De I Love Lucy à Lost: Aspectos Históricos, Estruturais e de Conteúdo das Narrativas Seriais...
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8/8/2019 De I Love Lucy Lost: Aspectos Histricos, Estruturais e de Contedo das Narrativas Seriais Televisivas Norte-Ameri
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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao
XI Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Sul Novo Hamburgo RS 17 a 19 de maio de 2010
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DeI Love Lucy Lost: Aspectos Histricos, Estruturais e de Contedo dasNarrativas Seriais Televisivas Norte-Americanas1
Mara Bianchini dos SANTOS2Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
Resumo
O objetivo desta pesquisa destacar as principais mudanas pelas quais asnarrativas seriais ficcionais televisivas norte-americanas passaram ao longo dos anos,desde o surgimento da primeira sitcom, nos anos 1950, at o desenvolvimento das sriesdramticas com complexa evoluo psicolgica das personagens e histrias contadas emestrutura narrativa modular. Tambm abordado brevemente o uso da narrativatransmiditica nos seriados, iniciativa que expande a histria contada por meio dateleviso para outros suportes miditicos.
Palavras-chave: fico seriada; seriados norte-americanos; televiso.
Consideraes Iniciais
As narrativas seriais ficcionais norte-americanas tm estabelecido uma crescente
base de fs entre os telespectadores brasileiros nos ltimos anos. Com o crescimento no
nmero de assinantes da televiso a cabo no pas, em fins dos anos 1990, seriados como
Seinfeld (NBC, 1989-1998), Friends (NBC, 1994-2004), Planto Mdico (ER, NBC,
1994-2009) e Sex and the City (HBO, 1998-2004) fizeram sucesso entre a audincia e
abriram caminho para investimentos nesse segmento por parte das emissoras pagas, de
forma que, hoje, canais como Sony Entertainment Television, AXN, Warner Channel,
Universal Channel, FOX, FX, entre outros, e at mesmo o canal aberto Record apostam
nos seriados como a principal atrao do horrio nobre.
O sucesso da produo serial de fico norte-americana no se restringe apenas
ao Brasil. Ao redor do mundo, milhes de telespectadores esto de olho nas novastemporadas de sries como House M.D. (FOX, 2004-presente) e Lost (ABC, 2004-
1Trabalho apresentado no DT 5 Comunicao Multimdia do XI Congresso de Cincias da Comunicao na RegioSul, realizado de 17 a 19 de maio de 2010. 2 Mestranda em Comunicao Miditica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e integrante do GrupoJornalismo Digital (JORDI) da UFSM. E-mail: [email protected] trabalho foi orientado por Luciana Mielniczuk, professora Adjunta do Departamento de Cincias da Comunicaoe do Programa de Ps-Graduao em Comunicao Miditica, ambos da UFSM. Doutora em Comunicao e CulturaContempornea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected] .
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Broadcasting Company), CBS (Columbia Broadcasting System) e NBC (National
Broadcasting Company), existentes at hoje, e DuMont Television Network, que
encerrou suas atividades em 1956. Na primeira dcada de transmisses, a grade era
composta inteiramente por produes ao vivo, devido s limitaes tecnolgicas de
transmisso de sons e de imagens por meio de ondas eletromagnticas, o que implicavauma ligao direta entre a gravao que estava sendo exibida e o aparelho receptor
(MOREIRA, 2007). Por causa da restrio tcnica, muitos dos primeiros programas de
entretenimento eram derivados do formato teatral, j que implicavam o uso de poucas
cmeras e de um cenrio fixo para realizar a gravao.
A narrativa ficcional seriada surgiu na televiso nos anos 1940; o princpio
funcional do formato, porm, j havia atrado a ateno do pblico na literatura no
sculo XIX, com os folhetins, e no rdio nas primeiras dcadas do sculo XX, com as
radionovelas. O artifcio de publicar captulos em jornais ou revistas ao longo dedeterminado intervalo de tempo consolidou uma forma de consumo baseada na
manipulao do interesse e da ateno dos leitores. Semelhante ao que ocorre no
romance, a estrutura narrativa do folhetim tambm era baseada em captulos, mas o
produto inovou ao construir o relato ficcional em diversos trechos da histria
publicados ao longo de um intervalo de tempo, como ocorreu com o romance A
Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, publicado em jornais brasileiros no ano de
1844.
No rdio, a forma mais conhecida de narrativa seriada a radionovela, que ficou
conhecida como soap opera nos Estados Unidos, nos anos 1930. As peras de sabo
eram transmitidas diariamente e abordavam temticas de relacionamentos e de dramas
familiares, j que o pblico-alvo eram as donas de casa norte-americanas. Foi tambm
por este motivo que as radionovelas ganharam o apelido soap opera: elas eram
patrocinadas por grandes empresas de produtos de limpeza domstica, como
detergentes, da a denominao soap de sabo e opera, como aluso aos exageros
dramticos dessas histrias.
