Historia Do Karate Na Bahia

download Historia Do Karate Na Bahia

of 69

Transcript of Historia Do Karate Na Bahia

RAMIRO OLIVEIRA

HISTRIA DO KARAT NA BAHIA

SEGUNDA EDIO

1

Copyright, 2002, by: Ramiro Oliveira Direitos reservados a Ramiro Antonio Moreira Oliveira Telefone: (77)3 261-3659 Rua D. Pedro II, 62, sala 01 CEP 45700-000 Itapetinga, Bahia, Brasil E-mail:

Reviso :Paulo Henrique Ges

OLIVEIRA, Ramiro Antonio Moreira . Histria do Karate na Bahia / Ramiro Oliveira Itapetinga, Bahia, BrasilRegistrado na Fundao Biblioteca Nacional sob n. 187.753 livro 320 fls. 480.

2

3

Agradecimentos: Agradeo ao Senhor do Bonfim por ter me dado a oportunidade de fazer esta obra.

Agradeo aos meus colaboradoras: Deranice Maria dos Santos; Fabrcio Rocha Luciana Santos Morais; Maria de Ftima Miranda Dias; Maria Naide Borges da Silva; Sislzia Brito Meus agradecimentos especiais: Ao mestre Ivo Rangel, ao Sr. Dorismar Carib de Castro, ao Professor Dr. Jos Augusto Maciel Torres, ao mestre Valdomiro Ferreira e ao amigo Aroldo Alves da Silva (comerciante em Camaari). Agradeo a todos aqueles que tiveram a boa vontade de me conceder uma ou mais entrevistas. A relao deles est no final deste livro, na bibliografia.

4

Dedico esta obra:

5

Ao meu mestre DENILSON CARIB DE CASTRO (em memria); Ao meu instrutor ARTHUR SALDANHA (em memria); Aos meus primeiros instrutores baianos ALMIR ALELUIA, DJALMA CARIB e OTVIO GOMES; Meus filhos, minha mulher e meus pais. Meus amigos Jos Carlos Lopes dos Santos Jnior; Alex Velame (que muito me incentivou); Joo Carlos Costa Ferraz; Valdir Lins Costa (Didi); A todos os praticantes de karate.

SUMRIO

Esclarecimento do Autor ............................................................... 21 Capitulo I Origem do Karate .......................................................................... 23 Capitulo II Origem dos Estilos de Karate ........................................................ 29 Capitulo III A Introduo do Karate na Bahia ................................................... 35 Capitulo IV Os Pioneiros ................................................................................. 47 6

Capitulo V Primeiros Clubes ............................................................................ 61 Capitulo VI A Mulher e o Karate ........................................................................ 67 Capitulo VII Expanso do Karate na Capital Baiana .......................................... 71 Capitulo VIII Federao Bahiana de Pugilismo FBP ........................................ 79 Capitulo IX Federao Bahiana de Karate ....................................................... 85 Capitulo X Estilos Praticados na Bahia ............................................................ 93 Capitulo XI As Divises do Karate ................................................................... 99 Capitulo XII As Novas Federaes ................................................................. 103 Capitulo XIII Estgio Atual ................................................................................ 123 Bibliografia .................................................................................... 125

7

8

ESCLARECIMENTO DO AUTOR Como em qualquer contexto, a histria mundial, onde se faz aluso a Cristo no intuito de dividir os acontecimentos histricos em Antes de Cristo (AC) e Depois de Cristo (DC), a histria do karat na Bahia tambm apresenta uma referncia: O japons Eisuhi Oishi. Portanto, a histria do karat na Bahia dever ser contada Antes e Depois de Oishi. Nesta obra procurei seguir essa linha divisria, porque foram feitas vrias citaes a esse fato, pois foi Oishi que deu o passo inicial para que o karat da Bahia fosse o que hoje e, uma vez que estamos retratando aqui a verdadeira histria do karat na Bahia, no poderia deixar de seguir a linha de raciocnio de algumas pessoas mais idosas que fizeram essa observao ou referncia, no s pela falta de respeito para com elas, mas tambm para no criar um erro na nossa histria, j que foram essas pessoas que fizeram a HISTRIA DO KARAT NA BAHIA. E se algumas delas ficaram sem uma citao nessa obra, quero registrar aqui que no foi por omisso minha, mas sim por falta de informaes, pois fui em vrios locais, vrias cidades, incomodei muitas pessoas vrias vezes, seja por telefone ou pessoalmente, marquei vrias entrevistas e s vezes de ltima hora adiava, porque teria que cumprir um outro compromisso s pressas, j que tinha uma pessoa em tal lugar ou cidade que tinha algumas informaes, mas s dispunha de tempo para a entrevista naquele momento. No medi esforos para fazer esta obra. Por isso, peo a todas as pessoas com quem marquei um compromisso e no pude comparecer, que me perdoem. Muito obrigado a todos que me apoiaram, confiaram em mim, receberam-me em suas casas, nos locais de trabalho, sem ao menos me conhecerem. Simplesmente, porque queriam, juntamente comigo, fazer esta obra, que, alis, no minha, mas de todos aqueles que lutaram e lutam pelo engrandecimento do karat na Bahia. OSS!

9

CAPITULO I ORIGEM DO KARAT Por mais pesquisas que se faam, imensa a dificuldade de falarmos sobre uma poca de 1200 anos atrs, pois sabemos que a literatura e os meios de informaes a respeito do karat so escassos em funo do sistema de ensinamento, de professor para aluno em crculos fechados. Foi no Oriente, outrora misterioso, onde apareceram da mescla de estilos de lutas dos persas, indianos, chineses etc., as lutas sem armas. O karat de nossos dias, sem dvida guarda a mesma origem. Os registros mais conhecidos sobre esses estilos de luta so: Tibet, ndia, China, Okinawa, Japo e, finalmente, o mundo ocidental. Uma das verses mais aceita remontam a centenas de anos, quando monges budistas viajaram da ndia ao templo Shaolim, ao sul da China Central, e l fundaram o Zen-Budismo. Para fortalecer seus seguidores, desenvolveram o Shirinji-Kempo, um estilo da externa do boxe chins. Esse estilo,

10

juntamente com o Wa-tang da interna do boxe Chins, alcanou Okinawa antes do sculo XV, local onde surgiu o Karat. Para compreender a evoluo do karat, necessrio estudar a histria de Okinawa, a maior ilha da cadeia Ryu-Kyu, situada a leste da China e ao norte do Japo. Palco de inmeras guerras civis e tribais. Okinawa foi tambm centro de vrias rotas comerciais, onde se permutavam ricos e exticos carregamentos originrios de diversos pontos do oriente. Isso fez de Okinawa um ponto de encontro de povos, culturas e artes marciais asiticas. Quando Wag-ti ou Wan-shu chegou em Okinawa, em 1683, como comissrio da China, ele esperava fazer sentir sua influncia, impressionando o povo das ilhas com sua notvel habilidade. Wan-shu preparou o povo para o estabelecimento da arte de lutar Tomari-te. Setenta e trs anos mais tarde, outro comissrio Chins chegava a Okinawa trazendo novas contribuies histricas. Esse comissrio era Kong-Shang, conhecido pelos moradores da ilha do Kushanku. Em meados do sculo XV, os governantes da Ilha proclamaram um edital (ordem judicial). Para se precaverem de uma revolta, as autoridades proibiram o uso de armas e tambm os treinamentos marciais. Foi assim que se deu o nascimento das artes do TE (mo) e seu desenvolvimento como um sistema de luta. Devido s constantes invases, os residentes de Okinawa eram obrigados a se defender de adversrios armados. Isto os levou a procurar mtodos rpidos e decisivos para que pudessem deter o oponente. Os habitantes da Ilha, proibidos de treinar, viram-se obrigados a praticar a ss e secretamente (essa a razo pela qual o karat enfatiza o kata). Os katas j apresentavam as caractersticas das aldeias de Nara, Shuri e Tomari. Tornaram-se ento pontos de convergncia para o desenvolvimento do Pr-karat. Surgiram vrios estilos, porm em torno de 1830, destacaram-se grandes mestres: Ioshimine, Tawata, Ktyuna, Kuwax, Yasutsune Asato (Anko Asato) e outros grandes lutadores. Desde ento o karat vem inovando e conquistando espaos cada vez maiores. O karat j existia em estado embrionrio. Sua vida, no entanto, dependia da organizao de um lder na sua estruturao. Isto ocorreu com o nascimento de Gichin Funakoshi, em Okinawa, no ano de 1869. Funakoshi, aps inteirar-se das formas de luta da regio, comea sua misso de iluminado, deixando um grande legado posteridade. O karat moderno, todavia, tido por muitos como uma forma de combate originrio da ilha de Okinawa devido promulgao de um edital que proibia o uso de armas. Segundo a verso propagada por certos historiadores, foi Gichin Funakoshi (nascido em 1869 e falecido em 26 de abril de 1957) que, instrudo desde a mais terna idade nos princpios do boxe da regio, o Okinawa-Te, parecia mais bem designado a representar esta arte no Japo, a qual aliara toda uma erudio especial: Foi Gichin Funakoshi o Criador do Karat. Seu primeiro professor foi Yasutsune Asato (Anko Asato) que lhe ensinou a usar braos e pernas como espadas, enquanto Yasutsune Itossu (Anko Itossu) ensinou-lhe a suportar duras pancadas. O mestre Funakoshi aceitou ambos os pontos de vista, dando nfase aos aspectos espirituais. Porm, isso teve um fim e a trilha seguida pelo karat mudou em 1902, quando Funakoshi e seus alunos fizeram sua primeira demonstrao formal para Shintaro Ozawa, comissrio das Escolas da prefeitura de Kagoshina. Em torno de 1906, Funakoshi, que praticava os estilos Shuri-Te e Tomari-Te, deu uma grande demonstrao em Okinawa. Nos anos seguintes, ocorreram vrias demonstraes, pois acabou o sigilo do karat. Em Kyoto, no ano de 1916, no Botokuden, que era o centro oficial de todas as artes marciais, Funakoshi, depois de estudar os mtodos de combate da Ilha, fez sua primeira demonstrao oficial em Kyoto. Depois de uma apresentao, foi convidado por Shintaro Ozawa, comissrio da prefeitura de Kagoshina (o mesmo que havia presenciado sua demonstrao em 1902) a fazer uma 11

