DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 · O trabalho histórico em sala de aula a partir da História...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

[2008]

CADERNO PEDAGÓGICO

HISTÓRIA ORAL EM SALA DE AULA:

TEMAS E TRAMAS

DEZEMBRO/2008

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como finalidade discutir novas

abordagens no ensino de História a partir da vertente

historiográfica denominada “história cultural”. Esse caderno

apresenta a metodologia de história oral temática, como porta de

acesso a construção de saberes escolares e por sua vez, de

construção de sujeitos identidades sociais através de processos

do ouvir, contar e registrar memórias coletivas transformando

essas ultimas, em suporte para a edificação da história em uma

abordagem regional.

Este Caderno pretende ainda fornecer elementos que

possam contribuir ao trabalho docente, em especial “aqueles

profissionais” do ensino que irão atuar em séries iniciais no

ensino básico. Acredita-se que a fundamentação teórico-

metodológica é ponto fundamental para levar a cabo os intentos

desse Caderno. Portanto nele, apresentamos reflexões teóricas e

historiográficas acerca da produção da história como uma

narrativa conceitual e temporal e, portanto, plausível a múltiplas

interpretações devido a própria historicidade de seu objeto.

Acrescenta-se a esse encaminhamento o fato de que a história

não se constrói enquanto conhecimento científico desarticulado

aos saberes escolares de seu tempo. Portanto, “em um tempo” de

intensas articulações entre teoria e prática, esse Caderno

pretende contribuir para edificar um saber que ao mesmo tempo

articule teoria, metodologia e uma prática docente.

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A história oral temática apresenta-se, portanto, como

um caminho interessante, pois permite contemplar o universo

das memórias coletivas como porta de acesso ao conhecimento

da historicidade dos sujeitos sociais em articulação com a

história. Embasado, portanto, na perspectiva de uma história

cuja essência é eminentemente humana ou social: “ciência dos

homens no tempo”, conforme sugere Marc Bloch, esse é a

proposta do Caderno que ora apresentamos. O trabalho que

cada um realizará com a memória, - esse significativo objeto da

história, - realizará a alquimia de tornar o passado presente pela

dinâmica das suas reinterpretações. E, seus frutos poderão ser

percebidos a medida que o trabalho com a memória forma

sentido de orientação sobre a experiência do tempo, pois a(s)

memória(s) ultrapassa(m) expressões da vida prática,

parafraseando Jorn Rüsen.

O trabalho histórico em sala de aula a partir da História

Oral Temática possibilitará ainda agregar à história de uma dada

localidade a experiência histórica dos depoentes e também dos

alunos, à medida que recorre ao registro de camadas da

memória social via pluralidade das experiências do grupo.

Esse Caderno Pedagógico quer ainda encaminhar uma

prática de valorização de sujeitos e suas representações coletivas

na construção dos sentidos delegados a sua própria história,

ampliando suas percepções sobre o real, e as práticas e

representações a ele associada. Enfim, queremos demonstrar

com isso que, mesmo pertencendo a campos diferentes, história

e memória, agregam-se na composição da tessitura social. Além

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disso, muitas memórias cercam a fabricação do que

conhecemos como “história”.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que contribuíram comigo na produção deste material, no transcorrer deste ano, foram muitas

horas de leituras, reflexão, orientação e encontros.

Muito obrigada.

SEED/ PDE/ UNICENTRO

Orientadora

Liliane da Costa Freitag.

Professora

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Sonia Aparecida de Aguiar Barreto

DESENHO DA CAPA

Tatiana Vargas

(cedido pela aluna do curso de Formação de Docentes, 2ª série – tarde)

OFICINA I

HISTÓRIA, MEMÓRIA, DOCUMENTO, FONTES: RESIGNIFICANDO SABERES E CONCEITOS.

Objetivos:

-Identificar o uso dos conceitos acerca da história, memória, verdade e documento presente no grupo de alunos do curso de formação de docentes.

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- Discutir conceitos de história, memória, documento, verdade e suas relações na produção do conhecimento histórico a partir de textos teóricos e historiográficos.

Procedimentos metodológicos:

Sejam bem - vindos à primeira etapa de nosso trabalho.

Inicialmente vamos refletir sobre a história da história no tempo, seus conceitos, sua finalidade, e então vocês vão conhecer sobre abordagem historiográfica contemporânea, sobre memória e documento histórico.

Data: ___/___/____

A escrita da história no tempo.

Escrever sobre história não é fácil, refletir sobre suas concepções e entendê-la como ciência é desafio constante aos historiadores. História é tema controvertido quer seja quanto ao seu objeto de estudo, suas temporalidades, métodos, fontes e suas relações com a memória coletiva.

Ao longo do processo de escrita da história, o conceito assumiu diferentes concepções. Desde o surgimento na antiga Grécia com Heródoto, até os dias atuais o termo história vem sendo construído segundo diferentes interpretações, ou seja, “ a história é filha de seu tempo” e cada época produz seu discurso sobre a história. Assim sendo, as narrativas históricas são criações e re-criações sociais advindas do trabalho de historiadores. Reis (2001) chama a atenção para o fato de que os “homens reescrevem continuamente a história" por duas razões. Primeiramente pela especificidade de seu objeto, ou seja: os homens no tempo. Assim sendo o objeto da história é temporal, ou seja, cada época produz sua reflexão sobre a história e, por sua

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vez, tece um conceito de história válido para seu tempo. Conforme afirma Delgado (2006 p.41):

Na Grécia, a História traduziu-se por uma concepção reflexiva e metodológica. Em Roma destacou-se por seu caráter utilitário, patriótico e moral. Na Idade Média retomou uma perspectiva filosófica, abstrata e, de certa forma, transcendental. Com o Renascimento explodiu em humanismo e antropocentrismo seculares. No período do iluminismo foi reconhecida como fonte de conhecimento, afirmativo da razão e contraposto à tradição. O positivismo buscou transformá-la em área específica de conhecimento, neutra, descritiva e com fronteiras bem definidas. O Marxismo afirmou sua dinâmica através de relação dialética e estrutural entre a vida material e a vida social. A escola dos Annales rompeu fronteiras, adotou a interdisciplinaridade, renovou metodologias e temáticas, alem de incorporar uma nova forma de narrativa, à qual se acopla a reflexão.

