Declinação magnética

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Declinação Magnética Por Sandro Rodrigues

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Declinação Magnética

Por Sandro Rodrigues

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Declinação magnética é um fenômeno que ocorre nas bússolas, definido pela não coincidência entre o norte real e aquele apontado pelo instrumento. Como convenção, quando o desvio é à leste, admite-se um valor positivo. Já quando é à oeste, admite-se um valor negativo.

A declinação magnética tem uma influência importante sobre a navegação aérea, já que equipamentos de localização como a bússola e indicadores ADF são produzidos para determinar a proa do voo por meio da medição do ângulo formado entre a direção apontada pelo nariz da aeronave e o norte magnético (nm) do planeta. Esse se diferencia do norte verdadeiro (ng), que é também chamado norte geográfico (pólo norte do globo). Define-se como proa magnética a medida angular anteriormente descrita. Observe que esta é diferente do rumo magnético, que é a variação angular entre a real trajetória da aeronave e o norte magnético. Quando o vento está calmo, pode-se dizer que o rumo é igual à proa. Na influência do vento, o avião voará “caranguejando” e o rumo será “maior” ou “menor” em relação à proa.

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Algumas cartas aeronáuticas, como a WAC, costumam basear-se no norte verdadeiro como referência. O motivo disso é que o campo magnético da Terra sofre constante variação devido ao deslocamento do norte magnético (espécie de ímã gigante incrustado no subsolo). Logo, as proas magnéticas vão se alterando ao longo dos anos. Pense, por exemplo, que em 2010 as pistas de Guarulhos recebem as indicações 09 e 27. Em alguns anos, dependendo da variação do magnetismo, as mesmas pistas poderão agora ter as indicações 10 e 28 ao invés de 09 e 27. Isso ocorre devido à mudança da proa magnética da pista, consequência do “deslocamento” do norte magnético. Esse fato é constante, e, todos os anos, pistas do mundo inteiro sofrem alteração em suas numerações. Observe no mapa o posicionamento do norte magnético atualmente (em vermelho) e na tabela a variação da posição (em coordenadas geográficas) de tal ponto ao longo dos últimos anos.

Norte Magnético

(2001) 81.3ºN

110.8ºW

(2004) 82.3ºN

113.4ºW

(2005) 82.7ºN

114.4ºW

Você pode se perguntar: se as cartas WAC, por exemplo, se baseiam no norte real, como podemos utilizá-la na navegação utilizando apenas uma bússola? Simples! Como já devem ter compreendido, há uma diferença angular entre o norte verdadeiro e o norte magnético:

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Sabendo dessa diferença e tendo em mãos a indicação do norte verdadeiro, é possível calcular o norte magnético de uma carta, por exemplo. Por exemplo: suponha que queiramos navegar da cidade 1 para a cidade 2. De acordo com a carta, devemos seguir o norte verdadeiro para chegar até o destino. Também está expresso na carta o valor da declinação magnética, que é -20 ou 20W (conforme convenção adotada). Seguindo o raciocínio, a bússola estará apontando 20 graus à esquerda do norte geográfico devido à declinação de -20 (20W). Logo, temos que NG – NM = 20 (note que se o valor fosse positivo faríamos NM – NG, pois NM seria maior). Disso, percebemos que o norte geográfico nessa região pode ser obtido através da soma NM + 20. Temos então, que para voar na proa N (norte; 360º) em relação ao norte geográfico e cumprir a navegação descrita na WAC, devemos voar na proa magnética 020 da bússola, que representa a proa norte (360) quando se leva em consideração o norte geográfico da Terra.

É importante salientar que qualquer direção do vento apresentada em informações meteorológicas, tais como METAR e TAF, é informada em graus e em relação ao norte verdadeiro. Logo, se o METAR indica, por exemplo, vento de 130º com 8 nós, o piloto deve ainda calcular a proa magnética do vento utilizando o método apresentado neste manual. O desconhecimento da declinação magnética já foi motivo de desentendimento entre vários pilotos virtuais, que quando vêem um vento de través (90º em relação às duas pistas) no METAR, acabam operando na pista errada por total desconhecimento sobre o assunto. Por exemplo: considere o METAR de Recife: SBRF 132300 27010KT 9999 SCT020 BKN080 26/23 Q1013. A proa verdadeira do vento é 270º. Ou seja, ele está vindo da proa 270º. Contudo, este não deve ser o referencial a ser adotado pelo avião, visto que a numeração das pistas é feita com base no norte magnético. Como as pistas de Recife (SBRF) são a 18 e 36, pilotos desavisados poderiam pensar o seguinte: “o vento está totalmente de través. Devo operar a pista 18, pois é a que possui o maior número de auxílios.” Esse pensamento, que de fato está errado, poderia levar a uma aproximação e pouso inseguros. Por isso, é fundamental ter conhecimento sobre o assunto. Abrindo a carta ADC, visualiza-se o valor da declinação magnética, que na região é 22W (-22). Logo, de maneira simplificada, podemos somar este valor (22) à proa verdadeira, obtendo-se a proa do vento em relação ao norte magnético (270 + 22 = 292). Logo, percebemos que a proa magnética do vento (a ser levada em consideração pelo piloto) é maior do que a apresentada no METAR, o que tornaria inviável a aproximação pela pista 18, que, neste caso, contaria com uma componente de vento de cauda.

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