O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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Ficha para Catálogo de Produção Didático- Pedagógica

Professor PDE/2009

Título Músicas e imagens na cultura afro-brasileira.

Autor Júlio Cezar Rezende

Escola de Atuação Escola Estadual Santa Terezinha – EF

Município da escola Santo Antônio da Platina

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Orientador Maurício de Aquino

Instituição de Ensino Superior UENP- Campus de Jacarezinho.

Área do Conhecimento História

Produção Didático-Pedagógica Folhas

Relação Interdisciplinar Arte, Língua portuguesa, Geografia, Sociologia.

Público alvo Alunos da 8ª série.

Localização Escola Estadual Santa Terezinha – EF. Av. Cel. Oliveira Mota, 786, centro. Santo Antônio da Platina-PR.

Apresentação. Considerando a Lei nº 9.394/96 que estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, a proposta de trabalho em sala de aula é deixar de lado a abordagem “burocrática” com que o assunto sempre foi tratado, e contemplar a interdisciplinaridade, utilizando para tanto a música e as imagens mostrando que é possível essa modalidade de encaminhamento para a compreensão e produção do conhecimento. Dessa forma, espera-se que a abordagem com a música e a imagem na construção dos saberes pertinente a cultura afro-brasileira motive o aluno potencializando sua capacidade e criatividade; tendo como objetivos proporcionar maior visibilidade à cultura afro-brasileira através da compreensão da diversidade de sua arte musical, e a interpretação das imagens no contexto histórico. No desenvolvimento desse trabalho estar-se-á trabalhando com pesquisa bibliográfica a partir de livros, revistas, jornais e sites especializados que darão origem as atividades propostas aos alunos; atividades estas que contemplam músicas, imagens (charges), poesia, vocabulário, proporcionando novas pesquisas.

Palavras-chave Cultura afro-brasileira. Linguagens. Ensino de história.

NRE JacarezinhoMunicípio JacarezinhoProfessor Júlio Cezar RezendeE-mail juliocrez@seed.pr.gov.br Escola Escola Estadual Santa Terezinha– EFDisciplina História ( X ) Ensino Fundamental ( 8ª) sérieConteúdos estruturantes Relações de trabalho.

Relações de poder.

Relações culturais.Conteúdo específico Cultura Afro-brasileira. Título Músicas e imagens na cultura afro-brasileira.Interdisciplinaridade Arte, Língua portuguesa, Geografia, Sociologia. Orientador Maurício de AquinoE-mail mauriaquino12@bol.com.br IES UENP- Campus de Jacarezinho.

TRABALHANDO MÚSICAS E IMAGENS NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Haiti, país do Caribe que ocupa o terço ocidental da ilha de Hispaniola. Ilha descoberta por Colombo durante a sua primeira viagem ao Novo Mundo. Hispaniola tornou-se colônia da Espanha no século 16. Corsários franceses estabeleceram-se na parte ocidental da ilha no século 17, e a Espanha reconheceu as reivindicações francesas à área em 1697, no Tratado de Ryswick. Conhecida como Santo Domingo no século 18, tornou-se uma rica fonte de açúcar e café para o mercado europeu. Escravos africanos substituíram a população indígena dizimada e no final do século 18 a população do Haiti era predominantemente negra. O domínio francês foi contestado em 1791, por uma insurreição de escravos liderada por Toussaint l’Oouverture. O país declarou-se independente em 1804.

Haiti

Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil (1993)

Quando você for convidado pra subir no adroDa fundação casa de Jorge AmadoPra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretosDando porrada na nuca de malandros pretosDe ladrões mulatos e outros quase brancosTratados como pretosSó pra mostrar aos outros quase pretos(E são quase todos pretos)E aos quase brancos pobres como pretosComo é que pretos, pobres e mulatosE quase brancos quase pretos de tão pobres são tratadosE não importa se os olhos do mundo inteiroPossam estar por um momento voltados para o largoOnde os escravos eram castigadosE hoje um batuque um batuqueCom a pureza de meninos uniformizados de escola secundáriaEm dia de paradaE a grandeza épica de um povo em formaçãoNos atraem, nos deslumbra e estimulaNão importa nada:Nem o traço do sobradoNem a lente do fantástico,Nem o disco de Paul SimonNinguém, ninguém é cidadãoSe você for a festa do pelô, e se você não forPense no Haiti, reze pelo HaitiO Haiti é aquiO Haiti não é aquiE na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimuladoDiante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquerPlano de educação que pareça fácilQue pareça fácil e rápido

