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Daniel Souza Pinto Efeito de um programa de treino funcional na velocidade de remate, saltos, força e potência de jogadoras de andebol Setembro 2015

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Daniel Souza Pinto

Efeito de um programa de treino funcional na velocidade de

remate, saltos, força e potência de jogadoras de andebol

Setembro

2015

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Efeito de um programa de treino funcional na velocidade de

remate, saltos, força e potência de jogadoras de andebol

Dissertação apresentada com vista à obtenção

do grau de Mestre em Treino de Alto

Rendimento Desportivo da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo

do decreto lei nº 74/2006 de 24 de Março.

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Luísa Estriga

Co-orientador: Prof. Doutor Rui Garganta

Autor: Daniel Souza Pinto

Setembro

2015

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III

Ficha de catalogação

Pinto, D.S. (2015). Efeito de um programa de treino funcional na velocidade de

remate, saltos, força e potência de jogadoras de andebol. Porto: D.S. Pinto,

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ANDEBOL; TREINO FUNCIONAL, TREINO RESISTIDO;

PREPARAÇÃO FÍSICA.

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V

Agradecimentos

Um trabalho como este deixa marcas que não podem ser esquecidas. Na

realização deste, um grupo de pessoas se destacou pela incansável e constante

ajuda sem a qual a conclusão talvez não fosse possível. Dessa forma venho

expressar meus sinceros agradecimentos principalmente:

A Doutora Luísa Estriga, pela paciência, disposição, atenção e dedicação

demonstrados na elaboração e orientação do trabalho, além de todo

conhecimento partilhado.

Ao Doutor Rui Garganta, pela disponibilidade, incentivo, colaboração e partilha

de conhecimento ao longo dessa jornada.

A todos aqueles pertencentes as instituições participantes no trabalho,

jogadoras, dirigentes, equipas técnicas e demais envolvidos, meu sincero

obrigado.

Em especial, agradeço ao gabinete de cineantropometria, representado pelo

Doutor José António Ribeiro Maia, ao Laboratório de Biomecânica do Porto

(LABIOMEP), representado pelo Doutor João Paulo Vilas Boas, e as pessoas

pertencentes a estes, pela imensa colaboração prestada.

Aos colegas que ajudaram em alguma parte do trabalho, em especial: Victor

Hugo, Davi, Helder, Bia, Joana, Alexandra, Rui, Ricardo, Alexandre e Duarte. A

participação de vocês foi essencial, minha eterna gratidão.

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VI

Aos meus pais, Danilo e Marília, e irmãos, Mariana e Matheus, meus exemplos

e fontes inesgotáveis de amor e inspiração, por toda a vida. Obrigado por

apoiarem este sonho e ajudarem a construir esta realização. Foi por vocês.

A Fernanda, por todo carinho, compreensão, confiança e apoio. Não foi fácil, e

essa conquista também é sua. Sem você não seria a mesma coisa.

Aos amigos e familiares que estiveram perto ou longe, sempre me incentivando,

muitas vezes abdicando da minha presença, mas nunca deixando de apoiar.

Finalmente, agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram e torceram,

tornando realidade a conclusão deste trabalho!

Minha sincera gratidão a todos vocês.

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VII

Sumário

Agradecimentos ............................................................................................................ V

Sumário ...................................................................................................................... VII

Índice de figuras .......................................................................................................... IX

Índice de tabelas .......................................................................................................... XI

Resumo ..................................................................................................................... XIII

Abstract ..................................................................................................................... XV

Lista de abreviaturas................................................................................................ XVII

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... - 1 -

1.1. Estrutura da dissertação ............................................................................. - 4 -

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. - 5 -

2.1. O andebol ................................................................................................... - 5 -

2.2. O remate no andebol .................................................................................. - 7 -

2.2.1. O treino para aumento da velocidade do remate ............................... - 10 -

2.3. Força e Potência ...................................................................................... - 13 -

2.4. O treino funcional ..................................................................................... - 16 -

3. OBJECTIVO .................................................................................................... - 21 -

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ - 23 -

4.1. Abordagem experimental do problema ..................................................... - 23 -

4.2. Amostra .................................................................................................... - 24 -

4.3. Procedimentos .......................................................................................... - 25 -

4.4. Design do programa de treino .................................................................. - 30 -

4.5. Procedimentos estatísticos ....................................................................... - 34 -

5. RESULTADOS ................................................................................................ - 37 -

5.1. Comparação entre os grupos da amostra ................................................. - 37 -

5.2. Comparação entre os momentos de avaliação ......................................... - 40 -

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VIII

6. DISCUSSÃO ................................................................................................... - 53 -

7. CONCLUSÕES................................................................................................ - 63 -

7.1. Implicações práticas ................................................................................. - 64 -

7.2. Sugestões para futuros estudos ............................................................... - 64 -

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. - 67 -

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IX

Índice de figuras

Figura 1. Tipos de remate no andebol: 1-A) Remate em apoio sem deslocamento (7

metros); 1-B) Remate em apoio com deslocamento; 1-C) Remate em suspensão; 1-D)

Remate de Pivô ........................................................................................................ - 9 -

Figura 2. Design experimental do programa de treino. ............................................ - 23 -

Figura 3. Set-up para o teste de velocidade dos remates. ...................................... - 26 -

Figura 4. Posição do ombro e do braço durante a avaliação isocinética dos rotadores do

ombro. .................................................................................................................... - 29 -

Figura 5. Exercício 1: Remada suspensa no TRX® ................................................ - 31 -

Figura 6. Exercício 2: Agachamento com Kettlebell. ............................................... - 31 -

Figura 7. Exercício 3: Abdominal roller. .................................................................. - 32 -

Figura 8. Exercício 4: Coordenação, agilidade e saltos, com bola de andebol. ....... - 32 -

Figura 9. Exercício 5: Lançamento de bola medicinal para o chão (lançamento em três

direções: esquerda, centro e direita). ...................................................................... - 32 -

Figura 10. Exercício 6: Agachamento pistol com auxílio da cadeira (45cm). ........... - 33 -

Figura 11. Exercício 7: Prancha abdominal isométrica, com apoio no BOSU®, com

alternância do apoio (mãos – cotovelos). ................................................................ - 33 -

Figura 12. Exercício 8: Saltos para cima da caixa. .................................................. - 33 -

Figura 13. Exercício 9: Passe com a bola lastrada (600g) para a parede. .............. - 34 -

Figura 14. Exercício 10: Saltar corda a pés juntos. ................................................. - 34 -

Figura 15. Histogramas exemplificativos à ausência de normalidade na distribuição dos

dados no momento 1 para duas variáveis analisadas (histograma da esquerda -

velocidade de remate dos 7m com bola lastrada; histograma da direita – salto horizontal

bilateral). ................................................................................................................. - 37 -

Figura 16. Comparação da altura dos dois grupos nos três momentos de avaliação.- 40

-

Figura 17. Comparação do peso corporal dos dois grupos nos três momentos de

avaliação. ............................................................................................................... - 40 -

Figura 18. Comparação da distância no salto horizontal bilateral dos dois grupos nos

três momentos de avaliação. .................................................................................. - 43 -

Figura 19. Comparação da distância no salto horizontal com a perna esquerda dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05). ................................................................................................................. - 43 -

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X

Figura 20. Comparação da distância no salto horizontal com a perna direita dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (* ) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05). ................................................................................................................. - 44 -

Figura 21. Comparação da distância no salto triplo dos dois grupos nos três momentos

de avaliação. .......................................................................................................... - 44 -

Figura 22. Comparação da velocidade do remate 7m com a bola normal dos dois grupos

nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa (p<0.05). . -

46 -

Figura 23. Comparação da velocidade do remate 7m com a bola lastrada dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. ................................................................ - 46 -

Figura 24. Comparação da velocidade do remate 9m com a bola normal dos dois grupos

nos três momentos de avaliação (p<0.05). ............................................................. - 47 -

Figura 25. Comparação da velocidade do remate 9m com a bola lastrada dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. ................................................................ - 47 -

Figura 26. Comparação da potência dos rotadores internos do ombro esquerdo dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. ................................................................ - 49 -

Figura 27. Comparação da potência dos rotadores internos do ombro direito dos dois

grupos nos três momentos de avaliação (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05). ................................................................................................................. - 50 -

Figura 28. Comparação do torque dos rotadores internos do ombro esquerdo dos dois

grupos nos três momentos de avaliação (*). Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05). ................................................................................................................. - 51 -

Figura 29. Comparação do torque dos rotadores internos do ombro direito dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05). ................................................................................................................. - 51 -

Figura 30. Exemplo do desenvolvimento ao longo do tempo da velocidade angular (°/s)

durante uma avaliação isocinética dos rotadores do ombro de uma das atletas. Os picos

representam a velocidade angular máxima atingida em cada repetição para rotação

interna (-) e externa (+). .......................................................................................... - 59 -

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XI

Índice de tabelas

Tabela 1. Caracterização da amostra para os 3 momentos de avaliação. .............. - 24 -

Tabela 2. Teste de Mann-Whitney para verificar as diferenças entre os clubes para cada

variável no momento 1. ........................................................................................... - 39 -

Tabela 3. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para as variáveis peso (kg) e

altura (cm) dos clubes 1 e 2. ................................................................................... - 42 -

Tabela 4. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para os saltos horizontal

bilateral, horizontal perna esquerda, horizontal perna direita e salto triplo (cm) dos clubes

1 e 2. ...................................................................................................................... - 45 -

Tabela 5. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para as velocidades (km/h)

de remate (7m e 9m, bola normal e bola lastrada) dos clubes 1 e 2. ...................... - 48 -

Tabela 6. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para a potência (W) dos

clubes 1 e 2. ........................................................................................................... - 50 -

Tabela 7. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para o torque (N.m) dos

clubes 1 e 2. ........................................................................................................... - 52 -

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XII

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XIII

Resumo

O andebol é um dos desportos coletivos mais velozes e intensos. O

treino funcional tem-se popularizado, em complemento ou até

alternativa ao treino físico tradicional, argumentando-se ter uma

maior transferência e aproximação às exigências do jogo. Objetiva-

se estudar a influência de um programa de treino funcional na

velocidade de remate, saltos, potência e força isocinética do ombro

em jogadoras de andebol. Foram envolvidas 54 atletas de dois

clubes, das quais 30 concluíram todas as etapas. Foram constituídos

dois grupos que foram seguidos durante 13 semanas (clube 1: 5

semanas de treino funcional→5 semanas sem intervenção; clube 2:

5 semanas sem intervenção→5 semanas de treino funcional). As

jogadoras foram avaliadas em 3 momentos: (1º) início, (2º) após 5

semanas e (3º) no final do estudo. Foram utilizados os seguintes

instrumentos de avaliação: radar, dinamómetro isocinético e fita

métrica. O treino funcional foi elaborado ajustando-se o mais possível

ao desporto em questão. Apenas no grupo de menor nível de

performance (clube 1) se observaram diferenças estatisticamente

significativas após a implementação do treino funcional, nas variáveis

velocidade do remate com a bola normal, saltos unilaterais, torque e

potência muscular. Os resultados sugerem que o treino funcional

pode melhorar aptidões motoras específicas em grupos menos

treinados e que pode ser uma estratégia adequada para manutenção

de um bom nível de aptidão física ao longo da época, além de ser

relativamente acessível.

PALAVRAS-CHAVE: ANDEBOL; TREINO FUNCIONAL, TREINO RESISTIDO;

PREPARAÇÃO FÍSICA; CONDICIONAMENTO.

