DE QUE MANEIRA OBRAS DE ARTE ALTERAM A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS?

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO SAMIRA MARQUES LOPES FERREIRA DE QUE MANEIRA OBRAS DE ARTE ALTERAM A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS? Timóteo 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

SAMIRA MARQUES LOPES FERREIRA

DE QUE MANEIRA OBRAS DE ARTE ALTERAM A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS?

Timóteo 2013

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SAMIRA MARQUES LOPES FERREIRA

DE QUE MANEIRA OBRAS DE ARTE ALTERAM A PERCEPÇÃO DAS

PESSOAS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS?

Trabalho de Conclusão de Curso na área

de Arquitetura e Urbanismo do Centro

Universitário do Leste de Minas Gerais,

como pré-requisito para obtenção do título

de Arquiteto e Urbanista.

Orientadora: Carla Paoliello

Timóteo 2013

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AGRADECIMENTOS

À Deus por cada dia e por me dar força e sabedoria para seguir em frente.

À minha família pelo apoio, compreensão e por não medir esforços em me

ajudar a correr atrás do meu objetivo.

Aos colegas da faculdade em especialmente a Maria, Keyssi, Gui, Bárbara e

Fe Fontes, aos amigos de fora pelo companheirismo ao longo de toda essa jornada,

que sempre estiveram dispostos a me ajudar quando precisei.

À Carla Paoliello, minha orientadora, pelo apoio e por me auxiliar na

compreensão do assunto abordado, mesmo dizendo sempre que o problema é meu,

soube me acalmar após as orientações, sem sua ajuda não chegaria ate o final.

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“O arquiteto é uma espécie de produtor teatral, o homem que planeja os cenários para as nossas vidas”. Steen Eiler Rasmussen

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Reichstag, Parlamento coberto..........................................................pag.12

Figura 2: Pont-Neuf...........................................................................................pag.13

Figura 3: Instalação sonora...............................................................................pag.14

Figura 4: Instalação sonora...............................................................................pag.15

Figura 5: Alteração a uma casa suburbana, fotografia de modelo....................pag.16

Figura 6: FunHouse Belgica 2004.....................................................................pag.16

Figura 7: Calçada da orla de Copacabana, Rio de Janeiro...............................pag.21

Figura 8: Jardim do Banco Safra, São Paulo.....................................................pag.22

Figura 9: Calçada em Miami USA......................................................................pag.22

Figura 10: Praça dos Cristais.............................................................................pag.23

Figura 11: Paris com Torre Eiffel.......................................................................pag.24

Figura 12: Paris sem a Torre Eiffel....................................................................pag.24

Figura 13: Antigo corredor vermelho..................................................................pag.27

Figura 14: Antigo corredor vermelho.................................................................pag.28

Figura 15: Corredor azul....................................................................................pag.28

Figura 16: Corredor sendo preparado para intervenção....................................pag.29

Figura 17: Corredor sendo preparado para intervenção....................................pag.29

Figura 18: Corredor com intervenção................................................................pag.30

Figura 19: Corredor com intervenção................................................................pag.30

Figura 20: Richard Serra...................................................................................pag.33

Figura 21: Mercado das Flores- Brasília............................................................pag.33

Figura 22: Mercado das Flores – Brasília..........................................................pag.35

Figura 23: Banheiro público Parque Municipal de Brasília................................pag.36

Figura 24: Banheiro público Parque Municipal de Brasília................................pag.37

Figura 25: Banheiro público Parque Municipal de Brasília................................pag.37

Figura 26: Cerca desenhada por Athos Bulcão - Hospital Sarah Kubitzcheck–

Brasília................................................................................................................pag.39

Figura 27: mapa de localização de Caratinga....................................................pag.41

Figura 28 : Mapa de localização das escadarias e ruas de acesso..................pag.42

Figura 29: Escadaria Joaquim Mota..................................................................pag.44

Figura 30: Escadaria Joaquim Mota ................................................................pag.44

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Figura 31: Escadaria Joaquim Mota..................................................................pag.44

Figura 32: Escadaria Joaquim Mota .................................................................pag.44

Figura 33: Escadaria José Ferreira Maia...........................................................pag.45

Figura 34: Escadaria José Ferreira Maia...........................................................pag.45

Figura 35: Escadaria José Ferreira Maia...........................................................pag.46

Figura 36: Escadaria José Ferreira Maia...........................................................pag.46

Figura 37: Alcides Matos...................................................................................pag.47

Figura 38: Alcides Matos...................................................................................pag.47

Figura 39: Alcides Matos...................................................................................pag.47

Figura 40: Alcides Matos...................................................................................pag.47

Figura 41: Escadaria Padre Chiquinho.............................................................pag.48

Figura 42: Escadaria Padre Chiquinho.............................................................pag.48

Figura 43: Escadaria Padre Chiquinho.............................................................pag.49

Figura 44: Escadaria Padre Chiquinho.............................................................pag.49

Figura 45: Muro na avenida Catarina Cimini.....................................................pag.50

Figura 46: Muro na avenida Catarina Cimini.....................................................pag.51

Figura 47: Escadaria na Lapa Rio de Janeiro...................................................pag.52

Figura 48: Escadaria em San Francisco...........................................................pag.53

Figura 49: Escadaria Scala...............................................................................pag.54

Figura 50: Escadarias de Beirut.......................................................................pag.55

Figura 51: Escadaria 24 de maio......................................................................pag.56

Figura 52: Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro......................................................pag.57

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RESUMO

O presente trabalho apresenta uma pesquisa sobre a percepção da arte

inserida no espaço arquitetônico e o valor que a mesma poderá trazer ao local.

Teorias foram estudadas relacionadas à percepção, arte no espaço público,

património histórico, para levar propostas de intervenções nas escadarias de

Caratinga, Minas Gerais. O reconhecimento do local será levado à população em

geral, mas principalmente para quem faz uso dessas escadarias.

Palavras-chave: Arte, Percepção, Expressão, Intervenção

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

2. OBJETIVOS ............................................................................................... 10 2.1 Objetivos Gerais: ................................................................................................... 10

2.2 Objetivos Específicos: ............................................................................................ 10

3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 10

4. METODOLOGIA ......................................................................................... 11

5. EMBASAMENTO TEÓRICO ..................................................................... 11 5.1 Entendendo o que é Percepção .............................................................................. 11

5.2 Teorias da Percepção ............................................................................................ 17

6. PROPOSTA PARA TCC2 ......................................................................... 40

7. CONCLUSÃO ............................................................................................. 57

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 60

9. ANEXOS ..................................................................................................... 62

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1. INTRODUÇÃO

Após estudos durante o curso de arquitetura e urbanismo sobre percepção e

obras de arte inseridas no espaço público e a importância que estas obras podem

dar a estes espaços, se tornou foco da pesquisa do desenvolvimento deste trabalho

acadêmico a seguinte pergunta: de que maneira obras de arte alteram a percepção

das pessoas nos espaços públicos?

Atualmente, vive-se constantemente caminhando entre essa arquitetura

fundida com obras arte. Muitas vezes os usuários são deparados por ela nos

parques, nas ruas, nos muros das cidades, passando-se cotidianamente sem

entender sua essência ou propósito. Estas podem ser consideradas como obras de

artes utilizáveis, pois estão presentes na configuração do espaço e podem também

transmitir uma mensagem.

Deve-se tomar o cuidado de não associar essas obras apenas como um

ornamento arquitetônico; acontecendo isso se perde toda a sua autenticidade, pois

estará integrada à arquitetura somente como decoração.

É necessário separar a estética da arte, porque a estética lida com opiniões sobre percepção do mundo em geral. No passado, um dos dois destaques da função da arte era seu valor como decoração. Assim, qualquer ramo da filosofia que lidasse com a “beleza” e, portanto, com o “gosto”, era inevitavelmente obrigado a encobrir a arte (KOSUTH, 2006, p. 213).

As obras de arte podem ser qualquer coisa: uma representação, uma

expressão, uma linguagem, uma intervenção, ou apenas reflexão. O antológico

socialista George Plekhanov em um de seus livros diz:

...a arte deve contribuir para o desenvolvimento da consciência

humana, para a melhoria do regime social (PLENKHANOV, 1969, p.11).

Levando-se em consideração tudo que foi dito, pode-se dizer que surge

mais uma discussão de como as obras de arte podem ser interpretadas dentro de

um contexto arquitetônico; como ela pode influenciar na arquitetura, mexer com o

sentimento das pessoas, provocar a percepção de quem faz seu uso. Este será o

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foco principal dessa pesquisa para que futuramente sejam pensadas intervenções

que possam enquadrar esses elementos e a composição examinada.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais:

O objetivo geral deste trabalho é o estudo da relação entre a arte e a

arquitetura e a influência que uma pode proporcionar a outra, partindo do estudo da

percepção do lugar, ressaltando de que maneira ela pode influenciar na percepção

das pessoas.

