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Acredite no seu potencial, bons estudos!

Curso Gratuito

Empreendedorismo social

Carga horária: 55hs

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Conteúdo Programático: Introdução O Empreendedor Social O que não é Empreendedorismo Social O que é Empreendedorismo Social Empresa Tradicional x Organização Tradicional 2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social 3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso Social Concebendo Novos Mercados Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio Setor 2,5: Negócios Sociais Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo 7 Características dos Negócios Sociais A Base da Pirâmide O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide Cases: Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social O Jovem Brasileiro Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil Organizações que Suportam Empreendedores Sociais no Brasil Tirando as Ideias do Papel Modelos de Negócio Criando seu próprio Modelo de Negócio Inspiração Final Bibliografia/Links Recomendados

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Introdução

―Pobreza, doenças, fome, poluição, degradação ambiental, injustiça, desigualdade e analfabetismo este são todos parte da experiência humana, você não pode por um fim a eles.‖ E se isto não for verdade? E se nós pudéssemos por um fim a isto começando por apenas passar uma grande linha vermelha sobre esta afirmação acima? E se quando você visse um problema social conseguisse enxergar também soluções e pudesse fazer da atividade de solucionar este problema não apenas a sua Paixão, mas também o sua Atividade Profissional? Adivinhe?! Você pode! Existem pessoas que já estão dedicando suas carreiras a esta forma inovadora de enxergar o mercado consumidor, eles são os Empreendedores Sociais.

Em uma época de intensos avanços tecnológicos e científicos, 900 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico, ou seja, 39% da população mundial*. Mais de 1,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos morrem a cada ano por enfermidades que poderiam ser prevenidas*, 1,6 bilhões de pessoas não possuem eletricidade* e 5,4 bilhões não têm acesso à internet*. No mundo de hoje, 2,6 bilhões de pessoas vivem na pobreza com menos de dois dólares por dia*. Os sinais de desequilíbrio são visíveis e deixam claro que temos urgência na busca de novos caminhos. Para construir uma sociedade verdadeiramente desenvolvida, é necessário criar modelos capazes de beneficiar mais pessoas, garantindo a todas elas a oportunidade de ter acesso a uma vida digna e sustentável.

Neste curso vamos apreender sobre o universo do Empreendedorismo Social desde formulações de conceitos até suas raízes históricas, principais características, cases de sucesso e oportunidade e dificuldades que o mercado global e nacional apresenta a este tão novo ramo de atuação.

O Empreendedor Social

O tema empreendedorismo social é novo, mas na sua essência já existe a muito tempo. Alguns especialistas apontam até Luter King e Gandi como empreendedores sociais. Isto decorrente a sua capacidade de liderança e inovação quanto às mudanças em

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larga escala. Como o tema é novo e ainda esta em desenvolvimento existe pouca bibliografia sobre o assunto, tanto aqui no Brasil como no exterior. E é fato que no Brasil as fontes para embasamento teórico são em muitos casos, são de origem estrangeira. Mas no tocante á prática já temos alguns exemplos nacionais com impacto internacional, como é o caso do CDI – Comitê de Democratização da Informática, do Empreendedor Social Rodrigo Baggio, no Rio de Janeiro, vamos entender este case mais profundamente no decorrer do curso. Porém tais constatações nos levam a crer que o Brasil não esta longe e nem indiferente ao tema e a inovação neste ramo.

Novos ramos de mercado geralmente surgem devido a uma descoberta de matéria-prima, substância ou equipamento/máquina que ofereça benefícios antes não encontrados em algo conhecido como, por exemplo, o automóvel, ou devido a um novo hábito da sociedade da época que leva ao desenvolvimento de novos produtos e serviços para apoia-la como, por exemplo, o Futebol, jogo que caiu no hábito da população e hoje existe todo um ramo de atuação ao seu redor. O ramo de atuação do Empreendedorismo Social não nasceu devido á fatores usuais como estes, ele existe unicamente devido ao personagem do Empreendedor Social, sem eles não haveria a inovação. Sendo estes personagens tão essenciais para o início do movimento faz todo o sentido que a partir do entendimento deles que iniciemos a compreensão do tema como um todo. Neste primeiro momento vamos conhecer os principais conceitos, tanto na visão internacional como na visão nacional, sobre o personagem Empreendedor Social.

Conceitos sobre Empreendedor social de diversas Organizações Internacionais:

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Agora veja a visão de autores nacionais sobre o tema:

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A partir desta primeira aproximação, fica nítido que tanto nacionalmente como internacionalmente o conceito esta em construção. Mas esta amostra nos possibilita perceber que há certa similitude quanto à compreensão do empreendedorismo social com:

a Lógica Empresarial; o Foco Social; e o Empreendedor Social em si como fator de sucesso determinante.

O Empreendedor Social aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferenciada. Por meio de sua atuação, ele acelera o processo de mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de uma causa comum. Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas mais prementes da sociedade. Eles são fortemente engajados e muito persistentes, enfrentando

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as principais questões sociais e oferecendo novas ideias para a mudança em larga escala. Em vez de deixar as necessidades da sociedade só para o governo ou a iniciativa privada, os empreendedores sociais identificam o que não está funcionando e buscam colocar em ação soluções para os problemas estruturais e sistêmicos da sociedade. Além disso, se comprometem a disseminar essas novas soluções e a persuadir toda a sociedade a tomar esses novos saltos também.

Os empreendedores sociais muitas vezes parecem estar possuídos por suas ideias, dedicando suas vidas para mudar a sociedade. Conseguem ser visionários e realistas ao mesmo tempo, se preocupando com a aplicação prática da sua visão acima de tudo.

Perceba que damos muita ênfase á transformação social em larga escala e atacando problemas estruturais da sociedade e que isto difere muito de atacar problemas sociais superficiais ou atacar problemas sociais estruturais, mas em uma pequena escala ou para uma comunidade limitada.

Vamos fazer desde já um apanhado das características mais marcantes do Empreendedor Social citadas por estes e outros autores.

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Colocados em pauta tantos conhecimentos, habilidades, posturas e competências, os dados podem sinalizar um super homem, ou uma super mulher, mas de fato, se percebermos, os indicadores não são tão excepcionais, muitos já fazem parte do perfil do Empreendedor tradicional e em uma analise bem real são as características necessárias em qualquer área para se fazer diferença e ir além do trivial.

O empreendedor social está atuando na sociedade a muito mais tempo do que existe o termo empreendedor social em si. Há questão de 20 anos atrás eles atuavam sem saber identificar ou definir claramente para outros seu ramo profissional ou profissão. Eles muitas vezes vinham trabalhando sozinhos, pois não tinham ideia da existência de outros empreendedores sociais como eles. Eles tinham experiência prática em ir contra a corrente e são geralmente pessoas muitos fortes e resistentes que deram origem a este novo conceito a este novo mercado.

Empreendedores Sociais sempre existiram, mas porque nós não os identificávamos como tal até agora eles não tiveram uma identidade coletiva ele têm sido ainda pioneiros individuais.

Julia Kirby, empreendedora social e escritora, disse: ―As pessoas me diziam: Você é louca. E agora eu posso responder: Eu não sou louca eu sou uma Empreendedora Social. Isto soa muito melhor!‖.

O que nós vemos surgir agora, e de forma muito rápida, é toda uma rede de incentivo e suporte que afirma que sim, Empreendedorismo Social é realmente viável e é um ramo profissional. E quanto mais a rede se forma mais ideias vão de locais a nacionais e globais, propiciando a alta difusão não só do conceito em si mas de Empreendedores que vem neste ramo a uma grande oportunidade para suas aspirações profissionais.

O que não é Empreendedorismo Social

Agora que entendemos nosso personagem principal vamos desmistificar alguns pré-conceitos que possamos ter sobre o tema Empreendedorismo Social. Isto por causa de associações errôneas, porém comuns, devido ao tema ser tão recente.

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O Empreendedorismo Social não é responsabilidade social

empresarial. Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com seu público e pelo estabelecimento de metas que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Embora muitas empresas estejam mobilizadas para essa questão, pesquisadoras do Uniethos afirmam que ―essas iniciativas, apesar de apresentarem resultados positivos, representam, na maioria das vezes, ações pontuais e desconectadas da missão, visão, planejamento estratégico e posicionamento da empresa e, consequentemente, não expressam um compromisso efetivo para o desenvolvimento sustentável. Em muitos casos, as empresas brasileiras acabaram por associar responsabilidade social à ação social, seja pela via do investimento social privado, seja pela via do estímulo ao voluntariado. Esse viés de contribuição, embora relevante, quando tratado de maneira isolada, coloca o foco da ação fora da empresa e não tem alcance para influenciar a comunidade empresarial à um outro tipo de contribuição, extremamente importante para a sociedade: a gestão dos impactos ambientais, econômicos e sociais provocados por decisões estratégicas, práticas de negócio e processos operacionais.‖ Ou seja estas ações nunca serão foco da empresa, dificilmente serão caracterizadas estratégicas nas áreas social, ambiental ou econômica das comunidades e dificilmente tomarão uma escala substancial para se caracterizar como mudança ou inovação social.

Também não é um empresário que investe no campo social, o que estaria mais próximo da responsabilidade social empresarial, ou quando muito, da filantropia. O Empreendedor Social não compreende projetos assistencialistas. Definimos projetos assistencialistas como projetos que suprem apenas temporaria e superficialmente as necessidades sociais e dura apenas o período de vida do próprio projeto ao invés de promover mudanças sociais verdadeiras, essenciais e que sejam sustentáveis, ou seja, perdurem e se repliquem dentro da sociedade. Podemos entender melhor através de um simples exemplo: - Em um projeto assistencialista são doados materiais

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escolares para uma comunidade. Já um empreendedor social ao invés de fornecer o material escolar desenvolve um produto ou serviço que: ou torne materiais escolares mais acessíveis ou possibilite o aumento da renda daquela comunidade, sendo que em ambos os casos a comunidade pode agora comprar os materiais escolares independentemente de doações. Como enfatiza Demo, ― [...] a solidariedade que produz ajuda assistencialista representa fantástico processo de imbecilização.‖ (DEMO, 2002, p.40). Pode parecer um conceito bastante drástico, mas além de não promover mudanças sociais essenciais, o assistencialismo deixa a população acomodada, viciada e de certa forma até dependente, pois se estamos acostumados a receber o peixe de graça, porque haveríamos de aprender a pescar? Professor Yunus nos ensinou que: O 1 real, quando doado por caridade, não volta, ele tem uma vida única e influencia a vida de apenas uma pessoa. Agora se você transformar esta atividade em um design de negócio o 1 real investido volta e tem uma vida infinita mudando a vida de milhares de pessoas.

O Empreendedorismo Social não é ainda no Brasil uma profissão legalmente

constituída, não há formação universitária ou técnica, nem conselho regulador e código de ética profissional legalizado. Existem hoje nas universidades brasileiras diversos cursos de Empreendedorismo, e muito embora alguns destes cursos tenham disciplinas que abordam a temática de Empreendedorismo Social não há nenhum curso específico na área. No mundo há formações nesta área em países como Inglaterra e a universidade de Oxford que apresenta um ambiente onde os Empreendedores Sociais podem desenvolver as habilidade e competências necessárias para seu sucesso, mas também trocar experiências dada a grande característica de colaboratividade deste setor. Já no Brasil encontramos organizações como a Achoka e a Artemisia, que exploraremos mais afundo em outro momento deste curso, e que oferecem formações na temática de Empreendedorismo Social e tentam através de eventos, movimentos, palestras e engajamento de jovens universitários trazer a temática para dentro das universidades brasileiras para que no futuro o Empreendedorismo Social se torne uma área de graduação específica.

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O que é Empreendedorismo Social

Finalmente chegamos ao ponto onde vamos estudar o conceito de Empreendedorismo Social em si, mas nossa trajetória sobre o personagem do Empreendedor Social e o que não é Empreendedorismo Social é de igual importância. Existem também diversos conceitos sobre Empreendedorismo Social, porém, para melhor compreensão, vamos nos ater a um conceito geral mas que engloba as visões das principais organizações e autores da área.

Observamos que Empreendedorismo Social se trata, antes de tudo, de uma ação inovadora voltada para o campo social, é neste sentido um processo, que se inicia com a observação de uma

determinada situação-problema local, em seguida procura-se elaborar uma alternativa para enfrentar está situação. Observamos também que esta ideia tem que apresentar algumas características fundamentais. A primeira é ser uma ação inovadora, a segunda que seja realizável, a terceira que seja auto-sustentável, a quarta que envolvam vários segmentos da sociedade, em especial as menos favorecidas, a quinta que provoque impacto social, a sexta que seja passível deavaliação de resultados, e por fim que após um momento de maturação seja possível a sua multiplicação em outras

localidades. Ao analisar este conceito uma das conclusões essenciais a que chegamos é de que o Empreendedor Social não precisa se restringir a empreender um tipo de negócio específico. Pode optar por atuar tanto negócios que VISAM O LUCRO, como Empresas, quanto em negócios que VISAM A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E NÃO O LUCRO, como no caso de Organizações Não Governamentais (ONGs). Sendo que estas linhas diferem entre si principalmente pela forma de recompensa financeira dos empreendedores e direcionamento dos lucros obtidos. Não confunda, na ONG, o Empreendedor não é voluntário, ele recebe um salário determinado, porém todo o lucro é reinvestido na própria atividade da ONG. Já no caso Empresa parte do lucro é reinvestido na empresa parte é dividido entre os Empreendedores Sociais.

É extremamente importante observar que ambas as linhas de atuação diferem extremamente de ONGs e Empresas Tradicionais. Partindo deste princípio existe um quadro que pode

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nos ajudar a melhor compreender o Empreendedorismo Social em sua relação com o Segundo e Terceiro Setor. Ele é um comparativo entre: Empreendedorismo Tradicional, Empreendedorismo Social e Organização Tradicional.

Como podemos observar no quadro comparativo, O Empreendedorismo Social incorpora características de ambas as tipologias de Empresa e de Organizações.

Empresa Tradicional x Organização Tradicional

Neste título vamos aprofundar a análise e comparação das as estruturas de Empreendedorismo Social, Organizações Tradicionais e Empresas Tradicionais. Esta análise nos guiará não só ao entendimento destas estruturas conhecidas, mas também seus principais desafios, oportunidades e bloqueadores de desenvolvimento. É muito importante a compreensão de nosso local de partida para que possamos ter uma visão clara de para onde aponta a evolução e inovação.

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Tome alguns minutos para analisar as estruturas abaixo e tentar tirar algumas conclusões próprias antes de iniciarmos a discussão. Foque em observar as vantagens e desvantagens de cada estrutura, que problemas podem acarretar e que soluções que apontam. Escreva em um papel e mantenha consigo durante o restante desta análise.

Vamos começar entendendo a estrutura da Empresa:

A base de qualquer empresa é a estrutura física. Desde a Idade Média, quando se fortaleceu o conceito de comercialização de produtos, que artesão, ferreiros entre outros pequenos comerciantes iniciavam suas ―empresas‖ e o primeiro elemento desta era o espaço físico para realizar o ofício. Hoje em dia independentemente do tamanho da empresa, podemos estar falando de um pequeno escritório ou de uma grande fábrica, que para abrir esta Empresa você precisa designar um espaço físico para realizações de suas atividades, é inclusive requisito para se obter o CNPJ, registro nacional para empresas.

Após a estrutura física, para que uma empresa possa funcionar são estabelecidos os Processos. Se continuarmos com a análise histórica veremos que a ideia de processos, mesmo que já existente em pequenos negócios e pequena escala, foi fortalecida com a Revolução Industrial. Na Revolução Industrial o foco era total nos processos de produção para aumento de escala e quantidade de produtos entregues para o mercado. Foi um período marcante onde o mercado em si deu um grande salto e começou a discutir temas como eficiência e produtividade também muito importantes para o Empreendedorismo Social. Porém o foco desta época sendo total em processos, alguns outros aspectos como o humano foram esquecidos o que acarretou na geração de grandes problemas sociais, sendo as favelas um deles. É importante que a empresa enxergue os processos como um item dentro da pirâmide e parte compositora de um todo que determina o seu sucesso e não como a roda motora principal como foi feito neste período da história. Hoje as empresas que param neste ponto de evolução mesmo que tenham um sucesso momentâneo estão fadadas ao fracasso, tanto o mercado e a sociedade estão exigindo

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muito mais que eficiência. Mas resumindo e para fins de conceito, os processos definem o que será produzido dentro da empresa e qual o fluxo de produção.