apresentao de sua arte em Tquio. Posteriormente em 1922, Funakoshi voltou ao Japo a pedido do Ministro da Educao para apresentar sua arte na Primeira Exibio Nacional Atltica de Tquio. Funakoshi e seu To-De obtiveram um xito to grande que Gigoro Kano (fundador do Jud), impressionado com o valor de suas demonstraes, convidou-o ao Kodokan (templo do Jud), na presena dos mais notveis mestres da poca. A comunidade de artes marciais e educacionais ficou to impressionada e ansiosa em aprender essa nova tcnica, que Funakoshi foi convidado a ficar. Aps a demonstrao em Tquio, j consagrado por seus atributos na arte do karat, Funakoshi faz turn pelas universidades do Japo ensinando uma arte de lutar com as mos vazias, visando o condicionamento fsico e o desenvolvimento do carter. Foram tambm os japoneses que nos anos 30 formalizaram o To-De, emprestando-lhe o sistema de graduao de faixas Kyu-Dans do Jud, assim conhecido como quimono branco. Mas aquela prtica era ainda muito restrita e confidencial. Em 1932, na ocasio da guerra sino-japonesa que devastava a Mandichuria, era exatamente a poca em que o sensei Funakoshi mudava o velho termo To-De (tcnicas chinesas de mo vazias) para karat (tcnicas japonesas de mo vazias) e modificava os antigos nomes de kata, transcrevendo-os do idioma da china e Okinawa para o japons (Kushanku-Kanku, Chinto-Gankaku etc). Funakoshi foi convidado pelo governo para ministrar aulas e difundir sua arte ensinando-as nas universidades. Em 1936, fundou o Shoto-Kan em Tquio (Shoto: apelido de Funakoshi quando criana e Kan: casa de Shoto). Aps vrios debates, em Okinawa Kentsu Yaby, Chojun Miyagi, Choshin Chiban, Gichin Funakoshi e outros, juntamente com o diretor Ota, do Jornal Ryo Ryo Shimpo, resolveram alterar a antiga designao popular do To-De (mo chinesa) para o Karat-Do (caminho em direo ao vazio, ou caminho de mos vazias). Todos os mestres presentes eram inquestionavelmente eficientes, porm Funakoshi era de todos o mais culto. Instrudo, falava corretamente o idioma japons, ele estava familiarizado com os costumes japoneses, condies que outros mestres de Okinawa no possuam. mrito tambm de Funakoshi a transformao do Karat-D (Do: caminho, meio de vida), implicando na transformao de uma simples tcnica de combate de um Budo (Bu: guerreiro; Do: caminho), prtica atravs da qual o homem pode encontrar seu caminho. Funakoshi enfatizava a verdade filosfica. Ele era dotado de uma imensa fora interior. Seus golpes e seus bloqueios eram to fortes e violentos que poucos treinavam com ele. Foi quem primeiro aplicou o estilo de treinamento moderno. Com o afastamento de Funakoshi, quem assume seu lugar o filho Yoshitaka. Dono de uma tcnica sem precedentes foi o criador do Yoko-geri, Mawashi-geri, Ura-mawashi, Fumikomi (todos golpes de ps) e aperfeioamento de tcnicas. Lembramos ainda que Funakoshi a quem devemos a palavra karat, os mtodos modernos de treinamento e a divulgao mundial. O karat at o estgio atual agregou, como toda arte, tcnicas e movimentos de inmeros estilos. Entretanto, hoje sua importncia e universalidade so notrias e seu estilo inconfundvel. O karat , sobretudo uma arte marcial que pe a prova o carter, a personalidade, a alma e o organismo de quem o pratica, fazendo com que exista uma luta interna, levando o praticante a desafiar e a vencer a si mesmo. O esprito do Karat como uma poderosa essncia que penetra todas as coisas, mas permanece apenas naquelas que conseguem esvaziar-se para receb-lo. Kara - o vazio, o universo, o cu, a neutralidade ou luz. uma substncia na prtica da arte. Te - mo, nessa transio havendo um caminho: DO. Durante sculos, h mais de 1200 anos, o processo atravs do qual emergiu-se, expandiu a arte e depois o esporte do Karat-Do. 12

13

CAPITULO II ORIGEM DOS ESTILOS DE KARAT O karat comeou na verdade com trs estilos diferentes, na ilha de Okinawa. E mesmo esses trs estilos foram desenvolvidos de uma metodologia conhecida simplesmente como TE (que significa mo). Conquanto a maioria das derivaes do Te tenha ocorrido em Okinawa mesmo, outras foram criadas no Japo por indivduos que viajaram at a China a fim de aperfeioar seu treinamento. TE - um dos primeiros sistemas de luta reconhecidos em Okinawa. uma arte marcial conhecida simplesmente como Te. Originou-se, no sculo XVI, da necessidade de se criar um mtodo de defesa a mos nuas devido proibio imposta pelos governantes japoneses da ilha, ao uso de qualquer tipo de arma. Um dos primeiros mestres reconhecidos dessa forma de luta a mo vazia, foi Shungo Sakugawa (1733-1815) que, por sua vez, obteve grande parte de sua formao de um monge chamado Peichin Takahara. Sakugawa teria ensinado seu estilo a Soken Matsumura um dos maiores artistas marciais de que se tem notcia ter existido. Conquanto a conexo Sakugawa / Matsumura tenha sido a raiz do maior dos estilos de karat desenvolvidos em Okinawa e mais tarde no Japo, muito outros sistemas foram criados sem qualquer influncia de Matsumura ou Sakugawa. Trs principais centros de treinamento cresceram em Okinawa no decorrer do sculo 18. Um deles situava-se na antiga capital Shuri onde a realeza e os nobres viviam; outro em Naha porto da ilha e o ltimo em Tomari. A partir de ento, cada uma dessas cidades passou a desenvolver seu prprio estilo distinto dos demais. SHURI-TE Por ensinar na cidade Shuri, o estilo Te de Sakugawa ficou conhecido como Shuri-te. Sakugawa tinha quase 70 anos, quando um jovem chamado Soken Matsumura comeou a treinar com ele. Matsumura revelou-se o melhor aluno que Sakugawa j produzira e, depois da morte deste, tornou-se um dos mais proeminentes instrutores de Shuri-te. Foi sua influncia que deu ensejo ao surgimento da maioria dos diferentes estilos de karat praticados hoje. TOMARI-TE Tomari localizava-se prximo pequena aldeia de Kumessura (cidade Kume) habitada por militares que possuam habilidade em vrias artes de combate. Entre essas habilidades incluam-se as artes externas advindas do templo Shaolim, e os sistemas internos que traavam sua origem de outros locais.

14

Enquanto o shuri-te foi influenciado quase que exclusivamente pelo estilo mais duro shaolim externo, o Tomari inclua uma mistura de sistemas internos e externos. Um dos primeiros mestres reconhecidos em Tomari-te foi Kosaku Matsumora que ensinou o estilo com o mximo de sigilo. Assim, somente uns poucos alunos de Matsumora conseguiram se tornar proeminentes o suficiente para passar o estilo adiante. Outro importante instrutor de Tomari-te foi Kokan Oyadomari, cujo motivo para a fama foi o de ter sido o primeiro instrutor do grande Chotoku-Kyan. NAHA-TE Dos trs principais estilos de Okinawa da poca, o Naha-te foi o que maior influncia recebeu dos sistemas internos da china e o que menor contato teve com a tradio externa shaolim. O maior mestre de Naha-te foi Kanryo Higashionna. H evidncias de que Higashionna tivesse obtido lio de Matsumura (estilo Shuri-te), mas por curto perodo de tempo. Higashionna era ainda bem jovem quando se mudou para a China, onde permaneceu muitos anos. Quando retornou a Naha, abriu uma escola que enfatizava tcnica respiratria dos estilos internos chineses. Higashionna teve muitos alunos que acabaram por se tornar famosos por seus prprios esforos e mritos: Chojin Miyagi e Kenwa Mabuni foram dois deles. ESTILO WADO-RYU WADO-RYU Nas muitas demonstraes que dava, Funakoshi fazia-se acompanhar de alguns de seus melhores alunos. E o aluno que assistia mais freqentemente era Hironori Otsuka. Nos anos trinta Otsuka que comeara a treinar com Funakoshi em 1926 era tido como um dos melhores praticantes de karat do Japo. O curioso que, quando Otsuka juntou-se escola de Funakoshi, ele j era um mestre de Shindo Yoshin Ryu Jujitsu, mas abandonara aquele estilo para seguir Funakoshi. Depois de treinar com Funakoshi por cerca de 10 anos, Otsuka partiu novamente e passou a estudar outros estilos de karat por breves perodos de tempo. H evidncia de que chegou a treinar com Choki Motobu antes de seguir seu prprio caminho. Em 1939, Otsuka fundou o karat Wado-Ryu (Wa significando harmonia e Do, caminho). Otsuka combinou o karat que aprendera de Funakoshi com sua prpria excelncia em Shindo Yoshin-Ryu Jujitsu para desenvolver um sistema bem mais suave que a maioria dos demais, enfatizando a perfeio tcnica. Assim surgiu o Wado-Ryu que se tornaria um estilo popular em todo o mundo. ESTILO SHORIN-RYU SHORIN-RYU O shuri-te e o Tomari-te evoluram num estilo chamado Shorin-Ryu - que reconhece a influncia do Templo Shaolim (Shorin a palavra japonesa para Shaolim). Foi por volta da era Matsumura que as duas formas de artes mesclaram-se em um s estilo. Um dos maiores expoentes do recm formado estilo foi Yatsutsume (Anko) Itosu que foi tambm um dos melhores alunos de Matsumura. ESTILO GOJU-RYU

15

GOJU-RYU O Naha-te que Higashionna ensinou, evoluiu at o Shorei-Ryu e comeou a se assemelhar com estilos cujas origens se desenvolveram no Templo Shaolim. O estilo original de Higashionna foi influenciado pelo sistema de luta que existia na china antes da tradio Shaolim e se situava em um plano mais suave do que o Shorin-Ryu. O aluno de Higashionna, Chojun Miyagi, queria ensinar um estilo similar ao ensinado por seu instrutor. Assim, por sugesto de Higashionna, Miyagi viajou at a china para complementar seu treinamento, concentrando-se nas tcnicas respiratrias e nos vrios sistemas internos. Miyagi voltou depois a Naha e, aps poucos anos, viajou ao Japo para ensinar na antiga capital de Kyoto. A arte de Miyagi evoluiu do Naha-te de Higashionna ao que em 1929, Miyagi chamou Goju-Ryu (Go com o significado de duro e ju de suave). Foi essa combinao filosfica entre o duro e suave que fez o estilo Goju-Ryu ser um dos mais populares estilos de karat de hoje. Um dos maiores alunos de Miyagi foi o falecido Gogem Yamaguchi. ESTILO SHOTOKAN SHOTOKAN O fundador do Karat Shotokan, Gichin Funakoshi, foi aluno tanto de Yasutsume Itosu quanto do bom amigo deste, Yasutsume Azato. Itosu aprendeu seu estilo de karat de Soken Matsumura e Azato foi treinado no Tomari-te por Kosaku Matsumura. Funakoshi, por conseguinte, teve extensivo treinamento Shorin Ryu (ou Shuri-te) e um resqucio do Shorei-Ryu. Por sua associao com esses grandes instrutores, Funakoshi pde treinar tambm com uma variedade de outros mestres. Foi na poca em que vivia em Tquio, nos anos 30, que Funakoshi fundou o Shotokan. Shotokan significa Casa de Shoto (O apelido Shoto tinha origem de sua profisso: Desenhista). Funakoshi esteve na vanguarda de uma era na qual a diversidade de estilos de karat se tornara preponderante. Conquanto no fosse um defensor dos estilos especializados de karat, Funakoshi causou uma influncia que concorreu para causar tais divergncias. ESTILO KYOKUSHINKAI KYOKUSHINKAI O Kyokushin um dos mais rijos estilos de karat que existe hoje. Seu fundador Matsutatsu Oyama comeou o treinamento no karat Shotokan, em escola militar, aos 14 anos de idade. Oyama era na verdade um coreano chamado Yee Hyung tendo mudado de nome quando chegou ao Japo. Mas Oyama foi convocado para a Armada Imperial em 1941, depois de apenas alguns anos de treinamento com Ginchin Funakoshi. Ps-guerra, Oyama comeou a treinar com Chojun Miyagi, porm mais tarde decidiu entrar em recluso viajando para Kiyosami, onde permaneceu isolado por cerca de um ano e meio. Quando finalmente retornou civilizao, Oyama tentou dar incio a seu prprio estilo de Karat, porm para encontrar moderado xito. Foram as tentativas de Oyama em matar bois com um nico golpe que lhe granjeou fama suficiente e lhe abrir algumas portas. Em 1952, Oyama fez uma turn pelos Estados Unidos numa tentativa de popularizar o seu estilo. Aceitou desafios, enfrentou todos que se propuseram a lutar com ele e nunca perdeu uma competio, acabando com a maioria dos adversrios por nocaute. Quando ele voltou ao Japo, Oyama fundou a Kyokushinkai uma escola de estilo tremendamente forte. O kyokushin enfatiza pesado contato corporal para ajudar os alunos a sobrepujarem o medo. Os competidores da Kyokushinkai no usavam equipamento protetor nos torneios e a maioria dessas competies eram vencidas por nocaute.

16

Outros aspectos muito enfatizados pelo estilo so as habilidades de quebra o tameshuari. Para receberem a faixa preta, os alunos tm que, alm de ser aprovados em combate, demonstrar a habilidade de quebrar um certo nmero de telhas ou tijolos.

