DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 - Operação de ... · final da dinâmica. O facilitador dirá...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2008
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
PROFESSORA PDE 2008 – TÂNIA MARA OTTO DUBIELA
PROF.ª ORIENTADORA – UFPR – DÉBORA P.CLAUDIO, MS
CURITIBA
2008
“Podemos aceitar que nossas crianças sejam
vítimas do destino, mas jamais aceitaremos que sejam
vítimas de nossas negligências”.
J.F. Kennedy
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................01
TEXTO 1 - SENTIMENTOS COMUNS EM PAIS DE CRIANÇAS COM
DEFICIÊNCIA(S)..................................................................................................02
SUGESTÃO DE ATIVIDADE 1.......................................................................04
TEXTO 2 – O PAPEL DA ESCOLA EM RELAÇÃO ÀS FAMÍLIAS....................06
SUGESTÃO DE ATIVIDADE 1.......................................................................09
SUGESTÃO DE ATIVIDADE 2.......................................................................11
TEXTO 3 - BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL.......12
SUGESTÃO DE ATIVIDADE 1.......................................................................16
SUGESTÃO DE ATIVIDADE 2.......................................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................19
ANEXOS
INTRODUÇÃO
O material que ora é apresentado consta de uma das atividades de
Formação Continuada que integra a política de valorização dos professores que
atuam na Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná – Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE.
Esta é uma produção que tem por objetivo contribuir com a equipe técnico-
administrativa da escola orientando-a para o resgate da participação dos
pais/responsáveis no acompanhamento do processo de ensino e de
aprendizagem dos seus filhos com deficiência(s).
Consta de textos teóricos baseados em autores como Leo Buscaglia
(1993), Maria Tereza Maldonado (1997) e Augusto Cury (2003) e sugestões de
atividades a serem aplicadas com os pais/responsáveis pela equipe técnico-
administrativa da escola, tendo como objetivo principal fazer com que estes
pais/responsáveis sintam-se pertencentes ao ambiente escolar, recebam
informações e adquiram conhecimentos pertinentes à educação de seus filhos e
passem a participar mais efetivamente do processo de ensino e de aprendizagem
dos mesmos.
TEXTO 1
O texto a seguir traz alguns dos sentimentos que os
pais/responsáveis podem vir a sentir a partir da notícia da presença
da deficiência em seus filhos.
SENTIMENTOS COMUNS EM PAIS DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA(S)
Os pais de crianças com deficiência(s) não se encontram mais
preparados para enfrentar esta situação do que aqueles que têm filhos ditos
normais. No entanto, a sociedade e, em especial, a escola costuma cobrar
deles um conhecimento e um comportamento muito além do que eles podem
apresentar quando se deparam com a dor da perda do filho que era esperado.
Buscaglia (1993) enumera alguns sentimentos próprios de pais que têm
um filho com deficiência(s). Como a criança perfeita não veio, é comum o
sentimento de auto-piedade onde aparecem a lamentação, a decepção e a
descrença. Muitas mães culpam-se pela deficiência da criança, pensando que
não se cuidaram o suficiente durante a gravidez.
Também é possível aparecer a vergonha, pois o desejo dos pais
quando geram um filho é que este seja sua extensão e quando isso não
acontece, os pais podem chegar a recusar-se a ver outras pessoas.
O medo pode acompanhar os pais porque o desconhecido gera esse
sentimento e eles podem pensar que não haverá escolas para os filhos e que
estes poderão ser rejeitados pela sociedade. Outro sentimento que pode
acompanhar o medo é a incerteza do futuro da criança e deles próprios.
Pode acontecer um período de depressão, após o nascimento da
criança, que é quando os pais procuram fugir da realidade, apresentando
apatia e vazio por causa da profundidade da dor emocional.
Alguns pais poderão sufocar essa dor demonstrando alegria e tentarão
mostrar para toda a família e amigos que a vida continuará normalmente. Este
também pode ser um comportamento para esconder o real sentimento do
momento.
Sobre estes sentimentos descritos, o autor considera que:
Essa não é uma lista completa dos problemas especiais que os pais de uma criança deficiente terão de enfrentar, mas foi elaborada para que os pais se conscientizem de que esses sentimentos são naturais, e de forma alguma podem ser considerados anormais. (BUSCAGLIA, 1993, p. 112)
A instituição educacional precisa reconhecer esse momento pelo qual
os pais passam para auxiliá-los a compreender e superar esta fase,
encaminhando-os à atitudes positivas em relação ao desenvolvimento da
criança.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ATIVIDADE 1
A partir do texto “Sentimentos comuns em pais de crianças com
deficiências”, sugere-se a aplicação de uma dinâmica de grupo que poderá se
desenvolver da seguinte maneira:
• Dinâmica: “Dos problemas”.
• Objetivo: Levar os pais/responsáveis a perceberem a importância de sua
presença e atitudes para com seus filhos com deficiência(s), destacando a
necessidade de compartilhar, com outras pessoas, os problemas pelos
quais podem passar.
• Material: Bexigas e tiras de papel.
• Procedimento: Formação em círculo, uma bexiga vazia para cada
participante, com uma tira de papel dentro contendo uma palavra para o
final da dinâmica. O facilitador dirá para o grupo que aquelas bexigas são
os problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia, de acordo com o
interesse do grupo e do tema a ser desenvolvido (incertezas quanto ao
futuro dos filhos, direitos e deveres, inclusão, trabalho, saúde, condições
financeiras, insegurança, tempo, etc.). Cada um deverá encher a sua
bexiga e brincar com ela jogando-a para cima com as diversas partes do
corpo, depois com os outros participantes, sem deixá-las cair. Aos poucos,
o facilitador pedirá para que alguns participantes deixem sua bexiga no ar e
saiam do grupo, sendo que os restantes continuam jogando, incluindo a
bexiga do membro que saiu do grupo. Quando o facilitador perceber que
quem ficou no centro não está mais conseguindo segurar todas as bexigas
(‘problemas’), pedirá que todos voltem ao círculo e então perguntará: 1) a
quem ficou no centro: o que sentiu quando percebeu que estava ficando
sobrecarregado; 2) a quem saiu: o que sentiu vendo as dificuldades dos
outros integrantes.
