DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013. 6. 14. · atividade solitária. O produtor do texto e...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: A CONSTRUÇÃO DA INTERLOCUÇÃO
AUTOR/LEITOR/BLOG NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE
TEXTO
MARIA APARECIDA NASCIMENTO
MARINGÁ
2010
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: A CONSTRUÇÃO DA INTERLOCUÇÃO
AUTOR/LEITOR/BLOG NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE
TEXTO
MARIA APARECIDA NASCIMENTO
Plano de Trabalho desenvolvido por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de Língua Portuguesa, com o tema de Produção Didático- Pedagógica: A Construção da Interlocução Autor/Leitor/Blog no Processo de Produção de Texto. Orientador: Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio
MARINGÁ 2010
SUMÁRI0
1. INTRODUÇÃO 04
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 06
3. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA 10
Módulo 1: Blog: origem, função e criação 10
Módulo 2: Explorando o gênero entrevista 15
Módulo 3: Explorando o gênero conto 31
Módulo 4: Explorando o gênero resenha 47
4. REFERÊNCIAS 62
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1. INTRODUÇÃO
As teorias relacionadas ao ensino dos gêneros textuais requerem um
ensino/aprendizagem mais significativo para o aluno, voltado ao uso da linguagem
como interação, estabelecendo uma prática comunicativa concreta em que os textos
tenham circulação na prática social. E, Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são
aprendidos com a linguagem por meio de enunciados concretos. Como prática, eles
moldam os discursos em formas de gêneros. Assim, tendo em vista a necessidade
discursiva, o indivíduo se obriga a apreender determinadas construções
composicionais que se evidenciam pela padronização.
No âmbito escolar, estabelece-se uma prática de escrita em que, muitas
vezes, o aluno escreve para único interlocutor: o professor. Desse modo, ela se
transforma em um processo artificial que interfere na feitura do texto. Conforme
Geraldi (1984), “Ao descaracterizar o aluno como sujeito, impossibilita-lhe o uso da
linguagem. Na redação, não há um sujeito que diz, mas um aluno que devolve ao
professor a palavra que foi dita pela escola”. Neste sentido, o educando se anula,
pois, na maioria das vezes, o texto objetiva-se apenas à correção e não a uma
prática comunicativa em que a produção textual resulte em uma transmissão de
sentido. Com isso, muitas vezes, ele acaba perdendo a espontaneidade, a
criatividade e, até mesmo, a vontade de escrever.
Em seu livro Portos de Passagem, Geraldi (1995) afirma que são as
condições de produção de texto que moldam o texto escrito, ou seja, o tema, a
especificidade do gênero, local de circulação e o interlocutor eleito. Já Bakhtin
(1997), enfatiza o interlocutor como fator inerente ao texto escrito. O discurso para o
ator é dialógico, porque é feito e determinado em função do outro pelo qual se
espera uma atitude responsiva. Desse modo, a prática de escrita não é uma
atividade solitária. O produtor do texto e o seu interlocutor constroem juntos o texto e
seus sentidos, pois é na alteridade que o ser humano se completa, o outro é
fundamental para sua concepção.
Como prática pedagógica, a função do professor é propiciar ao aluno
conhecimento e a elaboração de diferentes gêneros textuais e discursivos para que
5
este empregue de forma consciente as práticas linguísticas que realmente tenham
significado para si.
Nesse sentido, a transformação acontece a partir do educador, pois não basta
ter um discurso é preciso modificar suas práticas educativas. Para tanto, se faz
necessário, a busca de melhoria na produção escrita, com a finalidade de diminuir a
artificialidade no processo da produção textual, respeitando as características
básicas da língua, “a sua funcionalidade, a subjetividade de seus locutores e
interlocutores e o seu papel mediador da relação homem-mundo” (BRITO 1984:
p.119). E, em busca de resultados, escolheu-se a sequência didática, elaborada por
meio de módulos, organizada com o intuito de aprimorar o uso da linguagem.
Segundo Schneuwly e Dolz (2004, p.97), ela tem a finalidade de ajudar o aluno a
dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma
maneira mais adequada numa situação de comunicação. Desse modo, a sequencia
didática é um instrumento que possibilita um trabalho com a leitura e a escrita, capaz
de transformar o aluno em um sujeito autônomo.
Para desenvolver esse trabalho, propõe-se o encaminhamento metodológico
de sequência didática com gênero blog para aperfeiçoar a expressão escrita, visto
que, esta ferramenta digital favorece a situação de interlocutores reais. Prática essa
que possibilita o caráter social da linguagem, enfim, a (re)significação do texto, uma
vez que este se concretiza e faz circular os discursos de forma a contagiar o seu
entorno pela facilidade de criação e publicação dos conteúdos pela internet.
Para utilizar o blog como publicação dos textos dos alunos, tendo em vista a
heterogeneidade dos gêneros textuais, foram selecionados os gêneros: entrevista,
conto e resenha. E, para atender ao objetivo proposto, elaborou-se uma sequência
de atividades planejadas a partir da situação inicial em que os alunos demonstrarão
seus conhecimentos prévios, as dificuldades específicas, e o domínio sobre os
gêneros a serem estudados. A partir disso, construiu-se uma sequência didática com
quatro módulos, apresentando as abordagens específicas de cada gênero a ser
trabalhado para que o aluno dele se aproprie e que na produção final o mesmo
possa estar em evidência.
Para os procedimentos direcionados à leitura e à escrita, esta sequência
didática apresenta atividades como: identificação inicial do contexto de produção,
6
recepção, avaliação, revisão final e publicação. Essas estratégias propiciarão
condições ao aluno para dominar os gêneros a serem estudados, desenvolvendo-lhe
mais autonomia para exercer as práticas comunicativas.
.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o advento da internet novas modalidades de gêneros textuais
apareceram através do hipertexto, possibilitando a interação entre as pessoas,
instaurando-se um novo significado para comunicação e uso da linguagem. Com o
hipertexto, ampliou-se a concepção de texto e, ainda, com certo hibridismo presente
tanto no texto oral quanto no texto escrito, tornando-o mais interativo e dinâmico.
Felizmente, com a revolução tecnológica um novo cenário foi instaurado: o
ciberespaço. Lugar este em que leitor e escritor se encontram para interagirem e
ampliarem suas competências linguística e comunicativa. Assim, novos gêneros
textuais são criados, mas o texto ainda permanece vinculado ao contrato entre autor
e leitor. O que orienta o horizonte de expectativas do leitor fundamenta-se no
estatuto genérico de um texto, ou seja, está tanto no dizer do receptor quanto no que
é percebido pelo produtor. Segundo Theodoro (2003), a internet facilitou bastante a
publicação de textos, mas é preciso refletir sobre a relação teórica textual e a sua
prática no mundo virtual. Para o autor, essa possibilidade de publicação pode ser
vista como incentivo à aprendizagem.
Outro diferencial do texto eletrônico está na sua edição e distribuição.
Segundo Chartier (1998 p.16),
Um produtor de texto pode ser imediatamente o editor, no duplo
sentido daquele que dá a forma definitiva ao texto daquele que o
difunde diante de um público de leitores: graças à rede eletrônica,
esta difusão é imediata.
Neste sentido, essa revolução no modo de produção e reprodução
oportunizadas pela internet ao mesmo tempo em que dão um novo sentido ao texto,
facilitam o meio de divulgação e circulação do mesmo.
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Em se tratando dos textos construídos na internet chamados de hipertexto,
Xavier (2004, p.171) define como “uma forma híbrida, dinâmica e flexível de
linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona e acondiciona à
sua superfície formas outras de textualidade”. Ou seja, é um tipo de texto com
acessibilidade ilimitada que possibilita novos meios de se comunicar. Vale
acrescentar que as suas características são as mesmas que formam os gêneros do
discurso, produto do gênero primário em que por meio das práticas sociais,
conforme o pensamento baktiniano, esse gênero é absorvido, transmutado e
transformado em secundário. Desse modo, ele não se constitui apenas em forma de
textos, mas de imagens, sons, e escritas. Diante destas características, Cavalcante
(2004, p.163) o considera como uma ferramenta hipermidiática pelas possibilidades
que o hipertexto oferece.
Cavalcante destaca a demarcação do texto, no que se refere aos links, como
importantes para a construção de sentido no hipertexto. Ele os considera uma
espécie de mapa onde o autor traçaria a sua rota para deixar suas marcas, seu
estilo, sua história, seu lugar de autoria. Então, se este caminho for bem planejado
tornará mais fácil de persuadir o leitor, pois a identidade do autor se funde,
juntamente com a esses links. Por outro lado, dependendo do link que o autor
escolher poderá comprometer o horizonte de expectativa do leitor, seria como se o
escritor validasse esses caminhos. Neste sentido, o autor tem que ser criterioso na
escolha dos links para que o texto seja significativo para o leitor.
Na visão de Xavier (p.172), o hipertexto agrega todas as condições físicas de
materializar a proposta paulofreriana que diz: “Para ler/entender a palavra é
necessário saber ler antes o mundo”. Para o autor, o hipertexto possui todas as
características básicas que atendam a esses objetivos. Por meio dos recursos
intermidiáticos favorece, multidimensionamente, a compreensão. Isso acontece
porque a acessibilidade às diversas informações, propiciada pelos hiperlinks,
aproximam o mundo junto ao leitor. Por outro lado, essa não-linearidade do texto
pode deixar o leitor perdido, confuso e disperso ou, até mesmo, levá-lo a abandonar
o texto, justamente por causa da falta das isotopias que, segundo o autor seriam as
responsáveis pela coerência no texto.
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A internet é um poderoso instrumento para praticar a linguagem nas diversas
formas. Como prática linguística, elas acontecem a todo tempo, seja por meio da
oralidade ou da escrita. Ela possibilita uma interação participativa e colaborativa, de
acordo com o seu formato, bem como, nas suas modalidades síncronas (bate-
papos) e assíncronas (fórum, correio eletrônico). Além disso, ela oferece recursos
expressivos que alteram as práticas linguístico-discursivas propiciadas pela
interação. Como resultado, permite que as atividades linguagem se materializem,
fazendo com que o sujeito tenha maior desenvoltura em seu meio social. Por outro
lado, o sujeito que não tem o domínio das ferramentas não consegue ter a
acessibilidade, tornando-se um iletrado digital.
Uma das principais características da internet é a interatividade. Com o
ciberespaço, as pessoas passaram a ler e a escrever mais, adquirindo novas
habilidades. A interação propiciada pela internet oportunizou novos meios de
trabalhar com a língua. As relações sociais que têm como base a língua, organizam-
se por meio de códigos línguisticos próprios criando um universo semiológico. A
necessidade de interação obriga o indivíduo a criar mecanismos para se comunicar.
Bezerra (2002), tratando da concepção de aprendizagem, reporta-se à
Vygostky que entende que esta constitui-se enquanto prática de interação do
indivíduo com outros grupos sociais e afirma o seguinte (p.38),
Essa interação se dá, desde o nascimento, entre o homem e o meio social e
cultural em que ele se insere. Ou seja, o homem transforma e é transformado
nas relações produzidas em determinada cultura. Mas a sua relação com o
meio não se dá de forma direta; mas ela é mediada por sistema simbólicos
que representam a realidade; e a linguagem que se interpõem entre o sujeito
e o objeto do conhecimento, é o principal sistema de todos os grupos
humanos.
Com efeito, a interação no ambiente virtual é propiciada pela interface entre o
usuário e o computador, bem como através do contato com outros usuários por meio
de links, textos escritos, sons e imagens. Esses recursos permitem que o sujeito se
junte a outros textos de modo não linear, resultado da flexibilidade ocasionada pela
navegação na web. Logo, a quebra da linearidade é produto da interação, troca de
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informações e pelo hipertexto, ou seja, ela é proporcionada pelas práticas sociais das
situações comunicativas.
