Demanda e perfil de usuários de bicicletas nas viagens ...transportes.ime.eb.br/DISSERTAÇÕES/2014...

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES KATTYLINNE DE MELO BARBOSA AVALIAÇÃO HIERÁRQUICA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA HIDROVIAS Rio de Janeiro 2014

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

KATTYLINNE DE MELO BARBOSA

AVALIAÇÃO HIERÁRQUICA DE INDICADORES DE

DESEMPENHO PARA HIDROVIAS

Rio de Janeiro

2014

1

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

KATTYLINNE DE MELO BARBOSA

AVALIAÇÃO HIERÁRQUICA DE INDICADORES DE DESEMPENHO

PARA HIDROVIAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de

Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Ciências em Engenharia de

Transportes.

Orientadores:

Prof. José Carlos César Amorim – D.Ing.

Prof. Marcelo de Miranda Reis – D.Sc.

Rio de Janeiro

2014

2

c 2014

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha.

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em

base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de

arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste

trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado,

para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja

feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s)

orientador(es).

629.04 Barbosa, Kattylinne de Melo

B238a Avaliação Hierárquica de Indicadores de Desempenho para hidrovias /

Kattylinne de Melo Barbosa; orientado por José Carlos César Amorim e

Marcelo de Miranda Reis – Rio de Janeiro: Instituto Militar de

Engenharia, 2014.

119 p.: il.

Dissertação (mestrado). – Instituto Militar de Engenharia, Rio de

Janeiro, 2014.

1. Engenharia de transportes – teses e dissertações. 2. Hidrovia. I.

Amorim, José Carlos César. II. Reis, Marcelo de Miranda. III. Título. IV.

Instituto Militar de Engenharia.

CDD 629.04

3

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

KATTYLINNE DE MELO BARBOSA

AVALIAÇÃO HIERÁRQUICA DE INDICADORES DE

DESEMPENHO PARA HIDROVIAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes

do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre

em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. José Carlos César Amorim – D.Ing.

Prof. Marcelo de Miranda Reis – D.Sc.

Aprovada em 02 de Abril de 2014 pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. José Carlos César Amorim - D.Ing. do IME – Presidente

TC Marcelo de Miranda Reis – D.Sc. do IME

Cap. Marcelino Aurélio Vieira da Silva – D.Sc. do IME

Prof. Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas – D.Sc. da COPPE/UFRJ

Rio de Janeiro

2014

4

Dedico este trabalho a Deus, meus pais, meu esposo,

minhas irmãs e sobrinhos e a todos que me incentivaram

nesta caminhada.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, meus pais José e Sandra, principalmente meu pai que sempre

me incentivou nos estudos e fez de tudo pra me dar o melhor conhecimento. As minhas irmãs

Diva e Heloisa, meus padrinhos, tios, primos e sobrinhos pelo apoio fiel e incansável, mesmo

à distância, nos momentos difíceis, me deram apoio e incentivaram a nunca desistir e me

ensinaram valorosas lições de caráter. Agradeço a caravana da família Silva e Coelho que veio

de Manaus pra me apoiar.

Ao meu esposo Erick, pelo apoio incondicional, amor, paciência, amizade e

companheirismo em todos os momentos na estada no Rio de Janeiro.

Ao Professor Doutor José Carlos César Amorim e o professor Doutor Tenente Coronel

Marcelo de Miranda Reis, por terem sempre norteado esta dissertação, com muita clareza e

simplicidade em suas ações.

As Professoras Doutoras Valdete dos Santos e Carla Calheiros, pelos princípios

acadêmicos ministrados e apoio incondicional desde a época da graduação na Universidade

Federal do Amazonas - UFAM.

Aos ensinamentos dos Professores da PG Transportes do IME e aos colegas de turma

(Aline, Celso, Camila, Paulo Café, Kíssyla, Fernando, Denise, Kátia, Roberta, Bernardo, Pablo

e Ibrahim).

Ao apoio da equipe da ANTAQ, em nome da Doutora Eliane Areas Fadda e o Sr. José

Nascimento, por terem viabilizado a aquisição de dados para esta dissertação.

A Engenheira Alessandra de Jesus da AHIMOC, pelas informações fornecidas sobre a

Hidrovia do Madeira.

A todos aqueles, que em algum momento, ajudaram à realização dessa dissertação.

Aos membros da banca pela gentileza em aceitar o convite para examinar este trabalho.

A CAPES pelo apoio financeiro, sem o qual não seria possível realizar este trabalho.

6

“É preciso força pra sonhar e perceber que a

estrada vai além do que se vê”.

Los Hermanos

7

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 10

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 12

LISTA DE EQUAÇÕES .......................................................................................................... 13

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................ 14

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

1.1 Justificativa ................................................................................................................ 20

1.2 Objetivo ...................................................................................................................... 21

1.3 Objetivo Geral ............................................................................................................ 21

1.4 Objetivos Específicos ................................................................................................. 21

1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 23

2.1 Hidrovias Brasileiras .................................................................................................. 23

2.1.1 Divisão Hidrográfica Brasileira ................................................................................. 24

2.2 Hidrovias Internacionais ............................................................................................ 33

2.2.1 Europa ........................................................................................................................ 33

2.2.2 América ...................................................................................................................... 35

2.2.3 Ásia. ........................................................................................................................... 36

2.2.4 África ......................................................................................................................... 37

2.3 Vantangens do Modo Hidroviário .............................................................................. 37

3 INDICADORES DE DESEMPENHO PARA HIDROVIAS ............................... 41

3.1 Indicadores de Desempenho ...................................................................................... 41

3.2 Indicadores de Desempenho propostos pelo TCU ..................................................... 43

3.3 Indicadores de Desempenho propostos pela PIANC – Associação Mundial de Pesquisa

para Infraestrutura de Transporte Fluvial ................................................................... 46

3.3.1 Infraestrutura .............................................................................................................. 47

3.3.2 Portos ......................................................................................................................... 48

8

3.3.3 Meio Ambiente .......................................................................................................... 49

3.3.4 Frota e Veículos ......................................................................................................... 50

3.3.5 Carga e Passageiros .................................................................................................... 51

3.3.6 Informações e Tecnologia da Informação .................................................................. 52

3.3.7 Desenvolvimento Econômico .................................................................................... 53

3.3.8 Prevenção de Acidentes ............................................................................................. 54

3.3.9 Segurança ................................................................................................................... 55

3.4 Indicadores de Desempenho propostos para o trabalho ............................................. 56

3.4.1 Indicadores de Confiabilidade ................................................................................... 57

3.4.2 Indicadores de Eficiência ........................................................................................... 59

3.4.3 Indicadores de Economicidade .................................................................................. 61

3.4.4 Indicadores de Nível de Serviço ................................................................................ 64

4 METODOLOGIAS DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO PARA APLICAÇÃO

SOBRE INDICADORES ......................................................................................... 68

4.1 Métodos de Apoio Multicritério a Decisão (AMD) ................................................... 68

4.1.1 Método de Análise Hierárquica - AHP ...................................................................... 69

4.1.2 Método de Análise Hierárquica Multiplicativo - MAHP ........................................... 74

4.1.3 Elimination and Chox Traduisant la Realité – ELECTRE ........................................ 75

4.2 Escolha do Método AHP ............................................................................................ 75

4.3 Software Expert Choice 11 ........................................................................................ 78

5 AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES DE HIDROVIAS 79

5.1 Apresentação dos Dados ............................................................................................ 80

5.1.1 Utilização do Software Expert Choice 11 .................................................................. 81

5.1.2 Utilização de Planilha Eletrônica ............................................................................... 85

5.2 Análise dos Resultados .............................................................................................. 93

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 95

6.1 Conclusões ................................................................................................................. 95

6.2 Recomendações para pesquisas futuras ..................................................................... 98

9

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 99

8 APÊNDICE ............................................................................................................. 103

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 Divisão Hidrográfica Nacional. ............................................................................. 24

FIG. 2.2 Mapa das Administrações Hidroviárias ................................................................. 25

FIG. 2.3 Região Hidrográfica Amazônica com suas administrações. .................................. 26

FIG. 2.4 Hidrovia Tocantins/Araguaia. ................................................................................ 29

FIG. 2.5 Hidrovia do Paraná-Tietê. ...................................................................................... 30

FIG. 2.6 Hidrovia do Paraguai ............................................................................................. 31

FIG. 2.7 Hidrovia do Sul.. .................................................................................................... 32

FIG. 2.8 Hidrovia na Alemanha. .......................................................................................... 34

FIG. 2.9 Cruzamento de Hidrovias. ..................................................................................... 34

FIG. 2.10 Comparativo de distância no Canal do Panamá. .................................................... 35

FIG. 2.11 Hidrovia na Ásia. ................................................................................................... 37

FIG. 2.12 Capacidade de Carga ............................................................................................. 38

FIG. 2.13 Critérios hierarquizados através de planilha eletrônica ......................................... 38

FIG. 2.14 Aspectos ambientais relevantes ............................................................................. 39

FIG. 2.15 Matriz de Transporte Brasileira. ............................................................................ 40

FIG. 3.1 Fatores que influenciam o desempenho das Hidrovias ........................................... 66

FIG. 4.1 Matriz Hierárquica de decisão. ................................................................................ 70

FIG. 4.2 Fluxograma para composição do AHP. ................................................................... 74

FIG. 5.1 Indicadores hierarquizados ..................................................................................... 83

FIG. 5.2 Critérios hierarquizados .......................................................................................... 84

FIG. 5.3 Indicadores Hierarquizados através de planilha eletrônica ..................................... 91

FIG. 5.4 Critérios hierarquizados através de planilha eletrônica .......................................... 92

FIG. 8.1 Tela de inicialização do Expert Choice ................................................................ 110

FIG. 8.2 Tela para inserção do objetivo .............................................................................. 111

FIG. 8.3 Inserção do objetivo e critérios ............................................................................. 112

FIG. 8.4 Estrutura da modelagem ....................................................................................... 113

FIG. 8.5 Estrutura de modelagem com os dados inseridos ................................................. 114

FIG. 8.6 Comparação verbal dos indicadores ..................................................................... 115

FIG. 8.7 Comparação numérica dos indicadores ................................................................ 116

FIG. 8.8 Comparação gráfica dos indicadores .................................................................... 117

11

FIG. 8.9 Hierarquização dos Indicadores ............................................................................ 118

FIG. 8.10 Hierarquização dos critérios ................................................................................. 119

12

LISTA DE TABELAS

TAB. 3.1 Indicadores de Desempenho proposto pelo TCU .................................................. 44

TAB. 3.2 Indicadores de Infraestrutura ................................................................................. 47

TAB. 3.3 Indicadores de Portos. ........................................................................................... 48

TAB. 3.4 Indicadores de Meio Ambiente ............................................................................. 49

TAB. 3.5 Indicadores de Frotas e Veículos ........................................................................... 50

TAB. 3.6 Indicadores de Carga e Passageiros.. ..................................................................... 51

TAB. 3.7 Indicadores de Informações e Tecnologia de Comunicação. ................................ 52

TAB. 3.8 Indicadores de Desenvolvimento Econômico. ...................................................... 54

TAB. 3.9 Indicadores de Prevenção de Acidentes. ............................................................... 55

TAB. 3.10 Indicadores de Segurança. ..................................................................................... 56

TAB. 3.11 Indicadores de Confiabilidade. .............................................................................. 58

TAB. 3.12 Indicadores de Eficiência. ..................................................................................... 60

TAB. 3.13 Indicadores de Economicidade. ............................................................................. 62

TAB. 3.14 Indicadores de Nível de Serviço. ........................................................................... 65

TAB. 3.15 Matriz de responsabilidades. ................................................................................. 67

TAB. 4.1 Escala numérica de SAATY .................................................................................. 70

TAB. 4.2 Exemplo ilustrativo de uma matriz com seus elementos e pesos .......................... 71

TAB. 4.3 Índice Randômico .................................................................................................. 73

TAB. 4.4 Comparação entre os métodos de apoio a decisão. ............................................... 74

TAB. 5.1 Demonstrativo da utilização da planilha eletrônica. ............................................. 80

TAB. 5.2 Resultado da Hierarquização. ................................................................................ 81

TAB. 5.3 Resposta dos especialistas. .................................................................................... 86

TAB. 5.4 Cálculo da média, desvio padrão, erros e variações. ............................................. 88

TAB. 5.5 Média, mínimo e máximo dos indicadores. .......................................................... 89

TAB. 5.6 Pesos dos indicadores. ........................................................................................... 90

TAB. 5.7 Expert Choice 11 e Planilha eletrônica. ................................................................ 94

13

LISTA DE EQUAÇÕES

EQ.1 Índice de Consistência...................................................................................................73

EQ.2 Razão de Consistência...................................................................................................73

EQ.3 Cálculo da Média...........................................................................................................87

EQ.4 Desvio padrão................................................................................................................87

EQ.5 Erro padrão....................................................................................................................87

14

LISTA DE ABREVIATURAS

AHIMOC - Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental

AHIMOR - Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental

AHINOR - Administração das Hidrovias do Nordeste

AHP - Analytic Hierarchy Process

AHIPAR - Administração da Hidrovia do Paraguai

AHRANA - Administração da Hidrovia do Paraná

AHSFRA - Administração da Hidrovia do Rio São Francisco

AHSUL - Administração das Hidrovias do Sul

AHITAR - Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia

AIS - Automatic Identification System

AM - Amazonas

AMD - Método de Apoio Multicritério a Decisão

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CITAq - Centro de Informação em Transporte Hidroviário

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CNT - Confederação Nacional do Transporte

COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia

dB - Decibel

DHSEST - Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Transportes de São

Paulo

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ELECTRE - Elimination and Chox Traduisant la Realité

ETC - Estação de Transbordo de Carga

EVTEA - Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental

FENAVEGA - Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial,

Lacustre e de Tráfego Portuário

FEPASA - Ferrovia Paulista S.A.

15

GFI - Gerência de Fiscalização

GOI - Gerência de Outorgas

IC - Índice de Consistência

ID - Indicador de Desempenho

IR - Índice Randômico

IME - Instituto Militar de Engenharia

MAHP - Método de Análise Hierárquica Multiplicativo

MPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MT - Ministério dos Transportes

PA - Pará

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

PIANC - Associação Mundial de Pesquisa para Infraestrutura de Transportes

Fluvial

PNIH - Plano Nacional de Integração Hidroviária

PNLT - Plano Nacional de Logística e Transportes

PPA - Plano Plurianual Mais Brasil

RC - Razão de Consistência

RIS - Serviço de Informação Sobre Tráfico Fluvial

SIGPlan - Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento

SP - São Paulo

SPH - Superintendência de Portos e Hidrovias

SPNT - Secretaria de Política Nacional de Transportes

TCU - Tribunal de Contas da União

TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação

TKUs - Toneladas-quilômetro-úteis

UAR’s - Unidades Regionais

UFAM - Universidade Federal do Amazonas

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

16

RESUMO

A matriz de transportes brasileira ainda apresenta uma significativa parcela do transporte

de cargas concentrado no modo rodoviário. Em função do litoral ser a primeira faixa ocupada

do país e da existência da Serra do Mar como barreira natural a expansão por via hidroviária,

buscando uma solução de menor custo em comparação ao modo ferroviário, as administrações

do país sempre optaram por investir na expansão da malha rodoviária. Cabe ressaltar que em

termos de custo e de capacidade do fluxo de escoamento de mercadorias, o modo hidroviário é

muito mais competitivo que o rodoviário. Em função desses fatores, percebe-se que o mercado

brasileiro cresce cada dia mais, e as rodovias brasileiras já não atendem a demanda do mercado

devido os gargalos nas rodovias e a crescente de veículos que fazem o transporte rodoviário ser

cada vez mais precário. Em decorrência dessa opção inadequada de estratégia nacional, existem

hoje inúmeros pontos de estrangulamentos no processo de escoamento de mercadorias em

território nacional, gerando assim aumento de custo no valor do transporte dos produtos, na sua

grande maioria, movimentados por rodovias. Esse volume de tráfego submetido aos meios de

transportes rodoviários, resultam em perdas de competitividade, pois o transporte é onerado

pela alta do combustível, precariedade das estradas, além da deterioração de mercadorias

perecíveis comprometidas pela demora em serem despachadas. Como alternativa a esse

problema de ineficiência, faz-se necessário o investimento em outros modos de transporte, entre

eles destaca-se as o modo hidroviário. Desta forma, o objetivo dessa dissertação de mestrado é,

primeiramente, identificar os principais indicadores de desempenho que, interferem no

desempenho das hidrovias e, posteriormente, hierarquizar os indicadores através do método

AHP (Analytic Hierarchy Process). O objetivo final é gerar uma lista de prioridades com pesos

associados, que servirá de informação para nortear as tomadas de decisões dos gestores das

administrações hidroviárias, propiciando aumento de eficácia nesse setor.

17

ABSTRACT

The array of Brazilian transport still has a significant part of the transport of concentrated

loads in road transport. Depending on the coastal strip be the first occupied the country and the

existence of the Coast Range as a natural barrier to expansion by waterway route, seeking a

lower cost solution compared to rail transport, the government of the country has always opted

to invest in the expansion of highway. It is noteworthy that in terms of cost and capacity flow

of goods, the waterway is so much more competitive than road. Given these factors, we realize

that the Brazilian market is growing every day more, and Brazilian highways no longer meet

market demand due bottlenecks on highways and increasing vehicles that make road transport

is increasingly precarious. Due to this inadequate choice of national strategy, today there are

numerous points of bottlenecks in the flow of goods in the national planning process, thus

generating increased costs for transport of products, mostly, moved by road. This traffic volume

subjected to the means of road transport, result in loss of competitiveness, since transportation

is burdened by high fuel, precarious roads, besides the deterioration of perishable goods

compromised by the delay in despatch. Alternatively to that inefficiency problem, it is

necessary to invest in other modes of transport, among them stands the waterborne mode. Thus,

the goal of this dissertation is to first identify the key performance indicators that interfere with

the performance of the waterways and then rank the indicators by AHP (Analytic Hierarchy

Process) method. The ultimate goal is to generate a list of priorities with associated weights,

which will provide information to guide the decision making of managers of Waterways

administrations, providing efficiency gains in this sector.

