Demanda de Cuidados e Dimensionamento

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Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento dePortuguês/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4597 DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963 DEMANDA DE CUIDADOS E DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DEMAND FOR PERSONAL CARE AND SIZING OF NURSING IN THE INTENSIVE CARE UNIT DEMANDA DE CUIDADO Y TAMAÑO DE PERSONAL DE ENFERMERÍA EN LA UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS Danielle Samara Tavares de Oliveira 1 , José Melquiades Ramalho Neto 2 , Márcia Abath Aires de Barros 3 , Lucrécia Maria Bezerra 4 , Tatiana Ferreira da Costa 5 , Maria das Graças Melo Fernandes 6 RESUMO Objetivo: identificar a demanda de cuidados e o dimensionamento do pessoal de enfermagem. Método: estudo descritivo, quantitativo, desenvolvido em uma Unidade de Terapia Intensiva adulto com 21 pacientes, de 1 de novembro a 23 de dezembro de 2011. Os dados foram coletados por meio de observação sistemática e consultas aos prontuários utilizando-se o sistema de classificação de pacientes de Perroca e analisados pelo software Statistical Package for the Social Sciences - versão 21.0. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o protocolo nº 488/11. Resultados: houve predominância de cuidados intensivos (75,9%), cuidados semi-intensivos (21,1%), e cuidados intermediários (3%). Identificou-se a necessidade de seis enfermeiros e um excesso de 10 técnicos de enfermagem conforme a Resolução 293/2004 do COFEN. Conclusão: a identificação da demanda de cuidados dos pacientes é indispensável para o direcionamento da assistência de acordo com as necessidades do paciente e evita a sobrecarga de trabalho. Descritores: Unidade de Cuidados Críticos; Cuidado; Dimensionamento. ABSTRACT Objective: to identify the demand for care and sizing of the nursing staff. Method: a descriptive and quantitative study, developed in an intensive care unit with 21 adult patients, from 1 st November to 23 rd December 2011. Data were collected through a systematic observation and medical chart review using the classification system of patients Perroca and analyzed by the software Statistical Package for the Social Sciences - 21.0 version. The research project was approved by the Ethics Committee under protocol nº 488/11. Results: there was a predominance of intensive care (75.9%), semi-intensive care (21.1%), and intermediate care (3%). Identified the need for six nurses and an over 10 nursing technicians according to Resolution 293/2004 COFEN. Conclusion: the identification of the demand for care of patients is essential for targeting of assistance according to the needs of the patient and avoids the overhead work. Descriptors: Critical Care Unit; Care; Sizing. RESUMEN Objetivo: identificar la demanda de atención y dimensionamiento del personal de enfermería. Método: estudio descriptivo, cuantitativo, se convirtió en una unidad de cuidados intensivos con 21 pacientes adultos, a partir de noviembre 1 hasta diciembre 23, 2011. Los datos fueron recolectados a través de la observación sistemática y la revisión de la historia médica con el sistema de clasificación de pacientes Perroca y se analizaron mediante el paquete estadístico para las Ciencias Sociales - Versión 21.0. El proyecto de investigación fue aprobado por el Comité de Ética bajo el protocolo n º 488/11. Resultados: se observó un predominio de cuidados intensivos (75,9%), cuidados semi-intensivos (21,1%) y de cuidados intermedios (3%). Identificó la necesidad de seis enfermeras y más de 10 técnicos de enfermería de acuerdo a la Resolución 293/2004 COFEN. Conclusión: la identificación de la demanda de atención de los pacientes es esencial para la orientación de la asistencia de acuerdo con las necesidades del paciente y evita la sobrecarga de trabajo. Descriptores: Unidad de Cuidados Intensivos; Cuidados; Tamaño. 1 Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Docente da Faculdade Santa e Emília de Rodat. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] ; 2 Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Docente da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança. João Pessoa (PB), Brasil.E-mail: [email protected] ; 3 Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal da Paraíba/PPGENF/UFPB. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] ; 4 Enfermeira Gerente do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Lauro Wanderley, Universidade Federal da Paraíba/UFPB. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] ; 5 Enfermeira, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal da Paraíba/PPGEN/UFPB. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail:[email protected] ; 6 Enfermeira, Professora Doutora em Sociologia, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] ARTIGO ORIGINAL

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Artigo que relaciona demanda de cuidados com dimensionamento

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  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4597

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    DEMANDA DE CUIDADOS E DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

    DEMAND FOR PERSONAL CARE AND SIZING OF NURSING IN THE INTENSIVE CARE UNIT DEMANDA DE CUIDADO Y TAMAO DE PERSONAL DE ENFERMERA EN LA UNIDAD DE CUIDADOS

    INTENSIVOS Danielle Samara Tavares de Oliveira1, Jos Melquiades Ramalho Neto2, Mrcia Abath Aires de Barros3,

    Lucrcia Maria Bezerra4, Tatiana Ferreira da Costa5, Maria das Graas Melo Fernandes6

