DE RONDONÓPOLIS Rondonópolis 61 anos - REGIONAL MT · história de uma cidade. Em seus 61 anos de...

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Rondonópolis, 01 a 10 de Dezembro de 2014 EDIÇÃO 413 VALOR R$ 3,00 EDIÇÃO ESPECIAL - 61 ANOS DE RONDONÓPOLIS Rondonópolis 61 anos Uma história contada por quem a construiu! pág. 09 pág. 05 pág. 04 pág. 03 Empresas, políticos, ci- dadãos comuns, trabalhadores de todas as áreas e aconteci- mentos marcantes fazem a história de uma cidade. Em seus 61 anos de emancipação política, Rondonópolis viveu páginas memoráveis e até hoje conserva na memória de quem viveu e na curiosidade de quem é mais novo fatos que ocorreram no século passado e que refletem até hoje em todos os setores da cidade. Com mais de 200 mil habitantes, é a potência eco- nômica e referência em quase tudo na região sul. De braços abertos ganha milhares de no- vos moradores todo novo ano, acomodando cada um com boas condições de trabalho e qualidade de vida. Como todos os centros em franco desenvol- vimento, a medida que crescem os pontos positivos, também preocupam as mazelas sociais. São 18 homens que já dirigiram a cidade, centenas de vereadores que por toda a história fizeram as leis que norteiam até hoje o dia a dia dos cidadãos. Nunca um negro assumiu a cadeira de prefeito e jamais a população elegeu alguém nascido na cidade para a chefia do Executivo. Estas e outras curiosi- dades e histórias contadas por quem a fez, de fato, trazemos nesta edição especial de ani- versário. Marechal Rondon es- colheu Rondonópolis, como muitos escolheram criar seus filhos a beira do Rio Vermelho. A natureza, fonte de qualidade de vida, foi agredida pela po- pulação, mas ainda resistia e premia com sua beleza os olhos de quem visita o horto florestal, as cachoeiras e as tantas outras paisagens existentes em meio aos 4.165 km² de área perten- cente ao Município. A terra de um povo abençoado por Deus, que com muito trabalho é o responsável por tudo o que se tem hoje por aqui... Cândido Borges Leal, o ‘Candinho’: um dos prefeitos mais lembrados da história Córrego Arareau: símbolo da história de Rondonópolis e exemplo do desrespeito ao meio ambiente Mato Grosso do Sul é o estado onde mais nasceu prefeitos de Rondonópolis Dr. Ariel, símbolo de profissional da medicina aliado ao humanismo, faz parte da história da cidade Moradores da década de 60 visitam Casario Museu Rosa Boróro: Parte da história de Rondonópolis pág. 07 pág. 11

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Rondonópolis, 01 a 10 de Dezembro de 2014 EDIÇÃO 413 VALOR R$ 3,00

EDIÇÃO ESPECIAL - 61 ANOS DE RONDONÓPOLIS

Rondonópolis 61 anosUma história contada por quem a construiu!

pág.09

pág.05 pág.04

pág.03

Empresas, políticos, ci-dadãos comuns, trabalhadores de todas as áreas e aconteci-mentos marcantes fazem a história de uma cidade. Em seus 61 anos de emancipação política, Rondonópolis viveu páginas memoráveis e até hoje conserva na memória de quem viveu e na curiosidade

de quem é mais novo fatos que ocorreram no século passado e que refletem até hoje em todos os setores da cidade.

Com mais de 200 mil habitantes, é a potência eco-nômica e referência em quase tudo na região sul. De braços abertos ganha milhares de no-vos moradores todo novo ano,

acomodando cada um com boas condições de trabalho e qualidade de vida. Como todos os centros em franco desenvol-vimento, a medida que crescem os pontos positivos, também preocupam as mazelas sociais.

São 18 homens que já dirigiram a cidade, centenas de vereadores que por toda

a história fizeram as leis que norteiam até hoje o dia a dia dos cidadãos. Nunca um negro assumiu a cadeira de prefeito e jamais a população elegeu alguém nascido na cidade para a chefia do Executivo.

Estas e outras curiosi-dades e histórias contadas por quem a fez, de fato, trazemos

nesta edição especial de ani-versário.

Marechal Rondon es-colheu Rondonópolis, como muitos escolheram criar seus filhos a beira do Rio Vermelho. A natureza, fonte de qualidade de vida, foi agredida pela po-pulação, mas ainda resistia e premia com sua beleza os olhos

de quem visita o horto florestal, as cachoeiras e as tantas outras paisagens existentes em meio aos 4.165 km² de área perten-cente ao Município.

A terra de um povo abençoado por Deus, que com muito trabalho é o responsável por tudo o que se tem hoje por aqui...

Cândido Borges Leal, o ‘Candinho’: um dos prefeitos mais lembrados da história

Córrego Arareau: símbolo da história de Rondonópolis e exemplo do desrespeito ao meio ambiente

Mato Grosso do Sul é o estado onde mais nasceu prefeitos de Rondonópolis

Dr. Ariel, símbolo de

profissional da medicina

aliado ao humanismo, faz parte da história da

cidade

Moradores da década de 60 visitam Casario

Museu Rosa Boróro: Parte da história de

Rondonópolis

pág.07 pág.11

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Expediente

Da Redação

Rondonópolis: um retrato bem feito do BrasilPoucas cidades no país

retratam com tanta exati-dão o cenário econômico e cultural nacional, com seus pontos negativos e positivos, como Rondonópolis. Esta senhora de 61 anos, que no mundo etário dos municípios na verdade é um bebê que ainda tem muito a crescer, está para o Brasil assim como o Brasil está para o mundo. Quem está de fora vê enor-me potencial de produção e pujança econômica, e de fatos os dois existem, mas de perto ainda há desigualdades sociais a serem sana-das. Entre o povo, os mais de 200 mil que moram aqui trouxeram um pouquinho de cada uma das cinco regiões do país. O rondono-politano nativo toma o chimarrão e fala ‘guri’ como os gaúchos, com a mesma facilidade que come o pão de queijo que veio de minas e a tapioca do nordeste, assim como toma o Açaí do Pará ou tereré do Paraguai.

Este cenário multifacetado, permi-te que qualquer um que chegue na terra de Rondon se sinta em casa rapidamente, não só porque vai encon-trar na maior cidade da região sul algumas características de sua terra natal, trazidas por gente que fez o seu mesmo itinerário an-tes, mas porque certamente em poucos dias já vai ser chamado para um churrasco na casa de alguém que recém conheceu, mas que o tratará como amigo de infância. É mentira quem diz que o que atrai e mantém pessoas que não nasceram em Rondonó-polis morando aqui até o fim da vida seja apenas as boas ofertas de emprego, porque só isso não manteria nenhum ser humano satisfeito. Ga-nhar um bom dinheiro todo mês e sentir a magia da na-tureza ao ver araras voando em meio a zona urbana, de fato, encantam quem nunca viu isso, mas Rondonópolis tem algo a mais, assim como o Brasil tem, que ninguém sabe dizer exatamente o que é, no entanto, é como um imã ao coração.

Muitos políticos, re-ligiosos e cidadãos comuns, do passado e do presente, marcaram a história da ci-dade com lutas e trabalhos

pontuais, mas seria injustiça citar alguns, que acabaram entrando um pouco mais em evidência, e menosprezar o feito de gente que atuou nos bastidores e que foram verdadeiros anjos na vida de muitos. Neste 10 de dezem-bro de 2014, a homenagem deve ser rendida a todos, sem exceção, desde o espe-cialista em medicina mais conceituado, ao técnico em informático, o artesão, o músico, o advogado, o gari, as mulheres trabalhadoras

da Coder, os sorveteiros, o comerciante, o fazendeiro, o pequeno produtor e todos que acordam cedo rotineira-mente e lutando pelo melhor de suas vidas acabam por ser um parte importante da en-grenagem forte que move em velocidade invejável o cresci-mento de Rondonópolis.

Para quem ainda não sabe o tamanho e impor-tância de Rondonópolis no âmbito econômico e social de Mato Grosso e Brasil, segue alguns dados: A cidade é hoje a 2ª maior economia do estado de Mato Grosso e está entre as 100 maiores econo-mias do país, com um PIB de mais de 5 bilhões de reais. Considerada a “Capital na-cional do agronegócio”, hoje os potenciais de produção de matéria prima e também industriais são invejáveis, especialmente depois da che-gada da esmagadora Noble, instalada próxima a outro marco da história recente: o

terminal da América Latina Logística - ALL, capaz de receber e escoar o montante de mais de mil caminhões por dia, simplesmente a maior estrutura ferroviária de toda a América Latina. Nos últimos anos, a revista “Pequenas Empresas Gran-des Negócios”, da editora Globo, mostra estudo ex-clusivo, feito pela consulto-ria paulistana Geografia de Mercado que deu origem à lista de 25 cidades boas para se empreender no Brasil e

Rondonópolis está no 7º lugar entre as cidades de pequeno e médio porte, como grande oportunida-de de investimento. Rondonópolis lucrou US$ 662,99 milhões no primeiro semes-tre de 2014 com as exportações agríco-las, sendo a cidade que mais cresceu sua produção do ano passado para cá.

O potencial turístico da cidade também é notada-mente invejável. Quem nunca conhe-ceu, por exemplo, o complexo da Carimã deve o fazer imedia-tamente. Em outros locais do campo, a natureza acaricia a alma de quem sabe apreciá-la. A cacho-eira do gavião, por exemplo, é linda, as-sim como o Parque

Ecológico João Basso, área de preservação ambiental re-cheada de grutas, inscrições rupestres e trilhas que levam à Cidade de Pedra. O poten-cial arqueológico do parque atrai especialista europeu e de várias outras partes do mundo constantemente. A rodovia do peixe reúne di-versas paisagens magníficas e paredes rochosas em meio a cursos d’água que surpre-ende quem nunca imaginou ter tão perto de sua casa ce-nários tão belos e acessíveis.

O aniversário é da ci-dade, mas a festa é de todos que a amam e que escrevem com seu suor as páginas do dia a dia na maior do sul de Mato Grosso. O futuro é extremamente convidativo, o presente é motivador e o Folha Regional também se orgulha de ter participado do seu passado tão belo, Rondonópolis.

