DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · hora de leitura por dia para se manter a par dos vários...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

TÍTULO

EJA – VALORIZAÇÃO DE VIVÊNCIA

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Jacarezinho – 2009

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EJA – VALORIZAÇÃO DE VIVÊNCIA

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Valdenice Pereira Nascimento1

Prof.ª. Maria Aparecida de Fátima Miguel2

Resumo: É um fato bem conhecido que quando não havia televisões ou computadores, a leitura era uma atividade de lazer primário. As pessoas que passam horas lendo livros viajam para terras e lugares distantes em suas mentes. O problema é que, com o tempo, as pessoas perderam esta habilidade de paixão pela leitura. Existem muitas outras opções interessantes e emocionantes disponíveis, além de livros. E isso é uma vergonha porque a leitura oferece uma abordagem produtiva para melhorar o vocabulário e mostrar o poder da palavra. É aconselhável disponibilizar pelo menos meia hora de leitura por dia para se manter a par dos vários estilos de escrita e vocabulários novos. Observa-se que jovens e adultos que gostam de ler têm um QI mais elevado comparativamente. Eles são mais criativos e se saem melhor na escola e na faculdade. É recomendável que os pais falem sobre a importância da leitura para os seus filhos nos primeiros anos. A Leitura ajuda de forma significativa no desenvolvimento de vocabulário e leitura em voz alta ajuda a criar um forte vínculo emocional entre pais e filhos. As crianças que iniciam a leitura desde a tenra idade, são observados que as mesmas têm bons conhecimentos linguísticos, e compreendem as variações na fonética muito melhor.

Palavras – chave: educação – leitura - escrita

1 Professora QPM e aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, Universidade Estadual do Norte do Paraná - e-mail: [email protected]

2 Professora orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional, UENP- Campus de CornélioProcópio. Doutoranda pela UNESP – Assis – SP.

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Abstract:It is a well known fact that when there were no televisions or computers, reading was a primary leisure activity. People who spend hours reading books, traveling to distant lands and places in their minds. The problem is that, over time, people have lost this ability passion for reading. There are many other interesting and exciting options available besides books. And that's a shame because reading offers a productive approach to improve vocabulary and show the power of the word. It is advisable to provide at least half an hour of reading per day to keep track of the various writing styles and new vocabularies. It is observed that teenagers and adults who like to read have a higher IQ comparison. They are more creative and perform better in school and in college. It is recommended that parents talk about the importance of reading to their children's early years. Reading helps significantly in the development of vocabulary and reading aloud helps build a strong emotional bond between parents and children. Children who begin reading at an early age, that they are observed to have good language skills, and understand the variations in spelling a lot better.

Keywords: education - reading - writing

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1. Introdução

A leitura ajuda no desenvolvimento mental e também estimula os

músculos dos olhos. A leitura é uma atividade que envolve maiores níveis de

concentração e aumenta as habilidades de conversação do leitor. É um prazer

que aumenta os conhecimentos adquiridos, de forma consistente. O hábito de

leitura ajuda os leitores a decifrar novas palavras e frases que vêm através das

conversas cotidianas. O hábito pode se tornar um vício saudável e que

acrescenta informações disponíveis sobre vários temas. Ela nos ajuda a ficar

em contato com escritores contemporâneos, bem como as dos dias de outrora

e nos torna sensíveis aos problemas globais.

A leitura enriquece o nosso pensamento, nossa visão se amplia e

melhora o nosso conhecimento. Quanto mais lemos, melhor o nosso poder de

expressão da escrita e da fala. Um leitor ávido e volumoso é sempre cheio de

ideias e de grandes pensamentos para expressar-se sobre assuntos variados.

Em outras palavras, um aluno que é um bom leitor é mais propenso a

fazer uma boa escola e passar por exames que um aluno que é um leitor fraco

terá dificuldade de ser aprovado.

