CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA AGÊNCIA DE ... · 2020....
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SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA
CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS
AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA
AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE MATO
GROSSO DO SUL - BRASIL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO E DOUTORADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE – MS
2020
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SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA
CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS
AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA
AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE MATO
GROSSO DO SUL - BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação –
Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade
Católica Dom Bosco, como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em Psicologia, área de concentração:
Psicologia da Saúde, Linha 1: Avaliação e assistência em
Saúde, sob a orientação da Profa. Dra. Liliana Andolpho
Magalhães Guimarães.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO E DOUTORADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE – MS
2020
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Dedico esta dissertação, primeiramente, a todas
as pessoas que eu amo e que me incentivaram a
não desistir e também aos trabalhadores. Ainda,
de forma especial, dedico esse trabalho aos
meus pais que não mediram esforços em me
ajudar a realizar este sonho.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que se fez presente em todos os momentos, inclusive quando eu não mais o
procurei.
À minha família, presente em todo meu processo de mestrado.
Ao meu pai Silvio Edson Tutya e minha mãe Diva Barbosa Tutya que trabalharam,
incansavelmente, para prover tudo que eu precisava para cumprir esta e tantas outras etapas
em minha vida.
Às minhas irmãs Ana Carolyne Barbosa Tutya e Sylvane Barbosa Tutya, que
estiveram ao meu lado me incentivando.
Aos meus sobrinhos Ana Sofia Tutya Pereira e Vinicius Tutya Pereira por alegrar
meus dias.
À Lidia Carolina Rodrigues Balabuch por todo seu amor, carinho, paciência e
empenho em me ajudar a concluir meu mestrado.
À minha amiga Vanusa Meneghel, por estar ao meu lado nos momentos de
vulnerabilidade, me ajudando a não desistir, sendo um constante ombro amigo e uma grande
conselheira.
À minha professora e orientadora Liliana Andolpho Magalhães Guimarães por todo
seu conhecimento, incentivo e oportunidades que, além de toda parte científica, me acolheu e
me ajudou provendo meios pelos quais eu pudesse concluir esse mestrado.
À coorientação no tempo de PIBIC da Márcia Regina Teixeira Minari, Elaine Cristina
Vaz Vaez Gomes, João Massuda Junior, Vanusa Meneghel e Eduardo Fontoura Junior, que
foram grandes professores.
À minha amiga Victória Meins Graeff por me convidar a fazer parte deste grupo
maravilhoso, que abriu tantas portas em minha vida.
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A todos os amigos do grupo de pesquisa do Laboratório de Saúde Mental e Qualidade
de Vida no Trabalho, coordenado pela Professora Doutora Liliana A. M. Guimarães, grupo
este que se tornou uma família e proveu grandes amigos.
Ao amigo João Massuda Junior pela parte estatística do meu trabalho e todo
conhecimento transmitido a mim, meu muito obrigado.
À Vanessa Tramontini e Priscylla Tramontini pela amizade, companheirismo de
sempre, em todos estes anos de amizade.
Às minhas amigas de turma do mestrado, Adriana Santos Souza Sunakozawa, Karla
Lacerda Gomes, Marina de Castro Fregnan e Tatiane Bombassaro, onde em meio às crises da
escrita nos ajudamos a prosseguir. E às minhas colegas Ariane Lima de Brito, Suellen Alves
da Silva, Bruna Soares Bruno, Clariane Siqueira Bispo Wounnsoscky, Edmara Martins de
Souza e Patricia Palhano Medeiros Penrabel.
Aos professores doutores, André Augusto Borges Varella, André Barciela Veras,
Anita Guazzelli Bernardes, Heloisa Bruna Grubits, José Licinio Backes, Luciane Pinho de
Almeida, Luziane de Fátima Kirchner, Marcio Luis Costa, Neuza Maria de Fatima Guareschi,
Rodrigo Lopes Miranda e Sônia Grubits.
À Luciana Fukuhara Barbosa e Walkyria Joca de Lima, secretárias do Programa de
Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco, meu muito obrigado
pela atenção e dedicação nos atendimentos dispensados a mim.
Aos trabalhadores da AGEPREV que aceitaram, espontaneamente, fazer parte desta
pesquisa, em especial à Assessora Técnica-Executiva Giselda Giffoni Dias pelo empenho e
dedicação em estabelecer esta parceria.
A todos os amigos e amigas que estiveram ao meu lado, me ajudando, incentivando,
escutando e transmitindo energias positivas para a conclusão de minha dissertação: Eric
Vrech Matias, Alex Vrech Matias, Israel Marugal Marques, Allan Vitor de Lima Camargo, Ir.
Vinicius Sotocorno, Pe. Valdecir Zanatta, Karen de Souza Fernandes, Ir. Higor Feitosa, João
Victor Rodiguero, e tantos outros.
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“Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a
altura. Para voar é preciso ter coragem para
enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio
que o voo acontece. O vazio é o espaço da
liberdade, a ausência das certezas. Mas é isso o
que tememos: o não ter certezas. Por isso
trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o
lugar onde as certezas moram”.
Rubem Alves
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RESUMO DA DISSERTAÇÃO
As transformações econômicas, políticas e tecnológicas advindas das mudanças no modo de
produção capitalista, atingem grandes proporções no trabalho privado e ocorrem de forma
peculiar no serviço público, que sofre impacto direto resultante das mudanças de governo
(municipal, estadual e federal). Situações hostis no ambiente de trabalho, tais como pressões
por eficácia e rapidez, ameaças veladas, assédio moral, altos níveis de competição, ausência
da solidariedade, estresse, entre outros, influenciam diretamente a saúde mental do
trabalhador e, consequentemente, o funcionamento e a efetividade das organizações. Esta
pesquisa teve como objetivo identificar as possíveis relações entre o custo humano e os danos
relacionados ao trabalho e o índice de capacidade no trabalho em trabalhadores da agência de
previdência social do estado do Mato Grosso do Sul (AGEPREV - MS), lotados no Sistema
Estadual de Perícia Médica (SIPEM). Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e
analítico, de corte transversal, com o uso do método quantitativo. A amostra foi por
conveniência e voluntária, composta por n=40 trabalhadores (85,1%) de um total de N=48.
Foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: (i) Questionário Sociodemográfico
Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); (iii) Escala de
Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e (iv) Índice de Capacidade para o
Trabalho (ICT). Os resultados demonstraram que os trabalhadores têm média de idade de
48,02 anos (DP±9,97) e são em sua maioria do sexo masculino (60%), casados (62,5%),
possuem pós-graduação (70%) e tem jornada de trabalho semanal de 24 horas. Quando
realizada a distribuição de frequência da escala de custo humano no trabalho o estudo indicou
que os participantes apresentam: (i) Custo físico: satisfatório (72,5%); (ii) Custo afetivo:
crítico (55%) e; (iii) Custo cognitivo: grave (47,5%). Já a distribuição de frequência da
EADRT demonstrou que a maioria dos participantes apresenta: (i) Danos físicos: satisfatório
(72,5%), (ii) Danos sociais: satisfatório (87,5%) e; (iii) Danos psicológicos: satisfatório
(77,5%). No entanto, quando realizada correlação entre o ICT com a ECHT e a EADRT, os
resultados demonstraram correlação negativa para todas as dimensões das duas escalas, sendo
significativo o resultado do custo afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), danos físicos (r=0,602; p-
valor=0,000); danos sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e danos psicológicos (r=0,408; p-
valor=0,009). Pode-se concluir que os trabalhadores apresentam custos afetivos e danos
sociais e físicos, decorrentes dos danos psicológicos relacionados ao trabalho, que repercutem
em sua capacidade para o trabalho.
Palavras-chave: Saúde mental; Trabalhador; Servidor; Custo humano; Danos relacionados ao
trabalho.
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ABSTRACT OF THE DISSERTATION
The economic, political end technological transformations coming from the changes in the
capitalist mode of production, reach large proportions in the private work and occur in a
peculiar way in the public service, which suffer direct impact from the government changes
(municipal, state and federal). Hostile situations in the work environment, such as pressure for
efficiency and speed, hidden threats, moral harassment, high levels of competition, absence of
solidarity, stress, among others, have direct influence in the mental health of the servant and,
consequently, in the operation and effectiveness of the organizations. This research aimed to
identify the possible relations among the human cost and the damage related to the job to the
work ability index in servants of the Social Security Agency in the State of Mato Grosso do
Sul, Brazil (SSA-MS), located in the State System Of Medical Expertise (SSME). An
exploratory, descriptive and analytic study was performed, using the cross section mode of
research quantitative. The samples of this study were by convenience and willingness, it was
composed by 40 (forty) workers (85,1%) of a total of 48 workers. We used the following
instruments of research: (i) Semi Demographic Occupational Quiz; (ii) Human Cost at Work
Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD) and (iv) Work
Ability Index (WAI). The results show that the workers are the average age of 48,02 years old
(Standard Deviation ± 9,97) and are mostly male (60%), married (62,5%), post graduated
(70%) and work 24 hours per week. When the Human Cost at Work Scale frequency was
distributed, the study indicated that the participants show: (i) physical cost: satisfactory
(72,5%); (ii) affective cost: critical (55%); (iii) Cognitive cost: severe (47,5%). Whereas the
distribution of the ESWRD demonstrated that most of the participants show: (i) physical
damage: satisfactory (72,5%); (ii) Social damage: satisfactory (87,5%) and; (iii) psychological
damage: satisfactory (77,5%). However, when the WAI and the HCWS were correlated to the
ESWRD, the sample results demonstrate a negative correlation to all the dimensions from
both scales, being meaningful the result of the affective cost (relation= 0,496; value= 0,0001),
physical damage (r= 0,602; v= 0,000), social damage (r=0,440; v= 0,005) and psychological
damage (r= 0,408; v=0,009). One can conclude that the workers show affective costs and
social and physical damage arising from the work related psychological damages, which echo
in their work ability.
Key-words: Mental health; Worker; Servant; Human cost; Work related damage.
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LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1
Tabela 1 – Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra .............................. 40
Tabela 2 – Média, desvio padrão e confiabilidade da ECHT .................................................. 41
Tabela 3 – Média, desvio padrão e confiabilidade da EADRT ............................................... 41
Tabela 4 – Distribuição de frequência da ECHT .................................................................... 41
Tabela 5 – Distribuição de frequência da EADRT .................................................................. 42
Tabela 6 – Correlação entre o QSDO, a ECHT e a EADRT ................................................... 43
ARTIGO 2
Tabela 1 – Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra .............................. 62
Tabela 2 – Média, desvio padrão, mínimo, máximo do ICT ................................................... 64
Tabela 3 – Correlação entre o QSDO e o ICT ......................................................................... 64
Tabela 4 – Média, desvio padrão, mínimo e máximo da ECHT ............................................. 65
Tabela 5 – Média, desvio padrão, mínimo e máximo da EADRT .......................................... 66
Tabela 6 – Correlação entre o ICT, ECHT e a EADRT .......................................................... 67
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LISTA DE SIGLAS
AESST Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho
AGEPREV Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul
APA Associação Americana de Psicologia
CAAE Número de Registro na Plataforma Brasil
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho
CEP Conselho de Ética em Pesquisa
CFP Conselho Federal de Psicologia
CHT Custo Humano no Trabalho
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
CT Capacidade para o Trabalho
DM Doença Mental
DP Desvio Padrão
DRT Delegacia Regional do Trabalho
EADRT Escala de Danos relacionados ao Trabalho
EA-OHP European Academy of Occupational Health Psychology
ECHT Escala de Custo Humano no Trabalho
ESWRD Evaluation Scale of the Work Related Damage
EU-OSHA European Agency for Safety and Health at Work
FENAFISP Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social
Brasileira
FIOH Finish Institute of Occupational Health
FUNSAU Fundação Serviços de Saúde
FUNTRAB Fundação do Trabalho
HCWS Human Cost at Work Scale
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICT Índice de Capacidade para o Trabalho
ILO International Labour Organization
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
ITRA Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento
MS Mato Grosso do Sul
MSPREV Regime Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do
Sul
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NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health
NTEP Nexo Técnico Epidemiológico
OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PRF Polícia Rodoviária Federal
POT Psicologia Organizacional e do Trabalho
PSO Psicologia da Saúde Ocupacional
QSDO Questionário Sociodemográfico e Ocupacional
RGPS Regime Geral de Previdência Social
RS Rio Grande do Sul
SAD Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização
SED Secretaria de Estado de Educação
SEDHAST Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e
Trabalho
SIPEM Sistema Estadual de Perícia Médica
SM Saúde Mental
SMT Saúde Mental e Trabalho
SMRT Saúde Mental Relacionada ao Trabalho
SNRIPD
Secretariado Nacional para Reabilitação das Pessoas com
Deficiência
SO Saúde Ocupacional
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SSA-MS Social Security Agency in Mato Grosso do Sul
SPUE Serviço das Publicações da União Europeia
SSME State System of Medical Expertise
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TM Transtornos Mentais
UCDB Universidade Católica Dom Bosco
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
USP Universidade de São Paulo
WAI Work Ability Index
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WHO World Health Organization
WIIR Work Inventory and Illnes Risks
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LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A – Questionário Sociodemográfico e Ocupacional (QSDO) ............................... 82
Apêndice B – Autorização para realização de pesquisa .......................................................... 84
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ................................... 86
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LISTA DE ANEXOS
Anexo A – Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) - ITRA ....................................... 89
Anexo B – Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) - ITRA .... 90
Anexo C – Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) ....................................................... 91
Anexo D – Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) ......................... 95
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SUMÁRIO
RESUMO DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................... 08
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
Saúde mental e trabalho ...................................................................................................... 18
Psicologia da saúde ocupacional ......................................................................................... 19
Psicossociologia do trabalho ............................................................................................... 21
O Locus de pesquisa: Agência de Previdência Social do Mato Grosso do Sul – AGEPREV
............................................................................................................................................ 23
Histórico institucional ......................................................................................................... 23
Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM) .................................................................... 25
Descrição Física da SIPEM ................................................................................................ 26
O convênio interinstitucional .............................................................................................. 27
Primeiras ações ................................................................................................................... 28
ARTIGO 1 .............................................................................................................................. 30
Custo humano e danos relacionados ao trabalho em servidores de uma Agência da
Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil ................................... 31
ARTIGO 2 .............................................................................................................................. 50
Custos e danos provocados pelo trabalho e o impacto na capacidade, relacionados ao
trabalho em servidores de uma Agência da Previdência Social de Campo Grande, Mato
Grosso do Sul, Brasil .......................................................................................................... 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO ........................................................... 75
REFERÊNCIAS CITADAS NA INTRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO ......................... 78
APÊNDICES .......................................................................................................................... 81
ANEXOS ................................................................................................................................ 88
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INTRODUÇÃO
No ano de 2015, ainda na graduação de psicologia, entendi que cursar um mestrado
seria um facilitador para exercer a função de professor e uma importante porta de entrada para
o mercado de trabalho. Foi então que busquei conversar com meus professores da época, os
quais prontamente me incentivaram a fazer parte de algum projeto de iniciação científica.
Procurei com os mesmos, a viabilidade de vagas para participar em algum projeto,
porém não obtive sucesso. No entanto, no mesmo mês uma colega de sala enviou um convite
no grupo de “whatsapp” da sala, informando haver uma vaga em um projeto de PIBIC do
qual ela fazia parte e que, os interessados, deveriam enviar um currículo com o objetivo de
participar de uma entrevista seletiva, que incluía também uma entrevista presencial.
Participei da entrevista, não fazendo ideia do tema desse projeto de pesquisa e nem de
como funcionava uma pesquisa científica. Cursava o quinto semestre de psicologia e foi nesta
entrevista que descobri que era uma pesquisa sobre a “saúde mental do trabalhador
pantaneiro”. Fui aprovado e passei a integrar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PIBIC) coordenado pela professora Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães.
Neste universo, tive o meu primeiro contato com a Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO),
campo teórico no qual pude me aprofundar e, ao mesmo tempo, conhecer outras áreas como a
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT).
Por meio desta pesquisa a ciência entra em minha vida, e com resultados gratificantes,
entre eles a publicação do livro intitulado “Saúde do Trabalhador do Pantanal de Aquidauana,
MS, Brasil: Diagnóstico e Proposta de Intervenção” sendo co-autor em três capítulos.
Terminando este ciclo de PIBIC, consegui permanecer por mais um ano, no entanto com outra
pesquisa, dessa vez sobre o “Estresse no policial rodoviário federal (PRF)”. Assim fui
seguindo junto com a professora doutora Liliana, em paralelo, cursando o estágio obrigatório
sobre Saúde na contemporaneidade – eixo Trabalho, requisito do último ano da graduação de
psicologia, podendo participar ativamente de um projeto de intervenção junto a Polícia
Rodoviária Federal (PRF), atuando como plantonista, função esta que desempenhei como
estagiário no atendimento psicológico aos policiais da PRF. Tais atendimentos eram
classificados como eletivos, emergentes e urgentes, e, uma vez sendo observado a necessidade
e a aceitação do paciente, esse era encaminhado para o Ambulatório de saúde mental do
trabalhador, situado na Clínica-escola da UCDB.
No contexto ocupacional, ao me deparar com inúmeras doenças mentais, fatores de
riscos psicossociais, conflitos entre trabalho e família, burnout, ideações suicidas, entre tantos
19
outros temas, não apenas estudados, mas vivenciados na prática do estágio, bem como pela
pesquisa, percebi que todas essas situações, representaram para mim que eu deveria
prosseguir. Desta forma, fiz o processo seletivo para o mestrado da Universidade Católica
Dom Bosco (UCDB). Nesse mesmo ano, no qual ingressei para o mestrado, a professora
doutora Liliana Guimarães realizou um convênio de cooperação mútua com a Agência de
Previdência Social de Mato Grosso do Sul (AGEPREV), o qual será melhor detalhado nos
próximos tópicos, constituindo-se como locus dessa pesquisa.
Concomitante a este cenário com o qual me deparei no contexto ocupacional, as
pesquisas nos últimos nos mostravam um crescente interesse por questões relacionadas aos
vínculos entre Saúde/Doença Mental e Trabalho. Desta forma, foi perceptível a oportunidade
que tínhamos de aproveitar um convênio de grande importância juntamente com as
necessidades e abrangência das pesquisas neste contexto, para nos aprofundarmos nas
questões com o público da agência conveniada. É neste panorama que se inicia essa pesquisa.
Saúde Mental e Trabalho
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) a Saúde Mental (SM) é
caracterizada pelo bem estar do indivíduo, no exercício de suas capacidades face ao estresse
normal da vida, na produtividade do seu trabalho e sua contribuição para a comunidade onde
este está inserido. A SM pode ser promovida por meio de programas adequados que visem
melhores condições sociais e promovam a prevenção do estresse (SNRIPD, 2006).
