DANIEL TINEU LEITE MAIA - univap.br · A mensuração da variabilidade da Frequência Cardíaca em...

47
Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento DANIEL TINEU LEITE MAIA ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS AO JOGO ELETRÔNICO DE FUTEBOL São José dos Campos, SP 2014

Transcript of DANIEL TINEU LEITE MAIA - univap.br · A mensuração da variabilidade da Frequência Cardíaca em...

Universidade do Vale do Paraíba

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

DANIEL TINEU LEITE MAIA

ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS AO JOGO ELETRÔNICO DE FUTEBOL

São José dos Campos, SP

2014

DANIEL TINEU LEITE MAIA

ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS AO JOGO ELETRÔNICO DE FUTEBOL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários à obtenção do título de Mestre em Bioengenharia. Orientador: Prof. Dr. Alderico Rodrigues de Paula Junior

São José dos Campos, SP

2014

DANIEL TINEU LEITE MAIA

ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS AO JOGO ELETRÔNICO DE FUTEBOL

Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em

Bioengenharia, do Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, do Instituto de

Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, pela seguinte

banca examinadora:

Prof.a Dra.Fernanda Púpio Silva Lima (UNIVAP) ___________________________

Prof. Dr. Alderico Rodrigues de Paula Junior (UNIVAP)_______________________

Prof. Dr. Flávio Aimbire Soares de Carvalho (UNIFESP)_______________________

Profª. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa

Diretora do IP&D

São José dos Campos, 22 de Fevereiro de 2014.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa, que é a razão do meu esforço, ao meu filho

João Vitor, este dois que são meus anjos, meus amores. Obrigado por fazer realizar

este sonho de conquista!

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que rege e guia a minha vida, por me proporcionar

tranquilidade nas horas difíceis.

Ao meu orientador Prof. Dr. Alderico Rodrigues de Paula, por aceitar orientar-

me neste trabalho, pelo apoio na ideia e contribuição com seus conhecimentos.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Rodrigo Aléxis Lazo Osorio, por seu auxílio no

processamento dos sinais biológicos, pela atenção, confiança e incentivo.

A Prof.ª Dra. Maria Ignêz Zaneti Feltrim , o Prof. Dr. Fávio Aimbire e a Prof.ª

Dra. Fernanda Pupio que me deram a honra de compor a banca examinadora desta

dissertação.

Aos meus pais, Alberto Jorge e Eliste de Andrade, que acreditaram em mim e

no meu potencial, aceitando as decisões e incentivando-me a prosseguir. Obrigado,

sem vocês nada seria possível!

A minha esposa, meu amor da minha vida, por ser forte e me dar total apoio

para superar as tantas dificuldades que surgiram no decorrer desta jornada.

Obrigado pela cumplicidade, dedicação e amor.

Ao meu filho, João Vitor que apesar da distância, os estudos ainda nos

deixaram um pouco mais distante, mas meu amor.

À família e aos amigos pelo carinho, compreensão e amizade verdadeira.

Aos funcionários do IP&D – UNIVAP, pelo auxílio em todos os momentos de

dúvidas.

Agradeço a todas as crianças que participaram desta pesquisa, bem como,

seus familiares pela disponibilidade e confiança em mim depositada.

“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacitam os escolhidos.” (Albert Einstein)

TINEU MAIA, D. Análise da variabilidade da frequência cardíaca em crianças submetidas ao jogo eletrônico de futebol. 2013. 74f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2013.

RESUMO

A mensuração da variabilidade da Frequência Cardíaca em crianças durante jogos eletrônicos se torna importante, pois alguns malefícios vêm ocorrendo em decorrência desses jogos. Entre os malefícios entram o distúrbio psicológico como também problemas físicos. O estresse está normalmente relacionado a imagens de crises terríveis ou até mesmo traumáticas. Os jogos eletrônicos tornaram-se ferramentas de uso amplo e irrestrito, transformando-se em um dos maiores fenômenos mundiais da última década. O estresse tem atingido de forma assustadora e em grandes proporções as nossas crianças. O presente estudo tem como objetivo avaliar a função autonômica do coração em crianças sadias em situações de jogo eletrônico de futebol. Participaram deste estudo 32 crianças sadias, de idade entre 8 e 13 anos do sexo masculino,sendo que 5 crianças foram retiradas do protocolo por problemas do sinal do polar. Estas crianças foram monitorizadas com o Polar S810i® e submetidas ao experimento com o jogo de futebol eletrônico. Os sinais eletrocardiográficos foram transferidos para um computador equipado com o software Polar PrecisionPerformance®, exportados em arquivo de texto e filtrados no Microsoft Excel. A análise da Variabilidade da frequência cardíaca foi calculada através da transformada Wavelet Contínua (TWC) na plataforma Matlab 6.1®. Os resultados deste estudo nas condições experimentais utilizadas permitem sugerir que o jogo eletrônico na modalidade futebol provoca um aumento da atividade simpática diminuindo a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) das crianças estudadas, sugerindo uma situação estressante.

Palavras-chave: Jogo Eletrônico, Variabilidade da frequência cardíaca, Estresse, Criança.

TINEU MAIA, D. Analysis of heart rate variability in children under the electronic game soccer. 2013.74f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2013.

ABSTRACT

The measurement of heart rate variability in children during electronic gaming becomes important because some harms are occurring due to these games. Among the problems enter the psychological disorder as well as physical problems. The stress is usually related to images of terrible or even traumatic crises. Video games have become broad and unrestricted use tools, turning into one of the major global phenomena of the last decade. Stress has reached alarmingly large proportion in children. The present study aims to assess the autonomic function of the heart in healthy children during electronic football game. The study included 32 healthy male children, aged between 8 and 13 year old, which 5 children were withdrawn from the protocol due to signal problems in the Polar. These children were submitted to experiment with electronic football game.and monitored with Polar ® S810i Acquired electrocardiographic signals were transferred as computer equipped with Polar ® PrecisionPerformance software, exported to a text file and filtered in Microsoft Excel. The analysis of heart rate variability was done using the Continuous Wavelet transform (TWC) in Matlab 6.1 ® platform. The results of this study allow us to suggest that electronic games in football mode causes an increase in sympathetic activity, decreasing heart rate variability ( HRV ) of the children studied , suggesting a stressing situation during the games. Keyword: Electronic games, Heart rate variability, Stress, Children.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Representação esquemática do Sistema Nervoso Autônomo. .................. 17

Figura 2: Ciclo Cardíaco do coração (traçado de eletrocardiograma) ....................... 19

Figura 3: Resposta ao estresse ................................................................................. 20

Figura 4: Sensor WearLink® do Monitor cardíaco Polar S810i® para captação do

intervalo RR. .............................................................................................................. 28

Figura 5: Polar 810i®, monitor da freqüência cardíaca utilizado para coleta de dados.

.................................................................................................................................. 28

Gráfico 1: Boxplot dos valores de LF durante o Repouso, durante o Jogo e durante a

Recuperação. ............................................................................................................ 33

Gráfico 2: Boxplot dos valores de HF durante o Repouso o Jogo e durante a

Recuperação. ............................................................................................................ 33

Gráfico 3: Boxplot dos valores de LF/HF durante o Repouso, durante o Jogo e

durante a Recuperação. ............................................................................................ 34

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fases do protocolo experimental .............................................................. 29

Tabela 2: Valores dos índices da VFC no domínio da frequência (ms2) durante as

fases do protocolo. .................................................................................................... 32

LISTA DE ABREVIATURAS

ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico

ADH Hormônio Antidiurético

ATP Trifosfato de Adenosina

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CNS Conselho Nacional de Saúde

