CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA AGÊNCIA DE ... · 2020....

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SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE MATO GROSSO DO SUL - BRASIL UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO UCDB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO E DOUTORADO EM PSICOLOGIA CAMPO GRANDE MS 2020

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SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA

CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS

AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA

AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE MATO

GROSSO DO SUL - BRASIL

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO E DOUTORADO EM PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE – MS

2020

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SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA

CUSTOS, DANOS E CAPACIDADES RELACIONADOS

AO TRABALHO EM SERVIDORES DE UMA

AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE MATO

GROSSO DO SUL - BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação –

Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade

Católica Dom Bosco, como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre em Psicologia, área de concentração:

Psicologia da Saúde, Linha 1: Avaliação e assistência em

Saúde, sob a orientação da Profa. Dra. Liliana Andolpho

Magalhães Guimarães.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO E DOUTORADO EM PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE – MS

2020

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Dedico esta dissertação, primeiramente, a todas

as pessoas que eu amo e que me incentivaram a

não desistir e também aos trabalhadores. Ainda,

de forma especial, dedico esse trabalho aos

meus pais que não mediram esforços em me

ajudar a realizar este sonho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que se fez presente em todos os momentos, inclusive quando eu não mais o

procurei.

À minha família, presente em todo meu processo de mestrado.

Ao meu pai Silvio Edson Tutya e minha mãe Diva Barbosa Tutya que trabalharam,

incansavelmente, para prover tudo que eu precisava para cumprir esta e tantas outras etapas

em minha vida.

Às minhas irmãs Ana Carolyne Barbosa Tutya e Sylvane Barbosa Tutya, que

estiveram ao meu lado me incentivando.

Aos meus sobrinhos Ana Sofia Tutya Pereira e Vinicius Tutya Pereira por alegrar

meus dias.

À Lidia Carolina Rodrigues Balabuch por todo seu amor, carinho, paciência e

empenho em me ajudar a concluir meu mestrado.

À minha amiga Vanusa Meneghel, por estar ao meu lado nos momentos de

vulnerabilidade, me ajudando a não desistir, sendo um constante ombro amigo e uma grande

conselheira.

À minha professora e orientadora Liliana Andolpho Magalhães Guimarães por todo

seu conhecimento, incentivo e oportunidades que, além de toda parte científica, me acolheu e

me ajudou provendo meios pelos quais eu pudesse concluir esse mestrado.

À coorientação no tempo de PIBIC da Márcia Regina Teixeira Minari, Elaine Cristina

Vaz Vaez Gomes, João Massuda Junior, Vanusa Meneghel e Eduardo Fontoura Junior, que

foram grandes professores.

À minha amiga Victória Meins Graeff por me convidar a fazer parte deste grupo

maravilhoso, que abriu tantas portas em minha vida.

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A todos os amigos do grupo de pesquisa do Laboratório de Saúde Mental e Qualidade

de Vida no Trabalho, coordenado pela Professora Doutora Liliana A. M. Guimarães, grupo

este que se tornou uma família e proveu grandes amigos.

Ao amigo João Massuda Junior pela parte estatística do meu trabalho e todo

conhecimento transmitido a mim, meu muito obrigado.

À Vanessa Tramontini e Priscylla Tramontini pela amizade, companheirismo de

sempre, em todos estes anos de amizade.

Às minhas amigas de turma do mestrado, Adriana Santos Souza Sunakozawa, Karla

Lacerda Gomes, Marina de Castro Fregnan e Tatiane Bombassaro, onde em meio às crises da

escrita nos ajudamos a prosseguir. E às minhas colegas Ariane Lima de Brito, Suellen Alves

da Silva, Bruna Soares Bruno, Clariane Siqueira Bispo Wounnsoscky, Edmara Martins de

Souza e Patricia Palhano Medeiros Penrabel.

Aos professores doutores, André Augusto Borges Varella, André Barciela Veras,

Anita Guazzelli Bernardes, Heloisa Bruna Grubits, José Licinio Backes, Luciane Pinho de

Almeida, Luziane de Fátima Kirchner, Marcio Luis Costa, Neuza Maria de Fatima Guareschi,

Rodrigo Lopes Miranda e Sônia Grubits.

À Luciana Fukuhara Barbosa e Walkyria Joca de Lima, secretárias do Programa de

Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco, meu muito obrigado

pela atenção e dedicação nos atendimentos dispensados a mim.

Aos trabalhadores da AGEPREV que aceitaram, espontaneamente, fazer parte desta

pesquisa, em especial à Assessora Técnica-Executiva Giselda Giffoni Dias pelo empenho e

dedicação em estabelecer esta parceria.

A todos os amigos e amigas que estiveram ao meu lado, me ajudando, incentivando,

escutando e transmitindo energias positivas para a conclusão de minha dissertação: Eric

Vrech Matias, Alex Vrech Matias, Israel Marugal Marques, Allan Vitor de Lima Camargo, Ir.

Vinicius Sotocorno, Pe. Valdecir Zanatta, Karen de Souza Fernandes, Ir. Higor Feitosa, João

Victor Rodiguero, e tantos outros.

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“Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a

altura. Para voar é preciso ter coragem para

enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio

que o voo acontece. O vazio é o espaço da

liberdade, a ausência das certezas. Mas é isso o

que tememos: o não ter certezas. Por isso

trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o

lugar onde as certezas moram”.

Rubem Alves

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RESUMO DA DISSERTAÇÃO

As transformações econômicas, políticas e tecnológicas advindas das mudanças no modo de

produção capitalista, atingem grandes proporções no trabalho privado e ocorrem de forma

peculiar no serviço público, que sofre impacto direto resultante das mudanças de governo

(municipal, estadual e federal). Situações hostis no ambiente de trabalho, tais como pressões

por eficácia e rapidez, ameaças veladas, assédio moral, altos níveis de competição, ausência

da solidariedade, estresse, entre outros, influenciam diretamente a saúde mental do

trabalhador e, consequentemente, o funcionamento e a efetividade das organizações. Esta

pesquisa teve como objetivo identificar as possíveis relações entre o custo humano e os danos

relacionados ao trabalho e o índice de capacidade no trabalho em trabalhadores da agência de

previdência social do estado do Mato Grosso do Sul (AGEPREV - MS), lotados no Sistema

Estadual de Perícia Médica (SIPEM). Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e

analítico, de corte transversal, com o uso do método quantitativo. A amostra foi por

conveniência e voluntária, composta por n=40 trabalhadores (85,1%) de um total de N=48.

Foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: (i) Questionário Sociodemográfico

Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); (iii) Escala de

Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e (iv) Índice de Capacidade para o

Trabalho (ICT). Os resultados demonstraram que os trabalhadores têm média de idade de

48,02 anos (DP±9,97) e são em sua maioria do sexo masculino (60%), casados (62,5%),

possuem pós-graduação (70%) e tem jornada de trabalho semanal de 24 horas. Quando

realizada a distribuição de frequência da escala de custo humano no trabalho o estudo indicou

que os participantes apresentam: (i) Custo físico: satisfatório (72,5%); (ii) Custo afetivo:

crítico (55%) e; (iii) Custo cognitivo: grave (47,5%). Já a distribuição de frequência da

EADRT demonstrou que a maioria dos participantes apresenta: (i) Danos físicos: satisfatório

(72,5%), (ii) Danos sociais: satisfatório (87,5%) e; (iii) Danos psicológicos: satisfatório

(77,5%). No entanto, quando realizada correlação entre o ICT com a ECHT e a EADRT, os

resultados demonstraram correlação negativa para todas as dimensões das duas escalas, sendo

significativo o resultado do custo afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), danos físicos (r=0,602; p-

valor=0,000); danos sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e danos psicológicos (r=0,408; p-

valor=0,009). Pode-se concluir que os trabalhadores apresentam custos afetivos e danos

sociais e físicos, decorrentes dos danos psicológicos relacionados ao trabalho, que repercutem

em sua capacidade para o trabalho.

Palavras-chave: Saúde mental; Trabalhador; Servidor; Custo humano; Danos relacionados ao

trabalho.

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ABSTRACT OF THE DISSERTATION

The economic, political end technological transformations coming from the changes in the

capitalist mode of production, reach large proportions in the private work and occur in a

peculiar way in the public service, which suffer direct impact from the government changes

(municipal, state and federal). Hostile situations in the work environment, such as pressure for

efficiency and speed, hidden threats, moral harassment, high levels of competition, absence of

solidarity, stress, among others, have direct influence in the mental health of the servant and,

consequently, in the operation and effectiveness of the organizations. This research aimed to

identify the possible relations among the human cost and the damage related to the job to the

work ability index in servants of the Social Security Agency in the State of Mato Grosso do

Sul, Brazil (SSA-MS), located in the State System Of Medical Expertise (SSME). An

exploratory, descriptive and analytic study was performed, using the cross section mode of

research quantitative. The samples of this study were by convenience and willingness, it was

composed by 40 (forty) workers (85,1%) of a total of 48 workers. We used the following

instruments of research: (i) Semi Demographic Occupational Quiz; (ii) Human Cost at Work

Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD) and (iv) Work

Ability Index (WAI). The results show that the workers are the average age of 48,02 years old

(Standard Deviation ± 9,97) and are mostly male (60%), married (62,5%), post graduated

(70%) and work 24 hours per week. When the Human Cost at Work Scale frequency was

distributed, the study indicated that the participants show: (i) physical cost: satisfactory

(72,5%); (ii) affective cost: critical (55%); (iii) Cognitive cost: severe (47,5%). Whereas the

distribution of the ESWRD demonstrated that most of the participants show: (i) physical

damage: satisfactory (72,5%); (ii) Social damage: satisfactory (87,5%) and; (iii) psychological

damage: satisfactory (77,5%). However, when the WAI and the HCWS were correlated to the

ESWRD, the sample results demonstrate a negative correlation to all the dimensions from

both scales, being meaningful the result of the affective cost (relation= 0,496; value= 0,0001),

physical damage (r= 0,602; v= 0,000), social damage (r=0,440; v= 0,005) and psychological

damage (r= 0,408; v=0,009). One can conclude that the workers show affective costs and

social and physical damage arising from the work related psychological damages, which echo

in their work ability.

Key-words: Mental health; Worker; Servant; Human cost; Work related damage.

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1

Tabela 1 – Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra .............................. 40

Tabela 2 – Média, desvio padrão e confiabilidade da ECHT .................................................. 41

Tabela 3 – Média, desvio padrão e confiabilidade da EADRT ............................................... 41

Tabela 4 – Distribuição de frequência da ECHT .................................................................... 41

Tabela 5 – Distribuição de frequência da EADRT .................................................................. 42

Tabela 6 – Correlação entre o QSDO, a ECHT e a EADRT ................................................... 43

ARTIGO 2

Tabela 1 – Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra .............................. 62

Tabela 2 – Média, desvio padrão, mínimo, máximo do ICT ................................................... 64

Tabela 3 – Correlação entre o QSDO e o ICT ......................................................................... 64

Tabela 4 – Média, desvio padrão, mínimo e máximo da ECHT ............................................. 65

Tabela 5 – Média, desvio padrão, mínimo e máximo da EADRT .......................................... 66

Tabela 6 – Correlação entre o ICT, ECHT e a EADRT .......................................................... 67

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LISTA DE SIGLAS

AESST Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho

AGEPREV Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul

APA Associação Americana de Psicologia

CAAE Número de Registro na Plataforma Brasil

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CEP Conselho de Ética em Pesquisa

CFP Conselho Federal de Psicologia

CHT Custo Humano no Trabalho

CLT Consolidação das Leis de Trabalho

CT Capacidade para o Trabalho

DM Doença Mental

DP Desvio Padrão

DRT Delegacia Regional do Trabalho

EADRT Escala de Danos relacionados ao Trabalho

EA-OHP European Academy of Occupational Health Psychology

ECHT Escala de Custo Humano no Trabalho

ESWRD Evaluation Scale of the Work Related Damage

EU-OSHA European Agency for Safety and Health at Work

FENAFISP Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social

Brasileira

FIOH Finish Institute of Occupational Health

FUNSAU Fundação Serviços de Saúde

FUNTRAB Fundação do Trabalho

HCWS Human Cost at Work Scale

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICT Índice de Capacidade para o Trabalho

ILO International Labour Organization

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

ITRA Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento

MS Mato Grosso do Sul

MSPREV Regime Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do

Sul

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NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health

NTEP Nexo Técnico Epidemiológico

OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

PRF Polícia Rodoviária Federal

POT Psicologia Organizacional e do Trabalho

PSO Psicologia da Saúde Ocupacional

QSDO Questionário Sociodemográfico e Ocupacional

RGPS Regime Geral de Previdência Social

RS Rio Grande do Sul

SAD Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização

SED Secretaria de Estado de Educação

SEDHAST Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e

Trabalho

SIPEM Sistema Estadual de Perícia Médica

SM Saúde Mental

SMT Saúde Mental e Trabalho

SMRT Saúde Mental Relacionada ao Trabalho

SNRIPD

Secretariado Nacional para Reabilitação das Pessoas com

Deficiência

SO Saúde Ocupacional

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SSA-MS Social Security Agency in Mato Grosso do Sul

SPUE Serviço das Publicações da União Europeia

SSME State System of Medical Expertise

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TM Transtornos Mentais

UCDB Universidade Católica Dom Bosco

UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

USP Universidade de São Paulo

WAI Work Ability Index

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WHO World Health Organization

WIIR Work Inventory and Illnes Risks

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Questionário Sociodemográfico e Ocupacional (QSDO) ............................... 82

Apêndice B – Autorização para realização de pesquisa .......................................................... 84

Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ................................... 86

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) - ITRA ....................................... 89

Anexo B – Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) - ITRA .... 90

Anexo C – Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) ....................................................... 91

Anexo D – Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) ......................... 95

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SUMÁRIO

RESUMO DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................... 08

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

Saúde mental e trabalho ...................................................................................................... 18

Psicologia da saúde ocupacional ......................................................................................... 19

Psicossociologia do trabalho ............................................................................................... 21

O Locus de pesquisa: Agência de Previdência Social do Mato Grosso do Sul – AGEPREV

............................................................................................................................................ 23

Histórico institucional ......................................................................................................... 23

Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM) .................................................................... 25

Descrição Física da SIPEM ................................................................................................ 26

O convênio interinstitucional .............................................................................................. 27

Primeiras ações ................................................................................................................... 28

ARTIGO 1 .............................................................................................................................. 30

Custo humano e danos relacionados ao trabalho em servidores de uma Agência da

Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil ................................... 31

ARTIGO 2 .............................................................................................................................. 50

Custos e danos provocados pelo trabalho e o impacto na capacidade, relacionados ao

trabalho em servidores de uma Agência da Previdência Social de Campo Grande, Mato

Grosso do Sul, Brasil .......................................................................................................... 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO ........................................................... 75

REFERÊNCIAS CITADAS NA INTRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO ......................... 78

APÊNDICES .......................................................................................................................... 81

ANEXOS ................................................................................................................................ 88

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INTRODUÇÃO

No ano de 2015, ainda na graduação de psicologia, entendi que cursar um mestrado

seria um facilitador para exercer a função de professor e uma importante porta de entrada para

o mercado de trabalho. Foi então que busquei conversar com meus professores da época, os

quais prontamente me incentivaram a fazer parte de algum projeto de iniciação científica.

Procurei com os mesmos, a viabilidade de vagas para participar em algum projeto,

porém não obtive sucesso. No entanto, no mesmo mês uma colega de sala enviou um convite

no grupo de “whatsapp” da sala, informando haver uma vaga em um projeto de PIBIC do

qual ela fazia parte e que, os interessados, deveriam enviar um currículo com o objetivo de

participar de uma entrevista seletiva, que incluía também uma entrevista presencial.

Participei da entrevista, não fazendo ideia do tema desse projeto de pesquisa e nem de

como funcionava uma pesquisa científica. Cursava o quinto semestre de psicologia e foi nesta

entrevista que descobri que era uma pesquisa sobre a “saúde mental do trabalhador

pantaneiro”. Fui aprovado e passei a integrar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação

Científica (PIBIC) coordenado pela professora Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães.

Neste universo, tive o meu primeiro contato com a Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO),

campo teórico no qual pude me aprofundar e, ao mesmo tempo, conhecer outras áreas como a

Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT).

Por meio desta pesquisa a ciência entra em minha vida, e com resultados gratificantes,

entre eles a publicação do livro intitulado “Saúde do Trabalhador do Pantanal de Aquidauana,

MS, Brasil: Diagnóstico e Proposta de Intervenção” sendo co-autor em três capítulos.

Terminando este ciclo de PIBIC, consegui permanecer por mais um ano, no entanto com outra

pesquisa, dessa vez sobre o “Estresse no policial rodoviário federal (PRF)”. Assim fui

seguindo junto com a professora doutora Liliana, em paralelo, cursando o estágio obrigatório

sobre Saúde na contemporaneidade – eixo Trabalho, requisito do último ano da graduação de

psicologia, podendo participar ativamente de um projeto de intervenção junto a Polícia

Rodoviária Federal (PRF), atuando como plantonista, função esta que desempenhei como

estagiário no atendimento psicológico aos policiais da PRF. Tais atendimentos eram

classificados como eletivos, emergentes e urgentes, e, uma vez sendo observado a necessidade

e a aceitação do paciente, esse era encaminhado para o Ambulatório de saúde mental do

trabalhador, situado na Clínica-escola da UCDB.

No contexto ocupacional, ao me deparar com inúmeras doenças mentais, fatores de

riscos psicossociais, conflitos entre trabalho e família, burnout, ideações suicidas, entre tantos

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outros temas, não apenas estudados, mas vivenciados na prática do estágio, bem como pela

pesquisa, percebi que todas essas situações, representaram para mim que eu deveria

prosseguir. Desta forma, fiz o processo seletivo para o mestrado da Universidade Católica

Dom Bosco (UCDB). Nesse mesmo ano, no qual ingressei para o mestrado, a professora

doutora Liliana Guimarães realizou um convênio de cooperação mútua com a Agência de

Previdência Social de Mato Grosso do Sul (AGEPREV), o qual será melhor detalhado nos

próximos tópicos, constituindo-se como locus dessa pesquisa.

Concomitante a este cenário com o qual me deparei no contexto ocupacional, as

pesquisas nos últimos nos mostravam um crescente interesse por questões relacionadas aos

vínculos entre Saúde/Doença Mental e Trabalho. Desta forma, foi perceptível a oportunidade

que tínhamos de aproveitar um convênio de grande importância juntamente com as

necessidades e abrangência das pesquisas neste contexto, para nos aprofundarmos nas

questões com o público da agência conveniada. É neste panorama que se inicia essa pesquisa.