CAPITULO III A INTRODUO DO KARAT NA BAHIA ANTES DE OISHI Era um dia lindo, o sol estava brilhando como um pedao de ouro reluzente e no porto da cidade de Tquio, muitos japoneses se despediam dos familiares, pois iriam viajar para o Brasil; alguns eram engenheiros, outros mdicos (quase todos mestres em alguma arte marcial). Todos vinham para o Brasil com inteno de fazer fortuna e fama, nas suas profisses. Porm o destino reservou para muitos um futuro brilhante, um futuro de fama e fortuna, no na profisso que eles escolheram, mas como mestres de jud e karat. Dentre estes japoneses que embarcaram no navio Amrica, estava o mestre Koji Takamatsu, Engenheiro Agrnomo formado pela Universidade de Tquio, natural da cidade de Kakogawa, provncia de Hyogo, 5 Dan de karat estilo Wado-Ryu e 2 Dan de jud, vinha para o Brasil para trabalhar na agricultura. Em outro navio, o Brasil Maru, partia do Japo em direo ao Brasil, o mestre Masahiro Saito, Engenheiro Civil, formado pela 17

Universidade de Waseda, natural de Tquio, 2 Dan de jud. Os navios partiam em direo ao Brasil, trazendo muitos japoneses que deixaram os seus coraes no Japo. Eles estavam indo na direo de um pas desconhecido, sem nenhuma certeza do que poderia lhes acontecer, somente tinham a esperana no corao e a certeza de viver em uma ptria distante. Estvamos no ano de 1956 e o navio deslizava sobre as guas do mar, trazendo um povo para uma nao desconhecida, chamada Brasil. Um gigante que precisava da tecnologia dos japoneses, principalmente da engenharia. Depois de longos dias de viagem, finalmente o navio Brasil Maru aportou em terras brasileiras para reabastecimento, justamente no Estado da Bahia. Na Bahia as artes marciais j eram conhecidas, tnhamos a capoeira, o jud, o jiu-jitsu e a luta livre. Os praticantes de jud da Academia Spartan Gym, souberam da chegada do navio Brasil Maru e resolverem ir ao porto procurar algum mestre de jud que tivesse interesse em ficar na Bahia. O Dr. Geraldo Blandi Mota juntamente com os Srs. Anis Cheams, Moacir de Souza Cintra, Costa e Antonio Oliveira Monteiro, todos faixas-pretas em jud, foram at o navio e conseguiram autorizao para entrar e conversar com os japoneses. Eles entraram em contato com o mestre Masahiro Saito e pediram para ele ficar na Bahia lecionando jud. O mestre Saito disse que tinha se comprometido com um pessoal de So Paulo e teria que ir para l, pois dera a sua palavra e no poderia deixar de cumpr-la. O navio seguiu viagem e aportou em Santos. Para o mestre Saito, So Paulo parecia que era o Japo. Tinha muito japons l. Parecia que eu estava no Japo. Ento resolvi escrever uma carta para Dr. Geraldo Mota pedindo que me arranjasse servio. Comenta o mestre Masahiro Saito. O Dr. Geraldo Mota arranjou um emprego para o mestre Saito em uma empresa de implementos rurais. noite ele ensinava jud na Academia Spartan Gym. Algum tempo, nos fins de semana, o mestre Saito fazia apresentaes de jud, no Iate Clube, no Bahiano de Tnis etc. Em 1958, o mestre Saito deixou o emprego e foi trabalhar na Fazenda Santa Brbara, de propriedade do Sr. Jos Sisnando, no distrito de Santa Brbara, municpio de Feira de Santana. O Sr. Sisnando gostou do trabalho do mestre Saito e pediu a ele que escrevesse para os conterrneos que estavam em So Paulo pedindo para virem trabalhar na fazenda Santa Brbara. Ento, resolvi escrever para alguns amigos, dentre eles, o Koji Comenta o mestre Masahiro Saito. O mestre Saito enviou algumas cartas para o mestre Koji Takamatsu que estava em So Paulo e para alguns amigos, convidando-os para virem trabalhar na Bahia. Vieram os mestres Koji Takamatsu (karat), o Shibata (aikido) e um mestre de kend. O mestre Koji Takamatsu veio para a Bahia em janeiro de 1958. O mestre Koji Takamatsu, atualmente 9 Dan de karat Wado-Ryu, mora em So Paulo e possui uma academia no bairro da Lapa, na Rua Luiz Martins, 127. O mestre Koji Takamatsu ensinava jud e defesa pessoal no clube Feira Tennis Clube, em Feira de Santana e fazia demonstraes de karat nos finais de semana na Fazenda Santa Brbara, tendo sido convidado para fazer uma demonstrao de karat no Iate Clube da Bahia, na festa da PETROBRS, em 1958. Ao chegar no Iate Clube da Bahia, assinei o meu nome e escrevi um agradecimento, escrito na lngua japonesa, no livro que pessoas honrosas e importantes assinam.- Comenta o mestre Koji Takamatsu. Certa feita, o Sr. Jos Sisnando convidou o Dr. ngelo Decnio, Saci, Acordeon e Ari, todos colegas das aulas de capoeira para irem fazenda assistir uma demonstrao de jud e karat. Foi a coisa mais linda que j vi em minha vida comenta o Dr. ngelo Decnio parecia que o Koji Takamatsu flutuava no ar. Ele parecia uma borboleta. Foi a demonstrao mais linda que j vi em minha vida.

18

Paralelamente chegada do mestre Koji Takamatsu, alguns japoneses que trabalhavam e moravam no Hospital Otvio Mangabeira praticavam o estilo Shorin-Ryu, no ptio do hospital. Eles trabalhavam com horta e criao de galinhas e no final da tarde treinavam jud e karat Shorin-Ryu. Nesta poca, o professor Jos Monteiro, tinha dez anos de idade e comeou a treinar com eles. Esses japoneses tiveram uma briga com um boxeador e depois desse episdio mudaram para Mata de So Joo. Devido seca, o projeto do Sr. Sisnando no deu certo. Ento o Dr. Geraldo Blandi Mota contratou o mestre Koji Takamatsu para ensinar defesa pessoal na Academia Spartan Gym. A defesa pessoal tinha alguns golpes de karat. Os alunos do mestre Koji Takamatsu eram seguranas de pessoas importantes. O mestre Koji Takamatsu ensinou os fundamentos de karat e o primeiro kata para alguns alunos do Spartan Gym. Entre eles, Mario Conceio de Souza, Mestre Masahiro Saito. Ao mestre Saito ele at o 3 kata, do estilo Wado-Ryu. O mestre Koji Takamatsu retornou para So Paulo em 1960 e o mestre Masahiro Saito ficou em Salvador. Os alunos de jud pediram ao mestre Masahiro Saito para ensinar o karat a eles. O mestre Saito comeou a ensinar o karat para uma turma composta de cinco alunos, dentre eles, estava o Mcio Magalhes. Ensinei alguns fundamentos de karat ao Mcio Magalhes comenta o Mestre Masahiro Saito. Algum tempo depois Masahiro Saito fundou um centro esportivo, s para univesitrios, na Escola de Engenharia, no Bairro da Federao. Nesse clube, o Dr. ngelo Decnio era um dos alunos. A turma era composta por alunos que cursavam engenharia, medicina, direito etc. Dois alunos meus, Humberto Carlos Noronha e Jayme Nunes Sarmento, conseguiram um emprego para mim na PETROBRS.- Diz o mestre Masahiro Saito A ento deixei de ensinar jud na Academia do Dr. Geraldo Mota e fui trabalhar na refinaria em Mataripe. Quando o mestre Masahiro Saito foi contratado pela PETROBRS, o Dr. Geraldo Blandi Mota foi a So Paulo e contratou um outro japons, chamado Juniti Onoka, que era 2 DAN de jud, para ministrar aulas no Spartan Gym. Juniti estava no Brasil h um ano e meio e falava um pouco da lngua portuguesa. O irmo mais novo de Juniti chamado Yoichiro Onoka, veio para o Brasil, para o estado de So Paulo, em 1960 e era faixa preta de karat. Juniti ento escreveu para ele pedindo para ele vir dar aulas de karat na Bahia. O Yoichiro veio e ficou apenas trs meses ensinando karat na Bahia. O Yoichiro s teve alguns poucos alunos e preferiu voltar para So Paulo. Na Academia Spartan Gym tinha-se aulas de Jud, karat, luta livre, halterofilismo. Era uma academia completa. O Dr. Geraldo Blandi Mota era apaixonado por esporte, por arte marcial. Atualmente a Academia Spartan Gym passou a ser chamada de Spartan Jud Clube. Depois que Yoichiro Onoka retornou para So Paulo, O mcio Magalhes assumiu as aulas de karat na Academia Spartan Gym. Foi o Mcio Magalhes que manteve o karat no Spartan Gym depois que Yoichiro foi embora e quando Oishi comeou a ensinar no Ginsio Acrpole, ele passou os seus alunos para Oishi comenta o Dr. ngelo Decnio. Em 1961, o professor de defesa pessoal, Mrio Conceio, comeou a comentar com os seus alunos, no Ginsio Acrpole sobre o karat. Logo aps o trmino da aula de defesa pessoal, ele falava sobre o karat, pois aprendera alguns fundamentos e o primeiro kata com o mestre Koji Takamatsu. O professor Mrio dizia para os alunos que o karat no era o seu forte, porque exigia muita flexibilidade. O seu forte era jiu-jitsu e defesa pessoal. Depois de algum tempo ele resolveu ensinar o primeiro kata para os seus alunos, aps a aula de defesa pessoal. Ele sempre falava que o

19

karat era um esporte perigoso, que visava os pontos vitais do ser humano. Estas aulas levavam em mdia trinta minutos. A sua pequena turma gostou e comeou a treinar karat. Muitas vezes o professor Mrio pedia ao Sr. Walter Andrade, proprietrio do Ginsio Acrpole, para contratar um japons para ministrar aulas de karat. Denlson Carib, devido a uma cirurgia feita no menisco, em decorrncia do futebol, pois jogava na seleo da PETROBRAS, foi para o Acrpole fazer fisioterapia, porque l era o nico local onde se fazia a reabilitao. Os jogadores do Vitria, do Bahia, todos iam para l para fazer a reabilitao. Segundo o Sr. Walter Andrade: Depois de trs meses de treinamento, o Denlson viu um movimento defronte a sala de musculao e me perguntou: -Sr. Walter, eu posso treinar defesa pessoal ou alguma coisa parecida? Denlson. - respondi - Se voc pratica futebol que muito violento, a defesa pessoal moleza para voc. - Ele riu e foi procurar o Mrio Conceio. Naquele momento ele conheceu o karat e comeou a treinar mostrando a aptido que ele tinha para esse esporte. Antonio Amorim, Francisco Fortes, lvaro Conceio e depois Carlos Alberto Costa foram os primeiros alunos de Mrio Conceio. - Finaliza o Sr. Walter Andrade. DEPOIS DE OISHI Eisuki Oishi veio para o Brasil porque queria conhecer o mundo e aprender outras lnguas. Ele veio da cidade de Kyoto, no navio Argentina Maru e chegou em So Paulo em meados de 1961. Depois de seis meses morando em So Paulo, ele encontrou o amigo Yoichiro Onoka que lhe falou sobre a beleza da Bahia, das praias e do povo. Oishi ficou encantado e veio conhecer a Bahia. Ao chegar aqui, no final de 1961, com dezenove anos de idade, foi morar na casa do mestre Masahiro Saito, que na poca trabalhava na PETROBRAS, na refinaria de Mataripe. Oishi foi levado por Kazuo Yochida, mestre de jud que veio para a Bahia por intermdio do mestre Masahiro Saito, casa do Dr. ngelo Decnio para que este arranjasse um emprego para ele, como tcnico em laboratrio. O sonho de Oishi era estudar medicina e trabalhar como tcnico em anatomia patolgica ou histologia. Oishi foi apresentado ao Dr. ngelo Decnio em sua residncia por Yochida. O Dr. ngelo Decnio sugeriu ento, de primeira, que ele aproveitasse o karat como fonte de renda para ganhar dinheiro para estudar medicina. Ele no quis. No queria ensinar karat, porque achava que era muito violento e o brasileiro no era bom. Ento preferiu trabalhar como tcnico no Hospital Aristides Maltez, no gabinete de Anatomia Patolgica Dr. Lcio Gomes Filho. Alguns meses depois, ele procurou o Dr. ngelo Decnio e pediu para reconsiderar, porque o dinheiro que ele ganhava no hospital era muito pouco e ele precisava ganhar um pouco mais. Depois do pedido de reconsiderao, o Dr. ngelo Decnio, mdico cirurgio, muito conhecido na Bahia, amante das artes marciais, resolveu apresentar o Eisuki Oishi ao Sr. Walter Andrade, proprietrio do Ginsio Acrpole. De repente, vejo o Dr. ngelo subindo as escadas com um japons que aparentava dezoito a dezenove anos Comenta o Sr. Walter Andrade. - Voc no gostaria de contrat-lo para ensinar o karat aqui? Perguntou o Dr. Decnio. - Sim. Respondeu o Sr. Walter Andrade. - O Oishi pretende morar na Bahia e fazer o vestibular para medicina. Com o dinheiro das aulas que ele der aqui, d para comprar os livros e ele segue nos estudos. O acordo foi feito e o Sr. Walter, para ajudar ao Oishi, resolveu que sessenta por cento do valor das mensalidades dos alunos de karat seria do japons. 20