2.2 Objetivos Específicos:

Estudar os conceitos de percepção; expressão e intervenção;

pesquisar e estudar obras que retratam a arte inserida no espaço arquitetônico.

3. JUSTIFICATIVA

Por ser uma estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo surgiu-se o

interesse do aprofundamento maior nesse tema tão abrangente, juntamente com o

propósito de fazer uma especialização nesta área, após a conclusão do curso.

Ao discutir-se sobre obras de arte inseridas no espaço arquitetônico

percebe-se que existe uma relação estreita entre arte e arquitetura e as

interferências que ela pode causar uma na outra, junto com a percepção desses

lugares, já que a arte deixa de estar somente em museus e vem para as ruas, e é

justamente essa interrogação que define o propósito deste estudo.

O espaço público é um espaço de troca, o cotidiano permite que

tenhamos obras que possam ser construídas para o uso e admiração de todos,

promovendo o autoconhecimento do expectador.

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4. METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta pesquisas realizadas sobre arte inserida na

arquitetura e percepção do lugar, através de livros e artigos científicos, com o

objetivo de aprofundar o conhecimento estudando essas teorias no Brasil e no

mundo, e sobre intervenções que fizeram com que as pessoas percebessem certas

obras, passagens e edificações que já sofreram algum tipo de intervenção.

5. EMBASAMENTO TEÓRICO

5.1 Entendendo o que é Percepção

De acordo com o dicionário Aurélio, percepção é, “em psicologia,

neurociência e ciências cognitivas, a função cerebral que atribui significado a

estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da

percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para

atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, seleção e

organização das informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser

estudada do ponto de vista estritamente biológico, fisiológico e psicológico,

envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos.

Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os

processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na

interpretação dos dados percebidos”.

No campo da ciência, a percepção é definida como uma função cerebral, e

para compreender mais sobre sua teoria é necessário um aprofundamento da

neurociência e da capacidade do indivíduo de raciocínio.

O homem é bombardeado por estímulos físicos o tempo todo e isso se dá de

maneira espontânea; é da sua natureza. A consciência exerce um papel nesse

processo; as pessoas automaticamente agrupam elementos, aos quais elas prestam

atenção e dos quais se lembram. Se a pessoa quiser, ela poderá criar essas

lembranças de maneira consciente, mas se não o fizer, o inconsciente agirá e

ficarão guardados na memória fatos vividos, lugares percorridos, elementos vistos,

etc.

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As formas mais desenvolvidas de percepção são a visual e auditiva,

fundamentais à sobrevivência do homem. A visão é a forma de percepção mais

comum, a mais imediata, pois com ela percebe-se a forma, a cor, a profundidade, o

movimento, entre outras coisas.

75% da percepção humana, no estágio atual de evolução, é visual, isto é, a orientação do ser humano no espaço, gradativamente responsável por seu poder de defesa e sobrevivência no ambiente em que vive, depende majoritariamente da visão; os outros 20% são relativos à percepção sonora, e os 5% de todos os outros sentidos, ou seja, a tato, olfato e paladar (SANTAELA, 1998, p.11).

O artista plástico Christo Vladimirov Javacheff, consegue abranger essa

percepção das pessoas em suas obras, trabalhando com a teoria da “revelação

através de ocultação”, segundo o critico da arte David Bourdon (BOURDON, 1970).

Ele trabalha com a percepção visual de maneira que monumentos,

elementos arquitetônicos, paisagens sejam escondidos ou revelados através de

suas intervenções; suas obras incluem a embalagem do Reichstag em 1995, edifício

histórico em Berlim, Alemanha, construído para abrigar a família imperial, e hoje

sede do parlamento. A obra foi vista por cinco milhões de visitantes, muitas delas

eram pessoas que passavam por ali todos os dias, mas que já não percebiam mais

o edifício pelo simples fato dele estar sempre na paisagem do dia a dia. Ao cobrir o

parlamento o artista consegue voltar os olhos das pessoas para o edifício

novamente.

Figura 1: Reichstag. Parlamento coberto.

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Fonte:http://bronzeartes.blogspot.com.br/2010/06/algumas-obras-de-christo-e-janne-claude.html

Christo fez também uma intervenção na Pont-Neuf em 1985, a mais antiga

ponte sobre o rio Sena em Paris, durou 14 dias. Ao embalar a ponte sua arquitetura

foge da aparência cotidiana e suas formas eram reveladas. Foi à maneira que ele

usou para retirar algo da paisagem do cotidiano, mas ao mesmo tempo fez com que

as pessoas percebessem a revelação através da ocultação.

Figura 2: Pont-Neuf.

Fonte: http://falacultura.com/christo-jeanne/.

Christo acredita que suas intervenções ficarão somente na memória das

pessoas, pois todas têm um curto prazo de duração. Elas normalmente duram

apenas alguns dias ou semanas, porém não serão esquecidas pelo fato de ter feito

que as paisagens esquecidas sejam novamente reveladas aos olhos das pessoas.

Embora seu trabalho seja visualmente impressionante, sua intenção é

simplesmente criar obras de arte que de alguma forma vai mudar o modo de

perceber familiares paisagens. Por isso suas obras não vão durar para sempre,

porque então deixaria de ser uma interferência ao local situado. Isso acontece

porque o objetivo principal é fazer com que as pessoas percebam algo que não

percebiam antes da intervenção, embalar estes monumentos, de certa forma, dá um

outro significado, uma nova estrutura para quem convive ali.

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“... você sabe que eu não tenho nenhuma obra de arte que existe? Elas todos vão embora quando as termino. Apenas os desenhos preparatórios e colagens estão guardados. Acho que é preciso muito mais coragem para criar coisas para ir embora do que criar

coisas que permanecerão” (CHRISTO, 1995).

Com a percepção auditiva, pode-se identificar fenômenos sonoros, como

altura do som, frequência e intensidade; ela envolve a recepção e a interpretação de

estímulos sonoros através da audição. Nesta percepção identificam-se algumas

habilidades como a detecção do som, sensação sonora, discriminação, localização,

reconhecimento, compreensão, atenção e a memória; sendo assim, parte do

processamento auditivo que envolve a investigação do sinal acústico integrando a

informação em modelos. Diferente dos nervos ópticos, a audição não suporta

estímulos desagradáveis, ou seja, caso o ouvido for exposto a intervalos

dissonantes tem-se a impressão de que está errado, que não é belo ou, em casos

extremos, uma peça dissonante pode causar irritabilidade ao ouvinte.

A artista plástica Laura Belém consegue, através de seus trabalhos, um

diálogo com a paisagem, arquitetura e com outros aspectos como história e cultura,

usando da percepção da audição. Ela faz com que algumas obras artísticas

trabalhem essa percepção de várias maneiras, como a intervenção criada em 2004,

chamada Conspiração ao Prazer. Trata-se de caixas de som instaladas nos

banheiros do Museu de Arte da Pampulha O ato traz som de mastigar, sugar e

ingerir, associados a aroma de frutas e licor borrifados no ambiente, fazendo com

que as pessoas tenham uma percepção diferente de um lugar inusitado para esse

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tipo de percepção.

Figura 3: Instalação sonora.

Fonte: http://www.laurabelem.com.br/trabalhos.php?frame=24.

Outro trabalho é a intervenção no corredor externo as galerias do Arsenale na

52ª Bienal de Veneza, através de um áudio que altera dois momentos principais: o

primeiro é composto por sons calmos de um amanhecer (insetos, pássaros) o outro,

sons turbulentos de latidos de cães. Ambas as paisagens sonoras foram compostas

e editadas para que ficassem reais, as pessoas vão caminhando por essa passagem

sendo assim estimulada a percepção auditiva.

Figura 4: Instalação sonora.

Fonte: http://www.laurabelem.com.br/trabalhos.php?frame=9.

. Espacial com a qual o indivíduo consegue ter uma noção de espaço,

distanciar de um lugar para o outro e perceber dimensões comuns do dia a dia.