Bons leitores podem compreender as sentenças individuais e a estrutura

organizacional de um pedaço de escrita. Em resumo, os bons leitores podem

extrair do escrito o que é importante para a tarefa específica e eles podem

fazê-lo rapidamente!

Pesquisadores da Educação também têm encontrado uma forte

correlação entre a leitura e o conhecimento do vocabulário. Em outras

palavras, os estudantes que têm um grande vocabulário normalmente são

bons leitores. Isso não é muito surpreendente, uma vez que a melhor maneira

de adquirir um vasto vocabulário é ler muito, e se você ler muito é susceptível

de ser ou se tornar um bom leitor. (LAJOLO, 1993)

Então, se você quiser que seu filho seja bem sucedido na escola, tem

que incentivá-lo a ler. Leitura de não-ficção é provavelmente o mais importante

do que ficção, mas qualquer leitura - se feita constantemente - vai ajudar a

5

criança no desempenho acadêmico.

O fato de que os estudantes obtém grandes benefícios da leitura não se

pode duvidar ou questionar. É por esta razão que os professores devem incutir

em seu alunos um verdadeiro amor pela leitura e prepará-los para se tornarem

leitores ao longo da vida.

A leitura desenvolve a criatividade de uma pessoa. Ao contrário dos

filmes, onde tudo é determinado pelo produtor, roteirista e diretor, os livros

permitem que os alunos criem em sua mente um personagem.

2. Leitura e produção de texto

Invariavelmente o bom leitor, o leitor assíduo é um bom produtor de

textos, tem facilidade na elaboração de uma redação, pois tem um amplo

vocabulário facilitando assim a redigir sobre diversos temas.

Uma orientação eficiente para a prática de produção de textos, na escola,

deve envolver procedimentos fundamentais distribuídos em dois grandes

momentos: o que antecede e o que coincide com o ato de escrever,

propriamente dito. No primeiro momento, há que se orientar na busca de

conteúdos (ideias, opiniões, informações) a serem colocados no papel; no

segundo, não menos importante, deve-se preocupar com o modo de fazê-lo,

resgatando e/ou apresentando habilidades de estruturação do texto que

permitam tecer microestruturas eficazes para se conseguir um texto coeso e

coerente com as ideias e intenções do autor.3

2. A importância da leitura no mundo contemporâneo

A literatura de modo geral amplia e diversifica nossas visões e

interpretações sobre o mundo e a vida como um todo.

3 http://www.vestibular1.com.br/revisao/importancia_leitura.doc. Acesso em: 10/12/2011

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Precisamos estar atentos a esta questão, pois a ausência da leitura na

vida bloqueia a possibilidade e acaba, de certa forma, se excluindo dos

acontecimentos, da interpretação, da imaginação e da ficção arquitetada pelo

autor, seja num romance ou num artigo; numa crônica ou num conto, numa

poesia ou num manifesto, num jornal ou num ensaio, num gibi ou numa

história infantil ou infanto-juvenil, enfim, são inúmeras as possibilidades de

mergulhar no mundo da fantasia e da realidade encontradas no mundo das

palavras.

Vivem em um mundo contemporâneo onde as palavras rascunhadas no

papel não têm muito valor. A literatura hoje é recurso dos mais ricos, sendo

que os mais pobres, até possuem este recurso, porém, não é explorado de

forma adequada. Dessa forma, a literatura contemporânea se transformou num

produto de elite, e aqueles que não tem o acesso ou simplesmente não tem o

gosto de ler são deixados de lado.4

3. Leitura e escrita digital

O trabalho de leitura e escrita pode e deve ser muito proveitoso. Em

princípio, pode haver algum desinteresse por parte dos alunos, já que eles

utilizam, muitas vezes, a contragosto, os velhos instrumentos lápis e borracha,

diariamente, em sala de aula, diante de um mundo cada vez mais digital e

globalizado, o mundo dos múltiplos letramentos.

