Dendeicultura Na Bahia
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Dendeicultura da Bahia
AGOSTO - 2006
Superintendência Regional da Bahia e SergipeGerência de Desenvolvimento e Suporte Estratégico
Setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta
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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
LUIS CARLOS GUEDES PINTO
Ministro
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – Conab
JACINTO FERREIRA
Presidente
Superintendência Regional da Bahia e Sergipe
ROSE EDNA M. VIANNA PONDÉ
Superintendente
Gerência de Desenvolvimento e Suporte Estratégico – Gedes
GERSON ARAÚJO DOS SANTOS
Gerente
Setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta – Segeo
GENIVAL BATISTA DE BARROS
Encarregado
Equipe
Aurendir Medeiros de Melo
André Browne Ribeiro e Oliveira
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O estado da Bahia possui condições de clima e solo favoráveis para o desenvolvimento do
cultivo do dendê, com disponibilidade de áreas litorâneas que se estendem desde o Recôncavo
Baiano até os Tabuleiros Costeiros do Sul da Bahia. Porém, com todo esses potencial, o Estado,possui uma baixa produtividade em decorrência da existência de grandes áreas de dendê
subespontâneos de baixo rendimento, exploradas de forma extrativista; sem mão-de-obra
especializada; com carência de recursos e assistência técnica; dentro outros motivos.
Uma cultura com o potencial do dendê, tanto como cultura alimentícia como energética, pode se
constituir em um empreendimento estratégico e de alta viabilidade econômica. No caso especifico da
produção de biocombustíveis, cultivar dendê em sistemas agroflorestais é um projeto de resultados
duradouros, provavelmente mais baratos do que perfurar poços de petróleo no Brasil.
A dendeicultura com todo esse potencial, ainda convive com a realidade de baixa produtividadedo estado, necessitando de intervenção de programas governamentais que estruture e modernize a
cadeia produtiva do dendê, buscando a integração dos órgãos governamentais, com as empresas; as
associações de produtores e diretamente com o pequeno produtor, buscando a profissionalização do
setor.
O dendezeiro (Elaeais guineensis Jaquim) é uma palmeira originária da costa ocidental da África(Golfo da Guiné), sendo encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até Angola.
O fruto do dendê produz dois tipos de óleo: o óleo de dendê ou de palma (palm oil, como é
conhecido no mercado internacional), extraído da parte externa do fruto, o mesocarpo; e o óleo de
palmiste (palm kernel oil), extraído da semente, similar ao óleo de coco e de babaçu.
O óleo originário desta palmeira, o azeite de dendê, consumido há mais de 5.000 anos, foi
introduzido no Brasil, a partir do século XVII, através do tráfico de escravos, e adaptou-se bem ao
clima tropical úmido do litoral baiano. No contexto atual, os principais produtores são: a Malásia, a
Indonésia e a Nigéria, sendo o Brasil 11º produtor mundial.No Brasil, o Pará é o principal produtor, com 70% da produção nacional, em seguida vem os
estados da Bahia e Amapá. A região Sudeste da Bahia possui uma diversidade excepcional de solos e
clima para o cultivo do dendezeiro, com uma disponibilidade de área da ordem de 854.000 hectares.
1. INTRODU O
2. O DEND – ORIGEM E DESENVOLVIMENTO
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O óleo de dendê ou palma ocupa hoje o 2° lugar em produção mundial de óleos e ácidos graxos,
representando 18,49% do consumo mundial. Graças ao seu baixo custo de produção, boa qualidade e
ampla utilização, o óleo de dendê é um dos mais requeridos como matéria-prima para diferentes
segmentos nas indústrias oleoquímicas, farmacêuticas, de sabões e cosméticos. Seu uso principal é
na alimentação humana, responsável pela absorção de 80% da produção mundial, no fabrico demargarinas, gorduras sólidas, óleo de cozinha, maionese, panificação, leite e chocolate artificiais e
tantos outros produtos da indústria alimentícia e para fritura industrial.