Foi feito ento uma reunio no gabinete do Sr. Fauzi Abdala, presidente da Federao Bahiana de Pugilismo, onde compareceram Walter Andrade, Dr. ngelo Decnio, Denlson Carib, Manoel Quadros, Fauzi Abdala, Kazuo Yochida e Eisuki Oishi. Fizeram um pacto de honra de que o jud e o karat iam permanecer unidos sem competir pelo mercado de atletas e o Oishi ficaria ensinando com o Sr. Walter Andrade, no Acrpole e o Yochida ficaria com o jud. Foi colocado anncio no jornal A TARDE e apareceram alguns alunos e o grupo foi aumentando. O professor Mrio Conceio passou a sua turma para o Oishi. A turma que Oishi ensinava era composta a princpio de poucos alunos, dentre eles, Denilson Carib, Carlos Alberto Costa e Lzaro Gagliano. Os alunos ficaram espantados com a agilidade e velocidade do Professor Oishi, e com as variaes dos golpes, isso deu um novo nimo aos alunos para continuar com o aprendizado. Em alguns dias a notcia correu pela cidade e o Ginsio Acrpole se encheu de alunos. De repente a euforia acabou, pois o Professor Oishi deixou de dar aulas. Denlson Carib, preocupado com as constantes faltas de Oishi, foi procur-lo em um pensionato, na Vitria, onde Oishi morava. Oishi tinha pegado uma gripe e estava muito doente. Denlson Carib ao v-lo dirigiu-se a ele e vendo-o tremendo de frio, em um dia de muito calor, colocou a mo direita na testa de Oishi e constatou que ele estava com febre, pois havia dias que ele no se alimentava direito e no tinha a quem recorrer porque no falava bem a lngua portuguesa. Denlson Carib pagou as contas de Oishi no pensionato. Pegou a bagagem dele e levou-o para a sua residncia sem consultar os seus pais. Quando chegou em casa, deu a notcia a D. Valda Carib de Castro, sua me. Explicou os motivos que o levaram a tomar tal atitude e, quando o pai dele, o Sr. Lourival Vieira de Castro, chegou para o jantar, viu o japons em casa e pensou que era apenas uma visita rpida, mas logo ficou sabendo do ocorrido e deu o maior apoio ao filho. Denlson Carib quando levou o Oishi para a sua casa, deu-lhe moradia e cuidados mdicos. Quando o Oishi se restabeleceu, Denlson Carib pediu para que este lhe ensinasse o karat e em troca, ele o ajudaria a melhorar o seu conhecimento da lngua portuguesa. Eu j estava no Brasil h quase dois anos e falava razoavelmente a lngua portuguesa. A me de Denilson me ensinou a falar corretamente comenta Eisuke Oishi. Realmente fui eu quem ajudou Eisuke Oishi a falar o portugues mais corretamente, porque Denilson no tinha tempo diz D. Valda Carib. Em 1962, quando as aulas de karate, no Ginsio Acrpole, se normalizaram, a notcia espalhou pela cidade e os alunos de karat da Academia Spartan Gym se transferiram para o Ginsio Acrpole. Um desses alunos foi o professor Ivo Rangel. Em 1964 o professor Ivo Rangel abandonou o karat e passou a treinar jud, com o mestre Kazuo Yochida. Denlson Carib, depois de algum tempo, ficou to amigo de Oishi que este passou a morar com ele em um apartamento no bairro da Vitria. Naquele tempo, o Denlson era solteiro e ele deu tudo dentro do possvel ao japons, porque ele sempre foi uma pessoa boa de corao. O trabalho foi aumentando, aos poucos foram chegando mais atletas como: Lzaro Gagliano, Ramiro Gandleman, Vilobaldo Moraes Pedreira e muitos outros. O Professor Oishi praticava o estilo Wado-Ryu. Ele era muito rpido, aguerrido, chutava bem, e gostava muito de Jiu-Kumit (luta, combate). Detentor de uma tcnica apurada combinava bem golpes de mos e de pernas, era veloz e arrojado. Em suas aulas predominava o kumit, o que levava seus alunos a serem bem fortes nessas tcnicas. Assim sendo, os Fundamentos e Kata eram deixados um pouco de lado. Dadas s limitaes do prprio Oishi que, no Japo, era faixa branca, pois no Japo, segundo Oishi, s existiam as faixas: branca e preta. Porm, em Salvador, na condio de instrutor e para impor respeito, ele usava a faixa-preta. Desde o princpio, alguns alunos se destacaram nas aulas de Oishi, sendo que, dentre eles, Denlson Carib era o que mais chamava a ateno por sua perseverana, esprito aguerrido e liderana. Aos poucos, essas qualidades o levaram posio de brao direito de Oishi. Havia ainda 21

outros praticantes de valor, tais como: Carlos Alberto Costa, Renato Duarte, Lzaro Gagliano, Renato de Jesus Pereira e Cludio de Carvalho Mascarenhas. Depois de dois anos de treinamentos, sentindo a necessidade de maior aprimoramento tcnico e intercmbio, em uma conversa Oishi revelou a Denlson Carib que j tinha ensinado tudo que sabia. Ento eles decidiram viajar para So Paulo, para buscar novos conhecimentos. Na poca, Denlson Carib trabalhava na PETROBRS, pediu uma folga e viajou para So Paulo com Oishi, pagando toda a despesa do seu prprio bolso. Isso foi em Janeiro de 1964. Ao chegarem em So Paulo, foram recebidos pelo Professor Akira Tanigushi (5 DAN, na poca), praticante do estilo WADO-RYU, e dono da academia Mei-Bukan, onde passaram uma semana praticando e observando novas tcnicas. Quando iam retornar para a Bahia, o mestre Akira Tanigushi, submeteu os dois ao exame de faixa, Denlson Carib passou de faixa branca para faixa verde e Oishi foi confirmado na faixa preta; simplesmente ele legalizou a faixa que j vinha usando h muito tempo. De So Paulo eles trouxeram o estilo Goju-Ryu. Aps esse contato, a Bahia foi convidada, em 1965, para o Terceiro Torneio Interestadual de Karat, em So Paulo, organizado pelo Professor Akira Tanigushi. O professor Ivo Rangel estava treinando jud e, como era bom lutador de karat, o Eisuke Oishi pediu ao Lzaro Gagliano que fosse convid-lo para participar do torneio de karat, em So Paulo. A equipe baiana composta por Lzaro Gagliano, Carlos Alberto Costa, Renato de Jesus Pereira, Ivo Rangel e Renato Duarte Filho, todos faixa verde, alm, naturalmente, de Denlson Carib e Oishi. A Bahia sagrou-se campe desse torneio histrico, voltando coberta de glria, trazendo novo incentivo para os alunos existentes e atraindo novos adeptos. Aquela vitria, entretanto, foi considerada fcil e trouxe a seguinte dvida, tanto para Oishi quanto para Denlson Carib: Ser que ns somos os melhores ou eles no esto se empenhando para treinar? O estilo Goju-Ryu, na poca, era muito fraco e a turma gostava de kumit comenta o mestre Oishi chegamos ao mximo que podamos naquele estilo e descobrimos que tinha um grupo, bastante evoludo, que praticava o estilo Shotokan, no Rio de janeiro: era o grupo de Tanaka. Devido a essa dvida, eles procuraram o mestre Kazuo Yoshida (o mais destacado mestre de jud do Norte-Nordeste), um dos responsveis pelo desenvolvimento do karat na Bahia. Foram relatados a ele os fatos a respeito da competio, as dvidas com relao fragilidade do karat que encontraram nas academias que visitaram em So Paulo, e outras coisas mais. Com um sorriso, o Mestre Kazuo Yoshida ouviu tudo atentamente e depois foi at a escrivaninha, escreveu um bilhete, em japons, e olhando para Denlson Carib, com um sorriso, entregou o bilhete. Denlson Carib guardou o bilhete.Em 1966, Oishi e Denlson Carib viajaram para o Rio de Janeiro, mais uma vez Denlson Carib pagando as despesas, procura do mestre Yasutaka Tanaka, no bairro de Botafogo, em sua academia Kobukan. Nesse mesmo dia de chegada, Denlson Carib e Oishi treinaram durante quatro horas e, diante do que viram, chegaram concluso de que o que sabiam era nada mais que superficial e primitivo, que ainda precisavam aprender muito. No segundo dia, ocorreu um pequeno incidente quando treinavam jiu-kumit (luta): sem inteno Oishi no controlou o golpe e acertou o Professor Inoki, este ficou por alguns segundos desacordado. Isso provocou uma reao de solidariedade entre seus colegas, Tanaka, Lirton Monassa, e dois alunos mais graduados. Oishi foi duramente repreendido, na lngua japonesa, por no ter controlado o golpe. No dia seguinte, no sentindo mais clima para treinar com Tanaka, Oishi viajou para So Paulo e deixou Denlson Carib sozinho no Rio de Janeiro. Nos treinos, Denlson Carib enfrentou uma verdadeira guerra, pois todos queriam vingar o acontecido com Inoki. Para Denlson Carib essa vingana foi muito boa, pois ele aprendeu e se aperfeioou ainda mais no jiu-kumit. De volta Bahia, Oishi e Denlson Carib repassaram as novas tcnicas que aprenderam com os professores Tanaka, Lirton, Inoki e Uriu. 22