• Depois destas colocações, o facilitador dará os ‘ingredientes’ para possível
solução dos problemas, pedindo aos participantes que estourem as
bexigas e peguem o seu papel. Um a um, deverão ler e fazer um
comentário para o grupo. As palavras (‘ingredientes’) que estarão dentro
das bexigas: partilha, confiança, perseverança, atitude, solidariedade,
tranqüilidade, troca de experiências, diálogo, paciência, apoio,
aprendizado, participação, amizade, alegria, aceitação, amor, carinho,
limites, etc..
• Fonte: Contribuição de Carminha Braga (Franca) encaminhada ao site
www.cdof.com.br/recrea7.htm.
• Avaliação: reconhecer, por meio da participação na dinâmica, como os
pais/responsáveis estão envolvidos no dia-a-dia de seus filhos e se os
mesmos têm oportunidades de partilhar sobre suas possíveis dificuldades
e inseguranças com outras pessoas que passam por situações
semelhantes às suas.
TEXTO 2
O texto que segue destaca a importância do diálogo que deve existir
entre a família e a escola para que desenvolvam um trabalho mais
efetivo com o educando com necessidades educacionais especiais.
O PAPEL DA ESCOLA EM RELAÇÃO ÀS FAMÍLIAS
Segundo Buscaglia, para que os pais possam sair de um possível
status inferior ao qual são relegados muitas vezes, eles precisam conhecer os
direitos que lhes são próprios por terem filhos com deficiência(s) e aprender a
exercê-los. Desta forma, poderão tornar-se agentes “da mudança, da
construção e da solução de problemas”. (BUSCAGLIA, 1993, p. 118)
Dependendo do caso, muitos são os profissionais que trabalham com a
criança com deficiência(s) e depende deles a comunicação estabelecida com
a família. É necessário que eles saibam que os principais responsáveis pela
criança são os pais e estes têm o direito de conhecer os fatos que se referem
aos seus filhos. A família deve sentir segurança quanto ao trabalho realizado
pelos diferentes profissionais que deverão atuar com dedicação, competência
e desejosos do bem-estar da criança tanto quanto seus familiares.
Esses profissionais, pensando no bem-estar da criança, precisam
encontrar meios para comunicar-se entre si, tomando conhecimento sobre a
conduta de cada um durante seus atendimentos, inclusive a da família em
relação ao dia-a-dia da criança.
Quanto ao trabalho em equipe, Buscaglia (1993) destaca que a família
e a própria pessoa com deficiência(s) são as personagens centrais no
processo interdisciplinar de acompanhamento.
(...) Estudos relacionados ao envolvimento paterno revelam o grande valor de pais bem-informados como parte da equipe de reabilitação. Contudo, os pais só poderão prestar alguma ajuda se forem tratados com a mesma dignidade, consideração e respeito que qualquer outro membro da equipe poderia esperar (...) (BUSCAGLIA, 1993, p. 283)
Outro direito da família é ter contato com outras famílias que têm filhos
com deficiência(s), para que possa perceber que muitas pessoas passam por
situações semelhantes e também para tomar conhecimento de novas idéias,
estratégias e procedimentos.
O autor afirma que:
(...) Nós só daremos a nossos filhos aquilo que temos. Se quisermos lhes dar o melhor, teremos de ser o melhor. E isso só conseguimos ao assumirmos a responsabilidade de crescer, a fim de realizar os indivíduos únicos e maravilhosos que somos. (BUSCAGLIA, 1993, p. 25)
Mesmo com o nascimento de uma criança com deficiência os membros
da família precisam ter claro que eles não perderam o direito à vida e deverão
se realizar como pessoas, ir em busca de seus sonhos e deverão chorar e
lamentar-se, se assim desejarem.
A presença efetiva da família no processo de desenvolvimento da
criança com deficiência é pungente e traz efeitos significativos sobre ela.
Cury também traz para reflexão a importância do trabalho realizado
pela escola ser em conjunto com as famílias quando afirma: “Pais e
professores são parceiros na fantástica empreitada da educação”. (2003, p.54)
O autor levanta a questão de os pais nunca desistirem de seus filhos
assim como os professores nunca devem desistir de seus alunos, fazendo um
trabalho em parceria, e afirma:
(...) Para educar precisamos aprender sempre e conhecer na plenitude a palavra paciência. Quem não tem paciência desiste, quem não consegue aprender não encontra caminhos inteligentes. (CURY, 2003, p. 53)
SUGESTÃO DE ATIVIDADES ATIVIDADE 1
Para este texto sugere-se aplicação de dinâmicas de sensibilização às
deficiências (visual, auditiva, mental e física).
• Objetivo: Levar os pais/responsáveis a vivenciarem algumas deficiências,
percebendo as dificuldades e como essas pessoas podem se sentir em
relação a algumas atitudes das pessoas sem deficiências acentuadas.
• Material: Vendas para os olhos (número de participantes); TV, vídeo, DVD
com programa de curta metragem; Meias grossas (um par para cada
dupla); Talas para os braços (cinco); Camisas com vários botões (uma
para cada dupla); Cartões com o Alfabeto Braile (um cartão para cada
participante); Cartões com frases (uma para cada participante); Vários
textos escritos com diferentes símbolos.