Segundo Seligmann-Silva (2011) os desenvolvimentos teóricos e metodológicos
sobre o tema Saúde Mental e Trabalho (SMT), bem como a nitidez cada vez maior dos seus
significados políticos econômicos e sócio culturais assumiram tal intensidade e abrangência,
que se tornou possível verificar o surgimento de um campo de estudo no qual se produz
novos conhecimentos. Tal campo é marcado especialmente pela interdisciplinaridade, mas
também recebe contribuições de conhecimentos construídos em disciplinas não
interconectadas. Trata-se, portanto, de um campo multidisciplinar.
A relação entre saúde mental e trabalho constitui o objeto dos estudos da saúde mental
relacionada ao trabalho. Considerando a unicidade corpo e mente, que torna a saúde mental
indissociável, pode-se dizer que este objeto é a inter-relação entre o trabalho e os processos
saúde-doença cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos fenômenos mentais, mesmo
quando sua natureza seja eminentemente social (Seligmann-Silva, 2011).
A Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) representa, na atualidade, um
desafio latente numa realidade ainda pouco esclarecida das situações de trabalho ou de
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desinserção laboral em que se produz a escalada da transformação de normalidade discutível
em adoecimento dos assalariados e fracassos empresariais. Tal desafio – por hora ainda não
suficientemente reconhecido – se apresenta aos que planejam políticas públicas e aos
responsáveis pelas políticas empresariais. Entre as políticas públicas merecem atenção
especial aquelas que dizem respeito a Saúde, ao Trabalho e à Previdência Social, mas
precisarão, sempre, ser visualizadas em suas inter-articulações assim como nos vínculos que
mantêm com outras políticas sociais e econômicas (Seligmann-Silva, 2011).
Para Guimarães (2019) o campo da Saúde Mental e Trabalho é o estudo da dinâmica,
da organização e dos processos de trabalho, visando a promoção da saúde mental do
trabalhador, por meio de ações diagnósticas, preventivas e terapêuticas, que se pretendem
eficazes. Esta perspectiva teórica tem por objetivos: (i) avaliar as conexões entre SM/DM e
Trabalho; (ii) proteger e promover a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador e
consequentemente da organização; (iii) melhorar a Qualidade de Vida do trabalhador e da
organização (Guimarães, 2019). Para a autora, os Transtornos Mentais (TM) frequentemente
geram alto custo social e econômico, são universais, pois atingem pessoas de todas as idades,
causando incapacitações graves e definitivas que elevam a demanda nos serviços de saúde. O
ônus dos TM foi subestimado durante muito tempo, principalmente, porque a forma de
avaliar seu impacto na saúde valorizava apenas os índices de mortalidade. Os TM assumem
valores baixos de mortalidade, mas possuem, todavia, um grande peso de incapacidade de
duração longa, acarretando a redução da qualidade de vida dos indivíduos.
Cabe salientar a existência de pontos em comum de interesse e contribuições de
algumas disciplinas para os estudos das inter-relações entre saúde mental e trabalho, mas se
optou por focalizar nesse estudo o campo teórico da Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO).
Psicologia da Saúde Ocupacional
A área da Saúde Ocupacional está sendo consolidada por inúmeras publicações,
inclusive por instituições como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) (Vieira, 2008). O termo Saúde Ocupacional (SO)
remete à multiprofissionalização e à multidisciplinaridade nas organizações, visto que são
diferentes profissionais de saúde atuando em SO, tais como enfermeiros, médicos, entre
outros. Em decorrência disso se fala em uma Psicologia da Saúde Ocupacional como, por
exemplo, a Associação Americana de Psicologia (APA) e a European Academy of
Occupational Health Psychology (EA-OHP) (Guimarães et al., 2008).
21
No entanto, analisando este contexto faz-se importante entender que parte do
reconhecimento de um novo campo do saber se posicione. A Psicologia da Saúde
Ocupacional permeia a interface da Psicologia da Saúde e da Psicologia do Trabalho e das
Organizações. Essa designação apresenta uma vantagem política, pois, como assinalam
Guimarães et al. (2008), no Brasil, a atuação do psicólogo ainda não é legalmente exigida no
âmbito da saúde e segurança ocupacional, enquanto por lei a atuação dos enfermeiros,
médicos, engenheiros e técnicos de segurança é obrigatória.
A Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO) visa melhorar a qualidade de vida dos
trabalhadores, protegendo e promovendo a segurança, bem-estar e saúde destes profissionais
(Sauter & Hurrell, 1999). Segundo os autores, o campo de aplicação da PSO pontua e está
voltado para um ambiente organizacional de caráter integrativo, promotor de saúde. Assim,
considera-se que os modelos conceituais que contemplam esta visão devem incluir
indicadores positivos e negativos, tanto das características organizacionais do trabalho, quanto
da saúde psicológica dos trabalhadores.
Segundo Borges, Guimarães e Silva (2013), Carlotto e Micheletto, (2014) a PSO
dialoga com diferentes campos de conhecimento, levando em consideração os diferentes
níveis de análise dos fatores de risco ocupacional, tais como: (i) contexto de trabalho, voltado
para a análise das características do trabalho e seus aspectos relacionais; (ii) contexto externo,
que abrange os aspectos econômicos, políticos, ideológicos, legais e demográficos; (iii) nível
individual, que alcança fatores de personalidade, estratégias de coping, motivação, diferenças
individuais e características sócio demográficas; (iv) contexto organizacional, que aborda
estruturas de políticas de supervisão, estruturas de gestão e métodos de produção. A PSO tem
seu olhar voltado para a pesquisa e intervenção em questões ligadas ao estresse ocupacional,
fatores de risco, saúde e segurança, intervenções organizacionais, programas de assistência ao
trabalhador e práticas em saúde pública. Visa o gerenciamento e desenvolvimento efetivo de
bem-estar psicossocial no trabalho para obter ambientes laborais saudáveis, prevenindo,
intervindo e promovendo o funcionamento ideal nas organizações de trabalho e a qualidade de
vida profissional (Salanova, Llorens & Rodrígues, 2009).
Apesar de não reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) no Brasil, a PSO tem um papel fundamental nos desdobramentos do contexto de saúde
na atualidade, justamente por sua proposta de "agregar conhecimento educacional e
profissional da disciplina Psicologia, para utilizá-lo na promoção e manutenção da saúde, na
prevenção e no tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico
relacionado à saúde, à doença e às disfunções", contribuindo com os sistemas de saúde, em
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seu aperfeiçoamento (Guimarães, Martins, Grubits & Freire, 2011). A mesma é praticada,
sobretudo, em três ambientes acadêmicos no Brasil: na UNISINOS (RS), sob a coordenação
da Profa. Dra. Mary Sandra Carlotto e, na Universidade Católica Dom Bosco - UCDB/MS e
na Escola de Excelência do Instituto de Psiquiatria-IPq, da Faculdade de Medicina da USP, os
últimos, sob a coordenação da Profa. Dra. Liliana A. M. Guimarães.
Esta especialidade atende, de forma singular, a uma demanda relacionada à intensa e
rápida transformação do trabalho e do emprego que passa a ocorrer nas economias industriais
desde os anos 1980, bem como a forma que as mudanças nas estruturas e processos
organizacionais influenciam a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias. Desta
forma, a PSO passa a ser definida como “a aplicação de psicologia à saúde e à segurança
ocupacional, objetivando a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho” (NIOSH, 1999).
Contudo, a PSO possui três principais correntes teóricas: as abordagens individualistas, a
psicodinâmica no trabalho e as abordagens psicossociológicas. A abordagem teórica que
embasou esse estudo foi a psicossociologia do trabalho.
Psicossociologia do Trabalho
O trabalho e seu bom desempenho são considerados fatores indispensáveis na
construção de identidade e de inserção social entre aspectos da vida humana, bem como se
configura como um meio de fomento de promoção de saúde, observando suas características
de conteúdo e organização do trabalho, quanto os aspectos ambientais que perpassam os
níveis de análise micro, meso e macro que podem levar à promoção da saúde e/ou ao
adoecimento. Observando esta realidade é que a psicossociologia busca explicação no
processo saúde/doença diretamente nas condições e relações de trabalho, tendo o trabalho
concreto como foco principal (Borges, Guimarães & Silva, 2013).
Os estudos da psicossociologia do trabalho objetivam pensar o ser humano em sua
totalidade, considerando pontos fundamentais como seu contexto social, a condição mental, a
saúde física, entre outras. Segundo Casadore (2018), de um ponto de vista literal (ou
etimológico) pode-se interpretar mais diretamente a palavra “psicossociologia”, como o
campo de estudos (logos) de aspectos mentais (psico) e sociais (sócio) intrínsecos ao ser
humano. Esse campo de estudos foi fortemente influenciado pela sociologia, bem como por
outros campos das ciências humanas e sociais.
A Psicossociologia do trabalho é oriunda da Psicossociologia francesa, cuja
investigação e intervenção recaem sobre grupos, organizações e instituições. A pesquisa-ação
de Kurt Lewin inspirou seus métodos de intervenção, por valorizar o saber de cada sujeito,
23
seja individual ou coletivo, assim como a capacidade de analisar e transformar a realidade, em
seus espaços de vida e de trabalho. O trabalho é abordado, entre outros conceitos-chave, a
partir da noção polissêmica de atividade, abarcando a vida dentro e fora do ambiente laboral,
podendo ser ela composta de atividades domésticas, familiares, associativas, sindicais,
políticas de sociabilidade, fazendo com que a unidade dialética das atividades humanas,
resista à cisão entre vida profissional e vida extra-profissional (Araújo & Barros, 2018).
Nessa perspectiva, Araújo e Barros (2018) discorrem que a atividade é própria,
singular, mas também ligada à atividade dos outros, a uma história coletiva, a um contexto
social. Já a noção de trabalho em seu sentido amplo, remete ao “trabalho da civilização”, por
meio do desenvolvimento dos recursos simbólicos e de um trabalho de humanização que
afasta o homem de seus ancestrais animais, levando-o a renunciar a uma parte de satisfação
das pulsões, em troca de segurança. Como instituição e como parte da constituição psíquica, o
trabalho é uma produção humana e não apenas um fardo que se impõe aos humanos.
Abordá-lo como instituição é questionar suas finalidades, que não visam apenas a lógica e os
objetivos mercantis. Sua análise não se limita, pois à pergunta sobre o “como fazer” (relativo à
sua organização), mas exige uma resposta fundamental, relativa ao “porque fazer”. Afinal, é
inserido as atividades de trabalho no mundo de valores que o assumimos como categoria
antropológica, motor da história e da cultura humana (Araújo & Barros, 2018, p. 953).
Quando se fala da psicossociologia do trabalho, fazem-se reflexões acerca de variáveis
que se inspiram diretamente na composição da psicossociologia, que por sua vez é
influenciada diretamente por propostas da psicologia social. Na França, por exemplo, a
psicossociologia assume perspectivas particulares, diferindo das intervenções americanas
centralizadas apenas no “fator humano” inerente ao trabalho de modo mais operatório e com
objetivos bem definidos construindo um posicionamento (Casadore, 2018).
A noção de trabalho também é entendida pela psicossociologia francesa, de modo
bastante complexo e estendido, ampliado, diferindo-se efetivamente de leituras mais próximas
à psicologia organizacional como também questões econômicas, formais e estruturais, ou até
mesmo constituídas social e historicamente. Para o autor, o trabalho é reconhecido também
pela experiência vivenciada pelo sujeito, atravessada por questões intrapsíquicas, referente a
discursos simbólicos sobre o trabalho e construções imaginárias subjetivas, bem como sua
importância no que diz respeito à formação de identidade (Casadore, 2018).
O trabalho tem um papel estruturante na vida e identidade do indivíduo e na própria
construção da condição humana e das sociedades, assim, suas condições precárias ou
enriquecedoras e as formas como as pessoas se relacionam com elas poderão estar envolvidas
24
tanto na etiologia de enfermidades, quanto na valorização e realização do indivíduo (Borges,
Guimarães & Silva, 2013).
O objetivo desses apontamentos é levar a caminhos para elaborações teóricas e
práticas, tendo em vista a problemática das capacidades e danos relacionados ao trabalho,
destacando a psicossociologia como uma abordagem não só adequada, mas necessária a tal
discussão.
O Locus de Pesquisa: Agência de Previdência Social do Mato Grosso do Sul –
AGEPREV
Histórico institucional
O sistema previdenciário do estado de Mato Grosso do Sul detém como única entidade
gestora a Agência de Previdência Social (AGEPREV), organização esta singular e de
funcionamento complexo, sendo operada com a participação dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, como também, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria
Pública, condição esta sustentada pela Constituição Federal e pela Legislação
Infraconstitucional que determinam a descentralização na concessão dos benefícios
previdenciários e conferem aos titulares dos Poderes e órgãos independentes a competência
privativa para a emissão dos atos de vacância por aposentadoria.
A Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul (AGEPREV) é vinculada à
Secretaria de Estado de Administração (Mato Grosso do Sul, 2018), entidade autárquica com
autonomia administrativa, financeira e patrimonial com a finalidade de administrar o Regime
Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do Sul (MSPREV), de que trata a
Lei no 3.150, de 22 de dezembro de 2005, competindo-lhe como gestora única (Dias &
Guimarães, 2018):
I - a cobrança e a arrecadação dos recursos previstos no art. 18 da Lei no 3.150, de 2005;
II - a concessão, o pagamento e a manutenção dos benefícios assegurados pelo MSPREV;
III - a gestão dos fundos e recursos arrecadados;
IV - a manutenção permanente de cadastro individualizado dos servidores públicos ativos e
inativos, dos militares estaduais do serviço ativo, dos agregados ou licenciados, da reserva
remunerada ou reformados, respectivos dependentes e dos pensionistas;
V - a realização de perícia médica oficial.
A AGEPREV é administrada por órgãos de direção superior e de execução, bem como
pelo Conselho Estadual de Previdência de que trata o Capítulo IX do Título IV da Lei nº
3.150, de 2005, quando diz que (Dias & Guimarães, 2018):
25
§ 1o Ficam criados os cargos em comissão integrantes do Anexo I desta Lei.
§ 2o Cabe ao Poder Executivo aprovar a estrutura administrativa de que trata este artigo, no
prazo de 60 dias da publicação desta Lei.
Em sua origem, a Previdência Social é um seguro que garante a renda do contribuinte
e de sua família em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Oferece
vários benefícios que juntos garantem tranquilidade quanto ao presente e em relação ao
futuro, assegurando um rendimento seguro.
Na atualidade, empiricamente, observa-se que a missão da Agência é impactada por
questões inerentes ao cenário nacional e regional, tais como, a instabilidade política e
econômica, a reforma trabalhista, a reforma na Previdência Social e a situação do idoso,
fatores esses que podem ser determinantes de longo prazo das condições de saúde e bem-estar
da população idosa. A maioria do público atendido na Agência tem entre 40 a 60 anos, ou são
idosos (a partir dos 60 anos), pessoas que já vivenciam as mudanças físicas, psicossociais,
funcionais e socioeconômicas inerentes ao processo de envelhecimento humano (Dias &
Guimarães, 2018).
Com a aproximação da reforma previdenciária, existirá apenas uma modalidade de
aposentadoria voluntária, como no RGPS (Regime Geral de Previdência Social), quando se
exigirá os requisitos de 65 anos de idade, 25 anos de contribuição, 10 anos no serviço público
e 5 anos no cargo efetivo, tanto para os homens quanto para as mulheres. Está previsto, ainda,
que a transição para os atuais segurados será aplicada aos servidores com idade igual ou
superior a 50 anos (homens) ou 45 (mulheres). Destarte, estima-se que os tesouros públicos
não sejam mais conclamados a cobrir déficits previdenciários, em detrimento das áreas sociais
carentes de recursos (Martins, 2017).
Martins (2017) informa ainda, que, a repartição das obrigações entre servidores e o
Tesouro Estadual, para a acumulação de recursos financeiros indispensáveis à solidez do
sistema previdenciário sul-mato-grossense, está proporcionalizado em 11% dos segurados e
89% dos cofres públicos, recolhidos em nome dos órgãos e entidades do Executivo, dos
Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da
Defensoria Pública. Contudo, antes de alterar essa equação para se atingir o ajuste fiscal e a
consistência atuarial, pretende-se desenvolver, experimentar e implementar outras medidas
administrativas, em especial:
26
Reorganização do sistema médico-pericial, mediante implantação de novo modelo de gestão
para a avaliação da capacidade laborativa dos servidores, nas admissões, nas licenças por
motivo de saúde, reabilitação física, na readaptação profissional e aposentadoria por invalidez,
privilegiando métodos e procedimentos da perícia médica oficial, a fim de abreviar o volume
de ausências com pagamento de benefícios, e a antecipação da inatividade por invalidez
quando não há montante de contribuição compensatório ao pagamento dos proventos (Martins,
2017).
Cotidianamente, na relação atendente-usuário são vivenciadas questões acerca da
autonomia, decorrentes de algum tipo de incapacidade funcional ou dificuldade para realizar
tarefas simples, de atravessar a rua ou subir degraus; ou tarefas mais elaboradas, como usar
tecnologias e aplicar o conhecimento/comportamento financeiro (crédito consignado/
superendividamento). Neste contexto, surge o presente projeto que objetiva analisar
criticamente os impactos emocionais cotidianos, inerentes às relações entre trabalho e
emoções, em um ambiente profissional de prestação de serviços públicos, com vistas à
promoção da saúde e segurança no trabalho, assim como, a humanização no atendimento
(Dias & Guimarães, 2018; Mato Grosso do Sul, 2018).
Portanto, este projeto visa à promoção do bem-estar emocional dos servidores públicos
(atendentes e usuários) e, consequentemente, o suporte técnico com robustez à gestão para
que haja efetividade organizacional.