Diante de novas práticas de leitura e escrita, propiciadas pela interatividade, no
ambiente virtual, o blog vem cada vez mais ganhando espaço na web. Essa
ferramenta de publicação e de auto-expressão permite o contato com múltiplas
semioses como textos escritos, imagens, som, entre outras. Os posts são organizados
em ordem cronológica e não há necessidade dos textos pertencerem ao mesmo
gênero. Além de lidos, podem ser comentados pelos seus visitantes. O leitor tem uma
leitura fragmentada, porque o texto é alterado pelas atualizações. Outro recurso muito
utilizado nas páginas são os links que além de propiciarem a interação, contribuem
para que o sujeito entre contato com outros textos. É um espaço acessível, gratuito,
fácil de editar e pode ser atualizado a qualquer momento. O acesso ao conteúdo do
blog se dá pela leitura.
No contexto educacional, o blog pode servir como espaço colaborativo de
produção que pode ser utilizado como uma ferramenta pedagógica muito útil para a
integração da escrita com a leitura. Além disso, oferece subsídios aos professores e
alunos, conforme a organização dos conteúdos. Ele, também, pode ser usado como
portal da escola, na preparação de aulas, pesquisas, registros, vídeos, publicação
dos textos dos alunos e outras ações.
Em se tratando de produção textual, os blogs apresentam um ambiente
favorável para concretizar todas as etapas da escrita como: rascunho, revisão,
edição e publicação. Entretanto, no contexto educacional, observa-se que muitos
alunos não têm o hábito de planejar e socializar o seu texto. Como prática, o
ciberespaço exige maior responsabilidade do autor ao publicar o seu trabalho em
rede, porque os textos ficarão disponíveis a todos os internautas. Diante disso, o
educador quando decide trabalhar com essa ferramenta, deve conscientizar o aluno
sobre as responsabilidades de um escritor, para que este se conscientize e siga os
passos da pré-escrita. Enquanto recurso, o blog disponibiliza ferramentas que
ajudam a rascunhar, salvar, editar e publicar. Devido a tudo isso, ele se transformou
em um instrumento de escrita colaborativa, um espaço aberto onde o autor socializa
suas produções, permitindo aos leitores fazerem comentários, críticas e reflexões
sobre os seus posts. A dinamicidade do blog se dá pela facilidade de atualização,
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publicação e poder acompanhar as ideias de quem escreve. É uma ferramenta que
realiza o desejo de qualquer escritor que é ver seu texto publicado, lido e
comentado. Portanto, um trabalho pedagógico com o blog contribui para que o
educando desenvolva sua capacidade de linguagem e de pensamento para que o
mesmo possa interpretar e intervir no mundo ao seu entorno.
3- DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Módulo 1 - Blog: origem, função e criação
Sugestões para o encaminhamento em sala de aula
Inicialmente, o professor apresentará a proposta para a sala, dizendo que ela
será desenvolvida com gênero blog por meio de módulos. Depois disso, fará um
diagnóstico para saber qual o conhecimento prévio da turma sobre o gênero a ser
estudado
1. O que você sabe sobre blogs?
2. Você já visitou algum blog?Quais?
3. Você já postou comentário em algum blog?
4. Qual a importância do blog?
5. Você já criou um blog?
Para melhor compreensão do gênero estudado é importante que o professor
discuta sobre a historicidade do blog.
Estudo proposto 1:
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A ORIGEM DO BLOG
Os blogs surgiram através de links, depois passaram a ser diários pessoais
privados ou abertos. Com o passar do tempo, adquiriu outras funções: divulgação de pesquisa, educação, fins empresariais, páginas pessoais, entretenimento e outras atividades.
Em 1989 o físico, norte-americano, Tim Berners-Lee teve a ideia de criar um sistema de informações em que elas fossem transferidas através da internet pelo hipertexto, ou seja, um meio de navegar de um texto para o outro através dos links. Para isso, ele criou browser-editor uma ferramenta que contribuiu para tornar o ambiente mais criativo e interativo. E, em 1990 esse navegador foi chamado de Nome de World Wide Web. Graças a esse sistema, as informações podem ser passadas adiante.
Depois dessa descoberta, em 1997 Jorn Barger criou sua página pessoal Robot Wisdom onde as pessoas podiam deixar alguns registros e links. E, para nomear esse sistema chamou-se de weblog: Web (teia, página da internet) log (registro) e atualmente é culminado de blog. O blog de Bager armazenava uma lista de links que ele achava interessante. Sua página pode ser visualizada por meio do site: http://www.robotwisdom.com/.
O novo conceito de blog surgiu em 1999 como um diário virtual através de uma empresa chamada Blogger que possibilitou a criação de blog sem precisar dominar a linguagem em HTML, PHP, ASP e outras. Com isso, facilitou a qualquer usuário a construir o seu blog, personalizando-o conforme a seu critério.
Com o avanço das tecnologias digitais, os blogs podem ser montados com vários recursos, assim o seu autor não precisa apenas fazer textos ele pode recorrer aos recursos de imagens, sons e movimentos. Diante disso, é possível inserir vídeos, imagens, textos, notícias, enquetes e outras ferramentas.
O blog pode ser público ou privado, mas o tema é a pessoa que decide Existem dois termos que o acompanha: os Flogs e Vlogs. Um exemplo de Flog é o Flickr, uma página semelhante ao blog, mais direcionada a fotos e a imagens, onde as pessoas criam seus álbuns digitais e compartilham com seus visitantes e, além disso, recebem comentários. Nos Vlogs, os conteúdos são focados em vídeos, postagens e comentários como, por exemplo, o Youtube onde o usuário posta o seu vídeo e interage com outros visitantes
Fontes: http://info.cern.ch/ http://michelfabiano.blogspot.com/search/label/Blogs
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Para o bom desempenho dessa proposta, será necessário que o professor
conscientize os alunos sobre a importância da conduta e da ética ao editar ou
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comentar na internet, como também, o cuidado com os direitos autorais. Então,
estabeleça regras de ética sobre o uso da internet.
Ao trabalhar informática com os alunos, explore a criação de pastas para
que ele salve seus textos e, além disso, apresente as ferramentas do editor de texto
BrOffice.
Diante da necessidade de ampliar o conhecimento dos educandos, indique
textos sobre blog para que ele possa visitar.
Outro detalhe importante que o professor não pode deixar de mencionar, são
os comentários postados nos blogs, pois é fundamental para que a escrita produza
sentido. Hoje, o número de leitores que comentam nos blogs que se leem é muito
pequeno, por isso a escola deve trabalhar esse gênero para que o aluno domine e
se habitue a ele. Assim, quem sabe num futuro próximo haja mais participações das
pessoas. O blog não existe apenas para divulgar um texto, um assunto, serve
também para trocar opiniões e interagir com outras pessoas. O blogueiro pode
melhorar a sua escrita servindo-se dos incentivos, das críticas e das opiniões dos
seus leitores. E, na busca de interação acaba incentivando-o, cada vez mais, a
escrever novos textos.
É importante acrescentar que, por se tratar de um blog coletivo, as ações
serão feitas pelo professor como: publicar texto, mensagem e imagem. E, depois da
publicação, os alunos farão comentários sobre os textos produzidos pelos seus
colegas.
Para facilitar a publicação dos textos dos alunos, é interessante que o
professor divida a sala em grupos, visto que, seria muito difícil publicar todos de uma
só vez. Para tanto, o professor deve pedir ao líder para enviar os textos por email.
Para que todos tenham direito à publicação é necessário que seja feito um rodízio
dos grupos. Assim, o professor pode fazer as postagens dos textos, uma vez por
semana ou a cada quinze dias, dependendo da sua disponibilidade.
Como criar e gerir um blog
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Passo a passo:
1. Primeiramente você terá que escolher como publicador o
WWW.blogger.com ou WWW.wordpress.com. Sugere-se o blogger que é
mais prático.
2. Escolha a opção criar uma conta.
1. Preencha as informações pedidas: use seu endereço de email .
2. Defina o nome do blog.
3. Escolha o template.
O Blogger oferece um conjunto de modelos de templates para o usuário
personalizá-lo conforme o seu desejo, ou configurá-lo de acordo o tema a que o
blog se dirige. Antes de confirmar, você pode visualizar o modelo para facilitar a
sua escolha.
4. Para finalizar você deverá receber esta mensagem: O seu blog está
pronto.
Postagem
1. Como postar em seu blog.
Vá para o blogger e efetue o login. Depois clique no nome do seu blog e
escolha a opção criar postagem. Nesse ambiente, você terá um editor simples.
Coloque o titulo e o texto. Faça a formatação, escolha o estilo da letra, a fonte,
justifique e não se esqueça de fazer a correção ortográfica. Além disso, verifique
como está ficando o seu texto, clicando em visualizar o meu blog. Para voltar, clique
em ocultar visualização. Depois disso, você terá um botão opção de postagens para
decidir se você quer que o seu texto seja comentado ou não. E, ainda, se achar que
ele não está pronto para ser publicado você poderá salvá-lo como rascunho. Por fim,
ele só aparecerá no blog quando você clicar em publicar postagem.
2. Como inserir imagens nas postagens:
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Clique em uma nova postagem e depois no botão adicionar imagem. Com
isso, uma nova janela será carregada. Você terá que escolher entre uma imagem
salva em seu computador ou da internet. Para inserir uma imagem do seu
computador, você deverá selecioná-la e clicar em abrir. Depois disso, escolherá o
layout da página, ou seja, um espaço reservado para figura (à direita, à esquerda ou
centralizada). Feito isso, você deverá aceitar termo de uso da imagem e fazer o
upload dela. Depois disso, espere carregá-la, clique em concluído e publique.
Já para postar uma imagem da internet, você deverá ir ao Google Imagem,
digitar o tema e selecioná-lo. Clique na opção ver imagem no tamanho original e,
quando aparecer o link com endereço da imagem copie-o com o botão direito do
mouse. Assim, ao invés de optar por procurar imagem, você escolherá a opção url
da imagem e, logo a seguir, colará o link copiado. Por fim, fará o upload da imagem
para carregá-la e depois publicá-la.
3. Como inserir um vídeo no blog.
Primeiramente, vá até o painel de gerenciamento do blog e acesse o item
nova postagem. Depois disso, abra outra guia na internet, vá para o site do youtube
e acesse um vídeo. Então, observe que abaixo dele aparecerá a palavra incorporar,
clique nela e surgirá uma linha de código em HTML. Depois com outro clique sobre
o código selecionará o objeto. Com a linha já destacada, clique com o botão direito
do mouse e escolha no menu a opção copiar. Retorne à postagem no blog, deixando
a página editar em HTML e cole o vídeo. Por fim, confirme através de visualizar
página e, depois, retorne escolhendo a opção ocultar página. Não se esqueça de
clicar em publicar a postagem para finalizá-la.
4. Como criar um link nas postagens.
No seu texto selecione a palavra que você deseja transformar em link, depois
escolha o botão do ícone link e clique nele. Com isso, aparecerá uma janela
denominada informações sobre o hiperlink, então, você preencherá do seguinte
modo: tipo coloque a palavra HTM e para url, digite o endereço da página web
(HTTP) que esteja ligada à palavra.
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5. Como administrar as postagens.
Clique no botão editar postagens e você irá para um painel onde estarão
todas as páginas com as seguintes informações: título, horário de publicação,
visualização Nesse espaço, você poderá editar outro conteúdo no mesmo post ou
excluir qualquer postagem já publicada.