A serializao audiovisual j era usada no cinema desde 1913. Na poca, as
condies das salas de cinema eram precrias para os espectadores os ambientes de
exibio eram pequenos, e os bancos no tinham encosto, o que gerava incmodo para
o pblico quando a durao do filme era longa (MOREIRA, 2007). Tendo em vista o
problema, convencionou-se exibir os filmes em partes. A tcnica fez com que
personagens icnicos, como o vagabundo de Charles Chaplin, protagonizassem
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diversas variaes de histria de um mesmo tipo humano. Em outras ocasies, como
nos filmes de faroeste, usava-se o recurso do cliffhangerpara aguar a curiosidade dos
espectadores e instig-los a retornar ao cinema para assistir ao episdio de continuao
da histria a tcnica, tambm conhecida como gancho, consiste em deixar o pblico
beira do precipcio narrativo, quando a histria termina, por exemplo, no momento emque o mocinho est amarrado nos trilhos, prestes a ser atropelado por um trem.
Na televiso, a primeira soap opera, Faraway Hill, estreou na emissoraDuMont
em 1946, e a ideia logo foi aceita por pblico, anunciantes e emissoras concorrentes.
Starling define a unio das trs foras (produo, publicidade e audincia) como os
elementos que faro da TV a ponta de lana da sociedade de consumo (2006, p. 12).
A soap opera televisiva, ou telenovela, um dos trs principais tipos de
serializao ficcional na televiso definidos por Machado (2005) sendo eles:
telenovela, seriado e sries ou minissries, cujo estilo de cada episdio semelhante,mas cada episdio representa uma unidade narrativa diferente. Segundo o autor, a
serializao consiste na apresentao descontnua e fragmentada do sintagma
televisual, sendo este o segmento de uma totalidade maior o programa como um
todo que se espalha ao longo de meses, anos, em alguns casos at dcadas, sob a
forma de edies dirias, semanais ou mensais (MACHADO, 2005, p. 83). No caso
das narrativas seriadas, convenciona-se chamar cada sintagma televisual de captulos ou
episdios.
O primeiro tipo de fico seriada definido pelo autor ocupa-se de apenas uma
narrativa ou vrias narrativas entrelaadas que acontece ao longo de vrios
captulos, normalmente dirios, ao final dos quais se dar o fechamento da histria. As
telenovelas, os teledramas e algumas sries e minissries encontram-se nessa categoria.
No segundo tipo, o seriado, cada episdio (geralmente semanal) uma histria com
incio, meio e fim, e as personagens principais so os componentes bsicos e constantes
de uma narrativa que as envolve em situaes variadas a cada episdio. No terceiro e
ltimo tipo de serializao, as sries ou minissries, o estilo de cada episdio
semelhante, mantendo-se ou a noo geral da histria, ou a mesma temtica, mas cada
episdio funciona como uma unidade narrativa separada das demais, sendo diferentes,
em cada uma delas, os protagonistas, o elenco e at mesmo a equipe de produo
(MACHADO, 2005).
Os trs tipos de narrativa seriada, no entanto, podem confundir-se e apresentar
caractersticas em comum. Grande parte dos seriados atuais, por exemplo, so baseados
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em uma construo narrativa teleolgica, assim como nas telenovelas, nas quais a
histria
se resume fundamentalmente num (ou mais) conflito(s)bsico(s), que estabelece logo de incio um desequilbrio estrutural, etoda evoluo posterior dos acontecimentos consiste num empenhoem restabelecer o equilbrio perdido, objetivo que, em geral, s seatinge nos captulos finais (MACHADO, 2005, p. 84).
Ainda que os seriados tenham assumido a teleologia como base para o
desenvolvimento das narrativas atuais, as primeiras produes neste formato eram
baseadas em episdios fechados em si mesmos - com a apresentao e a resoluo de
uma histria a cada exibio semanal -, como o caso da primeira srie televisiva
norte-americana,I Love Lucy.
Narrativa Serial Televisiva
O estilo de serializao em episdios surgiu na televiso norte-americana em
1951 (cinco anos depois da primeira soap opera) com o programa I Love Lucy (CBS,
1951-1960), o qual tambm inaugurou o gnero da sitcom (abreviao de situation
comedy, ou comdia de situaes). I Love Lucy foi adaptada de um popular programa
de rdio e apresentou as aventuras de uma dona-de-casa e de seu marido, interpretados
pelos atores Lucille Ball e Desi Arnaz, casados na vida real.