Podemos agregar as análises da autora, as reflexões de Reis (2001) quando destaca a posição reflexiva e indagadora da história agregada ao fato de que a história consiste em uma “sucessão processual”, ou seja, seus eventos são analisados segundo o ritmo próprio das teorias de uma época. Para Reis (2001, p 8), o sujeito que fabrica a história (o historiadores) realiza uma “reconstrução narrativa, conceitual e documental em um presente”.

A história se constrói como ciência dos homens no tempo, conforme proposto por Marc Bloch, em uma relação intrínseca entre presente, passado, ou seja, é na interação entre ambas as temporalidades, mediadas pelo trabalho do historiador que a história é fabricada. Agregam-se a esse conceito as colocações de Collingwood citado por Caar (1996, p...) para o qual, a história não trata nem do passado enquanto tal, nem das concepções do historiador enquanto tais, mas da inter-relação entre os dois aspectos. Tais perspectivas teóricas corroboram as análises de

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Marc Bloch (1941) a medida que esse ultimo delega a história uma essência humana ou social: “ciência dos homens no tempo”. Por tais vias, o passado torna-se sempre presente pela dinâmica de suas reinterpretações. Ele não é um dado estático, mas se transforma à medida que tecemos sobre ele novas leituras segundo postulados ou problemáticas do tempo presente.

Na mesma direção Lucien Febvre, (1949, p. 438) atribui a história a função social de recolher, classificar, e agrupando fatos passados, em função das necessidades impostas pela contemporaneidade. Organizar o passado em função do presente: assim o autor define a função social da história, apontando para uma leitura da história a partir do tempo presente. Para Hobsbawn, (1998, p. 30) em uma postura muito próxima, de Lucien Febvre, destaca: “O passado continua a ser a ferramenta analítica mais útil para lidar com a mudança constante, mas em uma nova forma. [...] o que agora legitima o presente e o explica não é o passado como um conjunto de pontos de referência [...], mas o passado como um processo de tornar-se presente”.

Porém, nem sempre os historiadores tiveram essas posturas diante da história, seu objeto e as relações entre as temporalidades na história. No século XIX, apontamos que a história e por sua vez o discurso sobre ela pautava-se na veridicidade e na neutralidade destacada eminentemente pela concepção positivista de sociedade em que se estabelecem princípios de ordem, como pressupostos para o progresso e esse, como um devir. A história- progresso na conjuntura da modernidade e segundo postulados da história positiva, conforme expõe Reis (2001) é entendida a partir da relação entre presente, passado e futuro. Lembrando que século XIX, a ciência experimental estava na ordem do dia como possibilidade para compreensão da história.

Contudo, como lembraram Langlois e Segnoboiis, a ciência da história é uma ciência diferente e seus fatos singulares só podem ser observados indiretamente através dos documentos. Certamente que para a época essa interpretação representou um avanço, hoje, nossos postulados são outros. A ciência positiva, por

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sua vez, propalava princípios da observação, hipótese analise comparativa entre sociedades poderiam levar ao estabelecimento de leis para a compreensão da história. Em outras palavras: acreditava-se que os métodos utilizados pelas ciências naturais poderiam ser igualmente úteis para a ciência da história. Os historiadores vinculados a perspectiva da história progresso ou positivista propalavam a neutralidade entre sujeito-objeto para se chegar à verdade (positiva).

Para a historiografia do século XIX, nas perspectivas: a) da história positivista; b) dos postulados da Escola Critica Alemã e seu expoente Leopold Von Rank; c) da chamada Escola Metódica francesa de Langloais e Segnobois, a história se fazia a partir de documentos escritos, e de forma objetiva. Conforme destaca Peter Burke em um comentário a respeito da concepção Rankeana de história, a tarefa do historiador consistia em apresentar aos leitores os fatos, a fim de dizer “como eles realmente aconteceram”. (Burke, 1992, p.15). Em suma, a história para o século XIX sob a égide das teorias acima era considerada uma ciência que, deveria dentro de rigorosos métodos de investigação, buscar o fato-verdade o qual supostamente estaria em documentos escritos de caráter oficial.

Independente dos avanços representados por essas correntes de pensamento para a época, o século XX se apresentará como espaço fértil junto ao desenvolvimento de uma nova forma de interpretação da história ciência. Correntes de pensamento, tais como o marxismo, positivismo e metódicos passam a conviver com a chamada história problema, cuja década de 1930 e as posteriores colocará em pauta na produção do conhecimento, o universo das representações sociais.

O marxismo ganha status na construção do conhecimento e será o grande contraponto para as posturas positivista, metódica e Rankeana, correntes que propunham compreensão da história através de fatos singulares, irreptíveis. O XX será fértil quanto a ampliação do debate em torno do objeto da história, enfoques metodológicos e a finalidade do conhecimento histórico como Burke (1992, p. 7) afirma:

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A história nacional, dominante no século dezenove, atualmente tem de competir com a história mundial e a história regional (antes deixada a cargo de “antiquários” amadores) para conseguir atenção. Há muitos campos novos, freqüentemente patrocinados por publicações especializadas. A história social, por exemplo, tornou-se independente da história econômica apenas para se fragmentar, como alguma nova nação, em demografia histórica, história do trabalho, história urbana, história rural e assim por diante.

De acordo com o que foi citado, o século XX avança junto ao conceito de história. Foi com a fundação da Revista do Annales em 1929 por dois historiadores, Lucien Febvre e Marc Bloch, que a história passa a ser vista como uma ciência em construção. A história, segundo tais pressupostos deveria se construir sob a égide de problemáticas, a cerca de temas como, a mulher, morte, bruxaria entre outros. Abria relação com as outras ciências sociais como a antropologia, sociologia, estabelecendo relações, apropriando-se dos métodos e análises dessas ciências.