E vá representar uma ameaça de democratizaçãoDo ensino do primeiro grauE se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capitalE o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no fetoE nenhum no marginalE se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitualNotar um homem mijando na esquina da rua sobre um sacoBrilhante de lixo do LeblonE quando ouvir o silêncio sorridente de São PauloDiante da chacina111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretosOu quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobresE pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretosE quando você for dar uma volta no CaribeE quando for trepar sem camisinhaE apresentar sua participação inteligente no bloqueio a CubaPense no Haiti, reze pelo HaitiO Haiti é aquiO Haiti não é aqui.

Atividades.

1. Quando a letra descreve que o “Haiti é aqui”, o quê os compositores estão

querendo retratar? Para fazer essa comparação, façam uma pesquisa sobre a

situação social do Haiti, antes do terremoto de 2009.

2. Como o Haiti foi representado pela letra da música?

3. Segundo a letra da música qual é o lugar chave ocupado pela população de

negros no Brasil?

4. Que leitura que você faz da imagem acima?

5. Pode-se dizer que o nosso país vive em uma democracia racial? Apontar

argumentos favoráveis ou contrários.

6. A música faz referência à nossa situação e em outros faz menção ao Haiti. Em

quais pontos?

7. Pesquisar textos e imagens na Web, sobre o trabalho e prostituição infantil, e

favelas no Brasil.

SAIBA MAIS

Leia o livro Carandiru, de Drauzio Varela.

Procure conhecer sobre as atividades culturais na Bahia.

Pesquise sobre o Bloqueio econômico de Cuba.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel foi fundado no dia 04 de abril de 1946, por Antonio Fernandes da Silveira, popularmente conhecido como "Seu" China. A idéia de criar a Escola surgiu no Domingo de carnaval, quando "Seu" China conversando com um grupo de amigos em um bar situado na Praça Sete teve a sua atenção despertada para o lado do Bloco Acadêmicos da Vila, que por ali passava, com os seus componentes fantasiados e isolados por uma corda, parecendo uma pequena Escola de Samba. Essa imagem despertou em “Seu” China o desejo de fundar uma Escola de Samba. No grupo especial, a Vila Isabel conquistou apenas seu primeiro campeonato, em 1988,desfile do samba-enredo Kizomba, a festa da raça. O desfile marcou a passarela do samba, por abusar de materiais alternativos, como a palha e sisal, e pela garra dos componentes da escola. Para muitos que conhecem bem os desfiles de escolas, este talvez tenha sido o melhor desfile de que se há notícia. Infelizmente, devido a um grave temporal, que deixou a cidade do Rio de Janeiro em estado de calamidade pública, o Desfile das Campeãs não foi realizado.

Kizomba, Festa da Raça (1988)

Compositores: Jonas / Rodolpho / Luiz Carlos da Vila

Valeu ZumbiO grito forte dos PalmaresQue correu terras céus e mares Influenciando a AboliçãoZumbi valeuHoje a Vila é Kizomba É batuque, canto e dança Jogo e MaracatuVem menininha pra dançar o CaxambuVem menininha pra dançar o CaxambuÔ ô nega mina Anastácia não se deixou escravizarÔ ô Clementina O pagode é o partido popularSacerdote ergue a taça

Convocando toda a massaNesse evento que com graçaGente de todas as raças Numa mesma emoção Esta Kizomba é nossa ConstituiçãoEsta Kizomba é nossa ConstituiçãoQue magia Reza ageum e Orixá Tem a força da Cultura Tem a arte e a bravura E um bom jogo de cintura Faz valer seus ideais E a beleza pura dos seus rituais Vem a Lua de Luanda Para iluminar a rua Nossa sede é nossa sede De que o Apartheid se destruaVem a Lua de Luanda Para iluminar a rua Nossa sede é nossa sede De que o Apartheid se destruaValeuValeu Zumbi

