que o stress excessivo torna-se prejucial
porque pode – além de outras repercusões – induzir alterações no sono, na vida sexual,
metabolismo e sistema imunitário. Apesar dos níveis de stress apresentados serem
médios e não terem diferença significativa entre homens e mulheres, parece-nos
pertinente o acompanhamento por enfermeiros, que através dos cuidados de
enfermagem previnam o aumento do nível de stress e as suas repercussões no
organismo.
Ao testarmos a hipótese “O nível de stress associado ao problema de fertilidade está
correlacionado com a idade dos homens e das mulheres”, constatamos que, nos
resultados obtidos através do teste de correlação de Spearman'srho, o nível stress,
associado ao problema de fertilidade, está correlacionado com a idade dos homens e
das mulheres de forma negativa. Especificamente, a correlação é negativa em todas as
dimensões e é estatisticamente significativa para as dimensões “preocupação sexual” e
“stress global” nas mulheres. Os dados sugerem que quanto mais idade menos stress.
Estes resultados corroboram os do estudo realizado por Rossetti, et al. (2008), quando
diz que os sintomas de stress diminuem com o aumento da idade e que, no estudo
realizado, o grupo etário de 20 a 30 anos foi o que apresentou um nível de stress mais
elevado. Podemos inferir que o stress pode não estar associado ao problema da
fertilidade relacionado com a idade, porque os casais desconhecem a idade de declínio
da fertilidade “Os homens e mulheres portugueses estão mal informados sobre as
idades em que se inicia o declínio da fertilidade” (Carvalho & Santos, 2009 p. 57); ou
ainda, porque têm esperança nos ganhos que a nova tecnologia da procriação
medicamente assistida lhes pode oferecer.
Também defendem esta hiótese, que o stress diminui com a idade, Oliveira e Cupertino
(2005), citado por Rossetti, et al (2008), porque os casais têm mais competências de
auto-eficácia para enfrentar os problemas e dificuldades do dia a dia.
O stress é um processo de ajustamento constante entre as exigências do meio e as
estratégias do indivíduo para lidar com essas mesmas exigências (Serra, 2007)
Quanto à hipótese 3 – “O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, está
correlacionado com o tempo de infertilidade dos homens e das mulheres” –constatamos
que, pela aplicação do teste de correlação Spearman'srho, obtivemos valores dos quais
concluímos que existe correlação positiva e estatisticamente significativa no nível de
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
82
stress correlacionado com o tempo de infertilidade das mulheres, nas dimensões “stress
global”, “necessidade da parentalidade” e “preocupação social”. Isto, de certa forma,
corrobora Souza (2005), quando refere que a infertilidade carrega estigma social e
cultural, ocupando assim um lugar diferenciado, interferindo nas relações entre homens
e mulheres e de cada pessoa consigo mesma, aumentando as dificuldades em lidar
com a vivência do fenómeno. Stewart e Robinson, citados por Martins (2004), relatam
que, mais de 50% das mulheres, referem, como o mais transtornante das suas vidas e
como um fracasso no seu papel de mulheres, a experiência e o tempo da infertilidade,
apresentando em simultâneo níveis elevados de ansiedade, stress e depressão.
Existe uma correlação negativa, na dimensão “preocupação com a relação”, no grupo
das mulheres, o que evidencia menos dificuldade em falar sobre o problema de
fertilidade e compreender/aceitar as diferenças e preocupações com o impacto da
infertilidade na relação conjugal. Esta evidência contradiz a Organização Mundial de
Saúde (2002), citado por Delgado (2007), quando refere que o stresse, relacionado com
a vivência da infertilidade, pode ter como consequência o aumento dos conflitos
conjugais e do stress, podendo ocorrer a deteriorização da relação conjugal durante a
vivência da infertilidade.
Em relação aos homens, a correlação também é positiva, mas não é estatisticamente
positiva em qualquer dimensão.
Os resultados levam-nos a inferir que o stress aumenta com o tempo de infertilidade, o
que está de acordo com Rabin (2010) quando afirma que “a infertilidade, sem dúvida,
provoca stress”.