Com o surgimento da Escola dos Annales , a partir de 1929 a história deixou de ser apenas uma narrativa de fatos e passou a privilegiar o análise do processo, das estruturas entre outros aspectos.Ao longo das décadas surgiram várias linhas de pesquisa na Escola dos Annales e ocorreram mudanças importantes como o uso de novas fontes, a ampliação dos objetos de estudo e novas abordagens.

Para Marc Bloch (1957, p.26) “a história é a ciência dos homens no tempo” consistia na melhor definição de história. Ele pretendia com isso destacar o caráter humano da história, e que sua compreensão deve se dar do presente pelo passado num método chamado de regressivo.

Assim sendo, conforme já destacamos, cada época registra, constrói a sua história. É a ciência que narra de forma conceitual certo acontecimentos de interesse da comunidade de historiadores e das problemáticas contemporâneas a ele.

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A história se constitui, portanto, em conhecimentos construídos constantemente, não como verdade absoluta, pronta e acabada, mas como uma “fabricação’ segundo Certeau (2007 p.65). A cada tempo novos olhares são lançados sobre as fontes abrindo possibilidades de problematização para a história, acrescentado novas versões ao registrado. Nesse sentido, a escrita da história é provisória, ou seja, seu objeto é constantemente reavaliado. Entendemos como conhecimento provisório um saber que não está acabado, mas aquele que se assenta em um conhecimento temporal permeado de referenciais teóricos construídos de forma não arbitrária. As histórias são fabricadas segundo problemáticas do tempo presente.

Dentro dessa concepção o fato histórico não está pronto e acabado como peixes na peixaria O historiador, portanto não é como um chef que os reúne para depois levá-los para casa, cozinhá-los, e então servi-los da maneira que mais o atrai. Além disso, devemos ter claro que os fatos não são a matéria-prima da história conforme propalava o século XIX. Eles nunca chegam a nós de forma pura, ao contrário, só passam a existir quando os historiadores propõem sua existência. Ou seja, o fato, assim como a história é uma criação que nasce do ofício do historiador. Em outras palavras história é interpretação, é uma escolha.

Segundo Carr (1996, p.45) a história consiste numa narrativa edificada através de conceitos e é construída pela relação intrínseca entre presente, passado, presente. Marc Bloch (2001, p.7) denomina esse procedimento de método regressivo, ou seja, “temas do presente condicionam e delimitam o retorno possível ao passado.” Cabe a história trazer este passado ao presente , porém ele não vem intocado, puro, mas apenas fragmentos já registrados pelos historiadores,pois o passado não pode ser entendido se não por uma problemática suscitada no presente. Cabe ao historiador a partir do entendimento sobre o seu presente, olhar, interrogar e explicar o passado.

Recusamos o dogmatismo do conhecimento histórico, uma vez que a história é aqui entendida como uma narrativa científica baseada em documentos e teorias e que está em constante

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ressignificação ou reconstrução. Sua escrita é um processo dinâmico que procura desvelar os homens no tempo, ou seja, as relações humanas, suas existências e experiências através do trabalho de mediação teórica.

Portanto, se para nós a história constitui-se em ciência dos homens no tempo e, por extensão de suas ações sociais, assim a memória constitui-se como objeto para a história. A memória permite compreender significados que os sujeitos atribuem as suas ações no tempo, ou as formas de agir, representar e criar o real.

Os conhecimentos históricos servem segundo as intenções da sociedade de uma época. Assim sendo, um Estado poderá se apropriar de determinadas narrativas de sua história para se manter no poder. Por outro lado, uma narrativa histórica poderá contribuir para modificar certas concepções cristalizadas na sociedade, adquirindo assim um sentido libertário de uma memória oficial. Ela poderá ainda fornecer a possibilidade de entender a historicidade o presente a partir de conhecimentos significativos e críticos que o sujeito possui.

Entre outras a história enquanto disciplina possui a finalidade de transmitir conhecimento científico, desenvolver o espírito critico na formação intelectual, difundir as referências culturais, representações sociais, promovendo no aluno a construção do conceito da história.

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Refletindo e registrando! Data: ___/___/____

a)Após a leitura do texto explique as concepções de história ao longo dos tempos e finalize dando um conceito seu para história:

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b)Explique o que significa a expressão “a história é filha do seu tempo”:

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Memória

No tempo presente, marcado pela cultura virtual e tecnológica que num processo acelerado descarta informações, a tendência é o de desaparecer aqueles que fazem das lembranças, ligações com o pertencimento a uma comunidade. Dentro dessa dinâmica de velocidade desenfreada reduzem as possibilidades de memórias dos grupos humanos. Essa aceleração provocou um distanciamento entre a memória e a história. Para Nora (1993, p.7) “Há locais de memória porque não há mais meios de memória.” Ou seja, a memória está aprisionada, arquivada em espaços, celebrações, festividades, porque essas operações não existem mais de maneira espontânea, e assim se constituem os lugares de memória.

Para Nora (1993, p.21) os lugares de memória “São lugares, com efeito, nos três sentidos da palavra, material, simbólico e funcional, simultaneamente, somente em graus diversos”. Em outras palavras lugares de memória são carregados de significação simbólica, e imaterialidade. São naturais e artificiais, simples e ambíguos, são antes de tudo restos que subsistem na história.

Historicamente a concepção de memória foi mudando ao longo dos tempos, sendo construída e usufruída de acordo com sua época e interesses. Na Antiga Grécia possuía a função de imortalizar os homens, servia para registrar o presente, evitando o esquecimento, para glorificar, eternizar os feitos humanos.

Segundo Jacques Le Goff(2003,p.419) “a memória é a propriedade de conservar certas informações, propriedade que se

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refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas”. A memória é a vida, e está sempre em evolução, aberta as lembranças, esquecimentos, constitui-se em fenômeno sempre atual, um elo vivido no presente.

A memória é concreta, no vivido, no gesto, na imagem e no objeto. É sobre tudo dinâmica, não se acomoda a detalhes, é abrangente e também particular. Ela está presente na particularidade e no coletivo. Pertence a um indivíduo e ao mesmo tempo ao grupo.