Saúde Mental e Trabalho

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) a Saúde Mental (SM) é

caracterizada pelo bem estar do indivíduo, no exercício de suas capacidades face ao estresse

normal da vida, na produtividade do seu trabalho e sua contribuição para a comunidade onde

este está inserido. A SM pode ser promovida por meio de programas adequados que visem

melhores condições sociais e promovam a prevenção do estresse (SNRIPD, 2006).

Segundo Seligmann-Silva (2011) os desenvolvimentos teóricos e metodológicos

sobre o tema Saúde Mental e Trabalho (SMT), bem como a nitidez cada vez maior dos seus

significados políticos econômicos e sócio culturais assumiram tal intensidade e abrangência,

que se tornou possível verificar o surgimento de um campo de estudo no qual se produz

novos conhecimentos. Tal campo é marcado especialmente pela interdisciplinaridade, mas

também recebe contribuições de conhecimentos construídos em disciplinas não

interconectadas. Trata-se, portanto, de um campo multidisciplinar.

A relação entre saúde mental e trabalho constitui o objeto dos estudos da saúde mental

relacionada ao trabalho. Considerando a unicidade corpo e mente, que torna a saúde mental

indissociável, pode-se dizer que este objeto é a inter-relação entre o trabalho e os processos

saúde-doença cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos fenômenos mentais, mesmo

quando sua natureza seja eminentemente social (Seligmann-Silva, 2011).

A Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) representa, na atualidade, um

desafio latente numa realidade ainda pouco esclarecida das situações de trabalho ou de

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desinserção laboral em que se produz a escalada da transformação de normalidade discutível

em adoecimento dos assalariados e fracassos empresariais. Tal desafio – por hora ainda não

suficientemente reconhecido – se apresenta aos que planejam políticas públicas e aos

responsáveis pelas políticas empresariais. Entre as políticas públicas merecem atenção

especial aquelas que dizem respeito a Saúde, ao Trabalho e à Previdência Social, mas

precisarão, sempre, ser visualizadas em suas inter-articulações assim como nos vínculos que

mantêm com outras políticas sociais e econômicas (Seligmann-Silva, 2011).

Para Guimarães (2019) o campo da Saúde Mental e Trabalho é o estudo da dinâmica,

da organização e dos processos de trabalho, visando a promoção da saúde mental do

trabalhador, por meio de ações diagnósticas, preventivas e terapêuticas, que se pretendem

eficazes. Esta perspectiva teórica tem por objetivos: (i) avaliar as conexões entre SM/DM e

Trabalho; (ii) proteger e promover a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador e

consequentemente da organização; (iii) melhorar a Qualidade de Vida do trabalhador e da

organização (Guimarães, 2019). Para a autora, os Transtornos Mentais (TM) frequentemente

geram alto custo social e econômico, são universais, pois atingem pessoas de todas as idades,

causando incapacitações graves e definitivas que elevam a demanda nos serviços de saúde. O

ônus dos TM foi subestimado durante muito tempo, principalmente, porque a forma de

avaliar seu impacto na saúde valorizava apenas os índices de mortalidade. Os TM assumem

valores baixos de mortalidade, mas possuem, todavia, um grande peso de incapacidade de

duração longa, acarretando a redução da qualidade de vida dos indivíduos.

Cabe salientar a existência de pontos em comum de interesse e contribuições de

algumas disciplinas para os estudos das inter-relações entre saúde mental e trabalho, mas se

optou por focalizar nesse estudo o campo teórico da Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO).

Psicologia da Saúde Ocupacional

A área da Saúde Ocupacional está sendo consolidada por inúmeras publicações,

inclusive por instituições como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) (Vieira, 2008). O termo Saúde Ocupacional (SO)

remete à multiprofissionalização e à multidisciplinaridade nas organizações, visto que são

diferentes profissionais de saúde atuando em SO, tais como enfermeiros, médicos, entre

outros. Em decorrência disso se fala em uma Psicologia da Saúde Ocupacional como, por

exemplo, a Associação Americana de Psicologia (APA) e a European Academy of

Occupational Health Psychology (EA-OHP) (Guimarães et al., 2008).

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No entanto, analisando este contexto faz-se importante entender que parte do

reconhecimento de um novo campo do saber se posicione. A Psicologia da Saúde

Ocupacional permeia a interface da Psicologia da Saúde e da Psicologia do Trabalho e das

Organizações. Essa designação apresenta uma vantagem política, pois, como assinalam

Guimarães et al. (2008), no Brasil, a atuação do psicólogo ainda não é legalmente exigida no

âmbito da saúde e segurança ocupacional, enquanto por lei a atuação dos enfermeiros,

médicos, engenheiros e técnicos de segurança é obrigatória.

A Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO) visa melhorar a qualidade de vida dos

trabalhadores, protegendo e promovendo a segurança, bem-estar e saúde destes profissionais

(Sauter & Hurrell, 1999). Segundo os autores, o campo de aplicação da PSO pontua e está

voltado para um ambiente organizacional de caráter integrativo, promotor de saúde. Assim,

considera-se que os modelos conceituais que contemplam esta visão devem incluir

indicadores positivos e negativos, tanto das características organizacionais do trabalho, quanto

da saúde psicológica dos trabalhadores.

Segundo Borges, Guimarães e Silva (2013), Carlotto e Micheletto, (2014) a PSO

dialoga com diferentes campos de conhecimento, levando em consideração os diferentes

níveis de análise dos fatores de risco ocupacional, tais como: (i) contexto de trabalho, voltado

para a análise das características do trabalho e seus aspectos relacionais; (ii) contexto externo,

que abrange os aspectos econômicos, políticos, ideológicos, legais e demográficos; (iii) nível

individual, que alcança fatores de personalidade, estratégias de coping, motivação, diferenças

individuais e características sócio demográficas; (iv) contexto organizacional, que aborda

estruturas de políticas de supervisão, estruturas de gestão e métodos de produção. A PSO tem

seu olhar voltado para a pesquisa e intervenção em questões ligadas ao estresse ocupacional,

fatores de risco, saúde e segurança, intervenções organizacionais, programas de assistência ao

trabalhador e práticas em saúde pública. Visa o gerenciamento e desenvolvimento efetivo de

bem-estar psicossocial no trabalho para obter ambientes laborais saudáveis, prevenindo,

intervindo e promovendo o funcionamento ideal nas organizações de trabalho e a qualidade de

vida profissional (Salanova, Llorens & Rodrígues, 2009).

Apesar de não reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia

(CFP) no Brasil, a PSO tem um papel fundamental nos desdobramentos do contexto de saúde

na atualidade, justamente por sua proposta de "agregar conhecimento educacional e

profissional da disciplina Psicologia, para utilizá-lo na promoção e manutenção da saúde, na

prevenção e no tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico

relacionado à saúde, à doença e às disfunções", contribuindo com os sistemas de saúde, em

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seu aperfeiçoamento (Guimarães, Martins, Grubits & Freire, 2011). A mesma é praticada,

sobretudo, em três ambientes acadêmicos no Brasil: na UNISINOS (RS), sob a coordenação

da Profa. Dra. Mary Sandra Carlotto e, na Universidade Católica Dom Bosco - UCDB/MS e

na Escola de Excelência do Instituto de Psiquiatria-IPq, da Faculdade de Medicina da USP, os

últimos, sob a coordenação da Profa. Dra. Liliana A. M. Guimarães.

Esta especialidade atende, de forma singular, a uma demanda relacionada à intensa e

rápida transformação do trabalho e do emprego que passa a ocorrer nas economias industriais

desde os anos 1980, bem como a forma que as mudanças nas estruturas e processos

organizacionais influenciam a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias. Desta

forma, a PSO passa a ser definida como “a aplicação de psicologia à saúde e à segurança

ocupacional, objetivando a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho” (NIOSH, 1999).

Contudo, a PSO possui três principais correntes teóricas: as abordagens individualistas, a

psicodinâmica no trabalho e as abordagens psicossociológicas. A abordagem teórica que

embasou esse estudo foi a psicossociologia do trabalho.

Psicossociologia do Trabalho

O trabalho e seu bom desempenho são considerados fatores indispensáveis na

construção de identidade e de inserção social entre aspectos da vida humana, bem como se

configura como um meio de fomento de promoção de saúde, observando suas características

de conteúdo e organização do trabalho, quanto os aspectos ambientais que perpassam os

níveis de análise micro, meso e macro que podem levar à promoção da saúde e/ou ao

adoecimento. Observando esta realidade é que a psicossociologia busca explicação no

processo saúde/doença diretamente nas condições e relações de trabalho, tendo o trabalho

concreto como foco principal (Borges, Guimarães & Silva, 2013).

Os estudos da psicossociologia do trabalho objetivam pensar o ser humano em sua

totalidade, considerando pontos fundamentais como seu contexto social, a condição mental, a

saúde física, entre outras. Segundo Casadore (2018), de um ponto de vista literal (ou

etimológico) pode-se interpretar mais diretamente a palavra “psicossociologia”, como o

campo de estudos (logos) de aspectos mentais (psico) e sociais (sócio) intrínsecos ao ser

humano. Esse campo de estudos foi fortemente influenciado pela sociologia, bem como por

outros campos das ciências humanas e sociais.

A Psicossociologia do trabalho é oriunda da Psicossociologia francesa, cuja

investigação e intervenção recaem sobre grupos, organizações e instituições. A pesquisa-ação

de Kurt Lewin inspirou seus métodos de intervenção, por valorizar o saber de cada sujeito,

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seja individual ou coletivo, assim como a capacidade de analisar e transformar a realidade, em

seus espaços de vida e de trabalho. O trabalho é abordado, entre outros conceitos-chave, a

partir da noção polissêmica de atividade, abarcando a vida dentro e fora do ambiente laboral,

podendo ser ela composta de atividades domésticas, familiares, associativas, sindicais,

políticas de sociabilidade, fazendo com que a unidade dialética das atividades humanas,

resista à cisão entre vida profissional e vida extra-profissional (Araújo & Barros, 2018).

Nessa perspectiva, Araújo e Barros (2018) discorrem que a atividade é própria,

singular, mas também ligada à atividade dos outros, a uma história coletiva, a um contexto

social. Já a noção de trabalho em seu sentido amplo, remete ao “trabalho da civilização”, por

meio do desenvolvimento dos recursos simbólicos e de um trabalho de humanização que

afasta o homem de seus ancestrais animais, levando-o a renunciar a uma parte de satisfação

das pulsões, em troca de segurança. Como instituição e como parte da constituição psíquica, o

trabalho é uma produção humana e não apenas um fardo que se impõe aos humanos.

Abordá-lo como instituição é questionar suas finalidades, que não visam apenas a lógica e os

objetivos mercantis. Sua análise não se limita, pois à pergunta sobre o “como fazer” (relativo à

sua organização), mas exige uma resposta fundamental, relativa ao “porque fazer”. Afinal, é

inserido as atividades de trabalho no mundo de valores que o assumimos como categoria

antropológica, motor da história e da cultura humana (Araújo & Barros, 2018, p. 953).

Quando se fala da psicossociologia do trabalho, fazem-se reflexões acerca de variáveis

que se inspiram diretamente na composição da psicossociologia, que por sua vez é

influenciada diretamente por propostas da psicologia social. Na França, por exemplo, a

psicossociologia assume perspectivas particulares, diferindo das intervenções americanas

centralizadas apenas no “fator humano” inerente ao trabalho de modo mais operatório e com

objetivos bem definidos construindo um posicionamento (Casadore, 2018).

A noção de trabalho também é entendida pela psicossociologia francesa, de modo

bastante complexo e estendido, ampliado, diferindo-se efetivamente de leituras mais próximas

à psicologia organizacional como também questões econômicas, formais e estruturais, ou até

mesmo constituídas social e historicamente. Para o autor, o trabalho é reconhecido também

pela experiência vivenciada pelo sujeito, atravessada por questões intrapsíquicas, referente a

discursos simbólicos sobre o trabalho e construções imaginárias subjetivas, bem como sua

importância no que diz respeito à formação de identidade (Casadore, 2018).

O trabalho tem um papel estruturante na vida e identidade do indivíduo e na própria

construção da condição humana e das sociedades, assim, suas condições precárias ou

enriquecedoras e as formas como as pessoas se relacionam com elas poderão estar envolvidas

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tanto na etiologia de enfermidades, quanto na valorização e realização do indivíduo (Borges,

Guimarães & Silva, 2013).

O objetivo desses apontamentos é levar a caminhos para elaborações teóricas e

práticas, tendo em vista a problemática das capacidades e danos relacionados ao trabalho,

destacando a psicossociologia como uma abordagem não só adequada, mas necessária a tal

discussão.

O Locus de Pesquisa: Agência de Previdência Social do Mato Grosso do Sul –

AGEPREV

Histórico institucional

O sistema previdenciário do estado de Mato Grosso do Sul detém como única entidade

gestora a Agência de Previdência Social (AGEPREV), organização esta singular e de

funcionamento complexo, sendo operada com a participação dos Poderes Executivo,

Legislativo e Judiciário, como também, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria

Pública, condição esta sustentada pela Constituição Federal e pela Legislação

Infraconstitucional que determinam a descentralização na concessão dos benefícios

previdenciários e conferem aos titulares dos Poderes e órgãos independentes a competência

privativa para a emissão dos atos de vacância por aposentadoria.

A Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul (AGEPREV) é vinculada à

Secretaria de Estado de Administração (Mato Grosso do Sul, 2018), entidade autárquica com

autonomia administrativa, financeira e patrimonial com a finalidade de administrar o Regime

Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do Sul (MSPREV), de que trata a

Lei no 3.150, de 22 de dezembro de 2005, competindo-lhe como gestora única (Dias &

Guimarães, 2018):

I - a cobrança e a arrecadação dos recursos previstos no art. 18 da Lei no 3.150, de 2005;

II - a concessão, o pagamento e a manutenção dos benefícios assegurados pelo MSPREV;

III - a gestão dos fundos e recursos arrecadados;

IV - a manutenção permanente de cadastro individualizado dos servidores públicos ativos e

inativos, dos militares estaduais do serviço ativo, dos agregados ou licenciados, da reserva

remunerada ou reformados, respectivos dependentes e dos pensionistas;

V - a realização de perícia médica oficial.

A AGEPREV é administrada por órgãos de direção superior e de execução, bem como

pelo Conselho Estadual de Previdência de que trata o Capítulo IX do Título IV da Lei nº

3.150, de 2005, quando diz que (Dias & Guimarães, 2018):

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§ 1o Ficam criados os cargos em comissão integrantes do Anexo I desta Lei.

§ 2o Cabe ao Poder Executivo aprovar a estrutura administrativa de que trata este artigo, no

prazo de 60 dias da publicação desta Lei.

Em sua origem, a Previdência Social é um seguro que garante a renda do contribuinte

e de sua família em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Oferece

vários benefícios que juntos garantem tranquilidade quanto ao presente e em relação ao

futuro, assegurando um rendimento seguro.

Na atualidade, empiricamente, observa-se que a missão da Agência é impactada por

questões inerentes ao cenário nacional e regional, tais como, a instabilidade política e

econômica, a reforma trabalhista, a reforma na Previdência Social e a situação do idoso,

fatores esses que podem ser determinantes de longo prazo das condições de saúde e bem-estar

da população idosa. A maioria do público atendido na Agência tem entre 40 a 60 anos, ou são

idosos (a partir dos 60 anos), pessoas que já vivenciam as mudanças físicas, psicossociais,

funcionais e socioeconômicas inerentes ao processo de envelhecimento humano (Dias &

Guimarães, 2018).

Com a aproximação da reforma previdenciária, existirá apenas uma modalidade de

aposentadoria voluntária, como no RGPS (Regime Geral de Previdência Social), quando se

exigirá os requisitos de 65 anos de idade, 25 anos de contribuição, 10 anos no serviço público

e 5 anos no cargo efetivo, tanto para os homens quanto para as mulheres. Está previsto, ainda,

que a transição para os atuais segurados será aplicada aos servidores com idade igual ou

superior a 50 anos (homens) ou 45 (mulheres). Destarte, estima-se que os tesouros públicos

não sejam mais conclamados a cobrir déficits previdenciários, em detrimento das áreas sociais

carentes de recursos (Martins, 2017).

Martins (2017) informa ainda, que, a repartição das obrigações entre servidores e o

Tesouro Estadual, para a acumulação de recursos financeiros indispensáveis à solidez do

sistema previdenciário sul-mato-grossense, está proporcionalizado em 11% dos segurados e

89% dos cofres públicos, recolhidos em nome dos órgãos e entidades do Executivo, dos

Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da

Defensoria Pública. Contudo, antes de alterar essa equação para se atingir o ajuste fiscal e a

consistência atuarial, pretende-se desenvolver, experimentar e implementar outras medidas

administrativas, em especial:

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Reorganização do sistema médico-pericial, mediante implantação de novo modelo de gestão

para a avaliação da capacidade laborativa dos servidores, nas admissões, nas licenças por

motivo de saúde, reabilitação física, na readaptação profissional e aposentadoria por invalidez,

privilegiando métodos e procedimentos da perícia médica oficial, a fim de abreviar o volume

de ausências com pagamento de benefícios, e a antecipação da inatividade por invalidez

quando não há montante de contribuição compensatório ao pagamento dos proventos (Martins,

2017).

Cotidianamente, na relação atendente-usuário são vivenciadas questões acerca da

autonomia, decorrentes de algum tipo de incapacidade funcional ou dificuldade para realizar

tarefas simples, de atravessar a rua ou subir degraus; ou tarefas mais elaboradas, como usar

tecnologias e aplicar o conhecimento/comportamento financeiro (crédito consignado/

superendividamento). Neste contexto, surge o presente projeto que objetiva analisar

criticamente os impactos emocionais cotidianos, inerentes às relações entre trabalho e

emoções, em um ambiente profissional de prestação de serviços públicos, com vistas à

promoção da saúde e segurança no trabalho, assim como, a humanização no atendimento

(Dias & Guimarães, 2018; Mato Grosso do Sul, 2018).

Portanto, este projeto visa à promoção do bem-estar emocional dos servidores públicos

(atendentes e usuários) e, consequentemente, o suporte técnico com robustez à gestão para

que haja efetividade organizacional.

