Da História Da Igreja à História Das Religiosidades No Brasil - Uma Reflexão Metodológica

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DA HISTÓRIA DA IGREJA À HISTÓRIA DAS RELIGIOSIDADES NO BRASIL: Uma reflexão metodológica. IN: BEZERRA, Cunha Cícero. (Org.) Temas de Ciências da Religião. São Cristovão: Editora da UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2008, p. 251-267. Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa Docente do Departamento de História e Líder do Grupo História das Religiões, religiosidades e Identidadesda UFS. Orientando monografias na temática da história das religiosidades do Brasil, percebemos o ressentimento de muitos alunos da quase inexistência de textos metodológicos a fomentar novos direcionamentos de suas pesquisas. Indagam-se, por exemplo, como estudar um visionário, um sacerdote comum, uma beata, entre outros personagens que “manipulam” o sagrado. Como abordar a “trajetória de padres considerados falsários” no período colonial? De que forma estudar um sacerdote visionário internado como louco? Seria através da história eclesiástica conforme a concepção dos historiadores ligados à Igreja Católica? Nesse artigo pretendemos compreender alguns elementos centrais da História da Igreja defendida pelos historiadores da própria Igreja Católica. Perceberemos com a cat egoria “autocompreensão” é frequentemente usada como ferramenta principal em suas análises. Apontaremos como essa História adentra no universo acadêmico da Universidade de São Paulo/USP nos anos de 1980, através do professor Augustin Wernet. Indagaremos at é que ponto a abordagem que se apóia na categoria “autocompreensão” contempla personagens mais anônimos, os esquecidos pela memória oficial. Em seguida, dialogaremos com autores mais ligados ao domínio da História Cultural, remetendo a opção do enfoque dos objetos de estudos não mais na História da Igreja, mas das “religiosidades” no Brasil.

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Pesquisa sobre a História da Igreja e da Religiosidade no Brasil

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DA HISTÓRIA DA IGREJA À HISTÓRIA DAS RELIGIOSIDADES NO BRASIL:

Uma reflexão metodológica.

IN: BEZERRA, Cunha Cícero. (Org.) Temas de Ciências da Religião. São Cristovão:

Editora da UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2008, p. 251-267.

Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa

Docente do Departamento de História e Líder do Grupo “História das Religiões,

religiosidades e Identidades” da UFS.

Orientando monografias na temática da história das religiosidades do Brasil,

percebemos o ressentimento de muitos alunos da quase inexistência de textos

metodológicos a fomentar novos direcionamentos de suas pesquisas. Indagam-se, por

exemplo, como estudar um visionário, um sacerdote “comum”, uma beata, entre outros

personagens que “manipulam” o sagrado. Como abordar a “trajetória de padres

considerados falsários” no período colonial? De que forma estudar um sacerdote visionário

internado como louco? Seria através da história eclesiástica conforme a concepção dos

historiadores ligados à Igreja Católica?

Nesse artigo pretendemos compreender alguns elementos centrais da História da

Igreja defendida pelos historiadores da própria Igreja Católica. Perceberemos com a

categoria “autocompreensão” é frequentemente usada como ferramenta principal em suas

análises. Apontaremos como essa História adentra no universo acadêmico da Universidade

de São Paulo/USP nos anos de 1980, através do professor Augustin Wernet. Indagaremos

até que ponto a abordagem que se apóia na categoria “autocompreensão” contempla

personagens mais anônimos, os esquecidos pela memória oficial. Em seguida,

dialogaremos com autores mais ligados ao domínio da História Cultural, remetendo a opção

do enfoque dos objetos de estudos não mais na História da Igreja, mas das “religiosidades”

no Brasil.

