DANIELA MARA CAMPOS DE MIRANDA PREVALÊNCIA DE … · Ao serviço de Nuclimagem da Santa Casa de...
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DANIELA MARA CAMPOS DE MIRANDA
PREVALÊNCIA DE TIREOIDITE AUTOIMUNE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES EM UMA ÁREA IODO SUFICIENTE
Tese apresentada ao Curso de Pós
Graduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do Título de Doutora em
Medicina.
SÃO PAULO
2014
DANIELA MARA CAMPOS DE MIRANDA
PREVALÊNCIA DE TIREOIDITE AUTOIMUNE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES EM UMA ÁREA IODO SUFICIENTE
Tese apresentada ao Curso de Pós
Graduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do Título de Doutora em
Medicina.
Área de Concentração: Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Osmar Monte
Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Kiyoshi Tomimori
SÃO PAULO
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Miranda, Daniela Mara Campos de Prevalência de tireoidite autoimune em crianças e adolescentes em uma área iodo suficiente./ Daniela Mara Campos de Miranda. São Paulo, 2014.
Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Osmar Monte Co-Orientador: Eduardo Kiyoshi Tomimori 1. Tireoidite autoimune 2. Iodo/urina 3. Criança 4. Tireoidite/
epidemiologia 5. Tireoidite/ultrassonografia 6. Tireoglobulina BC-FCMSCSP/42-14
Dedico esse trabalho ao meu pai Luiz Gonzaga Furtado de
Miranda, médico exemplar no trato com os pacientes, que
despertou em mim, ainda na infância, o desejo de segui-lo
profissionalmente, e me apoiou e incentivou na longa jornada da
minha formação.
A minha mãe Mara Campos, que me ensinou a trilhar o
caminho do bem, a quem atribuo, com orgulho, minha qualidade
de caráter e formação como ser humano.
Ao meu marido Alexandre Góes de Divitis, e aos nossos
“pequenos” Zion e Flan, pelo companheirismo, dedicação, amor e,
principalmente, por compreenderem as minhas longas ausências,
impostas pela dedicação dispensada a esse estudo.
Aos meus irmãos Israel, Michele e David, pela
cumplicidade e pelo eterno significado de lar.
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de
histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e
pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias
árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o
oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar
essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não
simplesmente como é ou pode ser, que nos faz professores e doutores do
que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
Mar sem fim- Amyr Klink
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por estar sempre presente e me fortalecer diante dos desafios.
Aos pacientes, por depositarem sua confiança em mim e darem sentido ao meu
trabalho.
Aos meus orientadores:
Prof. Dr. Osmar Monte, pela confiança, carinho e pelos conhecimentos
compartilhados desde os meus primeiros passos na endocrinologia.
Prof. Dr. Eduardo Kiyoshi Tomimori, amigo e mentor, por ser meu maior
incentivador, pela confiança depositada e pelo tempo dedicado à minha formação
profissional.
À Dra. Juliana Neves Masson, que trabalhou junto a mim no recrutamento dos
pacientes, prestando inestimável contribuição a esse trabalho.
Aos professores Dr. Sílvio Luiz Zuquim, Chefe do Pronto socorro infantil (PSI) da
Santa Casa de São Paulo e Dr. Rogério Pecchini, Chefe do serviço de pediatria da
Santa Casa de São Paulo.
Aos Professores Dr. Adriano Cury, Dra. Rosalinda Camargo e Dra. Gláucia Duarte,
pela valorosa contribuição no exame de qualificação.
Ao serviço de Nuclimagem da Santa Casa de São Paulo, à Dra. Marília Marone e
especialmente à Dra. Sonia Toyoda, pelo entusiasmo, profissionalismo e imensa
ajuda prestada.
Aos médicos assistentes do PSI, especialmente à Dra. Beatriz Cesar Cirilo, e aos
médicos residentes, pelo apoio e colaboração.
A toda a equipe de enfermagem do PSI, especialmente as queridas Sílvia Helena
Germano Pereira e Alessandra Miranda de Deus, pela simpatia e preciosa ajuda.
À Professora Ting Hui Ching, pelo incentivo e empenho nos ensinamentos de
estatística.
Agradecimentos
Aos Professores Dr. Carlos Alberto Longi e Dr. Flávio Richeti, pelo apoio e incentivo
durante o desenvolvimento desse trabalho.
Ao Instituto Adolfo Lutz, especialmente à Dra. Regina Maria Catarino, pela amizade,
dedicação e profissionalismo.
Aos mestres que contribuíram para minha formação profissional, influenciando
minhas escolhas com seus exemplos, em especial à Prof. Dra. Marúcia Irena
Medeiros Amorim e Prof. Dra. Nilza Maria Scalissi.
Aos meus grandes amigos Dra. Elaine Dias e Dr. Sérgio Maeda, pelos conselhos,
pela valiosa troca de experiências e pelo incentivo.
Aos queridos Mirtes, Sônia, Daniel e Daniela, pelo profissionalismo e carinho com os
pós-graduandos.
À Dra. Milena Braga-Basaria e Dra. Ana Luiza Galrão, pela inestimável ajuda
prestada a execução desse trabalho.
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por possibilitarem a realização desse
trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
suporte e apoio financeiro.
À empresa Esaote do Brasil, pelo equipamento de ultrassonografia utilizado nesse
trabalho.
A Ângela Gonçalves dos Santos pelo apoio e dedicação constantes.
Lista de abreviaturas
LISTA DE ABREVIATURAS
anti -TG anticorpo anti-tireoglobulina
anti-TPO anticorpo anti-tireoperoxidase
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
DDI doenças causadas pela deficiência de iodo
HT hormônios tireoidianos
ICCIDD Conselho Internacional para Controle das Doenças Decorrentes da Deficiência de Iodo (“International Council for the Control of Iodine Deficiency Disorders”)
IMC Índice de massa corpórea
INAN Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
iodúria excreção de iodo na urina
KIO3 iodato de potássio
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
PAAF punção aspirativa com agulha fina
PCBE Programa de Combate ao Bócio Endêmico
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
PNCDDI Programa Nacional de Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo
PSI Pronto Socorro Infantil
T3 triiodotironina
T4 L tiroxina livre
T4 tiroxina
TA tireoidite crônica autoimune
TG tireoglobulina
TSH hormônio tireoestimulante
Lista de abreviaturas
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
USG ultrassonografia
Sumário
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Tireoidite crônica autoimune 1
1.1.1- Aspectos gerais e epidemiológicos 1
1.1.2- TA e hipotireoidismo na infância e adolescência 2
1.1.3- O papel da USG da tireoide no diagnóstico da TA 3
1.2- Nutrição de iodo 6
1.2.1- Indicadores de nutrição de iodo 6
1.2.1.1- Iodúria 7
1.2.1.2- Taxa de bócio 8
1.2.1.3- Concentração sérica do TSH 8
1.2.1.4- Concentração sérica da tireoglobulina 9
1.2.2- Nutrição de Iodo e prevalência de TA 10
1.2.3- Nutrição de iodo e legislação no Brasil 14
2. OBJETIVOS 17
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS 18
3.1 Casuística 18
3.2 Antropometria das crianças e adolescentes 19
3.3 Avaliação do desenvolvimento puberal 19
3.4 Determinação da iodúria 19
3.5 Determinação da concentração sanguínea do TSH,
T4 livre, TG e dos anticorpos anti-TPO e anti-TG 21
3.6 Avaliação ultrassonográfica da tireoide 22
3.7 Critérios diagnósticos 23
3.7.1- Diagnóstico de TA 23
3.7.2- Diagnóstico nutricional em iodo 24 3.8 Análise estatística 24
4. RESULTADOS 25
4.1 Descrição da amostra 25
4.2 Marcadores de nutrição de iodo 26
4.3 Função tireoidiana 27
4.4 Prevalência de TA 28
4.5 Outros achados Ultrassonográficos 32
5. DISCUSSÃO 33
Sumário
6. CONCLUSÕES 38
7. ANEXOS 39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
FONTES CONSULTADAS 47
RESUMO 48
ABSTRACT 49
LISTAS E APÊNDICE 50
Introdução
1- INTRODUÇÃO
1.1- Tireoidite crônica autoimune
1.1.1- Aspectos gerais e epidemiológicos
A tireoidite crônica autoimune (TA) consiste em uma disfunção imunológica,
caracterizada pela infiltração de linfócitos na tireoide, produção de autoanticorpos e
apoptose celular (1,2).
A etiologia da TA, apesar de incerta, tem sido atribuída à predisposição
genética (70%), estresse, infecções, trauma, uso de medicamentos e aspectos
nutricionais (3,4).
Clinicamente a TA pode estar associada a sinais e sintomas de
hipotireoidismo, mas frequentemente é assintomática (5). A glândula tireoide, no
paciente portador de TA, pode ser atrófica ou aumentada de volume, com essa
última forma tendo sido descrita por Hashimoto em 1912 (tireoidite de Hashimoto)
(6,7). Os principais achados laboratoriais que sugerem o diagnóstico de TA são os
anticorpos anti- tireoperoxidase (anti-TPO) e anti-tireoglobulina (anti-TG) detectados
no soro (5,8). Valores de hormônio tireoestimulante (TSH) acima do limite superior de
normalidade também foram associados à presença do anticorpo anti-TPO e
desenvolvimento de hipotireoidismo clínico (9,10). A TA também pode ser
diagnosticada através da ultrassonografia (USG) da glândula, assim como, por meio
do exame citológico de material obtido por punção aspirativa com agulha fina (PAAF)
da tireoide, cujos achados citológicos característicos consistem na presença de
linfócitos em diferentes fases de maturação, plasmócitos, fibras do tecido conjuntivo
e por vezes células de Hürthle (11,12).