Um artista que consegue transmitir isso através de suas obras é Dan Graham

que expõe aos expectadores uma série de pontos levantados por sua trajetória

artística; desenvolve algumas ideias desencadeadas interessando-se na

investigação dos processos de percepção e subjetividade, porém algumas obras

endereçadas ao cotidiano e a situações espaciais do habitante urbano,

problemáticas sociais e espaciais. Na obra Alterations to a Suburban House,

Graham, por meio de uma intervenção, integrou os espaços interno e externo de

uma residência de subúrbio, cuja fachada foi substituída por um imenso pano de

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vidro, que abria para a rua a visão da sala de estar. Um espelho paralelo ao plano

de vidro, na parede, trazia para dentro a presença do espaço externo. Esta simples

operação diferenciava os espaços públicos e privados, o pano de vidro na extensão

frontal da residência a convertia em uma representação da vida suburbana.

Figura 5: Alteração a uma casa suburbana, fotografia de modelo.

Fonte:http://www.renaissancesociety.org/site/Exhibitions/Images.Dan-

Graham-Selected-Works.143.4840.html.

Outra obra é a FunHouse; nesta ele questiona o espaço pois o observador

pode ter uma nova percepção a cada instante, quando se posiciona de frente aos

espelhos pode-se ter uma visão e sensação de pertencer a dos espaços

simultaneamente, pois a imagem se reflete na superfície espelhada e produz a

ilusão de estar no interior da obra.

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Figura 6: FunHouse Belgica 2004.

Fonte: https://picasaweb.google.com/lh/photo/6ZENYcMfAznIu2zV1GIph.

Existem também outros tipos de percepção como:

. Olfativa, que é capaz de captar odores;

.Gustativa, que propõe os sentidos dos sabores a identificação dos alimentos

e também o prazer;

.Tátil, que pode ser sentida por toda pele do corpo, mas com áreas de maior

sensibilidade como as mãos;

.Temporal, com a qual se pode perceber a passagem do tempo desde alguns

segundos até longas horas;

. Social pode-se dizer que está ligada relativamente a gêneros, nacionalidade,

etnia, sexualidade e outras.

5.2 Teorias da Percepção

Há varias teorias da percepção. Uma delas é o estudo da percepção segundo

Charles S. Peirce, chamada de Teoria Piercena.

Para Pierce não há uma diferença entre percepção e conhecimento e a partir

disso ela está ligada ao pensamento ação e comunicação, ligando-se diretamente

com a teoria dos signos, numa lógica que não se separa dos processos mentais e

sensoriais. A teoria da percepção desempenha o papel de ligação entre o mundo da

linguagem, o cérebro e o mundo, envolvendo elementos do inconsciente.

É bem da verdade, a maior parte do processo perceptivo está irremediavelmente fora do nosso controle. Só alcançamos controle sobre a percepção no momento em que o percepto é interpretado. (SANTAELLA, 2000. p.17).

Pierce acredita que a percepção é uma ferramenta do organismo que garante

a lógica dos elementos, sendo que a percepção passa a ser o modo pelo qual o

organismo aprende o significado do mundo e torna-se possível seu agir adequado.

Na análise do processo perceptivo Peirce propõe um esquema constituído

pelos elementos: percepto, percipuum e julgamento perceptivo. Ele cria o conceito

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de percipuum para “unir” percepto e juízo perceptivo. O percepto simplesmente

aparece ao organismo. O juízo perceptivo, por sua vez, é a representação de algo. É

por meio do juízo perceptivo que o organismo identifica o percepto e o distingue das

outras coisas. Por outro lado, o juízo perceptivo pode ser alterado no sentido de se

discutir o uma cor, por exemplo.

Conforme os estudos de Santaella (2000), a percepção é uma relação triádica

e inseparável entre percepto, percipuum e juízo perceptivo. Para entendimento

dessa relação, é fundamental entender a interação entre signo e objeto.

Signo e objeto possuem um papel central na concepção peirceana da

percepção, pois o signo só pode estar no lugar do objeto, dinâmico ou imediato

quando possui algum aspecto que corresponda a ele. Essa correspondência se

evidencia no domínio da Secundidade ou realidade. Isto porque sem a percepção do

diferente não há possibilidade de distinção e correspondência entre os elementos se

suas características, as quais podem ser pensadas como extensão e profundidade.

Nesse sentido, o que provoca, ou gera, o signo é o Objeto Dinâmico (objeto como

ele é) e o que permite a ligação entre eles é o Objeto Imediato (é o objeto tal como o

signo o apresenta). A atribuição de signos a objetos depende, num primeiro

momento, da captação de um signo que indicaria algum aspecto do objeto. O Objeto

Imediato e o Dinâmico caracterizam a percepção nas categorias da Primeiridade e

Secundidade, respectivamente, sem interpretação.

“O percepto desempenha o papel lógico do objeto dinâmico, o percipuum o papel do objeto imediato e o julgamento da percepção

estão no papel do signo-interpretante” (SANTAELLA, 2000, p. 51).

Sendo assim, segundo a abordagem peirceana, perceber é uma atividade

executa da frente a algo externo o percepto, do qual só se pode dizer algo de forma

consciente fazer um juízo perceptivo a partir do percipuum A percepção imediata do

objeto ocorre por meio do percipuum, o qual conduz o percepto ao processo

interpretativo pelo juízo perceptivo. Sendo que esta percepção imediata pertence ao

plano da Primeiridade; sendo gerada pelas sensações, pela pura qualidade.

Uma segunda teoria da percepção é dada por James J. Gibson.

Se tudo que percebemos nos chega mediante a estimulação dos nossos órgãos sensoriais, e se apesar

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disso, certas coisas não têm contra parte na estimulação, é necessário assumir que estas últimas são de algum modo sintetizadas, como essa síntese ocorre é problema da percepção (GIBSON, 1974. p. 22).

Gibson acredita na teoria ecológica da percepção visual; argumenta-se a favor

da percepção direta ou na teoria ecológica da percepção e realismo direto, em

comparação com o realismo indireto acredita-se que a percepção não está na

estrutura do corpo, mas no estudo do ambiente, em que o corpo é imerso.

Percepção Ecológica trata-se de "luminância", ou seja, a quantidade de luz

medida por um fotômetro e mudar de acordo com a iluminação. A partir daí surge-se

o nome da Teoria da Ecológica da Percepção. A forma óptica permanece sob essas

mudanças. A percepção é dinâmica e muda de acordo quando o observador se

move em relação à cena total; sendo assim, no ponto de vista ecológico e não uma

ótica geométrica; atribuindo-se à natureza direta da percepção não há necessidade

de recorrer à memória como na teoria pierciana, com pensamentos ou inferências

para explicar a percepção.

Acredita-se que todas as informações para determinar a percepção encontra-

se no meio ambiente e não precisa recorrer a processos do corpo para explicação. A

percepção é um processo ativo, a importância da locomoção do observador é

necessária para estimular esta mudança. Acredita-se na informação e nela está na

estimulação. Na abordagem ecológica, a captação da informação depende do

contexto no qual o indivíduo está inserido. “Gibson se fixou na determinação das

invariantes da luz para o olho”, diz Santaella.

Já no campo da psicologia, a ideia de percepção segue a linha das

sensações e reflexões, ela trabalha juntamente com a realidade. Cada pessoa pode

ter sua percepção sobre uma determinada forma ou situação diferente um do outro,

cada um interpreta determinados momentos de acordo com o que acha importante

ou interessante. Muitos psicólogos acreditam que o comportamento das pessoas

varia de acordo com a percepção dos espaços. Sternberg (2000) a define como:

“um conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e fornecem significação (no cérebro) às sensações recebidas dos estímulos ambientais (nos

órgãos dos sentidos)” (STERNBERG, 2000, p.124).

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Este autor acredita que existem duas teorias: a percepção direta e a

indireta. A primeira trabalha com receptores visuais e sensoriais e a segunda apenas

considera o objeto estímulos racionais, e para entendê-las, deve-se considerar o

objeto ou o lugar percebido; para os psicólogos, o percepto.

No campo das artes e da arquitetura, pode-se considerar um pouco de cada

teoria; a percepção pode ser captada de várias formas, independente de uma

classificação de teorias. Quando um objeto, um monumento ou um painel inserido

em um lugar público ou privado, com muito ou pouco fluxo de pessoas é percebido

imediatamente, é considerada a percepção direta; a pessoa recebe informações

visuais imediatas, e com isso é possível ter uma busca e compreensão mais clara do

local. Seguindo este conceito, para quem as percebe diretamente, pode-se

considerar que estas obras podem se tornar capazes de harmonizar o espaço

arquitetônico e instigar os que percorrem ali através da percepção, podendo também

se sentir atraídas a caminhar por certas vias ou visitar certos lugares somente pelo

fato de ter essas obras. Já a percepção indireta trata-se, por exemplo, da distância.

