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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ESTADO DO PARANÁ

UNIDADE DIDÁTICA

CLEUSI T. BOBATO STADLER

NRE-PONTA GROSSA/2010

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A FOTOGRAFIA NO ENSINO DE HISTÓRIA: alguns aspectos em relação à Imigração Italiana

UNIDADE DIDÁTICA

NRE – PONTA GROSSAIMBITUVA/2010

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Estrutura Organizacional

Governo do Estado do ParanáSecretaria de Estado da Educação do Paraná

Núcleo Regional de Ponta GrossaUniversidade Estadual de Ponta Grossa

Programa de Desenvolvimento Educacional

AutoriaCleusi Teresinha Bobato Stadler

(autora e organizadora)

Roberto Edgar Lamb (Orientador – PDE/ História/UEPG)

Área de AtuaçãoHistória

IMBITUVA/PR2010

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TEMA

Conjugação entre ensino e fotografia. Utilização da fotografia em sala de aula, como proposta alternativa de ensino-aprendizagem, através do tema imigração italiana.

TÍTULO

A FOTOGRAFIA NO ENSINO DE HISTÓRIA: alguns aspectos em relação à Imigração Italiana.

STADLER, Cleusi T. Bobato.1

RESUMO

O desenvolvimento desta Unidade Didática procura atender às exigências do PDE e contemplar a produção do saber histórico em sala de aula, destacando a participação do aluno como sujeito do processo educativo. Direcionada a alunos da 7ª série, tem como objetivo principal utilizar a fotografia como metodologia de ensino, através da análise interpretativa da mesma no conteúdo Imigração Italiana. Este material didático destinado ao trabalho do professor com seus alunos foi pensado e preparado para priorizar a história local, a memória e identidade de uma cidade – Imbituva. Propõe-se que os alunos possam trabalhar com a interpretação de fotografias locais para depois partir para a análise fotográfica de suas famílias, destacando os simbolismos e representações que acompanham o registro fotográfico e a relação das suas famílias com a História local. A relevância do papel do professor neste processo faz com que este material didático esteja voltado para implantação de metodologias que ofereçam subsídios para fortalecer a prática pedagógica no contexto escolar. Portanto, o objetivo deste trabalho é transformar a imagem, mais especificamente a fotografia, produto das novas tecnologias da comunicação, em aliada da educação.

Palavras-chave: Imigração; Fotografia; Identidade; Memória.

1 Professora de História do Colégio Estadual Alcides Munhoz – Ensino Fundamental e Médio da cidade de Imbituva-Pr.

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICOPRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

A FOTOGRAFIA NO ENSINO DE HISTÓRIA: alguns aspectos em relação à Imigração Italiana é uma Unidade Didática, apresentada a Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED), como Produção Didático- Pedagógica resultante do programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), em História, através da Instituição de Ensino Superior (IES), Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob a orientação do Professor Doutor Roberto Edgar Lamb.

Esta unidade, elaborada de acordo com as orientações contidas nas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs), e direcionada aos alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Alcides, tem por objetivo principal utilizar a fotografia como metodologia de ensino, através da análise interpretativa da mesma no conteúdo Imigração Italiana.

Os alunos serão incentivados a trabalhar com imagens fotográficas de suas famílias, destacando os simbolismos e representações que acompanham o registro fotográfico e a relação das suas famílias com a História local, a fim de que ele estabeleça um elo entre o documento/fonte e o ensino de História, a partir da valorização do acervo fotográfico de suas próprias famílias.

Esse trabalho permitirá a recuperação de memórias coletivas e individuais do próprio aluno, da sua família e da comunidade em que está inserido, permitindo a construção da sua própria consciência histórica. O estudo da História local pode produzir a inserção do aluno na comunidade da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade. Ajuda a gerar atitudes investigativas, criadas com base no cotidiano do aluno, além de ajudá-lo a refletir sobre fatos e construção da realidade que o cerca.

A relevância do papel do professor neste processo faz com que este trabalho esteja voltado para implantação de metodologias que ofereçam subsídios para fortalecer a prática pedagógica no contexto escolar. Portanto, o objetivo deste trabalho é transformar a imagem, mas especificamente a fotografia, produto das novas tecnologias da comunicação em aliada da educação.

*Cleusi T. Bobato Stadler

* Graduada em História (UEPG) e Especialista em Metodologia do Ensino de História (UEPG). Professora da Rede Estadual de Educação – História. Historiadora e pesquisadora, com as publicações “Imbituva – uma cidade dos Campos Gerais” e “Memórias de Imbituva – História e Fotografia”. Membro Efetivo da Academia de Artes, Letras e Ciências da Região Centro-Sul, sede Irati.

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APRESENTAÇÃO AO ALUNO

Queridos alunos, saudações a vocês que buscam pensar a história sobre caminhos diferenciados. Este material didático foi pensado e preparado para priorizar a história local, a memória e identidade de uma cidade – Imbituva. Afinal, de que adianta você estudar a história mundial, a história do Brasil, se não conhece a sua história regional e muito menos a sua história local.

Muitas vezes sentem-se distante daquilo que lêem e estudam de história, não entendendo como a história pode influenciar no dia-a-dia. Estudam conteúdos diversos, mas não sabem como seu município foi formado. Precisamos saber sobre a nossa origem, para refletir sobre nossa cidade e entender por que a cultura de um povo pode influenciar tanto uma pequena localidade do interior.

Visando aproximar a história da sua realidade, foi pensado o tema - A Fotografia no Ensino de História: alguns aspectos em relação à Imigração Italiana. Escolhemos essa temática por ser importante na construção da cidade de Imbituva e porque se sentiu a necessidade de recuperar as histórias que envolveriam as fotografias familiares de imigrantes italianos, em tempos e espaços diferentes.

As fotografias e os textos vão ajudar a visualizar um pouco da trajetória vivida pelos imigrantes italianos da Itália até nossa cidade, bem como as transformações que a cidade passou com a chegada desses imigrantes.

A influência dos imigrantes italianos é sentida em Imbituva, com a criação da Colônia Bela Vista, a Colônia Boa Vista, a produção de erva-mate e madeira, a construção da Igreja Matriz e muitas outras construções passaram pelo toque dos imigrantes. O esforço para entendermos o crescimento da cidade com a chegada desses novos moradores é importante para pensarmos no município de hoje, que mudanças e permanências percebemos? O que era Imbituva no final do século XIX e início do século XX? Qual a contribuição dos imigrantes italianos para o desenvolvimento da cidade?

É no contexto da história da imigração e da história da comunidade local que iremos trabalhar. Você será motivado a pensar sobre a relação de nossa comunidade com essa história de imigrantes. Posteriormente, espera-se que tais atividades motivem você a descobrir quais as trajetórias de vida e a história de sua família, inclusive relacionando-as com os momentos da história local, isto é, inserindo a história de sua família nesse conjunto que é a comunidade, buscando a relação que suas famílias têm com a história local, descobrindo quais imagens fotográficas possuem e assim contribuindo para formar sua consciência e identidade histórica.

Espero contribuir de alguma forma com a construção de seu pensamento sobre nossa história local. Obrigada pela leitura e bom estudo!

Profª Cleusi T. Bobato Stadler.

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SUMÁRIO

1 – RESUMO.......................................................................................................04

2- ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS.......................................................................... 08

3 - UNIDADE I: A FOTOGRAFIA COMO “LUGAR DE MEMÓRIA” NA HISTÓRIA LOCAL..............................................................................................11

3.1 – Interpretando Fotografias...........................................................................16

4 - UNIDADE II: AS FOTOGRAFIAS COMO DESENCADEADORASDA MEMÓRIA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA........................................................21

4.1 – O Brasil dos Imigrantes..............................................................................22

5 - UNIDADE III: MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL.............................................30

5.1 - A COLÔNIA BELLA VISTA: colônia pioneira da Imigração

Italiana em Imbituva............................................................................................35

6 - UNIDADE IV: MEMÓRIA E CULTURA DE IMIGRANTES ITALIANOS........39

6.1 – Descobrindo as Heranças Culturais...........................................................46

7 - UNIDADE V: SINTETIZANDO ATRAVÉS DA FOTOGRAFIA.......................55

8 – BIBLIOGRAFIA..............................................................................................62

9 – ANEXOS........................................................................................................64

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E FOTOGRAFIAS

ILUSTRAÇÃO DA CAPA - Isabel S. Sonntag.........................................................01

FOTOGRAFIAS DA CONTRACAPA - Foto 1: Avenida 7 de setembro-1912. Acervo Sr. Édison Pupo; Foto 2: Igreja Matriz. Acervo pessoal; Foto 3: Casal de Imigrantes Italianos. Família Bobbato. Acervo pessoal; Foto 4: Casa de Imigrantes Italianos Colônia Bella Vista. Acervo pessoal.........02

FOTOGRAFIA 5 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal.....................................11

FOTOGRAFIA 6 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal.....................................12

ILUSTRAÇÃO - Isabel S. Sonntag..........................................................................13

FOTOGRAFIA 7 - Alguns exemplos de máquinas fotográficas antigas uma Máquina Digital atual. Acervo pessoal.......................................15

FOTOGRAFIA 8 - Avenida 7 de setembro em 10 de outubro de 1906. Acervo: Édison Pupo..............................................................................19

FOTOGRAFIA 9 - Casamento realizado na Igreja Católica da cidade de Imbituva/PR, em 1922. Acervo: Édison Pupo.......................20

FOTOGRAFIA 10 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................21

FOTOGRAFIA 11 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................22

FOTOGRAFIA 12 - Antiga estrada da graciosa. Acervo da Casa da Memória de Curitiba................................................................................28

FOTOGRAFIA 13 - Hospedaria de imigrantes em Curitiba.....................................28

FOTOGRAFIA 14 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................30

FOTOGRAFIA 15 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................31

FOTOGRAFIA 16 - Avenida 7 de setembro. Década de 40. Acervo Sr. Édison Pupo...........................................................32

FOTOGRAFIA 17 - Avenida 7 de setembro. Década de 60. Acervo Sr. Édison Pupo...........................................................32

FOTOGRAFIA 18 - Família de imigrantes italianos: Frederico Bobbato e Ana Maria Negrelli. Colônia da Ribeira. Década de 20/30. Acervo pessoal...........................................33

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FOTOGRAFIA 19 - Visão parcial da Colônia Bella Vista........................................36

FOTOGRAFIA 20 - O casal Marziale Bobbato e Maria Madalena Milani, um dos pioneiros da Colônia Bella Vista..............................................36

FOTOGRAFIA 21 - Visão parcial da Colônia Bella Vista, em Fevereiro de 2010. Acervo pessoal..............................................................37 FOTOGRAFIA 22 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................39

FOTOGRAFIA 23 - Festa de Encontro de Famílias. Interior de Imbituva. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato............................................40

FOTOGRAFIA 24 - Festa de Encontro de Famílias. Interior de Imbituva. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato............................................41

FOTOGRAFIA 25 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................42

FOTOGRAFIAS 26, 27, 28, 29 e 30: Fotografias de um calendário 2010 do Restaurante Italiano Mangiare Felice. Camboriú/SC.....................................48

FOTOGRAFIA 31 - Festa Religiosa no interior – Ribeira dos Leões. Acervo pessoal........................................................................50

FOTOGRAFIA 32 - Carroça - Meio de transporte utilizado pelos italianos. Acervo pessoal........................................................................50

FOTOGRAFIA 33 - Casamento de Famílias Italianas Bobbato e Mületta. Acervo pessoal........................................................................51