2
Introdução
A TA é quatro a sete vezes mais frequente no sexo feminino e sua incidência
aumenta com o avançar da idade, acometendo preferencialmente indivíduos após os
trinta anos, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária (9,13). O estudo NHANES
III avaliou indivíduos maiores de 12 anos de idade com nutrição adequada em iodo e
dentre os 16.533 participantes que se declaravam livres de doenças tireoidianas,
18% apresentaram anticorpos anti-TPO ou anti-TG positivos, e os dois anticorpos
foram detectados simultaneamente em 6,9% (9). Outros estudos apontam que
aproximadamente 10% da população adulta e 3% da infantil apresentam anti-TPO
e/ou anti-TG positivos, sem sinais de doença clínica (8,14).
A TA é a principal causa de hipotireoidismo em regiões com nutrição
suficiente em iodo, inclusive na infância, e sua taxa de prevalência tem sido
associada às variações da ingestão desse nutriente em diferentes regiões. (8,9,15)
1.1.2- TA e hipotireoidismo na infância e adolescência
Os hormônios tireoidianos (HT), triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), são
essenciais para o desenvolvimento e crescimento das crianças desde o período fetal
até a adolescência (16,17). Nos primeiros dois anos de vida, a maturação adequada do
sistema nervoso central depende dos HT, havendo grande expressão dos
receptores de T3 no cérebro (18). A deficiente ação dos HT nos tecidos-alvo leva ao
quadro clínco de hipotireoidismo. Na faixa etária escolar, causa déficit de memória,
concentração, raciocínio e aprendizagem (17). Além disso, interfere na secreção do
hormônio do crescimento, promovendo atraso do fechamento das epífises ósseas
que, na prática, pode ser observado pela diminuição da velocidade de crescimento
(5,16). O hipotireoidismo também interfere no desenvolvimento puberal, podendo
causar tanto infantilismo sexual, quanto puberdade precoce, sendo essa última mais
3
Introdução
rara, e explicada pelo fato da estrutura molecular do TSH ser semelhante à do
hormônio gonadotrófico (19).
Em crianças, presença de bócio e anticorpo anti-TG, com aumento
progressivo dos valores de anti-TPO e TSH durante o seguimento, foram associados
a maior risco de desenvolver hipotireoidismo (20,21). Radetti et al., em recente
publicação, observaram que 21,4% das crianças com diagnóstico de TA evoluíram
com hipotireoidismo num período de três anos, e os preditores dessa evolução
foram: doença celíaca concomitante, TSH ou anti-TPO elevados logo na avaliação
inicial, aumentando o risco de desenvolver a doença em 3,5, 4,0 e 3,4 vezes,
respectivamente. Por outro lado, crianças com TSH isoladamente elevado
(hipertirotropinemia isolada) raramente desenvolvem quadro clínico de
hipotireoidismo (22,23). Em outro estudo, Lazar et al., acompanharam o valor do TSH
de 121.050 crianças de 5 meses a 16 anos, durante cinco anos, e concluiram que as
crianças que inicialmente apresentavam valores de TSH superiores a 7,5 mIU/L,
apresentavam maior risco de desenvolver quadro de hipotireoidismo, quando
comparadas àquelas cujo TSH encontrava-se entre 5,0 e 7,5 mIU/L, principalmente
no sexo feminino, independente da idade (24). Além da associação com anticorpos
anti-tireoide, parece que quanto mais elevado for o TSH inicial, maiores os riscos de
evolução para hipotireoidismo clínico em longo prazo (23,24).
1.1.3- O papel da USG da tireoide no diagnóstico da TA
A USG se firmou como importante ferramenta para o estudo da glândula
tireoide. Isso se deve ao avanço tecnológico do método, por se tratar de exame não
invasivo, e reproduzir com grande fidelidade a anatomia da glândula (25). Ao exame
ultrassonográfico conhecido como “modo-B”, a imagem gerada no monitor utiliza
4
Introdução
uma escala padrão, com tons de cinza. Em uma glândula normal, grande parte das
ondas sonoras emitidas pelo transdutor atinge a interface entre as células foliculares
e o colóide em ângulo reto, e são refletidas de volta ao equipamento, sem dispersão.
Em consequência disso, a imagem ultra-sonográfica resultante é clara, compatível
com ecogenicidade normal. Logo, a imagem depende da quantidade de colóide e do
diâmetro da luz folicular. Sendo assim, qualquer situação que interfira na arquitetura
dessa glândula, modifica a imagem gerada (26). A análise da imagem é feita,
comparando a tireoide às estruturas cervicais adjacentes, como à musculatura pré-
tireoidiana e à glândula submandibular. A tireoide normal tem ecogenicidade
semelhante à da glândula submandibular e é hiperecoica (mais clara) quando
comparada à musculatura da região cervical anterior. Na TA, a infiltração de
linfócitos e destruição folicular, reduz a interface acústica (célula/colóide),
provocando absorção e dispersão da onda sonora e pouca reflexão do som. Com
isso a imagem reproduzida ao monitor fica escura (hipoecoica) em relação à
glândula submandibular e mais semelhante à musculatura adjacente (12,27).
Na fase inicial da TA a hipoecogenicidade pode ser o único dado positivo,
antes mesmo da detecção sérica dos anticorpos anti-tireoide, e é mais eficaz em
prever o desenvolvimento de hipotireoidismo do que a presença dos anticorpos (28).
Pinchera et al. avaliando a ecogenicidade da tireoide de 238 pacientes com
TA, encontraram 194 com ecogenicidade normal e 44 (18.5%) com
hipoecogenicidade difusa. Dentro desse grupo 28 tinham hipotireoidismo e oito, que
eram inicialmente eutireoideos, após 18 meses de acompanhamento, tornaram-se
hipotireoideos. No entanto, nenhum dos 194 pacientes com TA e ecogenicidade
normal desenvolveram hipotireoidismo ao longo do estudo. Daqueles 44 pacientes
com hipoecogenicidade à USG, 10 apresentaram infiltrado linfocitário difuso na
5
Introdução
histologia após tireoidectomia e 15 após exame citológico. Por outro lado, oito
pacientes com ecogenicidade normal apresentaram infiltrado linfocitário focal na
histologia. Conclui-se então, que a hipoecogenicidade difusa corresponde ao
envolvimento autoimune difuso da glândula e está associada, ou pode prever o
desenvolvimento do hipotireoidismo com maior precisão que a presença dos
anticorpos anti-tireoide (29).
Gutekunst et al., observaram que em 92 pacientes com diagnóstico de
tireoidite linfocítica diagnosticada por PAAF, 94,6% confirmaram ecogenicidade
diminuída à USG, 17,4% apresentavam anticorpo anti- tireoide fracamente positivo e
69,6% apresentavam altos títulos desses anticorpos, destacando assim a
importância da hipoecogenicidade no diagnóstico da doença tireoidiana autoimune
(30).
Raber et al. estudaram 451 indivíduos, sem diagnóstico prévio de doença
tireoidiana, para avaliar a precisão diagnóstica da USG na detecção de TA quando
comparada à presença de anticorpos anti-TPO. A tireoide com ecogenicidade
normal, ou seja, similar a ecogenicidade da glândula submandibular e hiperecoica
em relação à musculatura cervical, foi classificada como: Grau 1. A glândula tireoide
hipoecoica em relação à glândula submandibular e hiperecoica em relação à
musculatura cervical foi classificada como Grau 2. A tireoide com ecogenicidade
igual a da musculatura cervical foi classificada como Grau 3. O valor preditivo
positivo da glândula com ecogenicidade Grau 3, para TA, foi de 95%, e de 87%
quando considerados juntamente os Graus 2 e 3. A sensibilidade da ecogenicidade
Grau 3 para o diagnóstico da TA foi de 56% e para o Grau 2 e 3 juntos foi de 84%
(31), ressaltando mais uma vez a importância da USG no diagnóstico da TA.
6
Introdução
1.2- Nutrição de iodo
O iodo é elemento fundamental para a formação dos HT. Sua absorção
ocorre no trato digestivo a partir da ingestão de alimentos contendo esse
micronutriente. A deficiência de iodo em âmbito mundial consiste em um fenômeno
natural permanente e sua associação ao cretinismo endêmico é conhecida de longa
data. Desde a implementação obrigatória da iodação de alimentos, principalmente
da iodação do sal para consumo humano, houve uma melhora desse cenário
mundial, no que se refere às doenças causadas pela deficiência de iodo (DDI) e o
número de países com deficiência de iodo decresceu de 54 em 2003, para 32 em
2011 (32,33).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) e o Conselho Internacional para Controle das Doenças
Decorrentes da Deficiência de Iodo (“International Council for the Control of Iodine
Deficiency Disorders”- ICCIDD) recomendam uma ingestão diária de iodo igual a (34):
90 µg para pré-escolares (zero a cinco anos de idade)
120 µg para escolares (seis a 12 anos de idade)
150 µg após 12 anos de idade
250 µg para gestantes e nutrizes
1.2.1- Indicadores de nutrição de iodo
São recomendados para avaliar a situação nutricional de iodo de uma
população quatro indicadores: excreção de iodo na urina (iodúria), taxa de bócio,
determinação da concentração sérica do TSH e da tireoglobulina (35).
7
Introdução
1.2.1.1- Iodúria
A iodúria é o indicador mais utilizado, em estudos populacionais, para avaliar
a nutrição em iodo. Mais de 90% do iodo ingerido na dieta é excretado na urina em
aproximadamente 24 horas (35). A iodúria pode ser analisada em amostras isoladas
de urina (microgramas por litro), em amostras de urina de 24 horas (microgramas
por dia), e em relação à excreção de creatinina (microgramas de iodo por grama de
creatinina), sendo esses dois últimos métodos mais caros, complicados e
desnecessários; visto que, em estudos populacionais, a análise da iodúria em
amostra isolada reproduz, com fidelidade, a ingestão recente de iodo (34,35).
