DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se...

29
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Transcript of DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se...

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL NORTE PIONEIRO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

SANDRA REGINA BERTI 

DIALOGISMO: uma prática de ensino de leitura e de 

literatura no ensino médio

SANTA AMÉLIA, PARANÁ

2010

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

SANDRA REGINA BERTI

DIALOGISMO: uma prática de ensino de leitura e de 

literatura no ensino médio

Caderno   Pedagógico   apresentado   à Universidade   Estadual   do   Norte   do   Paraná (UENP),   para   atender   requisito   parcial   do Programa   de   Desenvolvimento   Educacional (PDE),   da  Secretaria   de  Estado  do  Paraná (SEED) na área de Língua Portuguesa.Orientadora:   Drª    Hiudéa   Tempesta Rodrigues Boberg 

SANTA AMÉLIA, PARANÁ2010

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os  fundamentos   teórico­metodológicos  das Diretrizes  Curriculares 

da   rede   pública  de   educação   básica   do   Estado   do   Paraná,   da  área  de   língua 

portuguesa,   são   orientados   pela   pedagogia   crítica,   cuja   abordagem   “valoriza   a 

escola   como   espaço   social   democrático,   responsável   pela   apropriação   crítica   e 

histórica do conhecimento como instrumento de compreensão das relações sociais 

para a transformação da realidade” (PARANÁ, 2008, p. 12). Dessa forma, a escola 

preocupa­se não apenas com o saber como resultado, mas com o processo de sua 

produção e as tendências de sua transformação. “A Escola tem o papel de informar, 

mostrar,   desnudar,   ensinar   regras,   não   apenas   para   que   sejam   seguidas,   mas 

principalmente para que possam ser modificadas”. (PARANÁ, 2008, p. 12)

Assim, o ensino da Língua Portuguesa deve ser norteado para um 

propósito maior de educação: 

A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato   de   formas   linguísticas   nem   pela   enunciação   monológica isolada,  nem pelo  ato  psicofisiológico  de sua produção,  mas pelo fenômeno   social   da   interação   verbal,   realizada   através   da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade   fundamental   da   língua.   (BAKHTIN/VOLOCHINOV,   1999, p.123)

Sob essa perspectiva, o ensino­aprendizagem de Língua Portuguesa 

visa aprimorar os conhecimentos lingüísticos e discursivos dos alunos, para que eles 

possam compreender os discursos que os cercam e terem condições de interagir 

com esses discursos. Para isso, é relevante que a língua seja percebida como uma 

arena   em   que   diversas   vozes   sociais   se   defrontam,   manifestando   diferentes 

opiniões.

Bakhtin   (1992)   dividiu   os   gêneros   discursivos   em   primários   e 

secundários.   Os   primários   referem­se   aos   gêneros   que   ocorrem   em   situações 

cotidianas;   já   os   secundários   acontecem   em   circunstâncias   mais   complexas   de 

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

comunicação   (como   nas   áreas   acadêmicas,   jurídicas,   artísticas,   etc.).   As   duas 

esferas são interdependentes (PARANÁ, 2008, p. 52).

Além das diversas funções que são inerentes à literatura, podemos 

destacar as diversas temáticas que são discutidas a partir dela. Trazer à  sala de 

aula textos que se aproximem, tematicamente, do mundo dos alunos, ou que, de 

alguma forma, tratem de assuntos que lhes chamariam a atenção é uma boa porta 

de entrada para o trabalho com a literatura em sala de aula.

Cabe   ao   professor   de   língua   portuguesa   então,   propiciar   ao 

educando a prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas sociais 

(jornalísticas, literária, publicitária, digital, etc.).

Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma 

atitude responsiva a outros textos, o que configura o estabelecimento de relações 

dialógicas. Na visão de Bakhtin (1992, p. 354), “mesmo enunciados separados um 

do outro no tempo e no espaço e que nada sabem um do outro, se confrontados no 

plano de sentido, revelarão relações dialógicas”. Eis exemplos de algumas esferas 

de atuação e respectivos gêneros: jornalístico (noticia, reportagem, editorial, crônica, 

carta   ao   leitor,   entrevista),   acadêmica   (resenha,   resumo,   tese,   ensaio,   artigo, 

dissertação).

Ao discutir gênero, é preciso considerar o lugar social da interação; 

os   interlocutores   e   seus   lugares   sociais   (relações   hierárquicas,   relações 

interpessoais, relações de poder e dominação, etc.), e as finalidades da interação 

(convencer, negar, vender, mentir, informar, instruir, ironizar, etc.).  

Fiorin (2006) nos mostra que para Bakhtin nos gêneros do discurso 

seu ponto de partida é o vínculo intrínseco existente entre a utilização da linguagem 

e   as   atividades   humanas.   Os   enunciados   devem   ser   vistos   na   sua   função   no 

processo de interação.

Para  ilustrar as práticas que serão concebidas sob o enfoque do 

dialogismo, foram escolhidos os textos “O escândalo do petróleo e ferro”, “O poço do 

Visconde”, de Monteiro Lobato, cujos temas serão abordados dialogicamente com 

música   dos   Titãs:   “Desordem”,   com   editoriais,   com   o   filme   “Assim   Caminha   a 

Humanidade”, com textos informativos e com charges sobre o petróleo e o pré­sal, 

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

além de imagens. Durante o desenvolvimento do projeto os alunos construirão um 

portifolio.

A primeira atividade será  a aplicação de uma breve sondagem a 

respeito da bagagem de leitura que os alunos devem ter sobre a obra lobatiana. O 

resultado das questões será abordado no artigo. 

ATIVIDADES

O petróleo move o mundo moderno e está presente em nosso cotidiano. Mas 

você sabe quem divulgou o petróleo no Brasil?