18

1 INTRODUÇÃO

A distribuição dos modos de transportes no Brasil de hoje, é demonstrada pelos percentuais

de participação de cada modal estimados em função das quantidades de toneladas-quilômetro-

úteis (TKUs) de cada modo, resultantes das simulações do PNLT (2012). Evidentemente, os

percentuais obtidos (especialmente no caso dos modais menos representativos) podem diferir

de valores obtidos em outras fontes, considerando as premissas adotadas e os métodos utilizados

para se obterem os carregamentos na malha viária nacional (PNLT, 2012).

A comparação da participação relativa para cada modo demonstra o relativo desequilíbrio

da matriz brasileira de transportes de cargas, quando comparada a de outros países de grandes

dimensões territoriais (como Rússia, Estados Unidos e Canadá) e evidencia também que a

utilização de ferrovias e hidrovias é vantajosa para transportes a distâncias médias e grandes,

que são pouco relevantes nos países de menor dimensão territorial (como Alemanha e França,

por exemplo).

A principal meta do PNLT (2012) é a de, paulatinamente, dar maior equilíbrio à repartição

modal de transportes, com racionalização do uso do modal rodoviário no atendimento de

demandas com maior capilaridade e no complemento dos demais modais. Com a devida

utilização de cada um dos modais de acordo com sua principal vocação, o equilíbrio da matriz

será alcançado com a redução da participação do modal rodoviário e o aumento da participação

relativa dos outros modais.

A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), possui atribuição de regular,

supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transportes aquaviários e de

exploração da infraestrutura portuária e aquaviária, exercida por terceiros, com vistas a garantir

a movimentação de pessoas e bens, em cumprimento a padrões de eficiência, segurança,

conforto, regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas (PNLT, 2012).

Cabe-lhe, também, harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas

concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e os de entidades delegadas,

preservando sempre o interesse público, bem como arbitrar conflitos de interesse e impedir

situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a ordem econômica. Sob

sua regulamentação e supervisão encontram-se quarenta portos públicos marítimos e fluviais,

dos quais vinte e um administrados por sete Companhias docas federais, dezoito administrados

por Estados e Municípios e um pela iniciativa privada. É também de responsabilidade da

19

ANTAQ a regulação de terminais portuários privativos, tanto na costa marítima como em cerca

de 28 mil km de vias navegáveis interiores. Compete ainda à ANTAQ disciplinar o transporte

de cargas e passageiros, tanto nas navegações de longo curso como nas de cabotagem interior,

de apoio marítimo e de apoio portuário, mediante procedimentos de autorização de

funcionamento de empresas e de regulação e fiscalização das atividades desempenhadas por

estas empresas (PNLT, 2012).

No tocante ao subsetor hidroviário, a principal diretriz se relaciona ao uso múltiplo das

águas, o que garante tanto o aproveitamento de rios para a geração de energia elétrica, como a

instalação de eclusas ou outro tipo de dispositivo de transposição dos desníveis resultantes, que

não inviabilizem a navegação fluvial. Com isso, torna-se factível a ampliação e a participação

cada vez maior dessa modalidade na matriz de transporte brasileira.

Neste sentido, o Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT (2012), diz que as

hidrovias possuem um papel fundamental e de grande relevância. Em alguns casos, como no

Amazonas, essas hidrovias são fatores determinantes para o desenvolvimento da região.

As principais hidrovias subordinadas as administrações hidroviárias estão incluídas no

Programa de Manutenção de Hidrovias, onde está inserido no Plano Plurianual Mais Brasil

2012-2015 – PPA (2011), que visa manter as características físicas e operacionais das vias

navegáveis interiores. Esse programa tem como principais ações a dragagem, sinalização,

balizamento, desobstrução dos canais e mitigação de impactos ambientais. Os resultados

esperados destas ações são hidrovias em condições de navegabilidade.

Segundo o Tribunal de Contas da União – TCU (2006) as atividades de manutenção de

hidrovias são insuficientes, principalmente em virtude da carência de recursos humanos e

financeiros e da sistemática de repasse de recursos para as administrações hidroviárias. Estes

fatores também levam à deficiência dos instrumentos de controle e à insuficiência de

mecanismos de avaliação e monitoramento do Programa.

MEREGE (2011), diz que cabe ao Poder Público, na figura da Agência Nacional de

Transportes Aquaviários – ANTAQ, acompanhar (normatizar, fiscalizar e incentivar) a

prestação de serviços para garantir que estes estejam sendo prestados de forma adequada em

consonância com o artigo 28º da Lei 10233/ 2001 e o artigo 6º da Lei 8.987/ 95 ou seja,

respeitando os atributos de: regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,

generalidade, cortesia e modicidade das tarifas.

Atualmente, devido as grandes dificuldades na coleta de dados pelos poderes públicos

decorrente da vastidão geográfica e a falta de meios na fiscalização, os dados referentes as

20

empresas que realizam o transporte hidroviário são esparsos e aperiódicos. Para sanar estas

deficiências, a ANTAQ, está implantando uma estrutura permanente de coleta de dados com o

aperfeiçoamento das suas Gerência de Outorgas (GOI), Gerência de Fiscalização (GFI) e

Unidades Regionais (UAR’s), distribuídas pelas bacias hidrográficas. Porém, neste contexto de

diversos atributos, a compreensão das reais condições torna-se extremante difícil.

É neste contexto que os indicadores de desempenho podem auxiliar a ANTAQ. O

estabelecimento destes e a criação de uma sistemática de coleta destes índices permitirá uma

melhor e mais simples compreensão da realidade individual de cada prestador de serviço, o que

facilitará o processo de gestão buscando otimizar o fluxo nas hidrovias. Neste sentido, este

trabalho propõe o uso de indicadores de economicidade, confiabilidade, eficiência e nível de

serviço.

É importante destacar que, para uma resposta efetiva da metodologia, será necessário uma

divulgação a todos os atores dos benefícios, objetivos e da natureza dos indicadores de

desempenho. Só assim, as respostas serão consistentes e haverá uma efetiva participação de

todos os interessados.

1.1 JUSTIFICATIVA

A atual matriz de transportes é desbalanceada considerando as dimensões do Brasil de

acordo com o PNLT (2012). Com isso a elaboração de indicadores de desempenho se torna

uma ferramenta útil para o desenvolvimento do modo hidroviário, apresentando-se como um

meio eficaz de diagnóstico para usuários, operadores, entidades governamentais de gestão e

organismos financiadores das hidrovias.

Os indicadores também tem o papel de auxiliar nas tomadas de decisão, podendo auxiliar

no planejamento de políticas públicas, em regulamentação, qualificação e especialização dos

órgãos, além de proporcionar formação de opinião aos usuários.

Além do estabelecimento de indicadores é interessante estabelecer uma avaliação da

importância destes indicadores a fim de formar uma lista de prioridades com pesos associados,

que servirá de informação para nortear as tomadas de decisões dos gestores das administrações

hidroviárias. Esta avaliação de importância é estabelecida por métodos de análise multicritério.

21

Em problemas de decisão complexos, geralmente, vários critérios podem ser necessários

para uma escolha final entre diferentes alternativas. A Análise de Decisão Multicritério

padroniza o processo de tomada de decisão através de modelagem matemática, auxiliando o

decisor a resolver problemas nos quais existem diversos objetivos a serem alcançados

simultaneamente. Dentre os métodos desenvolvidos no ambiente das Decisões Multicritério,

merece destaque o Método de Análise Hierárquica (AHP – Analytic Hierarchy Process), que é

baseado na divisão do problema de decisão em níveis hierárquicos para melhor compreensão e

avaliação.

1.2 OBJETIVO

1.3 OBJETIVO GERAL

Esta dissertação tem como objetivo gerar, a partir de uma relação de indicadores

escolhidos, uma lista de prioridades com pesos associados, que servirá de informação para

nortear as tomadas de decisões dos gestores das administrações hidroviárias, propiciando

aumento de eficácia nesse setor.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Aprofundamento da revisão bibliográfica das características das hidrovias brasileiras e

internacionais.

Pesquisa de índices de desempenho e de sua adequação ao estudo de hidrovias.

Desenvolvimento de sistema de indicadores aplicado às hidrovias.

Revisão bibliográfica de metodologias de análise multicritério.

Escolha e emprego de uma metodologia de análise multicritério para avaliação da

importância relativa dos indicadores.

22

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para atingir o objetivo mencionado, este trabalho foi desenvolvido em seis capítulos,

conforme se descreve a seguir:

Capítulo 1 – Introdução: Neste capítulo são apresentadas as considerações iniciais sobre o

tema proposto, o objetivo, a justificativa e a relevância, e a composição da dissertação.

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica. Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica

das hidrovias brasileiras e internacionais, bem como um comparativo dos principais modos de

transportes usados no Brasil, ressaltando as vantagens do hidroviário.

Capítulo 3 – Indicadores de desempenho para hidrovias. Neste capítulo são apresentados

os principais indicadores de desempenho de hidrovias encontrados na literatura nacional e

internacional. A partir desta lista prévia será proposta uma relação de indicadores mais

adequados ao emprego na gestão de hidrovias brasileiras.

Capítulo 4 – Metodologias de análise multicritério para aplicação sobre indicadores.

Buscando obter a importância relativa dos indicadores escolhidos, nesse capítulo serão

apresentadas algumas metodologias de análise multicritério e definida qual a mais adequada

para o emprego em hidrovias.

Capítulo 5 – Avaliação da importância dos indicadores de hidrovias. Buscando determinar

a importância relativa dos indicadores escolhidos serão aplicadas as metodologias de análise

multicritério definidas como mais adequada para o emprego em hidrovias.

Capítulo 6 – Conclusões. Neste capítulo são apresentadas as conclusões e algumas

sugestões para a elaboração de trabalhos futuros.

Capítulo 7 – Referências Bibliográficas. Neste capítulo é apresentado a referência

bibliográfica que serviu de base para esse trabalho.

Capítulo 8 – Apêndice.

23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica das hidrovias brasileiras e

internacionais, bem como um comparativo dos principais modos de transportes usados no

Brasil, ressaltando as vantagens do hidroviário.

Inicialmente é importante definir o que é hidrovia, bem como explicar a diferença entre

essa e uma via navegável.

Via navegável é a superfície aquática que oferece condições naturais de navegabilidade.

Quando essa via recebe intervenções que torna o transporte aquaviário viável em grande escala,

passa a se chamar hidrovia. A hidrovia deve possuir condições de navegabilidade garantida, por

meio de sinalização, balizamento, limpeza e destocamento, dragagens de manutenção e

aprofundamento e eliminação de pontos críticos (PPA, 2011).

2.1 HIDROVIAS BRASILEIRAS

O Brasil dispõe de uma das maiores redes hidrográficas do planeta, com aproximadamente

63 mil quilômetros de extensão, 40.000 km são de rios, lagos e lagoas potencialmente

navegáveis, dos quais 29.000 km são navegáveis, e desses, apenas 13.000 km são realmente

navegados, sendo que a Bacia Amazônica, por si só abrange cerca da metade das vias

navegáveis do território brasileiro (CNT, 2013), porém, para se ter a plena navegação, é

necessário a construção de barragens, eclusas, transposição, dragagem e portos que possibilitem

a integração intermodal.

O transporte hidroviário, possui muitas vantagens em relação aos outros modos de

transporte, como exemplo: menores custo de manutenção, maior vida útil, menor consumo de

combustível, menos acidentes (FENAVEGA, 2012).

Em 2013, o governo brasileiro deu início a contratação de Estudos de Viabilidade Técnica,

Econômica e Ambiental (EVTEA), das seguintes Hidrovias: Parnaíba, Tapajós-Teles Pires,

Juruema e Arinos, Madeira-Mamoré e Guaporé, São Francisco, Paraná-Tietê, Araguaia-

Tocantins, Brasil-Uruguai (Jacuí, Caí, Sinos, Gravataí, Camacuã, Jaguarão, Uruguai e Ibicuí),

24

do lado do Brasil, Cebollati e Tacuay do lado do Uruguai. Além da Lagoa do Mirim, Lagoa dos

Patos, e Lagoa do Casamento.

Ao longo de 2014 outras hidrovias deverão ser contempladas.

No tópico 2.1.1 serão apresentadas as regiões hidrográficas brasileiras.

2.1.1 DIVISÃO HIDROGRÁFICA BRASILEIRA

O Brasil dispõe de uma vasta rede de vias navegáveis interiores, e é dividido em 12 regiões

hidrográficas, conforme Figura 2.1: Região Hidrográfica Amazônica, Região Hidrográfica

Atlântico Nordeste Ocidental, Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental, Região

Hidrográfica do Atlântico Leste, Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, Região Hidrográfica

Atlântico do Sul, Região Hidrográfica do Tocantins/Araguaia, Região Hidrográfica do

Parnaíba, Região Hidrográfica do São Francisco, Região Hidrográfica do Paraguai, Região

Hidrográfica Paraná, e Região Hidrográfica Uruguai.

FIG. 2.1 Divisão Hidrográfica Nacional (CNRH, 2003).

25

Essas regiões são gerenciadas por Administrações Hidroviárias, conforme mostrado na

Figura 2.2, sendo elas AHIMOC - Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental,

AHIMOR - Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental, AHINOR - Administração das

Hidrovias do Nordeste, AHIPAR - Administração da Hidrovia do Paraguai, AHRANA -

Administração da Hidrovia do Paraná, AHSFRA - Administração da Hidrovia do Rio São

Francisco, AHSUL - Administração das Hidrovias do Sul e AHITAR - Administração das

Hidrovias do Tocantins e Araguaia (PNIH, 2013).

FIG. 2.2 Mapa das Administrações Hidroviárias (MT, 2013).

Mostradas as doze regiões hidrográficas, essas serão apresentadas mais detalhadamente.

2.1.1.1 REGIÃO HIDROGRÁFICA AMAZÔNICA

A Região Hidrográfica Amazônica conforme mostrada na Figura 2.3 é constituída pela

Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, situada em território nacional, e pelas bacias

hidrográficas da Ilha de Marajó e do estado do Amapá (CNRH, 2003). Portanto, a Região

Hidrográfica diferencia-se da Bacia Hidrográfica por estar totalmente localizada em território

26

brasileiro, abrangendo os estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e norte

do Mato Grosso, ocupando uma área de 3,8 milhões de quilômetros quadrados, correspondendo

a 45% da área total do país. Forma a maior rede hidrográfica do mundo, com grande número

de vias navegáveis com elevada capacidade de transporte de cargas e passageiros.

FIG. 2.3 Região Hidrográfica Amazônica com suas administrações (PNIH, 2013).

A Região é formada por rios e corpos d’água, sendo dois os órgãos responsáveis por sua

gerência: a Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental – AHIMOC e a

Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental – AHIMOR. As responsabilidades das

Administrações abrangem a execução, o acompanhamento e a fiscalização de estudos, de obras

e serviços de vias navegáveis interiores e portos fluviais e lacustres.

A rede hidrográfica é fundamental para a economia da região e para o desenvolvimento de

sua população, devido à carência de ferrovias e rodovias. As vias navegáveis amazônicas

permitem não só o transporte de passageiros e pequenas quantidades de cargas em embarcações

de pequeno porte como também a navegação de grandes comboios.

Pertencem à Região Hidrográfica Amazônica as hidrovias Solimões-Amazonas, Madeira e

Tapajós.

- Hidrovia Solimões-Amazonas

27

A hidrovia é composta pelo rio Solimões, entre a tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia e

o seu encontro com o rio Negro, pelo rio Amazonas, da confluência do Rio Negro até a sua foz,

no Atlântico, e diversos afluentes de ambos, dos quais destacam-se os rios Negro, Branco,

Purus, Jari e Trombetas, fazendo uma rede de quase sete mil quilômetros de extensão (ANTAQ,

2011).

A administração da hidrovia é compartilhada pela AHIMOC e pela AHIMOR. Na hidrovia

Solimões-Amazonas estão localizados, e em operação, dois portos organizados, 20 terminais

de uso privativo e uma Estação de Transbordo de Carga – ETC.

- Hidrovia do Madeira

O Rio Madeira nasce nos Andes bolivianos e peruanos e banha os estados de Rondônia,

Amazonas e Mato Grosso. É formado pela confluência dos rios Beni (e seu afluente Madre de

Dios) e Mamoré (e seu afluente Guaporé), evento que ocorre em Rondônia, na fronteira entre

Brasil e Bolívia. A partir deste ponto recebe o nome de Madeira e estende-se por cerca de 1.425

quilômetros até a foz no Rio Amazonas, próximo à Itacoatiara (AM).

O rio é navegável numa extensão de 1.056 km, entre Porto Velho e sua foz, no rio

Amazonas, sofrendo um desnível de 19m. Apresentando, em alguns trechos, uma sequência de

corredeiras com declividade média de 20cm/km que permitiria perfeitamente a navegação se

não fosse cortado em escadas por 18 cachoeiras. Tem como período de águas altas entre março

e maio e de águas baixas nos meses de agosto e outubro.