Este tipo de percepção apesar de estar associado direto aos olhos não é

propriamente ligado à visão. A ideia de distância não é como a ideia de uma cor, por

exemplo, que pode ser imediatamente percebida pela vista. A distância é uma ideia

que se constrói na mente. “A estimativa que fazemos da distância de objetos e de

lugares, parece ser um ato do juízo mais baseado na experiência do que nos

sentidos” diz Berkeley. Ao observar um grandioso monumento, ou uma edificação,

não necessariamente precisa saber seu tamanho real para que seja percebido ou

admirado.

Tudo no mundo está aí para ser visto, ouvido, cheirado, tocado, sentido,

percebido, enfim. Esta é a experiência imediata do perceber. Isso é viver, viver é perceber, somos guiados por nossos cinco sentidos. Necessitamos

de nossos sentidos e deles dependemos (PORTO, 2008, p. 27).

Muitas vezes essa é a intenção do artista ou do arquiteto, que projeta

pensando que este espaço será um estímulo à percepção e a valorização do lugar,

assim como os espaços públicos aonde sempre acontece uma troca do ambiente

com quem está vindo e indo. Transita-se constantemente e cotidianamente por

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lugares nos quais esta é a função: despertar essa sensibilidade nas pessoas, e que

tudo possa ser visto e apreciado de alguma forma.

A arquitetura também pode se tornar a identidade do lugar quando

compreendida e sentida, a partir daí pode surgir a fusão entre arte e arquitetura, pois

juntas manifestam os componentes já mencionados acima; estéticos, lúdicos,

religiosos, psicológicos, ornamentais, entre outros.

Um exemplo dessa identidade são as calçadas da praia de Copacabana, no

Rio de Janeiro, projetadas pelo arquiteto paisagista Roberto Burle Marx, que durante

a reforma, na década de 1970, faz com que as ondas da calçada adquiriram seu

atual sentido paralelo em relação ao comprimento; o desenho em curvas de sua

calçada em padrão mais largo, simulando as ondas do mar. Copacabana é

mundialmente reconhecida também por suas calçadas, Burle Marx consegue

através de seu trabalho transformar essa “passagem” em formas que se destacam

quando percebidas e vistas de um ângulo aéreo, pois a mesma é diferente para

quem está passando por ela; dessa forma pode-se apenas ser vista, ou vista e

interpretada, com isso surge a percepção e suas teorias baseadas na separação

entre aquele que percebe e aquilo que é percebido. Essas calçadas podem ser

vistas como uma obra de arte inserida na arquitetura ou apenas um caminho

qualquer, mas se interpretada como arte na arquitetura, o lugar poderá ter uma

importância maior e tornar-se um marco.

Figura 7: Calçada da orla de Copacabana, Rio de Janeiro.

Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Solo/Solo4.php.

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22

Burle Marx trabalha com essas calçadas integrando arte inserida no espaço

arquitetônico em diversas cidades como:

São Paulo

Figura 8: Jardim do Banco Safra, São Paulo.

Fonte: http://www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio27.htm.

Miami

Figura 9: Calçada em Miami USA.

Fonte:http://gardensofmylife.blogspot.com.br/2011/09/paisagismo-por-burle-

marx.html.

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23

Brasília

Figura 10: Praça dos Cristais.

Fonte:http://leonardofinotti.com/projects/crystals-square/image/17103-

090305-121d.

Pode se dizer que a percepção ocorre também quando algo existente é

retirado; um certo vazio é percebido, as pessoas sentem falta de algo, mesmo que

ele não tenha uma função de uso, aquilo pode ter se tornado parte da memória do

dia a dia das pessoas, ou da paisagem. Como exemplo se for retirada de Paris a

Torre Eiffel, esta é para a cidade um símbolo para a cidade e para o país. A Torre,

com mais de 120 anos de idade é o segundo ponto turístico mais visitado na França,

ficando atrás somente dos jardins do Palácio de Versalhes.

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Figura 11: Paris com Torre Eiffel.

Fonte:http://www.epochtimes.com.br/torre-eiffel-cartao-postal-

franca/#.UplOmMRDsg0.

Figura 12: Paris sem a Torre Eiffel. Fonte:http://www.epochtimes.com.br/torre-eiffel-cartao-postal-

franca/#.UplOmMRDsg0.

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi feita uma intervenção no

campus do UNILESTE, em Coronel Fabriciano, com a intenção de resgatar a

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25

memória e percepção dos alunos da arquitetura e também manifestar o sentimento e

expressão dos que conviveram no bloco vermelho.

O bloco E do campus, por 12 anos (2000-2012), teve suas paredes

pintadas na cor vermelha. Em 2012, elas foram alteradas para azul. Os estudantes

de arquitetura que frequentavam o bloco já tinham a cor vermelha como parte da

identidade do curso, seus encontros entre uma aula e outra eram sempre no

“corredor vermelho”. Este era um referencial para os que ali passavam. Ao mudar a

cor para azul, muitos estudantes acharam que perdeu-se o referencial do bloco E,

ele já não era mais chamado de corredor vermelho, mesmo que por algum tempo

ele ainda ter sido assim descrito. Uma simples mudança de cor fez toda a diferença

para a identidade daquele lugar.

Na Semana Integrada do dia 07 a 11-10-2013 parte do corredor do bloco E

foi coberto de TNT vermelho, compondo a oficina “De volta ao corredor vermelho”

com a intenção de resgatar a memória e percepção dos estudantes que frequentam

ou somente passam pelo corredor.

Uma caixa com três perguntas foi deixada no local para que os alunos,

funcionários e professores pudessem responder e analisar se foi resgatada ou não a

percepção e a lembrança do antigo corredor.

Ao todo 37 pessoas responderam as seguintes perguntas:

1- Você vivenciou o corredor vermelho?

2- Fez diferença quando mudaram a cor do corredor do bloco E de

vermelho para azul?

3- O corredor vermelho te traz alguma lembrança ou sentimento?

Coloca-se algumas respostas a seguir:

1- Sim

2- Sim

3- Sim. O corredor vermelho marcou toda minha trajetória no CAU.

Tornou-se referência para uma geração de alunos e professores.

(autor desconhecido 1)

1- Vivencio desde 2010.

2- Sim. Perda de identidade do curso de arquitetura.

3- Pra mim, mesmo ele sendo azul vai continuar pra sempre o

CORREDOR VERMELHO.

(autor desconhecido 2)

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1- Sim

2- Sim

3- Sim, fez diferença, parece que faltava uma parte do bloco. A principal

lembrança é a primeira impressão de quando eu entrei no curso, tudo era

vermelho.

(autor desconhecido 3)

1- Sim

2- Sim

3- Do começo da faculdade

(autor desconhecido 4)

1- Sim

2- Sim

3- O corredor vermelho seria como ponto de referencia, era único.

Corredores azuis existem muitos pela faculdade.

(autor desconhecido 5)

1- Sim

2- Com certeza

3- A primeira imagem que tive ao me deparar e identificar o bloco da

arquitetura.

(autor desconhecido 6)

Fazendo a análise de todas as respostas, pode-se constatar que a

mudança da cor vermelha para azul fez muita diferença para a maioria dos

estudantes. Grande parte deles tem lembranças do lugar como um ponto de

referência; aquela cor passou a ser uma identificação para quem chegava ao curso

de arquitetura e para quem ali conviveu.

Muitos alunos não sabiam do que se tratava “a mudança das cores”, mas

com certeza para eles “a geração corredor azul”, esse novo referencial, será

marcado daqui para frente.

Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos, só é lugar de memória se a imaginação o investe de aura simbólica. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o extremo de uma significação simbólica, é, ao mesmo tempo, um corte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, a um lembrete concentrado de lembrar. Os dois aspectos coexistem

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sempre (...). É material por seu conteúdo demográfico; funcional por hipótese, pois garante ao mesmo tempo a cristalização da lembrança e sua transmissão; mas simbólica por definição, visto que caracteriza por um acontecimento ou uma experiência vivida por pequeno

número uma maioria que deles não participou (NORA, 1993, p. 21).

No caso estudado “o corredor vermelho”, para muitos alunos foi possível

resgatar a memória do lugar a partir da intervenção. Foi uma intervenção temporária,

mas fez com que chamasse a atenção para aquele lugar novamente, pelo falo de

não existir mais. Para alguns alunos, sim; é simbólico, “o corredor vermelho”.