Fonte:  http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?

cid=16&letter=P&min=40&orderby=titleA&show=10. Acesso em 20/04/10.

Conheça agora o que a pesquisadora Gislayne Borges em seu artigo 

“Petróleo no Brasil” diz sobre o histórico e a luta pela divulgação desse mineral tão 

importante.

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Petróleo no Brasil

Por Gislayne Borges

Quando   falamos   sobre   o   petróleo,   muitas   pessoas   têm   a   errônea impressão   de   que   essa   substância   somente   apareceu   na   história   com   o   advento   da Revolução Industrial. Contudo, desde a Antiguidade, temos relatos que nos contam sobre a existência desse material  em algumas civilizações.  Os egípcios utilizavam esse material para embalsamar os seus mortos, já entre os povos pré­colombianos esse mesmo produto era pioneiramente empregado na pavimentação de estradas.

No Brasil,  as primeiras tentativas de encontrar petróleo datam de 1864, Mas apenas em 1897, o fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo perfurou, na região de Bofete (SP), o que foi considerado o primeiro poço petrolífero do país, muito embora apenas 2 barris tenham dele sido extraídos. Nesta época o mundo conheceu os primeiros motores à explosão que expandiriam as aplicações do petróleo, antes restritas ao uso em indústrias e   iluminação   de   residências   ou   locais  públicos.   No   final   do  século   XIX,  dez  países   já extraíam petróleo de seus subsolos.

Entre   as   principais   tentativas   de   órgãos   públicos   organizarem   e profissionalizarem a atividade de perfuração de poços no país estão a criação do Serviço Geológico   e   Mineralógico   Brasileiro   (SGMB),   em   1907,   do   Departamento   Nacional   da Produção   Mineral,   órgão   do   Ministério   de   Agricultura,   em   1933,   e   as   contribuições   do governo do estado de São Paulo. Muito embora as iniciativas tenham sido importantes para atrair  geólogos  e  engenheiros  estrangeiros  e  brasileiros  para pesquisar  nos  estados do Alagoas,   Amazonas,   Bahia   e   Sergipe,   a   falta   de   recursos,   equipamentos   e   pessoal qualificado dificultaram a chegada de resultados positivos.

Durante a década de 30, já se instalava no Brasil uma campanha para a nacionalização   dos   bens   do   subsolo,   em   função   da   presença   de  trustes  (reunião   de empresas para controlar o mercado) que apossavam­se de grandes áreas de petróleo e de minérios, como o ferro. Um das pessoas que desempenhou papel chave nesta campanha foi Monteiro Lobato, que sonhava com um Brasil próspero que pudesse oferecer progresso e desenvolvimento  para  sua população.  Depois  de uma viagem aos  Estados  Unidos,  em 1931, Lobato retorna entusiasmado com o modelo de país próspero que conhecera e passa a defender as riquezas naturais do Brasil e sua capacidade de produzir petróleo, através de contribuições de artigos para jornais e palestras para promover a conscientização popular. Estavam entre seus esforços de luta, cartas enviadas ao então presidente Getúlio Vargas, alertando­o sobre os malefícios da política de trustes para o país e a necessidade de defesa da soberania nacional na questão do petróleo; recebeu do governo a concessão de duas companhias   de   petróleo   de   exploração   do   recurso,   além   de   ter   lançado   os   livros  O escândalo do petróleo e do infanto­juvenil,  O poço do Visconde, Serões de Dona Benta e  Histórias de Tia Nastácia, sobre a descoberta do petróleo.

(...)   O   assunto   é   extremamente   sério   e   faz   jus   ao   exame   sereno   do Presidente da República, pois que as nossas melhores jazidas de minérios já caíram em  mãos estrangeiras  e no passo em que as coisas  vão o mesmo se dará  com as  terras  potencialmente petrolíferas. (...)Trecho da Carta que Monteiro Lobato enviou ao presidente Getúlio Vargas em 20 de janeiro de 1935.

Nesse meio tempo, no interior da Bahia, no município, coincidentemente mas   nada   relacionado   ao   escritor,   de   Lobato,   Manoel   Ignácio   Bastos,   engenheiro   que trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras de uma substância negra que, após ser analisada pelos engenheiros Antonio Joaquim de Souza Carneiro, da Escola 

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Politécnica de São Paulo e Oscar Cordeiro, da Bolsa de Mercadorias, é confirmada como sendo petróleo. Depois de muitas tentativas frustradas de atrair a atenção das autoridades, finalmente, em 1939, a sonda enviada pelo DNPM jorraria petróleo abundantemente, sendo considerado o primeiro poço comerciável do país, dois anos depois. 

Apenas como curiosidade, quem recebeu os créditos pela descoberta foi Oscar Cordeiro, fato que só seria corrigido pela Petrobras em 1965, quinze anos após a morte   de   Ignácio   Bastos,  após  extensa  análise  documental  apresentada   pela   viúva  de Bastos.

"Minha filha, eu agora tomei um choque. Passei no Lobato e vi  lá  uma  placa ­ 'Mina de Petróleo de Oscar Cordeiro'. E eu retruquei. Não disse a você, Maneca, que  não convidasse ninguém e esperasse ajuda do governo? E Maneca, sempre incisivo nas  respostas: 'Mas minha filha, Cordeiro, como presidente da Bolsa de Mercadorias, pode levar  avante a parte comercial da sociedade' ".

Maneca ­ apelido de Manoel Ignácio Bastos. Entrevista que Dona Diva, viúva de Bastos, concedeu ao Jornal da Bahia na década de 1950. Fonte: Afinal quem descobriu o petróleo  no Brasil? de Petronilha Pimentel.