• Procedimento: Atividades de simulação das deficiências, seguindo os
passos abaixo:
1) Simulando a Deficiência visual: Sair até a cancha da escola e com os olhos
vendados, os participantes deverão locomover-se até uma sala, encontrando
seus lugares. Nas carteiras haverá um cartão com uma das letras do Alfabeto
Braile para que a descubram. Ao final da atividade, conversar sobre as
seguintes questões: Como você se sentiu simulando uma pessoa com
deficiência visual? O que foi mais difícil realizar?
2) Como é para uma pessoa com deficiência auditiva assistir à TV: Ligar o
televisor, tirando o som completamente; quando o programa terminar,
perguntar aos participantes qual era o tema apresentado na TV, como
descobriu, o que não conseguiu entender, o que foi preciso fazer para tentar
descobrir o que estava sendo falado?
3) Como se sente a pessoa com deficiência física ou a pessoa com paralisia
cerebral: Em duplas, com meias nas mãos ou talas em um dos braços, pedir
que um dos participantes vista e abotoe a camisa. Ao terminar, desabotoar e
trocar com o outro para que faça o mesmo. A atividade completa deverá ser
realizada em dois minutos. Ao final, perguntar: O que foi mais difícil realizar?
Como você se sentiu sendo observado?
Dificuldade na fala: em duplas, cada um receberá uma frase (Anexo 1) que
deverá ser lida estando com a língua pressionada no fundo do céu da boca,
para que seja descoberta. Levantar as questões anteriores.
4) Como se sente o deficiente intelectual: Apresentar textos (Anexo 2)
utilizando diferentes símbolos, dos mais fáceis até um escrito em idioma
desconhecido, para que observem as dificuldades e potencialidades que a
pessoa com deficiência mental vivência.
• Fonte: “Projeto Sensibilizando às Deficiências”. Elaboração: Tânia Mara
Otto Dubiela; Apoio: Direção: Sueli Cristina Gurjão Ferreira; Coordenação:
Maria Aparecida dos Santos Antunes. Escola de Integração e Recuperação
da Criança Excepcional – E.R.C.E.. Bibliografia Consultada: Projeto Escola
Viva – Ministério da Educação e Cultura. Brasília. v.3. (Projeto Político
Pedagógico da Escola – 2005).
• Avaliação: No grande grupo, discutir as seguintes questões:
- Vocês já tinham vivenciado algumas das deficiências?
-Como vocês pensam que as pessoas com deficiência sentem as
brincadeiras, gozações e exclusões que sofrem?
- Como é possível colaborar com a pessoa deficiente?
Construir um quadro com as atitudes positivas e negativas frente às
pessoas com deficiências.
ATIVIDADE 2
Sugere-se a realização de estudo de texto com o grupo de
pais/responsáveis participante.
• Objetivo: Oportunizar estudo de texto, em pequenos grupos, sobre as
causas das deficiências, para que os pais reconheçam os vários fatores
que podem acarretar a(s) deficiência(s).
• Material: Texto impresso para cada participante do grupo.
• Procedimento: Dividir os pais/responsáveis em grupos com quatro
participantes. Solicitar que façam a leitura do texto “Tipos, causas e
prevenção às deficiências” (Anexo 3). Em grande grupo, discutir o que foi
destacado e as possíveis dúvidas, destacando a importância da prevenção
às deficiências e percebendo a importância de cada pai/responsável ser
um multiplicador dessas informações.
TEXTO 3
O texto refere-se sobre a história das deficiências no Brasil e tem por
objetivo levar o leitor a compreender o processo educacional vivido
em suas diferentes épocas até a atualidade.
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
A partir do documento “Projeto Escola Viva”, produzido pelo MEC
(2000), elaborou-se este texto que procura retratar a visão histórica da
educação especial no Brasil, focalizando o indivíduo considerado diferente na
sociedade e como este vem sendo tratado desde a Antigüidade até os dias
atuais.
Na Antigüidade, a organização sociopolítica se fundamentava no poder
absoluto de uma minoria numérica e a sociedade se caracterizava,
essencialmente, pela existência de dois agrupamentos sociais: a nobreza
(detinha o poder) e o populacho (dependente da nobreza, eram as pessoas
que trabalhavam e produziam). A essas pessoas destinavam-se somente as
sobras, rejeitadas pela nobreza.
Assim, o indivíduo diferente, que apresentava limitações e
necessidades diferenciadas, era exterminado por abandono, sem que isso
representasse qualquer problema de origem ética ou moral.
No período da Idade Média, com o aparecimento do cristianismo e o
fortalecimento da Igreja Católica, surgiu no cenário político um novo segmento
conhecido como clero (seus membros detinham o poder de excomungar
aqueles que os desagradassem). Ao povo, cabia o trabalho, a constituição dos
exércitos e o dever de enriquecer o clero e a nobreza.
Em função das idéias cristãs, as pessoas com deficiências não podiam
mais ser exterminadas, pois também eram consideradas criaturas de Deus.
Desta forma, dependiam da boa vontade e caridade humanas, sendo que
algumas, como na Antigüidade, eram aproveitadas como bobos da corte,
servindo de diversão.
A partir do século XII, a educação apresentava duas vertentes, sendo
uma de natureza religiosa (formava elementos para o clero) e outra
caracterizada por objetivos específicos diferenciados (poderia formar tanto
para a guerra como para as artes).
Como conseqüência desse modelo de sociedade, dois processos se
instalaram: a Inquisição Católica e a Reforma Protestante. Aqueles que se
manifestavam contrários e discordantes entre o discurso religioso e as ações
do clero, sofriam perseguição, caça e extermínio, sendo considerados hereges
pela Igreja. As pessoas com deficiências, durante esta época, também sofriam
perseguições, torturas e exterminação, caracterizando assim, um dos períodos
mais tristes da história da Humanidade.
A Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero e que culminou
com a separação da Igreja Católica e a formação de uma nova igreja, foi
resultado da indignação de tal situação por algumas pessoas do próprio clero
que buscavam uma consistência entre o discurso e a prática cristãos. Nesse
processo, esperava-se que melhorasse a situação para as pessoas com
deficiências, no entanto, elas eram vistas como demoníacas ou sofredoras de
culpas alheias.
No século XVI, com a Revolução Burguesa, que implantou uma nova
forma de produção (capitalismo mercantil), mudou-se a forma de tratar a
deficiência, vendo sua natureza orgânica, como produto de causas naturais,
não mais sobrenaturais.
Com os avanços da medicina, no século XVII, fortaleceu-se a idéia da
deficiência como processo natural (Tese da Organicidade).
Enquanto esta tese favoreceu ações de tratamento médico das pessoas
com deficiência, iniciou-se lentamente, a tese do desenvolvimento por meio da
estimulação para ações de ensino, que se desenvolveu definitivamente
apenas a partir do século XVIII.
Destaca-se, a partir daí, o paradigma da institucionalização, quando
conventos, asilos e hospitais psiquiátricos constituíram-se em locais de
confinamento, em vez de locais para tratamento das pessoas com deficiência.
O paradigma da institucionalização começou a ser criticamente
examinado por volta de 1960, baseando-se em dados que revelavam sua
inadequação e ineficiência para realizar a preparação ou a recuperação das
pessoas com necessidades educacionais especiais para viver socialmente.
Saindo deste paradigma, dois novos conceitos passaram a fazer parte
do debate social, o da normalização e da desinstitucionalização, que defendia
a necessidade de colocar a pessoa com deficiência na sociedade, procurando
ajudá-la na aquisição de padrões da vida cotidiana o mais próximo possível do
normal.
Assim, a idéia de integração começa a aparecer e localizava no sujeito
o alvo de mudança. Esse modelo se chamou paradigma de serviços e
constava de um momento de avaliação do sujeito, onde os profissionais
identificariam tudo o que seria necessário ser modificado nele para torná-lo o
mais normal possível; seguido da intervenção, com a qual seria oferecido à
pessoa com deficiência, atendimento formal e sistematizado e após, o
encaminhamento desta pessoa para a vida na comunidade.
Este paradigma logo começou a enfrentar críticas provenientes da
academia científica e das próprias pessoas com deficiência que já se
encontravam organizadas em associações, intensificando-se o debate de
idéias acerca da deficiência e da relação da sociedade com as pessoas com
deficiência.
A partir deste momento, começa a ficar claro, que além de serviços de
avaliação e de capacitação, “cabe também à sociedade se reorganizar de
forma a garantir o acesso de todos os cidadãos (inclusive os que têm uma
deficiência) a tudo o que a constitui e caracteriza, independentemente das
peculiaridades individuais.” (BRASÍLIA, 2000, p.18).
Ao conjunto dessas idéias deu-se o nome de paradigma de suporte,
que se caracteriza pelo pressuposto de que a pessoa com deficiência tem
direito ao acesso aos recursos disponíveis a todos os cidadãos sem
deficiências.
O que difere o paradigma de serviços e o paradigma de suporte
(Inclusão Social) é que o primeiro visava o investimento principal na mudança
no indivíduo (normalizá-lo) e o segundo pensava na ação de intervenção junto
à comunidade com o objetivo de construir a aceitação das diferenças e
também junto ao sujeito com deficiência.
A leitura que a sociedade foi fazendo sobre a deficiência foi se
modificando no decorrer da história e também foi determinando e determina
ainda suas ações diante das pessoas com necessidades educacionais
especiais.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ATIVIDADE 1
Sugere-se como atividade a apresentação de um vídeo sobre a visão
histórica da Educação Especial.
• Título do filme: O processo histórico de construção de um sistema
educacional inclusivo no Brasil. Duração aproximada: 17 minutos.
• Objetivo: Levar os pais/responsáveis a reconhecerem o processo histórico
pelo qual as pessoas com necessidades educacionais especiais percorrem
desde a Antigüidade, comparando com o que acontece nos dias atuais.
• Material: Aparelho de TV, DVD.
• Procedimento: Em conversa, refletir com os pais como tem sido a
participação deles e de seus filhos na sociedade: de quais eventos têm
participado como são recebidos pelas pessoas, se enfrentam dificuldades
em relação à inclusão e quais são elas. Apresentar o filme que faz um
paralelo com a exclusão das pessoas com necessidades especiais em
cada momento histórico com os dias atuais, onde focaliza a relação entre
sociedade e deficiência e os conceitos de homem, de educação e de
deficiência. Após o filme, conversar com os pais/responsáveis sobre as
seguintes questões: - Vocês conhecem alguém que pense que a
deficiência é um castigo de Deus? - Vocês já conversaram com alguém
que acha que a deficiência é uma doença, que é contagiosa, que tem
medo de interagir com uma pessoa com deficiência? – E vocês, o que
pensam sobre as deficiências? E o que leva as pessoas a terem uma visão
distorcida em relação às deficiências?
• Fonte: Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos
os alunos na escola. Alunos com necessidades educacionais especiais.
Visão Histórica. Brasília: ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial. C 327.2000.
ATIVIDADE 2
Propor que os pais/responsáveis elaborem estratégias para divulgar aos
outros pais e membros da comunidade as formas de prevenção às deficiências.
Encerrar as atividades com a leitura do texto “Bem vindo à Holanda”, de Emily
Perl Knisley, 1987 (Anexo 4).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola. Alunos com necessidades educacionais especiais. Visão histórica. MEC/SEESP. 2000. _____. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola. Alunos com necessidades educacionais especiais. Sensibilização e Convivência. MEC/SAEESP. 2000. BATISTA, C.; FIORIM, S. Prevenção em saúde– prevenção de deficiências. p.1-11. Disponível em: www.infocien.org/interface/Colets/v01n14a02. Acesso em: 16 nov.2008.