A nutrição em iodo de uma população é considerada ótima quando a iodúria
mediana está na faixa de 100-299 µg/L. Valores da mediana abaixo de 100 µg/L
denotam ingestão deficiente de iodo e acima de 299 µg/L, ingestão excessiva, com
risco de morbidades associadas (tab. 1) (34).
TABELA 1. Relação da ingestão de iodo com a iodúria e o status nutricional correspondente.
Excreção média do iodo urinário (µg/L)
Ingestão diária de iodo (µg)
Nutição de iodo
<20 <30 Deficiência severa
20-49 30-74 Deficiência moderada
50-99 75-149 Deficiência leve
100-199 150-299 Ótima
200-299 300-449 Mais que adequada
>299 >449 Possivelmente excessiva
ICCIDD/OMS/UNICEF(2007)
8
Introdução
1.2.1.2- Taxa de bócio
O volume da tireoide pode ser estimado através da inspeção e palpação
cervicais, porém é preferivelmente avaliado através da USG da glândula (36). Vários
autores encontraram correlação positiva entre o volume da tireoide e estatura, peso,
idade e superfície corpórea (SC). Essa última parece ser a variável que melhor se
correlacionou com volume (37,38). Quando a tireoide supera o percentil 97 de volume,
previamente estipulado para determinada SC ou idade, acreditamos tratar-se de
bócio. O estudo da taxa de bócio, de uma determinada população requer dados
referenciais (volume de tireoide) de população semelhante (idade, superfície
corpórea, sexo), iodo suficiente, a qual a população em questão possa ser
comparada (34). A taxa de bócio, por sua vez, reflete a ingestão de iodo de uma
população, em longo prazo, isto é, por meses ou anos. Assim sendo, crianças que
apresentaram hipotireoidismo e bócio nos primeiros anos de vida, em consequência
da inadequada ingestão de iodo, levam bastante tempo para terem seus volumes
tireoidianos normalizados, após introdução de dieta enriquecida com iodo. Dessa
forma, uma taxa de bócio inferior a 5% em uma população em idade escolar, sugere
que essas crianças cresceram em área iodo suficiente (39).
1.2.1.3- Concentração sérica do TSH
O TSH é regulado pelo nível sérico dos hormônios tireoidianos que, em
condições normais, refletem a nutrição de iodo. A tireoide do recém-nascido
apresenta um “turnover” de iodo muito intenso e, particularmente, em situação de
carência de iodo, necessita de um estímulo maior do TSH para atender a demanda
de iodo, o que explica a elevação do TSH nesse caso. Na faixa etária escolar e no
9
Introdução
adulto, ao contrário do recém-nascido, a determinação da concentração sérica do
TSH não é um método muito sensível para avaliar a ingestão iódica (34).
1.2.1.4- Concentração sérica da tireoglobulina
A tireoglobulina (TG) é uma proteína sintetizada somente pela tireoide, dessa
forma, é considerada um marcador biológico e funcional da glândula em resposta a
nutrição de iodo. A concentração sérica de TG reflete as mudanças no
funcionamento da tireoide em médio prazo, ou seja, por semanas ou meses (40). Em
indivíduos com nutrição adequada em iodo, pequena quantidade de TG é secretada
na circulação sanguínea, e sua concentração geralmente encontra-se inferior a 10
ng/mL (41).
Estudo realizado em 3.757 voluntários de duas cidades na Dinamarca, uma
com leve deficiência nutricional de iodo e outra com moderada deficiência, observou
que a introdução da suplementação de iodo (150 µg/dia) fez cair a concentração
sérica de TG, principalmente naquela com deficiência moderada de iodo. Esse
mesmo estudo observou que, a concentração sérica da TG encontrava-se elevada
nas áreas de deficiência de iodo devido a um hiperestímulo do TSH, acompanhado
de hiperplasia glandular (42).
Zimmermann et al., em 2013, avaliaram a nutrição de iodo através da
concentração da TG e da iodúria, em 2.500 crianças, com idades entre 6 a 12 anos,
nos diferentes continentes. Ao final de um período de seis anos, concluiu-se que a
TG apresentou valores significativamente elevados, tanto na deficiência (iodúria
<100 µg/L), quanto na ingestão excessiva de iodo (iodúria >300 µg/L), provando ser
um bom marcador para ambas as situações. Os autores propuseram ainda o valor
mediano de TG inferior a 13 ng/mL, como indicativo de suficiência em iodo para a
10
Introdução
população estudada. Esse valor de TG foi compatível com valores de iodúria entre
100 e 299 µg/L, considerados equivalentes a um status de nutrição suficiente em
iodo e a uma função tireoidiana normal (Tab. 2)(43).
TABELA 2. Variação da TG com a iodúria
Iodúria µg/L TG ng/ml (media ± DP)
<50 21,0 ± 44,1
50-99 9,3 ± 18,5
100-199 9,4 ± 10,4
200-299 11,8 ± 9,4
>300 17,4 ± 18,0
UNICEF/ICCIDD (2013)
1.2.2- Nutrição de Iodo e prevalência de TA
O risco de doenças tireoidianas aumenta com a baixa e a alta ingestão de
iodo. A baixa ingestão está relacionada com o cretinismo e bócio endêmicos e
hipotireoidismo, enquanto o excesso de iodo está relacionado com hipertireoidismo,
bócio e TA (44).
Como consequência à profilaxia das DDI, várias regiões passaram de um
status de nutrição insuficiente em iodo para uma condição de normalidade, e até
mesmo, de ingestão excessiva desse nutriente. A essa transição, vem sendo
atribuído o aumento da prevalência das doenças autoimunes da tireoide, dentre elas
a TA (33,45-47).
Estudo realizado por Andersson et al. em 2011, apontou que 11 de 115
países avaliados apresentavam mediana de iodúria superior a 300 µg/L, com risco
de morbidades consequente a ingestão excessiva de iodo (33) (Fig. 1).
11
Introdução
FIGURA 1. Iodúria em escolares de diferentes países (Andersson M. J. Nutr. 2012-adaptado)
12
Introdução
Zois et al., compararam a prevalência de TA em uma população de escolares
da região noroeste da Grécia, em dois períodos distintos: antes (1994) e após a
introdução de iodo na dieta (2001). A média da iodúria apresentou uma diferença
significativa, passou de 80,4 para 200,2 µg/L (p<0,001), a prevalência de TA
apresentou um aumento de 3,3 para 9,6% (p<0,001) e a taxa de bócio caiu de 21
para 5% (p<0,001) (45).
Boukis et al., em estudo realizado na Grécia, acompanharam 58 indivíduos
que receberam 480 mg de óleo iodado intramuscular, em dose única. Inicialmente os
participantes apresentavam anticorpos anti-tireoide negativos, após seis meses da
adminstração, detectou-se a presença de anticorpos anti-tireoide em 43% dos
pacientes (48).
Em outro estudo, Koutras et al. administraram 150 a 300 µg/dia de iodato de
potássio a uma população com bócio, e, após seis meses, 30% dos participantes
desenvolveram anticorpos anti-tireoide. Esses anticorpos desapareceram com a
interrupção da administração de iodo (49).
Esses estudos sugerem que a tireoglobulina mais iodinada se torna mais
imunogênica. Latrofa et al., em 2013, mostraram que a iodinação da tireoglobulina
facilita a exposição do epítopo B, que é uma região específica e oculta dessa
proteína, capaz de induzir o aumento da produção de anticorpos anti-TG(50). A
ingestão de iodo, portanto, modula o padrão das doenças da tireoide, mesmo com
pequenas variações. Dessa forma, um pequeno aumento na ingestão de iodo pode
induzir um aumento dos títulos do anticorpo anti-TG. As manifestações resultantes
da reação autoimune variam desde somente a identificação de baixos títulos de
anticorpos anti-TG, até as fases mais avançadas caracterizadas pelos altos títulos
de anticorpos anti-TG e anti-TPO, pelo infiltrado linfocitário e, eventualmente,
13
Introdução
hipotireoidismo (50). Outro possível mecanismo da ação do iodo na gênese da
tireoidite autoimune envolve a alteração da produção de radicais livres pela glândula
tireoide. O iodo pode interagir com os intermediários reativos de oxigênio gerados na
própria tireoide e produzir formas iodinadas intermediárias altamente reativas de
oxigênio, que, por sua vez, causam injúria precoce no tireócito. O dano oxidativo
libera fatores quimiotáxicos, resultando em recrutamento das células apresentadoras
de antígenos e infiltração linfocítica. Assim, o processo de apresentação de
antígenos iodinados pode iniciar uma resposta autoimune específica da tireoide,
culminando com a diminuição do seu volume e tireoidite (51,52).
A prevalência das doenças autoimunes da tireoide varia de acordo com a
susceptibilidade genética e com a nutrição em iodo de diferentes regiões. Garcia et
al., avaliando 1.387 crianças de 1 a 16 anos, na Espanha, onde foi observada uma
nutrição adequada em iodo (iodúria mediana de 199,5 µg/L), encontraram uma
prevalência de TA igual a 3,7% (53). Em outra coorte de 1.000 crianças na Turquia,
também com nutrição adequada em iodo, a prevalência de TA, determinada pela
presença de bócio e anticorpos anti-tireoide, foi de 3,6%. Nesse estudo, crianças
com TA apresentaram iodúria mediana de 132 µg/L, crianças com bócio e sem TA
apresentaram mediana de iodúria igual a 73 µg/L, enquanto no grupo de crianças
normais foi de 81 µg/L. Essa evidência sugere a associação entre ingestão de iodo e
prevalência de TA (54).