O êxito obtido em Lobato reforçou a necessidade do país minimizar sua dependência   em   relação   às   importações   de   petróleo.   Conseqüentemente,   em   1939   o governo de Getúlio Vargas instala o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com a primeira Lei  do Petróleo do país,  para estruturar  e regularizar  as atividades envolvidas,  desde o processo de exploração de jazidas até a importação, exportação, transporte, distribuição e comércio de petróleo e derivados. Este decreto tornou o recurso patrimônio da União. 

Daí em diante, muitas perfurações foram feitas nas bacias do Paraná de Sergipe­Alagoas e do Recôncavo, sendo que as principais descobertas foram feitas nesta. 

Nos   anos   50,   a   pressão   da   sociedade   e   a   demanda   por   petróleo   se intensificavam, com o movimento de partidos políticos de esquerda que lançam a campanha “O petróleo é nosso”. O governo Getúlio Vargas responde com a assinatura, em outubro de 1953, da Lei 2004 que instituiu a Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras) como monopólio estatal de pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados. 

Com o passar  do  tempo,  o  Brasil  se  tornou uma das únicas nações a dominar a   tecnologia da exploração petrolífera em águas profundas e ultraprofundas. Em 1997,  Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso,  uma lei  aprovou a extinção do monopólio estatal sobre a exploração petrolífera e permitiu que empresas do setor   privado   também   pudessem   competir   na   atividade.   Tal   medida   visava   ampliar   as possibilidades de uso dessa riqueza.

Em 2003, a descoberta de outras bacias estabeleceu um novo período da atividade petrolífera no Brasil. A capacidade de produção de petróleo passou a suprir mais de 90% da demanda por esta fonte de energia e seus derivados no país. Em 2006, esse volume de  produção  atingiu  patamares  ainda  mais  elevados  e  conseguiu  superar,   pela primeira vez, o valor da demanda total da nossa economia. A conquista da autossuficiência permitiu o desenvolvimento da economia e o aumento das vagas de emprego.

No ano de 2007, o governo brasileiro anunciou a descoberta de um novo campo de exploração petrolífera na chamada camada pré­sal. Essas reservas de petróleo são   encontradas   a   sete   mil   metros   de   profundidade   e   apresentam   imensos   poços   de petróleo em excelente estado de conservação. Se as estimativas estiverem corretas, essa nova  frente de exploração  será  capaz de dobrar  o volume de produção de óleo  e  gás combustível do Brasil.

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

A   descoberta   do   pré­sal   ainda   instiga   várias   indagações   que   somente serão respondidas na medida em que esse novo campo de exploração for devidamente conhecido. Até lá, espera­se que o governo brasileiro tenha condições de traçar as políticas que  definam   a   exploração  dessa   nova   fonte  de   energia.  Enquanto   isso,   são   várias  as especulações sobre como a exploração da camada pré­sal poderá modificar a economia e a sociedade brasileira.

(Petróleo no Brasil por Gislayne Borges). Fonte: www.soartigos.com/downloadattachment.php?aId...articleId=3285 Acesso em 20/04/10

Agora que você já  leu um pouco sobre o petróleo, vamos ler 

textos literários de Monteiro Lobato que abordam esse assunto.

TEXTOS LITERÁRIOS

Texto 1

O poço do ViscondeMonteiro Lobato

(...)No serão seguinte, antes do Visconde começar a aula, cada um contou o 

sonho geológico que teve.O de Emília,  como sempre,   foi  o  mais complicado.  Tinha­lhe  aparecido 

uma “baleia petrolífera”, com várias torneiras pelo corpo imenso; uma que dava gasolina; outra, querosene; outra, óleo combustível; outra, óleo lubrificante...

_ Pare, Emília! – gritou Narizinho quando a boneca chegou nesse ponto. – Vovó fala de 300 produtos extraídos do petróleo. Quer dizer que a sua baleia vai ter 300 torneiras pelo menos – e se você começa a encarreirar todas, o Visconde fica sem tempo de dar a lição de hoje.

_  Além disso – ajuntou  Pedrinho  ­,  eu  desconfio  muito dos  sonhos da Emília.  São  bem­arranjados  demais.  Essa   tal  baleia  com  torneiras  petrolíferas  está  me cheirando a tapeação...

Emília pôs­lhe a língua, mas “guardou” a baleia, deixando que o Visconde abrisse a boca.

_  Muito  que bem – começou ele.  –  Vimos ontem como se  formam os lençóis  de   petróleo,   e   vimos  que   esses   lençóis   devem  estar   protegidos  por   uma   capa impermeável que prenda os gases e o óleo. Vimos também que é preciso que os lençóis se enruguem e o petróleo se acumule na parte superior das dobras. Se a capa se rompe, o gás e o óleo escapam e perdem­se.

_ Perdem­se como? – quis saber Pedrinho._ Quando você  pinga um pingo de azeite num papel,  que acontece? – 

propôs o Visconde.

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

_  Acontece  que  o  azeite  vai  se  espalhando  até   tomar   conta  do  papel inteiro.

_   Isso   mesmo.   Espalha­se,   vai   caminhando.   O   mesmo   se   dá   com   o petróleo lá no fundo, quando a capa impermeável se rompe. Vai se espalhando, vai subindo, até chegar à superfície da terra. Em muitos pontos do Brasil vemos os tais xistos e arenitos betuminosos, que não passam de materiais impregnados do petróleo que veio subindo do fundo.  No vale do Paraíba, aqui em São Paulo,  no Riacho Doce,  em Alagoas,  em São Gabriel   do   Sul   e   em   muitos   outros   pontos   existem   grande   quantidades   de   xistos betuminosos.  Esse betume é sinal de petróleo do fundo que subiu até em cima.

_ Antes de mais nada, Visconde, explique o que é xisto._ Xisto é uma argila compacta que aparece em lâminas, ou camadinhas; e 

arenito já ensinei: é areia com os grãozinhos cimentados entre si, formando uma espécie de pedra meio dura.