ECG Eletrocardiograma

FC Freqüência Cardíaca

GWS Global Wavelet Spectrum

HF High Frequency- banda de alta frequência

Hz Hertz

IMC Índice de Massa Corporal

IP&D Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

kg Quilograma

Kg/m2 LF Low frequency- banda de baixa frequência

LF/HF razão alta/baixa freq=ência

m Metro

ms milissegundos

ms2 Milissegundo elevado às segunda potência

mV Milivolt

p Índice de significância

PA Pressão Arterial

pNN50 Porcentagem dos ciclos sucessivos que apresentam diferenças de

duração acima de 50 ms

QRS Complexo entre as ondas Q, R e S

rMSSD Raiz quadrada da média das diferenças sucessivas entre os intervalos

R-R normais adjacentes

RR Intervalo entre duas ondas R no eletrocardiograma

S-A Nodo sino-atrial

SDANN Desvio padrão das médias dos intervalos RR normais

SDNN Desvio-padrão de todos os intervalos R-R

SDNNi Média do desvio padrão dos intervalos RR normais

SGA Síndrome Geral de Adaptação

SNA Sistema nervoso Autônomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNPS Sistema Nervoso Parassimpático

SNS Sistema Nervoso Simpático

STH Hormônio de crescimento

TSH Hormônio tireotrófico

TWC Transformada Wavelet Contínua

ULF ultra Low Frequency- banda de frequência ultra baixa

um unidade normalizada

UNIVAP Universidade do Vale do Paraíba

VFC Variabilidade da Frequência Cardíaca

VLF Very Low Frequency- banda de muito baixa frequência

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 OBJETIVO DO ESTUDO ....................................................................................... 16

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 16

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 16

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 17

3.1 Sistema Cardiovascular ................................................................................ 17

3.2 Sistema Nervoso Autônomo e Estresse .......................................................... 20

3.3 Mensuração da Variabilidade da Frequência Cardíaca ................................... 21

3.4 Jogos Eletrônicos .......................................................................................... 23

4 CASUÍSTICA E MÉTODO ..................................................................................... 25

4.1 Local de Estudo ............................................................................................. 25

4.4 Princípios Éticos e Legais ............................................................................ 25

4.5 Casuística ........................................................................................................ 26

4.6 Protocolo .......................................................................................................... 26

4.7 Procedimentos ............................................................................................... 27

4.7.1 Preparação do Teste ......................................................................................... 27

4.7.2 Protocolo Experimental ................................................................................... 28

4.7.3 Método de Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca ............... 30

4.8 Análise Estatística ......................................................................................... 30

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 32

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 35

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 39

APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 43

APÊNDICE B- Valores de LF, HF e LF/HF em unidade absoluta para todos os sujeitos nas três fases do protocolo experimental. ............................................. 45

ANEXO A- DECLARAÇÃO DO CEP ........................................................................ 47

15

1 INTRODUÇÃO

A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é calculada a partir das

diferenças no ritmo cardíaco entre cada batida. Não existem dois intervalos

exatamente iguais, e é necessário um dispositivo mais sofisticado para determiná-la

do que simplesmente ver a pulsação. É um método utilizado para avaliar o

comportamento autonômico, definida como o conjunto de oscilações periódicas e

não-periódicas, normais e esperadas dos batimentos cardíacos. A análise da

densidade de potência espectral é um método utilizado atualmente, para

mensuração do domínio da frequência (BRUNETTO et al., 2005). A análise da VFC

conta com componentes oscilatórios que decompõe como componente de alta

frequência, componente de baixa frequência e/ou ultrabaixa frequência e

componentes de muito baixa frequência. A relação entre estes componentes reflete

as alterações entre os componentes simpático e parassimpático do sistema nervoso

autônomo (SNA) (NOVAIS et al., 2004).

A análise da VFC é caracterizada como uma ferramenta não-invasiva, simples

e de fácil aplicação, fornece índices que representam a atuação dos ramos

simpático e parassimpático do SNA sobre o coração (VANDERLEI et al., 2008;

GAMELIN et al., 2008), obtidos por métodos lineares e não-lineares nos domínios do

tempo e da frequência,

A mensuração da VFC em crianças durante jogos eletrônicos se torna

importante, pois alguns malefícios vêm ocorrendo em decorrência desses jogos.

Entre os malefícios entram distúrbios psicológicos, como também, problemas

físicos, como exemplo o mau posicionamento em que uma criança ou adolescente

possa estar fazendo diante do jogo o lesionamento por esforços repetitivos (LER).

Também é um exemplo de problemas físicos no caso dos games, atinge

principalmente as mãos devido ao teclado ou joystick. Nos problemas psicológicos

decorridos dos games pode ser citado a irritabilidade, agressividade, infelicidade e

principalmente a depressão (VANDERLEI; TOMAZ, 2009).

16

2 OBJETIVO DO ESTUDO

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a função autonômica do coração em crianças sadias em situações de jogo

eletrônico de futebol.

2.2 Objetivos Específicos

Estudar a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) analisando o

comportamento do sistema nervoso simpático e parassimpático, no repouso, durante a

fase de estímulo provocado pelo jogo eletrônico e na recuperação, em crianças sadias.

17

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Sistema Cardiovascular

O sistema cardiovascular é controlado, em parte, pelo sistema nervoso

autônomo (SNA) (figura 1), o qual fornece nervos aferentes e eferentes ao coração,

na forma de terminações simpáticas por todo o miocárdio e parassimpáticas para o

nódulo sinusal, o miocárdio atrial e o nódulo atrioventricular (AUBERT; SEPS;

BECKERS, 2003).

Figura 1: Representação esquemática do Sistema Nervoso Autônomo

Fonte: Mindasks (2013)

Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares se situam no sistema

nervoso central (SNC) e aí estabelecem conexões com importantes centros

encefálicos no chamado sistema límbico, cujos componentes formam um complexo

18

interligado, que inclui importantíssimos núcleos (como o hipocampo e a amígdala) e

em meio do qual se situa o hipotálamo. Esses núcleos conecta-se com o córtex

cerebral e, neste, nenhuma sensação gerada se sustenta ou adquire significado se a

informação causadora não chegar simultaneamente a tais núcleos. Assim, o sistema

límbico irá processar a informação sensorial, integra-a e dá-lhe colorido emocional.

O hipotálamo é o seu elo com o SNA. As fibras pré ganglionares do sistema

parassimpático pertencem ao aos nervos cranianos (vago ou pneumogástrico) e se

sinaptam com as pós-ganglionares (curtas) nas imediações dos próprios órgãos que

inervam (MENDES, 2001).

A influência do SNA sobre o coração é dependente de informações que

partem, dentre outros, dos baroceptores, quimioceptores, receptores atriais,

receptores ventriculares, modificações do sistema respiratório, sistema vasomotor,

sistema renina-angiotensina-aldosterona e sistema Termorregulador (COOKE et al.,

1998; PASCHOAL; PETRELLUZZI; GONÇALVES, 2002).

O controle neural está ligado à Frequência Cardíaca (FC) e atividade reflexa

barorreceptora (AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003). A partir das informações

aferentes, por meio de uma complexa interação de estímulo e inibição, respostas

das vias simpática e parassimpática são formuladas e modificam a FC, adaptando-a

as necessidades de cada momento. A consequência do aumento da FC é uma

maior ação da via simpática e da menor atividade parassimpática, ou seja, inibição

vagal, enquanto que, a sua redução depende basicamente do predomínio da

atividade vagal (AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003; PASCHOAL; PETRELLUZZI;

GONÇALVES, 2003; RAJENDRA ACHARYA et al., 2006).

As glândulas suprarrenais produzem uma descarga de noradrenalina e

adrenalina no coração, cuja medula é uma região ganglionar, pois recebe fibras pré-

ganglionares regulares. Numa situação de emergência como atenção ou emoção

diante de um evento, preparação para perseguição ou fuga, essas glândulas liberam

grandes quantidades de adrenalina, que nos deixa em estado de atenção).

A adrenalina liberada é um importante componente da chamada Reação de

Alarme, que predispõe o organismo a enfrentar uma situação adversa; aumentando

os batimentos cardíacos e, consequentemente, melhora a circulação para os

músculos encarregados da resposta motora a essa situação (MENDES, 2001).