FOTOGRAFIA 34 - Casamento na Colônia Bella Vista. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato.........................................................52

FOTOGRAFIA 35 - Casamento de Famílias Italianas Bobbato e Mületta da Colônia Bella Vista, em Ribeira dos Leões, interior de Imbituva. Acervo pessoal.........................................................52

FOTOGRAFIA 36 - Casamento da família Italiana Alessi. Acervo pessoal.............53

FOTOGRAFIA 37 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................53 FOTOGRAFIA 38 - Rua da cidade de CASTELLO DI GODEGO. Acervo Susete Moletta.........................................................................55

FOTOGRAFIA 39 - Estrada de acesso a entrada da colônia. Acervo pessoal.......56

FOTOGRAFIA 40 - Lago da Colônia Bella Vista. Aos fundos localiza-se a Colônia. Acervo pessoal..........................................................56

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FOTOGRAFIA 41 e 42 - Fotos da Região onde foi instalada a Colônia Bella Vista. Fevereiro de 2010. Lago e Igreja da Bella Vista. Acervo pessoal........................................56

FOTOGRAFIA 43 - Local onde se instalou uma das famílias Bobbato. Acervo pessoal.........................................................................56

FOTOGRAFIA 44 - Estrada de acesso a Colônia Bella Vista. Acervo pessoal.......56

FOTOGRAFIA 45 - Igreja Nossa Senhora do Carmo. Colônia Bella Vista. Acervo pessoal.........................................................................57

FOTOGRAFIA 46 - Placa com o nome dos fundadores da colônia e da igreja. Acervo pessoal........................................................................57

FOTOGRAFIA 47 - Vista geral da Colônia Bella Vista. Acervo pessoal..................57

FOTOGRAFIA 48 - Parreiral de Uvas e cultivo da terra na Colônia Bella Vista. Acervo pessoal........................................................................58

FOTOGRAFIA 49 - Visão parcial da colônia. Acervo pessoal.................................58

FOTOGRAFIA 50 - Casa da Colônia Bella Vista em estilo italiano. Acervo pessoal........................................................................59

FOTOGRAFIA 51 - Casa da Colônia Bella Vista em estilo italiano. Acervo pessoal........................................................................59

FOTOGRAFIA 52 - Cemitério da Colônia Bella Vista. Acervo pessoal..................59

FOTOGRAFIA 53 - Imbituva no seu ponto mais alto-Igreja Matriz. Acervo pessoal.........................................................................60

FOTOGRAFIA 54 - Avenida 7 de setembro – 2010. Acervo pessoal........... ..........61

FOTOGRAFIA 55 - Caroline Bobato Alves. Acervo pessoal...................................61

OBSERVAÇÃO: Todas as reproduções de fotografias e ilustrações estão de acordo com a Cessão dos Direitos Autorais.

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UNIDADE I: A FOTOGRAFIA COMO “LUGAR DE MEMÓRIA” NA HISTÓRIA LOCAL

“O fragmento da realidade gravado na fotografia representa a perpetuação de um momento, em outras palavras, da memória...”

(Boris Kossoy)

Caros alunos: Querem conhecer um pouco de sua História e da História dos Imigrantes Italianos? Também conhecer seus costumes, memórias e cultura, através da fotografia e de uma pesquisa sobre a história local?

ATIVIDADE 1: Para entender o objetivo do nosso trabalho, que é conhecer a história de um município, através de fotografias e história local, é necessário compreender o que é resgatar a história local. Esse resgate você fará analisando fotografias, onde poderá entender melhor a história de seu município e a chegada dos imigrantes italianos. A fotografia é “lugar de memória”, guarda a lembrança de como a cidade foi construída, sobre quem foram os seus construtores e quais lembranças as pessoas quiseram preservar de sua cidade.

Foto 5: Caroline Bobato Alves

Quem de nós que não guarda lembranças, alegres ou tristes, agradáveis ou incômodas de nossas vidas? Lembranças que depois de tantos anos, apesar de carregar as mesmas imagens de lugares, objetos, tempos e pessoas, desperta cada vez novos sentimentos, como se os fatos que compõem as lembranças estivessem acontecendo pela primeira vez. Lembrar faz parte de nossa memória. Lembrar é procurar no passado as marcas deixadas pelas experiências de vida.

Com este trabalho de analisar fotografias vamos despertar as lembranças, as memórias da história local e caracterizar alguns conceitos históricos como: memória,

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Segundo o Novo Dicionário AURÉLIO:MEMÓRIA: é a faculdade de reter as

idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente.

MEMÓRIAS: são narrações históricas escritas por testemunhas presenciais. São marcas deixadas pela atividade dos seres humanos.

Mas o que significa “Lugar de Memória”?

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relação entre o passado e o presente (o velho e o novo), a história/local, identidade, cultura. O trabalho com história local fará com que você aluno compreenda sua cidade como um lugar de memórias e mesmo de contradições.

Lançamos assim, alguns questionamentos como:

1) O que é memória para você?______________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Como estão registradas as nossas memórias? E como podemos preservá-las?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Como podemos definir Cultura? Procure sua definição no dicionário.______________________________________________________________________________________________________________________________________

4) O que você entende por história/local, ou, identidade local?_____________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora que você já respondeu as questões, podemos debater as respostas com todos e analisando as mesmas, chegar à conclusão sobre a importância da preservação da memória histórica de nossa cidade.

Para que você entenda a importância da sua própria história é necessário que você enquanto aluno conheça a história/local. E para isso é importante que valorize sua cidade e seu patrimônio cultural.

Para que isso ocorra, iniciaremos assistindo algumas cenas do filme: “Narradores de Javé” *.

Foto 6

O filme foi dirigido por Eliane Caffé. Foi vencedor do Festival do Rio, como melhor filme, no ano de 2004. Tem como atores principais José Dumont, Nelson Dantas e Nelson Xavier. Participação especial Matheus Nachtergaele. O DVD foi produzido por Vídeo Filmes.

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* O filme Narradores de Javé, conta a história de um povoado ameaçado de extinção – pelas águas de uma nova hidrelétrica – que se unem para reconstruir, com testemunhos da memória oral, sua história.

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TRABALHANDO COM O FILME

1- Após assistir o filme discuta com seus colegas, qual a importância de resgatar a história do povoado de Javé?

2- Através de que fontes os moradores de Javé puderam resgatar sua história?

3- De que forma este filme contribui para entender a importância da História Local e o resgate da mesma?

Caros alunos: Agora que vocês já assistiram ao filme Narradores de Javé e

discutiram sobre ele, puderam perceber que mostra a história de um povo que busca as suas origens e, além disso, o filme nos mostra o quanto é importante conhecermos a nossa história. O filme aborda diversos temas como, a formação cultural de um povo; heranças históricas; crenças; valores; memória; história; importância da história oral na escrita da história cientifica; confronto entre o progresso e as tradições do vilarejo. Enfim, o filme mostra um Brasil de todos os brasileiros, dando voz às diversas etnias, religiões e classes excluídas, e que todos nós somos narradores de nossa própria história.

Momento de Memória: Entreviste seus avós ou a pessoa mais idosa da família para saber:

• Onde eles e os pais deles nasceram;• Procure saber qual a origem dos

sobrenomes de sua família.• Quais relações eles têm com a história

local?• Como era a vida cotidiana no passado

(vestuário, alimentação, moradia, costumes, trabalho), em nossa cidade;

• Verifique se a pessoa entrevistada possui fotos, lembranças, cartas ou documentos antigos sobre nossa cidade. Pergunte se é possível o empréstimo do material para exposição ou cópia do mesmo (com a devida autorização – em anexo).

Ilustração de Isabel Schmidt Sonntag.

• Depois de pronta sua entrevista, exponha seu trabalho e os materiais que conseguiu em sala de aula, junto com os demais colegas. Observe, troque idéias sobre as possíveis diferentes origens dos entrevistados e sobre quais contribuições eles nos trazem para conhecer a História Local.

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Fontes Históricas: é tudo aquilo que traz informações sobre o passado, que serve à

construção do conhecimento histórico.

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ATIVIDADE 2: O Resgate da História Local, sua Memória e seu Patrimônio Cultural, através da FOTOGRAFIA.

A Fotografia é uma forma de obter registros que servem como fonte documental. Fotografia é um instrumento de resgate da história de diversos grupos da sociedade.

Caros alunos: a seguir iniciará nosso trabalho de conhecer a História de nossa cidade e da imigração italiana, através da compreensão e interpretação de textos e fotografias.

O hábito de registrar o mundo à nossa volta sempre existiu, desde as pinturas rupestres nas paredes das cavernas. Com o tempo, técnicas mais sofisticadas foram aparecendo e procurando aproximar a reprodução às características do objeto retratado. Mas nada se compara à técnica fotográfica, o registro instantâneo da realidade. Desde a primeira fotografia, em 1826, as técnicas somente evoluíram: o tamanho das máquinas fotográficas diminuiu e a qualidade das fotografias aumentou.

As professoras Rosi Teixeira (PDE 2008) e Nanci Edilani Correa (PDE 2008) nos explicam nos textos seguintes, a origem da fotografia, sua utilização e a evolução da câmara fotográfica.

TEXTO 1: “Fotografia é uma técnica de gravação por meios mecânicos e químicos ou

digitais, de uma imagem numa camada de material sensível aos efeitos da luz que servirá de suporte.

A Fotografia é a arte de fixar, por meio de agentes químicos, com ajuda de uma câmara escura e com uma fonte de luz externa, uma imagem qualquer de objeto posto à frente desta câmera. A nomenclatura vem do grego Photos = Luz / Graphos = escrita, portanto, "escrita da luz". (Salles, Felipe, p. 2).

Evolução das câmaras fotográficas. As câmaras fotográficas que conhecemos hoje são bem diferentes das primeiras que surgiram. Ao longo dos anos elas foram evoluindo até chegar ao formato atual.

Muitas delas são hoje peças de coleção ou estão em museus. Elas podem ser pequenas, médias ou grandes, dependendo do filme que utilizam.

As câmaras que não usam filme são conhecidas como câmaras ou máquinas fotográficas digitais. Suas imagens são produzidas por meio de sensores eletrônicos que, por sua vez, transformam a luz em impulsos eletrônicos e as gravam de forma digital. São também no formato pequeno, médio ou grande. Entre as inovações tecnológicas estão os celulares com capacidade para tirar e armazenar fotos”. (Adaptado de Rosi Teixeira – PDE 2008).

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Foto 7: Alguns exemplos de máquinas fotográficas antigas e uma máquina digital atual.

TEXTO 2:“O uso da fotografia disseminou-se no século XX, e passou a ser utilizada

como registro dos mais diversos acontecimentos. De um acontecimento social e familiar, onde havia todo um ritual para tirar o “retrato” até os dias atuais, onde a imagem digital a todo instante captura o momento, a fotografia tem percorrido um grande caminho: ela tem registrado casamentos, nascimentos, romances, bodas, aniversários, enfim, a história do cotidiano e tem registrado os acontecimentos da política e da história nacional e mundial.”

(Adaptado de Nanci Edilani Correa – PDE 2008)

ATIVIDADE

A partir da leitura dos textos 1 e 2 e de sua própria experiência, responda:

1- O que é fotografia? O que elas podem registrar?

2- Você costuma tirar fotos e registrar momentos importantes de sua vida?

3- Qual o meio que você utiliza para tirar fotografias? Que tipo de máquina?

4- Quais os momentos de sua vida e de sua família que você registra através da

fotografia?

5- Sua família costuma registrar momentos e guardar os documentos importantes

de sua história? Como?