A presença das intervenções faz com que os atributos físicos ganhem relevo, reformatando os lugares e desencadeando um movimento cíclico positivo para a sua sobrevivência; cada espaço, potencialmente atraente, que se concretiza como intervenção, cada vez mais vai estimular a sua reintervenção temporária e reinvenção

permanente (SANSÃO, 2013, p. 56).

Alguns registros do antigo corredor vermelho podem ter sido feitos, mas não

irão trazer de volta as histórias vividas ali, o costume de se encontrar a cada

intervalo poderá ser o mesmo, mas as lembranças continuarão somente na

memória. As histórias vividas naquele lugar e o percurso feito todos os dias pelos

alunos é o que faz hoje com que eles se lembrarem do local.

Figura 13: Antigo corredor vermelho. Fonte:http://www.unilestemg.br/graduacao/sociais-aplicadas/arquitetura-e-urbanismo/laboratórios.

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Figura 14: Antigo corredor vermelho. Fonte:http://www.unilestemg.br/graduacao/sociais-aplicadas/arquitetura-e-urbanismo/laboratório.

Figura 15: Corredor azul. Fonte: Samira Marques.

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Figura 16: Corredor sendo preparado para intervenção. Fonte: Samira Marques.

Figura 17: Corredor sendo preparado para intervenção. Fonte: Samira Marques.

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Figura 18: Corredor com intervenção. Fonte: Samira Marques.

Figura 19: Corredor com intervenção. Fonte: Samira Marques.

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5.3 Intervenções Urbanas como Ato de Expressão

De acordo com o dicionário Aurélio, expressão é: “a manifestação do

pensamento, ou do sentimento”.

Uma obra de arte em sua forma individual, ou inserida na arquitetura

pode ser uma maneira de se expressar, o artista consegue exprimir de formas

que fazem com que as pessoas captem sua mensagem. Ele pode usar isso

também como artificio para chamar a atenção das pessoas.

A expressão artística é a única que verdadeiramente expressa, isto é, que dá forma teórica ao sentimento e o converte em

palavra, canto figura ou monumento (CROCE, p.101).

Já a intervenção trata-se de atitudes que contém o desejo de

transformação do espaço, advindo de uma forma contemporânea de pensar e

agir. Através das intervenções pode-se atuar na cidade, em espaços públicos

ou privados. Uma forma comum de interferir no cotidiano é alterar a forma com

que se veem objetos muito usados ou lugares visitados; é fazer com que essas

obras modifiquem o cotidiano do espectador.

Nossa primeira ideia: é preciso mudar o mundo. Queremos a mais libertadora mudança da sociedade e da vida em que estamos aprisionados. Sabemos que essa mudança é possível

por meio de ações adequadas (GUY, 1957, p. ).

As intervenções podem também ser uma maneira de resgatar a

percepção das pessoas, estimulá-las a percorrer novos caminhos; é também

uma forma de transformar os lugares; fazer com que os espectadores pensem,

lembrem, resgatem, de certa forma, um sentimento ou uma ação que já existiu

ali. No campo das artes, há também as intervenções urbanas, que podem ser

programas e projetos que visam à reestruturação, requalificação ou reabilitação

funcional e simbólica de regiões ou edificações de uma cidade, podendo

possuir características e configurações específicas, com o objetivo de retomar

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o antigo, alterar a percepção das pessoas ou acrescentar novos usos a certos

lugares.

Existem também as intervenções urbanísticas, que são planejadas com o

intuito de restauração ou requalificação de espaços públicos, e também ser

consideradas vertentes da arte urbana, ambiental ou pública, direcionadas a ou

promover alguma transformação ou reação, no plano físico, intelectual ou

sensorial das pessoas.

Artistas, arquitetos, designers, associações civis, população em geral, resistindo às ações padronizadoras de comportamento, engajam-se, gradativamente, em ações de reconquista do espaço público, em tempos onde este nem sempre resulta

estritamente “público” (SANSÃO, 2013, p...).

Através das intervenções é possível fazer com que lugares já

esquecidos voltem a ter uma importância para a população de uma cidade, por

exemplo, pode também funcionar como uma importante ferramenta de

potencialização desses lugares, mostrando que ali poderá ter um novo uso ou

construir uma memória coletiva. Elas servem também para que ideias possam

ser vistas de maneira que haja uma interação maior com o público, nas praças

nos parques fazendo com que os observadores possam muitas vezes participar

das intervenções, de maneira que a percepção seja instigada.

O escultor Richard Serra, trabalha com o público em uma de suas obas

no Museu de Arte de Seattle, EUA. Ele utiliza esculturas de larga escala em

chapas em aço que ficam na área externa do parque, os observadores

precisam mudar sua rota para atravessar o pátio passando assim entre as

esculturas.

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Figura 20: Esculturas de Richard Serra.

Fonte: http://www.ronwurzer.com/#/places/OLYMPIC_SCULPTURE

Ao se deparar com uma construção o observador procura na sua área de visão tudo que o atrai no local, a vitalidade das imagens que ela desperta, e são as formas mais simples que

possuem o maior número de interpretações. (FRANCISCO, 2011, p...).

O espectador é convocado a receber mensagens das intervenções de

modo que a percepção passa a ser algo particular, cada pessoa interpreta de

uma maneira, algumas mais sensíveis que as outras. Pensar o espaço e a

intervenção para que haja uma relação direta com o usuário é necessário para

que seja e estabelecido o uso de acordo com intensão do artista, as funções

necessárias, buscando valorizar essa relação.

5.4 O Espaço Público usado como lugar de expressão através da Arte

Ao longo dos anos pode se dizer que, o espaço público tem sido

beneficiado pela arte. Esta pode estar inserida no contexto arquitetônico, no

mobiliário, ou em elementos que se destacam em locais de uso comum, sempre

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desenvolvendo um papel fundamental de expressão. O artista consegue

transmitir sua mensagem através de monumentos, cores, formas geométricas,

entre outras.

Ao longo da nossa história como seres humanos, a arte sempre procurou nos surpreender, nos chocar, maravilhar e, por vezes, indignar perante as escolhas de temas e a forma como são abordados pelos artistas. Não importa a reação, a verdade é que a arte sempre foi uma forma de expressão do que precisamos fazer, do que sentimos, das aspirações de uma comunidade,

enfim, do pulsar dos tempos. (MACHADO, 2012, p. ).

Nos dias de hoje a arte está inserida no nosso cotidiano se tornando

parte de nossa cultura e sendo um dos mais eficazes veículos de expressão.

Uma cidade brasileira se destaca por possuir acervos dessas obras é

Brasília. A capital foi beneficiada com esta junção da arte e arquitetura, se

tornando uma referência nesta linguagem. Neste campo, ela se caracteriza

acima de tudo pela forma homogênea com seus edifícios, que hoje fazem parte

de um acervo historicamente rico. Desde a criação da cidade ela recebeu

inúmeras edificações e nelas pode-se constatar claramente obras em que a arte

está inserida na arquitetura.

O brasiliense sempre encontra sua arte no caminho: ao lado da rodoviária tem o mural de cubos no Teatro Nacional; azulejos na Igrejinha, aeroporto, Parque da Cidade, Congresso Nacional e prédios públicos. A arte está em cada pedaço da cidade. Presente na grande galeria a céu aberto da cidade; mania essa, de brasiliense celebrar ar livre, luz explícita, horizontes, justiça, exigir clareza em governador, impor ética na vida pública (CATALÃO, 2002, p. ).

5.5 INTEGRAÇÃO DA ARTE E ARQUITETURA

Um artista que ficou consagrado por exercer esse papel é o pintor,

escultor, desenhista e arquiteto Athos Bulcão (1918-2008). Ele se dedicou, ao

longo de sua vida em criar formas inconfundíveis em painéis de azulejos que

seriam anexados a obras de várias categorias. Suas obras conseguem intervir

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em centros urbanos fazendo com que a arte deixe de ser privilégio de alguns e

passe para o coletivo das ruas fazendo com que as pessoas tenham uma

interação maior com o espaço. Um exemplo disso é o mercado das flores, aonde

as pessoas não vão apenas comprar buquês e vasos, “entre clientes há turistas

interessados em conhecer os painéis de Athos Bulcão”, diz um vendedor.

Ele transforma superfícies desprovidas de interesse – fachadas, empenas painéis, divisórias, paredes e muros – em obras de arte. Cores, contornos, relevos, geometrias, materiais, anima os

ambientes (PORTO, 2008, p. ).

Figura 21: Mercado das Flores - Brasília. Fonte: Samira Marques.

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Figura 22: Mercado das Flores – Brasília. Fonte: Samira Marques.

