DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013-06-14 · em busca do desenvolvimento social e...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
CIDADANIA, CONSUMO E SUSTENTABILIDADE
Dorothi Klein Giraldelli1 Tarcísio Vanderlinde2
Resumo
Este artigo é o resultado do trabalho de implementação pedagógica de Projeto de Pesquisa direcionado às práticas de consumo e suas ações para a sustentabilidade, enfatizando ações coletivas, procurando fazer com que os padrões e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis, atividade esta solicitada à autora como conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. Toda comunidade escolar de um Colégio Estadual de Cascavel/PR teve oportunidade de participar das ações, criando condições viáveis e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, buscando novos paradigmas que promovessem racionalidade nas relações de consumo no intuito de o homem e a natureza poder caminhar juntos em busca do desenvolvimento social e econômico de sua região. Com a atividade procurou-se minimizar os problemas ambientais da rua, do bairro, da cidade que vai desde um simples gesto de não jogar papel no chão ou se movimentar em defesa do Meio Ambiente. A efetiva implementação de princípios da Agenda 21 na atividade desenvolvida vem em busca de mobilização e formação de parcerias viabilizando as ações que darão conta em parte das mudanças de comportamento e estilos de vida, inclusive refletindo nos padrões de consumo e produção em direção à sustentabilidade.
Palavras-chave : Sustentabilidade; consumo; sociedade; meio ambiente.
1Professora de Geografia, graduada pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino - UNOPAR de Londrina, Professora no Colégio Estadual Professor Victório Emanuel Abrozino – EFM – Cascavel – PR. 2Doutor em História, graduado em Geografia. Professor Adjunto do Centro de Ciências e Letras - CCHEL/UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon, Paraná. Ministra as disciplinas de Organização do Espaço Mundial e Tópicos Especiais em Geografia: Messianismo, territorialidade e história. [email protected].
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1. Introdução
O presente artigo é o resultado do trabalho de implementação pedagógica
de Projeto de Pesquisa direcionado às práticas de consumo e suas ações para a
sustentabilidade, enfatizando ações coletivas, procurando fazer com que os padrões
e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis, pesquisa esta solicitada à
autora como conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009,
oferecido pela Secretaria de Estado de Educação do Paraná aos professores da
rede pública estadual de ensino.
O texto defende que há caminhos para melhorar e ajudar a escola e o bairro
como um todo a tomar decisões adequadas em relação ao meio ambiente. Propõe
que seja criado seu próprio conjunto de prioridades e que mobilize atividades em
torno da Agenda 21. Pois, assim, algumas decisões com a comunidade escolar
serão ambientalmente pertinentes às ações que se quer realizar.
Ampara-se no fato de que os grandes problemas ambientais das últimas
décadas, também interessam ao conjunto da humanidade, e não apenas aos países
campeões da devastação. Se um governo não toma providências quanto à poluição
depositada no ar de suas cidades e campos, em seus rios ou em suas águas
territoriais, os impactos ambientais resultantes podem ter repercussões globais. O
modo de vida de uma pequena parcela da humanidade, baseado no uso intensivo
dos recursos naturais e no consumo desenfreado está pondo em risco a riqueza
ambiental do Planeta. E isso afeta a todos.
A proposta de trabalho que resultou na elaboração deste artigo foi discutida
amplamente, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas
individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas
e institucionais, procurando fazer com que os padrões e os níveis de consumo se
tornem mais sustentáveis. Mais do que uma estratégia de ação de consumo
sustentável é uma meta a ser atingida. Para ficar mais claro, trata-se de explicar se
é possível dizer “eu sou um consumidor verde” ou “eu sou um consumidor
sustentável”. A ação está presente em todas as iniciativas que conduzem à
“conscientização e à educação ambiental para a sustentabilidade”.
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A inovação e a transformação começam pelo processo educacional, que vai
além do aprendizado formal de “ler, escrever e fazer contas”, somada à
conscientização das responsabilidades do cidadão perante a sua família, a sua
comunidade e o seu país. Desta forma, foram oferecidas a todos da comunidade
escolar, oportunidades de participar das ações, criando condições viáveis e
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. É preciso buscar novos
paradigmas que promovam racionalidade nas relações de consumo, para que o
homem e a natureza possam caminhar juntos em busca do desenvolvimento social e
econômico de sua região, e, assim, ser possível amenizar os problemas ambientais
que sofre o Planeta. A possível solução para os problemas ambientais da rua, do
bairro, da cidade, até atingir o Planeta, vai de um simples gesto de não jogar papel
no chão ou se movimentar em defesa do Meio Ambiente.