6- Como as fotografias poderiam servir para você aprender História?

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INTERPRETANDOFOTOGRAFIAS

Caros alunos: Para que você possa desenvolver um trabalho de interpretação de fotografias é necessário saber os passos corretos para essa atividade. Portanto vamos ler com atenção as informações do texto seguinte e desenvolver as atividades que vem posteriormente.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A fotografia impressiona a arteEntre as mais espetaculares inovações tecnológicas do século XIX,

podemos mencionar a invenção da fotografia e da máquina fotográfica. A história da fotografia tem dois pioneiros, Nièpce e Daguerre, e começa em 1816, quando Nièpce fez estudos com a heliografia, uma técnica de gravação de imagens com a luz do sol. Dez anos depois, ele conseguiu chegar à primeira imagem estável: uma vista da janela do sótão de sua casa. Anos mais tarde, Daguerre conseguiu aprimorar os estudos de Nièpce. Em 1839, Daguerre inventou a primeira máquina fotográfica, que chamou de daguerreótipo (nome pelo qual a fotografia seria conhecida durante décadas). Ele vendeu a invenção ao governo francês.

A popularização do daguerreótipo fez a fotografia virar moda na França. A difusão e as possibilidades técnicas e artísticas que o aparelho permitia, chegou a assustar a comunidade dos pintores, principalmente os retratistas, que afirmavam que a pintura tinha acabado substituída pela fotografia.

Porém, ao contrário do que previam, a pintura ganhou um grande impulso com a novidade e os estudos de luz e cor que ela permitia. Os estudos sobre a luz que a máquina fotográfica permitiu fazer foram incorporados pelos pintores em suas criações, dando início ao Impressionismo. (Texto adaptado do Livro Didático Projeto Araribá – 7ª Série – Editora Moderna – p.155).

Técnica da Fotografia: procedimentos para se chegar à fotografia.Como já foi escrito anteriormente pela profª Rosi Teixeira, a fotografia é a arte

de fixar, por meio de agentes químicos, com ajuda de uma câmara escura e com uma fonte de luz externa, uma imagem qualquer de objeto posto à frente desta câmera. Portanto, o processo de obtenção de uma fotografia não é muito complexo. A lente inverte a imagem pretendida e a luz, em conjunto com as reações químicas, faz com que a imagem fique gravada. Esta imagem é apresentada em negativo, ou seja, os setores que recebem mais luz tornam-se escuros e vice-versa.

A tecnologia que torna tudo isso possível é bastante simples. Uma câmera fotográfica é feita de três elementos básicos: um elemento óptico (a lente), um elemento químico (o filme) e um elemento mecânico (o próprio corpo da câmera). O único segredo da fotografia é combinar esses elementos de tal modo

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que eles registrem uma imagem real e reconhecível. Como se define a imagem: As fontes de luz, tanto as artificiais como a luz

solar, são as responsáveis pelo fenômeno fotográfico. Portanto, a fotografia nada mais é do que a arte de desenhar com a luz, encontrando equilíbrio entre o claro e o escuro, e assim moldando texturas de objetos.

O componente químico em uma câmera tradicional é o filme. Quando você expõe o filme a uma imagem real, ele faz um registro químico do padrão de luz.

Ele faz isso com uma coleção de minúsculos grãos sensíveis à luz espalhados em uma suspensão química sobre uma tira de plástico. Quando expostos à luz, os grãos passam por uma reação química.

Assim que o rolo acaba, o filme é revelado. Ele é exposto a outros produtos químicos que reagem com os grãos sensíveis à luz. Em um filme preto e branco, os produtos químicos reveladores escurecem os grãos que foram expostos à luz. Isso produz um negativo (onde as áreas mais claras aparecem mais escuras e as áreas mais escuras aparecem mais claras) que então é convertido em uma imagem positiva na impressão.

O filme colorido possui três camadas diferentes de materiais sensíveis à luz que respondem cada uma ao vermelho, ao verde e ao azul. Quando o filme é revelado, essas camadas são expostas a produtos químicos que tingem as camadas do filme. Quando você sobrepõe às informações de cor de todas as três camadas, obtém um negativo totalmente em cores. (Texto adaptado do site: http://viagem.hsw.uol.com.br/cameras-fotograficas.htm).

Para que você complementar seus conhecimentos e entender melhor todo o processo de produção de uma fotografia, poderá consultar este mesmo site.

Na década de 1860 a fotografia passa a ter uma grande aceitação como possibilidade inovadora de informação e conhecimento.

Boris Kossoy, um grande estudioso do uso da fotografia, nos sugere um roteiro e alguns passos que podemos utilizar para sistematizar as informações ao analisar uma fotografia:

1- Identidade do Documento + características Individuais (Registro, localização física, procedência, conservação);

2- Informações referentes ao assunto (tema representado na imagem fotográfica);

3- Informações referentes ao fotógrafo (autor do registro);4- Informações referentes à tecnologia (Processos técnicos empregados na

elaboração da fotografia, incluindo detalhes de acabamento e características físicas).

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ORGANIZE O CONHECIMENTO1- Preencha o quadro:

A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

Quando começou: Seus pioneiros:Técnicas iniciais:Primeira imagem:

2- Atividade em grupo: Utilizando-se das informações acima, sugeridas por Boris Kossoy, sobre os passos para a análise de uma fotografia, observe as fotos 2 e 3 e preencha os dados solicitados.

• Você poderá também utilizar outro roteiro para a análise dessas fotografias e realização da atividade sugerida.

• ROTEIRO PARA ANÁLISE HISTÓRICA DE FOTOGRAFIAS1- OBSERVAÇÃO:

-Analise a fotografia por alguns minutos.-Observe e estude os diferentes componentes da foto. Verifique todos os detalhes, inclusive o que está em primeiro plano, segundo plano etc.

2- COMPARAÇÃO− Formem grupos de 5 alunos, os quais deverão analisar as anotações

que cada um fez e produzir um texto identificando como era Imbituva no início do século XX e quais eram os costumes das pessoas retratadas.

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Foto 8 : Avenida 7 de setembro em 10 de outubro de 1906. Acervo: Édison Pupo.

Atividade referente à foto:

• A fotografia pertence a quem? Propriedade de quem?_____________________________________________________________• Qual a data e o local retratado na fotografia?_____________________________________________________________• Qual o tema central da fotografia?______________________________________________________________• Qual é a paisagem retratada na fotografia? É vida urbana, rural, que tipo

de ambiente?______________________________________________________________• Elabore uma descrição da cena retratada.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________• Que outros elementos (detalhes) podem-se observar e destacar na

fotografia?____________________________________________________________________________________________________________________________

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Foto 9 : Casamento realizado na Igreja Católica da cidade de Imbituva/PR, em 1922. Acervo: Édison Pupo.

Referente à foto:

• A fotografia pertence a quem? Propriedade de quem?________________________________________________________• Qual a data e o local retratado na fotografia?_____________________________________________________• Qual o tema central da fotografia? Você percebe outros assuntos

complementares que retratem a época em que foi tirada essa fotografia?

________________________________________________________• Que estilo de roupas e acessórios pode-se identificar na

fotografia?________________________________________________________________________________________________________________• Quais as idéias e mensagens significativas reveladas na

fotografia?________________________________________________________• É possível identificar valores e costumes a partir da observação

dessa fotografia? Explique.________________________________________________________• Quais os aspectos relacionados à história local que podemos

identificar na fotografia?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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UNIDADE II: AS FOTOGRAFIAS COMO DESENCADEADORAS DA MEMÓRIA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA

A Imagem fotográfica: Fonte de Recordação e Emoção

Foto 10

Quando as pessoas vêem a si mesmas ou aos seus familiares em velhos álbuns de fotografias, emocionam-se e recordam de momentos felizes ou tristes. Pelas fotos dos álbuns de família, percebe-se que o tempo passou e as marcas por ele deixadas ficaram, apesar de que nas fotografias quase sempre se constrói uma imagem positiva do tempo passado.

As pessoas se envolvem afetivamente com os conteúdos dessas imagens, as quais mostram como eram seus familiares e amigos. Essas imagens são capazes de levar-lhes ao passado numa fração de segundos, trazendo-lhes à memória os acontecimentos vividos em épocas e lugares diferentes. Através da fotografia reconstruímos nossas trajetórias de vida: o batismo, a primeira comunhão, os pais e irmãos, os vizinhos, os amores e os olhares, as reuniões e realizações, as sucessivas paisagens, os filhos, os novos amigos. A cada página destes álbuns, novas pessoas aparecem, enquanto outras desaparecem das páginas da vida e do álbum. Dificilmente nos desligamos emocionalmente dessas fotografias. Pois é na lembrança dos amigos queridos que já se foram, que desapareceram ou dos quais não se têm notícia, que o valor da fotografia encontra seu último refúgio. Aí percebemos certa melancolia nestas recordações.

São estas fotografias que nos mostram momentos interrompidos da vida, que nos trazem uma fonte de recordação e emoção, tornando-se assim um insubstituível meio de informação.

Caros alunos: De acordo com o texto, percebemos que as fotografias nos trazem recordações e emoções. É a partir deste contexto que iremos analisar as imagens, fotografias e os textos seguintes, para entendermos a Imigração Italiana através da história de suas famílias, como um ato de respeito à memória de nossos antepassados, reconhecendo o trabalho, a dedicação e abnegação com que lutaram no passado, em busca de uma vida melhor.

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Acho que é muito divertido olhar fotografias

de nossos familiares e nossas próprias

fotografias!

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O BRASIL DOS IMIGRANTES

No século XIX, algumas palavras novas começaram a ser ouvidas no Brasil: ADDIO!!! GRAZIE!!! - AUF WIEDERSEHEN!!! DANKE!!!

Foto 11

Mas, quem eram as pessoas que falavam essas palavras?Por que elas estavam vivendo no Brasil?Por que o Brasil passou a receber

imigrantes?Quem eram os imigrantes?

Os imigrantes e suas históriasOs imigrantes chegaram ao Brasil em diferentes períodos. Apesar disso, a

maioria deles vinham para recomeçar a vida em um novo lugar que lhes oferecesse terras e trabalho. Essa intenção aparecia registrada nas palavras de uma canção.

“AMERIKA, DU FREIES LAND [...] (“América, terra livre [...]EUROPA BOT NUR SCLAVEREI” a Europa só nos oferece

escravidão”)Fernando A. Novais. História da vida privada. São Paulo, Companhia das Letras, 1997. v.2. p.319

Toda a Europa foi atingida pelo crescimento demográfico experimentado entre 1815 e 1914, fazendo com que, nesse período, a população do velho continente saltasse de 180 para 450 milhões de habitantes. O aumento refletiu não só um excesso propriamente de população, mas, sobretudo, a incapacidade de absorção e

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Imigrantes: pessoas que chegam a um país diferente do seu para nele viver.(Dicionário Aurélio).

As palavras significam “ADEUS” e “OBRIGADO” em italiano e

alemão respectivamente.

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aproveitamento de indivíduos válidos, dispostos e desejosos de trabalhar parte da organização econômico-social de cada nação. Partiram, então, da Europa: religiosos, estudiosos, professores, arquitetos, pintores, exploradores, cientistas, técnicos, carpinteiros, ferreiros, agricultores e muitos outros.

Grande parte, a maioria dos 40 milhões de pessoas que partiram (85% dos quais para as Américas) não o fizeram por aventura, turismo ou desinteresse por sua pátria, mas por necessidade de fugir da privação e da carestia, principalmente nas classes menos favorecidas, as mais duramente atingidas.