    RESUMO

    Objetivo: identificar a demanda de cuidados e o dimensionamento do pessoal de enfermagem. Mtodo: estudo descritivo, quantitativo, desenvolvido em uma Unidade de Terapia Intensiva adulto com 21 pacientes, de 1 de novembro a 23 de dezembro de 2011. Os dados foram coletados por meio de observao sistemtica e consultas aos pronturios utilizando-se o sistema de classificao de pacientes de Perroca e analisados pelo software Statistical Package for the Social Sciences - verso 21.0. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comit de tica sob o protocolo n 488/11. Resultados: houve predominncia de cuidados intensivos (75,9%), cuidados semi-intensivos (21,1%), e cuidados intermedirios (3%). Identificou-se a necessidade de seis enfermeiros e um excesso de 10 tcnicos de enfermagem conforme a Resoluo 293/2004 do COFEN. Concluso: a identificao da demanda de cuidados dos pacientes indispensvel para o direcionamento da assistncia de acordo com as necessidades do paciente e evita a sobrecarga de trabalho. Descritores:

    Unidade de Cuidados Crticos; Cuidado; Dimensionamento.

    ABSTRACT

    Objective: to identify the demand for care and sizing of the nursing staff. Method: a descriptive and quantitative study, developed in an intensive care unit with 21 adult patients, from 1st November to 23rd December 2011. Data were collected through a systematic observation and medical chart review using the classification system of patients Perroca and analyzed by the software Statistical Package for the Social Sciences - 21.0 version. The research project was approved by the Ethics Committee under protocol n 488/11. Results: there was a predominance of intensive care (75.9%), semi-intensive care (21.1%), and intermediate care (3%). Identified the need for six nurses and an over 10 nursing technicians according to Resolution 293/2004 COFEN. Conclusion: the identification of the demand for care of patients is essential for targeting of assistance according to the needs of the patient and avoids the overhead work. Descriptors:

    Critical Care Unit; Care; Sizing.

    RESUMEN

    Objetivo: identificar la demanda de atencin y dimensionamiento del personal de enfermera. Mtodo: estudio descriptivo, cuantitativo, se convirti en una unidad de cuidados intensivos con 21 pacientes adultos, a partir de noviembre 1 hasta diciembre 23, 2011. Los datos fueron recolectados a travs de la observacin sistemtica y la revisin de la historia mdica con el sistema de clasificacin de pacientes Perroca y se analizaron mediante el paquete estadstico para las Ciencias Sociales - Versin 21.0. El proyecto de investigacin fue aprobado por el Comit de tica bajo el protocolo n 488/11. Resultados: se observ un predominio de cuidados intensivos (75,9%), cuidados semi-intensivos (21,1%) y de cuidados intermedios (3%). Identific la necesidad de seis enfermeras y ms de 10 tcnicos de enfermera de acuerdo a la Resolucin 293/2004 COFEN. Conclusin: la identificacin de la demanda de atencin de los pacientes es esencial para la orientacin de la asistencia de acuerdo con las necesidades del paciente y evita la sobrecarga de trabajo.

    Descriptores: Unidad de Cuidados Intensivos; Cuidados; Tamao. 1Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Docente da Faculdade Santa e Emlia de Rodat. Joo Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected]; 2Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Docente da Faculdade de Enfermagem Nova Esperana. Joo Pessoa (PB), Brasil.E-mail: [email protected]; 3Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, Universidade Federal da Paraba/PPGENF/UFPB. Joo Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected]; 4Enfermeira Gerente do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Universitrio Lauro Wanderley, Universidade Federal da Paraba/UFPB. Joo Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected]; 5Enfermeira, Mestranda, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, Universidade Federal da Paraba/PPGEN/UFPB. Joo Pessoa (PB), Brasil. E-mail:[email protected]; 6Enfermeira, Professora Doutora em Sociologia, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal da Paraba. Joo Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected]

