DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · ser suprida pela pesquisa feita na Internet, onde professores...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
GOVERNO DO PARANÁ DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UEM - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
LUCI HANSEN
PESQUISA E INTERNET: UMA POSSIBILIDADE PARA MELHORAR A
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE/SEED na área de Gestão Escolar encaminhado pela Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Nerli Nonato Ribeiro Mori.
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Goioerê - 2009
PESQUISA E INTERNET: uma possibilidade para melhorar a aprendizagem na
educação de jovens e adultos.
Autor: Luci Hansen1
Orientadora: Nerli Nonato Ribeiro Mori2
Resumo
Este artigo aborda o uso da Internet para pesquisa como possibilidade de melhorar a aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos. Aborda a pesquisa na educação como um instrumento para alcançar, além dos objetivos da disciplina, a formação para a cidadania. Ela possibilita ao aluno a experiência como indivíduo atuante, crítico, reflexivo e agente transformador da realidade em que vive, tendo a escola como espaço de construção do conhecimento, onde o professor passa a ser compreendido como um mediador que também pesquisa e aprende com seus alunos. Entretanto, percebemos que dentro da própria escola há uma resistência quanto ao uso dessas ferramentas disponíveis em toda a rede estadual de ensino. Esse é um desafio a ser enfrentado para que possa promover avanços no processo ensino-aprendizagem, principalmente na EJA - Educação de Jovens e Adultos - onde os educandos são jovens e adultos trabalhadores e que necessitam no seu dia-a-dia lidar com essas novas tecnologias. Palavras-Chaves: Educação de Jovens e Adultos; Internet; Pesquisa; Aprendizagem.
1Pós-graduada em Língua Portuguesa, graduada em Letras,.na Rede Pública do Paraná, participante
do Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE - na área de Gestão Escolar. 2 Mestre em Psicologia da Educação, Doutorada em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento
Humano, Professora Associado e Pesquisadora do Departamento de Teoria e Prática da Educação e
do Programa de Pós-graduação da Universidade Estadual de Maringá.
INTRODUÇÃO
As discussões apresentadas neste artigo são resultantes de discussão e
reflexão
com professores do Grupo de Trabalho em Rede do Paraná - GTR e com gestores
e professores da Educação de Jovens e Adultos atuantes no Centro Estadual de
Educação de Jovens e Adultos Maria Antonieta Scarpari no município de Goioerê
(CEEBJA) referente a relevância do uso da Internet para pesquisa educacional.
As tecnologias são uma realidade presente nas escolas do Paraná, e
que não é mais possível viver alheio as inovações tecnológicas, Nossos alunos
precisam cada vez mais de professores capazes de fazer a diferença,
fazer o melhor uso das tecnologias de informação e comunicação voltadas
para cidadania, para o ser social e emancipado. Para que isso se concretize, é
necessário primeiro reconhecer os efeitos positivos e ou negativos do uso
desses recursos na escola, bem como investigar, compreender e refletir com os
educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre o papel da tecnologia
no processo ensino aprendizagem, em especial do uso da Internet como
ferramenta que possibilita fundamentar as práticas pedagógicas de utilização
desses meios na educação.
É fato que as novas tecnologias ainda não se fizeram sentir plenamente
na educação, mas a aprendizagem, sobretudo a baseada na Internet é a
grande novidade educacional deste milênio. Cabe ao educador transformar
em conhecimento a grande quantidade de informações proporcionada pela Internet.
A falta de material apropriado a Educação de Jovens e Adultos também pode
ser suprida pela pesquisa feita na Internet, onde professores e alunos acessem
textos apropriados a esta modalidade.
Explorar a Internet é uma tarefa simples, mas como utilizá-la de maneira
significativa? É preciso garantir a formação inicial e continuada dos educadores de
EJA para que façam uso desta tecnologia com clareza e consciência de sua
importância na formação de cidadãos críticos e emancipados, capazes de dialogar e
transformar a realidade ao seu redor.
Na sociedade do conhecimento, é necessário conhecer e saber fazer
uso dos recursos tecnológicos, principalmente na educação, a fim de que se
garanta uma aprendizagem de qualidade com o apoio das tecnologias disponíveis na
escola. Não basta equipar a escola com tecnologias de última geração. O pouco
ou nenhum conhecimento sobre como funciona um sistema de informação, limita a
habilidade do professor para criar novas possibilidades de ensino e
aprendizagem. É preciso formar professores capazes de atuarem e recriarem
ambientes de aprendizagem de forma reflexiva e crítica, que saiba usar de
maneira pedagogicamente correta a tecnologia escolhida, no caso a Internet.