Permite, mesmo na época de estiagem, a navegação de grandes comboios, com até 18.000

t. É uma via fundamental para o escoamento da produção de soja, principalmente, do Centro

Oeste para o exterior. Neste trecho também são movimentados: fertilizantes, derivados de

petróleo, produtos frigorificados, bebidas e carga geral sendo cerca de 2 milhões de toneladas

por ano (ANTAQ, 2011).

Criada há mais de 10 anos, a hidrovia do Madeira é apontada como a mais segura e tem

pouquíssimos acidentes devido ao processo de sinalização da via (ANTAQ, 2011).

Atualmente é a principal hidrovia da AHIMOC, sendo uma importante via de escoamento

de cargas do Centro-Oeste, principalmente de grãos como a soja e o milho, integrando a região

aos grandes portos ao longo do Rio Amazonas, por onde essas cargas podem ser exportadas. A

hidrovia apresenta um alto custo-benefício na redução de custos de transporte, aumentando a

viabilidade da produção num raio de 900 quilômetros (COSTA, 2002).

28

Os investimentos na hidrovia compreendem dragagens, derrocamentos, balizamento e

sinalização.

- Hidrovia Tapajós – Teles Pires

O Rio Teles Pires nasce no interior do Mato Grosso e a sua confluência com outro rio dá

origem ao Rio Tapajós. Esse conjunto de rios se estende por 1576 quilômetros, passando pelos

estados do Amazonas e Pará, desaguando no Rio Amazonas, próximo a Santarém, no Pará

(AHIMOR, 2013). Esse caminho deve se tornar a melhor rota para o escoamento de grãos do

centro-norte do estado de Mato Grosso após a total implantação da hidrovia (ANTAQ, 2011).

De acordo com a AHIMOR (2013), o Rio Tapajós possui extensão de 851 quilômetros

entre a sua origem, no norte do Mato Grosso, até a foz no Rio Amazonas, no município de

Santarém (PA).

Por sua vez, os rios Purus, Acre, Juruá, Japurá e Içá também são rios navegáveis, mas são

utilizados principalmente para o transporte local de passageiros e de pequenas cargas, bem

como para o fornecimento de diesel para o funcionamento de pequenas usinas termoelétricas e

geradores da região. Apesar de também integrarem a Região Hidrográfica Amazônica, não

fazem parte deste estudo.

2.1.1.2 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TOCANTINS/ARAGUAIA

A bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Araguaia possui uma área de mais de 960.000

quilômetros quadrados e abrange os territórios dos estados de Goiás, Tocantins, Pará,

Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. É formada por diversos rios. Os principais são: Rio

Tocantins, Araguaia e o Rio das Mortes.

É constituída pela bacia hidrográfica do rio Tocantins até a sua foz no Oceano Atlântico.

Abrange parte dos territórios do Distrito Federal e dos estados de Goiás, Mato Grosso,

Tocantins, Pará e Maranhão. Pertence à Região Hidrográfica do Tocantins/Araguaia a hidrovia

Tocantins-Araguaia.

- Hidrovia Tocantins-Araguaia

29

Os rios Tocantins-Araguaia atravessam as regiões Centro-Oeste e Amazônica, sendo a

bacia do Tocantins a maior bacia localizada inteiramente no Brasil, conforme mostrado na

Figura 2.4. No período das cheias, o rio Tocantins é navegável numa extensão de 1900 km. O

Araguaia cruza o estado de Tocantins de norte a sul, é navegável num trecho de 1100 km e

possui apenas algumas restrições devido a profundidade, porém, é suscetível de correção

através de melhoramentos a serem implantados progressivamente (PNIH, 2013).

Com a construção da hidrelétrica de Tucuruí, o objetivo principal era a geração de energia,

mas se por um lado a barragem afogou, com o seu reservatório, as corredeiras que eram um

empecilho à navegação, ela também seccionou a hidrovia, exigindo a construção de uma obra

de grande porte para vencer o desnível de 72m que foi criado com ela.

Dessa forma, o sistema de transposição de desnível é constituído por duas eclusas e um

canal intermediário, adequadamente alinhados, para dar continuidade à navegação no trecho

interrompido devido a construção da barragem.

A construção das eclusas é imprescindível ao aproveitamento econômico do grande

potencial agropecuário, florestal e mineral do Vale do Tocantins-Araguaia, considerando a

carga de baixo valor unitário e as grandes distâncias a serem percorridas.

FIG. 2.4 Hidrovia Tocantins/Araguaia (PNIH, 2013).

30

2.1.1.3 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ

É constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraná situada no território nacional,

abrangendo partes dos territórios dos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás

e Minas Gerais, além de parte do Distrito Federal. Pertence à Região Hidrográfica do Paraná a

hidrovia Paraná-Tietê (ANTAQ, 2011).

- Hidrovia Paraná-Tietê

A hidrovia é considerada a mais desenvolvida do país segundo ANTAQ (2011), em função

dos investimentos em infraestrutura e tecnologia. Ela integra as regiões produtoras de grãos,

cana-de-açúcar e etanol, ao alto Tietê. São cerca de 1.653km de vias fluviais navegáveis,

interligando cinco estados brasileiros - Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e São

Paulo, sendo 970 km de responsabilidade da Administração da Hidrovia do Paraná –

AHRANA, e 683 km administrados pelo Departamento Hidroviário subordinado à Secretaria

Estadual de Transportes de São Paulo, DHSEST – SP. Destacam-se as seguintes vias: rios

Paraná Paranaíba, Grande, Tietê, Piracicaba e São José dos Dourados e o canal Pereira Barreto,

conforme mostrado na Figura 2.5.

FIG. 2.5 Hidrovia do Paraná-Tietê (PNIH, 2013).

31

Há interesse do Paraguai em utilizar o transporte fluvial para transportar mercadorias via

Santos, que serão interligadas às unidades alfandegárias onde irão ser transbordadas para os

trens da Ferrovia Paulista S.A. – FEPASA, ou vice-versa.

2.1.1.4 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARAGUAI

A região hidrográfica do Paraguai, é constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraguai,

situada no território nacional, em parte dos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Pertence à Região Hidrográfica do Paraguai a hidrovia do Paraguai (ANTAQ, 2011).

- Hidrovia do Paraguai

A Hidrovia do Paraguai, mostrada na Figura 2.6, passa no sentido norte-sul em uma

extensão de 3.442 quilômetros, partindo da cidade de Cáceres, no estado do Mato Grosso, até

Nueva Palmira, no Uruguai (AHIPAR, 2013). Ela permite a ligação fluvial direta do Centro-

Oeste brasileiro com o oceano Atlântico.

FIG. 2.6 Hidrovia do Paraguai (PNIH, 2013).

32

2.1.1.5 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO SUL

É constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que desaguam no Atlântico no trecho Sul,

abrangendo parte dos territórios do leste de Santa Catarina, onde se destaca o rio Itajaí-Açu, e

da parte centro-leste do Rio Grande do Sul.

Pertence à Região Hidrográfica Atlântico Sul a hidrovia do Sul.

- Hidrovia do Sul

O sistema hidroviário do sul liga, por meio de rios, canais e lagoas, a região industrial e de

produção agrícola do Rio Grande do Sul a um grande porto marítimo, já na saída para o oceano

Atlântico, de acordo com a Figura 2.7.

Entre as vias navegáveis da hidrovia, os rios Taquari, Jacuí, Gravataí, dos Sinos e Caí, as

lagoas dos Patos e Mirim e o canal de São Gonçalo são as que se destacam. Estas vias são

administradas pela Administração das Hidrovias do Sul – AHSUL e pela Superintendência de

Portos e Hidrovias – SPH.

Ao longo da hidrovia, foram construídas e estão em operação quatro eclusas em

barramentos de regularização destinados a evitar grandes variações do nível, para controle de

inundação e melhoria das condições de navegabilidade.

A hidrovia do Sul conta com quatro portos organizados e 15 terminais de uso privativo em

operação.

FIG. 2.7 Hidrovia do Sul (PNIH, 2013).

33

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) registra obras e estudos de melhorias de

infraestrutura hidroviária somando cerca de 64 milhões de reais na região, os quais contemplam

dragagens, sinalizações e estudos de projetos de terminais de carga (BRASIL, 2003).

2.2 HIDROVIAS INTERNACIONAIS

A seguir serão mostradas as principais hidrovias internacionais, afim de se obter subsídios

dessas hidrovias, e aplicar seus benefícios e vantagens nas hidrovias nacionais.

2.2.1 EUROPA

A Alemanha destaca-se no transporte hidroviário na Europa, especialmente no transporte

de cargas, sendo indispensável para a economia local. Devido ao relevo de planícies em torno

das mais elevadas montanhas, favorece a existência de grande quantidade de rios: são 7,5 mil

km de vias navegáveis, sendo possível atravessar toda a Alemanha, e são interligadas à rede

fluvial dos países vizinhos (CITAq, 2013).

As hidrovias que se destacam no continente são do Rio Reno e do Rio Danúbio. Ao longo

do curso do Rio Reno, conforme mostrado na Figura 2.8, há alguns dos maiores centros

industriais, que faz com que as mercadorias transportadas se desloquem para o porto de Roterdã,

na Holanda, carregadas de produtos industrializados e voltem para a Alemanha carregadas de

matéria prima do exterior (CITAq, 2013).

34

FIG. 2.8 Hidrovia na Alemanha (CITAq, 2013).

De acordo com o Centro de Informação em Transporte Hidroviário – CITAq (2013), a

hidrovia Danúbio surge nos Alpes e atravessa vários países como Áustria, Hungria, Romênia,

Bulgária e Iugoslávia, desaguando no Mar Negro. As mercadorias que mais circulam nesta

hidrovia são cereais, carvão mineral e produtos industriais.

A Alemanha ainda possui o “Wasserstrassenkreuz”, conforme Figura 2.9, que é o mais

longo 'viaduto' da Europa, com 918 m de extensão. Ele conecta a parte leste do Mittellandkanal,

com o trecho oeste do Elba-Havel-Kanal. A obra é aberta ao tráfego de mercadorias durante

todo o ano, consiste numa ponte principal, com 228 m de extensão é subdividida em 3 trechos

e um canal com 690 m.

FIG. 2.9 Cruzamento de Hidrovias (CITAq,2013).

35

A iniciativa fez parte do projeto de reunificação nacional, implementado após a queda do

Muro de Berlin. Sua principal função é facilitar o comércio entre as duas ex-nações.

2.2.2 AMÉRICA

Neste continente, merece destaque os Grandes Lagos, na fronteira entre os Estados Unidos

e Canadá, que interliga o Oceano Atlântico à área industrial por meio do Rio São Lourenço.

Facilita as exportações de materiais industrializados destes dois países e as importações de

matéria-prima para a utilização na indústria (CITAq, 2013).

Uma outra via fluvial que merece destaque é no Rio Mississipi, que atravessa uma planície

fértil muito aproveitada para a exportação agrícola, se tornando o meio de transporte mais

importante destinada ao abastecimento da agroindústria local.

O Canal do Panamá, mostrado na Figura 2.10, pode ser considerado também, uma das

hidrovias mais importantes do mundo, ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico através de 82

km. É um ponto estratégico e militar importantíssimo para os Estados Unidos, revolucionando

o transporte marítimo no ano de 1914, quando foi inaugurado e desde então cerca de 920 mil

viagem já foram completadas, num tempo médio de 9 horas.

FIG. 2.10 Comparativo de distância no Canal do Panamá (CITAq, 2013).

36

O canal tem dois grupos de eclusas no lado do Pacifico e um no lado do Atlântico, nesta,

com portas de aço das eclusas triplas de Gatún que chegam a 21 metros de altura e pesam 745

toneladas cada uma.

O funcionamento das eclusas no Canal do Panamá consiste em, ao entrar em uma das

eclusas de Gatún, a água é bombeada para dentro dos diques, que se enchem e elevam a

embarcação até o lago Gatún, 26 metros acima do nível do mar. O navio segue pelo lago até

chegar nas eclusas de Pedro Miguel, que se esvaziam até se igualarem ao nível do lago

Miraflores, 16,5 metros acima do nível do mar e 9,5 metros abaixo no nível anterior. No lago

Miraflores, a embarcação trafega até chegar nas eclusas de Miraflores, que reduzem ainda mais

o nível da embarcação até atingir o nível do mar, nas proximidades da capital do país, Ciudad

de Panamá, no Oceano Pacífico.

Atualmente, trafegam pelo canal cerca de 14 mil navios por ano, transportando por volta

de 203 milhões de toneladas de carga (CITAq, 2013).

2.2.3 ÁSIA

No continente asiático, devido à grande diversidade natural, há um grande número de rios

navegáveis, mas devido ao subdesenvolvimento da população no interior do continente, a

utilização das hidrovias tem um caráter mais social do que econômico, sendo usado,

principalmente, para irrigação. Alguns destes rios são: Tigre e Eufrates, no Iraque; rio Ganges,

na Índia; Bramaputra, em Bangladesh; e Yang-tsé e Huang-ho, na China (CITAq, 2013).

Mostrado na Figura 2.11 os Rios Tigres e Eufrates.

37

FIG. 2.11 Hidrovia na Ásia (CITAq, 2013)

2.2.4 ÁFRICA

Na África acontece o mesmo que no continente asiático. Apesar de apresentarem vias

navegáveis numa grande extensão, devido ao baixo nível socioeconômico, estes rios não têm

importância significativa na navegação fluvial e são eles: Rio Nilo, Niger, Zambeze e Congo.

Um destaque, porém, é o Canal de Suez, tendo todo o seu trajeto ao nível do mar, portanto,

não sendo necessária a construção de eclusas. É o mais longo canal do mundo, com uma

extensão de 163 km, largura média de 365 metros, tempo de travessia, aproximadamente, de 15

horas e comporta navio de até 500 metros de comprimento e 70 metros de largura (CITAq,

2013).

2.3 VANTAGENS DO MODO HIDROVIÁRIO

Através das hidrovias são transportadas grandes quantidades de carga, isso se dá porque o

modo hidroviário se apresenta como um modo que possui um significativo baixo custo, para o

transporte de grandes volumes de carga.

38

Enquanto um comboio do modo hidroviário transporta em uma única viagem seis mil

toneladas de carga, seriam necessários, para a mesma quantidade, quase três comboios no modal

férreo ou 172 carretas nas rodovias de acordo com a Figura 2.12 (FENAVEGA, 2012).

FIG. 2.12 Capacidade de Carga (FENAVEGA, 2012).

Em referência a segurança, o transporte hidroviário é ainda o mais seguro. A ocorrência de

acidentes é praticamente zero. A economicidade das hidrovias pode ser explicada pela

necessidade de menores intervenções para a sua instalação e manutenção e maior durabilidade

da infraestrutura e dos equipamentos.

Em relação ao custo de implantação dos modos, a hidrovia aparece novamente como o

meio mais econômico de acordo com a Figura 2.13.

Para 1 km de via implantada são gastos US$34 mil na hidrovia, US$1,4 milhão em ferrovia

e US$ 440 mil nas Rodovias. E para a vida útil, a hidrovia possui uma vida útil alta

(FENAVEGA, 2012).

FIG. 2.13 Custo de infraestrutura e vida útil (FENAVEGA, 2012).

39

Em relação aos aspectos ambientais, o custo de combustível para transporte de carga, as

hidrovias aparecem como uma ótima alternativa para esse transporte, conforme Figura 2.14. O

resultado da comparação entre os modos rodoviário, ferroviário e hidroviário aponta que, de

forma geral, este modo apresenta eficiência energética (relação carga/potência) 29 vezes

superior, um consumo de combustível 19 vezes menor, além de emitir 6 vezes menos CO2 e 18

vezes menos NOx. (SPNT-2010).

FIG. 2.14 Aspectos ambientais relevantes (FENAVEGA, 2012).

Além de ser um instrumento de transporte econômico, as hidrovias representam por suas

características específicas, um ganho no aproveitamento múltiplo dos cursos d’água e um fator

determinante para o desenvolvimento de atividades industriais, agrícolas, turísticas e de

urbanização e saneamento (ANTAQ, 2011).

A matriz de transporte brasileira, conforme a Figura 2.15, é inversamente proporcional à

economia de custos pois privilegia o transporte rodoviário em relação aos modos aquaviário e

ferroviário.

40

FIG. 2.15 Matriz de Transporte Brasileira (PNLT, 2012).

Em todos os comparativos entre os modos, o hidroviário sempre possui o maior custo-

benefício, quer seja em capacidade de carga, meio ambiente, custo de implantação, consumo

de combustível, etc. Desta forma, o uso otimizado de indicadores de desempenho em hidrovias

servirá de base para nortear as tomadas de decisões dos gestores das administrações

hidroviárias, propiciando aumento de eficácia nesse setor.

No capítulo a seguir será proposta uma lista de indicadores mais adequados ao emprego na

gestão de hidrovias brasileiras.

52%

30%

13%

5%

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário

Matriz de Transportes Brasileira

41

3 INDICADORES DE DESEMPENHO PARA HIDROVIAS

Neste capítulo são apresentados os principais indicadores de desempenho de hidrovias

encontrados na literatura nacional e internacional. A partir desta lista prévia será proposta uma

lista de indicadores mais adequados ao emprego na gestão de hidrovias brasileiras.

3.1 INDICADORES DE DESEMPENHO

Os indicadores de desempenho (IDs) são baseados em uma relação causa e efeito. Esta

interdependência inclui conselhos sobre o que medir e como medir isso, porque as coisas que

você não pode medir, você não pode controlar (DRUCKER, 2006). Os indicadores de

desempenho são destinados a melhorar o desempenho, identificar boas práticas e aprender com

os outros. Eles podem ser vistos como uma caixa de ferramentas, permitindo aos usuários o

desenvolvimento de um sistema de avaliação adequado, adaptado às suas próprias necessidades

específicas.