    ARTIGO ORIGINAL

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4598

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) so

    ambientes de cuidados complexos, destinados

    ao atendimento de pacientes graves, que

    demandam espao fsico especfico, recursos

    humanos especializados e arsenal tecnolgico

    avanado, o que as tornam unidades de alto

    custo.1 Nesse cenrio, os profissionais da

    sade, especialmente mdicos e enfermeiros,

    so possuidores de grande aporte de

    conhecimento e habilidades para a realizao

    de procedimentos. Assim sendo, tais

    profissionais, necessitam de muito preparo,

    pois frequentemente se confrontam com

    situaes crticas cujas decises definem o

    limite entre a vida ou a morte.2

    No que concerne assistncia de

    enfermagem, reconhecidamente, a UTI

    implica em elevada carga de trabalho devido

    alocao de pacientes sujeitos s constantes

    alteraes hemodinmicas e iminente risco de

    morte, os quais exigem cuidados complexos,

    ateno ininterrupta e tomada de decises

    imediatas. Ademais, a prpria evoluo da

    tecnologia impe trabalhos hospitalares

    revestidos de componentes cognitivos

    complexos e que podem acarretar em

    sobrecargas mentais nos trabalhadores.3

    Cabe destacar, que em nvel nacional, a

    insuficincia numrica e qualitativa de

    recursos humanos para o servio de

    enfermagem tem sido motivo de preocupao

    para os enfermeiros que ocupam cargos de

    gerncia de enfermagem, uma vez que a

    inadequao desses recursos, para

    atendimento das necessidades de assistncia

    de enfermagem aos pacientes, compromete

    seriamente a qualidade do cuidado e implica

    em sobrecarga de trabalho, possuindo nesse

    sentido, questes legais e de sade do

    trabalhador.4

    O Conselho Federal de Enfermagem

    (COFEN), por meio da Resoluo 293/2004

    estabeleceu parmetros para o

    dimensionamento do pessoal de enfermagem

    nas instituies de sade, estabelecendo a

    quantidade de horas de enfermagem de

    acordo com o nvel de complexidade da

    assistncia, para tanto, o enfermeiro gerente

    deve adotar um sistema de classificao de

    pacientes para categorizar a demanda de

    cuidados dispensados.5

    A adoo de um Sistema de Classificao

    de Pacientes (SCP), nas unidades hospitalares,

    especialmente nas UTIs, possibilita ao

    enfermeiro gerente, maior conhecimento

    acerca de sua clientela, alm disso,

    oportuniza o desenvolvimento de habilidades

    e competncias dos profissionais para

    assegurar a assistncia e o gerenciamento de

    um modo mais seguro, inovador, autnomo e

    participativo. Existem vrios SCP, os quais

    podem ser utilizados em qualquer ambiente

    do contexto hospitalar. Um instrumento

    elaborado e validado por Perroca (1996) tem

    obtido excelentes resultados demonstrados

    em alguns estudos.6,7

    A Lei do Exerccio Profissional da

    Enfermagem 7.498/86 em seu artigo 11,

    define que cabe privativamente ao Enfermeiro

    o planejamento, organizao, coordenao,

    execuo e avaliao dos servios de

    enfermagem.8 Dessa forma torna-se

    imprescindvel que o enfermeiro gerente

    torne esses processos aplicveis a sua prxis,

    de forma a garantir a qualidade da assistncia

    de enfermagem.

    A estratgia do dimensionamento de

    pessoal de enfermagem representa a

    aplicao de um processo sistemtico para

    determinar o nmero e a categoria

    profissional requerida para prestar cuidados

    de enfermagem que garantam qualidade e

    segurana a um grupo de pacientes, e sua

    operacionalizao requer a utilizao de um

    mtodo que possibilite sistematizar o inter-

    relacionamento e a mensurao das variveis

    que interferem na carga de trabalho da

    equipe de enfermagem.9

    Por ser a UTI, um ambiente complexo, e

    que pode demandar desgaste fsico e

    psicolgico nos trabalhadores, indispensvel

    o adequado dimensionamento de pessoal,

    adequado a demanda de cuidados, buscando

    evitar sobrecarga de trabalho e desgaste do

    profissional de enfermagem. A partir da, ser

    possvel refletir sobre o adequado

    dimensionamento de pessoal, buscando a

    racionalidade de recursos humanos e

    financeiros empregados nessa unidade,

    proporcionando dessa forma, melhoria na

    qualidade da assistncia e a adequao da

    carga de trabalho de enfermagem com o que

    preconizado na resoluo COFEN 293/2004.5

    Dessa forma, esse estudo tem como

    objetivos:

    Identificar a demanda de cuidados de

    enfermagem em uma Unidade de Terapia

    Intensiva adulto por meio do Sistema de

    Classificao de pacientes de Perroca

    Investigar se o dimensionamento de

    pessoal de enfermagem est adequado para a

    demanda de cuidados dos pacientes.

    Estudo prospectivo de natureza descritiva

    com abordagem quantitativa realizado na

    Unidade de Terapia Intensiva (UTI-Adulto) do

    INTRODUO

    MTODO

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4599

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    Centro de Terapia Intensiva de um Hospital

    Escola. A amostra constituiu-se por 21

    pacientes internados nesse servio no perodo

    de 01 de novembro de 2011 a 23 de dezembro

    de 2011. Os critrios de incluso foram:

    pacientes admitidos na UTI adulto com tempo

    de permanncia mnima de internao de 24

    horas, e que aceitaram participar da pesquisa

    mediante assinatura ou do responsvel legal

    do Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido. Foram excludos do estudo

    aqueles pacientes com tempo de internao

    inferior a 24 horas e que no aceitaram

    participar da pesquisa mediante assinatura do

    TCLE ou do seu responsvel legal.