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Desde 1963, o historiador Sérgio Buarque de Holanda apontava a importância de se

estudar o papel das instituições religiosas na vida brasileira, em diversos momentos de sua

história. Holanda tinha a convicção de que não era possível estudar determinadas questões

da História do Brasil “sem a exploração prévia e isenta de nossa história eclesiástica”.1 Em

1984 Oscar Beozzo seguiu a mesma observação de Holanda. Para Beozzo os livros de

História ignoram a importância da Igreja na História do Brasil. 2

Três anos depois dessas observações de Beozzo, o historiador da Universidade de

São Paulo /USP, Augustin Wernet, publicou “A Igreja Paulista no século XIX. A

Reforma de D. Antônio Joaquim de Melo (1851-1861)”. Trata-se de uma importante

publicação na temática das Instituições Religiosas no Brasil, especificamente dedicado ao

estudo da Igreja Católica no império brasileiro. Wernet estudou aspectos do processo de

romanização3 da Igreja Católica no Brasil a partir da administração de D. Antonio Joaquim

de Melo, bispo de São Paulo.

Esse historiador optou por uma abordagem que entende a história eclesiástica como

a história de sucessivas “autocompreensões”.

O conceito de “autocompreensão” foi bastante usado entre os historiadores mais

ligados a Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina/ CEHILA ou a

outros centros de estudos dentro da própria Igreja Católica. Surgiu na década de 1960 no

limiar das mudanças do Concílio Vaticano II e no Brasil passou a ser largamente explorado

na Revista Concilum e em diversas publicações organizadas pelo CEHILA. Um desses

livros foi “História da Igreja no Brasil: ensaios de interpretação a partir do povo”

1 HOLANDA, Sergio Buarque. Prefácio do livro de autoria de José Ferreira Carrato. As Minas Gerais e os

Primórdios do Caraça. São Paulo: Editora Nacional, 1963, p. XIII. 2 BEOZZO, José Oscar. A Igreja e a Revolução de 1939, O Estado Novo e a Redemocratização. In: BORIS,

Fausto (Org) História da Civilização Brasileira – São Paulo: Difel, tomo III, col.4, 1984, p.273. 3 O termo “romanização”, é necessário destacar, assemelhava-se ao “ultramontanismo”, que inicialmente

significava a vinculação dos católicos franceses à Santa Sé. Posteriormente, seu significado ampliou-se,

indicando, em qualquer parte do mundo, a obediência e a defesa dos interesses da Cúria Romana.

Por outro lado, a romanização pode ser considerada uma extensão do ultramontanismo, constituindo-se em

uma política elaborada pelo Vaticano e posta em prática em todos os países católicos, numa tentativa de retomar os valores tridentinos – abrandados ou deturpados ao longo do tempo – para enfrentar as inovações

do mundo moderno e, em especial, o liberalismo.

Um outro aspecto fundamental para o entendimento da política de romanização diz respeito ao

estabelecimento do dogma da infalibilidade papal, aprovado pelo Concílio Vaticano I (1869/70),

representando, portanto, um reforço à teologia tridentina. De acordo com Riolando Azzi, a autoridade papal

passou a ser o grande centro irradiador da verdade de salvação para o mundo inteiro. Portanto, já não se

difundia mais aquela idéia de salvação incorporada à nação, mas de uma salvação incorporada à instituição

eclesiástica (1986).

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organizado por Eduardo Hoornaert e outros autores. No primeiro capítulo desse livro

intitulado “A Autocompreensão”, os autores ao referirem-se aos primórdios da colonização

brasileira mencionam o termo “autocompreensão” fazendo as seguintes perguntas:

Como foi que os missionários, que tão numerosos vieram ao

Brasil, entenderam a sua missão aqui? Que autocompreensão

tinham eles da evangelização? Como pensaram a respeito, não

somente os famosos jesuítas...?4

Para os autores do livro em questão, há duas distinções que se deve levar em conta

na análise dos trabalhos dos missionários aqui no Brasil: o discurso e a vivência. “A

evangelização” – escreve esses autores –

“é entendida pelos missionários dentro de um discurso típico,

característico, peculiar, enquanto a vivência escapa frequentemente

aos quadros comuns, não pode ser analisada, por conseguinte,

segundo os ditames de uma denominação comum”.5

Apropriam-se desse conceito de “autocompreensão” Hubert Jedin6 Anton Weiler

7;

A Saucerotte 8; Nestor Tomás Auza, entre outros .