A memória constitui ao mesmo tempo, o material e o objeto da história, confundindo-se com o documento, com o monumento e com a oralidade. Pois enquanto existe uma história, há muitas memórias. É possível recuperar o que está silenciado, submerso, seja pelo indivíduo, seja, pelo grupo através da memória.

Existem genericamente duas formas de memória, a coletiva e a individual. A coletiva está presente nas lembranças e esquecimentos de pertencimento a um grupo social trazendo em si a identidade e o imaginário coletivo. A memória coletiva gira em torno quase sempre de lembranças do cotidiano do grupo, como enchentes, boas safras, quase nunca se referindo a historiografia, fundamenta a própria identidade do grupo ou comunidade, simplificando a noção de tempo e se baseia em imagens e paisagens. Assim, a memória coletiva resignifica constantemente os fatos. Por muito tempo a memória nacional coletiva, foi estabelecida como oficial e marginalizou as várias memórias existentes nos diferentes grupos sociais, privilegiou a memória coletiva como a única versão da história, conforme cita LE GOFF (2003, p.422)

Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são

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reveladores destes mecanismos de manipulação da memória coletiva.

A memória individual, no entanto constituem-se de lembranças, esquecimentos que vem tona pelo indivíduo que lhe dá significado, sentido. As memórias individuais assim como as coletivas estão sujeitas a diversas contradições, conflitos e reconstruções.

A memória segundo Delgado (2006, p.38) atualiza o tempo passado, tornando-o tempo vivo e pleno de significados no presente. Conforme citado a memória é viva, é inseparável e ultrapassa o tempo da vida individual, lidando com múltiplas temporalidades.

Só no final da década de 1970 que os historiadores da nova história começaram a trabalhar com a memória com objeto da história principalmente na história oral, onde a preocupação tem sido perceber as formas de memória e como esta age na compreensão do presente e do passado.

A história oral temática se apropria da memória coletiva e da individual como matéria-prima e trás a tona as memórias através dos relatos durante a entrevista, mediado pelo pesquisador que intervém no processo, marcando a análise com sua subjetividade, seus valores e interpretações.

Refletindo e registrando! Data: ____/____/____

a) Leia o texto novamente, e sintetize o que é memória, e qual sua finalidade para a história?

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b) Registre no espaço abaixo as lembranças que você guarda na memória sobre sua família, os momentos marcantes e aqueles que caíram no esquecimento:

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Documentos e fontes históricas: revendo conceitos.

Data:____/____/____

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Conforme o Dicionário de Conceitos Históricos “fonte histórica, documento, registro, vestígio são todos termos correlatos para definir tudo aquilo que é produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para construção do conhecimento histórico.” Em outras palavras fontes são os vestígios produzidos e deixados pelos grupos humanos ao longo do tempo, sejam estas imagens, iconografia, cinema, mitos, relatos, oralidade entre tantas outras marcas deixadas, isto significa que fonte histórica não constitui-se apenas de documentos oficiais, mas de toda a produção humana.

Durante o século XIX os documentos escritos e oficiais eram considerados como prova da verdade histórica, e que a história era feita de documentos escritos, sendo a tarefa principal de o historiador recolher e agrupar sem questionar as informações contidas no documento que era tido como prova concreta e irrefutável do passado.

Na segunda metade do século XX, o conceito de documento foi modificado e a partir de então se ampliou, e outros vestígios como literatura, cultura imaterial e material passaram a ser consideradas fontes. No entanto o documento escrito não perdeu seu valor, mas passou a ser reinterpretado. Como afirma Bloch (2001, p79) “Pois os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os aparentemente mais claros e mais complacentes, não falam senão quando sabemos interrogá-los”.

A questão fundamental quanto aos vestígios reside na contestação feita pelos historiadores em relação a idéia de documento como matéria inerte e imutável, que passou a ser entendido a partir dessa renovação como um dos testemunho do passado , um dos indícios deixados pelos homens ,que deve ser questionado e criticado, levando em consideração quem o produziu , quando e porque entre outras indagações e cuidados que se deve ter.

Dentro desse quadro de renovação historiográfica e metodológica que ocorreu a partir do século XX, a História Oral trouxe idéias inovadoras quanto as fontes, pois com a

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metodologia especifica cria seus próprios documentos, as entrevistas.O registro oral é um documento construído pelo pesquisador com base na memória, ou nas memórias. Essas fontes constituem primordialmente o passado relatado e reinterpretado pelo indivíduo no presente.

Fontes são todos os vestígios produzidos pelo homem ao longo de sua trajetória, em diferentes espaços e de acordo com sua época. Já documento é o valor e status de importância histórica que se confere a uma fonte. O documento existe quando o historiador o escolhe entre outros e lança sobre ele interpretação, valor e retira dele as informações que busca. Portanto o documento é escolha do historiador, ele não é desinteressado, ele carrega em si valores a ele atribuído no processo de construção, pesquisa e análise.

Refletindo e registrando! Data: ___/___/___

a)Leia o texto e a partir do seu entendimento explique o que é fonte histórica e o que a diferencia de documento:

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b)Comente sobre a importância das fontes históricas no trabalho do historiador em sala de aula:

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c)Que fontes históricas você como docente utilizaria para trabalhar com seus alunos sobre a história de vida, cite e explique:

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Lendo e refletindo! Data: ___/____/____

“Perguntas de um trabalhador que lê”

Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão os nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída _

Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas

Da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que

A Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem ergueu? Sobre quem

Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio

Tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo

na lendária Atlântida

Os que se afogavam gritaram por seus escravos

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Na noite em que o mar a tragou.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.

Sozinho?

[...]

(Brecht, Bertolt. Poemas 1913-1956. São Paulo: Brasiliense, 1986.p.167.).

a) A partir da leitura de um trecho do poema, procure refletir de que forma a opinião do poeta pode contribuir para uma nova abordagem do ensino da História. Explique e registre suas idéias:

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Pensando juntos! Data: ____/___/___

b) Em grupos pequenos, discutir e registrar o que entendem por:

História:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Memória:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Documento:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Repensando a realidade escolar! Data:___/___/___

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Imagem da capa do filme: O carteiro e o poeta.

Disponível em htpp://www .diaadiaeducacao.pr.gov.br.