Da Itália partiram, desde o início da emigração até poucas décadas atrás, mais de 27 milhões de italianos para diversos países no mundo. Deixaram a terra mater por necessidade e dela levaram o que haviam extraído de melhor: as virtudes necessárias que serviram de sustentáculo nas provações encontradas no novo país onde foram habitar.

Vamos agora ler e refletir sobre o texto abaixo, adaptado do livro de CECCON, Gilmar. Nossos Antepassados e a Colônia Tenente Coronel Accioli. Porto Alegre: Edições Est, 1997. 157p.

A viagem para o Brasil não era nada fácil. Durava, em geral, de 30 a 60 dias, dependendo do navio, se à vela ou a vapor.

Viajavam de navios, mal acomodados, passando na maioria das vezes, frio em dias de chuva, fome, calor, doenças, passavam por epidemias, mortes e outras dificuldades.

A travessia era lenta e penosa. Alternavam-se dias de calmaria com dias de aterradoras tempestades com chuva e vento. Nessas ocasiões a situação tornava-se caótica. Os viajantes agarravam-se uns aos outros, de cócoras, com as faces pálidas de terror (...). Que cena! Vê-se o medo em seus olhos (...). Quantas lágrimas, quantas orações, quantos votos.

Dias e dias se passam. Para os imigrantes os sonhos iam e vinham, as lembranças de sua terra natal ora os deixavam tristes apreensivos. Com o passar do tempo, os olhares longes, parecia que anos já haviam se passado desde que haviam deixado sua Itália.

Repentinamente, a triste e sofrida viagem parece dar mostras de que está chegando ao fim. Longa extensão de terra é avistada, aos gritos de “Brasile, Brasile”. Todos se apressam a correr para apreciar o belíssimo panorama. (...) Estavam chegando ao Rio de Janeiro.

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Emigração: sair do país de origem. Mudança voluntária do país. Imigração: entrar em um

país estranho para viver nele.

Terra mater é Terra mãe - país de onde vieram.

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ATIVIDADE

1- Após ler o texto acima, quais os principais dados que podemos retirar dele, sobre a Imigração Italiana?____________________________________________________________________________________________________________________________

2- Leia estes versos da canção “Itália bela, mostre-se gentil”

Itália bela, mostre-se gentil

e os filhos seus não a abandonarão,senão, vão todos para o Brasil,

e não se lembrarão de retornar.aqui mesmo ter-se-ia no que trabalhar

sem ser preciso para a América emigrar.

O século presente já nos deixa,o mil e novecentos se aproxima.

A fome está estampada em nossa carae para curá-la remédio não há.

A todo momento se ouve dizer:eu vou lá, onde existe a colheita do café.

Autoria desconhecida. Canção Toscana. (Canção ltalia bella, mostrati gentile. Apud Zuleika M. F. Alvim. Brava gente! ).

a) - Segundo a canção, que fatores motivaram a imigração italiana para o Brasil?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) - Reflitam e escrevam quais são os motivos que levam tantas pessoas e até famílias inteiras a emigrar, isto é, deixar seu lugar de origem para morar em outro lugar. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) - Imagine você entre as pessoas que emigravam da Itália para o Brasil no final do século XIX, pensando em trabalhar, conseguir fortuna e voltar logo para a Itália, ou realmente viver numa terra nova. Tinham uma maneira diferente de pensar o mundo. Não sabiam falar a língua portuguesa, estavam acostumados a outros hábitos alimentares, vestuário e habitação. Como você acha que foi a viagem desses grupos até sua chegada ao Brasil? ________________________

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Os Imigrantes vieram “fazer a América”O ponto de partida para o estabelecimento de imigrantes europeus no Brasil

foi o decreto de 25 de novembro de 1808, de D. João VI, que permitiu aos estrangeiros o acesso à propriedade da terra. As primeiras colônias de imigrantes alemães, que se estabelecem no Sul do Brasil, datam de 1824, no Rio Grande do Sul. Porém, a intensificação, só vai acontecer na década de 1870, quando imigrantes europeus de outras nacionalidades, como italianos, espanhóis, portugueses, russos-alemães, poloneses, etc. entram no país.

Porém, o grande fluxo de imigrantes para o Brasil ocorreu entre 1888 e 1910, coincidindo, portanto com a abolição da escravatura e a implantação e consolidação do regime republicano.

Muitos imigrantes que chegaram nesta época eram italianos, que vieram fugindo de conflitos e da pobreza de seu país. Em busca do sonho de uma vida melhor e de paz, os italianos constituíram no Brasil grandes colônias, nas regiões rurais como urbanas, sendo que muitos deles tornaram-se artesãos ou foram trabalhar em fábricas como operários na região de São Paulo.

Quase todos os imigrantes italianos que entraram no Brasil na segunda metade do século XIX, embarcaram no porto de Gênova e desembarcaram na Ilha das Flores, baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Nessa ilha eram realizados os registros exigidos pelo sistema político e também uma série de exames médicos. Aos que passassem por essas normas necessárias, o tempo de permanência na Ilha era geralmente de dois a quatro dias. No ato do registro de desembarque os imigrantes deviam informar o nome e sobrenome, a procedência, o nome do navio, idade, sexo, naturalidade, religião, profissão, data de chegada e no mesmo instante era-lhes informado para qual província deveriam dirigir-se para a sua fixação. Portanto, do porto do Rio de Janeiro os imigrantes eram embarcados em navios menores com destino às Províncias onde eram aguardados, assim seguiam para os mais diversos locais do Norte, do Leste e do Sul do Brasil.

ATIVIDADES NO CADERNO1- Trabalhar com os alunos a Música: SONHO IMIGRANTE de Milton Nascimento e Fernando Brant.

A terra do sonho é distante

E seu nome é Brasil

Plantarei a minha vida

Debaixo do céu anil [...] [...]

O frio não é muito frio

Nem o calor muito quente

E falam que quem lá vive

É maravilha de gente.

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Desta música e do texto acima destacar as seguintes questões: a) Que esperanças os imigrantes tinham segundo os autores da música? b) O que motivava os imigrantes a saírem de seus países?c) Que tipo de vida esperavam ter no Brasil? d) O que significava, para os italianos, “fazer a América”?

2 - PESQUISE: Na sua maioria os imigrantes que vieram para o Brasil conseguiram melhorar suas condições de vida?a) De que forma os imigrantes poderiam ter acesso a um pedaço de terra no Brasil?b) A Lei de Terras de 1850 no Brasil prejudicava ou facilitava a aquisição de terras pelos imigrantes?

3 - Procure encontrar imagens dos navios que trouxeram os imigrantes para o Brasil, com seus respectivos nomes e datas de chegada.

A CHEGADA DOS IMIGRANTES AO PARANÁ

Em 1853, por decreto do imperador D. Pedro II, o Paraná deixou de ser Província de São Paulo. Com isso, a nova província passou a participar do programa do governo de incentivo à imigração européia.

O governo tinha intenção de povoar e colonizar a nova província do Império. Dessa forma, enviou imigrantes europeus ao Paraná para ocupar as terras que antes eram habitadas pelos índios Kainkang – estes haviam sido expulsos por bugreiros a serviços das próprias empresas encarregadas de instalar os colonos chegados ao Paraná.

(Observe o Gráfico de Porcentagem de Imigrantes por origem)..

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Caçador de Bugres.Bugres: Indivíduo das Tribos Indígenas do Sul, entre os rios Iguaçu, Piquiri e Uruguai.

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47%

19%

13%8%

13%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

Polo

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PolonesesUcranianosAlemãesItalianosOutros

Gráfico adaptado de: ROLLEMBERG, Graziella. História do Paraná. 2º ciclo.

São Paulo: Ática, 2008. p.77.

Podemos observar através do gráfico que entre os imigrantes que chegaram ao Paraná estão 47 mil poloneses, 19 mil ucranianos, 13 mil alemães, 8 mil italianos e 13 mil de outras origens, como franceses, suíços, ingleses, russos, portugueses, espanhóis, suecos, irlandeses, noruegueses, sírios e libaneses.

O estímulo à imigração na Província do Paraná aconteceu desde cedo, já com o primeiro presidente da Província, Dr. Zacarias de Goes e Vasconcelos (...).

Para os imigrantes que vinham para a Província do Paraná a porta de entrada era o porto D. Pedro II, em Paranaguá. Nesta localidade os imigrantes mais uma vez passavam por um registro, semelhante ao praticado na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro. Após feito esse novo registro os imigrantes eram encaminhados para hospedarias existentes tanto em Paranaguá, como em Antonina e Morretes. Foi no território de Morretes, situado a cerca de cinqüenta quilômetros de Paranaguá, ao pé da Serra do Mar, que os imigrantes italianos formaram os primeiros centros coloniais. Este local apresentava um solo muito fértil e água em abundância, por isso foi escolhido pelo governo para a implantação de colônias. Apesar dessas condições favoráveis muitos dos primeiros colonos não se adaptaram a alta temperatura e a umidade, de modo que sentiram a necessidade de emigrar para o planalto.

A princípio os imigrantes passaram a transpor a Serra do Mar com suas carroças pela estrada da Graciosa que começava em Antonina, mais tarde (1881-1885) com a construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, que passava por Morretes, os imigrantes eram facilmente transportados para planalto curitibano. Dessa forma muitos emigraram para o planalto e fundaram as primeiras colônias perto da capital.

Adaptado do Artigo: MACHIOSKI, Fábio Luiz. Colonos morigerados e laboriosos: o papel da imigração italiana no Paraná. Círculo de Estudos, v.22., p.83-89, 2008.

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Foto 12: Antiga estrada da graciosa, comunicação entre Curitiba e litoral paranaense, até 3 de fevereiro de 1885, utilizada pelos imigrantes vindos da Colônia Nova Itália (Morretes) para chegar a Curitiba. Acervo da Casa da Memória/ Diretoria do Patrimônio Cultural/Fundação Cultural de Curitiba. In: PALÚ FILHO, Antonio Sérgio & MOLETTA, Susete. Italianos no Novo Mundo. Curitiba: Edição dos autores, 2009. 400p.

Foto 13: Hospedaria de imigrantes em Curitiba. In: PALÚ FILHO, Antonio Sérgio & Moletta, Susete. Italianos no Novo Mundo. Curitiba: Edição dos autores, 2009. 400p.

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ATIVIDADES EM GRUPO

1 - Organizem-se em grupos de 4 alunos, responda e pesquise as questões

seguintes e ao final da atividade com a ajuda do professor de Língua Portuguesa,

Geografia e Artes, elabore textos narrativos, mapas e um painel com os

resultados de sua pesquisa.

2 - Inicialmente interprete o trecho de uma carta, escrita por um camponês italiano

a um ministro de seu país, sobre as razões da grande imigração para a América.

“Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.

Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos animais, mas não

comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos

a nossa pátria? Mas é uma pátria a terra em que não se consegue viver do

próprio trabalho?

3- Complementando esta interpretação, pesquise quais os motivos para a vinda

de imigrantes italianos para o Paraná e como se realizava essa chegada até as

terras que formariam uma colônia.

4 - Confeccione o Mapa da Itália e o Mapa da província do Paraná, destacando as

regiões de onde saíram os imigrantes italianos que se dirigiram para o Paraná e

quais os trajetos traçados por eles até chegar a nossa então Província, no século

XIX.

5- Observe as fotos anteriores e de acordo com os passos apropriados e já

apreendidos por você, retire delas o maior número possível de informações sobre

a chegada dos imigrantes italianos a Província do Paraná.