9 Para Antor Weiler o historiador deve

“iluminar por dentro as fases da história humana e dar uma resposta em perfil à seguinte

pergunta: como se compreenderam os homens das várias sociedades, tanto a si mesmos

com a sua Sociedade? Qual era a sua “Selbstverstandnis” (autocompreensão) individual e

coletiva?” 10

Nesse aspecto, tratando-se do conceito de “Igreja”, esse autor chama a atenção

4 HOORNAERT, Eduardo e outros. História Igreja no Brasil. Petrópolis/ Rio de Janeiro: Vozes, 1977, tomo

II/1, 444p. 5 HOORNAERT, Eduardo e outros. 1977, op. cit. 6 JEDIN, Hubert. Kirchengeschichte. Lexikon fur Theologie und Kirche. Apud. WEILER, Anton. História

Eclesiástica como autocompreesão da Igreja. Concilium, 1971, no. 07,p. 805. 7 WEILER, Anton. História Eclesiástica como autocompreensão da Igreja. Concilium. São Paulo, no. 07, p. 805-924, 1971. Esse trabalho de Weiller é o Editorial do número 07 dessa revista “Concilium”. Nesse

prefácio apresenta o conceito de “autocompreensão” baseando-se nos vários textos apresentados nesse

número. 8 A Saucerotte em “As Sucessivas Autocompreensões da Igreja vistas por um marxista”. Trad. de Frei

Almir R. Guimarães. OFM. Concilium, no. 07, p. 804, 1971 9 AUZA, Nestor Tomás . El perfil del historiador de la Iglésia: perspectivas latino-americana. Anuário de

História de la Iglesia. Pamplona/Espanha, no.05, p.98,1996. 10 WEILER, Anon, 1971,p.806.

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do historiador para compreender a Igreja inserida em tempos específicos. “O conceito de

Igreja como povo-de-Deus-em-marcha do Vaticano II”, - afirma o autor –“revela uma

consciência social-psicológica evidentemente diferente daquele que estava presente na

Igreja pós-tridentina.”. 11

Conforme vimos acima, o conceito de “autocompreensão” foi utilizado pelos

historiadores ligados à própria Igreja Católica. Esse conceito chegou à universidade

brasileira pelas “mãos” do professor da USP, Augustin Wernet. Na década de 1980 este

professor herda parte das reflexões dos historiadores da Igreja e acrescenta outras de

autores condizentes com a opção teórico-metodológica de sua escolha.

O livro “A Igreja Paulista no século XIX....”, conforme citamos acima, é

fundamental para a compreensão da abordagem da história eclesiástica no sentido de

percebê-la como a história de sucessivas “autocompreensões”. Na introdução do livro,

Wernet esclarece que as “autocompreensões” da Igreja:

são “tipos ideais”, ou seja, “construções mentais” ou

“imagens mentais” cuja elaboração se faz necessária,

exagerando elementos específicos da realidade,

selecionando características dela mesma, ligando-as entre

si num quadro mental relativamente homogêneo”. 12

O autor, ao conceitualizar as “autocompreensões” como “tipos ideais”, procurou

enquadrar a história da Igreja a partir do referencial teórico de Max Weber. Uma possível

indagação que se faça, por exemplo, a um membro de uma seita sobre os processos de

pertencimento, quaisquer que sejam as imprecisões de suas impressões, ele chegará,

decididamente, aos enunciados das definições “tipo-ideal” da seita. De igual forma, se

fizermos esse mesmo questionamento a um membro da Igreja Católica sobre as razões que

o faz pertencer a essa Igreja, e não a uma seita, ele seria, do mesmo modo, conduzido,

decididamente, a agir de acordo com as idéias que expressam o “tipo-ideal” a que pertence.