Para que pudesse acontecer, a comunidade e toda a escola estiveram
cientes de que todos fazem parte de um todo, nunca esquecendo que estão dentro
de um ciclo ecológico. Enfim, se a escola pretende estar em consonância com as
demandas atuais da sociedade, é necessário de acordo com as Diretrizes
Curriculares Estaduais (2008), tratar de questões que interfiram no cotidiano dos
alunos. Um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos
sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e
cultural e às possíveis necessidades especiais para aprendizagem. Essas
características devem ser tomadas como potencialidades para promover a
aprendizagem dos conhecimentos que cabe à escola ensinar, para todos,
contribuindo para a formação de um cidadão participativo, plenamente reconhecido
e consciente de seu papel na sociedade. Isto é o que pretendeu o projeto de
intervenção pedagógica.
Almeja-se que alunos e professores se percebam com voz ativa, como
participantes nas decisões sobre questões analisadas e discutidas relacionadas a
diversos temas que referenciem a sua família, a escola, a comunidade e o
município.
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2 Cidadania, consumo e sustentabilidade: aprofundam ento teórico
2.1 Entendendo o que é sustentabilidade
Segundo Boff (2009), em Copenhague, capital da Dinamarca em dezembro
de 2009, os 192 representantes dos povos ali presentes, se confrontaram com uma
irreversibilidade: o planeta continua se aquecendo, e em grande parte por causa de
nosso modo de produzir, de consumir e de tratar a natureza. Só nos cabe
adaptarmo-nos às mudanças e mitigar seus efeitos perversos. Neste sentido, é
preciso concordar com o que defende a Carta da Terra (2009) quando reza que:
"Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a começar de novo.
Isto requer uma mudança na mente e no coração". (BOFF, 2009 p. 02).
É isso mesmo: não bastam remendos; precisamos recomeçar, quer dizer,
encontrar uma forma diferente de habitar a Terra, de produzir e de consumir com
uma mente cooperativa e um coração compassivo. A possibilidade de admirar o
mundo implica em estar não apenas nele, mas com ele. Ela viveu mais de quatro
bilhões de anos sem nós e pode continuar tranquilamente sem nós. Nós não
poderemos viver sem a Terra, sem seus recursos e serviços. Temos que mudar. A
alternativa à mudança é aceitar o risco de nossa própria destruição e de uma terrível
devastação da biodiversidade. Qual é a causa? É o sonho de buscar a felicidade
que se alcança pela acumulação de riqueza material e pelo progresso sem fim,
usando para isso a ciência e a técnica com as quais se podem explorar de forma
ilimitada todos os recursos da Terra. Essa felicidade é buscada individualmente,
entrando em competição uns com os outros, favorecendo assim o egoísmo, a
ambição e a falta de solidariedade. Raramente se colocou a questão: pode uma
Terra finita suportar um projeto infinito? A resposta nos vem sendo dada pela própria
Terra. Ela não consegue sozinha, repor o que se extraiu dela; perdeu seu equilíbrio
interno por causa do caos que criamos em sua base físico-química e pela poluição
atmosférica que a fez mudar de estado. A continuar por esse caminho,
comprometeremos nosso futuro (BOFF, 2009, p. 02).
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É importante a busca de uma visão mais realista no que se refere ao
equilíbrio entre o crescimento do progresso e a humanidade, tornando-se de suma
importância que se busque a conscientização e a tão desejada sobrevivência
planetária. Na ótica de Wilson (2002, p. 64)
Hoje em dia, tornou-se necessária uma visão mais realista do progresso humano. Por toda parte, a superpopulação e o desenvolvimento desordenado estão destruindo os habitats naturais e reduzindo a diversidade biológica. No mundo real, governado igualmente pela economia natural e pela economia de mercado, a humanidade está travando uma guerra feroz contra a natureza. Se continuar assim, obterá uma vitória de Pirro, na qual primeiro sofrerá a biosfera e depois a humanidade.