As mais conhecidas obras de Athos Bulcão aplicadas à arquitetura são os

relevos em interiores e os murais de azulejos em painéis e fachadas. Athos

consegue, através de seus azulejos, fazer com que lugares como os 16

banheiros do parque municipal de Brasília tenham um valor diferenciado dos

outros. Neste caso, a obra deixa de ser somente um banheiro público e passa a

ser um bem a ser preservado por interesse dos usuários que conseguem,

através da percepção, compreender que a arte está inserida na arquitetura. Ele

cria uma nova maneira de ver o espaço público.

Figura 23: Banheiro público Parque Municipal de Brasília. Fonte: Samira Marques.

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Figura 24: Banheiro público Parque Municipal de Brasília.

Fonte: Samira Marques.

Figura 25: Banheiro público Parque Municipal de Brasília.

Fonte: http://www.panoramio.com/photo/45505593.

No caso dos banheiros do parque, vigias são mantidos boa parte do

tempo para que a obra não seja depredada, e todos que ali percorrem sabem o

valor artístico que ali está sendo conservado. “Athos é considerado pelos

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brasilienses um artista democrático” diz o vigia de um dos banheiros "as obras

dele são deixadas à vista, para qualquer um ter acesso”, apresenta também

Farias.

“Muitos brasileiros conseguem reconhecer suas obras, tenham conhecimento de arte ou não, os que ignoram as suas obras, também estão impregnados por elas e, portanto, elas lhes

pertencem e fazem parte de sua vida.” (FARIAS, 2005).

Mas suas obras não estão limitadas apenas no parque da cidade, seus

murais de azulejos e relevos estão decisivamente presentes nos palácios e

alguns edifícios importantes projetados por Niemeyer na cidade como:

Congresso Nacional (1960),

Palácio do Itamaraty (1966),

Teatro Nacional Cláudio Santoro (1966),

Supremo Tribunal Federal (1969),

Palácio do Jaburu (1975),

Catedral Metropolitana de Brasília (1977),

Memorial Juscelino Kubitschek (1981),

Palácio do Planalto (1982),entre outros.

Em 1962 ele faz uma parceria com o arquiteto João da Gama Filgueiras

Lima conhecido como Lelé, e a partir dai começa a gerar um conjunto de

criações que se estende do mobiliário arquitetônico aos painéis abstratos

geométricos.

Elas trazem vida aos ambientes internos dos hospitais da Rede Sarah

Kubitschek, e dos outros projetos desenvolvidos com a técnica da argamassa

armada, creches, escolas, passarelas, equipamentos urbanos etc.

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Figura 26: Cerca desenhada por Athos Bulcão - Hospital Sarah Kubitzcheck– Brasília. Fonte:http://www.flickr.com/photos/44452722@N03/8479267168/lightbox. A arte, a técnica e sensibilidade converte-se na própria obra como está exposto

e integrado ao conceito de arquitetura, não somente enfeita parede. Às vezes, é

a construção que adquire sentido a partir de sua intervenção; ele compõe cada

traço sob uma percepção diferente que faz toda a diferença em uma edificação.

Athos consegue fazer a integração entre arte e a arquitetura de forma

tão harmoniosa que passa a ser difícil imaginar, hoje, essas edificações sem

seus elementos junto a elas.

“A rigor, Athos vai muito além das propostas de Léger porque suas obras são todas fortemente integradas e ancoradas na própria arquitetura que seria impossível imaginá-las dissociadas de seus respectivos edifícios ou vice-versa. Como pensar, por exemplo, o Teatro Nacional, em Brasília, projetado por Oscar Niemeyer, sem os relevos que revestem as duas empenas do edifício, ou o espaço magnífico do salão do Itamaraty, também

do Oscar, sem suas treliças coloridas?” (LIMA, 2001, p.19). Suas obras são de grande importância para a paisagem das cidades, ele

possui obras de integração de arte na arquitetura em espaços públicos e muitas

delas são tombadas pelo Governo do Distrito Federal e sua conservação e

manutenção são de responsabilidade do governo federal ou estadual,

dependendo do órgão ao qual pertence.

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O Diário Oficial do Distrito Federal publicou no dia 24 de novembro de 2009, o Decreto Nº 31.067 assinado pelo governador, que dispõe sobre o tombamento de 195 obras de Athos Bulcão, em Brasília. No texto, o Estado reconhece que o conjunto da obra do artista contribui decisivamente para marcar a identidade da paisagem urbana de Brasília, considerando que a integração da arte à arquitetura é tida como única no gênero. Em 2010, foi publicado pela Superintendência do Iphan no Distrito Federal, o Inventário do Conjunto da Obra de Athos

Bulcão, em Brasília (Site da Fundação Athos Bulcão).

Estas obras de Athos não podem ser destruídas, elas fazem parte de um

acervo de obras vinculadas a fatos memoráveis de uma história. Por isso são

tombadas.

O bem tombado está relacionado com a cultura e identidade de um lugar,

a importância que ela tem para a comunidade é uma forma de proteger por meio

de uma legislação específica, e há órgãos específicos para isso. O Conselho

Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural visa proteger o patrimônio

cultural da cidade em que integrem bens móveis e imóveis, públicos ou privados,

existentes em seu território para a proteção do poder público pelo seu valor

cultural, histórico, etnográfico, paleográfico bibliográfico, artístico, arquitetônico

paisagístico ou ambiental. Atua na identificação, documentação, proteção e

promoção do Patrimônio Cultural do município, propondo uma integração entre o

poder público e a comunidade para a definição dos bens que serão protegidos e

qual a melhor forma de conservação e utilização, seguindo as leis municipais de

tombamento.

6. PROPOSTA PARA TCC2 A partir das analises feitas, como trabalho final para a conclusão do Curso

de Arquitetura e Urbanismo, pretende-se criar intervenções nas quatro principais

escadarias de Caratinga, Minas Gerais.

As escadarias da cidade foram escolhidas pelo fato de serem locais onde

há um conhecimento prévio pela autora, um convívio direto por ter sido cidade

de residência durante 17 anos.

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A partir disso, quando se iniciaram as pesquisas sobre a escolha do local

a ser realizada as intervenções procurou-se lugares na cidade aonde teria um

fluxo de pessoas, e que elas não percebessem o lugar de percurso diário, e que

para as pessoas que não conhecem esses lugares às vezes por não precisar

percorrê-los, possam conhecê-los sendo que o maior objetivo é dar um valor a

este local, tanto para a comunidade como para quem possa reconhecer esta

arte inserida no espaço arquitetônico, e a história que tal bem poderá

representar para todos.

De acordo com o IBGE (2010), Caratinga é um município brasileiro no

interior do estado de Minas Gerais, localizando-se a leste da capital do estado,

distando desta cerca de 310 km; ocupa uma área de 1 250,874 km², sua

população é 85. 322 habitantes. A cidade é subdivida ainda em cerca de 20

bairros e povoados.

Figura 27: mapa de localização de Caratinga. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MinasGerais_Municip_Caratinga.svg.

Caratinga, como a maioria das cidades mineiras, tem sua formação

montanhosa. A cidade cresceu para os morros e neles constam bairros nobres e

mais populares.

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As escadarias são comuns ali, porém não utilizadas por todos. Elas estão

localizadas principalmente em áreas centrais da cidade fazendo parte do

caminho diário da população.

São denominadas;

Escadaria Joaquim Motta com 124 degraus.

Escadaria José Ferreira Maia com 127 degraus.

Escadaria Alcides Matos com 136 degraus.

Escadaria Padre Chiquinho com 122 degraus.

Estas escadarias são de grande importância para os moradores desses

bairros, pois Caratinga é uma cidade montanhosa, as mesmas servem como um

caminho mais curto para os pedestres.

Figura 28: Mapa de localização das escadarias e ruas de acesso. https://www.google.com.br/maps/preview#!data=!1m4!1m3!1d6521!2d-42.1413996!3d-19.7901082.

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Ponto A: Ligação da Rua Raul Soares com Rua Doutor Maninho

Ponto B: Ligação da Avenida Olegário Maciel com Rua Doutor Maninho

Ponto C: Ligação da Rua Professor Olinto com Rua Osmira Muniz

Ponto D: Ligação da Rua José Belegard com Rua Major Carlos Teixeira

Ruas Primárias Ruas Secundarias Escadarias

BR 116

Escadaria Joaquim Mota

Está localizada em uma importante área no centro da cidade, ao lado do

Fórum, Cine Brasil, (antigo cinema com processo de Tombamento de Patrimônio

Histórico), de frente para a Praça Getúlio Vargas e um vasto comércio. Seu fluxo

é intenso, principalmente na parte da manhã, por volta de 7:00h, e da tarde, por

volta das 18:00h, quando as pessoas vão para casa após o trabalho; é um

caminho muito percorrido também, pois a rua que dá seu acesso superior está

localizado o Clube América, um dos clubes de esportes da cidade.