SISTEMA ESTADUAL DE PERÍCIA MÉDICA - SIPEM
De acordo com o decreto Nº 12.823, de 24 de setembro de 2009 no Art. 1º o Sistema
Estadual de Perícia Médica (SIPEM) do Poder Executivo, integra um conjunto articulado de
órgãos, unidades e agentes com atuação descentralizada, independente de suas vinculações
orgânicas, de modo uniforme, harmônico e coordenado, em conformidade com a legislação,
normas e instruções específicas, tendo como objetivo o desenvolvimento de ações voltadas
para perícia médica dos servidores públicos estaduais no desempenho das seguintes atividades
(Mato Grosso do Sul, 2009):
✓ i - Realização de exames médico-periciais para fins de:
a) Ingresso em cargo efetivo e em comissão; b) Admissão de pessoal temporário; c)
Reintegração, aproveitamento ou reversão a cargo público efetivo; d) Aposentadoria
por invalidez e avaliação médica periódica; e) Readaptação funcional, por motivo de
saúde; f) Licença para tratamento de saúde, repouso de gestante e por motivo de
doença em pessoa da família; g) Avaliação de acidente de trabalho ou doença
profissional; h) Avaliação médica de dependente inválido ou portador de necessidades
especiais; i) Avaliação médica para fim de Isenção no Imposto de Renda;
✓ ii - Avaliação médica para encaminhamento a programas de reabilitação profissional;
27
✓ iii - Emissão de parecer médico-pericial para comissões de processo administrativo
disciplinar;
✓ iv - Realização de exames médicos periódicos e demissionais;
✓ v - Avaliação de condições de trabalho, para fins de apuração do grau de
insalubridade, periculosidade e penosidade no exercício da função pública;
✓ vi - Emissão de parecer caracterizando a necessidade profissional de assistência
permanente de outra pessoa ao segurado aposentado por invalidez, para percepção de
auxílio invalidez;
✓ vii - Representação como perito em questões médico-periciais de interesse de órgãos e
entidades do Estado de Mato Grosso do Sul;
✓ viii - Proposição e elaboração de atos e normas para funcionamento do SIPEM e
implantação de novas técnicas, métodos ou procedimentos na execução das atividades
discriminadas neste artigo.
Descrição Física da SIPEM
O local físico da SIPEM é separado da sede da AGEPREV, está localizado na Rua
Franklin Roosevelt, 68 - Bairro Jardim Aclimação, na cidade de Campo Grande – MS. Trata-
se de um prédio de três andares, com um elevador e escadas.
No andar térreo é realizado o atendimento inicial que é direcionado para os fins
desejados. Conta com uma sala de cadastramento e informações, salas improvisadas para
atendimento médico pericial com uma maca, mesa, cadeiras, computador e um ambiente de
espera. No primeiro andar existem salas de atendimento psicossocial, todas com mesas e
cadeiras, ar-condicionado e computadores. No segundo andar há uma sala de perícia e, mais
três salas administrativas, sendo uma delas da Direção do local; no terceiro andar tem mais
uma sala de perícia e uma sala de espera.
Por meio de observação, fica clara a necessidade de adequações ergonômicas e de
segurança, por se tratar de um prédio antigo com evidente necessidade de reformas, com salas
improvisadas, por vezes com algum defeito aparente, desde pisos ocos até luzes com mau
funcionamento.
O convênio interinstitucional
Em 2018, a AGEPREV firmou convênio com a Universidade Católica Dom Bosco –
UCDB, que marca o início da execução do plano de trabalho do Acordo de Cooperação
Mútua com a UCDB. Este convênio visa fornecer aos servidores da Agência, capacitação
28
técnica e comportamental, que na sequência, será estendida às equipes das unidades setoriais
de Recursos Humanos do Poder Executivo Estadual para nivelar conhecimentos acerca do
atendimento ao público específico de benefícios previdenciários.
Esta parceria visa estabelecer o intercâmbio e a cooperação técnico-científicos por
meio da realização de ações recíprocas de ensino-aprendizagem, assistência, docência, estágio
curricular e pesquisa em áreas de interesse comum e o estabelecimento de mecanismos para a
sua realização, sem a transferência de recursos financeiros entre os partícipes.
O público-alvo do projeto são os servidores públicos estaduais, tanto aqueles que
atuam nas unidades de trabalho da AGEPREV, quanto os demais servidores que são usuários
dos serviços desta agência, pleiteando ou usufruindo dos benefícios previdenciários
(aposentadoria por invalidez, aposentadoria compulsória, aposentadoria voluntária por idade e
tempo de contribuição, aposentadoria voluntária por idade, aposentadoria especial, auxílio-
doença, salário-família, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão) (Dias &
Guimarães, 2018).
A AGEPREV compromete-se a:
Inserir a UCDB nos eventos realizados pela AGEPREV de acordo com o previsto no
plano de trabalho. Receber os estagiários encaminhados pela UCDB, do curso de psicologia,
para a realização de atividades inerentes à formação do aluno; realização de pesquisas e
estudos que contemplem levantamento de dados sócio ocupacionais, índice de capacidade no
trabalho e avaliação dos danos relacionados ao trabalho (Dias & Guimarães, 2018).
A UCDB compromete-se a:
Encaminhar alunos, em estágio regulamentar, do curso de Psicologia, bem como
mestrandos e doutorandos do Curso de Pós-Graduação Strictu Senso em psicologia, para
realizar atividades inerentes à sua formação; promover e mediar oportunidades de
compartilhamento de atividades o intercâmbio e a cooperação técnico-científica. Manter sigilo
sobre os dados individuais coletados, bem como utilizar os resultados das pesquisas para uso
exclusivo em publicações científicas, tais como artigos, livros, capítulo de livros, além de
apresentação de trabalhos em congressos e similares, sem a identificação do nome dos seus
participantes (Dias & Guimarães, 2018).
Primeiras Ações
Depois de firmado o acordo de cooperação mútua, a primeira ação foi realizada e
coordenada pela Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães, no dia 15 de junho de 2018,
por meio da palestra intitulada “Saúde Mental e Trabalho”, com o intuito de sensibilizar os
29
servidores da AGEPREV e com o objetivo de explanar como iriam funcionar as atividades
realizadas junto ao Laboratório de Saúde Mental e Qualidade de Vida no Trabalho da UCDB.
No mês seguinte, os estagiários de último ano de psicologia iniciaram os plantões
psicológicos in locu na sede da AGEPREV e no local onde se encontra o Sistema Estadual de
Perícia Médica (SIPEM), locus da pesquisa, bem como atendimento ambulatorial na Clínica
Escola da UCDB, na qual iriam ocorrer os encontros semanais. O organograma do programa
permite que as pessoas que buscam este auxílio psicológico passem pelo plantão psicológico
no qual é realizado o primeiro acolhimento, haja vista a necessidade de um acompanhamento
mais próximo. Nesse caso, o trabalhador é encaminhado para o ambulatório em caráter:
eletivo, emergente ou urgente.
Ainda no ano de 2018 foi dada autorização para a realização da presente pesquisa por
meio do Diretor-presidente da AGEPREV, Dr. Jorge Martins e no ano de 2019 o projeto foi
submetido à plataforma Brasil para a análise e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da
UCDB, sendo que a coleta de dados aconteceu no mês de junho de 2019.
Esta dissertação está composta em formato de artigos, sendo eles:
1. Artigo 1 - Custo Humano e Danos Relacionados ao Trabalho em
servidores de uma agência da previdência social de Campo Grande, Mato Grosso
do Sul, Brasil. Teve por objetivo investigar a existência do Custo Humano e de Danos
Relacionados ao Trabalho. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e analítico,
de corte transversal, com o uso do método quantitativo de pesquisa. A amostra foi
composta por conveniência e voluntária de n=40 servidores. Os instrumentos
utilizados foram: Questionário Sóciodemográfico Ocupacional (QSDO); Escala de
Custo Humano no Trabalho (ECHT) e Escala de Avaliação dos Danos Relacionados
ao Trabalho (EADRT). As escalas avaliaram o custo humano e os danos relacionados
ao trabalho, evidenciando os indicadores de risco (críticos) relacionados ao trabalho
por eles exercidos.
2. Artigo 2 - Custos e danos provocados pelo trabalho e o impacto na
capacidade, relacionados ao trabalho em servidores de uma Agência da
Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. O objetivo foi
avaliar o Índice de Capacidade para o Trabalho, correlacionando-o com a Escala de
Custo Humano no Trabalho (ECHT) e a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados
ao Trabalho (EADRT). A aplicação dos instrumentos foi feita em uma amostra por
conveniência e voluntária de n=40 servidores, sendo esse um estudo exploratório,
descritivo e analítico, de corte transversal, com o uso do método quantitativo de
30
pesquisa. Os instrumentos utilizados foram: Questionário Sóciodemográfico
Ocupacional (QSDO); Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); Escala de
Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e o Índice de Capacidade
para o Trabalho (ICT). Neste artigo ressalta-se a importância da correlação dos
instrumentos entre si, pois unicamente, nesta forma de analisar, tornou-se possível
encontrar os resultados mais relevantes desta pesquisa trazendo a tona (in)capacidade
para o trabalho nos âmbitos afetivo, físico social e psicológico.
31
ARTIGO 1
32
Custo Humano e Danos Relacionados ao Trabalho em Servidores de uma
Agência da Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso Do Sul,
Brasil
Human Cost and Work Related Damage in Servants of a Social Security Agency in
Campo Grande, Mato Grosso Do Sul, Brazil
Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya
Liliana A. M. Guimarães
Resumo
Introdução - As mudanças no mundo do trabalho têm se tornado mais rápidas e intensas,
acarretando alterações nas condições laborais e profundas repercussões na saúde geral e
mental dos trabalhadores. Objetivo - Investigar a existência de Custo Humano e de Danos
relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM), da
Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul (AGEPREV), Brasil. Método - Foi realizado
um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com uso do método
quantitativo de pesquisa, em uma amostra composta por conveniência e voluntária de n=40
servidores (85,1% da população do local estudado). Utilizaram-se os seguintes instrumentos
de pesquisa: (i) Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo
Humano no Trabalho (ECHT) e (iii) Escala de Avaliação dos Danos relacionados ao Trabalho
(EADRT), estas últimas derivadas do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento
(ITRA). Resultados - Os achados obtidos mostraram que os trabalhadores estudados são na
maioria do sexo masculino (60%), casados (62,5%), possuem curso de pós-graduação (70%) e
jornada de trabalho de 24h semanais. Quando realizada a distribuição de frequência das
dimensões da ECHT os resultados mostraram: (i) não haver um custo físico, apontando para
um resultado satisfatório nessa dimensão (72,5%); (ii) existência de um custo afetivo:
classificado como crítico (55,0%) e (iii) um custo cognitivo grave (47,5%). Quando realizada
distribuição de frequência das dimensões da EADRT os resultados demonstraram que a
amostra apresenta doenças ocupacionais (danos físicos 10%; danos psicológicos 10% e danos
sociais 2,5%). Foram obtidas as seguintes correlações entre o ECHT e EADRT: “interferência
do trabalho na vida familiar” e “custo cognitivo” (r= 0,375; p-valor=0,017), “custo cognitivo”
e “custo afetivo” (r=0,319; p-valor=0,045), “danos físicos” e “avaliação do ambiente do
trabalho” (r=0,378; p-valor=0,016), “danos físicos” com “custo afetivo” (r=0,356; p-
33
valor=0,024), danos sociais com danos físicos (r=0,476; p-valor 0,002), danos psicológicos
com danos físicos (r=0,450; p-valor=0,004) e danos psicológicos com danos sociais (r=0,433;
p-valor 0,005). Considerações finais - As duas escalas ECHT e EADRT avaliaram o custo
humano e os danos relacionados ao trabalho dos servidores estudados, bem como
evidenciaram os indicadores de risco (críticos) relacionados ao trabalho por eles exercido. Os
resultados obtidos poderão servir de subsídio para que futuras intervenções promovam
mudanças no ambiente de trabalho e políticas organizacionais para proteção dos trabalhadores
em relação aos riscos psicossociais, sendo necessário elaborar medidas interventivas, tais
como programas com propósitos longitudinais que incluam as percepções dos servidores,
tendo em vista os danos já existentes.
Palavra-chave: Saúde Mental; Trabalho; Custo Humano; Danos Relacionados ao Trabalho.
Abstract
Introduction - The changes in the world of work have become faster and intense, resulting in
changes in the labor conditions and deep repercussion in the general and mental health of the
workers. Objective - To investigate the existence of Human Cost and Work related damage to
the servants of the State System of Medical Expertise (SSME) of the Social Security Agency
in Mato Grosso do Sul (SSA-MS), Brazil. Method - An exploratory, descriptive and analytic
study was performed, using the cross section mode of research, using the quantitative method
of research, the samples of this study were by convenience and willingness, it was composed
by 40 (forty) servants (85,1% of the population from the location of study). The following
instruments of research were used: (i) Semi Demographic Occupational Quiz; (ii) Human
Cost at Work Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD),
the last ones are derivative from the Work Inventory and Illness Risks (WIIR). Results - The
results showed that servants are mostly male (60%), married (62,5%), post graduated (70%)
and work 24 hours per week. When the HCWS frequency was distributed, the study indicated
that the participants show: (i) there wasn’t a physical cost, pointing to a satisfactory result in
this dimension (72,5%); (ii) affective cost: classified as critical (55,5%) and (iii) a severe
cognitive cost (47,5%). When the distribution of the ESWRD was made, the results
demonstrated that the sample presents occupational diseases (physical damage 10%;
psychological damage 10% and social damage 2,5%). The correlations between the HCWS
and the ESWRD are: “work interference in the family life” and “cognitive cost” (relation=
0,375; value= 0,017), “cognitive cost” and “affective cost” (r= 0,319; v= 0,045), “physical
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damage” and “work environment evaluation” (r=0,378; v= 0,016), “physical damage” and
“affective cost (r=0,356; v=0,024), “social damage” and “physical damage” (r= 0,476; v=
0,002), “psychological damage” and “physical damage” (r= 0,450; v= 0,004) and
“psychological damage” and “social damage” (r= 0,433; v= 0,005). Final considerations -
Both of WIIR scales (HCWS and ESWRD) evaluated the human cost and the work related
damage of the studied servants, as well as they highlighted the risk markers (critical) related
to the work executed. The obtained results might serve as subsidy so future interventions can
promote changes in the work environment related to the psychosocial risks, being necessary
to elaborate interventional measures, such as programs with a longitudinal purpose, which
include the perception of the servants, in view of already existing damage.
Key words: Mental health; Work; Human Cost; Work-Related Damage.
INTRODUÇÃO
As mudanças no mundo do trabalho progressivamente têm se tornado mais rápidas e
intensas, acarretando mudanças nas condições de trabalho, tipos de emprego e/ou serviços, no
cenário sócio-econômico-político-cultural, em nível regional, nacional e mundial levando a
intensas repercussões na saúde mental do trabalhador. Atualmente, o trabalho se constitui
como uma atividade que envolve o homem em todas as suas dimensões (bio, psico, sócio,
cultural e espiritual) exercendo importante papel na construção da subjetividade humana, bem
como de sua identidade como pessoa, sendo um elemento constitutivo da saúde mental e
coletiva (Feliciano, Kovacs & Sarinho, 2011; Guida, Brito & Alvarez, 2013; Guimarães,
Oliveira, Meneghel & Minari, 2016).
O trabalho, para Borges, Guimarães e Silva (2013) contribui para a sobrevivência
humana em nível material e orgânico, estrutura e organiza a vida, proporcionando uma forma
de ser e pensar, provendo uma rede de relações e de contatos; atua também na construção de
seu espaço na sociedade, por meio dos direitos e obrigações que lhe são atribuídos. As
interações que advém destas relações de trabalho se constituem nas características de cada
trabalhador, do meio ambiente e das condições de trabalho, e organizacional, que por sua vez
são explicadas como processos psicossociais nas organizações que são constituintes para
bases de promoção de saúde e da produtividade organizacional (Zanelli, Silva & Tolfo, 2011).
Tais processos ultrapassam os níveis individuais, grupais e organizacionais, haja vista
que são influenciados por inúmeras variáveis pessoais e sociais. Além disso, postulam que
estes processos se relacionam com práticas e recursos que promovem melhorias nas tarefas,
nas condições do ambiente social, tais como estilos de lideranças e do sistema de
35
comunicação, às estratégias organizacionais, políticas da empresa, bem como sua cultura
(Zanelli, Silva & Tolfo, 2011).
O presente trabalho está ancorado no campo teórico da Psicologia da Saúde
Ocupacional (PSO), utiliza a abordagem da Psicossociologia do Trabalho e contempla as
relações entre a Saúde Mental e Trabalho que, segundo Guimarães et al (1998), se propõem a
observar e estudar as dinâmicas organizacionais, as instituições e seus processos de trabalho,
buscando promoção e prevenção de saúde mental e qualidade vida do trabalhador, por meio
de ações diagnósticas, preventivas e terapêuticas, que por vez auxiliam na compreensão das
causas e dos transtornos mentais relacionados ao trabalho.
Nesta perspectiva, a saúde mental não deve e não pode ser desconectada da saúde
geral, as políticas públicas e os programas de atenção na área da psique humana, não podem
apenas evidenciar os aspectos patogênicos, mas igualmente orientar ações de promoção e
prevenção à saúde, com uma visão predominantemente salutogênica, tendo como objetivo
identificar e potencializar aspectos saudáveis existentes no indivíduo que possam estar
preservados (Guimarães et al., 2016). Este artigo teve como objetivo investigar a existência
de Custo Humano e Danos relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de
Perícia Médica da Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul.
Riscos de Adoecimento no Trabalho
Os riscos de adoecimento no trabalho podem contemplar vários níveis, podendo ser
físicos, emocionais, mentais, entre outros. Na maioria das vezes os riscos de natureza física,
são evidentes nas organizações de trabalho, já quando se trata dos riscos psicossociais, os
mesmos não são simples de serem detectados, justamente por não serem riscos facilmente
identificáveis, o que pode se constituir em ameaças, muitas vezes severas, à saúde do
trabalhador (Zanelli, 2015). Segundo o autor, os fatores de risco podem ser expressos pelas
condições presentes em uma situação de trabalho que trazem consigo possibilidades de
resultados negativos para o bem estar e o desempenho, não sendo necessariamente
determinantes, mas que podem guardar potencial intrínseco de danos psicológicos, sociais ou
físicos à pessoa que executa o trabalho e, em extensão, para a comunidade organizacional.
Para Jacobson (2007) quando se fala de risco de adoecimento no trabalho pode se
incluir até mesmo a dignidade humana dentro do contexto laboral, uma vez que a mesma tem
sido estudada em várias esferas da vida, principalmente no âmbito da saúde. No âmbito
organizacional a dignidade tem sido abordada principalmente no contexto interno das
organizações, pois esta vem se destacando em sua relação com o trabalhador (Teixeira & Paz,
36
2016), sendo a falta de segurança no trabalho, falta de salários adequados para uma vida
digna, bem como a existência de práticas organizacionais que valorizam mais a quantidade do
que a qualidade, que podem resultar em diversos sintomas de adoecimento nos trabalhadores.