É preciso analisar que a natureza não deve ser observada somente sob o
aspecto econômico e como um bem de consumo. A relação de consumo evoluiu no
decorrer dos tempos, mas é importante que a mesma busque a racionalidade para
atingir a sustentabilidade, da qual, poderá haver futuras operações de consumo. Na
concepção de Enrique Leff (2005, p. 15)
O princípio de sustentabilidade surge no contexto da globalização como a marca de um limite e o sinal que reorienta o processo civilizatório da humanidade. A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza. A sustentabilidade ecológica aparece assim como um critério normativo para a reconstrução da ordem econômica, como uma condição para a sobrevivência humana e um suporte para chegar a um desenvolvimento duradouro, questionando as próprias bases da produção.
Urge perceber a verdadeira importância do equilíbrio entre o progresso, a
relação de consumo com o Meio Ambiente, para que as futuras gerações possam
usufruir do mesmo, sendo que é um direito delas e um dever nosso de proporcionar
um Meio Ambiente saudável. Para Leff (2004), o discurso da sustentabilidade busca
reconciliar os contrários da dialética do desenvolvimento: o Meio Ambiente e o
6
crescimento econômico. Outros indicadores são importantes, desde que eles não se
fundamentem apenas em critérios de rentabilidade econômica.
2.2 A Tríade da Sustentabilidade
Devido à importância do resgate da dívida que se tem com o planeta como
maneira de deixar um legado para as futuras gerações, faz-se necessário uma nova
concepção de poder. O homem deve buscar entender a complexidade do poder,
entender suas diversas formas de se portar, somente assim, chegará ao encontro de
um saber humano sistematizado e justo. A racionalidade humana deve ser voltada
para uma visão biocêntrica, preocupada com todos os seres que a cercam, além de
verificar que o ser humano não é dono e senhor de tudo e, sim, parte do todo, além,
de ser extremamente dependente das relações ecossistêmicas. E, o consumo deve
ser ordenado para satisfazer as necessidades básicas da humanidade, sem tornar a
natureza um meio de comércio. Quando for atingida esta tríade de objetivos será
possível chegar à sustentabilidade, pois, todos os fatores inerentes a ela estarão em
equilíbrio constante.
A sustentabilidade é a porta, o fim, o rumo adequado para a existência da
vida, do poder, da racionalidade, do consumo, e, a possibilidade de ascender o
equilíbrio de ambas as forças.
Nesta tríade, percebe-se que, enquanto o poder for considerado o núcleo
motor/propulsor da sociedade, ou seja, enquanto tudo girar em torno do mesmo; a
racionalidade humana estiver voltada para uma visão antropocêntrica, isto é, o
homem for o dono e senhor de tudo, proprietário das coisas; e, o consumo for feito
de forma exacerbada, tornando a natureza um meio de comércio, retirando dela
todos os recursos, e, não lhe dando nada em troca, jamais será possível chegar à
sustentabilidade.
7
2.3. A problemática da Sustentabilidade
A problemática da sustentabilidade assume, no final de século XX, um papel
central na reflexão em torno das dimensões do desenvolvimento e das alternativas
que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades
contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente está se
tornando cada vez mais complexo, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.
Jacobi (1997) apud Strong (1973, p.175) utilizou pela primeira vez o conceito
de ecodesenvolvimento para caracterizar uma concepção alternativa de política de
desenvolvimento. Os princípios básicos foram formulados por Ignacy Sachs (1993,
p. 29), tendo como pressuposto a existência de cinco dimensões do
ecodesenvolvimento, a saber:
• Sustentabilidade social;
• Sustentabilidade econômica;
• Sustentabilidade ecológica;
• Sustentabilidade espacial;
• Sustentabilidade cultural.
Desta maneira, introduz-se um importante dimensionamento da sua
complexidade, pois, esses princípios se articulam com as teorias de
autodeterminação que estavam sendo defendidas pelos países não-alinhados desde
a década de 60.
Para que a relação homem/natureza seja completa e harmônica, andando
em sincronização, se torna necessário a compreensão do mundo numa visão
sistêmica e ecológica da sociedade.