_ Nesse caso, quando há em cima da terra xisto ou arenito betuminoso não  dever  haver  petróleo  no   fundo.  Se  o  petróleo  chega  até   em cima então  não  está acumulado lá onde se formou.

_ É  e não é  assim – respondeu o Visconde.  – O petróleo existente na camada subterrânea pode ter­se derramado todo ou em partes. Por uma fenda, ou racha na capa impermeável, pode subir uma parte do petróleo, ficando o resto no fundo.

_ Tome fôlego, Visconde. Não temos pressa.O Visconde encheu de ar os pulmões e continuou:_ Muito bem. Já sabemos ser indispensável que a capa do petróleo seja 

impermeável e inteiriça, sem mais uma coisa: os lençóis de petróleo não são compostos de petróleo solto, líquido; ele está sempre misturado com areia, formando uma papa. Osgeólogos dizem, na sua linguagem técnica, que “a camada portadora de petróleo tem de ser de rocha porosa”, isto é, composta de grãozinho com espaços entre si. Nesses espaços é que o petróleo se acumula.

_   Então   nas   camadas   de   argila   não   pode   haver   petróleo   –   observou Pedrinho.

_ Não pode. Os grãozinhos de argila cimentam­se de tal modo que não fica entre eles nenhum espaço em que o petróleo se acomode. Essas camadas de argila servem de capa, isso sim.

_ Bem – continuou o Visconde depois de uma pausa. – Estamos na capa impermeável. Com o enrugamento da terra, a capa, no alto dos anticlinais, fica muito perto da superfície do solo; e, portanto, está mais arriscada a romper­se.

_ Por quê?_ Sempre por artes da Senhora Erosão. Na sua mania de corroer tudo, ela 

vai rebaixando o solo, afundando­o até que alcança o alto da capa impermeável e a ataca. O anticlinal é uma montanha enterrada – e a erosão tem ódio às montanhas, como já vimos. Não admite nenhuma. Quer arrasá­las todas para deixar a Terra uma planície sem fim.

_ Como é democrática! – exclamou Narizinho._ Sim, a erosão é inimiga das grandezas. O Himalaia, por exemplo, que é 

a montanha mais alta do mundo, já foi muito mais alta. A erosão vai raspando, vai roendo, vai destruindo essa orgulhosa montanha, até que um dia dê cabo dela.

_Que dia?_ Um dia lá no futuro, daqui a 100 ou 200 milhões de anos. Nesse dia a 

Terra toda estará  lisinha, sem nenhuma das rugas que se formaram quando houve o tal enrugamento.

_ Que bom para as geografias dessa época! – exclamou Emília.(...)

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

_ O petróleo aflora, escapa, escorre, põe­se em contato com o oxigênio do ar – e o oxigênio o oxida, transformando­o em asfalto. Há pelo mundo numerosos depósitos desses   restos   do   petróleo   vazado   pelos   anticlinais   roídos   pela   erosão.   Nesses   casos, procurar petróleo ali é tolice. Se ele se derramou, como há de estar lá dentro?

_ Mas pode estar perto, em outro anticlinal que ainda não fosse alcançado pela erosão – observou Pedrinho.

_ Perfeitamente. Perto ou embaixo do anticlinal esvaziado. As camadas, ou os horizontes, ou os lençóis de petróleo aparecem muitas vezes em série, superpostos, uns em cima de outros. Se o primeiro lençol está a 800 metros; outro estará a 1000; outro estará a 1500 – e assim por diante. É por isso que os petroleiros de hoje cuidam muito de perfurações profundas; e em pontos onde já tiraram petróleo a 800 metros, estão agora a tirá­lo a 1000, 1500 e até 3000 metros.

_ Muito bem, Visconde – disse Pedrinho. – Pelo que o senhor diz, a erosão tirou petróleo muito antes do homem se ocupar disso. Logo, a grande petroleira é a erosão.

(...)Fonte: O poço do Visconde, Monteiro Lobato

Texto 2

O escândalo do petróleo e ferro

Monteiro Lobato(...)O primeiro passo será esse – VER CLARO NO PROBLEMA. O segundo, 

muito mais fácil, será resolvê­lo. Como? Dando carbono ao Brasil. Que carbono? O mais alto, o petróleo. De que modo? Fazendo o que TODOS os países da América já fizeram – perfurando, PERFURANDO, PERFURANDO!

Mas perfurando de verdade,  e não deixando esse serviço a cargo dum serviço geológico federal cuja política parece coincidir singularmente com a das companhias estrangeiras empenhadas e que nos perpetuemos como eternos compradores de petróleo que elas produzem...

Importamos   anualmente   meio   milhão   de   contos   de   combustível.   Breve importaremos um milhão.

Como se vê, não é o Brasil um mercado absolutamente desprezível para as   grandes   companhias   abastecedoras.   Daí   o   interesse   delas   em   que   permaneçamos eternamente fregueses.

Em   virtude   disso,   muito   logicamente   e   de   longa   data,   vêm   elas sugestionando a nossa opinião pública para manter o indígena convicto de que aqui não há petróleo.

Pois  bem, nada as ajuda  tanto nessa propaganda como a política anti­petroleira do nosso Departamento Mineral cujo lema se resume nisto:  Não tirar petróleo e não deixar que ninguém o tire.

As   pouquíssimas   perfurações   que   esse   serviço   fez   em   15   anos   de “atividade”  nunca   realmente  visaram descobrir  petróleo  –  e  sim  desmoralizar  as  zonas, arraigando ainda mais no espírito do povo a convicção desse absurdo que é  não haver petróleo em oito  milhões e meio de quilômetros quadrados do continente petrolífero por 

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

excelência. O Serviço Geológico fingia que furava e depois, com a carinha mais inocente do mundo, dizia: “Não tem. Vocês estão vendo que não tem...”