Foi tambm nos anos 1950 que a televiso comeou a desenvolver uma
linguagem prpria, com o surgimento do videotape. A tecnologia de edio e de
armazenamento eletrnicos do material captado pelas cmeras permitiu a criao de
novos programas na grade das emissoras. A entrada do videotape no processo de
produo televisivo afetou diretamente as criaes ficcionais, com o desenvolvimento
de histrias especficas para o suporte miditico e de condies tcnicas mais
sofisticadas. Em seriados como I Love Lucy, a tecnologia possibilitou a utilizao de
diversas cmeras e a edio posterior do material gravado em estdio, o que permitiu
captar e destacar os pontos de vista e as nuances da atuao do elenco.A contribuio de I Love Lucy para as narrativas seriadas, no entanto, no se
restringiu a inveno de um gnero televisivo. A srie tambm introduziu a passagem
do tempo como elemento dramtico do formato narrativo, ao incorporar a gravidez de
Lucille Ball, e o posterior nascimento de Desi Arnaz Jr., histria do programa. Mais
do que criar novas possibilidades narrativas para I Love Lucy, a entrada do filho de
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Lucy na histria representa uma marca de desenvolvimento emocional das personagens
I Love Lucy coloca seus protagonistas na mesma relao com o tempo que os
telespectadores experimentam na vida real, ao apresentar as personagens em diferentes
estgios de um relacionamento, os quais transcorrem de forma semelhante para a
maioria das pessoas (por exemplo, o nascimento do primeiro filho de um casalgeralmente ocorre aps determinado tempo de casamento, e assim por diante). Para
Winckler (apud STARLING, 2006), a mudana foi fundamental para diferenciar e
estabelecer o formato serial na televiso, porque fez com que os seriados deixassem de
ser uma miscelnea de frmulas bem-sucedidas em outros suportes miditicos para se
tornar um processo narrativo nico, que inclui insensivelmente mas inelutavelmente
o triplo envelhecimento do personagem, do ator e do espectador (WINCKLER apud
STARLING, 2006, p. 15). Acompanhar o crescimento das personagens ao longo dos
episdios e das temporadas torna-se um dos principais atrativos para o pblico, o qualdesenvolve mecanismos de identificao com as histrias que esto sendo contadas.
Outras mudanas substanciais no formato serial surgiriam nos anos seguintes.
At a dcada de 1960, grande parte da programao ficcional televisiva abordava
temticas familiares e politicamente corretas, ignorando as profundas mudanas sociais
e culturais em questes comportamentais, sexuais, raciais e de gnero que ocorriam na
poca. A sitcomA Feiticeira (Bewitched, ABC, 1964-1972), por exemplo, mostrava o
cotidiano de uma famlia de classe mdia norte-americana formada pelo marido Darrin5
e a esposa Samantha, dona-de-casa e poderosa feiticeira, e os episdios geralmente
envolviam as intervenes cmicas dos familiares bruxos de Samantha no
relacionamento dela com o marido (PEREIRA, 2008). A situao muda na dcada
seguinte, com a estreia da srieMary Tyler Moore Show (CBS, 1970-1977), sobre uma
mulher de 30 anos, solteira, independente e bem-sucedida que trabalha como produtora
de um programa jornalstico de televiso. A sitcom marca uma troca de paradigma ao
substituir a famlia biolgica pela famlia do ambiente profissional e de amigos.
Em 1978, as soap operas tambm comeam a explorar outros caminhos
narrativos comDallas (CBS, 1978-1991), novela sobre uma famlia de milionrios do
ramo do petrleo no Texas, cujas histrias giravam ao redor de dinheiro, poder, sexo e
violncia. Em adio ao drama tradicional das soap operas, Dallas tambm abordava
assuntos at ento inditos da televiso, como poltica externa e atividades criminosas
5 Na verso transmitida no Brasil, o nome do personagem Darrin Stephens foi substitudo por James, por ser maisfcil de pronunciar e mais masculino para os padres da lngua brasileira (Pereira, 2008).
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de grandes corporaes (WINCKLER apud STARLING, 2006, p. 24). Alm da
introduo de temticas polmicas, a srie investiu em recursos dramticos para tornar
a narrativa mais densa e complexa. Os cliffhangers passaram a ser usados com
frequncia como forma de manter o interesse do pblico, o qual precisaria retornar toda
semana6
para compreender o desenrolar dos acontecimentos. A partir da segundatemporada, os episdios deDallas deixaram de funcionar como unidades fechadas em
si mesmas para se tornar histrias longas que se desenvolviam no decorrer de diversos
captulos. A tcnica foi uma mudana significativa na estrutura dos seriados, a qual os
tornou mais complexos e ricos.
A novela Dallas foi a precursora de mudanas ainda mais profundas que
ocorreriam no formato televisivo a partir dos anos 1980. J no incio da dcada, a
popularizao do videocassete, juntamente com o controle remoto televisivo, deu ao
pblico o poder de escolher o que e quando assistir com um esforo consideravelmentemenor do que antes: se o telespectador no achava o programa interessante, podia
mudar de canal com apenas um toque, e se no estivesse interessado em assistir a uma
srie no horrio determinado pela emissora, podia optar por gravar a atrao e assisti-la
quando quisesse, quantas vezes quisesse. A alterao no comportamento da audincia
fez as emissoras amadurecem as frmulas narrativas seriais, buscando capturar a
ateno do pblico.