De acordo com Guimarães (2013) a urgência de maior produtividade, associada à
redução contínua do contingente de trabalhadores, à pressão do tempo, o aumento da
complexidade de tarefas, expectativas irrealizáveis de tarefas, relações de trabalho tensas e
precárias, podem gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional, constituindo-se em fatores
psicossociais responsáveis pelo adoecimento do trabalhador. Para a autora, os riscos
psicossociais podem interferir até mais do que fatores físicos no desempenho do trabalho,
sendo que esses riscos são os menos estudados e raramente considerados capazes de causar
doenças ocupacionais ou relacionados com o trabalho, porém, o desconhecimento e a
desatenção com relação aos mesmos não reduzem os seus efeitos deletérios.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2013) entre os
principais riscos no ambiente laboral destacam-se as condições ergonômicas e os riscos
psicossociais. Segundo Costa e Santos (2013) os riscos psicossociais no trabalho são um tema
abordado de maneira crescente devido, principalmente, às evidências da sua relação com o
aumento de processos patológicos nos trabalhadores. Segundo a Organização Europeia de
Saúde e Segurança no Trabalho (EU-OSHA, 2010) são muitas as mudanças que vêm
ocorrendo com o passar dos anos no âmbito tecnológico, social e até mesmo organizacional
nos locais de trabalho, movimentos estes resultantes da rápida globalização, suscitando riscos
emergentes bem como novos desafios. Apesar de alguns riscos tradicionais terem diminuído
devido a melhorias na segurança do trabalho, muitos outros continuam ainda a provocar danos
inaceitáveis na saúde dos trabalhadores.
Segundo Guimarães, Oliveira, Meneghel e Minari (2016), nos últimos anos a saúde
mental do trabalhador tem sido estudada com uma maior frequência devido à crescente
prevalência do sofrimento mental nos ambientes de trabalho, levando a graves prejuízos no
desempenho do trabalhador e perdas econômicas para o empregador. Os autores afirmam que
a prevenção inadequada de doenças ocupacionais tem efeitos profundos e negativos nos
trabalhadores e suas famílias, na sociedade como um todo, por conta dos altos custos que são
gerados em termos de perda de produtividade e sobrecarga dos sistemas de segurança social.
Desse modo, a prevenção é mais eficaz e menos onerosa do que o tratamento e a reabilitação.
Medidas concretas para melhorar a capacidade de prevenção de doenças ocupacionais podem
ser tomadas em todas as esferas.
37
Os riscos psicossociais do trabalho representam a probabilidade de ocorrerem efeitos
negativos para a saúde mental, física e social dos(as) trabalhadores(as), gerados por condições
de emprego, fatores organizacionais e relacionais que podem interagir com o funcionamento
mental e bem-estar psicossocial dos(as) trabalhadores(as), podendo os fatores de risco
psicossocial ser entendidos como aqueles aspectos da concepção e gestão de trabalho e seus
contextos social e organizacional, que têm o potencial para causar dano psicológico ou físico
(Neto, 2015).
As condições e os danos de trabalho na SIPEM
Quando se fala em condições de trabalho atrela-se às organizações o bem-estar físico e
mental. O bem-estar mental é essencial para ter uma boa saúde e qualidade de vida. Em um
trabalho realizado pelo Serviço de Publicações da União Europeia - SPUE (2013) destacou-se
o bem-estar como um estado que permite aos indivíduos desenvolverem todas as suas
potencialidades, enfrentar as normais tensões da vida, trabalhar produtivamente e
desempenhar um papel positivo na sociedade em que estão inseridos.
Promover um bem-estar mental é importante atributo para um ambiente de trabalho
saudável. Alguns exemplos de medidas que podem ser tomadas para este objetivo: (i)
flexibilizar os regimes de trabalho; (ii) prestar apoio em relação aos desafios da vida
cotidiana, como assegurar o acesso a estruturas de cuidados infantis; proporcionar aos quadros
dirigentes e aos trabalhadores formação e sensibilização para as questões relacionadas com a
saúde mental; (iii) disponibilizar gratuitamente aconselhamento e apoio psicológicos e (iv)
prestar apoio aos trabalhadores para que participem em ações de exercício físico (SPUE,
2013).
Para Marconi (2005) a Gestão de Pessoas, na maioria das vezes, possui um papel
tradicional nas organizações públicas, limitando-se às rotinas de processamento de tarefas
administrativas, como pagamento e aposentadoria, proposições de leis e regulamentos
concernentes à área. Nesse contexto, o autor argumenta que as mudanças na forma de atuação
em Gestão de Pessoas estão ocorrendo de forma lenta e gradativa, tornando-se premente a
implementação de políticas e práticas a fim de que sejam percebidos resultados efetivos nos
ambientes de trabalho.
Em 1995, no Plano Diretor da Reforma do Estado, a Administração Pública Gerencial,
efetivada após promulgação da emenda constitucional de 1998, pode ser entendida como um
patente avanço em termos de gestão pública uma vez que a proposta visa a “orientação de
38
atender ao cidadão cujos direitos ultrapassavam os direitos de um cliente ou consumidor”
(Villardi; Ferraz, & Dubeux, 2011, p.314).
Neste cenário, é premente o diagnóstico da percepção de políticas de Gestão de
Pessoas por parte dos servidores públicos, bem como de comportamentos, estados e atitudes
desejados como comprometimento, satisfação, justiça e bem-estar, a subsequente
implementação de ações para se alcançar efetividade organizacional, ratificando que o
cidadão e a sociedade em geral são os grandes clientes do setor público (Teixeira & Paz,
2016).
O Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM) do Poder Executivo integra um
conjunto articulado de órgãos, unidades e agentes com atuação descentralizada, independente
de suas vinculações orgânicas, de modo uniforme, harmônico e coordenado, em conformidade
com a legislação, normas e instruções específicas, tendo como objetivo o desenvolvimento de
ações voltadas para a perícia médica dos servidores públicos estaduais no desempenho das
suas atividades laborais (Mato Grosso do Sul, 2009).
MÉTODO
Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com
o uso do método quantitativo de pesquisa.
Participantes
A amostra de estudo com n=40 trabalhadores de um total de N=48 foi voluntária e
composta por conveniência. Todos os servidores eram lotados no Sistema Estadual de Perícia
Médica (SIPEM) da Agência de Previdência Social de Campo Grande, estado do Mato
Grosso do Sul, Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de 24 de junho de 2019 a 01
de julho de 2019.
Instrumentos
Utilizou-se um Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO) desenvolvido
especificamente para esta pesquisa, contendo questões fechadas. O QSDO foi composto por
duas dimensões: (i) sociodemográfica (sexo, idade, estado civil, religiosidade, escolaridade,) e
(ii) ocupacional (tempo de serviço na instituição, jornada de trabalho, turno de trabalho, meio
de ingresso na instituição, órgão de origem, trabalho interfere na vida familiar, como avalia o
ambiente de trabalho).
39
Outro instrumento utilizado, o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento
(ITRA) foi criado e validado por Ferreira e Mendes (2003) em uma pesquisa nacional em
parceria com a Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social Brasileira
(FENAFISP). Posteriormente, foi adaptado, revalidado e publicado com uma amostra
heterogênea de trabalhadores por Ferreira et al (2005), e em 2006 passou por uma nova
validação devido a alguns ajustes. O ITRA é um instrumento estruturado, que exerce um
papel auxiliar, podendo ser comparado a um “termômetro”. Tem por objetivo analisar e
descrever o trabalho real, traçando perfis específicos de alguns fatores que possam interferir
no processo de adoecimento no trabalho. É subdividido em escalas, como já mencionado, que
investigam as dimensões da inter-relação do trabalho e do processo de subjetivação no
contexto propriamente dito, exigências (afetivas, cognitivas e físicas) (Ferreira e Mendes,
2003).
O ITRA é composto por quatro escalas interdependentes que avaliam as dimensões
sobre a inter-relação trabalho e risco de adoecimento. Desse Inventário, foram extraídas e
utilizadas nesse estudo duas escalas, sendo elas: (i) a Escala de Custo Humano no Trabalho
(ECHT) (Anexo A) e (ii) a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho
(EADRT) (Anexo B).
A Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) avalia as representações relacionadas
à organização, às condições de trabalho e às relações sócio profissionais. Possui 31 itens e três
dimensões: custo físico, custo cognitivo e custo afetivo. Possui um eigenvalues acima de 2,0,
variância total de 44,46%, KMO de 0,91 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de
Cronbach foram acima de 0,84.
Os itens são avaliados por meio de uma escala de nível de exigência dos indicadores
de custo humano do trabalho, de cinco pontos, com itens negativos, cujo escore fatorial é
obtido por meio da média entre os itens. Sua análise deve ser feita a partir de três níveis que
consideram o ponto médio e desvios-padrão em relação ao ponto médio. Essa classificação
envolve os níveis: negativo ou grave (escore fatorial acima de 3,7), moderado ou crítico
(escores entre 2,3 e 3,69) e positivo ou satisfatório (escore abaixo de 2,29).
Já a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) avalia as
consequências em termos de danos físicos e psicossociais, possui 29 itens e é composta por
três dimensões. A EADRT possui um eigenvalues de 1,5, variância total de 50,09%, KMO de
0,95 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach foram acima de 0,88. É uma
escala de sete pontos cujo objetivo é avaliar nos últimos três meses, a ocorrência (uma vez,
duas vezes, etc.) dos indicadores de danos provocados pelo trabalho.
40
Sua análise deve ser feita a partir de quatro níveis, que consideram o ponto médio e
desvios-padrão em relação ao ponto médio. Para os indicadores de dano, essa classificação
envolve os níveis de avaliação mais negativa, com a presença de doenças ocupacionais
(escore fatorial acima de 4,1), avaliação moderada grave (entre 3,1 e 4,0), moderada crítica
(escores entre 2,0 e 3,0) e avaliação positiva: satisfatória (escore abaixo de 1,9) (Ferreira e
Mendes, 2003).
Procedimentos
Os procedimentos para a coleta de dados se iniciaram com o acordo de Cooperação
Mútua nº 01/2018 entre a Universidade Católica Dom Bosco - UCDB e a Agência de
Previdência Social de Mato Grosso do Sul - AGEPREV, firmado por seus respectivos
responsáveis. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da
UCDB, com o número CAAE: 12499719.8.0000.5162, seguindo em conformidade com as
normas éticas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de
Saúde (Brasil, 2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa
envolvendo seres humanos; na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho
Federal de Psicologia (Brasil, 2000); que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres
humanos.
O Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE foi entregue em mãos e
esclarecida toda a pesquisa e suas implicações, preservando-se a identidade de cada
participante, bem como o caráter voluntário. Mediante a assinatura do TCLE por parte do
trabalhador, deu-se início a aplicação dos questionários, na seguinte ordem: QSDO, ECHT e
EADRT. Ainda com o objetivo de preservar a identidade dos participantes da pesquisa, no
questionário sociodemográfico e ocupacional não existem perguntas que possam de alguma
forma identificá-los.
Análise dos Dados
Os dados coletados foram tabulados no Excel e analisados com o auxílio do software
SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 22ª versão, estabelecendo-se um nível de
confiança de 95%. As análises estatísticas foram baseadas nos testes Qui-quadrado e na
Anova. Para a análise inferencial foram realizadas as correlações existentes entre as Escalas
ECHT e a EADRT.
41
RESULTADOS
Os achados obtidos nesse estudo demonstraram que os trabalhadores estudados têm
média de idade de 48,02 anos (DP±9,97), são em sua maioria do sexo masculino (60%),
casados (62,5%), possuem pós-graduação (70%), são católicos (50%). Têm tempo de serviço
na instituição de 8,26 anos (DP±6,43), com uma jornada de trabalho semanal de 24h (DP±
13,31) horas, com uma predominância de 57,5% de trabalhadores nos dois turnos, sendo que
destes n=40, apenas dois ingressaram na instituição por meio de concurso público, 27,5% são
cedidos por outros órgãos estaduais e 42,5% são credenciados.
Tabela 1
Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra Variáveis N %
Sexo
Feminino 16 40,0
Masculino 24 60,0
Estado Civil
Solteiro (a) 5 12,5
Casado (a) 25 62,5
Separado (a) ou divorciado (a) 7 17,5
União estável 3 7,5
Escolaridade
Ensino fundamental incompleto 1 2,5
Ensino fundamental completo 1 2,5
Ensino médio completo 3 7,5
Graduação incompleta 1 2,5
Graduação completa 3 7,5
Pós-graduação incompleta 3 7,5
Pós-graduação completa 28 70,0
Religião
Católica 20 50,0
Evangélica 6 15,0
Espírita 8 20,0
Outra religião 1 2,5
Sem religião 5 12,5
Período de trabalho
Matutino 15 37,5
Vespertino 2 5,0
Dois períodos 23 57,5
Na Tabela 2 estão descritos a média e o desvio-padrão das três dimensões da ECHT,
que indicaram os seguintes resultados: custo físico (�̅�=2,10; DP±0,67), custo cognitivo
(�̅�=3,55; DP±0,93) e custo afetivo (�̅�=2,64; DP±0,74).
42
Tabela 2
Média, desvio-padrão e confiabilidade da ECHT
Dimensões N Escala Média Desvio Padrão Alfa de
Cronbach
Custo Físico 40 1 - 5 2,10 0,67 0,86
Custo Cognitivo 40 1 - 5 3,55 0,93 0,92
Custo Afetivo 40 1 - 5 2,64 0,74 0,84
Na Tabela 3 demonstra-se a média e o desvio-padrão das três dimensões da EADRT,
que indicaram os seguintes resultados: danos físicos (�̅�=1,81; DP±1,50), danos psicológicos
(�̅�=1,22; DP±1,68) e danos sociais (�̅�=1,02; DP±1,21).
Tabela 3
Média, desvio-padrão e confiabilidade da EADRT
Dimensões N Escala Média Desvio Padrão Alfa de
Cronbach
Danos Físicos 40 0 - 6 1,81 1,50 0,92
Danos Psicológicos 40 0 - 6 1,22 1,68 0,97
Danos Sociais 40 0 - 6 1,02 1,21 0,88
Quando realizada a distribuição de frequência da Escala de Custo Humano no
Trabalho, de acordo com as dimensões do ITRA (classificadas como satisfatório, crítico e
grave), conforme a Tabela 4 demonstra, os participantes obtiveram os seguintes resultados: (i)
Custo físico: satisfatório (72,5%); (ii) Custo afetivo: crítico (55%); (iii) (grifo nosso) Custo
cognitivo: grave (47,5%) (grifo nosso).
Tabela 4
Distribuição de frequência da ECHT
Quando realizada a distribuição de frequência da Escala de avaliação dos danos
relacionados ao trabalho, conforme demonstra a Tabela 5, obteve-se que a maioria dos
participantes não apresenta danos sociais (87,5%), danos psicológicos (77,5%) e danos físicos
(72,5%), todos com a classificação satisfatório.
Dimensões Satisfatório Crítico Grave Total
N % N % N % N %
Custo Físico 29 72,5 10 35,0 1 2,5 40 100,0
Custo Cognitivo 6 15,0 15 37,5 19 47,5 40 100,0
Custo Afetivo 15 37,5 22 55,0 3 7,5 40 100,0
43
Tabela 5
Distribuição de frequência da EADRT
Na Tabela 6, os resultados das correlações entre o ECHT e a EADRT, indicaram custo
cognitivo e interferência do trabalho na vida familiar (r= 0,375; p-0,017); custo cognitivo e
custo afetivo (r= 0,319; p-0,045); Danos Físicos com Avaliação feita sobre o Ambiente de
Trabalho (r= 0,378; p-0,016); Danos Físicos com Custos Afetivos (r= 0,356; p-0,024); Danos
Sociais com Danos Físicos (r= 0,476; p-0,002); Danos Psicológicos com Danos Físicos (r=
0,450; p-0,004); Danos Psicológicos com Danos sociais (r= 0,433; p-0,005).
Dimensões Satisfatório Crítico Grave
Presença
Doença
Ocupacional
Total
N % N % N % N % N %
Danos Físicos 29 72,5 3 7,5 4 10,0 4 10,0 40 100,0
Danos Sociais 35 87,5 2 5,0 2 5,0 1 2,5 40 100,0
Danos
Psicológicos 31 77,5 4
10,
0 1 2,5 4 10,0 40 100,0
44
Tabela 6
Correlação entre o QSDO, a ECHT e a EADRT.
1.
Interferência
do trabalho na
vida familiar
2. Avaliação
do ambiente
de trabalho
3. Custo
afetivo
4. Custo
cognitivo
5. Custo
físico
6. Danos
físicos
7. Danos
sociais
2. Avaliação
do ambiente de
trabalho
r 0,179
p-valor 0,270
N 40
3. Custo
afetivo
r 0,120 0,310
p-valor 0,461 0,051
N 40 40
4. Custo
cognitivo
r 0,375 0,233 0,319
p-valor 0,017 0,147 0,045
N 40 40 40
5. Custo físico
r 0,290 0,069 -0,061 0,112
p-valor 0,069 0,674 0,707 0,493
N 40 40 40 40
6. Danos
físicos
r 0,011 0,378 0,356 0,095 0,260
p-valor 0,944 0,016 0,024 0,560 0,105
N 40 40 40 40 40
7. Danos
sociais
r 0,239 0,267 0,307 -0,177 0,105 0,476
p-valor 0,138 0,096 0,054 0,275 0,520 0,002
N 40 40 40 40 40 40
8. Danos
psicológicos
r -0,049 0,018 0,284 0,002 0,108 0,450 0,433
p-valor 0,762 0,911 0,076 0,991 0,507 0,004 0,005
N 40 40 40 40 40 40 40
45
DISCUSSÃO
Os resultados do QSDO apresentam uma diferença na quantidade de homens (60%) e
mulheres (40%) na SIPEM, dado este que se aproxima dos indicadores nacionais sinalizados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), em que a distribuição da
população trabalhadora, de um total de 93 milhões de ocupados, são mulheres 43,8% e
homens 56,2%. Por mais que ocorra uma aproximação progressiva no número de homens e
mulheres no mercado de trabalho, bem como as transformações nos padrões sociais, culturais
e nos valores pertencentes ao papel social da mulher, frutos dos movimentos feministas, que
se iniciaram nos anos 1970 (Guimarães, Minari & Soares Júnior, 2015) e, quando comparados
os rendimentos das mulheres e dos homens de acordo com a ocupação, o estudo mostra que a
desigualdade salarial é disseminada no mercado de trabalho, embora possa variar de
intensidade, o que demonstra ainda importantes desafios a percorrer em relação à igualdade
de gênero no mercado de trabalho no Brasil e no mundo (OIT, 2011).
Os achados do presente estudo mostram que 62,5% da amostra são casados. Antloga,
Maia, Cunha e Peixoto (2014) em estudo sobre o contexto e custo humano no trabalho em um
órgão do poder judiciário brasileiro, encontraram uma maioria de servidores casados (59,3%),
conformando os dados da pesquisa. Os participantes da amostra possuem pós-graduação
(70%), o que parece indicar, provavelmente, um estímulo à educação continuada por parte da
instituição, achado que confirma os resultados obtidos pelas autoras sobre o contexto e custo
humano no trabalho em um órgão do poder judiciário brasileiro em que encontraram 62,7%
de servidores com curso de pós-graduação completo.