Assim sendo, este trabalho resultou de estudos e reflexões com educadores
da EJA, que tiveram como fundamento as seguintes questões: Como as
informações disponíveis na Internet podem possibilitar a transformação do
conhecimento, melhorando a aprendizagem dos alunos da EJA? E onde, quando,
como e porque utilizar as tecnologias para que o aluno se aproprie de maneira
significativa do conhecimento?
Com o objetivo de repensar as práticas pedagógicas e buscar soluções aos
problemas diagnosticados foi utilizado o método histórico-crítico, numa concepção
libertadora.
O Projeto teve como objetivo resgatar a prática da pesquisa escolar
um tanto esquecida nas escolas de educação de jovens e adultos, bem como refletir
sobre a utilização da Internet como instrumento capaz de suprir a falta de material
especifico para a prática pedagógica nesta modalidade de ensino.
Para entender melhor a opção por trabalhar este tema com professores e
gestores atuantes nos CEEBJAs é necessário conhecer um pouco sobre o histórico
da EJA em nosso país.
1. A TRAJETÓRIA DA EJA
Quando pensamos em soluções para a educação, devemos conhecer o
passado para compreender o presente e presumir um futuro melhor, e este é o
papel deste artigo.
Desde o período Colonial, constata-se a urgência de políticas públicas,
voltadas a Educação de Jovens e Adultos no Brasil, principalmente no processo
de alfabetização.
Podemos observar nos últimos quatro séculos uma educação seletiva,
discriminatória e excludente.
No final do século XIX e início do século XX, foram aprovados projetos de
leis que enfatizavam a obrigatoriedade da educação de adultos, com o objetivo de
aumentar o contingente eleitoral. Uma vez que a Lei Saraiva de 1882, depois
incorporada à Constituição Federal de 1891, impedia o voto ao analfabeto.
Somente podia se candidatar e votar quem soubesse ler e escrever.
No início do século XX, surgiu o ensino noturno para jovens e adultos por
meio da Reforma João Alves. Nesse momento, realizou-se uma grande campanha,
contando com vários segmentos da sociedade, cujo lema era: “Combater o
analfabetismo é dever de honra a todo brasileiro”.
A partir de 1930, quando a sociedade brasileira passava por grandes
transformações associadas ao processo de industrialização e concentração
populacional nos centros urbanos, o analfabetismo passa a ser visto como um “mal
e uma doença nacional” e o analfabeto como “inculto, preguiçoso, ignorante e
incapaz”. Ligas contra o analfabetismo, fundadas por intelectuais, médicos,
industriais imbuídos do fervor nacionalista, pregavam patriotismo, moralismo,
civismo. Numa visão sanitarista e higienizadora, pretendiam erradicar o
analfabetismo. O analfabeto era visto como responsável pelo atraso do país. Como
podemos observar nas palavras do Médico Miguel Couto: “Analfabetismo é o cancro
que aniquila nosso organismo, com suas múltiplas metáteses, aqui a ociosidade, ali
o vício, além do crime. Exilado dentro de si mesmo como em um mundo desabitado,
quase repelido para fora de sua espécie pela sua inferioridade, o analfabeto é digno
de pena e a nossa desídia indigna de perdão enquanto não lhe acudimos com o
remédio do ensino obrigatório” (Paraná, 2006, p.17).
Em 1945, com o fim da ditadura e do período de quinze anos
consecutivos governados pelo Presidente Getúlio Vargas, novamente, com a
intenção de aumentar as bases eleitorais, a educação de jovens e adultos ganha
destaque e toma a forma de Campanha Nacional de Massa. Dois anos depois
surgem várias escolas de ensino supletivo. Entretanto, o entusiasmo diminui na
década de cinquenta, e o analfabeto mais uma vez sofre preconceito, as elites
políticas dominantes passam a compreender o analfabetismo como causa e não
como efeito da situação econômica, social e cultural do país. O analfabeto passa
a ser visto como uma criança adulta, incapaz e despreparada para a participação
social. Por outro lado, surgiram críticas severas à campanha de educação de jovens
e adultos, devido ao método inadequado para a população adulta, e ao insucesso
na aprendizagem.
No início da década de mil novecentos e sessenta, a Pedagogia de
Paulo Freire inspira os principais programas de alfabetização do país. A Educação
Popular é articulada à ação política conjunta com grupos de: intelectuais, estudantes,
pessoas ligadas à igreja católica e a CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil. Em 1964, o Plano Nacional de Alfabetização foi aprovado prevendo a
disseminação por todo o Brasil de programas de alfabetização orientados pela
proposta de Paulo Freire. No mesmo ano, essa proposta foi interrompida com o
Golpe Militar e seus promotores severamente reprimidos, pois se acreditava que
esse modelo “ameaçava a ordem” estabelecida.