Louis (2010), citado por Rabin (2010), refere que os casais (homens e mulheres),
simplesmente a tentar engravidar, estão realmente stressados. Eles têm uma
expectativa, querem ter uma familia. De todos os factores de estilo de vida estudados
até hoje, o stress é o factor mais consistente e que mostra um efeito sobre o tempo que
leva a gravidez a acontecer.
Para muitos casais, a incapacidade de procriar é dramática, porque altera as suas
expectativas pessoais, associando a sentimentos de proveniência emocional que podem
afectar a relação do casal, a diminuição da líbido, as relações sexuais e até à disfunção
eréctil.
O aconselhamento do padrão das relações sexuais aconselhado pela Direcção-Geral
da Saúde (2008) deve permitir ao casal tomar decisões informadas e seguras ao longo
de todo o processo. Nexte contexto, é importante saber se “o nível de stress, associado
ao problema de fertilidade, é diferente para homens e para mulheres, consoante a
frequência das relações sexuais.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
83
Pela aplicação do teste de Mann-Whitney, obtivemos valores dos quais concluímos que
o nível de stress não é estatisticamente diferente para homens e para mulheres,
consoante a frequência das relações sexuais, excepto no grupo com a frequência das
relações sexuais inferiores a 48h, na dimensão da “necessidade da parentalidade”, com
p=0,04. Esta evidência revela que a parentalidade é percebida como um objectivo
essencial à vida, e que a actividade sexual se pode transformar apenas no desejo de ter
um filho, o que corrobora Rodrigues e Rodrigues, citado por Delgado, 2007, p.64:
“actividade sexual do casal transforma-se muitas vezes no desejo de fazer um filho e
não de fazer amor, assistindo-se frequentemente ao total desinvestimento por parte de
um ou ambos na qualidade afectiva e sexual da relação”.
Os resultados, de um modo geral, levam-nos a inferir que se pode aconselhar o que
recomenda a Direcção Geral de Saúde (2010”, aos casais inférteis: a ter relações
sexuais com intervalos não superiores a 48 horas, durante a semana, de forma
espontânea, sem estar com a preocupação de escolher o período fértil ou o momento
de quando e como o casal se irá relacionar sexualmente, aumentando, assim, a
naturalidade da intimidade sexual e as hipóteses de uma gravidez.
Na década de 90, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o sexo na lista dos
parâmetros utilizados para definir a qualidade de vida de uma pessoa. O sexo seguro,
frequente e prazeroso alivia o stress e aumenta o relacionamento conjugal.
Uma pesquisa da Universidade Britânica de Paisley, com 46 voluntários, revelou que o
acto e a frequência sexual ajudam a diminuir (…) o stress e a ansiedade (Alvarenga ,
s.d).
O fenómeno da infertilidade está, muitas vezes, associada ao stress e a outros factores
de risco como o IMC.
Em função do exposto e da inexistência ou escassez de estudos que relacionem o
stress com o IMC nos casais com infertilidade, pretendemos saber se “o nível de stress
associado ao problema de fertilidade é diferente consoante o índice de massa corporal,
tanto nos homens como nas mulheres.”
Pela aplicação do teste de Kruskal Wallis (quadros 10 e 11), obtivemos valores dos
quais concluímos que não existe diferença, estatisticamente significativa, para o nível de
stress, tanto nos homens como nas mulheres, consoante o índice de massa corporal.