Para Vanderlinde (2009a, p. 65),
“a natureza sempre foi tratada como recurso a ser explorado como algo a ser dominado e remodelado, segundo padrões de exigências que podem ser de ordem econômica ou política. Essas exigências nem sempre levam em conta possíveis desequilíbrios ambientais que possam resultar de ações indevidamente pensadas. É só com o passar do tempo que, às vezes, podemos concluir que o caminho construído poderia ter um outro traçado.”
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O consumo parece estar na raiz de nossos principais problemas ambientais.
Da forma como ele existe, parece ser letal. Na perspectiva lançada por Zygmunt
Bauman (1998, p. 56).
Se o consumo é a medida de uma vida bem sucedida, da felicidade e mesmo da decência humana, então foi retirada a tampa dos desejos humanos; nenhuma quantidade de aquisições e sensações emocionantes tem qualquer probabilidade de trazer satisfação da medida como ‘manter-se ao nível dos padrões’ outrora prometido: não há padrões cujo nível de se manter – a linha de chegada avança junto ao corredor, e as metas permanecem continuamente distantes, enquanto se tenta alcançá-las. Muito adiante, recordes continuam a ser quebrados.
Estamos chegando num ponto cada vez mais crítico quando analisamos as
questões ambientais consideradas catastróficas para o mundo, observando-se onde
não pode ser mantida a lógica, prevalecendo o aumento constante do consumo. Já
modificamos um pouco o modo de pensar e agir. O que precisamos urgentemente é
influenciar as pessoas para com os cuidados com o meio onde moram e o
consumismo que caminha a passos largos. O filme Avatar, bem explorado, pode
servir como um recurso didático importante para discutir a sustentabilidade
requerida. Segundo Vanderlinde ( 2010, p. A2),
Tal visão pode ser compartilhada a partir de uma análise do filme “Avatar”, dirigido por James Cameron. Indicado para muitas estatuetas do Oscar, “Avatar”, permite muitas leituras produtivas sobre sustentabilidade. Com um forte apelo espiritual, o filme pode ser utilizado com eficiência para explicar para crianças e adultos o que é sustentabilidade. Na história imaginada por Cameron, a clonagem pensada inicialmente para fins comerciais foi humanizada, e, a teoria Gaia se evidencia mostrando a complexidade da natureza como um organismo vivo e que merece ser cuidada com carinho.
No diálogo com o ambientalista Henrique Cortez, Vanderlinde conclui que
todos nós achamos que de uma forma ou de outra podemos enumerar receitas
“adequadas” ao ambiente, mas não somos capazes de adotar uma prática eficiente
em nosso cotidiano, pois estamos mal acostumados com as delícias do progresso.
9
Todos concordam com este “sacrifício”, desde que ele seja no quintal do vizinho.
Nosso delírio consumista já consome o equivalente a 1,4 planeta a mais do que
temos. E ninguém está disposto a reduzir o padrão de consumo (VANDERLINDE,
2009b, p. 02).
Atualmente, as questões ambientais e a crise que dela resulta, se impõem
perante a sociedade. Um dos instrumentos apresentados como meio para minimizar,
mitigar, essa problemática é a Educação Ambiental. No que concerne a esse
assunto, é necessário estimular um processo de reflexão e tomada de consciência
dos aspectos sociais que envolvem as questões ambientais emergentes, para que
se desenvolva uma maior compreensão crítica por parte de educadores e
educandos.
A competitividade comanda nossas formas de ação. O consumo comanda
nossas formas de inação. E a confusão dos espíritos impede o nosso entendimento
do mundo, do país, do lugar, da sociedade e de cada um de nós mesmos.
(SANTOS, 2005, p. 46).
Conforme a visão socioambiental, a responsabilidade social é um conceito
bastante amplo. Englobam vários elementos como a capacidade de ser plural,
transparente e sustentável. Sua base é sedimentada na ética e em valores morais
que devem partir de cada membro da sociedade. Não é uma ação unilateral; é uma
atitude parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social global, por uma
construção auto-sustentável de cidadania.