Os indicadores de desempenho fornecem um método eficaz e praticamente aprovado para

apoiar processos de tomada de decisão, trabalhando as causas e efeitos que, direta e

indiretamente influenciam o alcance de metas e resultados correspondentes (ANDRADE,

2009).

Nas hidrovias são necessárias atividades de manutenção, visando garantir as características

físicas e operacionais das vias navegáveis interiores (TCU, 2006).

Com as ações do Programa de Manutenção de Hidrovias, foram detectadas as ações a serem

tomadas nas hidrovias, a partir dessas ações do programa a hidrovia pode ser classificada em

condições de navegabilidade (TCU, 2006).

As principais atividades de manutenção de hidrovias são (BRASIL, 2003):

a) batimetria: medição ordenada e sistematizada das profundidades de determinada área,

visando à definição do perfil do fundo, ao detalhamento do leito do canal navegável e à

identificação e localização de perigos à navegação, tais como pedrais ou bancos de areia;

b) medição do nível das águas: as medições são feitas em estações hidrométricas, que

têm por elemento principal as linhas de réguas limnimétricas ou medidores eletrônicos da altura

42

da água. As informações coletadas e registradas nas estações hidrométricas contribuem

decisivamente para a segurança da navegação;

c) confecção e atualização de cartas: serviço especializado de cartografia e hidrografia

que permite a geração da carta náutica e de outras cartas auxiliares de navegação;

d) confecção e atualização de cartas eletrônicas: possibilita o posicionamento instantâneo

da embarcação, eliminando ou reduzindo significativamente os erros de observação e plotagem

dos navegadores;

e) derrocamento: retirada de pedras ou lajes que oferecem perigo à navegação,

normalmente, por explosão;

f) desobstrução do canal: retirada de objetos que impedem ou tornam perigoso o tráfego

de embarcações no canal navegável da hidrovia;

g) destocamento: remoção de tocos ou cepos de árvores do leito do rio;

h) dragagem: retirada de material do fundo do leito das águas, de forma a garantir

profundidades mínimas para o tráfego de embarcações de maior calado;

i) sinalização de margem: colocação de sinais nas margens da hidrovia para indicar

rumos, perigos, caminhos ao navegante;

j) sinalização flutuante: conjunto de sinais flutuantes que compõem a sinalização da

hidrovia, junto com a sinalização de margem. O conjunto de elementos de sinalização (de

margem ou flutuante) é chamado balizamento;

k) monitoramento ambiental: as administrações hidroviárias devem realizar atividades de

monitoramento ambiental para atender às exigências contidas nas licenças ambientais

(condicionantes);

l) manutenção de equipamentos: algumas administrações hidroviárias dispõem de

equipamentos específicos para o desempenho de suas atividades, tais como: dragas,

embarcações destocadoras, rebocadores, embarcações para pesquisa e embarcações de

transporte de equipes de fiscalização;

m) manutenção de eclusas: algumas administrações hidroviárias têm como uma de suas

atribuições operar e manter em funcionamento as eclusas nos rios sob sua administração.

O resultado dessas ações se constitui em hidrovias com condições de navegabilidade, ou

seja, diminuição da quantidade de acidentes; realização tempestiva das atividades de

manutenção; diminuição dos custos de transporte; melhor utilização dos recursos hídricos;

redução de conflitos entre questões ambientais e interesses econômicos e maior fiscalização

dos impactos ambientais.

43

Essas treze ações citadas acima, serviram como parâmetros para definições de Indicadores

de Desempenho das Hidrovias, no entanto no PPA (2011), só há registro de dois indicadores:

a) taxa de navegação efetiva nas hidrovias, definida pela relação percentual entre a média

dos dias de funcionamento das hidrovias no ano e os dias do ano;

b) taxa de manutenção de hidrovias, que é a relação percentual entre o somatório dos

trechos mantidos das hidrovias no ano e o somatório total das hidrovias.

Esses indicadores não possuem valores de referência nem metas definidas e não vêm sendo

atualizados no Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPlan) do Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG (PPA, 2011).

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, esses

indicadores de desempenho não vêm sendo calculados. Os indicadores estão adequados quanto

à representatividade, uma vez que o enfoque é na hidrovia navegável. Revelam independência,

pois não têm grande influência de fatores externos.

Os principais indicadores de desempenho de hidrovias encontrados na literatura nacional e

internacional são os indicadores de desempenho nacionais propostos pelo TCU (2006) e os

internacionais definidos pela PIANC – Associação Mundial de Pesquisa para Infraestrutura de

Transportes Fluvial. Não foram encontrados outros estudos com indicadores específicos para

hidrovias. Podem ser citados os estudos de SOUZA (2001), ARRUDA (2005), CARDOSO

JUNIOR (2008) e PEREIRA NETO (2001) que abordam indicadores para portos, rodovias e

ferrovias.

No item a seguir serão apresentados os indicadores de desempenho propostos pelo TCU

(2006), após o relatório do Programa Manutenção de Hidrovias que está inserido no PPA

(2011).

3.2 INDICADORES DE DESEMPENHO PROPOSTOS PELO TCU

Com base nos indicadores utilizados pelas Administradoras, o Tribunal de Contas da União

– TCU (2006), propôs a padronização dos indicadores de desempenho para todas as hidrovias

de acordo com a Tabela 3.1. Visando subsidiar o gerenciamento do Programa Manutenção de

Hidrovias, propõe que sejam instituídos e acompanhados indicadores de desempenho. As metas

para os indicadores devem ficar a cargo do DNIT, em conjunto com as administrações

hidroviárias. Esses indicadores, deverão ser calculados para cada hidrovia, separadamente,

44

visando realizar uma comparação temporal e assim possibilitar ao gestor acompanhar de forma

mais eficaz os resultados do programa em cada região.

TAB. 3.1 Indicadores de Desempenho proposto pelo TCU (TCU, 2006).

Indicador Periodicidade Fórmula de cálculo e análise do

indicador

Taxa de navegação

na hidrovia Anual

Número de dias navegados dividido

pelo número de dias navegáveis. O

ideal é que esse índice se aproxime de

1. Valores menores que 1 significam

subutilização da hidrovia, em razão,

por exemplo, de interrupção de tráfego

por falta de manutenção.

Taxa de utilização

da hidrovia Anual

Volume de carga transportada (em

toneladas) dividido pela meta

estabelecida. Se a taxa for menor que

1, indicará que houve subutilização da

hidrovia, ou seja, o volume de carga

transportado foi menor do que o que

seria possível, tendo em vista a

atividade econômica da região e a

capacidade da hidrovia.

Custo de

manutenção da

hidrovia

Anual

Custo de Manutenção anual dividido

pela extensão da hidrovia em

quilômetros. Embora não seja razoável

comparar os custos entre as

administrações hidroviárias, devido as

diferentes características de cada uma

delas, esse indicador poderá auxiliar o

gestor no planejamento das

intervenções de manutenção e no

45

acompanhamento da evolução ao

longo do tempo. Além disso, fornecerá

elementos para que o gestor negocie

parcerias com os usuários.

Proporção de custo

operacional da

administração

hidroviária

Anual

Custeio operacional da administração

hidroviária dividido pelo custeio total

(administrativo + operacional) da

administração hidroviária. O ideal é

que a maior parte dos recursos sejam

destinados a atividades-fim da

administração. Dessa forma, a relação

deve ser próxima de 1 e aproximar-se

da meta estabelecida pelo DNIT,

considerando os desempenhos

comparados das unidades aquaviárias

ou administrações hidroviárias.

Percentual de

eficácia da

dragagem de

manutenção

Anual

Volume realizado de dragagem (m³)

dividido pelo volume necessário de

dragagem (m³) x 100. O ideal é que

100% das dragagens necessárias sejam

realizadas. Se o percentual for menor

que 100%, é importante verificar se as

dragagens não realizadas impedem a

navegação e as razões para a não

realização da atividade.

Na pesquisa bibliográfica sobre indicadores na literatura nacional foram encontrados

estudos com indicadores para portos, rodovias e ferrovias. A única bibliografia que aborda

indicadores específicos para hidrovias é a do TCU (2006).

46

Esses indicadores propostos pelo TCU (2006) atendem apenas a área de manutenção das

hidrovias, que é o objetivo da atividade fiscalizadora daquele órgão, com relação aos

investimentos públicos realizados na manutenção das vias navegáveis.

No entanto, para o nosso país, faz-se necessária uma gama de indicadores mais abrangentes

ligadas, por exemplo, às características operacionais e às questões ambientais. Desta forma,

buscou-se na bibliografia internacional estudos que contemplassem indicadores de hidrovias e

no item a seguir serão apresentados os indicadores internacionais definidos pela Associação

Mundial de Pesquisa para Infraestrutura de Transportes Fluvial (PIANC).

3.3 INDICADORES DE DESEMPENHO PROPOSTOS PELA PIANC – ASSOCIAÇÃO

MUNDIAL DE PESQUISA PARA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES FLUVIAL

Fundada em 1885, PIANC é o principal parceiro para o setor governamental e privado no

desenvolvimento e manutenção de portos, vias fluviais e zonas costeiras.

Como uma organização não-política e sem fins lucrativos, a PIANC reúne os melhores

especialistas internacionais em questões técnicas, econômicas e ambientais relacionados com a

infraestrutura de transporte através da água. Os membros incluem os governos nacionais e as

autoridades públicas, empresas e pessoas interessadas. (PIANC, 2010)

Os indicadores de desempenho propostos pela PIANC (2010) são atribuídos a nove áreas

de aplicação, distribuídos da seguinte forma:

1 - Infraestrutura

2 - Portos

3 - Meio ambiente

4 - Frota e veículos

5 - Carga e passageiros

6 - Tecnologia da informação e comunicação

7 - Desenvolvimento econômico

8 - Prevenção de acidentes

9 - Segurança

47

3.3.1 INFRAESTRUTURA

O foco desta área de aplicação é fornecer uma base para o planejamento de infraestrutura

e investimento, pois a eficiência da navegação interior depende de uma infraestrutura bem

proporcionada e mantida.

Indicadores de desempenho nessa área, apresentados na Tabela 3.2, podem ajudar a

fornecer orientações sobre financiamento e priorizar a melhoria e manutenção de infraestruturas

de navegação, instalações de transbordo e eliminar gargalos, conciliando diferentes objetivos

políticos. Outro objetivo é analisar a capacidade e disponibilidade de vias navegáveis para

enfatizar o seu potencial e para torná-los comparáveis a outros modos de transporte. Um fator

importante na avaliação do desempenho de um curso de água é a medida em que contribui para

a mobilidade na região onde ele está localizado.

Uma estrutura para infraestrutura de longo prazo de planejamento e cobrança de todos os

modos de transporte, que também contemple custos externos, como acidentes, poluição do ar,

ruído e congestionamento, favoreceria o uso da navegação interior.

TAB. 3.2 Indicadores de Infraestrutura (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Utilização das eclusas Define o grau de utilização das eclusas.

Disponibilidade para

navegação da hidrovia

Apresenta detalhes sobre a disponibilidade do próprio canal

principal. Portanto, são apresentados dois subindicadores.

Eles analisam os dois fatores, que têm o maior impacto sobre

a disponibilidade geral da hidrovia.

• Cheia

• Acidentes

Capacidade da hidrovia

O principal objetivo deste indicador é dar informações

detalhadas sobre a capacidade total de uma determinada

hidrovia.

Dragagem/manutenção de

navegação

Avalia os custos financeiros de manutenção da infraestrutura

de navegação interior. Os custos são definidos em relação ao

comprimento da seção da hidrovia e o volume de transporte.

48

3.3.2 PORTOS

A intenção principal destes indicadores de desempenho conforme Tabela 3.3, é

proporcionar um padrão mínimo para permitir a avaliação neutra e avaliação comparativa da

qualidade das instalações portuárias diferentes. Portos têm uma contribuição maior à

mobilidade e conectividade de uma via navegável, ou seja, a forma como ele está ligado a outros

modos de transporte. Isto, por sua vez, é expresso principalmente através das instalações

portuárias ao longo do curso de água (PIANC, 2010).

TAB. 3.3 Indicadores de Portos (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Manuseio de capacidade

O ID mede a capacidade de movimentação real de um porto

em relação ao total de metros de cais, número de

compartimentos de carga de caminhão e comprimento total

de faixas de transbordo ferroviário.

Utilização da capacidade

de armazenamento

A principal finalidade deste indicador de desempenho é

descrever a capacidade de armazenamento utilizada de um

determinado porto. O conteúdo do Cálculo é a capacidade de

armazenamento utilizada categorizada por grupos de

mercadorias, modo de transbordo e tipo de transbordo.

Tempo de espera para o

serviço

O principal objetivo deste indicador é analisar o tempo médio

decorrido entre a chegada de um navio em um porto e do início

das atividades de transbordo. Este intervalo de tempo é

documentado e alocados para 8 categorias com um intervalo

de tempo de uma hora.

Utilização da capacidade

de manobra

Mostra o grau de capacidade de transbordo utilizado de um

porto em toneladas por mês.

49

3.3.3 MEIO AMBIENTE

No contexto da navegação interior o argumento de transportes amigos do ambiente é usado

com bastante frequência. Ao chegar a superioridade na compatibilidade ambiental como

vantagem competitiva, a navegação interior enfrenta forte concorrência com o transporte

ferroviário e rodoviário e, portanto, deve cumprir os regulamentos rigorosos de emissão. Em

relação as emissões de gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos a navegação interior tem

de lidar com o desafio de introduzir tecnologias altamente eficientes para a melhoria do seu

desempenho ambiental. Medição de desempenho neste campo ajuda a detectar melhorias

relativas ao consumo de energia e a poluição devido à melhora dos processos de tomada de

decisão. O objetivo é fortalecer o amistoso modo de transporte na escolha ambiental e auxiliar

na melhoria dos processos operacionais (PIANC, 2010).

Neste contexto, de acordo com o Tabela 3.4, propõe-se a analisar o impacto ambiental dos

modos de transporte nos dois campos seguintes:

a) o impacto direto dos meios de transporte, ou seja, veículos, trens, aeronaves, navios, etc.

b) o impacto indireto de projetos relacionados e manutenção de infraestrutura.

TAB. 3.4 Indicadores de Meio Ambiente (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Consumo de combustível

Usado para descrever a eficiência de combustível de

diferentes embarcações e motores. Ela permite que a

eficiência de motores de diferentes tamanhos devem ser

diretamente comparadas.

Emissão de poluentes no ar

O ID mede as emissões de CO2 por tonelada-km de

transporte. A emissão de CO2 é medido em quilogramas por

quilograma de óleo diesel.

Emissões sonoras

O objetivo é reduzir o excedente de emissão de ruído a valores

marginais de dB ao longo da seção fluvial.

50

Qualidade da água

O ID compara a quantidade de embarcações de navegação

interior de transporte de carga e volume de tráfego de

passageiros para a poluição das seções e navios por ano de

navegação interior.

Construção e manutenção

O Indicador mede o impacto ambiental da construção e

manutenção da hidrovia específico em termos de cargas

(emissões) de ar e água.

3.3.4 FROTA E VEÍCULOS

Esta área de aplicação abrange fatores financeiros, conforme mostrado na Tabela 3.5, bem

como os fatores relativos ao tempo de funcionamento, capacidade, dimensões dos navios de

uma frota e dados estatísticos. O objetivo é fornecer informações sobre os veículos e frotas

existentes, que permite decisões acertadas em planejamento de investimentos a longo prazo

(PIANC, 2010).

Os custos do transporte incluem custos diretos de manutenção do navio, serviços e

operações. Tempo perdido devido a danos e acidentes, bem como tempos de operação não

perturbadas são indicadores para a disponibilidade e, indiretamente, aumentam os custos de

transporte. Ela ajuda a comparar diferentes modos de transporte e descobrir a maneira mais

econômica de transporte. Os custos reais de operação de embarcações específicas são segredos

de cada empresa proprietária do navio (PIANC, 2010).

As informações fornecidas se destinam a apoiar os usuários em seus negócios diários para

permitir uma compreensão mais profunda e mais transparente.

TAB. 3.5 Indicadores de Frotas e Veículos (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Manutenção, assistência

técnica, suprimentos

operacionais

Aponta os custos de manutenção e serviço por tonelada-km.

O ID é ainda mais o montante total dos custos anuais ou

médio de acordo com avarias.

51

Capacidade de transporte

da frota

Transmite a capacidade de transporte total de uma frota

especificada considerando categorização de diferentes tipos

de embarcação.

3.3.5 CARGA E PASSAGEIROS

O desempenho da navegação interior pode ser medido em termos de tráfego de passageiros

e transporte de carga. Esta área de aplicação de acordo com a Tabela 3.6, pode ser utilizada

como um indicador para a atratividade e competitividade dos serviços de navegação terrestre

oferecidos dentro de uma região ou país. A quantidade de carga e número de passageiros

transportados reflete a aceitação do sistema de navegação fluvial pelos usuários. Ele também

pode ser analisado em termos de investimento para avaliar o impacto a longo prazo dos

investimentos em frota e instalações (PIANC, 2010).

Os dados para medir o impacto do tráfego de passageiros é relativo ao número de

passageiros registrados ou nos terminais, pontos de passagem nas vias navegáveis interiores

(por exemplo, principais bloqueios, as fronteiras do país) ou no cais de carga e descarga.

Também podem ser listadas em gráficos que mostram o ponto de origem e do local de destino,

bem como em gráficos detalhados de acordo com o tipo de carga (PIANC, 2010).

TAB. 3.6 Indicadores de Carga e Passageiros (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Transporte de carga

Compreende a evolução do volume de transporte de carga e

desempenho do transporte de carga de uma seção fluvial,

considerando número de viagens a montante e a jusante de

acordo com grupos de mercadorias e modos de transbordo.