Diretor: Michael Redford/Com: Massimo Troisi e Philippe Noiret

Ficção a respeito de parte do exílio de Pablo Neruda durante a Ditadura Militar chilena. Numa bela ilha italiana, o poeta se torna amigo de um carteiro quase analfabeto e, desta relação, nasce no carteiro o gosto pela palavra, bem como a consciência política.

a) A partir do filme “O carteiro e o Poeta” realizar uma análise de como se aprende, o que significam as mudanças, o olhar resignificado do carteiro, aplicada na realidade escolar:

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Pensando juntos! Data: ___/___/___

b) Ler os textos, discutir os conceitos abordados pela história cultural e registrar nas linhas abaixo uma síntese:

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OFICINA II

METODOLOGIA DE HISTÓRIA ORAL: PROCEDIMENTOS

E POSSIBILIDADES DE TRABALHO EM HISTÓRIA.

Objetivos:

- Conhecer os pressupostos teóricos a cerca da história e da metodologia de história oral.

- Conhecer os procedimentos de metodologia de história oral, os recursos utilizados, os cuidados necessários e a postura ética que exige;

- Destacar as possibilidades de uso da metodologia de história oral temática no trabalho em sala de aula, especificamente na disciplina de história;

- Identificar na prática da metodologia de história oral temática as possibilidades de historicizar o sujeito, a partir do registro de suas memórias.

Procedimentos metodológicos:

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Inicialmente vamos conhecer sobre a história da história oral no tempo, seu conceito, suas finalidades, especificidades, metodologia e ética.

Nesta etapa temos mais leitura e atividades.

Bom trabalho.

Data:___/___/___

Um pouco de história e especificidades da metodologia de história oral.

A história oral é uma metodologia de pesquisa para a produção do conhecimento histórico, que vem sendo utilizado de maneira diversificada ao longo dos tempos. Na década de 1960 com o aperfeiçoamento do gravador as entrevistas buscavam dar voz as minorias, para possibilitar uma história “vista de baixo”. Tornou-se prática comum entre os pesquisadores analíticos e marxistas, ficando conhecida como história oral de cunho militante.

Na década de 1970 ocorreu a sistematização da metodologia de coleta, análise, registro, o tratamento que se deve dar as fontes orais, seja na sua construção ou na utilização na produção do conhecimento histórico.

Com as modificações ocorridas sobre o que seria objeto de estudo próprio da história a partir da década de 1980, temas contemporâneos foram incorporados, ocorreu a valorização da análise qualitativa e o relato pessoal passou então a ser visto como fonte capaz de transmitir uma experiência coletiva em determinado contexto histórico e social. Conforme Alberti (2006, p.163):

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Surgiram novas objetos, e os historiadores passaram a se interessar também pela vida cotidiana, pela família, pelos gestos do trabalho, pelos rituais, pelas festas e pelas formas de sociabilidade _temas que, quando investigados no “tempo presente”, podem ser abordados por meio de entrevistas de História Oral.

Essas mudanças na concepção do que seria objeto de estudo, em consonância com as transformações tecnológicas no final do século XX, afetaram as formas de registro, os hábitos de comunicação e alteraram os conteúdos dos arquivos históricos. Ampliaram-se as possibilidades de temas para o estudo e produção do conhecimento histórico. Além da história oral, outros registros sonoros, iconográficos, caricaturas, anúncios, filmes, monumentos, objetos de artesanato, obras de arte podem ser utilizados como fontes. O documento escrito deixou de ser o único registro exclusivo dos vestígios do passado. Biografias, documentos pessoais, história de vida e entrevista de história oral apontaram para diferentes possibilidades de estudo, construção histórica, sem, no entanto esgotar o assunto.

Com a ampliação de possibilidades de estudos de fontes e negação da concepção tradicional de “documento escrito” como detentor exclusivo dos “saberes” da história, a História Oral constituiu-se em métodos e reflexões que permitem ao pesquisador- professor aproximar seus alunos, do campo da história, conhecimento muitas vezes tido como distante da realidade social que o cerca.

A metodologia da História Oral como recurso para coleta de entrevistas, permite ao professor um rico campo metodológico, pois trabalhar com diferentes fontes, desperta nos alunos questionamentos sobre o que é memória? O que são fontes e documentos?. Possibilita o contato e análise dos conteúdos temáticos voltados para grupos sociais, até então eram marginalizados. E registrar as percepções da história, do

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imaginário e representações existentes, que muitas vezes estão silenciados. De acordo com Alberti (2006, p.164)

A História Oral é hoje um caminho interessante para se conhecer e registrar múltiplas possibilidades que se manifestam e dão sentido a formas de vida e escolhas de diferentes grupos sociais, em todas as camadas da sociedade.

A entrevista de história oral com foco a essa metodologia possibilita recuperar aqueles saberes que não encontramos em outras fontes, tais como os saberes tradicionais e cultura imaterial.

Conforme nos diz Alberti (2005, p.23) outra especificidade da história oral “... decorre de toda uma postura com relação a história e as configurações socioculturais, que privilegia a recuperação do vivido conforme concebido por quem viveu. É neste sentido que não se pode pensar em história oral sem pensar em biografia e memória”.Pois a biografia se constitui em registrar relatos de ação e os resíduos de ação, que trazem a tona outras histórias.

Outra especificidade da entrevista de História Oral é ter a memória, ou as memórias individuais, carregadas do imaginário social constituído por sua vez de representações vindo a tona mediante a entrevista. As histórias vividas e concebidas, visões particulares que são construídas no convívio social e são acima de tudo cultura. Esses saberes, modo de pensar, ver e perceber o mundo constituem-se em histórias dentro da história.

Recuperar o vivido, trazer a tona às memórias e o esquecimento é relevante para possibilitar que as experiências individuais “guardadas” ou os “lapsos” de memórias, os esquecimentos sejam relatadas, pois revelam muitas informações preciosas, que revelam o que se busca, o que estava esquecido, mas possui importância. Trabalhar com a história oral como possibilidade de reconstruir as memórias significa na prática em

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sala de aula situar o aluno como agente histórico, desconstruindo “a concepção de história, onde estes são meros espectadores”, inserirem-nos como sujeitos dando voz as suas experiências históricas.