Em 1967, surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL -
criado pela Lei 5379, de 15/12/1967, com um perfil centralizador e doutrinário.
Sua proposta pedagógica ignorava a intensa migração rural-urbana naquele
período dando prioridade a um modelo industrial urbano com padrões capitalistas de
produção e consumo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 5.692/71,
estabeleceu as diretrizes e bases do ensino de 1º e 2º graus, porém, não
contemplou aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria.
Em 1985, o Governo Federal, com a Nova República rompeu com a
política do período militar, extinguindo o MOBRAL e criando a Fundação Educar
(Fundo Nacional para Educação de Jovens e Adultos) que apoiava técnica e
financeiramente algumas iniciativas de educação básica de jovens e
adultos.Essa Fundação era conduzida por prefeituras municipais e instituições da
sociedade civil. A Fundação Educar foi extinta em 1990, sem ter obtido um resultado
expressivo. A Constituição Federal, aprovada em 1988, no seu artigo 208 ampliou o
atendimento aos jovens e aos adultos ao considerar como dever do Estado a oferta
do ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para aqueles que não
tiveram a ele acesso na idade apropriada. Entretanto, a Emenda Constitucional deu
nova redação ao artigo tirando a obrigatoriedade do Estado no atendimento à
população jovem e adulta, mantendo somente sua gratuidade.
Em consequência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Magistério (FUNDEF), Lei 9424, criada em 24/12/1996, mais uma vez a educação
de jovens e adultos permaneceram à margem, ficando de fora dos cálculos para o
repasse de verbas.
Em contradição, os artigos 37 e 38 da LDB em vigor (9394/96) deixa
claro que compete aos sistemas educacionais de ensino assegurar gratuitamente
oportunidades educacionais de maneira apropriada a essa parcela da população,
por meio de cursos e exames supletivos. E que o poder público deve viabilizar o
acesso e a permanências dos alunos jovens e adultos na escola.
O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: oferta de educação regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.
A LDB 9394/96, instituiu a denominação “Educação de Jovens e Adultos”
substituindo o que na Lei 5692/71 era chamado de Ensino Supletivo”,
reconheceu-a como uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino
fundamental e médio.
Em 1990, com a realização da Conferência Mundial sobre Educação para
Todos, realizado em Jomtien, na Tailândia, entendeu-se a alfabetização de
Jovens e Adultos como a 1° etapa da Educação Básica, consagrando a idéia
de que a alfabetização não pode ser separada da pós-alfabetização.
Ainda nos anos 90, impulsionado pelas conferências organizadas pela
UNESCO, a importância da educação de jovens e adultos passa a ser
reconhecida para o fortalecimento da cidadania e da formação cultural da
população. O governo então, encarrega aos municípios a responsabilidade pela
Educação de jovens e adultos nas séries iniciais do ensino fundamental.
Na Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos, de 1997, da qual
o Brasil é signatário,
[...] a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma habilidade e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades (...) o desafio é oferecer-lhes este direito... A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a vida.
O Conselho Nacional de Educação, aprovou no início do século XXI o
Parecer 11/2000 e a Resolução 1, que estabeleceram as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a educação e jovens e adultos, regulamentando alguns aspectos da
LDB. Já a Lei 10.172/2001 do Plano Nacional de Educação definiu 26 metas
prioritárias para o decênio 2001-2011, entre elas: alfabetizar em cinco anos dois
terços da população analfabeta. O Plano estabelece que a Educação de Jovens e
Adultos deve no mínimo, a oferta de uma formação equivalente às oito séries do
Ensino Fundamental e reconhece a necessária produção de materiais didáticos e
técnicas pedagógicas apropriadas, além de especialização do seu corpo docente.
Nessa perspectiva, em janeiro de 2003, o MEC anunciou que a
alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal,
lançando o Programa Brasil Alfabetizado, na qual o MEC contribui com os órgãos
públicos estaduais e municipais, instituições superiores e organizações para
desenvolverem ações de alfabetização em todo país, principalmente nas regiões de
difícil acesso.