Tendo agora estrutura física e processos a empresa necessita de Pessoas. Por muito tempo as pessoas ou o funcionário foi visto como parte do processo ou parte até da estrutura física. Eram considerados apenas uma engrenagem do grande motor que é a Empresa. Apenas a pouco tempo, menos de 50 anos, que as Empresas começaram a enxergar as pessoas como um elemento não só essencial como diferencial. Os funcionários começaram a ser vistos como potencial para fazer uma empresa crescer e se desenvolver se motivados e bem recompensados. Atualmente a maior parte das empresas já chegou neste patamar e já possui diversos planos de carreira e incentivo aos seus funcionários e este tem sido um grande fator de sucesso. A sociedade já reconhece positivamente e aprova empresas que chega a este patamar de evolução da pirâmide e muitas vezes empresas focadas em pessoas são as empresas de grande sucesso nos dias de hoje, mas nem sempre isto é um diferencial o suficiente para se vencer no mercado atual e veremos o porquê a seguir.

Quanto aos Ideais / Identidade, são poucas as empresas atualmente que conseguem enxergar este item como parte da estrutura. A maior parte das empresas parou em Pessoas, o que era o suficiente para que elas alcançassem o sucesso a poucos anos atrás. Porém nos dias atuais onde o consumidor esta cada vez mais exigente e consciente na hora de escolher a Marca de sua preferência, quem não oferecer Ideias / Identidade estará em pouco tempo fora do páreo. Vamos explicar este conceito através de um exemplo: Apple – Visão: ―Mudar o mundo através da tecnologia‖ – A Apple faz computadores e celulares, sim, mas seu objetivo maior é mudar o mundo através da tecnologia, isso não é um objetivo maior? Não é um objetivo nobre? Muito mais interessante do que se fosse ―Fabricar celulares de qualidade‖.

Ao analisarmos o conjunto é perceptível que todos os quatro elementos são igualmente essenciais para o funcionamento da Empresa. Então porque eles estão dispostos em forma de Pirâmide? Porque é nesta proporção que a empresa os tem priorizado hoje e durante a história. Porque ao começar uma Empresa o Empreendedor dificilmente pensa na Identidade ou nas Pessoas que irá contratar. Sua prioridade tem sido sempre: qual será meu produto ou serviço, onde será minha empresa e que processo de produção ou trabalho irei adotar.

As empresas que não derem a devida atenção para os pilares Pessoas e Ideais / Identidade não conseguirão, na sociedade consumidora atual, superar um patamar ―x‖ de crescimento, por melhor e mais competitivo que for seu produto. Diversos empreendedores já tiveram esta compreensão e diversas empresas brasileiras já surgem observando os 4 pilares. Estas empresas oferecem produtos ou serviços de qualidade, possuem estrutura, possuem processos eficientes mas, além disto, oferecem um ambiente agradável, flexível e incentivo as pessoas que lá trabalham e oferecem ao consumidor um ideal maior que guia a identidade de Marca.

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Vamos entender agora a estrutura da Organização Tradicional: A base da Organização Tradicional é o Ideal / Identidade. Toda a Organização nasce para

resolver um ou mais problemas sociais. Já nasce com este objetivo maior pelo qual o consumidor tem facilidade de se conectar de se engajar. A qualidade que é mais deficiente nas empresas é a fonte de existência das Organizações.

Após ter um ideal / identidade as Organizações são compostas por as Pessoas que acreditam neste ideal. As pessoas que estão trabalhando em uma organização não se sentem trabalhando ―para‖ ela e sim ―por‖ ela. A recompensa e motivação é parte de trabalho contínuo em prol do ideal. Os resultados atingidos pela Organização são percebidos pelas pessoas como resultados pessoais. Isto acontece, pois a Organização mede seus resultados no impacto social, assim é fácil para uma pessoa se sentir parte do sucesso. Esta percepção é muito difícil ser atingida em uma empresa que mede seu sucesso no lucro, pois a não ser que a pessoa tenha participação nos lucros, como é o exemplo de vendedores que trabalham sob comissão, é difícil que uma pessoa veja o resultado atingido pela empresa como um resultado pessoal. Caso a empresa tenha um ideal maior e tenha seu sucesso medido não apenas em lucro financeiro, mas também em contribuição para com o mundo, ai sim as pessoas que lá trabalham se sentiriam parte do sucesso da empresa.

A maior parte das Organizações Sociais Tradicionais não evoluem com qualidade para os outros 2 pilares que são Processos e Estrutura Física. Ambos são estruturados com pouca qualidade e dificilmente se tornam um foco para crescimento das Organizações. Os processos geralmente são feitos ―como dá para ser feito‖ e a estrutura geralmente é ―o que se conseguiu ou o que se tem disponível‖. Eles são elementos bastante subestimados em Organizações e isto bloqueia seu crescimento e sua escalabilidade. É impossível crescer sem estrutura e processos e se a Organização não crescer seu impacto também não irá crescer e logo o Ideal não é alcançado. Porém as Organizações estão tão viciadas neste modelo que dificilmente veem que para atingir seu ideal terão que crescer em grandes proporções.

A pirâmide das Organizações Tradicionais segue então o modelo invertido, onde Ideais / Identidade e Pessoas são priorizados em detrimento de Processos e Estrutura Física. Colocando ambas as análises Empresas Tradicionais e Organizações Tradicionais lado a lado percebemos que Empresas podem crescer até certo ponto em que começaram a disputar competitivamente no mercado e tanto o consumidor quanto o funcionário não irão optar por marcas que não tenham foco nos pilares Pessoas e Ideia is / Identidade, assim como Organizações podem possuir Pessoas e Ideais / Identidade com grande capacidade de mobilização e que proponham transformações sociais essenciais, porém se não tiverem foco nos pilares Estrutura Física e Processos não poderão crescer ao ponto de fazer qualquer diferença real no mundo. Concluímos então que um modelo tem muito a aprender e ensinar ao outro. Isto parece uma conclusão bastante simples e intuitiva após esta analise não? Mas não para os principais personagens envolvidos. As Empresas riem da ideia que tem algo a aprender com Organizações Sociais e as vêm como desorganizadas e ineficientes. Já as Organizações Sociais vêm as Empresas como vilãos sem princípios e tubarões que

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destroem tudo a sua frente para alcançar o lucro sem se preocupar com o que está acontecendo na sociedade ao seu redor e dificilmente acham que tem algo a apreender com elas. Estes pré-conceitos e discriminação tem agido como elemento bloqueador do desenvolvimento de ambos os modelos.

É então que entra o modelo do Empreendedorismo Social onde, independente de se estar Empreendendo uma Organização ou uma Empresa, há a colisão dos modelos acima estudado para formação de 4 pilares balanceados e iguais em importância.

O novo modelo une as características fortes da Empresa com as da Organização, assim compensando os pontos fracos que eram opostos. Você consegue compreender a importância e o potencial deste modelo para crescimento tanto do 2º quanto do 3º setor?

Como estamos falando que o Empreendedor Social pode atuar tanto no 2º quanto no 3º setor vamos estudar agora sobre a evolução destes setores em separado, assim como seus gaps, oportunidade de evolução e papel no progresso da sociedade.

2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social

O sistema capitalista está sitiado. Nos últimos anos, a atividade empresarial foi cada vez mais vista como uma das principais causas de problemas sociais, ambientais e econômicos. É

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generalizada a percepção de que a empresa prospera à custa da comunidade que a cerca.

Para piorar, quanto mais adotou a responsabilidade empresarial, mais a empresa foi sendo responsabilizada pelos problemas da sociedade. Em certos países, a legitimidade da atividade empresarial caiu a níveis inéditos na história recente. Essa queda na confiança leva lideranças políticas a instituir normas que minam a competitividade e inibem o crescimento econômico. O meio empresarial entrou num círculo vicioso. Grande parte do problema está nas empresas em si, que continuam presas a uma abordagem da geração de valor surgida nas últimas décadas e já ultrapassada. Continuam a ver a geração de valor de forma tacanha, otimizando o desempenho financeiro de curto prazo e, ao mesmo tempo, ignorando as necessidades mais importantes do seu cliente e influências maiores que determinam seu sucesso a longo prazo. Só isso explica que ignorem o bem-estar de clientes, o esgotamento de recursos naturais vitais para sua atividade, a viabilidade de fornecedores cruciais ou problemas econômicos das comunidades nas quais produzem e vendem. Só isso explica que achem que a mera transferência de atividades para lugares com salários cada vez menores seria uma ―solução‖ sustentável para desafios de concorrência.

Alguns líderes empresariais e intelectuais já compreendem que a empresa deve liderar a campanha para voltar a unir a atividade empresarial e a sociedade. A maioria das empresas continua presa a uma mentalidade de ―responsabilidade social‖ na qual questões sociais estão na periferia, não no centro. A solução está no princípio dovalor compartilhado, que envolve a geração de valor econômico

de forma a criar também valor para a sociedade. Valor compartilhado não é responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, mas uma nova forma de obter sucesso econômico, e não algo na periferia daquilo que a empresa faz, mas no centro. Este conceito pode desencadear a próxima grande transformação no pensamento administrativo. Contudo para que se materialize, líderes e gerentes terão de adquirir novas habilidades e conhecimentos — como, por exemplo, uma apreciação muito mais profunda das necessidades da sociedade, uma maior compreensão das verdadeiras bases da produtividade da empresa e a capacidade de transpor a fronteira entre as esferas com e sem fins de lucro para colaborar. Diferentemente dos

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líderes e gerentes atuais de empresas que geralmente tem maior conhecimento em como gerar demanda e como incentivar o consumidor a adquirir produtos e serviços que muitas vezes não necessitam. A empresa ao invés de se adaptar as necessidades da sociedade ou

criar novas necessidades deveria nascer a partir da observação das mesmas. Na velha e estreita visão do capitalismo, a empresa contribui para a sociedade ao dar lucro, o que sustenta emprego, salários, consumo, investimentos e impostos. A empresa é, em grande medida, um ente autossuficiente, e questões sociais ou comunitárias estão fora de sua alçada (essa é a tese convincentemente defendida por Milton Friedman em sua crítica à noção da responsabilidade social empresarial). Essa perspectiva permeou o pensamento administrativo nas duas últimas décadas. A empresa se concentrou em incitar o consumidor a comprar mais e mais de seus produtos. Diante da crescente concorrência e da pressão de acionistas por resultados de curto prazo, gestores recorreram a ondas de reestruturação, corte de pessoal e transferência para regiões de menor custo, alavancando paralelamente o balanço para devolver capital aos investidores. Nesse tipo de competição, as comunidades nas quais a empresa operam sentem que pouco ganham, ainda que os lucros subam. O que sentem, isso sim, é que o lucro se dá a sua custa.

Nem sempre foi assim. No passado as empresas surgiram para atender necessidades da sociedade, necessidades básicas como vestuário, moradia, alimentação, entre outros. Após a revolução Industrial e a noção de produção em massa e consumismo as empresas voltaram seu foco para a lucratividade econômica apenas. Dois fatores principais influenciaram na amplificação desta noção:

1) À medida que outras instituições sociais entraram em cena os papéis e responsabilidades perante as necessidades da sociedade foram abandonados ou delegados. A solução de problemas sociais foi entregue a governos e a ONGs. Programas de responsabilidade empresarial surgiram basicamente para melhorar a reputação da empresa e são tratados como um gasto necessário. Implicitamente, cada lado trabalha de forma separada um do outro e ninguém se julga responsável pelo todo. 2) Economistas legitimaram a ideia de que, para beneficiar a sociedade, a empresa deve moderar seu sucesso econômico.

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Segundo este conceito surgem externalidades quando a empresa gera custos sociais com os quais precisa arcar, como a poluição. Logo, a sociedade impôs impostos, normas e sanções para que a empresa ―internalize‖ essas externalidades. Essa perspectiva também moldou a estratégia das próprias empresas, que basicamente excluíram considerações sociais e ambientais de seu raciocínio econômico principal e reservam verbas para ―compensações‖ que devem fazer a sociedade. O pensamento criado foi: ―Meu produto faz sucesso entre os consumidores, mas prejudica o meio ambiente, porém eu tenho um programa de compensação ambiental onde eu doo milhares de reais ao ano para o meio ambiente.‖ Este pensamento é o que cria este ciclo vicioso de destruição X compensação ambiental e deveria ser substituído por: ―Meu produto faz sucesso entre os consumidores e ataca a degradação ambiental de frente‖. Um produto que é um grande exemplo de que isto é possível é o Nuru Light, uma lâmpada a bateria que tem substituído na África a utilização de querosene para iluminação em áreas onde não há energia elétrica, o que compõe grande parte do continente. O querosene é prejudicial à saúde e ao meio ambiente, além de extremamente perigoso e inflamável, e vinha sendo usado em larga escala por toda uma sociedade. A introdução do Nuru Light, que inclusive é mais barato que o querosene, foi um grande sucesso entre os consumidores e enfrenta de frente um grande problema ambiental.

Num nível muito básico, a competitividade de uma empresa e a saúde das comunidades a seu redor estão intimamente interligadas. Uma empresa precisa de uma comunidade vicejante não só para gerar demanda para seus produtos, mas também para suprir ativos públicos essenciais e um ambiente favorável. Uma comunidade precisa de empresas prósperas para criar empregos e oportunidades de geração de riqueza para seus cidadãos. E reza a teoria da estratégia que, para ser bem-sucedida, uma empresa precisa criar uma proposta de valor diferenciada que atenda às necessidades de um conjunto visado de clientes. A empresa obtém vantagem competitiva pelo modo como configura a cadeia de valor, ou a série de atividades envolvidas na criação, produção, venda, entrega e suporte de seus produtos ou serviços. Há décadas administradores estudam

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o posicionamento e a melhor maneira de projetar atividades e integrá-las. Contudo, a empresa deixou passar oportunidades de satisfazer necessidades fundamentais da sociedade e não soube entender o impacto de mazelas e deficiências sociais na cadeia de valor. O campo de visão simplesmente foi muito estreito.

O capitalismo é um veículo inigualável para a satisfação das necessidades humanas, o aumento da eficiência, a criação de emprego e a geração de riqueza. Só que esta concepção estreita do

capitalismo impediu que a atividade empresarial explorasse todo seu potencial para

enfrentar os grandes desafios da sociedade. As oportunidades de negócios que somassem a lucratividade ao progresso social sempre estiveram aí, mas foram negligenciadas devido à falta de visão ampla do capitalismo e dos gestores e líderes deste setor. Uma empresa atuando como empresa, não como um ente filantrópico, é o agente mais forte para lidar com as questões sociais, econômicas e ambientais a nossa frente. O momento para uma nova concepção do capitalismo é agora; as necessidades da sociedade são grandes e seguem crescendo. Esta transformação tem

potencial para redefinir o capitalismo e sua relação com a sociedade e talvez seja a

melhor oportunidade para legitimar de novo a atividade empresarial como algo

definitivamente benéfico e conectado a evolução da sociedade. Neste formato a Empresa Tradicional deixa de ser assim considerada para ser identificada como: Negócio Social. Concluímos que a Empresa tem um grande e importante papel a desempenhar no Progresso Social, mas que isto depende de abrir a visão dos líderes e gestores deste setor para uma compreensão mais ampla não só da sociedade, mas de seus próprios modelos de negócio e cadeia produtiva. Sem que esta visão seja ampliada, ou novos profissionais de visão mais ampla assumam a liderança das Empresas, continuaremos presos a este ciclo vicioso de esgotamento de recursos e visão de curto prazo.