Sugestões de tutoriais:
• Slide: <https://docs.google.com/present/view?id=df9875tg_6gzqhb5g2 >
• Video:< http://michelfabiano.blogspot.com/search/label/Blogs>
Módulo 2: Explorando o Gênero Entrevista
Reconhecendo o gênero
1. Quem já assistiu a uma entrevista ou leu? Onde ela foi veiculada?
2. Quem era a pessoa entrevistada e o entrevistador?
3. Quais temas podem ser tratados em uma entrevista?
4. Quais são as características do gênero entrevista?
5. Como se faz uma entrevista?
Estudo proposto 1:
Entrevista
Segundo Cereja & Magalhães (2000), a entrevista é um gênero que tem por finalidade colher opiniões sobre um determinado assunto ou acontecimentos atuais.
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Eles acrescentam que essas informações podem ser pessoais, profissionais, culturais, política ou religiosa.
Em se tratando do meio de circulação, a entrevista pode ser televisiva, radiofônica ou impressa. Porém, essas modalidades não a desvinculam da sua função primária que, na opinião de Hoffnagel (2002), é informar ao público. Como resultado, ela forma a opinião pública a respeito de uma personalidade ou de um acontecimento.
Ainda segundo o mesmo autor, o layout de uma entrevista publicado em uma revista é diversificado, pois cada uma tem sua padronização. Contudo, a foto do entrevistado está presente em todas.
O público-alvo de uma entrevista também é bastante diversificado. Algumas revistas são direcionadas a uma faixa etária ou gênero; outras a um tema, por exemplo, educação, política, meio ambiente, etc.
Quanto à estrutura, a entrevista jornalística é composta por: • título e geralmente um subtítulo; • abertura - apresentação breve do(s) entrevistado(s); • texto - composto por perguntas e respostas que são previamente planejadas e adaptadas conforme o andamento da entrevista. O nome do entrevistado e do entrevistador (jornalista, jornal ou revista) deve ser anteposto a fala de cada um; • fechamento - a fala é do entrevistador ou do jornalista editor. Ela pode ser feita por meio de um agradecimento ou destacar as idéias principais do texto.
Para elaboração das perguntas, há necessidade de um planejamento prévio com o objetivo a ser alcançado. Desse modo, o entrevistador deve estudar a vida do entrevistado, a definição do tema e preparar um roteiro de perguntas. Acrescentando que ele pode gravar a fala do entrevistado para depois transcrevê-la.
Após o reconhecimento do gênero pelos alunos, o professor deverá
desenvolver atividades de pesquisa, leitura dos textos abaixo e a análise linguística
proposta:
Modelo 1: Entrevista escrita sem transcrição das marcas da
oralidade
Atividades do texto 1
Expectativas do texto
1. O que o título sugere?
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2. Quem é o autor da entrevista?
3. Observe a foto da entrevista e diga qual a finalidade dela no texto.
4. O título é atrativo? Ele cria expectativas sobre a leitura?
5. Qual é o tema dessa entrevista?
Entrevista: James Cameron
O visionário de Avatar
O cineasta diz que a sequência do filme de maior faturamento
da história mostrará a necessidade de encontrar um equilíbrio
entre desenvolvimento e meio ambiente.
Ethan Miller/Getty Images
"Avatar 2 e Avatar 3 precisam responder: a humanidade pode ser salva? Os Na’vi
podem ter uma mensagem de esperança para nós?"
O cineasta canadense James Cameron, de 55 anos, é o criador de alguns dos
maiores sucessos do cinema, como O Exterminador do Futuro, Aliens, Titanic e,
recentemente, Avatar, uma produção de mais de 300 milhões de dólares que
ultrapassou a marca de 2 bilhões de dólares de faturamento em venda de ingressos.
Cameron planeja dar sequência a Avatar. Profeta da tecnologia aplicada ao cinema
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e dono de um dom quase infalível para saber o que fará sucesso entre os
espectadores, Cameron também tenta ser um visionário do meio ambiente. Ele
esteve no mês passado no Brasil para participar, em Manaus, do Fórum
Internacional de Sustentabilidade, realizado pela Seminars e promovido pelo Lide.
Aproveitou a ocasião para sobrevoar pela primeira vez a Floresta Amazônica e
conhecer a região onde será construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Xingu. Após a visita, decidiu organizar uma campanha internacional contra a usina.
Cameron concedeu a seguinte entrevista a VEJA.
Qual foi sua motivação para filmar Avatar?
O filme surgiu da minha necessidade de dizer algo sobre como a destruição da
natureza ameaça o mundo. Gosto de comparar a questão ambiental com o naufrágio
do Titanic. Quando foi dado o aviso de que havia um iceberg na rota do navio, não
dava mais tempo de desviar. O impacto ocorreu noventa segundos após o sino de
alerta ter sido tocado. A questão é: o mundo já se encontra no estágio em que nada
mais pode ser feito para evitar o desastre ambiental? Ou estamos em um momento
anterior, em que ainda dá tempo de reduzir o ritmo de poluição e de destruição para
evitar o pior? Avatar é a minha maneira, como artista e cineasta, de tocar o sino de
alerta. Uma das imagens recorrentes em Avatar é a dos personagens abrindo os
olhos. Há sempre alguém acordando no filme. A mensagem subliminar é que a
sociedade precisa acordar para os problemas ambientais e lidar com eles.
Avatar valoriza experiências sensoriais como entrar em uma floresta cheia de
flores coloridas ou sentir a terra sob os pés nus. A humanidade esqueceu
como apreciar essas sensações?
Sim. As pessoas estão se afastando não apenas da natureza, mas do contato
humano. Os jovens têm as suas interações sociais on-line, em vez de pessoalmente.
As aventuras acontecem em jogos de computador, não mais fora de casa. A
interação com a realidade, com outras pessoas e com a natureza está diminuindo. A
tecnologia permite isso.
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O senhor, contudo, é o diretor de cinema que mais usa tecnologia no mundo.
Como explicar esse paradoxo?
De fato, é um paradoxo. Eu sempre tive uma relação de amor e ódio com a
tecnologia. Durante as filmagens de Avatar, os atores tiveram de entrar em contato
com o lado mais primitivo de si próprios e, ao mesmo tempo, atuar nas condições
mais high-tech possíveis. Para dar uma ideia da tecnologia envolvida, este foi o
primeiro filme a demandar uma memória de 1 petabyte (1 milhão de gigabytes) para
ser armazenado. Para processar as imagens digitais, na Nova Zelândia, tivemos de
desenvolver o computador mais potente do Hemisfério Sul. Ou seja, não podemos
ser ludistas e afirmar que toda tecnologia é ruim. A solução para salvar nosso
planeta também passa pelo uso da tecnologia. Por isso, penso que, antes de
construir uma hidrelétrica como a de Belo Monte, no Pará, por exemplo, o governo
brasileiro poderia buscar outras saídas para atender à necessidade de energia do
país. Todo projeto de represa com um impacto negativo sobre os moradores da
região deveria ser evitado. A alternativa, no nível nacional, pode ser aumentar a
eficiência no uso de energia nas cidades.
Na construção de um projeto como o de Belo Monte há duas forças legítimas
em conflito: o desenvolvimento econômico e a defesa do ambiente. É possível
conciliar os dois, desde que se encontre um meio-termo. Em Avatar não existe
o meio-termo. Por quê?
A explicação é simples: a solução moderada provavelmente não é a melhor solução.
Imagine um caçador sufocando um animal aos poucos. Ele aperta o seu pescoço,
depois solta só um pouquinho – e assim sucessivamente até que o animal para de
respirar. Quando a civilização bate de frente com a natureza, não dá para ter meio-
termo. Ou o governo constrói a represa de Belo Monte, ou não a constrói.
Em Avatar 2, o meio-termo entre economia e meio ambiente será encontrado?
Sim. O próximo filme não deverá ser tão preto no branco quanto o primeiro. Durante
uma projeção de Avatar no Equador, a anciã de uma tribo indígena criticou o filme
por escolher a violência como solução para o conflito ambiental. Por isso, pretendo
20
mostrar, na continuação da obra, que as partes têm de chegar a um acordo. Outras
questões a que Avatar 2 e, talvez, Avatar 3 precisam responder: a humanidade pode
ser salva? O modo de vida dos Na’vi (o povo azul que habita Pandora, a lua fictícia
do filme) pode transformar o planeta Terraou estamos condenados? Os seres
humanos serão capazes de absorver as ideias poderosas de Pandora e aplicá-las à
própria vida, aneira a recuperar tudo o que perderam? Em outras palavras, os Na’vi
podem ter uma mensagem de esperança para nós, terráqueos? O primeiro Avatar é
apenas o tiro inaugural de uma gigantesca batalha de ideias e civilizações.
O que mais haverá de novidade no próximo filme?
Ele se passará parte em terra, parte em um ambiente subaquático, em um oceano.
O senhor já comparou os índios brasileiros aos Na’vi, que, na ficção, vivem em
perfeita harmonia com a natureza. A analogia não é exagerada?
Eu acredito que os índios vivem em harmonia com a natureza, mas não naquela
linha romântica do bom selvagem. A relação dos povos indígenas com a floresta é
de vida ou morte. Podemos aprender com eles, no entanto, a compreensão intuitiva
que têm do meio ambiente. Trata-se de uma sabedoria desenvolvida ao longo de
milhares de anos. Os índios sabem que plantas podem ser úteis e quais devem
evitar. Eles vivem firmemente conectados ao seu mundo. Não estou falando de
energia de cristais ou outras bobagens new wave, mas de conhecimentos práticos
sobre a natureza que os índios adquiriram e que a ciência levaria 150 anos para
descobrir.
O senhor sobrevoou a Floresta Amazônica. Consegue se imaginar rodando um
filme naquele lugar?
Com certeza. Eu adoro desafios e acho que fazer um filme em um ambiente como
esse é tecnicamente desafiante. Para capturar a beleza e a essência da realidade
da floresta, as nossas câmeras 3D em alta definição são perfeitas. Sempre que vejo
algo de que gosto, quero filmar em 3D. Eu já fiz inúmeros filmes sob a água, como
os documentários sobre os destroços do Titanic e do Bismarck (navio alemão da II
Guerra Mundial). Consegui registrar imagens espetaculares de ambientes muito
21
hostis, por isso não vejo a hora de fazer o mesmo na Amazônia. Esse projeto, no
entanto, não precisa ter relação direta com uma continuação de Avatar. Penso
apenas em fazer um documentário complementar à história de ficção.
Com todos os efeitos especiais disponíveis, faz sentido filmar na floresta?
Eu já provei que não. Em Avatar, criamos do zero uma floresta tropical extraterrestre
com todos os detalhes: as gotas de água sobre as folhas, as plantas e até os
insetos. Tudo o que se vê ali jamais existiu fisicamente. A única filmagem de floresta
real que fizemos serviu somente como referência, nem sequer foi usada no produto
final. Apenas levamos os atores para o Havaí para andar pela floresta e fazer alguns
exercícios de interpretação. Dessa forma, quando eles voltaram para o ambiente
vazio e asséptico do estúdio, sabiam se movimentar como se estivessem em uma
mata fechada. Avatar foi feito desse modo porque uma superprodução em uma
floresta de verdade causaria grande impacto ambiental e também porque queríamos
criar uma paisagem extraterrestre totalmente diferente de tudo o que conhecemos.
[...]
Fonte: SCHELP, Diogo. James Cameron: o visionário de Avatar. Revista Veja, São Paulo, edição 2160, 14 abr. 2010. http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/4/13/o-visionario-de-avatar
Após a leitura responda às questões abaixo:
1. A entrevista está direcionada a qual público?
2. Qual a função social dessa entrevista?
3. Qual é o assunto tratado?
4. Qual é a finalidade do parágrafo introdutório desta entrevista?
5. Quem é o entrevistado e quem é o entrevistador?
6. Por que será que o entrevistador escolheu este título?
7. Qual a linguagem empregada pelo entrevistador: a formal ou a informal?
8. Qual a profissão exercida pelo entrevistado? Identifique essas características
no texto.