Quanto a isto, Marques (2001, p.31) descreve:

“Sabemos que esse suporte que é a folha de papel não foi sempre o mesmo. Foi parede rochosa, foi argila, foi pergaminho, foi papiro, foi (Ai, que saudades!) minha lousa de criança. Foram as paredes da casa paterna. E agora, agora passa a ser a tela do computador. Não, não se trata apenas do suporte material do escrever. Mudam as tecnologias, mas elas não mudam sem transformarem os ritmos, os apelos ao escrever, as formas de inspiração.”

Marques (2001) continua:

4 http://recantodasletras.uol.com.br/ensaios/126258. Acesso em: 15/01/2011.

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“Amanhã não escreveremos mais com essa mão que segura o lápis ou a caneta sobre uma página, orientados ou desorientados, mas com duas mãos complementares sobre teclados ou outros consoles. […] Estamos saindo da civilização reta do estilo para entrar na dos teclados. [...] Isso nos mudará, corpos e alma, e isso transformará o tempo (Ibid., ibid.).”

As tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas

deixassem a leitura de livros de lado, isso resultou em jovens cada vez mais

desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres.

A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é

através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter

conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem

não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de

hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar

uma boa obra literária, por exemplo.5

A crescente influência da tecnologia fez muitos educadores a reconhecer

que precisam de informações sobre o ensino de habilidades de alfabetização

na era digital.

Segundo Chartier (2001, p.117):

O novo suporte do escrito não significa o fim do livro ou a morte do leitor. O contrário, talvez. Porém, ele impõe uma redistribuição dos papéis na “economia da escrita”, a concorrência (ou a complementaridade) entre diversos suportes dos discursos e uma nova relação, tanto física quanto intelectual e estética, com o mundo dos textos.

4. A relevância do Método Recepcional na Leitura

A importância da leitura literária na escola como o Método Recepcional,

proposto por Bordini e Aguiar (1988), podem contribuir para a ampliação do

horizonte de expectativas do leitor.

O processo de recepção textual, portanto, implica a participação ativa e

criativa daquele que lê, sem com isso sufocar-se a autonomia da obra (Bordini;

Aguiar, 1993: 86).

5 http://www.depositonaweb.com.br/3911/a-importancia-da-leitura-na-vida-do-ser-humano. Acesso em: 15/01/2011

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O método recepcional é estranho à escola brasileira, em que a preocupação com o ponto de vista do leitor não é parte da tradição. Via de regra, os estudos literários nela tem se dedicado à exploração de textos e de sua contextualização espaço-temporal, num eixo positivista. O relativismo de interpretação e, portanto, de leitura não é tópico de consideração no âmbito acadêmico, o que se explica pela tendência ao autoritarismo da própria cultura brasileira, que endeusa seus expoentes, temerosa de expô-los à crítica.

Essa ressalva faz com que a avaliação do método recepcional seja ainda

mais positiva, já que acarreta inovações para um sistema de ensino em real

estado de precariedade. Poder-se-á verificar, nitidamente, as contribuições que

o método em questão poderá trazer para as salas de aula. Isso se dá,

exatamente, pela preocupação direta com o leitor, seus conhecimentos prévios

e a constatação de seus horizontes de expectativas, nota-se então que:

O processo de recepção se inicia antes do contato do leitor com o texto.

O leitor possui um horizonte que o limita, mas que pode transformar-se

continuamente, abrindo-se. Esse horizonte é o do mundo de sua vida, com

tudo que o povoa: vivências pessoais, sócio-históricas e normas filosóficas,

religiosas, estéticas, jurídicas, ideológicas, que orientam ou explicam tais

vivências.