Foi a partir desse entendimento do pensamento de Weber que Wernet orientou sua

pesquisa, ou seja, definiu o objeto, norteou a interpretação empírica das fontes e, de certo

modo, deu um sentido ao que, de outra maneira, seriam descobertas empíricas desconexas

11 Idem.

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de suas pesquisas. Esse seu encaminhamento, de igual forma, estendeu-se aos seus

orientados no processo de escritura de suas respectivas dissertações ou teses e no dia a dia

das aulas de História da Igreja no Brasil, disciplina do curso de pós-graduação da

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/ FFLCH da USP. Entre os orientados

pelo professor, destacamos o trabalho ”Igreja e Poder em São Paulo: D. João Batista Corrêa

Nery e a Romanização do Catolicismo Brasileiro (1909-1920)”, de Marcus Levy Albino

Bencosta 13

.

Nesta obra, Bencosta privilegiou como objetivo central de análise a maneira como

D. João Batista Corrêa Nery administrou a mitra de Campinas entre os anos de 1908 a

1920. Com a criação da diocese campineira, D. Nery responsabilizou-se pela continuidade

do processo de romanização já iniciada por outros eclesiásticos.

Bencosta estudou um período de “autocompreensão” da Igreja correspondente ao

processo de institucionalização da romanização do catolicismo brasileiro, adotando a

mesma perspectiva defendida por Augustin Wernet. Sua pesquisa se insere no universo da

história eclesiástica que identifica a romanização implementada pela ação dos

ultramontanos católicos como modelo de catolicismo. Vale ressaltar que os ultramontanos

surgiram no interior da Igreja Católica francesa nos fins do século XVIII, precisamente

após a Revolução de 1789, como uma crítica às inovações apresentadas pelo discurso do

mundo moderno, que ameaçavam sua disciplina e autoridade. A restauração da Ordem dos

Jesuítas e do Pontificado de Gregório XVI – autor de Mirari Vos (1832), carta encíclica

sobre os principais erros de seu tempo – possibilitou, no início do século XIX, ao

“ultramontanismo” fortalecer sua expansão pelo mundo católico.

O autor situa essa “romanização” no Brasil depois de 1810, a partir da vinda de

padres Lazaristas – futuros bispos e reitores de seminários no Brasil. Tal processo resultou

na difusão de missões populares e da educação escolar de futuros padres, em colégios e

seminários católicos, como os de Caraça, Campo Belo e Mariana, marcados por uma moral

cristã conservadora e fiel à romanização. Segundo a mesma interpretação da nova

historiografia sobre a Igreja no Brasil, o autor destaca que, em 1880, a província de São

12 WERNET, Augustin. 1987, op. Cit. p.12 13 BENCOSTA, M. L.Albino. Igreja e Poder em São Paulo: D. João Batista Correia Nery e a romanização do

catolicismo brasileiro (1880-1920). Tese (doutorado), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,

USP, São Paulo, 1999.

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Paulo deixou-se influenciar, diretamente, pelas reformas clericais implementadas por D.

Joaquim de Melo, o bispo que o seu orientador Augustin Wernet tinha pesquisado.

A principal contribuição de Bencosta é, portanto, a de ter acrescentado, na trajetória

de “romanização”, o destaque à ação de D. Nery enquanto bispo que procurou, antes dos

anos 20, aproximar a Igreja do Estado. Além desse aspecto, Bencosta afirmou que, ao

contrário dos bispados paulistas “ultramontanos” da segunda metade do século XIX, a

gestão de D. Nery não foi marcada por grandes desavenças que comprometesse a

continuidade do projeto reformador da Igreja. Para compreender a importância da atuação

de D. Nery, o autor salienta como se deu o funeral e as exéquias desse bispo, ocorrido em

1920. Segundo Bencosta, tal acontecimento foi uma clara demonstração de que os ex-

comandados de D. Nery aceitaram o modelo de catolicismo por ele defendido nos seus

vinte e quatro anos de episcopado. Em sua conclusão, a administração da diocese, por meio

das Visitas Pastorais, a formação doutrinária do clero, o controle das irmandades e o bom

relacionamento com os representantes do poder civil foram recursos, dentre outros, que

viabilizaram seu projeto nas três dioceses que fundou e governou.