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XIV

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XV

Abstract

Handball is one of the most intense and fast team sports. Recently,

functional training has become popular and rises as a complement or

an alternative to traditional physical training, suggesting that it can

promote a greater transference effect and approach to game

demands. Study purpose: to verify the effect of a functional training

program on overhead throwing speed, long jump, isokinetic shoulder

strength and power in female handball players. Fifty-four players from

two clubs were involved, only thirty concluded all stages. Two groups

were organized and then followed for thirteen weeks (club 1: 5 weeks

with functional training→5 weeks without functional training; club 2: 5

weeks without functional training→5 weeks of functional training). The

players were assess in three moments: (1) in the beginning, (2) after

5 weeks, (3) in the end of the program. Measurements instruments:

radar gun, isokinetic dynamometer and a measuring tape. The

functional training program was design intending to adjust as much

as possible their motor tasks to the sport demands. Statistically

significant differences were observe only in the group (club 1) of lower

performance for overhead throwing speed, one-leg jump, muscle

power and torque, after the implementation of the functional training

program. Results suggest that a functional training program can

improve specific motor skills in less trained groups, and can be an

appropriate strategy for maintaining a good level of physical

performance over the season, besides being a relatively affordable.

KEY-WORDS: HANDBALL; FUNCTIONAL TRAINING, RESISTED TRAINING;

STRENGTH AND CONDITIONING.

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XVI

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XVII

Lista de abreviaturas

7m – remate de 7 metros sem deslocamento

9m – remate dos 9 metros com corrida preparatória de 3 passos e suspensão

° - grau

°/s – graus por segundo

cm - centímetro

DP – desvio padrão

g - grama

IPDJ – Instituto Português de Desporto e Juventude

Kg – quilograma

Km/h – quilómetro por hora

m - metro

min - minuto

N.m – Newton metro

RM – Repetição máxima

W - Watt

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XVIII

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- 1 -

1. INTRODUÇÃO

O andebol é um dos desportos coletivos mais rápidos, caracterizado por muitas

repetições de saltos, sprints, mudanças de direção, contato corporal intenso e

padrões técnicos muito específicos (Karcher & Buchheit, 2014). É considerado

um esforço de natureza intermitente e extenuante, pois realizam-se esforços

máximos em curtos períodos de tempo, sendo necessários requisitos

antropométricos específicos, habilidades técnicas, conhecimento tático e

desempenho físico (Krüger et al., 2014). De acordo com o estudo de Granados

et al. (2013) os jogadores de andebol de elite devem ter bons níveis de força e

potência muscular para realizar as ações envolvidas no jogo e suportar a

realização destas ações durante algum tempo. Apesar dos vários contributos no

sentido de se caraterizar a natureza do esforço físico do andebol, estes

apresentam ainda muitas limitações metodológicas.

No que concerne a medição do esforço físico real em modalidades como o

andebol, que incluem muito contato físico, a realização destas avaliações são

restritas por conta de imposições regulamentares e técnicas do jogo, limitando

assim, as possibilidades dos investigadores (Aguiar, 2014). Em atividades

outdoor, como o futebol, e hóquei de campo (Casamichana et al.2012; Gabbett,

2010), tem se utilizado o GPS (global positioning system), mas a transição para

o ambiente indoor, dificulta as aferições e limita a utilização deste tipo de

dispositivo.

Compreender as exigências deste desporto se faz relevante por diversos

motivos. Karcher & Buchheit (2014) citam que este entendimento é fundamental

para o desenvolvimento de programas de treino específicos e bem estruturados

técnica, tática e fisicamente, tanto para atletas de topo quanto em processo de

formação. Ziv & Lidor (2009) mencionam que profissionais da área do desporto

devem ter acesso a parâmetros físicos dos atletas de sua modalidade para que

possam planear os treinos da melhor forma, além deste conhecimento ser

também benéfico para a realização de avaliações e controle do treino.

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- 2 -

Num estudo de revisão acerca dos fatores que afetam a performance em atletas

de andebol feminino (Manchado et al. 2013) sugere-se que as características

antropométricas, nomeadamente o tamanho corporal, a massa livre de gordura

e a percentagem de gordura corporal, parecem ser decisivas na obtenção de

níveis elevados de desempenho. Relativamente às capacidades físicas, Vila et

al. (2012) e Granados et al. (2013) referem que a força explosiva e força máxima

dos membros inferiores e superiores são exigências preponderantes em um

andebolista de elite. É neste contexto que Manchado et al. (2013) sugerem que

devem ser priorizados exercícios direcionados para força muscular e potência

para aumentar a massa magra e também os níveis de força explosiva, essencial

em inúmeras ações do jogo, sendo um factor descriminante do nível de prática

das jogadoras. De fato percebe-se que existe ainda um deficit de estudos sobre

indicadores de performance do jogo de andebol, particularmente sobre

programas de treino físico, estratégias de treino e estudos experimentais.

Embora o treino resistido seja apontado como eficaz na melhoria da capacidade

atlética e no aumento da força (ACSM, 2009), de acordo com Kraemer et al.

(1998) parece redutor assumir que este por si só promove melhorias na

performance de modalidades com exigências distintas. Para que tal aconteça é

necessário que o treino tenha em consideração a força geral e específica exigida

pela modalidade, promovendo-se uma aproximação entre as exigências dos

exercícios em contexto de treino e as condições de aplicação da força em

situação de competição (Kraemer et al., 1998). A especificidade é um princípio

sobejamente reconhecido da fisiologia do exercício (Cress et al. 1996) e um dos

conceitos mais básicos a aplicar em programas de treino (Baechle & Earle,

2008).

Com efeito, o treino funcional tem-se vindo a popularizar na medida que se

organiza objectivando treinar capacidades físicas associando o contexto de

treino e as exigências impostas nas tarefas desportivas ou diárias (Boyle, 2004).

Este vem sendo considerado um meio alternativo ao treino mais tradicional para

melhorar várias componentes físicas (Weiss et al. 2010).

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- 3 -

Originalmente o treino funcional foi desenvolvido para prevenir e “parcialmente

curar” problemas motores funcionais e globais em idosos (Tomljanović et al.,

2011). Suas ideias e conceitos parecem ser cada vez mais adotados na

preparação física e desportiva de atletas das mais diversas modalidades,

estendendo-se ao domínio da prevenção de lesões musculares e ligamentares

(Tomljanović et al., 2011).

Um dos percursores do treino funcional, Boyle (2004) defende que deve-se

pensar neste tipo de treino como um promotor de melhoria da performance e não

apenas centrado no aumento da força por si só. Um programa de treino baseado

em ações que não ocorrem nas situações desportivas reais não é coerente,

sendo mais relevante centrar-se no desenvolvimento de algo que prepare os

atletas para o que vai ser feito em seu respetivo desporto, utilizando músculos e

movimentos que ajudem a diminuir a incidência de lesões e melhorem seu

desempenho (Boyle, 2004).

Contudo, são ainda escassos os estudos que visem esclarecer as vantagens e

limitações deste tipo de treino em alto rendimento desportivo (Tomljanović et al.,

2011), tendo sido maioritariamente desenvolvidos com populações da terceira

idade (de Vreede et al., 2005; Lagally et al., 2009; Milton et al., 2008; Weiss et

al., 2010; Whitehurst et al., 2005).

Acrescer que, e tal como referem Manchado et al. (2013), existe clara

necessidade de um maior número de estudos na área do treino resistido em

atletas de andebol feminino e também de pesquisas intervencionistas, com o

intuito de verificar como diferentes regimes de treino de força atuam sobre

fatores de desempenho específicos do andebol.

Desse modo, o presente estudo objetiva investigar os efeitos de um programa

de treino funcional específico para o andebol, na melhoria de indicadores de

rendimento de jogadoras de andebol, nomeadamente na força e potência

muscular, capacidade de salto e velocidade de remate.

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- 4 -

1.1. Estrutura da dissertação

A dissertação foi estruturada em oito capítulos, alguns deles subdivididos em

subcapítulos, onde são abordados assuntos referentes ao estudo.

No primeiro capítulo, introdução, são abordados caracterizações gerais sobre

os principais temas que sustentam este trabalho. Há uma breve caracterização

da modalidade, a natureza do esforço e as principais características e

necessidades. Também é abordado o treino funcional, sua fundamentação e

princípios.

No segundo capítulo é apresentada uma revisão de literatura acerca dos

assuntos relacionados a temática do estudo, que respaldam o objetivo desta

investigação, apresentada no capítulo três, assim como os procedimentos

metodológicos envolvidos, que são apresentados no capítulo quatro. Neste

último, é apresentada a abordagem experimental que foi adotada no estudo,

dados referentes a amostra, os testes utilizados para avaliar as atletas e os

procedimentos aplicados, a configuração do programa de treino desenvolvido e

os métodos estatísticos efetuados.

Os resultados são descritos no capítulo cinco, onde são apresentadas as

comparações entre os dois grupos pertencentes a amostra e também

comparações realizadas entre os períodos nos quais realizaram-se as

avaliações. Estes resultados foram interpretados e discutidos no capítulo seis,

fundamentados pelo quadro conceptual descrito e em artigos encontrados nas

principais bases de dados. Cabe ressaltar a dificuldade durante esta etapa

baseado no fato de que não se encontram muitos estudos com as mesmas

características, principalmente se relacionarmos treino funcional e andebol.

No sétimo capítulo são descritas as conclusões obtidas, levando em

consideração o objetivo central do estudo, seu caráter experimental, exploratório

e inovador, além das implicações que podem ser transferidas para a prática e

algumas sugestões para futuras investigações.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O andebol

O andebol é um desporto Olímpico e profissional, jogado em todo o mundo,

sendo um dos mais populares desportos coletivos (Ziv & Lidor, 2009). De acordo

com dados da International Handball Federation (IHF), são membros 167

federações, cerca de 19 milhões de jogadores cadastrados em 800 mil equipas

(Ingebrigtsen, et al., 2013) e julga-se que estes dados são justificados pelo

progressivo aumento da profissionalização da modalidade nos anos precedentes

(Manchado et al. 2013).

Apenas no ano de 1975, um ano antes da inserção oficial nos Jogos Olímpicos,

o andebol feminino começou em Portugal, sendo um dos desportos mais

praticados atualmente no país (Estriga, 2012). Segundo o Instituto Português de

Desporto e Juventude (IPDJ, 2015), em 1996 havia um total de 17 386 jogadores

registados, número que chega a 50 114 no ano de 2014. Nas mulheres este

crescimento se torna ainda mais notável, visto que em 1996 eram somente 4 418

registos (25.4% do total) e em 2014 este número atinge 19 828 (39.5% do

número de registos). A popularidade do jogo vem notadamente aumentando e

isso acredita-se originar do seu apelo intrínseco – ação constante, ritmo veloz e

vigorosos contactos corporais (Wallace & Cardinale, 1997).

O andebol é um jogo de invasão tempo-dependente (Volossovitch, 2013), sendo

considerado uma atividade intermitente e de alto impacto (Delamarche et al.

1987). Concretamente, é caracteriza por repetidas acelerações e frenagens,

saltos e remates consecutivos, diversos sprints e mudanças de direção, além de

intenso rigor físico, caracterizado por contatos corporais acentuados entre os

jogadores (Ronglan et al., 2006). Os mesmos autores referem que em atletas de

alto nível de rendimento, estas ações devem ser realizadas em máxima

intensidade durante toda a partida, visando superar os adversários e atingir o

sucesso no jogo.

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- 6 -

Em 1995, visando diminuir a violência do jogo e incrementar o espetáculo na

modalidade, foram introduzidas algumas alterações nas regras do jogo (Seco,

2006). Em consequência destas mudanças, os autores têm vindo a argumentar

que o jogo de andebol é hoje mais intenso e exigente fisicamente (Michalsik et

al., 2013). As principais mudanças foram: (1) reposição rápida do centro, após

um golo; (2) maior amparo a interpretação da lei da vantagem; (3) nova

interpretação do jogo passivo; (4) permissão de inscrição de 14 atletas em cada

partida; (5) melhor compreensão a respeito das sanções disciplinares, suas

progressões e qualificações; (6) considerações acerca da falta do atacante para

sua melhor interpretação.

A ideia de que o jogo de andebol atual impõe uma exigente preparação física é

consensual entre investigadores e técnicos da modalidade. Não obstante,

desconhecem-se estudos que tenham sido capazes analisar com rigor as

eventuais mudanças ocorridas na última década.