6- Procure mais imagens referentes a esta chegada dos imigrantes e com o

resultado das informações e das imagens que encontrar, elabore os textos e um

painel ilustrativo e explicativo.

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UNIDADE III: MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL

“As raízes são como uma fonte que, das profundezas emana aquiloque constrói o homem e sua personalidade”.

(Deliso Villa)

Conhecer a História de sua cidade, é saber que muitos desbravadores, povoaram a região produzindo riquezas, progresso e cultura.

A sua cidade é “lugar de memória”, guarda a lembrança de um povo, de suas tradições, seus problemas, seu crescimento.

Foto 14

Já que Memórias são narrações históricas escritas por testemunhas presenciais. São marcas deixadas pela atividade dos seres humanos, nossa cidade também tem uma memória, uma história escrita por pessoas que aqui passaram e viveram. Lembranças do que já aconteceu em nossa cidade.

Então avalie: Quanto você conhece da história de IMBITUVA?

• Que informações você já ouviu que fizessem referência à origem e às

transformações pelas quais passou o município?

• Sabe qual a participação que os imigrantes tiveram na formação da

cidade?

Para conhecer e valorizar a História de sua cidade vamos trabalhar com a TV PENDRIVE, observando e estudando os SLIDES - “IMBITUVA E SUA HISTÓRIA” com destaque para as fotografias.

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Eu lembro que já estudei o que é Lugar de Memória!Ah! Foi na Unidade I.

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Foto 15

Uma descendente de italianos, Susete Moletta, na sua fala retrata muito bem o que é lembrar das histórias passadas. Vejam o que ela diz:

“Caminhar lentamente pelas ruas, lembrando a história do local, observando o balanço das folhas das árvores, o vento que assobia, os raios do sol que batem no chão, é sentir a energia que emana da memória genética. Esta mesma memória que ainda tem muitos registros e mensagens para serem interpretadas”.

Agora é com você caro aluno:

CAMINHE PELA CIDADE ANTIGA QUE ESTÁ NAS FOTOS SEGUINTES:

1- Você acha que é possível construir uma memória da cidade de outros

tempos partindo dessas fotos e do seu passeio por elas?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

2- E essa “cidade de outros tempos”, é a sua cidade? Você se reconhece

nessa cidade memória?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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E agora, você já conhece um pouco da História de Imbituva?

Eu já sei que ela surgiu em regiões de planícies, que era passagem dos índios e dos

tropeiros e que foi com os tropeiros e os imigrantes alemães e italianos que a cidade

começou a se desenvolver!!!

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Foto 16: Avenida 7 de setembro. Década de 40. Acervo Sr. Édison Pupo.

Foto 17: Avenida 7 de setembro. Década de 60. Acervo Sr. Édison Pupo.

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Em relação ao desenvolvimento da cidade de Imbituva, compare as

fotografias acima e responda:

1- Quais mudanças podem ser observadas? Você possui ou conhece outras

fotografias sobre o desenvolvimento de nossa cidade?

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

2- Pesquise e traga para a sala de aula - Qual a participação dos imigrantes

italianos na formação ou desenvolvimento de nossa cidade?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Foto 18: Família de imigrantes italianos: Frederico Bobbato e Ana Maria Negrelli. Colônia da Ribeira. Década de 20/30. Acervo pessoal.

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A imagem acima mostra a presença de famílias de origem italiana na cidade de Imbituva. Os italianos chegaram em 1896, adquiriram terras e iniciaram a fundação de pequenos núcleos na zona rural. Vieram famílias de imigrantes italianos como os Bobbato, Mülleta, Marconato, Menon, Pontarolo, que nas regiões mais afastadas do interior de Imbituva formaram núcleos, como por exemplo, Colônia Bella Vista, Colônia Boa Vista, Ribeira. Dedicaram-se ao cultivo de cereais, verduras e erva-mate, etc.

E você, conhece ou mora em alguma dessas antigas colônias de imigrantes?

Vamos pensar agora na sua família:

1 - Você faz parte de alguma dessas famílias de IMIGRANTES ITALIANOS? __________________________________________________________________________________________________________________________________

2 - Se não pertence a essas famílias, qual a descendência de seus pais?__________________________________________________________________________________________________________________________________3 - Eles têm origem em algum grupo imigrante europeu?__________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Sua família possui fotografias de seus antepassados?__________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Você conhece algumas dessas famílias de imigrantes italianos ou o local onde se localiza a Colônia Bella Vista?__________________________________________________________________________________________________________________________________

6 - Você sabe quais foram os outros grupos de imigrantes que se dirigiram para Imbituva?__________________________________________________________________________________________________________________________________

7 - Colete o maior número de informações que puder e se tiver autorização de seus familiares, traga as fotografias que a família possuir sobre sua origem e seus antepassados para organizarmos as informações encontradas, em sala de aula.

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Colônia Bella Vista é a grafia original que os primeiros colonos italianos utilizavam. Hoje se utiliza

Bela Vista, grafia mais simplificada.

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A COLÔNIA BELLA VISTA:colônia pioneira da Imigração

Italiana em Imbituva

Segundo MOLETTA (2007), Giacinto Moletta e sua mulher, Maria Gabardo, constituíram uma das famílias pioneiras da Colônia Bella Vista no município de Imbituva, no Paraná. A motivação para o deslocamento a esta localidade era a companhia de muitos outros italianos e a possibilidade de possuírem uma área enorme para plantio. A chegada desses italianos ocorreu em 1896.

A família Bobbato, que posteriormente também se fixou na Colônia Bella Vista, se destaca com a entrada de Marziale Bobbato no ano de 1887 no Estado do Paraná. Essa família morou inicialmente na Colônia Alfredo Chaves, atual município de Colombo.

Anos antes, em 1878, haviam desembarcado também em terras brasileiras Giuseppe Alessi, sua mulher Maria e os filhos Luiza, Domenico e Antonio. A primeira moradia da família foi a Colônia de Timbituva, próxima a Rondinha, no município de Campo Largo.

Marziale e Giuseppe, insatisfeitos com o local onde residiam, partiram para o interior em busca de outras terras. Marziale Bobbato e Gíuseppe Alessi encontram uma área de aproximadamente 1.800 alqueires e distante uns 15 km da cidade para a implantação da nova colônia.

A razão de terem se deslocado para a região de Imbituva, pode ser a informação obtida no LV87, p. 360, inscrição de número 225 do Livro de Registro de Terras:

João Bobbato, residente na Ribeira, compra com cultura affetivo e morada habitual há mais de dois anos, situado no lugar denominado Ribeira. O terreno em seu todo deve ter quarenta alqueires mais ou menos, sendo parte cultivada, plantação de milho, feijão, fumo, criação de animais e mais benfeitorias. 2-9-1895.Comprou em 1893 no dia 29 de agosto. Villa de Santo Antonio de Imbituva. Vendedor Generozo Teixeira da Cruz. João Bobbato pagou 1 conto e oitocentos mil reis referente a 6% de "SIZA". Cento e oito mil réis, pagamento feito em 7-8-1893.

João Bobbato era irmão de Marciale. Quando as primeiras famílias ali se estabeleceram foram construídos

provisoriamente, como nas demais colônias, ranchos pequenos, cobertos com folhas de xaxim e palmeira. A primeira grande tarefa dos colonos foi o início do desmatamento de pinheiros centenários. O diâmetro das araucárias era tão grande que para abraçá-los, eram necessárias cinco pessoas. A derrubada dos pinheiros era difícil pela improvisação das ferramentas. Após derrubá-los o mais trabalhoso era colocá-los em carroças para o transporte. Limpar a área para o cultivo das primeiras culturas foi uma tarefa que causou muito desgaste e tempo aos colonos.

Feita a estrutura básica na colônia foi possível iniciar o processo de recebimento das famílias, ora mencionadas em ordem alfabética: Affornalli, Beraldo, Benanto, Bressan, Binni, DaI Santo, Dalla Rosa, Fabbris, Fabbri, Gatto, Gasparello, Guilherme, Marconato, Moletta, Montani, Menon, Scorsin, Sturaro e Zampieri, entre outras, todas da região vêneta, no norte da Itália.

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A colônia foi batizada com o nome de Colônia Italiana Bella Vista. Sucessivamente foram chegando à colônia outras famílias e, em 1900, o número delas era de aproximadamente 40 famílias, estimando-se um total de 150 habitantes. Os colonos relatam que a terra era fértil, adequada para a plantação de arroz, batata doce, batata inglesa, cebola, centeio, feijão, fumo, melancia, milho, trigo e uva.

A rotina era como nas demais colônias, de muito trabalho e pouca diversão. Para suprir as dificuldades e necessidades do convívio em uma organização, foi realizada uma reunião para discutir a possibilidade da criação de uma sociedade, a qual se ocuparia da compra de um terreno para a construção da capela e do cemitério.

Os detalhes foram acertados entre os colonos, e um dos sócios, sensibilizado com a situação, prontificou-se a doar uma área de terras que serviu para a construção do cemitério, da casa mortuária e da futura capela. Dessa forma, em 20 de fevereiro de 1901 foi fundada a Casa Mortuária da Colônia Italiana Bella Vista. Tinha como tarefa arrecadar fundos para a compra do terreno e a construção do cemitério, da capela e da casa funerária ou mortuária. Previa ainda que os recursos servissem para cobrir as despesas com os sepultamentos e a manutenção do campo santo.

Bella Vista foi fundada por pessoas que não tinham encontrado oportunidades nas colônias existentes nos arredores de Curitiba.

Pouco a pouco a nova geração vai deixando o local e ramifica-se em direção a Prudentópolis, Ivaí, Ipiranga, lrati e tantas outras cidades.

A falta de escola impediu o desenvolvimento de muitos, e por um longo período a regra básica foi "quem sabe ensina quem não sabe".

Atualmente a cidade de Imbituva está repleta dos descendentes dessa colônia, os quais prosperaram lentamente com as limitações impostas pela falta de apoio e oportunidades.

Foto 19: Visão parcial da Colônia Bella Vista. Foto 20: O casal Marziale Bobbato e Maria Madalena Milani, um dos pioneiros Da Colônia Bella Vista.

Fonte: MOLETTA, Susete. Da Itália para o Brasil: o casal da Capelinha da Água Verde. São José dos Pinhais: Est, 2007. 220p.

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Foto 21: Visão parcial da Colônia Bella Vista, em Fevereiro de 2010.Acervo pessoal.

ATIVIDADES

1 - Você conhece esta colônia? Sabe onde ela se localiza?_________________________________________________________________

2 - Já conhecia a História da Colônia Bella Vista? _________________________________________________________________

3 - Sabe quem é esse casal na foto 20? O que eles representam para a Colônia Bella Vista?__________________________________________________________________________________________________________________________________

4 - Pesquise mais dados sobre esta colônia, procure encontrar fotografias do local, de seus fundadores e dos atuais moradores, descendentes dos primeiros italianos.

5 - Procure tirar fotos da atual colônia Bella Vista; identifique quais famílias que residem no local que são descendentes dos primeiros italianos.

6 - Qual a principal contribuição da economia desta região para a cidade de Imbituva?_________________________________________________________________

7 - Traga os dados encontrados para elaborar um texto em sala de aula.

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A História dos “IMIGRANTES” que vieram para Imbituva é uma história de muitos deslocamentos – sair de uma localidade para outra, fixar-se, mudar de novo, buscar uma terra fértil, garantir a sobrevivência da família.

Toda família percorre uma trajetória, desloca-se, migra, busca novas terras, escolhe seu pouso, sua nova morada.

E sua família – de onde veio, como chegou a se estabelecer em Imbituva?