Foi tambm durante a dcada de 1980 que as emissoras de rede fechada
comearam a ganhar destaque. At ento, canais como a HBO (Home Box Office) j
atraiam assinantes simplesmente por transmitirem filmes em qualidade de imagem
superior comparados ao acabamento das sries exibidas pelas trs maiores redes abertas
ABC, CBS e NBC (STARLING, 2006). A partir da metade dos anos 1980, a HBO
passou a produzir contedo ficcional prprio e deu total autonomia para os produtores e
roteiristas na criao de novos seriados, estimulando abordagens ousadas e inovadoras.
Nos anos 1990, o resultado dessa busca por um diferencial criativo tornou-se notvel
em programas como Oz7 (HBO, 1997-2003), Sex and the City8, Famlia Soprano9 (The
6 Diferente do que acontece no Brasil, onde as telenovelas so exibidas de segunda a sbado, independente do horriode transmisso, a periodicidade das soap operas norte-americanas varia de acordo com o turno no qual a atrao televisionada. As daytime soap operas so exibidas de segunda sexta-feira, enquanto as evening soap operasgeralmente so transmitidas uma vez por semana. Dallas encaixava-se na segunda categoria. Fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/Soap_opera . Acesso em: 12 abr. 2010.
7Oz mostra o cotidiano na priso de segurana mxima Ozwald State Correctional Facility, ou simplesmente Oz, eaborda temas como violncia, sexo, uso de drogas, pena de morte, religio e poltica, entre outros, em suas seistemporadas.
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Sopranos, HBO, 1999-2007) e, mais recentemente, A Sete Palmos10 (Six Feet Under,
HBO, 2001-2005) e True Blood11 (HBO, 2008-presente). Seguindo a linha da HBO,
outras emissoras pagas tambm investiram em temticas adultas e tratamentos inditos
na televiso. Atualmente, a Showtime aborda tramas controversas em sries como The
L Word12
(Showtime, 2004-2009), Weeds13
(Showtime, 2005-presente) e Dexter14
(Showtime, 2006-presente).
Ainda nos anos 1980, a produo de programas singulares nas emissoras de TV
a cabo impulsionou a busca por transformaes na estrutura narrativa dos seriados na
rede aberta.
Da mesma forma que a TV, ao se transformar em mdia demassa, liberou Hollywood para sair em busca de pblicos maisespecficos, a popularizao do acesso a TVs a cabo, ao provocar adiviso da audincia em muitas partes, estimulou a TV a fazer omesmo. As redes de TV, assim como os cineastas, deixaram de lado
seus prprios cdigos de produo assim que sua audincia comeoua encolher (STARLING, 2006, p. 21).
nesse contexto que surgeHill Street Blues (NBC, 1981-1987), considerada um
marco na histria das sries televisivas, por seu inegvel valor esttico, fora
dramatrgica e penetrao crtica (MACHADO, 2005, p. 22). O programa
acompanhava o cotidiano dos oficias de uma delegacia de polcia no fictcio bairro
nova-iorquino de Hill Street, inspirado na realidade pobre e violenta do Bronx. Com
147 episdios exibidos ao longo de sete temporadas, a srie percorreu diversos gneros
como ao policial, humor, dramas pessoais e crtica social e props mudanas na
forma e no contedo dos seriados ficcionais da televiso.
As mudanas no mbito esttico emHill Street Blues apresentaram-se no uso de
tcnicas documentais de filmagem para se criar um efeito de realidade no que era
8 Baseada no livro homnimo da colunista e autora norte-americana Candace Bushnell, a srie acompanha a vidasexual e amorosa de um grupo de amigas trs acima dos trinta anos; uma, acima dos quarenta bem-sucedidasprofissionalmente na Nova York do final dos anos 1990.
9A Famlia Soprano conta a histria de Anthony Tony Soprano (James Gandolfini), mafioso de origem italiana queprocura ajuda de uma psiquiatra para aprender a lidar com os problemas familiares e com os negcios daorganizao criminosa que chefia.
10A Sete Palmos acompanha o dia-a-dia da famlia Fisher, dona da Fisher & Sons Funeral Home, casa funerria
herdada por Nathaniel Nate Fisher Jr. (Peter Krause) e David Fisher (Michael C. Hall) aps a morte do pai. Odrama trata de assuntos como morte, homossexualismo, infidelidade e religio.
11True Blood baseada na srie de livros Southern Vampires (2001), da escritora norte-americana Charlaine Harris, econta a histria de Sookie Stackhouse (Anna Paquin), garonete telepata que se apaixona pelo vampiro BillCompton (Stephen Moyer), na fictcia cidade de Bon Temps, em Louisiana, onde humanos e vampiros coexistempacificamente.
12 Srie dramtica sobre grupo de amigas lsbicas e bissexuais que vivem na rea de West Hollywood, na cidade deLos Angeles, Califrnia.