Acresce notar que alguns autores têm colocado muita ênfase na necessidade do

jogador de andebol dominar uma ampla variedade de habilidades para se chegar

ao alto rendimento (Ingebrigtsen et al., 2013).

No sentido de se perceber as características que distinguem os jogadores que

mais sucesso obtém na modalidade, os estudos têm revelado que os jogadores

de elite apresentam maior peso corporal, mais massa livre de gordura, idades

mais elevadas e mais tempo de treino, altos índices de força e potência muscular

e também de velocidade do remate são características que diferenciam atletas

de elite de outros atletas com menores níveis de performance (Gorostiaga et al.

2005).

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- 7 -

2.2. O remate no andebol

O remate é uma habilidade motora complexa que objetiva realizar um golo,

geralmente finalizando uma fase ofensiva do jogo de andebol (Laffaye et al.,

2012). É inequivocamente uma das competências mais importantes no andebol

(Gorostiaga et al. 2005; Hermassi et al. 2015; Krüger et al. 2014; Marques et al.

2007; Wallace & Cardinale, 1997), em especial porque da sua eficácia resulta o

sucesso do jogo de ataque de uma determinada equipa.

Os jogadores utilizam várias técnicas de remate (Figura 1A – D), que se diferem

em relação ao movimento dos membros inferiores (Wagner et al. 2011) e que

em contexto de jogo se relacionam com vários aspetos, incluindo a posição do

rematador em campo, preparação prévia, atuação defensiva (defensores e

guarda-redes), grau de competência técnica e estratégica do rematador, entre

outros.

No estudo de Bayios & Boudolos (1998) foram descritas diferenças na

velocidade e precisão de diversos tipos de remates de jogadores de elite gregos.

Foi apontado que as maiores velocidades ocorreram para o remate em apoio

com deslocamento (Figura 1-B), seguido do remate em apoio sem deslocamento

(Figura 1-A) e por fim o remate em suspensão (Figura 1-C).

Wagner et al. (2011) categoriza quatro tipos básicos de remate. O remate em

apoio sem deslocamento (Figura 1-A) é realizado normalmente durante os livres

de 7 metros (m), em que o pé dianteiro se mantem em contacto com o solo e

não há deslocamento. No remate em apoio, com deslocamento (Figura 1-B), um

pé é fixado no chão após um deslocamento de aproximação (também chamado

“remate na passada”). O remate com salto (Figura 1-C) implica a execução de

um salto realizado com uma das pernas após um deslocamento de aproximação.

No remate do pivô, o jogador tipicamente salta com ambas as pernas, após rodar

no sentido da baliza (dado que joga maioritariamente de costa para a baliza)

(Figura 1-D).

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Não obstante, a grande variedade de remates que se podem observar, os

estudos têm-se centrado em dois grandes tipos de remate: em apoio (com e sem

corrida preparatória) e remate em suspensão (Gorostiaga et al., 2005; Van den

Tillaar & Ettema, 2004a; 2007; Rivilla-Garcia et al. 2011; Wagner & Müller, 2008).

Relativamente ao remate em suspensão, Wagner et al. (2008) observaram que

esta técnica era utilizada na grande maioria das situações de finalização (73-

75% dos casos estudados).

Não obstante o cariz técnica-tático do remate, a velocidade é uma das

componentes a que os investigadores e técnicos dão maior importância. De

facto, quanto maior for a velocidade da bola menor será o tempo que os

defensores e o guarda-redes terão para defenderem a baliza. Acresce realçar

que a velocidade da bola no remate é dependente da técnica utilizada,

sequências e timing das ações dos segmentos corporais (flexão e rotação do

tronco, flexão do ombro, extensão do cotovelo e utilização do punho), assim

como da força e potência muscular (Van den Tilaar & Ettema, 2007).

Saeterbakken et al. (2011) sugerem, ainda, que a força do core possui uma

importante funcionalidade em movimentos multi-segmentares, como o remate,

conectando as extremidades do corpo, recebendo, adicionando e transferindo

energia para os segmentos distais.

No estudo de Van den Tillaar & Ettema (2004a) concluiu-se que em média, 67%

(±9%) da velocidade da bola no remate em apoio sem deslocamento (remate de

7m) é explicada pela contribuição dos movimentos de extensão do cotovelo e da

rotação interna do ombro. De acordo com Wagner & Muller (2008), deve-se

otimizar o movimento do remate, aprimorando sobretudo a velocidade de

movimento do ombro, cotovelo e punho.

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Figura 1. Tipos de remate no andebol: 1-A) Remate em apoio sem deslocamento (7

metros); 1-B) Remate em apoio com deslocamento; 1-C) Remate em suspensão; 1-D)

Remate de Pivô (Wagner et al. 2011, p. 74).

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Wagner et al. (2010) estudaram o remate em suspensão, de jogadores de

andebol de diferentes níveis de performance, desde jogadores de elite (seleção

nacional austríaca) até jogadores com pouca experiência (novatos com pouca

ou nenhuma experiência em competições), com base na análise cinemática em

3 dimensões. Os autores concluíram que atletas mais altos e com maiores pesos

corporais conseguiam rematar com mais velocidade e que o aumento da

velocidade angular nos movimentos de flexão do tronco, rotação do tronco e

rotação interna do ombro devem promover aumento da velocidade do remate.

Ainda de acordo com os mesmos autores, os movimentos do tronco (flexão e

rotação) são importantes para a melhora do desempenho no remate em

suspensão de jogadores pouco experientes, sendo estes movimentos de fácil

adoção nos treinos.

Para Ettema et al. (2008), a força é um importante parâmetro na performance

desportiva, particularmente durante ações explosivas, e o remate é um singular

exemplo de ação explosiva na qual velocidade e força desempenham papéis

relevantes. Os mesmos autores referem que através de ambas as adaptações

musculares neurais ou hipertróficas, a capacidade de produzir força é

aperfeiçoada por meio do treino resistido.

2.2.1. O treino para aumento da velocidade do remate

Em desportos em que movimento de lançamento desempenha uma importante

função, como no caso do andebol, atletismo (lançamento de dardo), beisebol e

polo aquático, o treino resistido tem-se revelado útil na melhoria da velocidade

de execução da habilidade em causa (Gorostiaga et al., 1999; Lachowetz, et al.,

1998; Marques et al., 2012; McEvoy & Newton, 1998). Nestes desportos grande

realce é dado em tornar os atletas mais rápidos, isto é, adaptar a dinâmica

intrínseca do músculo a fim de que este produza movimentos mais rápidos (Van

den Tillaar, 2004). A propósito de diferentes protocolos de treino, com vista à

melhoria da performance do remate, o mesmo autor faz notar a importância da

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aplicação do princípio da sobrecarga como promotor das adaptações

pretendidas e do princípio da especificidade, no qual o movimento principal que

constitui o programa de treino deve ser similar ao executado em competição.

Contudo existem distintas opiniões sobre a maneira como a especificidade e a

sobrecarga deve ser implementada nos treinos. Uma das perspectivas centra-se

no treino com sobrecarga de força, podendo ser realizado com utilização de

bolas mais pesadas. Uma outra perspectiva é a do treino com sobrecarga de

velocidade, no qual implementos com menos peso são usados, como é o caso

do treino com bolas mais leves (Van den Tillaar, 2004).

Van den Tillaar (2004), com base na revisão da literatura, conclui que não há

ainda uma clara resposta sobre qual é o tipo de treino que é mais benéfico para

aumentar a velocidade do remate. Contudo, os resultados do trabalho

experimental realizado pelo autor revelaram que a velocidade de remate é

afetada positivamente após um engajamento em protocolos de treino resistido

para membros superiores ou treino resistido específico (utilização de bolas mais

leves ou pesadas), com duração de pelo menos cinco semanas, e frequência de

três vezes por semana. O autor (Van den Tillaar, 2004) refere ainda que é

importante que a experiência do atleta seja levada em consideração para se

maximizar os resultados. Atletas com pouca experiência devem realizar

programas de treino resistido geral e treinos de remate para gerar resultados

positivos. Para atletas experientes, o treino com bolas leves (sobrecarga de

velocidade) deve promover bons resultados, mas é necessário que estes

estejam com bom condicionamento físico antes de ingressarem nesse tipo de

programa (Van den Tillaar 2004).

Alguns estudos buscam compreender a relação entre diferentes protocolos de

treino para promover a melhora no remate e em outros indicadores físicos, como

força máxima, potência de membros e velocidade do remate.

Hermassi et al. (2015) compararam os efeitos de um programa de treino resistido

específico (usando uma bola medicinal de 3 kg) comparativamente a treinos

regulares de remate (utilizando bolas normais de andebol) na velocidade do

remate em três situações distintas (em apoio sem deslocamento, em apoio com

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deslocamento e com salto), antropometria (massa corporal, percentual de

gordura e volume muscular), força máxima (1 repetição máxima – RM, nos

exercícios supino e pullover) e potência (lançamento por cima da cabeça de bola

medicinal de 3 kg) de atletas de andebol de elite. O programa era realizado 3

vezes por semana, durante 8 semanas, em período competitivo. Para o grupo

que realizou o treino resistido específico com bola medicinal, os indicadores de

potência e força máxima obtiveram melhorias significativas, houve aumento de

massa muscular e diminuição do percentual de gordura corporal, e aumento da

velocidade de remate nas três situações. O treino com bolas regulares de

andebol promoveu benefícios na melhoria do indicador de potência, houve

aumento de massa muscular e incremento significativo da velocidade de remate,

mas apenas para o remate com salto. Para que houvesse uma aproximação da

carga total de remates, o grupo que realizou o treino específico com a bola

regular realizava maior número de repetições por sessão do que o grupo que

realizou o treino resistido específico com bola medicinal.

No estudo de Raeder et al. (2015) foi verificado o efeito de 6 semanas de treino

com bolas medicinais na velocidade e precisão de remate e também na força

isocinética dos rotadores do ombro em jogadoras de andebol. As atletas

treinavam 3 vezes por semana, um programa de exercícios, realizados no final

do treino de andebol, sendo constituído por: um aquecimento standard composto

por mobilização articular, exercícios para os membros superiores, mais

especificamente para os ombros, realizados com elásticos e uma série de

lançamentos, com diferentes padrões (frontais, laterais, diagonais, bilaterais,

unilaterais), com bolas medicinais e posteriormente com a bola de andebol.

Como conclusão do estudo, os autores recomendam a utilização do treino com

bolas medicinais pois este foi responsável pelo aumento da velocidade de

remate nos testes, assim como na força isocinética dos rotadores do ombro, mais

especificamente na rotação interna do braço dominante a 180°/s. Os autores

sugerem que este tipo de treino possui boa transferência para o movimento

desportivo em si, devido a uma proximidade entre as habilidades motoras

exercitadas, e ainda porque são realizadas de forma explosiva e contra uma

resistência.

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Em outro estudo, Hermassi et al. (2010) compararam o efeito de um programa

de treino resistido com intensidades diferentes na expressão da força máxima,

antropometria, velocidade de remate e relação força-velocidade, nos membros

inferiores e superiores avaliada num ergómetro. Para um grupo a intensidade do

treino era moderada (55-75% de 1RM) e para outro era intenso (80-95% de

1RM). Foram realizadas 2 sessões de treino por semana, durante 10 semanas.

Em ambos os grupos foram verificados resultados positivos para os testes de

força-velocidade, força máxima e velocidade de remate (remate com o atleta

fixado a uma cadeira e no remate em apoio com deslocamento), sendo que no

grupo que treinou com maior intensidade, os resultados foram significativamente

melhores nos indicadores de força máxima e velocidade de remate em ambas

situações.