“O rondonopoli-tano nativo toma

o chimarrão e fala ‘guri’ como os gaúchos, com a mesma facili-dade que come o pão de queijo

que veio de minas e a tapioca do

nordeste, assim como toma o Açaí do Pará ou tereré

do Paraguai”

Rondonópolis, cidade do Marechal. Era a letra de um antigo hino que tocava no início das programações de rádios nos idos dos anos 70, entrando para os 80. Os sonhos daquela tenra in-fância, hoje, muitos deles se realizaram no que se tornou a promissora cidade do Ma-rechal. Uma cidade futurista que faculta oportunidades a todos que aqui chegam com intenções de criar um futu-ro. Uma jovem cidade com todos os problemas que tem qualquer empreendimento novo criando experiências no seu amadurecimento. Rondonópolis está no rumo do caminho certo, mas, para que ele dê certo precisa muito doravante do empenho e o engajamento de todos nesse crescimento.

Ao fazer sessenta e um anos, Rondonópolis ainda é uma grande promessa, pois tem demografia, tem geo-grafia espacial, e tem ao seu redor águas em abundância. Os grandes desbravadores do mundo escolhiam suas mora-das onde tivesse muita água para suster o povo, Rondon e seus correligionários não fugiram a regra ao escolher a terra dos autóctones Bo-roros para depositar nela um grande sonho de cidade. Rondonópolis é uma encruzi-lhada étnica, pela confluência que aqui se deu do encontro do espírito de vários povos, principalmente dos nordes-tinos os primeiros desbra-vadores a chegarem atraídos pelo cheiro das notícias da

extração de mi-nério na região, mais propria-mente a região de Poxoréu que por muito tem-po foi à mãe de Rondonópolis, mais tarde, os povos de Minas Gerais, São Pau-lo, os gaúchos e até de outros países.

Segundo historiadores, o município ori-ginalmente era conhecido como

“Ponte de Pedra”, por causa do rio de mesmo nome que banhava a região. Com a pas-sagem da Comissão Rondon pela região, a fim de fazer le-vantamentos para a constru-ção de linhas telegráficas, veio o tenente Otávio Pitaluga, que mediu e instituiu as diretrizes para uma futura cidade. Com esse projeto, a localidade foi rebatizada de Rondonópolis, em homenagem ao Marechal Rondon, em 1918. De lá para cá foi uma invasão desorde-nada de imigrantes que hoje em dia é difícil mensurar com precisão quem são eles nessa amálgama cultural. Já teve vários títulos, dentre eles a de Rainha do Algodão, mais tarde, Capital nacional do agronegócio, Rainha da soja e por aí vai. Por ser uma cidade com inúmeras influências culturais não tem ainda uma iconografia chancelada pela aprovação da atual população que represente identitaria-mente Rondonópolis. No seu franco crescimento ele atingiu várias áreas impor-tantes, mas, ainda há muito por crescer.

Na área da cultura, Rondonópolis deu um salto quantitativo de 360 graus ao ganhar uma secretaria de cultura das mãos do intrépido prefeito Percival dos Santos Muniz que atendeu ao clamor do queremismo dos artistas. Uma secretaria para pensar justamente nas dificuldades que passa a cultura local e en-contrar caminhos que levem a

possíveis soluções, trabalhar com a rica historicidade local e a capacitação dos sujeitos que militam e fazem cultura na terra de Rondon. O proces-so cultural rondonopolitano é multifacético, riquíssimo, variável e colorido. De uma pluralidade imensa capaz de revelar o âmago da profun-didade da alma de seu povo. Mais, muito desse processo cultural, historicamente vem, ao longo do tempo, sendo exe-cutado de maneira informal, quando ele poderia ser parte integrante de um processo econômico muito mais es-truturado.

Enfim, sair da infor-malidade para ser gerador de renda, fazer parte do PIB, gerar trabalho de carteira assinada, gerar condição de cidadania. A idéia é: deso-bstacularizar as barreiras históricas impostas à cultura de modo geral, criar espaços genuinamente cultural, atin-gir severamente a redução da desigualdade e do afasta-mento criado pelos próprios artistas, oferecer ao novo sujeito que está chegando à sensação de pertencimen-to, esse mesmo sujeito que outrora fora espirrado de dentro pra fora do processo por descrença na cultura ou por preguiça participativa. O CMPC - Conselho Municipal de Política Cultural - em mui-tas de suas missões fez a sua parte implementando todas as leis que compreendem o sistema municipal de cultu-ra e, aguarda que tão logo o executivo aprecie e envie ao legislativo para ser votado e assim, a cultura ter por vias de leis garantidas todos os seus direitos. Que esse aniversário de sessenta e um anos sirva para várias reflexões para o mundo das artes. Dentre elas, de que o novo sempre vem, e não podemos viver de ecos de um passado glorioso quando nossa missão precípua hoje é viver o agora e criar novas possibilidades.

Max Ferraz é músico, compositor, militante cultural e atual presidente do Conselho

Municipal de Cultura

* PoR MAx FeRRAz

A Rondonópolis que deu e pode dar ainda mais certo

01 a 10 de Dezembro de 2014página 2 Jornal Folha Regional

Rondonópolis Terra mãe

Ademir Lopes do Amaral

Óh! Rondon, terra querida,Parabéns pelo seu dia.O calendário de hojeLembrarei numa alegriaImensurável, porémSem fazer demagogia.

No cenário nacional,Rondonópolis, avante!Apresente seus valoresPara que o mundo se encanteCom o seu traje de galaDe beleza exuberante.

São vastas as cachoeirasE águas quentes naturais.Donde estou no CasarioVejo a beleza do Cais,As marges do rio VermelhoPassando lento demais.

Vejo também um barqueiroA favor da correnteza,Rumo à Cidade de PedraOnde a mão da NaturezaArquiteturas maravilhasPara exaltar a Beleza.

Rondonópolis Terra MãeOnde se produz o grão,Nosso povo hoje se alegraDemonstrando exaltação.O seu berço acolhedorNos fez juz a esse chão.

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página 301 a 10 de Dezembro de 2014Jornal Folha Regional

Marlene Silva de oliveira Santos, a única presidente da Câmara mulher da história de Rondonópolis

Mato Grosso do Sul é o estado onde mais nasceu prefeitos de Rondonópolis

Se ninguém nunca enten-deu porque muitas vezes na histó-ria dos 61 anos de Rondonópolis a capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, parecia muito mais próxima a Rondonópolis, do ponto de vista de referência, es-colha e de busca tanto dos órgãos públicos para a área da saúde e vá-rios outros setores, com seus mais de 460 quilômetros de distância, em comparação a Cuiabá, capital de Mato Grosso, que fica a pouco mais de 200, a história explica o porquê. O estado vizinho foi onde nasceram quatro dos 16 prefeitos eleitos que a terra de Rondon já teve em toda sua trajetória pós emancipação política, ocorrida em 10 de dezembro de 1953.

Ao todo, porém, 18 ho-mens passaram pela chefia do Executivo, mas dois deles acaba-

ram assumindo o Executivo ser ter tido a escolha direta da população para isso, foi o caso do então pre-sidente da Câmara de Vereadores, Ananias Filho, que assumiu depois que a justiça eleitoral cassou por crime eleitoral, de uma só vez, Zé Carlos do Pátio e Marília Salles juntos, os dois que haviam se elegido em 2008 como prefeito e vice, respectivamente. Ananias ficou apenas sete meses como prefeito (05/2012 a 1/2013). Coisa parecida ocorreu também com Antônio Joaquim Alves, o Antônio Abóbora (8/62 a 8/63), quando Luthero Lopes deixou a prefeitura para ser deputado estadual e o vice da época, Lauro de Oliveira Mendes, não quis assumir.

Campo Grande foi a cidade que trouxe ao mundo dois prefei-tos da história de Rondonópolis:

Hermínio J. Barreto (1/89 a1/93), que além de chefe de executivo foi vereador e deputado estadual, e é a terra natal do falecido engenheiro Luthero Lopes (1/59 a 8/62), ter-ceiro gestor da história da cidade. Rondonópolis ainda foi comanda-da pelos sul-mato-grossenses Wal-ter de Souza Ulisséia (2/77 a 1/83), que era de Corumbá, e Fausto Faria (5/86 a 12/88), que veio da cidade de Paranaíba e ganhou a prefeitura ao lado de Bezerra, em sua segunda passagem pela prefei-tura. Farias assumiu o Executivo, quando o então prefeito renunciou para se candidatar a governador.

Depois de Mato Grosso do Sul, o Paraná e o próprio Mato Grosso foram onde nasceram três prefeitos cada da história de Rondonópolis. Cáceres, Chapada dos Guimarães e Guiratinga, são

os municípios de nascimento de Hélio Garcia (1/67 a 1/70), Carlos Gomes Bezerra (1º mandato – 2/83 a 5/86 e 2º mandato – 1/93 a 3/94) e Percival Muniz (primeiro mandato 12/98 a 1/2001; segun-da mandato 1/2001 a 1/2005 e terceiro mandato 1/2013 a dias atuais) , exatamente na mesma ordem. Percival, na verdade, nas-ceu em Ipiaú, no estado da Bahia, mas veio recém-nascido e acabou tendo seu registro de nascimento feito em terras mato-grossenses. Do Paraná vieram Zé Carlos do Pátio (1/2009 a 5/2012), nascido em Londrina; Rogério Salles (3/94 a 1/97), que nasceu em Francisco Beltrão e foi eleito vice de Bezerra, assumindo a cadeira depois da ida do segundo para o senado, e Sátyro Pohl Moreira de Castilho (2/62 a 1/67), o capitão do Exér-

cito que era de União da Vitória.O vizinho Goiás e o estado

da Bahia, verdadeiro exportador de matéria humana de qualidade para o Brasil, foram outros a con-tribuir com a história de Rondo-nópolis. A próxima Mineiros, que fica poucos quilômetros depois da divisa entre Goiás e Mato Grosso, é a terra de nascimento do Dr. Alberto de Carvalho (1/97 a 2/99), que renunciou do cargo depois de denúncias contra sua gestão, dando lugar ao seu vice Percival Muniz. Goiás é também a terra de Daniel Martins de Moura (1/55 a 1/59), que veio ao mundo em Porto Nacional, e foi o primeiro eleito de Rondonópolis após sua emancipação. Os baianos Rosal-vo Farias (1/54 a 1/55), de Barra do Mendes, primeiro homem na história nomeado a comandar o

executivo local, e Antônio Abóbora (8/62 a 2/63), de Santana, fecham a lista dos estados que tiveram mais de um representante.