3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso Social

Para iniciarmos esta discussão eu gostaria de perguntar se você acha que o terceiro setor tem algum papel sério a desenrolar na missão de ―mudar o mundo‖? Muitas pessoas afirmam que num futuro não muito distante os Negócios Tradicionais vão continuar impulsionando o desenvolvimento economia e que os Negócios Sociais, que visam o progresso social e não excluem o lucro, vão

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além de impulsionar a economia, atender as necessidades sociais. É verdade que os Negócios serão os principais catalisadores das mudanças sociais devido a sua capacidade de assumir alta escala e multiplicação, mas sempre haverá aqueles 1 ou 10% da população que não é atingida. Se quisermos ter um mundo onde ninguém é deixado de fora, ninguém é deixado para trás as Organizações Sociais ou Organizações não Governamentais tem sim um papel essencial e sério para desempenhar na nossa sociedade.

Mas então porque as coisas não parecem funcionar? Porque então as Organizações que lutam contra o câncer de mama ainda não acharam uma cura ou tratamento inovador? porque as Organizações que lutam contra pobreza não fizeram nenhuma mudança drástica nesta realidade? Nos Estados Unidos a população abaixo do nível da pobreza esta a 40 anos em 12% da população sem nenhuma variação significativa independentemente de quantas Organizações dedicadas a esta causa existam. Isto é porque estes problemas sociais são MASSIVOS e nossas organizações são pequenas em escala e nós temos um sistema crenças e ética que as mantêm pequenas. Nós temos um livro de regras para o 2º Setor e um livro de regras para o 3º Setor. Este sistema é comparável à Apartheid e discrimina contra as Organizações Sociais, bloqueando seu crescimento, em 4 principais áreas:

1) Salário ou Compensação: No 2º Setor o quanto mais valor você produz mais dinheiro você ganha, mas nós não gostamos de utilizar dinheiro para incentivar pessoas a produzirem mais valor no 3º Setor. Nós temos uma reação bastante viceral à imagem de que alguém possa ganhar muito dinheiro ajudando outras pessoas. Interessante que nós não temos uma reação viceral a imagem de que alguém possa ganhar muito dinheiro não ajudando outras pessoas. Você pode ganhar 1 milhão vendendo videogames para crianças, mas você não pode ganhar meio milhão curando crianças de malária que você é considerado um parasita você mesmo. E nós gostamos de pensar nisto como nosso sistema de ética, mas o que não percebemos é que este sistema tem um poderoso efeito colateral: Cria uma linha de escolha bastante drástica e bem definida entre o profissional escolher fazer muito bem para a sua própria riqueza e a de sua

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família ou escolher fazer bem para o mundo. Milhares de mentes brilhantes e pessoas superqualificadas, que poderiam levar as ONGs a outro patamar. Estas pessoas se graduam todos os dias das melhores universidades em todo o mundo, marchando direto para o mercado da LUCRATIVIDADE, pois elas não estão dispostas, com o seu potencial, de fazer um sacrifício financeiro vitalício. Quando olhamos a compensações médias de mercado para graduados com MBA, 10 anos após sua graduação, no 2º Setor é de R$400.000,00 no ano, enquanto no 3º Setor o mesmo profissional como CEO de uma grande ONG tem uma média de compensação de R$85.000,00 no ano. E não há como fazer com que uma pessoa de talento proporcional a 400 mil reais fazer um sacrifício de 315 mil reais ao ano para virar o CEO de uma ONG. Vocês podem pensar: Mas isto é porque estes indivíduos são gananciosos. Pode ser que não. Eles podem apenas fazer a conta de que é mais fácil para eles doarem 100 mil reias para esta ONG e ainda receberem desconto de imposto de renda, que estarão contribuindo igualmente a se abdicassem de seu futuro no mundo da lucratividade para trabalhar nesta ONG. Isto é mais fácil para eles, e eles são ainda chamados por nós de filantropos. Mas porque então a compensação financeira dos CEO das ONGs não é aumentada? E a resposta é simples: Nós não vemos com maus olhos que o CEO da Coca Cola vá passar as férias nas Bahamas com a família, mas vemos com maus olhos que o CEO de uma ONG que combate a pobreza passe as férias nas Bahamas com a família, pois como ele pode ter dinheiro enquanto há pessoas pobres no mundo? Você acha mesmo que a compensação deste CEO sozinha iria acabar com a pobreza no mundo? Não seria mais justo considerar que ele poderia utilizar seu conhecimento para multiplicar o impacto social da ONG em até 100.000 vezes o atual ao invés de doar seu salário e ajudar 10 pessoas? 2) Marketing e Propaganda: Nós dizemos ao 2º Setor, gaste, gaste e gaste em propaganda até que o último centavo não gere mais nenhum valor em compra. Mas ao mesmo tempo nós não queremos que nossas doações vão para propagandas para o 3º Setor, se conseguirem uma propaganda de graça tudo bem, mas nós queremos que o nosso dinheiro vá para os necessitados. Como se o dinheiro gasto em marketing e propagando não pudesse gerar somas extremamente maiores para então favorecer os necessitados. Na década de 90 uma empresa Norte

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Americana criou a campanha AIDSRidesUSA, que foram corridas, caminhadas e passeios de bicicleta em prol da luta contra o HIV nos Estados Unidos, estas pessoas engajadas no movimento arrecadaram para a causa em 9 anos em torno de 500 milhões de dólares para então ser investido na causa, faturamento que a ONG investindo apenas na ação social e doações nunca teria alcançado. Mas a ONG só gerou este engajamento popular investindo em itens como páginas inteiras de anuncio no New York Times e contando com um orçamento de milhões em Marketing. As pessoas estão esperando para que peçam delas ajuda para resolver os problemas sociais. As pessoas querem medir o seu potencial de engajamento e impacto para causas com as quais se preocupem profundamente, mas para isto elas têm que ser atingidas, para isto elas tem que escutar a chamada das causas. Mas a barreira imposta pelo não investimento em marketing cria uma linha através da qual as ONGs não conseguem atingir a população e não conseguem multiplicar seu faturamento e investimento social através desta grande ferramenta que é o marketing. 3) Arriscar em novas ideias para gerar receita: A Disney pode fazer um filme de 100 milhões de reais que não tem o sucesso esperado de mercado, mas está tudo bem, é planejado que nem todos os filmes sejam um sucesso massivo de bilheteria. Mas uma Organização gasta 1 mizero milhão em um evento ou produto que não traz no mínimo 75% de retorno nos próximos 12 meses e sua idoneidade já é questionada. Visto isto as Organizações Sociais tem medo de fazer qualquer ação inovadora ou ousada porque se a coisa falhar suas reputações serão arrastadas para a lama. Ao proibir o fracasso estamos matando a inovação, ao matar a inovação estamos matando o crescimento e ao matar o crescimento estamos matando a capacidade das Organizações de resolverem qualquer problema social. 4) Tempo: O Amazon.com operou por 6 anos até dar algum retorno a seus investidores, apenas trabalhando em construir escala e mercado, mas todos tinham paciência e eles sabiam que existia um objetivo a longo tempo para construir dominância de mercado. Se alguma Organização Social tivesse o sonho de construir uma solução que requeresse a formação de um mercado e escala por 6 anos onde nesse tempo nenhum dinheiro fosse direcionado ainda para os necessitados nós iríamos crucificá-la. Ou seja, as ONGs têm além de tudo menos tempo

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hábil para solucionar que hoje nós mesmos consideramos problemas MASSIVOS na sociedade.

Em resumo o 3º Setor não pode compensar seus colaboradores como o 2º Setor, não pode investir em chamadas para seus consumidores/colaboradores como o 2º Setor, não pode arriscar em formas inovadoras de geração de renda como o 2º Setor, pois há possibilidade de falha e tem menos tempo para achar seu público alvo, transmitir seus conceitos e demonstrar resultados que o 2º Setor, ou seja, não tem nenhuma vantagem de mercado que possibilite seu crescimento. Se tivermos alguma dúvida quanto a isto basta verificar o gráfico abaixo onde vemos que de 1970 até 2009 apenas 146 ONGs ultrapassaram a barreira de 50 milhões de faturamento enquanto no mesmo período mais de 46.000 mil empresas o fizeram.

Esta barreira que nós mesmos impomos ao crescimento financeiro das ONGs aliada a sua dependência de doações e falta de visão empresarial, visão de sustentabilidade financeira e visão de retorno sobre investimento, impedem que elas sejam hoje peças fundamentais na transformação social e solução dos grandes problemas mundiais.

Vemos que sim as Organizações Sociais tem um papel fundamental para desempenhar no Progresso Social, mas que o mesmo esta aliado a um mudança na educação da sociedade

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atual. Sem esta educação continuaremos preso a este modelo antigo e deficiente das Organizações Sociais Tradicionais.

Concebendo Novos Mercados

A sociedade tem necessidades imensas — saúde, melhor moradia, nutrição melhor, auxílio para o idoso, maior segurança financeira, menos danos ambientais. É justo dizer que essas são as maiores necessidades ainda não satisfeitas na economia global. No meio empresarial, passamos décadas aprendendo a analisar e a fabricar demanda — ignorando, enquanto isso, a demanda mais importante de todas e já existente. Enquanto no meio social vem tentando-se combater estas grandes demandas da mesma forma a décadas: em escala global e sem grandes inovações.

Dessas e de muitas outras maneiras, abrem-se avenidas totalmente inéditas para a inovação, o que gera valor compartilhado. Oportunidades diversas surgem do foco em comunidades carentes e países em desenvolvimento. Pois embora ali as necessidades da sociedade sejam ainda mais prementes, essas comunidades ainda não foram reconhecidas como mercados viáveis. Hoje a atenção está voltada à Índia, à China e, cada vez mais, ao Brasil, que dão a empresas a possibilidade de chegar a bilhões de novos clientes na base da pirâmide. Esses países sempre tiveram enormes necessidades, como tantas outras nações em desenvolvimento. Há oportunidades semelhantes em comunidades não tradicionais em países avançados. Já sabemos, por exemplo, que zonas urbanas de baixa renda são o mercado mais subatendido dos Estados Unidos; seu considerável poder aquisitivo concentrado não raro foi ignorado (veja a pesquisa da Initiative for a Competitive Inner City no icic.org).

Estas oportunidades não são estáticas; mudam constantemente conforme a tecnologia evolui, as economias se desenvolvem e prioridades da sociedade mudam. Uma exploração contínua das necessidades da sociedade levará a empresa ou organização a descobrir novas oportunidades de diferenciação e reposicionamento em mercados tradicionais e a reconhecer opotencial de mercados novos anteriormente ignorados.

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Satisfazer necessidades em mercados subatendidos muitas vezes requer a reformulação de produtos e métodos de distribuição. Isso tudo pode desencadear inovações fundamentais com aplicação também em mercados tradicionais.

Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio

Após a análise até aqui feita sobre do papel de ambos 2º e 3º Setor na nossa sociedade e posturas necessárias para conceber novos mercados pudemos identificar as principais deficiências e com isto as principais oportunidades de evolução de cada um dos modelos. Observamos que para assumir responsabilidades pelos problemas da nossa sociedade e imprimir verdadeiras transformações sociais tanto as Organizações Sociais precisam assumir características Empresariais, quanto vice e versa. E uma educação tanto da sociedade em geral quanto dos líderes e gestores é essencial e urgente.

Nesse contexto, surge um novo conceito de negócios: os chamados Negócios Sociais. São modelos que buscam desenvolver soluções de mercado que possam contribuir para superar alguns dos grandes problemas sociais e ambientais enfrentados no mundo. Em que o lucro não é um fim em si mesmo, mas um meio para gerar soluções que ajudem a reduzir a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental. ―Entre

fazer a diferença no mundo e ganhar dinheiro, fique com os dois‖.

O Empreendedor Social transforma Empresas Tradicionais e Organizações Tradicionais em Negócios Sociais. Este é um modelo hibrido que como veremos no próximo capitulo pode ser

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mais focado no 3º ou no 2º setor, se diferenciando apenas na forma de lucratividade do negócio. Da transição e união de ambos os setores da economia é considerada a formação de um setor novo, o setor 2,5. Este é um setor que no Brasil ainda é conceitual, não há leis que o regem ou regulamentam. Porém em outras países no mundo já possui leis próprias e os governos trabalham com incentivo a este tipo de atividade, como é o caso da Índia.

Setor 2,5: Negócios Sociais

Diversas organizações têm colaborado para a conceituação desse novo modelo de negócio. Por se tratar de um campo novo, encontramos diferentes conceituações e nomenclaturas. As diferenças ajudam a perceber algumas das questões que estão em debate e que dependem de experimentação mais detalhada para serem respondidas. No quadro abaixo, podemos conhecer algumas delas, ressaltando a existência de duas linhas principais de pensamento das quais alguns autores e organizações divergem:

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O termo Negócios Sociais apesar de ser expresso de forma diferente em todos os conceitos se enxergam de uma forma coerente em complementar. E a duas linhas de pensamento

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coexistem facilmente neste meio, uma vez que alguns empreendedores optam por um modelo e outros por outro. Negócios sociais, empresas sociais ou negócios inclusivos. Vários nomes com um objetivo comum: o desejo de utilizar estratégias de negócio para melhorar a qualidade de vida das pessoas na base da pirâmide.

Nesse sentido, os negócios sociais podem ter 3 ESTRATÉGIAS para alcançar impacto social positivo: 1) Incluir pessoas de baixa renda ou de populações marginalizadas na cadeia

produtiva do negócio como: sócios, fornecedores, distribuidores, empregados etc. 2) Oferecer produtos e serviços, de qualidade e a preços acessíveis, que melhoram

diretamente a qualidade de vida das pessoas mais pobres: a. porque atendem às suas necessidades básicas em áreas como: habitação, alimentação, saúde, acesso à água potável, educação, saneamento, energia; b. ou porque abrem oportunidades de melhoria da sua situação socioeconômica como por exemplo: telefones celulares, computadores, serviços financeiros e jurídicos, seguros etc. 3) Oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres,

contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas como: venda de tecnologias e venda equipamentos de baixo custo etc. Estas além de estratégias são parâmetros utilizados para definir o que é um negócios social e o que não é. Se você tem dúvida quanto a se um Negócio é social ou não basta verificar se ele se encaixa em algum dos itens acima.

Vamos conhecer agora como surgiu o primeiro Negócio Social que deu origem tanto a terminologia quanto ao mercado.

Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo

O Grameen Bank é o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito, o primeiro Negócio Social do mundo, e foi concebido pelo professor bengalês Muhammad Yunus em 1976, visando erradicar a pobreza no mundo. Operando como uma empresa privada auto-sustentável, o Grameen Bank ganhou o Nobel da Paz do ano de 2006 juntamente com seu fundador. Localizado em Bangladesh, já conta com 2.185 agências e, desde sua fundação, emprestou o equivalente a 5,72 bilhões de

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dólares para 6,61 milhões de mutuários, 97% dos quais são mulheres. Atende a 71.371 vilarejos e possui um quadro de 18.795 funcionários remunerados. Sua taxa de inadimplência é baixíssima, de fazer inveja aos mais bem administrados Bancos comerciais do mundo: apenas 1,15%, o que significa que o Grameen Bank recebe de volta 98,85% dos empréstimos que concede.

Podemos tirar muitas lições da história de fundação do Banco.

O Grameen Bank originou-se de uma singela experiência conduzida, em 1976, pelo Prof. Muhammad Yunus quando ele emprestou 27 dólares de seu próprio bolso para 42 mulheres da cidade de Jobra, próxima à Universidade onde lecionava, para lhes permitir adquirir matéria-prima para confeccionar o seu artesanato, livrando-as das garras de agiotas que as mantinham em regime de trabalho análogo à escravidão. Para surpresa do próprio Professor Yunus todos esses empréstimos foram pagos pontualmente. Isso deu a Yunus a ideia de que esse processo talvez pudesse ser multiplicado indefinidamente.