Chelly et al. (2014) realizaram um estudo no qual avaliaram o efeito de 8

semanas de treino pliométrico para membros superiores e inferiores em vários

indicadores de performance, como velocidade de remate, sprints, volume

muscular, saltos e potência. O programa de treino pliométrico era realizado duas

vezes por semana e era composto por exercícios para membros inferiores, o

drop jump e o salto sob barreiras, já para membros superiores o exercício

utilizado foi o push-up pliométrico. Verificou-se que este tipo de treino promoveu

melhorias significativas nas variáveis estudadas , tais como potência e volume

muscular, capacidade de salto e também velocidade de remate com diferentes

padrões de execução (remate em apoio sem deslocamento, remate em apoio

com deslocamento e remate em suspensão)

2.3. Força e Potência

Ambos os termos força e potência são largamente utilizados para referir

capacidades essenciais que contribuem para esforços humanos máximos tanto

no desporto e em outras atividades físicas (Beachle & Earle, 2008).

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A capacidade de produzir altos índices de força contra grandes resistências,

assim como gerar grande quantidade de força num curto espaço de tempo são

atributos importantes em diversos desportos (Young, 2006). É possível encontrar

na literatura científica diversos autores que buscam definir o que são força e

potência e ainda sua relação com o treino desportivo.

De acordo com Bompa (1999), a força pode ser classificada em geral e

específica: a classificação da força geral refere-se ao suporte de todo programa

de treino de força, já a força específica é a força dos músculos que atuam nas

execuções de movimentos de um desporto determinado. Silva (2014) diz que na

maioria dos desportos compreender a classificação da força é essencial para

direcionar da melhor maneira o treino, tendo em consideração que modalidades

diferentes tem uma caracterização diferente do esforço e uma expressão

diferente de força.

De acordo com Beachle & Earle (2008), força pode ser interpretada de acordo

com a segunda Lei de Newton, como a capacidade física resultante do produto

da massa pela aceleração. Os mesmos autores, além de outros, citam Knuttgen

& Kraemer (1987) que definem força muscular como a quantidade máxima de

força que um músculo ou grupo muscular pode gerar num padrão específico de

movimento, para determinada velocidade. Powers & Howley (2005) estabelecem

força muscular como a força máxima que um músculo ou grupo muscular

consegue gerar, e normalmente é expressa por 1RM (1 repetição máxima). Komi

(2003) utiliza o termo força para identificar a força máxima ou torque que pode

ser desenvolvido pelos músculos durante um movimento particular. Chandler &

Brown (2008) referem que a força muscular está dependente do sistema

nervoso, isto é da sua capacidade de recrutamento de unidades motoras e a da

capacidade contrátil das fibras musculares.

Na perspetiva desportiva, usualmente os atletas são solicitados a gerar grandes

níveis de força em espaços de tempo muito curtos, razão pela qual a expressão

da potência muscular é essencial (Chandler & Brown, 2008). Também, Kraemer

& Newton (2000) referem ser vital para a performance desportiva a capacidade

de produzir grandes forças em curtos períodos de tempo.

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Kraemer & Newton (2000) definem potência como o produto da força pela

velocidade do movimento. Komi (2003) faz referência a essa capacidade como

sendo a taxa de execução de trabalho ou a taxa de transformação do potencial

energético em trabalho ou em calor. Beachle & Earle (2008) estabelecem que

potência é a habilidade de produzir força a grandes velocidades.

Para Chandler & Brown (2008) a potência é o trabalho dividido pelo tempo, de

uma forma mais prática, a potência aumenta quando se realiza maior trabalho

na mesma quantidade de tempo, ou o mesmo trabalho em menor tempo. Os

mesmos autores referem como contribuições neuromusculares para a potência

muscular máxima a taxa de desenvolvimento de força (rate of force

development), a força muscular em diferentes velocidades de contração do

músculo, a performance do ciclo estiramento-encurtamento e o padrão e

coordenação do movimento. Kraemer & Newton (2000) também consideram a

potência como um fenómeno multifatorial, dependendo de força muscular em

velocidades altas e baixas, taxa de desenvolvimento de força, perícia,

coordenação motora intermuscular e capacidade de realização do ciclo

estiramento-encurtamento.

O treino da força, que pode também ser chamado treino contra resistência ou

treino com pesos, transformou-se numa das principais e mais populares

maneiras de uma pessoa melhorar sua aptidão física, incluindo para atletas que

buscam melhorar seu condicionamento físico (Fleck & Kraemer, 2006), sendo

uma componente essencial nos programas de condicionamento de quase todos

os desportes (Kraemer et al., 1998).

Segundo Kraemer & Ratamess (2004) o treino contra resistência, que se tornou

mais popular nos últimos vinte anos, é responsável por melhorar a capacidade

atlética, devido ao desenvolvimento de diversos fatores como: força, potência,

velocidade, resistência, equilíbrio e coordenação. Os mesmos autores sugerem

que para o sucesso de qualquer programa de treino, um fator chave é um design

apropriado do programa de acordo com o objetivo e a supervisão de um

profissional habilitado.

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Como já foi dito, força e potência são qualidades relevantes em vários desportos,

pelo que o treino resistido se tornou uma componente importante da preparação

física visando alto rendimento (Young, 2006). O treinamento resistido, em uma

visão moderna, é uma ferramenta do desporto, usada para melhorar a

performance atlética e auxiliar na prevenção e reabilitação de lesões (Kraemer

et al., 1998). Os autores propõem que o treino resistido para atletas deve ser

individualizado para equiparar-se às demandas da modalidade ou até mesmo de

um posto específico, respeitando assim um dos princípios básicos do treino

desportivo, o princípio da especificidade. Este tipo de treino é usualmente

prescrito em contexto desportivo, pela capacidade de aumentar a força

muscular, devido a melhorias nas funções neurais, ou seja, aumento do

recrutamento motor e frequência dos disparos nervosos, e aumento da

capacidade de produção de força das fibras, em virtude de aumento da área de

secção transversa do músculo (Chandler & Brown, 2008).

Força e potência muscular são adaptações decorrentes de exercícios resistidos,

especificamente para os músculos treinados, ação muscular realizada,

angulação articular e velocidade de contração (Kraemer et al. 1998). Os autores

afirmam também que é necessário identificar as demandas específicas de cada

tarefa desportiva para que associado ao treino resistido, os possíveis benefícios

sejam traduzidos em benefícios no desempenho atlético.

2.4. O treino funcional

O treino funcional tem aumentado a sua popularidade nos últimos anos e

permanece em processo de crescimento.

Boyle (2004) refere que o treino funcional visa treinar determinados movimentos

diretamente relacionados com o seu contexto de aplicação e não apenas treinar

músculos de forma analítica ou isolada. O mesmo autor refere-se ao treino

funcional como uma vasta gama de exercícios que ensinam o desportista a

utilizar o peso de seu corpo nos vários planos de movimento e de forma global.

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Os programas tradicionais de treino físico com recurso a máquinas de

musculação consubstanciam formas de exercitação que isolam determinado

músculo ou grupamento muscular, e normalmente restringem o movimento a um

único plano de movimento, promovendo uma transferência menos proveitosa

para as atividades desportivas e da vida real (Whitehurst et al, 2005). No caso

do treino funcional objetiva-se uma abordagem diferente, buscando a integração

multiarticular nas ações, em variados planos. O corpo deve trabalhar de forma

global para desenvolver tanto as competências condicionais como as

coordenativas.

Neste tipo de treino utiliza-se informações com respaldo científico para melhor

selecionar exercícios que diminuam a incidência de lesões e melhorem a

performance (Boyle, 2010). O mesmo autor questiona o treino de músculos e

movimentos que não tenham uma íntima relação com o desporto em si, sendo

apologista da construção do treino com base naquilo que o atleta realiza

efetivamente durante sua prática desportiva, aproximando o que se faz no treino

das situações desportivas reais.

Os movimentos naturais do ser humano, ou seja, deslocamento/locomoção,

mudanças de nível, puxar/empurrar e rotações (Santana, 2002) servem como

base do treino funcional, devido a sua essência global e multiplanar (Lagally et

al., 2009; Weiss et al., 2010).

Além do foco em movimentos globais, executados maioritariamente de pé, e em

vários planos e articulações, Boyle (2004) refere que no treino funcional uma das

maiores preocupações é exercitar e desenvolver alguns músculos que possuem

importante função de estabilização. Dentre eles, há três grupos musculares que

são chaves: abdominais profundos (transverso abdominal e oblíquo interno),

abdutores e rotadores da anca, e estabilizadores da escápula.

O treino funcional ainda é um tema pouco abordado em artigos de natureza

científica, sendo necessário mais estudos centrados nos efeitos desse tipo de

treino e em diferentes amostras e contextos (Weiss et al., 2010). A maioria dos

estudos envolve populações com mais idade, ou que possuem algum problema

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de saúde específico, sendo raros os casos em que a amostra é composta por

jovens com uma condição física bem desenvolvida (Tomljanović et al., 2011).

Heinrich et al. (2012) compararam os efeitos de oito semanas de um programa

de treino funcional com um programa tradicional de condicionamento físico,

utilizado por militares norte-americanos na preparação dos soldados.

Participaram no estudo dois grupos, um experimental, que realizava um

programa de treino funcional, chamado Mission Essential Fitness (MEF) e um

grupo controle, que realizava um programa padrão tradicional das forças

armadas norte-americanas nomeado Army Physical Readiness Training (APRT).

Ambos os grupos realizaram quinze sessões de treino, sendo que o grupo MEF

executava o circuito funcional em quarenta e cinco minutos, enquanto o grupo

APRT tinha duração média de sessenta minutos em seus treinos. Foi verificado

que o circuito com exercícios funcionais promoveu ganhos estatisticamente

significativos nos testes de resistência (Push-up test), força muscular (1RM,

Bench Press), capacidade cardiorrespiratória (frequência cardíaca durante o

step test) e flexibilidade (Sit & reach), sustentando assim a sua utilização.

Tomljanović et al. (2011) recorreram a uma amostra de jovens treinados e

compararam o efeito de cinco semanas de dois diferentes tipos de treino

resistido: funcional e tradicional. Foram avaliadas variáveis antropométricas,

agilidade, sprints e força explosiva. Os resultados revelaram que o treino

funcional foi responsável por incrementos estatisticamente significativos nos

resultados dos testes de agilidade (hexagon test) e de força explosiva dos

membros superiores, esta última avaliada através do teste de lançamento de

bola medicinal. Por sua vez, o treino tradicional correlacionou-se com a melhoria

da performance nos testes de agilidade e de força explosiva ao nível dos

membros inferiores, tendo esta sido avaliada com base no recorrido

countermovement jump test .

Kibele & Behm (2009) compararam sete semanas de treino sob superfícies

instáveis e estáveis, numa amostra de jovens destreinados, tendo-se observado

que ambos os treinamentos promoveram melhorias significativas nos testes de

salto, força, agilidade, equilíbrio e resistência da musculatura abdominal. No

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entanto, o treino em superfícies instáveis revelou estar positivamente

relacionado com o aumento do número máximo de sit-ups executados durante

40 segundos. De acordo os autores, esta evidência estatística foi justificada pela

grande ativação da musculatura do core em situações de instabilidade.

Relativamente ao equilíbrio, ocorreu uma melhoria no tempo de execução do

teste de saltos unilaterais em 20 metros e acredita-se que isto advém dos

mecanismos propriocetivos, ativados quando se treina em situações de

desequilíbrio.

Weiss et al. (2010) compararam o efeito de sete semanas de um treino resistido

funcional com o treino resistido tradicional, tendo utilizado uma amostra de

jovens adultos. Os autores concluíram que ambos os programas promoveram

ganhos estatisticamente significativos relativamente a resistência muscular,

força e equilíbrio, variáveis normalmente associadas a programas tradicionais de

treinamento físico.

Saeterbakken et al. (2011) estudaram o efeito de um programa de treino físico

baseado na estabilização do core, na velocidade do remate de jogadoras de

andebol norueguesas em idade escolar (16.6±0.3 anos). O programa foi

realizado duas vezes por semana, durante um total de 6 semanas e sendo

composto por 6 exercícios. Cada um dos exercícios possuía 3 níveis de

dificuldades, progressivamente alcançados pelas atletas que executavam os

movimentos corretamente. Concluiu-se neste trabalho que o programa de treino

baseado na estabilização dos músculos do core foi responsável por

aproximadamente 5% de aumento na velocidade do remate, medida através de

células fotoelétricas.