9. Se você fosse o entrevistador quais perguntas, ainda, faria ao entrevistado.
22
Modelo 2: Entrevista com transposição da linguagem oral para a
linguagem escrita
Antes de apresentar a segunda entrevista ao aluno, reflita sobre as
possibilidades de escrita da língua oral como: gestos, tom de voz, risadas,
expressões, silêncio, truncamento, hipótese, etc. A partir disso, conscientize-o sobre
a importância de seguir a norma que regulamenta a aplicabilidade desses recursos.
E, ainda, fale com ele sobre a possibilidade de retirar alguns itens como: gaguejos,
né, aí, repetições exageradas, etc. Para finalizar, comente sobre a importância de se
manter fiel à fala da pessoa no ato da transcrição.
Estudo proposto 2:
Transcrição
A transcrição segundo Marcuschi (2001, p.49), “é passar um texto de sua
realização sonora para a forma gráfica com base numa série de procedimentos convencionalizados.”
Ao transcrever a entrevista, a revista ou jornal, o entrevistador pode escolher se as marcas de linguagem oral serão mantidas. E, para desenvolver um bom texto é necessário fazer gravações para conseguir pegar as riquezas de detalhes que a oralidade permite.
Quando as pessoas se comunicam é comum deixarem características fundamentais da fala como: hesitações, truncamentos, autocorreções, marcadores conversacionais. Para o autor, quando fazemos a transcrição do oral utilizamos um sistema próprio, por exemplo, escrever em maiúsculo para representar o som mais alto, silabação para representar a fala pausada, entre outros recursos. Assim, diante da necessidade de normatizar essas práticas comunicativas, estabeleceram-se alguns símbolos para representá-las.
23
Para que o aluno compreenda melhor como funciona a transcrição de uma
entrevista gravada, buscou-se o quadro a seguir com algumas normas de
transcrição apresentadas por Preti:
Estudo proposto 3:
NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO
OCORRÊNCIAS SINAIS EXEMPLIFICAÇÃO*
Incompreensão das palavras ou segmentos () Do nível de renda... ( )
nível de renda nominal...
Hipótese do que se ouviu (hipótese) (estou) meio preocupado (com o gravador)
Truncamento (havendo homografia, usa-se acento indicativo da tônica e/ou timbre)
/ e comé/ e reinicia
Entoação enfática Maiúscula porque as pessoas reTÊM moeda
Prolongamento de vogal e consoante (como s, r)
:: podendo aumentar para :::: ou mais
Ao emprestarem os... éh::: ...o dinheiro
Silabação - por motivo tran-sa-ção
Interrogação ? E o Banco... Central... certo?
Qualquer pausa ...
São três motivos... ou três razões... que fazem com que se retenha moeda... existe uma... retenção
Comentários descritivos do transcritor ((minúsculas)) ((tossiu))
Comentários que quebram a seqüência temática da exposição; desvio temático
-- -- ... a demanda de moeda -- vamos dar essa notação -- demanda de moeda por motivo
Superposição, simultaneidade de vozes { ligando as linhas
A. na { casa da sua irmã B. sexta-feira? A. fizeram { lá... B. cozinharam lá?
Indicação de que a fala foi tomada ou interrompida em determinado ponto. Não no seu início, por exemplo.
(...) (...) nós vimos que existem...
24
Citações literais ou leituras Textos, durante a gravação "
Pedro Lima... ah escreve na ocasião... "O cinema falado em língua estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra entre nós"...
Exemplos retirados dos inquéritos NURC/SP No. 338 EF e 331 D2. Observações: 1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.) 2. Fáticos: ah, éh, eh, ahn, ehn, uhn, tá (não por está: tá? você está brava?) 3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros são grifados. 4.Números: por extenso 5.Não se indica o ponto de exclamação (frase exclamativa). 6.Não se anota o cadenciamento da frase. 7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::... (alongamento e pausa). 8. Não se utilizam sinais de pausa, típicos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer tipo de pausa, conforme referido na Introdução. Fonte: PRETI D. (org) O discurso oral culto 2ª. ed. São Paulo: Humanitas Publicações – FFLCH/USP, 1997 – (Projetos Paralelos. V.2) 19p.
Atividades do texto 2:
Expectativas sobre o texto
1. Quem é o autor?
2. O que você espera de uma entrevista sobre Chris Uckermann ?
3. Qual é o assunto da entrevista?
Leia o texto, a seguir, uma entrevista da Revista Todateen com o autor�Chris
Uckermann e responda às questões abaixo:
25
Entrevista: Ricardo Piccinato
Texto: Liliane de Lucena �����
08/04/2010
Chris Uckermann revela seu mistério em "Kdabra", série que estreia dia 14
Ele deixou os fãs ansiosissímos pelo seu novo trabalho na tevê depois de Rebelde.
Agora, no papel de Luca, um garoto misterioso na série Kdabra, ele chega pra
arrasar de novo. A gente bateu um papo com o gato, que promete shows pelo Brasil
ainda neste ano. Fiquem ligadas, Kdabra estreia na FOX no dia 14 de abril, às
22h. Tuuudo!
tt: você acha que os fãs brasileiros da novela Rebelde irão gostar da série?
Christopher: "Sim, os brasileiros vão gostar de Kdabra. É uma história diferente, é
sobre mágica. Kdabra é sobre um jovem que vive em uma comunidade pequena
com muita gente estranha ao redor, que toma conta dele o tempo todo. Ele não
entende por que é tão especial. Um dia, ele decide fugir dessa comunidade e ver o
mundo real e aí ele tem esse encontro com mágicos. Eles são ladrões, que
enganam as pessoas, roubam carteiras. É uma história diferente e Kdabra tem esse
garoto que consegue manipular água, fogo... Então, acho que as pessoas irão curtir
a história."
(...) tt: tem alguma cena favorita?
Christopher: "Sim, tem uma em que estou de bicicleta com os meus amigos. Eu
ando de bicicleta e aí começo a fazer um monte de truques com a bike. É uma das
minhas cenas prediletas."
26
(...)
tt: como foi a oportunidade de trabalhar com atores como Damián Alcázar e
Joaquín Cosio?
Christopher: "Uau, Damián Alcázan é um grande ator, assim como Joaquín e a atriz
Maya Zapata. Aprendi muitas coisas com esses profissionais incríveis. Lembro que,
um dia, quando estávamos gravando as cenas, eu estava atrás das câmeras,
assistindo, prestando atenção em como atuam, como se movimentam e todas essas
coisas, para que eu pudesse aprender mais sobre eles."
tt: você escreveu a canção tema para o programa, né? Como surgiu a ideia?
Foi ideia sua? Como aconteceu esse processo?
Christopher: "Sim, eu lembro de estar na Colômbia e um dia eu tive a ideia e falei
com o meu empresário. Disse: 'Ei, eu podia escrever uma canção para Kdabra'. E
ele respondeu: 'Sim, nós deveríamos trabalhar com Ulises Lozano, do grupo Kinky.
Eles são perfeitos para escrever a música'. E aí, falamos com o pessoal da Fox, que
disse: 'Sim, por que não?'. Eu estava na Colômbia e comecei a escrever algumas
ideias e as enviei ao Ulises. Ele disse que estava ótimo e aí escrevemos a canção."
(...)
tt: que tipo de truques de mágica você aprendeu antes das filmagens?
Christopher: "Antes da filmagem, com cartas, com certeza. Aprendei truques com
moedas."
(...)
tt: qual truque foi o mais difícil de aprender?
Christopher: "Um feito com uma garrafa, com certeza. Eu tinha uma garrafa de
cerveja que tinha que lacrar, porque eu tinha de me concentrar na cena e também
na mágica, sabe? Foi difícil."
(...)
tt: qual foi a filmagem mais desafiadora da série?
Christopher: "Com certeza as das mágicas. Como eu disse antes, você precisa se
concentrar na mágica e, ao mesmo tempo, se focar no seu personagem e na cena.
Essa é a parte mais difícil desse programa: fazer as duas coisas ao mesmo tempo -
a mágica e a atuação."
27
(...)
tt: vamos ver bastante romance na série?
Christopher: "Ah, sim. Quer dizer, ele se apaixona por uma garota, que quem faz é
a Maya Zapata (uma ótima atriz), que trabalha em um hotel muito majestoso. É lá
que vão se apresentar os mágicos mais famosos do mundo. Ele se encanta por essa
garota e se apaixona."
tt: qual são os seus planos para o futuro? Planeja um retorno para as novelas?
Christopher: "Com certeza, não tenho planos para as novelas. Não agora. Estou
trabalhando no meu disco neste momento. Tenho escrito canções e trabalhando
com diferentes produtores. Sim, estou compondo e quero continuar fazendo isso por
um bom tempo e talvez filmes. Com certeza eu gostaria de trabalhar em alguns
filmes. Talvez no próximo ano ou neste, não sei. Mas, novelas? Não, com certeza
não agora."
tt: acha que Kdabra é um novo desafio em relação a Rebelde? Acha que os fãs
de Rebelde vão gostar do programa?
Christopher: "Com certeza vão gostar desse programa de tevê. Tem uma página do
Kdabra no Facebook, feita por fãs da série. Sei que gostam de Kdabra. Também no
Brasil, o pessoal curte. Então... sim, acho que gostam bastante."
(...)
tt: como ex-membro do grupo RBD, você ainda mantém contato com seus
colegas?
Christopher: "Sim, com certeza. Com a Anahí, principalmente."
tt: você disse que os fãs de Rebelde vão gostar de Kdabra, mas acha que
alcançará um público mais velho para a série?
Christopher: "Sim, com certeza, por conta da mágica e por causa da história. Você
precisa ver a série. (risos) Não é porque eu faço parte disso, mas porque acredito
que é um dos melhores programas de tevê que já vi na América Latina. A história, os
efeitos especiais, os atores, tudo!"
28
tt: quanto tempo teve para se preparar para o seriado? Para aprender os
truques...
Christopher: "Duas semanas."
(...)
Fonte:<http://todateen.uol.com.br/diversao/410/materia/entrevista%20cpm22.html>Acesso:06 de
abril de /2010
1. A entrevista está direcionada a qual público?
2. Quem é o entrevistado e o entrevistador?
3. Que tipo de informação ela veicula?
4. Observando as perguntas do entrevistador, dá para perceber se houve um
estudo prévio sobre o entrevistado? Explique.
5. Você concorda que a entrevista foi fiel na transcrição da fala do entrevistado.
Justifique.
6. A linguagem utilizada pelo entrevistador e pelo entrevistado foi a formal ou
coloquial? Justifique.
7. Identifique, na entrevista, as marcas de oralidade.
8. Qual é o veículo de comunicação em que esta entrevista está circulando?
9. Qual é a profissão do entrevistado?
10. Nesta entrevista, as marcas conversacionais do entrevistado e do
entrevistador estão bem visíveis. Comparando o texto com a temática a que
se destina à revista, qual foi a intenção da pessoa que transcreveu a
entrevista em manter quase todas as marcas orais?
11. Dê os significados dos recursos gráficos e marcadores conversacionais
empregados na entrevista:
a. Tuuudo!
b. (risos)
c. Né?
d. Então,,,
e. Aí
f. Ei
29
Estudo proposto 4:
Retextualização
Segundo Marcuschi (2001), a retextualização serve para diagnosticar o grau de conhecimento linguístico e a capacidade de transcrição do texto oral para o escrito. Para o autor, essa prática deve ser controlada sob dois aspectos: a autencidade dos dados e a clareza das propostas.