A distribuição de frequência da escala de custo humano no trabalho, mostra que o
custo cognitivo dos servidores estudados se apresenta como “grave” e o custo afetivo como
“crítico”, entretanto o custo físico mostra-se “satisfatório”. O tipo de trabalho desempenhado
pela amostra, que envolve um alto grau de contato interpessoal, com pessoas possivelmente
acometidas por enfermidades físicas e ou psicológicas, pressupõe uma alta sobrecarga
qualitativa e também quantitativa.
Nessa direção, na Suécia, Frankenhauser (1981) desenvolveu pesquisas sobre carga de
trabalho e propôs um modelo teórico de estresse ocupacional de esforço-distress que integra
conceitos da psicologia biológica e social no estudo da tensão e das respostas fisiológicas,
abordando o sistema neuroendócrino e as respostas cardiovasculares em relação ao ambiente
psicossocial do trabalho. As situações laborais que são percebidas como ameaçadoras ou
sentidas como sobrecarga de trabalho (quer seja uma sobrecarga quantitativa decorrente
46
da quantidade de trabalho, quer seja sobrecarga qualitativa decorrente do excesso de
esforço cognitivo por meio das atividades repetitivas) (grifo nosso) levam a liberação dos
hormônios do estresse: catecolaminas, adrenalina e noradrenalina que fazem o trabalhador
ficar fisicamente e mentalmente em estado de alerta.
A distribuição de frequência dos danos físicos, sociais e psicológicos mostra-se
satisfatória, porém 22,5% da amostra apresenta doença ocupacional, o que demonstra a
importância da urgência da implantação de um projeto de promoção, prevenção e intervenção
em saúde geral e mental. Contribuição relevante foi trazida pelos estudos experimentais,
realizados por Marianne Frankenhaeuser (1981) que comprovou a relação entre a intensidade
do controle exercido sobre o trabalhador, por um lado, e o desenvolvimento de um
embotamento afetivo, com bloqueio da vivência e expressão dos sentimentos. A mesma
psicóloga alertou para uma perspectiva sombria: a deterioração da solidariedade que adviria
se houvesse difusão das novas formas de intensificação do controle que começavam a surgir,
pois havia descoberto, nos mesmos estudos, que a fragilização dos vínculos interpessoais
ocorria pelo excesso de controle.
Relacionando-se os instrumentos de pesquisa QSDO, a ECHT e a EADRT
evidenciam-se valores importantes, principalmente quanto aos danos sociais, físicos e
psicológicos. Os danos sociais relacionados aos danos físicos possuem um p-valor 0,0021, os
danos psicológicos com os danos físicos p-valor 0,004 e os danos psicológicos com danos
sociais, p-valor 0,005, constatando-se a existência de danos psicossociais nesta amostra,
confirmando os resultados das pesquisas de Mininel, Baptista e Felli (2011) e Silva, Limas e
Pereira (2016) que afirmam que aqueles trabalhadores que lidam com pessoas adoecidas
possuem um maior desgaste psíquico em decorrência da natureza do próprio trabalho, mais do
que daquele originado por relações com os pares e situações sociais.
Frankenhauser (1981) aponta para “a importância de avaliar as necessidades,
capacidades e limitações humanas para configurar as condições psicossociais do trabalho, e
assim reduzir o estresse, melhorando a saúde do trabalhador”.
As correlações entre os itens “interferência do trabalho na vida familiar” e “custo
cognitivo” mostraram um p-valor de 0,017; “custo cognitivo” e “custo afetivo” um p-valor
0,045. Da EADRT, “danos físicos” e “avaliação do ambiente do trabalho” mostram um p-
valor de 0,016 e “danos físicos” com “custo afetivo” um p-valor 0,024. Estes valores diferem
quando analisados de forma individual, entretanto, em conjunto ou correlacionados,
1 De acordo com a estatística, quanto mais o p-valor se aproxima do zero, maior é o grau de
relevância dos dados.
47
confirmam o alerta dado pela International Labour Organization e também pela World
Health Organization (ILO, 1986; WHO, 1976) em que ambas as organizações internacionais
concordam que “o crescimento e o progresso econômico não dependem apenas da produção,
mas também das condições de vida e trabalho, saúde e bem-estar dos trabalhadores e seus
familiares”. Nesta pesquisa, as citadas instituições afirmam que para a ocorrência da saúde e
bem-estar dos trabalhadores é preciso levar em conta os fatores psicossociais presentes no
trabalho e não apenas os riscos físicos, químicos e biológicos. Frankenhauser (1981) também
apontou prejuízos para as próprias empresas e instituições a partir do controle intensificado e
rígido dos movimentos e das comunicações entre as pessoas: perda de criatividade e
dificuldades para cooperação entre os trabalhadores, entre outras repercussões.
Segundo a Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho (AESST, 2016),
um ambiente psicossocial positivo promove o bom desempenho organizacional e o
desenvolvimento pessoal, bem como o bem-estar mental e físico dos trabalhadores. Na
instituição ora estudada, isso parece não estar ocorrendo, observando-se danos psicossociais
relacionados ao ambiente de trabalho, transbordamento da dimensão trabalho na família,
danos sociais, afetivos, psicológicos e físicos, sendo necessário rever formas de gestão,
atentar para as questões ergonômicas e outros aspectos já mencionados que estão acarretando
prejuízos à saúde dos trabalhadores, visando um ambiente de trabalho saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As duas escalas do inventário ITRA (ECHT e EADRT) utilizadas avaliaram o custo
humano e os danos relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de Perícia
Médica (SIPEM) da AGEPREV, Campo Grande, MS, Brasil, bem como mapearam os
indicadores de saúde críticos relacionados ao seu trabalho. Os resultados obtidos poderão
servir de subsídio para intervenções que promovam mudanças no ambiente de trabalho e
políticas organizacionais para proteção dos servidores em relação aos riscos psicossociais. É
preciso elaborar e implantar medidas interventivas, tendo em vista os danos já existentes e
programas com alcance longitudinal que incluam também as percepções dos trabalhadores.
Este estudo apresenta algumas limitações, pois se baseou apenas em um dos
segmentos da AGEPREV e não em toda a população da instituição. No entanto, foi realizado
com uma amostra de n=40 servidores do setor de perícia médicas que corresponde a 85,1% da
população total do setor.
Futuras pesquisas podem reavaliar as dimensões propostas por este estudo, observando
se houve ou não a implantação de melhorias e se essas foram eficazes. Destaca-se a
48
importância de que as próximas pesquisas a serem realizadas sejam com o método misto
(quali/quanti) para que a subjetividade dos indivíduos possa ser avaliada. A utilização da
escala relativa ao contexto do trabalho do ITRA poderia ser de grande relevância para melhor
contextualizar os achados obtidos.
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51
ARTIGO 2
52
Custos e Danos Provocados pelo Trabalho e o Impacto na Capacidade, Relacionados ao
Trabalho em Servidores de uma Agência de Previdência Social de Campo Grande, Mato
Grosso do Sul, Brasil
Costs, Damage and Ability Related to the Work of a Social Security Agency in Campo
Grande, Mato Grosso Do Sul, Brazil.
Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya
Liliana A. M. Guimarães
Resumo
Introdução - O trabalho se constitui como um dos elementos fundamentais à existência
humana, por meio dele as pessoas transformam, são transformadas e constituem sua
identidade. O contexto de trabalho é um fator que influencia a saúde do trabalhador,
considerando nesta perspectiva que a forma como este realiza seu trabalho, bem como suas
relações interpessoais neste, sua vida social, física e mental, entre outros, permitem que suas
atividades laborais sejam consideradas prazerosas ou não. Objetivo - Avaliar o Índice de
Capacidade para o Trabalho dos servidores do Serviço Estadual de Perícia Médica (SIPEM)
da Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul, correlacionando-o à Escala de
Custo Humano no Trabalho (ECHT) e a Escala de Avaliação de Danos Relacionados ao
Trabalho (EADRT), ambas derivadas do Inventário de Riscos Relacionados ao Trabalho
(ITRA). Método - Foi realizado, em uma amostra voluntária e por conveniência e de n=40
servidores, um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com o uso do
método quantitativo. Utilizaram-se os seguintes instrumentos de pesquisa: (i) Questionário
Sociodemográfico Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT);
(iii) Escala de Avaliação de Danos relacionados ao trabalho (EADRT) e; (iv) Índice de
Capacidade para o Trabalho (ICT). Resultados - Os achados da correlação entre o QSDO e o
ICT, demonstraram que a amostra pesquisada percebe como boa sua capacidade para o
trabalho (47,5%). Os participantes com idade entre 26 a 41 anos percebem como ótima sua
capacidade para o trabalho (40%), quanto ao sexo os homens percebem sua capacidade para o
trabalho como boa (43,8%) e as mulheres com (50%) consideram boa. Com relação ao tempo
de serviço, os participantes consideram sua Capacidade para o Trabalho (CT): (i) até 3 anos:
boa (50%); (ii) entre 3 e 10 anos: boa (41,7%); (iii) acima de 10 anos: boa (50%). Quando
realizada correlação entre o ICT e a ECHT e a EADRT, os achados demonstraram correlação
negativa para todas as dimensões das duas escalas, sendo significativos os resultados do custo
afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), dos danos físicos (r=0,602; p-valor=0,000), dos danos
sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e dos danos psicológicos (r=0,408; p-valor=0,009).
Considerações Finais - Faz-se necessário aprofundar o entendimento das relações existentes
no ambiente de trabalho para que se possa observar melhor se os danos físicos são referentes à
ergonomia do trabalho e/ou se são derivados do custo afetivo e/ou dos danos psicológicos. Os
achados desta pesquisa ressaltam o que inúmeras pesquisas vêm apontando: a relação da
criação de ambientes de trabalho saudáveis com as medidas de proteção aos riscos
psicossociais, podem resultar em melhores condições de saúde mental.
Palavras chaves: Trabalhador; Serviço público; Custo humano; Danos relacionados ao
trabalho; Índice de capacidade para o trabalho.
53
Abstract
Introduction - The work constitutes one of the fundamental elements to human existence,
trough work people transform and are transformed and constitute their identities. The work
context is a factor that influences the health of the worker, considering in this perspective that
the way he does his work, as well as his interpersonal relationships in this, his social, physical
and mental life, among others, allow his work activities to be considered pleasurable or not.
Objective - To evaluate the Work Ability Index of the servants from the State System of
Medical Expertise (SSME) of the Social Security Agency in Mato Grosso do Sul (SSAMS),
correlating it to Human Cost at Work Scale (HCWS) and the Evaluation Scale of the Work
Related Damage (ESWRD), both derivate from the Work Inventory of Illness Risks (WIIR).
Method - The samples of this study were by convenience and willingness, it was composed
by 40 (forty) servants, an exploratory, descriptive and analytic study was performed, using the
cross section mode of research, using the quantitative method of research. The following
instruments were used: (i) Semi Demographic Occupational Quiz (SDOQ); (ii) Human Cost
at Work Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD) and;
(iv) Work Ability Index (WAI). Results - The correlation between the SDOQ and the WAI
demonstrates that the researched sample see their work ability as good (47,5%). The
participants aged between 26 and 41 years old see their work ability as great (40%). When it
comes to gender, men see their work ability as good (43,8%) and women (50%) consider
good. As for the service time, the participants consider your Work Ability (WA): (i) up to 3
years: good (50%), (ii) between 3 and 10 years: good (41,7%); (iii) above 10 years: good
(50%). When the WAI and the HCWS and the ESWRD are correlated, the results demonstrate
a negative correlation for dimensions of both scales, being meaningful the results of the
affective cost (r=0,496; v=0,001), of the physical damage (r=0,602; v=0,000), of the social
damage (r=0,440; v=0,005) and of the psychological damage (r=0,408; v=0,009). Final
Considerations - It’s necessary to deepen the understanding of the work environment so that
it’s possible to better observe if the physical damage are referent to the work ergonomics or if
they derive from the affective cost and/or psychological damage. The find outs of this
research highlight what countless researches have been pointing: the relation of the creation of
health work environments with measures to protect psychosocial risks, may result in better
mental health conditions.
54
Key Words: Worker; Public Servant; Human Cost; Work related damage; Work ability
index.
INTRODUÇÃO
Entre todos os elementos fundamentais à existência humana, o trabalho se constitui
como um dos principais, exercendo considerável influência a manifestações de sintomas que
podem vir a afetar a saúde e bem-estar do trabalhador. Nesta perspectiva, não se pode falar de
um mundo fora e dentro do trabalho, pois os trabalhadores atuam neste contexto, em que
transformam e são transformados. Diante de tal aspecto, a saúde do trabalhador é um assunto
que merece destaque, sendo um de seus principais focos a inter-relação trabalho-saúde (Silva,
2016).
Considera-se que o contexto laboral contém fatores que podem contribuir ou
prejudicar a saúde dos trabalhadores. As relações realizadas sobre interação existentes entre
organização do trabalho e processos de subjetivação estão presentes nas vivências de prazer e
sofrimento, nas estratégias de ação para intervir em contradições da própria organização do
trabalho, nas patologias sociais, bem como na saúde e no adoecimento (Silva, 2016).
Para Dejours, Dessors e Desriaux (1993) as atividades que o trabalhador realiza não
estão ligadas somente ao seu meio de vida, pois também há uma ligação com o status social, e
até mesmo de uma posição ocupada na sociedade. O trabalho é uma fonte de interesse, causa
de fadiga, porém, um meio de desenvolvimento.
Desta forma, o trabalho exercido pela população da amostra deste estudo em seu
contexto organizacional, pode contribuir para a construção de identidade, inclusão social e o
próprio sentimento de realização, por outro lado, pode vir a comprometer a saúde e qualidade
de vida. Segundo Ferreira e Mendes (2001) o contexto de trabalho é um fator que está
diretamente relacionado à saúde do trabalhador, tendo em vista o impacto da realização do
trabalho sobre os sentimentos dos indivíduos, podendo ser prazerosos ou não.
Os trabalhadores investem sua energia na realização de suas atribuições, não só pelas
exigências de trabalho, mas também pelos significados resultantes deste investimento, porém
isto pode levar o trabalhador a níveis extremos de desgaste físico e psicológico, sendo estes
custos muito altos, em relação ao seu ganho. Veras e Ferreira (2006, p. 4) incluem o custo
humano despendido no trabalho nas dimensões denominadas físico-cognitivo-emocional. Para
os autores, o custo físico é aquele que se refere às exigências corporais “em termos de
dispêndio fisiológico e biomecânico” nas atividades do trabalho; o custo cognitivo está
55
relacionado às exigências cognitivas “em termos de dispêndio intelectual, sob a forma de
aprendizagem necessária, de resolução de problemas e de tomada de decisão”; já o custo
emocional refere-se às exigências afetivas advindas do contexto de trabalho.
Para melhor compreender o tema, este artigo teve como objetivo avaliar o Índice de
Capacidade para o Trabalho dos servidores do SIPEM, da Agência de Previdência Social de
Mato Grosso do Sul e correlacioná-lo às escalas ECHT e EADRT.
Custo Humano do Trabalho
O Custo Humano do Trabalho (CHT) se refere às exigências física, cognitiva e afetiva
que o trabalhador necessita despender para realização de suas tarefas. De acordo Ferreira
(2004) com o preconizado pela Atividade Ergonômica, para aprender a lidar com o custo
humano do trabalho, os trabalhadores criam estratégias que possibilitam mediações
individuais e coletivas, entretanto se não forem bem sucedidos, podem vivenciar níveis
elevados de sofrimento, levando-os a um possível adoecimento. Anchieta, Galinkin, Mendes e
Neiva (2011) sinalizam que estratégias de mediação necessitam ser desenvolvidas para que
haja um menor risco de adoecimento. Além disso, é preciso compreender as situações
vivenciadas objetivando transformá-las.
Ferreira e Mendes (2001) expõem que caso uma atividade prescrita seja diferente da
atividade realmente realizada, é possível haver aumento do custo humano, devido aos
constantes esforços de adaptação, por meio de compensação dos indivíduos e estratégias de
regulação, além de conduzi-los a vivências de sofrimento. Mendes e Tamayo (2001) afirmam
que um único construto formado por três fatores (valorização, reconhecimento e desgaste)
gera vivências de prazer/sofrimento.
O prazer está relacionado a sentimentos de reconhecimento e valorização, ou seja, o
trabalho é visto como significativo e valoroso por si só, além de admirável em meio a uma
organização que permite a liberdade de expressão de seus trabalhadores. Nesse sentido,
Dejours (2007) afirma que o reconhecimento é um fator determinante para a construção da
identidade, pois ela necessita do olhar do outro e de sua confirmação para se fortalecer. Esse
fato justifica o engajamento das pessoas ao trabalho, é uma retribuição, que muitas vezes
assume uma forma simbólica de reconhecimento social.
Por outro lado, quando há desgaste em relação ao trabalho, vem à tona sensações de
cansaço, desânimo e descontentamento, levando assim o trabalhador ao sofrimento psíquico,
que pode também ser descrito como um desconforto relacionado a sentimentos de tensão e de
desprazer que “decorre do confronto entre a subjetividade e as restrições das condições
56
socioculturais e ambientais, relações sociais e organização do trabalho” (Mendes & Morrone,
2002, p. 27).
O sofrimento psíquico se apresenta quando há um bloqueio entre o homem e a
organização, sendo esta caracterizada pela divisão de tarefas e a padronização das mesmas,
com subutilização da criatividade e potencial técnico bem como a rigidez hierárquica, e o
excesso de procedimentos burocráticos vinculados à centralização de informações, falta de
participação nas decisões e o não reconhecimento, entre outros (Ferreira & Mendes, 2001) e
esse sofrimento pode levar os trabalhadores a desenvolver danos que decorrem de inúmeros
fatores de risco relacionados ao trabalho. Para tanto, a seguir será abordado o construto de
danos provenientes do trabalho.
Danos Relacionados ao Trabalho
A Lei do Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) fez emergir a grande dimensão das
doenças ocupacionais decorrentes de riscos clássicos e da emergência de novos riscos a
exemplo da emergência dos riscos psicossociais como causa de distúrbios mentais (neuroses,
psicoses, depressão, estresse pós-traumático). O NTEP se revelou um marco normativo de
referência, pois confere uma ampla reforma no sistema de prevenção dos riscos do trabalho,
com reflexos profundos na prevenção e reparação de acidentes de trabalho no Brasil (Neto,
2007; Brasil, 2016).
O conceito legal de acidente de trabalho está definido no art. 19 da Lei n o 8.213/91
que caracteriza o acidente de trabalho como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.
11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (Machado, 2006; Sousa,
Medeiros & Medeiros, 2014; Neto et al., 2014).