Relativamente a cada grupo de IMC, tanto nos homens como nas mulheres, as médias
dos grupos “peso normal” e “excesso de peso” são similares. Os valores nos homens do
grupo com obesidade revelam médias e medianas ligeiramente superiores. Estes
resultados contradizem os obtidos por Vieira et al. (2009), num estudo da relação stress/
índice de massa corporal, realizado com alunos, e que demonstrou que os alunos com
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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baixo peso apresentaram um nível de stress elevado, com peso normal registaram, na
sua maioria, um nível de stress moderado, e os alunos obesos do tipo II revelaram ter
um nível de stress baixo. Também os resultados obtidos por Alquimim, Barral e Ferreira
(2012), num estudo realizado com motoristas, demonstram que quanto maior o IMC
menor o nível de stress. Estes resultados contradizem o resultado desproporcional entre
IMC e stress, numa classe profissional diferente, feita por Botolli et al. 2009, citado por
Alquimim, Barral e Ferreira (2012), pois os sujeitos de pesquisas com IMC acima do
normal apresentavam níveis de stress elevado. Estudos suecos vêm, há algum tempo, a
mostrar evidências de que as pessoas sob stress contínuo, isto é, que estão sempre
sob pressão, terminam modificando o padrão de secreção do cortisol (hormonas de
resposta ao stress), aumentando a fome e a deposição de gordura na região central do
corpo.
Os valores nas mulheres do grupo com obesidade, ao contrário dos homens, revelam
médias e medianas ligeiramente inferiores às dos grupos com peso normal e excesso
de peso. Estes resultados corroboram os obtidos por Vieira et al. (2009), no estudo atrás
referido.
Os riscos ocupacionais, com exposição a agentes químicos, físicos, biológicos e
radiológicos podem estar associados a alteração da fertilidade e do stress. No nosso
estudo, pretendemos verificar se “o nível de stress, associado ao problema de
fertilidade, é diferente nos homens e nas mulheres, conforme têm contacto com
diferente número de agentes de risco ocupacional”.
Através dos resultados obtidos pelo teste de Kruskal Wallis (quadros 12 e 13), podemos
afirmar que não existe diferença, estatisticamente significativa, entre o nível de stress
associado ao problema de fertilidade e nas restantes dimensões, tanto nos homens
(p=0,93) como nas mulheres (p=0,64) que frequentam a consulta de esterilidade na MBB,
conforme o número de agentes que interferem na fertilidade, com os quais os homens e
as mulheres têm contacto. Estes resultados não corroboram os resultados apresentados
por Rossi e Contrera-Moreno (2006), num estudo sobre Riscos de Saúde no Trabalho.
Quando foi perguntado aos inquiridos se o seu trabalho afecta a sua saúde, os dados
revelaram que 92,68% dos inquiridos responderam que sim, em que o stress e as dores
de cabeça se destacaram. Referiu também que os agentes stressores podem estar
relacionados com o próprio ambiente de trabalho.
Em relação aos resultados dos valores das médias e medianas, também não há
evidências que marquem diferença.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
85
3- PROPOSTA DE PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM CUIDADOS DE
ENFERMAGEM
Tema: Programa de intervenção de enfermagem junto dos casais com problemas
associados à fertilidade.
Considerações no contexto de cuidados.
A incapacidade de engravidar espontaneamente é, para muitos casais, dramática.
As suas expectativas pessoais, sociais e até religiosas são abaladas. Toda esta
situação pode ser geradora de fortes sentimentos de perda, associada a alterações
emocionais, que poderão potenciar o problema da fertilidade.
Pretendemos assegurar os cuidados de enfermagem, durante a vivência dos casais,
pelo processo de transição pela infertilidade, ajudando-os a gerir os recursos pessoais,
familiares e sociais, dotando-os de competências para lidar com os desafios de saúde
que vivenciam, através da informação, ensino e instrução, de forma adequada aos seus
problemas. Proporcionar, também, uma articulação entre a equipa de saúde e o seu
processo de cuidados.
Observando a globalidade dos dados referentes ao stress, associado ao problema da
fertilidade, na globalidade e nas diferentes dimensões, identificamos que o stress
correlacionado com o tempo de infertilidade é estatisticamente significativo nos homens
e nas mulheres, na dimensão “necessidade da parentalidade” e apenas nas mulheres,
nas dimensões “stress global” (p=0,03) e “preocupação social” (0,01); mais tempo de
infertilidade mais stress. Ter especial atenção na intervenção com os casais com idades
inferiores aos 30 anos. Os dados sugerem quanto mais idade menos stress. Portanto,
os mais novos necessitarão de ajuda para alívio e prevenção do stress.