Os batimentos do coração não possuem uma regularidade, portanto,

alterações na FC definidas como variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que

19

ocorre durante o ciclo cardíaco Esta variação pode ser medida pelo tempo

transcorrido entre duas ondas R consecutivas do eletrocardiograma (intervalo RR)

(figura 2), que não é constante. Este fato ocasiona uma variação entre os intervalos

R-R sucessivos (REIS et al., 1998). Esta variação se deve a liberação da acetilcolina

pelos terminais parassimpáticos que exerce sua influência na despolarização do

nodo sinoatrial (CAMBRI et al., 2008).

Figura 2: Ciclo Cardíaco do coração (traçado de eletrocardiograma)

Fonte: Shea (2013)

Este comportamento pode ser considerado normal e esperado, o que indica a

habilidade do coração em responder aos múltiplos estímulos fisiológicos e

ambientais, dentre eles, respiração, exercício físico, estresse mental, alterações

hemodinâmicas e metabólicas, sono e ortostatismo, bem como em compensar

desordens induzidas por doenças (AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003; RAJENDRA

ACHARYA et al., 2006; SANTOS et al., 2003; CATAI et al., 2002; CARUANA-

MONTALDO; GLEESON; ZWILLICH, 2000).

20

3.2 Sistema Nervoso Autônomo e Estresse

O estresse denota o estado de percepção de estímulos que provocam uma

excitação emocional e esta altera a homeostase, disparando um processo de

adaptação pelo aumento de secreção de adrenalina que, com distúrbios psicológicos

e fisiológicos, provocam manifestações sistêmicas (MARGIS et al., 2003).

De acordo com Loures et al. (2002) o organismo humano desenvolveu um

sistema complexo, constituído por componentes do sistema nervoso central,

incluindo os neurônios do núcleo paraventricular hipotalâmico, que produzem o

hormônio de liberação da corticotrofina, núcleos noradrenérgicos do tronco cerebral

com seus componentes periféricos, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e o sistema

nervoso autônomo, cuja principal função é manter a homeostase no repouso e em

situações de estresse (figura 3). Este sistema exerce importante influência e muitas

funções vitais, como a respiração, o tônus cardiovascular e o metabolismo

intermediário, que também são alteradas por estados de estresse.

Figura 3: Resposta ao estresse (Sem referência no texto)

Fonte: Nicolau (2003)

21

O sistema cardiovascular participa ativamente das adaptações ao estresse,

estando, portanto sujeito às influências neuro-humorais. As respostas

cardiovasculares resultam principalmente em um aumento da frequência cardíaca,

da contratilidade, débito cardíaco e pressão arterial (KRANTZ; MANUCK, 1984).

O hipotálamo também secreta alguns neurotransmissores, como dopamina,

noradrenalina e fator liberador de corticotrofina. Esse último estimula a liberação de

hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, que também aumenta a

produção de outros hormônios, tais como ADH (hormônio antidiurético), prolactina,

hormônio somatotrófico (STH ou GH - hormônio de crescimento) e hormônio

tireotrófico (TSH). O ACTH estimula as glândulas supra-renais a secretarem

corticóides e adrenalina (catecolamina). As glândulas adrenais passam então a

produzir e liberar os hormônios do estresse (adrenalina e cortisol), que aceleram o

batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar

no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o interesse pelo sexo),

contraem o baço (que expulsa mais hemácias para a circulação sanguínea, o que

amplia a oxigenação dos tecidos) e causa imunodepressão (redução das defesas do

organismo). A função dessa resposta fisiológica é preparar o organismo para a ação.

O cortisol também age como inibidor, diminuindo os sintomas gerados (GUYTON;

HALL, 2002).

3.3 Mensuração da Variabilidade da Frequência Cardíaca

Segundo Barros e Brito (2005), o interesse clínico pela VFC surgiu em 1965,

quando Hon e Lee demonstraram uma aplicação clínica bem definida da VFC na

área de monitorização do sofrimento fetal.

Comprometimentos na saúde podem ser indicados e antecipados por

mudanças nos padrões da VFC. Aumento da VFC é sinal de boa adaptação,

caracterizando um indivíduo saudável com mecanismos autonômicos eficientes, e a

baixa VFC é um indicador de adaptação anormal e insuficiente do SNA, o que pode

indicar a presença de mau funcionamento fisiológico no indivíduo (PUMPRLA et al.,

2002).

A mensuração da VFC é um método que nos permite analisar o controle

neural cardíaco durante períodos curtos ou prolongados, em diversas condições

fisiológicas (durante o sono, monitoramento de 24 horas, repouso, exercício físico e

22

bloqueio farmacológico) epatológicas (ALONSO et al., 1998; GRUPI; MORAES,

2001; HAUTALA, 2004; REIS et al., 1998).

Os índices de VFC são obtidos pela análise dos intervalos entre as ondas R,

as quais podem ser captadas por instrumentos como eletrocardiógrafos, e os

cardiofrequencímetros, a partir de sensores externos colocados em pontos

específicos do corpo (AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003; RAJENDRA ACHARYA et

al., 2006).

Dois métodos podem ser utilizados para analisar a VFC:

Cálculo de índices baseado em operações estatísticas dos intervalos R-R

(domínio do tempo) e;

Análise espectral de intervalos R-R ordenados (domínio da frequência). As

análises podem ser realizadas em segmentos curtos - 0,5 a 5 minutos - ou em

gravações de eletrocardiograma de 24 horas (LIMA, 1997).

No domínio da frequência a análise da densidade de potência espectral é o

método mais utilizado atualmente (BRUNETTO et al., 2005). Os principais

componentes oscilatórios que decompõe da análise da VFC são:

Componente de alta frequência (High Frequency -HF), com variação de 0,15

a 0,4Hz, que corresponde a atuação do nervo vago sobre o coração;

Componente de baixa frequência (Low Frequency -LF), com variação entre

0,04 e 0,15Hz, que é decorrente da ação conjunta dos componentes vagal e

simpático sobre o coração, com predominância do simpático;

Componentes de muito baixa frequência (Very Low Frequency - VLF) e

ultrabaixa frequência (Ultra Low Frequency - ULF) - Índices menos utilizados cuja

explicação fisiológica não está bem estabelecida e parece estar relacionada ao

sistema renina-angiotensina-aldosterona, à termorregulação e ao tônus vasomotor

periférico (GODOY; TAKAKURA; CORREA, 2005; NOVAIS et al., 2004).

23

A relação LF/HF reflete as alterações absolutas e relativas entre os

componentes simpático e parassimpático do SNA, caracterizando o balanço

simpato-vagal sobre o coração (NOVAIS et al., 2004).

3.4 Jogos Eletrônicos

A invenção do computador introduziu a tecnologia digital, e o que pode ser

considerado o brinquedo e o jogo mais complexo inventado até hoje: o jogo

eletrônico, onde o videogame passou a ser uma das principais atividades de lazer

para crianças e adolescentes (GRIFFITHS, 2005). Os jogos eletrônicos fazem parte

da vida cotidiana de jovens e crianças, levantando questionamentos sobre a sua

particularidade (SANTOS; VALE, 2006) já que o vício nos jogos eletrônicos tem se

tornado comum entre jovens e crianças.

Os jogos eletrônicos podem ser utilizados como apoio pedagógico, auxiliando

no desenvolvimento psicomotor e cognitivo (ANDERSON; FUNK; GRIFFITHS,

2004). No entanto, alguns problemas podem ser evidenciados com o uso frequente

destes aparelhos por crianças e jovens como a diminuição da atividade física,

postura inadequada, obesidade, dependência ao jogo, comportamento agressivo

entre outras (TAZAWA; OKADA, 2001; VANDEWATER; SHIM, 2004).

Para Burgos (2008), o vício em jogos eletrônicos está se tornando um

problema de saúde pública mundial. A exemplo temos países como a Coréia do Sul,

Alemanha, Holanda e EUA que já contam com centros de tratamento exclusivos

para viciados em jogos eletrônicos.

O assunto, porém, é controverso, tendo a contradição entre médicos que

relutam em considerar o uso constante de jogos como outras formas de vício, onde

estudos mais aprofundados na área se fazem necessário (STEENHUYSEN, 2007).