Duarte et al., entre outubro de 2002 e outubro de 2003, avaliaram 964
escolares de seis à 14 anos, pertencentes a sete municípios do estado de São
Paulo, excetuando-se a Grande São Paulo. Foi constatado que 53% dos
participantes tinham iodúria acima de 300 µg/L e 21% maior que 600 µg/L. Foi
observado também que 11,7% das crianças apresentavam diminuição da
14
Introdução
ecogenicidade do parênquima tireoidiano ao exame ultrassonográfico. Considerando
que a hipoecogenicidade é um importante marcador de doença tireoidiana
autoimune, concluiu-se uma relação entre o consumo excessivo de iodo e a
prevalência de TA, porém os anticorpos anti-tireoide não foram avalidos (55). Ainda
no ano de 2003, o teor de iodo no sal de consumo humano no Brasil foi reduzido de
40 a 100 miligramas (mg) de iodo por quilograma (Kg) de Sal, para 20 a 60 mg/
kg(56).
Camargo et al., em 2004, avaliaram uma população adulta, composta por
1085 indivíduos, na Grande São Paulo, e encontraram uma prevalência de TA de
16,8% (iodúria mediana de 273 µg/L). No entanto, a população infantil não foi
avaliada (57).
O presente estudo se propõe a ser o primeiro a determinar a prevalência de
TA em crianças e adolescentes, sem diagnóstico prévio de doença tireoidiana,
pertencentes à Região Metropolitana de São Paulo, e sua possível correlação com o
consumo de iodo, tendo como ferramentas diagnósticas: a USG, a determinação da
concentração dos anticorpos anti-TPO e anti-TG, e a função tireoidiana (TSH e T4
livre), além de utilizar como marcadores de nutrição de iodo: a iodúria e a TG.
1.2.3- Nutrição de iodo e legislação no Brasil
No dia 14 de agosto de 1953 foi promulgada a primeira lei (nº 1.944) sobre a
obrigatoriedade da iodação do sal para consumo humano nas áreas de bócio
endêmico. Posteriormente, complementando essa lei, veio o decreto nº 39.814, de
17 de agosto de 1956, que determinava a abrangência em todo o território nacional,
e tornava o Ministério da Saúde (MS) responsável pela importação do iodato de
potássio (KIO3) (56,58).
15
Introdução
No dia 03 de dezembro de 1974, pela Lei nº 6.150, foi determinada a
obrigatoriedade da iodação de todo o sal para consumo humano e animal produzido
no país, foi fixado o teor de iodo no sal em 10 mg de iodo por Kg de sal e
responsabilizadas as indústrias salineiras pela aquisição do KIO3 e equipamentos
necessários. Essa lei incumbiu as autoridades sanitárias dos estados e municípios
de fiscalizar o teor de iodo no sal consumido pela população (56,58).
No ano de 1983, o MS, por meio do Instituto Nacional de Alimentação e
Nutrição (INAN), criou o Programa de Combate ao Bócio Endêmico (PCBE). Nesse
contexto, o MS e a Fundação Nacional de Saúde passaram a arcar com as
despesas da iodação do sal produzido no país, adquirindo e distribuindo KIO3. Tal
decisão foi tomada pela constatação de que a maioria das empresas do setor,
descumprindo a lei, não iodavam o sal, e a fiscalização sob responsabilidade do
governo ainda era incipiente (56,58).
Em abril de 1994, na cidade do Equador, foi realizada a Reunião Regional
sobre a lodação Universal do Sal para a Eliminação dos Distúrbios por Deficiência
de lodo nas Américas, onde 31 países, inclusive o Brasil, assinaram a Declaração do
Equador comprometendo-se a realizar a iodação para erradicação deste flagelo.
Nessa ocasião o PCBE foi reformulado, visando aumentar sua área de atuação.
Criou-se então o Programa Nacional de Controle dos Distúrbios por Deficiência de
Iodo (PNCDDI), sendo esta reformulação oficializada a partir da Portaria nº 2.165 do
MS. Neste mesmo ano, a Portaria Ministerial nº 1.806, de 24 de outubro de 1994,
aumentou o teor de iodo no sal para 40 a 60 mg/kg (56,58).
Em março de 1999, através da Portaria nº 218, um novo aumento da
concentração de iodo no sal foi anunciado, dessa vez para 40 a 100 mg de iodo por
Kg de sal. Neste mesmo ano, foi publicada a Medida Provisória nº 1.814-2, de 22 de
16
Introdução
abril de 1999, que retirou a obrigatoriedade do governo fornecer KIO3, sendo a
responsabilidade pela compra passada às indústrias salineiras (56,58).
Em maio de 2003, a Portaria Nº 218 foi revogada, passando a vigorar a
Resolução Sanitária RDC nº 130, que diminuiu os teores de iodo no sal para 20 a 60
mg/Kg. Tendo como base dados do projeto Thyromobil (2001), onde mais de 83% da
população avaliada apresentou iodúria superior a 300 µg/L (56,58).
Em 25 de abril de 2013, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
publicou no Diário Oficial da União, resolução que reduz, ainda mais, os limites de
iodo adicionado no sal para consumo humano. A ANVISA se valeu de indícios de
que o consumo excessivo da substância possa aumentar os casos de doença
tireoidiana autoimune. Com a nova resolução, a faixa de adição de iodo ao sal ficou
estipulada entre 15 e 45 mg/ kg de sal (56,58).
17
Objetivos
2- OBJETIVOS
Determinar a prevalência de TA em crianças e adolescentes, sem
diagnóstico prévio de tireoidopatias, em uma região com consumo de
iodo supostamente excessivo.
Estabelecer a situação nutricional em iodo dessa amostra.
18
Casuística e Métodos
3- CASUÍSTICA E MÉTODOS
3.1- Casuística
Foram selecionados 206 pacientes, de sete a 14 anos de idade, residentes na
região metropolitana de São Paulo, que procuraram atendimento no serviço de
Pronto Socorro Infantil (PSI) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, durante o
período compreendido entre abril de 2012 e janeiro 2013.
Esses pacientes foram previamente avaliados pelo pediatra de plantão, e
submetidos a nossa anamnese (Apêndice 1). As crianças apresentavam-se em bom
estado geral e com quadros clínicos de início recente, tais como: infecções das vias
aéreas superiores, conjuntivite e lesões cutâneas. Não portavam síndromes
genéticas, diabetes tipo 1, doença celíaca, doenças crônicas, não tinham suspeita
de doença da tireoide ou tinham feito uso de medicamentos, e/ou antissépticos, que
contivessem iodo nos últimos 30 dias (Lista 1).
Previamente, os pais, ou o responsável legal, dos pacientes foram
esclarecidos sobre o objetivo e importância do presente estudo, e aceitaram que os
menores participassem do mesmo, assinando um termo de esclarecimento e
consentimento (Apêndice 2).
Calculamos o tamanho da amostra considerando uma prevalência de
tireoidite igual a 5%, com uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais
ou para menos, e um nível de significância de 5%. Desta forma obtivemos um
número de 203 pacientes.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (Apêndice 3).
19
Casuística e Métodos
3.2- Antropometria das crianças e adolescentes
Cada participante teve aferido seu peso, em quilogramas (kg) e a estatura,
em centímetros (cm). Da mesma forma, foram calculados:
Superfície corpórea (SC), em metro quadrado (m²), pela fórmula (59):
SC= PESO (kg)0,425 x ALTURA (cm) 0,725 X 71,84 X 10 -4
Índice de massa corpórea (IMC), em kg/m², utilizando a fórmula:
IMC= PESO (kg) /ALTURA² (m)
Para aferir peso e altura foram utilizadas, respectivamente: balança digital
(Toledo®), com capacidade aferida de 1,25 a 150 kg, com resolução de 50 g; e
estadiômetro portátil (Seca®, Hamburgo, Alemanha) escala de 0 a 220 cm,
resolução de 0,1 cm, fixo a parede; ambos do serviço da pediatria da Santa Casa de
São Paulo.
3.3- Avaliação do desenvolvimento puberal
O desenvolvimento puberal foi avaliado através dos critérios descritivos
propostos por Tanner e Marshall. Os estágios são classificados de 1 a 5, de acordo
com o desenvolvimento genital nos meninos e mamário nas meninas (60,61). O
estágio 1 significa impúbere e 5 corresponde a puberdade completa (Apêndice-4).
3.4- Determinação da iodúria
Foi realizada coleta de amostra isolada de urina de cada paciente, com a
ajuda do seu respectivo responsável legal. A urina foi coletada no PSI da Santa
Casa de São Paulo, no período matutino, utilizando-se frasco coletor universal de 50
mL. As amostras foram acondicionadas em temperatura entre +4 a +8ºC, e foram
20
Casuística e Métodos
encaminhadas para o Núcleo de Hematologia e Bioquímica do Centro de Patologia
do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, onde foram armazenadas a uma temperatura
de -20º C até o momento das análises.