De 1976 a 1979 o Professor Yunus expandiu esse tipo de operação em Jobra e nas aldeias vizinhas. Em 1979 o projeto de Yunus obteve o apoio do Banco Central de Bangladesh, bem como dos bancos comerciais que haviam sido nacionalizados, estendendo-se para o distrito de Tangail, a norte de Dhaka, a capital de Bangladesh. Obtendo sucesso também em Tangail, o projeto foi ampliado para vários outros distritos no país. Em outubro de 1983 o projeto do "Grameencredit" (crédito rural, em língua bengali) deu origem ao Grameen Bank, ou Banco Rural. Hoje em dia 90% das ações Grameen Bank pertencem às populações rurais pobres que ele serve e 10% ao governo de Bangladesh.

O Grameen Bank tem como seus objetivos principais: Prover serviços bancários aos pobres, homens e mulheres; Eliminar a exploração dos pobres, tradicionalmente feita pelos agiotas; Criar novas oportunidades de auto-emprego para a vasta população desempregada na

Bangladesh rural; Trazer a população carente, especialmente as mulheres mais pobres, para o seio de um

sistema orgânico que elas possam empreender e administrar sozinhas; Reverter o antigo círculo vicioso de "baixa renda, baixa poupança e baixo investimento"

injetando crédito para torná-lo um círculo virtuoso de "investimento, maior renda, maior poupança".

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As principais lições que tiramos deste case aplicado a Como empreender um Negócio Social são:

Foi observado um problema social para qual o Negócio pensado era a solução. Após idealizar o Negócio, o Prof. Yunus foi direto a experimentação de seu modelo. A experimentação do Modelo exigiu um investimento bastante baixo no valor de 1.134

dólares e apenas após a ideia testada e aprovada pelo mercado que foi feito maior investimento.

O Negócio recebeu investimento público e privado, porém pode iniciar sem estes incentivos e não depende deles para sua sustentabilidade.

Podemos interpretar e observar a simplicidade das ações do Professor Yunus, e replicá-la para testar modelos de Negócios idealizados por nós mesmos.

7 Características dos Negócios Sociais

As 3 ESTRATÉGIAS que podemos utilizar para identificar um negócio social se referem à primeira característica que um Negócio Social deve possuir que é Solucionar Problemas Sociais, porém existem outras 6 características que compõem este modelo de negócio:

1) Soluciona Problemas Sociais através de sua atividade principal ou ―core bussines‖.

2) É um produto ou serviço. 3) Tem foco no cliente, que é sempre a base da pirâmide

ou classes C,D e E. 4) É acessível para a base da pirâmide.

5) É inovador. 5) É lucrativo. 6) É escalável.

Através destas 7 características comuns a modelos que se denominam Negócios Sociais podemos nos basear tanto para pensar em novos modelos como para analisar e identificar modelos existes. Identificar, pois alguns Negócios, devido ao termo ser tão recente, nascem ser saber que são Negócios Sociais. A importância de identifica-los está principalmente aprendizado que podemos absorver da experiência de empreender, pois muito embora este modelo venha crescendo existe ainda um número limitado de exemplos de Negócios Sociais no mundo.

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Já para pensarmos um novo modelo de Negócio Social além das 7 características temos que entender um pouco mais sobre A Base

da Pirâmide e O Mercado Brasileiro para a Base da Pirâmide, pois este mercado se diferencia do mercado tradicional em alguns aspectos básicos.

A Base da Pirâmide

A expressão base da pirâmide (em inglês, base of the pyramid, abreviada como BoP) vem da representação do nível de renda da população na forma de uma pirâmide. A população de alta renda é a minoria na maioria dos países e está representada no topo da pirâmide. No meio, fica a população de renda média e na base a de baixa renda, que constitui a maioria da população mundial. O gráfico abaixo representa a distribuição:

Não há uma única maneira de definir quem faz parte da base da pirâmide. São colocadas abaixo da linha da pobreza pessoas que vivem com um, dois ou quatro dólares por dia, dependendo da classificação utilizada. Para que exista um conceito global de pobreza ou população carente independente da linha de corte utilizada por um país ou outro podemos adotar um conceito de pobreza que melhor define a população da base da pirâmide: ―Pobreza é uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas ter

renda inferior a um patamar preestabelecido‖.

O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide

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O Brasil apresentou em 2010 um crescimento econômico de 8%. Esse crescimento pode ser observado no aumento da renda e do consumo de um número expressivo de brasileiros. Entre 2005 e 2009, 26 milhões de brasileiros migraram para a classe C e outros quatro milhões conseguiram atingir as classes AB. Em 2010, esse movimento ocorreu de forma mais expressiva: quase 19 milhões de pessoas deixaram as classes DE e 12 milhões alcançaram as classes AB. Atualmente, as classes AB e C correspondem a 74% da população brasileira (Relatório Celetem – Ipsos 2010).

Nesse contexto, as classes C, D e E agora são responsáveis por 76% do consumo no país, movimentando quase 840 bilhões de reais por ano (Data Popular – Congresso de Mercados Emergentes 2010). Contudo, esse crescimento deve ser visto de uma maneira mais crítica. Isso porque, mesmo com o crescimento econômico, o país ainda é um dos mais desiguais do mundo. Na atualidade, 45% de toda a riqueza e renda nacional são de apenas cinco mil famílias (Marcio Pochmann, ―Brasil, o país dos desiguais‖. Le Monde Diplomatique Brasil; ano 1, nº 3; out. 2007).

Observando também esse movimento no contexto global, é inquestionável o crescimento econômico da maioria dos países nos últimos anos. No entanto, é importante lembrarmos que o abismo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento também cresceu significativamente. É o que aponta o último relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que constatou um aumento drástico na distância entre o país mais rico e o mais pobre. O Listentaine ,

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país mais rico atualmente, é três vezes mais rico que o país mais rico no ano de 1970. Já o país mais pobre, Zimbabué, continua sendo o mais pobre desde 1970 e, hoje, é 25% mais pobre do que era em 1970.

O relatório também aponta que crescimento econômico é diferente de desenvolvimento humano e que ele é possível mesmo em países com taxa desacelerada de crescimento. Isso porque países que apresentaram um crescimento econômico exponencial nos últimos anos, como a Brasil, Índia e a China, não originaram automaticamente progresso em outras dimensões sociais. O estudo do PNUD evidencia que essa relação é ainda mais fraca nos países com níveis baixo ou médio do IDH.

A linha da pobreza estabelecida pelo Banco Mundial para uma pessoa ser considerada extremamente pobre é de 1,25 dólares por dia. No entanto na frente de combate à pobreza, o desenvolvimento humano não pode ser visto apenas como um aumento na renda do indivíduo. O papel da renda e da riqueza tem de ser integrado a um quadro mais amplo e completo de êxito e privação de necessidades. Seguindo então essa perspectiva a

pobreza ou privação das necessidades básicas impossibilita o indivíduo de atingir o

pleno desenvolvimento das suas capacidades individuais. ―As pessoas são, ao mesmo tempo, os beneficiários e os impulsores do desenvolvimento humano, tanto individualmente como em grupos‖ (PNUD, 2010). Encarando a pobreza como um problema único sua solução parece impossível, porém ao vela como um problema multifacetado, começamos a perceber que, apesar do incremento de renda que muitas famílias pobres alcançaram nos últimos anos, a grande maioria da população mundial e brasileira continua extremamente vulnerável em três grandes aspectos: saúde, serviços financeiros e educação. Considerando essas três dimensionalidades como propulsoras do desenvolvimento humano traçamos um caminho para as Empresas ofertarem soluções que tenham grande impacto na vida de milhões de pessoas. Concluímos do texto acima que o mercado brasileiro da base da pirâmide é amplo, vem crescendo a cada ano e possui poder financeiro para investir em produtos e serviços. Também concluímos que seus grandes pontos de vulnerabilidade e superação da pobreza que são saúde, serviços financeiros e

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educação, serão nortes para o desenvolvimento destes novos produtos e serviços que querem explorar este grande mercado.

Cases: Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo

Agora com maior entendimento sobre conceitos, evolução, bases históricas e mercado de Empreendedorismo Social e Negócios Sociais vamos partir para análises práticas. Como já mencionamos em diversas ocasiões os Empreendedores Sociais são extremamente práticos e tem grande capacidade de implementação. Não basta que neste curso tenhamos apenas a compreensão do tema, sua evolução na história e seu mercado, temos que ter conhecimento prático para que possamos replicar e difundir estas atitudes inovadoras.

Através de Cases nacionais e internacionais de Empreendedorismo Social vamos conhecer o novos modelos de negócios propostos, os problemas sociais que eles abordarem e como buscaram a escala, a inovação e a lucratividade. É importante que nos atentamos principalmente a como estes negócios

começaram e em que momento e como eles escalaram, pois estes são os dois principais pontos de virada. Vamos aproveitar ao máximo a experiência destes empreendedores para que possamos aplicar seus conhecimentos em nossas próprias atividades empreendedoras.

Vamos dividir estes cases em 2 abordagens: 1) Abordagem de Yunus onde não há divisão de lucros, os empreendedores administram os Negócios e recebem por isto um salário como qualquer diretor e o lucro é totalmente investido no Negócio.

2) Abordagem da Artemisia onde há divisão de lucros, os lucros tem parte investida no Negócio e parte dividida entre os empreendedores.

A abordagem 01 tente mais para o modelo do 3º Setor e a abordagem 02 tende mais para o 2º Setor, porém ambas são Empreendedorismo Social e seguem os preceitos que vemos discutindo até agora. As particularidades de forma de lucro apenas implicam em alguns obstáculos também particulares como por exemplo: no caso 01 é mais difícil engajar a

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empreender profissionais que estão visando no mercado grandes salários ou participações no lucro; já no caso 02 os empreendedores que adotam causas antes adotadas por ONGs e ganham altas somas financeiras com o sucesso financeiro e social de seus empreendimentos são muitas vezes julgados negativamente pela nossa sociedade que ainda é preconceituosa com pessoas que ganham dinheiro fazendo o bem.

Cases Abordagem 01:

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Cases Abordagem 02:

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Existem outros diversos exemplos no Brasil e no mundo, porém vamos nos ater ao exemplos acima pois eles apresentam uma amostra bastante diferenciada e completa destes negócios.

Podemos ver que estudamos negócios na área da: Saúde, Educação, Serviços Financeiros, Tecnologia e Serviços Básicos (como luz), o que nos leva a conclusão que todos eles estão intimamente conectados as necessidade da população da base da pirâmide identificadas na análise de mercado anterior.

Também observamos tanto modelos de negócios em forma de Produtos quanto em forma de Serviços. Percebemos que os modelos em forma de Produto em sua maioria envolvem a formulação do produto por um profissional especialista, o que não significa necessariamente que o empreendedor em si tenha de ser especialista e desenvolver o produto sozinho. O empreendedor social é quem consegue enxergar o problema social, soluções possíveis e oportunidade de modelos de negócios e pode sim formar uma equipe complementar as suas habilidades para viabilizar a ideia de negócio.

Quanto à divisão entre as duas linhas de lucratividade pode-se perceber que se esta não fosse mencionada, as duas linhas iriam se confundir e formar uma unidade pois seguem os mesmo princípios em todos os outros aspectos. Ou seja, um negócio pode surgir em qualquer uma das linhas, pode transitar de uma para outra devido ao seu momento e não deve haver discriminação entre uma e outra.

Também vimos no caso do Banco Pérola como a implementação nacional de modelos internacionais de negócios sociais também pode apresentar grande sucesso para o empreendedor, desde que ele tenha a capacidade de entender a realidade local e adaptar este modelo de Negócios para tal.

Os problemas sociais brasileiros a serem enfrentados são muitos, mas também são muitas as oportunidade de geração de modelos de negócios inovadores.

Vamos abordar a partir dos próximos capítulos alguns temas não centrais mas complementares e também essências para aplicação prática do Empreendedorismo Social, são eles: Internet

como Catalisador do Empreendedorismo Social, O Jovem Brasileiro, Os principais

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Desafios do Empreendedorismo Social no Brasil, Organizações que Suportam

Empreendedores Sociais no Brasil e finalmente Como Tirar uma Ideia do Papel.

Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social

A internet e as redes sociais têm sido recursos importantes para o sucesso e a colaboratividade de diversos Empreendedores Sociais.

Primeiramente pois a internet possibilita que o Negócio atinja um

maior número de pessoas em menos tempo e com menos investimento para

expandir. O publico alvo que a internet possibilita focar é muito maior do que se restringirmos a atuação a uma cidade ou região. Mas para isto o negócio tem de surgir ou ser reformulado para atuar de forma online, o que não é o mesmo que criar um web site para uma Empresa ou Organização. Por exemplo: Um serviço financeiro de micro-financiamento que atua de forma física e tem um web site, como é o caso do Banco Pérola que vimos anteriormente, se diferencia extremamente de um serviço financeiro de micro-empréstimos que atua de forma online como é o caso do Kiva (ver: www.kiva.org). O Banco Pérola mesmo que tenha divulgação de seu trabalho em escala nacional, no modelo de negócios atual que adota, caso queira aumentar seu público alvo terá de expandir sua estrutura física para outras cidades ou regiões. Já o Kiva propõe participação do público em qualquer lugar do mundo através de um sistema de micro-emprestimos que tem suas operações realizadas através de um site, ou seja, as possibilidades de crescimento através do uso da internet como base da empresa são exploradas ao máximo. O que não invalida o modelo do Banco Pérola, são apenas abordagens e públicos alvos diferenciado. A relação de Aumento de Impacto Social X Tempo X Investimento Financeiro tem maior potencial de crescimento quando se utiliza a internet como base operacional. O que também não significa também que esta é a plataforma ideal para todos os problemas sociais ou todos os modelos de negócio. A internet também age como um catalisador quando consideramos os conceitos de open source, em português código aberto, e crowdsourcing, em português co-criação.

Open source ou código aberto é quando uma empresa deixa os códigos de

programação utilizado na criação de seu site, aplicativo ou plataforma abertos para

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que outros empreendedores o copiem e o repliquem. Um dos cases brasileiros mais visível nesta área é o dos negócios online de financiamento coletivo. O modelo de negócio é simples: pessoas de todo o Brasil inscrevem ideias de projetos no site e os usuários do site podem contribuir financeiramente para viabilizar este projeto, contribuições são a partir de R$ 10,00 e sempre oferecem algum brinde ou prêmio para quem contribuiu. Para que o projeto seja viabilizado é preciso que ele engaje diversas pessoas e atinja o valor total proposto, então a Empresa dona da plataforma ganha uma porcentagem do valor arrecadado que geralmente fica entre 5 e 15%. Mesmo que simples, o modelo de negócio exige um site complexo onde são feitas todas estas operações incluindo a operação financeira. Uma das primeiras plataformas de financiamento coletivo do Brasil foi o Catarse (ver: www.catarse.me), que já veio a mercado com código aberto para que todos que quisessem começar um negócio parecido pudessem usar seus códigos ao invés de investir dinheiro no desenvolvimento de um novo web site. Mas isso nos leva a pergunta, porque eles dariam a outros empreendedores o código de seu negócio, porque incentivariam e dariam recursos para formação de concorrência? Através do incentivo ao desenvolvimento de outros sites de financiamento coletivo o serviço que antes era desconhecido pela população é mais facilmente difundido no Brasil e alcançará pessoas que não se consegue atingir a um curto prazo trabalhando sozinho para o desenvolvimento do mercado. Pessoas que antes não tinham ideia de que algo assim existia agora sabem e são potenciais clientes, ou seja, o mercado se torna maior tanto para a empresa quanto para os concorrentes. Este é o caso de apenas um modelo de negócio mas mesmo em outros casos a colaboração só tem a acrescer aos negócios atuais, já está claro para muitos empreendedores que há mercado e nichos de mercado para todos que estiverem apresentado produtos e serviços que supram as reais necessidades da sociedade.