Em dezembro de 2009, em cooperação com o governo brasileiro, foi
realizada em Belém do Pará, a VI Conferência Internacional de Jovens e
Adultos (CONFINTEA VI). O evento enfatizou o papel central da educação e
aprendizagem de adultos nos programas internacionais em educação e
desenvolvimento, especialmente aqueles relativos ao desenvolvimento
sustentável. A Conferência contou com a participação de mais de 156 Estados
membros da UNESCO, agências d
as Nações Unidas, e de cooperação bi e multilateral, representantes da
sociedade civil e estudantes de instituições de pesquisa e do setor privado. A
CONFINTEA VI teve como objetivo: impulsionar o reconhecimento da educação e
aprendizagem de adultos como elemento importante e fator que contribui com a
aprendizagem ao longo da vida, da qual a alfabetização constitui alicerce; enfatizar o
papel crucial da educação e aprendizagem de adultos para a realização das atuais
agendas internacionais de desenvolvimento e de educação; renovar o compromisso
e o momento político e desenvolver os instrumentos para sua implementação,
visando passar da retórica à ação.
Hoje, precisamos não só reparar a dívida social com esses Jovens e dultos,
bem como garantir a inclusão digital destes sujeitos numa sociedade de base
tecnológica.
2. O USO CONSCIENTE DA INTERNET NA EDUCAÇÃO
O avanço das tecnologias e a vasta disponibilidade de informações em
tempo real têm causado grandes transformações na sociedade, a rapidez com que
esse processo vem se dando, exige de todos nós educadores um novo
processo de construção/reconstrução de identidades.
Essa mudança no perfil da sociedade não tem chegado à escola,
principalmente nas escolas da EJA, composta em sua maioria por trabalhadores.
Como afirma Freire (2003, p. 10) “O problema não está apenas em trazer os meios
de comunicação para dentro das escolas, mas em saber a quem eles estão
servindo”. O objetivo principal é a formação de cidadãos críticos e emancipados
capazes de interagir e dialogar, pois é pelo diálogo e pela interação que os sujeitos se
encontram para transformar o mundo. Certamente que com toda esta disponibilidade
de recursos tecnológicos na escola, o professor precisa inovar suas aulas,
possibilitando uma educação que valorize o espaço social responsável pela
apropriação dos saberes universais, contribuindo desta forma para a construção
da autonomia e para o desenvolvimento intelectual do aluno, com vistas à
formação de um cidadão crítico e consciente de seu papel transformador da
realidade social. Sem dúvida nenhuma tudo isso, vai exigir do professor um
trabalho árduo, de constante aprendizado e acima de tudo criativo (a principal
tecnologia em sala de aula ainda é a presença do professor), para garantir que seus
alunos tenham acesso ao conhecimento que é produzido por toda humanidade,
contribuindo desta forma para reduzir as desigualdades sociais. O uso da Internet
tem que ser visto não apenas como mais uma ferramenta pedagógica no
processo de aprendizagem, mas uma ferramenta que deve estar prevista no
planejamento do professor, no Projeto Político Pedagógico da Escola,
proporcionando ao aluno o acesso crítico ao conhecimento.
A escola da aprendizagem é muito diferente da escola do ensino. A escola da aprendizagem precisa de novos espaços, de outros tipos de temporalidades, de outra organização dos grupos de alunos e professores, de outras propostas pedagógicas, essencialmente novas e que se adaptem a diferentes formas e estilos de aprender de todos os participantes: professores e alunos (KENSKI, 2007, p.109).
Cabe à escola nesses novos tempos de tecnologia repensar sua proposta
pedagógica, educar o aluno de forma crítica, tornando-o um ser ativo, sujeito da
história que sai da passividade para se tornar um pesquisador. Conscientizar o aluno
que aprender é fundamental para sobreviver na tão falada era do conhecimento.
A educação dialógica, ao vencer a contradição educador e educando, gerada pela educação bancária, e ao assumir a comunicação, torna o educador não apenas aquele que educa, “mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também se educa. Ambos, assim, tornam-se sujeitos do processo, em que crescem juntos e em que os argumentos de autoridade já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas” (FREIRE, 1987, p.68).
A aquisição da informação, dos dados, dependerá cada vez menos do
professor. As tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma
rápida e atraente.” É função do professor ajudar o aluno fazer uma leitura dessas
imagens, a interpretar esses dados, a relacioná-los, e contextualizá-los.
(MORAN, 2009, p.29,30).
O trabalho docente consiste numa atividade mediadora entre o individual e o social, entre o aluno e a cultura social e historicamente acumulada, vale dizer, entre o aluno e as matérias de estudo. Mas trata-se de um aluno enquanto ser concreto e histórico, síntese de múltiplas determinações, produto de condições sociais e culturais (LIBÂNEO, 2006, p.143).