Cândido Borges Leal (1/73 a 2/77), o farmacêutico de Pirajuí, é o único paulista que veio a Ron-donópolis e conseguiu ocupar a cadeira de prefeito. Mesmo com uma população imigrante das mais fortes da cidade, apenas Zanete Cardinal (1/70 a 1/73) con-seguiu alcançar o topo da política municipal como um gaúcho de nascimento, da cidade de Bosso-roca. Do estado vizinho, Adílton Sachetti (1/2005 a a/2009) é o catarinense da lista, tendo como cidade de origem o município de Criciúma.

Da RedaçãoHevandro Soares

Se eleger uma prefeita parece um desafio ainda a ser cumprido, a barreira da presidência da Câmara de Vereadores é um obstáculo já ultrapassado na história de Rondo-

nópolis. Apesar disso, Marlene Silva de Oliveira Santos, natural de São Carlos, no estado de São Paulo, foi a única mulher que presidiu a casa de leis municipais, sendo gestora de

1989 a 1991, durante a 9º legislatura.Antes e depois dela passaram

por este cargo: José de Oliveira Lellis, Rozendo Ferreira de Souza, Antônio Berriel, Leopoldo Vilas Boas, Antônio ‘Cearense’ Alexandrino Alencar, An-tônio Finazzi (Tuniquinho), Cornélio Nunes Viana, Ludovico Vieira de Camargo, Adevair Ferreira Marques, Walter Ulisséa, Antônio Frange, Val-divino Alves, Getúlio Balbino, Ildon Maximiano Peres, Odilon Augusto de Brito, José Roosevelt Braga, Antônio Alberto Schommer, Miguel Ramos, Antônio Lourenço Neto (Campo Limpo), João Klimaschewsk, Jolde-que Soares Gomes, Ananias Martins de Souza, Milton Gomes da Costa (Miltão), Mauro Deveza Costa, Juary Miranda, Abel Vilela, Lourisvaldo Manoel de Oliveira (Fulô), Mohamed Zaher, Ananias Martins de Souza Filho, Hélio Pichioni e Ibrahim Zaher.

Mais novos

Os mais jovens da história da presidência da Câmara de Vere-adores de Rondonópolis foram Abel Vilela, em 2001, que foi eleito pelos colegas o presidente da mesa diretora aos 27 anos e Walter Ulisséa, que

mais de sua trajetória a frente viria a ser prefeito, mas também aos 27 já era o responsável pela presidência da Câmara, no ano de 1968.

O atual presidente, Ibrahim Zaher, assumiu o cargo mais alto do legislativo local quando ainda tinha 29 anos, em 2013, e está junto a mais dois presidentes que com a mesma idade conseguiram o feito: Mauro Deveza da Costa, quando em 1999 teve a responsabilidade de ser o gestor da 11º legislatura e Rossevelt, que em 1977, presidia a mesa diretora também a um ano de completar 30.

Da Redação

• Rondonópolis nunca elegeu um prefeito negro;

• Nos 61 anos de história nenhuma mulher foi eleita chefe do Executivo Municipal

• Nenhum prefeito da história se elegeu e posteriormente reelegeu cumprindo o total de tempo que lhe caberia nos dois mandatos;

• A cidade nunca elegeu alguém nascido em Rondonópolis para o cargo de prefeito;

• Marília Salles foi a primeira mulher da história a sentar na cadeira de prefeito, quando assumiu por alguns dias o mandato, durante afastamento temporário de Zé Carlos do Pátio, em 2011.

• A professora rondonopolitana Vilma Moreira dos Santos, foi a 1ª vereadora e 1ª parlamentar mato-grossesse negra na Assembléia Legislativa de MT

Ibrahin é um dos cinco presidentes mais jovens da história

CUriosidades

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01 a 10 de Dezembro de 2014página 4 Jornal Folha Regional

MAIS De 61 MoTIVoS PARA VIVeR AQUIIDEALIZADORES DE UMA RONDONÓPOLIS GRANDIOSA

O saudosopioneiro José de Souza Miranda veio da Bahia para Mato Grosso a pé, segundo conta o seu filho José Miranda, que seguiria mais tarde a mesma profissão do pai, e se tornaria também um próspero comerciante.O senhor José de Souza chegou a Mato Grosso na década de 1950, residiu primeiramente na localidade de Jarudore, onde mon-tou um comércio, alguns anos mais tarde conheceu aquela que seria a sua esposa, Laurita Alves Miranda. Posteriormente vieram de mudança para Rondonópolis, reiniciando aqui as atividades comerciais, na qual sempre foram bem sucedidos. O casal teve cinco filhos,José Miran-da Filho, Maria da Glória, Maria Sirlene, Edna Alves e Adriane. José eLaurita sempre dedicaramatenção especial a família, dando a todos os

filhos muito carinho, e incentivo nos estudos.

O empresário José Miranda Filho, fala sobre os bons momentos que passou durante a sua infância em Rondonópolis, um tempo não muito distante, mas que ainda não existia a Praça dos Carreiros. “O nosso lazer era no Rio Arareau, onde passávamos horas brincando com os amigos, às vezes pescando ou nadando. Para se ter uma idéia, o Rio Arareau tinha uma água limpa, pura e transparente, onde muitas senhoras lavavam as roupas dos seus familiares. Sei que algumas pessoas já disseram isso, mas vale a pena repetir, nós somos testemunhas da-queles bons tempos que não voltam mais. A nossa infância foi muito feliz, eu e minhas irmãsestudamos na Escola Sagrado Coração de Jesus.

Aescola La Salle também já existia, mas nossos pais preocupados com a distância, preferiram que nos estudássemos na Escola Sagrado. Para chegar na escola La Salleera necessário passar pelas trilhas na mata, o que representava perigo para as crianças naquela época”, relembra.

Miranda Filho, como muitos empresários, ressalta que o negócio da família cresceu no ritmo do de-senvolvimento de Rondonópolis.“O meu pai inaugurou o Armazém Miranda no ano de 1963, depois de alguns anos comprou o prédio per-tencente ao senhor Daniel Martins de Moura, localizado na D. Pedro II onde funcionava a antiga fábrica dos refrigerantesMarajá. Com o passar do tempo, a construção e o inicio das feiras na Praça dos Carreiros, muita gente nova começou a chegar trazendo mercadorias para vender. A partir desse período começamos também a crescer, mas alguns anos depois com o surgimento dos super-mercados o Armazém Miranda, que até então vendia secos e molhados a granel (arroz, feijão, carne seca, ovos, café, óleo, batatas etc.) começou a declinar em virtude do surgimento dos supermercados”, detalha.

A partir do então momento da história lembrado pelo entrevista, é que em 1983 foi feita a mudança de Armazém para Ferragista Miranda, onde começou-se a vender imple-mentos agrícolas para os sitiantes da região, produtos de jardinagem, uti-lidades domésticas em geral. “Hoje continuamos vendendo pequenos implementos e produtos utilitários para fazendas.

Temos clientes que há 40 anos continuam conosco, com-prando na Ferragista Miranda (...) Nos dias de hoje atuamos também

na área da construção civil, temo-salguns imóveis locados, e todos os nossos parceiros, companheiros de trabalho, sempre acreditaram no potencial da cidade.

Sobre a expectativa quanto ao futuro, o empresário vê dias ainda melhores pela frente. “Rondonópolis é o futuro de Mato Grosso. Aqui vi-vemos com dignidade. Criei os meus filhos e os ensinei da mesma forma que aprendi. Parabenizo a todos os rondonopolitanos, e aqueles que aqui chegaram de outras localidades,

O tradicional e querido médico pediatra rondonopo-litano, Ariel Marqes, é natural de Recife, capital pernambu-cana. Veio o mundo em uma família humilde, filho de Pedro Fernandes da Silva um servidor operário e Sebastiana Marques da Silva. Apesar da infância pobre, o carinho e a atenção-especial dos pais sempre foram constantes à ele e suas irmãs Alba Marques e Aria Marques.

Ariel conheceu a sua esposa Lídia no ano de 1956 na Faculdade Federal de Pernam-buco, casaram-se e tiveram4 filhos: Ariel Filho, Ana Lídia, Angela Patrícia e Ariene Cristi-na, nascida em Rondonópolis. A vida lhes reservou também fi-lhos adotivos que foram criados com todo o carinho. O médico fala com emoção sobre a sua inspiradora trajetória de vida.

“ O meu sonho desde criança era ser médico, e aos 8 anos de idade eu já assinava “Dr. Ariel”, com o grande apoio dos meus pais, muita luta cheguei a Faculdade Federal de Pernam-buco onde me formei. Depois de formado cliniquei durante 5 anos em Recife, posteriormente mudei para a cidade de Go-vernador Valadares MG. Com o passar do tempo comecei a sentir um desejo de mudança, a minha verdadeira intenção era estar em um lugar onde eu pudesse ser cada vez mais útil a sociedade em geral, então fui conhecer Campo Grande ainda Estado de Mato Grosso,de lá fui conhecer Cuiabá. Ao pernoitar aqui em Rondonópolis gostei do lugar, encontrei o ambiente propício para o ideal de meu coração”, se lembra.

O pediatra ainda lem-brou de pessoas importantes na sua história. “Quando conheci o Almir Donato que já estava aqui há algum tempo, a nossa amizade fortaleceu ainda mais o meu objetivo. Nesse período acabei conhecendo também o Dr. Perrone, Dr. Muniz e o Dr. Foster. Como não havia setor especializado em pediatria na

cidade idealizei e fundamos o Pronto Socorro Menino Jesus, instalado na rua 13 de Maio, hoje centro da cidade. Naquela época existiam três hospitais em Rondonópolis: o Samaritano, o São Marcos e o Rondonópolis. E o nosso pronto socorro era o único especializado em pedia-tria com um quadro clínico de muitos casos de reidratação. O nosso atendimento era feito de forma humana e fraternal 80% das pessoaseram atendidas gratuitamente, nós doávamos as internações. Nunca fizemos distinção de classe social, e condição financeira. Nós prati-cávamos também a filantropia, distribuíamos agasalhos, e apoi-ávamosas pessoas no que era possível.”, pontua.

Em 1982 Ariel conta que passou a trabalhar na rede

pública de saúde, atendendo cerca de 40 pessoas por dia. Ele ainda atuou no PA de 1998 a 2.013. Toda essa trajetória de vida, segundo o que garante, lhe trouxe grandes alegrias. “ Agra-deço a Deus por ter me dado a oportunidade de dedicar minha vida em benefício do próximo “, ressaltou o médico.