Esta tem uma parte em rampa e seu estado está em boas condições,

apesar da falta de limpeza. Seus degraus são irregulares, e há patamares. Há

também residências na maior parte do percurso e iluminação pública.

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Figura 29: Escadaria Joaquim Mota. Figura 30: Escadaria Joaquim Mota. Fonte:.Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

Figura 31: Escadaria Joaquim Mota. Figura 32: Escadaria Joaquim Mota. Fonte:Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

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Escadaria José Ferreira Maia

Localizada no bairro residencial Nossa Senhora Aparecida, tem um

grande fluxo diário, pois a rua superior da escadaria, é a que dá acesso à Escola

Estadual Deputado Agenor Ludgero Alves. Por isso, o fluxo de crianças e

moradores é constante principalmente entre as 7:00h, 12:00h, 13:00h e 16:00h,

quando as crianças vão e voltam da escola. Seu estado de conservação é

regular, e é mantida limpa pelos moradores. Há residências em todo o percurso

e pouca iluminação pública; as pessoas não gostam de fazer o percurso da

escadaria durante a noite pela falta de segurança.

Figura 33: Escadaria José Ferreira Maia. Figura 34: Escadaria José F. Maia. Fonte: Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

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Figura 35: Escadaria José Ferreira Maia. Figura 36:Escadaria José F. Maia Fonte: Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

Escadaria Alcides Matos

Localizada na parte central do Morro Caratinga, em uma área totalmente

residencial e serve de acesso às ruas principais do bairro.

É uma escadaria muito íngreme, pois este local tem uma topografia muito

irregular, seus degraus também são muito irregulares por conta disso, tornando-

se cansativa, de acordo com os moradores. Apesar disso tem uma boa

conservação e limpeza, é uma das mais recentes escadarias construídas na

cidade e muito exigida pelos que ali residem, pois é um atalho de acesso

especialmente para quem não possui carro e mora nessa região.

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Figura 37: Alcides Matos. Figura 38: Alcides Matos.

Fonte: Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

Figura 39: Escadaria José F. Maia. Figura 40: Escadaria José Ferreira Maia

Fonte: Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

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Escadaria Padre Chiquinho

Localizada também no centro da cidade em uma área de grande

comércio faz com que proporcione um movimentado fluxo de pessoas.

Está de frente a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e da Praça

Monsenhor Rocha, lugares muito frequentados pela população. O Fluxo de

pessoas é constante durante o dia e noite por ser um local misto. Sua

conservação e regular; possui iluminação pública e corrimão na maior parte da

escadaria, porém não é muito limpa.

Figura 41: Escadaria Padre Chiquinho. Figura 42:Escadaria Padre Chiquinho. Fonte: Samira Marques. Fonte: Samira Marques.

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Figura 43: Escadaria Padre Chiquinho.

Fonte: Samira Marques.

Figura 44: Escadaria Padre Chiquinho.

Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id69.html.

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Para validar esta pesquisa as intervenções e estudos serão realizados

com o intuito de que os mesmos sirvam de auxílio para a percepção e

reconhecimento do lugar; serão realizados levantamentos dos fluxos

ambientais do entorno e entrevistas para maior entendimento do local.

Para as intervenções uma variedade de materiais será combinada ou

usada aleatoriamente. Com esses novos materiais, formas, cores e

perspectivas serão criados com a intenção de despertar a percepção das

pessoas que passam por ali.

Caratinga é uma cidade onde já existiu um incentivo a arte e

intervenções nas ruas. Um projeto chamado Cores na Cidade foi iniciado no

ano de 2004, com intuito de pintar os muros e viadutos da cidade, reunindo

artistas e grafiteiros para expor suas obras.

Figura 45: Muro na avenida Catarina Cimini.

Fonte: Samira Marques.

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Figura 46: Muro na avenida Catarina Cimini.

Fonte: Samira Marques.

6.1 Obras Análogas Pintor autodidata, Jorge Selarón (1947-2013) depois de percorrer o

mundo por mais de 20 anos estabeleceu-se, em 1990, no Rio de Janeiro. Logo

se tornou uma figura conhecida quando decidiu cobrir as escadarias junto à

sua residência com quebras de azulejos, chamava-se “Escadaria do Convento”,

mas sua atitude foi tão marcante que muitos usuários e os cariocas em geral

passaram a denominá-la “Escadaria do Selarón”. Nos primeiros degraus,

Selarón cuidou de cobrir os espelhos da escada com quebras de azulejos de

cores verde, amarelo e azul. “Uma homenagem ao Brasil, minha pátria amada”

diz Selarón. O local vem atraindo cada vez mais turista do mundo inteiro, que o

artista faz questão de receber e apresentar com orgulho sua obra maior, e a

escadaria com isso ganhou notoriedade internacional.

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Figura 47: Escadaria na Lapa Rio de Janeiro. Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id69.html.

No ano de 2004, um trabalho semelhante começou a ser realizado na

Califórnia, ligando a Décima Sexta Avenida às colinas de Moraga, em San

Francisco, Estados Unidos, por iniciativa da norte-americana Jessie Audette,

que viveu no Rio de Janeiro por cinco anos. De retorno à sua terra, levou a

experiência de Selarón ao conhecimento da “Golden Gate Heights

Neighborhood Association”, (Associação de Moradores Golden Gate Heights)

que acolheu a ideia. Todo esse grupo trabalhou para concluir a cobertura

massiva dos 163 degraus da escadaria já existente na área, com pouco mais

de um metro de largura. Os Passos em Azulejo 16th Avenue, este é o nome

exato do lugar em que se encontra a escadaria das cores brilhantes, que é

formado por uma série de mosaicos que de baixo ilustram o mar e conforme

vão subindo, passam a representar o céu, a obra demorou por cerca de dois

anos toda a conclusão. Os criadores e artistas responsáveis pela criação da

escada são Aileen Barr e Colette Crutcher, e o propósito é apenas fazer

caminho diário das pessoas mais brilhantes e animadores.

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Figura 48: Escadaria em San Francisco.

Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id69.htm.

A escadaria Scala, do artista alemão Horst Glasker, localizada na cidade

de Wuppertal, na Alemanha, consiste em ter cada degrau de uma cor

carregando um escrito, uma emoção ou sentimento como: inveja, ofensa,

pânico, dúvida, vontade de chorar, desapontamento, abandono, amor, simpatia,

dança, paixão. São 112 degraus pintados com tinta acrílica a obra é uma

transformação de uma singela escadaria situada entre dois edifícios para uma

verdadeira paleta de cores a céu aberto, estas não são apenas degraus em

tinta acrílica, mas sim uma solução criativa para um espaço no meio da cidade.

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Figura 49: Escadaria Scala. Fonte: http://www.wardrobes-secrets.com/2012/10/arte-na-escada.html.

Escadarias de Beirut, capital e maior cidade do Líbano, tem caráter de

cidade conturbada pela guerra civil, e é habitada quase exclusivamente por

cristãos e muçulmanos que fazem com que a cidade seja dividida. As escadas

Massad, mais conhecida como as escadas Mar Mikhael, servem como um

espaço de encontro público, um local de artes cênicas e uma passagem prática

para os moradores que vivem na área montanhosa. O grupo Dihzahyners,

formado por jovens designers visam deixar a cidade mais colorida e até agora,

quatro escadarias já foram pintadas pelo grupo, cada uma com um tema; tem

como objetivo decorar a cidade e a missão é transformar 73 escadas

degradadas em escadarias alegres e vivas; eles acreditam que a sociedade,

aos poucos, têm vindo a aceitar esta nova forma de arte, de expressão, de

talento e de sentimentos.

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Figura 50: Escadarias de Beirut.

Fonte: http://www.wardrobes-secrets.com/2012/10/arte-na-escada.html.

Um outro trabalho feito em Porto Alegre, na Escadaria 24 de Maio,

através do circuito de arte urbana Artemosfera, a artista plástica Clarissa Motta

Nunes reuniu frases de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski,

Erasmo Carlos, Rita Lee e trechos de entrevistas que fez com os moradores

dos prédios vizinhos da escadaria para decorar os degraus em azulejos

coloridos. A escadaria foi a pouco reformada, e nos azulejos existem desde

histórias de assalto até casais que namoravam por lá.

A artista se inspirou na famosa escadaria na Lapa, no Rio de Janeiro.