BUSCAGLIA. L. Os deficientes e seus pais. Trad. Raquel Mendes. 2ªed. Rio de Janeiro: Record, 1993. CAMPO LARGO. Projeto Político Pedagógico. Escola de Integração e Recuperação da Criança Excepcional – E.R.C.E. , 2005. CURY, A. Pais brilhantes, professores fascinantes. 21ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. DINÂMICA “dos problemas”. Disponível em http://www.cdof.com.br/recrea7.htm. Acesso em: 14 jul. 2008. GOES. F.A.B. Um encontro inesperado: os pais e seu filho com deficiência mental. Psico. Cienc. Prof., set. 2006, vol 26, no.3, p. 450-461. ISSN 1414-9893. KNISLEY. E.P. Bem vindo à Holanda. 1897. Disponível em: http://textoeafins.wordpress.com/page/3/. Acesso em: 10 jul.2008. MALDONADO, M.T. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997. Tipos de Deficiência Mental. Disponível em: www.entreamigos.com.br. Acesso em 16 nov.2008.
REFERÊNCIAS DA FIGURAS E IMAGENS
FIGURA DA EPÍGRAFE:
Imagem retirada de www.taua.ce.gov.br. Acesso em 27 nov. de 2008.
(e-mail recebido em resposta sobre a utilização da imagem)
responder a Contato <[email protected]>
para [email protected]
data 28 de novembro de 2008 10:18
assunto Re: Imagem
enviado pornucleo.segurodns.com
Ola
Pode sim, usando as referencias de onde foi extraida.
saudacoes
Alexciano Martins
Prefeitura Municpal de Taua
FIGURA DA CAPA E DO CORPO DO TRABALHO:
Imagens retiradas e autorizadas pela Microsoft Word pelo link clip-arts Office
Online. Acesso em 27 nov. de 2008.
ANEXO 1 - Frases: Deficiência na Linguagem
Cada um tem uma coisa de bom.
Pior que a deficiência é a indiferença.
Todos nós somos diferentes.
ANEXO 2 - Textos: Deficiência Mental
Blätter der Rückgang auf der Stadt
Neves, den sie die Göttlichkeit lähmen,
Trockene Bäume ohne Leben
Straßen schattig, kalt, Unglück
Wenn das Recht das Real schließt,
Und alles, was es gibt, wenn es sich bildet,
Ideal
Wenn das Recht das Real schließt,
Und alles der sich zu drehen
Surreal
Mehr Leben bildet sich
Das Handeln und das Marschieren für Illusion
Herzlos, noch Leidenschaft
Schöne unbemerkte Formen
Aber für Zugeständnisse, die sie sich verändern,
Und das freie Knirschen wird verbrannt
Für die Gesichter des Winters befestigte
Das Bedauern von gefrorenen Steintränen
TODOS NÓS SOMOS DIFXRXNTXS.
CADA UM TXM UMA COISA DX BOM.
NÃO PODXMOS FORÇAR OS OUTROS A SXRXM PARXCIDOS CONOSCO.
VAMOS ACABAR FAZXNDO COM QUX XLXS SOFRAM, X NO FINAL, NÃO SXRÃO
NXM O QUX NÓS QUXRÍAMOS, NXM O QUX XLXS XRAM...
TODOS NÓS SOMOS DIFERENTES.
CADA UM TEM UMA COISA DE BOM.
NÃO PODEMOS FORÇAR OS OUTROS A SEREM PARECIDOS CONOSCO.
VAMOS ACABAR FAZENDO COM QUE ELES SOFRAM, E NO FINAL, NÃO SERÃO
NEM O QUE NÓS QUERÍAMOS, NEM O QUE ELES ERAM...
ANEXO 3 - Tipos, causas e prevenção às deficiências.
TIPOS DE DEFICIÊNCIA MENTAL
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1976,
como os indivíduos portadores de deficiência mental não são afetados da
mesma forma, assim, dependendo do grau de comprometimento, eram
classificados como portadores de deficiência mental leve, moderada, severa e
profunda.
Atualmente, tende-se a não enquadrar previamente a pessoa com
deficiência mental em uma categoria baseada em generalizações de
comportamentos esperados para a faixa etária. O nível de desenvolvimento a
ser alcançado pelo indivíduo irá depender não só do grau de
comprometimento da deficiência mental, mas também da sua história de vida,
particularmente, do apoio familiar e das oportunidades.
1. CAUSAS E FATORES DE RISCO
1.1. FATORES DE RISCO E CAUSAS PRÉ-NATAIS: são aqueles que vão
incidir desde a concepção até o início do trabalho de parto e podem ser:
- desnutrição materna;
- má assistência à gestante;
- doenças infecciosas: sífilis, rubéola, toxoplasmose;
- tóxicos: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos,
poluição ambiental, tabagismo;
- genéticos: alterações cromossômicas (Síndrome de Down, Síndrome de
Matin Bell), alterações gênicas (erros inatos do metabolismo – fenilcetonúria,
Síndrome de Willians, esclerose tuberosa).
1.2. FATORES DE RISCO E CAUSAS PERI-NATAIS: os que vão incidir do
início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do bebê e podem ser divididos
em:
- hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente);
- prematuridade e baixo peso (PIG – Pequeno para a Idade Gestacional);
- icterícia grave do recém-nascido;
- incompatibilidade de RH.