13 Weeds conta a histria de Nancy Botwin (Mary-Louise Parker), dona de casa viva que vive no subrbio daCalifrnia e torna-se traficante de maconha da vizinhana para sustentar os filhos.
14 Seriado dramtico sobre Dexter Morgan (Michael C. Hall), analista forense da polcia de Miami e serial killerquesegue um rgido cdigo moral ele s mata outros assassinos.
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exibido. De acordo com Machado, cmeras no ombro, iluminao natural,
enquadramentos descuidados, negativo granulado, abundncia de planos-sequncia
(2005, p. 48) foram construes utilizadas para valorizar o visual realista das histrias.
A contribuio mais significativa da srie, no entanto, foi a mudana na
estrutura narrativa dos episdios. Ao contar a jornada de mais de dez protagonistas,feito at ento indito para uma srie ficcional televisiva, Hill Street Blues introduziu o
formato das narrativas mltiplas entrelaadas e abertas, com uma complexa galeria de
personagens e situaes (MACHADO, 2005, p. 48). A srie passou a desenvolver as
tramas em uma estrutura narrativa modular (STARLING, 2006) com histrias que
recorriam a acontecimentos de episdios anteriores, no eram concludas em um nico
segmento narrativo e s seriam retomadas mais tarde na temporada. A estrutura
baseada em dois nveis, nos quais cada episdio possui uma trama principal completa
e uma ou vrias tramas secundrias, que sero desenvolvidas ao longo da temporada ouat mesmo ao longo da srie (STARLING, 2006, p. 27).
A narrativa modular permite que pequenas nuances tanto da personalidade dos
protagonistas quanto da prpria histria sejam aprofundadas no decorrer da passagem
do tempo, de forma menos imediata do que em formatos como o cinema e isso que
torna as sries mais interessantes e mais complexas. Ao explorar as possibilidades
narrativas da estrutura modular, Hill Street Blues inaugurou os ensemble shows, sries
com grande nmero de protagonistas, nas quais o enfoque desviado de um nico
personagem para recair sobre todo o grupo de pessoas relacionadas diretamente
histria. Sries assim no so guiadas tanto pelo conceito do seriado chamado
formula show, como o programa C.S.I.15(CBS, 2000-presente) quanto so conduzidas
pelos desdobramentos psicolgicos dos protagonistas (character-driven), com ateno
especial dada pelos roteiristas aos acontecimentos marcantes e aos padres de
comportamento ao longo da vida das personagens (STARLING, 2006).
Desse modo, as personagens passam a ser pessoas com uma histria completa,
com uma vida marcada por decepes, esperanas, crenas, sofrimento e alegria. A
complexidade psicolgica da narrativa desperta a identificao do pblico com os
15 C.S.I.: Crime Scene Investigation uma srie criminal dramtica sobre grupo de cientistas forenses dodepartamento de polcia da cidade de Las Vegas, em Nevada. O programa j gerou dois spin-offs (sriesderivadas): C.S.I.: Miami (CBS, 2002-presente) e C.S.I.: NY(CBS, 2004-presente). C.S.I. guiada por seu conceitode srie investigativa, ou seja, os assassinatos so apresentados e desvendados ao longo de um nico episdio, comalgumas excees ao longo das temporadas. Nesse tipo de formato, o desenvolvimento psicolgico das personagensocorre de forma mais gradual do que nas sries definidas como character-driven, j que mais tempo dedicado squestes pontuais de cada episdio como a resoluo de um crime, no caso de C.S.I..
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dramas encenados na televiso e alimenta a necessidade humana primordial por
histrias que nos relacionem com o resto do universo. Ao analisar as maiores religies e
culturas do mundo, Joseph Campbell identificou uma estrutura comum, o monomito,
compartilhado por pessoas de diferentes pocas e origens por meio do qual procuramos
harmonizar nossas vidas com a realidade (1990, p. 4). Para Campbell, os mitos sohistrias de nossa busca da verdade, de sentido, de significao, atravs dos tempos
(1990, p. 5). Murray afirma que
a narrativa um dos mecanismos cognitivos primrios para acompreenso do mundo. tambm um dos modos fundamentaispelos quais construmos comunidades, desde a tribo agrupada emvolta da fogueira at a comunidade global reunida diante do aparelhode televiso. Ns contamos uns aos outros histrias de herosmo,traio, amor, dio, perda, triunfo. Ns nos compreendemosmutuamente atravs dessas histrias, e muitas vezes vivemos oumorremos pela fora que elas possuem (MURRAY, 2003, p.9)
Ao abordar as narrativas no suporte televisivo, Starling (2006) argumenta que o
aprofundamento das questes emocionais e psicolgicas das personagens fez com que
as sries despontassem como principal meio do espectador analisar e compreender os
prprios dramas pessoais. As sries de TV ocuparam um gigantesco buraco subjetivo
deixado aberto pela fico literria, medida que as pessoas reduziram seu interesse
pela leitura (STARLING, 2006, p. 39), de modo que criadores e roteiristas, h pelo
menos uma dcada, terem-nas transformado no mais fiel espelho da sociedade hoje
disponvel na cultura de massas (STARLING, 2006, p. 43). justamente essa complexidade narrativa que as sries comeam a amadurecer
a partir deHill Street Blues. Segundo Johnson (2005), o programa iniciou uma espcie
de exerccio mental para quem assistia a seriados televisivos, ao aumentar a quantidade
de trabalho cognitivo necessrio para acompanhar as diversas ramificaes que a
histria central tinha desenvolvido. Hoje, mais de vinte anos depois da estreia de Hill
Street Blues, o esforo do telespectador no est concentrado apenas em entender a
trama, mas tambm em analisar as informaes oferecidas nos episdios e, a partir de
suas concluses, preencher as lacunas que foram deliberadamente deixadas abertas.Para Johnson (2005), o mais surpreendente que quanto mais as narrativas ficam
complexas, mais o pblico gosta. Os programas mais exigentes com o pblico tambm
se revelaram como os mais lucrativos da histria da televiso16 (JOHNSON, 2005, p.