Em termos gerais, os estudos analisados sugerem que o treino funcional pode

ser benéfico na melhoria de alguns parâmetros de natureza fisiológica ou motora.

Não obstante, desconhece-se qual impacto deste tipo de abordagem em atletas

de uma determinada modalidade, uma vez que os estudos foram realizados

maioritariamente com jovens não atletas.

Acresce notar que a maioria dos estudos centram-se apenas no efeito de

determinados exercícios ou métodos de treino resistido (bola medicinal, core

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training, treino em instabilidade). Por sua vez, o treino funcional promove uma

abordagem mais global, diversificada e completa com recurso a uma grande

variedade e possibilidade de combinação de exercícios e de métodos, cabendo

ao treinador fazer uma escolha criteriosa em função das exigências da

modalidade e ao nível de preparação dos praticantes.

Segundo Ziv & Lidor (2009), os treinadores devem ter em mente o conceito de

especificidade quando desenvolvem um programa de condicionamento físico

para atletas, sendo este princípio de grande importância. Wagner et al. (2014)

cita alguns autores (Marques, 2010; Van den Tillaar & Marques, 2013; Marques

et al. 2013; Wagner & Muller, 2008; Bucheit et al, 2009) que sugerem que para

haver melhorias na performance individual devem ser realizados exercícios

básicos de força e potência, exercícios específicos de potência com bolas

medicinais leves e pesadas, saltos multi-direcionais, exercícios de rotação e

estabilização do tronco, treino de coordenação motora e agilidade, gerais e

específicos.

Apesar de se encontrarem cada vez mais adeptos do treino funcional e deste ser

tema frequente de cursos de formação de treinadores, nomeadamente de

andebol, desconhece-se estudos que fundamentem a sua utilização ou sequer

programas especificamente desenvolvidos e validados para o andebol.

Acresce ainda que autores (Milton et al., 2008; Raeder et al., 2015; Weiss et al.,

2010) enunciam que este tipo de treino tem a vantagem de ser de fácil

implementação, não requerendo um elevado investimento financeiro, sendo,

portanto, acessível a qualquer nível de prática ou condição financeira.

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3. OBJECTIVO

O presente estudo objetiva investigar os efeitos de um programa de treino

funcional nos níveis de força e potência muscular, capacidade de salto e na

velocidade de remate em jogadoras de andebol portuguesas.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Abordagem experimental do problema

Para verificar os efeitos do treino funcional, as jogadoras de andebol envolvidas

foram seguidas durante 13 semanas, organizadas em dois períodos distintos,

com e sem a aplicação de um programa de treino funcional.

O trabalho foi realizado durante o período competitivo, entre os meses de

setembro e de dezembro de 2014. As jogadoras foram submetidas a três

momentos de avaliação, (1º) no início do estudo, (2º) no final do primeiro período

e (3º) no final do segundo período. Após a primeira avaliação as jogadoras foram

divididas em dois grupos, tendo em conta o clube que representavam na época

em causa. Subsequentemente seguiram orientações distintas: um grupo foi

submetido a um programa de treino funcional enquanto o outro prosseguiu com

as rotinas normais de treino. Terminado o primeiro período, o grupo que foi

submetido ao programa de treino funcional cessou este tipo de trabalho

enquanto o outro grupo deu início ao programa de treino funcional (Figura 2).

Figura 2. Design experimental do programa de treino.

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4.2. Amostra

Foram envolvidas 54 jogadoras de andebol de dois clubes, que aceitaram

participar sem qualquer contrapartida financeira. A equipa sénior do clube 1

encontrava-se a jogar na segunda divisão, tendo atingido a fase final da

competição em causa, enquanto a equipa sénior do clube 2 integrava a primeira

divisão tendo alcançado o terceiro lugar da competição. As jogadores dos

escalões de juvenis e juniores de ambos clubes participavam na fase regional

dos respetivos campeonatos. Estes dois clubes foram convidados a participar no

estudo tendo em conta a sua fácil acessibilidade e localização. Com efeito, a

amostra foi constituída com base em critérios de conveniência. Por forma a

aumentar o número de jogadoras envolvidas foram convidadas a participar

jogadoras dos três escalões de práticos mais elevados (juvenis, juniores e

seniores).

Da totalidade das jogadoras que iniciaram o estudo (n=54), 14 foram excluidas

entre o 1º e 2º momentos de avaliações e 10 entre o 2º e 3º momentos, do que

resultou uma amostra final de 30 jogadoras. Definiu-se como critérios de

exclusão da amostra: ocorrência de lesão, que impossibilitasse uma ótima

participação da atleta nas avaliações e sessões de treino funcional, e também a

ausência em qualquer uma das avaliações. Também as jogadoras que faltaram

a mais de 20% das sessões de treino funcional foram excluídas da amostra final.

Tabela 1. Caracterização da amostra para os 3 momentos de avaliação.

Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3

Média±DP Mín. Máx. Média±DP Mín. Máx. Média±DP Mín. Máx.

Atletas 54 40 30

Idade

(anos)

19.2 ±4.14 14 36 19.5±4.11 15 36 19.8±4.21 16 36

Altura

(cm)

164.5±6.63 152 180.3 164.5±7.03 164.3±7.53

Peso

(kg)

66.7±10.83 50.1 101.9 66.3±9.55 65.4±9.26

.

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O trabalho foi realizado mediante autorização dos clubes envolvidos, dirigentes

e treinadores. Todas as jogadoras ou encarregados de educação (caso as

jogadoras fossem menores de 18 anos) foram devidamente informados acerca

dos objetivos e procedimentos do trabalho, sendo-lhes sido solicitado que

formalizassem a sua aceitação para participarem no trabalho, podendo cessar a

sua colaboração a qualquer momento. O procedimento foi submetido ao comitê

de ética local e segue padrões éticos atuais no desporto e na investigação em

exercício físico.

4.3. Procedimentos

Os três momentos de avaliação foram sempre realizados nas instalações da

FADEUP, nomeadamente no LABIOMEP e sala de musculação, o que implicou

que as jogadoras se deslocassem às instalações em causa nos dias e horários

devidamente definidos.

Foi necessário configurar uma equipe de avaliadores que pudessem colaborar

na recolha dos dados, visto que o volume de atletas e avaliações era grande, o

que implica numa heterogeneidade no momento de aplicação dos testes.

Antes de realizarem qualquer teste, foi-lhes solicitado que realizassem um

período de aquecimento no pavilhão da Faculdade de Desporto, com uma

duração aproximada de 15min, sem um modelo standard a ser seguido. Não

obstante, foi recomendado que executassem exercícios à semelhança do que

fazem nas suas rotinas normais de aquecimento para jogos e treinos.

Após realizagem o devido aquecimento, as jogadoras foram instruidas para se

dirigirem aos locais específicos para a realização dos testes.

Em seguida para cada variável definida são enunciados os testes realizados.

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Velocidade de remate

Para avaliar a velocidade da bola no remate foi utilizado um Radar (Stalker ATS

II Sports Radar). O radar foi posicionado atrás de uma rede de proteção, distante

do local onde estavam as atletas que fizeram os remates (Figura 2). Para o

remate de 7m no qual não há deslocamento, o radar estava 6 metros distante e

para o remate em suspensão dos 9m estava 8m distante da atleta.

Figura 3. Set-up para o teste de velocidade dos remates.

As atletas foram instruídas a rematar (de ombro) com as seguintes

especificações: 1) remate sem deslocamento, executando um livre de 7 metros;

2) remate em deslocamento, sendo realizado uma corrida de 3 passos prévia a

impulsão e ao lançamento da bola.

Foi solicitado que rematassem com dois tipos de bolas: uma bola com

circunferência e peso (ADIDAS® Stabil, 54cm e 345g) de acordo com as

referências standard da International Handball Federation (para mulheres

adultas, bola tamanho 2, com 52 a 54cm de circunferência e pesando entre 325

e 375g) e uma outra idêntica a primeira (mesma marca e circunferência),

somente tendo o peso incrementado em 20%, totalizando 414g, (também

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chamada “bola lastrada”), valor este para que a técnica do movimento não fosse

alterada, pois a cinemática do remate é altamente sensível a variações no peso

do implemento (Van den Tillaar & Ettema, 2011). As participantes foram

encorajadas a rematarem da forma mais veloz possível em direção ao radar.

A sequência dos remates foi: 3 tentativas válidas do remate de 7m com a bola

normal, 3 tentativas válidas do remate de 7m com a bola lastrada, 3 tentativas

válidas do remate de 9m com a bola normal e 3 tentativas do tiro de 9m com a

bola lastrada. Não se considerou válida a tentativa quando: (1) a atleta

posicionou o seu pé fora das plataformas de força, (2) quando pisou sobre mais

de uma plataforma ao mesmo tempo, ou (3) quando o remate não teve sua

velocidade captada pelo radar. A maior velocidade em cada tipo de execução do

remate foi utilizada nas análises.

Para que o teste tivesse maior proximidade com a realidade, a utilização de

resina foi livre, cabendo a atleta decidir a sua utilização e a quantidade a ser

utilizada, opção utilizada também por outros autores (Chelly et al., 2010; Rivilla-

Garcia et al., 2011; Vila et al., 2011).

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Potência de Membros Inferiores

Teste de salto horizontal – bilateral e unilateral

As participantes realizaram duas tentativas para atingirem a maior distância

possível em um salto horizontal e em três situações distintas: (1) com as duas

pernas, (2) somente com a perna esquerda e (3) somente com a perna direita,

com um intervalo mínimo de 1 minutos entre cada tentativa. O teste iniciou-se

partindo da posição de pé, parada, com os pés alinhados com a linha de partida,

os joelhos se flexionaram até atingirem 90° em seguida uma ação concêntrica

máxima foi realizada para que se atingisse com o salto, a maior distância

horizontal. A utilização dos braços foi livre. A medição foi feita da linha de início

até o ponto onde o calcanhar tocou na aterrissagem por uma fita métrica com

precisão em centímetros. Caso houvesse alguma falha, a tentativa foi repetida.

Considerou-se falha quando a aterrissagem não foi feita de forma equilibrada ou

quando o pé realizou algum movimento após tocar o solo.

Teste de salto em distância com três contatos

Este teste consistiu em atingir a maior distância possível após três contatos com

o solo, procurando-se reproduzir o ciclo dos três apoios de preparação para o

remate em salto/suspensão. Partindo da posição de pé e estática, a pessoa se

impulsionava para a frente, com movimento de braços livres, e atingia o solo

somente com uma das pernas, iniciando a tripla passada, alternando o membro

que realiza o contato com o solo (por exemplo: esquerda-direita-esquerda). No

último contato unilateral as atletas se impulsionaram novamente e aterrissaram

com os dois pés no solo. Foram medidas as distâncias máximas atingidas. Duas

tentativas foram feitas e os melhores resultados utilizados.

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Dinamometria isocinética

A avaliação da força isocinética dos rotadores internos e externos do ombro foi

realizada por um dinamómetro isocinético (Biodex System 4 Pro). O protocolo

selecionado tinha uma velocidade angular definida em 500°/s, tendo-se realizado

dez repetições concêntricas de rotação interna e externa do ombro. As

jogadoras foram devidamente posicionadas, com o ombro abduzido a 90° e o

cotovelo flexionado também a 90°, como se ilustra na Figura 4.

Figura 4. Posição do ombro e do braço durante a avaliação isocinética dos rotadores

do ombro.

Especificamente, cada uma das participantes foi acomodada e fixada à cadeira

do Biodex® por tiras de velcro, evitando-se que músculos e articulações

marginais à avaliação influenciassem os resultados. Em seguida foram

executadas três repetições com as mesmas definições (velocidade angular e

amplitude) do teste, servindo como aquecimento, para que fosse percebido e se

acostumassem com o padrão de movimento a ser realizado durante o teste. Um

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encorajamento verbal foi direcionado as atletas que executavam o teste para que

um esforço máximo fosse realizado.