Tráfego de passageiros

O principal objetivo desse indicador é compreender a

evolução do volume de passageiros transportados e do

desempenho de transporte de passageiros de uma seção

fluvial, considerando número de viagens a montante e a

jusante.

52

Qualidade percebida /

Satisfação do usuário com

a carga e transporte de

passageiros

Avalia a qualidade percebida dos produtos, transporte ao longo

vias navegáveis interiores e correspondente a satisfação do

usuário.

3.3.6 INFORMAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A avaliação da informações e tecnologias da comunicação (TIC) na navegação interior é

um componente essencial de uma avaliação de desempenho de todo o sistema conforme

mostrado na Tabela 3.7. O principal propósito desta área de aplicação é detectar o estado atual

dos serviços oferecidos na vias diferentes, bem como a qualidade do serviço. Devido a uma

crescente necessidade de troca de informações entre as partes no setor da navegação interior,

são necessárias orientações e recomendações para medir a qualidade dos serviços oferecidos

para os operadores e autoridades. O desafio é encontrar uma arquitetura comum para os serviços

e sistemas existentes que permite a coerência e a sinergia entre os aplicativos disponíveis para

todos os interessados (PIANC, 2010).

TAB. 3.7 Indicadores de Informações e Tecnologia de Comunicação (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Cobertura RIS (serviço de

informação sobre tráfico

fluvial)

Mostra o grau de disponibilidade dos componentes RIS,

monitoramento e rastreamento e comunicação eletrônica,

quer em relação ao comprimento total de um determinado

regime fluvial ou em termos simples de disponibilidade geral.

Frequência de atualização

de gráficos eletrônicos do

canal navegável

Os seguintes indicadores medem as paradas no canal

navegável previstas nas seções de navegação específicas e

diz se as atualizações são gratuitas.

Disponibilidade de

mercado eletrônico de frete

/ bolsa de cargas

Mercados de transporte eletrônicos são plataformas on-line em

tempo real que permitem que as transportadoras comuniquem

informações de tráfego de carga.

53

Precisão de cartas náuticas

eletrônicas

Estes indicadores avaliam a precisão das cartas do canal

navegável para as seções de navegação específicas em termos

de quatro variáveis diferentes.

Disponibilidade de

informações do canal

navegável eletrônico

O principal objetivo desses indicadores é fornecer informações

sobre a disponibilidade de informações do canal navegável ao

longo de seções de navegação específicas relativas.

Precisão de AIS /

rastreamento e localização

Os seguintes indicadores fornecem informações detalhadas

sobre a disponibilidade, a demora na obtenção de informações

e a precisão de AIS/ acompanhamento e rastreamento, estado

de posicionamento ao longo de seções de navegação

específicas.

Disponibilidade de

comunicação eletrônica

Os seguintes indicadores descrevem a disponibilidade de

informações disponibilizados pela comunicação eletrônica.

Disponibilidade de meios

portuários, sistemas de

informação

Reduzir o tempo de espera para o serviço na frente de portos,

proporcionando informações precisas à navegação no tempo.

3.3.7 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O objetivo do desenvolvimento de indicadores de desempenho para nesta área é a criação

de uma perspectiva integrada, que dá uma visão sobre a competitividade e atratividade de uma

região ou país, no âmbito da navegação interior, conforme apresentado na Tabela 3.8. Ele

também pode ser usado para planejar futuras operações (por exemplo, número de funcionários

necessários no futuro) (PIANC, 2010).

54

TAB. 3.8 Indicadores de Desenvolvimento Econômico (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Emprego

Mede o número de empregos diretos e indiretos induzidos

por navegação interior dentro de um país ou região.

Diferencia-se no transporte de passageiros e de emprego

relacionadas com carga.

Navegação interior /

volume em relação ao

produto interno bruto

Comparam a proporção do produto interno bruto de um país

em volume total de transporte.

Impacto econômico de

passageiros e transporte de

carga

Mede o impacto direto e indireto de passageiros e transporte

de carga dentro do sistema de navegação interior, em termos

de volume de negócios no produto interno bruto de um país.

Desenvolvimento regional

e local

Mede o impacto direto e indireto sobre o desenvolvimento

econômico de um porto dentro de uma área especificada. O

valor acrescentado total é medido e quantificado em moeda

local.

3.3.8 PREVENÇÃO DE ACIDENTES

O objetivo das medidas de desempenho de segurança são para minimizar o risco para a

população e para proteger o meio ambiente, garantindo o bom funcionamento da hidrovia, de

acordo com a Tabela 3.9.

Para este efeito, até data dos dados de acidentes são cruciais, especialmente aqueles

acidentes em que os navios são afundados e / ou carga ou óleo combustível é derramado. Estes

dados podem ser expressos em termos de severidade do incidente (por exemplo insignificante,

menor, substancial, maior) e a frequência com que ocorrem (número de vezes por ano, em um

determinado trecho fluvial) (PIANC, 2010).

55

TAB. 3.9 Indicadores de Prevenção de Acidentes (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Lesões, mortes, danos

materiais

Mede o número de lesões, mortes e danos em um

determinado trecho da hidrovia. Eles determinam o

desempenho da hidrovia em termos de segurança para os

seres humanos envolvidos no transporte.

Acidentes

Mede o número de acidentes em um determinado trecho da

hidrovia e determina o desempenho dessa hidrovia em termos

de risco para o ambiente e 'inocentes'.

Impacto econômico de

acidentes

Analisa o impacto econômico dos acidentes sobre a carga e

transporte de passageiros em relação ao volume total de

transporte. O Cálculo considera a natureza dos bens e direção

de movimentos dos navios.

3.3.9 SEGURANÇA

O termo segurança é usado para descrever como os bens seguros e confiáveis são

transportados e armazenados e quais ações são tomadas para manter a segurança no sistema de

transporte. Isso inclui a prevenção ativa contra o crime premeditado, como roubo ou

contrabando, bem como quaisquer danos causados por esses atos. Ambas as embarcações e

infraestrutura são considerados (PIANC, 2010). Esta informação também é benéfica para o

cálculo de riscos de companhias de seguros, onde são demonstrados os indicadores na Tabela

3.10.

56

TAB. 3.10 Indicadores de Segurança (PIANC, 2010)

INDICADOR DESCRIÇÃO

Roubos

Mede o número total de roubos em relação ao volume de

transporte de carga. Incluído no Cálculo o dano ou perda de

lucros devido ao roubo de artesanato e recursos (por exemplo,

combustível diesel) durante o período de tempo a ser

considerado.

Controle de acesso do

sistema da via navegável

Esses indicadores de desempenho medem a segurança do

sistema de navegação interior em termos de acesso e

existência de medidas de segurança implementadas na

infraestrutura (por exemplo: portos).

Com base nos indicadores propostos pela PIANC (2010), e devido os indicadores propostos

pelo TCU (2006) contemplarem apenas a área de manutenção, foram selecionados os

indicadores que se adequam as características das hidrovias brasileiras, conforme descrito no

próximo item.

3.4 INDICADORES DE DESEMPENHO PROPOSTOS PARA O TRABALHO

Para definição dos indicadores de desempenho propostos ao trabalho, foi feita a seleção de

indicadores principalmente utilizando os propostos pela PIANC (2010). Os indicadores

propostos pelo TCU (2006) serviram de base apenas para a área de manutenção. Esta escolha

procurou adequar a lista total de indicadores às características e particularidades das hidrovias

brasileiras.

De forma geral, os indicadores de desempenho que serão aplicados, serão utilizados com

as seguintes finalidades:

1. Gerenciamento dos órgãos de gestão;

2. Tomada de decisões;

3. Comparação com outros modais;

4. Informações para entidades governamentais, órgãos de financiamento e público em

geral.

57

De acordo com Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG (2010), para

análise dos indicadores, existem fatores que podem influenciar o desempenho das hidrovias,

sendo eles:

Confiabilidade;

Eficiência;

Economicidade;

Nível de Serviço.

Esses fatores são descritos a seguir, demonstrando as alternativas para esses critérios.

3.4.1 INDICADORES DE CONFIABILIDADE

Confiabilidade é a capacidade de uma pessoa ou sistema de realizar e manter seu

funcionamento em circunstâncias de rotina, bem como em circunstâncias hostis e inesperadas.

É um fator de decisão importante no atual ambiente de negócios globais. No sentido mais

amplo, a confiabilidade reflete a confiança do usuário na aptidão para usar determinado produto

e atingir ou alcançar a satisfação na capacidade de desempenho daquele produto,

proporcionando a disponibilidade do produto ou serviço objeto de contrato, e minimizando os

riscos associados quando o produto entra em modo de operação (MPOG, 2010).

Na Tabela 3.11 são apresentados os indicadores de confiabilidade propostos ao estudo.

58

TAB. 3.11 Indicadores de Confiabilidade (PIANC, 2010)

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Nº de acidentes/ano

Total t. km percorrido acidentes/t.km

Mede o nº de acidentes em um trecho da

hidrovia e determina o desempenho desta,

em termos de risco para o ambiente e

'inocentes'.

Onde: Nº de acidentes/ano - Número total

de acidentes dentro de uma seção fluvial

por período de tempo.

Total t.km percorrido - Total de

toneladas-quilômetros percorridos dentro

de uma seção fluvial por período de

tempo.

ROUBOS

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Nº de roubos/mês

Total vol. transp./mês roubos/t

Mede o número total de roubos em relação

ao volume de transporte de carga.

Onde: Nº de roubos/mês – número total

de roubos dentro de uma seção fluvial por

mês.

Total vol. transp./mês – Número total de

furtos em relação a carga.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Vc,ar = ∑𝐺𝑐𝑖

𝛾𝑖 𝑖 x ∑

Bj,ar

B0J,ar 𝑖

Vc,água = ∑𝐺𝑐𝑖

𝛾𝑖 𝑖 x ∑

Bj,água

B0J,água 𝑖

Volume crítico de poluição do ar e da água

devido à construção de hidrovia.

Onde: Gci - total da massa do mat. da

construção (t)

γi = peso específico do mat.(t/m³)

Bj,ar-Bj,água - Emissões (kg/(m³) de

material i de poluentes j de ar e de água

como resultado de ganhos e

processamento de 1 m³ de material i.

Boj,ar-Boj,água - (kg/m³) de ar ou água

de poluentes j em resp. ar ou água.

Vc,ar = ∑𝐺𝑚𝑖

𝛾𝑖 𝑖 x ∑

Bj,ar

B0J,ar 𝑖

Vc,água = ∑𝐺𝑚𝑖

𝛾𝑖 𝑖 x ∑

Bj,água

B0J,água 𝑖

Volume crítico de poluição do ar e da

água, devido a manutenção das vias

navegáveis.

Onde: Gmi - total da massa da

manutenção da hidrovia (t)

59

teor de carbono/litro de diesel

0,99 g/t.km

Emissão de poluentes no ar.

Onde: 0,99 é fator de oxidação do óleo e

produtos petrolíferos (PIANC, 2010).

esgoto (m³)

Vol. transp. carga(t/mês)

m³/t

Esgoto por transporte de carga.

Onde: esgoto(m³) - água de esgoto medido

em m³ em determinado ponto de

interrupção.

Vol.transp.(t/mês) - o volume de

transporte de carga total, em toneladas por

mês de uma seção fluvial de acordo com

grupos de mercadorias e modo de

transbordo.

3.4.2 INDICADORES DE EFICIÊNCIA

Eficiência é atingir o resultado com um mínimo de perda de recursos, isto é, fazer o melhor

uso possível do dinheiro, do tempo, materiais e pessoas.

Essa medida possui relação com produtividade, ou seja, o quanto se consegue produzir com

os meios disponibilizados (PIANC, 2010). Assim, a partir de um padrão ou referencial, a

eficiência de um processo será tanto maior quanto mais produtos forem entregues com a mesma

quantidade de insumos, ou os mesmos produtos e/ou serviços sejam obtidos com menor

quantidade de recursos (MPOG, 2010).

Na Tabela 3.12 são mostrados os indicadores de eficiência.

60

TAB. 3.12 Indicadores de Eficiência (PIANC, 2010)

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Cap. armaz.méd.

Cap. armaz. total∗ 100 %

Descreve a capacidade de armazenamento

utilizada de um determinado porto.

Onde: Cap.armaz.med.(m³) -capacidade

de armazenamento médio utilizado

mensalmente de acordo com grupo de

mercadorias, o modo de transbordo e tipo

transbordo em m³.

Cap.armaz.total (m³): capacidade total

de armazenamento disponível de acordo

com o grupo de mercadorias, o modo de

transbordo e tipo transbordo em m³.

TECNOLOGIA

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Disp. AIS hidrovia(km)

Comp. total hidrovia(km)∗ 100 %

Grau de disponibilidade do componente

AIS (Automatic Identification System).

Onde: Avail.AIS - disponibilidade de AIS

junto regime fluvial especificado no km.

Comp. total hidrovia - comprimento total

do regime fluvial em quilômetros.

DISPONIBILIDADE PARA NAVEGAÇÃO DA HIDROVIA

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

365 − Par. total

Dias navegáveis Dias/ano

O principal objetivo do indicador, é

apresentar detalhes sobre a disponibilidade

do canal principal.

Onde: Par.total - parada total de

navegação em uma seção fluvial

específica medido em dias por ano.

Dias Navegáveis: Total de dias

navegáveis por ano.

Par.cheia

Dias navegáveis

Dias/ano

Parada de navegação devido a cheia.

Onde: Par.cheia - Parada de navegação

em uma seção fluvial, devido à cheia em

dias por ano.

Dias Navegáveis: Total de dias

navegáveis por ano.

Dias nav.estiagem

Dias navegáveis Dias/ano

Parada de navegação devido a estiagem.

Onde: Dias nav.estiagem - Dias

navegáveis abaixo do valor de projeto por

lâmina d’água abaixo da mínima

necessária (estiagem) em dias por ano.

Dias Navegáveis: Total de dias

navegáveis por ano.

61

Par.acidentes

Dias Navegáveis

Dias/ano

Parada de navegação devido a acidentes.

Onde: Par.acidentes - Parar de navegar

em uma seção fluvial devido a acidentes

em dias por ano.

Dias Navegáveis: Total de dias

navegáveis por ano.

UTILIZAÇÃO DAS ECLUSAS

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

N.câm.ecl.A + N.câm.ecl.B

h.func/mês h/mês

Número médio de ativações de eclusas por

hora de operação.

Onde: N.câm.ecl.A/B - número total de

câmaras da eclusa A/B por mês.

h.func/mês - horas de funcionamento por

mês.

(m².ecl. A + m².ecl. B) * 100

Cap.câm.A + Cap.câm.B %

Utilização média da capacidade de eclusas

por câmara

Onde: m².ecl.A/mês - metros quadrados

utilizados em média, por ativação de eclusa

para bloqueio da câmara A por mês.

cap. câm.A/B - capacidade total em metros

quadrados de câmara A/B.

∑ Nemb. / mês* temp.categ

N.ecl.A/mês + N.ecl.B/mês h/mês

Tempo médio de espera na frente da

eclusa.

Onde: Nemb - número de embarcações que

cobrem a distância de 1 km até a entrada da

eclusa e acessam a eclusa de acordo com os

parâmetros determinados pelo tempo de

categorização (ou seja, 0 - 30 min, 31-60

min).

temp.categ - tempo de espera padrão por

categoria, por exemplo, 15 min. para a 0-30

min.

3.4.3 INDICADORES DE ECONOMICIDADE

Economicidade é a operacionalidade ao mínimo custo possível. Esta inclui a administração

correta dos bens, boa distribuição do tempo, economia de trabalho, tempo e dinheiro, etc.,

redução dos gastos num orçamento.

Esses indicadores medem os gastos envolvidos na obtenção dos insumos (materiais,

humanos, financeiros etc.) necessários às ações que produzirão os resultados planejados. Visa

62

minimizar custos sem comprometer os padrões de qualidade estabelecidos e requer um sistema

que estabeleça referenciais de comparação e negociação. (MPOG, 2010).

Na Tabela 3.13 são apresentados os indicadores de economicidade.

TAB. 3.13 Indicadores de Economicidade (PIANC, 2010)

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Cons. comb. (kg)

Carga(t)xDist. (km)∗ 100

Cons.

Comb./t.km

Descrever a eficiência de combustível de

diferentes embarcações e motores.

Onde: Cons. comb. - Consumo de

combustível da embarcação em

quilogramas classificados de acordo com o

tipo de motor e os valores de consumo

médio relacionados.

Carga(t) - carga total em toneladas

transportadas por embarcações de acordo

com a categorização

Dist.(km) - distância de transporte total

em quilômetros viajados por embarcações

de acordo com a categorização.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Tot. emp. dir/mês

Valor ano ant.∗ 100 %

Número de empregos diretos gerados

(carga)

Onde: Tot.emp.dir/mês - Número total de

empregos diretos gerados no domínio da

navegação interior por ano, induzido pelo

transporte de carga.

Valor ano ant. - valor comparativo do ano

anterior.

Tot. emp. indir./mês

Valor ano ant.∗ 100 %

Número de empregos gerados indiretos

(transporte de cargas)

Onde: Tot.emp.indir/mês - Número total

de empregos indiretos gerados no domínio

da navegação interior por ano, induzido

pelo transporte de carga.

Valor ano ant. - valor comparativo do ano

anterior.

63

Des. vol. tot. transp.

PIB anual ∗ 100 %

Desenvolvimento do volume total de

transporte de carga

Onde: Des.vol.tot.transp. -

Desenvolvimento do volume total de

transporte em vias navegáveis interiores

dentro do país e de um período de um ano

diferenciado por grupos de mercadorias

PIB anual – Produto interno bruto anual

do país.