Nos dias de hoje o Dr. ArielMarques , continua aten-dendo os seus pacientes em sua residência, e mantém a mesma filosofia, atendimento huma-nitário e filantropia. Uma vida desprendidade aquisições de bens materiais e voltada para as causas espirituais, de acordo com o que comenta.“Sou espíri-ta da linhagem de Alan Kardec , afinal é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado. A pratica do bem está acima de

tudo, nem a casa que eu moro é minha, não tenho bens. Mas o progresso é inevitável, vemos a cidade de Rondonópolis hoje com 61 anos de emancipação política administrativa. O futuro desta cidade será, cada vez mais brilhante, no campo educacio-nal estamos crescendo, já temos o curso de medicina, e muitos outros de grande importância para o desenvolvimento da so-ciedade em geral. ” A Dra. Lídia complementa; “Apesar de todo o crescimento a cidade conti-nua fraterna, nunca tivemos uma decepção, o povo é nossa família. Todos nós nos sentimos ligados ao grande amor de Deus, parabéns a todos os moradores desta querida cidade que tanto amamos.”, finalizou

Reportagem; Denis Maris

“De Armazém, para Ferragista Miranda”

Dr. Ariel, símbolo de profissional da medicina alia-do ao humanismo, faz parte da história da cidade

Dr. Ariel Marques Fernandes e sua esposa, Dra. Lídia Souza Marques

os filhos de coração desta maravi-lhosa terra que amamos. Quero agradecer aos meus filhos Yuri,aos gêmeos Pedro e Paulo, a minha esposa Magda Regina Dariva, aos meus parentes, clientes e amigos, e ao Jornal Folha Regional pela opor-

tunidade. Desejo nesta data, muitas felicidades à todos que residem nesta maravilhosa terra de Rondon.“ Fi-nalizou o empresário pioneiro José Miranda Filho.

Reportagem; Denis Maris

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página 501 a 10 de Dezembro de 2014Jornal Folha RegionalJornal Folha Regional

Córrego Arareau: símbolo da história de Rondonópolis e exemplo do desrespeito ao meio ambiente

O comerciante Gilson Al-ves da Silva, de 57 anos de idade, chegou a Rondonópolis, junto aos familiares, quando a cidade havia a apenas 14 anos se emancipado de Poxoréo e ainda tinha pouco mais de 20 mil habitantes. Logo quando se mudou, vindo da comunidade rural Varjão, que fica entre Ron-donópolis e a vizinha Guiratinga, o personagem da reportagem es-pecial do Folha Regional foi morar a 300 metros de um límpido e rico córrego, o Arareau. A proximidade com o manancial, levou Gilson a ter uma relação muito próxima

com a natureza e a maioria das

principais histórias de infância que ele lembra sempre são contadas tendo como cenário principal o mais tradicional afluente local

do Rio Vermelho. “Obviamente que a

vida naquele tempo, não só para uma criança como para um adulto, era muito diferente de agora e a diversão

da molecada estava no contato com a natureza. Eu me lembro

muito bem que eu e meus irmãos, primos e vizi-

nhos adorávamos nadar, pescar e

o Arareau era onde a gente conseguia fazer isto c o m s e -

gurança, a l é m

d o

fato de ser muito próximo a nossa casa, já que desde o início nos instalamos na região onde hoje é o centro, próximo ao Jardim Brasí-lia”, conta, ao revisitar as margens do córrego onde era o seu ponto de encontro com todos os amigos da época e que hoje tem o verde da mata contrastando com móveis e utensílios domésticos, que por não terem mais serventia foram abandonados ali por moradores.

Ao caminhar na beira do córrego com a companhia da reportagem, Gilson foi pouco a pouco lembrando e comparando o Arareau de antes e o de agora. O antigo morador afirma que não coloca toda a culpa do estado atual do espaço apenas na falta de cons-ciência ambiental da população, mas afirma que faltou num passa-do longínquo e até num passado recente leis e a fiscalização que agora vigoram com mais afinco. “O Arareau é só mais um exemplo da falha gritante que ocorreu no passado, onde as pessoas imagina-vam que isto que ocorre hoje nunca aconteceria. E quando falo isto, digo principalmente em relação ao poder público. Esta exigência de agora sobre a proteção da margem de 100 metros ou 50 metros, de-pendendo da largura do rio, é algo muito recente, que se tivesse sido pensada e botada em prática antes, na formação da cidade, hoje nós poderíamos ter outra realidade. Mas infelizmente no Brasil é assim: só depois que a coisa já foi para o brejo é que decidem agir”, criticou.

Novamente voltando o foco de sua fala aos momentos vividos no passado, Gilson lembra que nem mesmo os gols de Pelé transmitidos

no rádio ou as tradicionais radio-novelas eram capazes de fazer com que os domingos de sol ‘estralado’ do fim da década de 60 e início da de 70 em Rondonópolis fossem mais atrativos dentro de casa do que contemplando a natureza que ainda reinava na jovem cidade. O Arareau era navegável, conforme atesta Alves, e a variedade de espé-cies de peixes que podiam ser pegas no córrego atiçava os moradores a buscar conforto e diversão em sua beirada. “Eu cansei de pegar e co-mer pintado pego aqui neste lugar, além de piau e tantas outras espé-cies de peixes grandes que subiam. Daqui muitas famílias tiravam o seu sustento, porque a fonte de alimentação naquela época parecia inesgotável. Hoje ainda é possível ver peixes em alguns pontos, mas quem tem coragem de comer?”, indagou, com tom de revolta.

Conforme foi ocorrendo o alastramento populacional da ci-dade e a formação de bairros como o próprio Jardim Brasília, Jardim Cuiabá, Pioneiro, Santo Antônio, Vila Cardoso e tantos outros que margeiam o Arareau, Gilson con-fidencia que viu a degradação do córrego ocorrer aos poucos, como um paciente consumido continu-amente por uma doença grave. O que de água hoje desce e desagua no Rio Vermelho, o comerciante assegura: não é nem a metade do que tinha antigamente. “O começo da morte de um rio é o assorea-mento e isto está ocorrendo aqui. A enxurrada carregada de barro das partes mais altas da cidade desce com toda força, não encontra mais a vegetação que antes a segurava e vai parar com tudo dentro do

Arareau. Isto é preocupante e hoje, por exemplo, a maioria dos pontos deste córrego não tem como nave-gar. O curso de água que passa por aqui é, no mínimo, 60% a menos do que passava antigamente. A cor da água então não dá nem para comparar”, lamenta.

Se pra ele quando criança e adolescente o Arareau era sinôni-mo de diversão e comida na mesa, para sua mãe, por exemplo, Gilson conta que o córrego era um aliado nas tarefas domésticas. As mulhe-res de Rondonópolis dos anos 60 e 70 lavavam roupa em um local específico do manancial, próximo onde é hoje a ponte da rua José Barriga. Questionado se ele tem esperança que o curso d’água volte a ter a qualidade que tinha antes, o

rondonopolitano afirma que mes-mo com tantas agressões ainda é possível um resgate. “A gente não é especialista nisso, mas eu acho que o principal é fazer um reflores-tamento das margens. Junto a isso obviamente é necessário promover uma campanha educativa com os moradores, especialmente os que residem nas ruas que ficam perto do rio, e remover para outras casas aqueles que tiverem em áreas de risco, destruir estas residências e plantar árvore, não tem outro jeito (...) Eu sinto pelas crianças de hoje não terem a infância que eu tive. Hoje eles têm a internet e a tele-visão, mas com certeza eu prefiro o Arareau que eu tinha”, concluiu.

Hevandro Soares Da Redação

“Eu me lembro muito bem que

eu e meus ir-mãos, primos e vizinhos adorá-vamos nadar, pescar e o Ara-reau era onde a gente conseguia

fazer isto com segurança”

Morador fala com nostalgia de quando a água era limpa

O assoriamento do córre-go é uma das principais preocupações de Gilson

DeCLARAÇÕeS De AMoR A RoNDoNÓPoLIS MAIS De 61 MoTIVoS PARA VIVeR AQUI

Hermélio Silva - EscritorBela moça casadoira é essa cidade que sempre me traz de volta, nas mais diversas circunstâncias. Já lhe prometi nunca mais sair do seu seio por diversas ve-zes, mas como um lesa-pátria, quebro a jura de amor eterno. Sempre retorno mais maduro e com as mesmas promessas de outrora, como se fosse o único e último compromisso inquebrantável.

Gilberto Gamela - Comerciante“Não tem melhor, Rondonópolis é uma cidade mãe, tem muita coisa a ser feita, e com certeza podemos melhorar ainda mais.”

Miguel Ferreira Cruz - Esportista“Rondonópolis é o coração do Brasil, um pedaço da minha vida, é a cidade que eu amo.”

Manoel Rodrigues - Administrador de Imóveis“Me sinto muito feliz nesta cidade, aqui construí minha família criei os meus três filhos, agradeço a Deus e especialmente a minha esposa Teda Miran-da Rodriges. Nós amamos esta cidade, parabéns rondonopolitanos pelos 61 anos de emancipação política administrativa.”

Jaime Guidio - Instrutor de Defesa Pessoal“Rondonópolis é a melhor cidade do Brasil, pode melhorar mais, é preciso que as autoridades incentivem mais a Cultura e o Esporte. É muito bom comemorar os 61 anos de vida desta cidade que amamos.”

Sebastião dos Santos - “Tiãozinho Cuiabano” -Empresário“Estou aqui desde 1976, Rondonópolis é tudo de bom, dou graças a Deus por ter construído minha família nesta terra de Rondon. Felicidades a todos nesta data comemorativa dos 61 anos da cidade.”

Ronaldo Amâncio da Cruz“Rondonópolis só me deu coisas boas, estou aqui desde 1981, através do meu trabalho conheci mui-tas pessoas, fiz muitas amizades. Desejo a todos nesta data muitas felicidades, sou apaixonado por esta cidade que me deu o meu ganha pão.”

Valdeci Silva de Almeida - Artesã“Eu adoro Rondonópolis e não gosto que falem mal da cidade, moro aqui há 54 anos, peço para as autoridades melhorar a segurança e a saúde, que ainda estão precárias. Parabéns pelos 61 anos neste dia 10 de Dezembro.”

Erlan Pereira - Pastor Evangélico“A cidade de Rondonópolis é muito representativa para mim, apesar de não ter nascido aqui, tenho uma filha rondonopolitana Hadassa. As pessoas que aqui vem chegam a procura de uma vida melhor, trabalho, lazer, progresso pessoal e familiar, e são bem recebidas. Que Jesus abençoe a todos os moradores deste município.”