A retextualização não é tão simples assim, pois ela pode interferir no código e no sentido do texto. Ao transcrever, deve-se manter a identidade do emissor. Marcuschi (p.75) demonstra algumas operações textuais-discursivas na passagem do texto oral para o escrito
Com algumas adaptações, apresenta-se os passos para uma reetextualização:
• Retirar as marcas da oralidade: truncamentos, preenchedores de lacunas, repetições; • Retirar as marcas inteiracionais (expressões dirigidas ao interlocutor); • Introdução de pontuação e paragrafação; • Retextualizar as orações com problemas sintáticos ou com construções sintáticas típicas da oralidade; • Reconstruir as dêixis (relação formal de uma mensagem por um sujeito, num determinado tempo e espaço). Esse mecanismo linguísico permite ao sujeito participar na sua produção discursiva. As dêixis contemplam elementos de três tipos: A dêixis pessoal assinala os papeis dos sujeitos na prática comunicativa, tendo o enunciador como marco de referência (eu). Ela é marcada pelos pronomes pessoais, possessivos e pela flexão verbal: Eu canto (1.ª pessoa); Tu cantas (2.ª pessoa), etc. A dêixis temporal marca o momento da enunciação. Eles estão presentes através dos tempos verbais (Cantei - anterioridade em relação ao momento da enunciação; tempo passado; Cantarei - posteridade em relação ao momento da enunciação) e de locuções adverbiais temporais. A dêixis espacial indica a localização da enunciação, construída a partir da situação. Elas são marcadas pelos advérbios, locuções adverbiais de lugar e pelos pronomes demonstrativos. • Fazer as alterações estilísticas (construções sintáticas, formas lexicais adequadas e, às vezes, mudanças no campo semântico); • Reorganizar os tópicos e a sequência argumentativa (retirar os repetidos e mudar a ordem no texto, se necessário).
Retextualização
Para que o aluno desenvolva sua capacidade linguística, de análise e síntese,
propõe-se a seguinte atividade:
30
1. Seguindo os passos acima, retextualize o texto da entrevista Todateen.
Produzindo a entrevista
Para que o aluno compreenda o gênero estudado é necessário que ele
vivencie situações concretas de aprendizagem, então, ele deverá exercer o papel de
entrevistador. A partir disso, a sala deve ser divida em grupo e, depois, o líder
deverá distribuir as tarefas. Para isto, propõe-se:
1. Escolha um profissional, segundo a escolha do grupo, para entrevistá-
lo(a). E, ainda, poderá decidir se as marcas de linguagem oral serão mantidas.
Esquematizando o texto
1. Faça um estudo prévio sobre o tema da sua entrevista e da vida do
entrevistado;
2. Elabore um roteiro de perguntas para o entrevistado;
3. Leve a máquina digital para gravar a entrevista e tirar a foto do entrevistado;
4. Não se esqueça de pegar a autorização do entrevistado por escrita para
posteriormente publicá-la no blog;
5. Escolha o título e a foto que será apresentada;
6. Após a realização da entrevista, escolha uma frase do entrevistado que seja
interessante para destacá-la;
7. Escreva uma introdução contendo: apresentação do entrevistado e o tema a
ser tratado;
8. Escreva o texto: Coloque o nome do entrevistador antes da pergunta e o do
entrevistado antes da resposta. Para fazer a transcrição, utilize-se da
gravação que você fez anteriormente;
9. Por fim, faça o fechamento com agradecimento ou destaque as ideias
principais.
Momento de auto-avaliação
31
Logo após os alunos produzirem o texto, o professor deverá orientá-los sobre
a importância da auto-avaliação para o escritor, pois através desses
questionamentos ele poderá saber se o texto atende aos objetivos propostos.
1. O texto está direcionado ao público escolhido?
2. O texto desperta a atenção do leitor?
3. O texto focaliza os aspectos importantes do entrevistado?
4. O texto alcança os objetivos propostos?
5. Em relação à escrita, o texto atende à norma culta?
Revisando o texto
Para finalizar o trabalho, o professor pedirá ao aluno que revise o seu texto,
fazendo uma releitura atenta, visando o aprimoramento do mesmo. Assim, o aluno
deverá observar parágrafo por parágrafo e corrigir o que for necessário. Após a
correção, peça-lhe que leia ao grupo.
Publicação dos textos
Depois de passar por todas essas etapas é chegado o momento da
publicação. Assim, o professor deverá fazer um rodízio entre os grupos, garantindo a
todos o direito de edição no blog.
Módulo 2 – Explorando o gênero conto
Sugestões para o encaminhamento em sala de aula
Nesta unidade será desenvolvido um trabalho com o gênero conto. Para
realizar esta atividade será utilizado o conto Missa do Galo de Machado de Assis.
32
Esta obra, bem como as outras do autor podem ser encontrados no site:
http://www.dominiopublico.gov.br .
A seguir, o professor promoverá um diálogo com os alunos, levantando
alguns questionamentos para diagnosticar o conhecimento sobre o gênero
abordado.
1. Você já leu um conto?
2. Como deve ser a estrutura do conto?
3. Quem a escreveu? Onde? Em jornais, livros ou revistas? Qual o assunto?
4. Qual a função social do conto?
A partir desse diagnóstico, o professor deverá trabalhar os elementos que não
foram percebidos pelos alunos.
ATIVIDADES DE LEITURAS
A prática de leitura se realiza com a integração entre leitor, texto, autor e
contexto. Para tanto, o professor deve realizar atividades antes da leitura, ou seja,
trabalhar algumas expectativas que darão suporte para que o aluno se intere com o
texto. Entretanto, se o conhecimento acerca da obra trabalhada não for o suficiente,
o aluno não conseguirá sintetizar as informações nela contidas.
A partir disso, o professor deverá trabalhar o gênero e explorar suas
características básicas, a sua estrutura e fazer circular vários exemplares na sala de
aula.
Tendo em vista que no próximo módulo será trabalhado o gênero resenha e
que as obras selecionadas para serem divulgadas no blog são os contos de
Machado de Assis, há necessidade de explorar a biografia do autor e suas
características básicas. Com esse estudo, o aluno conseguirá compreender os
recursos utilizados pelo autor, apropriando não só do gênero conto, mas também,
terá conhecimento necessário para descrever e argumentar sobre as obras de
Machado de Assis.
Estudo proposto 1:
33
MACHADO DE ASSIS ( Rio de Janeiro, 1839 – 1908)
�
Imagem capturada da internet, disponível em
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/11/Machado_de_Assis_57_years.jg . Acesso em 26 jul 2010.
Joaquim Maria Machado de Assis, um dos mais importantes escritores da
literatura brasileira. Órfão, de origem humilde, mulato e vítima de preconceito. Sua adolescência foi muito difícil, por isso, dedicou-se aos estudos para superar a discriminação. Trabalhou como aprendiz de tipógrafo, foi revisor e funcionário público. Com 19 anos, começou a escrever folhetins e, também, colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de Janeiro. E, em 1860 tornou-se monumento nacional pelo seu grande sucesso como escritor.
As s obras de Machado de Assis podem ser divididas em duas fases: 1) A romântica - (características do Romantismo) com as seguintes obras:
Ressurreição; A Mão e a Luva; Helena; Iaiá Garcia. 2) A Realista - 1881 (características do Realismo) com as seguintes obras:
Memórias Póstumas de Brás Cubas; Quincas Borba; Dom Casmurro; Memorial de Aires.
Na segunda fase, Machado faz uma análise realista do ser humano, assim ele se concentra nas ações cotidianas para interpretar seus personagens, trazendo todos os seus defeitos (egoísmo, luxúria, adultério, vaidade, etc.). É por meio dessa reflexão que, dialogando com ele mesmo, acaba quebrando a ordem cronológica da narrativa. Outras características presentes na segunda fase são: a introspecção, o humor e o pessimismo. Com isso, ele procura desmascarar a burguesia que se esconde por meio de atitudes hipócritas cujo único objetivo são os interesses econômicos.
A linguagem machadiana destaca-se pela perfeição formal e riqueza vocabular.
Além dos romances, Machado de Assis escreveu: Poesia - Crisálidas; Falenas; Americanas; Ocidentais; Poesias completas. Contos - A Carteira; Miss Dollar; O Alienista; Noite de Almirante; O Homem Célebre; Conto da Escola; Uns Braços; A Cartomante; O Enfermeiro; Trio em Lá Menor. Missa do Galo. Teatro - Hoje avental, amanhã luva; Desencantos; O caminho da porta; Quase ministro; Os deuses de casaca; Tu, só tu, puro amor; Lição de botânica.
Fonte: <http://www.suapesquisa.com/machadodeassis/ >
34
Conto
Segundo Cereja e Magalhães (2000, p.224), o conto apresenta os
elementos essenciais de qualquer texto narrativo, como fatos, personagens, espaços, tempo e narrador. Para os autores, é uma narrativa mais condensada.
Para ampliar a capacidade cognitiva do leitor sobre o gênero estudado, os autores apontam as características abaixo, (p.225):
• Narrativa concentrada e limitada ao essencial; • Apresenta elementos básicos da narrativa: fatos, personagens e lugar; • O enredo apresenta a seguinte estrutura: apresentação, complicação, clímax e o desfecho; • Número reduzido de personagem; • Pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem; • Linguagem predominantemente de acordo com o padrão culto, formal ou informal, da língua.
Para tornar os fatos mais interessantes para leitor é necessário enriquecê-los com a descrição. Para tanto, o produtor do texto deverá utilizar-se de recursos como: adjetivos, locuções adjetivas, verbos de estados, linguagem metafórica, comparações, prosopopéias e sinestesias. Com isso, aguçará a sensibilidade para transmitir as sensações físicas. Já para a descrição psicológica, ele precisará descrever as impressões subjetivas e comportamentais.
A- ANTES DA LEITURA
Os sentidos que atribuímos a um texto depende das nossas experiências
como leitor. Assim, o professor como um leitor maduro deverá orientar os seus
alunos ativando os seus conhecimentos prévios, itens necessários para a
compreensão da obra, ou seja, deverá criar os fomentos da leitura.
Atividades sobre as expectativas do texto
1. O que o título sugere?
2. Através do título, é possível descobrir o que o autor quer passar ao leitor?
3. O título é atrativo? Ele cria expectativas sobre a leitura?
35
B- DURANTE A LEITURA
Neste momento, o professor poderá propor que a leitura seja feita de forma
individual ou compartilhada. Se optar pela leitura compartilhada, ele poderá
confirmar ou retificar as antecipações realizadas antes e durante a leitura.
Conto: Missa do Galo de Machado de Assis
Imagem 1
Igreja- Minas Gerais Fonte: Maria A. Nascimento - 2010
NUNCA PUDE entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos
anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com
um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo
à meia-noite. A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que
fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas A segunda mulher,
Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o
Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa
assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns
passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas.
Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e
meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao
36
Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a
sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se,
saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era
um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do
marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a
princípio, com a existência da comborça; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e
acabou achando que era muito direito.
Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente
suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento
moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de
que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas.
Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto
era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática.
Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não
soubesse amar.
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou
1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a
missa do galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na
sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem
acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria
outra, a terceira ficava em casa.
— Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? pergun-tou-me a mãe
de Conceição.
— Leio, D. Inácia.
Tinha comigo um romance, Os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do
Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um
candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo
magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava
completamente ébrio de Dumas. Os minutos voavam, ao contrário do que costumam
fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas,
um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da
37
leitura. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a
cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição.
— Ainda não foi? perguntou ela.
— Não fui, parece que ainda não é meia-noite.
— Que paciência!
Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um
roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão
romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro, ela foi
sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe
perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com
presteza:
— Não! qual! Acordei por acordar.
Fitei-a um pouco e duvidei da afirmativa. Os olhos não eram de pessoa que
acabasse de dormir; pareciam não ter ainda pegado no sono. Essa observação,
porém, que valeria alguma cousa em outro espírito, depressa a botei fora, sem
advertir que talvez não dormisse justamente por minha causa, e mentisse para me
não afligir ou aborrecer Já disse que ela era boa, muito boa.
— Mas a hora já há de estar próxima, disse eu.
— Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme!
E esperar sozinho!
Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse
quando me viu.