    Para coleta de dados foi utilizado um

    instrumento para classificao de pacientes

    elaborado e validado por Perroca,9 guiado

    pela Teoria das Necessidades Humanas Bsicas

    de Wanda Horta, que considera as

    necessidades individuais dos pacientes.10 Esse

    instrumento contm atualmente nove

    indicadores crticos: Planejamento e

    Coordenao do processo de cuidar,

    investigao e monitoramento, cuidado

    corporal e eliminaes, cuidado com pele e

    mucosas, nutrio e hidratao, locomoo e

    atividade, teraputica, suporte emocional e

    educao sade.

    Para realizar a classificao cada um destes

    indicadores recebeu uma gradao de um a

    quatro, apontando em ordem crescente a

    complexidade do cuidado exigido. O paciente

    foi classificado em todos os indicadores dentro

    de um dos quatro nveis, na opo que melhor

    descreveu a sua situao. O somatrio final

    categorizou os cuidados em: mnimos,

    intermedirios, semi-intensivos e intensivo.9

    As definies desses nveis de cuidados

    elencadas por Perroca est em consonncia

    com a resoluo 293/2004 do Cofen.5

    Para coleta de dados foram utilizadas as

    tcnicas de observao sistemtica, alm de

    consultas aos pronturios dos pacientes,

    buscando evidenciar as necessidades de

    cuidados segundo o sistema de classificao

    de pacientes de Perroca.9 Os pacientes foram

    avaliados uma vez diariamente at o desfecho

    clnico (alta ou bito), exceto nos plantes de

    finais de semana. A coleta de dados foi

    realizada por duas enfermeiras que fazem

    parte do quadro clnico da unidade em estudo,

    durante um perodo de 39 dias no total.

    Para o procedimento de anlise de dados

    seguiu-se os seguintes passos: os dados foram

    inseridos em um sistema de banco de dados

    utilizando-se o software Statistical Package

    for the Social Sciences (SPSS) verso 21.0.

    Para o clculo da mdia aritmtica de

    pacientes/dia foram realizadas consultas ao

    banco de dados diferenciando os graus de

    cuidados por meio dos escores estabelecidos

    na escala de Perroca, em mnimos,

    intermedirios, semi-intensivos e intensivos, a

    partir da quantificao do nmero de cuidados

    prestados/dia aos pacientes. A partir dai, esse

    nmero absoluto foi dividido por 39, que a

    quantidade de dias em que o estudo foi

    realizado, obtendo-se dessa forma a mdia

    aritmtica de pacientes/dia por demanda de

    cuidado. Posteriormente, foram calculadas as

    horas de trabalho de enfermagem para as 24

    horas, segundo a necessidade de cuidados do

    paciente, tendo por base a resoluo

    293/2004,5 por meio da seguinte frmula:

    Horas de enfermagem =

    [(PCMx3,8)+(PCIx5,6)+(PCSIx9,4)+(PCItx17,9)].

    Sendo: PCM = pacientes de cuidados mnimos;

    PCI = pacientes de cuidados intermedirios;

    PCSI = pacientes de cuidados semi-intensivos;

    PCIt = pacientes de cuidados intensivos. Logo

    aps, foi realizada o clculo de quantificao

    de pessoal para o setor atravs da constante

    de Marinho (Km), por meio da formula:

    Quadro de pessoal = Km x Horas de

    enfermagem. Sedo que Km= DS/JST x IST,

    onde: DS= Dias da semana= 7 dias; IST=

    adicional de trabalhadores de enfermagem

    para cobertura de ausncias imprevistas ao

    trabalho, por absentesmo ou por benefcio,

    que foi considerado 15%; JST= Jornada

    semanal de trabalho, que foi considerado 30

    horas.

    A quantidade de pessoal foi calculada por

    meio da formula QP= Km x THE, onde QP=

    quantidade de pessoal, KM= constante de

    Marinho e THE= total de horas de

    enfermagem. Assim, o quadro de pessoal

    necessrio para trabalhar na UTI foi obtido e

    confrontado com o recomendado na resoluo

    COFEN n 293/2004.5 Por fim, os dados foram

    discutidos a luz da literatura pertinente, e

    pela viso interpretativa do pesquisador.

    Essa pesquisa obedeceu Resoluo 196/96

    do Conselho Nacional de Sade, que

    regulamenta estudos envolvendo seres

    humanos.11 Obteve parecer favorvel para sua

    realizao pelo Comit de tica em Pesquisa

    do Hospital Universitrio Lauro Wanderley sob

    nmero de protocolo 488/11.

    Como caracterizao dos sujeitos

    participantes do estudo, abordaram-se os

    seguintes aspectos: sexo, faixa-etria, tipo de

    internao e causas de internao na UTI e a

    procedncia. O estudo teve como amostra 21

    pacientes, que estiveram internados no

    perodo de coleta de dados. Desses, onze

    (52,3%) eram do sexo feminino e dez eram do

    RESULTADOS E DISCUSSO

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4600

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    sexo masculino (47,7%). Do total da amostra,

    14 (62%) eram adultos, sete (33,4%) eram

    idosos, e um (4,76) adolescente. No que se

    refere faixa etria houve predomnio de

    adultos entre 18 a 59 anos (62%), porm

    observa-se uma porcentagem expressiva de

    idosos (33,4%).