Luiz Carlos Lacerda - Moto taxixta“Sou rondonopolitano de coração, vim da cidade de Votuporanga SP, estou muito feliz por ter constituído minha família aqui, é a melhor cidade do mundo. É Preciso que os administradores de um pouco mais de amor, carinho e atenção para a nossa gente.”

Luzia Santos Tavares - Técnica em enfermagem“Gosto muito do clima quente desta cidade, não é a toa que a população rondonopolitana é amiga e expressa muito calor humano. C omo em todos os lugares, aqui também temos problemas, queria destacar especial-mente a questão da falta de segurança. É preciso que as autoridades estejam mais atentas. Parabéns à todos pela comemoração dos 61 anos de Rondonópolis.”

Airton Ferreira de Almeida - “Cabeça” - Comerciante “Aqui eu tenho boas, e inesquecíveis amizades, moro em Rondonópolis desde 1970, naquele período podia-se dormir de portas abertas, a cidade era tranqüila. Nos dias de hoje com a chegada do progresso tudo mudou, a cidade fiou violenta, precisamos de mais segurança.”

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01 a 10 de Dezembro de 2014página 6 Jornal Folha Regional

Comercial Rio Negro: Uma bela história de pai para filhoO jovem Marcus Humberto

Richard Rodrigues Ribeiro Tosta, de 33 anos de idade, é proprietário e principal responsável administrativo pelo Comercial Rio Negro, localizado na Avenida Bandeirantes e um dos mais tradicionais do segmento da mercearia de Rondonópolis. O es-tabelecimento escreve sua história de existência há 50 anos no Muni-cípio, sendo 13 deles com Marcus no comando. Mas o que fez então um jovem de 18 anos assumir uma responsabilidade tão grande de ser o ‘cabeça’ do negócio da família? Um triste, mas ao mesmo tempo belo roteiro escrito pelo destino.

João Ribeiro Tosta, pai de Marcus, era um dos muitos aventu-reiros que nos anos 60 saia dos prin-cipais centros econômicos do Brasil e vinha se aventurar em Mato Grosso, vendendo para o povo nativo e para os novos moradores que vinham de todas regiões do Brasil, qualquer tipo de produto da linha doméstica. João e seus irmãos, cansaram de fazer o trajeto de Ribeirão Preto a Rondonópolis lotados de mercadoria de lá para cá, re-tornando lotados de sucata

recolhida aqui para vender lá. A dificuldade encontrada

nas viagens e o potencial de cresci-mento e de vendas encontrados em terras mato-grossenses, fizeram os jovens empreendedores se atenta-rem para a possibilidade de virarem empresários na nova cidade. O Comercial Rio Negro, nasceu com este mesmo nome há cerca de um quarteirão de distância de onde é hoje, mas também situado na Ban-deirantes. Apesar do investimento feito, as viagens para Ribeirão Preto seguiam a todo vapor e a maioria da família ainda seguia morando no estado de São Paulo.

Rondonópolis, porém, havia conquistado o coração de João, que decidiu adotar a nova terra como lu-gar para criar seus filhos. Nascido na nova cidade, Marcus conta que sempre nutriu admira-ção pelo pai, mas confessa que na juventude o seu gosto pelo trabalho não

era lá dos maiores. “Eu só vinha no comércio do meu pai buscar dinhei-ro, trabalhava muito pouco para dizer que ajudava ele, como deveria ser”, lembra.

Em 2001, a vida trouxe a Marcus e a família Tosta um abalo imensurável: João falecia de maneira inesperada, deixando o destino da família e do principal ganha pão, o comercial Rio Negro, incertos. Mas a dor da perda do seu

progenitor, fez o jovem Marcus de uma hora para outra transformar--se em um em-presário de su-cesso. Assumir

e continuar passando confian-ça à fre-guesia

já conquistada por João foi um desafio, conforme lembra o atual proprietário. Porém, a necessidade de manter o legado e fazer valer a história do pai falaram mais alto para ele.

“Aqui no Comercial Rio Negro sempre houve esta relação muito próxima com o cliente, de amizade realmente. E isto não foi eu quem implantei. Tem gente que chega aqui e num momento nostalgia lembra de 20 ou 30 anos atrás, onde ele comprava aqui, ai conta um acon-tecimento e isto é muito legal. Eu sigo esta linha de ter uma conversa mais calorosa mesmo, oferecer um café ou um tereré, até porque é assim que eu consigo o meu diferencial. Não adianta eu querer encarar os grandes mercados de frente. É desleal, não tem como”, ressalta Marcus.

Outra característica con-servada nos 50 anos de história do Rio Negro, além do atendimento, é a maneira de comercialização dos

produtos. Cereais, por exemplo, e vários outros itens são vendidos de maneira in natura no quilo a quilo, como tradicionalmente ocorria no passado. O modelo de pesagem do estabelecimento se digitalizou re-centemente e até poucos anos atrás o comércio contava com um balan-ceiro profissional, que também era um dos grandes poetas da história da cidade: Valdir Xavier.

“O Valdir era o braço direito do meu pai e acabou sendo muito importante também na minha his-tória. Ele foi certamente um segundo pai para mim e tenho certeza que teria muito mais dificuldade para conseguir chegar até onde estou hoje se não fosse ele. A experiência dele, os nortes que me dava e a segurança que eu sentia nele foram fundamentais para o negócio conti-nuar seguindo em frente”, reconhece Marcus.

Há dois anos, Valdir que já estava aposentado, mas ainda seguia trabalhando ao lado de Marcus, deu

o segundo grande baque na vida de Tosta. “Ele tinha sido diagnosticado com câncer, mas a gente nunca imagina que vai ocorrer o pior. Um dia ele me disse que ia parar de tra-balhar e ir casa para morrer porque não estava aguentando mais. Eu até disse para ele ‘pelo amor de Deus não dizer uma coisa dessa’, mas infeliz-mente isto acabou se confirmando pouco tempo depois”, lamenta o empresário.

Como homenagem ao prin-cipal funcionário da história do comércio, que torceu o nariz e ficou emburrado por meses quando Mar-cus comprou a balança digital, um poema de Valdir com sua imagem estão gravados no fundo do estabe-lecimento, local exato onde por mais de duas décadas trabalhou o poeta. “Eu consegui fazer esta homenagem em vida para ele. Hoje é legal olhar para cá e lembrar dele”, sacramentou Tosta, com um sorriso no rosto.

Hevandro Soares Da Redação

Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon: patrono de Rondonópolis

Seu nome era Cândido Mariano da Silva Rondon, era descendente de bandeirantes paulistas e de espanhóis dos Pireneus, tendo do lado mater-no, sangue de índios Boróros e Terenos.

Talvez seja devido a isso o seu grande amor aos índios.

Nasceu na Sesmaria do Morro Redondo, nos campos do Mimoso, ao sul do Estado de MT, na época em que se iniciava a nossa guerra com o Paraguai e por coincidência, no mesmo dia em que o Congresso de Assunção homenageava Francisco Solano Lopes, dando-lhe o título de Ma-rechal em 5 de Maio de l865. Será que sob tal coincidência, espírito de batalhas deveria seguir mais

tarde a carreira militar e vir a ser um Marechal?

Cândido Mariano da Silva, nasceu órfão de pai e seu sobrenome “Rondon”, foi acres-centado mais tarde, pois era o sobrenome de sua avó Rosa Rondon, mas isso depois de ter sido permitido pelo o Ministério da Guerra, em 28 /11/l890.

Com apenas dois anos de idade ,perdeu também a mãe, Claudina Evangelista, cujo nome ele homenagearia na Escola Clau-dina Evangelista, de Mimoso.

Cândido Mariano da Silva , depois da morte de sua mãe, foi criado pela madrinha, dona Joaquina e pelo avó João Evangelista.

Aprendeu as primeiras

letras com um sargento veterano da Guerra do Paraguai, Jacinto Hélio de Almeida .Ao deixar Mimoso, aos 7 anos de idade, ele já sábia ler.

Atendendo um pedido de seu falecido irmão, seu tio Manoel Rodrigues da Silva Ron-don, levou o menino para Cuiabá, onde concluiu os seus estudos primários. Ali, Cândido Mariano da Silva, passou a estudar e viveu em pleno campo, lidando com animais , nadando no Rio Cuiabá, domando novilhos e ao mesmo tempo em que auxiliava o seu tio, trabalhando como caixeiro em sua venda terminando o curso primário, ingressou no Liceu Cuiabano, onde fez o curso secun-dário. Nesse mesmo Liceu, aos l6 anos já era professor primário.

Mas a carreira militar o atraía e sendo assim, seguiu para o Rio de Janeiro, onde sentou praça no 3º Regimento de Artilharia a Cavalo em 26 de Novembro de l88l, passando logo a freqüentar a Escola Militar e a Escola Superior de Guerra. Não posso deixar de frisar, que Cân-dido Mariano da Silva, sempre figurou com um dos melhores alunos.

A seguir cursou Enge-nharia Militar e obteve o título de Bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais. A seguir lecionou nessa mesma Es-cola quando ainda era Tenente, inclusive sobre Astronomia e Me-cânica Racional, no ano de l888 era Alferes. Aluno, e em l890, já era 2º Tenente de Artilharia e Tenente do Estado Maior da 1º classe. Ele era um dos discípulos de Beijamim Constant e também um de seus alunos, predileto.

Por ocasião da Procla-mação da República em l5 de Novembro de l889, ele estava perto de Beijamim Constant, quando o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República. Nessa época Cândido Mariano da Silva tinha 24 anos e meio.

Em l890, nomearam-no ajudante da comissão constru-tora da linha telegráfica Cuiabá- Registro do Araguaia. Dois anos depois era capitão de engenharia em l903, Major da mesma Arma. Desde esse ano l890, deixou o Rio de Janeiro ,para cumprir o seu dever no sertão . E no sertão tornou-se um evangelizador dos silvícolas e um bandeirante cien-tífico, quase toda a sua existência .

Rondon desbravou e co-locou no mapa de nosso País 500.000 km, devidamente reco-nhecidos, estudados e servidos poR telégrafos e estradas.

Em l907,o então Presi-dente da República, Dr. Afonso Pena, mandou chamá-lo e per-guntou-lhe: Major Cândido Ron-don, é possível ligar Mato Grosso ao Amazonas por telégrafo?

É só querer Senhor Presi-dente foi a resposta singela desse grande herói.