A partir dessa constatação sobre o processo de recepção, nota-se que

são necessárias duas etapas, a determinação do horizonte de expectativas e

sua possível ampliação. Porém, para percorrer esse percurso, as autoras

pensaram em mais três etapas, sendo, então o método recepcional composto

por cinco etapas, sendo elas:

1. Determinação do Horizonte de Expectativas

2. Atendimento do horizonte de expectativas

3. Ruptura do horizonte de expectativas

4. Questionamento do horizonte de expectativas

5. Ampliação do horizonte de expectativas

Sendo esses as cinco etapas do Método recepcional, verificar-se-á,

seguidamente, como o professor deverá agir em cada uma das etapas

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conforme os pressupostos das autoras. Na primeira etapa do Método

Recepcional o professor deverá determinar quais são os horizontes de

expectativas de seus alunos/leitores para que possa elaborar estratégias de

ruptura e transformação desses horizontes. Esse procedimento indicará o

sucesso a ser alcançado com este método. O professor deve considerar, nesta

etapa, os valores prezados pelos alunos, suas preferências e comportamentos.

E isso pode ser detectado por meio de conversas informais com os alunos,

observação de comportamentos em sala de aula, entrevistas, e outros.

Tendo detectado as aspirações dos alunos/leitores, o professor deve,

então, atender a esses interesses considerando dois aspectos importantes: no

primeiro o professor deve oferecer, aos alunos, textos que correspondam ao

esperado por eles; e no segundo deve organizar estratégias de ensino que

sejam do conhecimento dos alunos para, aos poucos, acrescentar elementos

novos nas atividades desenvolvidas.

Atendido devidamente o horizonte de expectativas dos alunos/leitores, o

professor deve iniciar essa terceira etapa prevista no método. Para tanto, ele

deve introduzir textos e atividades que abalem as certezas e costumes dos

alunos, mas essa ruptura não deve se dar em todos os elementos de uma só

vez. O papel do professor, aqui, é dar condições para que os próprios alunos

percebam que há algo de estranho, de novo, no modo de proceder no, até

então, conhecido. A ruptura deve dar-se de maneira equilibrada para que os

alunos não rejeitem a experiência nova. Ou seja, o professor pode, por

exemplo, continuar a abordar a temática trabalhada na etapa anterior e

promover a ruptura com esta: quanto à forma, à linguagem, o gênero e/ou

estratégias de trabalho com o texto.

Nesta etapa, os alunos/leitores devem estar aptos para refletirem sobre o

trabalho desenvolvido até o momento, comparando as etapas anteriores a fim

de julgar qual delas exigiu maior grau de dificuldade e qual lhes proporcionou

maior satisfação. Para que esse questionamento se dê de maneira mais

adequada, atividades que exijam mais dos alunos/leitores, maior participação e

discussão, são as mais indicadas.

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5. Gêneros Textuais segundo “Bakhtin”

Para se trabalhar gêneros textuais, elucidada por Mikhail Bakhtin, bem

como o de apresentar as particularidades e as características de tal abordagem

é a relação entre aquela concepção lingüístico-enunciativa e as diretrizes que

norteiam os currículos escolares e os seus conteúdos mínimos, na área de

Linguagem, refletindo a função do professor no exercício pedagógico.

Destaca-se como ponto de partida para este texto um dos aspectos sobre

o ensino de Língua Portuguesa apresentado pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais os PCNs, diretrizes que norteiam os currículos e seus conteúdos

mínimos, novo caminho aludido como saída para muitos impasses na área

educacional : os gêneros textuais como objeto de ensino .

Sabe-se que, naquele documento, os conteúdos de Língua Portuguesa

encontram-se distribuídos em dois eixos de práticas de discursivas: usos de

linguagem e reflexão sobre a língua e a linguagem. Aqui ressalta-se o eixo

usos de linguagem, o qual tem como enfoque o caráter enunciativo desta, o

que permite nomear as seguintes preocupações de estudo: a historicidade da

linguagem; o contexto de produção dos enunciados; a produção de textos orais

e escritos; o modo como o contexto de produção contribui para a organização

do discurso, ou seja, para as tipologias comunicacionais (gêneros e suportes).