Entretanto, esta não é uma tarefa fácil, uma vez que a Internet contém
milhares de informações. Cabe ao professor orientar seus alunos para que eles não
naveguem sem um objetivo claro, pois nem tudo que há na rede tem qualidade. É
essencial e preciso estar atento às informações relevantes e significativas. O
professor e os alunos precisam desenvolver critérios de pesquisa para acessar a
informação, analisar, refletir e construir o conhecimento. É fundamental saber onde
buscar e o que fazer com a informação.
Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que foi combinado, deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal. É fácil perder tempo com informações pouco significativas, ficando na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem integrá-los num paradigma consciente. O conhecimento se dá no filtrar, no relacionar, no comparar no avaliar, no
sintetizar, no contextualizar o que é mais relevante, significativo (MORAN, 2009, p.54).
Nesta perspectiva, o professor assume um novo papel, não mais de
professor autoritário que transmite conhecimento, mas sim de mediador que realiza
reflexões em comum com os alunos, que organiza os limites com equilíbrio, e que
ajuda o individual e o coletivo a desenvolver e utilizar formas diferentes de
pesquisa, a solucionar problemas de forma crítica e criativa. Não é formar o aluno
para atender as exigências do mercado capitalista, mas buscar uma mudança de
mentalidade e atitude por parte do aluno, que ele perceba o conhecimento como
instrumento de compreensão da realidade social e que de posse deste, ele possa
transformar a sua realidade e a dos que o cerca.
Neste contexto, além de competente, o aluno precisa tornar-se cidadão
crítico, autônomo e criativo, que saiba solucionar problemas, e que com iniciativa
própria saiba questionar e transformar a sociedade. Em busca dessa transformação,
ele deve ser sujeito histórico do seu próprio ambiente, buscando desenvolver a
consciência crítica que o leve a construção de um mundo melhor. No mesmo sentido
tomamos a afirmação de Gamboa (2007, p. 29): “O objetivo último da pesquisa é a
transformação da realidade social e o melhoramento da vida dos sujeitos
imersos nessa realidade”.
Para isso, é preciso que o aluno perceba antes de tudo que o principal
objetivo da pesquisa é o conhecimento, e este não é algo pronto, acabado, mas algo
que pode ser alterado, complementado com o olhar de quem pesquisa, pois
pesquisar na Internet nos permite experimentar o uso de diferentes tipos de textos,
mas analisar, classificar e contextualizar essas informações é o que nos permite
o acesso ao conhecimento.
3. A PESQUISA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM
Nas últimas décadas têm se discutido muito a falta de interesse dos
alunos a respeito dos conteúdos ministrados nas escolas, bem como o fracasso
escolar. Gestores e docentes tem debatido o processo ensino e aprendizagem
sem terem alcançados resultados expressivos. Por outro lado, a escola vem
sofrendo críticas quanto a metodologia e conteúdo desenvolvidos para a construção
do conhecimento bem como aos instrumentos utilizados.
Contudo, percebe-se nesta discussão que professores e alunos perderam a
prática da pesquisa como processo sistemático de construção do conhecimento. A
pesquisa deve fazer parte da prática educacional, e isto, implica em questionamento,
reflexão crítica e criatividade, elementos indispensáveis na tão desejada cidadania.
No entanto, é preciso que professor e aluno percebam que o principal objetivo
da pesquisa é que o conhecimento não é algo pronto, acabado, mas algo que pode
ser alterado, complementado com o olhar de quem pesquisa e acima de tudo
essencial no processo ensino e aprendizagem.
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continua buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996 p.29)
Neste contexto, podemos afirmar que a pesquisa na educação é um
poderoso instrumento para aquisição de conhecimento e de formação do sujeito em
cidadão, capaz de torná-lo um ser ativo, sujeito da história que sai da passividade
para se tornar um pesquisador. Para que isso aconteça a contento, é muito
importante que o professor compreenda a prática da pesquisa em sua ação
pedagógica, e pense sobre o instrumento a utilizar para esta prática.
E o que é pesquisa? Conforme Bagno (1998) a etimologia do vocábulo
pesquisa é proveniente do espanhol, que a herdou do latim perquiro, que significa:
procurar; buscar com cuidado; procurar por toda parte; informar-se; inquirir;
perguntar; indagar bem; aprofundar na busca. O particípio passado desse verbo
latino era perquisitum e por alguma lei da fonética histórica, o primeiro R se
transformou em S na passagem do latim para o espanhol, resultando no verbo
pesquisar que conhecemos hoje.