Atualmente, portanto, é possível afirmarmos que a cultura do dendê é hoje, uma das mais
importantes atividades agro-industriais das regiões tropicais úmidas, e poderá, no futuro,
desempenhar papel ainda mais importante, por ser uma excelente fonte geradora de empregos no
meio rural. Ao mesmo tempo, é considerada uma cultura com forte apelo ecológico, por apresentar
baixos níveis de agressão ambiental, adaptar-se a solos pobres, protegendo-o contra a lixiviação e
erosão e "imitar" a floresta tropical. A dendeicultura tem ainda, a capacidade de ajudar na restauraçãodo balanço hídrico e climatológico, contribuindo de forma expressiva na reciclagem e "seqüestro de
carbono" e na liberação de O2, contribuindo assim no combate da elevação excessiva das
temperaturas médias do Planeta. Outra característica marcante nesta cultura é a possibilidade do seu
aproveitamento com fonte energética alternativa para o biodiesel, pelo seu alto potencial de produção
por unidade de área.
O azeite de dendê contém proporções iguais de ácidos graxos saturados (palmítico 44% e
esteárico 4%). É uma fonte natural de vitamina E, que atuam como antioxidantes. É rico também em
betacorateno, fonte importante de vitamina A.
É o óleo mais apropriado para fabricação de margarina, pela sua consistência, e por não
rancificar, excelente como óleo de cozinha e frituras, sendo também utilizado na produção de manteiga
vegetal (shortening), apropriada para fabricação de pães, bolos, tortas, biscoitos finos, cremes etc. O
maior uso do óleo de dendê é como matéria prima na fabricação de sabões, sabonetes, sabão em pó,
detergentes e amaciantes de roupas biodegradáveis, podendo ainda ser utilizado como combustível
em motores diesel.
4. COMPOSI O E USO
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A Bahia possui uma diversidade edafo-climática excepcional para o cultivo do dendezeiro, com
uma disponibilidade de área da ordem de 854.000 hectares, em áreas litorâneas que se estendem
desde o Recôncavo Baiano até os tabuleiros do Sul da Bahia (tabela 1), porém apenas 41.486hectares estão sendo cultivados (tabela 2). Esta disponibilidade, aliada à existência no país de uma
demanda insatisfeita de óleo de dendê, além do aspecto ambiental, possibilita a recomposição do
espaço social, proporcionando aumento da renda regional e a criação de novos empregos, buscando
através da agricultura integrada o caminho de desenvolvimento.
Nazaré/Santo Amaro 10 municípios com 100.000 hectaresValença/Itacaré 10 municípios com 213.000 hectares
Ilhéus/Canavieiras 5 municípios com 265.000 hectares
Belmonte/Prado 4 municípios com 276.000 hectares
TOTAL 29 municípios com 854.000 hectares
Fonte – SEAGRI
MUNICÍPIOS PRODUTORES ÁREAS PLANTADAS (em ha)
Valença 9.940
Taperoá 5.610
Camamu 4.205
Ituberá 2.950
Nilo Peçanha 2.875
Una 2.600
Igrapiúna 2.780
Outros 10.626
TOTAL 41.586
Fonte – PAM/2004/IBGE
TABELA 1 - PÓLOS COM APTIDÃO PARA A CULTURA DO DENDÊ
TABELA 2 - ÁREAS DE CULTIVO DE DENDÊ NO ESTADO DA BAHIA
5. DEND NA BAHIA
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Na Bahia, entre os anos de 2000 e 2005 a área plantada não oscilou muito, estando entre
41.000 e 44.000 hectares, alcançando uma produção de 175.286 cachos até o mês de agosto de 2005
e obtendo uma produtividade de 4.215 kg/hectare, rendimento considerado baixo, conforme tabela 4.
Quanto a cotação do produto, na praça de Valença a tonelada de dendê está cotada a R$ 110,00.