Através deste teste foi possível observar os valores máximos de Torque (N.m)

atingidos por cada jogadora para o movimento de rotação interna do ombro,

movimento este que está diretamente relacionado com a velocidade da bola no

remate (Van den Tillaar & Ettema, 2004). Também foi possível se extrair os

valores da potência (W) para o mesmo movimento através da equação:

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 =𝑇𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 ∙ 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 ∙ 𝜋

180

4.4. Design do programa de treino

O programa de treino funcional teve cinco semanas de duração, com duas

sessões por semana, totalizando dez sessões. As jogadoras estiveram sempre

acompanhadas pelo investigador responsável, com o propósito de garantir a

correta realização do exercícios/protocolo e o total empenho das jogadoras na

realização dos exercícios.

Numa primeira fase foram elencados vários movimentos e grupos musculares

que se pretendiam exercitar. Numa primeira fase, o investigador principal

procedeu à elencagem de um conjunto de exercícios possiveis, tendo-se

baseado em critérios de funcionalidade da tarefa para a modalidade em causa.

Seguiu-se uma reflexão conjunta entre os investigadores, sendo um perito em

treino funcional e outro perito em andebol, que permitiu seleção dos exercícios

mais ajustados ao propósito do trabalho. Ainda assim, entendeu-se necessário

proceder à sua experimentação por jogadoras de andebol com o fim de aferir a

sua adequação e grau de exigência. A organização dos exercícios deu-se de

forma que não estivessem dois exercícios parecidos em sequência (por

exemplo, dois exercícios consecutivos para membros superiores).

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O treino teve o formato de circuito, trinta segundos ativos, em alta intensidade,

realizando-se os movimentos propostos, e trinta segundos de intervalo passivo,

no qual as jogadoras se direcionavam para a próxima estação e se preparavam

para recomeçar. Em cada sessão de treino foram realizadas duas passagens

pelo circuito, com um intervalo de 2 min entre passagens, totalizando 22 min.

O programa foi composto pelos seguintes exercícios:

Figura 5. Exercício 1: Remada suspensa no TRX®

Figura 6. Exercício 2: Agachamento com Kettlebell.

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Figura 7. Exercício 3: Abdominal roller.

Figura 8. Exercício 4: Coordenação, agilidade e saltos, com bola de andebol.

Figura 9. Exercício 5: Lançamento de bola medicinal para o chão (lançamento em três

direções: esquerda, centro e direita).

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Figura 10. Exercício 6: Agachamento pistol com auxílio da cadeira (45cm).

Figura 11. Exercício 7: Prancha abdominal isométrica, com apoio no BOSU®, com

alternância do apoio (mãos – cotovelos).

Figura 12. Exercício 8: Saltos para cima da caixa.

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Figura 13. Exercício 9: Passe com a bola lastrada (600g) para a parede.

Figura 14. Exercício 10: Saltar corda a pés juntos.

4.5. Procedimentos estatísticos

Como procedimento inicial do trabalho, procedeu-se à verificação da

normalidade das distribuições para cada uma das variáveis estudadas, através

do teste de aderência Shapiro-Wilk, considerando que a amostra é inferior que

50 indivíduos, como sugere Laureano (2011).

Para testar a existência de diferenças significativas entre os grupos, foi adotado

o teste não paramétrico de Mann-Whitney, para medidas independentes. Este

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teste é uma alternativa ao teste T, quando não se verifica uma distribuição

normal da amostra.

Objetivando verificar diferenças estatisticamente significativas entre os

momentos de avaliação para cada uma das variáveis estudadas, optou-se pelo

teste não paramétrico de Wilcoxon, para duas amostras emparelhadas. Dessa

forma foi possível comparar os momentos de avaliação 1 e 2, e em seguida os

momentos 2 e 3.

O nível de significância estabelecido foi de 0.05 e o software utilizado na análise

estatística dos dados foi a versão 20 do IBM – SPSS Statistics Data Editor.

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5. RESULTADOS

5.1. Comparação entre os grupos da amostra

Em face dos dois grupos serem constituídos por jogadoras de diferentes níveis

competitivos, entendeu-se necessário verificar a magnitude da diferença entre

os grupos da amostra.

Tendo-se verificado a ausência de normalidade na distribuição dos dados

recolhidos (teste Shapiro-Wilk), se fez necessário comparar os grupos que fazem

parte da amostra (clubes 1 e 2), relativamente às variáveis do estudo. Assim, foi

realizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney para amostras

independentes.

Figura 15. Histogramas exemplificativos à ausência de normalidade na distribuição dos

dados no momento 1 para duas variáveis analisadas (histograma da esquerda -

velocidade de remate dos 7m com bola lastrada; histograma da direita – salto

horizontal bilateral).

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As variáveis estão apresentadas na Tabela 2, na qual são evidenciadas

comparações entre as médias de cada um dos indicadores em análise, dos dois

clubes envolvidos.

Percebe-se a existência de diferenças estatisticamente significativas (p<0.05)

entre os clubes 1 e 2 referentes a estatura, peso corporal e velocidade de remate

nas quatro situações pré-definidas (remate de 7m, com a bola normal e com a

bola lastrada, e remate em suspensão dos 9m, com bola normal e bola lastrada).

Também pode ser verificado que o clube 2 obteve maiores resultados nas outras

variáveis em análise, mesmo que esta diferença não tenha sido estatisticamente

significante (p>0.05).

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Tabela 2. Teste de Mann-Whitney para verificar as diferenças entre os clubes para cada

variável no momento 1.

Clube 1 Clube 2

Média Desvio

Padrão Mín. Máx. Média

Desvio

Padrão Mín. Máx. Sig (p)

Altura

(cm) 161.6 5.76 153.2 175.5 167 7.01 152.7 180.3 0.012*

Peso (kg) 62.6 89.0 50.1 83 69.3 9.82 51.4 86 0.025*

S bilat.

(cm) 168.3 17.41 135 199 176.3 14.91 146 199 0.151

S esq.

(cm) 153.3 12.98 125 177 157 17.25 126 191 0.490

S dir.

(cm) 150.8 10.6 133 169 157.3 19.25 116 199 0.119

S tri.

(cm) 687.4 52.61 602 776 722.5 62.39 624 870 0.093

7m_N

(km/h) 60.7 6.81 47 71 67.9 6.72 55.5 77.9 0.004*

7m_L

(km/h) 57.8 6.61 42.9 68 64.7 6.38 54.8 75.6 0.003*

9m_N

(km/h) 67.1 7.08 55.1 79.9 75.1 7.47 62.7 88.8 0.003*

9m_L

(km/h) 63.8 6.36 52.3 76.2 70.8 6.97 57.9 83.4 0.004*

Potência

E (W) 77.9 27.69 41.9 145.5 95.3 40.83 27.6 170 0.164

Torque E

(N.m) 25 5 17.5 38.1 27.2 7.73 13.6 40.1 0.306

Potência

D (W) 75.7 21.92 49.1 125.3 101.2 41.28 30.9 180.7 0.056

Torque D

(N.m) 23.9 6.05 17.4 37.7 27.5 8.82 13.6 47.5 0.210

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

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5.2. Comparação entre os momentos de avaliação

Características antropométricas

Em relação as variáveis antropométricas altura e peso corporal, não foram

verificadas alterações significativas(p>0.05) ao longo do estudo para qualquer

um dos grupos (Tabela 3).

Figura 16. Comparação da altura dos dois grupos nos três momentos de avaliação.

Figura 17. Comparação do peso corporal dos dois grupos nos três momentos de

avaliação.

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Tabela 3. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para as variáveis peso (kg) e

altura (cm) dos clubes 1 e 2.

CLUBE 1 Período com Treino Funcional Período sem Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Peso 62.65 62.95 0.074 62.95 63.87 0.130

Altura 161.67 161.64 0.712 161.64 161.67 0.697

CLUBE 2 Período sem Treino Funcional Período com Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Peso 69.3 69.47 0.526 69.47 67.2 0.096

Altura 167.07 167.16 0.463 167.16 167.34 0.650

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

Capacidade de salto

A Tabela 4 apresenta os valores dos diferentes tipos de salto realizados nas

avaliações durante o estudo.

As jogadoras do clube 1 apresentam uma diminuição significativa (p<0.05) entre

o 1º e 2º momentos de avaliação, para os saltos unilaterais da perna esquerda

e perna direita. Já na comparação entre os momentos 2 e 3 não foram

encontradas diferenças significativas (p>0.05).

As jogadoras do clube 2 não apresentaram alterações significativas (p>0.05) na

distância obtida para qualquer um dos saltos realizados, quando comparados os

momentos 1 e 2, assim como na comparação entre os momentos 2 e 3.

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Figura 18. Comparação da distância no salto horizontal bilateral dos dois grupos nos

três momentos de avaliação.

Figura 19. Comparação da distância no salto horizontal com a perna esquerda dos

dois grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente

significativa (p<0.05).

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Figura 20. Comparação da distância no salto horizontal com a perna direita dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05).

Figura 21. Comparação da distância no salto triplo dos dois grupos nos três momentos de avaliação.

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Tabela 4. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para os saltos horizontal

bilateral, horizontal perna esquerda, horizontal perna direita e salto triplo (cm) dos clubes

1 e 2.

CLUBE 1 Período com Treino Funcional Período sem Treino Funcional

avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Salto

Bilateral 168.32 169.58 0.601 169.58 164.56 0.133

Salto perna

esquerda 153.37 147.42 0.009* 147.42 143.31 0.453

Salto perna

direita 150.84 140.47 0.002* 140.47 139.31 0.517

Salto triplo 687.47 691.89 0.459 691.89 681.06 0.642

CLUBE 2 Período sem Treino Funcional Período com Treino Funcional

avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Salto

Bilateral 176.33 179.05 0.100 179.05 180.21 0.311

Salto perna

esquerda 157.05 158.24 0.723 158.24 154.29 0.300

Salto perna

direita 157.38 154.29 0.513 154.29 152.71 0.551

Salto triplo 722.57 728.76 0.274 728.76 721.64 0.310

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

Velocidade de remate

Relativamente à velocidade de remate, os resultados estão apresentados nas

Tabela 5, para os diferentes tipos de remate realizados.

Para o clube 1, identificam-se diferenças significativas (p<0.05) entre os

momentos de avaliação 1 e 2, nos remates de 7m e 9m, quando estes foram

realizados com a bola normal de andebol, já para os remates com bola lastrada

não houveram diferenças significativas (p>0.05). Em relação à comparação para

os momentos 2 e 3, não foram encontradas diferenças significativas (p>0.05)

para nenhum dos tipos de remate neste grupo.

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O clube 2 na comparação entre os momentos 1 e 2, não foram encontradas

diferenças significativas (p>0.05) para nenhum dos tipos de remates executados.

O mesmo resultado foi verificado para a comparação entre os momentos 2 e 3.

Figura 22. Comparação da velocidade do remate 7m com a bola normal dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05).

Figura 23. Comparação da velocidade do remate 7m com a bola lastrada dos dois

grupos nos três momentos de avaliação.

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Figura 24. Comparação da velocidade do remate 9m com a bola normal dos dois

grupos nos três momentos de avaliação (p<0.05).

Figura 25. Comparação da velocidade do remate 9m com a bola lastrada dos dois

grupos nos três momentos de avaliação.

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Tabela 5. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para as velocidades (km/h)

de remate (7m e 9m, bola normal e bola lastrada) dos clubes 1 e 2.