Segundo Rocha (1996) “a pesquisa escolar é uma maneira inteligente de
estudar e aprender.” Não é, simplesmente, um trabalho que você faz para entregar
ao professor. “[...] É um jogo de perguntar e responder. A pesquisa é um jogo no
qual formulamos perguntas e nós mesmos temos que dar as respostas.” Nesta
perspectiva o papel do professor enquanto mediador é fundamental, que ele
planeje sua aula, pesquise, oriente e acompanhe o aluno tornando-o capaz de
questionar, indagar e buscar respostas.
No artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 (LDB), o inciso II diz que o
ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: “Liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber.” Assim
sendo, o educador que se preocupa com o processo ensino e aprendizagem, utiliza
não só do conhecimento adquirido na graduação, mas também nos conhecimentos
adquiridos pelo exercício da pesquisa, buscando nesta prática contribuir para a
formação cognitiva e emancipatória do educando.
É importante ainda ensinar e motivar o aluno a pesquisar de modo orientado,
para que ele acesse a informação, e com base no conhecimento adquirido,
seja capaz de construir seu próprio conceito.
É importante termos educadores/ pais com um amadurecimento intelectual, emocional, comunicacional e ético, que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação (MORAN, 2000, p. 17).
A expectativa de propor uma aprendizagem baseada em pesquisa leva cada
educador a refletir, analisar e criar sua própria prática pedagógica, onde o professor e
aluno tornarão pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos,
possibilitando um avanço no processo ensino e aprendizagem.
Segundo Gil, (2007, p. 17), a pesquisa é, [...] procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos
disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros
procedimentos científicos”. Para Demo, (2004, p.16), [...] pesquisa, entendida
como o movimento processual incessante de desconstrução e reconstrução, é o
centro do conhecimento, porque representa sua dinâmica mais própria e profunda.
Neste contexto, podemos afirmar que pesquisa é um método sistemático e
organizado, adquirir conhecimento é, ao mesmo tempo, produzir ou contestar
novos ou antigos conhecimentos.
Há diferença entre a pesquisa como princípio científico ou princípio
educativo.
[...] como princípio científico, significa o cuidado com a construção do conhecimento em termos, sobretudo metodológicos e
epistemológicos, sendo esta a referência principal em uso, pesquisa-se para fazer conhecimento; como princípio educativo, significa seu valor pedagógico, educativo, formativo, à medida que implica questionamento, consciência crítica, incentivo à formação do sujeito capaz de história própria, sustentação da autonomia crítica e criativa. (DEMO, 2004, p.16)
Assim sendo, a pesquisa via Internet deve ser uma atividade orientada e
planejada em busca do conhecimento que leva o educando a criatividade e
autonomia, não a alienação e opressão. Porém, não devemos esquecer que o que
dá sentido a uma informação acessada é a clareza de por que e para que a
buscamos. Ao solicitar uma pesquisa, o professor precisa deixar claro aos seus
alunos alguns elementos que irão guiá-los durante o procedimento, como:
1- A importância do tema a ser pesquisado;
2- O objetivo da pesquisa;
3-Questões que devem ser respondidas;
4- Fontes que poderão ser consultadas;
5- Prazo para a entrega da pesquisa;
Cabe também ao professor criar estratégias para o melhor uso da Internet
como uma ferramenta que propicia a interação entre os envolvidos no processo de
pesquisa, criando um ambiente de suporte e estímulo às atividades de ensino e
aprendizagem.
4. ANALFABETO DIGITAL E INCLUSÃO DIGITAL
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
analfabetismo no Brasil caiu de 10% em 2008 para 9,7% em 2009 (cerca de
14,1 milhões de pessoas). O número de analfabetos funcionais também diminuiu no
país, de 21% em 2008 para 20,3% em 2009. Embora o índice vem caindo, esta triste
realidade é vista por muitos como o principal indicador do atraso do país.
São consideradas analfabetas, aquelas pessoas que não sabem ler e
escrever um bilhete simples. Um sistema educacional limitado e professores
despreparados contribuiu para a formação de um grupo de analfabetos funcionais,
aqueles que sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar um texto, não
compreendem sua mensagem.
Com a era tecnológica passamos a contar com outro tipo de
analfabeto: o digital. Aquele que é incapaz de obter informações por meio da
informática, ligadas à era digital, como a Internet ou qualquer outro meio ligado ao
computador, ou qualquer aparelho digital. Esse analfabeto é aquele que precisa ir ao
banco todo mês retirar seus proventos sociais, fazer uso de senha, cartão
magnético, etc. Ele é capaz ainda de lidar com aparelho doméstico digital. Por
isso incluir uma pessoa digitalmente não é apenas “alfabetizá-la” em informática,
mas sim fazer com que o conhecimento adquirido por ela seja útil para melhorar
sua condição social, seu cotidiano, contribuindo por uma qualidade de vida melhor.