Disto, conclui-se que o texto é considerado unidade de ensino e os gêneros

textuais, objetos de ensino.

Passa-se a refletir, então, sobre tais objetos de ensino, focalizando o entrelace entre os gêneros discursivos e a produção textual na escola. A concepção para a proposta de organização dos gêneros discursivos se pautou num enfoque lingüístico-enunciativo, como já se mencionou que tem como pano de fundo a teoria dos gêneros do discurso, conforme Mikhail Bakhtin (2000: 279-287).

Bakhtin argumenta que dentro de uma dada situação lingüística o falante /

ouvinte produz uma estrutura comunicativa que se configurará em formas-

padrão relativamente estáveis de um enunciado, pois são formas marcadas a

partir de contextos sociais e históricos. Em outras palavras, tais formas estão

sujeitas as alterações em sua estrutura, dependendo do contexto de produção

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e dos falantes / ouvintes que produzem, os quais atribuem sentidos a

determinado discurso. Logo, conclui-se que são muitas e variadas as formas

dos gêneros textuais. (Cf. BAKHTIN, 1953/2000: 279)

Entretanto, os gêneros secundários acabam, de certo modo, suplantando

os gêneros primários, considerando-se que estes fazem parte de uma troca

verbal espontânea, e que aqueles representam uma intervenção nesta

espontaneidade, pois se apresentam de modo mais complexo e geralmente

escrito. Não é absurdo dizer que os gêneros primários são instrumentos de

criação dos gêneros secundários. Daí pode-se apontar as características dos

gêneros textuais: são formas-padrão de um enunciado que possui conteúdo,

uma estruturação específica e mutável a partir de relações estabelecidas entre

os interlocutores; do mesmo modo, um estilo ou certa configuração de

unidades lingüísticas.

“Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar,

outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer,

mastigar e digerir”. Ou seja, alguns livros devem ser lidos apenas por partes,

outros para serem lidos, mas não, curiosamente, e alguns poucos para ser lido

integralmente, e com diligência e atenção. Esta famosa frase de Francis Bacon

pode nos dar valiosas orientações sobre os tipos de hábitos de leitura que

devem ser desenvolvidas pelos leitores. Alguns documentos podem e devem

ser lidos rapidamente, enquanto outros são devem ser lidos devagar e

cuidadosamente.

Esse tipo de lição é especialmente útil na leitura de velocidade. Para

manter a máxima compreensão, é necessário ajustar a velocidade de leitura,

dependendo do material de leitura. Tudo depende da finalidade da leitura.

Geralmente, há duas finalidades:

1. leitura intensiva

2. leitura extensiva

Na leitura intensiva, você lê não só para a compreensão detalhada, mas

também para dominar as estruturas e vocabulário na escrita. Assim, a leitura

intensiva é considerada como um meio muito eficaz de aprender rapidamente.

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Na leitura extensiva, você leu rápido para obter informações, ou

simplesmente pelo prazer da leitura. Este tipo de leitura enfatiza menos em

ganhar mais precisão e em ganhar fluência. A leitura extensiva é normalmente

feito fora da sala de aula, para o prazer dos leitores próprios, é menos rigorosa

e exige um pouco menos de atenção. No entanto, uma vez que o leitor aprende

a ler mais e mais rápido, então eles serão capazes de melhorar a sua

compreensão para o mesmo nível de leitura intensiva.