CLUBE 1 Período com Treino Funcional Período sem Treino Funcional

avaliação

avaliação Sig. (p)

avaliação

avaliação Sig. (p)

7m Bola

Normal 60.77 63.1 <0.001* 63.1 61.9 0.214

7m Bola

Lastrada 57.84 58.52 0.344 58.52 58.06 0.683

9m Bola

Normal 67.11 68.55 0.048* 68.55 68.21 0.897

9m Bola

Lastrada 63.85 63.48 0.984 63.48 63.14 0.098

CLUBE 2 Período sem Treino Funcional Período com Treino Funcional

avaliação

avaliação Sig. (p)

avaliação

avaliação Sig. (p)

7m Bola

Normal 67.99 68.97 0.170 68.97 68.48 0.363

7m Bola

Lastrada 64.77 64.38 0.404 64.38 64.52 0.615

9m Bola

Normal 75.11 75.91 0.140 75.91 75.93 0.925

9m Bola

Lastrada 70.88 70.39 0.433 70.39 69.54 0.551

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

Potência e torque

São apresentados na Tabela 6 os resultados para a variável potência e na

Tabela 7 para a variável torque, ambas calculadas a partir dos valores obtidos

no dinamómetro isocinético.

Para o clube 1, registaram-se diferenças significativas (p<0.05) quando se

comparou a potência do movimento de rotação interna do ombro, mais

especificamente do lado direito entre os momentos de avaliação 2 e 3.

Na Tabela 6 apresentam-se os resultados médios obtidos para a variável

potência, assim como os valores de significância quando comparados os vários

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momentos de avaliação e para os diferentes grupos. Verifica-se que não foram

observadas no clube 2 diferenças significativas entre os momentos 1 e 2, assim

como na comparação entre os momentos 2 e 3, para a potência dos rotadores

internos dos ombros esquerdo e direito (p>0.05).

Em relação ao torque, foram identificadas diferenças significativas (p<0.05) para

o clube 1 entre o 1º e 2º momento de avaliação, no que se refere ao movimento

realizado pelo ombro esquerdo, e também entre o 2º e 3º momento de avaliação

para o ombro direito. Ainda referente ao torque, o clube 2 não demonstrou a

existência de diferenças significantes (p>0.05) na comparação entre os

momentos de avaliação.

Figura 26. Comparação da potência dos rotadores internos do ombro esquerdo dos

dois grupos nos três momentos de avaliação.

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Figura 27. Comparação da potência dos rotadores internos do ombro direito dos dois

grupos nos três momentos de avaliação (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05).

Tabela 6. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para a potência (W) dos

clubes 1 e 2.

CLUBE 1 Período com Treino Funcional Período sem Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Potência E 77.93 70.41 0.397 70.41 70.75 0.925

Potência D 75.71 70.1 0.397 70.1 77.81 0.041*

CLUBE 2 Período sem Treino Funcional Período com Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Potência E 95.34 95.44 0.778 95.44 86.53 0.198

Potência D 101.27 95.07 0.363 95.07 85.6 0.198

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

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Figura 28. Comparação do torque dos rotadores internos do ombro esquerdo dos dois

grupos nos três momentos de avaliação (*). Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05).

Figura 29. Comparação do torque dos rotadores internos do ombro direito dos dois

grupos nos três momentos de avaliação. (*) Diferença estatisticamente significativa

(p<0.05).

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Tabela 7. Comparação entre os 3 momentos de avaliação para o torque (N.m) dos

clubes 1 e 2.

CLUBE 1 Período com Treino Funcional Período sem Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Torque E 25 20.69 0.008* 20.69 21.06 0.753

Torque D 23.94 20.67 0.064 20.67 22.59 0.022*

CLUBE 2 Período sem Treino Funcional Período com Treino Funcional

1ª avaliação 2ª avaliação Sig. (p) 2ª avaliação 3ª avaliação Sig. (p)

Torque E 27.25 26.76 0.683 26.76 25.32 0.451

Torque D 27.5 28.62 0.778 28.62 24.37 0.064

*diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05).

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DISCUSSÃO

Este trabalho teve como objetivo estudar a influência de um programa de treino

funcional especificamente desenvolvido para o andebol, em algumas variáveis

relacionadas com a performance desportiva de jogadoras de andebol. Após

serem realizadas buscas nas principais bases de dados, não foram encontrados

estudos com as mesmas características, principalmente quando se relacionou

treino funcional, andebol e atletas do sexo feminino, destacando-se assim o

caráter inovador e exploratório deste estudo.

De acordo com os dados do IPDJ (2015) essa modalidade está em pleno

crescimento em Portugal. Esse crescimento é relatado por diversos autores em

diferentes contextos (Karcher & Buchheit, 2014; Manchado et al. 2013; Petersen

et al., 2005; Póvoas et al. 2014), da mesma que forma o treino funcional também

tem sido reportado como “modalidade” em expansão (Lagally et al., 2009; Milton

et al., 2008; Weiss et al., 2010). A investigação direcionada para o sexo feminino

tem vindo a crescer nos últimos anos (Manchado et al, 2013), o que se pensa

estar relacionado com uma evolução substancial no jogo praticado por mulheres

(Michalsik et al. 2013).

Comparação entre os grupos

Com base nos resultados obtidos na primeira avaliação verificou-se que existiam

diferenças significativas entre os dois grupos em estudo (clube 1 e clube 2), nas

variáveis antropométricas (peso e altura) e velocidade de remate (7m e 9m, para

ambas bolas normais e lastradas), conforme apresentado na Tabela 2. Isto é, as

jogadoras do clube 2 são em média mais altas, mais pesadas e rematam com

maior velocidade que as jogadoras do clube 1. Estas diferenças são em certa

medida compreensíveis, se tivermos em conta a diferença competitiva que

efetivamente existia entre as equipas em estudo e que os

indicadores/características em causa são consideradas vantajosas para o

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sucesso na modalidade. Vários estudos têm evidenciado uma forte relação entre

tamanho corporal a performance desportiva no andebol (Manchado et al. 2013,

Van den Tillaar & Ettema, 2004b).

Na mesma linha, os estudos têm mostrado que atletas de andebol de maior nível

de performance possuem maior estatura e peso corporal quando comparadas a

atletas com performance inferior (Granados et al. 2007; Milanese et al. 2011;

Moss et al., 2015; Wagner et al., 2010; Zapartidis et al., 2009). Diferentemente,

Granados et al. (2013) compararam equipas com níveis diferentes de

performance e não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos

para o peso corporal.

Importa ainda realçar que as jogadoras do clube 2 tiverem um melhor

desempenho (valores médios) em todas as variáveis em estudo, apesar das

diferenças não serem estatisticamente significativas.

O remate é nomeadamente um dos principais indicadores de performance

quando se trata de andebol (Gorostiaga et al. 2005; Hermassi et al. 2015; Krüger

et al. 2014; Marques et al. 2007; Wallace & Cardinale, 1997). No que se refere à

comparação entre os grupos desta amostra, o clube 2 obteve valores

significativamente superiores que o clube 1, para as quatro situações de remate

analisadas neste estudo (7m bola normal, 7m bola lastrada, 9m em suspensão

com bola normal e 9m em suspensão com bola lastrada). Estas diferenças

podem ser explicadas por vários fatores, nomeadamente as diferenças

competitivas e de volume/carga de treino, mas não menos importante é

certamente o efeito do processo de captação e de seleção de jogadoras que o

clube 2 possivelmente consegue implementar com elevado sucesso.

Estudos sugerem que um remate mais veloz é capacidade que diferencia o nível

de performance no andebol (Gorostiaga et al., 2005; Granados et al., 2007; Moss

et al. 2015; Wagner et al., 2010). Estas diferenças podem ser explicadas por

menores níveis de força/potência dos membros inferiores e superiores, além de

uma técnica menos desenvolvida, o que converge para uma pior transferência

de momentum desde o tronco e pélvis até o braço de remate (Wagner et al.

2010).

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Quando se compara os valores obtidos pelos grupos da amostra em estudo com

outras populações, percebe-se a existência de diferenças ainda mais

consideráveis. Para o remate dos 7m com uma bola regular de andebol, Vila et

al. (2011) verificou velocidades aproximadas de 74 km/h para jogadoras de

andebol de elite (Espanha). Saeterbakken et al. (2011) estudou jovens jogadoras

(~16 anos) e os valores verificados atingiram 68.4 km/h aproximadamente.

Jovens jogadoras gregas obtiveram em média 56.7 km/h aproximadamente

(Zapartidis et al., 2009). O clube 1 atingiu no remate de 7M 63.1 km/h e o clube

2, alcançou 68.9 km/h, em média. Para o remate em suspensão dos 9m, Vila et

al. (2011) descreve valores médios de 79 km/h, no nosso estudo, o clube 1

obteve cerca de 68.5km/h e o clube 2 atingiu 75.9 km/h, em média. Quando se

separou a nossa amostra elencando apenas aquelas que tiveram passagem

pelas seleções nacionais portuguesas, essa diferença se torna muito pequena,

tanto para as variáveis antropométricas, quanto para a velocidade dos remates.

No que concerne à comparação entre os momentos de avaliação, as variáveis

antropométricas não sofreram alterações significativas nos clubes 1 e 2, durante

todo o estudo (Tabela 3). Nos estudos de Weiss et al. (2010) e Tomljanović et

al. (2011) os grupos experimentais constituídos por jovens saudáveis, que

realizaram treino funcional também não apresentaram diferenças significativas

para variáveis antropométricas o que corrobora nossos achados.

Capacidade de salto

Relativamente à capacidade de salto, o clube 1 na comparação entre os

momentos de avaliação 1 e 2, demonstrou uma diminuição estatisticamente

significativa nos valores atingidos nos saltos horizontais unilaterais, tanto para a

perna esquerda (p=0.009) quanto para a direita (p=0.002). Em contrapartida,

para os outros saltos (salto horizontal bilateral e salto triplo) não foram

observadas diferenças significativas na comparação entre qualquer um dos

momentos de avaliação (Tabela 4). Estes resultados não estão de acordo com

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outros achados na literatura (Simões, 2012; Tomljanović et al. 2011) que

observaram melhorias ou até manutenção da performance dos saltos.

Tomljanović et al. (2011) compararam os efeitos de um programa de treino

funcional e um programa de treino tradicional, e um dos parâmetros

comparativos estabelecidos foi o salto contra-movimento. Os mesmos autores,

após o período de treino observaram a não ocorrência de diferenças

significativas entre o pré e pós-teste para este salto. Num outro estudo, realizado

no futebol, Simões (2012) reproduziu o programa de treino “11+”1 na rotina de

futebolistas. Os exercícios constituintes desse programa eram na sua maioria

exercícios funcionais, com movimentos globais, bases instáveis, pliométricos,

deslocamentos e core training. Foram observadas melhorias de até 9% na

impulsão vertical do salto contra-movimento para o grupo experimental do

trabalho.

O facto dos resultados obtidos contradizerem o que seria expectável, dá algum

significado à possibilidade de terem ocorrido problemas metodológicos durante

a realização dos testes, na medida em que, por exemplo, inconsistências na

execução técnica entre avaliações poderiam falsear os resultados. A este

propósito importa referir que estes testes não foram realizados sempre pelos

mesmos colaborados e que também não foi possível exercer qualquer

supervisão durante a realização dos testes em causa. Esta possibilidade foi

admitida devido ao fato do programa de treino contemplar vários exercícios para

membros inferiores, incluindo pliométricos, o que em teoria iria promover

melhorias ou até manutenção da capacidade salto, e não uma redução nos

valores obtidos.

Em relação ao clube 2 não foram encontradas diferenças em qualquer um dos

diferentes tipos de salto durante as comparações entre os momentos de

avaliação, tendo os valores se mantido estáveis (Tabela 4).

1 O 11+ é um programa da FIFA desenvolvido por um grupo de especialistas internacionais para prevenção de lesões em jogadores de futebol.

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Velocidade de remate

Concretamente acerca da velocidade de remate, foram identificadas diferenças

significativas e positivas para o clube 1, entre os momentos 1 e 2 (Tabela 5), ou

seja, antes e depois da realização do programa de treino funcional nos remates

de 7m (p<0.0001) e 9m em suspensão (p=0.048) com a bola normal. No grupo

2 (Tabela 5) não foram encontradas alterações significativas.

No estudo de Saeterbakken et al. (2011) após a implementação de um programa

de core training, observaram-se melhorias de aproximadamente 5% na

velocidade de remate de jogadoras de andebol. Por outro lado, Prokopy et al.