Silva-Junior, Almeida e Marrone (2012) explicam que a lei estabelece que o acidente
do trabalho somente ocorre com trabalhadores, que, no exercício de suas atividades, prestam
serviço à empresa: o segurado empregado ou empregado avulso, bem como o segurado
especial, cujos efeitos provocam lesão corporal ou perturbação funcional suficientes para
causar a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.
Ficam excluídos os empregados domésticos e os contribuintes individuais e facultativos, que
não receberão o benefício de auxílio-acidente.
Segundo os autores, depois de constatado o acidente de trabalho o empregador é
obrigado a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) que consiste em um
57
formulário que a empresa deverá preencher comunicando o acidente do trabalho, ocorrido
com seu empregado, havendo ou não afastamento, até o primeiro dia útil seguinte ao da
ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa
variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário de contribuição, sucessivamente
aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo 109 do Decreto nº
2.173/97 (Brasil, 2013; Molina et al, 2016).
No caso do trabalhador autônomo, a responsabilidade pelo preenchimento e
encaminhamento da CAT é do Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO e, na falta deste, do
sindicato da categoria. A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT,
preenchido em seis vias, com a seguinte destinação: 1ª via – ao INSS; 2ª via – à empresa; 3ª
via – ao segurado ou dependente; 4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador; 5ª via – ao
Sistema Único de Saúde – SUS; 6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho – DRT. Entende-
se que dois são os requisitos necessários à caracterização do Acidente de Trabalho: o nexo
causal e a lesividade (Santana, et al, 2006; Sousa, Medeiros & Medeiros, 2014; Molina, et al,
2016).
Para os autores, por meio do nexo causal entende-se que a caracterização do acidente
de trabalho pode ser comprovada pelo serviço de perícia médica do próprio INSS – Instituto
Nacional do Seguro Social que fará basicamente o reconhecimento técnico do nexo causal
entre: I – o acidente e a lesão; II – o acidente e o trabalho; e III – a causa mortis e o acidente.
Assim entende-se que a causalidade é fator preponderante à caracterização do acidente de
trabalho (Cabral, Soler & Wysocki, 2018).
O Nexo Técnico Epidemiológico e o Fator Acidentário de Prevenção surgiram como
um remédio redutor da angústia principalmente dos segurados empregados, que por um
motivo ou outro, a empresa, no intuito de livrar-se do aumento das alíquotas devido a
previdência social, omitia-se na comunicação oficial do acidente de trabalho por meio da
Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT), antes, porém, a concessão do benefício em
espécie acidentária estava primordialmente vinculada a Comunicação de Acidente de
Trabalho, assim com a adoção do NTEP foi implantada uma nova metodologia para
concessão de benefícios previdenciários decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais.
Reconhecidos pela Perícia Médica do INSS, a incapacidade para o trabalho e o nexo técnico
entre o trabalho e o agravo serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tem
direito (Santana et al., 2006; Molina et al., 2016; Cabral, Soler & Wysocki, 2018).
Uma das formas de diminuir os danos relacionados ao trabalho é investigar quais as
capacidades que os trabalhadores possuem, para que assim possam ser traçadas estratégias e
58
promover meios para que possam desenvolver suas capacidades e aqueles que já possuem um
comprometimento possam ser alocados em atividades nas quais sintam-se valorizados e úteis
ao desenvolvê-las.
Capacidade para o Trabalho
O campo teórico da Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO), bem como a abordagem
da Psicossociologia do trabalho proporcionam lentes teóricas e metodológicas para um
aprofundamento no cotidiano do trabalhador, analisando e avaliando os aspectos relacionados
ao trabalho. Para tanto, um dos objetivos desse trabalho é avaliar as capacidades que este
trabalhador tem ou adquire em sua vida laboral.
A Capacidade para o Trabalho (CT), concebida por Tuomi, Ilmarinen, Jahkola,
Katajarinne e Tulkki (2005, p. 9) é entendida como “[...] o quanto um trabalhador está ou
estará bem e quanto ele é capaz de executar seu trabalho em função das exigências, de seu
estado de saúde e capacidades físicas e mentais”.
Melhorar as condições para o trabalhador, inserido nesse contexto, é um desafio, assim
como preservar sua CT, integridade física, mental e social, independentemente de sua
profissão e salário; por isso, consideram-se relevantes todos os elementos que compõe o
Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), assim como o êxito na aplicação desse
instrumento em populações rurais e de baixa escolaridade (Ferreira, Duran, Daniel & Toledo,
2014; Monteiro, 2013).
A definição de capacidade para o trabalho centra-se nas capacidades físicas e mentais
do trabalhador, seu estado de saúde, bem como a capacidade que ele tem para executar seu
trabalho em função das exigências do trabalho. Leva-se também em consideração o fato de
que a capacidade para o trabalho possa ser resultado de um processo dinâmico do trabalhador
no que se refere ao seu trabalho, seja por influência de diferentes fatores, ou mesmo por
aspectos sociodemográficos, estilo de vida, processo de envelhecimento e até as exigências do
trabalho (Bellusci & Fischer, 1999; Ilmarinen, 2001). A saúde torna-se um dos principais
determinantes da capacidade para o trabalho (Ilmarinen, 2001; Ilmarinen, Tuomi & Seitsamo,
2004; Pohjonen, 1999; Sjögren-Rönkä et al., 2002).
A partir dos anos 1990, a capacidade para o trabalho vem sendo discutida em estudos
que se referem à saúde do trabalhador (Ilmarinen, 2001). Mais especificamente, em 1997,
começaram os estudos sobre capacidade para o trabalho e o envelhecimento funcional, ano
este em que o questionário sobre Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) foi traduzido e
adaptado para a língua portuguesa. Essa versão brasileira é encontrada em Tuomi et al
59
(2005). Para Tuomi, Ilmarinen, Jahkola, Katajarinne e Tulkki (2005), no Brasil, os estudos
sobre capacidade para o trabalho foram iniciados após a tradução e adaptação do questionário
ICT para uso no país.
Um dos fatores associados que vem ganhando espaço nas pesquisas atuais são os
danos relacionados ao trabalho, podendo os mesmos ser tanto físicos quanto psicossociais e
têm despertado interesse por poderem possibilitar subsídios à promoção de políticas públicas
que permeiem à saúde mental, visando melhores condições de trabalho. Contudo, apesar de
relevante no atual contexto de transição demográfica no Brasil, a área de fatores associados à
capacidade para o trabalho entre os trabalhadores brasileiros ainda necessita de mais
investigações (Martinez & Latorre, 2006).
Esse estudo pretende avançar no conhecimento dos fatores contribuintes aos danos
relacionados ao trabalho, seus custos humanos e as implicações na capacidade para o trabalho.
MÉTODO
Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com
o uso do método quantitativo de pesquisa.
Participantes
A amostra deste estudo foi composta por n=40 trabalhadores do Sistema Estadual de
Perícia Médica (SIPEM) que trabalham na Agência de Previdência Social de Campo Grande,
Estado do Mato Grosso do Sul - Brasil. A amostra foi por conveniência e voluntária e a coleta
de dados ocorreu no período de 24 de junho de 2019 a 01 de julho de 2019.
Instrumentos
Foi utilizado o Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO) desenvolvido
especificamente para esta pesquisa, contendo questões fechadas. O QSDO foi composto por
duas dimensões: (i) sociodemográfico (sexo, idade, estado civil, religiosidade, escolaridade)
e; (ii) ocupacionais (tempo de serviço na instituição, jornada de trabalho, turno de trabalho,
meio de ingresso na instituição, órgão de origem, trabalho interfere na vida familiar, como
avalia o ambiente de trabalho).
O Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), do qual advém duas
escalas utilizadas no estudo a ECHT e a EADRT, foi criado e validado por Ferreira e Mendes
(2003) em uma pesquisa nacional em parceria com a Federação Nacional dos Auditores
Fiscais da Previdência Social Brasileira (FENAFISP). Posteriormente, foi adaptado,
60
revalidado e publicado com uma amostra heterogênea de trabalhadores por Ferreira et al.
(2005), e em 2006 passou por uma nova validação devido a alguns ajustes. É um instrumento
estruturado, que exerce um papel auxiliar podendo ser associado a um “termômetro”. Tem por
objetivo analisar e descrever o real, traçando perfis específicos de alguns fatores que possam
interferir no processo de adoecimento no trabalho. O inventário é subdividido por escalas que
investigam as dimensões da inter-relação do trabalho e do processo de subjetivação no
contexto propriamente dito, exigências (afetivas, cognitivas e físicas) (Ferreira e Mendes,
2003).
A Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) avalia as representações relacionadas
à organização, às condições de trabalho e às relações sócio profissionais. Possui 31 itens e três
dimensões: custo físico, custo cognitivo e custo afetivo. A ECHT possui um eigenvalues
acima de 2,0, variância total de 44,46%, KMO de 0,91 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os
alfas de Cronbach foram acima de 0,84. Os itens são avaliados por meio de uma escala de
nível de exigência dos indicadores de custo humano do trabalho, de cinco pontos, com itens
negativos, cujo escore fatorial é obtido por meio da média entre os itens. Sua análise deve ser
feita a partir de três níveis que consideram o ponto médio e desvios-padrão em relação ao
ponto médio. Essa classificação envolve os níveis: negativo ou grave (escore fatorial acima de
3,7), moderado ou crítico (escores entre 2,3 e 3,69) e positivo ou satisfatório (escore abaixo de
2,29).
A Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) avalia as
consequências em termos de danos físicos e psicossociais, possui 29 itens e é composta por
três dimensões dispostas na figura abaixo. A EADRT possui um eigenvalues de 1,5, variância
total de 50,09%, KMO de 0,95 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach obtidos
foram acima de 0,88. É uma escala de sete pontos cujo objetivo é avaliar nos últimos três
meses, a ocorrência (uma vez, duas vezes, etc.) dos indicadores de danos provocados pelo
trabalho. Sua análise deve ser feita a partir de quatro níveis que consideram o ponto médio e
desvios-padrão em relação ao ponto médio. Para os indicadores de dano, essa classificação
envolve os níveis de avaliação mais negativa, com presença de doenças ocupacionais (escore
fatorial acima de 4,1), avaliação moderada grave (entre 3,1 e 4,0), moderada crítica (escores
entre 2,0 e 3,0) e avaliação positiva: satisfatória (escore abaixo de 1,9).
Foi utilizado também o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), instrumento
desenvolvido pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia (FIOH) entre 1981 a 1992
com acompanhamento de um coorte de trabalhadores e validado por Tuomi, Ilmarinen,
Jakola, Katajarinne e Tulkki (2005). Avalia aspectos relativos ao bem-estar físico,
61
psicossocial, competência individual e condições de trabalho considerados determinantes para
a qualidade de vida dos trabalhadores por meio de um questionário.
O ICT pode estar relacionado tanto ao desempenho físico como também com as
funções cognitivas. Segundo Tuomi et al. (1997, pp. 66-71) “[...] é a capacidade que o
trabalhador tem para executar seu trabalho em função das exigências deste trabalho, de seu
estado de saúde e de suas capacidades físicas e mentais”. O ICT é um instrumento elaborado e
validado em inglês pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia e traduzido e testado
para o português por Tuomi et al. (1997). Desde a adaptação para uso no Brasil no final da
década de 1990, o questionário vem sendo utilizado em inquéritos populacionais (Bellusci &
Fischer, 1999; Fischer, Borges et al, 2006; Martinez & Latorre, 2006; Walsch et al, 2004),
mas até 2009 não havia estudos sobre as propriedades psicométricas da versão brasileira, o
que ocorreu com a publicação de Martinez, Latorres e Fischer (2009) que teve por objetivo
avaliar a validade e a confiabilidade das propriedades psicométricas da versão brasileira do
Índice de Capacidade para o Trabalho. Foram feitas algumas alterações no texto do
instrumento visando garantir o entendimento das questões e pode ser auto-aplicável desde que
a escolaridade mínima fosse a quarta série do ensino fundamental e a versão brasileira do ICT
mostrou validade de construto satisfatória (alfa de Cronbach 0,72) e poder de discriminação
superior a versões de outros países.
O ICT avalia a capacidade para o trabalho (que é uma medida indireta da saúde do
trabalhador) (Martinez, Paraguay & Latorre, 2004). Em estudos como este, Martinez e Latorre
(2006) também afirmam que é importante fazer uma avaliação da capacidade do trabalho por
meio do ICT de todos os trabalhadores, pois assim é possível se tomar conhecimento precoce
em relação às alterações negativas e para “[...] identificar alterações precocemente e
implementar medidas corretivas tanto no nível individual como no coletivo”. De fato, o ICT
permite avaliar e detectar alterações, até mesmo prever a incidência de incapacidade precoce e
proporcionar medidas preventivas de manutenção da saúde dos trabalhadores (Silva Júnior,
Vasconcelos, Griep & Rotenberg, 2011).
Martinez e Latorre (2009) referem que o ICT é o instrumento mais utilizado para se
medir a capacidade de trabalho, pois a percepção do próprio trabalhador é a referência. Por
meio de dez questões compiladas em sete itens são compreendidos os requisitos mentais,
físicos e laborais (Fassi et al., 2013; Martinez & Latorre, 2009).
62
Procedimentos
Os procedimentos para a coleta de dados se iniciaram com o acordo de Cooperação
Mútua nº 01/2018 entre a Universidade Católica Dom Bosco – UCDB e a Agência de
Previdência Social de Mato Grosso do Sul – AGEPREV, firmado por seus respectivos
responsáveis. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da
UCDB, com o número CAAE: 12499719.8.0000.5162, seguindo em conformidade com as
normas éticas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de
Saúde (Brasil, 2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa
envolvendo seres humanos; na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho
Federal de Psicologia (Brasil, 2000); que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres
humanos.
O Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE foi entregue em mãos e
esclarecida toda a pesquisa e suas implicações, preservando-se a identidade de cada
participante, bem como o caráter voluntário. Mediante a assinatura do TCLE por parte do
trabalhador, deu-se início a aplicação dos questionários, com a seguinte ordem: QSDO, ECHT
EADRT e ICT. Ainda com o objetivo de preservar a identidade dos participantes da pesquisa,
no questionário sociodemográfico e ocupacional não existem perguntas que possam de
alguma forma identificá-los.
Análise dos Dados
Os dados coletados foram tabulados no Excel e analisados com o auxílio do software
SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 22ª Versão, com um nível de confiança de
95%. As análises estatísticas foram baseadas nos testes Qui-quadrado e Anova e realizada
correlação de Spearman.
RESULTADOS
Os achados obtidos nesse estudo demonstraram que os trabalhadores estudados têm
média de idade de 48,02 anos (DP±9,97), são em sua maioria do sexo masculino (60%),
casados (62,5%), possuem pós-graduação (70%), são católicos (50%). Os participantes têm
tempo de serviço na instituição é de 8,26 anos com (DP±6,43), com uma jornada de trabalho
semanal de 24 (DP±13,31) horas, trabalham nos dois turnos (57,5%), são credenciados
(42,5%), têm tempo de serviço na instituição entre 3 anos a mais de 10 anos (35%), não são
readaptados e/ou reabilitados (82,5%), referem que o trabalho interfere na vida familiar às
vezes (52,5%) e avaliam seu ambiente de trabalho como bom (65%) (Tabela 1).
63
Tabela1
Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra
Variáveis N %
Sexo
Feminino 16 40,0
Masculino 24 60,0
Idade
26 a 41 anos 10 25,0
Acima de 41 a 56 anos 21 52,5
Acima de 56 a 71 anos 9 22,5
Estado Civil
Solteiro (a) 5 12,5
Casado (a) 25 62,5
Separado (a) ou divorciado (a) 7 17,5
União estável 3 7,5
Escolaridade
Ensino fundamental incompleto 1 2,5
Ensino fundamental completo 1 2,5
Ensino médio completo 3 7,5
Graduação incompleta 1 2,5
Graduação completa 3 7,5
Pós-graduação incompleta 3 7,5
Pós-graduação completa 28 70,0
Religião
Católica 20 50,0
Evangélica 6 15,0
Espírita 8 20,0
Outra religião 1 2,5
Sem religião 5 12,5
Período de trabalho
Matutino 15 37,5
Vespertino 2 5,0
Dois períodos 23 57,5
Carga horária semanal
Até 20 horas por semana 20 50,0
Acima de 20 horas a 40 horas por semana 19 47,5
Não respondeu 1 2,5
Ingresso na AGEPREV
Concurso público 2 5,0
Terceirizado 2 5,0
Credenciamento 17 42,5
Cedido de outro órgão público 11 27,5
Comissionado 8 20,0
Tempo de serviço na instituição
Até 3 anos 14 35,0
Acima de 3 a 10 anos 12 30,0
Acima de 10 anos 14 35,0
continua
64
conclusão
Tabela1
Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra
Variáveis N %
Órgão de origem
FUNSAU 6 54,5
SED 1 9,1
SAD 1 9,1
FUNTRAB/SEDHAST 1 9,1
Hospital Regional 2 18,2
Readaptado/Reabilitado
Sim 6 15,0
Não 33 82,5
Não respondeu 1 2,5
Trabalho interfere na vida familiar
Sempre 3 7,5
Às vezes 21 52,5
Nunca 16 40,0
Como avalia seu ambiente de trabalho
Excelente 7 17,5
Bom 26 65,0
Regular 5 12,5
Ruim 2 5,0
A amostra pesquisada (n=40) apresentou com relação ao Índice de Capacidade para o
Trabalho, média e desvio-padrão geral de (�̅�=38,5; DP±6,7). Com relação à idade os
participantes apresentaram: (i) de 26 anos a 41 anos (�̅�=40,0; DP±8,2); (ii) acima de 41 anos a
56 anos (�̅�=38,0; DP±5,8) e; (iii) acima de 56 anos a 71 anos (�̅�=37,8; DP±7,3). Os
participantes do sexo masculino apresentaram (�̅�=38,3; DP±7,9) e do sexo feminino (�̅�=38,6;
DP±5,9). Os participantes com carga horária de até 20 horas de trabalho semanal
apresentaram (�̅�=40,4; DP±5,0) e acima de 20 horas semanais (�̅�=36,7; DP±7,9), que
trabalham em um período (�̅�=40,5; DP±5,3) e nos dois períodos (�̅�=37,0; DP±7,3), com
tempo de serviço de até 3 anos (�̅�=40,7; DP±5,7), acima de 3 anos a 10 anos (�̅�=39,0;
DP±7,3) e acima de 10 anos (�̅�=38,5; DP±6,7) (Tabela 2).