Como resultado dessas novas experincias, foi iniciada uma nova fase do karat na Bahia, com a troca do estilo Wado-Ryu para o SHOTOKAN e alm de Denlson Carib, Ivo Rangel, Lzaro Gagliano, Carlos Alberto Costa e Vilobaldo Moraes, tambm fizeram viagens peridicas ao Rio de Janeiro, para adquirir novos conhecimentos. Penosas e dispendiosas viagens eram realizadas em grupos de dois ou trs, ou at individualmente, pelos alunos. Na poca, poucos ainda estudantes, outros funcionrios de algumas empresas, tinham dificuldades em conseguir dinheiro para as passagens, alimentao e hospedagem, no sendo raro s vezes em que dormiam no cho, com o quimono servindo de travesseiro, em academias de So Paulo e do Rio de Janeiro. Denlson Carib e Oishi procuraram o presidente da FBP Federao Bahiana de Pugilismo, Sr. Fauzi Abdala Joo, para legalizar o Karat como esporte amador, perante a CBP Confederao Brasileira de Pugilismo, que controlava a prtica de alguns esportes, de acordo com as Leis Desportivas em vigor. Eles foram me procurar para legalizar o karat. Comentou o Sr. Fauzi Abdala. No dia da audincia, Denlson Carib compareceu acompanhado de Oishi e do Mestre Yoshida, momento em que foram informados a respeito das normas da CBP/FBP para a organizao e funcionamento dentro da legalidade como esporte amador. O Sr. Fauzi Abdala Joo teve participao na formao das regras e procedimentos para a implantao e consolidao da arte do karat na Bahia. Em maro de 1967, Oishi resolve deixar a Bahia. Ele procurou os dirigentes da NIHON KARAT KIOKAY no Brasil e pediu para que eles designassem algum para assumir o karat na Bahia. Os dirigentes da NIHON KARAT KIOKAY, designaram Denlson Carib, que na condio de aluno mais graduado, ficou no encargo de coordenar uma comisso para assumir o comando e a responsabilidade pelo ensino do karat na Bahia. A comisso era composta pelos alunos mais graduados poca: Denlson Carib, Vilobaldo Moraes Pedreira e Carlos Alberto Costa. Essa comisso teve validada sua atuao atravs de documentos da NIHON KARAT KIOKAY, Associao Japonesa de Karat para o estilo SHOTOKAN, e assinado por seu representante, no Brasil, o Professor Yasutaka Tanaka. Aps deixar a Bahia, viajei para o Paraguai, Argentina, Chile, Bolvia, Peru, Equador e Panam. Do Panam fui para o Japo, depois Portugal e Espanha. Gosto de viajar e conhecer o mundo Finaliza o mestre Eisuki Oishi. Com a viagem de Oishi, a NIHON KARAT KIOKAY enviava periodicamente um japons para supervisionar o karat na Bahia. As visitas peridicas dos mestres de karat do Rio de Janeiro terminaram em 1968, quando Denlson Carib conseguiu junto ao Professor Tanaka, a vinda em definitivo do Professor Uriu, 4 DAN na poca, para ministrar aulas na Bahia e aprimorar as tcnicas dos alunos. Na poca Uriu era representante da Associao de Karat do Japo e aluno do grande mestre Nakayama. Sadamu Uriu era scio da Academia Shidokan, juntamente com o professor Sohaku Bastos (baiano de nascimento e radicado no Rio de janeiro). O professor Sohaku foi um dos instrutores de Denlson Carib no Rio de Janeiro. Quando Uriu voltou para o Rio de Janeiro em 1970, Denlson Carib trouxe para a Bahia o professor YOSHIZO MACHIDA, que viveu alguns anos aqui na Bahia.

23

CAPTULO IV OS PIONEIROS ANTES DE OISHI Koji Takamatsu (Academia Spartan Gym); Masahiro Saito (Academia Spartan Gim); Dr. Geraldo Blandi Mota, proprietrio da Academia Spartan Gim; Tanaka (Hospital Otvio Mangabeira); Yoichiro Onoka (Academia Spartan Gym); Mcio Magalhes (Academia Spartan Gym); Mrio Conceio (Ginsio Acrpole); Walter Andrade (Proprietrio do Ginsio Acrpole); KOJI TAKAMATSU engenheiro agrnomo, chegou Bahia em 1958, a convite do mestre Masahiro Saito. Ele era 5 Dan em karate, no estilo Wado-Ryu e 2 Dan em jud, ministrou algumas aulas de karat na Academia Spartan Gym e nos finais de semana fazia demonstraes na Fazenda Santa Brbara. MASAHIRO SAITO engenheiro civil, trabalhou em Salvador em 1956 e em 1958 treinou com Koji Takamatsu. Ministrou aulas de jud na Academia Spartan Gym de 1956 a 1960 e em 1960 ministrou aulas de karat na Academia Spartan Gym. Depois foi contratado pela PETROBRAS. TANAKA Foi um agricultor que trabalhava no Hospital Otvio Mangabeira, praticante do estilo SHORIN-RYU, que ensinou alguns fundamentos de karat ao professor Jos Monteiro, no ano de 1958. Na poca, o professor Jos Monteiro tinha dez anos de idade. YOICHIRO ONOKA 2 Dan em karat, ministrou aulas de karat no Spartan Gym, veio de So Paulo s para ensinar karat e ficou apenas trs meses na Bahia (1961). MCIO MAGALHES Foi aluno do mestre Masahiro Saito na Academia Spartan Gym.Posteriormente ensinou alguns fundamentos de karat ao professor Ivo Rangel. MRIO CONCEIO Ensinou alguns fundamentos de karate e o primeiro kata aos Mestres Denlson Carib e Vilobaldo Moraes Pedreira. Praticante de Defesa Pessoal e Jiu-Jitsu foi o introdutor do karat no Ginsio Acrpole. Aprendeu os primeiros fundamentos de karat e o primeiro kata com mestre Koji Takamatsu. Sempre que os japoneses, da Colnia de Mata de So Joo, permitiam, o mestre Mrio Conceioia ia at l para aprender um pouco mais de karate. Apenas ensinei alguns fundamentos aos meus alunos de defesa pessoal, porm quem realmente fez o karat da Bahia chegar ao que hoje, foi sem dvida alguma, o mestre Yochiso Machida - comenta o mestre Mrio Conceio. DEPOIS DE OISHI No ano de 1967, Oishi deixou a Bahia. A NIHON KARAT KYOKAY, associao japonesa de karat para o estilo SHOTOKAN, representada no Brasil pelos professores Yasutaka Tanaka e 24

Sadamu Uriu, designou uma comisso encarregada de assumir o comando e a responsabilidade pelo ensino do karat na Bahia. A comisso era composta por trs atletas em conjunto. A comisso era formada pelos alunos: DENLSON CARIB (faixa marrom), CARLOS ALBERTO COSTA (faixa roxa) e VILOBALDO MORAES PEDREIRA (faixa roxa). O Denlson Carib assumiu a ASKABA e o Vilobaldo Moraes Pedreira assumiu o Acrpole. Em uma aula de kumite, o Roberto Pereira acertou um golpe no rosto de Vilobaldo Moraes Pedreira que quebrou o malar e o maxilar, sendo operado pelo Dr. Jos Neiva. Por este motivo, Vilobaldo ficou proibido de treinar karate, por seis meses. Diante desse fato, Denlson Carib designou Ivo Rangel, na poca faixa-verde, para assumir o Ginsio Acrpole. Quando Vilobaldo Moraes Pedreira retornou aos treinamentos, Denlson Carib o levou para a ASKABA. Alguns atletas que formaram a primeira gerao do karat na Bahia se destacaram mais que outros. Uns, em campeonatos, outros, como instrutores e administradores do karat. Hoje eles ostentam os ttulos de mestres do karat na Bahia. De acordo com os depoimentos de atletas, professores e pessoas ligadas ao karat na Bahia, os primeiros mestres do karat na Bahia so: DENILSON CARIB (Falecido), IVO RANGEL DA SILVA, ANTNIO ALBERTO ALVES DA FONSECA, RAIMUNDO SANTANA VEIGA, MILTON MUCARZEL LEOVIGILDO e VILOBALDO MORAES PEDREIRA. DENILSON CARIB DE CASTRO O Mestre Denlson Carib Nasceu em 15 de fevereiro de 1940, em Santo Amaro da Purificao, Bahia. Iniciou seus treinamentos em 1961, no ginsio Acrpole, tendo como primeiro professor Mrio Conceio e depois Eisuke Oishi. Praticou capoeira, futebol, jiu-jitsu e se identificando mais com o karat. Fez seu primeiro exame de faixa em janeiro de 1964, na academia Mei-bu-kan, em So Paulo, sendo examinado pelo professor Akira Taniguchi, passando de faixa branca para faixa verde. Neste mesmo ano, no ms de dezembro, foi promovido faixa roxa e participou do I Torneio Nacional de Karat. No ano seguinte, voltou a participar de outro torneio do estilo Goju-Ryu, sagrando-se campeo. Em 01 de maio de 1967, foi promovido para faixa marrom e participou de mais um torneio, desta vez na cidade do Rio de Janeiro. Em 23 de novembro de 1967, fundou a ASKABA - Associao de Karat da Bahia. O seu exame para faixa preta foi feito em Salvador, com o professor Sadamu Uriu, porm este exame foi invalidado pelo Sr. Fauzi Abdala por considerar que Denlson Carib teria que se submeter a uma banca examinadora e no a uma s pessoa. Diante deste episdio, Carib prestou novo exame no Rio de Janeiro, dessa vez com uma banca examinadora composta pelos professores Yasutaka Tanaka, Tetsuma Higachino e Juichi Sagara, obtendo notas superiores s que obteve no primeiro exame com Sadamu Uriu. Em dezembro de 1969, quando disputou o Primeiro Campeonato Brasileiro Oficial de Karat, sagrou-se vice-campeo em kumit e kata. Em 1970, nos Primeiros Jogos de Braslia, foi campeo em kumit por equipe e vice-campeo individual em kata e kumit. Nesse mesmo ano conquistou mais um ttulo: o de campeo brasileiro, por equipe. Em 1972, ficou em 5 lugar no II Campeonato Mundial tendo que disputar a ltima luta com um brao deslocado. Sua promoo para 4 Dan aconteceu no dia 02 de junho de 1978. Ao longo de sua vida esportiva, Carib freqentou vrios cursos de aperfeioamento com mestres famosos, como Yasutaka Tanaka, Lirton Monassa, Iroiasu Inoki, Sadamu Uriu, Juichi Sagara, Masathoshi Nakayama, Masahiko Tanaka e tantos outros. Alm disso, o mestre Carib foi fundador da Federao Bahiana de Karat, instrutor chefe da Nihon Karat Kiokay, na Bahia e idealizador da Confederao Brasileira de Karat. 25