Cabe ressaltar que o método em apreço exige técnicas que lhe são específicas quer seja para a coleta , acondicionamento dos equipamentos e transcrição dos depoimentos.Outra questão fundamental é a postura ética por parte do pesquisador na relação com os entrevistados a fim de assegurar a qualidade da pesquisa . Isso também será válido para a proposta de intervenção pedagógica que ora apresentamos.

Sendo a entrevista, uma fonte intencionalmente produzida, colhida a posteriori conforme destacado por Alberti (2005). A entrevista consiste em ser ao mesmo tempo um relato das ações passadas e resíduos decorrentes da entrevista. Ainda segundo Alberti (2006, p.170)

Uma das principais vantagens da História Oral deriva justamente do fascínio da experiência vivida pelo entrevistado, que torna o passado mais concreto e faz da entrevista um veiculo bastante atraente de divulgação de informações sobre o que aconteceu. Esse mérito reforça a responsabilidade e o rigor de quem colhe, interpreta e divulga entrevista, pois é preciso ter claro que a entrevista não é um “retrato do passado”.

De acordo com Alberti é preciso ter clareza que a entrevista não é um retrato do passado e sim mais um relato, um ponto de vista carregado de impressões pessoais sobre o fato.

A História oral transmite experiência pela narrativa. Ao relatar suas experiências, cada entrevistado dá sentido ao que foi vivido, pela seleção, do que deve ser lembrado e esquecido. Cada depoimento, ao ser transformado em linguagem pode permitir ao narrador organizar acontecimentos e trajetórias relacionadas à

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vida no sentido lato do termo ainda a acontecimentos no sentido estrito, tal como ocorre na história oral temática.

A proposta metodológica desse projeto de intervenção entende que a narrativa oral deve resultar da interação do entrevistado e entrevistador, uma vez que a narrativa se constrói a partir da relação do que foi vivido, o que está sendo revelado, o que esquecido e como o pesquisador ouvinte percebe, registra e dá significados a esses relatos. A entrevista, o registro não é o passado “tal como efetivamente ocorreu” e sim como foi e é aprendido e interpretado. Para Alberti (2005, p. 19) “A entrevista de História Oral, seu registro gravado e transcrito __ documenta uma versão do passado”.

Na entrevista iremos considerar também as condições de sua produção, pois se trata de diálogos entre o entrevistado e o entrevistador, é uma construção e interpretação do passado.

As condições de produção fazem parte da metodologia e correspondem ao local, o numero de entrevistas, a relação entre o entrevistado e o entrevistador que requer respeito, ética profissional e pessoal.

A oralidade que se manifesta na entrevista traz à linguagem falada as memórias que são documentos do presente, porque são narradas no presente, e possuem em si o passado. Segundo Graebin e Penna (2006 p.97-98).

O trabalho com fontes alternativas, como as orais, pode fazer com que o ensino de história caminhe em direção a muitas descobertas. Os depoimentos estão repletos de práticas de resistência, vivências cotidianas e processos societários.

No cotidiano da sala de aula é visível a diversidade de imaginários e representações do real, pela história oral é possível recuperar sentidos, analisar e produzir conhecimentos a partir da memória individual, porém participantes de grupos sociais

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diferentes. Para Graebin e Penna (2006, p.97-98) “Num mundo que perde as referências, o trabalho com a memória, valorizando a experiência social, oferece a aproximação com os sujeitos, com o impacto das representações que estes fazem de si e do mundo”. Em outras palavras trabalhar com memórias é entendê-la como um processo individual, porém que ocorre em um meio social, cultural dinâmico. A história Oral valoriza os indivíduos pelas diferenças, singularidades que constituem a igualdade, pois dar voz as pessoas comuns, trabalhadores, pobres, marginalizados, homossexuais, negros e mulheres é sem exceção o direito de igualdade dos sujeitos como agentes de sua história, valorizando as diversas memórias.

No campo de pesquisa da metodologia de história oral a diversidade de opções fascina, pois aborda o vivido, as experiências históricas, tornam o passado mais concreto e atraente na fala e experiência do outro. Para desenvolver trabalhos com a História Oral existem muitos campos como afirma Alberti (2004 p.23-27)

(...) A história do Cotidiano; História Política; Padrões de Socialização e de Trajetórias; História de Comunidades; História de Instituições; Biografias; Histórias de Experiências; Registro de Tradições Culturais; História de Memórias (...)

O trabalho com fontes orais no ensino de história pode facilitar o aprendizado, uma vez que se trata de experiências concretas, aproximando-os do fazer histórico e do conhecimento como algo vivo, presente. Significa poder trabalhar o passado pelo olhar do presente, mediado pela temporalidade e sentido histórico. Fornece a oportunidade de crítica, reflexão sobre a realidade.

O ensino de história, com a metodologia da história oral é possível através de projetos, tendo em vista o que se quer estudar

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e sua adequação ao uso das fontes orais. Schimdt e Cainelli (2004, p.128) sugerem:

Autobiografias orais;

Entrevistas com pessoas da comunidade;

História Oral da localidade;

Livro de recordações;

Investigações da origem de nomes dos espaços locais;

História oral da escola;

História oral de pessoas idosas da localidade;

História oral do aluno;

História de famílias (...);

História da indústria local;

História oral das mulheres, dos imigrantes, dos migrantes;

História oral de um acontecimento local importante.

Ainda é possível citar que é possível trabalhar com a história das brincadeiras de roda, músicas, festividades, saberes das curandeiras, sobre os remédios de ervas entre outros.

Desenvolver atividades com entrevista oral em aula favorece a aprendizagem e a compreensão da história pelos os alunos e pelo professor permite o aprofundamento e a problematização dos conteúdos bem como a aquisição de novos saberes.

Enfim, abordar a metodologia de história Oral no ensino de história requer do professor novas posturas, é preciso estar aberto para aprender e ensinar durante o processo. É necessário conhecimento teórico do método, da ética sobre a metodologia de história oral, sua aplicabilidade, especificidades e adequação ao

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tema proposto. Em suma ouvir, registrar e analisar as diferentes percepções significa construir referências, não no sentido de modelo, mas entendimentos sobre dado tema como possibilidade de ressignificar experiências de grupos e indivíduos.