    No que concerne aos dados referentes ao

    tipo de internao e as causas de internao

    na UTI foi possvel identificar que maior parte

    das internaes foi de causa Clnica Mdica

    (95,84%), e dentre essas, destacaram-se como

    principais causas: a Insuficincia Respiratria

    Aguda com 20,83%, seguida das Arritmias e

    Choque Sptico com 12,5% cada, as Meningites

    (Bacteriana e Fngica) com 8,33%. O infarto

    agudo do miocrdio (IAM), rebaixamento do

    nvel de conscincia, Insuficincia Renal

    Crnica, Choque Cardiognico, Crise

    Hipertensiva, Trombose Venosa Profunda,

    Guillain Barr, Aplasia Medular e Cirrose

    Heptica ocorreram em menor proporo em

    4,16% cada.

    Com relao procedncia, pode-se

    observar que 38% dos pacientes internados da

    UTI foram procedentes da Clnica mdica,

    14,28% da Clnica de Doenas

    Infectocontagiosas, 9,52% foram provenientes

    do prprio domiclio e 9,52% da Unidade de

    Pronto-Atendimento de Santa Rita (Regio

    Metropolitana), as demais Centro-Cirrgico,

    Hospital Edson Ramalho, Hospital de

    Cajazeiras, Consultrio particular, Hospital de

    Patos e Pediatria ocorreram por 4,76% cada.

    Identificao da Demanda de cuidados

    de Enfermagem dispensados no mbito

    da Unidade de Terapia Intensiva

    A demanda de cuidados de enfermagem

    uma das prioridades a ser identificadas pelo

    enfermeiro gerente, visto que a sobrecarga de

    trabalho acarreta uma srie de aspectos

    negativos tanto para o cuidador quanto para o

    ser que cuidado.

    Tabela 1. Distribuio das avaliaes dos pacientes em tipos de cuidados: mnimo, intermedirio, semi-intensivo e intensivo conforme escores em nmero e percentual na unidade de Terapia Intensiva Adulto. Joo Pessoa-PB, 2011.

    Tipos de Cuidados n %

    Mnimos (9 a 12 pontos)

    Intermedirios (15 a 18 pontos) 7 3%

    Semi-intensivos (19 a 24 pontos) 49 21,1%

    Intensivos (25 a 36 pontos) 177 75,9%

    Total 233 100%

    Fonte: Pesquisa direta: Oliveira, D.S.T.de. Coleta de dados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Joo Pessoa, 2011.

    possvel observar na tabela 1, que no

    ambiente de cuidados, ora estudado, houve

    predomnio do cuidado intensivo sendo

    prestado por 177 vezes (75,9%), por 49 vezes

    (21,1%) houve a necessidade de cuidados

    semi-intensivos e por sete vezes (3%)

    empregou-se os cuidados intermedirios,

    nenhum paciente foi classificado na categoria

    de cuidados mnimos.

    Em estudo realizado em uma UTI, tambm

    de um hospital escola, identificou-se um

    resultado similar, onde a maioria (72,09%) dos

    pacientes demandaram cuidados intensivos.2

    Um paciente de cuidado intensivo entendido

    aquele que grave, todavia recupervel,

    com risco iminente de morte, passvel de

    instabilidade hemodinmica e que requer

    assistncia de enfermagem e mdica

    constante e especializada.5 O percentual de

    pacientes em cuidados semi-intensivos foi de

    21,1%, tambm similar ao estudo de Inoue e

    Matsuda2 que teve um percentual de 21,77%.

    Em outra pesquisa realizada em vrias clnicas

    de um hospital de ensino, incluindo UTI,

    houve predominncia de 100% dos 21

    pacientes que compuseram a amostra.12

    Nesse estudo, prestaram-se cuidados

    intermedirios em 3%. Em pesquisa, realizada

    por Inoue e Matsuda2 a aplicao de sistemas

    de classificao de pacientes, em UTI, revelou

    que no houve paciente de cuidados

    intermedirios. Nesse sentido, destaca-se que

    embora seja em percentual menor, os

    cuidados intermedirios no so

    caractersticos das UTIs, pois, essas destinam-

    se ao atendimento de paciente em estado

    agudo ou crtico.

    Nesse sentido, ressalta-se a importncia de

    se identificar as reais necessidades e

    indicaes de pacientes para admisso e

    permanncia na UTI, visto que esse ambiente

    de cuidados destinado especificamente a

    pacientes crticos e, muitas vezes a ocupao

    de um leito de UTI, para pacientes de

    cuidados intermedirios desnecessria,

    ademais acarreta custos e diminui o nmero

    de leitos disponveis para os pacientes que

    realmente necessitam da assistncia

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4601

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    intensiva. A tabela, logo abaixo, mostra a

    distribuio percentual em relao ao tipo de

    cuidados identificados nas avaliaes dirias

    na UTI-adulto.