Crowdsourcing ou co-criação é a prática de obter os serviços, ideias ou conteúdo

solicitando contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, a partir de uma comunidade on-line. Muitas vezes usado para subdividir um trabalho, ou conceber um produto ou serviço ou ainda pode ser aplicado em uma busca geral por respostas ou soluções. Esse processo pode ocorrer tanto online como off-line, o conceito geral é a de combinar os esforços de multidões, onde

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cada um poderia contribuir com uma pequena porção, o que aumenta em resultado significativamente pois ao unir pessoas de diferentes idades, grupos, backgrounds, realidades e países, pode-se ter uma visão cada vez mais ampla e completa de como atender a demanda de todos. Embora a palavra "crouwdsourcing" foi usada pela primeira vez em 2006, pode ser aplicada a uma ampla gama de atividades mais antigas. Existe hoje uma boa quantidade de plataformas de co-criação online. Um bom exemplo brasileiro é a ASAP – As sustainable as possible (ver: www.asap.me). A plataformas é focada no desenvolvimento de novos produtos dada a observação de problemas cotidianos e utilizando a co-criação como base de seu modelo de negócios. A ASAP possui ainda uma estrutura off-line para a fabricação destes produtos levando o público alvo a ver o produto co-criado produzido em larga escala. No formato de divisão de tarefas para realização de um trabalho maior temos o exemplo o Jogo Oasis que foi realizado em Santa Catarina em 2011 na reconstrução e assistência a famílias de áreas atingidas pelas enchentes (ver:http://www.youtube.com/watch?v=24JR3cFhZng). Muitas das grandes marcas também já investem em plataformas de co-criação como por exemplo a P&G, que tem uma plataforma global de feedback e co-criação de produtos (ver: https://www.pgconnectdevelop.com.br/).

Para Negócios Sociais este conceito gera uma grande oportunidade pois uma vez que o objetivo do Empreendedor Social é oferecer, em forma de modelo de negócio, uma solução para problemas sociais a oportunidade de co-criar estas soluções com outros empreendedores ou até consumidores pode dar fruto a modelos de negócios ainda mais inovadores e transformadores. Desta forma estamos aplicando os conceito de crowdsourcing na elaboração do Negócio Social mas ele também pode ser aplicado como sendo o próprio modelo de negócio como vimos nos exemplos da ASAP e do Jogo Oasis.

Além de todos os motivos citado anteriormente para a internet ser considerada um catalisador de Negócios Sociais encontra-se a mais básica e talvez mais essenciais contribuições da internet: a formação de uma comunidade global de Empreendedores Sociais. Como já mencionamos o Empreendedor Social existe a pouco tempo e em muitos casos nunca tinha encontrado outro

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Empreendedor Social até pouco tempo atrás. Isto pois eles ainda são raros e estão espalhados pelo mundo. A internet possibilita a integrações destas pessoas em comunidades globais onde há incentivo e suporte a esta classe de empreendedores e também muito importante: compartilhamento de experiências e modelos de negócio. Como exemplo temos a comunidade global The Young Entrepreneurs Concil, em português Conselho de Jovens Empreendedores, (ver: http://theyec.org/), na África a ASEN (ver: http://asenetwork.org) e no Brasil a Geração Muda Mundos da Ashoka (ver: http://gmm.org.br/), ou até iniciativa muito mais simples como uma comunidade no facebook feita pelo Empreendedores Sociais no Canadá (ver: http://www.facebook.com/ysecanada).

Devemos observar desde a concepção de novos modelos de negócios a internet como um recurso e explorá-la ao máximo, se possível a trazendo para o centro do modelo de negócios para ampliar a capacidade de expansão e alcance de escala.

O Jovem Brasileiro

Em média 50% dos empreendedores brasileiros são jovens entre 18 e 35 anos. Considerando este fato vamos analisar uma pesquisa feita sobre o jovem desta faixa etária no ano de 2011 através de uma plataforma online, esta pesquisa chama-se: O Sonho Brasileiro e pode ser encontrada de forma completa no site: http://osonhobrasileiro.com.br/.

http://vimeo.com/30918170

(vídeo O Sonho Brasileiro)

Alguns dados gerados pela pesquisa são:

76% dos jovens brasileiros acreditam que o país esta mudando para melhor O Sonho Profissional é esmagadoramente o maior sonho do jovem brasileiro.

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Esta geração de jovens não vê mais o trabalho como seus pais o viam. Não é só questão de acumulo financeiro e status social para eles. Trabalho é felicidade é sonho.

O sonhos do jovens para o seu país são:

- Sonhos de Reparação:

18% sonham com menos violência "Paz é uma coisa básica, que a gente não tem ainda." 13% sonham com menos corrupção "Meu sonho para o Brasil é ter alguém pra votar que possa chamar de melhor, e não de menos pior." - Sonhos de realização:

10% sonham com emprego 10% sonham com mais igualdade 8% sonham com educação

"Quero que toda criança, todo jovem, todo idoso, tenha a possibilidade de ser igual, sem

diferença social, racial, tenha oportunidade, direito à alimentação, educação, lazer." Como a geração atual enxergar a si mesma:

35% a definem como sonhadora

34% como consumista

31% como responsável

28% como batalhadora

8% como comunicativa

59% dos jovens concordam que tem que pensar em si antes de pensar nos outros 77% dos jovens concordam que seu bem estar depende do bem estar da sociedade onde

vive.

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74% afirmam ―se sentir na obrigação de fazer algo pelo coletivo no seu dia-a-dia‖ 67% dos jovens discordam da afirmação de que ―só pensa em fazer algo pela sociedade

se tiver algum benefício para si próprio‖ 81% dos jovens brasileiros concordam que a união de pessoas que pensam de forma

diferente pode transformar a sociedade. 71% dos jovens brasileiros acreditam que usar a internet para mobilizar as pessoas é uma

forma de fazer política. 81% dos jovens brasileiros afirmam que gostariam de trocar mais experiências com

jovens de outros países. 63% dos jovens brasileiros acreditam que existe uma comunidade global comum ao

mundo todo.

Este jovem busca novos sentidos para as questões básicas da vida e a partir destes

novos sentidos surgem também novos modelos de negócios.

Economia: “Eu acho que o dinheiro é uma ferramenta muito legal pra você criar outras

coisas.” “Claro que é importante, dinheiro é muito importante. A questão é: que tipo de dinheiro, de

onde ele vem e como ele vem.” "Acredito em atividades economicamente viáveis, ambientalmente corretas e socialmente

justas." “O dinheiro foi criado para ser uma moeda de troca e um impulso para a economia e não

um fim acumulativo”

74% dos jovens brasileiros gostariam de ganhar muito dinheiro contanto que sua origem seja honesta ou que o problema não é o dinheiro em si, mas o mau uso que as pessoas fazem dele.

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Empreendedorismo Social aplicado à Economia: 1) Moeda Social: Pensando nisto surgiram alguns modelos de negócio que aplicam o dinheiro de uma outra forma, são as moedas sociais. Dinheiro inventados que são utilizados em comunidades para incentivar as trocas comerciais locais e desenvolver comerciantes e economia local. Como é o caso do: Sampaio - moeda social do Jardim Sampaio, periferia de São Paulo; ou da Cristal - moeda social que circula entre as ONGS que fazem parte da Ciranda Solidária, no Nordeste. O Brasil já possui mais de 50 moedas sociais. 2) Kiva – microlending (pequenos empréstimos): Pensar a origem do dinheiro de uma nova forma também foi uma inovação dos Empreendedores Sociais. Já utilizamos o Kiva como exemplo de microempréstimos mas vamos explicar o modelo um pouco melhor agora. No Kiva empreendedores ao redor do mundo, principalmente de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, inscrevem suas histórias e ideias de negócios na plataforma online. Lá investidores de todos os países podem ler sobre estes negócios e emprestar 25 dólares para ajudar no empreendimento, com os 25 dólares de diversos investidores o empreendedor tem o montante para iniciar ou expandir seu negócio. Com o crescimento do negócio o empreendedor devolve o dinheiro aos investidores que tem o prazer de além de tudo ver um novo negocio surgir do outro lado do mundo com seu empréstimo. 3) Konkero: A Konkero é um site de educação financeira com foco na classe C e D, famílias com uma renda média de 1.200 á 3.400 reais/mês, e procura tornar o conteúdo sobre finanças em algo fácil de compreender e acessar. Foi observado pelo empreendedor Guilherme de Almeida Prado que estas famílias pagavam mais caro por serviços básicos por falta de informação e orientação financeira. O Site já teve mais de 50mil consultas em 1 ano de funcionamento. 4) Amicus: A plataforma americana Amicus ajuda Organizações com causas sociais a usar as redes sociais e a internet para se conectar com seus colaboradores, atrair mais membros e aumentar o engajamento para levantar dinheiro para a causa.

Política: "Uma coisa importante é que a gente já percebeu que dinheiro público é

desviado sistematicamente em todos os âmbitos. A gente já percebeu que quem está lá

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não são as pessoas que atendem às demandas da maior parte da população. Eles

governam tendo como direção as suas próprias demandas, então, uma coisa importante é

a gente atuar independente disso." "Acho que esse é o desafio agora: como é que a gente cria intersecções entre a política

que a gente leva no nosso dia-a-dia e a política de Brasília? Vamos reaproximar esse

negócio." “Uma diferença crucial na nossa geração é o patamar que a tecnologia atingiu, internet é

uma coisa que a gente tem que considerar. É um potencial de partilha mesmo de

informações, de comunicação, um potencial grande que a geração de hoje utiliza e está

aprendendo cada vez mais a utilizar nesse sentido.”

59% dos jovens brasileiros afirmam não ter nenhum partido político de preferência. 71% dos jovens brasileiros concordam que usar a internet para mobilizar as pessoas é um jeito de fazer política.

Empreendedorismo Social aplicado à Política: 1) Voto Como Vamos: Propondo a abertura de um canal de comunicação direto e transparente entre políticos e a população, e possibilidade de opinião e demonstração de apoio ou rejeição popular quanto a propostas de lei que o grupo Porto Alegre Como Vamos empreendeu a plataforma Voto Como Vamos (ver: www.votocomovamos.com.br). Na plataforma os políticos tem um cadastro básico puxado dos dados da prefeitura, porém para completar seus perfis eles mesmos têm que inserir seus projetos de lei e acabam por já se familiarizar com a plataforma. Os políticos que não aderem perdem preferência popular por não estarem interagindo com o eleitor. Uma grande parcela da população que não interagia com a política na cidade de Porto Alegre começou a se engajar pois ao invés dos discursos de horários políticos que de nada diferenciam um do outro estão discutindo reais propostas de lei. A plataforma foi construída com código aberto para que outras cidades possam replicar a iniciativa empreendedora. 2) Purpose: A Purpose é uma incubadora e aceleradora de novas organizações e projetos de mobilização de massas. Ela teve sua primeira sede nos Estados Unidos e desde 2011 está no Brasil com sede no Rio de Janeiro. No mundo tem mais de 2,5 milhões de pessoas mobilizadas através das organizações e projetos acelerados.

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3) GetUp!: A GetUp! Nasceu como uma organização independente na Austrália, com a proposta de engajar cidadãos em torno de causas para o bem comum, A iniciativa ganhou tanto fôlego que se transformou em um dos maiores grupos políticos do país.

Educação: “Não é apenas em escolas e universidades que existe conhecimento. Ele

também pode ser construído e disseminado de outras formas e em outros locais.” “Eu fui me desnudando de muitos preconceitos que eu tinha. Um deles foi da favela,

pensava que as pessoas que não tinham a me oferecer, em matéria de conhecimento. Vi

que o conhecimento não precisa vir de escolas e faculdades, mas também existe no dia-a-

dia. Aprendi a achar conhecimento em lugares que eu achava que não existia.” “A questão não é o excesso de conhecimento. É o excesso de conhecimento aliado à falta

de uso do conhecimento.” “Antigamente, era muito mais forte o latifúndio do conhecimento, de ter e não passar

porque virava concorrência. Passou a ser legal dividir o que você sabe pra que o outro

cresça.”

84% dos jovens brasileiros afirmam sentem falta de locais onde possam aprender além de escolas e universidades.

Empreendedorismo Social aplicado à Educação: 1) CDI Lan: Rodrigo Baggio, brasileiro teve como primeira iniciativa empreendedora criar um fórum online onde os jovens brasileiros poderiam discutira as questões sociais, pensar em problemas e soluções e principalmente compartilhar conhecimento. Com o andamento de seu empreendimento ele percebeu que não estava atingindo os jovens das classes realmente mais atingidas pelos problemas sociais e que mais se beneficiariam o conhecimento construído no fórum. Ele decidiu reformular seu modelo de negócio mas a internet, considerada por ele uma das melhores ferramentas de democratização do conhecimento, ainda seria parte do seu negócio. Foi então que ele montou a CDI – Comitê de Democratização da Informática, um espaço onde crianças e adolescentes pobres usam computadores para discutir a própria realidade e solucionar seus problemas por meio da tecnologia. Ele começou no Rio de Janeiro e hoje a CDI atua em diversos países com unidades dentro das comunidades mais carentes. 2) Geekie: Na escola existem 3 tipos de alunos o que estão acompanhando as aulas no nível em que estão sendo dadas pelos professores e estão se desenvolvendo, os que pegam a

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matéria com uma maior velocidade e ficam desmotivados por não serem estimulados o suficiente e os que pegam a matéria a uma menor velocidade e ficam desmotivados por não conseguirem acompanhar. O Geekie é um software que adapta o estudo segundo as habilidades do aluno e o mantem motivado. Ele também gera relatórios que são compartilhados com os professores. O Geekie é vendido a escolas particulares, e a cada contrato fechado os empreendedores doam o mesmo número de licenças para escolas públicas. Desde 2011 180mil estudantes usaram a ferramenta. 3) Laudex: No México apenas 28% dos estudantes segue para a universidade. A Laudex, mexicana, dá crédito para estudantes de baixa renda fazerem cursos de graduação e pós. 4) Educatel: Em Uganda o Educatel capacita jovens de 16 a 18 anos para se transformarem em empreendedores e agentes de transformação social. Com o apoio de escolas locais, o programa oferece um curso de dois anos com foco em empreendedorismo social e desenvolvimento sustentável.

Trabalho: “A nossa geração também busca estabilidade, ter conforto financeiro, mas eu

acho que a maioria ganharia um pouco menos para, sei lá, surfar, fazer trilha, ter qualidade

de vida.” “Aquele curso realmente é promissor, eu acho que tu sais ganhando uma paulada. Ao

mesmo tempo, de que adianta? Tu vais estar te prostituindo se tu não estiveres fazendo

aquilo que tu gostas” “Usar o trabalho para ter uma atividade social. Os negócios vão ser feitos de uma maneira

diferente, considerando o fator humano.” “Trabalho é uma expressão do „eu‟, do que você é.”

90% dos jovens brasileiros afirma que gostaria de ter uma profissão que ajudasse a sociedade.

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Empreendedorismo Social aplicado ao Trabalho:

Todos os Empreendedores Sociais são apaixonados pelo seu trabalho, reflete o que

eles são, confere realização pessoal através do crescimento do negócio e da

relevância social. Os Negócios Sociais são a reflexão da nova forma do jovem ver o

trabalho. Mas alguns são relacionados a gerar oportunidades de trabalho para a

base da pirâmide como os exemplos abaixo. 1) Fábrica de Aplicativos: O Empreendedor Gregório Marin Jr desenvolveu em 2008 uma plataforma web onde podem ser desenvolvidos aplicativos, sem que a pessoa tenha experiência em programação. E desde 2012 promove oficinas entre jovens de baixa renda que querem aprender a usar a plataforma e desenvolver aplicativos, eles podem então comercializar o aplicativo desenvolvido e obter renda com isto. 2) iOnPoverty: Criado nos Estados Unidos o portal de vídeos iOnPoverty conecta jovens recém-formados e empreendedores bem sucedidos. O site traz depoimentos de líderes de organizações e dicas para empregos e carreiras, tudo isto buscando aumentar as chances do jovem achar a carreira desejada e se dar bem nas entrevistas. Como observamos na pesquisa O Sonho Brasileiro, o jovem brasileiro está engajado na mudança social e na busca por novas formas de trabalho e de vida. Em média 50% dos empreendedores brasileiros têm de 18 a 35 anos e entender os sonhos e necessidades dessa parcela da população faz parte de entender as tendências do mercado de Empreendedorismo e Empreendedorismo Social.

Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil

Segundo pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor – GEM (em português: Monitoramento de Empreendedorismo Global), coordenada pela London Business School da Inglaterra e pelo Babson College dos Estados Unidos, em uma lista de trinta e quatro países, o Brasil está entre os sete que mais empreendem, ao abrir novas empresas. Esta característica empreendedora do brasileiro foi confirmada por pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2004), que constatou que, anualmente no Brasil, são constituídas em torno de quatrocentas e setenta mil novas empresas. Entretanto, os

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dados de 2000 mostram que depois de três anos de vida, 60% das empresas fecham suas portas SEBRAE (2004).

Dentre as causas do fechamento destas empresas, destacam-se, em quase 60% dos casos, aquelas classificadas como de origem gerencial. Tais causas estão relacionadas à falta de planejamento na abertura do negócio, levando o empresário a não avaliar, de forma correta, fatores importantes para o sucesso ou fracasso do empreendimento, tais como o fluxo de caixa, recursos e o potencial dos

consumidores (real necessidade do produto/serviço), dentre outros fatores. Uma rápida análise dos dados do GEM e do SEBRAE permite identificar um lapso entre o perfil empreendedor dos micro empresários brasileiros em geral e o dos profissionais titulados pelas Escolas de Administração do Brasil, que, até alguns anos atrás, formavam pessoas para trabalhar em grandes empresas. Hoje, com a redução dos postos formais de trabalho que se identifica no Brasil, o empreendedorismo passa a ser visto como uma opção de carreira e uma forma de absorver os diplomados que não conseguem se colocar no mercado de trabalho. Identifica-se, portanto, a necessidade de criação de um novo perfil profissional, destinado a ocupar um espaço capaz de canalizar este desejo empreendedor dos brasileiros. Cabendo às instituições educadoras e, mais especificamente, aos educadores, contribuir para o desenvolvimento de uma educação empreendedora, incentivando os alunos a explorarem o espaço potencial para o empreendedorismo no país. É muito importante para isto a distinção do personagem administrador e empreendedor, a confusão entre estas é um dos motivos que leva a falência da empresa por causas gerenciais.

Sobre os problemas dos cursos de Administração atuais no Brasil:

a) os graduados de Administração carecem de formação prática; b) os conhecimentos dos graduados em Administração são genéricos e superficiais;

b) os cursos de Administração estão dissociados das necessidades do mercado;

c) os cursos de Administração proporcionam ensino desatualizado e não criativo;

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d) os cursos de Administração não integram os conhecimentos das várias atividades de uma organização empresarial.

O empreendedorismo em muitas universidades foi absorvido pela grade curricular do curso de Administração como uma disciplina. Como temos visto no decorrer deste curso o Empreendedorismo em si é muito complexo e o Empreendedor para praticar a atividade precisa desenvolver características bastante específicas e que exigem uma qualificação profissional individual ao invés de atrelada a um curso existente. Algumas universidades Brasileiras já identificaram esta incompatibilidade do tema Empreendedorismo com a carga horária e aprofundamento de uma disciplina e o transformaram em um curso de graduação. São exemplos de universidades brasileiras onde encontramos formação em empreendedorismo: USP, PUC, FGV, entre muitas outras. Porém no que tange o Empreendedorismo Social não existe hoje nenhuma universidade que ofereça um curso de graduação na área. Em alguns cursos de Empreendedorismo há uma disciplina dedicada ao Empreendedorismo Social.

Mesmo que não haja curso de graduação existem algumas opções para aprofundar conhecimentos sobre o tema, são elas:

Programa Dignidade: Curso gratuito da Fundação Don Cabral – FDC em Belo Horizonte. O programa dura em torno de 2 anos e da foco em como criar produtos ou serviços que contribuam para a redução da pobreza. MBA em gestão de Negócios Socioambientais: Especialização de 1 ano e meio para empreendedores voltados para a sustentabilidade e geração de valor socioambiental. Tem um custo de R$ 27,390,00 e é promovido pela Artemísia, pelo Ceats (Centro de Empreendedorismo e Administração em Terceiro Setor) e o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas). Yunus ESPM Social Business Center: Lançado neste ano de 2013, terá cursos de extensão relacionados à temática de Negócios Sociais e segundo a administração da faculdade a demanda surgiu dos próprios alunos. Como ainda não foram lançados os cursos disponíveis não informações de valores. O tema empreendedorismo foi popularizado em 1945 pelo economista Joseph Schumpeter como sendo uma peça central à sua teoria da Destruição criativa e só agora surgem formações

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nesta área. Se seguirmos a mesma lógica considerando Muhammad Yunus como grande difusor do conceito Empreendedorismo Social em 1976 com a criação do Grameen Bank, ainda teremos de esperar mais 20 ou 30 anos para que surja o primeiro curso de graduação em Empreendedorismo social. Com esta preocupação que atuam organizações como a Ashoka e a Artemisia que buscam formar estes empreendedores em cursos próprios. A Artemisia ainda vai um passo além promovem um movimento chamado Movimento Choice, onde jovens universitários são selecionados para difundir o conceito de negócios sociais e empreendedorismo social dentro das universidades através de workshops e palestras. A Artemisia acredita que despertando o interesse do jovem universitário estará criando a demanda de cursos de formação na área, demanda esta que terá de ser atendida pelas universidades brasileiras.

No que tange a atividade empreendedora no Brasil, faz-se necessário relacionar algumas limitações, além das questões de falta de educação apropriada, à prática do empreendedorismo social. Dessas limitações, 60% delas concentram-se em três condições básicas: falta de apoio financeiro, políticas governamentais inadequadas ou

inexistentes e questões éticas e de pré-conceito populares. Quanto à falta de apoio financeiro ela se aplica tanto ao empreendedor tradicional quanto ao empreendedor social e sua principal solução se encontra em criar serviços financeiro que apoiem a atividade empreendedora. O Banco Pérola, em 3 anos de existência, já concedeu microcrédito a mais de 100 mil empreendedores do Rio de Janeiro apenas. As instituições de microcrédito são uma grande alternativa para incentivo a novos empreendedores e não apenas porque oferecem empréstimos em pequenas somas financeiras e baixos juros, mas porque não exigem garantias que os grandes bancos pedem e geralmente oferecem um serviço de aconselhamento e acompanhamento, essencial para os empreendedores com menos experiência. A difusão do modelo de microcrédito pode fazer a diferença para o Brasil, mas também existem outros modelos como o financiamento coletivo que e muito ser explorados para este fim. Outra forma de apoio financeiro são as instituições que dão suporte ao empreendedorismo social como a Artemisia e a Ashoka. Ou seja, existem e ainda podem ser idealizados diversos serviços financeiros de qualidade mas uma importante

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consideração a resaltar é a importância da idealização de modelos de negócio de baixo investimento inicial e alta escalabilidade, ou seja, negócios onde não é necessário muito investimento para começar e seu modelo permite um retorno financeiro e crescimento rápidos. Já quanto a políticas governamentais inadequadas ou inexistentes o tópico é bem claro. Deveriam existir no Brasil políticas de incentivo às empresas cuja atividade principal estiver focada na solução de um problema social ou ambiental. Estas empresas estão contribuindo com o progresso social, diferente de muitas outras que estão apáticas ou intervindo negativamente para com a sociedade. Elas estão assumindo o papel de empresa, governo e organização social e deveriam, apoiadas nisto, ter incentivos diferentes de uma empresa tradicional. Também temos mais 3 superações a serem alcançadas para o sucesso do empreendedorismo social no Brasil, estas são questões relacionadas á ética e pré-conceitos populares: 1) ―Visão assistencialista e filantrópica do trabalho em prol da sociedade‖: quando se fala em trabalhar em prol do desenvolvimento social o brasileiro logo associa a atividade ao assistencialismo ou a filantropia. O desafio esta em difundir o trabalho em prol do progresso social como uma alternativa de profissão e atividade econômica.

2) ―Atitude protecionista e vitimização da população carente‖: os empreendedores sociais precisam ver as classes carentes como consumidores, que eles são, consumem desde serviços básicos até lazer como todos nós, apenas não são oferecidos atualmente serviços dedicados a eles e de qualidade. O empreendedor social desenvolve produtos e serviços de qualidade para estas classes e cobra o preço justo por isto. O fato do produto ou serviço ser cobrado, faz com que as pessoas observem o seu valor. Caso o produto ou serviço seja doado elas apenas consumiram enquanto for de graça e por consequência disto, caso o produto não seja mais doado (caso a instituição filantrópica tenha suas doações cortadas), o impacto social terá fim. Ou seja, não é um modelo sustentável. É a velha história do 1 dólar de Muhammad Yunus (ver título O que não é Empreendedorismo Social)

3) ―Vilanização do empreendedor que ganha dinheiro vendendo para população carente‖: Mesmo que o produto ou serviço oferecido pelo empreendedor esteja melhorando a qualidade de

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vida de uma comunidade, o fato de ele ganhar dinheiro com isto é visto como se ele estivesse ganhando dinheiro ―em cima‖ dos pobres. Se esta visão não cair teremos menos empreendedores se dedicando ao empreendedorismo social e à transformação social. Se o CEO da Coca Cola pode ficar rico vendendo Coca Cola, porque um empreendedor social não pode ficar rico vendendo Incubadoras de baixo custo à parteiras na Índia como os empreendedores do Embrace?

Vamos revisar, quais são os maiores obstáculos dos Empreendedores Sociais no Brasil?

Falta de educação apropriada; Falta de apoio financeiro;

Políticas governamentais inadequadas ou inexistentes Questões éticas e de pré-conceito populares.

Cases: Aprendendo com outros Países

Em se tratando de Negócios Sociais a Índia tem sido o maior centro de Inovação na área, isto devido a ter sido o berço do conceito e também da grande necessidade de soluções para a base da pirâmide, que constitui grande parte de sua população. Mas existem alguns outros países com os quais podemos aprender algumas coisas sobre como criar um ambiente favorável ao empreendedorismo em geral, são eles: Israel, Chile e Estados Unidos.

Israel, também chamado de startup nation (nação das startups), graças aos volumosos recursos destinados a desenvolver os setores de defesa, energia e tecnologia espacial. Isarel é o segundo berço de startups no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Cerca de 80% das 4.000 em pesquisa e desenvolvimento foram criadas nos ultimos dez anos, devido a um investimento público de cerca de 4,5% do PIB (10 bilhões de dólares ao ano). A universidade de Jerusalém é a maior incubadora do país e recebe ao ano 1 bilhão de dólares em royalties e gera cerca de 2 bilhões de dólares em venda de tecnologia.

O Chile tem uma economia estável e saneada, com um crescimento médio de 5%. O ambiente é atraente para o empreendedorismo principalmente por causa dos do peso

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reduzido dos encargos sociais das empresas e da presença de mínimas entraves burocráticas. É conhecido pela facilidade de se abrir um negócio, pois os trâmites legais duram apenas 8 dias, quando no Brasil duram 119 dias. O governo estimula intensamente startups com recursos e principalmente condições de trabalho. Além disso possui na Startup Chile um programa que traz talentos estrangeiros para trabalharem em startups no Chile por seis meses, oferecendo assim benefícios para os dois lados.

A valorização da iniciativa individual e presença mínima do Estado na economia estão na própria formação da identidade nacional dos Estados Unidos. Os custos de produção são muito menores que no Brasil pela quase inexistência de obrigações trabalhistas e carga tributária relativamente baixa. O Vale do Silício é um exemplo disso pois não há gastos nenhum necessários à instalação de empresas, além de ser próximo a Universidade de Stanford que oferece alta qualidade de ensino. É uma cultura voltada a experimentação, inovação e tolerância ao erro. Motivo pelo qual neste ambiente que surgiram grandes empresas como Google, Facebook, Apple e Intel.

Quanto a posição no Brasil neste panorama mundial podemos observar os seguintes rankeamentos:

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Existem bons exemplos mundiais e tantos estes quantos os índices apresentados nos relatórios acima podem ser utilizados como princípios guias para uma reforma no ecossistema de empreendedorismo brasileiro. Mas para isto é necessário uma conscientização tanto to governo, para fazer estas mudanças essenciais, quanto da população, para ressaltar esta demanda.

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Organizações que Suportam Empreendedores Sociais no Brasil

Ao despertar interesse no ramo do Empreendedorismo Social é importante conhecer as organizações brasileiras que apoiam e suportam este tipo de atividade, além de como elas o fazem para saber qual melhor se adapta as necessidades específicas do seu negócio.

Endeavor: A Endeavor é uma organização internacional sem fins lucrativos que começou nos EUA no ano de 1997. Em 2012 ela já está presente em 17 países, sendo um deles o Brasil. No Brasil, desde 16 de junho de 2000, conecta empreendedores com grande potencial a uma rede de voluntários composta pelas principais lideranças empresariais do país, que os orienta a crescer rapidamente e gerar milhões de empregos. A Endeavor está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife.

Inspiração: O Espírito empreendedor é o motor da mudança. Questiona a realidade, inspira a inovação, contagia e faz acontecer a evolução. Vai que dá!

Missão: Promover um ambiente que favoreça a cultura empreendedora e multiplique empreendedores que transformam o Brasil.

Características dos Empreendedores Endeavor:

Sonham grande Têm "brilho no olho" Inovam Botam pra fazer São éticos São empreendedores de alto impacto

Modelo de suporte ao Empreendedor:

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Alguns resultados em nível de Brasil:

Empreendedores Endeavor: + de 100 Receita gerada por empresas Endeavor: R$ 2.4 bilhões Empregos gerados por empreendedores Endeavor: 14.5 mil Eventos de capacitação 12 mil participantes

Ashoka:

A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais – pessoas com ideias criativas e

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inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. Presente em mais de 60 países e criada na Índia em 1980, pelo norte americano Bill Drayton, a Ashoka trabalha com diferentes públicos comprometidos com a mudança do mundo. Além de uma rede ampla de empreendedores sociais, a Ashoka promove protagonismo, transformação e empatia em diversas esferas na sociedade. Empreendedores Ashoka: Os empreendedores sociais da Ashoka fazem parte de uma rede mundial de intercâmbio de informações, colaboração e disseminação de projetos composta hoje por mais de 3500 empreendedores localizados nos diversos países em que atuam. No Brasil, compõem a rede cerca de 320 empreendedores sociais. A Ashoka seleciona empreendedores sociais nos diferentes estágios de desenvolvimento de suas ideias e o investimento é realizado em pessoas, e não em projetos. Formas de atuação: Para concretizar sua missão, a Ashoka estrutura a sua atuação mundial na interação de três pilares: o empreendedorismo dos líderes sociais, o empreendedorismo de grupo e o apoio à infraestrutura do setor social.

1. Empreendedorismo dos líderes sociais A Ashoka identifica e investe em empreendedores sociais – indivíduos com ideias criativas e inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. Processo:

• Identificar e investir no indivíduo, estimulando o lançamento de suas ideias, sua constante inovação e competência durante toda a sua carreira; • Integrá-lo a uma Rede Local Global de Empreendedores Sociais; • Contribuir para a profissionalização, eficiência, crescimento e sustentabilidade de sua organização.

2. Empreendedorismo de Grupo – colaboração e maior impacto social A Ashoka reúne grupos de empreendedores sociais para, em colaboração, potencializar e multiplicar ações positivas.

O objetivo do trabalho em conjunto é somar competências e disseminar ideias inovadoras, tendo como perspectiva influenciar mudanças em diferentes áreas de atuação do setor social. Entre

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os programas e ações de incentivo ao trabalho colaborativo destacam-se:

• Integração das Redes Local, Continental e Global de Empreendedores Sociais

• Projetos Colaborativos e de Intercâmbio

• Eventos Temáticos

3. Infraestrutura e nova arquitetura para o setor social É necessário desenvolver a infraestrutura de que o setor social precisa para fomentar a inovação e a produtividade.