A determinação das concentrações de iodo, nas amostras de urina, foi obtida
através da curva analítica utilizando soluções de trabalho de 20 µg/L, 50 µg/L, 100
µg/L e 150 µg/L preparadas com solução de iodato de potássio para cobrir toda a
faixa de ensaio, através da reação bioquímica colorimétrica recomendada pelo
ICCIDD (62), também considerada de baixo custo e de execução relativamente
simples, baseada na reação de Sandell-Kolthoff (63), modificado por Pino (64) e
adaptada pelo laboratório do Núcleo de Hematologia e Bioquímica do Centro de
Patologia do Instituto Adolfo Lutz (65-67). A essas soluções de trabalho e amostras de
urina foi adicionado persulfato de amônio, com a finalidade de digerir os possíveis
interferentes oxidantes e redutores contidos nessa fase da reação. A reação foi
realizada em temperatura entre 94ºC por 30 minutos em capela química de exaustão
ao abrigo da luz. Em seguida, as soluções foram colocadas em banho-maria a 37ºC
e foram acrescidos os seguintes reagentes: ácido arsenioso 0,2 N, ácido sulfúrico
2,5 N, água ultra pura e sulfato cérico amoniacal.
O princípio da reação se baseia na detecção indireta do iodo pela
monitoração da redução do sulfato cérico amoniacal. O iodeto presente na amostra
catalisa a redução do íon cérico (Ce4+), amarelo, a íon ceroso (Ce3+) transparente.
O resultado da reação dá-se de forma indireta, ou seja, à medida que o iodeto
presente na amostra é catalisado de íon cérico (amarelo) a íon ceroso (transparente)
a absorbância apresentada é inversamente proporcional à concentração do iodo
urinário. Para a leitura dos parâmetros foi utilizado espectrofotômetro UV/VIS (HP
8453/Agilent-Modelo G1103) acoplado a um programa de computador para a técnica
21
Casuística e Métodos
de determinação de iodo urinário num comprimento de onda de 405 nm. Os
resultados foram expressos em µg/dL de iodo urinário. Todos os testes foram
realizados em duplicatas.
O método da determinação da concentração de iodo na urina foi validado
empregando-se os parâmetros de sensibilidade analítica encontrando-se 0,5 µg/dl
de iodo; especificidade analítica de 97,4%; exatidão de 1,03; precisão: coeficiente de
variação (CV) de 4,86% para a reprodutibilidade e 3,18% para a repetibilidade e uma
incerteza de medição de 0,307 µg/dL.(66).
Todos os resíduos químicos provenientes da reação de iodo foram
acondicionados seguindo as normas do Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde (PGRSS) da Instituição, atendendo aos requisitos da ANVISA-
RDC/nº 306 de 12/2004 e CONAMA nº 358 de 04/2005, quanto ao armazenamento,
descarte e destino final.
3.5- Determinação da concentração sanguínea do TSH, T4 livre, TG e dos
anticorpos anti-TPO e anti-TG
Cada paciente foi submetido à coleta para obtenção de amostra de sangue,
através de venopunção periférica, pela equipe de enfermagem do PSI. As amostras
foram encaminhadas ao serviço de Nuclimagem da Santa Casa de São Paulo para
determinação das concentrações do TSH, T4 livre (T4 L), TG e dos anticorpos anti-
TPO e anti-TG. O método utilizado para a análise foi a quimioluminescência, com
equipamento e estojo comercial Immulite 2000 (Siemens, Chicago, EUA), cujos
valores de referência e sensibilidade estão apresentados na Tabela 3.
22
Casuística e Métodos
TABELA 3. Valores de referência e sensibilidade dos indicadores da função tireoidiana.
Valores de Referência Sensibilidade
TSH 0,4-4,0 µU/mL 0,03 µU/mL
T4 L 0,9-1,8 ng/dL 0,25 ng/dL
TG 1,6-60 ng/mL 0,2 ng/mL
Anticorpo anti-TPO inferior a 35 UI/mL 5 Ul/mL
Anticorpo anti-TG Inferior a 40 UI/mL 2,2 UI./mL
3.6- Avaliação ultrassonográfica da tireoide
Todos os exames de USG da tireoide foram realizados no PSI da Santa Casa
de São Paulo, pela autora do projeto, que desconhecia os resultados das coletas de
sangue e urina nessa ocasião. Foi utilizado aparelho de ultrassonografia Mylab™ 25
Gold (Biosound Esaote Inc,Indianapolis, Indiana), com transdutor linear LA 435 com
frequências de 6 -18 MHz (Esaote); com os parâmetros calibrados para exames da
tireoide. A determinação do volume glandular foi realizada pela fórmula do volume
elipsoide: diâmetro longitudinal (cm) x diâmetro transversal (cm) x diâmetro
anteroposterior (cm) x 0,52 (constante), de cada um dos lobos e istmo. O volume
total da glândula corresponde à soma dos dois lobos e do istmo, determinado em
mililitros (mL). Para análise estatística, o volume foi estudado com e sem ajuste para
superfície corpórea. O ajuste foi feito dividindo o volume da glândula tireoide da
criança pela sua própria superfície corpórea.
A ecogenicidade foi quantificada utilizando-se a análise visual de escala de
cinza, que consiste na comparação do parênquima tireoidiano com estruturas
adjacentes e classificada em uma das três categorias abaixo definidas:
23
Casuística e Métodos
Ecogenicidade normal: ecogenicidade similar à da glândula submandibular e
hiperecoica em relação aos músculos cervicais.
Levemente hipoecoico: pouco hipoecoica em relação à glândula submandibular e
hiperecoica em relação aos músculos cervicais.
Moderadamente a acentuadamente hipoecoico: moderadamente a
acentuadamente hipoecoica em relação à glândula submandibular e com
ecogenicidade semelhante a dos músculos cervicais. Essa categoria, quando
encontrada ao exame ultrassonográfico, foi considerada como um dos critérios
diagnóstico para a TA.
Para minimizar as variações de brilho do aparelho, a intensidade de ganho foi
ajustada para valores em que os ecos no interior da artéria carótida e veia jugular
foram mínimos.
3.7- Critérios diagnósticos
3.7.1- Diagnóstico de TA
Foi considerada portadora de TA a criança ou adolescente com pelo menos
dois dos quatro resultados abaixo (68):
TSH acima do limite superior da normalidade (acima de 4.0 µU/mL)
Anticorpo anti-TPO positivo (acima de 35 UI/mL)
Anticorpo anti-TG positivo (acima de 40 UI/mL)
Hipoecogenicidade (moderada ou acentuada) do parênquima tireoidiano à
USG
24
Casuística e Métodos
3.7.2- Diagnóstico nutricional em iodo
A nutrição em iodo foi avaliada como adequada na amostra estudada,
segundo dois critérios (43):
Iodúria: mediana da amostra entre 100 e 299 µg/L
TG: mediana da amostra inferior a 13 ng/mL
3.8- Análise Estatística
As análises estatísticas consistiram em análise descritiva e inferencial. Na
análise descritiva, para as variáveis qualitativas, apresentamos frequências
absolutas e relativas, e para as variáveis quantitativas, as medidas resumo: média,
mediana, desvio padrão, mínimo e máximo e os percentis 3 e 97. Apresentamos
também diagramas de boxplot para facilitar a visualização da distribuição das
variáveis quantitativas.
Para comparar os grupos “Sem TA” e “TA”, as variáveis quantitativas foram
comparadas por meio da Análise de Variância (ANOVA) e as variáveis qualitativas
foram comparadas por testes de Qui-quadrado ou Teste Exato de Fisher. O nível de
significância adotado foi de 5%.
A estimativa pontual e intervalo de confiança de 95% (IC95%) são
apresentados para alguns parâmetros de interesse.
O banco de dados foi construído utilizando Microsoft Excel 2000, e analisados
utilizando SPSS for Windows V13.0.
25
Resultados
4- RESULTADOS
4.1- Descrição da amostra
Foram selecionados 206 crianças e adolescentes para a realização deste
estudo, sendo 53,4% (110/206) do sexo feminino e 46,6% (96/206) do sexo
masculino. Este grupo apresentou (média ± desvio padrão) idade = 10,2±1,9 anos,
altura =1,42±0,12m, peso=39,2±11,9kg, IMC=19,2±3,8kg/m² e SC=1,2±0,2m². Em
relação aos testes de função tiroidiana, os indivíduos apresentaram mediana
(mínimo-máximo) de TSH = 1,8 µU/mL (0,2-13,5 µU/mL), T4 livre = 1,1 ng/dL (0,9-
1,5 ng/mL), TG=12,8 ng/mL (0,5-63,6 ng/mL). A avaliação ultrassonográfica revelou
volume tireoidiano com mediana (mínimo/máximo) de 4,9 mL (1,8-13 mL) e
hipoecogenicidade em 7,3% (15/206) das glândulas. Dentre os 206 indivíduos, 2,4%
(5/206) foram positivos para anticorpos anti- TG e 3,4% (7/206) para anticorpos anti-
TPO. Em relação ao teste puberal, 45,4% (88/194) destes indivíduos encontravam-
se no estágio Tanner 1, e 54,6% (106/194) encontravam-se no estágio Tanner 2 a 5.
(Tab. 4 e Tab. 5)
Não foi possível avaliar o valor da TG de 17 pacientes, devido material
insuficiente. Quatro crianças não coletaram amostras de urina e 12 crianças
recusaram a avaliação do estágio puberal.
Todas as variáveis estudadas nas tabelas 4 e 5 não apresentaram diferenças
estatísticas quando comparados sexo feminino versus sexo masculino (p>0,05).
(anexo 1 e 2, respectivamente).