6. Leitura abrindo novos horizontes para jovens e adultos

A função precípua da EJA é formar sujeitos ativos, críticos, criativos e

democráticos. Para atender essa necessidade a oralidade, a leitura e a escrita

são fatores primordiais. Este estudo busca resgatar junto a esses alunos,

histórias pessoais, fatos culturais narrados no cotidiano escolar enfim, histórias

de sua vida, que acabam por demonstrar a sua peculiar visão de mundo,

incentivando assim a produção textual dessas narrativas e promovendo a

valorização de suas vivências para que se tornem sujeitos na construção do

conhecimento ressignificando suas experiências socioculturais. Como incentivo

à leitura serão apresentadas uma ampla diversidade textuais intimamente

articuladas as suas expectativas e trajetórias de vida agregando valores que os

levem a emancipação e a afirmação de sua identidade cultural. A educação

possibilita ao individuo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas

habilidades, confirmar competências adquiridas na educação extra-escolar e na

própria vida, com vistas a um nível técnico e profissional mais qualificado.

Também é oferecido pelos sistemas de ensino cursos e exames supletivos, que

compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando assim

progressivamente os estudos em caráter regular. A educação de Jovens e

Adultos representa uma possibilidade que pode contribuir para efetivar um

caminho e desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Planejar

esse processo é uma grande responsabilidade social e educacional, cabendo ao

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professor no seu papel de mediar o conhecimento, ter uma base sólida de

formação.

A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o

século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para

uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso

argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da

democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento

socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a

construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de

paz baseada na justiça. (Declaração de Hamburgo sobre a EJA). Durante vários

anos foram desenvolvidos projetos para a alfabetização de Jovens e adultos,

destaca-se, portanto, alguns deles: O Mobral – Movimento Brasileiro de

Alfabetização, de 1967-1985; fundação Educar, de 1986-1990 e o Programa

Brasil Alfabetizado, de 2003 até o momento atual.

Na Constituição Federal de 1988 e a LDB, confere aos municípios a

responsabilidade do Ensino Fundamental, e estabelece que aos sistemas de

ensino caiba assegurar gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam

efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,

considerando as características do aluno, seus interesses, condições de vida e

de trabalho. Também cabe a esses sistemas de ensino, viabilizar e estimular o

acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas

e complementares entre os diversos setores das esferas públicas. A educação

de jovens e adultos (EJA) é vista como uma forma de alfabetizar quem não teve

oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram

de abandonar a escola.

O processo de educação no indivíduo tem três dimensões sendo estes: a

individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser

incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se

desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional,

está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua

profissão, todos precisam se atualizar. No social (sendo este, a capacidade de

viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter

acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. (IRELAND,

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2009, p. 36). Desta forma, não basta somente capacitação dos alunos para

futuras habilitações nas especializações tradicionais. Trata-se de ter em vista a

formação destes para o desenvolvimento amplo do ser humano, tanto para o

mercado de trabalho, mas também para o viver em sociedade.