Vol. neg. tot. transp. carga

PIB anual ∗ 100

%

Volume de negócios de transporte de carga

do PIB anual.

Onde: Vol.neg.tot.transp.carga - volume

de negócios total gerado pelo transporte de

carga dentro de uma região determinada,

por um período de tempo.

PIB anual – Produto interno bruto anual

do país.

TRANSPORTE DE CARGAS

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Vol. transp. carg./mês

Vol. ano ant.∗ 100 %

Desenvolvimento do volume total de

transporte de carga

Onde: Vol.transp.carg./mês – Volume de

transporte de carga total, em toneladas por

mês de uma seção fluvial de acordo com

grupos de mercadorias e modo de

transbordo.

Vol.ano ant. - Valor comparativo ao ano

anterior.

Des. transp. carg./mês

Vol. ano ant.∗ 100 %

Desenvolvimento do desempenho total do

transporte de carga.

Onde: Des.transp.carg./mês –

Desempenho do transporte de carga total,

em toneladas-quilômetro por mês ao longo

de uma seção de acordo com grupos de

mercadorias e modo de transbordo.

Vol.ano ant. - Valor comparativo ao ano

anterior.

64

CUSTOS DE MANUTENÇÃO

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Cust. tot.man./ano

t. km. seção R$/t.km

Custos totais de manutenção por t.km de

uma seção fluvial.

Onde: Cust.tot.man./ano - Custos totais

de manutenção de um trecho fluvial

especificado por ano.

t.km.seção - Total de toneladas-

quilômetro da seção fluvial.

Cust. tot.manut. emb./mês

Tot. carga transp./mês

R$/t

Custos de manutenção das embarcações

Onde: Cust.tot.manut.emb./mês - Custos

totais de manutenção referentes ao tipo de

embarcação específica por mês.

Tot.carga transp./mês - montante total de

carga transportada em relação a

determinado tipo de embarcação em

toneladas por mês.

3.4.4 INDICADORES DE NÍVEL DE SERVIÇO

Nível de serviço é a celeridade das operações, ao bom andamento e satisfação e

atendimento aos clientes, a demora entre a chegada de um navio em um porto e do início das

atividades de transbordo, bem como as respostas aos anseios dos clientes.

Na Tabela 3.14 são apresentados os indicadores de Nível de serviço.

65

TAB. 3.14 Indicadores de Nível de Serviço (PIANC, 2010)

SATISFAÇÃO DO USUÁRIO

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Pesquisa de Satisfação Variável

linguística Medida qualitativa

QUALIDADE PERCEBIDA

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

Tot. viag. −Tot. desv. reg.

Tot. viag./ mês∗ 100

%

Avaliar a qualidade percebida dos produtos e

transporte ao longo das vias navegáveis

interiores.

Onde: Tot.viag. - número total de viagens por

mês ao longo de uma seção fluvial,

categorizados em tipo de transporte, tipo de

serviço, o modo de transbordo e grupos de

mercadorias.

Tot.desv.reg. - Número total de desvios

registrados de acordo com os acordos

contratuais categorizados em tipo de

transporte, tipo de serviço, o modo de

transbordo e grupos de mercadorias por mês.

TEMPO DE ESPERA PARA O SERVIÇO

FÓRMULA UNIDADE DESCRIÇÃO

N. emb.min / mês

N. total cheg./mês∗ 100 %

Analisar o tempo médio decorrido entre a

chegada de uma embarcação em um porto e o

início das atividades de transbordo.

Onde: N.emb.min/mês – Número total de

embarcações que chegam para operações de

transbordo dentro de um intervalo de tempo

de minutos 'X' por mês.

N.total cheg./mês - número total de chegadas

de embarcações por mês.

Os indicadores demonstrados acima foram organizados e apresentados em forma de

hierarquia conforme Figura 3.1, onde estão o objetivo, os critérios e as alternativas.

66

FIG

. 3

.1 F

ato

res

que

infl

uen

ciam

o d

esem

pen

ho

das

Hid

rovia

s

67

No sentido de atribuir a responsabilidade para cada agente que atua direta ou indiretamente

nas hidrovias, foi criada uma matriz de responsabilidades para os indicadores, conforme Tabela

3.15. Esta tabela auxiliará os gestores das administrações hidroviárias intervirem junto aos

agentes responsáveis a fim de melhorar os indicadores em avaliações futuras.

TAB. 3.15 Matriz de Responsabilidades

CONFIABILIDADE

INDICADORES Responsáveis

Roubos Polícia Federal, Polícia Estadual

Preservação ambiental

IBAMA, Órgãos ambientais

estaduais, Secretarias de Meio

Ambiente

Prevenção de acidentes

Administradoras Hidroviárias,

Empresas atuantes na hidrovia,

DNIT

EFICIÊNCIA

INDICADORES Responsáveis

Utilização da capacidade de armazenamento Administração dos Portos

Tecnologia

Administração Hidroviária,

Empresas de navegação, Marinha,

DNIT

Disponibilidade da infraestrutura da hidrovia Administrações hidroviárias,

Empresas de navegação

Utilização das eclusas ANTAQ

ECONOMICIDADE

INDICADORES Responsáveis

Consumo de combustível DNIT, ANTAQ

Desenvolvimento econômico ANTAQ, DNIT, Administradora

Hidroviária, Empresas de navegação

Transporte de cargas Empresas de navegação

Custos de manutenção Empresas transportadoras

NÍVEL DE SERVIÇO

INDICADORES Responsáveis

Tempo de espera para o serviço Administração dos Portos

Qualidade percebida Administrações hidroviárias,

Empresas de navegação

Satisfação do usuário Administrações hidroviárias,

Empresas de navegação

Buscando obter a importância relativa dos indicadores escolhidos, no capítulo 4 serão

apresentadas algumas metodologias de análise multicritério e definida qual a mais adequada

para o emprego em hidrovias.

68

4 METODOLOGIAS DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO PARA APLICAÇÃO

SOBRE INDICADORES

Foram descritos no capítulo anterior as características dos indicadores de desempenho

aplicados a hidrovias. A seguir são descritos os principais métodos de análise multicritério e

escolhidos os mais adequados para o emprego em hidrovias.

4.1 MÉTODOS DE APOIO MULTICRITÉRIO A DECISÃO (AMD)

O ato de tomar decisão é importante para todos os indivíduos. Este ato acontece ao longo

do dia, às vezes sem notarmos que ele acontece. Independente de idade, posição, ou

circunstância, todo ser humano é cercado de decisões que precisa tomar. A simples escolha do

que comer no almoço envolve um processo de tomada de decisão. (GOMES & MOREIRA,

1998).

Um método multicritério de apoio à decisão consiste em um conjunto de métodos e técnicas

para auxiliar ou apoiar pessoas e organizações a tomarem decisões, sob a influência da

multiplicidade de critérios. A aplicação de qualquer método de análise multicritério pressupõe

a necessidade de especificação anterior, dos objetivos pretendidos pelo decisor, quando da

comparação de alternativas (BANA & COSTA, 2001).

Segundo COSTA & BELDERRAIN (2009) os métodos multicritério de apoio à decisão

servem como ferramentas que podem fornecer embasamentos capazes de identificar a melhor

decisão, ou seja, a mais adequada, partindo do que o decisor apurou, e também das prioridades

estabelecidas, assim como das alternativas e resultados esperados. Os métodos não podem ser

usadas para substituir o decisor.

Os métodos multicritérios agregam um valor significativo na tomada de decisão, na medida

em que não somente permitem a abordagem de problemas considerados complexos, mas

também conferem ao processo de tomada de decisão uma clareza e consequentemente

transparência não disponíveis quando esses procedimentos ou outros métodos são utilizados.

Diversos Métodos de Apoio Multicritério são usados na tomada de decisão. Alguns destes

métodos são o Analytic Hierarchic Process – AHP, o Multiplicative Analytic Hierarchic

Process – MAHP, de Escola Americana, e o Elimination and Chox Traduisant la Realité –

69

ELECTRE de Escola Francesa. A seguir serão descritos os principais métodos de análise

multicritério e escolhido o mais adequado para o emprego em hidrovias.

4.1.1 MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA - AHP

Este método foi desenvolvido por Tomas L. Saaty na década de 70, e é o método de

multicritério mais amplamente utilizado e conhecido no apoio à tomada de decisão na resolução

de conflitos negociados, em problemas com múltiplos critérios (ROCHE, 2004).

A aplicação do AHP a um problema tem seu início com a organização de uma hierarquia

de objetivos ou de critérios representativa dos diferentes pontos de vista envolvidos na sua

resolução. A montagem dessa estrutura hierárquica é geralmente a parte mais difícil de

aplicação do AHP (ROCHE, 2004).

O método baseia-se no método newtoniano e cartesiano de pensar, que busca tratar a

complexidade com a decomposição e divisão do problema em fatores, que podem ainda ser

decompostos em novos fatores até ao nível mais baixo, claros e dimensionáveis e estabelecendo

relações para depois sintetizar. Dessa forma, segundo COSTA (2002) este método baseia-se em

três etapas de pensamento analítico:

(i) Construção de hierarquias: no método AHP o problema é estruturado em níveis

hierárquicos, o que facilita a melhor compreensão e avaliação do mesmo, conforme

a Figura 4.1.

70

FIG. 4.1 Matriz Hierárquica de decisão (SAATY,1991)

(ii) Definição de prioridades: Após a montagem da hierarquia, inicia-se a análise dos

elementos integrantes do processo. Os elementos são comparados, por

especialistas, par a par, facilitando a percepção dos mesmos. As comparações entre

elementos qualitativos são de difícil compreensão, porém, a utilização de uma

escala facilita esse processo. Essa comparação dos elementos é apresentada através

de formulários, que utilizam como critérios de comparação uma escala de valores

proposta por SAATY (1991), conforme exposta na Tabela 4.1.

TAB. 4.1 Escala numérica de SAATY (SAATY,1991)

Escala numérica Escala verbal Explicação

1 Mesma importância Ambos elementos contribuem com o

objetivo de igual forma.

3 Importância pouco maior A experiência e a opinião favorecem um

elemento sobre o outro.

5 Importância maior Um elemento é fortemente favorecido.

7 Importância muito maior Um elemento é muito fortemente

favorecido sobre o outro.

9 Importância absoluta

Um elemento é favorecido pelo menos

com uma ordem de magnitude de

diferença.

2,4,6,8 Valores intermediários

entre as opiniões adjacentes

Usados como valores de consenso entre

as opiniões.

Objetivo

Critério 1 ... Critério “m”

Alternativa 1 ... Alternativa “n”

71

É na prioridade dos níveis mais altos que o consenso é necessário, pois as prioridades

orientarão o resto da hierarquia. Em cada nível, deve ser assegurada a independência e diferença

dos critérios, e que estas diferenças possam ser capturadas como propriedades independentes

no nível (SAATY, 1991).

À medida que se desce na hierarquia, é esperada uma maior variedade de opiniões entre

pessoas compatíveis, a nível operacional. Em ambientes de cooperação, o processo desenvolve-

se de forma mais eficiente, quando os participantes têm os mesmos objetivos, contato íntimo

mais duradouro, trabalham em ambiente de aceitação social e gozam do mesmo status quando

participam (SAATY, 1991).

Os resultados das comparações par a par entre os níveis inserem-se numa matriz de

referência, a qual se apresenta sob a seguinte forma:

𝐴 =

[

1 𝑎₁₂ 𝑎₁𝑛1/𝑎₁₂ 1 𝑎₂𝑛

. . .

. . .1/𝑎₁𝑛 . 1 ]

Onde:

• se aij= x, então aji= 1/x;

• se uma alternativa Ci é julgada de igual importância relativa que outra Cj, então aij = I e

aji = I e especificamente aii = 1, para todo i, um elemento é igualmente importante quando

comparado com ele próprio. Portanto, a diagonal principal de uma matriz tem de consistir em

números 1.

TAB. 4.2 Exemplo ilustrativo de uma matriz com seus elementos e pesos

Indicadores de

confiabilidade

Incidência de

faltas e avarias

Ocorrência de

roubos

Segurança do

trabalho

Preservação

ambiental

Incidência de

faltas e avarias 1 1/5 1/3 7

Ocorrência de

roubos 5 1 1/9 7

Segurança do

trabalho 3 9 1 1

Preservação

ambiental 1/7 1/7 1 1

72

A Tabela 4.2 apresenta a simulação de uma série de respostas de um especialista

entrevistado. Ele pode ser lido de acordo com a Escala numérica de Saaty.

• A ocorrência de roubos tem importância maior que a incidência de faltas e avarias;

• A segurança do trabalho tem importância pouco maior que a incidência de faltas e avarias;

• A incidência de faltas e avarias possui importância muito maior do que a preservação

ambiental;

• A segurança do trabalho possui importância absoluta sobre a ocorrência de roubos;

• A ocorrência de roubos possui importância muito maior do que a preservação ambiental;

• A preservação ambiental possui a mesma importância da segurança do trabalho.

A diagonal principal dessa matriz terá seus valores sempre iguais a 1, pois as comparações

são feitas entre os mesmos elementos (indicadores). Os valores que estiverem acima da diagonal

principal deverão ser preenchidos primeiramente. Após isso, os elementos abaixo da diagonal

principal serão o inverso, conforme metodologia criada por SAATY(1991).

Assim, com somente as respostas comparativas dos elementos acima da diagonal principal,

pode-se obter o resultado de todos os valores da matriz.

(iii) Consistência lógica: esta etapa consiste do cálculo dos pesos dos componentes

dentro da hierarquia, assim como da consistência dos julgamentos dos

participantes.

Com os resultados da pesquisa dos especialistas através de formulários, os dados

são inseridos na matriz, achando-se a comparação e com isso os auto vetores e auto

valores. O auto vetor dá a ordem de prioridade e o auto valor é a medida de

consistência do julgamento.

O principal auto vetor é calculado e normalizado para se tornar no vetor de

prioridades.

A consistência de uma matriz positiva recíproca é equivalente a requerimentos de

que o seu auto valor máximo λmax deveria ser igual a n. Quanto mais próximo

λmax for de n mais consistente será o resultado.

Ao fazer a comparação partida para relacionar em n atividades de modo que cada

uma seja representada nos dados, pelo menos uma vez, precisamos de n-1

comparações partidas. Adicionalmente, para a maioria dos problemas, é muito

difícil identificar n-1 julgamentos que relacionam todas as atividades e sobre os

quais estejamos absolutamente certos.

73

A inconsistência surge quando algumas opiniões da matriz de comparação se

contradizem com outras. Por isso, é importante verificar a consistência das opiniões

efetuando uma série de cálculos que indicam consistência ou não da matriz de

comparação.

De acordo com MARINS et al. (2006), os procedimentos para o cálculo do Índice

de Consistência (IC) são:

- Para cada linha da matriz de comparação determinar a soma ponderada, com base

na soma do produto de cada valor da mesma pela prioridade da alternativa

correspondente;

- Depois os resultados obtidos deverão ser divididos pelos vetores da respectiva

matriz;

- Fazendo uma média dos resultados de cada linha, obteremos λmax ;

- Podemos calcular o Índice de Consistência (IC) através da equação 1.

Equação 1 – Índice de Consistência

IC =λmax − n

𝑛 − 1 EQ. 1

Sendo:

λmax: auto valor máximo;

n: número de variáveis.

SAATY (1991) criou o chamado Índice Randômico (IR), representados na Tabela 4.3 que

corresponde ao IC médio de 500 matrizes de ordem n geradas aleatoriamente.

TAB. 4.3 Índice Randômico (SAATY,1991)

n 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

IR 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51 1,48 1,56 1,56 1,59

Para verificação da consistência dos julgamentos deve-se calcular a Razão de

Consistência (RC) de uma matriz, através da equação 2.

Equação 2 – Razão de Consistência

RC =IC

IR EQ. 2

74

Sendo:

IC: índice de consistência;

IR: índice randômico.

Se RC < 0,1, a consistência é satisfatória, caso contrário os julgamentos devem ser

revistos (SAATY, 1991).

Na Figura 4.2, mostra a montagem de um fluxograma para a construção do AHP.

FIG. 4.2 Fluxograma para composição do AHP

No caso de o 3° passo (consistência lógica), não for satisfatório, é necessário voltar ao

passo 2 (definição de prioridades) e refazer a pesquisa com os especialistas para que eles

reavaliem suas prioridades.

4.1.2 MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA MULTIPLICATIVO - MAHP

O MAHP (Método de Análise Hierárquica Multiplicativo), é uma das variações do AHP.

Este método propõe um procedimento analítico semelhante ao do AHP, porém, ele é mais

racional para a avaliação e agregação das preferências do decisor. Apesar de ser um método

simples de ser implementado, ele possui resultados um pouco mais racionais que o AHP, ele

ainda é pouco utilizado.

O MAHP possui uma dificuldade sobre o AHP, para se implementar o algoritmo é

necessário um processamento preliminar de dados quantitativos. Assim, o decisor pode

interferir no resultado da decisão dando notas as alternativas usando o seu conhecimento de

sobre o assunto.

Montagem da

hierarquia

Definição de

prioridades

Consistência

lógica

75

4.1.3 ELIMINATION AND CHOX TRADUISANT LA REALITÉ – ELECTRE

Este método, baseia-se em princípios relativamente flexíveis. É possível, com esse método,

indicar qual a alternativa que o tomador de decisão possui melhor afinidade, ou seja, pode-se

expressar uma opinião diante do contexto (ROGERS et al., 2000).

Os métodos ELECTRE têm origem no pioneiro trabalho de ROY (1968) e podem ser

empregados tanto no apoio à decisão quanto na tomada de decisão. Estes métodos têm sua

originam a Escola Francesa de Análise Multicritério, assim denotada porque os principais

métodos desta Escola têm origem em países de língua francesa.