O mau uso e o excesso de utilização de aparatos eletroeletrônicos

(computador, videogame, celular etc.) têm gerado no ser humano um tipo de

estresse denominado estresse tecnológico (GOLDINI, 2005). O termo estresse é

empregado como sinônimo de fadiga, dificuldade, frustração, ansiedade, desamparo

e desmotivação.

Para Botsaris (2001) a evolução dos meios de comunicação e dos aparelhos

eletrônicos, provocou uma superestimulação do cérebro à medida que os indivíduos

24

passaram a utilizá-los com maior grau de dificuldade quando em situações

estressoras.

As crianças estão trocando a fase da vida onde a maior preocupação destes

pequenos seria apenas brincar com jogos eletrônicos (GOLDINI, 2005). A prática do

uso do videogame induz elevação significativa da pressão arterial (KRANTZ

MANUCK, 1984) representando desta forma um importante fator de risco para

doenças cardiovasculares.

O jogo vem se tornando um substituto as atividades sociais, como Kraut et al

(1998), sugere que o uso em excesso do jogo eletrônico pode causar dependência

em seus usuários, dificultando a sua vida social, como estudar, conviver com

amigos, que nesta idade é primordial para o crescimento social.

O estresse psicológico é definido por Von Borrell (2001) como uma condição

humana dos resultados de uma ou mais ações externas ou internas, interpretadas

como ameaçadoras a homeostase do organismo.

Uma agressão iminente pode ocorrer facilmente numa situação de estresse,

podendo ser considerado como um comportamento normal, entretanto, entretanto,

se esse estado persistir por muito tempo, o dano será inevitável (LOURES;

SAN’ANNA, 2002).

25

4 CASUÍSTICA E MÉTODO

4.1 Local de Estudo

Este estudo foi realizado na Universidade do vale do Paraíba (UNIVAP),

situada na cidade de São José dos Campos - SP. A sala no qual foi realizado o

experimento tinha temperatura controlada entre 22º e 24º, luminosidade adequada e

ambiente silencioso.

4.2 Critérios de Inclusão

Foram incluídos neste estudo os sujeitos com as seguintes características:

• Crianças que fazem utilização prévia do jogo eletrônico a no mínimo 2

(dois) anos e que tem habilidade reconhecida sobre todas as técnicas de cada

etapa do jogo;

• Termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A) assinado

pelo responsável legal.

4.3 Critérios de Exclusão

Foram adotados como critérios de exclusão os seguintes aspectos:

• Crianças do sexo feminino;

• Indivíduos portadores de patologias cardiovasculares, distúrbios

psicomotores e/ou lesões músculo esqueléticas por condições traumáticas

agudas ou patologias ortopédicas;

• Ausência de colaboração nos procedimentos a serem realizados;

4.4 Princípios Éticos e Legais

O presente protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de

Ética e Pesquisa – CEP da Universidade do vale do Paraíba (UNIVAP) sob o

número H275/CEP/2007.

26

Este estudo foi conduzido de acordo com os Princípios Éticos, seguindo as

diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos,

conforme Resolução no 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Os

responsáveis pelas crianças foram previamente informados quanto aos

procedimentos experimentais empregados e assinaram um termo de consentimento

livre e esclarecido autorizando a participação das mesmas no estudo.

4.5 Casuística

Foram parte do estudo 37 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 08

(oito) e 13 (treze) anos, sendo excluídos 5 indivíduos, pois o sinal elétrico não teve

um comportamento adequado a pesquisa, totalizando 32 indivíduos no estudo.

Todos foram voluntários do estudo, foram informados do protocolo após seus

responsáveis serem lerem e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (APÊNDICE A).

Os participantes estavam ativos e independentes, sem desconforto

respiratório e sem alterações neurológicas e cognitivas que comprometam a

compreensão ou a realização motora do teste.

Foram excluídos do estudo os indivíduos que não conseguirem terminar o

teste por falha na captação de sinais do equipamento; por alterações clínicas

expressas, por desconforto relatado; por atingir frequência cardíaca máxima

calculada pela formula: 208-(0,7 x idade) (Tanaka e colaboradores, 2001). Todos os

32 indivíduos foram alocados no estudo.

4.6 Protocolo

No dia do estudo, cada individuo selecionado recebeu orientações sobre o

jogo WinnigEleven (Futebol) fase 5, classificado como nível E (Everyone).

Os voluntários já estavam familiarizados com o jogo, por isso foram apenas

orientados, o protocolo foi aplicado após as orientações. Todos os participantes

foram estudados, em uma sala apropriada, onde estarão presentes somente o

pesquisador e o voluntário.

27

Cada criança foi posicionada na posição sentada, em uma cadeira à frente

ao jogo.

O estudo constituiu de três fases: Fase 1 (Repouso), Fase 2 (Jogo) e Fase 3 (Recuperação).

4.7 Procedimentos

4.7.1 Preparação do Teste

O estudo foi desenvolvido em uma sala onde estavam presentes o

pesquisador e o voluntário, cada criança tinha hora marcada individualmente. Os

voluntários estavam familiarizados com o jogo. A temperatura e luminosidade do

ambiente (lâmpadas fluorescentes) era controlada e adequada. Cada criança foi

orientada a se posicionar sentada em uma cadeira à frente do equipamento em uso

(Video Game Playstation 2 acoplado a uma Televisão de 29¨), em uma cadeira da

linha universitária. A altura da televisão até o chão (piso) era de 1,50metros e a

distância do jogador em relação à televisão era 1,47 metros.

Durante todas as etapas do estudo as crianças eram monitorizadas por um

frequencímetro (Figura 5), equipamento que consiste em uma cinta capaz de

detectar os batimentos cardíacos. Esta cinta era posicionada junto à caixa torácica

na altura do apêndice xifóide do esterno.

28

Figura 4: Sensor WearLink® do Monitor cardíaco Polar S810i® para captação do intervalo RR.

Fonte: Proximus (2006)

4.7.2 Protocolo Experimental

O protocolo foi dividido em três fases distintas realizadas na posição sentada:

Os sinais eletrocardiográficos coletados durante as três fases foram captados

pelo frequencímetro da marca POLAR S810i® (Figura 5).

Figura 5: Polar 810i®, monitor da freqüência cardíaca utilizado para coleta de dados.

Fonte: Proximus (2006)

29

Para a análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) nas diferentes

fases do protocolo experimental (tabela 1), os dados foram analisados de acordo

com o tempo de cada fase. Assim, a fase de repouso teve duração total de 6

minutos, a fase de estímulo 10 minutos e, por último, a fase de recuperação com

duração de 6 minutos. Portanto, no total foram registrados, 22 minutos de coleta

para cada indivíduo.

Tabela 1: Fases do protocolo experimental

FASE 1

FASE 2 FASE 3

Repouso Jogo Recuperação

A criança permanecia

sentada em sua cadeira à

frente do equipamento em

uso.

Esta fase era

caracterizada por

ausência de estímulos

visuais, auditivos e ou

movimentação.

Os sinais

eletrocardiográficos eram

coletados durante 6

minutos.

A Segunda fase

corresponde ao jogo

propriamente dito. O jogo

selecionado foi o

WinnigEleven – Fase 5

(Campeão), classificado

como nível E (Everyone)

com conteúdo adequado

para pessoas com idade

acima de 6 anos.

Os sinais

eletrocardiográficos eram

coletados durante 10

minutos.

Esta fase era

caracterizada pela retirada

do estímulo (jogo

eletrônico), a criança

ainda continuava em sua

cadeira.

Os sinais

eletrocardiográficos eram

coletados durante 6

minutos.

30

4.7.3 Método de Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca

Os sinais eletrocardiográficos captados pelo monitor cardíaco PolarS810i®

durante o experimento foram transmitidos via sensor infravermelho para um

computador equipado com o software Polar Precision Performance®. Os sinais

foram convertidos para o formato de arquivo de texto (TXT) e enviado para o

Microsoft Excel, onde os artefatos foram excluídos manualmente.