    Tabela 2. Distribuio do percentual entre cuidados em relao ao nmero de avaliaes

    dirias. Joo Pessoa, UTI adulto, 2011.

    Cuidados /Dia

    Mnimos Intermedirios Semi-intensivos Intensivos Nmero de Leitos

    1 0% 0% 0% 100%

    2 0% 0% 0% 100%

    3 0% 0% 20% 80%

    4 0% 0% 20% 80%

    5 0% 0% 40% 60%

    6 0% 0% 43% 57%

    7 0% 0% 57% 43%

    8 0% 0% 57% 43%

    9 0% 0% 62% 38%

    10 0% 0% 29% 71%

    11 0% 0% 29% 71%

    12 0% 0% 20% 80%

    13 0% 0% 17% 83%

    14 0% 0% 0% 100%

    15 0% 0% 29% 71%

    16 0% 0% 33% 67%

    17 0% 0% 33% 67%

    18 0% 0% 33% 67%

    19 0% 0% 33% 67%

    20 0% 0% 33% 67%

    21 0% 0% 33% 67%

    22 0% 0% 29% 71%

    23 0% 0% 17% 83%

    24 0% 0% 17% 83%

    25 0% 0% 17% 83%

    26 0% 0% 29% 71%

    27 0% 0% 17% 83%

    28 0% 14% 14% 71%

    29 0% 20% 0% 80%

    30 0% 14% 0% 86%

    31 0% 0% 17% 83%

    32 0% 17% 0% 83%

    33 0% 17% 0% 83%

    34 0% 17% 0% 83%

    35 0% 0% 0% 100%

    36 0% 0% 0% 100%

    37 0% 0% 0% 100%

    38 0% 0% 0% 100%

    39 0% 0% 0% 100%

    Fonte: Pesquisa direta: Oliveira, D.S.T.de. Coleta de dados em Unidade de Terapia

    Intensiva (UTI). Joo Pessoa, 2011.

    A partir da tabela 2, possvel observar a

    distribuio percentual entre cuidados

    mnimos, intermedirios, semi-intensivos e

    intensivos, destacando-se, pois, os cuidados

    intensivos que estiveram presentes durante

    toda a fase de coleta de dados, ou seja nos 39

    dias. Cabe ressaltar que nos dias, 7, 8, 9

    houve maior predomnio de cuidados semi-

    intensivos em detrimento dos cuidados

    intensivos, e nesses dias a capacidade da UTI

    foi mxima, ou seja, sete leitos. Assim,

    destaca-se mais uma vez a necessidade de

    dimensionar adequadamente o pessoal com

    vistas demanda de cuidados a serem

    dispensados aos pacientes.

    Em se tratando do nmero de

    pacientes/dia por grau de cuidados

    dispensados evidenciou-se que a mdia de

    pacientes em cuidados intensivos/dia foi de

    4,53. J a mdia de pacientes em cuidados

    semi-intensivos/ dia foi de 1,25. Por ltimo a

    mdia de pacientes em cuidados

    Intermedirio/dia foi de 0,179. Tendo em

    vista, esses resultados, na parte seguinte, foi

    realizado os clculos referentes s horas de

    enfermagem e quantidade de pessoal

    necessrio a partir da mdia de pacientes

    categorizados por demanda de cuidados

    (intensivos, semi-intensivos e intermedirios).

    Dimensionamento de pessoal de

    enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva

    adulto conforme preconizado na resoluo

    293/2004 do COFEN.

    Para o adequado dimensionamento de

    pessoal a Resoluo COFEN 293/2004,

    determina a quantidades de horas de

    enfermagem necessrias a cada grau de

    cuidados (mnimos, intermedirios, semi-

    intensivos e intensivos). Para efeito de

    clculo, essa resoluo prever que devem ser

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4602

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    consideradas como horas de enfermagem, por

    leito, nas 24 horas.5

    3,8 horas de enfermagem, por cliente, na

    assistncia mnima ou auto cuidado;

    5,6 horas de enfermagem, por cliente, na

    assistncia intermediria;

    9,4 horas de enfermagem, por cliente, na

    assistncia semi-intensiva;

    17,9 horas de enfermagem, por cliente na

    assistncia intensiva.