2.4 O Grande Desafio para as Próximas Décadas
Diante dos desafios para as próximas décadas é oportuna a análise
apresentada pelo autor que segue:
10 Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa ecoalfabetização, ou seja, de nossa habilidade de extrair conhecimento da natureza, entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles. Para tanto, a educação das atuais e próximas gerações para a compreensão dos paradigmas que mantém o ciclo da vida faz-se imprescindível. Educar para sustentabilidade significa ensinar ecologia profunda em uma maneira sistêmica e multidisciplinar. Significa conhecer não só o metabolismo natural, estudar os impactos das ações antrópicas no Meio Ambiente, mas também o metabolismo social com a natureza, as repercussões dos impactos dos ecossistemas nas próprias relações sociais, redesenhando as estruturas de classe e poder. A prática da Educação para Sustentabilidade deve objetivar e ser perpassada pela intencionalidade de promoção e pelo incentivo ao desenvolvimento de conhecimentos, valores, atitudes, comportamentos e habilidades que contribuam para a sobrevivência - a nossa e de todas as espécies e sistemas naturais do planeta, e para a emancipação humana. Educar para uma vida sustentável é promover o entendimento de como os ecossistemas sustentam a vida e assim obter o conhecimento e o comprometimento necessários para desenhar comunidades humanas sustentáveis. (DUALIBI, 2008).
Ou seja, atualmente o desafio de fortalecer uma educação ambiental é
prioritário para viabilizar uma prática educativa que articule a necessidade de se
enfrentar a degradação ambiental e os problemas sociais.
Nesse sentido o aluno precisa ser situado com repertórios pedagógicos que
devem ser amplos e interdependentes, visto que a questão ambiental está
associada a diversas dimensões humanas. Contudo, as questões costumam
esbarrar no nosso viciado padrão de consumo.
Os professores (as) devem estar cada vez mais preparados para reelaborar
as informações que recebem, e dentre elas, as ambientais, a fim de poderem
transmitir e decodificar para os alunos a expressão dos significados sobre o Meio
Ambiente.
A ênfase deve ser a capacitação para perceber as relações entre as áreas e
como um todo, enfatizando uma formação local/global, buscando ampliar cada vez
mais a necessidade do envolvimento público por meio de iniciativas que possibilitem
um aumento do nível de consciência ambiental dos moradores, garantindo a
informação e a consolidação institucional de canais abertos para a participação
numa perspectiva pluralista.
11
A educação ambiental deve destacar os problemas ambientais que
decorrem da desordem e degradação da qualidade de vida nas cidades e regiões.
Neste sentido, BOFF (2009, p. 2) nos diz que:
A pior coisa que nos pode acontecer é deixar que as coisas corram como estão correndo. Aí entraríamos nos anos por volta de 2030 na era da tribulação, da desolação. Por isso, já agora pelo menos 2% do Produto Interno Bruto Mundial deve ser aplicado para adaptar-se à nova situação e minorar os efeitos deletérios do aquecimento global e tentar segurar a ascensão do clima em até 2-3graus Celsius, que permitiria ainda administrar o equilíbrio do planeta. Isso importa em cerca de 450 bilhões de dólares anuais a partir de agora. Tardando alguns anos será necessário um trilhão de dólares anuais. Por isso, cada pessoa deve oferecer sua colaboração para salvação de todos.
3 Aplicação da proposta: metodologia
Em resposta à coordenação do PDE (SEED), foi realizado Grupo de Trabalho
em Rede (GTR), na modalidade de Educação à distância, com professores, através
do qual foram aprimorados os estudos buscando unir a teoria à prática, procurando
assumir no âmbito escolar ações concretas para uma prática educativa autêntica,
pois é o professor quem vivencia o dia-a-dia do processo de ensino aprendizagem.
Este trabalho promoveu reflexões com a finalidade de despertar a consciência social
e fazer com que os alunos envolvidos atuem como cidadãos engajados, dispostos a
questionar e a confrontar a base estrutural e a natureza da ordem social.
Neste contexto do GTR, junto a um grupo de 25 professores de Geografia da
Rede Pública, onde 18 professores concluíram o curso, foi articulado o Projeto:
Cidadania, Consumo e Sustentabilidade, contribuindo com práticas didático-
pedagógicas para construção de uma sociedade que busque um desenvolvimento
mais sustentável no exercício de sua cidadania.