A ação educativa junto aos jovens e adultos no Brasil não é recente. Já no

Brasil Colônia, os jesuítas dedicaram grande parte do seu trabalho na educação

dos índios e escravos negros, visando difundir o evangelho, transmitir normas

de comportamento e ensinar os ofícios necessários à economia colonial. Até

serem expulsos do Brasil, em 1759, os jesuítas atuaram intensamente junto

aos jovens e adultos e implantaram um sistema de ensino que foi se

desorganizando gradativamente. O sistema implantado pelos jesuítas,

abandonado após 1759, não foi nessa época substituído por nenhuma nova

proposta de organização do ensino que tivesse a sistematicidade e a

organicidade anteriormente existente. No Império, a primeira Constituição

Brasileira de 1824 garantiu a instrução primária para todos os cidadãos,

incluindo-se, portanto, os jovens e adultos, mas essa garantia legal não foi

acompanhada pela implementação de ações concretas neste setor. Desse

forma, as preocupações liberais, expressas na legislação imperial, não

conseguiram diminuir a distância entre o direito proclamado e sua efetiva

realização, fato que se repete na Primeira República, apesar da grande

quantidade de reformas educacionais que buscavam normatizar e dar

qualidade ao ensino básico. As reformas educacionais propostas dificilmente

poderiam atingir os objetivos esperados, visto que não havia dotação

orçamentária destinada para esse fim. Na Primeira República, a discussão do

ensino básico englobava a educação das crianças e a educação dos jovens e

adultos sem distingui-las como fonte de pensamento pedagógico e sem prever

a implementação de políticas públicas específicas. Essa distinção só passou a

existir a partir de 1940, quando o Estado brasileiro aumentou suas atribuições

e responsabilidades em relação à educação de jovens e adultos, vinculando

verbas públicas para o atendimento em nível nacional. A Educação de Jovens e

Adultos (EJA) passou, então, a figurar entre as reivindicações por mais e

melhores condições de vida da população recém-urbanizada. O período de

1959 a 1964 é considerado como um “período de luzes” para a educação de

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adultos por confrontar velhas idéias e preconceitos com a busca da renovação

dos métodos e processos educativos. Dessa forma, as características

peculiares da EJA passaram a ser reconhecidas, conduzindo a um tratamento

específico nos plano pedagógico e didático.

Incorporando o pensamento de Paulo Freire;

(...) discutia-se a necessidade de substituir o discurso pela reflexão sobre o social e, também, a necessidade de entender que a educação da população adulta deveria prepará-la para participar ativamente da vida política do país. Dessa forma, a educação de adultos passou a ser reconhecida como um poderoso instrumento de ação política que tinha, também, o papel de resgatar e valorizar a cultura popular.

Após 1985, o processo de redemocratização da sociedade brasileira

representou a retomada da democratização das relações sociais e das

instituições políticas brasileiras e, consequentemente, o alargamento do campo

dos direitos sociais. Esse processo de reorganização da sociedade civil resultou

na consolidação de importantes instrumentos jurídicos – Constituição Federal

de 1988 e seus desdobramentos nas constituições dos estados e nas leis

orgânicas dos municípios, que reconheciam a responsabilidade do Estado na

oferta pública, gratuita e universal de escolarização básica para os jovens e

adultos. A ruptura simbólica com a política de educação de adultos do período

militar deu-se com a extinção do MOBRAL que, estigmatizado como modelo de

educação domesticadora e de baixa qualidade, já não encontrava condições

políticas de acionar com eficácia os mecanismos que utilizara anteriormente,

motivo pelo qual, foi substituído em 1985, pela Fundação Nacional para

Educação de Jovens e Adultos – Educar. A partir de 1986, a Fundação Educar

assumiu, prioritariamente, o papel de articuladora de uma política nacional

para a EJA, apoiando técnica e financeiramente iniciativas inovadoras

realizadas pelas prefeituras municipais e organizações da sociedade civil, que

passaram a deter maior autonomia para definir seus projetos político-

pedagógicos.

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7. Metodologia

FILME: TEMPOS MODERNOS

Produção Textual

a) Leitura Situacional – Elabore um único texto de 10 linhas.

• Situar o autor na época em que ele viveu ( relatar fatos relevantes;

pesquisar o autor a biografia, vida familiar e problemas enfrentados por

ele);

• Título da obra, ano em que foi produzido;

• Época em que transcorre a ação;

• Gênero ao qual pertence: Narrativo ( Romance ou Novela);

• Explicar, se for o caso, alguma situação ou fato interessante do filme em

si.

b) Leitura Concreta _ Elabore um único texto de 10 linhas.

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• Gostou do filme? Por quê?

• Do que mais gostou? Por quê? E do que menos gostou? Por quê?

• Entendeu o filme? Há alguma coisa que não ficou clara? Cite e comente

suas dúvidas.

c) Leitura Narrativa _ Elabore um único texto de 10 linhas.

• Reconstruir a história _ resumo. ( quando, onde, como, o fato em si,

desfecho)

d) Análise Formal _ Elabore. Como é apresentado o filme, cenas, personagens

protagonistas, antagonistas (redondos ou planos), ambientes, época, meios de

transporte e comunicação, modo de se vestir, as expressões faciais e gestuais.