ANOÁREA
(ha)PRODUÇÃO (t)* PRODUTIVIDADE (kg/ha)
2000 43.927 161.430 3.675
2001 45.663 189.117 4.142
2002 41.690 167.581 4.020
2003 41.365 167.111 4.040
2004 41.323 164.135 3.972
2005** 41.586 175.286 4.215
Fonte – IBGE/PAM. *Cachos ** agosto/2005
PRAÇA TIPO UNIDADE PREÇO (R$)
Valença Cacho Tonelada 110,00
Fonte - SEAGRI
O agronegócio dendê na Bahia apresenta dois segmentos fortemente diferenciados. O primeiro,
constituído pelos chamados "roldões", representando a grande maioria das unidades processadoras
do óleo, localizadas na região conhecida como Baixo Sul, são responsáveis pela geração de cerca de
3.000 empregos diretos e de parcela considerável da renda regional. São unidades centenárias, só
existentes na Bahia e tradicionais fornecedoras de azeite de dendê para as "baianas de acarajé" e
pequenos restaurantes espalhados por todo território baiano, especialmente Salvador, Costa do Dendê
e Costa do Descobrimento.O segundo segmento está concentrado em quatro empresas de médio e grande porte, que juntas
processam a maior parte da matéria prima produzida no Estado e normalmente controlam os preços
pagos ao produtor, tabela 5.
TABELA 4 - DENDÊ BAHIA- ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE 2000-2005
Cotação do Dendê – Julho / 2006
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EMPRESAS
ATUAL
CAPACIDADE DEPROCESSAMENTO
(t/dia)
FUTURA
CAPACIDADE DEPROCESSAMENTO
(t/dia)
MUNICÍPIOSEDE
OPALMA 280 280 Taperoá
OLDESA 270 450 Nazaré
JAGUARIPE 144 288 Muniz Ferreira
MUTUPIRANGA 100 190 Nilo Peçanha
TOTAL 794 1208
Fonte – SEAGRI/1999
Os "roldões”, por falta de orientação técnica, pouco evoluíram ao logo dos anos, apresentando
baixo rendimento na extração do óleo, com perda de matéria prima, além de produzirem um óleo de
má qualidade, e provocarem expressivo impacto ambiental, devido a descarga de efluentes nos
manguezais da região.
O reconhecido desempenho negativo desses plantios tem como principais causas a idade
avançada das plantas, tratos culturais inadequados dispensados à cultura, desde a formação dos
viveiros, manutenção dos plantios e, finalmente, os procedimentos incorretos de colheita e pós colheitaquando ocorrem significativas perdas, tanto no rendimento da matéria-prima, como na qualidade do
produto final.
Com a finalidade de orientar tecnicamente os "roldões", o Governo do Estado, através da
Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI e da Secretaria da Indústria,
Comercio e Mineração - SICM, criou o Programa de Desenvolvimento da Dendeicultura Baiana e o
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Agro-industrial do Dendê, que tem como participantes a
CEPLAC, EBDA, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, as empresas OPALMA, OLDESA, JAGUARIPE
e MUTUPIRANGA, assim como cooperativas de produtores rurais, associações dos municípios daregião do Baixo Sul, associação dos proprietários de "roldões" e o Instituto de Desenvolvimento
Regional Sustentável do Baixo Sul - IDES.
TABELA 5 - INDÚSTRIAS DE DENDÊ NO ESTADO DA BAHIA
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O objetivo principal do Programa é estruturar e modernizar a cadeia produtiva do dendê na
Bahia, através de inovações tecnológicas, utilizando sementes híbridas Tenera, e incorporar 12.000
hectares de dendezais tecnicamente formados a atual área cultivada. As sementes híbridas pré-
germinadas, no total de 2,4 milhões, produzidas pela CEPLAC, são repassadas aos produtores, por
intermédio das quatro empresas processadoras do óleo, através de financiamento do Banco do
Nordeste, que disponibiliza ao programa R$ 8 milhões por ano. A meta é adicionar a produção atual,
no prazo de sete anos, 48 mil toneladas de óleo e gerar 4 mil novos empregos diretos, no campo e nasindústrias.