— Quando ouvi os passos estranhei: mas a senhora apareceu logo.
— Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
— Justamente: é muito bonito.
— Gosta de romances?
— Gosto.
— Já leu a Moreninha?
— Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
— Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que
romances é que você tem lido?
38
Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns. Conceição ouvia-me com a cabeça
reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio-cerradas, sem
os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-
los. Quando acabei de falar, não me disse nada; ficamos assim alguns segundos.
Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos e sobre eles pousar o queixo,
tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo
sem desviar de mim os grandes olhos espertos.
"Talvez esteja aborrecida", pensei eu.
E logo alto:
— D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
— Não, não, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio, são onze e meia. Tem
tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?
— Já tenho feito isso.
— Eu, não, perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia
hora que seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.
— Que velha o que, D. Conceição? Tal foi o calor da minha palavra que a fez
sorrir. De costume tinha os gestos demorados e as atitudes tranqüilas; agora,
porém, ergueu-se rapidamente, passou para o outro lado da sala e deu alguns
passos, entre a janela da rua e a porta do gabinete do marido. Assim, com o
desalinho honesto que trazia, dava-me uma impressão singular. Magra embora,
tinha não sei que balanço no andar, como quem lhe custa levar o corpo; essa feição
nunca me pareceu tão distinta como naquela noite. Parava algumas vezes,
examinando um trecho de cortina ou concertando a posição de algum objeto no
aparador; afinal deteve-se, ante mim, com a mesa de permeio. Estreito era o círculo
das suas idéias; tornou ao espanto de me ver esperar acordado; eu repeti-lhe o que
ela sabia, isto é, que nunca ouvira missa do galo na Corte, e não queria perdê-la.
— É a mesma missa da roça; todas as missas se parecem.
— Acredito; mas aqui há de haver mais luxo e mais gente também. Olhe, a
semana santa na Corte é mais bonita que na roça. S. João não digo, nem Santo
Antônio... Pouco a pouco, tinha-se reclinado; fincara os cotovelos no mármore da
mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas as
39
mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos
magros do que se poderiam supor.
A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento,
porém, a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis, que apesar da
pouca claridade, podia, contá-las do meu lugar. A presença de Conceição espertara-
me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da
cidade, e de outras cousas que me iam vindo à boca. Falava emendando os
assuntos, sem saber por que, variando deles ou
tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que luziam de
brancos, todos iguaiszinhos. Os olhos dela não eram bem negros, mas escuros; o
nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo.
Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me:
— Mais baixo! mamãe pode acordar.
E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as
nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido: cochichávamos
os dous, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito
séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou, trocou de atitude e de lugar.
Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me e pude ver, a
furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo
que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me
que eram pretas. Conceição disse baixinho:
— Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve, se acordasse agora,
coitada, tão cedo não pegava no sono.
— Eu também sou assim.
— O quê? perguntou ela inclinando o corpo, para ouvir melhor.
Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti-lhe a palavra.
Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.
— Há ocasiões em que sou como mamãe, acordando, custa-me dormir outra
vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo vela, passeio, torno a deitar-me e
nada.
— Foi o que lhe aconteceu hoje.
— Não, não, atalhou ela.
40
Não entendi a negativa; ela pode ser que também não a entendesse Pegou
das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o joelho direito,
porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história de sonhos, e
afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se eu os tinha. A
conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora
nem pela missa Quando eu acabava uma narração ou uma explicação, ela
inventava outra pergunta ou outra matéria e eu pegava novamente na palavra. De
quando em quando, reprimia-me:
— Mais baixo, mais baixo. . .
Havia também umas pausas. Duas outras vezes, pareceu-me que a via
dormir; mas os olhos, cerrados por um instante, abriam-se logo sem sono nem
fadiga, como se ela os houvesse fechado para ver rnelhor. Uma dessas vezes creio
que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que os tornou a fechar, não
sei se apressada ou vagarosamente. Há impressões dessa noite, que me aparecem
truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho
frescas é que em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou
lindíssima. Estava de pé, os braços cruzados; eu, em respeito a ela, quis levantar-
me; não consentiu, pôs uma das mãos no meu ombro, e obrigou-me a estar
sentado. Cuidei que ia dizer alguma cousa; mas estremeceu, como se tivesse um
arrepio de frio voltou as costas e foi sentar-se na cadeira, onde me achara lendo.
Dali relanceou a vista pelo espelho, que ficava por cima do canapé, falou de duas
gravuras que pendiam da parede.
— Estes quadros estão ficando velhos. Já pedi a Chiquinho para comprar
outros.
Chiquinho era o marido. Os quadros falavam do principal negócio deste
homem. Um representava "Cleópatra"; não me recordo o assunto do outro, mas
eram mulheres. Vulgares ambos; naquele tempo não me pareciam feios.
— São bonitos, disse eu.
— Bonitos são; mas estão manchados. E depois francamente, eu preferia
duas imagens, duas santas. Estas são mais próprias para sala de rapaz ou de
barbeiro.
— De barbeiro? A senhora nunca foi a casa de barbeiro.
41
— Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e
namoros, e naturalmente o dono da casa alegra a vista deles com figuras bonitas.
Em casa de família é que não acho próprio. É o que eu penso, mas eu penso muita
cousa assim esquisita. Seja o que for, não gosto dos quadros. Eu tenho uma Nossa
Senhora da Conceição, minha madrinha, muito bonita; mas é de escultura, não se
pode pôr na parede, nem eu quero. Está no meu oratório.
A idéia do oratório trouxe-me a da missa, lembrou-me que podia ser tarde e
quis dizê-lo. Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei para ouvir o que
ela contava, com doçura, com graça, com tal moleza que trazia preguiça à minha
alma e fazia esquecer a missa e a igreja. Falava das suas devoções de menina e
moça. Em seguida referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio,
reminiscências de Paquetá, tudo de mistura, quase sem interrupção. Quando
cansou do passado, falou do presente, dos negócios da casa, das canseiras de
família, que lhe diziam ser muitas, antes de casar, mas não eram nada. Não me
contou, mas eu sabia que casara aos vinte e sete anos.
Já agora não trocava de lugar, como a princípio, e quase não saíra da mesma
atitude. Não tinha os grandes olhos compridos, e entrou a olhar à toa para as
paredes.
— Precisamos mudar o papel da sala, disse daí a pouco, como se falasse
consigo.
Concordei, para dizer alguma cousa, para sair da espécie de sono magnético,
ou o que quer que era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não queria
acabar a conversação; fazia esforço para arredar os olhos dela, e arredava-os por
um sentimento de respeito; mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando
não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A conversa ia morrendo. Na
rua, o silêncio era completo. Chegamos a ficar por algum tempo, — não posso dizer
quanto, — inteiramente calados. O rumor único e escasso, era um roer de
camundongo no gabinete, que me acordou daquela espécie de sonolência; quis falar
dele, mas não achei modo. Conceição parecia estar devaneando. Subitamente, ouvi
uma pancada na janela, do lado de fora, e uma voz que bradava: "Missa do galo!
missa do galol"
42
— Aí está o companheiro, disse ela levantando-se. Tem graça; você é que
ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus.
— Já serão horas? perguntei.
— Naturalmente
— Missa do galo! — repetiram de fora, batendo.
— Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus até amanhã.
E com o mesmo balanço do corpo, Conceição enfiou pelo corredor dentro, pisando
mansinho. Saí à rua e achei o vizinho que esperava. Guiamos dali para a igreja.
Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o
padre; fique isto à conta dos meus dezessete anos. Na manhã seguinte, ao almoço
falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de
Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que
fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo Ano-Bom fui para Mangaratiba.
Quando tornei ao Rio de Janeiro em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia.
Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais
tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.
Texto proveniente de:
Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins
educacionais.
Texto-base digitalizado por: NUPILL - Núcleo de Pesquisas em Informática,
Literatura e Lingüísticahttp://www.cce.ufsc.br/~alckmar/literatura/literat.html
Universidade Federal de Santa Catarina
Confirmar ou retificar as expectativas criadas anteriormente
1. O texto atingiu suas expectativas? Justifique.
2. O título do texto se encaixa nesta obra?
3. A partir do título do conto, qual é o tema a ser tratado nesta obra?
Localizar informações explícitas no texto
43
1. No texto, grife as palavras que você não compreendeu o significado e
pesquise no dicionário.
2. O texto Missa do Galo é um conto. Sua estrutura apresenta um enredo com
as seguintes partes: apresentação, complicação, clímax e desfecho. Então,
encontre no texto essa divisão.
3. Qual é o ponto de vista da narrativa? O narrador participa ou conta a história?
Exemplifique com as palavras do texto.
4. Quais foram os recursos que o autor utilizou no texto para criar um clima de
sedução?
5. A temporalidade é muito importante para compreendermos os pensamentos
do autor. Em que momento histórico foi escrito esta obra?
6. Quais são os personagens da história? Como elas se encontram?
7. Descreva o lugar onde acontece a trama?
8. Machado de Assis prefere descrever sobre a análise psicológica dos seus
personagens, característica própria do Naturalismo. Utilizando-se esse
recurso, como ele descreve cada personagem?
9. Machado de Assis procurava desmascarar as aparências da burguesia do
século XIX. Para demonstrar essas ações, ele utilizou alguns recursos da
linguagem como a ironia e o eufemismo. Encontre-as no texto.
Inferir e extrapolar o texto
1. Por que Conceição era considerada “santa”?Você concorda? Em sua opinião,
existem pessoas como ela?
2. Machado de Assis sempre criticou e denunciou as ações da burguesia do
século XIX. Se ele vivesse neste momento, o que você acha que ele
criticaria?
Estudo da língua: marcas linguísticas e enunciativas
1. Duas figuras estão bem marcadas no texto: a metáfora e a ironia. Quais são
elas?
44
2. Identifique as expressões que o autor utilizou para marcar o tempo?
3. Para que o autor utilizou reticências no texto?
4. Que sinal foi usado para marcar as falas do personagem? Como se chama
esse recurso?
5. No texto, encontre os verbos que indiquem a introdução da fala do
personagem?
6. Pesquise o uso da vírgula e justifique-as nas orações abaixo:
a. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas.
b. Que velha o que, D. Conceição?
c. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?
d. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura.
7. Em “pode ser até que não soubesse amar”, responda:
a. É uma expressão usada para indicar uma ordem, uma certeza ou uma
dúvida?
b. Em que tempo verbal ela se encontra?
8. Encontre no texto os adjetivos que o autor utilizou para descrever cada
personagem da história.
9. Descubra no texto, a quem se refere o pronome grifado em: Deu volta à mesa
e veio sentar-se do meu lado, no canapé.
Intertextualidade
Sabe-se que a palavra é dialógica, ou seja, quando se diz algo num texto é
resultado do que já foi dito em outros textos, assim a intertextualidade é um
excelente recurso de informação para que o leitor possa interpretar, analisar e
comparar. Desta forma, o aluno ao relacionar um texto com o outro ele será capaz
de compreender os recursos utilizados pelo o autor e incorporá-los, tornando-se um
leitor e um escritor competente.
