DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013-06-14 · aprendizagem e lhe dar significado. ... nova...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUEDPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDEUNIVERSIDADE DO NORTE PIONEIRO – CAMPUS DE JACAREZINHO – UENPNÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE JACAREZINHO - NRE

CADERNO TEMÁTICO

PROFESSOR PDE – TURMA 2009

PROFESSORA PDE: Dirlene Araujo Luiz

ÁREA/DISCIPLINA: Pedagogia

CARLÓPOLIS – PR2010

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUEDPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDEUNIVERSIDADE DO NORTE PIONEIRO – CAMPUS DE JACAREZINHO – UENPNÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE JACAREZINHO - NRE

A PRÁTICA DOCENTE E A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

Produção didático-pedagógica apresentado ao Núcleo Regional de Educação de Jacarezinho e Secretaria do Estado de Educação do Paraná, como requisito obrigatório para o Programa de Desenvolvimento – PDE e respectiva conclusão do curso.Orientador: Professor Dr. José Carlos da Silva.

CARLÓPOLIS – PR 2010

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Sumário:

1- Apresentação ............................................................................................................... 4

2- Histórico-Crítica em quadrinhos ................................................................................. 5

3- Passos do Método da Pedagogia Histórico-Crítica: Método da Prática Social ..........36

4- Modelo de Plano de Trabalho Docente e Discente na perspectiva Histórico Crítica .38

5- Exemplo de Plano de Trabalho Docente e Discente na didática Histórico-Crítica ... 39

6- A Educação e o Materialismo Histórico Dialético ................................................... 43

7- Considerações finais .................................................................................................. 46

8- Referências Bibliográficas ........................................................................................ 47

9- Anexo: Autorização de uso dos nomes dos professores ........................................... 48

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Apresentação

Este material trata-se de um Caderno Temático e tem como finalidade facilitar o

entendimento sobre a Pedagogia Histórico-Crítica, bem como mostrar a importância do

professor nesta pedagogia e também estudar princípios do Materialismo Histórico

Dialético que é a base desta concepção.

Para entender o assunto foco deste trabalho se faz necessário aprofundamento

teórico fortalecido e para tornar menos cansativa e mais interessante tais leituras, foi

idealizado, parte deste Caderno Temático, com um texto sobre a Pedagogia Histórico-

Crítica em forma de quadrinhos e diálogos, “Histórico-Crítica em Quadrinhos,”

inclusive procurou-se tornar a leitura mais leve e até com um pouco de humor. Assim

espera-se sensibilizar o professor para reflexão do tema.

O material abordará também: Passos do Método da Pedagogia Histórico-Crítica:

Método da Prática Social; um Modelo de Plano de Trabalho Docente-Discente na

perspectiva Histórico-Crítica; um Exemplo de Plano de Trabalho na Didática Histórico-

Crítica e o tópico Educação e o Materialismo Histórico Dialético, desta maneira espera-

se auxiliar o professor em sua prática docente.

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Passos do Método da Prática Social:

1. Prática social inicial dos conteúdos: Consiste em uma preparação e mobilização para

a construção do conhecimento, neste momento acontece a ação do professor contando

os conteúdos a serem trabalhados, onde pode-se perceber e identificar o objeto da

aprendizagem e lhe dar significado. O professor estabelece um diálogo sobre o assunto

com o aluno e este procura mostrar o que já sabem sobre o tema proposto. É a chamada

visão sincrética, portanto, mecânica, desorganizada, nebulosa, de senso comum, do

cotidiano do que está sendo tratado. Professores e alunos encontram-se em momentos

diferentes, onde o professor domina o conteúdo, enquanto o aluno não o domina. Este

não é o momento de corrigir o aluno, mas de escutá-lo podendo registrar na lousa a fala

do mesmo.

2. Problematização: É a discussão propriamente dita do assunto em questão, o professor

poderá elaborar perguntas que levem o aluno a debater e aprender sobre o tema

proposto. Portanto é o momento para detectar e identificar os principais problemas, que

devem ser debatidos, a partir da visão do aluno, e que precisam ser resolvidos no âmbito

dos conteúdos e da prática social. É preciso uma previsão de futuros problemas e

limites, os juízos de valor ou de qualidade, também identificar os tipos de

conhecimentos e técnicas necessários à solução desses problemas. É a passagem entre a

prática e a teoria, o fazer do dia a dia e a cultura elaborada, tem início o saber

sistematizado. É na problematização que pode-se explorar as dimensões possíveis e

adequadas do conteúdo, quer seja histórica, afetiva, política, econômica, conceitual,

religiosa entre outras. É neste momento que acontece a transformação do conteúdo

formal em desafios e dimensões problematizadoras.