Apesar da expressiva contribuição do trabalho de Bencosta na inovação da História

Eclesiástica, há, sobretudo, uma continuidade da perspectiva adotada pelo seu orientador,

Augustin Wernet. Vale ressaltar que o autor optou pelo processo metodológico-teórico,

cujo período e objeto de pesquisa remontam à época em que o catolicismo iluminista ou

pombalino foi substituído pelo “ultramontanismo”. Nesse período da História da Igreja se

processou a instalação de novas dioceses e o avanço da romanização do catolicismo no

Brasil, em particular, na Igreja de São Paulo, profundamente marcada por essas mudanças.

Bencosta se preocupou com as ações de um representante ideal para o entendimento

desse período de “autocompreensão” da Igreja. Escolheu as ações racionais de D. Nery no

processo de institucionalização da romanização do Brasil. Tentou compreender esse sujeito

identificando-o não somente como um “ser-em-si”, mas também como “sendo-para-si”.

Ao invés de se dedicar em analisar a pessoa de um bispo como um tipo ideal de

romanizador, não seria também interessante “compreender” as ações de um considerado

bom pároco, que assumia as inovações do catolicismo e agia conforme os interesses da

Cúria Romana? No lugar de privilegiar um “tipo-ideal” não seria também importante

privilegiar um sacerdote “marginal” desse processo de romanização, imerso em conflitos e

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confrontos na sua paróquia? De igual forma, poderíamos pensar que um pároco

romanizador, inovador da vida religiosa da paróquia, certamente não enfrentaria, no seu

cotidiano, os revezes de suas inovações? Um pároco comum “romanizador”, imerso em

conflitos, não revelaria, sob diversos aspectos, as contradições da administração de um

bispo?

Essas indagações certamente levariam o historiador a buscar não somente

explicações que privilegiam a importância da Igreja Católica na História do Brasil, como

acima se referiram Holanda e Beozzo. São importantes, sem sombra de dúvida, mais

estudos sobre como os missionários vieram ao Brasil; como entenderam a sua missão aqui;

qual a autocompreensão deles da evangelização que praticavam; como os bispos efetivaram

suas pastorais. Entretanto, mais ainda torna-se importante perceber os “outros”, quase

sempre mal compreendidos e propositadamente silenciados pela história oficial.

Quase sempre a “memória oficial” - aquela em que o passado é evocado para

ilustrar o que há de mais “digno” e “honrado” na história de “poucos” em nome de “todos”,

como forma de servir de “exemplo” a gerações futuras - é composta de “fatos” ou pessoas

“extraordinárias”, “heróis eminentes”, que supostamente contribuíram para o

desenvolvimento de sua cidade, estado ou país. Como forma de reconhecimento ao mérito

pelos feitos “eminentes”, é comum encontrar seus bustos ou seus nomes em praças, ruas,

avenidas, entre outros espaços públicos. Sutilmente, por trás dessa “preferência” por certas

pessoas “eminentes”, em detrimento a outras menos nobres, aparentemente sem nenhum

feito “heróico” de relevância para o agrupamento social, impõe-se um silêncio avassalador

não somente aos considerados “inexpressivos”, mas também àqueles, em especial, de

comportamento “atípico”, “incomum” para a sua época. Como se pode perceber, no

processo de construção dessa “memória oficial” há todo um esforço deliberado em ocultar

as contradições de uma sociedade plural e ambígua.14

Somos tentados a registrar tudo o que os documentos aos nossos olhos nos

oferecem, como se eles nos pudessem revelar os fatos tais quais ocorreram. Bloch disse,

enfaticamente, não haver “pior conselho a dar a um iniciante do que esperar, numa atitude

de aparente submissão, a inspiração do documento”. 15

O medievalista Jacques Le Goff

14

POLLAK, Mickael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio e Janeiro, n.3, p. 3 -15, 1989. LE GOFF, Jacques.

Documento/Monumento. História e Memória. Trad. Bernardo Leitão; 2a. ed, Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 1992, p.535-549.