Existem algumas obras que são interessantes para trabalhar a
intertextualidade do conto Missa do Galo de Machado de Assis, tais como:
• Missa do galo (Nélida Piñon)
• Missa do galo (Osman Lins)
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• Missa do galo (Julieta de Godoy Ladeira)
• Lembranças de Dona Inácia (Antonio Callado)
• Missa do galo (Ligia Fagundes Telles)
• Missa do galo (mote alheio e voltas) (Autran Dourado)
Filme
Para ampliar o repertório do aluno e propiciar um momento de descontração
assistir a um filme é um excelente recurso. O texto literário aliado a outras
linguagens propicia mais conhecimento, experiências e melhora a capacidade
criativa do educando. E, ainda, contribui para o ensino daquele cuja aprendizagem é
mais visual. Então, professor e aluno deverão assistir a um curta metragem do
Cinema Nosso com a história Missa do Galo:
Para ter acesso ao vídeo clique em:
• http://www.youtube.com/watch?v=X6ylbnMOO5g&feature=related
C- DEPOIS DA LEITURA
O professor orientará o aluno para que o mesmo faça um planejamento do
texto. Como escritor, é preciso que ele se preocupe com os seus leitores, pois o seu
texto terá vários interlocutores quando for publicado no blog. Para isto, o professor
deverá instigá-lo com as questões abaixo:
1. Quem será seu destinatário?
2. O seu texto terá ilustração? Então, que figura poderia definir melhor o tema?
3. Qual será o local de circulação?
4. Qual o objetivo da obra a ser divulgada?
5. Que narrador irá escolher para seu texto?
Esquematizando o texto
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Para produzir um conto é necessário que a narrativa responda às seguintes
perguntas – O quê? Quem? Como? Onde? Quando? e Por quê? A partir disso,
propõe-se o seguinte esquema:
• Situação inicial – o assunto, o lugar ou a ação onde vai acontecer;
• Complicação – um problema que vai se complicando gradativamente;
• Clímax - a complicação elevada;
• Desfecho – Solução ou tentativa;
É necessário ressaltar que a história torna-se interessante quando o autor
enriquece com detalhes descritivos, por isso, o aluno não deve se esquecer de fazer
a descrição dos fatos, lugares e personagens. Além disso, o professor deverá
orientá-lo sobre a delimitação da narrativa, visto que, no conto o enredo é mais
condensado.
Produzindo a narrativa
Escreva um conto, discorrendo o fato de acordo com o narrador que você
escolheu.
Momento de auto-avaliação
Logo após o aluno produzir o texto, o professor deverá orientá-lo sobre a
importância da auto-avaliação para um escritor, pois é necessário que ele
compreenda que antes de apresentar o texto ao professor, deve-se revisar e fazer
as alterações necessárias. Para tanto, o aluno deverá fazer o seguinte
questionamento:
1. O texto está direcionado ao público escolhido?
2. O texto desperta a atenção do leitor?
3. O texto consegue caracterizar o narrador?
4. O texto alcança os objetivos propostos?
5. Em relação à escrita, o texto atende à norma culta?
Revisando o texto
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Para finalizar o trabalho, o professor pedirá ao aluno que faça uma releitura
atenta do texto, fazendo as alterações necessárias que visem ao aprimoramento do
mesmo. Após a correção, peça-lhe que leia ao grupo.
Publicação dos textos
. Depois de passar por todas essas etapas é chegado o momento da
publicação: o aluno terá a oportunidade de ver o seu texto publicado. Para tanto, o
professor deverá fazer um rodízio entre os grupos, garantindo a todos o direito de
edição no blog.
Módulo 4: Explorando o gênero resenha
Sugestões para o encaminhamento em sala de aula
Nesta unidade, o professor levará o aluno a produzir uma resenha. Gênero
bastante utilizado para divulgar algum acontecimento, texto ou obras culturais como:
teatro, filme, um romance, etc.
Para trabalhar o objeto resenhado, o professor distribuirá um conto de
Machado de Assis para que ao final deste módulo o aluno produza uma resenha que
será publicada no blog.
A seguir, promoverá um diálogo com alguns questionamentos que serão
dirigidos aos alunos, com o objetivo de diagnosticar o conhecimento sobre o gênero
abordado.
1. Você já leu uma resenha? Onde ela foi veiculada?
2. Como deve ser feito uma resenha?
3. Quem a escreveu? Onde? Em jornais, livros ou revistas? Qual foi o assunto?
4. Qual a função social de uma resenha?
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Estudo proposto 1:
Resenha
A resenha é um tipo de texto em forma de resumo que expressa a opinião
do autor sobre algo cultural como um livro, um filme, uma peça de teatro etc. Nela, o resenhista pode evidenciar os elementos de maior interesse, trechos descritivos, conteúdos, objetivos, estruturas e, ainda, destacar os pontos positivos ou negativos da obra. Até mesmo fazer elogios sobre a criatividade do autor. Todas essas características apresentadas é que a diferem do resumo.
Os tipos mais conhecidos de resenha são: • Resenha descritiva - sem nenhum julgamento ou apreciação do
resenhador; • Resenha crítica (opinativa) - julgamento de valor da obra, na
apreciação de seus aspectos estéticos, a qualidade de sua produção e apresentação.
Para produzir uma resenha é necessário seguir alguns requisitos: • Conhecer a obra; • Buscar informações bibliográficas sobre o autor; • Produzir um resumo da obra, apresentando as principais idéias de seu
autor; • Conhecer a estrutura do gênero; • Escrever de acordo com a norma culta; • Não fazer nenhum juízo de valor; • Manter o pensamento do autor. Platão e Fiorin (1991, p.427) apresentam alguns itens que devem constar
em uma resenha: 1. Parte descritiva: informações sobre a obra; • Nome do autor; • Título; • Nome da editora; • Lugar e data da publicação; • Número do volume de páginas; 2. Resumo da obra. • Indicação assunto e o ponto de vista adotado pelo o autor; • Os pontos essenciais do texto e seu plano geral. Para a elaboração da resenha crítica, acrescenta-se os itens
apresentados, juntamente, com os comentários e julgamentos do resenhador. Em se tratando de leitura, a resenha é muito importante para o leitor, pois
ela aguça as expectativas sobre a obra e o ajuda a selecioná-la. Desse modo, o papel de resenhista é fundamental para o sucesso da arte em gerall.
ATIVIDADES DE LEITURA
A- ANTES DA LEITURA
49
As expectativas sobre o texto
1. O que o título nos sugere?
2. Quem é o autor do texto?
3. Qual seria o tema do livro resenhado?
B- DURANTE A LEITURA:
Neste momento, o professor poderá propor que a leitura seja feita de forma
individual ou compartilhada. Se optar pela leitura compartilhada, ele poderá
confirmar ou retificar as antecipações realizadas antes e durante a leitura.
Atividade 1: resenha descritiva
Resenha do Conto de Machado de Assis - A causa secreta –
Imagem 2 -causa secreta -
Fonte: Maria A. Nascimento - 2010
Este é um conto que aborda um tema oculto da alma de todo ser humano: a
crueldade. Machado de Assis cria um cenário onde o recém formado médico Garcia
conhece o espirituoso Fortunato, dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes
e feridos, apesar de ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa. Através de
50
uma linguagem bastante acessível, que não encontramos em muitas obras de Assis,
o texto mescla momentos de narração - que é feita em terceira pessoa – com
momentos de diálogos diretos, que dão maior realidade à história. Uma
característica marcante é a tensão permanente que ambienta cada episódio. Desde
as primeiras vezes em que Garcia vê Fortunato - na Santa Casa, no teatro e
quando o segue na volta para casa, no mesmo dia - percebemos o ar de mistério
que o envolve.
Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso do ferido que
Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exatamente por causa de seu
estranho comportamento, velando por dias um pobre coitado que sequer conhece.
A história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a
apresentação de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com a abertura de uma
casa de saúde em sociedade.
O clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram Fortunato
torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata com uma tesoura levando-
lhe ao fogo, sem deixar que morresse. É assim que se percebe a causa secreta dos
atos daquele homem: o sofrimento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando
sua esposa morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver
daquela que amava secretamente.
Fortunato aprecia até mesmo seu próprio sofrimento. É possível afirmar que
este conto é um expoente máximo da técnica de Machado de Assis, deixando o
leitor impressionado com um desfecho inesperado, mas que demonstra – de forma
exponencial, é verdade - a natureza cruel do ser humano. É uma obra excelente
para os que gostam dos textos de Assis, mas acham cansativa a linguagem
rebuscada usada em alguns deles.
Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores escritores
brasileiros.
Autor: André A. Gazola
Fonte: <http://www.lendo.org/a-causa-secreta/>
51
Após leitura e analise do texto acima, o aluno responderá às seguintes
questões:
Plano global da resenha
Para uma melhor compreensão do gênero resenha, faz-se necessário uma
análise para identificar as partes que a diferem. De acordo com o modelo proposto
por Machado Lousada e Tardelli (2008 p.33), propõe-se:
Livro resenhado
Autor do livro
Contextualização do livro
Tema do livro
Autor da resenha
Área que insere o resenhista
Veículo em que ela foi publicada
Livros citados nas referências
bibliográficas
Confirmar ou retificar as expectativas criadas anteriormente
1. O texto atingiu suas expectativas? Justifique.
2. O resenhista conseguiu apresentar o conto de Machado de Assis?Justifique.
3. A partir do título do conto, qual é o tema a ser tratado nesta obra?
Localizar informações explícitas no texto
1. Qual a característica básica apresentada na resenha acima que a comprova
como descritiva?
52
2. Todo texto é formado por parágrafos. Diante disso, escreva a ideia que o
resenhista desenvolveu em cada um dos parágrafos.
Inferir e extrapolar o texto
1. Após você ter analisado a resenha, ficou claro no texto que o autor já tinha
um conhecimento prévio sobre Machado de Assis?
2. A resenha já foi útil para você na escolha de um filme ou na compra de um
livro? Comente.
Coesão e coerência
A organização textual é um dos grandes obstáculos na produção da escrita. A falta de coesão e coerência torna os textos incompreensíveis.
A coerência propicia a manutenção da mesma referência temática em todo o texto, mantendo a unidade de sentido. É preciso ter clareza quando se escreve um texto, por isso há necessidade de um planejamento textual, levando-se em conta a logicidade, a relação entre as partes, a não contradição e a fidelidade a um ponto de vista. Entretanto, a coerência só acontecerá se houver a interação entre o leitor e o texto, ou seja, quando ele for capaz de contextualizá-lo e compreender como a produção foi realizada.
Já a coesão é o que determina as ligações no interior da frase e, também, nos parágrafos. É ela que direciona o texto, pois o uso inadequado do elemento coesivo prejudica a compreensão textual.
Para que o texto seja coeso, é preciso ajustar os mecanismos de coesão: retomada de termos, expressões ou frases já ditas; encadeamento de segmentos do texto, bem como, saber utilizar os conectivos, articuladores textuais, ou operadores de discursos.
Fonte PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação. 3.ed. São Paulo:
Ática, 1991
1. Encontre no texto os conectivos e complete a tabela, conforme suas funções:
Adição de idéias
Contrastes entre as idéias ou
argumentos contrários
Explicação
53
Causa
Finalidade
Conclusão
Justificativa
2. Reescreva as frases, usando os elementos de ligação abaixo:
Uma vez que, como resultado, em virtude disso, da mesma forma, ainda que,
por mais que,
a. .................................a noite acabasse, nós continuaríamos esperando-o.
b. ..................................a confortassem, ela continuaria triste.
c. Marcos estava dirigindo alcoolizado e bateu o carro. .............................ele deixou de beber.
d. Os alunos foram mal nas provas,...............................ficaram para recuperação.
e. Eles preferiram usar blusas de lã para viajar,................................... a temperatura estava muito baixa.
f. Pedro fingiu que não a reconheceu,.................................Márcia o ignorou.
Comparando para compreender melhor
Algumas pessoas confundem a resenha com o resumo. Pensando nisso,
elaborou-se uma atividade para a melhor apropriação do gênero resenha
distinguindo-o do gênero resumo.
Estudo proposto 3:
54
Resumo
É a condensação de um conteúdo, sem análise crítica ou interpretação. Desse modo, ao produzir um resumo você deve seguir a mesma ordem do texto, colocando os elementos essenciais da obra sem emitir opinião.
Fonte: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação:
uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.