Em seguida, esses dados foram transportados para o programa Matlab 6.1®

para realização da Transformada Wavelet Contínua (TWC) utilizando o programa

“analisevfc” (NASCIMENTO, 2007) com o objetivo de se extrair a evolução da

potência espectral do sinal em duas diferentes faixas espectrais, a qual proporcionou

o cálculo da evolução temporal dos índices do Sistema Nervoso Autônomo, ou seja,

o cálculo da área da faixa espectral de baixa frequência (LF=Low Frequency, 0,04-

0,15 Hz), da faixa espectral de alta frequência (HF= High Frequency, 0,15-0,4 Hz) e

da relação LH/HF, em janelas de tempo de 0 a 360 segundos no período de

repouso, de 360 a 960 segundos durante o período do jogo eletrônico e de 960 a

1320 segundos durante o período de recuperação.

O presente estudo considerou que LF representa a área do sistema simpático

e HF relaciona-se a área correspondente a atividade parassimpática. O balanço

autonômico foi dado pela razão entre a área simpática e parassimpática (razão

LF/HF).

A TWC foi calculada na plataforma Matlab 6.1® através do algoritmo “Morlet”

desenvolvido e adaptado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da

Universidade do Vale do Paraíba (Univap) o qual analisa a potência espectral.

4.8 Análise Estatística

Os valores quantitativos relativos aos parâmetros LF e HF foram tabulados

em uma planilha no programa Microsoft Office Excel 2007 e depois analisados no

software GraphPad PRISM 5.0.

Inicialmente foi realizada análise de extremos (outliers) e descartados dados

de 5 crianças. Em seguida foi realizada a análise descritiva (média aritmética e

31

desvio padrão, mediana, mínimo e máximo) com o objetivo de verificar as

características específicas e gerais da amostra estudada.

Utilizou-se o teste D’Agostino para analisar a normalidade dos dados visando

a escolha do tipo de teste estatístico a ser aplicado (paramétrico ou não

paramétrico). A partir desta análise, verificou-se que as variáveis apresentaram

distribuição normal, sendo então selecionado o teste paramétrico para análise. Para

verificar a existência de diferenças estatísticas entre as médias dos dados nas

diferentes fases do experimento utilizou-se a análise de variância (ANOVA one-way),

seguido por teste post-hoc (Tuckey). O nível de significância foi fixado em p < 0,05.

Os dados estão apresentados em forma de tabelas onde os valores estão

expressos em média e desvio padrãoe gráficos de caixa (boxplots) com valores de

média e dois erros padrões, bem como valores extremos.

32

5 RESULTADOS

Com o presente estudo foi obtida a potência espectral relativa às baixas

frequências (LF) que equivale a área sobre a curva da potência espectral dos

intervalos RR entre 0, 04 e 0,15Hz e a potência relativa às altas frequências (HF),

entre 0,15 a 0,4 Hz. A relação simpático-vagal é calculada dividindo LF por HF.

Os parâmetros LF, HF e LF/HF foram calculados para todos os sujeitos nas

três fases (Repouso, Jogo e Recuperação) e estão apresentados no Apêndice B.

A Tabela 2 apresenta os valores de LF (banda de baixa frequência -

corresponde a atividade simpática), HF (banda de alta frequência - corresponde a

atividade parassimpática) em ms2 e LF/HF - razão entre baixa e alta frequência

(corresponde ao balanço autonômico) na forma da média ± desvio padrão.

Tabela 2: Valores dos índices da VFC no domínio da frequência (ms2) durante as fases do protocolo.

Os valores de LF estão representados numericamente na tabela 1, e no

gráfico 1 através do Boxplot para a média e dois erros padrões.

FASES DO PROTOCOLO VARIÁVEISMÉDIA

DESVIO PADRÃOMÁXIMO MÍNIMO

LF1 355.05 ± 451.16 2598.45 5.78HF1 298.61 ± 284.01 1281.2 15.04

LF1/HF1 1.52 ± 0.97 4.16 0.23LF2 411.15 ± 486.46 2548.9 3.41HF2 211.57 ± 226.49 851.98 1.11

LF2/HF2 2.37 ± 1.20 5.47 0.51LF3 423.98 ± 366.85 1342 1.74HF3 308.01 ± 270.65 1028.5 1.17

LF3/HF3 1.89 ± 1.04 4.33 0.49

Repouso

Jogo

Recuperação

33

Gráfico 1: Boxplot dos valores de LF durante o Repouso, durante o Jogo e durante a Recuperação.

Não houve diferença estatística entre as situações da fase de Repouso e de

Jogo nos valores de LF (referente à atividade Simpática), mas, observa-se uma

redução nos valores da atividade LF durante a fase do jogo.

Observa-se uma diferença significativa nas atividades de LF referentes as

fases de repouso e Recuperação, onde foi obtido um p= 0,0304.

Os valores de HF durante as fases do protocolo experimental estão expressos

numericamente na Tabela 1 e graficamente no gráfico 2.

Gráfico 2: Boxplot da média de dois erros padrões dos valores de HF durante o Repouso o Jogo e durante a Recuperação.

34

Comparando o ramo Parassimpático (HF) durante o Repouso (298,61 ±

284,01) com o ramo Parassimpático (HF) durante o Jogo (211,57 ± 226,49)

observados na tabela 1 e gráfico 2, verificou-se uma diminuição significativa, onde

p=0,0029.

Comparando os dados obtidos durante os períodos de Jogo 211,57 ± 226,49

e Recuperação 308,01 ± 270,65, observou-se que não houve um aumento

significativo dos valores de HF (referente à atividade Parassimpática), mas fica

visível no gráfico 2 este aumento.

O aumento de HF não foi significativo quando o período de Repouso foi

comparado com o período de Recuperação.

A tabela 1 ilustra os valores da razão (LF/HF) entre as áreas de baixa

frequência - LF e de alta frequência – HF e os dados estão representados no gráfico

3.

Gráfico 3: Boxplot da média e dois erros padrões dos valores de LF/HF durante o

Repouso, durante o Jogo e durante a Recuperação.

Pode-se observar um aumento na intensidade dos valores de LF/HF,

sugerindo influência das fases do protocolo, de modo que houve uma elevação

significativa p=0,02 nos valores da fase de Repouso 1,52 ± 0,97 para a fase de Jogo

2,37 ± 1,20.

35

Entre as fases de Repouso (1,52 ± 0,97) e Recuperação (1,89 ± 1,04) houve

um aumento significativo obtendo um valor de p=0,012.

Comparando os valores de LF/HF entre as fases Jogo 2,37 ± 1,20 e

Recuperação 1,89 ± 1,04, verificou-se uma redução significativa da relação p=0,02.

36

6 DISCUSSÃO

Considerando a técnica da VFC como uma ferramenta não-invasiva, simples

e de fácil aplicação, fornece índices que representam a atuação dos ramos

simpático e parassimpático do SNA sobre o coração (VANDERLEI et al., 2008;

SZTAJZEL, 2004; PUMPRLA et al., 2002; STEIN et al., 1994), .

O objetivo do presente estudo constituiu em analisar a variabilidade da

frequência cardíaca em crianças submetidas ao jogo de futebol eletrônico, sendo

assim, analisar a influência dos jogos eletrônicos sobre a variabilidade da frequência

cardíaca em crianças e através desta avaliar o comportamento do sistema nervoso

autônomo. Através dos resultados obtidos, proprõe possibilidades de novos estudos

na área, visando melhorar a qualidade de vida desde grupo.

Sendo o coração um órgão que recebe influências autonômicas na

manutenção da homeostase e, nesse sentido, uma de suas principais características

consiste na constante modificação da frequência de seus batimentos (RIBEIRO et

al., 2000). A VFC pode ser analisada por métodos lineares e não-lineares, nos

domínios do tempo e da frequência, conseguindo parâmetros ideais para a

mensuração da VFC em crianças durante jogos eletrônicos.