No intuito de reforçar o compromisso, foi apresentado o Plano de Ações para
a Sustentabilidade a todos da escola, com a finalidade de formar cidadãos cada vez
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mais comprometidos com a defesa do Meio Ambiente, e assim motivar professores,
alunos e comunidade para juntos transformar em potenciais caminhos de
dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade
baseada na educação para a participação. A partir destas ações, esperamos
contribuir para a ampliação da comunicação sobre a sustentabilidade e para o
estabelecimento de práticas sustentáveis.
As ações com a comunidade escolar foram estruturadas em diferentes
focos:
• Foi apresentado a todos da escola (professores, funcionários e alunos)
o Projeto de Intervenção Pedagógica. Sendo que o objetivo foi de construir
com os professores em geral e em especial os de Geografia as bases para
inserção do trabalho na escola enfatizando a Educação para a
Sustentabilidade.
• Para endossar a proposta, foi trabalhado com os professores de
Geografia e Ciências, o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola,
partindo então para o desenvolvimento das atividades. Após o trabalho com
os alunos os professores chegaram a esta conclusão: o engajamento e a
dedicação de todos que participaram do Projeto de Intervenção,
considerando que devemos e precisamos mudar nossas atitudes e caminhar
na busca de melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento
sustentável para todos.
• Prosseguindo com as atividades do Projeto já citado, foi organizado um
grupo de alunos, formando os “Agentes Sócios – Ambientais”, visando à
reflexão sobre nossa condição de habitante do Planeta Terra e promovendo
certamente, mudanças de hábitos na escola como um todo, fazendo com
que os alunos coloquem em prática o exercício da cidadania ecológica. Com
isso foram desencadeadas diversas atividades na escola, (Semana da Água,
Semana do Meio Ambiente, Plantio de Árvores, Aluno Cidadão e outros),
permeando com diversos conteúdos em sala de aula em todas as séries do
Ensino Fundamental e Médio. A formação de agentes sócioambientais torna-
se necessária para disseminar informações e estimular ações de Educação
Ambiental voltadas para o uso e a conservação da água e da energia, bem
13
como o destino do lixo, entre outras. Por isso, esta ação foi desenvolvida no
sentido de promover a cooperação e a comunicação interdisciplinar entre
todos da escola e da comunidade, sendo um primeiro passo para elaborar e
aplicar com sucesso um projeto ambiental para a sustentabilidade local.
• A Agenda 21 já é uma das principais atividades elencadas nos vários
projetos desenvolvidos na escola desde 2006. Ela se tornou o carro chefe
das ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Com projetos
coletivos, grandes transformações ajudam a conduzir os passos da Agenda
21 na escola. Assim, com pequenos grupos de alunos saímos para uma
pesquisa de campo, onde observamos no entorno da escola, inúmeros
casos de degradação da natureza, deterioração do Meio Ambiente, rios
contaminados pelo lixo e esgoto, desmatamentos e queimadas.
Aprofundou-se assim, o compromisso das pessoas em cada comunidade por
meio da Agenda 21 Escolar – Local. Estimulando alunos e professores das
decisões, onde podem ser exercitadas como forma de exemplificar os efeitos
da adoção da ação comunicativa em práticas cotidianas. Ao criar um
contexto ou uma estrutura para o aprendizado através da ação, estaremos
encorajando a compreensão, as habilidades e os valores necessários para a
sustentabilidade. Os alunos, orientados por seus professores,
desenvolveram trabalhos na escola com vistas a soluções dos problemas
ambientais prioritários, dentro das possibilidades físicas e dos recursos
disponíveis e a escola como um todo esteve e estará colaborando com a
Agenda 21 Escolar.
• Continuando as atividades da Agenda 21 Escolar – Local foi enviado
para os pais um questionário onde foram abordadas questões relativas
sobre o Senso Socioambiental, com a finalidade de propor e programar
ações que amenizem os problemas para o nosso bairro garantindo assim um
futuro melhor para os nossos filhos e netos.
Assim, almejou-se incentivar a comunidade escolar para adotar uma posição
mais consciente e participativa na utilização e conservação dos recursos naturais,
contribuindo para a diminuição contínua das disparidades sociais e do consumismo
desenfreado.
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A preocupação com a preservação do Meio Ambiente e a melhoria da
qualidade de vida, tornou-se algo cotidiano, e a Educação Ambiental se apresenta
como um campo de estudos preocupado com a formação de pessoas conscientes.