16The shows that have made the most demands on their audience have also turned out to be among the most lucrativein television history (traduo da autora).
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65). O movimento da audincia em direo a programas mais complexos tambm
iniciou com Hill Street Blues a srie foi a primeira a atrair o pblico
predominantemente adulto, na faixa dos 18 aos 49 anos.
As profundas mudanas tcnicas, estticas e de contedo introduzidas pela srie
deram origem denominao quality television, termo concedido M.T.M. EnterprisespeloBritish Film Institute17 na publicaoM.T.M.: Quality Television18 como forma de
reconhecimento pela abordagem diferenciada da produtora em programas televisivos,
especialmente no seriado policial. De acordo com Machado, depois deHill Street Blues
ser considerada televiso de qualidade, o termo passa (...) a ser uma expresso
rapidamente tomada como bandeira para uma abordagem diferenciada na televiso,
logo adotada por estudiosos e crticos (2005, p. 22). O reconhecimento ao trabalho
realizado no seriado encorajou a criao de projetos inovadores nas outras emissoras, o
que resultou no nvel de qualidade que as sries televisivas alcanaram hoje. Vinte ecinco anos depois do incio de Hill Street Blues [...], o gnero de TV de qualidade
ocupa quase toda a grade (STARLING apud MOREIRA, 2007).
A quality television tambm atraiu diretores renomados do cinema para a
televiso, como o cineasta norte-americano David Lynch. Acompanhado de Mark Frost
roteirista deHill Street Blues , Lynch criou Twin Peaks (ABC, 1990-1991), srie que
acompanhava a investigao do agente especial do FBI Dale Cooper sobre o
assassinato de uma jovem estudante chamada Laura Palmer, na cidade de Twin Peaks,
no interior do estado de Washington. Assim, iniciou-se um verdadeiro desenrolar de
fatos inusitados e bizarros e acontecimentos fantsticos, que acabam mostrando que
todos ali tm algo a esconder (FERRARAZ, 2007, p. 2). Lynch, responsvel por obras
polmicas no cinema, como Veludo Azul (Blue Velvet, 1986) e A Cidade dos Sonhos
(Mulholland Drive, 2001), levou a excentricidade de suas obras cinematogrficas para a
televiso (PEREIRA, 2008), montando em Twin Peaks um universo instigante, repleto
de anormalidade, de perverses e baixos instintos mal dominados (STARLING, 2006,
p. 31) e mobilizando o pblico com a pergunta Quem Matou Laura Palmer?.
O sucesso de Twin Peaks foi favorecido pela internet, fenmeno emergente na
poca da exibio da srie. Por meio da rede, diversos fs reuniram-se em comunidades
de interesse para discutir teorias e especular sobre o assassinato de Laura Palmer. A
17 O British Film Institute uma organizao criada para promover a compreenso e a apreciao da cultura e daherana televisiva e cinematogrfica britnica. Fonte: http://www.bfi.org.uk/about/. Acesso em: 12 abr. 2010.
18 FEUER, Jane; KERR, Paul; VAHIMAGI, Tise (orgs.). M.T.M.: Quality Television. Londres: British FilmInstitute, 1984.
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narrativa cercada de mistrios impulsionada os fs a investigar as referncias usadas
nos episdios e a mapear todos os acontecimentos referentes histria em busca de
respostas. Uma dessas comunidades, alt.tv.twinpeaks, logo se tornou
uma das maiores e mais ativas listas de discusses do incio da
internet, atraindo, segundo estimativas, 25 mil leitores (embora um nmerosubstancialmente menor de pessoas postasse mensagens) (JENKINS, 2008,p. 60).