Mas  era  mentira.  Não   furava  coisa  nenhuma.  Fingia  que   furava.  Abria buraquinhos de tatu, de 100, 200, 300, 400 metros, coisa que nada vale numa era em que as perfurações vão até 1500, 2000, 3000 metros – havendo já um poço nos Estados Unidos com mais de 5000. Basta dizer que nos 22 poços que em 15 anos o Serviço Geológico abriu em S. Paulo, a média da profundidade não passou de 425 metros – isso numa zona de planalto, 600 metros em media acima do nível do mar.

Além   da   escassíssima   profundidade,   quase   todos   esses   poços   se perderam em virtude da queda de trépanos, ruptura de cabos, etc., fatos que usualmente aconteciam sempre que a perfuração tinha o topete de dar indícios favoráveis. Ai do poço que revelasse gás ou vestígios do odiado petróleo! Era infalivelmente acidentado...

Chester Washburne,  o grande geólogo americano que o governo de S. Paulo contratou para estudar o território do Estado, apresentou um parecer luminoso, no qual diz, referindo­se a esses poços abertos pelo Serviço Geológico: Tests completed up this time have not been located on favorable structure and have little significance. POÇOS NÃO LOCALIZADOS EM ESTRUTURAS FAVORÁVEIS E DE PEQUENA SIGNIFICAÇÃO.

E o próprio Sr. Fleury da Rocha, que hoje está á testa desse Serviço, diz no relatório que apresentou ao ministro Juarez, depois de analisar minuciosamente a obra feita em 15 anos: “TUDO ESTÁ POR FAZER”. Ora, se tudo está por fazer, então é que NADA   foi   feito.   Nada   foi   feito,   na   opinião   desse   homem   que   deve   saber   o   que   diz, justamente no período em que o petróleo teve nas três Américas e sua maior expansão! 

(...)O modo de obter milho é um só – plantar milho. O modo de obter petróleo 

é um só – perfurar o chão. Mas perfurar de verdade, a fundo, de acordo com todas as regras da   arte   –   e   são   justamente   os   homens   oficialmente   acoimados   de   insinceros   (ou exploradores do bolso do público), que estão fazendo isso pela primeira vez no Brasil. Estão fazendo o que competia ao Governo fazer. E o estão fazendo com o maior sacrifício, a custa das magras economias de milhares de pequenos acionistas.

No entanto, por mais benemérito que  seja o esforço desses pioneiros, cujo triunfo   será   o   triunfo   do   Brasil,   os   maiores   óbices   com   que   até   aqui   se   defrontaram procedem justamente da campanha contra eles movida pelo serviço público que o país paga para revolver o problema!

O livro de Essad Bey virá mostrar a nossa gente o que é o petróleo, que significação tem hoje no mundo o sangue negro da terra e como é vital para a soberania dum povo dispor das suas próprias fontes de combustível líquido. Virá mostrar... Porque, por incrível que o pareça, ninguém entre os homens públicos, então, a ignorância aterra – e só essa aterradora ignorância explica o abandono em que até agora ficou o problema.

Essad   Bey   conta   da   luta   gigantesca   empenhada   entre   os   dois  trusts mundiais em todos os recantos de todos os continentes. Toca de leve no Brasil, apesar de haver aqui matéria para todo um capítulo.

Também   no   Brasil   a   penetração   dos  trusts  se   faz   sentir,   por   mais secretamente   que   trabalhem.   Um   deles,   o   mais   velho,   estabeleceu   o   programa   de   ir adquirindo   os   terrenos   potencialmente   petrolíferos,   depois   de   estudá­los   geológica   e geofisicamente.

Mas não adquire terras provadamente petrolíferas para explorar o petróleo –  sim para impedir que outros o explorem.  Como esse  trust  está com superprodução em seus inúmeros campos pelo mundo, não lhe convém abrir fontes no Brasil – e muito menos 

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

deixar  que  outros  o   façam.  Daí  a  propaganda  do  não­há­petróleo  com que  manobra  a bacoquice indígena e também a ação oficial.

(...)Fonte: O escândalo do petróleo e ferro, Monteiro Lobato.

Para você refletir...

1. Após a leitura dos textos compare:

­ O que há em comum nos textos (semelhanças)?

­ O que contrasta um texto do outro (diferenças)?

2. De acordo com os textos lidos, a finalidade dos livros de Lobato era:

(A) contar a história do petróleo no Brasil.

(B) apresentar fatos verídicos sobre a situação do Brasil, na época.

(C) mostrar como foi a perfuração do poço de petróleo no Sítio do Picapau Amarelo.

(D) Informar sobre a situação financeira do Brasil, na época.

Faça a sua escolha e a justifique:

Para conhecer mais profundamente a vida de um escritor, é preciso considerar o 

ambiente em que ele viveu. O contexto histórico ajudará você a interagir melhor.

3. Faça uma pesquisa sobre a vida e obra de Monteiro Lobato. Procure em sites da 

Internet, livros e não se esqueça das referências.

Sugestões de sites: 

http://www.projetomemoria.art.br/MonteiroLobato/monteirolobato/1931.htmlhttp://lobato.globo.com/http://www.projetomemoria.art.br/MonteiroLobato/index2.html

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

LEITURA DE IMAGENS

Procure ler com atenção as imagens reunidas abaixo:

Imagem 1

Fonte: 

http://www.diaadia.pr.gov.br//tvpendrive/arquivos/File/imagens/5ciencias/9petroleo_torre.jpg 

Acesso em 20/04/10.