Esse fundamento é o alicerce do terceiro e mais ambicioso pilar que estrutura a atuação da Ashoka. Entre as iniciativas derivadas desse pilar destacam-se:

• Centro de Competência para Empreendedores Sociais Ashoka-McKinsey (CCES)

• Iniciativa Base de Cidadania

• Serviços Financeiros Alternativos

• Revista Eletrônica Changemakers (www.changemakers.org)

• Cidadania Econômica Plena

• Iniciativa Justiça para Todos

Artemísia:

Organização pioneira e referência em negócios sociais no Brasil, a Artemisia potencializa e capacita talentos e empreendedores para a geração de negócios de alto impacto social por meio de iniciativas nas áreas de educação, disseminação de conhecimento e aceleração de negócios sociais. Foi fundada em 2004 pela Potencia Ventures dos EUA. Visão: Brasil como um polo internacional de negócios de alto impacto social. Modelo: Trabalha em 2 áreas principais, Formação e Aceleração de Negócios Sociais. 1. Formações

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Usina de Ideias: A Usina de Ideias é uma formação que desenvolve e articula pessoas para construir ou fazer parte de negócios com impacto social, por meio do conhecimento teórico, troca de experiências com atuais empreendedores neste campo e cocriação e teste de ideias de negócio social com uma comunidade de baixa renda.

Movimento CHOICE: CHOICE é um convite para universitários inquietos, inovadores ou empreendedores fazerem parte da geração que está mudando a forma de fazer negócios. Eles aprendem sobre a temática, sobre liderança e facilitação e disseminam este conhecimento através de workshops e eventos dentro das universidades onde estudam.

Formação Virtual em Negócios Sociais: Introduz o conceito de negócios sociais, proporcionando aos participantes compreender os desafios e inovações dos negócios com impacto social, através de um estudo de caso e da visão de diferentes atores.

2. Aceleradora de Negócios Sociais

A Aceleradora de Impacto é o programa da Artemisia que identifica empreendedores experientes, com forte intenção de gerar impacto social, seleciona os melhores negócios sociais em estágio inicial, com alto potencial de crescimento, e acelera-os por meio de um programa intensivo de 6 meses, que oferece:

formatação do modelo de negócio, acesso a rede de mentores, capacitação da equipe e conexões com investidores, gestores e parceiros.

Desde 2011, participaram da Aceleradora de Impacto 26 startups de 11 cidades de todo o Brasil. Resultados:

Foram mais de 500 mil pessoas das classes CDE impactadas, R$18 milhões de investimento recebidos e mais de 80% de aumento de receita, e para alcança-los, receberam mais de 800 horas de mentoria e 170 horas de capacitação da equipe.

Cada uma destas organizações possuem um foco ou trabalho um pouco diferenciado porém estão trabalhando em prol de um objetivo em comum: o desenvolvimento do Setor 2,5 e a multiplicação de atividades de Empreendedorismo Social. Basta que na hora de buscar suporte o Empreendedor procure a organização que melhor suporte atenda a seus objetivos específicos e no momento específico de seu desenvolvimento ou desenvolvimento do seu negócio.

Fundos que Investem em Negócios Sociais no Brasil

Neste ano a previsão é que 250 milhões sejam investidos em Negócios Sociais. No mundo este valor chega a 9 bilhões de reais, 1 bilhão a mais que em 2012, segundo levantamento do banco J.P. Morgan. E muito embora, apenas nos últimos 12

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meses surgiram 3 dos 6 principais fundos/bancos brasileiros que investem em Negócios Sociais, ainda temos muito chão a percorrer para alcançar um ecossistema favorável para que o Brasil se torne um destaque neste mercado. O valor investido hoje representa apenas 0,01% do capital disponível no mercado.

Abaixo faremos uma breve explanação do foco de investimentos e oportunidades para o ano de 2013 oferecidos por tais entidades.

Vox Capital: Foco de Investimento: O fundo tem como foco modelos de negócios lucrativos e com potencial para gerar grande impacto social. O Vox Capital atua desde 2009 e é atualmente a maior referência brasileira nesta área.

Oportunidades para 2013 - Neste ano tem meta de investir em 3 empresas em troca de participação acionária, um total de 5 milhões para cada uma, e mais 4 empresas na forma de dívida conversível, neste caso um total de 150mil reais. (ver: www.voxcapital.com.br)

Sitawi: Foco de Investimento: Atua como um banco fazendo empréstimos á negócios que causam impacto socioambiental como: saúde, geração de renda, cultura, ambiente e direitos civis. Trabalha com uma taxa de 7,25% ao ano e atua desde 2006 na área.

Oportunidades para 2013 – Neste ano reservou entre 1,5 e 2 milhões de reais para empréstimos. (ver:www.sitawi.com.br)

Kaeté: Foco de Investimento: Começou a operar em janeiro deste ano e tem foco em Negócios Sustentáveis.

Oportunidades para 2013: Tem como objetivo selecionar de 2 a 3 empresas para aportar de 5 a 20 milhões de reais em cada uma. Em 3 anos a meta é adicionar mais 10 empresas. (ver: www.kaeteinvestimentos.com.br)

Instituto Ventura: Foco de Investimento: Investe em negócios que criam tecnologia, produtos ou serviço inovadores voltados para a sustentabilidade. Algumas das áreas de interesse são: agricultura sustentável., produção orgânica, reciclagem e energias renováveis.

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Oportunidades para 2013: Neste ano tem como objetivo investir em 5 empresas, sendo 100mil reais cada. (ver:www.ventura.org.br)

Vistuose: Foco de Investimento: Começou a operar no final de 2012 e tem como foco negócios sociais focados em educação para a população de baixa renda. É um fundo que não acredita na distribuição de lucros entre os acionistas e sim em se recapitalizar para investir em novas empresas.

Oportunidades para 2013: Neste ano irá investir 4 milhões de reais em 2 empresas. (não possui website)

First Impac Investing: Foco de Investimento: O fundo começou a operar também este ano e tem como foco negócios de alto potencial de escalabilidade nas áreas de: educação, saúde, serviços financeiros e habitação. Trabalha também por meio de compra de participação acionária.

Oportunidades para 2013: Pretende investir em 3 negócios, sendo cada um entre 10 e 50 milhões de reais. (ver:www.fircapital.com) É essencial conhecer as oportunidades de investimento do mercado brasileiro ao se pensar em ser um empreendedor social, porém a pergunta relacionada a este tema que mais assombra todo e qualquer tipo de empreendedor é ―quando procurar investimento?‖ É preciso observar que não estamos sozinhos, todas estas organizações e fundos apresentados acima estão aqui para fomentar o crescimento dos Negócios Sociais e dar apoio aos empreendedores. Para buscar o apoio de uma organização como a Artemisia, Endeavor e Ashoka não é preciso estar em determinada faze de desenvolvimento da sua ideia ou de seu negócio, estas organizações possuem modelos de suportes que se adaptam ao estágio de diferentes empreendedores e, principalmente, querem encontrá-los e apoiá-los.

Já para buscar capital de investimento para o seu negócio é preciso apresentar outro nível de evolução do negócio, como por exemplo: um modelo de negócios bem definido, e não ainda em testes; clientes/consumidores e renda que comprovem o valor deste produto ou serviço para a sociedade; e principalmente saber onde está o potencial de escalabilidade da empresa, pois um fundo só irá aportar dinheiro em um negócio que sabe onde tem que

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investir para que possa crescer em grande escala. Não precisamos de ótimas soluções que vão melhorar a vida de 100 ou 200 pessoas, precisamos de ótimas soluções que vão impactar na vida de milhares de pessoas.

Aceleradoras e Incubadoras de Negócios Sociais no Brasil

Estamos acostumados a ouvir sobre incubadoras de empresas, mas temos ouvido falar bem mais sobre aceleradoras. Isso acontece porque se acredita hoje que podem existir soluções diferentes além da incubação para apoiar empresas nascentes, justamente porque empresas com estágios e objetivos diferentes precisam de apoio de formas diferentes.

Veja algumas características e diferenças de cada modelo:

1. Normalmente, incubadoras buscam apoiar pequenas empresas de acordo com alguma diretiva governamental ou regional. Por exemplo, incentivar projetos de biotecnologia devido à proximidade de algum centro de pesquisa nessa área, ou fomentar a indústria de telecomunicações em uma região que precisa de expansão nesse setor. Aceleradoras, por sua vez, são precisam ser focadas não em uma necessidade prévia, mas sim em empresas que tenham o potencial para crescerem muito rápido. Justamente por isso, aceleradoras buscam startups escaláveis (e não somente uma pequena empresa promissora). Mesmo não sendo focadas em uma necessidade prévia estabelecida pelo governo, as aceleradoras podem e geralmente têm focos de seleção de empresas.

2. Incubadoras pedirão seu plano de negócio, e aceleradoras estudarão e irão ajudar no aprimoramento do seu modelo de negócio. Isto pois a verba, pública ou de universidades, que normalmente apoia as incubadoras pede maior formalidade e transparência na avaliação de projetos.

3. Aceleradoras são lideradas por empreendedores ou investidores experientes, enquanto incubadoras têm gestores com experiência em mediar o poder público, as universidades e empresas.

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4. As aceleradoras usam capital privado para seu próprio financiamento. Já as incubadoras dependem de verba pública ou de universidades/institutos para seu financiamento e d seus incubados.

5. Enquanto aceleradoras são fortemente apoiadas em sessões de mentoring, seja em palestras ou conversas pessoais entre empreendedor e mentor, as incubadoras são fortemente baseadas no modelo tradicional de consultores, que são contratados para apoiar incubados com um preço com desconto, pois irão atender um volume maior de empresas que estão juntas na incubadora.

6. Aceleradoras focam em negócios já prontos, ou quase prontos, para serem acelerados e atingirem escala. Já incubadoras podem selecionar negócios que ainda estão em fase inicial.

A maioria das grandes universidades brasileiras possuem incubadoras em seus campos universitários. Algumas destas incubadoras possuem programas especialmente voltados á Negócios Sociais como é o caso da PUCRS, localizada em Porto Alegre – RS, que possui a incubadora TECNOPUC, para negócios tradicionais, e a Incubadora Raiar, para negócios sociais. Porém existem no Brasil algumas aceleradoras e incubadoras focadas somente em negócios sociais, elas estão identificadas abaixo:

Aceleradora Artemisia: Sua forma de seleção e foco foram explicados anteriormente. Seu programa de aceleração dura 6 meses e foca em: aprimorar o modelo de negócio, capacitar os empreendedores e conectar com investidores. Desde 2007 já teve 61 negócios acelerados e em 2013 pretende selecionar 20 empresas para o programa.

Pipa: Uma das aceleradoras do programa Start UP Brasil, do governo federal, procura empresas que foquem no conceito de valor compartilhado, causem impacto na sociedade e tenham faturamento até 2 milhões por ano. Trabalha com um programa

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de mentoria e conexão com investidores e este ano irá selecionar 10 empresas. (ver: http://pipa.vc)

Purpose: É uma incubadora de negócios sociais, mas oferece consultoria e em alguns casos faz também investimentos. No Brasil já investiu em 3 empresas e busca negócios focados na mobilização social, colaboração e compartilhamento de informações. (ver: www.purpose.com)

NESsT: Organização internacional que desenvolve negócios sociais iniciantes e de alto impacto. Os empreendedores são selecionados através de uma competição e ganham, além de 20 mil reais, 1 á 3 anos de incubação. (ver:www.nesst.org/brazil)

Swap: O programa chegou ao Brasil este ano e irá selecionar 6 empresas que receberão 1 ano de consultoria e até 100 mil reais cada. (ver: www.quintessa.com.br/swapbrasil)

Projeto Visão de Sucesso: A cada semestre o programa escolhe 20 empresas focadas ou em oferecer produtos e serviços para a base da pirâmide, ou em incluir a base da pirâmide em sua cadeia produtiva. Pelo período de um ano elas recebem capacitação da Endeavor e do Itaú. (ver: http://projetovisaodesucesso.com.br)

Tirando as Ideias do Papel

Antes de tirar qualquer ideia de Empreendedorismo Social existe uma primeiro e crucial pergunta que você deve se fazer, pois o restante todo pode ser trabalho e pensado para se chegar a um modelo de negócio de sucesso. Se você acompanhou este curso até aqui provavelmente sabe qual é esta pergunta.

Pergunta chave: O meu negócio esta solucionando algum problema ou suprindo alguma necessidade da sociedade?

Caso a resposta seja sim, podemos evoluir para os outros passos de como tirar sua ideia do papel, caso seja não sugiro que você: retome a análise dos cases aqui apresentado; busque novos cases para ter ideias de negócios; mas principalmente retome a análise dos problemas que cercam a sociedade onde você se insere.

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Demais passos para tirar uma ideia do papel:

Acredite na sua ideia. Não ao ponto de ficar cego para opiniões alheias, mas não desanime ao primeiro obstáculo e a primeira pessoa que o chamar de louco (a maioria dos Empreendedores Sociais hoje bem sucedidos já foi chamado de louco)

Esteja ciente de seus pontos fortes e fracos e busque colaboradores para supri-los. Você aprendeu sobre o perfil de um empreendedor social e sabe as características que a vocação exige. Também sabe que competências técnicas ou não seu modelo de negócio em específico vai demandar. Não tenha medo de identificar estes gaps e procurar outros empreendedores que compartilhem sua causa para compor uma equipe.

Não tenha medo de arriscar e utilizar modelos e estratégias inovadoras, o medo da falha impede a inovação e a falta de inovação impede o crescimento. Arrisque, mas de forma calculada e capaz de mensurar falhas e acertos para que se for necessário um ajuste você saiba onde atacar.

Não hesite em começar, crie um mínimo produto viável (MVP), do seu negócio. O MVP nada mais é que o seu modelo de negócio em sua versão mais básica e apenas para teste de mercado, ao invés da versão completa e detalhada que você imagina para o futuro.

Teste seu MVP com um público alvo reduzido para conhecer seu feedback e a aceitação do mercado antes de investir altas somas no negócios. Negócios extremamente inovadores não podem se utilizar de pesquisas de mercado para avaliar sua probabilidade de sucesso uma vez que seu nicho de mercado é geralmente novo, por isto a importância do teste. Muhammad Yunus testou seu modelo de negócios com apenas 42 mulheres antes de investir nele.

Fique atendo a mudanças e novos direcionamentos que possam transformar seu modelo de negócio. Também por estarmos trabalhando com novos mercados nem sempre acertamos todas as faces da nossa solução no primeiro modelo lançado ao mercado. Ë muito importante a mensuração da aceitação e estar atento a feedbacks para adaptar e melhorar seu produto ou serviço.

Escreva seu “Modelo de Negócios” para conhecer melhor a essência de seu negócio, assim como seu diferencial, sua proposta de valor e os fatores críticos de seu sucesso. Não é aconselhável que no caso de Empreendedorismo ou Empreendedorismo Social se utiliza como Modelo de Negócios o Plano de Negócios Tradicional. Falaremos no título seguinte sobre Modelos de Negócios mais adequados a atividades empreendedoras e abertura de novos mercados.

Modelos de Negócio

Na extra tradicional de Modelo de Negócio utilizada no Brasil, o Plano de Negócios, observamos itens muito rígidos como: analise de concorrência, analise do terreno ou região de implantação e analise do mercado consumidor, que acabam bloqueando a criatividade e qualidade do Modelo de Negócios. Em se tratando de Empreendedorismo Social muitas vezes, por ser tratar de um mercado novo pode não haver concorrência direta, ele pode também funcionar de forma online o que anula uma análise de terreno e por ser um produto ou serviço novo é quase impossível se conhece o potencial de mercado consumidor através de dados disponíveis em pesquisas online voltadas para mercados existente. Em resumo, o Plano de Negócio é ultrapassado para este tipo de atividade e não dispõe das ferramentas necessárias

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para composição de um modelo de negócio na área de Empreendedorismo Social ou Negócios Sociais. Outra crítica é a extensão do Plano de Negócios que chega a apresenta quase 50 páginas em alguns casos. Para se ter a visão do todo é preciso ver o todo e não é humanamente possível que alguém consiga estar ciente do que está naquelas 50 de descrição de negócios. Precisamos exercitar nossa capacidade de enxergar a o que é mais importante, o que é crucial para o sucesso do negócio.