3. Instrumentalização: Nesta fase do método estão contidas as ações didático-

pedagógicas do docente e discente. Os alunos, sujeitos aprendentes e o objeto da

aprendizagem são postos em recíproca relação através da mediação pedagógica e

competente do professor. Pressupõe a apropriação dos conceitos cotidianos e

científicos, bem como a construção do conhecimento necessário e das ferramentas

culturais devidas à luta social, para superar os desafios de uma sociedade ainda

excludente. Na interação, a ação do sujeito sobre o objeto é consciente.

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4. Catarse: Neste momento, a operação mais valorizada é a síntese mental do aluno,

onde acontece a incorporação dos instrumentos culturais, transformados em elementos

ativos de transformação social. O professor, como mediador, deve colocar-se no lugar

do aluno e perceber que não é fácil a elaboração de uma síntese, pois é a passagem da

ação para a conscientização, é a reunião do cotidiano e do científico, do teórico e da

prática. É o momento da avaliação do assunto que foi estudado.

5. Prática social final dos conteúdos: Professor e aluno com o saber do conteúdo

modificado. Retorno à prática social, com o saber concreto pensado para atuar e

transformar as relações de produção a favor de uma sociedade mais justa e igualitária.

A compreensão sincrética dos alunos no ponto de partida é agora, no ponto de chegada,

elevada ao nível sintético, isto é, sistematizada, compreendida, orgânica, com maior

elaboração e visão de totalidade. Consiste, após as intenções do aluno, em ações do

aluno, bem como no retorno da prática inicial já modificada, sob uma perspectiva nova,

uma vez que passou pela teoria, unindo a mesma com a prática. A ação educativa põe-

se a serviço da referida transformação, onde são mostradas as intenções e os

compromissos sociais do aluno após ter apreendido o novo conteúdo.

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Modelo de Plano de Trabalho Docente e Discente na perspectiva

Histórico-CríticaCom autorização, por telefone, do autor. (GASPARIN, 2003, P.163)

Escola:...........................................................................

Professor(a): ....................................

Disciplina: ..........................................................................

Unidade: ...................................

Ano letivo:....................... Bimestre: ............. Série/turma: ....................

H/a: ..................

Como elaborar objetivos: o aluno aprende:1) O quê? – conteúdos científicos, conceitos,

métodos, procedimentos, atitudes... 2) Para quê? – Para a prática social dos conteúdos,

visando a transformação social.

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PRÁTICANível de desenvolvimento atual

TEORIAZona de desenvolvimento imediato

PRÁTICANível de desenvolvimento atual

Prática SocialInicial do Conteúdo

Problematização

Instrumentalização

Catarse Prática Social Final do Conteúdo

1) Listagem do conteúdo: unidade e tópicos

2) Vivência cotidiana do conteúdo:a) O que o aluno já sabe: visão da totalidade empírica.Mobilização.b) Desafio: o que gostaria de saber a mais?

1) Identificação e discussão sobre os principais problemas postos pela prática social e pelo conteúdo

2) Dimensões do conteúdo a serem trabalhadas

1) Ações docentes e discentes para a construção do conhecimento. Relação aluno X objeto do conhecimento através da mediação docente

2) Recursos humanos e materiais

1)Elaboração teórica da síntese, da nova postura mental. Construção da nova realidade concreta.

2)Expressãoda síntese. Avaliação: deve atender às dimensões trabalhadas e aos objetivos.

1) Intenções do aluno. Manifestação da nova postura prática, da nova atitude sobre o conteúdo e da nova forma de agir.

2) Ações do aluno. Nova prática social do conteúdo

Exemplo de Plano de trabalho Docente e Discente na Didática

Histórico-CríticaBaseado em exemplo de João Luiz Gasparin (2003)

MODELO PRÁTICO DE PLANO DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRÍTICA

Escola: Escola Estadual Professora Hercília de Paula e Silva

Conteúdo estruturante: A dinâmica cultural demográfica Conteúdo: êxodo rural

Ano letivo: 2009 Bimestre: 1º Série: 5ª Turmas: C, D, E e F H/a: 4

Professora: Áurea Tiumam Disciplina: Geografia

• Conteúdo estruturante: A dinâmica cultural demográfica

• Conteúdo: Êxodo rural

• Tópico do conteúdo: êxodo rural

Objetivos gerais

• Conhecer o que é êxodo rural na dinâmica cultural demográfica e a influência

que o mesmo causa na cidade e no campo, a fim de elencar sugestões para

restabelecer a harmonia na comunidade.