O ELECTRE possui sobreclassificações, também denominados métodos de subordinação

ou prevalência, composta pelos métodos ELECTRE I, II, III, IV, IS e TRI.

Os métodos ELECTRE I e ELECTRE II envolvem apenas critérios verdade e são

destinados a problemas que envolvem seleção e ordenação de alternativas, respectivamente.

Com o desenvolvimento de novos tipos de modelagem de preferências, foram construídos os

métodos ELECTRE III, IV, IS e TRI, que inserem na sua estrutura modelagens de preferências

mais refinadas. Trata de problemas que são modelados por uma família de pseudocritérios. Os

métodos ELECTRE III e IV têm como objetivo ordenar as alternativas da melhor para a pior.

O ELECTRE IV por sua vez é destinado a problemas em que não se pode introduzir qualquer

ponderação nos critérios (ROGERS et al., 2000).

4.2 ESCOLHA DO MÉTODO AHP

Para fazer a hierarquização dos indicadores nesse trabalho foi escolhido o método AHP

(Método de Análise Hierárquica). Esta escolha teve como base o trabalho de GUGLIELMETTI

et al., (2003). São mostradas na Tabela 4.4 as comparações entre os três métodos estudados:

AHP, MAHP e ELECTRE.

76

TAB. 4.4 Comparação entre os métodos de apoio a decisão (GUGLIELMETTI et al., 2003)

AHP MAHP ELECTRE

ENTRADA DE DADOS

Utilização em decisões em vários níveis Sim Sim Não

Restrições quanto a quantidade de elementos em um

nível Sim Não Não

Quantidade de julgamentos em problemas com muitos

critérios e alternativas Alta

De média a

alta Baixa

Necessidade de processar os dados antes que estes

possam ser usados Não Sim Sim

Possibilidade de tratar dados qualitativos e quantitativos Sim Sim Sim

Possibilidade de tratar com problemas do tipo técnico Sim Sim Sim

Possibilidade de tratar critérios/alternativas dependentes Não Não Não

Possibilidade de criar as escalas de julgamento de acordo

com o contexto Não Sim Não

SAÍDAS DE DADOS

Problemas com alocação em conjuntos Não Não Não

Problemas com avaliação de desempenho Sim Sim Não

Problemas com avaliação de desempenho em classes Não Não Não

Proporciona ranking completo de alternativas Sim Sim Não

Proporciona soluções muito refinadas Sim Sim Não

Proporciona somente eliminação de algumas

alternativas Não Não Sim

Permite a avaliação de coerência dos julgamentos Sim Não Não

Interface tomador de decisão versus método

Disponibilidade de software para download gratuito Sim Não Não

Necessidade de um especialista no método utilizado Média Alta Média

Utilização de decisões em grupo Sim Sim Não

Permissão para a participação de mais de uma pessoa na

decisão Sim Sim Sim

Facilidade para estruturar o problema Alta Média N/A

Possibilita o aprendizado sobre a estrutura do problema Sim Sim N/A

Nível de compreensão conceitual e detalhada do modelo

e algoritmo Alto Médio Baixo

77

Nível de compreensão para o decisor referente a forma

de trabalho Alto Alto Baixo

Transparência no processamento e nos resultados Alta Baixa Média

Quantidade de aplicações práticas Alta Baixa Baixa

Número de publicações científicas Alta Baixa Média

Conforme mostrado na Tabela 4.4, verificou-se que na maioria dos quesitos o método AHP

possui destaque em comparação ao MAHP e ao ELECTRE. Um dos principais fatores para

escolha deste método foi a disponibilidade de software gratuito para a hierarquização dos

indicadores de desempenho. Além de permitir a avaliação de coerência dos julgamentos e

possuir transparência nos resultados obtidos. O método AHP ainda possui vantagem em relação

a quantidade de aplicações práticas e ao número de publicações científicas existentes.

Considerando que a percepção humana não é capaz de analisar simultaneamente todos os

critérios e preferências, o AHP permite a construção de um modelo hierárquico de pesos e

critérios para auxiliar na tomada de decisão. Além disso, em problemas complexos, por existir

uma grande variedade de alternativas. Não é humanamente possível analisar todas as soluções

individualmente nem as comparar. Uma vez modeladas as preferências, critérios e pesos, o

método AHP permite analisar muitas alternativas.

Em resumo, AHP é um método tradicional de tomada de decisão baseado em multicritério.

Os critérios são modelados a partir das preferências dos tomadores de decisão para construir o

modelo. Uma vez construído, ele pode ser utilizado para analisar, comparar e priorizar

alternativas de soluções.

Devido todos estes fatores, e por ser um método de fácil aplicação, o AHP foi escolhido

como o método de apoio multicritério a decisão utilizado nesse estudo.

Após a escolha do Método AHP é preciso definir como será realizada a avaliação da

importância dos indicadores propostos. Diversos são os programas que realizam essa tarefa,

como: Maple Professional, o Web-HIPRE, MACBETH e o Expert Choice. Este trabalho

escolheu o aplicativo Expert Choice 11 para uma hierarquização absoluta, pois esse é de

download gratuito e de fácil aplicabilidade. Também entrou no escopo do trabalho o uso de

uma planilha eletrônica para definição da importância relativa dos vários indicadores, com

intervalos de variações. Esse procedimento permite uma análise de sensibilidade que vai além

da resposta absoluta do Expert Choice. No item 4.3 esse aplicativo será detalhado.

78

4.3 SOFTWARE EXPERT CHOICE 11

Cada dia as organizações enfrentam difíceis decisões complexas que envolvem múltiplos

atores e montanhas de dados - decisões que muitas vezes significam o sucesso ou fracasso. Com

o software e os serviços, estrutura e processos repetitivos, o Expert Choice pode ser

implementado para permitir às organizações colaborarem em decisões de aumento de

alinhamento com os objetivos estratégicos, em torno de decisões e a capacidade de avançar

rapidamente com confiança.

O software é projetado para ajudar os tomadores de decisão a superar os limites da mente

humana para sintetizar entradas qualitativas e quantitativas de várias partes interessadas,

permitindo a priorização dos objetivos e avaliação de alternativas, de forma profissional e

completa, em torno de importantes decisões organizacionais.

Com este software, pode-se combinar a experiência e intuição de uma equipe de

especialistas, com informações valiosas, explorar cenários hipotéticos, e alcançar o consenso

das partes interessadas e compreensão sobre situações complexas e incertas.

O software foi a ferramenta utilizada para operacionalizar o modelo decisório desenvolvido

de acordo com o método AHP. Trata-se de um software bastante amigável e de fácil navegação.

Além do uso de técnicas de análise de decisão convencionais, tal software permite que as

pessoas envolvidas na decisão, elejam suas preferências e efetuem julgamentos de valor

segundo a representação do problema de acordo com uma estrutura hierárquica. Na aplicação

sistemática dos princípios do método AHP, o software Expert Choice permite percorrer todas

as etapas do processo: construção do modelo, avaliação por pares, síntese dos resultados e

análise de sensibilidade.

O programa, pode integrar dados do Microsoft Excel, Microsoft Project e de bancos de

dados Oracle para ajudar a visualizar os dados de novas maneiras.

No Capítulo 5, será determinada a importância relativa dos indicadores escolhidos através

da aplicação das metodologias de análise multicritério definidas como mais adequada para o

emprego em hidrovias.

79

5 AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES DE HIDROVIAS

Com a escolha do método AHP, do software Expert Choice 11 para a hierarquização dos

indicadores de desempenho, o estudo proposto servirá para apresentar a aplicabilidade deste

método.

O estudo de indicadores para modo aquaviário visa proporcionar subsídios para a melhoria

do transporte fluvial. Todavia, para que se tenha uma melhor visão das dificuldades em que o

setor está inserido, é necessário um embasamento científico.

A proposição de indicadores de serviços adequados surge como ferramenta propícia para

esse embasamento, oferecendo um diagnóstico profundo e preciso do que deve ser melhorado.

Além de indicar e informar, os indicadores auxiliam nas tomadas de decisão, influenciando no

planejamento das políticas públicas, na regulamentação, qualificação e especialização do setor,

além de fornecer alinhamento conceitual aos usuários. A elaboração de indicadores contribui

positivamente para o modal hidroviário, mostrando-se como ferramenta de diagnóstico aos

órgãos responsáveis, armadores e usuários que poderão avaliar a qualidade de sua gestão e sua

atuação no setor. (FERREIRA et al., 2009).

Foram definidos primeiramente os fatores e os indicadores de desempenho que de modo

geral podem ser aplicados as hidrovias brasileiras, ao qual já foram apresentados anteriormente.

Com os indicadores definidos conforme mostrado na Figura 3.1, foram criados

questionários de pesquisa (ilustrados no Apêndice I) e os mesmos foram enviados a

especialistas que responderam o questionário. Seguindo o preconizado do AHP, nas pesquisas

os indicadores foram comparados par a par com o objetivo de se atribuir pesos, que

posteriormente servem de base para a comparação dos indicadores. As respostas dos

especialistas encontram-se na Tabela 5.3.

O universo dos especialistas que foram ouvidos estão: o órgão regulador do transporte

aquaviário no Brasil, isto é a ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários;

membros da administração hidroviária, como a AHIMOC – Administração Hidroviária da

Amazônia Ocidental; empresas de transporte de cargas que operam em hidrovias brasileiras;

pesquisadores da área de transportes, como professores universitários de universidades

renomadas e com destacada atuação na área. O total de especialistas consultados foi de 14

pessoas.

80

Após a coleta dos resultados do questionário e a definição dos pesos por indicador, para

modelagem do AHP foram utilizados o aplicativo Expert Choice 11 e uma planilha eletrônica

com a formulação do método.

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Com a coleta de dados através do questionário respondido pelos especialistas, inicialmente

os dados são processados em planilha eletrônica, para obtenção dos autovalores, dos

autovetores e da matriz normalizada com os pesos médios de cada indicador.

Na planilha eletrônica foram lançados os pesos conforme respostas dos especialistas para

cada indicador e para os fatores. Nessa planilha constava os critérios e as alternativas. Com o

lançamento dos dados, o cálculo compreendeu o somatório dos elementos de cada coluna e a

divisão de cada elemento da coluna pelo respectivo somatório. A matriz que resulta do processo

é chamada de matriz normalizada, depois achava-se o Autovetor (A-vetor), sendo a média

geométrica dos pesos atribuídos (matriz normalizada), e por conseguinte A-Norm, que é o auto

vetor do indicador específico, dividido pela soma do auto vetor de todos indicadores. O

resultado do A-Norm é o peso médio de cada indicador.

Na Tabela 5.1, a resposta de um especialista consultado.

TAB. 5.1 Demonstrativo da utilização da planilha eletrônica

Critérios Confiabilidade Eficiência Economicidade

Nível

de

Serviço

A-Vetor A- Norm

Confiabilidade 1 1/7 1/7 1/5 0,25 0,0505

Eficiência 7 1 1 1 1,63 0,3252

Economicidade 7 1 1 1 1,63 0,3252

Nível de

Serviço 5 1 1 1 1,50 0,2990

Auto –V 20,00 3,14 3,14 3,20 5,00 1,00

O auto valor máximo (λmax), foi obtido através da multiplicação de matrizes sendo a soma

do Auto-V e a soma da A-Norm. No exemplo acima λmax= 4,01. Sendo que λmax tem que

estar o mais próximo possível de n (número de variáveis), no caso acima n=4. Com o resultado

81

do auto valor máximo, calculou-se a Razão de Consistência da matriz, sendo ela o Índice de

Consistência dividido pelo Índice Randômico. No exemplo acima RC=0,44%.

A Razão de Consistência final, sendo a média das RC de todas as respostas, teve seu valor

igual a 0,0819 ou 8,19%, estando dentro do nível aceitado que é de no máximo 10%, de acordo

com SAATY (1991).

Esse processamento foi feito na planilha eletrônica e ao final chegou-se aos pesos médios

dos indicadores (A-Norm).

Com essa informação, foi aplicado o software Expert Choice 11 para obtenção de uma

hierarquização absoluta e uma planilha eletrônica para definição da importância relativa dos

vários indicadores, com intervalos de variações. A seguir serão mostrados os resultados obtidos

com o Expert Choice 11.

5.1.1 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE EXPERT CHOICE 11

Com os dados dos pesos calculados através de uma planilha eletrônica, foi utilizado o

Expert Choice 11 para fazer a hierarquização desses indicadores. No apêndice II encontra-se o

desenvolvimento da modelagem realizada no Expert Choice 11.

Na Tabela 5.2 encontram-se os resultados da hierarquização dos indicadores e seus

respectivos pesos.

TAB. 5.2 Resultado da Hierarquização

INDICADORES Pesos

Disponibilidade para navegação da hidrovia 16,20%

Prevenção de Acidentes 10,00%

Tempo de Espera do Serviço 9,60%

Desenvolvimento Econômico 8,80%

Preservação Ambiental 8,10%

Transporte de Cargas 7,60%

Utilização da Capacidade de Armazenamento 7,30%

Tecnologia 6,80%

Qualidade Percebida 4,80%

Satisfação do Usuário 4,70%

82

Consumo de Combustível 4,30%

Utilização das eclusas 4,20%

Custos de Manutenção 3,80%

Roubos 3,70%

A Figura 5.1 apresenta um gráfico com os indicadores hierarquizados, e a Figura 5.2

apresenta os critérios hierarquizados.

83

FIG

. 5

.1 I

nd

icad

ore

s hie

rarq

uiz

ado

s

84

FIG

. 5

.2 C

rité

rio

s h

iera

rquiz

ado

s

85

O Expert Choice determina apenas uma hierarquização absoluta. Para definição da

importância relativa dos vários indicadores, com intervalos de variação, foi utilizada uma rotina

usando as equações do AHP em planilha eletrônica. Além disso, foi elaborada uma estatística

básica dos parâmetros analisados, como pode ser visto no capítulo a seguir.

5.1.2 UTILIZAÇÃO DE PLANILHA ELETRÔNICA

Partindo dos dados obtidos pela pesquisa com os especialistas no emprego do AHP, como

alternativa ao aplicativo Expert Choice na modelagem da avaliação da importância foi utilizada

uma planilha eletrônica. Esse procedimento permite mais que uma hierarquização absoluta, pois

permite uma importância relativa para os vários indicadores, com intervalos de variações. Foi

elaborada também uma estatística básica dos parâmetros analisados.

Com a resposta dos especialistas, e o percentual de cada indicador calculado, obteve-se a

média de cada indicador dos 14 especialistas.

Os pesos finais dos indicadores, fundamentais para a hierarquização definitiva, foram

obtidos pela média aritmética de todos os pesos das respostas dos entrevistados.

A Tabela 5.3 mostra a análise das respostas dos 14 especialistas.

86

12

34

56

78

91

01

11

21

31

4

RO

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4%

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0%

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48

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5%

12

34

56

78

91

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11

21

31

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ILIZ

ÃO

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E

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%1

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5%

32

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32

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12

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%

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51

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%

12

34

56

78

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70

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2

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SP

EC

IAL

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AS

TA

B.

5.3

Res

po

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do

s es

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iali

stas

87

Para o cálculo, foram utilizadas equações básicas de estatística, sendo: cálculo de média,

desvio padrão, erro padrão, erro admissível, valor mínimo e valor máximo.

Sendo a média o valor que aponta para onde mais se concentram os dados de uma

distribuição (MORETTIN & BUSSAB, 2003). Na equação 3 mostrado a fórmula da média.

Equação 3 – Cálculo da Média

M =Σ(xi)

𝑛𝑖 EQ. 3

Sendo: M= média

Σ(xi)= Somatório dos termos

ni = número de termos

O desvio padrão é uma medida de dispersão e o seu valor reflete a variabilidade das

observações em relação a média (MORETTIN & BUSSAB, 2003). Na equação 4 é

demonstrada a fórmula do desvio padrão.

Equação 4 – Desvio padrão

s = √𝛴(𝑥𝑖 − 𝑥)2

𝑛 − 1 EQ. 4

Sendo: s = desvio padrão

xi = valor do termo

x = média da amostra

n = número de termos

O erro padrão é uma medida da precisão da média amostral calculada. O erro padrão obtém-

se dividindo o desvio padrão pela raiz quadrada do tamanho da amostra (MORETTIN &

BUSSAB, 2003). Na equação 5 é mostrada a fórmula para o cálculo do erro padrão.

Equação 5 – Erro padrão

Sx =𝑠

√𝑛 EQ. 5

Sendo: Sx = erro padrão

s = desvio padrão

n = número de termos

88

O erro admissível foi utilização o valor de 1, ou seja, no máximo 10%, para que a variação

não fosse muito grande.

Os valores máximos e mínimos são as variações da média mais ou menos o erro admissível

(MORETTIN & BUSSAB, 2003).

Na Tabela 5.4 são demonstrados os resultados obtidos através das fórmulas aplicadas na

planilha eletrônica.

TAB. 5.4 Cálculo da média, desvio padrão, erros e variações.