Verificamos, também, que os valores médios de stress das mulheres é ligeiramente
superior aos dos homens.
De uma forma global, sugerimos uma intervenção direccionada e pormenorizada para a
necessidade da parentalidade, concretamente no que se relaciona com a identificação
do papel parental e parentalidade percebida como um objectivo essencial à vida;
preocupação social, com abordagem à sensiblilidade perante comentários acerca da
infertilidade, alienação da família, amigos e isolamento social e nível de stress
apresentado pelas mulheres.
Das sugestões apresentadas pelos inquiridos, evidenciamos o seguinte: o tempo de
espera entre consultas é um grande constrangimento; não estar em contacto com
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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grávidas; ter um espaço onde o/a enfermeiro/a pudesse fazer os ensinos sobre a
medicação e outros, e também onde os casais pudessem partilhar os seus sentimentos
e a suas experiências; informar com disponibilidade as vezes que fossem necessárias:
“Na consulta médica nem tenho oportunidade de perguntar nada, fico sem espaço…”;
maior disponibilidade dos serviços: “É tempo sem fim para a realização dos exames e
tratamentos”; o telefone estar mais tempo disponível, pois muitas vezes está desligado;
ter uma enfermeira disponível só para orientar os utentes após a consulta médica: “É
tudo a correr, porque já estão outros casais à espera”.
No contexto do nosso espaço de trabalho, evidências encontradas em estudos
realizados e também nos resultados obtidos no estudo realizado na nossa população,
propomos objectivos, estratégias e avaliação para o desenvolvimento da proposta do
programa de intervenção junto dos casais inférteis de modo a proporcionar-lhe a
aquisição de competências que os ajude na resolução dos seus problemas de saúde.
Objectivos
Acolher os casais em sala adequada (acolhedora e funcional) e separada da
zona de obstetrícia.
Fazer consulta de enfermagem individual, numa perspectiva holística, a todos
os casais que venham a 1ª vez à consulta e sempre que necessário.
Fazer avaliação inicial acompanhada de pensamento crítico no atendimento
de enfermagem através de uma gestão adequada às necessidades dos
utentes.
Prestar cuidados de enfermagem em contexto de consulta médica, quando
necessário.
Instruir sobre administração de medicação e execução do plano terapêutico.
Orientar e informar pessoalmente e telefonicamente os utentes
Contribuir para o bem-estar do casal e para a sua realização parental e
familiar.
Estratégias
Atendimento individual/grupo dos casais que recorrem à consulta em espaço adequado
para o efeito.
Na avaliação inicial perceber como e onde intervir, não negligenciando as evidências
encontradas.
Orientação específica sobre o espaço temporal e todas as sequências de tratamento, o
tempo de espera, os procedimentos necessários e os problema que podem surgir.
Atendimento e orientação telefónica
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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Elaboração e divulgação de informação escrita ou via informática (folhetos, Power Point)
sobre estilos de vida saudáveis (alimentação, sexualidade, riscos ocupacionais, hábitos
tabágicos e alcoólicos, stress) promotores da fertilidade (gravidez).
Dotação de recursos humanos e materiais dentro dos critérios de segurança.
Formação contínua, baseada nas evidências relacionadas com a infertilidade.
Apresentação de estudos de caso para partilhar com a equipa, treinar competências e
contribuir para a melhoria contínua da qualidade de cuidados.
Colaboração na gestão da “consulta a tempo e hora”.
Avaliação
Avaliar a satisfação dos clientes.
Avaliar ganhos em conhecimento sobre estilos de vida saudáveis.
Avaliar ganhos em conhecimento sobre administração de medicação para o
tratamento de infertilidade.
Avaliar ganhos em conhecimento sobre execução do plano terapêutico.
Avaliar ganhos em alívio do stress.