O crescimento econômico acelerado, a modernização urbana e áreas de lazer

restritas são possíveis fatores associados com uma alta disponibilidade domiciliar de

videogame (JIRASATMATHAKUL; POOVORAWAM, 2000), onde pode ser adquirido

com cada vez mais facilidade, e tornando obsoleto em muito pouco tempo, fazendo

necessária á troca rapidamente desses jogos com o intuito de modernização de

novos jogos que são oferecidos com muita facilidade no mercado.

Existem os benefícios dos jogos como, por exemplo, o uso como auxiliares

educacionais, mas, entre os malefícios entram todo um distúrbio psicológico como

também problemas físicos, entre outros (VANDERLEI; TOMAZ, 2009).

Para interpretarmos os dados coletados pelo frequencímetro foi necessário

proceder a uma análise matemática com finalidade de modificar dados brutos em

dados passíveis de interpretação clínica, para isso utilizamos a Transformada de

Wavelet Contínua que emergiu recentemente como uma potente ferramenta de

análise tempo-frequência favorável à interpretação de sinais não estacionários

(BOLZAN, 2004; TORRENCE; COMPO, 1998).

37

Durante as três fases os sinais eletrocardiográficos foram captados por um

frequencímetro da marca Polar S810i®. Todos os dados obtidos foram transmitidos

para um computador equipado com o software Polar Precision Performance®, o

sinal foi filtrado e exportado no formato de arquivo de texto (TXT). A seguir, os

dados foram analisados pelo programa HRVanalysis® no domínio da frequência e

do tempo. Para a análise do domínio da frequência optou-se pela transformada

wavelet, através da qual realizou-se o cálculo das áreas de baixa freqüência (LF=

Low Frequency, 0,04-0,15Hz) e da alta freqüência (HF= High Frequency, 0,15-

0,4Hz) (FAGUNDES, 2007). Neste estudo, assumiu-se que LF representa a área do

sistema simpático e HF relaciona-se a área correspondente à atividade

parassimpática. O balanço autonômico é dado pela razão entre a área simpática e

parassimpática (razão LF/HF) (TASK FORCE, 1996 apud FAGUNDES, 2007).

Razões maiores que 1 são representativas de simpaticotonia relativa, menores do

que 1 de vagotonia relativa e iguais a 1, equilíbrio simpático-vagal (VANDERLEI et

al. 2009).

Os componentes de LF e HF podem ser medidos em milissegundos ao

quadrado (MALLIANI et al., 1991).

Durante a fase de recuperação, caracterizada pela ausência de estímulo no

ramo simpático (LF), houve uma diminuição em relação ao parassimpático (HF)

denotando assim um maior predomínio da atividade simpática após a retirada do

estímulo. Podendo ter ocorrido de acordo com a recuperação da regulação

autonômica a curto-prazo pode acontecer dentro de alguns minutos (10 a 20

minutos) em exercícios máximos ou sub-máximos. De acordo com Niewiadomski et

al (2007) uma prolongada perturbação da atividade autonômica pode haver um

atraso na retirada simpática na recuperação, o que pode ter indicado no presente

estudo, considerando o tempo de 6 minutos como insuficiente para uma

recuperação.

Nos resultados obtidos no LF/HF, observou-se uma diminuição significativa

nas fases do jogo para a recuperação, resultado esperado, já que o participante

finaliza suas atividades, podendo recuperar a sua VFC sem estímulos,

caracterizando uma situação de estresse, com esta diminuição da VFC, tendo um

predomínio marcante da atividade simpática.

38

7 CONCLUSÃO

Esta pesquisa de crianças analisadas pela variabilidade da frequência

cardíaca durante jogo eletrônico permitiu concluir que:

- No processamento e análise de sinais biológicos, fornecendo uma análise

tempo-frequência da atuação da VFC do Sistema Nervoso simpático e

parassimpático, no repouso, durante a fase de estímulo provocado pelo jogo

eletrônico e na recuperação, em crianças sadias, foi obtido durante o repouso e

recuperação um aumento do sinal significativo;

- Durante a fase do jogo eletrônico, houve um aumento na relação LF/HF,

confirmando a influência do jogo eletrônico no controle autonômico de indivíduos

saudáveis, promovendo uma ativação simpática importante.

39

REFERÊNCIAS

ALONSO, D. O. et al. Comportamento da frequência cardíaca e da suavariabilidade durante as diferentes fases do exercício físico progressivo máximo. Arq Bras Cardiol., v. 71, n.6, p.787-2, 1998.

ANDERSON, C.A, FUNK, J.B, GRIFFITHS, M.D. Contemporary issues in adolescent video game playing: brief overview and introduction to the special issue. Journal of Adolescence, v. 27, p. 1-3, 2004.

AUBERT, A. E; SEPS, B.; BECKERS, F. Heart rate variability in athletes. Sports Med., v. 33, n.12, p.889-919, 2003.

BARROS, V. C. V.; BRITO MR. Estudo da variabilidade da freqüência cardíaca no paciente após infarto agudo do miocárdio. Rev. Soc. Mineira de Cardiol., v.5, n.1, 2005. Disponível em: http://www.bibliomed.com.br/lib/showdoc.cfm?LibDocID=13320&ReturnCatID=14138&action=full. Acesso em 02 out. 2013.

BOLZAN, M. J. A. Análise da transformada em ondeletas aplicada em sinal geofísico. RevistaBrasileira de Ensino de Física. v. 26, n. 1, p. 37-41, 2004.

BOTSARIS, A. O complexo de atlas: e outras síndromes do estresse contemporâneo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

BURGOS, P. Clínica para viciados em videogame. Super Interessante, São Paulo, v. 251, n. 4, p. 47, abr. 2008.

BRUNETTO, A. F. et al. Limiar ventilatório e variabilidade de frequência cardíaca em adolescentes. Rev Bras Med Esporte, v. 11, n.1, p. 22-7, 2005.

CAMBRI, L. T. et al. Variabilidade da frequência cardíaca e controle metabólico. Arq .Sanny Pesq. Saúde, v. 1, n.1, p.72-82, 2008.

CARUANA-MONTALDO, B.; GLEESON, K.; ZWILLICH, C. W. The control of breathing in clinical practice. Chest., v. 117, n. 1, p.205-25, 2000.

CATAI, A. M., et al. Effects of aerobic exercise training on heart rate variability during wake ful nessand sleepan cardiorespiratory responses ofyounganmiddle-agedhealthy men. Braz J Med Biol Res., v. 35, n.6, p. 741-52, 2002.

COOKE, W. H. et al Controlled breathing protocol sprobe human autonomic cardiovascular rhythms. Am J Physiol., v. 274, n.2 Pt 2, p.H709-18, 1998.

FAGUNDES, A. A. Análise do efeito da acupuntura auricular sobre o controle autonômico por meio da variabilidade da freqüência cardíaca. 2007. 1 disco laser. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2007.

40

GUYTON, A.C., HALL, J.E. Tratado De Fisiologia Médica. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002

GAMELIN, F. X. et al. Validity of the polar S810 to measure R-R intervals in children. Int J Sports Med., v. 29, n. 2, p.134-8, 2008.

GODOY, M. F.; TAKAKURA, I. T.; CORREA, P. R. Relevância da análise do comportamento dinâmico não-linear (Teoria do Caos) como elemento prognóstico de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica. Arq Ciênc Saúde., v. 12, n.4, p.167-71, 2005.

GOLDINI, J. A. L. Valorize a vida: vença o stress, 2ed. São Paulo: Tony atomic design, 2005.

GRIFFITHS, M. Video games and health.B M J., v.331, n.7509, p.122-123, 2005.

GRUPI, C. J.; MORAES, R. Variabilidade da frequência cardíaca, conceitos e utilidade clínica. In: MOFFA, P.J.; SANCHES, P.C.R. (Coord.). Eletrocardiograma: normal e patológico. São Paulo: Roca, 2001. p. 839-68.

HAUTALA, A. Effect of physical exercise on autonomic regulation of heart rate. 2004. Dissertation (Mestrado). Faculty of Medicine, University Of Oulu, Finland, 2004.