    Esses nveis de assistncia so obtidos pelo

    sistema de classificao de pacientes, nesse

    estudo foi utilizado Perroca. Dessa forma, no

    item anterior, obteve-se a mdia de

    pacientes/dia, de acordo com o tipo de

    assistncia/cuidado, assim:

    PCM: pacientes de cuidados mnimos: nenhum

    PCI: pacientes de cuidados intermedirios: 0,179

    PCSI: pacientes de cuidados semi-intensivos: 1,25

    PCIt: pacientes de cuidados intensivos: 4,53

    Assim, Horas de enfermagem = [(PCMx3,8)+(PCIx5,6)+(PCSIx9,4)+(PCItx17,9)]

    Horas de enfermagem=[0 + ( 0,179x 5,6) + (1,25 x 9,4) + (4,53x 17,9)]

    Horas de Enfermagem= 0,98 + 11,3 + 78,76

    O total de horas de Enfermagem (THE)

    igual a aproximadamente 93,83 horas. Dessa

    forma, a quantidade de pessoal pode ser

    obtida por: QP= KM x THE, onde, considerando

    o IST de 15% e uma JST de 30 horas semanais,

    temos que o KM= 0,2683 assim, QP= 0,2883 x

    93,83, ento, QP igual a 25,1 ou

    aproximadamente 25 profissionais de

    enfermagem.

    A distribuio de profissionais por categoria

    dever seguir o grupo de pacientes de maior

    prevalncia, nesse sentido, considerando o

    grupo mais prevalente de cuidados, ou seja,

    os cuidados intensivos conforme a Resoluo

    293/2004, o nmero de enfermeiros deve ser

    de 52% a 56% do total de membros da equipe

    de enfermagem.5 Nesse caso, considerando

    que o percentual deve ser de 52%, a

    quantidade de profissionais deve ser de 13

    enfermeiros e 12 tcnicos de enfermagem. A

    figura 2 ilustra a quantidade de profissionais

    existentes em atuao na UTI, e a quantidade

    que deve haver segundo o dimensionamento

    conforme resoluo COFEN 293/2004.

    Figura 1. Comparativo do quadro de pessoal de enfermagem existente na UTI Adulto e do quadro de pessoal conforme dimensionamento de pessoal com base na resoluo COFEN 293/2004. Fonte: Pesquisa direta: Oliveira, D.S.T.de. Coleta de dados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Joo Pessoa, 2011

    A partir da figura acima, pode-se observar

    que o quadro de profissionais de nvel mdio

    corresponde na atualidade a 21 profissionais

    ou 75% da equipe de enfermagem, sendo que

    a menor parcela, sete (25%) so enfermeiros.

    Com base no Sistema de classificao de

    Pacientes, e no clculo de dimensionamento

    de Pessoal conforme resoluo COFEN,2004,5

    a UTI em estudo deveria possuir uma maior

    porcentagem de profissionais de nvel

    superior, ou seja, 13(52%) deveriam ser

    enfermeiros, e 11(48%) deveriam ser tcnicos

    de enfermagem, visto que nesse ambiente de

    cuidados predominou os cuidados intensivos.

    Observa-se, que h um percentual reduzido de

    enfermeiros em relao ao total de

    trabalhadores de enfermagem. Esse achado

    tambm foi identificado em outros estudos em

    Unidade de Terapia Intensiva, esse fato gera

    sobrecarga de trabalho a esses profissionais,

    ou mesmo, disfuno na atuao dos

    profissionais de enfermagem de nvel mdio

    (tcnicos de enfermagem), com potenciais

    prejuzos qualidade da assistncia ao

    paciente crtico internado na UTI.2,14

    Segundo a Lei 7.498/94, compete ao

    enfermeiro privativamente a prestao de

    cuidados diretos de Enfermagem a pacientes

    graves com risco de vida, e a implementao

    de cuidados de Enfermagem de maior

    complexidade tcnica e que exijam

    conhecimentos de base cientfica e

    capacidade de tomar decises imediatas.8

    Nesse sentido, tendo por base o respaldo legal

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4603

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    da profisso, h necessidade de ampliao do

    quadro de profissionais de enfermagem, com

    contratao de mais seis enfermeiros para a

    UTI, visto que essa unidade dispe de sete

    enfermeiros na atualidade, isso, para que seja

    cumprida a execuo legal do disposto na lei

    do exerccio profissional da enfermagem.

    Foi identificado que h um nmero de

    tcnicos de enfermagem superior ao

    encontrado no clculo do dimensionamento de

    pessoal. Na UTI h 21 tcnicos (75%) e deveria

    haver 12(48%) conforme a Resoluo

    293/2004.5 Porm alguns pontos devem ser

    levados em considerao no que concerne a

    quantidade de tcnicos de enfermagem, pois,

    para elaborao de escalas para tcnicos de

    enfermagem em uma UTI, conforme a RDC n0

    7 da Anvisa, que dispe sobre os requisitos

    mnimos para funcionamento de Unidades de

    Terapia Intensiva, deve haver um tcnico de

    enfermagem para cada dois leitos, e um

    enfermeiro para cada oito leitos.14

    Nesse sentido, conforme o

    dimensionamento calculado conforme a

    Resoluo 293/2004 do COFEN, a quantidade

    de tcnicos que foi encontrada nesse estudo

    (11 profissionais), se torna invivel para

    confeco da escala mensal para esses

    profissionais, visto que deve haver no mnimo

    quatro tcnicos por planto, conforme o

    preconizado na RDC n0 7 da Anvisa, pois a UTI

    estudada h sete leitos.