Considerações gerais
O desenvolvimento deste programa permite melhoria na qualidade dos cuidados de
enfermagem, através de ganhos em conhecimento e satisfação dos utentes, assim
como competências para lidar com os problemas de saúde que os afecta e motivação
para a equipa envolvida.
Após a avaliação, será certamente importante redimensionar este programa,
englobando aspectos identificados como menos conseguidos e, eventualmente,
acrescentar os cuidados pré-concepcionais a adolescentes, salientando o acolhimento,
acompanhamento, informação, ensino e educação para a saúde, essencialmente na
vertente da sexualidade.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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CONCLUSÃO
Todo o percurso para a realização desta dissertação foi um desafio constante, com
oportunidades de descoberta e incentivo para ultrapassar as dificuldades.
Na conclusão deste estudo, não podemos deixar de ter em conta algumas limitações da
investigação realizada, impondo-nos alguma prudência na discussão dos resultados.
Entre essas limitações, encontra-se a restrição da amostra a partir de um único serviço,
a não existência de um logaritmo que avalie o casal conjuntamente e a não existência
de dados normativos, em função do IPF (inventário de problemas de fertilidade), na
versão portuguesa, adaptado para a população portuguesa, a qual pudéssemos utilizar
para comparação.
Relativamente à caracterização sócio-demográfica, o estudo envolveu 50 casais que
frequentaram a consulta de esterilidade da Maternidade Bissaya Barreto. A idade dos
homens está compreendida entre os 24 e 48 anos, e a das mulheres, entre os 25 e 45
anos.
A maioria dos casais é de nacionalidade portuguesa. Quanto ao estado civil, a maioria
são casados ou em união de facto. É maioritária a percentagem dos que possuem
Bacharelato/Licenciatura (no grupo masculino 30% e feminino 50%), seguido do 11º/12º
ano (26%). Verifica-se que há uma percentagem de 2%, no grupo masculino, e de 4%,
no grupo feminino, com grau de mestre/doutor.
No que diz respeito à profissão, 34% dos homens pertencem ao grupo dos
trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices, 30% ao grupo dos
técnicos e profissões de nível intermédio. Técnicos e profissões de nível intermédio,
16% do pessoal administrativo. São provenientes do meio urbano 58%. Vivem com os
pais ou sogros 2%. No que respeita a terem ou não filhos, 12% têm filhos, 88% não
têm filhos.
Em relação ao rendimento mensal em euros, 54% das mulheres e 44% dos homens
usufruem um rendimento mensal compreendido entre 500 a 1500 euros.
A percentagem no grupo dos homens e das mulheres, com um rendimento
compreendido entre 1500 e 2500, é igual 30%. Com rendimento mensal superior a 2500
euros, salienta-se o grupo dos homens com 12%, enquanto no grupo das mulheres é
apenas de 6%. Com rendimento inferior a 500 euros temos 12% no grupo masculino e
10% no grupo feminino.
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89
Relativamente à decisão para frequentarem a consulta de esterilidade da Maternidade
Bissaya Barreto, 56% fizeram-no por iniciativa própria. No que respeita à confissão
religiosa, tanto no grupo dos homens como das mulheres, predomina a religião católica,
com 90% e 96% respectivamente.
O tempo de duração de infertilidade, ou seja, o tempo em que tenta engravidar, oscila
entre 1 e os 10 anos.
No que respeita ao IMC no grupo dos homens, predomina o excesso de peso com 56%.
Nas mulheres, a maioria, 52%, tem peso normal.
Na amostra deste estudo, constatamos que 50% dos indivíduos não tinham contacto
com nenhum agente e 50% tinham contacto com um ou mais agentes. Há um grupo
bastante significativo, 50%, exposto a agentes adversos.
A maioria, 90% das mulheres não fuma e as que fumam consomem em pequena
quantidade. Os homens (34%) fumam uma média de 12,35 cigarros diários.