A era da informação, possibilita o uso de diversos recursos digitais eficazes
que favorecem muito o nosso dia-a-dia. Porém, milhões de pessoas ainda estão
excluídos digitalmente, não obtendo acesso a informática e às redes de
computadores conectados à Internet. A alfabetização digital é o principal caminho
para atingirmos a inclusão social, pois através dela, o cidadão terá condições de
pesquisar na Web, coletar dados, selecionar informações, adquirir conhecimentos e
consequentemente melhorar sua qualidade de vida, mas para isso, é muito
importante que a alfabetização digital bem como a alfabetização “letrada” seja
tratada como política pública.
5. CONTRIBUIÇÃO DOS PROFESSORES QUE PARTICIPARAM DO GRUPO DE
TRABALHO EM REDE
No Grupo de Trabalho em Rede (GTR) foi discutido, debatido com os
Participantes a importância do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, e
uma análise do Caderno Temático produzido pela professora PDE para a
implementação do Projeto. Composto por temas relacionados à Pesquisa, Internet
e inclusão digital, o caderno teve como objetivo discutir e refletir com os
professores da EJA temas que possam contribuir para o processo ensino-
aprendizagem, utilizando a tecnologia como uma aliada, pois com o avanço
tecnológico precisamos estar abertos para inovações e em estado de permanente
aprendizagem.
Quando questionados sobre a importância do tema abordado no Projeto
a ser aplicado com professores e gestores de EJA, alguns participantes do GTR
deram as seguintes contribuições:
PARTICIPANTE A: “Realmente a tecnologia já chegou à escola e concordo
que são poucos os professores que tem habilidade e domínio para fazer uso dela.
Realmente Internet e a pesquisa ampliam as possibilidades de trabalho do
professor e solucionam o problema da falta de material que os alunos da EJA
enfrentam.”
PARTICIPANTE B: “O uso da Internet na Educação de Jovens e
Adultos está caminhando para sua real efetivação e com possibilidades de
melhoria na aprendizagem e auto gestão da pesquisa realizada pelos alunos, com
seleção de conteúdos e orientação na seleção dos mesmos, por parte dos
professores.Porém se por parte dos professores e alunos não acontecer um
envolvimento, interação e organização, toda essa gama de possibilidades
inovadoras para a educação pode ficar relegada a simples projeto.”
PARTICIPANTE C: “Vivemos uma fase peculiar na história da educação. Em
todo o percurso da humanidade nunca houve tanta facilidade de acesso ao
conhecimento e numa incrível velocidade, proporcionados pela Internet. No entanto o
que deveria ser considerado como maior patrimônio do setor, assusta os
profissionais da área, que ainda não sabem lidar com os recursos oferecidos.
Uma situação como esta, evidencia um problema que não está apenas vinculado
às novidades tecnológicas. A necessidade de capacitação dos profissionais da
educação em função das constantes mudanças da sociedade, de uma certa
forma, sempre foi um estímulo provocador de conflitos neste setor, portanto a crise
atual tem raízes mais profundas e a resistência frente as novas possibilidades
oferecidas pelos recursos tecnológicos, provavelmente têm a mesma origem.”
PARTICIPANTE D: “O projeto traz a possibilidade de uma real
intervenção no cotidiano escolar, principalmente na EJA. O projeto deixa bem
claro que, todos os professores podem usar a Internet de forma consciente e
transformador da realidade pessoal e social do aluno. O título chama para uma
reflexão sobre a qualidade de ensino e ressalta a Internet como uma possibilidade de
enriquecer significativamente nossas aulas. Justificado pela LDB 9394/96,
adequando a prática educacional à realidade do mundo, busca refletir como a
Internet pode auxiliar na prática pedagógica, que deverá ser fundamentada na
cidadania e no ser emancipado.”
PARTICIPANTE E: “É de grande importância analisarmos o quanto a
tecnologia nos ajuda em sala de aula e como é possível utilizá-la. Não basta
apenas renovar as tecnologias, é necessário que as pessoas também estejam
prontas para serem inovadas com essa tecnologia e fazer uso dela. Entre
todos os meios de comunicação existentes a Internet é a principal, pois
possibilita acesso sem restrições e favorece a dispersão de notícias em curto
espaço de tempo.”
Este questionamento realizado com os cursistas do GTR determinou a
importância do uso da Tecnologia, principalmente da Internet como ferramenta de
pesquisa e do professor como mediador na construção do conhecimento frente
aos recursos tecnológicos disponíveis para despertar o interesse e
consequentemente a aprendizagem dos alunos da EJA.