Podemos observar ao nosso redor inúmeros casos de degradação da natureza,
deterioração do Meio Ambiente, rios contaminados pelo lixo e esgoto, matança
ilegal, desmatamentos e queimadas.
Na Agenda 21, estão marcados os compromissos da humanidade com o
século XXI, visando garantir um futuro melhor para o Planeta, respeitando-se o ser
humano e o seu ambiente. Aprofundando o compromisso das pessoas em cada
comunidade por meio da Agenda 21 Escolar – Local.
A Agenda 21 local, é a forma de buscar soluções sustentáveis para os
problemas, como: transporte, saúde, estradas, moradia, lazer, segurança, renda,
cultura e escola, mediante uma visão holística das questões sociais, econômicas e
ambientais, e num esforço coletivo para a construção de um futuro melhor. Esta
Agenda pode ser o resultado do compromisso de cada grupo social, incluindo as
escolas. (BRASIL, 2004).
4 Resultados e Conclusões
Os professores que participaram do GTR no qual a professora e autora
deste artigo foi tutora compartilharam da ideia de que é necessário aplicar projetos
que sejam transformadores no que se refere ao desenvolvimento sustentável. Pois,
além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de
consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e
institucionais, criando condições viáveis e contribuindo para a melhoria da qualidade
de vida, e assim, podendo amenizar os problemas para o Planeta.
O questionário aplicado para os pais dos alunos através do censo
socioambiental procurou trabalhar em parte o conceito de responsabilidade social,
que a princípio começou a ganhar espaço nas discussões em empresas,
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comunidades, associações de bairros e ONGs, na busca de um novo pensar e agir
em favor do coletivo, comprometido com o resgate da cidadania, assumindo uma
posição de co-responsabilidade, na busca do bem-estar público, em articulação com
as políticas sociais.
Através dos gráficos, será demonstrada a situação das famílias da
comunidade escolar. Os dados foram coletados através de pesquisa de campo
realizada com a ajuda dos alunos do colégio.
GRÁFICO 1 – Renda Familiar
Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
GRÁFICO 2 – Quantas pessoas moram juntas na mesma casa Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
21
29 33
12 3
1 salario
de 1 a 2
de 3 a 5
de 5 a 10
mais de 10
6
74
17
1
2 pessoas
de 3 a 5
de 5 a 10
mais de 10
16
GRÁFICO 3 – Quantas pessoas trabalham da família
Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
Analisando os gráficos acima é importante ressaltar que grande parte das
famílias do bairro são de classe média, residem na casa em média de três a cinco
pessoas e são trabalhadores uma ou duas pessoas da família. Essas famílias
buscam responsabilidades no que se refere aos cuidados com o meio onde moram.
E no dia-a-dia trabalham em prol de ações comunitárias tendo em mente valores de
consciência social que os ajudam a atuar juntos melhorando a qualidade de vida de
todos da comunidade.
Grupos de alunos objetivaram diagnosticar as condições ambientais na visão
deles, estimulando a comunidade à reflexão e a entender os problemas, as causas e
a busca de soluções para minimizar os problemas no entorno da escola e na
comunidade. Assim organizamos vários encontros com a comunidade onde foram
abordados temas sobre cidadania, meio ambiente e outros que precisaram ser
trabalhados com os pais da comunidade no intuito de melhorar as condições de vida
do bairro.
44
43
10 1
1 pessoa 2 pessoas 3 pessoas 4 ou mais pessoas
17
Na sequência de gráficos, estão demonstrados dados referentes à questão
ecológica ou ambiental da comunidade estudada:
GRÁFICO 4 – O bairro possui... Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
GRÁFICO 5 – No quintal tem...
Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
28
13
25 Bosque ou parque Praças Quadra de Esportes
36
16
48
62 50
82
0102030405060708090
Horta Pomar Jardim
simnão
18
GRÁFICO 6 – Saneamento Básico Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
GRÁFICO 7 – Coleta de Lixo
Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
GRÁFICO 7 – Coleta de Lixo – Recolhimento por Semana. Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
95 98 96 89
3 2 9
69
29
0
20
40
60
80
100
120
Banheiro Água tratada Luz elétrica Asfalto Esgoto
sim não um dois ou mais
6 20
70
2
Uma Duas
Três Nenhuma
19
GRÁFICO 8 – Meio Ambiente nos arredores das casas Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
GRÁFICO 8 – Meio Ambiente nos arredores das casas
Fonte: Dados da pesquisadora (2009)
Diante dos dados expostos nos gráficos acima, os quais demonstram
aspectos relacionados ao ambiente em que a comunidade escolar estudada está
inserida, é possível apurar que se deve restringir a preservação dos ambientes
começando pela escola e comunidade, envolvendo saneamento, saúde, cultura,
decisões sobre políticas de energia, de transportes, de educação, ou de
desenvolvimento.
Na referida pesquisa procurou-se: estudar as implicações sócio-ambientais
resultantes dos problemas causados pela degradação ambiental; verificar se tais
problemas detectados serviram de base para despertar na comunidade a
necessidade de um programa de Educação Ambiental, voltado essencialmente para
a formação de uma consciência ecológica e para o desenvolvimento sustentável.
Por isso, torna-se necessária a formação de agentes sócio-ambientais para
disseminar informações e estimular ações de Educação Ambiental voltadas para o
uso e a conservação da água e da energia, bem como o destino do lixo, entre
outras. Assim toda a comunidade se envolveu na realização de projetos dos quais
resultaram em algumas melhorias para a comunidade em geral, ligada
principalmente à questão ambiental.
25
48 45
72
12
73
50 53
26
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100
Rio, córreogo ou nascentes
Coleta seletiva do
Ecolixo
Separa o lixo para ser
reciclado
Terrenos baldios com
matagal
Há indústrias
sim não
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5 Considerações Finais
Este artigo é resultado de iniciativa de fortalecimento da auto-estima,
capacitação para gestão e planejamento estratégico, visando a promoção e a
integração de programas voltados para a temática socioambiental e a alfabetização
ecológica.
A ação serviu como estímulo a alunos e professores, levando-os a buscar
juntos alternativas que auxiliassem na tomada de decisões, na sensibilização da
consciência socioambiental, no interesse de mais conhecimento e de se apaixonar
pelo mundo.
Desta maneira a atividade contribuiu para a percepção de que ninguém está
só e que o planeta é a morada de todos os seres vivos. Despertando assim, um
novo olhar sobre o Meio Ambiente, bem como, admiração e respeito pelo local onde
vivem.
Atualmente, as questões ambientais e a sua crise se impõem perante a
sociedade. Um dos instrumentos apresentados como meio para minimizar essa
problemática é a Educação Ambiental.
A Agenda 21 Escolar veio para impulsionar este trabalho na comunidade com
iniciativas de promover ações, compromissos e responsabilidades para a
Sustentabilidade, estimulando práticas de atividades de cultura, esporte, lazer e
entretenimento dirigidos às populações residentes na comunidade. Assim,
encorajando projetos para a Sustentabilidade com a participação de todos os
envolvidos para uma a alfabetização ecológica, libertadora e crítica.
No que concerne a esse assunto, é necessário estimular um processo de
reflexão e tomada de consciência dos aspectos sociais que envolvem as questões
ambientais emergentes, para que se desenvolva uma maior compreensão crítica por
parte de professores e alunos.
Sensibilizar a comunidade se torna necessário para que se promova uma
relação das pessoas com o meio onde vivem. Lembrar que elas pertencem ao
planeta, fazem parte do Meio Ambiente e precisam dele para sua “sobrevivência”.
Enfim, levá-la a conhecer o ambiente em que vivem e a diagnosticar seus problemas
e a estabelecer soluções de modo coletivo, propicia a reflexão sobre o exercício da
21
cidadania, estimula a responsabilidade socioambiental, busca autonomia em suas
ações e colabora para a melhoria da qualidade de vida na rua, no bairro, na cidade e
no Planeta.
Ter conhecimento sobre tudo isso implica em uma nova forma de viver,
relacionando-se melhor com a natureza que o rodeia. Encerrando-se a reflexão, é
importante lembrar que esse novo olhar para as causas naturais está implícito nos
valores, na ética do cuidado e, principalmente, nos sentimentos. Enfim, uma
mudança do modo de ser e de viver só se torna possível na adoção prática de
formas mais sustentáveis de vida.
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Referências
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