SISTEMA ESTADUAL DE PERÍCIA MÉDICA - SIPEM

De acordo com o decreto Nº 12.823, de 24 de setembro de 2009 no Art. 1º o Sistema

Estadual de Perícia Médica (SIPEM) do Poder Executivo, integra um conjunto articulado de

órgãos, unidades e agentes com atuação descentralizada, independente de suas vinculações

orgânicas, de modo uniforme, harmônico e coordenado, em conformidade com a legislação,

normas e instruções específicas, tendo como objetivo o desenvolvimento de ações voltadas

para perícia médica dos servidores públicos estaduais no desempenho das seguintes atividades

(Mato Grosso do Sul, 2009):

✓ i - Realização de exames médico-periciais para fins de:

a) Ingresso em cargo efetivo e em comissão; b) Admissão de pessoal temporário; c)

Reintegração, aproveitamento ou reversão a cargo público efetivo; d) Aposentadoria

por invalidez e avaliação médica periódica; e) Readaptação funcional, por motivo de

saúde; f) Licença para tratamento de saúde, repouso de gestante e por motivo de

doença em pessoa da família; g) Avaliação de acidente de trabalho ou doença

profissional; h) Avaliação médica de dependente inválido ou portador de necessidades

especiais; i) Avaliação médica para fim de Isenção no Imposto de Renda;

✓ ii - Avaliação médica para encaminhamento a programas de reabilitação profissional;

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✓ iii - Emissão de parecer médico-pericial para comissões de processo administrativo

disciplinar;

✓ iv - Realização de exames médicos periódicos e demissionais;

✓ v - Avaliação de condições de trabalho, para fins de apuração do grau de

insalubridade, periculosidade e penosidade no exercício da função pública;

✓ vi - Emissão de parecer caracterizando a necessidade profissional de assistência

permanente de outra pessoa ao segurado aposentado por invalidez, para percepção de

auxílio invalidez;

✓ vii - Representação como perito em questões médico-periciais de interesse de órgãos e

entidades do Estado de Mato Grosso do Sul;

✓ viii - Proposição e elaboração de atos e normas para funcionamento do SIPEM e

implantação de novas técnicas, métodos ou procedimentos na execução das atividades

discriminadas neste artigo.

Descrição Física da SIPEM

O local físico da SIPEM é separado da sede da AGEPREV, está localizado na Rua

Franklin Roosevelt, 68 - Bairro Jardim Aclimação, na cidade de Campo Grande – MS. Trata-

se de um prédio de três andares, com um elevador e escadas.

No andar térreo é realizado o atendimento inicial que é direcionado para os fins

desejados. Conta com uma sala de cadastramento e informações, salas improvisadas para

atendimento médico pericial com uma maca, mesa, cadeiras, computador e um ambiente de

espera. No primeiro andar existem salas de atendimento psicossocial, todas com mesas e

cadeiras, ar-condicionado e computadores. No segundo andar há uma sala de perícia e, mais

três salas administrativas, sendo uma delas da Direção do local; no terceiro andar tem mais

uma sala de perícia e uma sala de espera.

Por meio de observação, fica clara a necessidade de adequações ergonômicas e de

segurança, por se tratar de um prédio antigo com evidente necessidade de reformas, com salas

improvisadas, por vezes com algum defeito aparente, desde pisos ocos até luzes com mau

funcionamento.

O convênio interinstitucional

Em 2018, a AGEPREV firmou convênio com a Universidade Católica Dom Bosco –

UCDB, que marca o início da execução do plano de trabalho do Acordo de Cooperação

Mútua com a UCDB. Este convênio visa fornecer aos servidores da Agência, capacitação

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técnica e comportamental, que na sequência, será estendida às equipes das unidades setoriais

de Recursos Humanos do Poder Executivo Estadual para nivelar conhecimentos acerca do

atendimento ao público específico de benefícios previdenciários.

Esta parceria visa estabelecer o intercâmbio e a cooperação técnico-científicos por

meio da realização de ações recíprocas de ensino-aprendizagem, assistência, docência, estágio

curricular e pesquisa em áreas de interesse comum e o estabelecimento de mecanismos para a

sua realização, sem a transferência de recursos financeiros entre os partícipes.

O público-alvo do projeto são os servidores públicos estaduais, tanto aqueles que

atuam nas unidades de trabalho da AGEPREV, quanto os demais servidores que são usuários

dos serviços desta agência, pleiteando ou usufruindo dos benefícios previdenciários

(aposentadoria por invalidez, aposentadoria compulsória, aposentadoria voluntária por idade e

tempo de contribuição, aposentadoria voluntária por idade, aposentadoria especial, auxílio-

doença, salário-família, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão) (Dias &

Guimarães, 2018).

A AGEPREV compromete-se a:

Inserir a UCDB nos eventos realizados pela AGEPREV de acordo com o previsto no

plano de trabalho. Receber os estagiários encaminhados pela UCDB, do curso de psicologia,

para a realização de atividades inerentes à formação do aluno; realização de pesquisas e

estudos que contemplem levantamento de dados sócio ocupacionais, índice de capacidade no

trabalho e avaliação dos danos relacionados ao trabalho (Dias & Guimarães, 2018).

A UCDB compromete-se a:

Encaminhar alunos, em estágio regulamentar, do curso de Psicologia, bem como

mestrandos e doutorandos do Curso de Pós-Graduação Strictu Senso em psicologia, para

realizar atividades inerentes à sua formação; promover e mediar oportunidades de

compartilhamento de atividades o intercâmbio e a cooperação técnico-científica. Manter sigilo

sobre os dados individuais coletados, bem como utilizar os resultados das pesquisas para uso

exclusivo em publicações científicas, tais como artigos, livros, capítulo de livros, além de

apresentação de trabalhos em congressos e similares, sem a identificação do nome dos seus

participantes (Dias & Guimarães, 2018).

Primeiras Ações

Depois de firmado o acordo de cooperação mútua, a primeira ação foi realizada e

coordenada pela Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães, no dia 15 de junho de 2018,

por meio da palestra intitulada “Saúde Mental e Trabalho”, com o intuito de sensibilizar os

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servidores da AGEPREV e com o objetivo de explanar como iriam funcionar as atividades

realizadas junto ao Laboratório de Saúde Mental e Qualidade de Vida no Trabalho da UCDB.

No mês seguinte, os estagiários de último ano de psicologia iniciaram os plantões

psicológicos in locu na sede da AGEPREV e no local onde se encontra o Sistema Estadual de

Perícia Médica (SIPEM), locus da pesquisa, bem como atendimento ambulatorial na Clínica

Escola da UCDB, na qual iriam ocorrer os encontros semanais. O organograma do programa

permite que as pessoas que buscam este auxílio psicológico passem pelo plantão psicológico

no qual é realizado o primeiro acolhimento, haja vista a necessidade de um acompanhamento

mais próximo. Nesse caso, o trabalhador é encaminhado para o ambulatório em caráter:

eletivo, emergente ou urgente.

Ainda no ano de 2018 foi dada autorização para a realização da presente pesquisa por

meio do Diretor-presidente da AGEPREV, Dr. Jorge Martins e no ano de 2019 o projeto foi

submetido à plataforma Brasil para a análise e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da

UCDB, sendo que a coleta de dados aconteceu no mês de junho de 2019.

Esta dissertação está composta em formato de artigos, sendo eles:

1. Artigo 1 - Custo Humano e Danos Relacionados ao Trabalho em

servidores de uma agência da previdência social de Campo Grande, Mato Grosso

do Sul, Brasil. Teve por objetivo investigar a existência do Custo Humano e de Danos

Relacionados ao Trabalho. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e analítico,

de corte transversal, com o uso do método quantitativo de pesquisa. A amostra foi

composta por conveniência e voluntária de n=40 servidores. Os instrumentos

utilizados foram: Questionário Sóciodemográfico Ocupacional (QSDO); Escala de

Custo Humano no Trabalho (ECHT) e Escala de Avaliação dos Danos Relacionados

ao Trabalho (EADRT). As escalas avaliaram o custo humano e os danos relacionados

ao trabalho, evidenciando os indicadores de risco (críticos) relacionados ao trabalho

por eles exercidos.

2. Artigo 2 - Custos e danos provocados pelo trabalho e o impacto na

capacidade, relacionados ao trabalho em servidores de uma Agência da

Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. O objetivo foi

avaliar o Índice de Capacidade para o Trabalho, correlacionando-o com a Escala de

Custo Humano no Trabalho (ECHT) e a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados

ao Trabalho (EADRT). A aplicação dos instrumentos foi feita em uma amostra por

conveniência e voluntária de n=40 servidores, sendo esse um estudo exploratório,

descritivo e analítico, de corte transversal, com o uso do método quantitativo de

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pesquisa. Os instrumentos utilizados foram: Questionário Sóciodemográfico

Ocupacional (QSDO); Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); Escala de

Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e o Índice de Capacidade

para o Trabalho (ICT). Neste artigo ressalta-se a importância da correlação dos

instrumentos entre si, pois unicamente, nesta forma de analisar, tornou-se possível

encontrar os resultados mais relevantes desta pesquisa trazendo a tona (in)capacidade

para o trabalho nos âmbitos afetivo, físico social e psicológico.

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ARTIGO 1

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Custo Humano e Danos Relacionados ao Trabalho em Servidores de uma

Agência da Previdência Social de Campo Grande, Mato Grosso Do Sul,

Brasil

Human Cost and Work Related Damage in Servants of a Social Security Agency in

Campo Grande, Mato Grosso Do Sul, Brazil

Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya

Liliana A. M. Guimarães

Resumo

Introdução - As mudanças no mundo do trabalho têm se tornado mais rápidas e intensas,

acarretando alterações nas condições laborais e profundas repercussões na saúde geral e

mental dos trabalhadores. Objetivo - Investigar a existência de Custo Humano e de Danos

relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM), da

Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul (AGEPREV), Brasil. Método - Foi realizado

um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com uso do método

quantitativo de pesquisa, em uma amostra composta por conveniência e voluntária de n=40

servidores (85,1% da população do local estudado). Utilizaram-se os seguintes instrumentos

de pesquisa: (i) Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo

Humano no Trabalho (ECHT) e (iii) Escala de Avaliação dos Danos relacionados ao Trabalho

(EADRT), estas últimas derivadas do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento

(ITRA). Resultados - Os achados obtidos mostraram que os trabalhadores estudados são na

maioria do sexo masculino (60%), casados (62,5%), possuem curso de pós-graduação (70%) e

jornada de trabalho de 24h semanais. Quando realizada a distribuição de frequência das

dimensões da ECHT os resultados mostraram: (i) não haver um custo físico, apontando para

um resultado satisfatório nessa dimensão (72,5%); (ii) existência de um custo afetivo:

classificado como crítico (55,0%) e (iii) um custo cognitivo grave (47,5%). Quando realizada

distribuição de frequência das dimensões da EADRT os resultados demonstraram que a

amostra apresenta doenças ocupacionais (danos físicos 10%; danos psicológicos 10% e danos

sociais 2,5%). Foram obtidas as seguintes correlações entre o ECHT e EADRT: “interferência

do trabalho na vida familiar” e “custo cognitivo” (r= 0,375; p-valor=0,017), “custo cognitivo”

e “custo afetivo” (r=0,319; p-valor=0,045), “danos físicos” e “avaliação do ambiente do

trabalho” (r=0,378; p-valor=0,016), “danos físicos” com “custo afetivo” (r=0,356; p-

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valor=0,024), danos sociais com danos físicos (r=0,476; p-valor 0,002), danos psicológicos

com danos físicos (r=0,450; p-valor=0,004) e danos psicológicos com danos sociais (r=0,433;

p-valor 0,005). Considerações finais - As duas escalas ECHT e EADRT avaliaram o custo

humano e os danos relacionados ao trabalho dos servidores estudados, bem como

evidenciaram os indicadores de risco (críticos) relacionados ao trabalho por eles exercido. Os

resultados obtidos poderão servir de subsídio para que futuras intervenções promovam

mudanças no ambiente de trabalho e políticas organizacionais para proteção dos trabalhadores

em relação aos riscos psicossociais, sendo necessário elaborar medidas interventivas, tais

como programas com propósitos longitudinais que incluam as percepções dos servidores,

tendo em vista os danos já existentes.

Palavra-chave: Saúde Mental; Trabalho; Custo Humano; Danos Relacionados ao Trabalho.

Abstract

Introduction - The changes in the world of work have become faster and intense, resulting in

changes in the labor conditions and deep repercussion in the general and mental health of the

workers. Objective - To investigate the existence of Human Cost and Work related damage to

the servants of the State System of Medical Expertise (SSME) of the Social Security Agency

in Mato Grosso do Sul (SSA-MS), Brazil. Method - An exploratory, descriptive and analytic

study was performed, using the cross section mode of research, using the quantitative method

of research, the samples of this study were by convenience and willingness, it was composed

by 40 (forty) servants (85,1% of the population from the location of study). The following

instruments of research were used: (i) Semi Demographic Occupational Quiz; (ii) Human

Cost at Work Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD),

the last ones are derivative from the Work Inventory and Illness Risks (WIIR). Results - The

results showed that servants are mostly male (60%), married (62,5%), post graduated (70%)

and work 24 hours per week. When the HCWS frequency was distributed, the study indicated

that the participants show: (i) there wasn’t a physical cost, pointing to a satisfactory result in

this dimension (72,5%); (ii) affective cost: classified as critical (55,5%) and (iii) a severe

cognitive cost (47,5%). When the distribution of the ESWRD was made, the results

demonstrated that the sample presents occupational diseases (physical damage 10%;

psychological damage 10% and social damage 2,5%). The correlations between the HCWS

and the ESWRD are: “work interference in the family life” and “cognitive cost” (relation=

0,375; value= 0,017), “cognitive cost” and “affective cost” (r= 0,319; v= 0,045), “physical

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damage” and “work environment evaluation” (r=0,378; v= 0,016), “physical damage” and

“affective cost (r=0,356; v=0,024), “social damage” and “physical damage” (r= 0,476; v=

0,002), “psychological damage” and “physical damage” (r= 0,450; v= 0,004) and

“psychological damage” and “social damage” (r= 0,433; v= 0,005). Final considerations -

Both of WIIR scales (HCWS and ESWRD) evaluated the human cost and the work related

damage of the studied servants, as well as they highlighted the risk markers (critical) related

to the work executed. The obtained results might serve as subsidy so future interventions can

promote changes in the work environment related to the psychosocial risks, being necessary

to elaborate interventional measures, such as programs with a longitudinal purpose, which

include the perception of the servants, in view of already existing damage.

Key words: Mental health; Work; Human Cost; Work-Related Damage.

INTRODUÇÃO

As mudanças no mundo do trabalho progressivamente têm se tornado mais rápidas e

intensas, acarretando mudanças nas condições de trabalho, tipos de emprego e/ou serviços, no

cenário sócio-econômico-político-cultural, em nível regional, nacional e mundial levando a

intensas repercussões na saúde mental do trabalhador. Atualmente, o trabalho se constitui

como uma atividade que envolve o homem em todas as suas dimensões (bio, psico, sócio,

cultural e espiritual) exercendo importante papel na construção da subjetividade humana, bem

como de sua identidade como pessoa, sendo um elemento constitutivo da saúde mental e

coletiva (Feliciano, Kovacs & Sarinho, 2011; Guida, Brito & Alvarez, 2013; Guimarães,

Oliveira, Meneghel & Minari, 2016).

O trabalho, para Borges, Guimarães e Silva (2013) contribui para a sobrevivência

humana em nível material e orgânico, estrutura e organiza a vida, proporcionando uma forma

de ser e pensar, provendo uma rede de relações e de contatos; atua também na construção de

seu espaço na sociedade, por meio dos direitos e obrigações que lhe são atribuídos. As

interações que advém destas relações de trabalho se constituem nas características de cada

trabalhador, do meio ambiente e das condições de trabalho, e organizacional, que por sua vez

são explicadas como processos psicossociais nas organizações que são constituintes para

bases de promoção de saúde e da produtividade organizacional (Zanelli, Silva & Tolfo, 2011).

Tais processos ultrapassam os níveis individuais, grupais e organizacionais, haja vista

que são influenciados por inúmeras variáveis pessoais e sociais. Além disso, postulam que

estes processos se relacionam com práticas e recursos que promovem melhorias nas tarefas,

nas condições do ambiente social, tais como estilos de lideranças e do sistema de

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comunicação, às estratégias organizacionais, políticas da empresa, bem como sua cultura

(Zanelli, Silva & Tolfo, 2011).

O presente trabalho está ancorado no campo teórico da Psicologia da Saúde

Ocupacional (PSO), utiliza a abordagem da Psicossociologia do Trabalho e contempla as

relações entre a Saúde Mental e Trabalho que, segundo Guimarães et al (1998), se propõem a

observar e estudar as dinâmicas organizacionais, as instituições e seus processos de trabalho,

buscando promoção e prevenção de saúde mental e qualidade vida do trabalhador, por meio

de ações diagnósticas, preventivas e terapêuticas, que por vez auxiliam na compreensão das

causas e dos transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Nesta perspectiva, a saúde mental não deve e não pode ser desconectada da saúde

geral, as políticas públicas e os programas de atenção na área da psique humana, não podem

apenas evidenciar os aspectos patogênicos, mas igualmente orientar ações de promoção e

prevenção à saúde, com uma visão predominantemente salutogênica, tendo como objetivo

identificar e potencializar aspectos saudáveis existentes no indivíduo que possam estar

preservados (Guimarães et al., 2016). Este artigo teve como objetivo investigar a existência

de Custo Humano e Danos relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de

Perícia Médica da Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul.

Riscos de Adoecimento no Trabalho

Os riscos de adoecimento no trabalho podem contemplar vários níveis, podendo ser

físicos, emocionais, mentais, entre outros. Na maioria das vezes os riscos de natureza física,

são evidentes nas organizações de trabalho, já quando se trata dos riscos psicossociais, os

mesmos não são simples de serem detectados, justamente por não serem riscos facilmente

identificáveis, o que pode se constituir em ameaças, muitas vezes severas, à saúde do

trabalhador (Zanelli, 2015). Segundo o autor, os fatores de risco podem ser expressos pelas

condições presentes em uma situação de trabalho que trazem consigo possibilidades de

resultados negativos para o bem estar e o desempenho, não sendo necessariamente

determinantes, mas que podem guardar potencial intrínseco de danos psicológicos, sociais ou

físicos à pessoa que executa o trabalho e, em extensão, para a comunidade organizacional.

Para Jacobson (2007) quando se fala de risco de adoecimento no trabalho pode se

incluir até mesmo a dignidade humana dentro do contexto laboral, uma vez que a mesma tem

sido estudada em várias esferas da vida, principalmente no âmbito da saúde. No âmbito

organizacional a dignidade tem sido abordada principalmente no contexto interno das

organizações, pois esta vem se destacando em sua relação com o trabalhador (Teixeira & Paz,

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2016), sendo a falta de segurança no trabalho, falta de salários adequados para uma vida

digna, bem como a existência de práticas organizacionais que valorizam mais a quantidade do

que a qualidade, que podem resultar em diversos sintomas de adoecimento nos trabalhadores.