Visando então uma maior flexibilidade e visão do todo em Modelos de Negócios foi criado o Bussiness Model Canvas. O Business Model Canvas – você também pode encontrar como BMGen Canvas ou simplesmente Canvas – foi criado por Alexander Osterwalder e apresentado ao mundo no livro Business Model Generation. Ele é uma ferramenta bastante abrangente, permitindo representar qualquer Modelo de Negócio possível e suas relações. Desta forma, ele vem sendo usado desde em startups até empresas gigantes como uma ótima ferramenta de inovação.

A ideia principal do modelo é colocar em uma folha todos os fatos essenciais para o funcionamento do seu Negócio. Comparado aos Plano de Negócios de 50 páginas pode parecer mais simples, mas a conclusão não é verdade, muitos empreendedores demoram anos para achar o Canvas ideal de seu modelo de negócio. É preciso muita capacidade analítica e de sintetização, cortar a gordura extra e identificar qual o essencial e o diferencial do negócio.

Segue abaixo um esquema artístico e funcional de como funciona o aplicar o Canvas:

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BUSINESS MODEL CANVAS

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Existe uma variação criada a partir do Canvas que é o Lean Canvas. O Lean Canvas foi criado por Ash Maurya com objetivo de dar maior foco aos aspectos considerados mais arriscados na criação de um negócio que envolva novos mercados, produtos e serviços. E para manter a característica visual já conhecida pelos empreendedores, o que o Ash fez foi substituir 4 dos 9 blocos do Canvas. Na figura abaixo você pode ver quais foram os blocos alterados:

LEAN CANVAS

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O Porquê os quadros tirados foram removidos?

Atividades Chave e Recursos Chave: Estas duas caixas eram mais para o exterior do que focadas no empreendedor, isto é, ajudavam a olhar de fora para entender o que a startup fazia. O conteúdo da caixa Atividades Chave pode e deve ser derivado da caixa Solução depois que o MVP passou por algum teste/validação inicial. Fazer produtos hoje em dia não consome tantos recursos (físicos) como acontecia antes. Com o advento da Internet, Open Source e globalização, precisamos de menos recursos para por um produto no mercado. Isto faz com que a caixa Recursos Chave se alinhe mais perto de Vantagem Injusta. Mas enquanto um Recurso Chave pode ser uma Vantagem Injusta, nem todas as Vantagens Injustas são Recursos Chave. Customer Relationship: Qualquer produto deve ser desenvolvido direto com o relacionamento com o cliente depois então feita a identificação apropriada do caminho até os clientes. Isto parece ser mais bem capturado pela caixa Canais de distribuição. Parceiros Chave: Esta caixa é aquela que cria a maior parta das discussões. É verdade que o sucesso para alguns tipos de

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produtos se baseia em primeiro estabelecer os corretos parceiros chaves. Por exemplo, construir uma plataforma de rede global de energia solar, que tem muitas exigências regulatórias e de capital, provavelmente necessitaria antes de tudo estabelecer parcerias chaves. Mas a maioria dos produtos não é deste tipo. Quando você está em um mercado desconhecido com um produto ainda não testado, buscar parceiros chaves logo no início pode ser uma forma de desperdício de tempo. Ao longo do tempo, parcerias podem ser criticas para otimizar seu modelo de negócio mas o risco aqui não é a falta de parceiros. Agora que já vimos qual a diferença entre o Canvas e o Lean Canvas, o mais importante é entender que ambos representam aspectos diferentes de um mesmo modelo de negócios, um não exclui o uso do outro. Pense no seu negócio como um prédio que pode ter uma planta baixa (2D) mais essencial e um passeio virtual (3D) feito após acertar o modelo 2D; o prédio é o mesmo – assim como seu negócio, mas pode ser visualizado de várias formas.

Vamos observar antes de tudo um exemplo de Negócio já conhecido por nós aplicado no Canvas, para facilitar a compreensão pois já temos certo conhecimento do modelo.

Business Model Canvas: Apple Parceiros Chave: Gravadoras Musicais; Atividades Chave: Design de Hardware; Marketing Recursos Chave: Pessoas; Marca Apple; iPod Hardware; iTunes software. Proposta de Valor: Experiência musical singular e nunca antes vista Segmento de clientes: Mercado de massa Relacionamento com o Cliente: Amor à marca. Canais de distribuição: Loja de varejo; Lojas Apple; apple.com. Custos: pessoas; manufatura; marketing e venda. Fontes de Receita: loja do iTunes; alta venda de Hardware; venda complementar de

músicas.

BUSINESS MODEL CANVAS: APPLE

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Você consegue enxergar que todos os principais fatores críticos para sucesso da Apple estão planificados nesta tabela? É importante uma maior descrição destas atividades em outro documento, sim, mas é crucial que antes tenhamos a capacidade de identificá-las.

Criando seu próprio Modelo de Negócio

Vamos fazer uma experiência de preenchimento de um modelo de negócios no estilo Lean Canvas, que como comentamos anteriormente é utilizado para modelos de negócios de Empreendedorismo Social e Negócios Sociais que geralmente enfrentam o desafio de testar e descobrir novos mercados.

Para isto escolha dos exemplos citados no título ―Cases: Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo‖ um dos Negócios citados e construa um Lean Canvas seguindo as instruções abaixo:

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Como preencher o Lean Canvas? Vamos explicar: a ordem de preenchimento, o significado de cada quadro, dicas para preenchimento efetivo.

Dicas para preenchimento efetivo Desenhe ou imprima o quadro do Lean Canvas em uma folha tamanha A4 ou A3, dando

preferência ao tamanha A3. Utilize post-its ou pequenas folhas de papel cortado para inserir as informações no seu

Lean Canvas para que você possa testar e mudar as informações a medida que você desenvolve seu pensamento. Se você escrever direto na base dificultará a mudança de informações.

Utilize papeis pequenos para que você tenha pouco espaço para escrever, priorize frases de no máximo 4 palavras.

Siga a ordem sugerida de preenchimento mas fique a vontade para voltar a itens anteriores se houverem mudanças após a análise após os itens seguintes.

Ordem de preenchimento

LEAN CANVAS

Significado de cada Quadro

1. Problema

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A maioria dos negócios falha, não porque eles não conseguem construir o que se propôs a construir, mas porque perder tempo, dinheiro e esforço para construir o produto errado. Pode-se atributo porção significativa desse esse fracasso à falta de adequado "entendimento do problema" desde o início.

"Um problema bem entendido é um problema já resolvido pela metade." - Charles Kettering

2. Seguimentos de Clientes Definir com clareza qual o seu segmento de clientes ou público alvo deve fazer parte da formulação do plano de negócios. Eles são as pessoas com problemas para os quais você esta oferecendo soluções e que vão investir no seu produto ou serviço. E é essencial não confundir cliente com usuário. Vamos entender através do exemplo do Facebook. No Facebook as pessoas que ali interagem são usuários, já as empresas que pagam para anunciar ou ter informações sobre o perfil de seus consumidores é o cliente do facebook.

Em termos de Empreendedorismo social o cliente esta sempre localizados nas classes C, D ou E, mas pode ser ainda mais especificada no Modelo de Negócios, como por exemplo: Parteiras indianas de classes baixas.

Perguntas importantes:

- Para quem estamos criando valor?

- Quais são as características deste(s) segmento(s)?

- Quem são os nossos potenciais clientes mais importantes?

3. Solução Depois de entender o problema, então você está na melhor posição para definir uma solução possível. Após dito isto, propositalmente foi feita uma caixinha pequena para se escrever a solução, porque a solução é geralmente o que somos mais apaixonada. Se nada for feito, muitas vezes nos apaixonamos por nossa primeira solução e acabam encurralando-nos e não enxergando as possibilidades de evolução do modelo de negócio. Manter a caixa pequena solução também se alinha bem com o conceito de "Produto Mínimo Viável" (MVP).

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4. Canais de Distribuição Canais de distribuição se resume a identificação das estruturas online e off-line pelas quais o seu produto ou serviço será distribuído para o seus consumidores. Observe que mesmo que sua empresa possua um site, se seu produto ou serviço não for entregue através do mesmo ele não pode ser considerado um canal de distribuição. Canais de distribuição não são sempre estruturas físicas ou online, no caso do Banco Pérola, os agentes de oportunidade são o canal de distribuição que é similar ao caso tão conhecido da Natura, cujas consultoras são o canal de distribuição.

Como observado nos exemplos acima o canal de distribuição pode ser peça chave no modelo de negócio e deve receber a devida importância.

Perguntas importantes:

- Por quais Canais nossos Segmentos de Clientes podem/querem ser abordados?

- Como esses Canais estão integrados?

- Qual é o Custo/Benefício da utilização de cada Canal?

5. Estrutura de Custos Devemos identificar nesta parte a estrutura de custos do negócio. O custo total é uma soma dos custos fixos e custos variáveis (CT=CF+CV).

Custos Fixos: são os custos que, embora tenham um valor total que não se altera com a variação da quantidade de bens ou serviços produzidos, seu valor unitário se altera de forma inversamente proporcional à alteração da quantidade produzida. Ex.: O pagamento de aluguel.

Custos Variáveis: são os custos que, em bases unitárias possuem um valor que não se altera com alterações nas quantidades produzidas, porém, cujos valores totais variam em relação direta com a variação das quantidades produzidas. Ex.: Matéria prima.

Perguntas importantes:

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- Quais são os custos mais importantes inerentes ao nosso modelo de negócio?

- Quais recursos-chave são os mais caros?

- Quais atividades-chave são as mais caras?

5. Fontes de Receita Representa as possibilidades de geração de dinheiro que a empresa pode obter com cada Segmento de Clientes. É a medição de quanto e como o Cliente está disposto a pagar pela quantidade de valor gerada.

Há uma série de fontes e modelos de receita que podem ser aplicados pelas empresas. Alguns exemplos são: Venda de Produtos, Preço por uso do produto, Preço por assinatura, Aluguel, Licença, Arbitragem (intermediação, agenciamento), Publicidade, Leilão, etc.

Perguntas importantes:

- O que o cliente valoriza e pelo qual está disposto a pagar?

- O que eles têm pago ultimamente para resolver o mesmo problema?

- De que maneira eles preferem pagar pelo valor gerado?

- Qual é a parcela de contribuição de cada fonte de receita para a receita total esperada?

6. Métricas Chave

Novos negócios frequentemente se afogam em um mar de números em uma tentativa de trazer ordem ao caos de incerteza. Em um determinado ponto no tempo, porém, existem apenas algumas ações-chave (ou métricas-chave) que importam. Métricas são números medidos para avaliar o sucesso do seu modelo de negócio e métrica-chave é a principal métrica para guiar a direção do seu modelo de negócio principalmente na fase inicial.

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"Um novo negócios só pode se concentrar em apenas uma métrica. Então, você tem que decidir qual é ela e ignorar todo o resto.‖ - Noah Kagan

Como isto é um risco? Incapacidade de identificar a métrica- chave correta pode ser catastrófico - levando a atividades desnecessárias, como otimização prematura ou ficando sem recursos, enquanto perseguia o objetivo errado. Inicialmente, essas métricas devem ser centradas em torno de suas métricas de valor e mais tarde se transformar nos motores fundamentais do crescimento do seu negócios.

7. Vantagem injusta Este é um outro nome para a vantagem competitiva, muitas vezes encontrada em um plano de negócios. Mesmo estando ciente do fato de que poucos novos negócios têm uma verdadeira vantagem injusta em um dia o que significa que esta caixa seria em branco. Esta caixa não tem a intenção de desencorajar a avançar em sua visão, mas sim para incentivar continuamente o empreendedor a trabalhar no sentido de encontrar / construir sua vantagem injusta.

"A verdadeira vantagem injusta é algo que não pode ser facilmente copiado ou comprado." - Jason Cohen

8. Proposta de Valor Proposta de Valor é a promessa de marketing que você faz para às pessoas que serão impactadas pelo seu modelo de negócio. A proposta de valor surge a partir da interseção do problema e da solução.

Perguntas importantes:

- Que valor nós entregamos para o cliente?

- Quais problemas dos clientes nós estamos ajudando a resolver?

- Que necessidades dos cliente nós estamos satisfazendo?

- Que pacotes de produtos/serviços nós estamos oferecendo para cada Segmento de Clientes?

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Tire o tempo necessário para realizar esta atividade, não há certo ou errado, apenas análises superficiais ou análises profundas que melhor explicitam a essência do modelo de negócio.

Para finalizar a atividade vamos apresentar um exemplo de Lean Canvas feito baseado também no capítulo referente aos Cases.

LEAN CANVAS: BANCO PÉROLA

Inspiração Final

Não por questões de análise acadêmica, mas como inspiração final eu gostaria de sugerir que você assistisse ao filme: Quem se Importa. O filme está disponível para compra no site http://www.quemseimporta.com.br/ e custa R$39,90.

QUEM SE IMPORTA é um longa metragem de 91 minutos e foi filmado em 7 países diferentes: Brasil, Peru, USA, Canadá, Tanzânia, Suíça e Alemanha. Um total de 20 locações em apenas 40 dias, com todas as dificuldades de união das agendas dos entrevistados. O filme também conta com várias animações,

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além das cenas gravadas em três idiomas diferentes (Português, Inglês e Espanhol). O filme conta com a narração de Rodrigo Santoro. Direção de Mara Mourão e produção de Mamo filmes e Grifa filmes.

Assista ao trailer para entender do que se trata:

Espero que o conhecimento aqui disponível tenha aberto novos horizontes e o guie para o caminho da inovação e progresso social.

Bibliografia/Links Recomendados

Building Social Business: The New Kind of Capitalism That Serves Humanity's Most Pressing Needs. MUHAMMAD YUNUS. Public Affairs, 2010

Capitalismo na Encruzilhada - STUART HART Pearson, 2005

O banqueiro dos Pobres – MUHAMMAD YUNUS. Ed. Atica. 2002

The Fortune at the Bottom of the Pyramid: Eradicating Poverty through profits. PRAHALAD. Person,2010

Um Mundo sem Pobreza: a Empresa Social e o Futuro do Capitalismo. MUHAMMAD YUNUS. Ed.Atica. 2008.

Desencadeando o empreendedorismo: O poder das empresas a serviço dos pobres Organização das Nações Unidas, 2004.

The Base of the Pyramid Protocol: Toward next generation BOP Strategy Simanis, Erick; Hart, Stuart. Cornel University, 2008.

The Great Leap:Driving Innovation from the base of the Pyramid Hart, Stuart; Christensen, Clayton. Sloan Management Review

Creating Value for All: Strategies for doing business with the poor United Nations Development Programme , 2008

Criação de valor compartilhado, Michael E. Porter e Mark R. Kramer Empreendimentos sociais sustentáveis São Paulo: Peirópolis, ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS e MACKISEY e Cia. Inc., 2001

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Empreendedorismo social no Brasil: fundamentos e estratégias Franca-SP: Unesp, OLIVEIRA, Edson Marques, 2004 (tese de doutorado) 2002

―Desenvolvimento como Liberdade‖, Amartya Sen.

Relatório Celetem – Ipsos 2010.

Congresso de Mercados Emergentes, Data Popular, 2010.

―Brasil, o país dos desiguais‖, Marcio Pochmann. Le Monde Diplomatique Brasil; ano 1, nº 3; out. 2007.

Relatório PNUD 2010 sobre o desenvolvimento humano.

Sites

www.artemisia.org.br www.aliancaempreendedora.org.br www.grameenfoundation.org www.avina.com www.grameen-info.org www.muhammadyunus.org www.stuartlhart.com www.bop-protocol.org www.ashoka.org.br www.endeavor.org.br