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Imagem 2

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br//tvpendrive/arquivos/File/imagem/6ciencias/4petroleo.jpg

Acesso em 20/04/10

Atividades:

Para que o petróleo se  formasse,  milhões de anos  transcorreram na história  do 

planeta. 

1) Consultando o texto O poço do Visconde, de Lobato, diga como o autor descreve 

se em determinado relevo há ou não indícios de petróleo. Considere ainda o avanço 

da tecnologia para que máquinas incríveis rompam o solo e revelem a sua riqueza.

2) Outras mídias já trataram do tema:

­ Saiba como se descobre petróleo no mar.

Disponível em: http://especiais.globomar.globo.com/programa/ Acesso em 07/05/10.

­ Câmera subaquática mostra vazamento na costa dos EUA.

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Disponível em: http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/05/21/camera­subaquatica­mostra­

vazamento­na­costa­dos­eua.jhtm. Acesso em 21/05/10.

FILME

“Assim caminha a humanidade”

SINOPSERock Benedict é um texano que se apaixona por uma jovem e a leva para sua mansão, numa região quase desértica onde ele cria gado. Jett é seu empregado e protegido de sua irmã,  Luz. Jett  e Rock brigam, e Jett  herda uma terra onde encontrará  petróleo e ficará milionário. Os pais de Rock insistem em continuar com o gado, mas terão problemas com os filhos por causa disso.

FICHA DO FILME

Título original: GiantDiretor: George StevensElenco:  Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean, Carroll Baker, Dennis Hopper, Chill Wills, Mercedes McCambridge, Jane Withers, Sal Mineo, Rodney Taylor, Earl HollimanGênero: DramaDuração: 201 minAno: 1956Cor: ColoridoClassificação: Livre para todos os públicosPaís: EUADADOS DO DVDAno: 1956Distribuidora: WarnerIdioma: InglêsLegendas: Português, inglês, espanhol, japonês, chinês, coreano, tailandês e indonésio

Fonte: http://cinema.uol.com.br/filmes/assim­caminha­a­humanidade­1956.jhtm Acesso em 20/04/10

Você sabe que o cinema americano já explorou romanticamente o 

ambiente em que o petróleo é explorado? Isso aconteceu no filme “Assim caminha a 

humanidade”, do diretor George Stevens, sucesso do cinema americano na década 

de 50.

Ao   lermos   os   fragmentos   de  O   poço   do   Visconde  (1937)   e  O 

escândalo   do   petróleo  (1936),   de   Monteiro   Lobato,   percebemos   uma   grande 

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

influência da sociedade norte­americana nos textos. Denuncia o jogo de interesses 

relacionado com a extração do petróleo e a ligação das autoridades brasileiras com 

interesses internacionais. Seu ideal de país era um Brasil moderno, estimulado pela 

ciência e pelo progresso. No filme “Assim caminha a humanidade” (1956), a estória 

se passa nos EUA e também trata sobre o petróleo. 

1) Compare os fragmentos das obras com o filme.

2) Recapitule brevemente o interesse de Monteiro Lobato pela sociedade americana.

3) É incontestável a importância do impulso das ideias de Lobato sobre o petróleo 

para o desenvolvimento do país nesta área, como por exemplo, para a criação da 

Petrobrás. Pesquise sobre o assunto.

A música a seguir tem caráter político. O petróleo sempre tem causado disputa de 

território entre os países, o que acaba provocando conflitos de ideias e de 

interesses. Basta acompanhar a os noticiários. 

MÚSICA

A título de exemplo, leia com atenção a letra da música abaixo transcrita.

Desordem (Titãs)Músicas do álbum “   Jesus não tem dentes no país dos banguelas   ” Compositor: Desconhecido

(...)

Não sei se tudo vai arder Igual a um líquido inflamável, O que mais pode acontecer Neste país rico e no entanto miserável Em que pese isso sempre há, graças a Deus(...)http://vagalume.uol.com.br/titas/desordem.html. Acesso em 20/04/10

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Atividades:

1) É possível começar ouvindo uma opinião interpretativa da primeira parte do que é 

justiça, quando a música afirma:

“Não sei se existe uma justiça,Nem quando é pelas próprias mãos

Nas invasões, nos linchamentosComo não ver contradição?”

2) Observe que o eu  lírico é   incrédulo quanto a  justiça (“não sei  se existe  uma 

justiça”). O que você sobre a maneira como o compositor vê justiça? Podemos fazer 

justiça com as próprias mãos?

3) No verso “Neste país rico e no entanto miserável”, a antítese “rico” e “miserável” 

nos   revela   dois   brasis.   Que   brasis   são   esses?   Quais   as   classes   sociais   que 

representam os ricos e miseráveis? Por que isso acontece, na sua opinião?

4) Podemos notar no verso “São sempre os mesmos governantes,/ Os mesmos que 

lucraram antes,” a falta de modernidade na forma de administrar o país, sempre com 

os mesmos vícios de interesse pessoal. É possível ter uma proposta inovadora e ser 

aceita pela população? Por que isso é tão difícil? 

5)   Estamos   em   pleno   ano   eleitoral.   Você   acompanha   as   disputas   entre   os 

candidatos e entre os partidos políticos pela televisão? O que você tem a comentar a 

respeito?

6)   A   música   faz   referência   a   uma   série   de   fatos   muito   comuns   no   Brasil, 

especialmente nesse período. Quais são eles?

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

7) Diga que  imagens a associação entre a música e o cenário político atual   lhe 

despertam.

8) Dentre os assuntos mais debatidos pelos políticos em campanha está o projeto do 

pré­sal. Leia o texto abaixo, de um blog, que apresenta um histórico da descoberta 

da camada de pré­sal no litoral brasileiro.

Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

TEXTO INFORMATIVO

(...)–    O que é o pré­sal?     30/08/2009 ­ 10:29hFolha de S. Paulo. Caderno Especial.