Paralelo sua vida esportiva, Denlson dedicou-se pecuria e cafeicultura. Tinha uma empresa de transportes e implantou em Salvador o primeiro restaurante macrobitico, na Rua do Paraso. Tambm colaborou para que o professor de Yoga, De Rose viesse do Rio de Janeiro para a Bahia, na dcada de setenta. Em todos os setores de sua vida, o mestre Carib era conceituado como um homem de qualidades excelentes. Denlson Carib no s um dos pilares do karat da Bahia, como tambm um dos seus grandes representantes juntamente com os seus contemporneos, pois ele se preocupou muito em interestadualizar o karat, procurou as federaes, as confederaes, viajou muito e participou com muita intensidade de todo o processo desse karat brasileiro. Participava da confederao, participou inclusive da fundao da Federao Baiana e nessa poca, normalmente estava neste trabalho todos os seus alunos mais ativos. A equipe era formada por Denlson Carib, Ivo Rangel, Alberto Fonseca, Lzaro Gagliano, Cludio Mascarenhas, Lus Srgio Souza, Jocelin Ribeiro dos Santos. Na realidade, Denlson Carib liderou uma equipe que fez com que o karat tivesse essa projeo que tem hoje. Independente desses tinham tambm os seus irmos, como Dorival Carib, um dos melhores lutadores do mundo na sua poca e Dalmar Carib que muito tcnico, passou uma temporada no Japo e tambm uma pessoa muito ligada a filosofia. O falecimento de Denlson deixou uma lacuna muito grande no karat da Bahia, porque ele tinha uma relao muito grande com os mestres, e era muito respeitado no Brasil inteiro. Na Bahia no h como falar em karat sem falar na ASKABA e na famlia Carib. A partir do momento em que Denlson Carib se empenhou na luta para engrandecer e divulgar o karat baiano, sua famlia no ficou aptica ao seu dinamismo, partindo dela seu maior incentivo para que ele alcanasse esse objetivo. Da famlia composta de doze irmos, nove homens e trs mulheres, cinco deles dedicaram-se ao karat, atingiram a faixa preta e conseguiram levar o nome do Karat da Bahia ao Brasil e ao exterior e at hoje esses nomes so lembrados com respeito por grandes mestres que tiveram oportunidade de conviver com eles em eventos nacionais e internacionais. So eles Denlson, Dorival, Dalmar, Dcio e Djalma. No dia 23 de outubro de 1985, perto da cidade de Vitria da Conquista, em um acidente de carro, ele nos deixou em matria, porm permanece vivo at hoje em nossos coraes. Foi homenageado post mortem pela Confederao Brasileira de Karat com o ttulo de Patrono do Karat Brasileiro, em reconhecimento ao importante trabalho por ele desenvolvido. IVO RANGEL Em 1963, no Spartan Gym, conheceu o karat atravs do instrutor Mcio Magalhes, aluno do engenheiro japons Masahiro Saito radicado na Bahia. Nessa poca, Ivo Rangel trabalhava na PETROBRS como laboratorista de anlises petrofsicas e estudava a noite. Ivo Rangel comeou a treinar karat com Mcio Magalhes. Com a chegada do japons Eisuke Oishi a Bahia, Mcio Magalhes resolveu levar Ivo Rangel para treinar no Acrpole com Oishi. Porm em 1964, jovem e insaciavelmente curioso, iniciou-se tambm no jud, comandado pelo competentssimo Kazuo Yoshida. Em 1965, quando estava treinando jud, um dos seus companheiros do karat, Lzaro Gagliano, foi cham-lo a convite de Oishi, para participar do primeiro torneio nacional de karat, que seria realizado no Estado de So Paulo, pois Oishi queria levar uma seleo forte. Esta nova motivao o trouxe de volta para o karat de onde nunca mais se afastou. No incio do ano de 1968, o professor Sadamu Uriu veio residir na Bahia, tornando-se um bom amigo de Ivo Rangel. Naquela poca a Bahia comeou a brilhar nos campeonatos nacionais e as equipes eram formadas por cinco integrantes, sendo que at 1970, eram titulares absolutos da equipe de kata: Ivo Rangel, Denlson Carib, Alberto Fonseca, Dalmar Carib e Ivan Palma. No 26

kumit, at 1970, a equipe base era formada por Alberto Fonseca, Jocelin Ribeiro, Ivo Rangel, Jos Guilherme Saboneto e os irmos Carib, Denlson, Dorival e Dalmar; todos de excelente qualidade tcnica. Aps aquele campeonato (1970), o professor Sadamu Uriu decidiu voltar para o Rio de Janeiro e entregou a direo tcnica do Acrpole e da Escola Superior de Arquitetura a Ivo Rangel. Da Escola Superior de Arquitetura, emergiram dois competentissimos atletas, dentre os principais pilares de sustentao do karat baiano: Roberto Barreto Pereira e Antonio Souto Aderne. Este ltimo, inclusive, foi por vrias vezes capito da Seleo Brasileira e campeo pan-americano. No Acrpole, Ivo Rangel constituiu sua dinastia, sendo que dentre aqueles que as mais gloriosas vitrias trouxeram, encontravam-se: Z Mendes, Valdomiro Santos, Nigro Santana, Rafael Ribeiro, Hormnio Santos Filho, Dorival Daniel, Carlos Rangel Junior, Ubirajara Rangel, Silvio Lopes, Pedro Rocha, Damiana Sales, Rita de Cssia, Diana Peixoto, Laudicea Oliveira, Noelia Brito, Claudia Cristina e Nohama Viana. Foram vinte e um anos de Acrpole, cujos crculos se estendem at o interior, nas cidades de Jacobina, com Wilson Santos (Santo Antnio de Jesus), Geovani Mariel (Ibicara), Paulo Abrantes e mais alm como Irec, Xique-Xique, Itapetinga, Itarantim, Itamaraju, Eunaplis, Conquista, Jequi e tantas outras cidades, sendo que algumas delas, hoje, fazem parte da Federao de Karat Interestilos. Outra tarefa memorvel foi criao da Confederao Brasileira de Karat, na qual o Mestre Ivo Rangel representou alguns Estados do Nordeste, pois sua fama j se espalhava pelo Brasil e, em especial, nessa regio. Considerado um dos mais intelectualizados do karat brasileiro em atividade, inclusive com livros, de boa qualidade, escritos, artigos semanais em jornais e revistas de circulao nacional, o Mestre Ivo Rangel, paralelamente tambm conclua o curso de Direito, mas sem se descuidar do karat. Assumiu assim, pelas conquistas estaduais, o comando da Seleo baiana, conquistando tantos ttulos que seu nome faz-se necessrio Seleo Brasileira. Dessa experincia, vieram ttulos para o Brasil, de campeo Sul-americano, Pan-americano e mundial, trazidos pelos atletas que integravam a seleo verde e amarela. Enumerar ttulos demorado e cansativo, mas o Mestre Ivo Rangel considera como memorveis as campanhas de Fukuoka e quatro anos aps, j como integrante da Confederao de Karat Interestilos do Brasil, o de Yokahama, as participaes em Luanda, na Africa, onde o Brasil sagrou-se campeo internacional e o 4 lugar em kumite por equipe, em Granada, no campeontao mundial realizado na Espanha. Sobre sua passagem para o karat Interestilos, inclusive criado e lanado no mundo pelo Brasil, relata que foi uma idia que deu mais certo do que esperava, principalmente porque separava o joio do trigo. Ivo Rangel da Silva, 7 DAN, atualmente Diretor Tcnico da Confederao Brasileira de Karat Interestilos, fundador da Associao dos Faixas-Pretas de Karat da Bahia, tendo sido o seu primeiro presidente. Delegado da ShotoKan Karat International, na Bahia, Diretor Jurdico da Federao Bahiana de Pugilismo, ex-colaborador das colunas de Karat dos Jornais A TARDE e Artes Marciais, do Jornal Bahia Hoje, alm do Programa Bate Bola da TV Aratu, comandado por Eliseu Godoy. Dentre os seus mais recentes trabalhos, destacam-se: A implantao do karate como disciplina da Escola Superior de Educao Fsica, na Universidade Catlica do salvador (UCsal) e tambm primeiro professor a ministrar aulas no karate universitrio catlico (UCsal). Introdutor da Karate Interestilos no JOCOPAR Jogos das Escolas Particulares, unindo desta forma atletas de vrias federaes de karate nesta competio, anteriormente fechada a uma nica federao. Em 2001, atravs de ofcio com exposio Secretaria de Educao do estado da Bahia, fundamentando os benefcios do karate na formao disciplinar da juventude conseguiu a incluso deste esporte, como matria da rea de Educao Fsica, sob Cdigo 092, para os alunos do 1 e 2 27

graus das escolas da rede pblica e particular de ensino, alm da incluso do karate nas Olimpadas Baianas da Primavera, tendo sido designado pelo Secretrio de Educao, o senhor Eraldo Tinoco, como coordenador desta modalidade. Atualmente, 2002, se transferiu para a Confederao de Karate Interestilos do Brasil CBKI, filiada WKC, pois esta entidade, proporciona melhores opes internacionais para os atletas baianos. ALBERTO FONSECA Antnio Alberto Alves da Fonseca, faixa-preta 6 Dan, natural de Ilhus, iniciou no karat em 02 de fevereiro de 1965, formado em Educao Fsica pela Universidade Catlica da Bahia. Praticou Capoeira antes de se dedicar ao karat, o qual prtica h muitos anos. Por duas vezes foi campeo do torneio Nacional da Nihon karat, na modalidade kata e obteve o 4 lugar em jyu kumit no campeonato Brasileiro realizado na Bahia. Ele foi campeo brasileiro por equipe e vrias vezes e campeo baiano de Jyu-Kumit e kata. Faz parte do quadro de Examinadores da Federao Bahiana de karat e membro da sua banca examinadora da Confederao Brasileira de Karate. RAIMUNDO VEIGA Raimundo Santana Veiga, 6 Dan, iniciou no karat no dia 05 de maro de 1965, no Ginsio Acrpole, membro efetivo do Conselho Tcnico, do Quadro de rbitros e do Quadro de Examinadores da Federao Bahiana de Karat. Participou de vrias delegaes da FBK como delegado, foi vice-campeo do I Torneio/ASKABA no ano de 1968, e Campeo no II Torneio/ASKABA no ano de 1969, na categoria de adulto, modalidade Kata, destacou-se em vrios campeonatos sempre na modalidade Kata, foi Diretor Tcnico e tambm Vice-presidente da FBK. Fez diversos cursos de aperfeioamento tanto a nvel nacional como internacional. Iniciou como monitor na ASKABA, desde a sua fundao e foi instrutor no perodo de 23/11/67 a 31/01/1976. Fundou o CLUBE DE KARAT DA PITUBA, onde foi Instrutor Chefe. Pelas orientaes do Professor Veiga j passaram mais de cinco mil alunos. MILTON MUCARZEL LEOVIGILDO Milton Mucarzel Leovigildo, iniciou no karat em 1964, 6 Dan membro efetivo do Conselho Tcnico, do Quadro de rbitros e membro do Quadro de Examinadores da Federao Bahiana de Karat e da Confederao Brasileira de Karate. VILOBALDO MORAES Vilobaldo Moraes Pedreira, 6 Dan. Iniciou os seus treinamentos no ano de 1961, no Ginsio Acrpole. membro efetivo do Conselho Tcnico, do Quadro de rbitros e do Quadro de Examinadores da Federao Bahiana de Karat. Foi terceiro colocado no primeiro torneio realizado em solo baiano, em 1967 no Clube Bahiano de Tenis. Vice-campeo do I Torneio/ASKABA no ano de 1968 e vice-campeo no II Torneio/ASKABA no ano de 1969, todos na modalidade Kumit. Foi integrante da seleo baiana em vrios campeonatos brasileiros, participou de inmeras demonstraes. Seu primeiro professor foi Mrio Conceio e posteriormente Denlson Carib, Eisuke Oishi, Ysautaka Tanaka, Lirton Monassa e Yoshizo Machida. Fez diversos cursos de aperfeioamento de karat. Lecionou no Clube Acrpole e na cidade de Feira de Santana no clube social Feira Karat Clube, sendo um dos introdutores de karat na regio do Recncavo Baiano. 28

SADAMU URIU Sadamu Uriu praticante do estilo SHOTOKAN, 4 Dan, na poca, foi trazido para a Bahia por Denlson Carib, com o apoio de Yasutaka Tanaka, em 1968, e ficou aqui at 1970. YOSHIZO MACHIDA Yoshizo Machida, praticante do estilo SHOTOKAN, chegou ao Brasil no dia 05 de abril de 1968. Ficou residindo em Belm do Par. Engenheiro civil veio como funcionrio do governo japons para desenvolver projetos de loteamentos e construes de pontes para a colnia japonesa que vivia na regio da floresta Amaznica. Em 1969, saiu da empresa japonesa e foi lecionar karat na Associao Paraense de Jud. No ano de 1970, Machida veio para a Bahia atendendo a um convite de Denlson Carib, para passar uns dias aqui. Gostou muito da Bahia e resolveu permanecer. Com sua presena, o karat na Bahia desenvolveu bastante. Esse convite foi feito no Torneio Internacional da Nihon Karat Kiokay, realizado em Braslia. Nessa competio Machida sagrou-se campeo em Kata e Kumite. Machida e Denlson organizaram o karat na Bahia e fundaram vinte e seis academias. Juntamente com Machida veio o professor Shimada, que ficou trs meses na Bahia passeando e depois, a convite de Watanabe, foi para o Rio Grande do Sul. Dez anos depois, um aluno de Machida, paraense, convidou-o para voltar ao Par, para trabalhar na agricultura. Ele aceitou. Atualmente (2002), Machida continua no Par onde possui uma academia de karat e desenvolve um excelente trabalho juntamente com os seus trs filhos. Tambm vieram Bahia para dar cursos os mestres japoneses: Yoshihaku Osaka, Masahiko Tanaka, Massatoshi Nakayama, Shimada, Tetsuiko Asai, Teruyuki Okasaki, Yokomichi e o nissei (brasileiro) Takashi Shimo, Juichi Sagara, Iasutaka Tanaka, Iroiashi Inoki. MESTRES BAIANOS DA SEGUNDA E TERCEIRA GERAO DO KARATE Adelmo Castro Almir Aleluia lvaro Gonzaga Amanda Bacelar Pires Antnio Batista (falecido) Antnio Freitas (mo-de-ferro) Antnio Souto Aderne Aroldo Mulcino Arthur Rego Azer Fernandes Carlos Alber Fonseca Carlos Rangel Jr. Carlos Santana Catarino da Costa Oliveira Clecio Marback Dalmar Carib Daniel Dorival Dcio Caribe de Castro Djalma Carib 29