De acordo com Guimarães (2013) a urgência de maior produtividade, associada à

redução contínua do contingente de trabalhadores, à pressão do tempo, o aumento da

complexidade de tarefas, expectativas irrealizáveis de tarefas, relações de trabalho tensas e

precárias, podem gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional, constituindo-se em fatores

psicossociais responsáveis pelo adoecimento do trabalhador. Para a autora, os riscos

psicossociais podem interferir até mais do que fatores físicos no desempenho do trabalho,

sendo que esses riscos são os menos estudados e raramente considerados capazes de causar

doenças ocupacionais ou relacionados com o trabalho, porém, o desconhecimento e a

desatenção com relação aos mesmos não reduzem os seus efeitos deletérios.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2013) entre os

principais riscos no ambiente laboral destacam-se as condições ergonômicas e os riscos

psicossociais. Segundo Costa e Santos (2013) os riscos psicossociais no trabalho são um tema

abordado de maneira crescente devido, principalmente, às evidências da sua relação com o

aumento de processos patológicos nos trabalhadores. Segundo a Organização Europeia de

Saúde e Segurança no Trabalho (EU-OSHA, 2010) são muitas as mudanças que vêm

ocorrendo com o passar dos anos no âmbito tecnológico, social e até mesmo organizacional

nos locais de trabalho, movimentos estes resultantes da rápida globalização, suscitando riscos

emergentes bem como novos desafios. Apesar de alguns riscos tradicionais terem diminuído

devido a melhorias na segurança do trabalho, muitos outros continuam ainda a provocar danos

inaceitáveis na saúde dos trabalhadores.

Segundo Guimarães, Oliveira, Meneghel e Minari (2016), nos últimos anos a saúde

mental do trabalhador tem sido estudada com uma maior frequência devido à crescente

prevalência do sofrimento mental nos ambientes de trabalho, levando a graves prejuízos no

desempenho do trabalhador e perdas econômicas para o empregador. Os autores afirmam que

a prevenção inadequada de doenças ocupacionais tem efeitos profundos e negativos nos

trabalhadores e suas famílias, na sociedade como um todo, por conta dos altos custos que são

gerados em termos de perda de produtividade e sobrecarga dos sistemas de segurança social.

Desse modo, a prevenção é mais eficaz e menos onerosa do que o tratamento e a reabilitação.

Medidas concretas para melhorar a capacidade de prevenção de doenças ocupacionais podem

ser tomadas em todas as esferas.

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Os riscos psicossociais do trabalho representam a probabilidade de ocorrerem efeitos

negativos para a saúde mental, física e social dos(as) trabalhadores(as), gerados por condições

de emprego, fatores organizacionais e relacionais que podem interagir com o funcionamento

mental e bem-estar psicossocial dos(as) trabalhadores(as), podendo os fatores de risco

psicossocial ser entendidos como aqueles aspectos da concepção e gestão de trabalho e seus

contextos social e organizacional, que têm o potencial para causar dano psicológico ou físico

(Neto, 2015).

As condições e os danos de trabalho na SIPEM

Quando se fala em condições de trabalho atrela-se às organizações o bem-estar físico e

mental. O bem-estar mental é essencial para ter uma boa saúde e qualidade de vida. Em um

trabalho realizado pelo Serviço de Publicações da União Europeia - SPUE (2013) destacou-se

o bem-estar como um estado que permite aos indivíduos desenvolverem todas as suas

potencialidades, enfrentar as normais tensões da vida, trabalhar produtivamente e

desempenhar um papel positivo na sociedade em que estão inseridos.

Promover um bem-estar mental é importante atributo para um ambiente de trabalho

saudável. Alguns exemplos de medidas que podem ser tomadas para este objetivo: (i)

flexibilizar os regimes de trabalho; (ii) prestar apoio em relação aos desafios da vida

cotidiana, como assegurar o acesso a estruturas de cuidados infantis; proporcionar aos quadros

dirigentes e aos trabalhadores formação e sensibilização para as questões relacionadas com a

saúde mental; (iii) disponibilizar gratuitamente aconselhamento e apoio psicológicos e (iv)

prestar apoio aos trabalhadores para que participem em ações de exercício físico (SPUE,

2013).

Para Marconi (2005) a Gestão de Pessoas, na maioria das vezes, possui um papel

tradicional nas organizações públicas, limitando-se às rotinas de processamento de tarefas

administrativas, como pagamento e aposentadoria, proposições de leis e regulamentos

concernentes à área. Nesse contexto, o autor argumenta que as mudanças na forma de atuação

em Gestão de Pessoas estão ocorrendo de forma lenta e gradativa, tornando-se premente a

implementação de políticas e práticas a fim de que sejam percebidos resultados efetivos nos

ambientes de trabalho.

Em 1995, no Plano Diretor da Reforma do Estado, a Administração Pública Gerencial,

efetivada após promulgação da emenda constitucional de 1998, pode ser entendida como um

patente avanço em termos de gestão pública uma vez que a proposta visa a “orientação de

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atender ao cidadão cujos direitos ultrapassavam os direitos de um cliente ou consumidor”

(Villardi; Ferraz, & Dubeux, 2011, p.314).

Neste cenário, é premente o diagnóstico da percepção de políticas de Gestão de

Pessoas por parte dos servidores públicos, bem como de comportamentos, estados e atitudes

desejados como comprometimento, satisfação, justiça e bem-estar, a subsequente

implementação de ações para se alcançar efetividade organizacional, ratificando que o

cidadão e a sociedade em geral são os grandes clientes do setor público (Teixeira & Paz,

2016).

O Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM) do Poder Executivo integra um

conjunto articulado de órgãos, unidades e agentes com atuação descentralizada, independente

de suas vinculações orgânicas, de modo uniforme, harmônico e coordenado, em conformidade

com a legislação, normas e instruções específicas, tendo como objetivo o desenvolvimento de

ações voltadas para a perícia médica dos servidores públicos estaduais no desempenho das

suas atividades laborais (Mato Grosso do Sul, 2009).

MÉTODO

Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com

o uso do método quantitativo de pesquisa.

Participantes

A amostra de estudo com n=40 trabalhadores de um total de N=48 foi voluntária e

composta por conveniência. Todos os servidores eram lotados no Sistema Estadual de Perícia

Médica (SIPEM) da Agência de Previdência Social de Campo Grande, estado do Mato

Grosso do Sul, Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de 24 de junho de 2019 a 01

de julho de 2019.

Instrumentos

Utilizou-se um Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO) desenvolvido

especificamente para esta pesquisa, contendo questões fechadas. O QSDO foi composto por

duas dimensões: (i) sociodemográfica (sexo, idade, estado civil, religiosidade, escolaridade,) e

(ii) ocupacional (tempo de serviço na instituição, jornada de trabalho, turno de trabalho, meio

de ingresso na instituição, órgão de origem, trabalho interfere na vida familiar, como avalia o

ambiente de trabalho).

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Outro instrumento utilizado, o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento

(ITRA) foi criado e validado por Ferreira e Mendes (2003) em uma pesquisa nacional em

parceria com a Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social Brasileira

(FENAFISP). Posteriormente, foi adaptado, revalidado e publicado com uma amostra

heterogênea de trabalhadores por Ferreira et al (2005), e em 2006 passou por uma nova

validação devido a alguns ajustes. O ITRA é um instrumento estruturado, que exerce um

papel auxiliar, podendo ser comparado a um “termômetro”. Tem por objetivo analisar e

descrever o trabalho real, traçando perfis específicos de alguns fatores que possam interferir

no processo de adoecimento no trabalho. É subdividido em escalas, como já mencionado, que

investigam as dimensões da inter-relação do trabalho e do processo de subjetivação no

contexto propriamente dito, exigências (afetivas, cognitivas e físicas) (Ferreira e Mendes,

2003).

O ITRA é composto por quatro escalas interdependentes que avaliam as dimensões

sobre a inter-relação trabalho e risco de adoecimento. Desse Inventário, foram extraídas e

utilizadas nesse estudo duas escalas, sendo elas: (i) a Escala de Custo Humano no Trabalho

(ECHT) (Anexo A) e (ii) a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho

(EADRT) (Anexo B).

A Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) avalia as representações relacionadas

à organização, às condições de trabalho e às relações sócio profissionais. Possui 31 itens e três

dimensões: custo físico, custo cognitivo e custo afetivo. Possui um eigenvalues acima de 2,0,

variância total de 44,46%, KMO de 0,91 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de

Cronbach foram acima de 0,84.

Os itens são avaliados por meio de uma escala de nível de exigência dos indicadores

de custo humano do trabalho, de cinco pontos, com itens negativos, cujo escore fatorial é

obtido por meio da média entre os itens. Sua análise deve ser feita a partir de três níveis que

consideram o ponto médio e desvios-padrão em relação ao ponto médio. Essa classificação

envolve os níveis: negativo ou grave (escore fatorial acima de 3,7), moderado ou crítico

(escores entre 2,3 e 3,69) e positivo ou satisfatório (escore abaixo de 2,29).

Já a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) avalia as

consequências em termos de danos físicos e psicossociais, possui 29 itens e é composta por

três dimensões. A EADRT possui um eigenvalues de 1,5, variância total de 50,09%, KMO de

0,95 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach foram acima de 0,88. É uma

escala de sete pontos cujo objetivo é avaliar nos últimos três meses, a ocorrência (uma vez,

duas vezes, etc.) dos indicadores de danos provocados pelo trabalho.

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Sua análise deve ser feita a partir de quatro níveis, que consideram o ponto médio e

desvios-padrão em relação ao ponto médio. Para os indicadores de dano, essa classificação

envolve os níveis de avaliação mais negativa, com a presença de doenças ocupacionais

(escore fatorial acima de 4,1), avaliação moderada grave (entre 3,1 e 4,0), moderada crítica

(escores entre 2,0 e 3,0) e avaliação positiva: satisfatória (escore abaixo de 1,9) (Ferreira e

Mendes, 2003).

Procedimentos

Os procedimentos para a coleta de dados se iniciaram com o acordo de Cooperação

Mútua nº 01/2018 entre a Universidade Católica Dom Bosco - UCDB e a Agência de

Previdência Social de Mato Grosso do Sul - AGEPREV, firmado por seus respectivos

responsáveis. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da

UCDB, com o número CAAE: 12499719.8.0000.5162, seguindo em conformidade com as

normas éticas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de

Saúde (Brasil, 2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa

envolvendo seres humanos; na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho

Federal de Psicologia (Brasil, 2000); que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres

humanos.

O Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE foi entregue em mãos e

esclarecida toda a pesquisa e suas implicações, preservando-se a identidade de cada

participante, bem como o caráter voluntário. Mediante a assinatura do TCLE por parte do

trabalhador, deu-se início a aplicação dos questionários, na seguinte ordem: QSDO, ECHT e

EADRT. Ainda com o objetivo de preservar a identidade dos participantes da pesquisa, no

questionário sociodemográfico e ocupacional não existem perguntas que possam de alguma

forma identificá-los.

Análise dos Dados

Os dados coletados foram tabulados no Excel e analisados com o auxílio do software

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 22ª versão, estabelecendo-se um nível de

confiança de 95%. As análises estatísticas foram baseadas nos testes Qui-quadrado e na

Anova. Para a análise inferencial foram realizadas as correlações existentes entre as Escalas

ECHT e a EADRT.

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RESULTADOS

Os achados obtidos nesse estudo demonstraram que os trabalhadores estudados têm

média de idade de 48,02 anos (DP±9,97), são em sua maioria do sexo masculino (60%),

casados (62,5%), possuem pós-graduação (70%), são católicos (50%). Têm tempo de serviço

na instituição de 8,26 anos (DP±6,43), com uma jornada de trabalho semanal de 24h (DP±

13,31) horas, com uma predominância de 57,5% de trabalhadores nos dois turnos, sendo que

destes n=40, apenas dois ingressaram na instituição por meio de concurso público, 27,5% são

cedidos por outros órgãos estaduais e 42,5% são credenciados.

Tabela 1

Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra Variáveis N %

Sexo

Feminino 16 40,0

Masculino 24 60,0

Estado Civil

Solteiro (a) 5 12,5

Casado (a) 25 62,5

Separado (a) ou divorciado (a) 7 17,5

União estável 3 7,5

Escolaridade

Ensino fundamental incompleto 1 2,5

Ensino fundamental completo 1 2,5

Ensino médio completo 3 7,5

Graduação incompleta 1 2,5

Graduação completa 3 7,5

Pós-graduação incompleta 3 7,5

Pós-graduação completa 28 70,0

Religião

Católica 20 50,0

Evangélica 6 15,0

Espírita 8 20,0

Outra religião 1 2,5

Sem religião 5 12,5

Período de trabalho

Matutino 15 37,5

Vespertino 2 5,0

Dois períodos 23 57,5

Na Tabela 2 estão descritos a média e o desvio-padrão das três dimensões da ECHT,

que indicaram os seguintes resultados: custo físico (�̅�=2,10; DP±0,67), custo cognitivo

(�̅�=3,55; DP±0,93) e custo afetivo (�̅�=2,64; DP±0,74).

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Tabela 2

Média, desvio-padrão e confiabilidade da ECHT

Dimensões N Escala Média Desvio Padrão Alfa de

Cronbach

Custo Físico 40 1 - 5 2,10 0,67 0,86

Custo Cognitivo 40 1 - 5 3,55 0,93 0,92

Custo Afetivo 40 1 - 5 2,64 0,74 0,84

Na Tabela 3 demonstra-se a média e o desvio-padrão das três dimensões da EADRT,

que indicaram os seguintes resultados: danos físicos (�̅�=1,81; DP±1,50), danos psicológicos

(�̅�=1,22; DP±1,68) e danos sociais (�̅�=1,02; DP±1,21).

Tabela 3

Média, desvio-padrão e confiabilidade da EADRT

Dimensões N Escala Média Desvio Padrão Alfa de

Cronbach

Danos Físicos 40 0 - 6 1,81 1,50 0,92

Danos Psicológicos 40 0 - 6 1,22 1,68 0,97

Danos Sociais 40 0 - 6 1,02 1,21 0,88

Quando realizada a distribuição de frequência da Escala de Custo Humano no

Trabalho, de acordo com as dimensões do ITRA (classificadas como satisfatório, crítico e

grave), conforme a Tabela 4 demonstra, os participantes obtiveram os seguintes resultados: (i)

Custo físico: satisfatório (72,5%); (ii) Custo afetivo: crítico (55%); (iii) (grifo nosso) Custo

cognitivo: grave (47,5%) (grifo nosso).

Tabela 4

Distribuição de frequência da ECHT

Quando realizada a distribuição de frequência da Escala de avaliação dos danos

relacionados ao trabalho, conforme demonstra a Tabela 5, obteve-se que a maioria dos

participantes não apresenta danos sociais (87,5%), danos psicológicos (77,5%) e danos físicos

(72,5%), todos com a classificação satisfatório.

Dimensões Satisfatório Crítico Grave Total

N % N % N % N %

Custo Físico 29 72,5 10 35,0 1 2,5 40 100,0

Custo Cognitivo 6 15,0 15 37,5 19 47,5 40 100,0

Custo Afetivo 15 37,5 22 55,0 3 7,5 40 100,0

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Tabela 5

Distribuição de frequência da EADRT

Na Tabela 6, os resultados das correlações entre o ECHT e a EADRT, indicaram custo

cognitivo e interferência do trabalho na vida familiar (r= 0,375; p-0,017); custo cognitivo e

custo afetivo (r= 0,319; p-0,045); Danos Físicos com Avaliação feita sobre o Ambiente de

Trabalho (r= 0,378; p-0,016); Danos Físicos com Custos Afetivos (r= 0,356; p-0,024); Danos

Sociais com Danos Físicos (r= 0,476; p-0,002); Danos Psicológicos com Danos Físicos (r=

0,450; p-0,004); Danos Psicológicos com Danos sociais (r= 0,433; p-0,005).

Dimensões Satisfatório Crítico Grave

Presença

Doença

Ocupacional

Total

N % N % N % N % N %

Danos Físicos 29 72,5 3 7,5 4 10,0 4 10,0 40 100,0

Danos Sociais 35 87,5 2 5,0 2 5,0 1 2,5 40 100,0

Danos

Psicológicos 31 77,5 4

10,

0 1 2,5 4 10,0 40 100,0

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Tabela 6

Correlação entre o QSDO, a ECHT e a EADRT.

1.

Interferência

do trabalho na

vida familiar

2. Avaliação

do ambiente

de trabalho

3. Custo

afetivo

4. Custo

cognitivo

5. Custo

físico

6. Danos

físicos

7. Danos

sociais

2. Avaliação

do ambiente de

trabalho

r 0,179

p-valor 0,270

N 40

3. Custo

afetivo

r 0,120 0,310

p-valor 0,461 0,051

N 40 40

4. Custo

cognitivo

r 0,375 0,233 0,319

p-valor 0,017 0,147 0,045

N 40 40 40

5. Custo físico

r 0,290 0,069 -0,061 0,112

p-valor 0,069 0,674 0,707 0,493

N 40 40 40 40

6. Danos

físicos

r 0,011 0,378 0,356 0,095 0,260

p-valor 0,944 0,016 0,024 0,560 0,105

N 40 40 40 40 40

7. Danos

sociais

r 0,239 0,267 0,307 -0,177 0,105 0,476

p-valor 0,138 0,096 0,054 0,275 0,520 0,002

N 40 40 40 40 40 40

8. Danos

psicológicos

r -0,049 0,018 0,284 0,002 0,108 0,450 0,433

p-valor 0,762 0,911 0,076 0,991 0,507 0,004 0,005

N 40 40 40 40 40 40 40

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DISCUSSÃO

Os resultados do QSDO apresentam uma diferença na quantidade de homens (60%) e

mulheres (40%) na SIPEM, dado este que se aproxima dos indicadores nacionais sinalizados

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), em que a distribuição da

população trabalhadora, de um total de 93 milhões de ocupados, são mulheres 43,8% e

homens 56,2%. Por mais que ocorra uma aproximação progressiva no número de homens e

mulheres no mercado de trabalho, bem como as transformações nos padrões sociais, culturais

e nos valores pertencentes ao papel social da mulher, frutos dos movimentos feministas, que

se iniciaram nos anos 1970 (Guimarães, Minari & Soares Júnior, 2015) e, quando comparados

os rendimentos das mulheres e dos homens de acordo com a ocupação, o estudo mostra que a

desigualdade salarial é disseminada no mercado de trabalho, embora possa variar de

intensidade, o que demonstra ainda importantes desafios a percorrer em relação à igualdade

de gênero no mercado de trabalho no Brasil e no mundo (OIT, 2011).

Os achados do presente estudo mostram que 62,5% da amostra são casados. Antloga,

Maia, Cunha e Peixoto (2014) em estudo sobre o contexto e custo humano no trabalho em um

órgão do poder judiciário brasileiro, encontraram uma maioria de servidores casados (59,3%),

conformando os dados da pesquisa. Os participantes da amostra possuem pós-graduação

(70%), o que parece indicar, provavelmente, um estímulo à educação continuada por parte da

instituição, achado que confirma os resultados obtidos pelas autoras sobre o contexto e custo

humano no trabalho em um órgão do poder judiciário brasileiro em que encontraram 62,7%

de servidores com curso de pós-graduação completo.