Atividade

1. Procure o significado dos termos destacados.

Navio negreiro (português europeu) ou navio tumbeiro (português brasileiro) é o nome dado aos navios de carga para o transporte de escravos , especialmente os escravos africanos, até o século XIX. O navio possuía pouca higiene, os escravos habitavam o porão destes, presos a correntes. Era tão grande que levava em média quatrocentos africanos amontoados, mal alimentados e em péssimas condições de higiene. O cheiro era quase insuportável, o espaço era mínimo, embora o navio fosse muito grande, pois eram muitos escravos num mesmo navio. Os "donos" dos escravos pouco se importavam com isso.

Camburão, também conhecido como Veraneio-vascaíno ou pata choca, era o carro favorito da policia e a versão mais famosa da Veraneio, fabricada pela Chevrolet.

O Navio Negreiro

Tragédia no Mar

Castro Alves

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!

Desce mais, inda mais...não pode o olhar humano

Como o teu mergulhar no brigue voador.

Mas que vejo eu ali... que quadro de amarguras!

Que cena funeral!...Que tétricas figuras!...

Que cena infame e vil!...Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

...................................................................................

Quem são estes desgraçados,

Que não encontram em vós,

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são?...Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz,

Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa musa,

Musa libérrima, audaz!

.............................................

Ontem a Serra Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas d’amplidão...

Hoje...o porão negro, fundo,

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,

A vontade por poder...

Hoje...cúm’lo de maldade

Nem são livres p’ra... morrer...

Prende-os a mesma corrente.

__Férrea, lúgubre serpente __

Nas roscas da escravidão.

E assim roubados à morte,

Dança a lúgubre coorte

Ao som do açoite...Irrisão!...

Atividades

1. Quem foi Castro Alves?

2. A quem o autor está se referindo quando faz as seguintes perguntas:

“ Quem são estes desgraçados [...] Quem são?...”

3. Dêem suas interpretações para a acima estrofe selecionada.

Peçam auxílio à professora de Língua portuguesa para analisarem o poema

segundo as normas literárias.

Todo camburão tem um pouco de Navio Negreiro

Compositor: Marcelo Yuka

O Rappa

Tudo começou quando a gente conversavaNaquela esquina alíDe frente àquela praçaVeio os homensE nos pararamDocumento por favorEntão a gente apresentouMas eles não paravamQual é negão? qual é negão?O que que tá pegando?Qual é negão? qual é negão?É mole de verQue em qualquer duraO tempo passa mais lento pro negãoQuem segurava com força a chibataAgora usa fardaEngatilha a macacaEscolhe sempre o primeiroNegro pra passar na revistaPra passar na revistaTodo camburão tem um pouco de navio negreiroTodo camburão tem um pouco de navio negreiroÉ mole de verQue para o negroMesmo a aids possui hierarquiaNa áfrica a doença corre soltaE a imprensa mundialDispensa poucas linhasComparado, comparadoAo que faz com qualquerFigurinha do cinemaComparado, comparadoAo que faz com qualquerFigurinha do cinemaOu das colunas sociaisTodo camburão tem um pouco de navio negreiroTodo camburão tem um pouco de navio negreiro

4. A letra é uma contextualização do navio negreiro nos dias atuais, por que esse

quadro ainda permanece no nosso país e que medidas foram tomadas para resolver

esse grave problema? Fazer pesquisas sobre as leis de cotas; sobre a

discriminação.

5. Com a colaboração do(a) professor (a) de Arte, produzam desenhos de como

vocês vêem o camburão e o navio negreiro,

6. Quando Caetano Veloso, diante das cenas da violência discriminatória em “Haiti”,

canta “ninguém, ninguém é cidadão”, o Rappa “Todo camburão tem um pouco de

navio negreiro” e a imagem da charge, que relação vocês vêem entre essas

afirmações presentes na nossa sociedade, na nossa comunidade?