15 BLOCH, Marc . Apologia da História. Ou ofício do Historiador . Prefácio Jacques Lê Goff, apresentação à edição brasileira de Lilia

Moritz Schwarcz, Trad. André Teles, Rio de Janerio: Jorge Zahar, 2001, p.79

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igualmente afirmou não existir “uma realidade histórica preconcebida e que se entregue

espontaneamente ao historiador”.16 Um pesquisador submisso à inspiração dos documentos

não iria perceber a presença ou a ausência das fontes “nos fundos dos arquivos, numa

biblioteca, em tal solo, deriva de causas humanas, que não escapam de modo algum à

análise e aos problemas que a sua transmissão coloca”. 17

Essas observações, sem dúvida, estimulam-nos a pensar o pesquisador enquanto um

“voraz apreciador” das ações humanas no tempo, como se referiu, igualmente, Bloch ao

comparar o historiador a um “ogro da lenda”, uma espécie de “monstro que fareja

incessantemente sua caça”.18

Esta analogia permite encarar o historiador enquanto um

perscrutador incansável do seu “objeto de pesquisa”.

Pollak, Marc Bloch e Jacques Le Goff e o italiano Carlo Ginzburg compartilham a

idéia de que o historiador não pode se relacionar passivamente com os documentos com os

quais trabalha. Para este último, torna-se imperativo o estreitamento das relações existentes

entre o próprio documento, o narrador e a narração, aqui entendida como o resultado de um

diálogo intenso estabelecido entre o pesquisador e as suas fontes. Ginzburg quer somente

chamar a atenção do historiador para a preocupação na busca exaustiva de “prova”, mas do

que podemos tirar delas, da forma como lidamos com a narração. De acordo com Ginzburg,

talvez a própria idéia de narração surgisse pela primeira vez em uma sociedade de

caçadores a partir de uma experiência de decifração de pistas. É possível que um

observador, acrescenta Ginzburg, ao se deparar com diversas pegadas e pistas de um

animal, tenha produzido, por exemplo, uma seqüência de narrações do tipo alguém passou

por ali. Diante desta situação, o caçador, provavelmente, seria o primeiro a “narrar uma

história porque era o único capaz de ler, nas pistas mudas (se não imprescindíveis) deixadas

pela presa, uma série coerente de eventos”.19

. Entretanto, a tarefa do historiador não se

16 Le Goff, Jacques. 1990, op. cit, p. 259 17 BLOCH, Marc, 2001,op. cit p.83.

18 Queremos chamar a atenção para o sentido que a expressão ogro da lenda pode suscitar. Entendemos os termos monstros e presa não

no sentido exato da palavra, como alguém violento a destruir uma vítima ou alguém frágil esperando ser devorado. Bloch taxat ivamente

diz: “o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça”. (p.54). Isto quer dizer

que ele é um pesquisador do passado que não se entrega facilmente às fontes como elas se aparentam à primeira vista; desconfia delas e

busca “revirá-las” ou “varrê-las ao contrário como assim também diz Walter Benjamin no texto Sobre o Conceito de História. Para

Benjamin é necessário “escovar a história a contrape-lo”. Cf. Benjamin, Walter. Obras escolhidas. 7a ed. Rio de Janeiro: brasiliense,

1994, p. 225. 19

GINZBURG, Carlo. Sinais: sinais de um paradigma indiciário. In: Mito, Emblemas e Siansi: Morfologia e História. Trad. Frederic

Carotti, São Paulo: Cia das Letras, 1990, op. cit. p.152

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restringe a analisar “pegadas, rastros, (...) córneas, pulsações (...); mas analisar escritas,

pinturas ou discursos”. 20

No entanto, na “oficina da História”, a “narração”, a partir do diálogo estabelecido

entre o pesquisador e as “provas”, é mais complexa do que a simples relação estabelecida

entre o caçador e a sua presa. A todo instante, o historiador se depara com documentos