1.3. FATORES DE RISCO E CAUSAS PÓS-NATAIS: os que vão incidir do 30º
dia de vida até o final da adolescência e podem ser:
- desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global;
- infecções: meningoencefalites, sarampo, etc.;
- intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, inseticidas, produtos
químicos (chumbo, mercúrio, etc.);
- acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc.;
- infestações: neurocisticercose (larva da Taenia Solium).
2. IDENTIFICAÇÃO
- atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor (a criança demora a firmar a
cabeça, sentar, andar, falar);
- dificuldade no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e ordens,
dificuldade no aprendizado escolar).
É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência
mental. Um único aspecto não pode ser considerado como indicativo de
qualquer deficiência.
3. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
3.1. PREVENÇÃO PRIMÁRIA: melhoria das condições biopsicossociais dos
indivíduos, assistência pré-natal, vacinação, aconselhamento genético,
estimulação ao aleitamento materno, vigilância ao crescimento físico e
psicossocial da criança e ênfase na divulgação das possíveis etiologias das
deficiências. A prevenção primária tem como objetivo proteger o bebê,
sobretudo antes do nascimento.
3.1 TIPOS DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA:
- PREVENÇÃO PRÉ-NATAL: preocupa-se com condições que tentam evitar o
problema antes do nascimento: aconselhamento genético, evolução pré-natal,
avaliação de gravidez de alto risco.
- PREVENÇÃO PERI-NATAL: preocupa-se com a melhoria das condições do
parto e nascimento, através de medidas eficientes.
- PREVENÇÃO PÓS-NATAL: visa a tomarem-se medidas gerais e específicas
aplicáveis para minimizar os fatores patológicos causadores de deficiência.
Duas ações bastante difundidas fundamentais para minimizar fatores causais
em determinado quadro de deficiência (Teste de APGAR) e também eliminar a
possibilidade da instalação de um quadro de deficiência mental (Teste de
Guthrie ou Teste do Pezinho).
3.2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: organização de serviços de caráter
preventivo, terapêutico e educacional que se destinam aos bebês de alto risco.
a) Habilidade para identificar os defeitos que podem conduzir à incapacidade.
b) Cuidados apropriados dos defeitos na fase aguda para prevenir
incapacidade subseqüente.
c) Cuidados apropriados de defeitos na fase crônica, como na epilepsia, lepra,
tuberculose, psicose, pressão alta, diabete (drogas, tratamento cirúrgico ou
outro tipo de tratamento).
3.3 PREVENÇÃO TERCIÁRIA: existe em decorrência da instalação de
alterações anatômicas, fisiológicas ou psicológicas que irão interferir no
desenvolvimento da criança. É neste momento que a educação especial
assume um papel importante no programa de prevenção oferecendo à
comunidade um serviço de estimulação essencial, cuja finalidade é
desenvolver atividades que visem dimensões ao desenvolvimento global e
harmonioso da criança. Assim devem ser trabalhadas as diferentes dimensões
do desenvolvimento: o cognitivo, o afetivo, o perceptivo-motor e o social.
4. CUIDADOS A SEREM ADOTADOS ANTES DA GESTAÇÃO
- Aconselhamento genético: é importante que os médicos desenvolvam e
apliquem critérios práticos para decidir quais de seus casos são indicados ao
aconselhamento genético.
- Vacina contra rubéola: a rubéola é uma doença produzida por vírus,
transmitida pelas gotículas de saliva disseminadas pelo indivíduo contaminado.
Quando contraída por grávidas, ela é perigosa, já que o vírus tem a
capacidade de atravessar a placenta, provocando anomalias no embrião
(cegueira, surdez, microcefalia, deficiência mental, paralisia cerebral, etc.).
- Casamentos consangüíneos: demonstra-se que cerca de 9% das crianças
nascidas entre parentes de primeiro grau apresentam problemas físicos,
doenças ou deficiência intelectual, em oposição a 3% atribuídos a crianças
nascidas de casais não consangüíneos na população geral. Casamento entre
tio e sobrinha ou vice-versa, trazem risco de 20% às crianças no sentido de
apresentarem problemas de consangüinidade. Casamentos entre primos de
segundo e terceiro grau aumentam o risco de nascimento de crianças com
deficiência.
- Toxoplasmose: também produz deficiência. É uma doença infecciosa,
produzida por um protozoário que ataca o sangue e é transmitido por contato
com gatos, aves e outros animais, além de frutas e verduras não lavadas. O
diagnóstico da doença é difícil, sendo possível apenas com testes de
laboratório, pois os sintomas são na maioria das vezes, muito semelhantes aos
de várias outras doenças. A doença torna-se muito perigosa quando acomete
mulheres grávidas, pois o protozoário pode ser transmitido ao feto pela
placenta da mãe que está infectada, podendo-se assim, dar à luz uma criança
com hidrocefalia, microcefalia, calcificação cerebral, surdez, cegueira,
deficiência intelectual e ao mesmo tempo provocar a morte da criança.
- Sífilis: doença sexualmente transmissível (DST) produzida pela bactéria
treponema pallidum. Durante a gravidez a sífilis pode afetar o desenvolvimento
físico e mental do feto. Através da circulação placentária ou na passagem
através do canal obstétrico durante o parto, o bebê pode ser contaminado.