Referência notável, uma moradora diz que a arte mudou a autoestima do

bairro. Os prédios em volta ganharam cor, alguns até investiram em azulejos

com a sua devida numeração e que a ideia da arte realmente tem interferindo

no cotidiano das pessoas de forma muito positiva.

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Figura 51: Escadaria 24 de maio.

Fonte: http://www.flickr.com/photos/elainetavares/8334303715/.

Conhecido como Favela Painting Project, o projeto elaborado pelos

grafiteiros Hass (Jeroen Koolhaas) & Hahn (Dre Urhahn) para melhorar o

visual das favelas do Rio de Janeiro, procura dar um ar artístico às fachadas

das casas e escadarias utilizando cores vivas e alegres. Começou em 2005,

quando estes tiveram a ideia de criar obras de arte nas favelas, dando valor

aos artistas locais que ajudaram nas pinturas, criando um diálogo com os

arredores tem também oferecer uma oportunidade para as pessoas a

transformar a sua própria vizinhança de um lugar visto como negativo em um

lugar que é capaz de comunicar a sua criatividade, beleza e inovação para o

mundo exterior através da arte. As pinturas nas encostas e nos muros, além de

trazer uma melhora visual passou a ajuda-los com controle de umidade,

evitando os deslizamentos de terra durante a estação chuvosa, a acústica e

temperatura do local podendo assim beneficiar todos os moradores.

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Figura 52: Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Fonte: http://www.robilob.com/2010/06/favela-painting-arte-em-toda-parte.html.

Embora estas obras análogas tenham diferentes significados e

propósitos; algumas foram feitas somente para dar cor a certos lugares como a

escadaria de Beirut, outras com intuito de mobilizar jovens de comunidades

carentes e ajudar nos aspectos físicos e ambientais da comunidade, como as

escadarias da Vila Cruzeiro, e as escadarias de Selarón que expressam o

sentimento do artista, em geral, todas se resumem na arte inserida no espaço

arquitetônico, neste caso as escadarias, locais importantes para as cidades,

que servem de acesso, ou apenas um ponto de encontro.

No caso das intervenções que serão feitas em Caratinga, tem o objetivo

de despertar a percepção dos moradores da cidade e agregar valor a um lugar

não percorrido ou conhecido por todos.

7. CONCLUSÃO

Após as pesquisas realizadas e aprofundamento nas teorias da

percepção, o sentido de expressão e intervenção, a importância que as

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mesmas trazem ao indivíduo no seu conhecimento de obras que mostram a

arte inserida na arquitetura, e a importância que ela poderá traz ao local, visitas

e coleta de dados, a relação dos que percorrem esses locais no seu dia a dia,

percebeu-se que pode ser dado sim, um novo valor a estes espaços.

Acredita-se que é possível, através da proposta de intervenção atingir o

objetivo de que as pessoas percebam essas escadarias, percorram por elas

podendo ate vir a ser uma referência na cidade.

Integrar e mostrar esta arte de expressão para a população será uma

maneira de mudar a percepção das pessoas para estes locais.

As intervenções serão uma consequência desse estudo, o objetivo

principal será a nova percepção do local, caso ela aconteça.

Estas escadarias têm uma significância que não é percebida pelos

usuários; o valor que ela representa não está sendo percebido e empregado.

Sendo assim, este é o principal objetivo deste estudo, trabalhar essa

percepção para que possa posteriormente alterar a visão de quem as percorre.

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8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Psicologia, Filosofia, Arte e Ensino da Arte. São Paulo.

Dispinivel em:

http://www.anpap.org.br/anais/2012/pdf/simposio5/luiza_helena_christov.pdf

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WRIGTH, Frank Lloyd. In the Realm of Ideas. Ed.Southern Illinois University

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entre arte, arquitetura e cidade. São Paulo .

Disponivel em:

http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/176.pdf

FINKELPEARL, Tom. Arte e Artectura. Prefácio. Dialougues in Public Art.

Ed Firts MIT Press. 2001.

KANDINSKY, Wassily. Do Espiritual na Arte.Ed. Martins Fontes. 2000.

PAIM, Gilberto. A Beleza sob Suspeita: O ornamento em Ruskin, Lloyd

Wrigth, Loos, Le Corbusier e outros. Ed. Zahar. 2000 .

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1998 .

LEIRNER, Sheila Leirner. A arte e seu tempo. Ed. Perspectiva. 1991.

NUNES, BENEDITO. Introdução`a Filosofia da Arte. Ed. `Atica.2003.

PORTO,Cláudia Estrela. Quando arte e arquitetura se mesclam: a obra de

Athos Bulcão e Lelé. Brasília.

Disponível em:

http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/168.pdf

RASMUSSEN, Stenn Eiler. Arquitetura Vivenciada. Ed. Martins Fontes.1998.

RAFAELLA, Rafaela Bartelle. O Calçado e as Sensações. Novo Hamburgo.

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Disponivel em:

http://tconline.feevale.br/tc/files/4902_260.pdf

SIQUEIRA, Vera Beatriz. Espaços da arte brasileira. Ed. Cosac & Naify.

2001.

http://gougon2.tripod.com/id26.html

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.027/762

http://www.jardinaria.com.br/site/2009/09/306/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte

http://www.fundathos.org.br/

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9. ANEXOS

Questionário de pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso, com os

moradores e frequentadores das escadarias.

Perguntas:

1- Você mora próximo a escadaria?

2- Com que frequência você usa a escadaria?

3- Existe algum fato que ocorreu que te faz lembrar a escadaria?

4- Existe alguma coisa que pode ser mudada ?

Respostas:

Escadaria Padre Chiquinho.

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Ana Maria Freitas, estudante passa pelas escadaria duas

vezes ao dia, a hora que vai e que volta da escola. Mora próximo. Os

encontros com os amigos depois da aula são sempre ali.

Marcia de Souza, moradora da casa 21 na escadaria. Passa

pela por ela frequentemente pois o acesso para sua casa é pela

escadaria. Para ela a escadaria é essencial pois antes era apenas um

“beco” no meio do morro. Pode ser limpa mais vezes,

principalmente após as chuvas.

Escadaria Joaquim Mota

Marcos Franco, mora próximo a escadaria e passa por ela 4 vezes ao

dia, de manhã e a noite, acha que a escadaria deveria ter mais segurança.

Laila, estudante mora próximo e passa pela escadaria

normalmente duas vezes ao dia, as vezes quatro, quando tem que

fazer alguma coisa no centro da cidade.

Escadaria José Ferreira Maia

Marco Túlio estudante e morador próximo a escadaria, so

passa por ela durante o dia, acha perigosa durante a noite por ter

áreas com pouca iluminação.

Delta Soares, residente próximo a escadaria, acha o local

abandonado pela prefeitura, não gosta de passar sozinha durante a noite.

Escadaria Alcides Matos

Felipe Augusto, residente próximo a escadaria e passa por ela

somente quando não sai de carro. Acha muito benéfica aos

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moradores pois encurta o caminho. Se lembra de quando não

existia a escadaria demorava mais 20 minuto para chegar ao

trabalho. Sua mãe que é moradora de uma casa de frente a

escadaria mantem boa parte dela limpa, e os moradores

principalmente crianças ficam a tarde conversando, brincando.

Clara, residente próximo a escadaria, acha ela cansativa

porém necessária para os moradores que não tem carro.

CRONOGRAMA TCC2

1ºsemana: Apresentação da disciplina e do regulamento.

2º semana: Reunião e orientação da pesquisa inicial; pesquisa por

bibliografias.

3º semana: Pesquisa inicial e entrevistas com os moradores das escadarias.

4º semana: Pesquisa inicial.

5º semana: Desenvolvimento das estratégias de intervenção.

6º semana: Desenvolvimento das estratégias de intervenção.

7º semana: Desenvolvimento das intervenções.

8º semana: Desenvolvimento das intervenções.

9º semana: Desenvolvimento das intervenções.

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10º semana: Desenvolvimento das intervenções.

11º semana: Banca intermediária

12º semana: Estudo e relatórios das intervenções.

13º semana: Estudo e relatórios das intervenções..

14º semana Estudo e relatórios das intervenções.

15º semana: Estudo e relatórios das intervenções.

16º semana: Montagem da monografia.

17º semana: Correção da monografia para entrega a outro professor; Início da

montagem da apresentação da banca de qualificação.

18º semana: Correção da monografia; Redação Final da monografia;

Montagem da apresentação da banca de qualificação.

19º semana: Finalização da apresentação e banner.

20º semana: Apresentação para a Banca de qualificação.