“rarefeitos”, contendo informações incompletas, imprecisas, como conseqüência não

somente do mau uso e preservação do material de pesquisa, mas também em razão de, em

si mesmas, estas fontes não apresentarem informações claras, precisas, intencionalmente

silenciadas pela ação humana. 21

É necessário, assim, estranhar as fontes, fazer inúmeras

perguntas não só no momento que as encontrou. Na circunstância da elaboração do

discurso, onde o historiador ali constrói a sua narração, interpretação ou explicação, as

indagações com as “provas” devem continuar incessantemente e é aí que o “ogro da lenda”

continua agindo. Esse “monstro” toma impulso também na escrita, utilizando-se da retórica

e dos documentos, como provas. O “ogro historiador”, por mais que tenha um “apetite

voraz por carne humana”, nunca será um “ogro” completamente livre, ou seja, capaz de

criar os fatos e narrá-los usando somente a imaginação, como bem fazem os “ogros” da

literatura, como os romancistas. 22

As idéias de Ginzburg, concernentes à postura do historiador em relação às fontes

investigadas e o discurso, leva-nos a pensar o método da “grelha ou grade de cruzamento”.

Tomando como referência a montagem cinematográfica, as repetições das imagens

fotografias que, uma vez combinadas, produzem o movimento, Walter Benjamim sugere ao

historiador “montar” um caminho semelhante. É preciso “recolher” os traços do passado

para, a partir deles, de forma repetida e combinada, montar o verdadeiro quebra-cabeça da

história. Assim, as peças se articulam, em composição ou justaposição, cruzando-se em

todas as combinações estabelecidas, e dessa “maneira algo será revelado, conexões serão

desnudadas, explicações se oferecem para a leitura do passado”. 23

Este seria o “método da

grelha” ou “grade de cruzamento” iniciado por Carlo Ginzburg, onde os cacos da história –

a dispersão e falha dos documentos - tomados na sua rede de correspondência, apresentam-

se como sintomas de uma época. Selecionar, cruzar, combinar, compor, montar, cruzar,

20

Id. p. 161. 21

GINZBURG, Carlo, Relações de Força: História, Retórica, Provas. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.14 22

Carlo Ginzburg nos recomenda seguir a tradição de Aristóteles que usa a retórica com o núcleo fundamental: a prova. Idem,p 63.

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“revelar o detalhe, dar relevância ao secundário, eis o segredo de um método do qual

História se vale, para atingir os sentidos partilhados pelos homens de um outro tempo”. 24

José Jobson de Andrade Arruda, prefaciando o livro “O Crime do Padre Sório”, do

historiador Luiz Eugênio Vescio, faz elogios a esse método de pesquisa, do domínio da

história cultural, herdado do Benjamin e do Carlo Ginzburg. Segundo Arruda, assim

“como o policial que organiza os delitos, o filosofo que gera as idéias, o poeta que faz os

versos, o escritor que produz os livros, o historiador refaz a história, dá-lhe sentido,

compreensividade”.25

Essa possibilidade de “compreensividade” do passado poderá se concretizar não

somente com o diálogo com Weber, como faz Wernet e seus orientados. O caminho a ser

seguida não é exclusivamente de uma História da Igreja usando a categoria de análise

“autocompreensão” à maneira dos historiadores da CEHILA, conforme citamos acima. Um

encontro faz-se necessário com os diversos autores pertencentes ao domínio da história

cultural, como Ginzburg, Giovanni Levy, Michel de Certeau, Marc Bloch, Febvre, entre

outros.

O medievalista Marc Bloch escreveu que o historiador, para pensar o humano, deve

considerar o homem em seu tempo; em outras palavras, o pesquisador, ao farejar carne

humana, como o faz o “ogro da lenda”, deve, necessariamente, situar o sujeito em seu

tempo. 26

Essa sugestão significa enxergar um pároco, considerado “sem eixo”, como um fio-

condutor da “intriga”, puxando, a partir dele, outros fios que remetem ao mundo em que ele

pertencia. Dessa forma, o pároco (ou qualquer outro personagem à margem da estrutura de

poder) se torna um guia a nos mostrar o lugar onde exercia sua profissão (uma paróquia,

por exemplo), as pessoas com que conviveu e como essas pessoas interagiam e pensavam o

mundo que esse pároco fazia parte.