No que respeita ao consumo de álcool, concluímos que a maioria - 60% dos homens e
90% das mulheres - não consome bebidas alcoólicas. Os homens (20%) consomem
semanalmente 10 a 20 gr e diariamente outros 20%. As mulheres (6%) consomem
mensalmente 10 a 20 gr, o que traduz hábitos culturais e sociais do povo português. A
maioria do grupo, está longe dos máximos de ingestão, mas 20% dos homens excedem
os limites preconizados pela Direcção-Geral da Saúde (2008). Grande percentagem dos
inquiridos não consome medicamentos e os que consomem são medicamentos que não
interferem com a fertilidade.
A maioria do grupo também não tem prática de actividade física. Dentro dos que
praticam, são os homens que se evidenciam.
Em relação à actividade sexual, evidenciamos que 2% não têm actividade sexual. Dos
98% que têm actividade sexual, as mulheres referem que a têm com intervalos maiores
em relação aos homens. Tal facto pode sugerir sentimentos de virilidade e culturais, por
parte do homem, e de diminuição de auto-estima sexual, por parte das mulheres.
Os resultados da caracterização das variáveis do estilo de vida associadas à
infertilidade, no contexto da nossa amostra, sugerem que a maioria tem estilos de vida
saudáveis e são inférteis. Esta evidência enquadra-se no grupo dos casos em que não
há uma relação directa infertilidade/estilo de vida. A Direcção Geral de Saúde (2010)
refere que a prevalência dos casos de infertilidade sugerida pelos dados disponíveis
pode estar relacionada com as consequências de estilos de vida de risco, como é o
caso, entre outros, da alimentação desequilibrada e conducente à obesidade, do
tabagismo, consumo de álcool, da exposição e contacto com agentes químicos ou
outros.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
90
O stress associado ao problema de fertilidade, no grupo das mulheres, tem um nível
médio de 3,20, numa escala de 1 a 6. No grupo dos homens, tem um nível médio de
3,10, também numa escala de 1 a 6. Salientamos um nível mais elevado nas dimensões
“necessidade da parentalidade” e “rejeição do estilo de vida sem filhos.”
Os resultados evidenciam que o nível de stress está correlacionado com a idade dos
homens e das mulheres. Especificamente, a correlação é negativa em todas as
dimensões, tanto nos homens como nas mulheres. Não é estatisticamente significativa
para os homens, em nenhuma das dimensões. Para as mulheres, é estatisticamente
significativa para as dimensões “preocupação sexual” (p=0,00) e “stress global”
(p=0,03).
Existe uma correlação positiva, quando o nível de stress associado ao problema de
fertilidade é correlacionado com o tempo de infertilidade dos homens, mas não é
estatisticamente significativo (p=0,05), excepto para a dimensão “necessidade da
parentalidade” (p=0,01); ou seja, a parentalidade percebida como objecto essencial à
vida e identificação com o papel parental. Quando o nível de stress associado ao
problema de fertilidade é correlacionado com o tempo de infertilidade das mulheres, os
resultados demonstram que a correlação também é positiva, excepto na dimensão
“preocupação com a relação”; ou seja, elas revelam menos dificuldade em falar sobre o
problema de fertilidade e compreender/aceitar as diferenças e preocupações, com o
impacto da infertilidade na relação conjugal. A correlação é estatisticamente significativa
para a dimensão “stress global” (p=0,04) e “necessidade da parentalidade” (p=0,03); ou
seja, parentalidade percebida como objecto essencial à vida; identificação com o papel
parental e “preocupação social” (p=0,01); isto é, sensibilidade perante comentários
acerca da infertilidade, sentimentos de isolamento social, alienação da família e amigos.
De uma forma geral, a correlação é positiva. Mais tempo de infertilidade maior o nível de
stress.
Os resultados obtidos através do teste de Mann-Whitney U comprovam que o nível de
stress não é estatisticamente significativo tanto para homens como para mulheres, em
nenhuma das dimensões, conforme a frequência das relações sexuais.
Os resultados obtidos pelo teste Kruskal-Wallis não corroboram a hipótese “o nível de
stress associado ao problema de fertilidade é diferente consoante o índice de massa
corporal, tanto nos homens como nas mulheres”, sendo p=0,47 e p=0,20,
respectivamente.