A distribuição de frequência da escala de custo humano no trabalho, mostra que o

custo cognitivo dos servidores estudados se apresenta como “grave” e o custo afetivo como

“crítico”, entretanto o custo físico mostra-se “satisfatório”. O tipo de trabalho desempenhado

pela amostra, que envolve um alto grau de contato interpessoal, com pessoas possivelmente

acometidas por enfermidades físicas e ou psicológicas, pressupõe uma alta sobrecarga

qualitativa e também quantitativa.

Nessa direção, na Suécia, Frankenhauser (1981) desenvolveu pesquisas sobre carga de

trabalho e propôs um modelo teórico de estresse ocupacional de esforço-distress que integra

conceitos da psicologia biológica e social no estudo da tensão e das respostas fisiológicas,

abordando o sistema neuroendócrino e as respostas cardiovasculares em relação ao ambiente

psicossocial do trabalho. As situações laborais que são percebidas como ameaçadoras ou

sentidas como sobrecarga de trabalho (quer seja uma sobrecarga quantitativa decorrente

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da quantidade de trabalho, quer seja sobrecarga qualitativa decorrente do excesso de

esforço cognitivo por meio das atividades repetitivas) (grifo nosso) levam a liberação dos

hormônios do estresse: catecolaminas, adrenalina e noradrenalina que fazem o trabalhador

ficar fisicamente e mentalmente em estado de alerta.

A distribuição de frequência dos danos físicos, sociais e psicológicos mostra-se

satisfatória, porém 22,5% da amostra apresenta doença ocupacional, o que demonstra a

importância da urgência da implantação de um projeto de promoção, prevenção e intervenção

em saúde geral e mental. Contribuição relevante foi trazida pelos estudos experimentais,

realizados por Marianne Frankenhaeuser (1981) que comprovou a relação entre a intensidade

do controle exercido sobre o trabalhador, por um lado, e o desenvolvimento de um

embotamento afetivo, com bloqueio da vivência e expressão dos sentimentos. A mesma

psicóloga alertou para uma perspectiva sombria: a deterioração da solidariedade que adviria

se houvesse difusão das novas formas de intensificação do controle que começavam a surgir,

pois havia descoberto, nos mesmos estudos, que a fragilização dos vínculos interpessoais

ocorria pelo excesso de controle.

Relacionando-se os instrumentos de pesquisa QSDO, a ECHT e a EADRT

evidenciam-se valores importantes, principalmente quanto aos danos sociais, físicos e

psicológicos. Os danos sociais relacionados aos danos físicos possuem um p-valor 0,0021, os

danos psicológicos com os danos físicos p-valor 0,004 e os danos psicológicos com danos

sociais, p-valor 0,005, constatando-se a existência de danos psicossociais nesta amostra,

confirmando os resultados das pesquisas de Mininel, Baptista e Felli (2011) e Silva, Limas e

Pereira (2016) que afirmam que aqueles trabalhadores que lidam com pessoas adoecidas

possuem um maior desgaste psíquico em decorrência da natureza do próprio trabalho, mais do

que daquele originado por relações com os pares e situações sociais.

Frankenhauser (1981) aponta para “a importância de avaliar as necessidades,

capacidades e limitações humanas para configurar as condições psicossociais do trabalho, e

assim reduzir o estresse, melhorando a saúde do trabalhador”.

As correlações entre os itens “interferência do trabalho na vida familiar” e “custo

cognitivo” mostraram um p-valor de 0,017; “custo cognitivo” e “custo afetivo” um p-valor

0,045. Da EADRT, “danos físicos” e “avaliação do ambiente do trabalho” mostram um p-

valor de 0,016 e “danos físicos” com “custo afetivo” um p-valor 0,024. Estes valores diferem

quando analisados de forma individual, entretanto, em conjunto ou correlacionados,

1 De acordo com a estatística, quanto mais o p-valor se aproxima do zero, maior é o grau de

relevância dos dados.

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confirmam o alerta dado pela International Labour Organization e também pela World

Health Organization (ILO, 1986; WHO, 1976) em que ambas as organizações internacionais

concordam que “o crescimento e o progresso econômico não dependem apenas da produção,

mas também das condições de vida e trabalho, saúde e bem-estar dos trabalhadores e seus

familiares”. Nesta pesquisa, as citadas instituições afirmam que para a ocorrência da saúde e

bem-estar dos trabalhadores é preciso levar em conta os fatores psicossociais presentes no

trabalho e não apenas os riscos físicos, químicos e biológicos. Frankenhauser (1981) também

apontou prejuízos para as próprias empresas e instituições a partir do controle intensificado e

rígido dos movimentos e das comunicações entre as pessoas: perda de criatividade e

dificuldades para cooperação entre os trabalhadores, entre outras repercussões.

Segundo a Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho (AESST, 2016),

um ambiente psicossocial positivo promove o bom desempenho organizacional e o

desenvolvimento pessoal, bem como o bem-estar mental e físico dos trabalhadores. Na

instituição ora estudada, isso parece não estar ocorrendo, observando-se danos psicossociais

relacionados ao ambiente de trabalho, transbordamento da dimensão trabalho na família,

danos sociais, afetivos, psicológicos e físicos, sendo necessário rever formas de gestão,

atentar para as questões ergonômicas e outros aspectos já mencionados que estão acarretando

prejuízos à saúde dos trabalhadores, visando um ambiente de trabalho saudável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As duas escalas do inventário ITRA (ECHT e EADRT) utilizadas avaliaram o custo

humano e os danos relacionados ao trabalho dos servidores do Sistema Estadual de Perícia

Médica (SIPEM) da AGEPREV, Campo Grande, MS, Brasil, bem como mapearam os

indicadores de saúde críticos relacionados ao seu trabalho. Os resultados obtidos poderão

servir de subsídio para intervenções que promovam mudanças no ambiente de trabalho e

políticas organizacionais para proteção dos servidores em relação aos riscos psicossociais. É

preciso elaborar e implantar medidas interventivas, tendo em vista os danos já existentes e

programas com alcance longitudinal que incluam também as percepções dos trabalhadores.

Este estudo apresenta algumas limitações, pois se baseou apenas em um dos

segmentos da AGEPREV e não em toda a população da instituição. No entanto, foi realizado

com uma amostra de n=40 servidores do setor de perícia médicas que corresponde a 85,1% da

população total do setor.

Futuras pesquisas podem reavaliar as dimensões propostas por este estudo, observando

se houve ou não a implantação de melhorias e se essas foram eficazes. Destaca-se a

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importância de que as próximas pesquisas a serem realizadas sejam com o método misto

(quali/quanti) para que a subjetividade dos indivíduos possa ser avaliada. A utilização da

escala relativa ao contexto do trabalho do ITRA poderia ser de grande relevância para melhor

contextualizar os achados obtidos.

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ARTIGO 2

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Custos e Danos Provocados pelo Trabalho e o Impacto na Capacidade, Relacionados ao

Trabalho em Servidores de uma Agência de Previdência Social de Campo Grande, Mato

Grosso do Sul, Brasil

Costs, Damage and Ability Related to the Work of a Social Security Agency in Campo

Grande, Mato Grosso Do Sul, Brazil.

Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya

Liliana A. M. Guimarães

Resumo

Introdução - O trabalho se constitui como um dos elementos fundamentais à existência

humana, por meio dele as pessoas transformam, são transformadas e constituem sua

identidade. O contexto de trabalho é um fator que influencia a saúde do trabalhador,

considerando nesta perspectiva que a forma como este realiza seu trabalho, bem como suas

relações interpessoais neste, sua vida social, física e mental, entre outros, permitem que suas

atividades laborais sejam consideradas prazerosas ou não. Objetivo - Avaliar o Índice de

Capacidade para o Trabalho dos servidores do Serviço Estadual de Perícia Médica (SIPEM)

da Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul, correlacionando-o à Escala de

Custo Humano no Trabalho (ECHT) e a Escala de Avaliação de Danos Relacionados ao

Trabalho (EADRT), ambas derivadas do Inventário de Riscos Relacionados ao Trabalho

(ITRA). Método - Foi realizado, em uma amostra voluntária e por conveniência e de n=40

servidores, um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com o uso do

método quantitativo. Utilizaram-se os seguintes instrumentos de pesquisa: (i) Questionário

Sociodemográfico Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT);

(iii) Escala de Avaliação de Danos relacionados ao trabalho (EADRT) e; (iv) Índice de

Capacidade para o Trabalho (ICT). Resultados - Os achados da correlação entre o QSDO e o

ICT, demonstraram que a amostra pesquisada percebe como boa sua capacidade para o

trabalho (47,5%). Os participantes com idade entre 26 a 41 anos percebem como ótima sua

capacidade para o trabalho (40%), quanto ao sexo os homens percebem sua capacidade para o

trabalho como boa (43,8%) e as mulheres com (50%) consideram boa. Com relação ao tempo

de serviço, os participantes consideram sua Capacidade para o Trabalho (CT): (i) até 3 anos:

boa (50%); (ii) entre 3 e 10 anos: boa (41,7%); (iii) acima de 10 anos: boa (50%). Quando

realizada correlação entre o ICT e a ECHT e a EADRT, os achados demonstraram correlação

negativa para todas as dimensões das duas escalas, sendo significativos os resultados do custo

afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), dos danos físicos (r=0,602; p-valor=0,000), dos danos

sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e dos danos psicológicos (r=0,408; p-valor=0,009).

Considerações Finais - Faz-se necessário aprofundar o entendimento das relações existentes

no ambiente de trabalho para que se possa observar melhor se os danos físicos são referentes à

ergonomia do trabalho e/ou se são derivados do custo afetivo e/ou dos danos psicológicos. Os

achados desta pesquisa ressaltam o que inúmeras pesquisas vêm apontando: a relação da

criação de ambientes de trabalho saudáveis com as medidas de proteção aos riscos

psicossociais, podem resultar em melhores condições de saúde mental.

Palavras chaves: Trabalhador; Serviço público; Custo humano; Danos relacionados ao

trabalho; Índice de capacidade para o trabalho.

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Abstract

Introduction - The work constitutes one of the fundamental elements to human existence,

trough work people transform and are transformed and constitute their identities. The work

context is a factor that influences the health of the worker, considering in this perspective that

the way he does his work, as well as his interpersonal relationships in this, his social, physical

and mental life, among others, allow his work activities to be considered pleasurable or not.

Objective - To evaluate the Work Ability Index of the servants from the State System of

Medical Expertise (SSME) of the Social Security Agency in Mato Grosso do Sul (SSAMS),

correlating it to Human Cost at Work Scale (HCWS) and the Evaluation Scale of the Work

Related Damage (ESWRD), both derivate from the Work Inventory of Illness Risks (WIIR).

Method - The samples of this study were by convenience and willingness, it was composed

by 40 (forty) servants, an exploratory, descriptive and analytic study was performed, using the

cross section mode of research, using the quantitative method of research. The following

instruments were used: (i) Semi Demographic Occupational Quiz (SDOQ); (ii) Human Cost

at Work Scale (HCWS); (iii) Evaluation Scale of the Work Related Damage (ESWRD) and;

(iv) Work Ability Index (WAI). Results - The correlation between the SDOQ and the WAI

demonstrates that the researched sample see their work ability as good (47,5%). The

participants aged between 26 and 41 years old see their work ability as great (40%). When it

comes to gender, men see their work ability as good (43,8%) and women (50%) consider

good. As for the service time, the participants consider your Work Ability (WA): (i) up to 3

years: good (50%), (ii) between 3 and 10 years: good (41,7%); (iii) above 10 years: good

(50%). When the WAI and the HCWS and the ESWRD are correlated, the results demonstrate

a negative correlation for dimensions of both scales, being meaningful the results of the

affective cost (r=0,496; v=0,001), of the physical damage (r=0,602; v=0,000), of the social

damage (r=0,440; v=0,005) and of the psychological damage (r=0,408; v=0,009). Final

Considerations - It’s necessary to deepen the understanding of the work environment so that

it’s possible to better observe if the physical damage are referent to the work ergonomics or if

they derive from the affective cost and/or psychological damage. The find outs of this

research highlight what countless researches have been pointing: the relation of the creation of

health work environments with measures to protect psychosocial risks, may result in better

mental health conditions.

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Key Words: Worker; Public Servant; Human Cost; Work related damage; Work ability

index.

INTRODUÇÃO

Entre todos os elementos fundamentais à existência humana, o trabalho se constitui

como um dos principais, exercendo considerável influência a manifestações de sintomas que

podem vir a afetar a saúde e bem-estar do trabalhador. Nesta perspectiva, não se pode falar de

um mundo fora e dentro do trabalho, pois os trabalhadores atuam neste contexto, em que

transformam e são transformados. Diante de tal aspecto, a saúde do trabalhador é um assunto

que merece destaque, sendo um de seus principais focos a inter-relação trabalho-saúde (Silva,

2016).

Considera-se que o contexto laboral contém fatores que podem contribuir ou

prejudicar a saúde dos trabalhadores. As relações realizadas sobre interação existentes entre

organização do trabalho e processos de subjetivação estão presentes nas vivências de prazer e

sofrimento, nas estratégias de ação para intervir em contradições da própria organização do

trabalho, nas patologias sociais, bem como na saúde e no adoecimento (Silva, 2016).

Para Dejours, Dessors e Desriaux (1993) as atividades que o trabalhador realiza não

estão ligadas somente ao seu meio de vida, pois também há uma ligação com o status social, e

até mesmo de uma posição ocupada na sociedade. O trabalho é uma fonte de interesse, causa

de fadiga, porém, um meio de desenvolvimento.

Desta forma, o trabalho exercido pela população da amostra deste estudo em seu

contexto organizacional, pode contribuir para a construção de identidade, inclusão social e o

próprio sentimento de realização, por outro lado, pode vir a comprometer a saúde e qualidade

de vida. Segundo Ferreira e Mendes (2001) o contexto de trabalho é um fator que está

diretamente relacionado à saúde do trabalhador, tendo em vista o impacto da realização do

trabalho sobre os sentimentos dos indivíduos, podendo ser prazerosos ou não.

Os trabalhadores investem sua energia na realização de suas atribuições, não só pelas

exigências de trabalho, mas também pelos significados resultantes deste investimento, porém

isto pode levar o trabalhador a níveis extremos de desgaste físico e psicológico, sendo estes

custos muito altos, em relação ao seu ganho. Veras e Ferreira (2006, p. 4) incluem o custo

humano despendido no trabalho nas dimensões denominadas físico-cognitivo-emocional. Para

os autores, o custo físico é aquele que se refere às exigências corporais “em termos de

dispêndio fisiológico e biomecânico” nas atividades do trabalho; o custo cognitivo está

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relacionado às exigências cognitivas “em termos de dispêndio intelectual, sob a forma de

aprendizagem necessária, de resolução de problemas e de tomada de decisão”; já o custo

emocional refere-se às exigências afetivas advindas do contexto de trabalho.

Para melhor compreender o tema, este artigo teve como objetivo avaliar o Índice de

Capacidade para o Trabalho dos servidores do SIPEM, da Agência de Previdência Social de

Mato Grosso do Sul e correlacioná-lo às escalas ECHT e EADRT.

Custo Humano do Trabalho

O Custo Humano do Trabalho (CHT) se refere às exigências física, cognitiva e afetiva

que o trabalhador necessita despender para realização de suas tarefas. De acordo Ferreira

(2004) com o preconizado pela Atividade Ergonômica, para aprender a lidar com o custo

humano do trabalho, os trabalhadores criam estratégias que possibilitam mediações

individuais e coletivas, entretanto se não forem bem sucedidos, podem vivenciar níveis

elevados de sofrimento, levando-os a um possível adoecimento. Anchieta, Galinkin, Mendes e

Neiva (2011) sinalizam que estratégias de mediação necessitam ser desenvolvidas para que

haja um menor risco de adoecimento. Além disso, é preciso compreender as situações

vivenciadas objetivando transformá-las.

Ferreira e Mendes (2001) expõem que caso uma atividade prescrita seja diferente da

atividade realmente realizada, é possível haver aumento do custo humano, devido aos

constantes esforços de adaptação, por meio de compensação dos indivíduos e estratégias de

regulação, além de conduzi-los a vivências de sofrimento. Mendes e Tamayo (2001) afirmam

que um único construto formado por três fatores (valorização, reconhecimento e desgaste)

gera vivências de prazer/sofrimento.

O prazer está relacionado a sentimentos de reconhecimento e valorização, ou seja, o

trabalho é visto como significativo e valoroso por si só, além de admirável em meio a uma

organização que permite a liberdade de expressão de seus trabalhadores. Nesse sentido,

Dejours (2007) afirma que o reconhecimento é um fator determinante para a construção da

identidade, pois ela necessita do olhar do outro e de sua confirmação para se fortalecer. Esse

fato justifica o engajamento das pessoas ao trabalho, é uma retribuição, que muitas vezes

assume uma forma simbólica de reconhecimento social.

Por outro lado, quando há desgaste em relação ao trabalho, vem à tona sensações de

cansaço, desânimo e descontentamento, levando assim o trabalhador ao sofrimento psíquico,

que pode também ser descrito como um desconforto relacionado a sentimentos de tensão e de

desprazer que “decorre do confronto entre a subjetividade e as restrições das condições

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56

socioculturais e ambientais, relações sociais e organização do trabalho” (Mendes & Morrone,

2002, p. 27).

O sofrimento psíquico se apresenta quando há um bloqueio entre o homem e a

organização, sendo esta caracterizada pela divisão de tarefas e a padronização das mesmas,

com subutilização da criatividade e potencial técnico bem como a rigidez hierárquica, e o

excesso de procedimentos burocráticos vinculados à centralização de informações, falta de

participação nas decisões e o não reconhecimento, entre outros (Ferreira & Mendes, 2001) e

esse sofrimento pode levar os trabalhadores a desenvolver danos que decorrem de inúmeros

fatores de risco relacionados ao trabalho. Para tanto, a seguir será abordado o construto de

danos provenientes do trabalho.

Danos Relacionados ao Trabalho

A Lei do Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) fez emergir a grande dimensão das

doenças ocupacionais decorrentes de riscos clássicos e da emergência de novos riscos a

exemplo da emergência dos riscos psicossociais como causa de distúrbios mentais (neuroses,

psicoses, depressão, estresse pós-traumático). O NTEP se revelou um marco normativo de

referência, pois confere uma ampla reforma no sistema de prevenção dos riscos do trabalho,

com reflexos profundos na prevenção e reparação de acidentes de trabalho no Brasil (Neto,

2007; Brasil, 2016).