23 Pesavento, Sandra Jatahy. História & História cultural. 2ª. ed, Belo Horizonte: Autêntica,2004,p.64. 24 Idem, p. 65. 25 Arruda, José Jobson. O enigma da História. In: Vescio, Luiz Eugenio. O crime do Padre Sório; Maçonaria e

Igreja Católica no Rio Grande do Sul (1893-1928). Santa Maria: editoraufsm: Porto Alegre/ Ed. da UFRGS,

2001, p. 11.

26

Bloch, Marc. APOLOGIA DA HISTORIA ou Ofício do historiador. Prefácio Jacques Le Goff; apresentação à edição brasileira Lilia

Moritz Schwarcz; trad. André Telles; Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001, p.55

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No nosso trabalho “Um porta-voz da romanização do catolicismo brasileiro:

silêncios e conflitos na administração de D. José Thomaz na Diocese de Aracaju (SE) -

1911-1917” partirmos de aspectos da "trajetória de vida" de um pároco, Vicente Francisco

de Jesus, pertencente a uma pequena cidade do interior sergipano, para compreendermos os

sete primeiros anos da administração do primeiro bispo da diocese de Aracaju (Se), D. José

Thomaz (1911-1917) e os traços mais gerais sobre a Igreja Católica no Brasil após a

proclamação da República, num dos momentos do processo convencionalmente chamado

de romanização do catolicismo brasileiro.

A reflexão metodológica sobre "trajetória de vida" concebe que alguns momentos

da 'história de vida" de um determinado personagem pode servir na apreensão de traços

mais gerais de uma determinada sociedade e de algumas visões de mundo. Parte-se da idéia

de que se pode debruçar no particular para se chegar a aspectos mais gerais, ou seja, do

micro ao macro.

Esta perspectiva de análise do micro para o macro requer um esclarecimento. A

opção feita certamente é diferente da abordagem que leva em consideração a compreensão

de todo o processo histórico de vida de um personagem estudado para se entender aspectos

de uma sociedade. Torna-se necessário observar a referência a uma "parte" da "trajetória de

vida" de um personagem, os momentos mais significativos de sua vida a "jogar luz ao

coletivo". Esse personagem, situado num agrupamento social, torna-se parte de uma

“sociabilidade” compartilhada por outros.

Nesse tecido social os personagens não estão presos a uma “estrutura social” como

se fossem determinados por um sistema normativo. É necessário pensar na liberdade de que

os sujeitos dispõem. Segundo Giovanni Levi (1996, p. 179-180):

[...] deveríamos indagar mais sobre a verdadeira amplitude da

liberdade de escolha. Decerto essa liberdade não é absoluta:

culturalmente e socialmente determinada, limitada,

pacientemente conquistada, ela contínua sendo no entanto uma

liberdade consciente que os interstícios inerentes aos sistemas

gerais de normas deixam aos atores. Na verdade nenhum

sistema normativo é de fato suficientemente estruturado para

eliminar qualquer possibilidade de escolha consciente, de

Page 12: Da História Da Igreja à História Das Religiosidades No Brasil - Uma Reflexão Metodológica

manipulação ou interpretação das regras, de negociação. Ao

meu ver a biografia é por isto mesmo o campo ideal para

verificar o caráter intersticial – e toda via importante – da

liberdade de que dispõem os agentes e para observar como

funcionam concretamente os sistemas normativos, que jamais

estão isentos de contradições 27

.

É importante atentarmos para as contradições dos sistemas normativos. Sobretudo,

atentar para a fragmentação, a pluralidade dos pontos de vista que tornam todos os sistemas

fluídos e abertos. Para Carlo Ginzburg a cultura é uma jaula, porém, flexível, onde o

sujeito pode exercer a liberdade.

No Nordeste brasileiro encontramos inúmeros exemplos de personagens ligados às

religiosidades que ilustram muito bem esses espaços de liberdade referidos acima por

Giovanni Levi e Carlo Ginzburg. Cabe-se explorar suas trajetórias de vida, ou melhor, ser

conduzidos por elas, para entendermos melhor as diversas religiosidades presentes na

história do nosso imenso país. Um caminho importante é a pesquisa nos arquivos. Sem

documentos o historiador não é historiador.

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