DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · dos índios, ciganos, e em especial, ... conhecer...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
MARCO ANTONIO PELIKE
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
POVO NEGRO E DESIGUALDADE NA MÍDIA IMPRESSA
(MANCHETES) EM CURITIBA DE 2005 A 2010:
UM LEVANTAMENTO DE DADOS
CURITIBA - 2010
1
Introdução
Você já parou para pensar sobre a população negra na sua cidade? A sua
participação na sociedade local, presença na mídia, importância nos diferentes
setores da sociedade?
Ao lermos jornais locais, percebemos manchetes que são direcionados aos
negros na mídia local. Como a imprensa se comporta frente a esse tema de
grande relevância social? Identificar a presença do negro na mídia impressa –
imagens, palavras, tipo de reportagem, ilustrações, propagandas – significa se
deparar com interesses e formas de agenciar as vozes dos excluídos nesse
momento histórico atual?
Diante deste cenário, podemos questionar o modo como representamos o
povo negro numa sociedade tão marcada por desigualdades sociais com a
curitibana. Conforme dados recentes e atualizados fornecidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as relações desiguais de trabalho,
moradia, saúde, mortalidade infantil e renda parecem se traduzir em
desigualdades raciais. Curitiba recebe e continua recebendo prêmios por ser uma
capital modelo com padrões europeus no seu desenvolvimento urbano. Contudo,
existe um grande abismo que separa o centro da periferia com enormes
quantidades de invasões e problemas infra-estruturais básicos existentes. Nestes
locais concentram-se pessoas que lutam por melhores condições de
sobrevivência, desde crianças até pessoas idosas que são excluídas por um
sistema que nega e oculta indivíduos , mas que não são vistos e nem percebidos
no seu dia-a-dia. Segundo, Garcia (2003) “... a existência de um processo de
‘invisibilização’ da população negra, seja na arquitetura, parques, bosques,
portais, meios de comunicação e educação nas escolas...”
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
Brasil tem a maior população de origem africana do mundo, os que se declaram
negros são 6,3% e os pardos representam 43,2%. Contudo, a sua presença na
mídia é muito pequena. A despeito de todas as Leis de inclusão e representação
da população negra no audiovisual brasileiro, o censo de 2000 informa que esta
população ocupa apenas 15,7% do espaço de visibilidade conferido pelos
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veículos de comunicação. Como a mídia tem voltado seus olhares para os
interesses do povo negro quanto as suas reivindicações e direitos nos longos
anos desde a época da escravização? Segundo Freitas apud Chaff, 2009, p. 31, “
o negro sempre esteve presente na história do Paraná, registrando-se um número
expressivo de 647 negros para uma população livre de 3.283, em Curitiba, em
1798”; por que então quase não vemos este sujeito social representado nos
jornais, na televisão e na publicidade local?
A proposta de estudo está fundamentada na Lei 10.639/2003, artigo 26-A
§1º que é “o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no
Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, re-
dimensionando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e políti-
ca pertinentes à História do Brasil”.
Para esse trabalho de estudo e pesquisa podemos nos fundamentar nas
Diretrizes Curriculares da Secretaria de Estado e Educação do Paraná.
Ao optar pelas contribuições das correntes da Nova História Cultural e Nova Esquerda Inglesa como referenciais teóricos destas Diretrizes Curri-culares, objetiva-se propiciar aos alunos a formação da consciência históri-ca. Para que esse objetivo seja alcançado, recomenda-se que o professor faça uma abordagem dos conteúdos sob a exploração de novos métodos de produção do conhecimento histórico e inclua em sua metodologia de trabalho: – vários recortes temporais, – diferentes conceitos de documento; – sujeitos e suas experiências, numa perspectiva de diversidade; – formas de problematização em relação ao passado; – condições de elaborar con-ceitos que permitam pensar historicamente; e – a superação da idéia de História como verdade absoluta (SEED, 2006, p. 29).