65
Tabela 2
Média, Desvio-Padrão, Mínimo, Máximo do ICT
ICT Escore Geral
Média Desvio padrão Mínimo Máximo p-valor
N=
40
Amostra pesquisada 38,5 6,7 20,0 47,0
N=
40
Idade
26 a 41 anos 40,0 8,2 20,0 47,0
0,733 Acima de 41 a 56 anos 38,0 5,8 26,0 46,0
Acima de 56 a 71 anos 37,8 7,3 21,0 47,0
N=
40
Sexo
Masculino 38,3 7,9 20,0 47,0 0,873
Feminino 38,6 5,9 21,0 46,0
N=
39
Carga horária
Até 20 horas 40,4 5,0 27,0 47,0 0,092
Acima de 20 horas 36,7 7,9 20,0 47,0
N=
40
Período de trabalho
Um período 40,5 5,3 27,0 47,0 0,095
Dois períodos 37,0 7,3 20,0 47,0
N=
40
Tempo de serviço
Até 3 anos 40,7 5,7 26,0 47,0
0,152 Acima de 3 a 10 anos 39,0 7,3 20,0 47,0
Acima de 10 anos 38,5 6,7 20,0 47,0
Os achados da correlação entre o QSDO e o ICT, demonstraram que a amostra
pesquisada percebe como boa sua capacidade para o trabalho (47,5%). Os participantes com
idade entre 26 a 41 anos percebem como ótima sua capacidade para o trabalho (40%). Com
relação ao sexo, tanto homens (43,8%) quanto as mulheres (50%) percebem como boa. Os
participantes indicaram os seguintes índices de capacidade para o trabalho com relação ao
tempo de serviço: (i) até 3 anos: boa (50%); (ii) acima de 3 à 10 anos: boa (41,7%); (iii)
acima de 10 anos: boa (50%).
Tabela 3
Correlação entre o QSDO e o ICT
ICT Escore Geral
Baixa
N (%)
Moderada
N (%)
Boa
N (%)
Ótima
N (%)
Qui-
quadrado
N=
40
Amostra pesquisada 5 (12,5) 8 (20,0) 19 (47,5) 8 (20,0)
N=
40
Idade
26 a 41 anos 1 (10,0) 2 (20,0) 3 (30,0) 4 (40,0)
0,714 Acima de 41 a 56 anos 3 (14,3) 4 (19,0) 11 (52,4) 3 (14,3)
Acima de 56 a 71 anos 1 (11,1) 2 (22,2) 5 (55,6) 1 (11,1)
continua
66
conclusão
Tabela 3
Correlação entre o QSDO e o ICT
ICT Escore Geral
Baixa
N (%)
Moderada
N (%)
Boa
N (%)
Ótima
N (%)
Qui-
quadrado
N=
40
Sexo
Masculino 3 (18,8) 2 (12,5) 7 (43,8) 4 (25,0) 0,573
Feminino 2 (8,3) 6 (25,0) 19 (50,0) 8 (16,7)
N=
39
Carga horária
Até 20 horas 1 (5,0) 4 (20,0) 9 (45,0) 6 (30,0) 0,264
Acima de 20 horas 4 (21,1) 3 (15,8) 10 (52,6) 2 (10,5)
N=
40
Tempo de serviço
Até 3 anos 1 (7,1) 1 (7,1) 7 (50,0) 5 (35,7)
0,238 Acima de 3 a 10anos 1 (8,3) 3 (25,0) 5 (41,7) 3 (25,0)
Acima de 10 anos 3 (21,4) 4 (28,6) 7 (50,0) -
Com relação às dimensões da ECHT, os participantes apresentaram as seguintes
médias e desvio-padrão: (I) na dimensão custo afetivo: satisfatório (�̅�=42,3; DP±4,2); crítico
(�̅�=36,1; DP±7,4) e grave (�̅�=36,6; DP±6,7); (II) na dimensão custo cognitivo: satisfatório
(�̅�=41,3); crítico (�̅�=36,3; DP±8,1) e grave (�̅�=39,3; DP=5,8) e; (III) na dimensão custo
físico: satisfatório (�̅�=39,0; DP±5,8), crítico (�̅�=36,7; DP=9,1) e grave (�̅�=42,0), descritos na
tabela 4.
Tabela 4
Média, Desvio-Padrão, Mínimo e Máximo da ECHT
ICT Escore Geral
ITRA-ECHT Média
Desvio
padrão Mínimo Máximo p-valor
N=
40
Custo Afetivo
Satisfatório 42,3 4,2 35,0 47,0
0,017* Crítico 36,1 7,4 20,0 45,0
Grave 36,6 6,7 36,0 38,0
N=
40
Custo Cognitivo
Satisfatório 41,3 4,0 35,0 46,0
0,234 Crítico 36,3 8,1 20,0 47,0
Grave 39,3 5,8 26,0 47,0
N=
40
Custo Físico
Satisfatório 39,0 5,8 20,0 47,0
0,569 Crítico 36,7 9,1 21,0 47,0
Grave 42,0 - 42,0 42,0
Com relação às dimensões da EADRT, os participantes apresentaram as seguintes
médias e desvio-padrão: (I) na dimensão danos físicos: satisfatório (�̅�=41,2; DP±3,8); crítico
67
(�̅�=38,0; DP±4,5); grave (�̅�=28,7; DP±4,1) e doença ocupacional (�̅�=29,2; DP±10,2); (II) na
dimensão danos sociais: satisfatório (�̅�=40,0; DP±4,9); crítico (�̅�=35,5; DP±3,5); grave
(�̅�=23,5; DP±3,5) e doença ocupacional (�̅�=20,0); (III) na dimensão danos psicológicos:
satisfatório (�̅�=40,2; DP±4,7), crítico (�̅�=37,2; DP±7,5); grave (�̅�=37,0) e doença ocupacional
(�̅�=26,7; DP±9,2), descritos na Tabela 5.
Tabela 5
Média, Desvio-Padrão, Mínimo e Máximo da EADRT
ICT Escore Geral
ITRA-EADRT Média
Desvio
padrão Mínimo Máximo p-valor
N=
40
Danos Físicos
Satisfatório 41,2 3,8 35,0 47,0
0,000* Crítico 38,0 4,5 33,0 42,0
Grave 28,7 4,1 26,0 35,0
Doença ocupacional 29,2 10,2 20,0 40,0
N=
40
Danos Sociais
Satisfatório 40,0 4,9 27,0 47,0
0,000* Crítico 35,5 3,5 33,0 38,0
Grave 23,5 3,5 21,0 26,0
Doença ocupacional 20,0 - 20,0 20,0
N=
40
Danos Psicológicos
Satisfatório 40,2 4,7 27,0 47,0
0,001* Crítico 37,2 7,5 27,0 43,0
Grave 37,0 - 37,0 37,0
Doença ocupacional 26,7 9,2 20,0 40,0
Quando realizada correlação entre o Índice de Capacidade para o Trabalho com as
escalas de Custo Humano no Trabalho e de avaliação de Danos Relacionados ao Trabalho,
(Tabela 6) os resultados demonstraram correlação negativa para todas as dimensões das
escalas, sendo significativo o resultado do custo afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), danos
físicos (r=0,602; p-valor=0,000); danos sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e danos psicológicos
(r=0,408; p-valor=0,009).
Tabela 6
Correlação entre o ICT, a ECHT e a EADRT
ITRA-ECHT ITRA-EADRT
Custo
Afetivo
Custo
Cognitivo
Custo
Físico
Danos
Físico
Danos
Sociais
Danos
Psicológicos
Índice de
Capacidade
para o Trabalho
r
p-valor
N
-0,496
*0,001
40
-0,038
0,818
40
-0,024
0,882
40
-0,602
*0,000
40
-0,440
*0,005
40
-0,408
*0,009
40
68
DISCUSSÃO
A avaliação do ICT relacionada aos itens do QSDO demonstra que 47,5% da amostra
possui uma boa capacidade para o trabalho, 70% possui pós-graduação completa, resultado
este que corrobora os achados de Padula et al (2013) que expõe que quem possui maior
escolaridade, está em busca de um crescimento profissional por meio de qualificações
educacionais, propiciando a si melhores condições cognitivas, melhorando sua capacidade
para o trabalho.
Na Tabela 3, 40% das pessoas entre 26 a 41 anos dizem ter uma ótima saúde, e dos 41
aos 56 este número cai para 14,3% e entre 56 à 71, 11,1%. Não se pode concluir que estes
números estejam ligados a idade por não se tratar de uma amostra homogênea, no entanto
Cerqueira e Freitas (2013) dizem que, quanto maior a faixa etária, maior a chance de
diminuição da capacidade para o trabalho, que difere do que postulam Scwingel, Niti e Tang
(2009) que colocam a existência de uma relação positiva no trabalho e envelhecimento na
qual existiria uma melhora na qualidade de vida. Portanto, se a continuidade do trabalho for
alternativa para reduzir a morbidade em idosos e os impactos no INSS, a capacidade para o
trabalho é tida dentro da dimensão do monitoramento para uma intervenção precoce
(Amorim, Mesas & Trelha, 2018).
O ICT bem como as escalas de ECHT e EADRT são instrumentos que podem ser
analisados de forma individual para evidenciar aspectos próprios de sua natureza e dimensões.
O intuito de correlacionar os três instrumentos foi abarcar de forma ampla os seus resultados
individuais em que um possa corroborar o resultado do outro. Na Tabela 4, o dado mais
significativo foi o custo humano no trabalho que mostra haver um custo afetivo satisfatório
(p-valor 0,017), também apresentando um custo físico que aponta que 42% da amostra estão
em condição grave (grifo nosso) e possui p-valor de 0,569, que aponta para a necessidade de
atenção para esta dimensão.
Este achado vai ao encontro dos resultados da relação entre a escala de EADRT com o
ICT que evidenciam a existência de danos físicos (p-valor 0,000) e a possibilidade de doença
ocupacional em 29,2% dos servidores estudados. Outras comprovações de danos são de
ordem social e psicológica (p-valor 0,000) e possíveis doenças ocupacionais com médias 20 e
26,7 respectivamente.
Para melhor analisar a origem das doenças, seria importante a realização de uma
análise ergonômica do trabalho, tendo em vista que as doenças podem estar camuflar entre
outras e assim ocultar o nexo causal entre as condições de trabalho existentes, de acordo com
69
pesquisas anteriores (Bellusci & Fischer, 1999; Linhares, 2017). Vale ressaltar que neste
estudo não foram investigadas as causas que levam ao adoecimento, mas o que se pretendeu
foi relacionar medidas estatísticas que pudessem sugerir protocolos para restaurar a
capacidade para o trabalho desta amostra.
Os resultados das ECHT e EADRT apresentaram importantes correlações no que se
refere, principalmente, ao custo afetivo. Os custos cognitivos e físicos não são despendidos de
forma significativa, diferente do custo afetivo, que para o ambiente de trabalho, torna-se
importante, uma vez que os trabalhadores em sua maioria consideram que o mesmo interfere
em sua vida familiar. Teodoro (2012) diz que o aumento de estudos sobre a temática deve-se
ao efeito negativo na saúde e no bem-estar dos trabalhadores, tendo uma importante
consequência no funcionamento e na efetividade das organizações.
Na Tabela 6 foi utilizada a análise estatística de Spearman, correlacionando os três
instrumentos para visualizar o possível nexo entre suas dimensões, objetivando responder a
pergunta principal deste estudo: quais as possíveis relações entre o custo humano e os danos
relacionados ao trabalho ao índice de capacidade, em trabalhadores da AGEPREV lotados na
SIPEM? Ao realizar esta correlação foi encontrado o grande achado desta pesquisa: o custo
afetivo está correlacionado aos danos físicos, sociais e psicológicos, e todos, ao índice de
capacidade para o trabalho.
Ao observar esta correlação é possível se dar conta das dimensões do ser humano e
compreender que este é feito de um todo, se ignorar uma parte que seja o adoecimento é
eminente, na tabela 6 demonstra que estes trabalhadores já tem o seu custo afetivo abalado e
possuem danos significativos nas dimensões físicas, sociais e psicológicas a partir disto
ressalta-se a importância da utilização de mais de dois instrumentos de pesquisa, para que eles
possam ser confrontados e relacionados e desta forma expor o que cada um possui em sua
particularidade.
O custo afetivo (p-valor de 0,001) está correlacionado a existência de danos físicos (p-
valor = 0,000); sociais (p- valor = 0,005) e psicológicos (p-valor= 0,009) corroborando Seibt
et al (2009) que afirmaram, que perfis favoráveis estão frequentemente ligados a atividades
com maior predominância mental. Amorim, Mesas e Trelha (2018) nos confirmam os achados
desta pesquisa quando afirmam que em trabalhadores cuja exigência é física, o prejuízo para a
capacidade para trabalho é mais acentuado, o resultado desta perda e do comprometimento a
saúde dos mesmos são demandadas da própria atividade. Estes autores ainda relatam que o
ICT pode ser um instrumento mais útil quando aplicado em trabalhadores cuja atividade de
trabalho seja predominantemente mental, como no caso da amostra estudada, pois o
70
constructo busca medidas subjetivas e que sejam ligadas a percepção dos colaboradores sobre
sua própria saúde.
Luz (2016) destaca que entre as doenças mentais mais relatadas pelos profissionais,
está o distúrbio emocional leve, corroborando os achados desta pesquisa que apontam uma
frequência importante relacionada ao custo afetivo e aos danos psicológicos, fora os
desdobramentos destes danos nas relações sociais e possivelmente aos danos físicos.
Menegon (2011) aponta que os distúrbios emocionais leves podem não aparecer no ambiente
de trabalho como incapacidade ou trazer consigo algum prejuízo em um curto espaço de
tempo, entretanto, quando não tratados, justamente pela dificuldade da manifestação dos
sintomas, futuramente podem aparecer em forma de doença física. Quando se chega a esse
ponto Linhares (2017) propõe a adoção de avaliações que podem estar associadas a um
programa de apoio psicológico para servidores. Este tipo de programa pode trazer consigo
excelentes resultados no combate a prevenção do estresse que interfere na qualidade e na
capacidade de trabalho de cada trabalhador.
Diante destes resultados sugere-se medidas preventivas que visem a manutenção ou
melhoria da capacidade para o trabalho em níveis organizacionais e individuais. Conforme
exposto por Moreira, Silvino e Cortez (2016) é importante que os trabalhadores participem de
forma ativa e coletiva nas reivindicações por melhorias nas condições de trabalho, de forma a
possibilitar a criação de condições de flexibilização no processo de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na atualidade, podem ser observadas práticas diversificadas, desde atividades
assistenciais tradicionais até ações inovadoras e criativas, que enfocam a saúde de modo
integral. Diante dos achados nesta pesquisa, recomenda-se a criação de espaços institucionais
de escuta, discussão e avaliação nos âmbitos individual e coletivo em que os trabalhadores
possam ser informados quanto à identificação e prevenção de riscos em sua atividade laboral.
Assim, os próprios trabalhadores poderão apontar situações que necessitam de intervenção, a
fim de evitar novos danos à saúde relacionados ao trabalho.
Nesse cenário faz-se necessário aprofundar o conhecimento das relações no ambiente
de trabalho para que possa melhor observar se os danos físicos são referentes à ergonomia do
trabalho ou se são derivados do custo afetivo e/ou dos danos psicológicos. Os achados obtidos
ressaltam o que inúmeras pesquisas vêm apontando, a relação da criação de ambientes de
trabalho saudáveis, bem como medidas de proteção aos riscos psicossociais.
71
Os danos sociais são decorrentes de inúmeras fontes, podendo estar relacionados ao
trabalho, a família, a cultura, entre outras demandas pessoais. Sendo assim, sugere-se que
novas pesquisas estudem os efeitos das questões ergonômicas nas relações interpessoais no
trabalho, uma avaliação do ambiente de trabalho e uma análise sobre os fatores de risco e
proteção ao trabalho.
Como limitação de pesquisa aponta-se a não realização de entrevistas individuais para
assim poder obter um maior detalhamento das informações coletadas; a pesquisa ser de corte
transversal e desta forma não poder avaliar as demandas de médio e longo prazo da
instituição, bem como de seus trabalhadores e generalizar os achados obtidos.
Referências
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Amorim, J. S. C. de; Mesas, A. E. & Trellha, C. S. (2018). Fatores associados à ótima
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oprofissionais.
76
CONSIDERAÇÕES FINAIS
77
Ressalto minha gratidão à Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul por
meio da pessoa do Dr. Jorge Martins, Diretor Presidente, que prontamente aprovou a
realização desta pesquisa na instituição, bem como à Assessora Técnica da Presidência
Giselda Giffoni, por facilitar os trâmites entre os responsáveis das instituições e por terem ido
além, incentivando os seus colegas a participarem da pesquisa. Sem essa disponibilidade
irrestrita, esse estudo não teria sido possível.
A pesquisa respondeu algumas de suas hipóteses: foi possível afirmar que a
capacidade para o trabalho da amostra está comprometida, que existe um alto custo humano
relacionado ao trabalho, principalmente na dimensão afetiva. Existe uma alta frequência de
danos físicos bem como de danos psicológicos e sociais e uma importante correlação entre o
custo humano, os danos e a (in) capacidade para o trabalho.
Foi possível avaliar que os custos e danos relacionados ao trabalho já estão afetando a
vida social, o ambiente de trabalho e como dito anteriormente, a saúde mental dos servidores
estudados. Os objetivos específicos foram todos realizados e respondidos nos dois artigos que
compõe essa dissertação.
Destaca-se a relevância da pesquisa que oportunizou conhecer alguns aspectos da
realidade de trabalho dos servidores da SIPEM e mensurar, trazendo indicadores objetivos, a
existência de danos relacionados ao trabalho, bem como o comprometimento na capacidade
relativa a esse, que possivelmente seja derivado do alto custo humano relacionado ao trabalho.
Os instrumentos utilizados são validados e reconhecidos mundialmente e se mostraram
viáveis para utilização nessa amostra sendo que a correlação entre eles guiou os resultados
obtidos.
No primeiro artigo, o objetivo foi correlacionar as escalas de ECHT e EADRT, a fim
de investigar possíveis relações entre o custo humano no trabalho e os danos que a amostra
poderia conter. Evidenciou-se a existência de danos e custo afetivo relacionado ao trabalho.
Dos resultados relativos aos danos pode-se inferir que alguns deles podem estar relacionados
ao ambiente de trabalho, contudo esse não era um objetivo a ser investigado nesse estudo.
No segundo artigo, objetivou-se correlacionar o custo humano, os danos e a
capacidade para o trabalho. O resultado desta análise apontou para a existência de danos
físico, psicológico, social com um alto custo afetivo relacionado ao trabalho, que afetam a
capacidade para o trabalho.