- Incompatibilidade sangüínea: se a mãe é Rh negativo e gerar um filho Rh
positivo, durante o parto poderá ocorrer passagem de hemácias do feto para a
mãe, sensibilizando-a, ou seja, o organismo dela é estimulado a produzir
anticorpos contra o fator Rh positivo. Numa gestação seguinte, sendo o filho
novamente Rh positivo, os anticorpos já existentes na mãe atravessam a
placenta e destroem as hemácias do feto, causando anemia hemolítica do
recém-nascido (anemia por destruição de hemácias). Para tentar controlar a
anemia, a medula óssea lança rapidamente eritroblastose fetal. A criança
nasce com anemia e icterícia, precisando de tratamento imediato, que pode
envolver uma substituição total do sangue, como também na gravidez é
possível fazer o exame do líquido amniótico e através deste exame determinar
a gravidade do caso, obrigando a indução de um parto prematuro ou de
transfusão intra-uterina. O banho de luz ou fototerapia também é usado, pois a
luz transforma a bilirrubina que pode vir a impregnar o cérebro em uma
bilirrubina a ser eliminada pela urina. Nos casos graves, pode haver
convulsões, com risco de retardamento mental e surdez ou mesmo a morte.
Para evitar que a mãe fique sensibilizada quando está gerando filho Rh
positivo, ela deverá receber logo após o parto uma injeção de soro anti-Rh
(vacina Rhogan – gamaglobulina anti-Rh usada até 72 horas após o parto),
que destruirá as hemácias fetais que entraram em seu organismo.
5. CUIDADOS A SEREM ADOTADOS DURANTE A GESTAÇÃO
- Irradiação a Raios-X: os fatores físicos como os Raios-X e outras formas de
irradiação podem determinar o aparecimento de anormalidades, como defeitos
da audição, fenda palatina, cegueira, microcefalia, espinha bífida, defeitos
genitais e deficiência intelectual.
- Álcool: “Síndrome Alcoólica Fetal” – essa síndrome caracteriza-se por
alterações neurológicas, intelectuais e comportamentais e por deficiência de
crescimento, além de certas modificações faciais. Freqüentemente (80%)
notam-se os seguintes comprometimentos: microcefalia, deficiência intelectual,
irritabilidade na infância, crescimento pré-natal e pós-natal inferiores à média e
fissura palpebral curta. Também é freqüente (50%) uma deficiência na
coordenação motora, fraqueza muscular, redução do tecido adiposo,
hiperatividade na infância e redução na mandíbula. O recém-nascido pode
mostrar também uma síndrome de abstinência manifestada por irritabilidade,
inquietação, tremores, espirros, distensão abdominal e convulsões.
- Medicamentos: os medicamentos chegam ao concepto basicamente por via
placentária e amniótica e sua ação nociva depende de fatores como o período
de gestação, a concentração do medicamento no feto e doenças maternas.
Certas doenças maternas, como a hipertensão e a diabete melitus, podem
lesar a placenta, facilitando a passagem de medicamentos.
- Tabagismo: se a gestante fuma, o feto também fuma, indiretamente a nicotina
determina constrição de vasos uterinos e o monóxido de carbono combina-se
com a hemoglobina. Como resultado, a oferta de oxigênio para o feto é
diminuída e as conseqüências são: baixo peso ao nascer, riscos de aborto, de
prematuridade e de morte neonatal. A nicotina também está presente no leite
materno das mães fumantes.
- Drogas: a utilização freqüente de psicotrópicos (morfina, heroína, dolosal,
hipnóticos, neurolépticos, tranqüilizantes) tem conseqüências terríveis para o
feto e o recém-nascido. Três tipos de sintomas, quase sempre associados são
possíveis: a) o retardo do crescimento intra-uterino; b) síndrome da
impregnação: a criança nasce adormecida, necessitando de ventilação artificial
até a eliminação do tóxico; c) síndrome da abstinência: inicia-se após uma
latência de 2 a 10 dias, que corresponde a choro agudo e prolongado,
convulsões, taquipnéa associados à diarréia e vômitos, que acarretam
desidratação.
- Exames que detectam doenças no feto: a) Amniocentese: coleta de líquido
amniótico, rico em células fetais. Feito a partir da 14ª semana por meio da
introdução de uma agulha no ventre da mãe. Com o exame, faz-se o
mapeamento genético fetal, que revela doenças hereditárias e cromossômicas.
Risco de aborto – 0,5%; b) Biópsia de vilocorial: com a ajuda de um aparelho
de ultra-som, coleta-se um fragmento da placenta para análise genética fetal.
Pode ser feito após a 11ª semana introduzindo-se uma agulha na barriga ou
um cateter na vagina da mãe. O perigo de perda do feto chega a 2%; c)
Cordocentese: através de punção, é retirado sangue da veia do cordão
umbilical. Esse exame é realizado após a 20ª semana e o risco de aborto é
1%. Faz quase a mesma avaliação da amniocentese.
- Exames a serem realizados: Hemograma (sangue), glicemia, reação
sorológica para sífilis, HIV (AIDS), tipagem sanguínea, urina toxoplasmose,
hepatite e fezes.
6. CUIDADOS A SEREM ADOTADOS NO NASCIMENTO
- Recém-nascidos prematuros: bebês de alto risco, com peso inferior a 1500
gramas, além de correr risco de morte, podem ter uma deficiência. Os médicos
usam medicamentos que controlam as contrações uterinas e recomendam
repouso para as mães. Um bebê prematuro ao nascer, tem a necessidade de
assistência hospitalar, pois necessita de incubadoras, berços aquecidos,
respiradores artificiais. Os bebês prematuros correm mais riscos de problemas
que os bebês de nove meses, pois ainda não estão bem formados.
- Falta de oxigênio: quando a criança não respira depois do parto, isso causa
falta de oxigênio no cérebro. Esta falta prolongada de oxigênio pode causar
paralisia cerebral e deficiência mental. Para evitar este problema, o mais
seguro é realizar o parto no hospital, pois se a criança estiver se enrolando no
cordão umbilical ou aspirado excessivamente o líquido amniótico, ou por
qualquer outra razão não respirar depois do parto, vai necessitar de
reanimação, técnica esta dominada pelo médico com ajuda de aparelhos e
medicamentos.