O Brasil possui o maior potencial mundial para a produção do óleo de dendê, dado aos quase 75
milhões de hectares de terras aptas à dendeicultura. A Bahia participa com aproximadamente 850.000
hectares deste total, sendo o único estado do nordeste brasileiro com condições climáticas adequadas,
na faixa costeira, para o plantio do dendezeiro.Segundo estatísticas da Agência Nacional do Petróleo, em 2003, o País consumiu cerca de
40,175 milhões de metros cúbicos de óleo diesel, e registrou um aumento crescente nas importações
de 42,5% no período de 1992 a 2001, criando a oportunidade de utilização de outras fontes de energia
da biomassa para produção de combustíveis alternativos, como forma de economia de divisas e
equilíbrio na balança comercial.
A expectativa de substituição parcial do óleo diesel por biocombustível de dendê pode
concretizar-se a partir de iniciativas como a proposta pela CEPLAC, que pretende demonstrar a
viabilidade técnico-econômica da produção e utilização do óleo de dendê transesterificado, emdiferentes segmentos de suas atividades, além de realizar testes em campo e laboratório e
caracterizar os óleos vegetais e biocombustíveis empregados, em sintonia com os objetivos do
Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do Biodiesel – PROBIODIESEL, lançado em
2002 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
A existência de grande disponibilidade de áreas para plantio do dendezeiro permitirá atingir com
facilidade a meta de substituição de 5% do consumo de óleo diesel, em face dos atuais 45.000
hectares que seriam acrescidos para 307.667 hectares, representando um aumento percentual de
683,7% da área cultivada, caso o dendê venha a ser a oleaginosa escolhida, mesmo assim, bastanteinferior, quando comparado aos quantitativos necessários para atender ao mesmo índice de
substituição, se fossem indicadas, por exemplo, a mamona, girassol ou soja com, respectivamente,
2,45, 3,10 e 3,41 milhões de hectares, além da vantagem do dendezeiro só necessitar de renovação a
cada 25 anos (quadro 1)
6. DEND – POTENCIAL PARA PRODU O DE ENERGIA RENOV VEL
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CULTURA AREA(ha) INCREMENTO(ha) PERCENTUAL(%)Soja 18.534.300 3.408.885 18,39
Girassol 43.200 3.097.981 7.171,25Algodão 739.200 4.437.500 600,31Mamona 128.000 2.454.787 1.917,80Dendê 45.000 307.667 683,70
Cana-de-açúcar 5.149.227 47.166 0,92Fonte: CONAB, IBGE. Cálculos do Departamento Econômico da FAESP, citado por Meireles (2003) e adaptadopor Souza 2004.
Quadro 1 - Estimativas do impacto da adição de 5% de biodiesel no óleo diesel consumidono Brasil sobre a área de cultivo de oleaginosas selecionadas.
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- SOUZA, Juscelino. Cacau e dendê alimentam caprinos. A TARDE, Salvador, 09 jan. 2006. Disponível
em: http://www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view¬id=5781 . Acesso em: 03/05/06;- Culturas Tropicais: Dendê. Disponível em: http://www.planetaorganico.com.br/newsprod12.htm .
Acesso em: 03/05/06
- DENDÊ. Disponível em: http://www.bibvirt-usp.br/especiais/frutasnobrasil/dende.html . Acesso em
03/05/2006.
- Prodam-sp. Disponível em: http://www.prodam.sp.gov.br/ibira/maneco2.htm . Acesso em: 03/05/06.
- SOUZA. Jonas. Dendê – Potencial para produção de energia renovável. CEPLAC. Disponível em:
http://www.ceplac.gov.br/radar/artigos/artigo9.htm . Acesso em 19/04/06;
- PAM/2004. IBGE;- Cultura – Dendê. SEAGRI. Disponível em: http://www.seagri.ba.gov.br/dende.htm . Acesso em:
19/04/06;
- O dendezeiro como cultura energética para os trópicos úmidos. CEPLAC. Disponível em:
http://www.ceplac.gov.br/radar/semfaz/dendezeiro.htm . Acesso em: 03/05/06.
7. REFER NCIAS