Foi criado, então a Co-missão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas e Rondon era o seu Major-Chefe, permanecendo nessas funções até l930. Essa comissão ficou mais tarde conhe-cida como a Comissão Rondon.

Em 3 anos Rondon ligava Cuiabá a Santo Antônio da Ma-deira, entrosando a nova linha no circuito telegráfico nacional, fato importantíssimo para o Brasil, naquele tempo. Foi um trabalho item, que se desdobrou por mais de 250 léguas, em pleno sertão e em matas somente percorridas pelos aborígenes e estendeu-se poz mais de 300 léguas, através do Amazonas.

Tempo depois, Rondon encontrou um grande chefe , o General Gomes Carneiro, que também pregava o respeito aos índios ,tendo declarado, numa ordem do dia, em l890.

arquivo Folha Regional / Ed. 58 Pg. 06 ano 2005

Homenagem feita por Marcus a Valdir Xavier

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página 701 a 10 de Dezembro de 2014Jornal Folha Regional

Moradores da década de 60 visitam Casario, falam da Rondonópolis de antigamente e exaltam família Cury

Maria de Lourdes Dantas, 75, morou com quatro filhos e o marido, Albino Saldanha Dantas, de 1961 a 1962 em uma das tradi-cionais residências de três peças do Casario, um dos símbolos do início da urbanização de Rondo-nópolis e que na época pertencia a família Cury. Um pouco mais novo, Osvaldo Barbosa de Lima, o ‘Bacaré’, atualmente com 57, chegou na cidade mais tarde e viveu no local de 1969 a 1975. Na última semana, a convite do Folha Regional, os dois fizeram uma emocionada visita ao residencial que os recebeu quando haviam acabado de chegar na então nova cidade; ele vindo de Brasília com o pai, mãe e os irmãos, e ela do es-tado de Minas Gerais, onde havia morado por pouco tempo depois que casou e veio com o marido do nordeste.

Lourdes olhava parte da parede de barro conservada de uma das casas quando lembrava o custo de um mil réis para morar um mês no local. Sem o conforto que se tem hoje, mas com muito mais calor humano, a idosa ressal-ta que era normal a troca de ali-mentos entre os moradores e nem mesmo a ocasião de todo mundo ter que usar o mesmo banheiro fazia com que o desentendimento tomasse conta entre um e outro. “Eu tenho lembranças boas por-que não tinha essa correia que tem hoje. Todo mundo vivia calmo e as pessoas se ajudavam. Na minha época, ainda não haviam cons-truído aquele monte de banheiro e era um só para todo mundo, mas havia respeito que era o mais im-portante. Se faltava açúcar a gente pedia para o vizinho e quando ele pedia arroz a gente dava. Essa falta de segurança que tem hoje era uma coisa que nem passava pela cabeça da gente”, afirmou.

Bacaré diz que apesar de ter chego em Rondonópolis com nove anos, indo passar alguns dias em uma das únicas duas pensões que tinha na época, a Minas Goi-ás, para depois vim passar seis anos com a família no Casario, ele se considera totalmente ron-donopolitano de coração. Depois de acompanhar tantas décadas passando com nomes fazendo a história da cidade e dias sendo marcados de maneira positiva e negativamente na vida das pes-soas, o antigo morador diz sentir uma injustiça com o reconheci-mento geral pelo que fez a família Cury. “Era cobrado para morar aqui, mas esta família, na minha opinião, que foram os verdadeiros

fundadores de Rondonópolis. Assisto as sessões da Câmara, os noticiários da TV e vejo um monte de gente ganhando moção de aplauso em Rondonópolis e outras homenagens e eles não são reconhecidos da maneira que deveriam. Isto é triste porque não é valorizado a historia real de Rondonópolis. Contam muita história, mas a verdade é outra”, lamenta Bacará que se diz amigo pessoal até hoje do Moisés filho.

Sentados em um dos vá-rios bancos que chegaram junto

a um processo de investimento e revitalização feito pelo atual prefeito Percival Muniz, Lourdes e Bacaré lembram que a cheia do Rio Vermelho era extremamente devastadora e tinha o poder de mudar a realidade das pessoas que moravam ali: “A gente su-bia as coisas para cima da casa porque a água vinha sem pieda-de mesmo”, relembrou Bacará. Lourdes conta que era normal ter que sair por um tempo das casas nos períodos chuvosos. “Meu cunhado, que morava nas

primeiras casas, tinha que sair de casa mesmo, até que o rio baixas-se. Não tinha o que fazer”, falou.

Lourdes lembra que teve de sair um ano logo após a sua chegada no Casario porque o ma-rido rapidamente conseguiu em-prego do outro lado do rio, onde havia uma chácara das mesmas freiras que eram as responsáveis da época pela escola Sagrado Co-ração de Jesus, que funciona até hoje e onde os filhos estudavam. Apesar da rápida passagem, ela conta que o acolhimento que

recebiam as pessoas ali talvez era o principal motivo que fizeram as pessoas gostarem e muitas delas continuarem até hoje em Rondo-nópolis. “A maioria das pessoas que moravam ali, assim como foi meu caso, era gente que vinha de longe e chegado recentemente. Não tinha muita coisa na cidade, tinha muito mato ao redor, mas era gostoso porque tinha muita criança, as pessoas recebiam bem uma as outras, então acho que isto fazia quem chegava se sentir em casa”, relata Lourdes.

Osvaldo riu quando se lembrou de algumas diferenças gritantes entre a realidade de do século passado e de agora. “A gen-te vinha do rio com aquela fieira de peixe, ali devia ter uns quatro quilos, mas ia vender para quem? Era peixe demais. Eu entrava no

bota com meus amigos, o bote abaixava e peixe pulava dentro do barco, agora isto é difícil acreditar hoje em dia. Me lembro também de quando começou a surgir a Co-ophalis e eu disse para o meu pai comprar um terreno lá e ele falou: o que eu quero fazer lá no meio daquele mato? Agora quanto cus-ta um terreno lá hoje?”, indaga.

Ambos disseram uma curiosidade: não fazia tanto calor em Rondonópolis nos anos 60, o que para Lourdes tem uma simples explicação. “Cortaram as árvores e não cuidaram da natureza. O progresso é bom, mas perdemos a paz e algumas outras coisas ”, finalizou.

Da Redação Hevandro Soares

Registro histórico; Casario a 50 anos atrás

Os clientes do Plaza Lanches foram contemplados com um novo visual, mais atraente, com a moder-nização do espaço, que ganhou uma rampa de acesso para os deficientes físicos. Agora também com Internet WI-FI. Também com pedidos pelo site www.plazalanches.com sem despesas com telefone. Os proprietários Jânio Nunes de Oliveira e sua esposa Lioci Borges, estão felizes com o progresso que beneficia os frequentadores da casa. Jânio fala sobre a importância das mudanças que tem como objetivo oferecer mais conforto e qualidade aos seus clientes.

“Nós mudamos o Layout , e estamos divulgando o nosso slogan, (Desde 1985 do jeito que você gosta), dentro das inovações estamos com produção própria de alimentos, com o nosso tempero especial. A padro-nização sempre fez parte dos nossos serviços, e desta forma já estamos orga-nizando as nossas franquias. Abrimos a nossa segunda loja Plaza Lanches II na Av. Fernando Correia da Costa”.

O empresário detalha que

conta com uma equipe de 28 garçons, todos uniformizados para bem aten-der os clientes. A lanchonete ainda conta com Play Grounds oferecendo mais conforto e tranquilidade para as famílias que vem ao Plaza com as suas crianças. “Estamos preparados para crescer com esta cidade que nesta data comemora 61 anos de emancipação”.

Segundo o entrevistado, todo planejamento é feito em cima da von-tade dos consumidores. “Tudo o que fazemos é pensando em nossos clientes sobre tudo procurando oferecer à eles mais conforto e qualidade. Venham nos visitar, a nossa loja 01 fica na Rua D. Pedro II, Vila Aurora, telefone 66 3422-1460 / 663 4224302 e a nossa loja 02 na Av. Fernando Correia da Costa próximo a Praça Brasil, telefones 66 3421-4226 / 66 9953-9078, Que-remos desejar a todos os rondonopo-litanos muitas felicidades e progresso constante.” Ressaltou o proprietário Jânio Nunes.

Da Redação; Denis Maris

PLAzA LANCHeS: 29 anos de tradição com estrutura moderna para rondonopolitanos

Plaza Lanches II, nova loja na Fernando Correia da Costa, próx. a praça Brasil

Plaza Lanches I, na rua Dom Pedro II, Vila Aurora com RESTAURANTE COMPLETO

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01 a 10 de Dezembro de 2014página 8 Jornal Folha Regional

“o horto foi um presente que, desde o início, meu pai quis dar a Rondonópolis”, diz Júlio Goulart

Um dos locais mais en-cantadores de Rondonópolis, o Bosque Municipal Izabel Dias Goulart, o ‘Horto Florestal’, não foi obra do mero acaso ou fruto de uma decisão de alguma esfera jurídica ou de um grupo preser-vacionista. Quem garante é o en-genheiro civil Júlio Goulart, filho de Júlio Dias Goulart, o homem que por conta própria cedeu a área para o Município fazer virar um símbolo do meio ambiente e um dos cartões postais da, hoje, maior cidade da região sul de Mato Grosso.

Ao lado da reportagem, Júlio passeou pelas trilhas cons-truídas em meio aos 15 hectares do parque, onde existe, além da mata, playground, lanchonete, áreas de lazer e pistas de caminha-da. Ele contou o que pensava seu pai quando preservou esta área para que ela se tornasse o que é hoje. “Ele (pai) trabalhava com

loteamento, mas sempre foi um amante da natureza. Sempre dizia que esta mata que ele conservava ia ser muito importan-te, então o horto foi u m p r e -sente que, desde o início, meu pai quis dar a Rondonópolis”, enfatizou Goulart.

J ú l i o , o pai, hoje com 98 anos, adquiriu no passado a fazenda que congrega boa parte de onde é hoje o bairro Vila Goulart do próprio pai, Francisco de Paula Goulart, logo que chegou na cidade, no ano de 1953. Francisco ha-via chego um pouco antes, em 1945, e por sua vez havia comprado as terras a beira do Rio Vermelho de Marechal Cãndido Rondon. Ao todo, a propriedade tinha 40 mil hectares.