Derivaldo Oliveira dos Santos Dorival Carib Dorival Daniel Eckener Cardoso Enobaldo Atade Evaldo Sucupira Gilmar Seixas Xavier Isaias Brito Jamil Arajo Joan Brito Lemos Joo Crispim Ramos Joo Gomes Joo Lus Jorge Contreiras Jos Alves dos Santos (Z karate) Jos Mendes Jos Monteiro Jos Rebouas de Azevedo Jos Ubiratan Bezerra Jotacio Gomes Jlio Gusmo Lindolfo Barbosa Lus Srgio Souza Luiz Viana Manoel Pena Cal Marco Antnio de Carvalho Monteiro Marcos Loureno Marcos Menezes Mirlano Lus Moacir Aquino Nelson Daltro Otvio Gomes Paulo Barttiloti Pedro Rocha Renato Pereira Ricardo Augusto Freitas Roberto Ruy Bomfim Srgio Bastos Srgio Marinho Srgio Matos Silvio Lopes Temstocles Saldanha Ubirajara Rangel Valmir de Lima Santana Vicente Puonzo Waldir Silva

30

CAPITULO V

31

PRIMEIROS CLUBES Os primeiros clubes de karat na Bahia foram o Acrpole, a ASKA-BA e a Associao Atltica da Bahia. Depois surgiram outros clubes como o SESC e ASDEB sob o comando do professor Alberto Fonseca, Clube de Karat da Pituba do professor Raimundo Veiga. GINSIO ACRPOLE Situado na Rua J.J. Seabra, na Baixa dos Sapateiros, em Salvador, Bahia, onde se praticavam o boxe, a capoeira e a luta livre. Em 1961, o karat comeou a ser tambm praticado no Acrpole tendo Mrio Conceio como professor, lutador de Luta Livre, que tinha conhecimento da arte. Mais tarde chegou o professor Eisuke Oishi, seguido por Denlson Carib, Sadamu Uriu e quando este foi embora da Bahia em 1970, assumiu o Acrpole o professor Ivo Rangel at 1990. Desde a implantao do karat, o Acrpole revelou grandes professores, a exemplo de Roberto Pereira, Dilson Soares, Dorival Daniel, Z Mendes, Jos Bonfim, Jos Edmundo, Adelmo Castro, Eckener Cardoso, Nigro Santana, Temstocles Saldanha e muitos outros. A primeira equipe do Acrpole era formada por Jos Edmundo, Jos Firmino Bonfim, Nilton Guimares, Nigro Santana e Rafael Ribeiro. Com a COPA ACRPOLE, a partir de 1972, comearam a surgir muitos campees. A primeira campe de luta da Copa Acrpole foi Diana Anglica Peixoto de Oliveira e a vicecampe foi Damiana Sales dos Santos. Em 1991, o Acrpole fundiu-se com uma nova instituio, o Clube Imperador, que dispondo de maior estrutura, absorveu cerca de noventa por cento dos antigos karatcas. Em 1995, filiou-se Federao de Karat Interestilos da Bahia. Segundo o professor Antnio Souto Aderne, O Ginsio Acrpole sinnimo de Ivo Rangel, pois foi ele quem fez o karat crescer na cidade do Salvador. Foi ele quem levou o karat aos bairros populares e ao subrbio. J o professor Jos Augusto Maciel Torres diz: O Ivo Rangel tirou muita gente da ociosidade. Hoje, alguns deles poderiam ser pessoas afastadas da sociedade. Mas graas ao Ivo, muita gente hoje ostenta um Status Quo, que se no fosse o karat no teriam. Sei que Ivo ajudou muita gente, deu conselhos e orientou muitos na vida, coisa que poucos fizeram. Portanto, afirmo com toda convico que Ivo Rangel, um dos, seno, o melhor tcnico de karat que conheci e tambm um grande homem de bem e humilde, que fez do karat uma maneira de amor ao prximo. ASKABA ASSOCIAO DE KARAT DA BAHIA Foi o segundo clube a ser fundado na Bahia em 23 de novembro de 1967, com a orientao e apoio do Sr. Fauzi Abdala Joo. A ASKABA foi a primeira entidade no Estado da Bahia a atender os padres exigidos pela CBP (Confederao Brasileira de Pugilismo). A princpio, a ASKABA funcionou na Rua Caramuru, 34, Ladeira dos Gales, Brotas em Salvador, Bahia. O dojo era pequeno e havia no meio da sala, uma coluna de sustentao que dificultava o treinamento, alm do piso ser desnivelado. No satisfeito com o espao, Carib procurou um outro local e finalmente aps encontr-lo convidou Antnio Aderne, que na poca, era estudante de arquitetura e faixa-verde em karat, para ir at a Farmcia Caldas na Avenida Sete de Setembro, onde havia um grande terrao em cima dela, local escolhido por Carib onde seria a ASKABA e Aderne teria a incumbncia de fazer a planta. Entretanto, Aderne no chegou a concluir o projeto, pois precisou viajar para a Argentina e depois 32

para o Chile, onde chegou a faixa preta. Quando retornou ao Brasil, a ASKABA j estava funcionando na Av. Sete de Setembro, 311, 5 andar. Para construir a ASKABA, Denlson Carib lanou sessenta ttulos patrimoniais remidos na praa. O jornalista Pedro Ivo Bacelar que era seu amigo e colega de trabalho na PETROBRAS, havia sido demitido e recebeu de indenizao a quantia de duzentos e cinqenta milhes de cruzeiros. Emprestou cem milhes a Denlson Carib, que bancou a obra e com a venda dos ttulos, pagou, sem nenhum atraso, o dinheiro do Sr. Pedro Ivo Bacelar. A pessoa que ajudou a vender os ttulos foi o Sr. Everaldo Rocha Sampaio. Com o dinheiro desses ttulos foi, construda a ASKABA. O projeto foi feito pelo engenheiro e arquiteto, Fernando Victor Venero. Com o surgimento da ASKABA, para ela se transferiu boa parte dos alunos mais graduados do Acrpole, alguns deles, atletas de competio. A mudana da ASKABA para o centro da cidade proporcionou uma importante contribuio para o desenvolvimento esportivo do karat, especialmente junto comunidade baiana, que justificou o reconhecimento da ASKABA como entidade de Utilidade Pblica, desde maio de 1972. Antes da morte de Denlson Carib a ASKABA passou a ser presidida por Dorismar Carib, eleito em assemblia geral e em seguida (aps a morte de Denilson Carib) por Djalma Carib. Findo o mandato de Djalma Carib, foi reeleito o senhor Dorismar Carib. A ASKABA foi um dos clubes fundadores da Federao Bahiana de Karat FBK. Passou um certo tempo filiada Federao de Karat-Do Tradicional da Bahia e depois juntamente com outros clubes fundou a Federao de Karat Shotokan do Estado da Bahia FKSEB. Atualmente filiada FBK, entidade vinculada Confederao Brasileira de Karat. Atendendo a uma antiga reivindicao dos seus associados, face s dificuldades de acesso e estacionamento, a ASKABA transferiu suas instalaes do centro da cidade, atitude que sempre evitou, preocupada em desfigurar a sua tradicional imagem, para o Bairro do STIEP e posteriormente para o antigo quartel da 14 BIAA, no bairro de Amaralina. Fruto de um convnio firmado em maio de 1999 com a 6 Regio Militar, do Ministrio do Exrcito, estabelecendo uma parceria mediante a cesso de uso de um espao especialmente equipado para esse fim e atualmente (2002) funciona na Associao dos Empregados da COPENE no Bairro Costa Azul. A FAMLIA CARIB DORIVAL CARIB Teve muitas participaes nos campeonatos de karat realizados no Brasil, destacando-se em todos eles, assim como nos internacionais, tendo participado dos Campeonatos Mundiais realizados na Frana em 1972 e no Japo em 1977. Foi o atleta de maior experincia em competies internacionais, j tendo disputado dois campeonatos Pan-Americanos, o primeiro no Rio de Janeiro (Brasil) e o segundo na cidade de Lima, no Peru. Dorival foi tambm um atleta que nunca conheceu o sabor da derrota em campeonatos internos. DALMAR CARIB Comeou o seu treinamento em 1967 e, confirmando a garra dos Carib, participou de inmeros campeonatos sempre se destacando com brilhantismo e colecionando ttulos de campeo e vice-campeo. Fez parte da equipe do professor Massaiko Tanaka, em 1975, no XXVII Campeonato Japons de Karat, e participou nesse mesmo ano, do curso especial para instrutores profissionais realizado pela Nihon Karat Kyokai, no Japo.

33

DJALMA CARIB A exemplo dos irmos, tambm teve atuao bastante destacada devido a sua excelente performance tcnica. Comeou a treinar aos onze anos de idade e seu primeiro professor foi Vilobaldo Pedreira. Aos vinte anos de idade foi o mais novo faixa preta do Brasil. Djalma participou de campeonatos desde o ano de 1972. Sobressaiu-se principalmente disputando em 1978, o III Campeonato Pan-Americano de Karat, realizado em Montreal, Canad. Nessa competio, alm de ter ganhado uma medalha de ouro por equipe, ganhou tambm a medalha de prata como vice-campeo individual em lutas e uma medalha de bronze pelo terceiro lugar em kata, ttulos esses conquistados em sua primeira experincia em competies internacionais. Foi tambm campeo brasileiro, norte-nordeste e baiano. Participou de cursos de aperfeioamento com os maiores mestres do karat Shotokan como: Masatoshi Nakayama, H. Nishiyama, T. Okasaki, T. Okuda, Massariko Tanaka, Y. Tanaka, G. Sagara, Y. Machida, Sadamu Uriu, G. Inoki e Sasaki. Fez curso profissionalizante de karat com o prof. Taketo Okuda. Em 1997, Djalma trouxe para a Bahia o ttulo de Campeo Brasileiro da categoria Mster na modalidade de kumite individual em campeonato realizado no Rio de Janeiro. Foi presidente da ASKABA, uma das mais conceituadas escolas de karat Shotokan no Brasil. DCIO CARIB Ainda criana comeou os seus treinamentos de karat na cidade de Feira de Santana, transferindo-se em seguida para Salvador onde se destacou em competies regionais e nacionais. Difundiu essa arte durante muitos anos na cidade de Vitria da Conquista e atualmente ministra aulas de karat na ASKABA. AAB - ASSOCIAO ATLTICA DA BAHIA Foi o primeiro clube social a abrir suas portas para o karat, filiando-se em seguida Federao Bahiana de Pugilismo, passando da a participar dos trabalhos de organizao e fundao da Federao Bahiana de Karat. O primeiro instrutor da AAB foi o professor Yoshizo Machida e posteriormente, os seus treinamentos tcnicos foram dirigidos pelo professor Ivo Rangel. Mantendo a tradio dos outros pioneiros, tambm um clube que possui um bom cartel de vitrias. Seus melhores momentos foram vividos na administrao do ento presidente Ademar Brito, grande desportista que proporcionou aos setores amadoristas do clube, forte sustentao, colocando-o entre os mais destacados do Estado. (Ivo Rangel, Estudos de Karat, pgina 119, 4 edio).