As fotos que você localizou mostram essa mobilidade?Você consegue descrever, num texto narrativo, essa mobilidade (trajetória)

desenvolvida por sua família até chegar em Imbituva?_____________________________________________________________

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UNIDADE IV: MEMÓRIA E CULTURA DE IMIGRANTES ITALIANOS

Foto 22

Vamos ler os textos abaixo de Dráuzio Varella e Zélia Gattai, que mostram as lembranças de filhos de imigrantes.

Texto 1: Dia de Domingo entre ItalianosNas casas coletivas, os telhados das cozinhas ficavam coloridos pelas bacias

de tomates que as italianas punham para secar ao sol e depois amassavam para o molho da macarronada dos domingos. Nesse dia, recebiam parentes, tocavam bandolim e acordeão, dançavam músicas alegres, cantavam, bebiam vinho e falavam com estardalhaço, todos ao mesmo tempo. No domingo seguinte, estavam juntos outra vez cantando e dançando no quintal, com a criançada pulando e as senhoras de preto sentadas em volta.

Dráuzio Varella. Nas ruas do Brás. Citado por: SANTOS, Júlio Ricardo Q. dos, MARIN, Marilu, ORDOÑEZ, Marlene. História com reflexão: livro do professor.

3.ed. São Paulo: IBEP, 2008. 120p.

A escritora Zélia Gattai, filha de imigrantes italianos, escreveu suas memórias de infância e adolescência, vividas nas décadas de 1910 e 1920, em São Paulo, no seu livro: Anarquistas graças a Deus.

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Eu estava pensando que também sou descendente destas famílias de imigrantes italianos da Bella Vista. Meus avós contam muitas lembranças destes povos e eles também ainda têm muitos costumes e tradições que conservam até hoje.

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Texto 2: Memórias de Infância e adolescênciaAos domingos, não havia tráfego de automóveis pela rua. Os homens não

trabalhavam, a maioria ocupava a pista de paralelepípedos, jogando bocha e malha. Outros preferiam a “morra”. A “morra” era um jogo que eu conhecia de perto, pois nossos vizinhos calabreses e napolitanos também gostavam dele. Reuniam-se na venda de seu Donato, na Consolação, importador de iguarias italianas, que lhes fornecia, além do local para o divertimento, um vinho calabrês, forte de cor e de gosto, queijos e lingüiça picante, cebola crua e pão caseiro, que os contendores devoravam enquanto a curiosa disputa perdurava. Dois adversários de cada vez apostavam, as mãos fechadas abrindo-se de repente, apontavam alguns dedos – ou nenhum – ao mesmo tempo que gritavam a soma. O que acertasse o número de dedos estirados era o vencedor [...]. A maior graça do jogo consistia no fato de os números serem gritados a plenos pulmões, ouvidos a léguas de distância.

GATTAI, Zélia . Anarquistas graças a Deus. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 156-157.

Agora observe as fotos abaixo, para depois responder as atividades:

Foto 23: Festa de Encontro de Famílias. Interior de Imbituva. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato.

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Foto 24: Festa de Encontro de Famílias. Interior de Imbituva. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato.

ATIVIDADES:

1- Quais são os costumes italianos que Dráuzio Varella e Zélia Gattai destacam nos textos?__________________________________________________________________________________________________________________________________

2- Você conhece famílias italianas? Elas são parecidas com a descrição de Dráuzio Varella? Conte sobre elas.__________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Nos dias de hoje, os italianos continuam mantendo esses hábitos aos domingos?_________________________________________________________________

4- Quais são as semelhanças e diferenças entre o seu dia de domingo e os apresentados nos textos?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Observando as fotos acima, você é capaz de identificar alguns costumes e hábitos dos primeiros imigrantes italianos que chegaram a Imbituva, com os relacionados nos textos?__________________________________________________________________________________________________________________________________

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Foto 25

USOS, COSTUMES E TRADIÇÕES DOS POVOS ITALIANOS

Os imigrantes italianos que vieram para o sul do Brasil, na maior parte, eram da zona rural das regiões do Vêneto, Friuli e Trento. Eram pessoas simples que faziam parte da classe camponesa e católica, e trouxeram consigo os usos, costumes e tradições que praticavam na Itália, muitos dos quais ainda mantidos por descendentes da terceira e quarta geração, por herança “tramandata”. Dentre as principais tradições que ainda se conservam até nossos dias, estão à culinária, o folclore, a religião e as relações familiares.

A família era o núcleo fundamental. As mulheres, além de auxiliarem nos trabalhos da lavoura, ocupavam-se das tarefas rotineiras da casa, cuidando das refeições, limpando, lavando e costurando as roupas de toda a família. O almoço, durante a semana, era baseado no feijão, arroz, ovo, salada ou refogado de verdura ou vegetal. As refeições em dias festivos eram de muita fartura, carne de porco, galinha, salame, queijo, polenta, aipim, batata doce e arroz.Em dias normais, a família se reunia para o jantar, servia-a a tradicional polenta, servida no taier, cortada com fio de barbante, acompanhada de um pedaço de queijo ou salame, oferecido de forma controlada, para não faltar até o próximo abate do porco. No período de inverno, à noite, uma minestra-sopa acompanhada de brôa. O pão, feito uma ou duas vezes na semana, era assado no forno à lenha, construído com tijolos e localizado, quase sempre, próximo à porta da cozinha.

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Madeira redonda onde se despeja a

polenta, também

chamada de Panaro.

Eu lembrei agora, que tem uns descendentes de imigrantes italianos

– Antônio Sérgio Palú Filho e Susete Moletta – que escreveram juntos sobre USOS, COSTUMES E TRADIÇÕES dos povos italianos. Vamos conhecer um pouco destes

escritos e algumas fotos de ocasiões que refletem ou permitem explicitar

hábitos e costumes destes povos.

Tramandata é palavra do idioma

italiano, derivada de tramandar: aquilo

que se transmite de geração para

geração.

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Quando retornavam do trabalho no final da tarde, os homens se ocupavam em alimentar os animais, as mulheres de ordenhar as vacas de leite e preparar o jantar, com polenta, radici e toicinho. O fogão era o centro da atenção familiar, fazendo da noite um momento de reflexão e de integração ainda que, não raras vezes, em absoluto silêncio e sem trocar uma única palavra.Antes do jantar, uma oração de agradecimento pela comida, seguida da distribuição do alimento, sempre pela mulher, de forma igual para todos. As refeições transcorriam em silêncio e sempre com muito respeito. As crianças tremiam só com o olhar profundo do chefe de família e, pronunciar uma só palavra não educada, era um ato de desrespeito, severamente punido. O encontro em torno da mesa, para as refeições, era importante e todos deveriam estar presentes no mesmo horário. Terminadas as refeições as mulheres lavavam a louça e varriam a cozinha. O dia era concluído com a oração do terço em família. Como consequência do trabalho pesado da lavoura, durante o dia, enquanto rezavam antes de dormirem, os adultos permaneciam curvados sobre uma cadeira, para sustentar o peso do corpo e o cansaço. As crianças ora rezavam, ora bocejavam, até eventualmente dormir. Ao fim do terço, eram rezadas outras tantas orações para os familiares distantes, os doentes, os "defuntos”, uma boa colheita, saúde e, finalmente, a ladainha. Estima-se que esse costume foi desaparecendo aos poucos, em virtude da entrada do rádio e, posteriormente, da televisão, nas casas das famílias.

As casas de madeira possuíam, em geral, grandes quartos de dormir, e os filhos homens dormiam separadamente das irmãs e dos pais. As cobertas eram feitas com a estopa dos sacos de farinha, abertos e costurados uns aos outros, pelas mulheres da casa. Em seu interior eram colocadas as palhas de milho, penas de gansos e lã de carneiro. Os travesseiros eram de penas de galinha. Como eram tempos difíceis, tudo era reaproveitado e reciclado pela mulher e filhas.

Os eventos sociais, como aniversários, casamentos e festas religiosas eram as oportunidades de encontros, lembranças e de atualização dos acontecimentos mais recentes. Os homens permaneciam em grupos com o cigarro na mão - a paiova de fumo -, e as mulheres, rodeadas por filhos pequenos, junto a outras compatriotas. Outra forma de encontro com a comunidade e que ajudava a manter a tradição era participar da missa, uma por semana. Ali aconteciam os relatos sobre a terra, a colheita, a saúde da família, as novidades, as discussões e um acontecimento especial (o cavalo que caiu no banhado, a vaca que sofreu tanto no parto, um animal que se perdeu no mato, a chuva forte que arruinou a plantação, etc). Essa maneira de viver em comunidade estreitava laços de solidariedade, ajudando a amenizar as dificuldades provenientes do isolamento da vida na colônia, além de originar um sistema de trocas e fortalecimento de relações sociais entre os colonos.

Esta forma de convivência foi aos poucos desaparecendo, provocando o distanciamento entre muitas famílias.

Agora é com você

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RESPONDA E PESQUISE:

Após ler o texto anterior, identifique quais são os aspectos e costumes que ainda são preservados nas famílias italianas ou mesmo de outra etnia, tanto da zona rural quanto da zona urbana.

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# Procurem encontrar famílias próximas a vocês que ainda preservam estes costumes e tradições. Se possível fotografe-as na prática dos mesmos costumes e tradições citados acima.

Identifique e registre outros costumes e tradições preservadas ainda hoje pelas suas famílias, que estão relacionados com a herança italiana.

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Pequenos Historiadores: Trabalho em Grupo

Procurem localizar entre seus familiares (avós, bisavós) ou conhecidos, um descendente de imigrante italiano ou de outra etnia. Procure resgatar suas memórias sobre a vida dos primeiros imigrantes. Após encontrá-lo, faça uma entrevista. Você pode seguir este roteiro (como sugestão) se desejar.

Ilustração de Isabel Schmidt Sonntag.

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ROTEIRO DE ENTREVISTA: Seu nome completo, sua ascendência familiar. País de origem do imigrante. Procure localizar geograficamente. Data em que chegou ao Brasil. Quantas pessoas da família que vieram? Qual o principal motivo da vinda para o Brasil? De que mais gostou no Brasil? Como eram suas casas, seus móveis, suas cobertas, sua iluminação, sua

cozinha, sua alimentação, seu vestuário? Como era o lugar onde moravam, quais eram suas formas de trabalho e meios

de transporte? Como eram suas festas, seus divertimentos, sua religião? Como foi sua infância, sua educação, sua escola, seus brinquedos e

brincadeiras, sua relação com os pais e parentes e quais histórias de criança de que eles se lembram?

Que músicas ouviam ou tocavam, o que dançavam? Como eram tratadas as mulheres, os idosos e as crianças na época? Quais os costumes e tradições do país de origem que a família ainda preserva? Esses costumes e tradições foram passados para as gerações atuais? Já teve notícia algum dia dos familiares que ficaram no país de origem? Teria vontade de conhecer a terra de seus antepassados e saber mais sobre a

história desses povos que vieram para o Brasil? De que forma esses grupos que se dirigiram para o Paraná e depois Imbituva,

contribuíram para o crescimento de nossa cidade?

Você aluno poderá também elaborar outras questões que achar pertinente para o enriquecimento da entrevista.

Os grupos devem apresentar uma síntese da entrevista à turma e ouvir a de seus colegas. Devem conversar e trocar as informações colhidas e as fotografias que conseguiram para perceberem as diferenças e semelhanças entre elas, comparando a época do entrevistado com atual.