Aos 61 anos, Júlio, o filho, garante que toda a família Goulart se orgulha de ter feito parte tão ativamente da formação habitacional e da história geral de Rondonópolis. O horto, especifi-camente, que leva o nome da avó do engenheiro, é um patrimônio tão rico que, de fato, não tinha ra-zão de ser apenas de um só dono, na visão do engenheiro.

“Hoje isto aqui é um dos locais mais visitados da cidade, seja o fim de semana, ou mesmo nos inícios da manhã e fim de tarde, onde o pessoal faz atividade esportiva, este ambiente é o mais propício para isto. Moro bem aqui perto e desfruto deste local

com minha família, assim como várias outras famílias de Rondo-nópolis. Meu pai, mesmo hoje já com idade avançada, se sente até

hoje muito honrado por ter tido este cuidado de preservar

este local”, comenta o entrevistado.

Não só o horto muni-

cipal, mas o povoa-

mento da margem do Rio Ver-mellho do lado da Vila Goulart é tido como um exemplo por Júlio, já que se respeitou os limites e os trâmites legais para impulsionar a habitação. “É só olhar do outro lado do rio e ver o que fizeram na Vila Canaã e tantos outros locais lindos que desordenadamente foi povoado. Agora do lado de cá, o máximo que se encontra é algumas famílias de antigos pescadores, mas não há prédios, construções mal feitas, tampouco poluição como do outro lado. Também nos orgulhamos disso”, diz Júlio.

Sobre a data exata de do-ação do horto ao patrimônio público, Júlio não fez questão de precisar, nem mesmo enalteceu

o trabalho de algum prefeito. Ele preferiu dividir os méritos ao contar a história. “Ocorreu que em 1984, o prefeito Carlos Bezerra pediu a área para a Prefeitura e o meu pai cedeu, mas a primeira mata não era exatamente do ta-manho que vemos hoje. Logo os prefeitos que foram vindos depois, argumentaram a necessidade de expansão do parque, aí foi dado um hectare em uma gestão, mais três em outra, até que se chegasse

ao parque nas condições que vemos hoje: cercado e com

algumas intervenções feitas. As benfeito-

rias foram feitas por vários

deles (pre-feitos)”,

expli-cou.

Questionado se mudaria algo no horto, Júlio fez apenas uma observação de investimento: “Acho que poderia ser repovoado de árvore o canto esquerdo do bosque, próximo ao horto hotel, com árvores frutíferas e outras espécies nativas. Agora o que eu vejo todo ano é a prefeitura fazen-do uma gradeação da terra, um abatimento do mato que cresce, mas aquele lado sempre esta mais aberto e ralo (...) No mais, creio que toda população deve seguir aproveitando do local, respeitando os animais, a flora e todos os seres vivos que ali habitam porque na verdade a casa é deles, nós somos só visita”, concluiu.

Hevandro Soares Da Redação

RondonópolisOh! Rondonópolis queridaBerço sonhado de outroraEsperança e dádiva de vidaOnde o progresso vigora

Terra de gente valenteOperários com o pé no futuroEgrégora do amor persistenteDe heróis trabalhando duro

Teu progresso é inevitávelTua glória sem limite

Teu Povo é sempre afávelTua pujânça haverá que imite

Será o orgulho desta naçãoImpondo seu trabalho fecundo

Alicerçado pari e passu à educação

Escritor Odair C. Costa apresentando seu livro: “A Colcha de Retalhos” na redação do Folha Regional especialmente para a edição de aniversário de Rondonópolis

cuRiosidadEs: Segundo crença popular, quan-do os bugios que existem no horto cantam vorazmente é sinal que deve chover nas próximas horas

Os machos da espécie arara vermelha que comumente são encontrados no horto se diferem das fêmeas por ter o bico mais comprido e estreito.

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Cândido Borges Leal, o ‘Candinho’: um dos prefeitos mais lembrados da história

O único paulista e far-macêutico que comandou Rondonópolis em toda sua história, Cândido Borges Leal, o ‘Candinho’, até hoje tem seu nome facilmente lembrado até mesmo por quem não vi-veu a época de seu mandato, que iniciou em 1973 e foi até 1976. A originalidade do nome Candinho, no entanto, não é a única explicação da populari-dade do político histórico, que

foi o sexto homem a ser eleito prefeito de Rondonópolis, mas sim a forma com que conduziu sua vida, seus negócios, a rela-ção com os amigos e o futebol, além da intensidade que amou o próximo e sua família.

Nascido em Pirajuí, uma promissora cidade que fica a menos de 100 quilômetros dos importantes municípios de Marília e Bauru, no rico estado de São Paulo, coragem foi o que nunca faltou para Candinho e os seus irmãos Elzio e Nelson. Mesmo morando no lugar que

ficou conhecido como o maior centro cafeeiro do planeta, em meados do século XX, a vonta-de dos três jovens em desbravar novas terras falou mais alto. Em cima de um caminhão, pra-ticamente transportaram uma farmácia completa para Ron-donópolis. Os medicamentos e móveis chegaram e fizeram história. A farmácia Santa Terezinha, dos irmãos Borges Lealna Marechal Rondon, foi

a primeira da Terra de Rondon. Em entrevista ao Folha

Regional, a esposa de Candi-nho, Ana Dehemica Luz Borges Leal, considera que o senso de humanidade do marido frente a farmácia foi crucial para sua chegada à política. “Ele defi-nitivamente não tinha horário para atender ninguém. Como não tinha médico naquela época como tem hoje, qualquer enfermidade que acontecia na família o pessoal procurava era o farmacêutico e ele en-tendia esta responsabilidade. Jamais houve da parte dele uma relação profissional com as pessoas, era algo mais pes-soal mesmo. Ele se preocupava e isto o tornou muito popular, o que o levou a política”, lembra Aninha, como é carinhosamen-te conhecida.

A atual secretária de Educação de Rondonópolis e primeira dama da cidade, Ana Carla Muniz, é filha de Candi-nho, e considera que a militân-cia popular local tenha iniciado com a história do pai. Apesar de ter orgulho da trajetória política do progenitor, Ana ressalta as relações familiares e o carinho que recebeu de Candinho ao relatar as emoções que a faz lembra-lo. “Quando eu tive meus primeiros filhos, eu tinha leite, mas não conse-guia amamentar. Lembro dele

todo cuidadoso me ajudando a fazer a extração, o que normal-mente seria papel da mãe fazer. Acontece que o carinho dele era tanto que ele tomava a frente e fazia questão de ajudar”, relem-bra Muniz.

Já sobre seu tempo a frente da prefeitura, a viúva detalha que enquanto prefeito Candinho sabia absolutamente tudo o que estava ocorrendo na cidade. “Ele era daqueles que acordava bem cedo e antes de se dirigir até a prefeitura pas-sava pessoalmente em todas as obras que estavam sendo feitas. Quando chegava para trabalhar já ia direto cobrar os responsáveis. Então realmente não dava para enganá-lo. Para ele, ser prefeito era uma missão que ele agarrou muito forte”, diz Aninha.

Se por um lado enérgico, Candinho foi quem instituiu uma sopa (merenda) para trabalhadores de serviços di-versos da cidade na época, o que atualmente é demanda atendida pela Companhia de Desenvolvimento de Rondo-nópolis – Coder. As chamadas obras humanas que o político fez enquanto prefeito, deram a ele uma simbologia de ‘paizão’, algo que foi confirmado no dia

de sua morte, segundo lembra a filha. “Creio que ficou provado para todos nós o tanto que ele cuidava das pessoas no dia do seu velório. A quantidade de gente que apareceu foi real-mente confortador”, ressalta Ana Carla. ‘advERsáRio’ dE PER-cival

A filha ainda lembra que com a efervescência política oriunda do período ditadura, a sua união com o atual prefeito Percival Muniz teve que trans-passar uma barreira: o pai era do Arena II, partido adversário

ao MDB, onde Muniz militava. “Nunca houve uma rixa entre os dois, Percival ia em casa e tudo mais, mas realmente eles eram de lados opostos da políti-ca. Mas depois que eles viraram sogro e genro de fato as coisas se acalmaram de vez”, brinca Ana Carla.

Entre as principais obras de Candinho, muitas de-las foram para a área da educa-ção com construção de escolas, como a Albino Saldanha Dantas na Vila Goulart, que serviu es-pecificamente para atender as crianças que moravam do outro lado do rio e que sem a ponte hoje existente eram obrigados a atravessar o Rio Vermelho rotineiramente de canoa para estudar. O ex-prefeito também foi o responsável pela pavimen-tação asfáltica de boa parte do quadrilátero central, além de ter sido em sua gestão que foi aberta e inaugurada a avenida Presidente Médici. Apesar de todas estas deliberações, Candinho, que deixou a vida em 1996, fez questão de deixar outro legado na lembrança das pessoas.

“Outros políticos até se apossaram do asfalto que ele fez no centro e disseram que eram eles que tinham feito,

mas eu acho que o principal que ficou dele foi mesmo este amor que ele tinha por Rondonópo-lis e pelas pessoas. Ele jogava futebol, adorava se reunir com os amigos, amava os filhos, sobrinhos e a família toda. Ele gostava de gente”, finalizou Aninha, que viveu 33 anos ao lado do marido.

Além de Ana Carla, Can-dinho teve mais dois filhos: Gina Borges Leal e Rogério Borges Leal.

Da Redação - Hevandro Soares

Cândido Borges Leal dirigiu a cidade entre 1973 e 1976

Ana Dehemica Luz Borges Leal, a Dona Aninha, viúva de Candinho

Ana Carla Muniz tinha uma relação muito próxima ao pai

Farmácia Sta. Terezinha, da família Borges Leal, a primeira de Rondonópolis

Candinho em seus momentos de atleta. Ele foi um dos fundadores do futebol amador local

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Joselito Pereira da Silva “zelito Sapateiro” o freguês da feira da Praça dos Carreiros

Joselito Pereira da Silva, 64 anos natural de Poxoréo, casado com Maia José da Silva, ambos tem três filhos Claudio Pereira da Silva, Claudia Maysa da Silva e Claudinéia Pereira da Silva. Cinco netos fazem a felicidade dos avós. Joselito mudou-se para Rondonópolis quando ainda era criança. Na adolescência procurava uma profissão que pudesse montar o seu próprio ramo de negócio. E assim foi, aos 16 anos de idade incentivado pelo colega o sa-pateiro Piza resolveu montar a sapataria.

JoRnal FolHa REGional; vocE QuE acoMPanHou dE PER-To o cREsciMEnTo dE RondonÓPolis duRan-TE EssEs anos Todos, o QuE TE MaRcou Mais nEssa QuEsTÃo?