O conceito legal de acidente de trabalho está definido no art. 19 da Lei n o 8.213/91

que caracteriza o acidente de trabalho como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.

11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda

ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (Machado, 2006; Sousa,

Medeiros & Medeiros, 2014; Neto et al., 2014).

Silva-Junior, Almeida e Marrone (2012) explicam que a lei estabelece que o acidente

do trabalho somente ocorre com trabalhadores, que, no exercício de suas atividades, prestam

serviço à empresa: o segurado empregado ou empregado avulso, bem como o segurado

especial, cujos efeitos provocam lesão corporal ou perturbação funcional suficientes para

causar a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.

Ficam excluídos os empregados domésticos e os contribuintes individuais e facultativos, que

não receberão o benefício de auxílio-acidente.

Segundo os autores, depois de constatado o acidente de trabalho o empregador é

obrigado a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) que consiste em um

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57

formulário que a empresa deverá preencher comunicando o acidente do trabalho, ocorrido

com seu empregado, havendo ou não afastamento, até o primeiro dia útil seguinte ao da

ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa

variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário de contribuição, sucessivamente

aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo 109 do Decreto nº

2.173/97 (Brasil, 2013; Molina et al, 2016).

No caso do trabalhador autônomo, a responsabilidade pelo preenchimento e

encaminhamento da CAT é do Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO e, na falta deste, do

sindicato da categoria. A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT,

preenchido em seis vias, com a seguinte destinação: 1ª via – ao INSS; 2ª via – à empresa; 3ª

via – ao segurado ou dependente; 4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador; 5ª via – ao

Sistema Único de Saúde – SUS; 6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho – DRT. Entende-

se que dois são os requisitos necessários à caracterização do Acidente de Trabalho: o nexo

causal e a lesividade (Santana, et al, 2006; Sousa, Medeiros & Medeiros, 2014; Molina, et al,

2016).

Para os autores, por meio do nexo causal entende-se que a caracterização do acidente

de trabalho pode ser comprovada pelo serviço de perícia médica do próprio INSS – Instituto

Nacional do Seguro Social que fará basicamente o reconhecimento técnico do nexo causal

entre: I – o acidente e a lesão; II – o acidente e o trabalho; e III – a causa mortis e o acidente.

Assim entende-se que a causalidade é fator preponderante à caracterização do acidente de

trabalho (Cabral, Soler & Wysocki, 2018).

O Nexo Técnico Epidemiológico e o Fator Acidentário de Prevenção surgiram como

um remédio redutor da angústia principalmente dos segurados empregados, que por um

motivo ou outro, a empresa, no intuito de livrar-se do aumento das alíquotas devido a

previdência social, omitia-se na comunicação oficial do acidente de trabalho por meio da

Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT), antes, porém, a concessão do benefício em

espécie acidentária estava primordialmente vinculada a Comunicação de Acidente de

Trabalho, assim com a adoção do NTEP foi implantada uma nova metodologia para

concessão de benefícios previdenciários decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais.

Reconhecidos pela Perícia Médica do INSS, a incapacidade para o trabalho e o nexo técnico

entre o trabalho e o agravo serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tem

direito (Santana et al., 2006; Molina et al., 2016; Cabral, Soler & Wysocki, 2018).

Uma das formas de diminuir os danos relacionados ao trabalho é investigar quais as

capacidades que os trabalhadores possuem, para que assim possam ser traçadas estratégias e

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promover meios para que possam desenvolver suas capacidades e aqueles que já possuem um

comprometimento possam ser alocados em atividades nas quais sintam-se valorizados e úteis

ao desenvolvê-las.

Capacidade para o Trabalho

O campo teórico da Psicologia da Saúde Ocupacional (PSO), bem como a abordagem

da Psicossociologia do trabalho proporcionam lentes teóricas e metodológicas para um

aprofundamento no cotidiano do trabalhador, analisando e avaliando os aspectos relacionados

ao trabalho. Para tanto, um dos objetivos desse trabalho é avaliar as capacidades que este

trabalhador tem ou adquire em sua vida laboral.

A Capacidade para o Trabalho (CT), concebida por Tuomi, Ilmarinen, Jahkola,

Katajarinne e Tulkki (2005, p. 9) é entendida como “[...] o quanto um trabalhador está ou

estará bem e quanto ele é capaz de executar seu trabalho em função das exigências, de seu

estado de saúde e capacidades físicas e mentais”.

Melhorar as condições para o trabalhador, inserido nesse contexto, é um desafio, assim

como preservar sua CT, integridade física, mental e social, independentemente de sua

profissão e salário; por isso, consideram-se relevantes todos os elementos que compõe o

Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), assim como o êxito na aplicação desse

instrumento em populações rurais e de baixa escolaridade (Ferreira, Duran, Daniel & Toledo,

2014; Monteiro, 2013).

A definição de capacidade para o trabalho centra-se nas capacidades físicas e mentais

do trabalhador, seu estado de saúde, bem como a capacidade que ele tem para executar seu

trabalho em função das exigências do trabalho. Leva-se também em consideração o fato de

que a capacidade para o trabalho possa ser resultado de um processo dinâmico do trabalhador

no que se refere ao seu trabalho, seja por influência de diferentes fatores, ou mesmo por

aspectos sociodemográficos, estilo de vida, processo de envelhecimento e até as exigências do

trabalho (Bellusci & Fischer, 1999; Ilmarinen, 2001). A saúde torna-se um dos principais

determinantes da capacidade para o trabalho (Ilmarinen, 2001; Ilmarinen, Tuomi & Seitsamo,

2004; Pohjonen, 1999; Sjögren-Rönkä et al., 2002).

A partir dos anos 1990, a capacidade para o trabalho vem sendo discutida em estudos

que se referem à saúde do trabalhador (Ilmarinen, 2001). Mais especificamente, em 1997,

começaram os estudos sobre capacidade para o trabalho e o envelhecimento funcional, ano

este em que o questionário sobre Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) foi traduzido e

adaptado para a língua portuguesa. Essa versão brasileira é encontrada em Tuomi et al

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59

(2005). Para Tuomi, Ilmarinen, Jahkola, Katajarinne e Tulkki (2005), no Brasil, os estudos

sobre capacidade para o trabalho foram iniciados após a tradução e adaptação do questionário

ICT para uso no país.

Um dos fatores associados que vem ganhando espaço nas pesquisas atuais são os

danos relacionados ao trabalho, podendo os mesmos ser tanto físicos quanto psicossociais e

têm despertado interesse por poderem possibilitar subsídios à promoção de políticas públicas

que permeiem à saúde mental, visando melhores condições de trabalho. Contudo, apesar de

relevante no atual contexto de transição demográfica no Brasil, a área de fatores associados à

capacidade para o trabalho entre os trabalhadores brasileiros ainda necessita de mais

investigações (Martinez & Latorre, 2006).

Esse estudo pretende avançar no conhecimento dos fatores contribuintes aos danos

relacionados ao trabalho, seus custos humanos e as implicações na capacidade para o trabalho.

MÉTODO

Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com

o uso do método quantitativo de pesquisa.

Participantes

A amostra deste estudo foi composta por n=40 trabalhadores do Sistema Estadual de

Perícia Médica (SIPEM) que trabalham na Agência de Previdência Social de Campo Grande,

Estado do Mato Grosso do Sul - Brasil. A amostra foi por conveniência e voluntária e a coleta

de dados ocorreu no período de 24 de junho de 2019 a 01 de julho de 2019.

Instrumentos

Foi utilizado o Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO) desenvolvido

especificamente para esta pesquisa, contendo questões fechadas. O QSDO foi composto por

duas dimensões: (i) sociodemográfico (sexo, idade, estado civil, religiosidade, escolaridade)

e; (ii) ocupacionais (tempo de serviço na instituição, jornada de trabalho, turno de trabalho,

meio de ingresso na instituição, órgão de origem, trabalho interfere na vida familiar, como

avalia o ambiente de trabalho).

O Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), do qual advém duas

escalas utilizadas no estudo a ECHT e a EADRT, foi criado e validado por Ferreira e Mendes

(2003) em uma pesquisa nacional em parceria com a Federação Nacional dos Auditores

Fiscais da Previdência Social Brasileira (FENAFISP). Posteriormente, foi adaptado,

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60

revalidado e publicado com uma amostra heterogênea de trabalhadores por Ferreira et al.

(2005), e em 2006 passou por uma nova validação devido a alguns ajustes. É um instrumento

estruturado, que exerce um papel auxiliar podendo ser associado a um “termômetro”. Tem por

objetivo analisar e descrever o real, traçando perfis específicos de alguns fatores que possam

interferir no processo de adoecimento no trabalho. O inventário é subdividido por escalas que

investigam as dimensões da inter-relação do trabalho e do processo de subjetivação no

contexto propriamente dito, exigências (afetivas, cognitivas e físicas) (Ferreira e Mendes,

2003).

A Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT) avalia as representações relacionadas

à organização, às condições de trabalho e às relações sócio profissionais. Possui 31 itens e três

dimensões: custo físico, custo cognitivo e custo afetivo. A ECHT possui um eigenvalues

acima de 2,0, variância total de 44,46%, KMO de 0,91 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os

alfas de Cronbach foram acima de 0,84. Os itens são avaliados por meio de uma escala de

nível de exigência dos indicadores de custo humano do trabalho, de cinco pontos, com itens

negativos, cujo escore fatorial é obtido por meio da média entre os itens. Sua análise deve ser

feita a partir de três níveis que consideram o ponto médio e desvios-padrão em relação ao

ponto médio. Essa classificação envolve os níveis: negativo ou grave (escore fatorial acima de

3,7), moderado ou crítico (escores entre 2,3 e 3,69) e positivo ou satisfatório (escore abaixo de

2,29).

A Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) avalia as

consequências em termos de danos físicos e psicossociais, possui 29 itens e é composta por

três dimensões dispostas na figura abaixo. A EADRT possui um eigenvalues de 1,5, variância

total de 50,09%, KMO de 0,95 e cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach obtidos

foram acima de 0,88. É uma escala de sete pontos cujo objetivo é avaliar nos últimos três

meses, a ocorrência (uma vez, duas vezes, etc.) dos indicadores de danos provocados pelo

trabalho. Sua análise deve ser feita a partir de quatro níveis que consideram o ponto médio e

desvios-padrão em relação ao ponto médio. Para os indicadores de dano, essa classificação

envolve os níveis de avaliação mais negativa, com presença de doenças ocupacionais (escore

fatorial acima de 4,1), avaliação moderada grave (entre 3,1 e 4,0), moderada crítica (escores

entre 2,0 e 3,0) e avaliação positiva: satisfatória (escore abaixo de 1,9).

Foi utilizado também o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), instrumento

desenvolvido pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia (FIOH) entre 1981 a 1992

com acompanhamento de um coorte de trabalhadores e validado por Tuomi, Ilmarinen,

Jakola, Katajarinne e Tulkki (2005). Avalia aspectos relativos ao bem-estar físico,

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psicossocial, competência individual e condições de trabalho considerados determinantes para

a qualidade de vida dos trabalhadores por meio de um questionário.

O ICT pode estar relacionado tanto ao desempenho físico como também com as

funções cognitivas. Segundo Tuomi et al. (1997, pp. 66-71) “[...] é a capacidade que o

trabalhador tem para executar seu trabalho em função das exigências deste trabalho, de seu

estado de saúde e de suas capacidades físicas e mentais”. O ICT é um instrumento elaborado e

validado em inglês pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia e traduzido e testado

para o português por Tuomi et al. (1997). Desde a adaptação para uso no Brasil no final da

década de 1990, o questionário vem sendo utilizado em inquéritos populacionais (Bellusci &

Fischer, 1999; Fischer, Borges et al, 2006; Martinez & Latorre, 2006; Walsch et al, 2004),

mas até 2009 não havia estudos sobre as propriedades psicométricas da versão brasileira, o

que ocorreu com a publicação de Martinez, Latorres e Fischer (2009) que teve por objetivo

avaliar a validade e a confiabilidade das propriedades psicométricas da versão brasileira do

Índice de Capacidade para o Trabalho. Foram feitas algumas alterações no texto do

instrumento visando garantir o entendimento das questões e pode ser auto-aplicável desde que

a escolaridade mínima fosse a quarta série do ensino fundamental e a versão brasileira do ICT

mostrou validade de construto satisfatória (alfa de Cronbach 0,72) e poder de discriminação

superior a versões de outros países.

O ICT avalia a capacidade para o trabalho (que é uma medida indireta da saúde do

trabalhador) (Martinez, Paraguay & Latorre, 2004). Em estudos como este, Martinez e Latorre

(2006) também afirmam que é importante fazer uma avaliação da capacidade do trabalho por

meio do ICT de todos os trabalhadores, pois assim é possível se tomar conhecimento precoce

em relação às alterações negativas e para “[...] identificar alterações precocemente e

implementar medidas corretivas tanto no nível individual como no coletivo”. De fato, o ICT

permite avaliar e detectar alterações, até mesmo prever a incidência de incapacidade precoce e

proporcionar medidas preventivas de manutenção da saúde dos trabalhadores (Silva Júnior,

Vasconcelos, Griep & Rotenberg, 2011).

Martinez e Latorre (2009) referem que o ICT é o instrumento mais utilizado para se

medir a capacidade de trabalho, pois a percepção do próprio trabalhador é a referência. Por

meio de dez questões compiladas em sete itens são compreendidos os requisitos mentais,

físicos e laborais (Fassi et al., 2013; Martinez & Latorre, 2009).

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62

Procedimentos

Os procedimentos para a coleta de dados se iniciaram com o acordo de Cooperação

Mútua nº 01/2018 entre a Universidade Católica Dom Bosco – UCDB e a Agência de

Previdência Social de Mato Grosso do Sul – AGEPREV, firmado por seus respectivos

responsáveis. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da

UCDB, com o número CAAE: 12499719.8.0000.5162, seguindo em conformidade com as

normas éticas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de

Saúde (Brasil, 2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa

envolvendo seres humanos; na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho

Federal de Psicologia (Brasil, 2000); que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres

humanos.

O Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE foi entregue em mãos e

esclarecida toda a pesquisa e suas implicações, preservando-se a identidade de cada

participante, bem como o caráter voluntário. Mediante a assinatura do TCLE por parte do

trabalhador, deu-se início a aplicação dos questionários, com a seguinte ordem: QSDO, ECHT

EADRT e ICT. Ainda com o objetivo de preservar a identidade dos participantes da pesquisa,

no questionário sociodemográfico e ocupacional não existem perguntas que possam de

alguma forma identificá-los.

Análise dos Dados

Os dados coletados foram tabulados no Excel e analisados com o auxílio do software

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 22ª Versão, com um nível de confiança de

95%. As análises estatísticas foram baseadas nos testes Qui-quadrado e Anova e realizada

correlação de Spearman.

RESULTADOS

Os achados obtidos nesse estudo demonstraram que os trabalhadores estudados têm

média de idade de 48,02 anos (DP±9,97), são em sua maioria do sexo masculino (60%),

casados (62,5%), possuem pós-graduação (70%), são católicos (50%). Os participantes têm

tempo de serviço na instituição é de 8,26 anos com (DP±6,43), com uma jornada de trabalho

semanal de 24 (DP±13,31) horas, trabalham nos dois turnos (57,5%), são credenciados

(42,5%), têm tempo de serviço na instituição entre 3 anos a mais de 10 anos (35%), não são

readaptados e/ou reabilitados (82,5%), referem que o trabalho interfere na vida familiar às

vezes (52,5%) e avaliam seu ambiente de trabalho como bom (65%) (Tabela 1).

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63

Tabela1

Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra

Variáveis N %

Sexo

Feminino 16 40,0

Masculino 24 60,0

Idade

26 a 41 anos 10 25,0

Acima de 41 a 56 anos 21 52,5

Acima de 56 a 71 anos 9 22,5

Estado Civil

Solteiro (a) 5 12,5

Casado (a) 25 62,5

Separado (a) ou divorciado (a) 7 17,5

União estável 3 7,5

Escolaridade

Ensino fundamental incompleto 1 2,5

Ensino fundamental completo 1 2,5

Ensino médio completo 3 7,5

Graduação incompleta 1 2,5

Graduação completa 3 7,5

Pós-graduação incompleta 3 7,5

Pós-graduação completa 28 70,0

Religião

Católica 20 50,0

Evangélica 6 15,0

Espírita 8 20,0

Outra religião 1 2,5

Sem religião 5 12,5

Período de trabalho

Matutino 15 37,5

Vespertino 2 5,0

Dois períodos 23 57,5

Carga horária semanal

Até 20 horas por semana 20 50,0

Acima de 20 horas a 40 horas por semana 19 47,5

Não respondeu 1 2,5

Ingresso na AGEPREV

Concurso público 2 5,0

Terceirizado 2 5,0

Credenciamento 17 42,5

Cedido de outro órgão público 11 27,5

Comissionado 8 20,0

Tempo de serviço na instituição

Até 3 anos 14 35,0

Acima de 3 a 10 anos 12 30,0

Acima de 10 anos 14 35,0

continua

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64

conclusão

Tabela1

Características sociodemográficas e ocupacionais da amostra

Variáveis N %

Órgão de origem

FUNSAU 6 54,5

SED 1 9,1

SAD 1 9,1

FUNTRAB/SEDHAST 1 9,1

Hospital Regional 2 18,2

Readaptado/Reabilitado

Sim 6 15,0

Não 33 82,5

Não respondeu 1 2,5

Trabalho interfere na vida familiar

Sempre 3 7,5

Às vezes 21 52,5

Nunca 16 40,0

Como avalia seu ambiente de trabalho

Excelente 7 17,5

Bom 26 65,0

Regular 5 12,5

Ruim 2 5,0

A amostra pesquisada (n=40) apresentou com relação ao Índice de Capacidade para o

Trabalho, média e desvio-padrão geral de (�̅�=38,5; DP±6,7). Com relação à idade os

participantes apresentaram: (i) de 26 anos a 41 anos (�̅�=40,0; DP±8,2); (ii) acima de 41 anos a

56 anos (�̅�=38,0; DP±5,8) e; (iii) acima de 56 anos a 71 anos (�̅�=37,8; DP±7,3). Os

participantes do sexo masculino apresentaram (�̅�=38,3; DP±7,9) e do sexo feminino (�̅�=38,6;

DP±5,9). Os participantes com carga horária de até 20 horas de trabalho semanal

apresentaram (�̅�=40,4; DP±5,0) e acima de 20 horas semanais (�̅�=36,7; DP±7,9), que

trabalham em um período (�̅�=40,5; DP±5,3) e nos dois períodos (�̅�=37,0; DP±7,3), com

tempo de serviço de até 3 anos (�̅�=40,7; DP±5,7), acima de 3 anos a 10 anos (�̅�=39,0;

DP±7,3) e acima de 10 anos (�̅�=38,5; DP±6,7) (Tabela 2).