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DESCOBRINDO ASHERANÇAS CULTURAIS

As regiões sul, sudoeste e do planalto curitibano do Paraná foram, pouco a pouco, sendo povoadas no início do século XIX por imigrantes poloneses, italianos, alemães e ucranianos em grandes levas. É exatamente nessas regiões que se estabeleceu fortemente a cultura européia daqueles imigrantes. Cultura essa extremamente diversificada, desde a diferença de língua, religiosidade e tradições.

Sabemos que o Paraná herdou inúmeras e diferentes contribuições culturais dos imigrantes, na culinária, na arquitetura, na religiosidade, nas atividades agrícolas e urbanas, nos meios de transporte, no artesanato, na linguagem, nas danças e muitas outras.

Os alemães, por exemplo, dedicaram-se mais as atividades urbanas, onde nos trouxeram o hábito de enfeites natalinos com pinheirinhos e da Páscoa, com ninhos de coelhos e ovos de chocolate, bem como, a religiosidade protestante e a arquitetura das casas.

Já os Poloneses de vocação agrícola foram exímios agricultores e criadores de gado. E uma de suas principais contribuições foi o uso dos carroções, cobertos e puxados por bois ou seis a oito cavalos. Os traços marcantes da cultura polonesa estão na forte religiosidade católica, na arquitetura e no vestuário de cores vivas e nos inúmeros grupos de dança folclóricos poloneses de São José dos Pinhais, Curitiba, Mallet, União da Vitória, entre outros.

Os Ucranianos são extremamente religiosos, destacando-se na arte multicolorida, como as pessankas, que são ovos ricamente pintados e decorados e no seu vestuário, muito bem retratado nos grupos folclóricos de dança ucraniana. Também se destaca a arquitetura ucraniana, presente no estilo arrojado das suas igrejas.

Texto adaptado. In: VASCO, Ediméri Stadler, et.al. O Paraná de todas as cores: história do Estado do Paraná para o ensino fundamental. 2. ed. Curitiba: Base, 2004. p.136 a 139.

Mesmo considerando que a colonização italiana no Paraná não tenha sido a maior em porcentagem, apenas 8%, foi uma das mais influentes, na cultura e nos costumes do povo.

Os Italianos dedicaram-se nas zonas urbanas ao artesanato, à arte e às profissões liberais, como alfaiates, sapateiros, barbeiros, oleiros, marceneiros, carpinteiros, confeiteiros, relojoeiros, entre outras. Os arquitetos italianos deixaram grandes marca e influência, porque a chegada desses profissionais coincidiu com a onda de prosperidade gerada pela erva-mate e madeira, explorada pelos próprios italianos. Nas zonas rurais, nas cercanias de Curitiba, dedicaram-se a refinar o açúcar, produziam aguardente e principalmente o vinho. Cultivavam também café, arroz, trigo e aveia. Introduziram o hábito alimentar das massas, molhos e queijos. Entre alguns pratos que se consolidaram na culinária de nosso estado, estão: bruschetta (pão de alho), canelonni, carpaccio, espaguete ao manjericão, lasanha (à bolonhesa, ao sugo, aos quatro queijos), massa básica para macarrão (pasta

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sciutta), massa básica para pizzas, nhoque da fartura, raviólis, risoto casagrande, rondelli, salame crespone, salame Milão.

Texto adaptado. In: SGANZERLA, Eduardo. Os últimos artesãos. Curitiba: Esplendor Editora, 2004. 149p. In: KOCH, Ivan. Tradicionalismo e folclore na cultura alimentar paranaense.

Curitiba: C.E.I.A. Editora, 2004. 200p.

Segundo PALÚ FILHO, um descendente de imigrantes italianos, a forma como o povo se alimenta expressa uma de suas características principais, e não é possível compreender esse processo sem analisar como se alimentavam os imigrantes italianos antes da grande emigração.

Os camponeses tinham um padrão alimentar muito pobre. Quase toda a região do Vêneto se alimentava, basicamente, da polenta. Somente nas mesas mais abastadas havia peixe, ovo, salame, verduras e, esporadicamente, carne (porco, cabrito, carneiro). A carne bovina ficava reservada para os dias de festas ou para quando alguém adoecia.

Raramente se consumia pão de farinha de trigo. Pão fresco, só na época da colheita do trigo. O macarrão, tão ligado à imagem que temos dos italianos, era um luxo poucas vezes permitido. O vinho aparecia durante a colheita da uva, seguido pelo consumo do “vinhete”, um vinho de qualidade inferior, que era misturado com água. A água era a bebida de todos os dias. A refeição era à base de polenta, verdura (alguns tipos de folhas verdes), queijo e leite. Poucos tinham o hábito de “engordar” um porco para o abate anual.

No final do século XVIII, as famílias foram diminuindo a quantidade de alimentos ingeridos. A dificuldade de colocar alimentos na mesa fez os camponeses seguirem o caminho da emigração.

Quando os imigrantes chegaram ao Brasil, continuaram na pobreza. As famílias continuavam coma culinária simples, à base de polenta, carne de porco, laticínios, verdura e sopas, mas em quantidades superiores. Evidentemente que seus hábitos alimentares sofreram influências e, ao mesmo tempo, influenciaram os hábitos regionais.

Para alguns, a miséria trazida por várias gerações pode ter influenciado o hábito de gerações seguintes, no que diz respeito ao temor de passar fome. O sempre crescente desejo de consumir boa comida e bebida, principalmente nas últimas décadas, deu aos agricultores, vinicultores e pescadores, a determinação para cultivar e levar o melhor para o mercado. Os italianos hoje se destacam pela quantidade e variedade de especialidades alimentícias e na criatividade para criar massas diferentes com apenas três tipos de ingredientes: farinha, água e ovos.

A cozinha italiana hoje prima pelo sabor, algo que vem se modificando com os alimentos industrializados. Ela é feita de frutas maduras, peixe fresco, carnes abatidas com rigorosos critérios de higiene, vinhos de genuína uvas locais e vegetais orgânicos recém colhidos.

Para os italianos comer bem é um dos prazeres da vida. As regras da culinária italiana para preparar uma boa comida é não economizar ingredientes, nem tempo, seguindo o ritual da maneira de fazer, da sequência correta dos ingredientes, dos tempos necessários para a preparação de cada etapa. Em resumo, sentir prazer no que está fazendo. Na Itália a comida e os vinhos continuam sendo parte essencial de sua cultura.

A influência da alimentação e do vinho no Brasil pelos italianos ocorre de diferentes formas, dependendo da região de onde saíram os grupos de imigrantes (da região Norte ou Sul) e dos costumes trazidos por estes povos.

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AGORA É COM VOCÊ - explore a culinária italiana.

Foto 26

Foto 27 Foto 28

Foto 29 Foto 30

Fotografias reproduzidas pela professora de um calendário 2010 do Restaurante Italiano Mangiare Felice. Camboriú/SC.

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Pesquise e responda em seu caderno:

1- Procure descobrir através de pesquisa ou de conversa com descendentes de imigrantes italianos, quais foram às maiores heranças culinárias deixadas por este povo.

2- Qual a importância do vinho na culinária italiana? O quer ele representava para este povo e seus descendentes?

3- A “polenta” é um prato típico da culinária Italiana? O que ela representava para os italianos? Como ela passou a ser consumida no Brasil?

4- Havia diferenças na forma de alimentação entre as classes sociais na Itália? Essas diferenças foram trazidas para o Brasil?

5- Que outros pratos e hábitos alimentares foram trazidos pelos italianos e consumidos por nós brasileiros?

6- Procure identificar os pratos citados no texto e nas fotografias acima, como eles são feitos e transformados para nosso consumo do dia a dia.

7- Esses hábitos alimentares estão presentes no consumo de sua família? Quais?

Hora da Fotografia: # Procure tirar fotografias de pratos italianos que consumimos no dia a dia.

# Descubram quais são os alimentos italianos que ainda estão presentes nos costumes e tradições de famílias descendentes italianas, ou de suas famílias. Fotografe-as.

# Se você não pertence a famílias italianas, procure identificar quais são as comidas típicas de sua etnia ainda presentes nas tradições de sua família. Fotografe-as.

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Foto 31: Festa Religiosa no interior – Ribeira dos Foto 32: Carroça - Meio de transporte Leões. Famílias italianas da Colônia Bella Vista. Utilizado pelos italianos. Família Bobbato-Acervo pessoal. Mulleta. Acervo pessoal.

O CASAMENTO ENTRE OS ITALIANOS – TRADIÇÕES

Para os italianos a principal instituição era a família. Quem imigrava solteiro, quando chegava ao Brasil já procurava uma noiva para se casar. As famílias eram numerosas pelo alto grau de necessidade de braços para o trabalho, mas também, por causa da moral católica e da idéia de que filhos eram o sinônimo de prosperidade no campo.

A escolha dos noivos nem sempre era de livre arbítrio. Muitos casamentos eram acertados entre as famílias e, em alguns casos, em casamentos simultâneos entre dois irmãos com duas irmãs.

Se a noiva possuía um quadril largo, era bom sinal: ela poderia ter muitos filhos. Para noivar, o rapaz tinha que pedir permissão ao pai da moça e somente depois de aceito é que podia "entrar na casa". Os encontros dos namorados ou noivos eram sempre "vigiados" pela mãe e, em momento algum, poderiam ficar a sós. O tempo de noivado era curto: os filhos homens casavam-se entre os 24 a 25 anos e, as filhas casavam-se com a idade de 17 a 23. O temor religioso facilitava a repressão dos desejos sexuais dos jovens, e o casamento era a solução. A educação sexual, não existia, falar sobre sexo era “feio". Os poucos conhecimentos, antes do casamento, eram obtidos nas rodas de amigos.

A cerimônia do casamento era, geralmente, aos sábados pela manhã. Os noivos eram levados até a capela em carroças, enfeitadas com flores coloridas de papel. Após a celebração, os convidados iam para a casa da noiva, onde era servido o almoço e, sempre que possível, tinha uma sanfona para animar a festa. A decoração do local consistia em colocar galhos de bambu, na forma de arco, enfeitados com fitas de papel colorido. No domingo seguinte, com o que sobrou do dia anterior, era oferecido o almoço para os familiares mais próximos. Os alimentos para a festa, galinha recheada, leitão, saladas e o risoto com peito de frango, eram preparados com a ajuda das pessoas amigas e parentes.

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As novas famílias se encarregavam de passar aos filhos os mesmos costumes e valores herdados de seus pais.

O chefe de família centralizava as decisões de forma patriarcal e, para ser respeitado e impor-se, era austero, mantendo sempre o semblante fechado no ambiente familiar. Fora desse espaço, nas rodas de amigos, era alegre e sorridente. Um comportamento duplo, como se sorrir para os familiares fosse demonstração de fragilidade. Desrespeitar os pais era sinônimo de ser infeliz, estar "desgraçado para a vida". Sim, pois pedir a benção paternal e maternal, antes de dormir ou quando se levantavam, era um hábito formal dos filhos, até mesmo em idade adulta. Curvavam o corpo lentamente à frente, e dobravam um joelho ao mesmo tempo em que beijavam a mão do pai, pedindo a sua benção. Os maus comportamentos eram reprimidos com rigor: castigos, tapas, chineladas, varas de marmelo, chicote, caminhar descalço na geada, tomar banho no tanque de água gelada dos animais e ficar de joelhos sobre o milho e pedras, eram apenas algumas das formas de punição, impostas pelo pai aos filhos desobedientes.

Texto adaptado: In: PALÚ FILHO, Antônio Sérgio; MOLETTA, Susete. Italianos no Novo Mundo: história, imigração, genealogia, heráldica. Curitiba: Edição do autor, 2009. 400p.