- Traumas no nascimento: estes podem ser ocasionados pela posição da
criança ao nascer, estrutura óssea materna pequena em relação ao tamanho
do bebê, ausência ou parada brusca de contrações e/ou dilatação, pelo uso do
fórceps, pode também conduzir a deficiências.
7. CUIDADOS A SEREM REALIZAODS APÓS O NASCIMENTO
- Realização do Teste de Gutrhrie (Pezinho): diagnóstico laboratorial através
da coleta de sangue no 2º dia após o nascimento, após a criança ser
alimentada.
- Hipotireoidismo congênito: doença causada pela produção deficiente do
hormônio tireoidiano T4, de grande importância para o desenvolvimento de
todo o organismo, inclusive o cérebro. O tratamento consiste na reposição do
hormônio sob rigoroso controle médico para que a criança possa ter um
crescimento e um desenvolvimento de uma criança normal.
- Fenilcetonúria: a doença decorre de um erro inato do metabolismo que
determina deficiência de uma enzima hepática que, em condições normais, é
responsável pela conversão da fenilalanina em tirosina. O tratamento é
constituído de dieta pobre em fenilalanina que impede, em pacientes com
diagnóstico precoce, a instalação da deficiência mental e demais sinais da
doença, na maioria dos casos. Esta dieta é composta de verduras, legumes,
frutas e alguns cereais, em determinadas quantidades. A dieta deve ser
complementada por fórmula de aminoácidos especialmente elaborada para
esta doença.
- Fibrose Cística: doença de caráter genético, de maior incidência na infância e
caracteriza-se pela obstrução constante das vias aéreas e insuficiência
respiratória. Os pacientes precisam continuamente de fisioterapia respiratória e
programa de exercícios físicos, adequação nutricional com reposição de
enzimas pancreáticas diariamente, suplementos nutritivos, antibióticos,
mucolíticos e expectorantes.
- Realização do teste do APGAR: escala criada por uma anestesiologista
americana, e hoje, empregada pelos neonatologistas, logo após o nascimento,
ainda na sala de parto. Este índice tem como objetivo medir os sinais vitais do
bebê. O teste é realizado no primeiro e no quinto minuto de vida do bebê.
- Acidentes: podem causar deficiências. Devem ser mantidos fora do alcance
da criança objetos pequenos, pontiagudos e cortantes; a criança não deve usar
no pescoço correntes, cordões para segurar a chupeta; o bebê não deve ser
colocado no meio da cama entre os pais para dormir; sacos plásticos podem
asfixiar a criança. Deve-se tomar cuidado com pedaços grandes de alimentos,
com os quais a criança possa vir a se afogar; medicamentos e venenos devem
ser mantidos fora do alcance do bebê; protetores devem ser colocados nas
tomadas de luz da casa; também cuidados devem ser tomados na cozinha,
com panelas quentes, fios elétricos e produtos de limpeza.
- Vacinação: toda criança de zero a 15/16 anos tem direito de ser vacinada
contra diversas doenças epidêmicas. Os calendários de vacinação são muito
variados de acordo com políticas sanitárias e de prevenção epidemiológica de
cada país, e seguindo o bom senso há uma seqüência mínima de vacinas que
devem ser obrigatoriamente aplicadas.
- Desnutrição: muitas deficiências podem ser causadas pela falta de uma boa
alimentação. A desnutrição pode causar a morte da criança ou interferir no seu
desenvolvimento, com perda de peso e estatura abaixo do normal para a sua
idade, atrofia muscular, alterações músculo-articulares e pode ocorrer atraso
no desenvolvimento mental e motor. A criança desnutrida tem grande
facilidade de contrair infecções, pois seu organismo não tem resistência. A
criança precisa de alimentação correta e cuidados de higiene.
- Aleitamento materno: ajuda a prevenir deficiências. Toda mãe deve
amamentar seu filho, pois o leite além de nutritivo defende o bebê de muitas
doenças.
(Fonte: www.entreamigos.com.br, Sobre o texto: preparado para a rede Entre
Amigos por profissionais da APAE/SP, APABEX, APADE e SORRI-BRASIL).
ANEXO 4 – Texto - Bem vindo à Holanda
BEM VINDO À HOLANDA, por Emily Perl Knisley, 1987.
Freqüentemente, sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz a
uma criança com deficiência – uma tentativa de ajudar pessoas que não têm com
quem compartilhar essa experiência única a entendê-la e imaginar como é
vivenciá-la. Seria como... Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de
férias para a ITÁLIA!
Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu. O Davi
de Michelangelo. As gôndolas em Veneza. Você pode até aprender algumas
frases em italiano. É tudo muito excitante. Após meses de antecipação,
finalmente chega o grande dia! Você arruma suas malas e embarca. Algumas
horas depois você aterrissa. O comissário de bordo chega e diz:
- BEM VINDO À HOLANDA!
- Holanda!?! Diz você. – O que quer dizer com Holanda?!? Eu escolhi a Itália!
Eu devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália!
Mas houve uma mudança de plano de vôo. Eles aterrissaram na Holanda e é lá
que você deve ficar.
A coisa mais importante é que eles não te levaram a um lugar horrível,
desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas um lugar diferente.
Logo, você deve sair e comprar novos guias. Deve aprender uma nova
linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de pessoas que nunca
encontrou antes.
É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália,
mas após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor, começar a
notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrants e Van
Goghs. Mas, todos que você conhece estão ocupados indo e vindo da Itália,
estão sempre comentando sobre o tempo maravilhoso que passaram lá. E por
toda sua vida você dirá:
- Sim, era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu havia planejado!
E a dor que isso causa nunca, nunca irá embora, porque a perda desse sonho é uma
perda extremamente significativa. Porém, se você passar a sua vida toda remoendo o fato
de não ter chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito
especiais sobre a Holanda.