26
Resultados
TABELA 4. Análise estatística de características clínicas, função tireoidiana, e iodúria
Casos
válidos Média Mediana D.P. Mínimo Máximo P3 P97
Idade (anos) 206 10,2 10 1,9 7 14 7 14
Altura (m) 206 1,42 1,41 0,12 1,14 1,7 1,21 1,64
Peso (kg) 206 39,2 37,1 11,9 18,5 82,3 21 67,1
IMC (kg/m²) 206 19,2 18,5 3,8 10,4 33,5 14,1 28,2
SC (m²) 206 1,2 1,2 0,2 0,8 1,9 0,8 1,7
TSH (µU/mL) 206 2,2 1,8 1,6 0,2 13,5 0,4 5,4
T4 Livre (ng/dL) 206 1,1 1,1 0,1 0,9 1,5 0,9 1,4
TG (ng/mL) 189 15,2 12,8 10,8 0,5 63,6 0,7 45,7
Vol Tireoide (mL) 206 5,3 4,9 1,9 1,8 13 2,6 9,4
Iodúria (µg/L) 202 165,1 170 22,87 100 200 110 195
TABELA 5. Porcentagem dos indivíduos positivos para anticorpo anti-TG, anti-TPO, hipoecogenicidade e estágio puberal
Positivo /Total %
Anti –TG 5/206 2,4
Anti-TPO 7/206 3,4
Hipoecogenicidade 15/206 7,3
Estágio puberal Tanner 1 88/194 45,4
Tanner 2-5 106/194 54,6
4.2- Marcadores de nutrição de iodo
Os marcadores adotados nesse trabalho para avaliar a nutrição em iodo
foram os valores de TG e iodúria, sendo os valores médios iguais a 15,2±10,8 ng/mL
e 165,1±22,87 µg/L, respectivamente (Tab. 4).
27
Resultados
Todos os valores obtidos de iodo urinário encontraram-se dentro dos valores
de referência para nutrição adequada em iodo, com mediana de 170 µg/L, mínimo
de 100 µg/L e máximo de 200 µg/L (Fig. 2).
FIGURA 2. Distribuição dos valores de iodúria (µg/L) de todos os indivíduos analisados
4.3- Função tireoidiana
Do total de 206 crianças, 184 (89,3%) apresentaram valores normais de TSH
(sendo 53,8% do sexo feminino e 46,2% do sexo masculino), dezenove (9,2%)
apresentaram valores de TSH superiores a 4,0 µU/ml (sendo 52,6% do sexo
feminino e 47,4% do sexo masculino), e três (1,5%) apresentaram valores de TSH
inferiores ao limite de normalidade (sendo 33,3% do sexo feminino e 66,7% do sexo
masculino)(Tab. 6). Todas as 206 crianças tiveram valores de T4 livre dentro da
normalidade.
28
Resultados
Não houve diferença significativa nas análises tanto de TSH quanto de T4
livre quando comparados sexo feminino versus sexo masculino (p>0,05).
TABELA 6. Número absoluto (porcentagem) de crianças com valores de TSH inferiores ao limite de normalidade (<0,4 µU/mL), com valores normais (0,4 µU/mL a 4,0 µU/mL) e com valores superiores ao limite de normalidade (>4,0 µU/mL).
Sexo N° de crianças
TSH µU/ml
< 0,4 0,4 a 4,0 > 4,0
Feminino 110 1 99 10
Masculino 96 2 85 9
Total
(%)
206
(100%)
3
(1,5%)
184
(89,3%)
19
(9,2%)
4.4- Prevalência de TA
A prevalência de TA encontrada foi igual a 5,3% (IC95%: 2,3-8,4).
Observamos 11 crianças com diagnóstico de TA de acordo com a apresentação de
pelo menos dois dos marcadores adotados nesse estudo (Tab. 7, anexo 3).
TABELA 7. Frequência de crianças com e sem marcadores positivos para TA
N %
Sem TA 195 94,7
Parênquima hipoecoico com anti-TPO positivo 2 1
Parênquima hipoecoico com TSH > 4,0 µU/mL 5 2,3
Parênquima hipoecoico com anti-TPO e anti-TG
positivos 2 1
Parênquima hipoecoico com anti-TPO e anti-TG
positivos e TSH 4,0 > µU/Ml 2 1
Total 206 100
29
Resultados
Quando consideramos cada um dos marcadores isoladamente, 19 crianças
apresentaram TSH >4,0 µU/mL, cinco tiveram anticorpo anti-TG positivo, sete
apresentaram anticorpo anti-TPO positivo, e 15 crianças apresentaram
hipoecogenicidade à USG (7,3%, IC 95%: 3.7-10.8). No entanto, as crianças que
apresentaram apenas um dos marcadores positivo não foram classificadas como
portadoras de TA.
Quando consideramos o sexo dos indivíduos, observamos que o grupo sem
TA (195 individuos) era constituido de 52,3% do sexo feminino e 47,7% do sexo
masculino; enquanto que o grupo que apresentava TA (11 indivíduos) era composto
por 72,7% do sexo feminino e 27,7% do sexo masculino (Fig. 3). Na comparação
dos grupos com e sem TA, em relação aos sexos, não foi possível observar
diferença significativa (p=0,312).
FIGURA 3. Prevalência de indivíduos com e sem TA em relação ao sexo.
30
Resultados
Quando levamos em consideração o estágio puberal das crianças, no grupo
sem TA (183 indivíduos) identificamos que 54% das crianças estavam em estágio
púbere enquanto que no grupo com TA eram 63,6%. Não foi possível identificar
diferença significativa entre a prevalência de individuos nos estágios púbere e
impúbere dos grupos sem e com TA (p=0,757). (Fig. 4)
FIGURA 4. Prevalência de indivíduos com e sem TA em relação ao estágio puberal
Quando comparamos os grupos sem TA versus com TA em relação às
médias das idades (sem TA=10,2±1,9 e TA=10,2±1,6), e aos valores de iodúrias
(sem TA=164,9±20,2 e TA=168,3±27,5) não foi possível observarmos diferença
significativa (p=0,962 e p=0,598; respectivamente). (Fig. 5 e Fig. 6)
31
Resultados
FIGURA 5. Média e desvio padrão das idades (anos) dos grupos de crianças sem e com TA.( p=0,962)
FIGURA 6. Média e desvio padrão das iodúrias (µg/L) dos grupos de crianças sem e com TA. (p=0,598)
Ao considerarmos o volume da tireoide observamos que o grupo de crianças
com TA apresentava a média do volume tireoidiano (7±1,8mL) superior ao grupo de
32
Resultados
crianças sem TA (5,1±1,8) (p=0,001) (Fig. 7). Esta diferença também pode ser
observada após o volume tireoidiano ter sido ajustado pela superfície corpórea
FIGURA 7. Distribuição do volume tireoidiano entre os indivíduos com e sem TA. * p=0,001
4.5- Outros achados Ultrassonográficos
Duas (1,0%) crianças apresentaram nódulos e 24 (11,6%) apresentaram
cistos.
*
33
Discussão
5- DISCUSSÂO
Após a implementação global dos programas de combate às doenças
causadas pela deficiência de iodo, vários países, inclusive o Brasil, passaram de
uma condição de deficiência nutricional crônica de iodo, para uma situação de
consumo excessivo (33).
No presente estudo, no entanto, todas as crianças apresentaram iodúrias
entre 100 e 200 µg/L, ou seja, dentro de uma faixa de valores atribuída a uma
nutrição adequada em iodo, contrariando, dessa forma, os achados de Duarte et al.,
em 2003, onde as médias de iodúria foram de 484,20 ± 199,39 µg/L em meninos, e
435,30 ± 205,87 µg/L em meninas (55). Essa diferença de resultados entre os dois
estudos, pode ser explicada em decorrência da redução da concentração de iodo no
sal de consumo humano, de 40 a 100 mg de iodo por kg de sal para 20 a 60 mg/kg,
aprovada no dia 26 de maio de 2003. Portanto, grande parte dos participantes do
primeiro estudo fez uso de sal com uma concentração iódica superior àquela
utilizada pelos participantes do nosso estudo.
Acompanhando o comportamento da iodúria, a prevalência de TA (5,3% e IC
95%: 2.3% - 8.4%), no atual estudo, também foi inferior àquela sugerida por Duarte
(11,7% e IC 95%: 9,7-13,7). Vale ressaltar que, no estudo de Duarte, apenas o
critério hipoecogenicidade da glândula tireoide foi utilizado para presumir a taxa de
TA. Quando consideramos isoladamente a taxa de hipoecogenicidade encontrada
entre os dois estudos, temos 7.3% (95% CI: 3.7-10.8%) no presente estudo contra
11.7% (95% CI: 9.7-13.7) reportado por Duarte et al. Observamos uma sobreposição
34
Discussão
nos intervalos de confiança, que não nos permite afirmar que haja, de fato, uma
diferença entre os resultados encontrados.
Hipoecogenicidade é um critério bastante confiável para avaliar doença
autoimune da tireoide, mas, isoladamente, não consegue distinguir os diferentes
tipos de doenças autoimunes (Tireoidite de Hashimoto ou Doença de Graves) (31).
O presente estudo encontrou 11 crianças com TA, todas apresentavam
hipoecogenicidade, moderada a acentuada, do parênquima tireoidiano. Foram
observadas outras quatro crianças com as mesmas características ecográficas,
porém não apresentavam nenhum dos outros critérios, aqui adotados, para que
fossem incluídas no diagnóstico de TA. Apesar disso, a probabilidade maior, é que
essas quatro crianças também sejam portadoras de doença tireoidiana autoimune.
Isso pode ser explicado pelo fato da alteração no parênquima glandular, na fase
inicial da doença tireoidiana autoimune, poder anteceder ao aparecimento dos
anticorpos na circulação. A exemplo disso, Rago et al., estudaram 458 voluntários
com anticorpos anti-tireoide negativos, dos quais, 29 apresentavam glândulas
difusamente hipoecoicas. Desses 29, quatro desenvolveram doença tireoidiana (dois
desenvolveram hipotireoidismo subclínico e dois, Doença de Graves) com
aparecimento dos anticorpos em até 36 meses. O mesmo não foi observado em
nenhum daqueles 429 voluntários, que tinham glândulas ecograficamente normais
na avaliação inicial (28).