Dessa forma, entendemos ser cada vez mais necessário um ensino voltado
para a valorização das diferenças étnicas, culturais, políticas e sociais que consti-
tuem os diferentes grupos e coletividades humanas; abrindo, assim, espaço para
combater a imagem de sofrimento, ausências, escravidão e reificação frequente-
mente associada com a população negra. A valorização e o reconhecimento impli-
cam mudanças de atitudes, na aplicação da Lei 10.639/2003 no ambiente escolar
e em nossa sociedade, resultando políticas afirmativas e direitos civis, sociais,
culturais, econômicos e políticos. No próximo item sobre as porcentagens de po-
pulação, verificaremos as porcentagens e dados fornecidos pelo censo.
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1. Dados estatísticos de 1872 e 1950
[...] E no Paraná em particular. Em 1872, havia na província 55,00% de brancos contra 10,41% de pretos e 34,59% de pardos; em 1890, essas porcentagens são, respectivamente, de 63,80, 5,17 e 31,03: em 1900 e em 1920 não houve pesquisa quanto à cor, mas em 1940 as proporções eram 86,56 de brancos, para 4,89 de pretos e 7,39 de pardos. [...] o censo de 1950 revelou 86,26 de brancos, contra 4,33 de pretos e 7,30 de pardos. Quaisquer que sejam os vícios dessas declarações de cor, é evidente que eles não seriam suficientes para baixar dessa forma as porcentagens obtidas: basta ‘olhar’ o Paraná para sabê-lo. (Martins, 1989, p. 134)
No Paraná, os afro-descendentes sempre foram privados (com raríssimas
exceções) de possuírem terras ou mesmo bens materiais devido à sua condição
de escravos. Essa situação não se alterou, mesmo com a sua “libertação” em fins
do século XIX. O que vivenciamos, desde então, foi a crescente desqualificação
social de sua presença na emergente sociedade urbana e capitalista do século
XX. Particularmente em Curitiba, nos acostumamos com sua invisibilidade, nos
surpreendemos com seus feitos, estranhamos seus relatos, memórias e histórias.
Agora para melhor identificarmos seus conhecimentos básicos sobre a presença
da população negra em Curitiba, vamos utilizar algumas questões que ajudarão a
explorar e problematizar o assunto.
2. Conhecimento prévio
Você já parou para identificar o seu grau de conhecimentos sobre o tema
que estamos examinando? Esta seção foi elaborada para nos ajudar a fazer um
levantamento dos nossos conhecimentos sobre a realidade vivida pelo povo ne-
gro em nosso contexto. Sua participação é muito valiosa para esta nossa constru-
ção científica.
Neste primeiro momento, devemos avaliar as concepções que se têm em
relação ao conhecimento da história do povo negro em Curitiba (PR) no tocante à
temática sobre a desigualdade racial, mediante questões específicas sobre o
tema apresentado.
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2.1. Atividade didática
1. Conhece personagens negros que tem reconhecimento na Cidade, no Município e no Estado?
2. Percebe manifestações de reconhecimento e valorização da cultura, costumes e crenças dos afro-descendentes?
3. Procurou ler periódicos jornalísticos diariamente ou semanalmente, quantas e como são realizadas os levantamentos na sua região?
4. Como e de que forma, o tema sobre o povo negro é apresentado nos meios de comunicação impressos da cidade?
5. As abordagens da mídia, afirmam ou negam as minorias de culturas como dos índios, ciganos, e em especial, do povo negro?
Nesse momento gostaríamos de saber o seu conhecimento sobre o estudo
que pretendemos desenvolver. Ficamos desde já muito satisfeitos com a sua par-
ticipação e dedicação neste tema de grande valia para a história nacional e local.
2.2. Texto para reflexão
A socióloga Marcilene (Lena) Garcia de Souza nos apresenta uma análise
do estudo sócio-econômico referente ao povo negro em Curitiba e adjacências;
acompanhemos a autora:
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005, em Curitiba e Região Metropolitana, os negros (pretos e pardos) somam 19,7%. Os indicadores mostram que em relação à educação, quando comparamos os anos de escolaridade de negros e brancos, vemos que os brancos têm 9,3 anos de estudo para 7,4 anos de estudo dos pretos e pardos; em termos salariais, os brancos recebem em média 4,7 salários mínimos para 2,6 salários mínimos dos pretos e pardos. Para o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDS) de 2006, os negros em Curitiba e Região Metropolitana, em média, recebem 60,5% do salário dos brancos. A maior diferença salarial está nas áreas de educação, saúde, serviços sociais e administração pública (47% do rendimento dos brancos).(GARCIA, 2008)
A partir da leitura do texto, percebemos indicadores sociais importantes
apresentados. Com a próxima atividade identificaremos pontos importantes para
análise e compreensão das desigualdades étnico-raciais em nossa sociedade.