( filme mudo).

e) Leitura Temática: tema da obra, o “eu universal”, mensagem do filme...

f) Leitura Avaliadora _ Opinião _ Elabore um único texto mínimo 15 linhas.

• Oferecer a própria visão da história e se você se identifica com

alguma(s) cena(s) do filme.

TARSILA DO AMARAL

Operários, uma das mais importantes obras da artista plástica modernista

Tarsila do Amaral, produzida em 1933, foi a tela escolhida para representar o

tema principal da Valorização de Vivência, porque os indivíduos inseridos no

presente projeto constituem-se de trabalhadores das mais diversas áreas da

região. Achou-se por bem incluir Artes com a obra de Tarsila do Amaral.

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(blogart1000.blogspot.com)

Operários – Tarsila do Amaral

ATIVIDADES

a) Que tipo de pessoas a obra retrata?

b) Na imagem você vê apenas a figura masculina?

c) O que denota a expressão facial de cada componente da obra?

d) Atrás das imagens humanas o que é que você vê?

e) Como os operários contribuem para o progresso da nação?

f) Que tipo de profissão as pessoas do quadro exercem ? Você se

identifica com algum deles? Por quê? Justifique oralmente a

resposta.

g) Recorte e cole uma figura e crie uma história: onde trabalha? Qual a

sua profissão? Quanto ganha por mês? Qual seu turno de trabalho?

Como você supõe que é formada a família das pessoas escolhidas?

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POESIAS

(darlanreis.blogspot.com)

Canavial de Cecília Meireles

[...]

São as moles espadas de zinco

No canavial.

[...] • Leia o poema e discuta com seus colegas.

a) Que tipo de poema e o canavial?

b) Que palavras se repetem em todo o poema? E qual a sua finalidade?

ÁGUA

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Você já notou como são dispostos os campos do talão de água?

ATIVIDADES

a) Você já observou a sua conta de água?

b) Como será que se pode ver o consumo diário em reais?

c) Você já notou como são dispostos os campos do talão de água?

d) Quanto do salário mínimo é comprometido na fatura mensal de R$ 34,00?

LUZ

ATIVIDADES

a) O que significam os meses citados na conta de luz?

b) Você já pensou como os aparelhos de eletrodoméstico influenciam no gasto

mensal de eletricidade?

c) Redija um texto narrativo sobre o comportamento das pessoas quando falta

água e luz em casa.

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7. Conclusão

Conforme Paulo Freire, a leitura do mundo antecede sempre a leitura da

palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência já ao nascer. Primeiro, a

“leitura” do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da

palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da

“palavra mundo”. “É preciso que quem sabe, saiba sobre tudo que ninguém

sabe tudo e que ninguém tudo ignora” (FREIRE, p.32).

E que para isto aconteça a leitura do mundo e da palavra é essencial.

A leitura pode desenvolver valores positivos em seus alunos. Segundo

um estudo realizado nos Estados Unidos, por exemplo, os alunos que

aprendem a ler no momento em que eles estão no terceiro ano são menos

propensos a consumir drogas, abandonar a escola ou acabar na prisão.6

A leitura contribui significativamente para o desenvolvimento do

vocabulário, e a leitura em voz alta ajuda a construir um forte vínculo entre

pais e filhos.

Tendo detectado as aspirações dos alunos/leitores, o professor deve,

então, atender a esses interesses considerando dois aspectos importantes: no

primeiro o professor deve oferecer, aos alunos, textos que correspondam ao

esperado por eles; e no segundo deve organizar estratégias de ensino que

sejam do conhecimento dos alunos para, aos poucos, acrescentar elementos

novos nas atividades desenvolvidas.

6 Wikipedia, Reading. http://en.wikipedia.org/wiki/Reading_(activity) Acesso em 25/02/2011

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5. Bibliografia

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