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65

Tabela 2

Média, Desvio-Padrão, Mínimo, Máximo do ICT

ICT Escore Geral

Média Desvio padrão Mínimo Máximo p-valor

N=

40

Amostra pesquisada 38,5 6,7 20,0 47,0

N=

40

Idade

26 a 41 anos 40,0 8,2 20,0 47,0

0,733 Acima de 41 a 56 anos 38,0 5,8 26,0 46,0

Acima de 56 a 71 anos 37,8 7,3 21,0 47,0

N=

40

Sexo

Masculino 38,3 7,9 20,0 47,0 0,873

Feminino 38,6 5,9 21,0 46,0

N=

39

Carga horária

Até 20 horas 40,4 5,0 27,0 47,0 0,092

Acima de 20 horas 36,7 7,9 20,0 47,0

N=

40

Período de trabalho

Um período 40,5 5,3 27,0 47,0 0,095

Dois períodos 37,0 7,3 20,0 47,0

N=

40

Tempo de serviço

Até 3 anos 40,7 5,7 26,0 47,0

0,152 Acima de 3 a 10 anos 39,0 7,3 20,0 47,0

Acima de 10 anos 38,5 6,7 20,0 47,0

Os achados da correlação entre o QSDO e o ICT, demonstraram que a amostra

pesquisada percebe como boa sua capacidade para o trabalho (47,5%). Os participantes com

idade entre 26 a 41 anos percebem como ótima sua capacidade para o trabalho (40%). Com

relação ao sexo, tanto homens (43,8%) quanto as mulheres (50%) percebem como boa. Os

participantes indicaram os seguintes índices de capacidade para o trabalho com relação ao

tempo de serviço: (i) até 3 anos: boa (50%); (ii) acima de 3 à 10 anos: boa (41,7%); (iii)

acima de 10 anos: boa (50%).

Tabela 3

Correlação entre o QSDO e o ICT

ICT Escore Geral

Baixa

N (%)

Moderada

N (%)

Boa

N (%)

Ótima

N (%)

Qui-

quadrado

N=

40

Amostra pesquisada 5 (12,5) 8 (20,0) 19 (47,5) 8 (20,0)

N=

40

Idade

26 a 41 anos 1 (10,0) 2 (20,0) 3 (30,0) 4 (40,0)

0,714 Acima de 41 a 56 anos 3 (14,3) 4 (19,0) 11 (52,4) 3 (14,3)

Acima de 56 a 71 anos 1 (11,1) 2 (22,2) 5 (55,6) 1 (11,1)

continua

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66

conclusão

Tabela 3

Correlação entre o QSDO e o ICT

ICT Escore Geral

Baixa

N (%)

Moderada

N (%)

Boa

N (%)

Ótima

N (%)

Qui-

quadrado

N=

40

Sexo

Masculino 3 (18,8) 2 (12,5) 7 (43,8) 4 (25,0) 0,573

Feminino 2 (8,3) 6 (25,0) 19 (50,0) 8 (16,7)

N=

39

Carga horária

Até 20 horas 1 (5,0) 4 (20,0) 9 (45,0) 6 (30,0) 0,264

Acima de 20 horas 4 (21,1) 3 (15,8) 10 (52,6) 2 (10,5)

N=

40

Tempo de serviço

Até 3 anos 1 (7,1) 1 (7,1) 7 (50,0) 5 (35,7)

0,238 Acima de 3 a 10anos 1 (8,3) 3 (25,0) 5 (41,7) 3 (25,0)

Acima de 10 anos 3 (21,4) 4 (28,6) 7 (50,0) -

Com relação às dimensões da ECHT, os participantes apresentaram as seguintes

médias e desvio-padrão: (I) na dimensão custo afetivo: satisfatório (�̅�=42,3; DP±4,2); crítico

(�̅�=36,1; DP±7,4) e grave (�̅�=36,6; DP±6,7); (II) na dimensão custo cognitivo: satisfatório

(�̅�=41,3); crítico (�̅�=36,3; DP±8,1) e grave (�̅�=39,3; DP=5,8) e; (III) na dimensão custo

físico: satisfatório (�̅�=39,0; DP±5,8), crítico (�̅�=36,7; DP=9,1) e grave (�̅�=42,0), descritos na

tabela 4.

Tabela 4

Média, Desvio-Padrão, Mínimo e Máximo da ECHT

ICT Escore Geral

ITRA-ECHT Média

Desvio

padrão Mínimo Máximo p-valor

N=

40

Custo Afetivo

Satisfatório 42,3 4,2 35,0 47,0

0,017* Crítico 36,1 7,4 20,0 45,0

Grave 36,6 6,7 36,0 38,0

N=

40

Custo Cognitivo

Satisfatório 41,3 4,0 35,0 46,0

0,234 Crítico 36,3 8,1 20,0 47,0

Grave 39,3 5,8 26,0 47,0

N=

40

Custo Físico

Satisfatório 39,0 5,8 20,0 47,0

0,569 Crítico 36,7 9,1 21,0 47,0

Grave 42,0 - 42,0 42,0

Com relação às dimensões da EADRT, os participantes apresentaram as seguintes

médias e desvio-padrão: (I) na dimensão danos físicos: satisfatório (�̅�=41,2; DP±3,8); crítico

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67

(�̅�=38,0; DP±4,5); grave (�̅�=28,7; DP±4,1) e doença ocupacional (�̅�=29,2; DP±10,2); (II) na

dimensão danos sociais: satisfatório (�̅�=40,0; DP±4,9); crítico (�̅�=35,5; DP±3,5); grave

(�̅�=23,5; DP±3,5) e doença ocupacional (�̅�=20,0); (III) na dimensão danos psicológicos:

satisfatório (�̅�=40,2; DP±4,7), crítico (�̅�=37,2; DP±7,5); grave (�̅�=37,0) e doença ocupacional

(�̅�=26,7; DP±9,2), descritos na Tabela 5.

Tabela 5

Média, Desvio-Padrão, Mínimo e Máximo da EADRT

ICT Escore Geral

ITRA-EADRT Média

Desvio

padrão Mínimo Máximo p-valor

N=

40

Danos Físicos

Satisfatório 41,2 3,8 35,0 47,0

0,000* Crítico 38,0 4,5 33,0 42,0

Grave 28,7 4,1 26,0 35,0

Doença ocupacional 29,2 10,2 20,0 40,0

N=

40

Danos Sociais

Satisfatório 40,0 4,9 27,0 47,0

0,000* Crítico 35,5 3,5 33,0 38,0

Grave 23,5 3,5 21,0 26,0

Doença ocupacional 20,0 - 20,0 20,0

N=

40

Danos Psicológicos

Satisfatório 40,2 4,7 27,0 47,0

0,001* Crítico 37,2 7,5 27,0 43,0

Grave 37,0 - 37,0 37,0

Doença ocupacional 26,7 9,2 20,0 40,0

Quando realizada correlação entre o Índice de Capacidade para o Trabalho com as

escalas de Custo Humano no Trabalho e de avaliação de Danos Relacionados ao Trabalho,

(Tabela 6) os resultados demonstraram correlação negativa para todas as dimensões das

escalas, sendo significativo o resultado do custo afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), danos

físicos (r=0,602; p-valor=0,000); danos sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e danos psicológicos

(r=0,408; p-valor=0,009).

Tabela 6

Correlação entre o ICT, a ECHT e a EADRT

ITRA-ECHT ITRA-EADRT

Custo

Afetivo

Custo

Cognitivo

Custo

Físico

Danos

Físico

Danos

Sociais

Danos

Psicológicos

Índice de

Capacidade

para o Trabalho

r

p-valor

N

-0,496

*0,001

40

-0,038

0,818

40

-0,024

0,882

40

-0,602

*0,000

40

-0,440

*0,005

40

-0,408

*0,009

40

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68

DISCUSSÃO

A avaliação do ICT relacionada aos itens do QSDO demonstra que 47,5% da amostra

possui uma boa capacidade para o trabalho, 70% possui pós-graduação completa, resultado

este que corrobora os achados de Padula et al (2013) que expõe que quem possui maior

escolaridade, está em busca de um crescimento profissional por meio de qualificações

educacionais, propiciando a si melhores condições cognitivas, melhorando sua capacidade

para o trabalho.

Na Tabela 3, 40% das pessoas entre 26 a 41 anos dizem ter uma ótima saúde, e dos 41

aos 56 este número cai para 14,3% e entre 56 à 71, 11,1%. Não se pode concluir que estes

números estejam ligados a idade por não se tratar de uma amostra homogênea, no entanto

Cerqueira e Freitas (2013) dizem que, quanto maior a faixa etária, maior a chance de

diminuição da capacidade para o trabalho, que difere do que postulam Scwingel, Niti e Tang

(2009) que colocam a existência de uma relação positiva no trabalho e envelhecimento na

qual existiria uma melhora na qualidade de vida. Portanto, se a continuidade do trabalho for

alternativa para reduzir a morbidade em idosos e os impactos no INSS, a capacidade para o

trabalho é tida dentro da dimensão do monitoramento para uma intervenção precoce

(Amorim, Mesas & Trelha, 2018).

O ICT bem como as escalas de ECHT e EADRT são instrumentos que podem ser

analisados de forma individual para evidenciar aspectos próprios de sua natureza e dimensões.

O intuito de correlacionar os três instrumentos foi abarcar de forma ampla os seus resultados

individuais em que um possa corroborar o resultado do outro. Na Tabela 4, o dado mais

significativo foi o custo humano no trabalho que mostra haver um custo afetivo satisfatório

(p-valor 0,017), também apresentando um custo físico que aponta que 42% da amostra estão

em condição grave (grifo nosso) e possui p-valor de 0,569, que aponta para a necessidade de

atenção para esta dimensão.

Este achado vai ao encontro dos resultados da relação entre a escala de EADRT com o

ICT que evidenciam a existência de danos físicos (p-valor 0,000) e a possibilidade de doença

ocupacional em 29,2% dos servidores estudados. Outras comprovações de danos são de

ordem social e psicológica (p-valor 0,000) e possíveis doenças ocupacionais com médias 20 e

26,7 respectivamente.

Para melhor analisar a origem das doenças, seria importante a realização de uma

análise ergonômica do trabalho, tendo em vista que as doenças podem estar camuflar entre

outras e assim ocultar o nexo causal entre as condições de trabalho existentes, de acordo com

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69

pesquisas anteriores (Bellusci & Fischer, 1999; Linhares, 2017). Vale ressaltar que neste

estudo não foram investigadas as causas que levam ao adoecimento, mas o que se pretendeu

foi relacionar medidas estatísticas que pudessem sugerir protocolos para restaurar a

capacidade para o trabalho desta amostra.

Os resultados das ECHT e EADRT apresentaram importantes correlações no que se

refere, principalmente, ao custo afetivo. Os custos cognitivos e físicos não são despendidos de

forma significativa, diferente do custo afetivo, que para o ambiente de trabalho, torna-se

importante, uma vez que os trabalhadores em sua maioria consideram que o mesmo interfere

em sua vida familiar. Teodoro (2012) diz que o aumento de estudos sobre a temática deve-se

ao efeito negativo na saúde e no bem-estar dos trabalhadores, tendo uma importante

consequência no funcionamento e na efetividade das organizações.

Na Tabela 6 foi utilizada a análise estatística de Spearman, correlacionando os três

instrumentos para visualizar o possível nexo entre suas dimensões, objetivando responder a

pergunta principal deste estudo: quais as possíveis relações entre o custo humano e os danos

relacionados ao trabalho ao índice de capacidade, em trabalhadores da AGEPREV lotados na

SIPEM? Ao realizar esta correlação foi encontrado o grande achado desta pesquisa: o custo

afetivo está correlacionado aos danos físicos, sociais e psicológicos, e todos, ao índice de

capacidade para o trabalho.

Ao observar esta correlação é possível se dar conta das dimensões do ser humano e

compreender que este é feito de um todo, se ignorar uma parte que seja o adoecimento é

eminente, na tabela 6 demonstra que estes trabalhadores já tem o seu custo afetivo abalado e

possuem danos significativos nas dimensões físicas, sociais e psicológicas a partir disto

ressalta-se a importância da utilização de mais de dois instrumentos de pesquisa, para que eles

possam ser confrontados e relacionados e desta forma expor o que cada um possui em sua

particularidade.

O custo afetivo (p-valor de 0,001) está correlacionado a existência de danos físicos (p-

valor = 0,000); sociais (p- valor = 0,005) e psicológicos (p-valor= 0,009) corroborando Seibt

et al (2009) que afirmaram, que perfis favoráveis estão frequentemente ligados a atividades

com maior predominância mental. Amorim, Mesas e Trelha (2018) nos confirmam os achados

desta pesquisa quando afirmam que em trabalhadores cuja exigência é física, o prejuízo para a

capacidade para trabalho é mais acentuado, o resultado desta perda e do comprometimento a

saúde dos mesmos são demandadas da própria atividade. Estes autores ainda relatam que o

ICT pode ser um instrumento mais útil quando aplicado em trabalhadores cuja atividade de

trabalho seja predominantemente mental, como no caso da amostra estudada, pois o

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70

constructo busca medidas subjetivas e que sejam ligadas a percepção dos colaboradores sobre

sua própria saúde.

Luz (2016) destaca que entre as doenças mentais mais relatadas pelos profissionais,

está o distúrbio emocional leve, corroborando os achados desta pesquisa que apontam uma

frequência importante relacionada ao custo afetivo e aos danos psicológicos, fora os

desdobramentos destes danos nas relações sociais e possivelmente aos danos físicos.

Menegon (2011) aponta que os distúrbios emocionais leves podem não aparecer no ambiente

de trabalho como incapacidade ou trazer consigo algum prejuízo em um curto espaço de

tempo, entretanto, quando não tratados, justamente pela dificuldade da manifestação dos

sintomas, futuramente podem aparecer em forma de doença física. Quando se chega a esse

ponto Linhares (2017) propõe a adoção de avaliações que podem estar associadas a um

programa de apoio psicológico para servidores. Este tipo de programa pode trazer consigo

excelentes resultados no combate a prevenção do estresse que interfere na qualidade e na

capacidade de trabalho de cada trabalhador.

Diante destes resultados sugere-se medidas preventivas que visem a manutenção ou

melhoria da capacidade para o trabalho em níveis organizacionais e individuais. Conforme

exposto por Moreira, Silvino e Cortez (2016) é importante que os trabalhadores participem de

forma ativa e coletiva nas reivindicações por melhorias nas condições de trabalho, de forma a

possibilitar a criação de condições de flexibilização no processo de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade, podem ser observadas práticas diversificadas, desde atividades

assistenciais tradicionais até ações inovadoras e criativas, que enfocam a saúde de modo

integral. Diante dos achados nesta pesquisa, recomenda-se a criação de espaços institucionais

de escuta, discussão e avaliação nos âmbitos individual e coletivo em que os trabalhadores

possam ser informados quanto à identificação e prevenção de riscos em sua atividade laboral.

Assim, os próprios trabalhadores poderão apontar situações que necessitam de intervenção, a

fim de evitar novos danos à saúde relacionados ao trabalho.

Nesse cenário faz-se necessário aprofundar o conhecimento das relações no ambiente

de trabalho para que possa melhor observar se os danos físicos são referentes à ergonomia do

trabalho ou se são derivados do custo afetivo e/ou dos danos psicológicos. Os achados obtidos

ressaltam o que inúmeras pesquisas vêm apontando, a relação da criação de ambientes de

trabalho saudáveis, bem como medidas de proteção aos riscos psicossociais.

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Os danos sociais são decorrentes de inúmeras fontes, podendo estar relacionados ao

trabalho, a família, a cultura, entre outras demandas pessoais. Sendo assim, sugere-se que

novas pesquisas estudem os efeitos das questões ergonômicas nas relações interpessoais no

trabalho, uma avaliação do ambiente de trabalho e uma análise sobre os fatores de risco e

proteção ao trabalho.

Como limitação de pesquisa aponta-se a não realização de entrevistas individuais para

assim poder obter um maior detalhamento das informações coletadas; a pesquisa ser de corte

transversal e desta forma não poder avaliar as demandas de médio e longo prazo da

instituição, bem como de seus trabalhadores e generalizar os achados obtidos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Ressalto minha gratidão à Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul por

meio da pessoa do Dr. Jorge Martins, Diretor Presidente, que prontamente aprovou a

realização desta pesquisa na instituição, bem como à Assessora Técnica da Presidência

Giselda Giffoni, por facilitar os trâmites entre os responsáveis das instituições e por terem ido

além, incentivando os seus colegas a participarem da pesquisa. Sem essa disponibilidade

irrestrita, esse estudo não teria sido possível.

A pesquisa respondeu algumas de suas hipóteses: foi possível afirmar que a

capacidade para o trabalho da amostra está comprometida, que existe um alto custo humano

relacionado ao trabalho, principalmente na dimensão afetiva. Existe uma alta frequência de

danos físicos bem como de danos psicológicos e sociais e uma importante correlação entre o

custo humano, os danos e a (in) capacidade para o trabalho.

Foi possível avaliar que os custos e danos relacionados ao trabalho já estão afetando a

vida social, o ambiente de trabalho e como dito anteriormente, a saúde mental dos servidores

estudados. Os objetivos específicos foram todos realizados e respondidos nos dois artigos que

compõe essa dissertação.

Destaca-se a relevância da pesquisa que oportunizou conhecer alguns aspectos da

realidade de trabalho dos servidores da SIPEM e mensurar, trazendo indicadores objetivos, a

existência de danos relacionados ao trabalho, bem como o comprometimento na capacidade

relativa a esse, que possivelmente seja derivado do alto custo humano relacionado ao trabalho.

Os instrumentos utilizados são validados e reconhecidos mundialmente e se mostraram

viáveis para utilização nessa amostra sendo que a correlação entre eles guiou os resultados

obtidos.

No primeiro artigo, o objetivo foi correlacionar as escalas de ECHT e EADRT, a fim

de investigar possíveis relações entre o custo humano no trabalho e os danos que a amostra

poderia conter. Evidenciou-se a existência de danos e custo afetivo relacionado ao trabalho.

Dos resultados relativos aos danos pode-se inferir que alguns deles podem estar relacionados

ao ambiente de trabalho, contudo esse não era um objetivo a ser investigado nesse estudo.

No segundo artigo, objetivou-se correlacionar o custo humano, os danos e a

capacidade para o trabalho. O resultado desta análise apontou para a existência de danos

físico, psicológico, social com um alto custo afetivo relacionado ao trabalho, que afetam a

capacidade para o trabalho.