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2.2.1. Atividade didática sobre o texto de Lena Garcia
A partir do texto citado reflita e manifeste sua opinião fundamentada a res-
peito dos questionamentos de Lena Garcia de Souza, sobre a realidade local
onde o povo negro é invisibilizado.
Sugestão de vídeo:
Pula Pula Martelinho: http://www.youtube.com/watch?v=_n5K5fZ0Hc4
2.3. Atividade didática a partir de uma pesquisa de campo
Neste momento, a sua participação vai ser importante, pois vai investigar e
conhecer melhor os principais pontos de lazer, praças, ruas e bosques relaciona-
dos ao povo negro, na cidade de Curitiba.
1. Coletar fontes históricas de placas decorativas nas praças e de ruas com nome de personalidades do povo negro;
2. Procurar o órgão responsável da Prefeitura pela emissão dessas placas e nomes de ruas;
3. Procurar descobrir como são feitos essas atribuições e os motivos pelos quais são colocados na cidade.
Ao concluir a atividade de pesquisa pode anotar e registrar dados observa-
dos nos mais diferentes pontos da cidade. Na próxima seção, aparecerão impor-
tantes personagens negros na história, que tiveram reconhecimento e prestaram
grandes serviços para a humanidade.
2.4. Atividade sobre personagens negros na história
Disserte, em até trinta linhas, sobre a presença de personagens negras na
história do Brasil, sem deixar de considerar:
a) Sua contribuição no campo da cultura (ciência, tecnologia, arte e letras).
b) Sua presença nos principais órgãos públicos e privados do nosso país.
c) Sua presença na área de educação.
d) A dimensão religiosa da presença do povo negro no Brasil.
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3. Racismo e resistência negra em Curitiba: a experiência da Escola de Samba Colorado
A Escola de Samba Colorado foi criada em 1946, tendo concluído as suas
atividades em 2003, como um dos marcos importantes de representação e visibili-
dade do negro na mídia curitibana dentro do contexto histórico na época.
O preconceito e a discriminação obrigavam o negro a novas táticas de preservação e continuidade de suas manifestações culturais. A velha for-ma de batuque, que a Câmara Municipal impedia por leis desde 1860, modificava-se, vezes para se incorporar às festas populares de origem branca, vezes para se adaptar à vida urbana fria de Curitiba. (...) Aqueles crioulos da Vila Tassi, descendentes de escravos, filhos de funcionários da Rede Ferroviária Federal eram herdeiros legítimos de uma então nas-cente música urbana brasileira. (Freitas apud Ribeiro, sem página).
De acordo com (FREITAS, 2009), a Escola de Samba Colorado iniciou
suas atividades por volta de 1945 na Vila Tassi, próxima a Rede Ferroviária.
Lembra do espírito comunitário e da simplicidade que existia.
A Vila Tassi era a região mais pobre de Curitiba. A escola foi fundada por uma comunidade de negros que ocupavam cargos na antiga Rede Ferroviária Federal. Procuravam manter a cultura e tradição de seus ancestrais, com diferencial no ritmo e batida acelerada, se tornando a primeira no Brasil a ter um estilo inovador na época (...) A escola proporcionava a visibilidade ao contingente de pessoas pobres e negras no mercado de trabalho musical. (FREITAS, 2009)
Segundo Fonseca (apud Freitas, p 76), “A Colorado sempre foi meio que
marginalizada porque ela fazia parte do samba de negro. Ela era o samba do ne-
gro. Ela tinha a origem negra no seu sangue e fazia um carnaval diferente”. E aí
nos perguntamos: Porque era marginalizada pela população local?
Após ter apresentado os diversos motivos da sua exclusão frente às clas-
ses dominantes, pretendemos agora desenvolver formas de pensar e agir frente
aos conceitos e categorias de conhecimento existentes em nosso pensamento.