Leia, a seguir, o resumo sobre o conto Missa do Galo escrito pela psicanalista
da APERJ - Ruth Rissin. A partir disso, responda à questão proposta:
Resumo do conto: Missa do Galo
O narrador do conto Missa do Galo, de Machado de Assis, é Nogueira, um rapaz de dezessete anos de idade que veio ao Rio de Janeiro para o que chama de estudos preparatórios. É de Mangaratiba e está hospedado na casa do escrivão Menezes, viúvo de uma de suas primas e casado em segundas núpcias com Conceição, uma "santa", que se resigna com uma relação extraconjugal do marido. Este dorme fora de casa uma vez por semana dizendo que vai ao teatro. Vivem na casa, ainda, D. Inácia, mãe de Conceição, e duas escravas.
A história se passa na véspera do Natal, uma daquelas noites em que o escrivão se ausenta de casa. Nogueira iria com um vizinho à missa do galo e combinou acordá-lo à meia-noite. Decide esperar já pronto, na sala da frente, de maneira a sair sem acordar as pessoas da casa. Está lendo um romance, Os três mosqueteiros, quando ouve um rumor e passos. É Conceição. Começam a conversar, falam de assuntos variados, o tempo vai passando; a conversa prolonga-se, emendam os assuntos, riem, aproximam-se e falam baixo para não acordarem D. Inácia. Finalmente, invertendo a combinação, o vizinho grita na rua que é hora da missa do galo. Nogueira sai.
No dia seguinte, Conceição está como sempre foi, sem que nada possa lembrar a Nogueira a conversa da noite. No Ano Novo, ele vai para Mangaratiba. Ao retornar, em março, para o Rio de Janeiro, o escrivão havia morrido. Nunca mais encontrou Conceição, sabendo depois que ela havia se casado com o escrevente do marido.
Fonte:<http://www.rio4.org.br/v2/artigos/missa_do_galo.pdf>Acesso: 05/07/2010
1. Compare o resumo de Missa do Galo com a resenha Causa Secreta e
justifique conforme as características de cada gênero.
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Atividade 2: resenha crítica
ANTES DA LEITURA:
1. Quem é o autor do texto?
2. Qual a finalidade do texto?
3. Quem será o destinatário?
4. O que é necessário para que o leitor compreenda as informações contidas no
texto?
5. Onde foi publicada? Em que data?
DURANTE A LEITURA
Para exemplificar, buscou-se o texto no livro de Platão e Fiorin (1991, p.427),
Para Entender o Texto, leitura e redação. Nesse livro, os autores comentam a
resenha feita por Mariza Lajolo, no Jornal da Tarde. Segundo os autores, a resenha
foi bem elaborada, pois a escritora se ateve aos propósitos a que se destinava, ou
seja, informar ao público sobre as qualificações da obra.
MEMÓRIA - ricas lembranças de um precioso modo de vida
Imagem 3 - Diário -
Fonte: Maria A. Nascimento - 2010
O Diário de uma garota (Record. Maria Julieta Drummond de Andrade) é um
texto que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo
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dos pequenos nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no
verão antigo de 41 para 42.
Acabados os exames Maria Julieta começa seu diário anotado em um
caderno de capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o
espaço é todo da menina que se Universidade Severino Sombra – Central de
Estágios de Licenciatura e Bacharelado (CELBS) 2 propõe a registrar nele os
principais acontecimentos destas férias para mais tarde recordar coisas já
esquecidas.
(...)
E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram
muitos. pontilhados de muita comilança e de muita leitura: cinema, doce-de-Ieite,
novena, o Tico-Tico.doce-de-banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema
de novo, sapatos novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances
franceses, comunhão, recorte de gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de
legumes, festas de aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor-de-barriga,
desenho de aquarela, mingau, indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias
de uma garota carioca em férias mineiras das quais regressa sozinha de avião.
(...)
O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom
autêntico de sua linguagem que se, como prometeu sua autora, evita as pompas,
guarda não obstante o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam
diários dominavam os pronomes cujo/a/os/as conheciam a impessoalidade do verbo
haver no sentido de existir e empregavam, sem pestanejar, o mais-que-perfeito do
indicativo quando de direito...
Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico aos
cuidados de Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta
pregava em seu diário e reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do
caderno com sua lombada e cantoneiras imitando couro, o resultado é um trabalho
em que forma e conteúdo se casam tão bem casados que este Diário de uma garota
acaba constituindo uma grande festa para seus leitores.
Marisa Lajolo
JORNAL DA TARDE - 18 jan 1986.
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A- Plano global da resenha
1- Seguindo o modelo proposto por Machado Lousada e Tardelli, faça uma análise
da resenha, completando o quadro abaixo:
Livro resenhado
Autor do livro
Contextualização do livro
Tema do livro
Autor da resenha
Área que insere o resenhista
Veículo em que ela foi publicada
Livros citados nas referências
bibliográficas
Confirmar ou retificar as expectativas criadas anteriormente
1. O texto atingiu suas expectativas? Justifique.
2. Conforme a sua análise, o autor do texto conhece a obra resenhada?
3. A resenha atende aos objetivos do destinatário?
�
Localizar informações explícitas no texto
1. A que tipo de resenha pertence o texto acima?
2. Que tipo de resenha é o texto acima?
3. Que elementos a difere do texto 1? Exemplifique.
4. Quais os aspectos que o autor utilizou para valorizar ou depreciar a obra?
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5. Como o resenhista organizou os parágrafos?
6. Encontre no texto o resumo, a opinião e a avaliação do autor sobre a obra.
Inferir e extrapolar o texto
1. Qual a importância de um resenhista para divulgação de um objeto artístico?
2. Que relevância uma resenha crítica pode oferecer ao objeto da obra
resenhada?
Refletindo sobre o uso da língua para melhor compreensão
Ao fazer comentário positivo ou negativo, o resenhista demarca a sua voz,
porque ele precisa utilizar-se de palavras ou expressões que podem ser positivas ou
negativas sobre a obra resenhada. Diante disso, propõem-se algumas atividades
que contribuem para identificar essas vozes no texto.
1. Encontre no texto adjetivos, substantivos ou advérbios que
demonstrem essa idéia, completando o quadro abaixo:
2. Quais são os verbos que o autor utilizou para provocar efeito no leitor?
3. Na resenha, o autor faz comentários sobre a obra resenhada, assim é
natural que apareçam as vozes tanto do resenhista quanto do autor. Diante
disso, as falas são bem definidas para que o leitor saiba como destacá-las. Cite
alguns exemplos.
4. Ao fazer comentários sobre a obra, o resenhista utiliza adjetivos,
substantivos positivos e negativos. Encontre-os no texto e classifique-os.
5. A resenha é um texto originado de outro texto, assim, torna-se visível a
menção do autor da obra resenhada. Diante disso, propõe-se:
a. Encontre, no texto, os verbos utilizados pelo autor ao referir-se sobre o
objeto resenhado.
b. Identifique os verbos do texto e diga qual é a predominância verbo-
temporal.
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6. Ao fazer comentários sobre a obra resenhada, o resenhista procurou fazê-
los de maneira direta ou indireta?
Ampliando o conhecimento
Estudo proposto 4:
Resenha de filme
Essa resenha deve conter os dados completos sobre o filme como: Sinopse, História, Ambientação, Personagens, Curiosidades, Ficha Técnica e Comentário.
Para enriquecê-la e torná-la mais atrativa aos leitores, é necessário que a pessoa, antes de assistir ao filme, faça uma pesquisa sobre os personagens, diretores, contexto histórico e outros elementos interessantes que encontrar. Em algumas resenhas, são feitas comparações com obras do mesmo autor ou de outros autores, porém da mesma temática. E, segundo Cereja e Magalhães (2000, p.190), a linguagem pode ser pessoal ou impessoal, conforme o veículo e o público a que se dirige.
Leia, a seguir, uma resenha de filme e responda à questão abaixo:
O PIANO
Imagem 3 - Piano Fonte: Maria A. Nascimento – 2010
A história se passa no final do século XIX, quando Ada e sua filha vão morar na Nova Zelândia, onde Ada se casará com um desbravador da ilha a quem foi prometida pelo seu pai. Ada é muda desde os seis anos de idade e utiliza o piano como uma das formas de se comunicar com o mundo. Em sua viagem à ilha, leva seu piano, porém insensivelmente o futuro marido nega-se a
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levá-lo na viagem para sua casa, deixando-o na praia. Baines, outro morador da ilha, com o objetivo de aproximar-se de Ada, propõe ao marido a troca de algumas terras pelo piano e aulas particulares. Baines adquire o piano e iniciam-se as aulas de Ada. Nesses encontros surge uma relação delicada e apaixonada que será descoberta pelo marido. O desenlace da história é envolvente. A fotografia traz cenas belas e bem montadas. A narração do filme é feita por Ada, que logo no início indica que não é a voz dela, mas sim a voz de seu pensamento, de sua alma, e é exatamente essa narração um dos pontos altos desse filme. FICHA TÉCNICA Características: filme francês/australiano, legendado, colorido, 122 minutos, produzido em 1992 Direção: Jane Campion Gênero: drama Distribuição em vídeo: Paris filmes Prêmios/indicações: Oscar de Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro;Cannes: Palma de Ouro; Globo de Ouro: Melhor Atriz; César: Melhor Filme Estrangeiro Fonte: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/cat_res.pdf>
1. Faça uma análise da resenha apresentada e justifique-a.
DEPOIS DA LEITURA
O professor orientará o aluno para que o mesmo faça um planejamento do
texto. Como escritor, é preciso que ele se preocupe com os seus leitores, pois o seu
texto terá vários interlocutores quando for publicado no blog. Para isto, o professor
deverá instigá-lo com as questões abaixo:
1. Quem será seu destinatário?
2. Você acha que ele conhecerá a obra a resenhada?
3. Qual local a sua resenha terá circulação?
4. Qual o objetivo da resenha a ser divulgada?
Registro de classe para melhor compreensão
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Para produzir uma resenha é necessário que o aluno faça um planejamento
sobre o texto que irá escrever. Para isto, propõe-se o seguinte esquema:
• Introdução: apresente o autor, o assunto da obra. E, se optar por uma
temática, destaque-a;
• Organizadores textuais: encontre aqueles que introduzam melhor os
parágrafos da sua resenha;
• Resumo do livro: apresente uma descrição das ideias contidas na obra,
explicando sua estrutura.
Se optar pela resenha crítica, você deverá levar em considerações que:
• No resumo, o resenhista deverá apresentar as ideias contidas na obra e a
sua estrutura e, ainda, destacar os pontos positivos ou negativos do livro;
• Na opinião, o resenhista poderá falar sobre a originalidade da obra, a sua
função social, a que público destina, se a leitura é agradável e, também, se o
autor da obra atingiu seus objetivos. Acrescentando que todas essas ideias
devem ser argumentadas pelo resenhador.
Momento da auto-avaliação:
Logo após os alunos produzirem o texto, o professor deverá orientá-los sobre
a importância da auto-avaliação para um produtor de texto, pois é importante que ele
compreenda que, antes de apresentá-la, deve-se revisar e fazer as alterações
necessárias. Assim, propõe-se o seguinte questionamento:
1. O seu texto está direcionado ao público escolhido?
2. O texto alcança os objetivos propostos?
3. Você manteve as ideias do autor?
4. Em relação à escrita, o texto atende à norma culta?
5. O texto obedece à organização global?
6. Se optou pela resenha crítica, sua opinião está bem fundamentada e
organizada? E, nas suas críticas, procurou ser educado?
Para finalizar o texto, o professor juntamente com cada grupo de alunos fará
uma correção colaborativa, visando o aprimoramento final da obra produzida.
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Publicação dos textos
Depois de passar por todas essas etapas é chegado o momento da
publicação: o aluno terá a oportunidade de ver o seu texto publicado. Conveniente
lembrar que o professor fará um rodízio entre os grupos, garantindo a todos o direito
de edição no blog.
Referências
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