Data:___/___/____

Metodologia de história oral temática: os procedimentos, recursos e ética.

A história oral se constitui em um conjunto de procedimentos metodológicos que tem como finalidade construir fontes e documentos, registrarem os testemunhos, versões e interpretações de história. Segundo Verena Alberti a metodologia pode ser empregada em diversas disciplinas das ciências humanas. É um meio de para produção do conhecimento histórico.

A metodologia de história oral Temática constitui-se de etapas, tais como:

Definição do objeto de estudo e leitura prévia sobre o tema;

Preparação da entrevista ou depoimento (relato oral);

Seleção dos entrevistados de acordo com critérios definidos como relevantes para a pesquisa e o número de entrevistados;

Preparação dos roteiros, que por sua vez devem:

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Ser preparados somente após o aceite do entrevistado;

Ser flexíveis e adequados à linguagem e ao vocabulário do entrevistado;

Considerar dados biográficos;

Cruzar informações do roteiro individual com o roteiro geral;

Constituir-se em um mapa da memória que facilite a condução das

entrevistas e construção da narrativa.

Realização de entrevistas deve-se considerar as seguintes observações:

-Considerar que o ato de entrevistar é constituído

por uma relação humana que pressupõe alteridade

e respeito;

-Buscar um diálogo sincero e consistente com o

entrevistado;

-Deixar fluir a entrevista, evitando questionários

rígidos, que possam interromper a narrativa;

-Respeitar os momentos de silêncio e esquecimento,

pois são tão significativos quanto a narrativa que

flui sem interrupções;

-Considerar s possibilidades e os limites do

entrevistado como determinantes para o ritmo da

entrevista, inclusive, como já frisado, influenciado

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na duração de cada entrevista e no intervalo

entre uma entrevista e outra;

-Evitar perguntas longas e indiretas;

-Evitar perguntas nas quais o entrevistador

manifeste antecipadamente sua opinião sobre o

assunto em pauta. Esse cuidado é fundamental

como contribuição para a espontaneidade e melhor

fidedignidade do depoimento;

-Respeitar o temperamento e a personalidade do

entrevistado, que muito influenciam as

características de sua narrativa;

-Formular perguntas que provoquem respostas;

-Considerar que as lembranças são construções do

presente sobre o passado. -Em função dessa

correlação de temporalidade, evitar perguntas

presas a detalhes, como datas muito bem definidas.

É preferível, quando necessário, referir-se a anos ou

a meses. A melhor forma de contribuição para se

ativar a memória do depoimento é a utilização de

recursos tais como: correlação, apresentação de

documento, fotos, entre outros;

-Evitar interromper uma narrativa, buscando

contribuir dessa forma para que o entrevistado não

perca o fio de sua recordação;

-Levar material de apoio como jornais, fotos,

objetos, plantas, mapas, entre outros, que possam

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contribuir para melhor desenvolvimento da

entrevista;

-Realizar a entrevista em local no qual o

entrevistado se sinta mais à vontade e confiante,

buscando evitar, contudo, espaços de muita

circulação de pessoas, ou pouco silenciosos;

-Evitar a presença de terceiros, já que isso acaba

por interferir na dinâmica da entrevista, seja inibido

o entrevistado, seja influenciado no conteúdo de sua

narrativa e opiniões;

-Tratar o entrevistado com o respeito e cuidado

absoluto, pois para muitas pessoas recordar alguns

episódios de seu passado ou mesmo relembrar a

trajetória de sua vida pode ser uma experiência

dolorosa ou fortemente emotiva;

-Nunca pressionar o informante, procurando manter

um clima de relaxamento e de estimulo sutil ao ato

de lembrar.

Processamento e análise das entrevistas, que envolve três etapas:

-Transcrição das entrevistas (reproduzir com

fidelidade, tudo que foi dito, sem cortes nem

acréscimos. O trecho pouco claro pode ser colocado

entre colchetes, os risos devem ser identificados com

a palavra riso entre parênteses, silêncios, dúvidas e

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hesitações com reticências e o negrito deve ser

utilizado para trechos de forte entonação.)

-Conferência de fidelidade do texto com o

depoimento.

-Análise das entrevistas, que pode ser feita da

seguinte maneira: análise temática de seus

conteúdos; realização de nova análise das narrativas

com mais profundidade; realizar o agrupamento de

um conjunto de entrevistas comparando-as com as

diferentes versões.

Concessão dos entrevistados de seus depoimentos

orais através de uma carta de cessão de direitos, após

os mesmos terem lido a versão transcrita e

considerada fidedigna ao relato concedido.

Quanto aos recursos utilizados citaremos a seguir alguns cuidados básicos na forma de registro:

-Fazer uso de um bom gravador portátil, algumas fitas virgens, talvez um microfone e um fone de ouvido.

-Dependendo da pesquisa pode-se gravar em vídeo e arquivar em CD-ROM.

-Cuidar e atentar para o ambiente, onde não ocorra interferência de sons exteriores, e instalações confortáveis que não provoque constrangimento no entrevistado.

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O trabalho com entrevistas oral requer uma postura ética do entrevistador principalmente, pois este estará ouvindo e registrando depoimentos orais sobre a versão daquele fato ou daquele momento. É preciso que o entrevistador durante a entrevista tenha clareza que o seu trabalho deve corresponder com fidelidade ao depoente, e que este não é um objeto e sim uma pessoa. Deve-se respeitar, sem usar uma linguagem persuasiva ou paternalista para conquistar o entrevistado. A relação entre o entrevistador e o entrevistado é um diálogo baseado nos princípios éticos e por parte do pesquisador uma ação profissional.