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3.1. Para pensar o preconceito racial em Curitiba: recursos conceituais
Pelo estudo, análise e observação dos fatos históricos, suas relações e
consequências, o educando poderá apreender as formas de se tornar sujeito his-
tórico. Citando as Diretrizes Curriculares, podemos afirmar que a investigação his-
tórica pode detectar as causas externas e internas das relações humanas, bus-
cando compreender e interpretar os sentidos que os sujeitos atribuem às suas
ações. Dessa forma, o estudo, análise e a pesquisa de fatos jornalísticos relevan-
tes, contribuirão para que o estudante de Ensino Médio possa apreender os jogos
e as implicações existentes no bojo destas intrincadas relações. No instante em
que o aluno pode confrontar documentos, comparando-os entre si, coletar dados
e pesquisar informações, poderá validar, refutar ou complementar a produção his-
toriográfica existente. Será levado a perceber que a produção do conhecimento
histórico é provisória, na medida e na profundidade da consciência histórica dos
sujeitos.
Abaixo segue glossário de palavras definidas pelo Almanaque Pedagógico
Afro-brasileiro de Rosa Margarida de Carvalho, para melhor compreensão e con-
tribuição nas reflexões sobre noções preconceituosas sobre o vocabulário de es-
tudos do povo negro.
a) Conceito de racismo
“Estrutura de poder baseada na ideologia da existência de raças superiores ou inferiores. Pode evidenciar-se na forma legal, institucional e também por meio de mecanismos de práticas sociais. No Brasil, não existem leis segregacionistas, nem conflitos públicos de violência racial; todavia, encoberto pelo mito da democracia racial,o racismo promove a exclusão sistemática dos negros da educação, cultura, mercado de trabalho e meios de comunicação.”(ROSA, 2006)
b) Conceito de negritude
“Postura de reverência aos antigos valores e modos de pensar africanos, conferindo sentimentos de orgulho e dignidade aos seus herdeiros. É, portanto, uma conscientização e desenvolvimento de valores africanos. A exaltação da negritude tem sido uma das propostas escolhidas pelos movimentos negros brasileiros para a elevação da consciência da comunidade, a fim de fortalecer a luta contra o racismo e suas mais diversas manifestações” (ROSA, 2006).
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A partir dos conceitos acima, podemos refletir sobre a necessidade de
ações e políticas mais sólidas na contemplação de direitos fundamentais para
com a população negra em nossa cidade, em nosso Estado e no nosso país. Pre-
cisamos reverter esse histórico marcado pela desigualdade nos seus direitos ao
mercado de trabalho, deixados de lado pelos interesses econômicos, políticos e
sociais, mantendo esse racismo como base de todas essas desigualdades.
Essa ampliação dos nossos conhecimentos leva aos seguintes objetivos
propostos:
a) Fortalecimento e aplicação de políticas afirmativas que proporcionem reco-
nhecimento e respeito para as diversidades étnicas e culturais do povo ne-
gro;
b) Implementação e combate as diversas formas de racismo existentes no
ambiente escolar (livros, piadas...) e na sociedade em geral;
c) Conscientização dos educandos quanto à riqueza das diversas culturas
que temos no Brasil;
d) Criação de momentos de informação cultural, econômico e social das di-
versas etnias presentes no espaço escolar.
Sugestão de vídeo:Vista a minha pele. 2003,15 min.
“Em nome desse racismo maldito, somos relegados a segundo plano na sociedade. Por isso, nossa luta deve ser solidária, tolerante e aberta a todos os que combatem a discriminação e o racismo. Invariavelmente, encontramos companheiros brancos e negros nessa mesma batalha. Nós não queremos construir uma sociedade de negros contra brancos, ou vice-versa, mas sim de todos” Trecho do discurso proferido por Abdias do Nascimento no Senado, em 28/05/1998
Pelo exposto na citação acima, Abdias sugere uma sociedade participativa
e solidária. Isto implica o empenho de edificação de princípios éticos e processos
coletivos que contribuam para a quebra de paradigmas e formas de desigualda-
des existentes na atualidade.
A próxima atividade permitirá a realização de reflexões sobre o racismo
presente em nosso meio, embora as pessoas orientadas pelo mito da democracia
racial não acreditem na sua existência.