(2008) realizaram um programa de treino suspenso2 com exercícios de cadeia

cinética fechada, priorizando os membros superiores nos quais a força e

estabilidade do core eram usualmente solicitadas. Os autores verificaram em

jogadoras de softball um aumento significativo (3.4%) na velocidade do

lançamento.

Foi sugerido que altos níveis de força e estabilidade do core podem ser um pré-

requisito importante na capacidade de produção de elevadas velocidades de

rotação em movimentos multi-segmentares como o remate (Saeterbakken et al.

2011). Willardson (2007) menciona que numa perspectiva desportiva, uma maior

estabilidade na musculatura do core serve como alicerce para maior produção

de força nas extremidades superiores e inferiores do corpo.

Raeder et al. (2015) concluíram que 6 semanas de treino com bolas medicinais

pode promover até 14% de aumento na velocidade de remate de jogadoras de

andebol. Earp & Kraemer (2010) afirmam que o treino com bolas medicinais

permite a execução de movimentos específicos do desporto, aumentando a

resistência utilizada em situações de competição, o que pode ser benéfico para

o atleta durante sua prática.

2 O treino suspenso é uma forma de condicionamento físico no qual há alguns graus de instabilidade e o instrumento utilizado remete às argolas da ginástica.

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De acordo com os estudos analisados, programas de treino para o andebol que

envolvam exercícios para o core além de exercícios específicos de força e

potência, relativamente ao desporto em questão, parecem promover melhorias

na velocidade de remate de atletas.

Torque e potência

Apesar das medidas isocinéticas terem-se popularizado na avaliação de atletas

saudáveis, no sentido de identificar efeitos de um determinado programa de

treino, identificar fatores de risco de lesão ou até distinguir atletas de diferentes

níveis de rendimento (Andrade et al., 2013; Carter et al. 2007; Niederbracht et

al., 2008; Prokopy et al., 2008; Raeder et al. 2015; Wang & Cochrane, 2001),

esta é uma metodologia que não está isenta de limitações que é preciso

acautelar. A primeira e mais importante questão diz respeito às velocidades a

que tipicamente se avaliam os atletas e as velocidades a que na verdade se

realizam os movimentos desportivos. Por exemplo, sabe-se que num remate de

andebol podem ser atingidas velocidades 8 000°/s, dependendo do tipo de

remate realizado (Wagner et al. (2011). Tendo isto em consideração optou-se

por realizar os testes isocinéticos a velocidades próximas do limite máximo do

equipamento, no caso (500°/s). Ainda assim, as atletas foram avaliadas a

velocidades muito distantes do que ocorre num movimento real de remate.

Tipicamente os equipamentos em causa são projetados de forma que quando

uma força é aplicada ao braço da alavanca provoca um movimento de velocidade

angular constante (controlada pelo motor). Assim, quando na fase inicial do

movimento é aplicada uma força ao braço da alavanca ocorre uma aceleração e

a velocidade angular do braço oscila até que a velocidade rotacional fixada seja

alcançada, mantendo-se então constante. Através da exploração dos dados,

detectou-se que raras foram as vezes quem que as atletas atingiram a

velocidade fixada em 400°/s e que em momento algum se verificaram

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velocidades constantes (figura 30), o que configura uma grande limitação do

equipamento para o fim pretendido.

Figura 30. Exemplo do desenvolvimento ao longo do tempo da velocidade angular (°/s)

durante uma avaliação isocinética dos rotadores do ombro de uma das atletas. Os

picos representam a velocidade angular máxima atingida em cada repetição para

rotação interna (-) e externa (+).

O torque e a potência obtidos a partir do movimento de rotação interna do ombro,

somente registraram diferenças para o clube 1 (Tabelas 6 e 7), assim como as

outras variáveis analisadas. Entre o 1º e 2º momento de avaliação, constatou-se

no clube 1 uma redução significativa (p=0.008) no torque do membro esquerdo,

e em seguida um aumento significativo entre os momentos 2 e 3 para o membro

direito (p=0.022). No que refere a potência, apenas no ombro direito entre os

momentos 2 e 3 foi registrada (clube 1) uma diferença significativa (p=0.041).

Nos estudos analisados, nenhum utilizou velocidades angulares iguais ou

superiores a 500°/s para avaliar os rotadores internos do ombro. No entanto

Raeder et al. (2015) verificaram melhorias significativas nos valores do torque

(execução concêntrica a 180°/s) de jogadoras de andebol após um período de

treino com bolas medicinais. Prokopy et al. (2008) avaliaram torque e potência

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

0 3000 6000 9000 12000

Ve

loc

ida

de

an

gu

lar

(°/s

eg

)

Tempo (mSeg)

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nos movimentos de rotação externa e interna do ombro e não detectaram

mudanças significativas nestas variáveis após um período de treino suspenso.

Carter et al. (2007) realizaram um estudo no qual compararam um programa de

treino pliométrico de membros superiores com treinos regulares de beisebol, na

força dos rotadores internos e externos (execuções concêntricas para rotação

interna e excêntrica para rotação externa, a 180 e 300°/s). No que se refere ao

grupo que realizou o treino pliométrico, foram verificadas melhorias significativas

entre o pré e pós treino para rotação externa excêntrica a 180°/s e na rotação

interna concêntrica a 300°/s. Ambos os grupos demonstraram diferenças

significativas para rotação externa excêntrica a 300°/s e para rotação interna

concêntrica a 180°/s. O mesmo protocolo avaliou a velocidade de lançamento da

bola e foram observadas melhoras significativas no grupo que realizou o treino

pliométrico.

Assim como no estudo de Carter et al. (2007), no presente estudo não é possível

assegurar que o programa de treino teve um efeito positivo no torque e potência

muscular avaliados através de dinamometria isocinética.

Limitações do estudo

Na execução deste estudo, foram identificadas algumas limitações que

possivelmente implicam na generalização dos resultados e conclusões, assim

como das aplicações práticas.

A primeira limitação surge com a escassa literatura sobre estudos

intervencionistas ao nível do treino funcional, principalmente se for levado em

consideração o contexto desportivo no qual este foi aplicado.

O facto de se ter um número amostral reduzido, devido a diversos fatores, limita

as possibilidades de generalizar e comparar os resultados de forma mais

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significativa e consistente. A seleção da amostra deu-se baseada em critérios de

conveniência, localização e acessibilidade.

Uma outra limitação foi identificada em face da natureza da amostra utilizada,

isto é, as jogadoras eram todas amadoras e acumulavam muitas outras tarefas

diárias, que por vezes eram prioritárias relativamente ao treino.

Consequentemente registaram-se várias ausências a treinos e avaliações que

se revelaram impossíveis de prever ou evitar.

Era desejável que uma mesma equipa fosse dividida em dois subgrupos,

controle e experimental, garantindo-se assim que as jogadoras eram submetidas

a cargas de treino e de jogo relativamente similares, variando apenas a variável

treino funcional. Mas tal não foi considerado, porque colocava muitos problemas

nas dinâmicas de treino de cada equipa e porque se tornava impraticável seguir

duas equipas ao mesmo tempo, o que era fundamental para aumentar o número

de sujeitos envolvidos no trabalho.

A necessidade de deslocação individual à FADEUP em dias/horários fixos para

realizarem as avalições revelou ser mais uma limitação, pois não foi possível dar

resposta a todas as restrições e constrangimentos temporais decorrentes da vida

escolar, profissional ou outra atividade das jogadoras envolvidas.

A ocorrência de algumas lesões durante o período de execução do estudo

implicou também numa diminuição do tamanho amostral, visto que as lesões

impossibilitavam a participação nas avaliações e sessões de treino funcional e

de andebol.

O controle da carga dos treinos de andebol é uma variável que não pode ser

monitorada o que resulta em mais uma limitação do estudo. Por outro lado, era

impraticável uniformizar o volume, intensidade e densidade dos treinos

realizados pelos grupos constituintes da amostra, visto que se tratava de

instituições diferentes assim como equipas técnicas e plantéis distintos.

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6. CONCLUSÕES

Em suma, com este trabalho objetivou-se verificar os efeitos de um programa de

treino funcional desenvolvido especificamente para o andebol, em algumas

variáveis de performance desportiva, nomeadamente na velocidade de remate,

capacidade de salto, força e potência muscular de jogadoras de andebol

portuguesas.

Os efeitos do treino funcional se mostraram mais propensos a ocorrer em grupos

com menor nível de desempenho e possivelmente com um nível de forma

desportiva abaixo do que realmente conseguem atingir. O programa promoveu

melhorias significativas neste grupo na velocidade de remate em duas situações

(7m e 9m com salto, ambos com bola normal), além de uma manutenção em

quase todas as outras variáveis. Apenas os saltos unilaterais e o torque dos

rotadores internos do ombro esquerdo demonstraram diminuições significativas,

mas acredita-se que isto tenha ocorrido devido a problemas metodológicos já

descritos.

Por outro lado, em grupos com cargas de treino regulares mais elevadas e,

portanto, mais treinados, o efeito potencial deste tipo de trabalho é

possivelmente menor ou é necessário utilizar programas de treino funcional com

níveis de exigências e de dificuldade superiores. No grupo de melhor nível

competitivo o treino funcional revelou ter um efeito de manutenção do

desempenho nas variáveis analisadas, não sendo observadas variações

positivas e/ou negativas significativas.

Tendo em conta os resultados observados, não podemos afirmar que o

programa de treino funcional utilizado teve um efeito positivo e significativo na

melhoria do desempenho motor nas variáveis em estudo, configurando assim

um eventual efeito estabilizador. Sendo o andebol um desporto no qual a maior

parte dos campeonatos são jogados ao longo de alguns meses, e não se estima

que haja um pico de performance (como é o caso do atletismo e da natação),

mas sim a manutenção de uma alta performance, durante um longo período de

tempo, este programa de treino revelou ser uma estratégia adequada para que

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as jogadoras se mantenham com bom rendimento físico e desportivo ao longo

da época.

O presente estudo pôs, ainda, em evidencia que o grupo de jogadoras avaliadas

são, em termos médios, mais baixas e rematam de forma mais lenta quando

comparadas jogadoras de elite de outros contextos, como por exemplo de

Espanha. Assim, reforça-se a necessidade de se perceber se este perfil se aplica

a maioria das equipas de andebol portuguesas, assim como, identificar eventuais

estratégias de seleção e de treino que permitam aproximar a população

desportiva portuguesa da elite mundial.

6.1. Implicações práticas

Admite-se que este tipo de trabalho seja uma boa estratégia de manutenção,

assim como de obtenção de melhorias em indicadores físicos de performance.

Foi perceptível aos “olhos” do investigador que o treino funcional obteve boa

adesão por parte das atletas (clube 1: 92.6% e clube 2: 91.4% de presenças),

além de ter sido reportado, inúmeras vezes, pelas jogadoras que este tipo de

trabalho, comparativamente ao treino resistido tradicional, é mais “divertido”,

“motivante”, “estimulante” e “agradável”.

Nota-se, também, que é algo de fácil execução, apesar da necessidade de uma

estruturação e planejamento não tão simples, sendo que os custos envolvidos

parecem ser relativamente baixos e acessíveis, quando se compara a uma

estrutura de treinamento resistido tradicional. Portanto, o treino funcional

configura uma ferramenta viável a ser utilizada em inúmeros contextos,

principalmente desportivos.

6.2. Sugestões para futuros estudos

Como sugestões para futuras investigações, recomenda-se:

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- Realizar uma comparação entre treino funcional e treino tradicional resistido

para se verificar possíveis diferenças entre ambos, em populações atléticas ou

não;

- Estudos de intervenção com maior tempo de duração.

- Fazer estudos com um número maior de participantes, e constituir grupos mais

homogéneos entre si.

- Estabelecer um maior controlo amostral, onde se consiga equalizar a carga de

treino entre os grupos além de um maior monitoramento da carga de treino;

- Avaliar outros indicadores de performance, para saber se são afetados ou não

por um programa de treino funcional;

- Promover investigações desta natureza em outros desportos, individuais e

coletivos.

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