JIRASATMATHAKUL, P.; POOVORAWAM, Y. Prevalence of video games among Thaichildren: impact evaluation. J Med Assoc Thai.,v.83, p.1509-1513, 2000.

KRAUT, R, et al. Internet paradox: a social technology that reduces social involvement and psychological well-being? AmPsychol., v.53, n.9, p.1071-1031, 1998.

KRANTZ, D.S.; MANUCK, S.B. Acute psychophysiologic reactivity and risk of cardiovascular disease: A review and methodologic critique. Psychol Bull., v. 96, p. 435-64, 1984.

LIMA, J. Frequência Cardíaca em Cargas Crescentes de Trabalho: Ajuste Sigmóide, Ponto de Inflexão e Limiar de Variabilidade da Frequência Cardíaca. 1997. Tese (Doutorado em Biodinâmica do Movimento Humano). Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.

LOURES, D.; SANT’ANNA, I.Mental stress and cardiovascular system.ArqBras Cardiol., v.78, n.5, p.525-530, may. 2002.

MALLIANI, A. et al. Cardiovascular neural regulation explored in the frequency domain. Circulation, v.84, p.482-492, 1991.

MARGIS, R. Relação entre estressores, estresse eansiedade. Revista Psiquiatr., v. 25, p. 65-74, abr. 2003.

MENDES, Erasmo Garcia. Conforme Razões do coração. Estud. av., v. 15, n.41, p 213-218, 2001.

41

MINDASKS. Neurociências comunicação evolução. O que é o sistema nervoso autonomo? 2013. Disponível em: <http://mindasks.blogspot.com.br/2013/03/o-que-e-o-sistema-nervoso-autonomo.html>. Acesso em mar.2013.

NASCIMENTO, A. C. P. Técnicas de análise da variabilidade da freqüência cardíaca no domínio da frequência e análise no domínio do tempo. 2007. 1 disco laser. Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2007.

NICOLAU, Paulo Fernando M. Transtornos Mentais, 2003. Disponível em: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/texto13.htm. Acesso em mar. 2013.

NIEWIADOMSKI, W. et al. Suppression of heart rate variability after supramaximal exertion. Clinical Physiology and Imaging, v. 27, p. 302-319, 2007

NOVAIS, L. D. et al. Avaliação da variabilidade da freqüência cardíaca em repouso de homens saudáveis sedentários e de hipertensos e coronariopatas em treinamento físico. Rev Bras Fisioter., v. 8, n. 3, p.207-13, 2004.

PASCHOAL, M. A.; PETRELLUZZI, K. F. S.; GONÇALVES, N. V. O. Estudo da variabilidade da frequência cardíaca em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Rev. Ciênc. Med., v.11, n.1, p.27-37, 2002.

PASCHOAL, M. A.; PETRELLUZZI, K. F. S.; GONÇALVES, N. V. O. Controle autonômico cardíaco durante a execução de atividade física dinâmica de baixa intensidade Rev. Ciênc. Med., v. 13, n.5 (supl A), p.1-11, 2003.

PROXIMUS Tecnologia. Polar, 2006. Disponível em: <http://www.poximus.com.br>. Acesso em mar. 2013. PUMPRLA, J. et al. Function alassessment of heart rate variability: physiological Basisand practical applications. Int J Cardiol., v. 84, n.1, p.1-14, 2002.

RAJENDRA ACHARYA, U. et al. Heart rate variability: a review. Med. Bio. Eng. Comput., v. 44, n.12, p.1031-51, 2006.

REIS, A. F. et al. Disfunção parassimpática,variabilidade da frequência cardíaca e estimulação colinérgicas após infarto agudo do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol., v. 70, n.3, p.193-9, 1998.

RIBEIRO, T. F. et al. Estudo da variabilidade da freqüência cardíaca em dois voluntáriosde meia-idade, um coronariopata e outro saudável – relato de caso. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, v.10, n. 1(supl A), p. 1-10, 2000.

SANTOS, M. D. B. et al. Estudo da arritmia sinusal respiratória e da variabilidade da frequência cardíaca de homens jovens e de meia-idade. Rev. Soc. Cardiol., v. 13, n.3 supl A, p. 15-24, 2003;

SANTOS, C.; VALE, F. Jogos eletrônicos na educação: um estudo da proposta dosjogos estratégicos. 2006. 111f. Trabalho de conclusão de curso (Ciência da

42

Computação) Departamento de Ciência da Computação e Estatística, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2006.

SHEA, Michael J. Electrocardiography (ECG). Whitehouse Station, N.J.: Merck Sharp & Dohme Corp., 2013. Disponível em: <http://www.merckmanuals.com/professional/cardiovascular_disorders/cardiovascular_tests_and_procedures/electrocardiography_ecg.html>. Acesso em mar. 2013.

SZTAJZEL, J. Heart Rate Variability: a noninvasive electrocardiographic mehod to measure the autonomic nervous system. Swiss Med Wkly., v. 134, n.2, p. 514-22, 2004.

STEENHUYSEN, J. Especialistas em vício dizem que videogame não vicia. Reuters, 2007. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,OI1711880-EI4795,00.html >.Acesso em Fev. 2010.

STEIN, P.K. et al. Heart rate variability: a measure of cardiac autonomic tone. Am. Heart J., Saint Louis, v.127, n.5, p.1376-81,1994.

TORRENCE, C.; COMPO, G. P. A Pratical Guide to Wavelet Analysis. Bull. Am. Meteorol. Soc., v.79, n.1, p.61-78, 1998.

TAZAWA, Y.; OKADA, K. Physical signs associated with excessive television-game playing and sleep deprivation. Pediatr. Int., v. 43, p. 647-650, 2001.

VANDERLEI, Luiz Carlos Marques et al. Noções Básicas de Variabilidade da Frequência Cardíaca e SUA aplicabilidade Clínica. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc., v.24, n.2, p 205-217, 2009.

VANDERLEI, L. C. M. et al. Comparison of the Polar S810i monitor and the ECG for the analysis of heart rate variability in the time and frequency domains. Braz. J. Med. Biol. Res., v. 41, n.10, p. 854-9. 2008.

VANDERLEI, L.; TOMAZ, C. Noções básicas de variabilidade da freqüência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev. Bras. Cir. Cardiov., v.24, p.205-2017, 2009.

VANDEWATER, E.A.; SHIM, M. S.; CAPLOVITZ, A. G. Linking obesity and activity level with children’s television and video game use. J. Adolesc., v.27, p. 71-85, 2004.

VON BORRELL, E. The biology of stress and its application to livestock housing andtransportation assessment. J. animal sci., v.79, n.E.Suppl, p.E260-E267, 2001.

43

APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Instituição: Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP

Título do Projeto: Análise da variabilidade da frequência cardíaca em crianças

submetidas ao jogo eletrônico

Pesquisadora:Daniel Tineu Leite Maia

Objetivo: Analisar a variabilidade da freqüência cardíaca em crianças submetidas

ao jogo de futebol eletrônico.

Justificativa: Pretende-se com este estudo analisar a influência dos jogos

eletrônicos sobre a variabilidade da freqüência cardíaca em crianças e através desta

avaliar o comportamento do sistema nervoso autônomo. Através dos resultados

obtidos, propor possibilidades de novos estudos na área, melhorando a qualidade de

vida desde grupo.

Procedimentos: foi avaliadas 32 crianças, do sexo masculino, clinicamente

saudáveis, com idades entre 8 a 13 anos e que fazem utilização prévia do jogo

eletrônico a no mínimo 2 anos e tenham habilidade reconhecida sobre todas as

técnicas de cada etapa do jogo. Todos os indivíduos irão fazer uso do jogo

eletrônico por 10 minutos.

Desconforto ou Riscos Esperados: Os voluntários não serão submetidos a riscos

durante o período experimental.

Segurança: É assegurado o acompanhamento dos participantes pelo pesquisador

durante todos os procedimentos, a garantia de esclarecimentos antes e durante o

curso da pesquisa e a total privacidade quanto aos dados envolvidos na pesquisa.