“O nível de stress, associado ao problema de fertilidade, não é diferente nos homens e
nas mulheres, conforme têm contacto com diferente número de agentes de risco
ocupacional”, sendo p=0,93 e p=0,64, respectivamente.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
91
Considerando o quarto objectivo: “Verificar se existe diferença entre o nível de stress
apresentado pelos homens e pelas mulheres que frequentam a consulta de esterilidade
na MBB”, concluímos que não existe diferença estatisticamente significativa (p=0,20),
quando se relaciona o stress associado ao problema de fertilidade com o sexo, excepto
para a dimensão “necessidade da parentalidade” (p=0.04).
Em relação à questão, de resposta aberta, “comentários/observação ou dúvida
evidenciamos:
Muito tempo de espera pela consulta, estar em contacto com grávidas, falta de um
espaço para atendimento dos casais, disponibilidade dos profissionais para informar,
disponibilidade dos serviços para a realização de exames e disponibilidade da linha
telefónica directa.
Consideramos que o estudo do stress associado ao problema de fertilidade é actual e
bastante pertinente, tanto para os casais inférteis como para os profissionais de saúde
que os acompanham. O conhecimento e compreensão sobre o stress, associado à
natureza do fenómeno da infertilidade, dá a possibilidade de melhorar a articulação e
organização dos serviços, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade dos
cuidados.
Evidenciamos que a intervenção de enfermagem é necessária, no que respeita a
aquisição de ganhos em conhecimento sobre hábitos alimentares, prática do exercício
físico, processo de cuidados durante a infertilidade, risco ocupacional e seus efeitos na
fertilidade e, ainda, sobre preocupação social, necessidade da parentalidade e rejeição
do estilo de vida sem filhos.
A prevenção da infertilidade é bastante abrangente, por isso, torna-se necessário
proporcionar a acessibilidade e a implementação dos cuidados pré-concepcionais a
nível dos cuidados de saúde primários e hospitalares de 1ª e 2ª linha. Consideramos
importante que a prevenção dos factores de risco, concretamente o nível de stress e as
suas repercussões no organismo, associado ao problema de fertilidade, deve resultar da
intervenção de enfermagem junto dos casais, com vista a obterem conhecimento capaz
de os ajudar na gestão do seu projecto de saúde.
Ao concluirmos este trabalho, temos consciência que existem limitações, pois algumas
questões importantes continuam ainda sem resposta. Neste sentido, apontamos
algumas sugestões para investigações futuras que envolvam esta problemática, das
quais destacamos:
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
92
• Estudos comparativos que envolvam casais que sofram e casais que não sofram
de infertilidade em vários locais de cuidados hospitalares, podendo ter uma
amostra mais representativa da população portuguesa.
• A utilização de outros instrumentos de medida mais abrangentes, os vários
factores de risco associados à infertilidade, assim como o nível de stress e o
tempo que demora a engravidar.
• Avaliar o nível de stress associado ao problema de fertilidade nos casais que
frequentam a consulta de esterilidade da MBB, resultante da intervenção de
enfermagem.
Gostaríamos também de destacar a grande satisfação que foi para nós a realização
deste trabalho, pela aprendizagem a nível de concepção metodológica e utilidade da
investigação em enfermagem; o mesmo se diga quanto à sustentabilidade das
competências de liderança, mas, particularmente, pela possibilidade de no futuro poder
contribuir para uma melhoria da qualidade dos cuidados ao nível da saúde dos casais
que sofrem de infertilidade e na diminuição do stress e das taxas de infertilidade a nível
do país.
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
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Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXOS
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO I
Instrumento de recolha de dados
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Ex (a). Sr.(a); Sr.
Em Portugal cerca de 10% dos casais sofrem de infertilidade. Os investigadores referem que a
infertilidade e o stress podem estar intimamente ligados e que a redução ou o controlo do stress,
pode ser uma ajuda para alguns casais inférteis.