Os fs comeavam a descobrir as potencialidades de trabalharem juntos por
meio da internet; com cada pessoa contribuindo com um pequeno pedao de
informao, ou com uma nova hiptese, os membros da comunidade tinham mais
chances de decifrar o enigma proposto na televiso. Ao final de cada episdio, eles
conectavam-se a internet e emitiam opinies sobre a histria da semana, tentavam
prever o que aconteceria ao longo da temporada e criavam argumentos cada vez maiselaborados para justificar os acontecimentos da srie.
Para os fs que participavam das comunidades de interesse sobre Twin Peaks, a
expectativa em torno da resoluo do gancho central da histria tornou-se grande
demais, a ponto de muitas pessoas ficarem decepcionadas com o desfecho da narrativa.
O trabalho em conjunto dos membros das comunidades implicou novas exigncias por
parte do pblico em relao complexidade da trama. Munidos com uma memria
virtual comum, uma base de dados online onde podiam arquivar toda e qualquer
informao sobre o programa, os fs tinham condies de no s acompanhar aintrincada histria, mas tambm de elaborar teorias conspiratrias mais aprofundadas
do que a narrativa que viam desenrolar-se semanalmente na televiso. J na segunda
temporada, a srie comeou a perder audincia, principalmente devido insistncia da
emissora ABC em adiar a revelao do assassino e, assim, tentar manter o pblico
interessado na histria. Frustrado com a falta de respostas, grande parte dos
espectadores comuns, aqueles que s assistiam srie pela televiso, abandonou o
programa (PORTER e LAVERY, 2007); para os fs mais engajados, Twin Peaks
perdeu o apelo porque se tornou previsvel demais. Do ponto de vista dos criadores dasrie, o comportamento dos fs era algo at ento indito e, portanto, difcil de
corresponder. Eles precisariam explorar novas formas de contar histrias para satisfazer
o tipo de consumidor de produtos miditicos que surgiu com o advento da internet. A
televiso, em especial, teria de se tornar mais sofisticada se no quisesse ficar atrs de
seus espectadores mais comprometidos (JENKINS, 2008, p. 62). Uma alternativa
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surgiria com a expanso do universo narrativo ficcional a partir da televiso para
diversos outros suportes miditicos, processo que Jenkins denomina narrativa
transmiditica. De acordo com o autor,
uma histria transmiditica se desenrola atravs de mltiplos
suportes miditicos, com cada novo texto contribuindo de maneiradistinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativatransmiditica, cada meio faz o que faz de melhor a fim de que umahistria possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televiso,romances e quadrinhos, seu universo possa ser explorado em gamesou experimentado como atrao de um parque de diverses(JENKINS, 2008, p. 135).
Jenkins identifica a trilogia cinematogrfica Matrix como a primeira iniciativa
de construo de uma narrativa transmiditica, j que a franquia contou com trs filmes
(The Matrix, 1999, The Matrix Reloadede The Matrix Revolutions, ambos de 2003),
uma srie de nove curtas-metragens de animao (Animatrix, lanados em DVD em
2003), 26 histrias em quadrinhos online e trs jogos eletrnicos Enter The Matrix
(2005), The Matrix Online (2005) e The Matrix: Path of Neo (2005). A narrativa de
cada suporte miditico funciona de modo complementar s demais, de forma que, para
entender certos aspectos das obras cinematogrficas, preciso jogar o game e assistir
aos curtas-metragens. Menos exigentes quanto ao engajamento do pblico na busca por
contedos complementares, alguns seriados televisivos tm lanado produtos adicionais
com contedos significativos para a audincia. Sries de sucesso, comoER19, C.S.I., e
Greys Anatomy20 (ABC, 2005-presente), ganharam jogos eletrnicos baseados em suas
temticas e personagens, nos quais o usurio assume papel central em situaes
semelhantes s que ocorrem nas narrativas dos seriados no caso dos exemplos
mencionados, o jogador pode atender pacientes mdicos nos hospitais County General
Hospital ou Seattle Grace Hospital, ou participar de investigaes de assassinatos em
Las Vegas. Personagens secundrios das sries The Office (NBC, 2005-presente) e 30
Rock(NBC, 2006-presente) tm episdios para a web disponibilizados regularmente no
site da emissora NBC. Em outubro de 2009, Dexterganhou uma srie animada online,
Dexter: Early Cuts, a qual acompanha o personagem-ttulo em sua caa a trs vtimas,
as quais ele havia mencionado em um dos episdios televisionados durante a primeira
19 Drama mdico sobre cotidiano de mdicos e enfermeiros que trabalham no pronto-socorro do County GeneralHospital na cidade de Chicago, em Illinois.
20 Greys Anatomy acompanha a vida de estudantes internos, residentes e atendentes no fictcio Seattle GraceHospital, em Seattle, Washington. O ttulo uma brincadeira com o nome da protagonista, Meredith Grey (EllenPompeo), e o famoso livroAnatomia de Gray, do cirurgio britnico Henry Gray.