DA REDAÇÃOUm antigo lago de 800 km de extensão, com mais de 100 milhões de anos 

de idade, do tempo em que América e África formavam um só continente, é a mais nova e promissora fronteira para a exploração de petróleo no Brasil.

A  chamada camada pré­sal   tem potencial  para  mais  do que dobrar  as atuais reservas brasileiras, estimadas em cerca de 14 bilhões de barris de petróleo ­a 14ª maior do mundo. Leva esse nome porque as rochas de onde serão extraídos óleo e gás estão abaixo de uma barreira de sal de até 2 km de espessura, situada até 5 km abaixo da superfície do oceano.

Sua  origem está   no   início  do  processo  de  separação  dos  continentes, quando o que era um imenso lago começou a se transformar em um golfo, ou seja, a ser invadido pelas águas do mar (hoje Atlântico Sul).

A decomposição de microorganismos nesse lago/golfo, aliada à pressão do sal acumulado em sucessivas épocas de evaporação e do peso da própria água sobre ele, durante milhões de anos, deram origem a um depósito de óleo de alta qualidade, que a Petrobras  prepara­se  agora  para   explorar,   em área  que  vai  do  Espírito  Santo  a  Santa Catarina.(...)

Fonte: http://blogdofavre.ig.com.br/page/7/?tag=governo­lula. Acesso em 20/04/10

Atividades

­  Você  aluno­cidadão  já  observou o  interdiscurso com outros  textos e viu que a 

literatura de Monteiro Lobato  já  havia  levantado essa bandeira por meio de suas 

produções literárias e ideal de vida, porque esteve sempre envolvido com empresas, 

ou seja, tentando fazer com as próprias mãos. Considere o interesse e a influência 

americana nas formas de ocultar a realidade. Portanto, considere:

1) Qual era o interesse? Quem no Brasil estava levando vantagem? 

2) E o pré­sal vai beneficiar a quem? Qual é a política econômica para isso? 

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

3) Estamos vendo prefeitos e governadores disputando a participação nos lucros. O 

preço do combustível  vai  baixar? Quando? Temos riquezas petrolíferas,  contudo 

ficamos presos ao preço do barril de petróleo internacional. Reflita e argumente.

4) Pesquise notícias em jornais e revistas sobre o pré­sal.

Para você ampliar seus conhecimentos sobre petróleo brasileiro e sobre o pré­sal, 

eis algumas sugestões:

 

VÍDEOS

1. Saiba como se descobre petróleo no mar

Disponível em: http://especiais.globomar.globo.com/programa/

Acesso em 07/05/10

2. A história do pré­sal

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/historia­presal­15­

566cb8127edde6cb2ba4453478a4282d.shtml

Acesso em 07/05/10

3. O que fazer com o pré­sal

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/fazer­presal­25­

e1add56fb9f3b4a7253252bcdce60501.shtml

Acesso em 07/05/10

4. Um modelo de petróleo para o Brasil

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/modelo­petroleo­

brasil­35­7f1ba8348efbe9820291e1c98501ab58.shtml

Acesso em 07/05/10

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

5. Entrevista com Monteiro Lobato

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KD9LdEbvp1I

Acesso em 07/05/10

6. Entrevista com Monteiro Lobato. Parte 2

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=yqJhKab_RJw&feature=channel

Acesso em 07/05/10

7. Entrevista com Monteiro Lobato. Parte 3

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=JXkUdCdQrrU&feature=channel

Acesso em 07/05/10

BLOG

Leituras Favre (sobre pré­sal)

Disponível em: http://blogdofavre.ig.com.br/page/7/?tag=governo­lula

Acesso em 07/05/10

REVISTA

“Bianchini” – Estímulo para ler

Disponível em: http://www.revistabianchini.com.br/entrevistas/estimulo_para_ler.html

Acesso em 07/05/10

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

SITES

1. Pesquisa avançada, vida e obra de Monteiro Lobato, Projeto Memória: Monteiro 

Lobato,  Monteiro Lobato,  moderno descobridor,  Memória  da  leitura (4 ensaios, 8 

dissertações e teses...) 

Disponível em: http://www.dobrasdaleitura.com/index.html

Abrir canastra virtual

Acesso em 07/05/10

2. Monteiro Lobato: O escritor que previu o futuro 

Disponível em: http://www.livroclip.com.br/index.php?acao=hotsite&cod=120 

Acesso em 07/05/10

3. Os Estados Unidos de Monteiro Lobato e as respostas ao “atraso” brasileiro

Disponível em: http://books.google.com.br/books?hl=pt­

BR&lr=&id=x9kvhkYfvXUC&oi=fnd&pg=PA51&dq=urup%C3%AAs+­

+monteiro+lobato&ots=Nvdd_v­5Qa&sig=iOzjzZvSxHg2AHTc­

pF3o6RTa8c#v=onepage&q=urup%C3%AAs%20­%20monteiro%20lobato&f=false

Acesso em: 07/05/10

4. Entrevista com Marisa Lajolo ­ Jornal da Unicamp ­ Livro revela Lobato jovem e 

apaixonado.

Disponível em: www.unicamp.br/iel/monteirolobato. Acesso em 23/07/10

5. Monteiro Lobato (1882 – 1948) e outros Modernistas Brasileiros 

Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/monteirolobato/

Acesso em 23/07/10

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

LIVROS

Monteiro Lobato Livro a livro, de Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini.

Monteiro Lobato – Furacão na Botocúndia, de Carmen Lucia de Azevedo, Marcia 

Camargos e Vladimir Sacchetta.

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Carmen Lucia de, Marcia Camargo, Vladimir Sacchetta. Monteiro Lobato, furação na Botocúndia: edição compacta.São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2000.