Duas crianças apresentaram apenas um dos anticorpos anti-tireoide
discretamente elevado, logo, não foram incluídas no grupo de TA. Muito embora,
nesse grupo etário, mesmo baixos títulos de anticorpos possam significar presença
de TA. Similar explicação pode ser aplicada às 12 crianças que apresentaram
apenas o TSH acima do limite superior da normalidade (68). Isso nos faz pensar que,
35
Discussão
possivelmente, algumas dessas crianças estejam acometidas por TA, e serão
diagnosticadas com o seguimento ambulatorial.
Vale ressaltar que as prevalências de TA encontradas nas diferentes regiões
do planeta, com nutrição adequada de iodo, sofre influência tanto de caracteres
genéticos e étnicos, quanto dos próprios critérios diagnósticos adotados.
Em Atenas, a prevalência de TA, numa população de escolares, foi de 2,5%,
já no noroeste da Grécia foi de 9,6%, ambos os estudos adotaram a associação de
pelo menos um dos anticorpos anti-tireoide positivo com dados ultrassonográficos.
Ao contrário de Atenas, a região noroeste da Grécia havia se tornado suficiente em
iodo relativamente recente, e acompanhando o aumento da ingestão desse
nutriente, houve um aumento das doenças autoimunes da tireoide (45,69). Na Polônia,
a frequência de novos casos de doença autoimune da tireoide decresceu de 30 %
para 10 %, num período de cinco anos após tornar-se suficiente em iodo (70).
Fazendo suspeitar que, o aumento da resposta imune, diante da nova condição
iódica (suficiência ou excesso), possa ser transitório.
Em nosso trabalho, não observamos correlação entre TA e idade (p=0,962).
Em contrapartida, uma das justificativas para explicar as diferentes taxas de TA
encontradas entre o noroeste da Grécia (9,6%) e Atenas (2,5%), consiste na média
de idade de 15,4 anos no primeiro estudo, contra 10,1 no último (45,69). Também não
houve correlação entre TA e desenvolvimento puberal (p=0,757) em nosso estudo,
ou mesmo entre TA e sexo (p=0,312), diferente do observado por Kaloumenou, em
Atenas, onde meninas púberes, porém não os meninos, apresentaram maior taxa de
TA (69). Na Sardinia, Loviselli observou aumento dos anticorpos anti-tireoide em
meninas, com mais de 11 anos de idade, porém não em meninos (71). É possível que
nossa amostra não seja grande o suficiente para conclusões definitivas.
36
Discussão
No presente estudo, o volume médio da glândula tireoide encontrado no
grupo com TA foi maior do que o do grupo sem TA, mesmo quando corrigido pela
SC (p=0.001), tal qual observado nas cidades de Atenas e Berlim (15,69). Nessa
última, a prevalência de TA foi de 3,4% (iodúria média de 139 µg de iodo/g de
creatinina) e 86% das crianças, com anticorpos anti-TPO positivos, apresentavam
aumento do volume da tireoide (15).
A iodúria da amostra estudada, no nosso trabalho, foi bastante homogênea e
permaneceu entre os limites considerados adequados, não havendo diferença
estatística entre os grupos com e sem TA (p=0,598).
A mediana da TG encontrada na nossa amostra foi igual a 12,8 ng/ml, ou
seja, compatível com a condição de nutrição suficiente em iodo (menor que 13
ng/ml), segundo os padrões estabelecidos pelo grupo de estudos da UNICEF e
ICCIDD (43).
A iodúria mediana entre 100 e 200 µg/L, observada na nossa amostra,
encontra-se dentro da faixa que denota um status nutricional em iodo que mantém
estável a síntese de TG (43). Em última análise, a TG, por se tratar de um marcador
da função glandular, pode ser usada também para informar a situação nutricional de
iodo de uma população, com a vantagem de refletir semanas ou meses desse
consumo.
Diante dos dados apresentados, e considerando a hipótese de uma nutrição
adequada em iodo nessa amostra populacional, ficam alguns questionamentos: Qual
será o impacto da nova redução da concentração de iodo no sal (de 20 a 60 para 15
a 45 mg/kg de sal) vigorando no Brasil desde abril 2013? Essa redução poderia
acarretar uma recidiva das doenças causadas pela deficiência de iodo? Além disso,
as populações de risco, como crianças e gestantes, estariam expostas a uma
37
Discussão
ingestão insuficiente de iodo? Certamente serão necessários futuros estudos para
determinar a ingestão de iodo, principalmente, nas populações de risco no Brasil.
38
Conclusões
6- CONCLUSÕES
A prevalência de TA na amostra estudada foi de 5,3%, segundo os
critérios adotados por esse estudo.
As crianças e adolescentes apresentaram nutrição adequada em iodo,
contrariando as expectativas de uma possível ingestão excessiva
desse nutriente.
39
Anexos
7- ANEXOS
ANEXO 1. Descrição da amostra das variáveis quantitativas e análise estatística entre os sexos.
N Média DP Mínimo Máximo
Entre os sexos
p*
Idade (anos) 206 10,2 1,9 7 14 0,451
Meninos 96 10,3 2 7 14
Meninas 110 10,1 1,8 7 14
Altura (m) 206 1,42 0,12 1,14 1,7 0,398
Meninos 96 1,42 0,13 1,17 1,7
Meninas 110 1,4 0,11 1,14 1,66
Peso (kg) 206 39,2 12 18,5 82,3 0,624
Meninos 96 39,64 11,4 19 82,3
Meninas 110 38,82 12,5 18,5 76,3
IMC (kg/m²) 206 19,2 3,8 10,4 33,5 0,786
Meninos 96 19,3 3,6 13,9 30,2
Meninas 110 19,1 4 10,4 33,5
SC (m²) 206 1,2 0,2 0,8 1,9 0,473
Meninos 96 1,2 0,2 0,8 1,9
Meninas 110 1,2 0,2 0,8 1,8
TSH (µU/mL) 206 2,2 1,6 0,2 13,5 0,326
Meninos 96 2,1 1,5 0,2 11,5
Meninas 110 2,3 1,7 0,38 13,5
T4L (ng/dL) 206 1,1 0,2 0,9 1,5 0,786
Meninos 96 1,1 0,1 0,9 1,5
Meninas 110 1,1 0,2 0,9 1,5
TG (ng/mL) 189 15,2 10,8 0,5 63,6 0,611
Meninos 89 14,8 9,9 0,5 63,6
Meninas 100 15,6 11,4 0,5 61,3
Volume (mL) 206 5,3 1,9 1,8 13 0,906
Meninos 96 5,3 2 1,8 10,9
Meninas 110 5,2 1,9 2,3 13
Iodúria (µg/L) 202 165,1 20,6 100 200 0,231
Meninos 95 166,9 19,7 107 199
Meninas 107 163,4 21,3 100 200
* Análise de variância (ANOVA)
40
Anexos
ANEXO 2. Descrição da amostra das variáveis qualitativas e análise estatística entre os sexos.
Positivo /Total % Entre os sexos
p**
Anti –TG meninos 1/96 1,0
0,375 meninas 4/110 3,6
Anti-TPO meninos 1/96 1,0
0,125 meninas 6/110 5,5
Hipoecogenicidade meninos 6/96 6,3
0,789 meninas 9/110 8,2
Puberdade meninos 50/93 55,4
0,885 meninas 56/110 53,8
** Teste exato de Fisher
41
Anexos
ANEXO 3. Características clínicas e função tiroidiana dos pacientes com diagnóstico de TA.
Fem.:feminino; masc.: masculino. * Todos os pacientes apresentam glândulas moderadamente / acentuadamente hipoecoicas.
Paciente * Sexo Idade (anos)
TSH (µU/ml)
T4 livre (ng/dL)
Anti-TG (UI/mL)
Anti-TPO (UI/mL)
Volume (mL)
1 fem 7 6,53 1,0 2398 1000 7,5
2 fem 11 0,56 0,9 642 1000 9,5
3 masc 10 4,71 1,0 217 1000 5,7
4 fem 11 2,56 1,1 93 238 6,7
5 fem 11 1,16 1,4 21 1000 10,8
6 fem 13 3,78 1,1 20 54 6,8
7 fem 11 6,41 0,9 20 10 5,9
8 fem 9 5,54 1,3 20 10 7,3
9 masc 11 5,14 0,9 20 10 4,4
10 masc 8 5,11 1,3 20 10 7,9
11 fem 10 4,01 1,1 20 10 5
42
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(Vancouver)
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Normatização para
apresentação de dissertações e teses. Avanzi O, Longui CA, Campos CAH,
Malheiros CA, Lancellotti CLP, Macéa JR, et al. 2ª ed. São Paulo: 2013.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in
Index Medicus.
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Resumo
RESUMO
Miranda DMC. Prevalência de tireoidite autoimune em crianças e adolescentes em
uma área iodo suficiente [tese]. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo; 2014.
Em crianças com nutrição adequada de iodo, a tireoidite crônica autoimune (TA) é a
principal causa de hipotireoidismo que, por sua vez, está associado a prejuízo no
crescimento e no aprendizado. O consumo de alimentos artificialmente iodados,
preconizado pelos programas de combate às doenças decorrentes da deficiência de
iodo, vem sendo responsabilizado pela ingestão excessiva desse nutriente, e
possivelmente tem contribuído para um aumento da prevalência das doenças
autoimunes da tireoide, dentre elas a TA. Esta observação levou recentemente a
uma redução da iodação do sal no Brasil. O presente estudo tem por objetivo
determinar a prevalência de TA em crianças de sete a 14 anos, residentes na região
metropolitana de São Paulo, e informar a situação nutricional de iodo dessa amostra.