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temporada. Os doze episdios para a web foram disponibilizados semanalmente no site
da emissora Showtime21 entre os meses de outubro de 2009 e janeiro de 2010.
Outras sries, comoHeroes (NBC, 2006-presente) eLost, j desenvolvem aes
mais do conceito de narrativa transmiditica. No caso de Lost, at o lanamento da
sexta temporada da srie, a franquia contava com trs livros (Lost: Identidade Secreta,Lost: Risco de Extino e Lost: Sinais de Vida, todos de 2006), quatro ARGs22 [The
Lost Experience (2006), FIND 815 (2007), The Dharma Iniciative Recruiting Project
(2008) e Damon, Carlton and a Polar Bear(2009)], um jogo eletrnico [ Lost: Via
Domus (2008)] e uma srie de 13 mini-episdios para celular Lost: Missing Pieces,
lanados entre novembro de 2007 e janeiro de 2008 , alm de outros contedos
adicionais desenvolvidos especialmente para o site oficial e para as colees em DVD.
Iniciativas como estas, ao apresentar diversos segmentos narrativos em suportes
miditicos mltiplos, elevam a experincia de consumo dos telespectadores e provocammudanas no modo em que a audincia consome produtos televisivos atualmente.
Consideraes Finais
Ao se observar os ltimos 15 anos de produes ficcionais seriadas televisivas
norte-americanas, nota-se uma mudana significativa nas temticas abordadas e no
estilo de narrativa que os seriados tm assumido. No entanto, apesar do reconhecimento
do pblico e da crtica acerca da qualidade das sries atuais, nota-se a existncia depoucos trabalhos acadmicos sobre elas, especialmente pela falta de uma obra de
referncia sobre o assunto. Este artigo teve como objetivo, em um primeiro momento,
compreender o que a fico seriada televisiva e a origem de algumas de suas
caractersticas e, em seguida, marcar a trajetria das sries norte-americanas ao longo
dos anos, desde a criao da primeira sitcom, nos anos 1950, at o desenvolvimento de
seriados dramticos com complexa evoluo das personagens e resoluo de histrias
ao longo de diversos episdios, ou mesmo no curso de mltiplas temporadas.
O uso da narrativa transmiditica em produes televisivas tambm foiabordado, por se tratar de uma mudana significativa na construo narrativa desses
produtos de entretenimento, a qual ocorre a partir dos primeiros anos do sculo XXI. As
iniciativas de expanso da narrativa televisiva para outros suportes miditicos indicam
21http://www.sho.com/site/dexter/earlycuts/home.do . Acesso em: 12 abr. 2010.22Alternate Reality Games, ou Jogos de Realidade Alternativa - forma ldica de se contar histrias na qual a narrativadepende da ao dos jogadores em resposta aos mistrios lanados pelo game (Santos, 2009).
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novas formas de produo e de consumo desse formato, as quais podem ser levadas em
considerao para a elaborao de trabalhos futuros.
Referncias Bibliogrficas
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CHRISTOFOLETTI, Rogrio.Lost,House e a Salvao do Jornalismo. 2009. Disponvel em:.Acesso em: 12 abr. 2010.
FERRARAZ, Rogrio. Bizarria e Mistrio na TV: Twin Peaks e o Entretenimento deQualidade. Trabalho apresentado no XVI Encontro da Comps. Curitiba, 2007. Disponvel em:< http://www.compos.org.br/data/biblioteca_260.pdf > Acesso em: 12 abr. 2010.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergncia. So Paulo: Aleph, 2008.
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MACHADO, Arlindo. A Televiso Levada a Srio. So Paulo: Editora SENAC So Paulo,2005.
MOREIRA, Llian Fontes. A narrativa seriada televisiva: O seriado Mandrake produzidopara a TV a cabo HBO. Revista Ciberlegenda. Ano 9. Nmero 19. Outubro de 2007.
Disponvel em: Acesso em: 12 abr. 2010.
MURRAY, Janet. Hamlet no Holodeck : o Futuro da Narrativa no Ciberespao. So Paulo:Ita Cultural: UNESP. 2003.
PEREIRA, Paulo Gustavo.Almanaque dos Seriados. So Paulo: Ediouro, 2008.
PORTER, Lynnette; LAVERY, David. Desvendando os Mistrios de Lost: guia noautorizado. Osasco, SP: Novo Sculo Editora, 2007.
SANTOS, Mara Bianchini dos. Atravs do Espelho Aprofundamento do UniversoFiccional de Lost por meio da Narrativa Transmiditica. Monografia (Graduao emComunicao Social Habilitao Jornalismo) Curso de Comunicao Social UniversidadeFederal de Santa Maria (UFSM), 2009.
STARLING, Cssio Carlos. Em tempo real:Lost,24 Horas, Sex and the City e o impacto dasnovas sries de TV. So Paulo: Alameda, 2006.