Como sugestões para a instituição indica-se:
78
• Criar ambientes saudáveis, provendo atividades inter-relacionais a fim de obter
melhores vínculos entre os servidores;
• Fomentar o serviço de psicologia fornecido pela instituição com parcerias, a
fim de conscientizar o órgão AGEPREV a levar em conta as questões
relacionadas à saúde emocional dos servidores;
• Criar um projeto de intervenção ao dano e outros para prevenção e promoção
da saúde mental e qualidade vida no trabalho.
Para futuras pesquisas, sugere-se que a partir dos dados expostos possa se investigar a
origem dos danos, bem como eventuais intervenções feitas junto á amostra, que produzam
resultados baseados em evidências, demonstrando sua eficácia e efetividade. Como limitação
deste estudo, ressalta-se o fato de ser um estudo de corte transversal, o que impede a
realização de análises que só podem ser obtidas ao longo do tempo. Sugere-se para novas
pesquisas que se aprofundem as temáticas relativas ao ambiente de trabalho, fatores
ergonômicos, fatores de risco e de proteção psicossocial, bem como análises sobre o estresse
ocupacional e seus efeitos na saúde geral, mental e na qualidade de vida desses trabalhadores.
79
REFERÊNCIAS CITADAS NA INTRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO
80
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V. 1 e 2.
82
APÊNDICES
83
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E OCUPACIONAL
Nº da Pesquisa:____________
Data: _____/_____/_____.
1. Sexo:
1.1 Masculino
1.2 Feminino
2. Data de nascimento: _____/_____/_____
3. Idade:________ anos.
4. Estado civil:
4.1 Solteiro(a)
4.2 Casado(a)
4.3 Viúvo(a)
4.4 Separado(a) ou Divorciado(a)
4.5 União Estável (Amasiado)
5. Qual sua escolaridade:
5.1 Ensino fundamental completo.
5.2 Ensino fundamental incompleto.
5.3 Ensino médio completo.
5.4 Ensino médio incompleto.
5.5 Graduação completa. Qual? ____________________________
5.6 Graduação incompleta. Qual? ___________________________
5.7 Pós graduação completa. Qual? _________________________
5.8 Pós graduação incompleta. Qual? ________________________
6. Religião:
6.1 Católica.
6.2 Evangélica.
6.3 Espirita.
84
6.4 Sem Religião.
6.5 Outras: _________________________.
7. Qual(is) período(s) você trabalha?
7.1 Matutino 7.2 Vespertino
8. Quantas horas semanais? ________________.
9. Há quanto tempo trabalha nesta instituição?_______________________.
10. Foi Readaptado/Reabilitado? Se sim qual o motivo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
11. O seu concurso foi para este órgão público? Se não explique?
11.1 Sim 11.2 Não 11.3 ___________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12. Seu trabalho interfere na sua vida familiar?
12.1 Sempre.
12.2 Às vezes.
12.3 Nunca.
13. No geral como avalia seu ambiente de trabalho?
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
Obrigada pela sua participação
85
APÊNDICE B
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA
Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos da pesquisa intitulada:
“Capacidades e Danos Relacionado ao Trabalho em Servidores de uma Agência de
Previdência Social Estadual do Estado do Mato Grosso do Sul”, que contempla um
levantamento de dados sóciodemográfico ocupacional, índice de capacidade no trabalho e
avaliação dos danos relacionado ao trabalho no município de Campo Grande/MS, conforme
proposto no Acordo de Cooperação Mútua nº 01/2018. Assim, autorizo a realização do estudo
que será aplicado pelo aluno Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya (do curso de Mestrado em
Psicologia), da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, sob a orientação da
Coordenadora e Pesquisadora-Chefe do Projeto, Profª. Drª. Liliana Andolpho Magalhães
Guimarães, e que compreende a participação voluntária dos trabalhados da perícia médica da
Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul - AGEPREV, lotados em Campo
Grande/MS. O pesquisador se compromete a manter sigilo sobre os dados individuais
coletados e somente divulgará os resultados grupais obtidos. Autorizo, também, a utilização
dos resultados para uso exclusivo em publicações científicas, tais como artigos, capítulos de
livro, livros, além de apresentação de trabalhos em congressos e similares, sem a identificação
do nome de seus participantes.
Campo Grande/MS, 17 de outubro de 2018.
JORGE OLIVEIRA MARTINS
Diretor Presidente - AGEPREV
PROFª. DRª. LILIANA ANDOLPHO MAGALHÃES GUIMARÃES
Coordenadora do Projeto e Pesquisadora-Chefe – UCDB
SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA
Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Psicologia
86
87
APÊNDICE C
Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser
esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine
este documento, em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
Título do Projeto de Pesquisa: Capacidades e Danos Relacionados ao Trabalho em Servidores
de uma Agência de Previdência Social Estadual do Estado Do Mato Grosso Do Sul – MS.
Pesquisador: Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya
Telefone: (67) 98149 4498 E-mail: [email protected]
Orientadora: Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães (Universidade Católica
Dom Bosco- UCDB) Telefone (67) 3312 3605.
Esta pesquisa faz parte da dissertação para fins de obtenção do título de Mestre em Psicologia
da Saúde, junto à Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Campo Grande/MS. Seu
objetivo é avaliar as capacidades que podem ser adquiridas no trabalho e também os danos
que o mesmo pode acarretar na vida dos trabalhadores de uma agência de previdência social
(AGEPREV) do setor de perícia médica do estado do Mato Grosso do Sul, Campo Grande –
MS, Brasil.
Para realização desta pesquisa objetivemos a autorização do Diretor Presidente da Agência de
Previdência Social do Estado do Mato Grosso do Sul – AGEPREV.
Os resultados individuais, caso sejam de interesse do participante, poderão ser solicitados via
e-mail do pesquisador ([email protected]);
Considerando as informações constantes neste termo e as recomendações previstas: (i) na
Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres
humanos, (ii) na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000 do Conselho Federal de
Psicologia (BRASIL, 2000) que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres humanos
(iii) e nas normas expressas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/
Ministério da Saúde, Consinto, de forma livre e esclarecida a participação na presente
pesquisa, na condição de participante, ciente de que:
a) Minha Participação é inteiramente voluntária e não implica em quaisquer tipos de
despesa e/ou ressarcimento financeiro.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
88
b) Essa atividade não é obrigatória e, caso não queira participar, isso em nada mudará o
trabalho que realizo na AGEPREV.
c) Responderei aos três questionários, que contém questões relacionadas ‘a minha vida,
meu trabalho e minhas necessidades. O tempo médio para preenchimento dos mesmos
é de 30 minutos.
d) Estou ciente que as informações que fornecerei poderão mais tarde, ser utilizadas para
trabalhos científicos e que minha identificação será mantida sob sigilo, isto é, não
haverá chance de meu nome ser identificado, sendo assegurado completo anonimato;
e) Devido ao seu caráter confidencial, essas informações serão utilizadas apenas para
objetivos de estudo;
f) Não há nenhum risco significativo em participar deste estudo. Contudo, alguns
conteúdos abordados eventualmente causarão algum tipo de desconforto psicológico.
Em função disso, terei a possibilidade de ser encaminhado (a) pelo pesquisador ao
atendimento psicológico com profissional de Saúde Mental, caso seja de minha
vontade e necessidade;
g) Estou livre para desistir da participação em qualquer momento da aplicação dos
questionários;
h) Aceito participar voluntariamente dessa atividade e não tenho sofrido nenhuma forma
de pressão para tanto;
i) A pesquisa aqui proposta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), que a referenda.
j) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB para apresentar recursos
pelo telefone (67) 3312-3478.
Recebi uma cópia deste termo e a possibilidade de lê-lo.
............................................................, MS, ........... de ................................................. de 2019.
Nome do Participante:
RG do Participante:
Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya RG 1257491 SSP/MS
Pesquisador
Acadêmico do Programa de Pós Graduação em Psicologia - Mestrado e Doutorado.
Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia sobre este estudo devo ligar para o CEP
UCDB, Telefone: (67) 3312-3478 ou E-mail: [email protected]. Endereço: Av. Tamandaré, 6000,
Jardim Seminário – CEP: 79117-900 – Campo Grande – MS.
89
ANEXOS
90
ANEXO A
ESCALA DE CUSTO HUMANO NO TRABALHO (ECHT) - ITRA
Agora escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que você faz das
exigências decorrentes do seu contexto de trabalho.
1- Nada exigido 2- Pouco exigido 3- Mais ou menos exigido
4- Bastante exigido 5- Totalmente exigido Questões: Resposta
1 Ter controle das emoções 1 2 3 4 5
2 Ter que lidar com ordens contraditórias 1 2 3 4 5
3 Ter custo emocional 1 2 3 4 5
4 Ser obrigado a lidar com agressividade dos outros 1 2 3 4 5
5 Disfarçar os sentimentos 1 2 3 4 5
6 Ser obrigado a elogiar as pessoas 1 2 3 4 5
7 Ser obrigado a ter bom humor 1 2 3 4 5
8 Ser obrigado a cuidar da aparência física 1 2 3 4 5
9 Ser bonzinho com todos 1 2 3 4 5
10 Transgredir valores éticos 1 2 3 4 5
11 Ser submetido a constrangimentos 1 2 3 4 5
12 Ser obrigado a sorrir 1 2 3 4 5
13 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5
14 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5
15 Ser obrigado a lidar com imprevistos 1 2 3 4 5
16 Fazer previsão de acontecimentos 1 2 3 4 5
17 Usar a visão de forma contínua 1 2 3 4 5
18 Usar a memória 1 2 3 4 5
19 Ter desafios intelectuais 1 2 3 4 5
20 Fazer esforço mental 1 2 3 4 5
21 Ter concentração mental 1 2 3 4 5
22 Usar a criatividade 1 2 3 4 5
23 Usar a força física 1 2 3 4 5
24 Usar os braços de forma contínua 1 2 3 4 5
25 Ficar em posição curvada 1 2 3 4 5
26 Caminhar 1 2 3 4 5
27 Ser obrigado a ficar de pé 1 2 3 4 5
28 Ter que manusear objetos pesados 1 2 3 4 5
29 Fazer esforço físico 1 2 3 4 5
30 Usar as pernas de forma contínua 1 2 3 4 5
31 Usar as mãos de forma repetida 1 2 3 4 5
32 Subir e descer escadas 1 2 3 4 5
ANEXO B
91
ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS
AO TRABALHO (EADRT) - ITRA
Os itens a seguir tratam dos tipos de problemas físicos, psicológicos e sociais
que você avalia como causados, essencialmente, pelo seu trabalho. Marque o
número que melhor corresponde à frequência com a qual eles estiveram
presentes na sua vida nos últimos seis meses.
0- Nenhuma vez 1- Uma vez 2- Duas vezes 3- Três
vezes 4- Quatro vezes 5- Cinco vezes 6- Seis ou mais
vezes
Questões: Resposta
1 Dores no corpo 0 1 2 3 4 5 6
2 Dores nos braços 0 1 2 3 4 5 6
3 Dor de cabeça 0 1 2 3 4 5 6
4 Distúrbios respiratórios 0 1 2 3 4 5 6
5 Distúrbios digestivos 0 1 2 3 4 5 6
6 Dores nas costas 0 1 2 3 4 5 6
7 Distúrbios auditivos 0 1 2 3 4 5 6
8 Alterações do apetite 0 1 2 3 4 5 6
9 Distúrbios na visão 0 1 2 3 4 5 6
10 Alterações do sono 0 1 2 3 4 5 6
11 Dores nas pernas 0 1 2 3 4 5 6
12 Distúrbios circulatórios 0 1 2 3 4 5 6
13 Insensibilidade em relação aos colegas 0 1 2 3 4 5 6
14 Dificuldades nas relações fora do trabalho 0 1 2 3 4 5 6
15 Vontade de ficar sozinho 0 1 2 3 4 5 6
16 Conflitos nas relações familiares 0 1 2 3 4 5 6
17 Agressividade com os outros 0 1 2 3 4 5 6
18 Dificuldade com os amigos 0 1 2 3 4 5 6
19 Impaciência com as pessoas em geral 0 1 2 3 4 5 6
20 Amargura 0 1 2 3 4 5 6
21 Sensação de vazio 0 1 2 3 4 5 6
22 Sentimento de desamparo 0 1 2 3 4 5 6
23 Mau-humor 0 1 2 3 4 5 6
24 Vontade de desistir de tudo 0 1 2 3 4 5 6
25 Tristeza 0 1 2 3 4 5 6
26 Irritação com tudo 0 1 2 3 4 5 6
27 Sensação de abandono 0 1 2 3 4 5 6
28 Dúvida sobre a capacidade de fazer tarefas 0 1 2 3 4 5 6
29 Solidão 0 1 2 3 4 5 6
ANEXO C
92
ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO (ICT)
Tuomi, et al. (2005); Martinez et al. (2009)
Suponha que a sua melhor capacidade para o trabalho tem um valor igual a 10 pontos.
1) Assinale com um X um número na escala de zero à dez, que designe quantos pontos você
daria para sua capacidade de trabalho atual:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Estou incapaz para o trabalho
Estou em minha melhor
capacidade
para o trabalho
2) Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências
físicas do mesmo? (Por exemplo, fazer esforço físico com partes do corpo).
Muito boa. 5
Boa. 4
Moderada. 3
Baixa. 2
Muito Baixa. 1
3) Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências
mentais do seu trabalho? (Por exemplo, interpretar fatos, resolver problemas, decidir a
melhor forma de fazer).
Muito boa. 5
Boa. 4
Moderada. 3
Baixa. 2
Muito Baixa. 1
4) Em sua opinião, quais das lesões por acidentes ou doença citadas abaixo você possui
ATUALMENTE. Marque também aquelas que foram confirmadas pelo médico. Em minha
Opinião
Diagnóstico
Médico
01 Lesões nas costas. 2 1
02 Lesões nos braços/mãos. 2 1
03 Lesões nas pernas/pés. 2 1
04 Lesões em outras partes do Corpo. 2 1
Onde? ____________. Que tipo de Lesão? ______________________________.
05 Doença da parte superior das costas ou região do
pescoço, com dores frequentes.
2 1
06 Doença da parte inferior das costas com dores
frequentes.
2 1
07 Dor nas costas que se irradia para a perna (ciática). 2 1
08 Doença musculoesquelética que afeta membros (braços
e pernas) com dores frequentes.
2 1
09 Artrite reumatoide. 2 1
10 Outra doença musculoesquelética. 2 1
Qual?__________________________________________________
11 Hipertensão arterial (pressão alta). 2 1
12 Doença coronariana, dor no peito durante o exercício 2 1
93
(angina pectoris).
13 Infarto do miocárdio, trombose coronariana. 2 1
14 Insuficiência cardíaca. 2 1
15 Outra doença cardiovascular. 2 1
Qual?________________________________________________
16 Infecções repetidas do trato respiratório (inclusive
amidalite, sinusite, aguda, bronquite aguda).
2 1
17 Bronquite crônica. 2 1
18 Sinusite crônica. 2 1
19 Asma. 2 1
20 Enfisema. 2 1
21 Tuberculose pulmonar 2 1
22 Outra doença respiratória. 2 1
Qual?________________________________________________
23 Distúrbio emocional severo (depressão severa). 2 1
24 Distúrbio emocional leve (depressão leve, tensão,
ansiedade, insônia).
2 1
25 Problema ou diminuição da audição. 2 1
26 Doença ou lesão da visão (não assinale se apenas usa
óculos e/ou lentes de contato de grau).
2 1
27 Doença neurológica (acidente vascular cerebral ou
“derrame”, neuralgia, enxaqueca, epilepsia).
2 1
28 Outra doença neurológica ou dos órgãos dos sentidos. 2 1
Qual? ________________________________________________
29 Pedras ou doença da vesícula biliar. 2 1
30 Doença do pâncreas ou do fígado. 2 1
31 Úlcera gástrica ou duodenal. 2 1
32 Gastrite ou irritação duodenal. 2 1
33 Colite ou irritação do cólon. 2 1
34 Outra doença digestiva. 2 1
Qual? ________________________________________________
35 Infecção das vias urinárias. 2 1
36 Doença dos rins. 2 1
37 Doença nos genitais e aparelho reprodutor (problemas
nas trompas ou próstata)
2 1
38 Outra doença geniturinária. 2 1
Qual? ________________________________________________
39 Alergia, eczema. 2 1
40 Outra erupção. 2 1
Qual? ________________________________________________
41 Outra doença de pele. 2 1
Qual? ________________________________________________
42 Tumor benigno. 2 1
43 Tumor maligno (câncer). 2 1
Onde? _______________________________________________
44 Obesidade. 2 1
45 Diabetes. 2 1
46 Bócio ou outra doença da tireóide. 2 1
47 Outra doença endócrina ou metabólica. 2 1
Qual? ________________________________________________
48 Anemia. 2 1
49 Outra doença do sangue. 2 1
Qual? _______________________________________________
94
50 Doença congênita (desde o nascimento). 2 1
Qual? ________________________________________________
51 Outro problema ou doença. 2 1
Qual? ________________________________________________
5) Sua lesão ou doença é um impedimento para seu trabalho atual? (Você pode marcar mais
de uma resposta nesta pergunta).
Não há impedimento / Eu não tenho doenças. 6
Eu sou capaz de fazer meu trabalho, mas ele me causa alguns sintomas. 5
Algumas vezes preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus
métodos de trabalho.
4
Frequentemente preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus
métodos de trabalho.
3
Por causa de minha doença sinto-me capaz de trabalhar apenas em tempo
parcial.
2
Em minha opinião estou totalmente incapacitado para trabalhar. 1
6) Quantos dias inteiros você esteve fora do trabalho, por causa de problemas de saúde,
consulta médica ou para fazer exame, durante os últimos 12 meses?
Nenhum. 5
Até 9 dias. 4
De 10 a 24 dias. 3
De 25 a 99 dias. 2
De 100 a 365 dias. 1
7) Considerando sua saúde, você acha que será capaz de, daqui a 2 anos, fazer seu trabalho
atual?
É improvável. 1
Não estou muito certo. 4
Bastante provável. 7
8) Recentemente você tem conseguido apreciar suas atividades diárias?
Sempre. 4
Quase sempre. 3
Ás vezes. 2
Raramente. 1
Nunca. 0
9) Recentemente você tem se sentido ativo e alerta?
Sempre. 4
Quase sempre. 3
Ás vezes. 2
Raramente. 1
Nunca. 0
10) Recentemente você tem se sentido cheio de esperança para o futuro?
Continuamente. 4
Quase sempre. 3
Ás vezes. 2
95
Raramente. 1
Nunca. 0
Consentimento informado (promoção e manutenção da capacidade para o trabalho em geral).
Você consente que um resumo desses dados e do escore de sua capacidade para o
trabalho sejam incluídos em seu prontuário de saúde?
( ) Sim ( ) Não
ANEXO D
96
PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)
97
98