O estudo intitulado “Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem”
insere-se no Curso de Mestrado em Enfermagem: Área de Especialização Gestão de Unidades de
Cuidados. Com este questionário pretende-se obter dados acerca do que os casais pensam/sentem
sobre os problemas relacionados com a infertilidade, tendo como finalidade ajudar a promover a
diminuição do stress nos casais que frequentam a consulta de esterilidade na Maternidade Bissaya
Barreto e a melhorar a qualidade na gestão de cuidados e na prática profissional dos enfermeiros. O
seu preenchimento é individual e efectuado por cada um dos membros dos casais que frequentam a
consulta de esterilidade. Não existem respostas erradas, porque o importante é a sua opinião.
Não escreva o seu nome, uma vez que as respostas são anónimas e rigorosamente confidenciais.
Solicitamos a sua compreensão e agradecemos a sua colaboração.
Ascensão Baia
Enfermeira chefe
Maternidade Bissaya Barreto
Nota: De modo a assegurar a confidencialidade e anonimato, entregue o seu questionário
preenchido dentro do envelope fechado. Obrigada
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO II
Pedido de autorização à autora da escala do inventário de problemas de fertilidade
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO III
Pedido de autorização ao Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Exmo. Senhor Presidente
do Conselho de Administração
do Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E.
Assunto: PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO PARA EFECTUAR RECOLHA DE DADOS
Ascensão Mendes Nora Varela Baía, enfermeira chefe, a exercer funções na Consulta
Externa da Maternidade Bissaya Barreto do Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E., e a
frequentar o Curso de Mestrado em Enfermagem: Área de Especialização Gestão de
Unidades de Cuidados, tendo como orientador académico a Professora Doutora Manuela
Frederico, vem por este meio solicitar a V.Exª que se digne a autorizar a realização da
recolha de dados por questionário aos casais que frequentam a consulta de esterilidade, na
consulta externa da Maternidade Bissaya Barreto do Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E.
O tema deste estudo é: Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de
enfermagem. Pretendemos avaliar o nível de stress e problemas relacionados com a
fertilidade. Comprometemo-nos a cumprir o código de ética que preside aos trabalhos de
investigação. Garantimos que este estudo não envolve custos adicionais para a instituição.
Prevemos efectuar a recolha de dados no mês de Setembro/Dezembro de 2011 e terminar
o estudo no mês de Abril de 2012. Comprometemo-nos a enviar um exemplar do trabalho,
após a sua discussão, em ficheiro pdf, ao Serviço de Gestão da Formação e
Documentação. Estamos disponíveis para prestar informações adicionais, através do e-mail
[email protected] ou do telefone 968468041. Enviamos em anexo:
- Documento da instituição de ensino comprovativo da frequência do mestrado
- Documento comprovativo da responsabilidade do orientador académico
- Desenho do Projecto
- Consentimento informado
- Instrumento de colheita de dados
- Curriculum resumido
Sem mais outro assunto de momento e muito grata pela disponibilidade e atenção.
Os meus cumprimentos
Coimbra, Maio de 2011
Ascensão Mendes Nora Varela Baía
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO IV
Autorização para a realização do estudo
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO V
Autorização para aplicação do Inventário de Problemas de Fertilidade
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
ANEXO VI
Consentimento informado
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção de enfermagem 2012
CONSENTIMENTO INFORMADO
Eu__________________________________________________concordo em
participar no estudo intitulado: Stress associado ao problema de fertilidade: Intervenção
de enfermagem.
Fui informado/a e esclarecido/a sobre a finalidade dos dados que irei fornecer, através do
preenchimento de um questionário que será anónimo e confidencial.
Compreendo que tenho o direito de colocar agora ou durante o desenvolvimento do estudo,
qualquer questão acerca do mesmo.
Aceito e permito que os resultados do estudo possam ser publicados ou apresentados pelo
investigador para fins académicos e compreendo que sou livre de desistir do
preenchimento do questionário ou de não o entregar.
Assinatura do participante____________________________________
Assinatura do investigador____________________________________
Contacto: 968468041
Data:______/_____/____