• Aprender as razões pelas quais acontece o êxodo rural.

Objetivos específicos

• Saber mais sobre êxodo rural.

• Identificar os motivos que levam as pessoas a deixarem o campo e vir para o

meio urbano, a fim de entender se isso acontece por vontade própria ou por falta

de política e de oportunidades no meio rural.

• Compreender o comportamento das pessoas, a partir do lugar onde moram.

• Verificar se na nossa comunidade está acontecendo êxodo rural.

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1- Prática Social Inicial do Conteúdo

Vivência do conteúdo:

a- O que o aluno já sabe : (sugestão: registrar na lousa a fala dos alunos, assim ele se

sente importante, não é hora de corrigir, somente de escutar e registrar)

Quem morava na zona rural e veio para a cidade, força política, se tem emprego

para todos na cidade, será que é melhor morar no sítio ou na cidade, terra para todos,

casa grande e ou pequena, reforma agrária, pessoas ricas e as pobres, saneamento

básico...

b- O que os alunos gostariam de saber: ( o conteúdo não é motivador em si, o

professor deve ser capaz de criar o interesse, a necessidade e o sentido para o

mesmo).

Por que tem tantas pessoas vindo morar na cidade? O que é êxodo rural? O que é

propriedade produtiva? Será que as pessoas foram obrigadas a vir para a cidade ou

vieram por gostar mais de morar na zona urbana? Será que foi sempre assim? Onde

as pessoas moram é indicador de seu status social?

2- Problematização

a- Discussão sobre o conteúdo: (elaborar perguntas que levem o aluno a debater e

aprender)

Por que estudar êxodo rural? Quem mora na cidade é rico? Todos devem morar na

cidade? Todos devem morar na zona rural? Por que as pessoas estão vindo morar na

cidade? Essas pessoas devem voltar para o sítio? Os governantes ajudam quem mora

na zona rural? O que acontece se todos vierem morar na cidade? Nós precisamos do

pessoal que mora na zona rural? O que deve ser feito para as pessoas morarem onde

achar melhor? O que deve ser feito para que ninguém precise mudar do lugar onde é

feliz, seja na zona rural ou urbana?

b- Dimensões do conteúdo: (Transformar o conteúdo em perguntas).( Selecionar as

dimensões mais adequadas conforme o tema).

Conceitual/científica: O que é êxodo rural?

Histórica: Esta situação foi sempre assim? Como era a vida no campo antigamente?

E na cidade?

Econômica: Por que o homem do campo está se mudando para a cidade? Tem

emprego para todos?

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Social: Quem mora na cidade é mais importante?

Legal: Há leis que protegem o homem do campo?

Religiosa: A igreja apóia o MST? O que é MST?

Afetiva: O pessoal do êxodo rural gosta mais do campo?

Política: Existe facilidade em comprar terras?

Filosófica: Que seria do homem da cidade sem o homem do campo.

( Pode-se usar outras dimensões conforme o conteúdo: cultural, psicológica,

estética, doutrinária, ideológica, operacional, ecológica, epistemológica, ética, de

poder e outras).

3- Instrumentalização

a- Ações docentes e discentes ( didático-pedagógico)

- Cantar a música de Vitor e Leo Deus e eu no sertão

- Entrevistar uma pessoa que mora no campo e outra que mora na cidade.

- Visitar uma chácara.

- Explicação do professor sobre êxodo rural

- Debate sobre o assunto.

- Desenhar o lugar onde mora.

- Filme: desenho animado do Chico Bento

- Leitura de gibi do Chico Bento

- Exposição dos desenhos.

- Estudo e atividades no livro didático sobre o assunto

b- Recursos

Livro didático, gibi do Chico Bento, TV, DVD ou pendrive para o filme, som para

a

música.

4- Catarse

a- É a síntese mental do aluno.

(No momento da síntese, o professor deve colocar-se no lugar do aluno e perceber

que é difícil fazer uma síntese)

Exemplo de síntese:

O êxodo rural é quando as pessoas que moram no campo, deixam seu ambiente para

vir morar na cidade (conceitual). Esta situação vem se agravando cada vez mais por

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falta de condições no sítio, pois antes era melhor de se morar lá (histórica). O

pessoal que mora no campo pode pensar que morar na cidade vai resolver o

problema do emprego, mas na cidade também não tem serviço para todos

(econômica, social, política). Quem gosta de morar na zona rural deve fazer de tudo

para ficar lá e quem não gosta de morar no sítio é que deve vir morar na cidade

(afetiva).

b- Avaliação:

- Escreva o que você entende por êxodo rural. (conceitual)

- O governo ajuda o pessoal que mora no campo? Justifique. (política)

- O pessoal que mora na cidade precisa do homem do campo? Explique (econômica,

social).