Concordo em participar voluntariamente deste estudo e sei que poderei retirar o meu

consentimento antes ou durante o mesmo, sem ônus de qualquer espécie pela

colaboração. Estou esclarecido a respeito das informações e sei dos propósitos de

estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e

de esclarecimentos permanentes, e que a minha participação não implicará em

nenhuma despesa. Tenho a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo,

sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas e sobre o andamento do

trabalho.

44

Nome do voluntário:________________________________________________________ R.G: _________________________________CPF: ______________________________ Endereço: __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Telefone para contato: ________________________________ Data: ____/____/____ _____________________________________ __________________________________ Assinatura do(a) responsável Assinatura do(a) pesquisador(a)

Contato do (a) Pesquisador (a) responsável: Daniel Tineu Leite Maia

Telefone: (12) 3125-4539 (12) 98285-7425

E-mail: [email protected]

Contato dos Orientadores: Alderico Rodrigues de Paula Junior Universidade do Vale do Paraíba, Telefone: (12) 3947-1000 Ramal: 1140

E-mail: [email protected]

Contato da Instituição: Univap: Avenida ShishimaHifume

São José dos Campos, SP 12244-000

Telefone: (12)39471140

45

APÊNDICE B- Valores de LF, HF e LF/HF em unidade absoluta para todos os

sujeitos nas três fases do protocolo experimental.

LF1 HF1 LF1/HF1 LF2 HF2 LF2/HF2 LF3 HF3 LF3/HF31 378.92 169.78 2.23 487.50 88.97 5.47 942.82 368.54 2.552 2598.45 1281.20 2.02 2548.90 800.40 3.18 1342.00 561.90 2.383 94.87 102.35 0.92 108.08 71.49 1.51 751.08 735.27 1.024 78.70 32.71 2.40 3.41 1.11 3.06 4.89 1.73 2.835 5.78 15.04 0.38 23.52 11.92 1.97 1.74 1.17 1.486 36.24 34.74 1.04 6.13 1.94 3.15 163.39 61.61 2.657 300.36 72.07 4.16 270.36 52.66 5.13 137.35 45.92 2.998 140.50 48.13 2.91 277.35 72.25 3.84 253.32 68.14 3.729 207.56 589.84 0.35 1033.00 613.24 1.68 1256.90 1028.50 1.22

10 517.29 585.99 0.88 1122.60 595.75 1.88 300.92 610.12 0.4911 142.46 279.09 0.51 92.84 58.00 1.60 120.09 87.30 1.3812 213.13 214.11 1.00 143.42 84.42 1.70 166.71 115.36 1.4513 100.45 192.03 0.52 183.42 167.06 1.10 105.04 153.85 0.6814 144.95 639.80 0.23 1052.60 851.98 1.24 585.96 496.09 1.1815 235.89 240.18 0.98 116.16 121.48 0.95 132.77 204.75 0.6416 306.34 105.55 2.90 202.22 87.70 2.30 142.49 77.71 1.8317 766.11 450.00 1.70 613.73 308.18 1.99 945.26 346.90 2.7218 541.33 484.45 1.11 425.28 276.94 1.53 479.21 649.22 0.7319 110.75 77.09 1.43 111.72 30.61 3.64 123.17 40.40 3.0420 529.81 427.11 1.24 289.69 242.00 1.19 455.89 315.19 1.4421 518.52 565.73 0.91 569.81 268.76 2.12 792.37 586.47 1.3522 312.74 246.31 1.26 133.25 258.41 0.51 328.33 228.09 1.4323 541.89 342.87 1,58 239.00 84.58 2.82 304.65 104.55 2.9124 433.83 702.32 0.61 599.65 503.89 1.19 489.76 478.23 1,0225 493.44 728.96 0.67 334.31 228.88 1.46 487.54 402.76 1,2126 93.54 28.59 3.20 287.13 66.20 4.33 263,87 64,91 4,0627 247.77 191.06 1.20 211.46 88.19 2.39 201,32 92,99 2,1628 478.17 291.08 1.64 481.54 285.03 1.68 454,77 389,45 1,1629 319.88 209.33 1.52 221.92 78.39 2.83 252,19 82,02 3,0730 161.31 94.29 1.71 487.28 220.66 2.20 466,43 230,26 2,0231 44.42 16.34 2.71 167.00 63.58 2.62 192.75 44.55 4.3332 266.41 97.39 2.73 312.51 85.63 3.64 441.19 501.96 0.87

VariáveisVoluntários

46

LF1 HF1 LF1/HF1 LF2 HF2 LF2/HF2 LF3 HF3 LF3/HF31 378,92 169,78 2,23 487,50 88,97 5,47 942,82 368,54 2,552 2598,45 1281,20 2,02 2548,90 800,40 3,18 1342,00 561,90 2,383 94,87 102,35 0,92 108,08 71,49 1,51 751,08 735,27 1,024 78,70 32,71 2,40 3,41 1,11 3,06 4,89 1,73 2,835 5,78 15,04 0,38 23,52 11,92 1,97 1,74 1,17 1,486 36,24 34,74 1,04 6,13 1,94 3,15 163,39 61,61 2,657 300,36 72,07 4,16 270,36 52,66 5,13 137,35 45,92 2,998 140,50 48,13 2,91 277,35 72,25 3,84 253,32 68,14 3,729 207,56 589,84 0,35 1033,00 613,24 1,68 1256,90 1028,50 1,22

10 517,29 585,99 0,88 1122,60 595,75 1,88 300,92 610,12 0,4911 142,46 279,09 0,51 92,84 58,00 1,60 120,09 87,30 1,3812 213,13 214,11 1,00 143,42 84,42 1,70 166,71 115,36 1,4513 100,45 192,03 0,52 183,42 167,06 1,10 105,04 153,85 0,6814 144,95 639,80 0,23 1052,60 851,98 1,24 585,96 496,09 1,1815 235,89 240,18 0,98 116,16 121,48 0,95 132,77 204,75 0,6416 306,34 105,55 2,90 202,22 87,70 2,30 142,49 77,71 1,8317 766,11 450,00 1,70 613,73 308,18 1,99 945,26 346,90 2,7218 541,33 484,45 1,11 425,28 276,94 1,53 479,21 649,22 0,7319 110,75 77,09 1,43 111,72 30,61 3,64 123,17 40,40 3,0420 529,81 427,11 1,24 289,69 242,00 1,19 455,89 315,19 1,4421 518,52 565,73 0,91 569,81 268,76 2,12 792,37 586,47 1,3522 312,74 246,31 1,26 133,25 258,41 0,51 328,33 228,09 1,4323 541,89 342,87 1,58 239,00 84,58 2,82 304,65 104,55 2,9124 433,83 702,32 0,61 599,65 503,89 1,19 489,76 478,23 1,0225 493,44 728,96 0,67 334,31 228,88 1,46 487,54 402,76 1,2126 93,54 28,59 3,20 287,13 66,20 4,33 263,87 64,91 4,0627 247,77 191,06 1,20 211,46 88,19 2,39 201,32 92,99 2,1628 478,17 291,08 1,64 481,54 285,03 1,68 454,77 389,45 1,1629 319,88 209,33 1,52 221,92 78,39 2,83 252,19 82,02 3,0730 161,31 94,29 1,71 487,28 220,66 2,20 466,43 230,26 2,0231 44,42 16,34 2,71 167,00 63,58 2,62 192,75 44,55 4,3332 266,41 97,39 2,73 312,51 85,63 3,64 441,19 501,96 0,87

Média 355,06 298,61 1,52 411,15 211,57 2,37 423,98 308,01 1,89Desvio Padrão 451,16 284,01 0,97 486,46 226,50 1,20 366,85 270,65 1,04Máximo 2598,45 1281,20 4,16 2548,90 851,98 5,47 1342,00 1028,50 4,33Mínimo 5,78 15,04 0,23 3,41 1,11 0,51 1,74 1,17 0,49

VariáveisVoluntários

47

ANEXO A- DECLARAÇÃO DO CEP