Pensando juntos! Data: ___/___/____

a) Dividir os alunos em grupo e pedir que registrem a importância da oralidade, da fala no processo de resignificação de sujeito histórico:

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Lendo e revelando! Data: ____/____/____

b) Proceder a leitura e análise do texto sobre metodologia de história oral temática, discutir em grupo as especificidades da metodologia, registrar e apresentar ao grande grupo a síntese elaborada:

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Argumentando! Data: ____/____/____

c)Analise as possibilidades de trabalho com esta metodologia em sala de aula no ensino de história e argumente sobre sua relevância na aprendizagem:

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Pensando e repensando! Data: ___/___/___

d) Elabore um plano de aula a partir do uso dessa metodologia em sala de aula, escolha uma temática a ser abordada nas séries iniciais em história e exemplifique como você professor utilizaria esta metodologia:

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Agora é com você! Data: ___/____/___

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e)Realize uma gravação, falando de sua história e socialize com o grupo as expressões utilizadas, os significados, a voz e outros aspectos identificados, transcrevendo nas linhas abaixo:

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OFICINA IIII

LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ORAL TEMÁTICA: PRÁTICA

Objetivos:

- Trabalhar na prática, o registro das diferentes memórias existentes sobre escola, utilizando os procedimentos da metodologia de história oral.

Procedimentos metodológicos.

Nesta etapa do nosso trabalho, vamos juntos construir os roteiros de entrevistas, selecionar os entrevistados e aplicar os conhecimentos adquiridos sobre a metodologia de história oral temática.

Vamos trabalhar com a temática: As memórias sobre a escola que estudamos.

Para realizar esta etapa, precisamos refletir:

• Que pessoas queremos ouvir?

• Que memórias queremos registrar?

• Que procedimentos metodológicos vamos utilizar?

• Que cuidados devemos ter?

• Qual a postura ética esperada nesta perspectiva de trabalho?

• Quando iremos realizar as entrevistas?

• Onde iremos realizar as entrevistas?

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Passo a Passo! Data: ____/____/___

a)Escolha de uma temática para pesquisar dentre um rol de sugestões, determinação dos entrevistados, local, datas e contato com os entrevistados. Registre abaixo:

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Registrando a aprendizagem! Data: ___/___/___

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a) A partir do conhecimento adquirido escreva as orientações de como se elabora um roteiro de entrevista:

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Pensando e construindo juntos! Data: ___/___/___

b)Elaboração conjunta de roteiros de entrevistas para posterior aplicação. Registre abaixo:

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Agora é com você! Data: ____/___/___

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c) A partir do roteiro geral elabore um roteiro aberto de entrevista, tomando os cuidados necessários nos procedimentos. Registre:

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OFICINA IV

RECUPERANDO A HISTÓRIA DA COMUNIDADE

Objetivos:

- Trabalhar na prática, o registro das memórias da comunidade onde moram os alunos, utilizando os procedimentos da metodologia de história oral.

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Procedimentos metodológicos.

Nesta etapa do nosso trabalho, vamos juntos construir os roteiros de entrevistas, selecionar os entrevistados e aplicar os conhecimentos adquiridos sobre a metodologia de história oral temática.

Vamos trabalhar com a temática: As memórias sobre a comunidade a que pertencemos.

Para realizar esta etapa, precisamos refletir:

• Que pessoas queremos ouvir?

• Que memórias queremos registrar?

• Que procedimentos metodológicos vamos utilizar?

• Que cuidados devemos ter?

• Qual a postura ética esperada nesta perspectiva de trabalho?

• Quando iremos realizar as entrevistas?

• Onde iremos realizar as entrevistas?

Agora é com você! Data: ___/___/___

a) Elabore um roteiro de entrevista sobre a história do seu bairro, destacando os aspectos mais interessantes a ser investigado, e registre abaixo:

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Agora é com você! Data: ___/___/___

b)Transcreva os relatos obtidos durante as entrevistas, não se esqueça dos procedimentos exigidos e da ética do trabalho do pesquisador:

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OFICINA V

REGISTRANDO E RESIGNIFICANDO AS HISTÓRIAS

Objetivos:

- Possibilitar aos alunos o registro escrito em um memorial descritivo os conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento do projeto.

- Analisar os resultados da pesquisa sobre o bairro, os relatos mais marcantes.

Procedimentos Metodológicos:

Após as entrevistas e transcrição dos relatos vamos registrar em um Memorial Descritivo todo o processo:

O memorial descritivo é um relato histórico, analítico e crítico, que apresenta o processo que constituíram as atividades desenvolvidas e contém os seguintes tópicos:

Introdução: apresentação do tema escolhido, os objetivos propostos e a descrição da metodologia utilizada.

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Desenvolvimento: a partir de uma breve contextualização do local, descreva o envolvimento no processo, avalie a concretização dos objetivos da pesquisa, avalie a aplicação das entrevistas, os resultados obtidos.

Conclusão: analise sua participação, a assimilação, as contribuições deste projeto para sua atuação como docente em história e finalize com as inquietações, dúvidas que esta prática lhe proporcionou.

Registrando a aprendizagem! Data: ____/___/___

a) No espaço abaixo registre, elabore um texto preliminar sobre o desenvolvimento do projeto, analisando, avaliando sua participação, aprendizagem e angústias:

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OFICINA VI

SOCIALIZANDO SABERES: CONTANDO HISTÓRIAS.

Objetivos:

- Socializar os conhecimentos sobre a metodologia de história oral temática adquirido durante a pesquisa sobre as memórias existentes sobre as suas comunidades.

- Apresentar a pesquisa realizada individualmente para os demais do grupo, socializando as diferentes memórias.

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Procedimentos metodológicos:

Nesta etapa final do nosso trabalho vamos socializar as aprendizagens, os registros realizados durante o projeto com os todos os colegas.

Para a socialização usaremos os seguintes procedimentos:

Cada participante do projeto fará a apresentação sobre sua participação, o que aprendeu sobre a metodologia de história oral temática, os desafios e as expectativas;

Após essas considerações iniciais cada aluno exporá sua pesquisa, as memórias que registrou e que relevância esse registro possui para constituir a história local.

Falando, Contando as Histórias! Data:___/___/___

a)Apresente o texto transcrito de sua entrevista, conte a história de sua comunidade no seminário, relate os conhecimentos adquiridos sobre a metodologia de História oral:

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