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3. 3. Atividade para discussão em grupo
A compreensão do processo da desigualdade racial é aprofundada por
Hilton e Silva (2007, p.159), onde se faz uma necessária abordagem das formas
implícitas e promoção da igualdade e racial nos livros didáticos e de literatura
infantil.
1. O que vem a ser o racismo?
2. Conhece pessoas que foram vítimas de preconceito, discriminação e racismo?
3. Pessoalmente, o que faria para mudar situações de desigualdade e discriminação?
Sobre o racismo, preconceito e discriminação na educação infantil,
Cavalleiro (2005 p. 27) apresenta breve história sobre o negro na sociedade
brasileira nas condições básicas de sobrevivência como escola, trabalho e
moradia.
Estamos num país onde certas coisas graves e importantes se praticam sem discurso, em silêncio, para não chamar a atenção e não desencadear um processo de conscientização, ao contrário do que aconteceu nos países de racismo aberto. O Silêncio, o implícito, a sutiliza, o velado, o paternalismo são alguns aspectos dessa ideologia. (KABENGELE, 1996, p. 89)
Após refletirmos e questionarmos a respeito do racismo em nosso meio, a
próxima seção vai apresentar formas de atuação de vários organismos que
desempenham tarefas e missões importantes no cumprimento das políticas
afirmativas em nosso meio.
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3. 4 Curiosidades
Já ouviu falar nas entidades e organizações negras que trabalham contra o
preconceito e o emprego das políticas afirmativas na atualidade? Veja, no quadro
seguinte, uma pequena lista de nomes de entidades do movimentos negros
brasileiros.
1) GRUPO DE TRABALHO CLÓVIS MOURA
4) MNU – Movimento Negro Unificado
5) CEERT –Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades
6) CNAB – Congresso Nacional Afro- Brasileiro
7) GELEDES – Instituto da Mulher Negra – SP
8) CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras
9) CCMN – Casa de Cultura da Mulher Negra
10) APN – Agentes de Pastoral Negras
11) GRUCON – Grupo de União e Consciência Negra
12) CENEG – Centro Nacional de Cidadania Negra
13) CNAB – Congresso Nacional Afro-brasileiro
14) NZINGA – Coletivo de Mulheres Negras – Belo Horizonte
15) CCMN – Casa de Cultura da Mulher Negra
3. 5. Pesquisa em grupo
Faça uma pesquisa sobre os três primeiros órgãos localizados na nossa
região, focalizando os seus objetivos, metodologia e estratégias de atuação.
Após ter investigado dados sobre os movimentos e entidades acima cita-
dos, agora vamos para o laboratório de informática do colégio, onde faremos o le-
vantamento de dados e coletas de informações que serão muito importantes para
o nosso trabalho sobre o povo negro na mídia impressa curitibana, de 2005 a
2010.
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4. Noticiários e matérias veiculadas na mídia impressa de 2005 a 2010
Chegou o momento mais importante do nosso estudo. Verificaremos dis-
cursos e noticiários manchetes veiculados pelos meios de comunicação da cida-
de. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná, publicada na ga-
zeta do povo em 15/08/2008, ainda existe preconceito quanto a escolha de cor na
mídia em relação à propaganda. Perceberam numa pesquisa de dezembro de
2005 e fevereiro de 2006, que 7,3% eram pessoas negras que estavam presentes
nas campanhas publicitárias.
4.1. Pesquisa no laboratório (Internet)
. A partir desse momento de reflexão e análise, vamos realizar a pesquisa e
levantamento nos principais jornais da cidade de Curitiba e do Paraná, RPC (Ga-
zeta do Povo) e o Paraná Online (Jornal o Estado do Paraná e Tribuna), do perío-
do de 2005 a 2010, a respeito dos seguintes aspectos:
a. Trabalho: Emprego, desemprego, subemprego, informalidadeb. Comércioc. Indústriad. Construção Civile. Segurança f. Docênciag. Limpezah. Domésticosi. Saúde
2. Imprensa3. Política4. Religião5. Esportes6. Empresariado7. Comunidade
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A seguir, vamos realizar a coleta e pesquisa dos conteúdos que visam am-
pliar a visão dos alunos dos fatos veiculados pelos jornais locais, que constitui
uma forma bastante interessante de chamar-lhe a atenção através de uma leitu-
ra comparativa e a análise histórica e social:
a) Organizada em gráficos/tabelas para evidenciar de forma clara e ilustrativa os dados pesquisados;
b) Organizada em datas (dia/mês/ano) em forma crescente;c) Sistematizada em quantidades de noticiários e assuntos abordados conforme
apresentados acima;d) Pesquisada no laboratório de informática da unidade escolar de no máximo 20
alunos por período;e) Arquivar em pasta pessoal do aluno, professor e escola para futuras pesquisas e
estudos sobre o tema do povo negro em Curitiba de 2005 a 2010.