BAKHTIN, Michail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. De 

Michel Lahud e Yara Frateschi. 9 ed. São Pulo: Hucitec, 1999.

CANDIDO, Antonio. A Literatura e a formação do homem. In Ciência e Cultura, vol 24 

num 9 – São Paulo, set/1972.

CEREJA, William Roberto, Ensino de Literatura: Uma proposta dialógica para o 

trabalho com literatura. São Paulo: Editora Atual, 2005.

FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 

2006.

LAJOLO, Marisa, Ceccantini, João Luís. Monteiro Lobato Livro a Livro.São Paulo: 

UNESP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008.

LOBATO, Monteiro.  O escândalo do petróleo e ferro. Obras completas de 

Monteiro Lobato. 1ª série, Literatura Geral, volume 7. São Paulo: Editora Brasiliense 

Ltda, 1957.

_______.O poço do Visconde. São Paulo:Edição do Círculo do Livro, volume 10.

PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Língua 

Portuguesa, 2008.

REFERÊNCIAS ON LINE

Secretaria da Educação – TV multimídia – Sons e vídeos – Prosa e verso Monteiro 

Lobato. Disponível em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=10676  

Page 26: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Secretaria a Educação – TV multimídia – Imagens – Química ­ Plataforma de 

extração de petróleo. Disponível em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/6quimica/2extracao_p

etroleo.jpg 

Secretaria a Educação – TV multimídia – Imagens – Química ­ Plataforma de 

petróleo. Disponível em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?

cid=16&letter=P&min=40&orderby=titleA&show=

Secretaria a Educação – TV multimídia – Imagens – Química ­ Pré­sal. Disponível 

em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br//tvpendrive/arquivos/File/imagem/6quimica/4pre_sal1.jp

Secretaria a Educação – TV multimídia – Imagens – Ciências – Petróleo. Disponível 

em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br//tvpendrive/arquivos/File/imagens/5ciencias/9petroleo_t

orre.jpg

Secretaria a Educação – TV multimídia – Imagens – Ciências – Petróleo – 

Formação. Disponível em: 

http://www.diaadia.pr.gov.br//tvpendrive/arquivos/File/imagem/6ciencias/4petroleo.jp

g

Dia­a­dia Educação – Simuladores e Animações – Categoria: Química – Extração e 

transporte do petróleo. Disponível em: 

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/objetos_

de_aprendizagem/QUIMICA/petro_transp.swf 

Dia­a­dia Educação – Simuladores e Animações – Categoria: Química – Gasolina 

adulterada. Disponível em: 

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/objetos_

de_aprendizagem/QUIMICA/sim_qui_gasolinaadulterada.swf

Page 27: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Filme: Assim Caminha a Humanidade ­  trailer. Disponível em: 

http://www.youtube.com/watch?v=1cGDq3ulYm4

  Pesquisa avançada, vida e obra de Monteiro Lobato, Projeto Memória: Monteiro 

Lobato,  Monteiro Lobato,  moderno descobridor,  Memória  da  leitura (4 ensaios, 8 

dissertações e teses...) 

Disponível em: http://www.dobrasdaleitura.com/index.html

Abrir canastra virtual

Acesso em 07/05/10

 Monteiro Lobato: O escritor que previu o futuro 

Disponível em: http://www.livroclip.com.br/index.php?acao=hotsite&cod=120 

Acesso em 07/05/10

 Os Estados Unidos de Monteiro Lobato e as respostas ao “atraso” brasileiro

Disponível em: http://books.google.com.br/books?hl=pt­

BR&lr=&id=x9kvhkYfvXUC&oi=fnd&pg=PA51&dq=urup%C3%AAs+­

+monteiro+lobato&ots=Nvdd_v­5Qa&sig=iOzjzZvSxHg2AHTc­

pF3o6RTa8c#v=onepage&q=urup%C3%AAs%20­%20monteiro%20lobato&f=false

Acesso em: 07/05/10

  Entrevista com Marisa Lajolo ­ Jornal da Unicamp ­ Livro revela Lobato jovem e 

apaixonado.

Disponível em: www.unicamp.br/iel/monteirolobato. Acesso em 23/07/10

 Monteiro Lobato (1882 – 1948) e outros Modernistas Brasileiros 

Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/monteirolobato/

Acesso em 23/07/10

Revista “Bianchini” – Estímulo para ler

Disponível em: http://www.revistabianchini.com.br/entrevistas/estimulo_para_ler.html

Page 28: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

Acesso em 07/05/10

Leituras Favre (sobre pré­sal)

Disponível em: http://blogdofavre.ig.com.br/page/7/?tag=governo­lula

Acesso em 07/05/10

Saiba como se descobre petróleo no mar

Disponível em: http://especiais.globomar.globo.com/programa/

Acesso em 07/05/10

 A história do pré­sal

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/historia­presal­15­

566cb8127edde6cb2ba4453478a4282d.shtml

Acesso em 07/05/10

 O que fazer com o pré­sal

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/fazer­presal­25­

e1add56fb9f3b4a7253252bcdce60501.shtml

Acesso em 07/05/10

 Um modelo de petróleo para o Brasil

Disponível em: http://veja.abril.com.br/mediacenter/brasil/modelo­petroleo­

brasil­35­7f1ba8348efbe9820291e1c98501ab58.shtml

Acesso em 07/05/10

Entrevista com Monteiro Lobato

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KD9LdEbvp1I

Acesso em 07/05/10

Page 29: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Na concepção bakhtiniana, o texto sempre se estabelece como uma ... trabalhava para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras

 Entrevista com Monteiro Lobato. Parte 2

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=yqJhKab_RJw&feature=channel

Acesso em 07/05/10

 Entrevista com Monteiro Lobato. Parte 3

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=JXkUdCdQrrU&feature=channel

Acesso em 07/05/10