CONFIABILIDADE

Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Erro

admissível

Valor

Mínimo

Valor

Máximo

Roubos 16,98% 16,10% 4,30% 4,30% 12,67% 21,28%

Preservação ambiental 37,24% 17,68% 4,72% 4,72% 32,51% 41,96%

Prevenção de acidentes 45,79% 17,01% 4,55% 4,55% 41,24% 50,33%

EFICIÊNCIA

Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Erro

admissível

Valor

Mínimo

Valor

Máximo

Utilização da

capacidade de

armazenamento

21,16% 10,68% 2,85% 2,85% 18,31% 24,02%

Tecnologia 19,72% 9,18% 2,45% 2,45% 17,26% 22,17%

Disponibilidade da

infraestrutura da

hidrovia

46,83% 12,23% 3,27% 3,27% 43,57% 50,10%

Utilização das eclusas 12,29% 4,26% 1,14% 1,14% 11,15% 13,43%

ECONOMICIDADE

Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Erro

admissível

Valor

Mínimo

Valor

Máximo

Consumo de

combustível 17,42% 15,01% 4,01% 4,01% 13,41% 21,43%

Desenvolvimento

econômico 35,99% 17,70% 4,73% 4,73% 31,26% 40,72%

Transporte de cargas 31,11% 15,72% 4,20% 4,20% 26,90% 35,31%

Custos de manutenção 15,48% 14,31% 3,83% 3,83% 11,66% 19,31%

NÍVEL DE SERVIÇO

Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Erro

admissível

Valor

Mínimo

Valor

Máximo

Tempo de espera para o

serviço 50,22% 24,03% 6,42% 6,42% 43,79% 56,64%

Qualidade percebida 25,09% 11,13% 2,98% 2,98% 22,11% 28,06%

Satisfação do usuário 24,69% 20,39% 5,45% 5,45% 19,25% 30,14%

89

Após o cálculo acima, os resultados foram organizados e demonstrados na Tabela 5.5, sendo

apresentados apenas os valores médio, máximo e mínimo, que são os valores que interessam

para o estudo.

TAB. 5.5 – Média, mínimo e máximo dos indicadores.

CONFIABILIDADE

Média Mínimo Máximo

Roubos 16,98% 12,67% 21,28%

Preservação ambiental 37,24% 32,51% 41,96%

Prevenção de acidentes 45,79% 41,24% 50,33%

EFICIÊNCIA

Média Mínimo Máximo

Utilização da capacidade de armazenamento 21,16% 18,31% 24,02%

Tecnologia 19,72% 17,26% 22,17%

Disponibilidade da infraestrutura da hidrovia 46,83% 43,57% 50,10%

Utilização das eclusas 12,29% 11,15% 13,43%

ECONOMICIDADE

Média Mínimo Máximo

Consumo de combustível 17,42% 13,41% 21,43%

Desenvolvimento econômico 35,99% 31,26% 40,72%

Transporte de cargas 31,11% 26,90% 35,31%

Custos de manutenção 15,48% 11,66% 19,31%

NÍVEL DE SERVIÇO

Média Mínimo Máximo

Tempo de espera para o serviço 50,22% 43,79% 56,64%

Qualidade percebida 25,09% 22,11% 28,06%

Satisfação do usuário 24,69% 19,25% 30,14%

CRITÉRIOS

Média Mínimo Máximo

Confiabilidade 21,85% 17,60% 26,10%

Eficiência 34,50% 29,34% 39,67%

Economicidade 24,45% 20,79% 28,11%

Nível de serviço 19,20% 14,62% 23,78%

CRITÉRIOS

Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Erro

admissível

Valor

Mínimo

Valor

Máximo

Confiabilidade 21,85% 15,90% 4,25% 4,25% 17,60% 26,10%

Eficiência 34,50% 19,32% 5,16% 5,16% 29,34% 39,67%

Economicidade 24,45% 13,69% 3,66% 3,66% 20,79% 28,11%

Nível de serviço 19,20% 17,13% 4,58% 4,58% 14,62% 23,78%

90

Com os valores médios, máximos e mínimos, multiplicou-se os valores achados com seu

indicador macro respectivo para enfim ser apresentado os pesos com a hierarquização dos

indicadores.

No indicador macro Confiabilidade, o valor médio do Roubo foi multiplicado pelo valor

médio do indicador da Confiabilidade. Sendo 16,98% x 21,85%, obtendo o valor final médio

de 3,71%. E desta forma foi feito o cálculo para todos os indicadores, obtendo a hierarquização

final conforme demonstrado na Tabela 5.6.

TAB. 5.6 – Pesos dos indicadores

CONFIABILIDADE

Média Mínimo Máximo

Roubos 3,71% 2,23% 5,55%

Preservação ambiental 8,14% 5,72% 10,95%

Prevenção de acidentes 10,00% 7,26% 13,14%

EFICIÊNCIA

Média Mínimo Máximo

Utilização da capacidade de armazenamento 7,30% 5,37% 9,53%

Tecnologia 6,80% 5,07% 8,79%

Disponibilidade da infraestrutura da hidrovia 16,16% 12,78% 19,87%

Utilização das eclusas 4,24% 3,27% 5,33%

ECONOMICIDADE

Média Mínimo Máximo

Consumo de combustível 4,26% 2,79% 6,02%

Desenvolvimento econômico 8,80% 6,50% 11,45%

Transporte de cargas 7,60% 5,59% 9,92%

Custos de manutenção 3,79% 2,42% 5,43%

NÍVEL DE SERVIÇO

Média Mínimo Máximo

Tempo de espera para o serviço 9,64% 6,40% 13,47%

Qualidade percebida 4,82% 3,23% 6,67%

Satisfação do usuário 4,74% 2,81% 7,17%

Na Figura 5.3 e 5.4 são demonstrados os indicadores hierarquizados através de cálculo na

planilha eletrônica.

Posteriormente a análise na planilha eletrônica, foi feita a análise dos resultados de acordo

com os dados obtidos.

91

FIG

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.3 I

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92

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rarq

uiz

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lanil

ha

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rôn

ica

93

5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O tratamento dos dados se deu com o uso do aplicativo Expert Choice 11 e de uma planilha

eletrônica. Foi analisado, ao final dos julgamentos dos especialistas, se a inconsistência era

maior que 0,1, de acordo com o método AHP proposto por SAATY(1991). A inconsistência

das respostas dos especialistas se manteve dentro do padrão determinado conforme mostrado

na Tabela 5.3.

As respostas dos especialistas apresentaram razão de consistência dentro do aceitável

estabelecido, que é de 10%. Foi achado o valor de 8,19% conforme mostrado no item 5.1.

Assim, ficou demonstrado a coerência e o conhecimento dos especialistas que responderam ao

questionário proposto. Pode-se concluir ainda que eles entenderam com clareza todas as

comparações entre os indicadores. As maiores variações, em relação a média das respostas dos

especialistas, ocorreu nas respostas das empresas que operam hidrovias e dos professores

universitários. Isto mostra que apesar de uma homogeneidade nas respostas existe um viés

relacionado ao tipo de atividade do entrevistado.

É necessário a implantação de indicadores de desempenho aplicados as hidrovias, pois com

eles podemos tomar decisões, auxiliar no planejamento de políticas públicas, em

regulamentação, qualificação e especialização dos órgãos, além de proporcionar formação de

opinião aos usuários.

Segundo BITTENCOURT (2004) os indicadores são compostos por termos relativos a

custo, tempo, quantidade e/ou qualidade e ganham significado quando avaliados em relação ao

tempo, a um padrão ou a uma meta (planejado).

Os indicadores precisam ser monitorados e acompanhados para melhoria do desempenho

das hidrovias, pois atualmente não existem indicadores efetivamente empregados e

monitorados pela ANTAQ.

O critério Eficiência possui maior peso no que se refere aos indicadores macros. Essa

tendência se dá devido principalmente ao indicador de Disponibilidade para navegação da

hidrovia.

A eficiência foi o indicador macro com mais importância, sendo ainda a maior preocupação

das empresas, administradoras e estudiosos da área, com o desempenho, operação e tempo de

espera para o serviço nas hidrovias.

Uma vez que as diferentes causas de paradas de navegação ao longo das vias navegáveis

são analisadas individualmente, a parcela do total de paradas podem ser detectadas e planos

94

estratégicos para que as ações possam ser feitas para reduzir os impactos das causas

mencionadas.

Ao comparar a disponibilidade para navegação da hidrovia de anos anteriores, mudanças

significativas ao longo do tempo podem ser reconhecidas, e estratégias para melhorar a

competitividade da navegação podem ser feitas (ou seja, os contratos para meses com baixo

nível de água para deslocar volumes de transporte, se necessário, a curto prazo).

Os dias navegáveis na estiagem por ano é de significativa importância para todo o sistema

de navegação interior, como as condições náuticas adequadas permitem carga e transporte de

passageiros ao longo de cursos d'água. Se estas condições não forem suficientes, a capacidade

de carga é restrita e os preços dos transportes são afetados.

Da comparação entre os resultados obtidos pelo aplicativo Expert Choice 11 e os

calculados com uso de planilha eletrônica, pode-se observar uma boa compatibilidade nas

respostas, com médias praticamente iguais. O modelo criado no Excel mostrou ainda uma

variação dos pesos médios em função da amplitude de respostas dos especialistas.

Na Tabela 5.7 são apresentados os resultados médios do Expert Choice 11 e do modelo

desenvolvido em planilha eletrônica.

TAB. 5.7 Expert Choice 11 e Planilha eletrônica

Indicadores Expert Choice 11 Planilha

Eletrônica

Disponibilidade para navegação da hidrovia 16,20% 16,16%

Prevenção de Acidentes 10,00% 10,00%

Tempo de Espera do Serviço 9,60% 9,64%

Desenvolvimento Econômico 8,80% 8,80%

Preservação Ambiental 8,10% 8,14%

Transporte de Cargas 7,60% 7,60%

Utilização da Capacidade de Armazenamento 7,30% 7,30%

Tecnologia 6,80% 6,80%

Qualidade Percebida 4,80% 4,82%

Satisfação do Usuário 4,70% 4,74%

Consumo de Combustível 4,30% 4,26%

Utilização das eclusas 4,20% 4,24%

Custos de Manutenção 3,80% 3,79%

Roubos 3,70% 3,71%

95

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

Nesta dissertação, foram apresentados revisões bibliográficas das hidrovias brasileiras e

internacionais, assim como as vantagens do modo hidroviário em relação aos modos rodoviário

e ferroviário.

Foram apresentados os principais indicadores de desempenho de hidrovias encontrados na

literatura nacional e internacional. A partir desta lista prévia foi proposta uma relação de

indicadores mais adequados ao emprego na gestão de hidrovias brasileiras.

Além disso, sempre que se utilizar o AHP para facilitar a tomada de decisão, deve-se atentar

ao fato de modelar somente os indicadores que sejam efetivamente importantes para o processo.

Com essa orientação, foram escolhidos os indicadores que mais se aplicavam as hidrovias

brasileiras, em vista de que alguns indicadores internacionais não serem aplicáveis as nossas

hidrovias devido cada hidrovia possuir suas particularidades.

Foi feita uma revisão bibliográfica das principais metodologias de análise multicritério para

avaliação da importância relativa de indicadores. A metodologia AHP foi definida ainda a

metodologia mais adequada para o emprego nos indicadores selecionados para as hidrovias.

Finalmente foi contabilizada uma avaliação da importância dos indicadores de hidrovias.

Para isso foi realizada uma coleta de dados através de questionários que foram respondidos por

especialistas. Com esses resultados, inicialmente os dados foram processados em planilha

eletrônica, para obtenção dos autovalores, dos autovetores e da matriz normalizada com os

pesos médios de cada indicador. Em seguida, foi aplicado o software Expert Choice 11 para

obtenção de uma hierarquização absoluta e uma planilha eletrônica para definição da

importância relativa dos vários indicadores, com intervalos de variações.

A contribuição dessa dissertação é à identificação dos indicadores de desempenho, bem

como a avaliação da importância destes, com a utilização do AHP (Método de Análise

Hierárquica). O referido método tem como característica comparar par a par todos os

indicadores selecionados, a partir de entrevistas promovidas com especialistas da área atuantes

diretamente e indiretamente com hidrovias.

96

Verificou-se ainda que o AHP mostrou-se bastante eficiente para comparar os indicadores

aplicados a hidrovias, com o auxílio do software Expert Choice 11 e da planilha eletrônica. São

várias as possibilidades de comparação dos indicadores, oferecidas pela referida metodologia.

Os resultados final são mostrados graficamente, numericamente e qualitativamente, conforme

demonstrado no Apêndice II.

Constatou-se que a confiabilidade das respostas e os resultados, estiveram em

concordância, confirmando que os especialistas estavam em consonância com a realidade do

objeto em questão.

Uma análise crítica mostrou que as respostas refletem em parte, as características

operacionais (objetivas) das empresas, em detrimento de características dos serviços prestados

(subjetivas).

A planilha eletrônica foi de grande importância para verificação dos indicadores, visto que

os mesmos não são valores absolutos conforme demonstrado no Expert Choice 11. A planilha

eletrônica apresentou as variações dos pesos médios, sendo que estes valores sofreram em

alguns indicadores alterações em relação ao software. Esta variação se deu devido a diferença

nas respostas dos especialistas, que possuem sua visão de acordo com a vivência do ambiente

atuante.

Como resposta final ao estudo apresentado, verificou-se que existe uma tendência na

priorização dos indicadores relacionados a eficiência. A evidência de tal fato pode ser

comprovada a partir da análise dos indicadores hierarquizados com maiores pesos absolutos,

onde, a disponibilidade para navegação da hidrovia foi caracterizado como o indicador mais

importante na análise dos especialistas.

Essa tendência é explicada devido a preocupação de disponibilidade da hidrovia para a

navegação, em vista da sazonalidade das características hidrológicas, apresentando períodos de

cheia e de estiagem.

Um fator interessante foi o indicador de consumo de combustível não estar entre os mais

importantes, fato que explica-se pelo motivo de o combustível utilizado nas embarcações (filol

– diesel menos refinado), ser o mais barato e de acordo com um especialista consultado, os

encargos do combustível já foram diminuídos ao máximo, tornando assim esse indicador com

importância inferior aos demais.

A Prevenção de acidentes consta como segundo mais importante indicador na opinião dos

especialistas, o que demonstra a preocupação com a segurança na navegação. Assim como o

97

tempo de espera do serviço, ou seja, a demora entre a chegada de um navio em um porto e do

início das atividades de transbordo ser um dos entraves para a eficiência do modal.

Já para os indicadores de nível de serviço, será necessário a elaboração de um instrumento

de pesquisa a ser aplicado pela ANTAQ aos passageiros e aos operadores. Isto permitirá a

obtenção de dados que representem o ponto de vista dos usuários e operadores, ou seja, as

características subjetivas, mas não menos importantes, do transporte.

Como resultado principal da presente pesquisa, estabeleceu-se um conjunto hierarquizado

de indicadores de desempenho adequados às hidrovias brasileiras, que pode ser útil para os

órgãos reguladores e as administrações hidroviárias analisarem a prioridade de seus processos

decisórios em um método matemático de comparação, bem como para profissionais

interessados em utilizar o AHP, como ferramenta de controle, em diversas áreas de interesse.

O processo de melhoria de hidrovias a partir de uma gestão com uso de indicadores deve

ser dinâmico e sistemático. Assim, faz-se necessário o monitoramento através da ANTAQ para

que os indicadores sejam aplicados efetivamente. Como resultados será possível a classificação

das hidrovias em um determinado tempo. Isto é, será realizada uma classificação destas e serão

mostrados os itens em que estas são deficientes e apresentam possibilidade de melhoria em

termos de investimentos em infraestrutura, manutenção, pessoal, nível de serviço, melhor

atendimento, etc.

Posteriormente, dentro de uma perspectiva dinâmica esses indicadores serão reavaliados e

as hidrovias reclassificadas.

O levantamento dos índices contabilizados nos indicadores devem, se possível, ser

georreferenciados para a identificação de onde os mesmos ocorrem. Este fato facilitará

posteriormente a implementação de ações preventivas e/ou corretivas. Uma outro produto que

pode ser obtido com o georreferenciamento dos índices é a criação de um aplicativo App para

celulares que misture redes sociais e GPS e permita o controle em tempo real do fluxo, da

sinalização, dos acidentes, dos roubos, etc.

No sentido de atribuir a responsabilidade para cada agente que atua direta ou indiretamente

nas hidrovias, foi criada uma matriz de responsabilidades para os indicadores, conforme Tabela

3.15. Esta tabela auxiliará os gestores das administrações hidroviárias intervirem junto aos

agentes responsáveis a fim de melhorar os indicadores em avaliações futuras.

98

6.2 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Após a conclusão do trabalho foram feitas observações a respeito de recomendações para

trabalhos futuros.

Recomenda-se que em trabalhos futuros, sejam aplicados os indicadores de desempenho

propostos neste trabalho às hidrovias brasileiras para o estabelecimento de uma análise de

desempenho dessas hidrovias.

Atualmente as restrições impostas pelos órgãos de controle ambiental aos operadores de

hidrovias tem se intensificado. Assim, em uma revisão futura da lista de indicadores prioritários

recomenda-se maior atenção em novos indicadores na área ambiental. Uma possibilidade é a

inclusão de indicadores que contabilizem a quantidade de resíduos gerados na operação.

Outro problema que pode ser contabilizado é a questão do uso múltiplo das águas. O acesso

à determinada quantidade de água resulta em uma disponibilidade de calado que permite uma

determinada capacidade de transporte. Em caso de escassez o uso é definido pela agência de

controle das águas. Um macro indicador pode ser definido em comum acordo com os outros

usuários e a agência de águas para contabilizar esta questão.

É interessante também o desenvolvimento de estudos de caso aplicados a hidrovias mais

complexas, a comparação de rotas de escoamento de uma determinada hidrovia com 2 ou mais

hidrovias alternativas. Cabe ressaltar que neste caso terão de ser definidos indicadores

específicos para este tipo de análise, pois existem as peculiaridades individuais de cada

hidrovia.

Podem ser desenvolvidos trabalhos que utilizem outros métodos de análise multicritério,

como o ELECTRE, o MAHP ou redes neurais.

Além disso, pode-se recomendar o uso de indicadores de desempenho e a aplicação de

metodologias multicritério como o AHP a outros modo de transporte, como exemplo o

rodoviário.

99

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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103

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