Como sugestões para a instituição indica-se:

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• Criar ambientes saudáveis, provendo atividades inter-relacionais a fim de obter

melhores vínculos entre os servidores;

• Fomentar o serviço de psicologia fornecido pela instituição com parcerias, a

fim de conscientizar o órgão AGEPREV a levar em conta as questões

relacionadas à saúde emocional dos servidores;

• Criar um projeto de intervenção ao dano e outros para prevenção e promoção

da saúde mental e qualidade vida no trabalho.

Para futuras pesquisas, sugere-se que a partir dos dados expostos possa se investigar a

origem dos danos, bem como eventuais intervenções feitas junto á amostra, que produzam

resultados baseados em evidências, demonstrando sua eficácia e efetividade. Como limitação

deste estudo, ressalta-se o fato de ser um estudo de corte transversal, o que impede a

realização de análises que só podem ser obtidas ao longo do tempo. Sugere-se para novas

pesquisas que se aprofundem as temáticas relativas ao ambiente de trabalho, fatores

ergonômicos, fatores de risco e de proteção psicossocial, bem como análises sobre o estresse

ocupacional e seus efeitos na saúde geral, mental e na qualidade de vida desses trabalhadores.

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REFERÊNCIAS CITADAS NA INTRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E OCUPACIONAL

Nº da Pesquisa:____________

Data: _____/_____/_____.

1. Sexo:

1.1 Masculino

1.2 Feminino

2. Data de nascimento: _____/_____/_____

3. Idade:________ anos.

4. Estado civil:

4.1 Solteiro(a)

4.2 Casado(a)

4.3 Viúvo(a)

4.4 Separado(a) ou Divorciado(a)

4.5 União Estável (Amasiado)

5. Qual sua escolaridade:

5.1 Ensino fundamental completo.

5.2 Ensino fundamental incompleto.

5.3 Ensino médio completo.

5.4 Ensino médio incompleto.

5.5 Graduação completa. Qual? ____________________________

5.6 Graduação incompleta. Qual? ___________________________

5.7 Pós graduação completa. Qual? _________________________

5.8 Pós graduação incompleta. Qual? ________________________

6. Religião:

6.1 Católica.

6.2 Evangélica.

6.3 Espirita.

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6.4 Sem Religião.

6.5 Outras: _________________________.

7. Qual(is) período(s) você trabalha?

7.1 Matutino 7.2 Vespertino

8. Quantas horas semanais? ________________.

9. Há quanto tempo trabalha nesta instituição?_______________________.

10. Foi Readaptado/Reabilitado? Se sim qual o motivo?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

11. O seu concurso foi para este órgão público? Se não explique?

11.1 Sim 11.2 Não 11.3 ___________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12. Seu trabalho interfere na sua vida familiar?

12.1 Sempre.

12.2 Às vezes.

12.3 Nunca.

13. No geral como avalia seu ambiente de trabalho?

Excelente Bom Regular Ruim Péssimo

Obrigada pela sua participação

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APÊNDICE B

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA

Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos da pesquisa intitulada:

“Capacidades e Danos Relacionado ao Trabalho em Servidores de uma Agência de

Previdência Social Estadual do Estado do Mato Grosso do Sul”, que contempla um

levantamento de dados sóciodemográfico ocupacional, índice de capacidade no trabalho e

avaliação dos danos relacionado ao trabalho no município de Campo Grande/MS, conforme

proposto no Acordo de Cooperação Mútua nº 01/2018. Assim, autorizo a realização do estudo

que será aplicado pelo aluno Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya (do curso de Mestrado em

Psicologia), da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, sob a orientação da

Coordenadora e Pesquisadora-Chefe do Projeto, Profª. Drª. Liliana Andolpho Magalhães

Guimarães, e que compreende a participação voluntária dos trabalhados da perícia médica da

Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul - AGEPREV, lotados em Campo

Grande/MS. O pesquisador se compromete a manter sigilo sobre os dados individuais

coletados e somente divulgará os resultados grupais obtidos. Autorizo, também, a utilização

dos resultados para uso exclusivo em publicações científicas, tais como artigos, capítulos de

livro, livros, além de apresentação de trabalhos em congressos e similares, sem a identificação

do nome de seus participantes.

Campo Grande/MS, 17 de outubro de 2018.

JORGE OLIVEIRA MARTINS

Diretor Presidente - AGEPREV

PROFª. DRª. LILIANA ANDOLPHO MAGALHÃES GUIMARÃES

Coordenadora do Projeto e Pesquisadora-Chefe – UCDB

SYLVIO TAKAYOSHI BARBOSA TUTYA

Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Psicologia

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APÊNDICE C

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine

este documento, em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.

Título do Projeto de Pesquisa: Capacidades e Danos Relacionados ao Trabalho em Servidores

de uma Agência de Previdência Social Estadual do Estado Do Mato Grosso Do Sul – MS.

Pesquisador: Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya

Telefone: (67) 98149 4498 E-mail: [email protected]

Orientadora: Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães (Universidade Católica

Dom Bosco- UCDB) Telefone (67) 3312 3605.

Esta pesquisa faz parte da dissertação para fins de obtenção do título de Mestre em Psicologia

da Saúde, junto à Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Campo Grande/MS. Seu

objetivo é avaliar as capacidades que podem ser adquiridas no trabalho e também os danos

que o mesmo pode acarretar na vida dos trabalhadores de uma agência de previdência social

(AGEPREV) do setor de perícia médica do estado do Mato Grosso do Sul, Campo Grande –

MS, Brasil.

Para realização desta pesquisa objetivemos a autorização do Diretor Presidente da Agência de

Previdência Social do Estado do Mato Grosso do Sul – AGEPREV.

Os resultados individuais, caso sejam de interesse do participante, poderão ser solicitados via

e-mail do pesquisador ([email protected]);

Considerando as informações constantes neste termo e as recomendações previstas: (i) na

Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,

2012) que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres

humanos, (ii) na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000 do Conselho Federal de

Psicologia (BRASIL, 2000) que dispõe sobre a pesquisa em Psicologia com seres humanos

(iii) e nas normas expressas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/

Ministério da Saúde, Consinto, de forma livre e esclarecida a participação na presente

pesquisa, na condição de participante, ciente de que:

a) Minha Participação é inteiramente voluntária e não implica em quaisquer tipos de

despesa e/ou ressarcimento financeiro.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

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b) Essa atividade não é obrigatória e, caso não queira participar, isso em nada mudará o

trabalho que realizo na AGEPREV.

c) Responderei aos três questionários, que contém questões relacionadas ‘a minha vida,

meu trabalho e minhas necessidades. O tempo médio para preenchimento dos mesmos

é de 30 minutos.

d) Estou ciente que as informações que fornecerei poderão mais tarde, ser utilizadas para

trabalhos científicos e que minha identificação será mantida sob sigilo, isto é, não

haverá chance de meu nome ser identificado, sendo assegurado completo anonimato;

e) Devido ao seu caráter confidencial, essas informações serão utilizadas apenas para

objetivos de estudo;

f) Não há nenhum risco significativo em participar deste estudo. Contudo, alguns

conteúdos abordados eventualmente causarão algum tipo de desconforto psicológico.

Em função disso, terei a possibilidade de ser encaminhado (a) pelo pesquisador ao

atendimento psicológico com profissional de Saúde Mental, caso seja de minha

vontade e necessidade;

g) Estou livre para desistir da participação em qualquer momento da aplicação dos

questionários;

h) Aceito participar voluntariamente dessa atividade e não tenho sofrido nenhuma forma

de pressão para tanto;

i) A pesquisa aqui proposta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da

Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), que a referenda.

j) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB para apresentar recursos

pelo telefone (67) 3312-3478.

Recebi uma cópia deste termo e a possibilidade de lê-lo.

............................................................, MS, ........... de ................................................. de 2019.

Nome do Participante:

RG do Participante:

Sylvio Takayoshi Barbosa Tutya RG 1257491 SSP/MS

Pesquisador

Acadêmico do Programa de Pós Graduação em Psicologia - Mestrado e Doutorado.

Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia sobre este estudo devo ligar para o CEP

UCDB, Telefone: (67) 3312-3478 ou E-mail: [email protected]. Endereço: Av. Tamandaré, 6000,

Jardim Seminário – CEP: 79117-900 – Campo Grande – MS.

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ANEXOS

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ANEXO A

ESCALA DE CUSTO HUMANO NO TRABALHO (ECHT) - ITRA

Agora escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que você faz das

exigências decorrentes do seu contexto de trabalho.

1- Nada exigido 2- Pouco exigido 3- Mais ou menos exigido

4- Bastante exigido 5- Totalmente exigido Questões: Resposta

1 Ter controle das emoções 1 2 3 4 5

2 Ter que lidar com ordens contraditórias 1 2 3 4 5

3 Ter custo emocional 1 2 3 4 5

4 Ser obrigado a lidar com agressividade dos outros 1 2 3 4 5

5 Disfarçar os sentimentos 1 2 3 4 5

6 Ser obrigado a elogiar as pessoas 1 2 3 4 5

7 Ser obrigado a ter bom humor 1 2 3 4 5

8 Ser obrigado a cuidar da aparência física 1 2 3 4 5

9 Ser bonzinho com todos 1 2 3 4 5

10 Transgredir valores éticos 1 2 3 4 5

11 Ser submetido a constrangimentos 1 2 3 4 5

12 Ser obrigado a sorrir 1 2 3 4 5

13 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5

14 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5

15 Ser obrigado a lidar com imprevistos 1 2 3 4 5

16 Fazer previsão de acontecimentos 1 2 3 4 5

17 Usar a visão de forma contínua 1 2 3 4 5

18 Usar a memória 1 2 3 4 5

19 Ter desafios intelectuais 1 2 3 4 5

20 Fazer esforço mental 1 2 3 4 5

21 Ter concentração mental 1 2 3 4 5

22 Usar a criatividade 1 2 3 4 5

23 Usar a força física 1 2 3 4 5

24 Usar os braços de forma contínua 1 2 3 4 5

25 Ficar em posição curvada 1 2 3 4 5

26 Caminhar 1 2 3 4 5

27 Ser obrigado a ficar de pé 1 2 3 4 5

28 Ter que manusear objetos pesados 1 2 3 4 5

29 Fazer esforço físico 1 2 3 4 5

30 Usar as pernas de forma contínua 1 2 3 4 5

31 Usar as mãos de forma repetida 1 2 3 4 5

32 Subir e descer escadas 1 2 3 4 5

ANEXO B

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ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS DANOS RELACIONADOS

AO TRABALHO (EADRT) - ITRA

Os itens a seguir tratam dos tipos de problemas físicos, psicológicos e sociais

que você avalia como causados, essencialmente, pelo seu trabalho. Marque o

número que melhor corresponde à frequência com a qual eles estiveram

presentes na sua vida nos últimos seis meses.

0- Nenhuma vez 1- Uma vez 2- Duas vezes 3- Três

vezes 4- Quatro vezes 5- Cinco vezes 6- Seis ou mais

vezes

Questões: Resposta

1 Dores no corpo 0 1 2 3 4 5 6

2 Dores nos braços 0 1 2 3 4 5 6

3 Dor de cabeça 0 1 2 3 4 5 6

4 Distúrbios respiratórios 0 1 2 3 4 5 6

5 Distúrbios digestivos 0 1 2 3 4 5 6

6 Dores nas costas 0 1 2 3 4 5 6

7 Distúrbios auditivos 0 1 2 3 4 5 6

8 Alterações do apetite 0 1 2 3 4 5 6

9 Distúrbios na visão 0 1 2 3 4 5 6

10 Alterações do sono 0 1 2 3 4 5 6

11 Dores nas pernas 0 1 2 3 4 5 6

12 Distúrbios circulatórios 0 1 2 3 4 5 6

13 Insensibilidade em relação aos colegas 0 1 2 3 4 5 6

14 Dificuldades nas relações fora do trabalho 0 1 2 3 4 5 6

15 Vontade de ficar sozinho 0 1 2 3 4 5 6

16 Conflitos nas relações familiares 0 1 2 3 4 5 6

17 Agressividade com os outros 0 1 2 3 4 5 6

18 Dificuldade com os amigos 0 1 2 3 4 5 6

19 Impaciência com as pessoas em geral 0 1 2 3 4 5 6

20 Amargura 0 1 2 3 4 5 6

21 Sensação de vazio 0 1 2 3 4 5 6

22 Sentimento de desamparo 0 1 2 3 4 5 6

23 Mau-humor 0 1 2 3 4 5 6

24 Vontade de desistir de tudo 0 1 2 3 4 5 6

25 Tristeza 0 1 2 3 4 5 6

26 Irritação com tudo 0 1 2 3 4 5 6

27 Sensação de abandono 0 1 2 3 4 5 6

28 Dúvida sobre a capacidade de fazer tarefas 0 1 2 3 4 5 6

29 Solidão 0 1 2 3 4 5 6

ANEXO C

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ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO (ICT)

Tuomi, et al. (2005); Martinez et al. (2009)

Suponha que a sua melhor capacidade para o trabalho tem um valor igual a 10 pontos.

1) Assinale com um X um número na escala de zero à dez, que designe quantos pontos você

daria para sua capacidade de trabalho atual:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Estou incapaz para o trabalho

Estou em minha melhor

capacidade

para o trabalho

2) Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências

físicas do mesmo? (Por exemplo, fazer esforço físico com partes do corpo).

Muito boa. 5

Boa. 4

Moderada. 3

Baixa. 2

Muito Baixa. 1

3) Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências

mentais do seu trabalho? (Por exemplo, interpretar fatos, resolver problemas, decidir a

melhor forma de fazer).

Muito boa. 5

Boa. 4

Moderada. 3

Baixa. 2

Muito Baixa. 1

4) Em sua opinião, quais das lesões por acidentes ou doença citadas abaixo você possui

ATUALMENTE. Marque também aquelas que foram confirmadas pelo médico. Em minha

Opinião

Diagnóstico

Médico

01 Lesões nas costas. 2 1

02 Lesões nos braços/mãos. 2 1

03 Lesões nas pernas/pés. 2 1

04 Lesões em outras partes do Corpo. 2 1

Onde? ____________. Que tipo de Lesão? ______________________________.

05 Doença da parte superior das costas ou região do

pescoço, com dores frequentes.

2 1

06 Doença da parte inferior das costas com dores

frequentes.

2 1

07 Dor nas costas que se irradia para a perna (ciática). 2 1

08 Doença musculoesquelética que afeta membros (braços

e pernas) com dores frequentes.

2 1

09 Artrite reumatoide. 2 1

10 Outra doença musculoesquelética. 2 1

Qual?__________________________________________________

11 Hipertensão arterial (pressão alta). 2 1

12 Doença coronariana, dor no peito durante o exercício 2 1

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(angina pectoris).

13 Infarto do miocárdio, trombose coronariana. 2 1

14 Insuficiência cardíaca. 2 1

15 Outra doença cardiovascular. 2 1

Qual?________________________________________________

16 Infecções repetidas do trato respiratório (inclusive

amidalite, sinusite, aguda, bronquite aguda).

2 1

17 Bronquite crônica. 2 1

18 Sinusite crônica. 2 1

19 Asma. 2 1

20 Enfisema. 2 1

21 Tuberculose pulmonar 2 1

22 Outra doença respiratória. 2 1

Qual?________________________________________________

23 Distúrbio emocional severo (depressão severa). 2 1

24 Distúrbio emocional leve (depressão leve, tensão,

ansiedade, insônia).

2 1

25 Problema ou diminuição da audição. 2 1

26 Doença ou lesão da visão (não assinale se apenas usa

óculos e/ou lentes de contato de grau).

2 1

27 Doença neurológica (acidente vascular cerebral ou

“derrame”, neuralgia, enxaqueca, epilepsia).

2 1

28 Outra doença neurológica ou dos órgãos dos sentidos. 2 1

Qual? ________________________________________________

29 Pedras ou doença da vesícula biliar. 2 1

30 Doença do pâncreas ou do fígado. 2 1

31 Úlcera gástrica ou duodenal. 2 1

32 Gastrite ou irritação duodenal. 2 1

33 Colite ou irritação do cólon. 2 1

34 Outra doença digestiva. 2 1

Qual? ________________________________________________

35 Infecção das vias urinárias. 2 1

36 Doença dos rins. 2 1

37 Doença nos genitais e aparelho reprodutor (problemas

nas trompas ou próstata)

2 1

38 Outra doença geniturinária. 2 1

Qual? ________________________________________________

39 Alergia, eczema. 2 1

40 Outra erupção. 2 1

Qual? ________________________________________________

41 Outra doença de pele. 2 1

Qual? ________________________________________________

42 Tumor benigno. 2 1

43 Tumor maligno (câncer). 2 1

Onde? _______________________________________________

44 Obesidade. 2 1

45 Diabetes. 2 1

46 Bócio ou outra doença da tireóide. 2 1

47 Outra doença endócrina ou metabólica. 2 1

Qual? ________________________________________________

48 Anemia. 2 1

49 Outra doença do sangue. 2 1

Qual? _______________________________________________

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50 Doença congênita (desde o nascimento). 2 1

Qual? ________________________________________________

51 Outro problema ou doença. 2 1

Qual? ________________________________________________

5) Sua lesão ou doença é um impedimento para seu trabalho atual? (Você pode marcar mais

de uma resposta nesta pergunta).

Não há impedimento / Eu não tenho doenças. 6

Eu sou capaz de fazer meu trabalho, mas ele me causa alguns sintomas. 5

Algumas vezes preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus

métodos de trabalho.

4

Frequentemente preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus

métodos de trabalho.

3

Por causa de minha doença sinto-me capaz de trabalhar apenas em tempo

parcial.

2

Em minha opinião estou totalmente incapacitado para trabalhar. 1

6) Quantos dias inteiros você esteve fora do trabalho, por causa de problemas de saúde,

consulta médica ou para fazer exame, durante os últimos 12 meses?

Nenhum. 5

Até 9 dias. 4

De 10 a 24 dias. 3

De 25 a 99 dias. 2

De 100 a 365 dias. 1

7) Considerando sua saúde, você acha que será capaz de, daqui a 2 anos, fazer seu trabalho

atual?

É improvável. 1

Não estou muito certo. 4

Bastante provável. 7

8) Recentemente você tem conseguido apreciar suas atividades diárias?

Sempre. 4

Quase sempre. 3

Ás vezes. 2

Raramente. 1

Nunca. 0

9) Recentemente você tem se sentido ativo e alerta?

Sempre. 4

Quase sempre. 3

Ás vezes. 2

Raramente. 1

Nunca. 0

10) Recentemente você tem se sentido cheio de esperança para o futuro?

Continuamente. 4

Quase sempre. 3

Ás vezes. 2

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Raramente. 1

Nunca. 0

Consentimento informado (promoção e manutenção da capacidade para o trabalho em geral).

Você consente que um resumo desses dados e do escore de sua capacidade para o

trabalho sejam incluídos em seu prontuário de saúde?

( ) Sim ( ) Não

ANEXO D

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PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)

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