Após o trabalho, feito com cursistas do GTR, foi desenvolvido um grupo de
estudo com professores do CEEBJA Maria Antonieta Scarpari, para os quais foi
distribuido o Caderno Temático. Num total de oito, eles eram professores das
disciplinas de Inglês, Sociologia, Matemática, História, Geografia, Ciências e
Educação Física.
Nos oito encontros com os professores do CEEBJA, foi discutido e
debatido se as novas tecnologias exerciam influência nas relações de poder da
sociedade atual. A questão norteadora foi a seguinte: o acesso à informação via
Internet pode melhorar o processo ensino aprendizagem da EJA? Onde, quando,
como e porque utilizar as tecnologias?
Os professores foram unânimes em afirmar que as tecnologias exercem
um forte poder na sociedade, e quando esta sociedade através da tecnologia se
apropria do conhecimento, se torna mais forte e garante seu desenvolvimento e
domínio sobre outras classes. É fato que a sociedade tem uma dívida social com a
EJA, deixar de incluir digitalmente os educandos desta modalidade de ensino é
contribuir mais uma vez com sua exclusão, aumentado ainda mais esta dívida e a
exploração pela classe detentora do conhecimento. Como afirma Orofino (2005, p.
1250”[...] se for para termos a escola equipada, com novas tecnologias da
informação, que estas sejam utilizadas, portanto, a favor das vozes dos estudantes
e não como recursos de adestramento para o mercado de trabalho”. É preciso
políticas públicas que provejam e viabilizem o acesso a informática a todos os
cidadãos, inclusive aos jovens e adultos trabalhadores.
Os professores ainda constataram que embora o governo busque
disponibilizar computadores e laboratórios de informática às escolas do Paraná, há
ainda um entrave no uso destes equipamentos quando se trata de acesso a
Internet. A conexão é muito lenta e quando vários usuários acessam a rede ao
mesmo tempo a conexão cai, dificultando o trabalho do educador. Outro entrave
constatado pelos professores é a falta de formação com metodologias adequadas,
faltam elementos teóricos e práticos para o exercício de novas metodologias com
o uso do computador.
Nos debates identificamos também, que não há planejamento nas atividades
desenvolvidas com uso dos recursos tecnológicos, os mesmos são trabalhados
esporadicamente, em momentos isolados, sem que haja um planejamento
antecipado das ações a serem executadas. Como diz Soares (2006, p. 113):
Os professores, ainda que capacitados pelos programas de estímulos ao uso da informática na escola, se vêem aprisionados a rotina pedagógica, conteúdos, Parâmetros Curriculares Nacionais, aos compromissos com a avaliação, e deixam para segundo plano as inovações e a autonomia que a informática poderia trazer ao seu trabalho. Os alunos, por sua vez, ficam na dependência dos professores e da direção da escola para acessarem o laboratório de informática.
Além disso, na concepção da Educação de Jovens e Adultos, o conteúdo a ser
trabalhado deve ter flexibilidade e significado para os alunos da EJA, respeitando as
suas necessidades e especificidades.
CONCLUSÃO
A Educação de Jovens e Adultos, ainda apresenta um caráter excludente
na medida em que o conhecimento de mundo e a diversidade cultural dos
educandos nem sempre são consideradas por alguns educadores.
Na escola pesquisada constatou-se que os professores ainda não
incorporaram o uso das tecnologias em suas práticas pedagógicas, utilizando-as
esporadicamente, sem objetivos previamente definidos. Embora haja uma grande
vontade por parte dos professores, a falta de uma formação continuada voltada para
as especificidades da EJA, bem como a falta de formação tecnológica tem sido um
entrave para um ensino de qualidade. Mesmo percebendo a importância da
tecnologia no processo ensino e aprendizagem os educadores ainda não conseguem
efetivar o uso dessa ferramenta em sala de aula.
O fato de se ter um laboratório disponível na escola nem sempre é garantia
de uma aula de qualidade, pois a conexão de nossos computadores ainda é
precária, dificultando muitas vezes o trabalho do professor que leva os educandos
ao laboratório com um objetivo, e muitas vezes se frustra por não conseguir efetivar
o trabalho por falta de conexão.
É um grande desafio incluir nas práticas pedagógicas os recursos
tecnológicos, principalmente da Internet como instrumento de pesquisa que
potencializa educando e educador no processo ensino e aprendizagem. Onde
relacionamento entre ambos é essencial, sendo primordial promover uma Pedagogia
pautada no diálogo, valorizando o educando da EJA como sujeito ativo, capaz de
construir o seu processo de aprendizagem mediado pelo educador.
REFERÊNCIAS
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