Martin Luther King.(1929-1968) pastor norte-americano e líder de movimento pelos direitos civis. Ganhou renome internacional ao liderar, em 1955-1956, um boicote da população negra às linhas de ônibus segregacionistas em Montgomery, no Alabama. Este movimento acabou com a separação nos ônibus da cidade. Ganhou o Nobel da Paz em 1964. Sua campanha abordava desde os direitos civis para a população negra até a crítica à guerra do Vietnã e na negligência da sociedade em relação aos pobres. Foi assassinado em Memphis, no Tennesse, em 14 de abril de 1968Malcon X . Malcolm Little (1925-1965), mais conhecido como Malcolm X, foi um dos maiores defensores dos direitos dos negros no Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana de inspiração socialista. Enquanto Martin Luther King apostava na resistência pacífica como arma para enfrentar o racismo, Malcolm X defendia a separação das raças, a independência econômica e a criação de um Estado autônomo para os negros.Durante a sua prisão – de 1946 a 1952 – converteu-se ao islamismo, adotando o nome de Elijah Muhammed. No dia 21 de fevereiro de 1965, quando discursava no Harlem (bairro negro norte-americano) foi assassinado com 13 tiros.Steve Bantu Biko (1946-1977), foi um conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960. Biko era um jovem ativista negro, fundador do Movimento Consciência Negra. Biko, que dizia que “ a arma do opressor é a mente do oprimido”, foi um defensor dos negros e da sua independência face aos liberais brancos, na luta contra o apartheid na África do Sul. Preso em 1967 foi morto a caminho da prisão em Pretória; o governo afirmou que ele morrera devido a uma greve de fome, posteriormente ao ser constatado ferimentos na cabeça, o governo mudou a versão, argumentando tentativa de suicídio, entretanto. Mais tarde, cinco policiais foram acusados de assassinato, mas como não havia testemunhas e nem provas, ninguém foi julgado.Nélson Mandela (18 de julho de 1918), sul-africano, advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro.Em agosto de 1962 foi preso e sentenciado a cinco anos. Em 1967, foi preso novamente e desta vez condenado à prisão perpétua, mas por pressão internacional, foi libertado em 1990.

Sorriso Negro

Autores desconhecidos

Dona Ivone Lara

Um sorriso negroUm abraço negroTrás felicidadeNegro sem empregoFica sem sossego Negro é a raiz da liberdade Negro é uma cor de respeitoNegro é inspiraçãoNegro é silêncio, é cultoNegro é a soluçãoNegro que já foi escravoNegro é a voz da verdadeNegro também é amorNegro também é saudade.

Atividades

“Negro sem emprego

Fica sem sossego”

Essas frases estão relacionadas à falta de oportunidade de empregos à população

negra, e consequentemente “fica sem sossego” ou seja, busca na marginalidade a

solução para seus problemas, e isso justifica as estatísticas de que a maioria dos

presidiários são dessa cor.

1. Façam uma pesquisa sobre o trabalho negro hoje e as contradições entre os

salários pagos a brancos e negros.

2. Qual a crítica presente na charge? O que levou a garota a fazer a tomar a decisão

acima?

3. Considere os cargos ocupados por negros famosos no Brasil e justifiquem se, são

regras ou exceção.

4. Depois de concluídas todas essas atividades cada grupo irá produzir uma letra de

música ( no ritmo preferido) sobre as impressões que tiveram sobre a cultura afro-

brasileira.

REFERÊNCIAS

Castro Alves. Literatura comentada. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

NOVA Enciclopédia Folha. São Paulo: Folha da Manhã, v.1-2, 1996.

WEBSITE

Latuff. Disponível em: http://3bp.blogspot.com

Pestana. Disponível em: http://mundohumanobyju.blogspot.com

Simontaylor. Disponível em: www.sarapatel.blogspot.com

Angeli. Disponível em: www.folha.uol.com

Vich. Disponível em: www.mns.org.br

www.letras.terra.com.br

www.vagalume.uol.com

www.c\documentosandsettin\casa

www.wipédia.org.com

www.carnaval.sambando.com