    Dessa forma, convm enfatizar que no

    estudo em questo, deve-se pensar na

    questo da sobrecarga de trabalho a esses

    profissionais, pois a reduo no quantitativo

    de tcnicos pode gerar impactos de sade do

    trabalhador Acrescido a esse fato, outro

    aspecto relevante se relaciona ao fato de que

    a UTI faz parte da estrutura de um hospital

    ensino. H maior necessidade de profissionais

    para dar suporte s atividades acadmicas,

    pois o setor campo de estgio para o ensino,

    prtica e pesquisa de profissionais da sade e

    reas afins, tanto em nvel superior quanto

    em nvel tcnico, sendo necessrio tambm

    refletir acerca dessas questes.

    Por fim, outro aspecto que se deve levar

    em considerao diz respeito ao uso do ndice

    de Segurana Tcnica (IST) emprico de 15%. A

    instituio e a unidade em questo devem

    calcular o seu prprio IST, pois cada unidade

    de cuidados possui suas especificidades e

    realidades que podem interferir no IST, entre

    os trabalhadores de enfermagem, por

    exemplo, varia de acordo com diversos

    fatores, tais como o tipo de trabalho, grau de

    escolaridade, gnero e condies de

    trabalho.2

    Pelo fato do desconhecimento ou no

    controle das caractersticas das ausncias do

    setor, o uso do IST utilizado neste estudo pode

    ter influenciado no dimensionamento do

    pessoal.

    A partir desse estudo foi possvel

    identificar que em relao a demanda de

    cuidados de enfermagem na Unidade de

    Terapia Intensiva adulto, predominou os

    cuidados intensivos, e houve tambm razovel

    parcela de pacientes internados nesse setor

    necessitando de cuidados semi-intensivos,

    sendo que cuidados comumente no

    identificados nesse ambiente de cuidados

    como os cuidados intermedirios foram

    identificados em cerca de 3%.

    Dessa forma, esses dados e informaes,

    ora encontrados, so relevantes quando se

    pensar no adequado dimensionamento do

    pessoal de enfermagem, com objetivo de

    reduzir a sobrecarga de trabalho desses

    profissionais, ademais, essas informaes so

    necessrias para reflexo acerca das reais

    indicaes de um pacientes para a Unidade de

    Terapia intensiva, onde deveriam existir

    apenas os cuidados intensivos.

    Nesse estudo foi possvel tambm

    investigar o dimensionamento de pessoal de

    enfermagem da UTI adulto, e identificar que

    h um dficit de seis enfermeiros no quadro

    da enfermagem, sendo que h 10 tcnicos de

    enfermagem, a mais, do que preconizado

    pela resoluo 293/2004 do COFEN. Nesse

    sentido, h de se levar em considerao

    caractersticas de funcionamento bsico das

    UTI, na qual a ANVISA, determina o limite

    mnimo de recursos humanos para

    funcionamento dessas unidades. Esse clculo

    de pessoal, aqui evidenciado, com base na

    resoluo 293/2004 do COFEN, pode no estar

    condizendo com a realidade encontrada na

    UTI estudada, que dispe de sete leitos,

    devendo haver no mnimo quatro tcnicos por

    planto, sendo invivel a elaborao de uma

    escala com apenas 11 tcnicos de

    Enfermagem.

    No que se refere ao quantitativo de

    profissionais de enfermagem, faz-se

    necessrio a realizao de outros estudos e

    talvez o desenvolvimento de novos mtodos

    de dimensionamento de pessoal, utilizando-se

    Sistemas de Classificao de Pacientes mais

    completos e especficos, para a quantificao

    real da carga de trabalho de enfermagem no

    setor. Por fim, se faz imperativo, a

    classificao rotineira da demanda de

    cuidados dos pacientes internados nesse

    ambiente de cuidados, com vistas a promover

    CONCLUSO

  • Oliveira DST de, Ramalho Neto JM, Barros MAA de et al. Demanda de cuidados e dimensionamento de

    Portugus/Ingls

    Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(7):4597-604, jul., 2013 4604

    DOI: 10.5205/reuol.4656-38001-2-SM.0707201302 ISSN: 1981-8963

    uma melhor qualidade da assistncia, livre de

    danos ou falhas relacionadas a estresse e

    sobrecarga de trabalho. O adequado

    dimensionamento de pessoal possibilita ao

    enfermeiro gerente conhecer a populao a

    quem est prestando o cuidado, e permite

    direcionar a assistncia de acordo com as

    reais necessidades do paciente.

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    Submisso: 08/11/2012 Aceito: 07/04/2013 Publicado: 01/07/2013

    Correspondncia

    Tatiana Ferreira da Costa Rua Maria Jos Rique 369 / Cristo Redentor CEP: 58071-610 Joo Pessoa (PB), Brasil

    REFERNCIAS