Zelito; Sem dúvida o ponto alto do crescimento de Rondonópolis começou com a feira da Praça dos Carreiros.

Os feirantes vinham de vários lugares com suas mercadorias em carros de boi para serem vendidas aqui. Vinha gente de Poxoréo, Jarudore, Guiratin-ga, essas cidades eram cheias depequenos produtores rurais. Muitos criavam bois, carneiros, porcos, galinhas e traziam para serem vendidos aqui.

JFR; o QuE REPRE-sEnTava a FEiRa PaRa a sociEdadE Rondo-noPoliTana da ÉPoca?

Zelito; A feira na ver-dade era também um grande encontro de amigos e compa-dres, traziam-se as notícias das cidades vizinhas. Laços, víncu-los de grande amizade que se tornavam depois em festejados casamentos em nossa região. Com a feira da Praça Carreiros, descobriiu-se a vocação de Rondonópolis para esse grande desenvolvimento que a cidade vive. Era um ambiente de con-vivência com a natureza, havia também uma mangueira na

Rua Otávio Pitaluga com a Mal. Rondon, sempre com a presença dos índios Bororos.

JFR; Qual a iM-PoRTÂncia da FaMÍlia na sua vida?

Zelito; Eu sempre brinca-va quando era jovem, que eu me casaria só se fosse com mulher goiana. E eu tive que ir pra Goiás e acabei conhecendo a minha esposa, elaé natuiral daquele estado e nós casamos aqui em Rondonópolis. A família tem uma importância fundamental na estabilidade do homem. É necessário que as pessoas pres-tem bastante a atenção nos pe-quenos detalhes dentro de casa, e dê a sua colaboração a esposa e filhos. Os pequenos detalhes influenciam na felicidade do casal, e acima de tudo ter muita paciência em todas as situações.

JFR; na sua oPi-niÃo nos dias dE HoJE o QuE Mais FaZ FalTa EM RondonÓPolis?

Zelito; Um bom atendi-mento na Saúde, o atendimento é um grande problema, o povo paga seus impostos, e a saúde tem um atendimento precário.

Essa é uma questão fundamen-tal que está faltando para o bem estar e a qualidade de vida dos rondonopolitanos, a saúde do jeito que está machuca a gente.

JFR; RondonÓPo-lis na sua ToTalidadE EsTá dEnTRo das suas EsPEcTaTivas na QuEs-TÃo dEsEnvolviMEn-To, o QuE REPREsEnTa dEus PaRa o ZEliTo, E Qual É o sEu TiME do coRaÇÃo?

Zelito; Surpreedente, nós não esperavamos esse avanço todo em tão pouco tempo, hoje quando você sai num horário de pico dirigindo pelas ruas da cidade encontramos grandes engarrafamentos. Deus é o gran-de ser criador do céu e da terra, nos dá essa força, Deus é tudo. O meu time do coração é o União, eu carrego no peito um meda-lhão com símbolo do Campeão de 2010, e no Rio de Janeiro eu sou Botafoguense.

Da Redação Denis Maris

arquivo Folha Regional / Ed. 205 Pg. 07 ano 2010

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A primeira escola de Rondonópolis “Colégio Sagrado Coração de Jesus”

MUSeU RoSA BoRÓRo - onde parte da história de Rondonópolis se encontra

Segundo o professor Le-nine Póvoas, D. Wunibaldo, sentindo o desenvolvimento de Rondonópolis, decidiu dar apoio às irmãs catequistas franciscanas na criação do Colégio Sagrado Ca-ração de Jesus. Antes funcionava precariamente, em instalações

simples e improvisadas como em toda a frente pioneira. De acordo com o caderno crônicas das irmãs catequistas franciscanas, houve dificuldades, visto que quase nada havia no povoado: desde a água que era buscada no Rio Ara-reau até as salas de aula que eram

superlotadas devido a escassez de professores.

Durante toda a década de 1950, o ensino de Rondonópolis ficou restrito ao nível primário; funcionavam as escolas Sagrado Coração de Jesus, Adventista, algumas escolas municipais e o

curso particular Nossa Senho-ra das Graças, da professora Arolda Deutti Silva. Somente na década de 1960 foram cria-dos cursos ginasiais: Ginásio La Salle, Ginásio Estadual e Ginásio Treze de Junho.

Assim, no início de 1953 foi inaugurada a primei-ra etapa do colégio, colégio novo era uma das principais construções da cidade. Hoje o Colégio Sagrado Coração de Jesus, conta com 11 salas de aula, funcionando em três pe-ríodos, acolhendo um número de 986 alunos e desenvolven-do projetos variados como: CIDADANIA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL, RELAÇÕES HUMANAS, ESCOLA PARA PAIS, entre outras, afirmou a então diretora Irmã Francis.

A história da criação do Museu Rosa Boróro foi tecida junto a história da própria cidade, entre os anos de 1988 a 1996. O prefeito municipal Fausto de Sou-za Farias estabeleceu pela primeira na história do município, normas para a preservação do Patrimônio Histórico Cultural Rondonópolis definindo os objetos de preser-vação.

O Museu Rosa Bororo foi fundado em 25 de Abril de 1988, em Agosto do mesmo ano criou-se a primeira Comissão de Tomba-mento do Patrimônio Municipal. A mesma Lei atribuiu a um Decreto Municipal, o processo de opera-cionalização das garantias legais.

Assim o Decreto número 2.098 de 19 de Agosto de 1987, estabeleceu as normas para o processo de tombamento.

A história de Rondonópo-lis é entrelaçada de forma icono-gráfica, através de objetos antigos, que foram doados pela população. Rádios, televisores, ferros de pas-sar antigos que funcionavam a carvão, telefones antigos, sandália de escravo, máquinas manuais de moer café, todos estão im-pregnados pelas vibrações de sua própria história. Além de um vasto material histórico pessoal doado pelo saudoso benemérito José Sobrinho. O prédio que também abrigou o Poder Legislativo ron-

donopolitano no período de 1960 a 1997, ficou desta forma introni-zado na história cultural do muni-cípio. Após o tombamento em 19 de Agosto de 1997 a edificação foi destinada ao Museu Rosa Bororo.

Posteriormente o prédio passou por uma restauração, que foi coordenada pela Mestra Laci Maria de Araújo Alves e Dra. Luci Léa Lopes Martins Tesouro, ambas professoras do Departa-mento de História da UFMT. Em 15 de Agosto de 1997 foi criada a Associação dos Amigos do Museu Rosa Bororo estavam presentes a essa reunião cerca de cinqüenta e três componentes.

A entidade tem como obje-

tivo principal promover as ativida-des do Museu, segundo o jornalista Cairon coordenador da instituição, vários eventos culturais, exposições temáticas aconteceram neste ano de 2014 naquele espaço. A presença do

público tem sido satisfatória, rece-bendo também visitas das escolas municipais, estaduais e universida-des. O coordenador enfatizou ainda que no mês de novembro teve início o curso de Organização de Eventos,

numa parceria Museu/SENAC, cujo término está previsto para o mês de Fevereiro.

Da redação; Denis Maris c/Museu Rosa Bororo

A Escola Estadual Major Otávio Pitaluga, EEMOP, foi cria-da pelo Decreto número 973 de 01 de Julho de 1965, inicialmente teve como nome “Escola Técnica de Comércio” e funcionou em caráter de empréstimo na Escola Estadual Marechal Dutra, até que em 1971 terminou a construção onde funciona atualmente, em 1972 é inaugurado o Centro Edu-cacional Major Otávio Pitaluga, neste mesmo ano foi cedida para o funcionamento do curso Magis-tério e Escola Técnica.

Durante todo o seu pro-cesso de criação, e consequente-mente processo histórico, essa

instituição ofereceu vários cursos, dentre eles Ensino Fundamental, Segundo Grau Técnico em Con-tabilidade, Secretariado, Normal dentre outros. Algumas persona-lidades ilustres que ministraram aulas na Escola EEMOP, o juiz de direito Dr. Pedro Pereira Campos Filho, o ex prefeito e advogado saudoso Walter Ulissea, o ex pre-feito, advogado Dr. Carlos Gomes Bezerra, e o ex secretário de edu-cação e diretor do curso de Direito da UNIC Dr. Antonio Schommer.

O Patrono da Escola EE-MOP Major Otávio Pitaluga nas-ceu na capital Cuiabá no dia 05 de novembro de 1880, além de

militare era jornalista, foi Deputa-do Estadual representante político da antiga região leste de Mato Grosso (Alto Araguaia, Itiquira, e Povoação do Rio Vermelho). Era amigo pessoal e companheiro de farda de Marechal Cândido Ron-don. A instituição educacional é um estabelecimento de Ensino Público conforme determinação do Conselho Estadual de Educa-ção de Mato Grosso e SEDUC/MT. Funciona nos três períodos, manhã, tarde e noite abrigando nas suas instalações aproximada-mente 1.400 alunos.

Mas o tempo presente está sendo valorizado pelos alunos,

e pelos professores, que estão comemorando os 61 anos de Ron-donópolis com muita alegria. A escola EEMOP foi destaque este ano nas Olimpíadas de Química, como conta o professor Vagner José Martins; “ Cerca de 350 alu-nos se inscreveram na primeira fase, 108 foram selecionados na segunda. Tivemos uma boa classi-ficação recebemos 7 medalhas, 28 menções honrosas, uma medalha de ouro, uma medalha de prata e cinco de bronze. O nosso aluno Sergio Antonio Ederli, foi o único que acertou 100% das questões, já estamos classificados para a fase nacional.” Salientou o professor Vagner. A professora Leila Clair Santos Ederli mãe do aluno Sergio ressaltou que se sente muito feliz com o êxito do filho, e sobre tudo com o apoio da escola e de todo o corpo docente.

A equipe gestora é formada pelo professor Jovenil Messias da Silva (diretor), Rosana Ramon, Marco Aurélio Texeira de Araújo, Paulo Alves Pereira (coordenado-res), Camila Polinati Silva (secre-tária). O Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar tem como presidente Claudinei Antonio Bo-lognez, como tesoureiro Givanildo Fávero e no cargo de secretária Carolina de Ribamar. A Escola EE-MOP através de sua equipe gestora saúda e comemora esta data com todos os rondonopolitanos.

Da redação; Denis Maris c/História Roo Aylon do Carmo

RoNDoNÓPoLIS 61 ANoS: escola eMoP, 49 anos fazendo história na educação

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