Foram selecionadas 206 crianças, de ambos os sexos, no pronto socorro infantil da
Santa Casa de São Paulo. As crianças com doença tireoidiana previamente
diagnosticada foram excluídas do estudo. O diagnóstico de TA foi realizado através
da determinação da concentração sérica do hormônio tireoestimulante, tiroxina livre,
anticorpos anti-tireoglobulina e anti-tireoperoxidase, assim como pela avaliação
ultrassonográfica da tireoide dos pacientes. A situação nutricional de iodo da
população foi avaliada através da excreção urinária de iodo (iodúria) e concentração
sérica de tireoglobulina. A prevalência de TA encontrada foi de 5,3% e a nutrição em
iodo foi considerada adequada. Dessa forma, estudos futuros serão necessários
para avaliar as consequências da recente redução da iodação do sal de consumo
humano em nosso país, e o impacto nas populações de risco, como crianças e
gestantes, visto que, os dados desse trabalho são anteriores ao novo teor de iodo no
sal.
Descritores: 1- Tireoidite autoimune; 2- Iodo/urina; 3- Criança; 4- Tireoidite /
epidemiologia; 5- Tireoidite / ultrassonografia; 6- Tireoglobulina.
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Abstract
ABSTRACT
Miranda DMC. Prevalence of autoimmune thyroiditis in children and adolescents from
an iodine-sufficient area [thesis] São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo; 2014.
In children with adequate iodine nutrition, chronic autoimmune thyroiditis (CAT) is the
main cause of hypothyroidism which, in turn, compromises growth and learning.
Consumption of artificially iodinated foods, recommended by programs of prevention
of diseases caused by iodine deficiency, has been held accountable for the
excessive intake of this nutrient and may be contributing to an increased prevalence
of autoimmune thyroid diseases such as CAT. This observation has recently led to a
reduction in salt iodination in Brazil. The aim of this study is to determine the
prevalence of CAT in children aged seven to 14 years residing in the metropolitan
region of São Paulo, and report about the iodine nutritional status of this cohort. Two
hundred and six children of both genders were selected from the pediatric emergency
department of Santa Casa de São Paulo. Those previously diagnosed with thyroid
disease were excluded from the study. The diagnosis of CAT was established by
determination of serum concentration of thyroid-stimulating hormone, free thyroxine,
antithyroglobulin and antithyroperoxidase antibodies, as well as by ultrasonographic
thyroid evaluation of the patients. The nutritional iodine status of the cohort was
assessed by urinary iodine excretion (urinary iodine) and serum thyroglobulin. The
prevalence of CAT was 5.3% and the iodine nutrition was considered adequate.
Thus, future studies are needed to evaluate the consequences of the recent
reduction in iodine in the salt for human consumption in our country, and the impact
on risk populations, such as children and pregnant women, since the data of this
study predate the new concentration of iodine in salt.
Keywords: 1- Autoimmune thyroiditis; 2 - Iodine/urine; 3 – Children; 4 – Thyroiditis /
epidemiology; 5 – Thyroid / ultrasonography; 6 - Thyroglobulin.
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Listas e Apêndices
LISTAS E APÊNDICES
Lista 1. Medicamentos e antissépticos contendo iodo:
1- Antitussígenos, mucolíticos, expectorantes:
Acebrofilina
Ambroxol
Benzonatato
Bosentan
Butamirato
Clobutinol
Codeína
Dextrometorfano
Dornase
Dropopizina
Fedrilato
Guaifenesina
lodeto de potássio
Pipazetato
segurança para uso durante o período da lactação.
2- Descongestionantes nasais:
Efedrina
Fenilefrina
Fenilpropanolamina
Fenoxazolina
Nafazolina
Oximetazolina
Pseudoefedrina
3-Fármacos de ação gastrintestinal:
3.1 Antiácidos e outras drogas antiulcerosas:
Bicarbonato de sódio
Carbonato de cálcio
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Listas e Apêndices
Cimetidina
Esomeprazol
Famotidina
Hidróxido de alumínio
Hidróxido de magnésio
Lansoprazol
Nizatadina
Omeprazol
Pantoprazol
Rabeprazol
Ranitidina
Sucralfato
Trissilicato de magnésio
3.2 Antieméticos e gastrocinéticos:
Alizaprida
Bromoprida
Cinarizina
Cisaprida
Difenidol
Dimenidrinato
Dolasetrona
Domperidona
Granisetrona
Meclizina
Metoclopramida
Ondansetrona
Palonosetrona
Proclorperazina
Prometazina
Trimetobenzamida
Tropisetrona
52
Listas e Apêndices
4- Complexos vitamínicos contendo iodo na sua composição.
5- Antiarrítmicos:
Amiodarona
6- Antissépticos:
Polvidine
Mercúrio
Álcool iodado.
53
Listas e Apêndices
APÊNDICE 1
Modelo de anamnese
MATRÍCULA:
Nº FICHA PSI:.....................
NOME:
DATA DE NASCIMENTO:
IDADE:............ SEXO:
MÃE:
PAI:
RESPONSÁVEL:
ENDEREÇO:..........................................................................................Nº: ................
BAIRRO:..............................................CIDADE:...................................CEP:................
FONE:.................................................
ANAMNESE
1- QUEIXA:
2- ANTECEDENTES PESSOAIS:
Uso de medicamentos:
3- ANTECEDENTES FAMILIARES:
4- EX FÍSICO:
-GERAL:
-FEBRE: SIM (.....) NÃO(.....)
-PESO:
-ESTATURA:
-IMC:
-ESTADIO PUBERAL (TANNER):
54
Listas e Apêndices
APÊNDICE 2
Termo de consentimento livre e esclarecido
Dados de identificação
Título do Projeto: Prevalência de Tireoidite Autoimune em Crianças e Adolescentes
em uma Área Iodo Suficiente.
Pesquisador Responsável: Daniela Mara Campos De Miranda – Médica
Endocrinologista- CRM: 86.708-Pós –graduanda da Faculdade de Ciências Médicas
Da Santa Casa De Misericórdia De São Paulo.
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Irmandade Da Santa
Casa De Misericórdia De São Paulo/ Faculdade de Ciências Médicas Da Santa Casa
De Misericórdia De São Paulo – Rua Dr. Cesário Mota Jr, n° 61, 2° andar- CEP:
01221-020. São Paulo –SP.
Telefone para contato: (11)- 3367-7700.
Nome do voluntário: RG:
Idade:
Responsável legal : RG:
Endereço do paciente:
Fone do paciente:
O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa
“Prevalência de Tireoidite Autoimune em Crianças e Adolescentes em uma
Área Iodo Suficiente”, de responsabilidade da pesquisadora Daniela Mara Campos
de Miranda. Esse projeto tem por objetivo identificar crianças e adolescentes
portadores de doenças da tireóide, para tanto, será realizada uma única coleta de
sangue, coleta de uma amostra de urina e será realizada a ultrassonografia da
tireoide no Pronto-socorro Infantil da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Os
participantes serão medidos, pesados e submetidos a exame físico, pela
55
Listas e Apêndices
pesquisadora responsável, para a determinação do desenvolvimento da puberdade
e crescimento. O exame de sangue oferece um pequeno desconforto doloroso ao
paciente, os exames de urina e ultrassonografia não oferecem dor ou riscos à saúde
dos pacientes. As doenças da tireoide podem atrapalhar o crescimento e o
desenvolvimento normal das crianças e adolescentes, assim como dificultar o
aprendizado, dessa forma, é muito importante detectar e tratar o mais cedo possível.
Os pacientes que forem identificados como portadores de doença da tireoide serão
avisados por contato telefônico ou por telegrama, para esses pacientes será
determinada uma data para serem atendidos novamente no pronto socorro infantil,
pela pesquisadora responsável, para orientações e possível início de tratamento e
direcionamento para local de acompanhamento. Não será revelado ou divulgado o
nome do paciente voluntário, sendo preservada sua privacidade. O paciente não é
obrigado a participar do projeto e deve fazê-lo caso seu responsável legal ache
conveniente.
Eu,__________________________________________,RG:
:______________________, responsável legal por
____________________________________,RG: _____________________
,declaro ter sido informado e concordo com a sua participação, como voluntário, no
projeto de pesquisa acima descrito.
São Paulo, _____ de ____________ de_______
Assinatura do responsável legal Assinatura do responsável por obter o
consentimento
Testemunha 1 Testemunha 2
56
Listas e Apêndices
APÊNDICE 3
57
Listas e Apêndices
APÊNDICE 4
Desenvolvimento Puberal segundo os critérios descritivos de Tanner e
Marshall (60,61).
Genitais (sexo masculino)
G1:Pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis.
G2:Aumento inicial do volume testicular (>4ml). Pele escrotal muda de textura e
torna-se avermelhada. Aumento do pênis mínimo ou ausente.
G3:Crescimento peniano, principalmente em comprimento. Maior crescimento dos
testículos escroto.
G4:Continua crescimento peniano, agora principalmente em diâmetro, e com maior
desenvolvimento da glande. Maior crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele
se torna mais pigmentada.
G5:Desenvolvimento completo da genitália, que assume tamanho e forma adulta.
Mamas (sexo feminino)
M1:Mama infantil, com elevação somente da papila.
M2:Broto mamário: aumento inicial da glândula mamária, com elevação da aréola e
papila, formando uma pequena saliência. Aumenta o diâmetro da aréola, e modifica-
se sua textura.
M3:Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação de seus contornos.
M4:Maior crescimento da mama e da aréola, sendo que esta agora forma uma
segunda saliência acima do contorno da mama.
M5:Mamas com aspecto adulto. O contorno areolar novamente incorporado ao
contorno da mama.