Foto 33 : Casamento de Famílias Italianas Bobbato e Mületta, em Ribeira dos Leões, interior de Imbituva. O Bolo era artesanalmente confeccionado pela própria família em formato de corações. Acervo pessoal.

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Foto 34: Casamento na Colônia Bella Vista. Família Alessi. Acervo: Ulisses Lourenço Bobato.

Foto 35: Casamento de Famílias Italianas Bobbato e Mületta da Colônia Bella Vista, em Ribeira dos Leões, interior de Imbituva. Acervo pessoal.

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Foto 36: Casamento de duas irmãs com dois irmãos. As noivas eram da família Italiana Alessi. Casaram-se no mesmo dia, com noivos russos-alemães da Igreja Luterana de Imbituva. Acervo pessoal.

Foto 37

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Que lindas essas fotos de casamento!

De acordo com o texto e as fotografias, você consegue

identificar costumes e tradições herdadas dos povos italianos nas suas famílias?

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Caro aluno: está na hora de você organizar seus conhecimentos e colocá-los na prática.

1- Elabore um texto narrativo com as respostas das seguintes questões: Através das fotos anteriores analisadas por você, quais os costumes e

tradições italianas relacionadas aos casamentos que ainda permanecem em nosso meio?

Você conhece outras tradições relacionadas aos casamentos, trazidos por outros grupos de imigrantes?

Que outras tradições e costumes você conhece que estão relacionadas a festas, jogos, canções, crenças religiosas, herdadas dos imigrantes italianos?

2- Procure encontrar fotografias ou imagens que mostrem as tradições e culturas dos povos italianos ou da etnia de que você é descendente. Elabore cartazes e painéis com o resultado de sua procura.

3- Em Grupos, elaborem uma pesquisa sobre a presença da cultura imigrante na sua cidade ou bairro, na arquitetura das casas, igrejas, clubes, monumentos, nomes de ruas ou praças, etc. Registrem por escrito e fotografem.

4 - Com a orientação da professora e apoio da direção da escola, procure organizar uma FEIRA CULTURAL das etnias formadoras de sua cidade, com a exposição de objetos, móveis, vestuário, alimentação, decorações, artesanato, imagens, fotografias.

Nesta feira apresente as manifestações culturais e artísticas de sua etnia e sua contribuição para a formação de nossa cidade e de nosso estado. Organize esta feira junto e para sua comunidade escolar.

5- Reúna todas as fotografias que conseguir, que fazem referência a formação de sua cidade e as etnias imigrantes que influenciaram nossa cidade, para um acervo digitalizado no seu Colégio e consulta a toda comunidade escolar.

6- Nas fotos reunidas, observe: A forma como estão retratados os adultos e crianças. Como se

vestiam. Posição dos adultos na foto em relação às crianças. Quais os cenários e objetos usados nas fotos.

Analisando as fotografias, o grupo consegue perceber, em relação a atualidade:Como as pessoas eram e são fotografadas.

O que mudou nas roupas usadas no passado e as roupas usadas hoje.

A tecnologia usada nas fotos antigas e hoje. O espaço para fotografias no passado e hoje.

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UNIDADE V: SINTETIZANDO ATRAVÉS DA FOTOGRAFIA

Observando as fotos seguintes e as citações, espera-se que ao final deste trabalho você aluno tenha valorizado ainda mais suas origens, sua cidade e sua família, compondo assim a sua própria HISTÓRIA.

“Compreender e valorizar a História e Cultura de nossa cidade,a tão querida Imbituva, é conhecer a sua gente, o seu povo,

suas tradições, seus problemas, seu crescimento.É saber que Imbituva nasceu sob o toque do berrante,

ao compasso das tropeadas e pela coragem daqueles desbravadoresque rasgando os sertões, produziam riquezas, progresso e cidades.

É entender que o nosso povo, uma mistura de descendência imigrante,é um povo de garra, que possui na alma e no sangue, o amor

pela terra, pelo trabalho, pela família.É fazer com que as gerações futuras conheçam e reverenciemnosso passado, feito através de lutas e coragem, lembrando

a História com o merecido respeito e a devida justiça”.Cleusi T. Bobato Stadler.

FOTOS QUE REMETEM A IMIGRAÇÃO E TAMBÉM SERVEM COMO REGISTRO DE MEMÓRIA DA COLÔNIA BELLA VISTA E DA CIDADE DE IMBITUVA.

Rua da cidade de CASTELLO DI GODEGO. Desta cidade saíram os imigrantes das famílias Bobbato, Muletta, Alessi e outras para a Colônia de Bella Vista. Foto de acervo pessoal de Susete Moletta.

Foto 38

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Foto 39: Estrada de acesso a entrada da colônia. Foto 40: Lago da Colônia Bella Vista. Aos fundos Fevereiro/2010. Acervo pessoal. localiza-se a Colônia. Acervo pessoal.

Foto 41 e 42: Fotos da Região onde foi instalada a Colônia Bella Vista em 2010. Lago e Igreja da Bella Vista. Acervo pessoal.

Foto 43: Local onde se instalou uma das famílias Foto 44: Outra estrada de acesso a Colônia Bella Bobbato. Julho de 2010. Acervo pessoal. Vista. Julho de 2010. Acervo pessoal.

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Foto 45 e 46: Igreja Nossa Senhora do Carmo. Foi construída pelos Imigrantes Italianos que se instalaram na Colônia Bella Vista. Placa com o nome dos fundadores da colônia e da igreja. As pessoas da foto são Italianas da cidade de Castello di Godego em visita a região onde se instalaram seus compatriotas. Sr. Silvio Civiero é historiador e Presidente da ASSOCIAZIONE TREVISANI NEL MONDO, que faz intercâmbio com Imbituva. Fotos: Acervo pessoal.

Foto 47: Vista geral da Colônia Bella Vista. No alto, Igreja Nossa Senhora do Carmo. Julho de 2010.Acervo pessoal.

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Foto 48: Parreiral de Uvas e cultivo da terra na Colônia Bella Vista. Fabricação do Vinho. Julho de 2010. Acervo pessoal.

Foto 49: A mesma visão parcial da colônia de acordo com a foto 19. Julho de 2010. Acervo pessoal.

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Foto 50: Casa da Colônia Bella Vista em estilo italiano.Julho de 2010. Acervo pessoal.

Foto 51: Casa da ColôniaBella Vista em estilo italiano.Julho de 2010.Acervo pessoal.

Foto 52: Cemitério da Colônia Bella Vista, onde estão

enterrados os pioneiros desta

colônia. Julho de 2010. Acervo pessoal.

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Caros alunos: chegamos ao final desta Unidade Didática. Tenho certeza de que os trabalhos com as fotografias e os textos ajudaram vocês a conhecer e compreender melhor a história de nossa cidade e a trajetória dos imigrantes italianos da Itália até Imbituva, bem como as transformações pelas quais a cidade passou. Fica agora o questionamento para vocês refletirem e chegar à conclusão final. OS IMIGRANTES ITALIANOS OU DE OUTRAS ETNIAS FORAM IMPORTANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOSSA CIDADE? SUA FAMÍLIA FAZ PARTE DESTA HISTÓRIA?

FOTOS DE IMBITUVA EM 2010

Foto 53: Imbituva no seu ponto mais alto-Igreja Matriz. Junho de 2010.Acervo pessoal.

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Foto 54: Avenida 7 de setembro – 2010. Acervo pessoal.

Agora fotografe sua cidade, as transformações que nela ocorreram desde que os Imigrantes aqui se estabeleceram. Em grupos

organizem uma EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA com o resultado de todos os trabalhos desenvolvidos por você aluno até aqui.

Foto 55

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Foi muito legal estar no trabalho de vocês. Sempre tenham

responsabilidade nos estudos e estudem bastante - ESPERO QUE TENHAM GOSTADO!!!

Como dizem os italianos: ADDIO! GRAZIE! (Adeus! Obrigado!)

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BIBLIOGRAFIA

1. ALVIM, Zuleika M. F. Brava Gente: os italianos em São Paulo - 1870-1920. São

Paulo: Brasiliense, 1986. 189p.

2. KOCH, Ivan. Tradicionalismo e folclore na cultura alimentar paranaense.

Curitiba: C.E.I.A. Editora, 2004. 200p

3. MOLETTA, Susete. Da Itália para o Brasil: o casal da Capelinha da Água Verde.

São José dos Pinhais: Est, 2007. 220p.

4. PALÚ FILHO, Antônio Sérgio; MOLETTA, Susete. Italianos no Novo Mundo:

história, imigração, genealogia, heráldica. Curitiba: Edição do autor, 2009. 400p.

5. ROLLEMBERG, Graziela. História do Paraná: 2º ciclo, (4º ou 5º ano). São

Paulo: Ática, 2008. 152p.

6. SANTOS, Júlio Ricardo Q. dos, MARIN, Marilu, ORDOÑEZ, Marlene. História com reflexão. 3.ed. São Paulo: IBEP, 2008. 120p.

7. SEYFERTH, Giralda. Imigração e Cultura no Brasil. Brasília: Editora

Universidade de Brasília, 1990.

8. SGANZERLA, Eduardo. Os últimos artesãos. Curitiba: Esplendor, Editora, 2004.

149p.

9. STADLER, Cleusi T. B. Imbituva – uma cidade dos Campos Gerais. 2. ed.

Imbituva: Gráfica Prudentópolis, 2005. 185p.

8. STADLER, Cleusi T. B. Memórias de Imbituva – História e Fotografia. Imbituva:

ALACS, 2009. 164p.

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10. STECA, Lucinéia Cunha; FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná – Do

século XVI à década de 1950. Londrina: Eduel, 2008. 205p.

11. VASCO, Ediméri Stadler, et.al. O Paraná de todas as cores: história do Estado

do Paraná para o ensino fundamental. 2. ed. Curitiba: Base, 2004. p.136 a 139.

Site consultado:

http://viagem.hsw.uol.com.br/cameras-fotograficas.htm.

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ANEXO I

Senhores pais ou responsáveis. Diante da necessidade de se trabalhar o

Projeto: A FOTOGRAFIA NO ENSINO DE HISTÓRIA: alguns aspectos em

relação à Imigração Italiana, de autoria da Profª Cleusi Teresinha Bobato

Stadler, que tem por objetivo central o resgate e estudo da história local, pedimos

a sua colaboração, autorizando-nos a utilizar e reproduzir fotografias de familiares

do aluno (a) ___________________________________ e fotografias que fazem

referência à cidade de Imbituva, que pertençam a sua família, para que possamos

fazer a análise das mesmas e sua digitalização para um acervo escolar.

Esclarecemos que a utilização da fotografia como documento histórico

possibilitará desenvolver uma Unidade Didática do PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná para as escolas públicas).

Após a utilização das fotografias pelos alunos todos os originais serão

devidamente entregues aos seus respectivos donos.

Imbituva, _____DE________________DE 2010

CLEUSI T. BOBATO STADLERPROFESSORA DO PROJETO PDE

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Eu, ________________________________________, autorizo a utilização

e reprodução de fotografias a mim pertencentes, abaixo relacionadas, para

elaboração e publicação de pesquisa sobre a imigração italiana e que é

desenvolvida no PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do

Paraná para as escolas públicas).

IMBITUVA, ____________ DE_____________DE 2010.

RG:_________________________

CPF:________________________

Endereço: _________________________________________________________

__________________________________________________________________

____________________________________________ Assinatura

Relação de Fotografias cedidas para reprodução:

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________

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