Exemplo de quadro para lançamento dos dados coletados:
DATA JORNAL MATÉRIA CONTEÚDO IMAGENS LINK OBSERVAÇÕES ACESSO
Afirmam Carone e Bento (2002, p.30): “Quando precisam mostrar uma
família, um jovem ou uma criança, todos os meios de comunicação social
brasileiros usam quase que exclusivamente o modelo branco”. Bento (2005, p.
38), reflete a questão do estereótipo nos meios de comunicação e na escola,
apresentado formas lesivas e construções negativas do conhecimento das
relações raciais e de opinião.
A partir das Diretrizes curriculares (2006) nota-se que a investigação
histórica pode detectar as causas externas e internas das relações humanas,
buscando compreender e interpretar os sentidos que os sujeitos atribuem às suas
ações. Abordagem feita sobre a realidade da cidade diz que na década de 60
quando foi estabelecido o Plano diretor da cidade verificava-se que:
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Diante das causas da escravidão no Brasil e aspectos psicológicos,
Azevêdo (1987, p. 48), conclui que “das consequências da escravatura, não
temos dúvidas de que pior que a pobreza, a miséria, o analfabetismo, a
marginalização e a doença, é a perda da autovisão de valor”. O racismo elimina
valores, sentimentos e o prazer existencial humano.
Sugestão de filme:O Jardineiro Fiel. Fernando Meireles. 129 min. 2005
As elites brasileiras desenvolveram estratégias para eliminar o povo negro
do Brasil. Um daqueles mecanismos foi a vinda dos imigrantes que recrutados de
várias partes da Europa. Ganharam cotas de terras e em alguns casos recursos
para desenvolveram seus trabalhos. Por outro lado, o povo negro após a abolição
da escravatura em 13/05/1888, pela Princesa Isabel ficou desde início à mercê do
sistema que favorecia os setores brancos. O povo negro encontrou extremas
dificuldades para obter terra, trabalho, moradia e acesso à educação formal, dado
que o sistema os retirava das preocupações do Estado. (SOUZA, 2003). Como
afirma o Programa de Ação do MNU – Movimento Negro Unificado, “estamos por
nossa própria conta”.
Sugestão de vídeo: Negação do Brasil (2000): http://www.youtube.com/watch?v=3g_e_ZKdKm8
4.2. Refletindo e produzindo em dupla na sala de aula
Após ter coletado informações necessárias sobre as matérias (manchetes)
impressas na mídia sobre o povo negro em Curitiba de 2005 a 2010, com um co-
lega na sala de aula, responda as seguintes questões abaixo:
a) Como tem se comportado a mídia impressa curitibana e paranaense no
tratamento às políticas públicas de interesse do povo negro?
b) Que aspectos contribuíram para a invisibilidade do negro na cultura curiti-
bana?
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Com certeza, vários fatores e dados foram anotados, analisados e refleti-
dos nas várias dimensões sociais, econômicas, culturais e políticas.
5. Histórias e trajetórias negras em Curitiba
A partir das imagens abaixo, em Curitiba - PR, analise o passado e o pre-
sente do povo negro, através da sua participação, fontes e documentos históricos
disponíveis, conforme questões abaixo:
Figura 1: Vista parcial da região do bairro Capanema (Curitiba/PR) – Aos fundos
Estádio do Paraná Clube (Antigo Estádio do Colorado – apelido de “Boca Negra”).
Do outro lado direito, terreno da antiga Rede Ferroviária. Hoje ALL (América Lati -
na Logística). Fonte: Autoria própria
Qual a ligação dos trabalhadores da Rede Ferroviária com a região estudada
e com a Escola de Samba Colorado?
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Figura 2: Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito. (Fonte: Autoria própria)
Como, quando e por quem foi construída? Por que teve esse nome?