- Será que é bom morar no sítio? Por quê? (afetiva)

- Escreva 2 pontos positivos de morar na zona rural (social)

- Escreva 2 pontos positivos de se morar na zona urbana (social)

5- Prática Social Final dos Conteúdos

a- Intenções do aluno b- Ações dos alunos1- Saber o que é êxodo rural

2- Respeitar o homem do campo

3- Analisar criticamente a situação

do êxodo rural.

1- Leitura do livro, prestar atenção na

explicação do professor, entrevistas.

2- Visitar uma chácara, assistir o desenho

animado do Chico Bento, ler gibi do Chico

Bento.

3- Perceber que não tem emprego para

todos na cidade e comparar a vida do campo

com a vida da cidade.

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A Educação e o Materialismo Histórico Dialético

A base da construção da teoria sobre a pedagogia histórico-crítica é o

materialismo histórico dialético de Marx, pois no entendimento de Duarte (1995, p.17)

fica evidente

que tanto para Marx como para Vigotski, as formas mais desenvolvidas devem ser o ponto de partida para a compreensão das formas menos desenvolvidas. Assim como a concepção pedagógica de Dermeval Saviani, também a psicologia vogotskiana apoia-se no método dialético de Marx, em cujo âmbito não há margem nem para o evolucionismo ingênuo (seja no plano da história da organização social humana, seja no plano da história do conhecimento), nem para o relativismo que nega a existência de formas mais desenvolvidas de vida social e de conhecimento, nem, finalmente, para o subjetivismo que nega o conhecimento enquanto apropriação da realidade objetiva pelo pensamento.

É materialista porque busca explicações racionais, lógicas e coerentes para os

fenômenos da natureza, da sociedade e o pensamento, parte da realidade material do

objeto. Entendendo o termo histórico, sendo a ciência filosófica do marxismo que

estuda as leis sociológicas que assinalam a vida da sociedade, de sua evolução histórica

e da prática social dos homens no desenvolvimento da humanidade e leva em conta o

movimento histórico onde o objeto está inserido sincrônica e diacronicamente. E

dialético porque parte do pressuposto de que nem a natureza nem a sociedade são fixas,

estáticas, paradas, mas, sim estão em constante movimento dialético. Os filósofos

gregos ao esboçarem a dialética concebiam o mundo como um todo e Marx reconheceu

na dialética o único método científico. Na atuação profissional inerente a educação,

coloca-se a necessidade de conhecer os diversos elementos que envolvem a ação

educativa. Para compreendê-la de maneira total e completa se faz necessário um

caminho a percorrer, juntamente com um método que permita científica e

filosoficamente se chegar a compreensão do que se quer na educação. Também a lógica

formal por sua dualidade (separar sujeito do objeto) parece insuficiente, então buscou-se

no método materialista histórico dialético essa resposta. Pois este permite a

interpretação da realidade, visão de mundo e a práxis.

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Em A Escola de Vigotski e a Educação Escolar de Newton Duarte (1995), essa

materialização do saber pode ser entendida estudando os dois níveis de

desenvolvimento de uma criança: o nível de desenvolvimento atual e a zona de

desenvolvimento próximo. O nível de desenvolvimento atual é aquele em que é possível

a verificação da aprendizagem através de testes, provas, relatórios nos quais o aluno

resolve sozinho o problema, de forma independente e autônoma, pois são os

conhecimentos que domina e que passou a ser senso comum. Já a zona de

desenvolvimento próximo precisa da mediação do professor, pois é aquilo que o

educando não faz sozinho, mas consegue fazer imitando o adulto, que pode ser o saber

clássico, sistematizado e histórico:

Cabe ao ensino escolar , portanto, a importante tarefa de transmitir à criança os conteúdos historicamente produzidos e socialmente necessários, selecionando o que desses conteúdos encontra-se a cada momento do processo pedagógico, na zona de desenvolvimento próximo. Se o conteúdo escolar estiver além dela, o ensino fracassará porque a criança é ainda incapaz de apropriar-se daquele conhecimento e das faculdades cognitivas a ele correspondentes. Se, no outro extremo, o conteúdo escolar se limitar a requerer da criança aquilo que já se formou, o conteúdo escolar se limita a requerer da criança aquilo que já se formou em seu desenvolvimento intelectual, então o ensino torna-se inútil, desnecessário, pois a criança pode realizar sozinha a apropriação daquele conteúdo e tal apropriação não produzirá nenhuma nova capacidade intelectual nessa criança, não produzirá nada qualitativamente novo, mas apenas um aumento quantitativo das informações por elas dominadas (DUARTE, 1995, p. 16),

para a integração desses dois níveis de desenvolvimento, o atual e o proximal, pode-se

utilizar a pedagogia histórico-crítica, com base no materialismo histórico dialético,

onde iniciar-se-á pelo concreto, que são os valores, o dinheiro, a divisão de classes e

outros. Desses componentes é que originam o estado, os sistemas econômicos, o modo

de se construir a sociedade, a troca entre as nações e o mercado mundial. A evidência da

realidade se dá a partir do conhecimento da base material, portanto, deve-se iniciar pelo

concreto e pelo real.

Uma das premissas do método Marxista é que o homem se humaniza no

trabalho, pela transformação do objeto da natureza em ferramentas de trabalho e em

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bens de suas necessidade básicas e em sociedade. Mas nessas relações sociais, acontece

de uma parte da humanidade se apropriar das terras, das ferramentas de trabalho, muitas

vezes pela força e ou pela guerra, transformando-se em donos, em patrões, em

dominadores, em ricos, os que têm privilégios, a burguesia. Assim, surge a divisão de

classes, de um lado os que detém os meios de produção e os bens produzidos e de outro

lado ficam os que não possuem essas ferramentas, que são os empregados, dominados,

pobres, os sem privilégios, os proletariados. Nesta situação, os que detém os meios e os

bens ainda se apropriam da força de trabalho de outros homens, surgindo a

desigualdade, onde ricos ficam cada vez mais ricos e pobre em mais pobres e até em

miseráveis.

O tópico “A Educação e o Materialismo Histórico Dialético” serve como um

convite (ou até uma provocação) para o aprofundamento dos estudos e o entendimento

que possa nos levar a patamares de conhecimentos sempre acima, na busca da clareza

de pensamento sobre que tipo de homens pretende-se formar na escola.

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Considerações finais

Como podemos perceber a importância e o valor do professor na Concepção

Histórico-Crítica ficam bem evidentes, pois o mesmo é um mediador e como autoridade

competente direciona o processo ensino e aprendizagem. O professor e o aluno são

sujeitos ativos e desenvolvem uma relação interativa e a interação social é o elemento

de compreensão e intervenção na prática social.

O docente desenvolve sua ação educativa numa concepção dialética e pressupõe

uma articulação entre o ato político e o ato pedagógico, também defende uma escola

socializadora dos conhecimentos e saberes universais. Importante saber que a práxis

educativa pressupõe fundamentação teórica fortalecida, portanto idealiza um educador

que estuda e pesquisa muito, estando em constante formação continuada.

Espera-se que este Caderno Temático seja uma das ferramentas que possa

colaborar com o professor para tornar sua prática cada vez mais voltada para o social,

com oportunidades iguais para todos, embora de maneira diferenciada, para dar conta de

uma escola que visa formar alunos críticos, plenos e autônomos, capazes de superar as

dificuldades da realidade social.

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Referências

DUARTE, Newton. A Escola de Vigotski e a Educação Escolar (algumas hipóteses

para uma leitura pedagógica da psicologia Histórico-Cultural). Araraquara. 1995.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-

7330200000020... Acesso em: 29/5/2009.

_______ . A anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco: A dialética emVigotski e em Marx e a questão do saber objetivo na educação escolar. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-7330200000020... Acesso em: 29/5/2009.

_______ . Concepções afirmativas e negativas sobre o ato de ensinar. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-7330200000020... Acesso em: 21/5/2009.

FEIGES, Maria Madselva F. Tendências da educação e suas manifestações na prática pedagógica escolar. Síntese reelaborada com base na produção dos alunos da turmas A e B/94 da disciplina de Didática do Curso de Especialização em Pedagogia para o Ensino Religioso. PUC/SEED/Curitiba/PR, mimeo, 2003.

GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Tendências Pedagógicas na Prática Escolar. In: Revista da ANDE, p.11-19, 1983.

LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Cortez, 1991.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental. Curitiba:SEED., 2006.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações.

Campinas: Editora Autores Associados, 2008.

Adaptação da ilustração: Do Trabalho sobre “Educação com Qualidade”, de autoria

de Dirlene Araujo Luiz e a adaptação das ilustrações de Martha Carvalho Lorensini,

1994.

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