Figura 3: Sociedade 13 de maio. (Fonte: Autoria própria)
Já ouviu falar dessa Sociedade? Onde se localiza? Quando e por que foi
criada?
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Figura 4: Praça Zumbi dos Palmares. (Fonte: Autoria própria)
Onde está localizada essa praça? Sabe os motivos pelas quais foi criada?
Figura 5: Engenheiros Rebouças (Fonte: Autoria própria)
Conhece a história destes importantes engenheiros que fizeram história no
Estado e no Brasil?
Figura 6: R. Eng. Enedina Alves Marques. (Fonte: Autoria própria)
Conhece a história desta primeira engenheira civil do Paraná, que teve espí-
rito de luta para conquistar seu espaço numa época muito difícil?
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Assim, ao concluir esta atividade sobre as imagens de alguns pontos da ci-
dade de Curitiba - PR, vamos agora realizar outra atividade muito interessante
sobre dois grandes artistas na área da música, desconhecidos pela grande maio-
ria da população.
Sugestão de Documentário:
a) Documentário longa-metragem: Preto no Branco (Negros em Curitiba) Realizado por 12 ex-alunos selecionados nas oficinas do Projeto Olho Vivo.
b) Negros em Curitiba: http://www.youtube.com/watch?v=wYZLQqp6D8k
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6. Atividade de pesquisa sobre importantes músicos paranaenses negros
É importante conhecermos personagens que fizeram e fazem trabalhos ex-
celentes na área da cultural, em especial na música. Abaixo com alguns referenci -
ais apresentados, vamos pesquisar e conhecer a vida e obras desses grandes
músicos e instrumentistas do Estado do Paraná.
6.1. Palminor Rodrigues Ferreira “Lápis”- artista que fala da saudade e amor –
músico e compositor brasileiro
“O nome artístico nasceu nesse período e engana-se quem pensa que o mesmo surgiu nos redutos e bares da noite de Curitiba. Lápis era a forma mais carinhosa com que seus amigos de telégrafo o chamavam devido sua fisionomia, alta, magra e negra. Esse apelido nunca incomodou o músico que durante grande parte de sua vida ficou conhecido como tal. Muitas pessoas jamais souberam o verdadeiro nome do cantor e compositor”. (PARANÁ, 2006, p.78)
6.2. Waltel Branco – Um dos maiores nomes da música instrumental brasileira
“A invisibilidade que o cerca muitas vezes chega à ficha técnica das gravações discográficas. Seu nome é omitido, deliberadamente ou não, em muitas faixas para cujas músicas ele emprestou seu talento seja como instrumentista ou arranjador. Por questões várias, até o nome é alterado quando o produto aparece como “internacional”. Waltel aceitou ter vários pseudônimos na carreira: W. Blanc, Magalhães Patto, Bianco, Airto Fogo, William Hammer, Tito Velásquez.” (MENANDRO, 2008, p.13).
Após termos lido a história destes grandes artistas paranaenses, vamos
aprofundar a pesquisa, investigando sobre as suas vidas, obras e seu trabalho
desenvolvido nos principais meios artísticos e sociais.
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REFERÊNCIAS
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Ática, 1982
BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco: discutindo as
relações sociais. São Paulo: Ática, 2005.
BRANCO, Waltel; OLIVEIRA, Claúdio Menandro de. Obras para Violão: Waltel
Branco. Curitiba. Fundação Cultural de Curitiba: 2008.
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do Povo, Curitiba, 15 ago. 2008. Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?
tl=1&id=797928&tit=Negros-estao-em-menos-de-10-das-propagandas. Acesso em
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FREITAS, João Carlos de. Colorado – A primeira Escola de Samba de Curitiba.,
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Curriculares de História para a Educação Básica, Curitiba: 2006.
PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Cadernos Temáticos –
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OLIVEIRA, Dennison de. Curitiba e mito da cidade modelo. Curitiba: Ed. Da UFPR,
2000.
ROSA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro –
Uma Proposta de Intervenção Pedagógica do Racismo no Cotidiano Escolar.
Belo Horizonte, Maza Edições, 2006
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SOUZA, Marcilene Garcia de. Juventude negra e racismo: o movimento hip-
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