34

CAPITULO VI A MULHER E O KARAT Amanda Pires e Magaly Mary Fontes (afastada) foram as primeiras mulheres a se graduarem em faixa-preta na Bahia, no ano de 1979. Depois delas vieram outras, como Maria Moreno Nogueira Lima e Hortncia da Encarnao Batista. Amanda Pires comeou a praticar o karat aos seis anos de idade, porm o seu primeiro exame de faixa foi realizado em 1972, aos nove anos de idade. O primeiro clube de karat em Salvador administrado por uma mulher foi o LYSESLNDIA CENTRO ESPORTIVO, administrado por D. Maria Rita Bacelar e tendo Jorge Contreiras como professor. Depois dele veio, o professor Randolfo Sampaio e em seguida o professor Gilmar Xavier. Posteriormente o nome do clube foi mudado para LYNCE KARAT CLUBE e ficou sendo administrado pelos filhos de D. Rita Bacelar sob a superviso tcnica da professora Amanda Pires. Esclarece a professora Amanda Pires: neste clube formei vinte e um faixas pretas, sendo trs mulheres e dezoito homens. As mulheres foram: Denize Muniz, Lvia Ferreira e Ane Leandra. Lvia foi a minha primeira faixa-preta e tambm quebrou o meu record, fez exame para faixa preta aos doze anos de idade. Tambm dentro do Lynce Clube consegui fazer muitos campees de kata e kumit, tanto individual como por equipe. Houve uma poca, em que tivemos quarenta atletas do sexo feminino dentro do Lynce, seguindo o exemplo de Dalmar Carib, na cidade de Itapetinga que, segundo eu soube, teve mais de cinqenta atletas do sexo feminino. As meninas treinavam muito e eram boas atletas, fiz algumas campes. Fui a primeira campe baiana de kata, fui tetracampe baiana, ganhei campeonato universitrio de kata e kumit, e tambm participei de campeonatos brasileiros. Nunca participei de campeonato internacional por motivos financeiros, tanto de minha parte como da federao, que no pde arcar com as despesas. Sou a primeira rbitra baiana a participar de um campeonato internacional, o Pan-americano, realizado no Rio de Janeiro. Quanto ao meu trabalho no Lynce, comecei como monitora, pois quem lecionava eram professores do sexo masculino. A primeira pessoa a reconhecer o meu trabalho em Brotas, no Lince, foi a D. Geni Jones Gradin. Ela tinha uma academia chamada Jeito de Corpo e me chamou para lecionar karat. Na academia dela fiz os meus primeiros campees, pois houve um torneio no Lynce, que proporcionou quinze medalhas. Os meus alunos foram convidados e ganhamos treze 35

medalhas. Com o decorrer dos tempos, os professores foram saindo e ento assumi as aulas do Lynce, onde fizemos muitos campees de copas de clubes, bem como do campeonato baiano, tanto de kata como kumit, apesar de no ser uma boa atleta de kumit, porque no tive a oportunidade que as atletas tm hoje em dia. No Lynce tive grandes atletas do sexo feminino como Lvia Ferreira, Denize Muniz, Ane Leandra, Tais Cruz, Tatiane Cruz e muitos do sexo masculino como Fbio Cruz, Fbio Cunha Santos, Marcelo Carneiro de Oliveira, Alex Velame, Clcio Marback, Celso Medina, essa era a minha equipe de adulto que foi campe da seletiva da capital. Depois de Amanda Pires, veio uma nova gerao que foi menos massacrada pelo machismo. Todavia, os atletas do sexo masculino ainda discriminavam alegando que as meninas iriam ficar com o corpo e jeito de homem. Com as competies e as mudanas que o karat sofreu ao longo dos anos, essas opinies esto sendo mudadas. Afirma a professora Adriana Silva Oliveira, da Federao Baiana de Karat Semi-Contato: sofri com o machismo desde quando iniciei no karat, como tambm, quando comecei a lecionar karat. Mas depois de alguns anos, com a evoluo do karat se transformando mais em esporte, essa mentalidade machista est mudando. AMANDA PIRES Amanda Rita Bacelar Pires, natural de Salvador-Ba, casada, 4 Dan, foi a primeira mulher baiana, categoria juvenil, a se graduar em faixa preta. Iniciou os treinamentos na ASKABA, aos seis anos de idade. Arbitra da FBK, primeira campe baiana de kata, tetracampe baiana de karat, administrou o clube Lynce, onde formou vinte e um faixas pretas, sendo trs do sexo feminino Alm de ser graduada em Teologia e Filosofia, fez vrios cursos de aperfeioamento em karat, recreao escolar, tcnicas orientais, Doin, Massagem Teraputica. Primeira mulher a possuir o maior nmero de cursos de aperfeioamento de karat. Primeira mulher a fazer parte da comisso de arbitragem da FBK, da comisso examinadora dos exames para graduao de faixa preta da CBK. Organizou a I Copa Lynce de Karat em homenagem aos 6s Dans e organizou o I Torneio Octogonal Denilson Carib de Castro. Foi a primeira supervisora de alguns clubes de karat, ministrou cursos no interior e na capital, foi mesria em alguns campeonatos da FBK e CBK. Tcnica da equipe de kata e kumit do clube Lynce.

36

CAPITULO VII EXPANSO DO KARAT NA CAPITAL BAIANA No incio do ano letivo de 1968, o karat foi levado para a faculdade de engenharia e arquitetura da UFBA pelo acadmico Roberto Barreto Pereira, e teve duas turmas, cada uma com sessenta alunos. Tendo como professores Denlson Carib e Sadamu Uriu, que tiveram respectivamente como monitores Alberto Fonseca e Ivo Rangel e s vezes o prprio Roberto Barreto Pereira. No final desse mesmo ano, o curso foi encerrado por falta de alunos, pois devido s desistncias, s ficaram duas pessoas treinando: Antnio Souto Aderne e Roberto Barreto Pereira. Porm, eles resolveram dar continuidade aos treinamentos e passaram a freqentar a ASKABA, que 37

nessa poca tinha sua sede na Ladeira dos Gals, em Brotas e, posteriormente estes chegaram a faixa preta. Depois da experincia sem sucesso do karat na UFBA, o Coronel do Exrcito Antnio Bio Martins Luna, levou o karat para o quartel do Forte do Barbalho como uma atividade esportiva, e os instrutores eram Denlson Carib e Machida. Segundo o professor Antnio Souto Aderne, o karat no Estado da Bahia teve como patrono, pela sua implantao, Denlson Carib. A expanso no interior do Estado comeou com Vilobaldo Moraes Pedreira e consolidada pelos irmos Carib, em Salvador e pelo professor Ivo Rangel. O motivo dessa consolidao na capital baiana ocorreu porque a ASKABA, se mudou para a Av. Sete de Setembro, centro comercial e passou a ser freqentada por pessoas de classe mdia em diante, enquanto que as pessoas de classes menos favorecidas freqentavam o Ginsio Acrpole, que ficava na Baixa dos Sapateiros. Quando essas pessoas menos favorecidas financeiramente chegavam a faixa preta viam o karat como profisso e uma oportunidade de ganhar dinheiro. J na ASKABA, quando as pessoas atingiam o grau de faixa preta, no se preocupavam em ter o karat como profisso, pois eram universitrios ou empresrios que tinham outros objetivos na vida e o karat apenas como esporte. Por causa disso o esforo de Denlson Carib para formar faixas pretas no teve o desdobramento que o professor Ivo Rangel conseguiu no Acrpole. Por isso a ASKABA no se expandiu. O Acrpole tinha uma estrutura volumtrica e numrica maior que a ASKABA. Os alunos eram numericamente maiores por causa da liderana do professor Ivo Rangel, que formava o faixapreta humilde e este abria em seguida uma academia, em um condomnio. Se uma academia convencional cobrava um valor X, ele cobrava um valor inferior e uma parte desse dinheiro ia para o Acrpole, que era responsvel pelo curso. Dessa forma a estrutura do professor Ivo Rangel cresceu rapidamente, enquanto que a da ASKABA no. A ASKABA ficou muito pequena, com um Doj, onde quem ministrava as aulas eram os irmos Carib auxiliados por outras pessoas, como os professores Yochiso Machida e Almir Aleluia. Portanto, na capital baiana o responsvel pelo crescimento qualitativo do karat foi o professor Ivo Rangel, conforme declaraes do professor Antnio Souto Aderne. EXPANSO DO KARAT NO INTERIOR DA BAHIA A interiorizao do karat no Estado da Bahia comeou com os mestres Vilobaldo Moraes Pedreira e Carlos Alberto Costa, posteriormente, com os irmos Carib: Dorival e Dalmar. O Mestre Vilobaldo Moraes Pedreira comeou a ensinar karat para um grupo de amigos na Rua Aurora, na Praa Dois de Julho, em Feira de Santana. No ano de 1964, Carlos Alberto Costa props a Vilobaldo Moraes Pedreira a fundao de uma academia no fundo da residncia do seu sogro, Sr. Manoel Brito, que morava na Praa Cruz da Mota. Aps a sua fundao, esta passou a oferecer os servios de ginstica, karat e sauna. O nome da academia era Karat de Feira de Santana. Atualmente ela se encontra em outro local e passou a ser chamada de Feira Karat Clube. Dorival Carib morava em Feira de Santana e lecionava karat em Cruz das Almas, Cachoeira, Muritiba, Campo Formoso e Senhor do Bonfim. O professor Ivo Rangel, independente do trabalho na Capital, tambm teve participao na interiorizao do karat, pois ajudou a implant-lo na regio metropolitana. Em Alagoinhas quem implantou o karat foi Nilton Pimentel que lecionava de segunda a quinta-feira e, na sexta feira, quem ministrava as aulas eram os professores Ivo Rangel e Denilson Carib, que se revezavam. 38

Em Camaari o introdutor do karat estilo Shotokan foi o professor Arinaldo Arajo e o estilo Goju-Ryu foi o professor Joo Maria de Paula. O introdutor do karat na cidade de Irec foi o faixa preta Fernando Raimundo Rocha dos Santos, em maro de 1974. Em Santo Amaro, o professor Milton Mucarzel, foi o precursor do karat, fundando o Clube de Karat de Santo Amaro e o seu aluno Reinaldo Antnio Portela de Souza fundou a Associao Santamarense de Karat. Em Santo Antnio de Jesus, o responsvel pela introduo do karat foi o professor Dilson Machado Carvalho (Dilson Madeira), juntamente com os seus colegas Gilvandro Borba e Luiz Augusto, que no ano de 1973, montaram uma academia. Na poca, eles no podiam lecionar. Ento convidaram o professor Francisco de Sales para ministrar as aulas no Santo Antnio Karat Clube. Depois de graduado em faixa preta, Luiz Augusto levou o karat para a cidade de Ipia, onde fundou o Okinawa Karat Clube. J em Nazar das Farinhas, o introdutor do karat foi o professor Jos Augusto Maciel Torres. Em Itapetinga, o karat comeou no ano de 1969, com um jovem japons chamado Kimura. Ele comeou a ensinar karat, estilo Shorin-Ryu, na quadra poliesportiva da Associao Cultural de Itapetinga ACI. Juntamente com ele veio um sobrinho, que estudou no Educandrio So Jos, de propriedade do Sr. Edirani Pacfico Ges. Depois de um ms de aulas, por motivos at hoje desconhecidos, ele simplesmente sumiu de Itapetinga, deixando uma turma com mais de sessenta alunos. Ele no deu o seu nome completo, era apenas tratado por Kimura. Disse que veio da Coria e que era faixa preta. Segundo o Dr. Robert Lemos, Kimura era um japons magro e tinha um bom nvel tcnico, muito rpido. Em 1968, Antnio Lacroza, um estudante que morava em Itapetinga, foi para o Rio de Janeiro fazer o curso de medicina e l comeou a treinar karat chegando faixa verde do estilo ShorinRyu. Em 1970, nas frias, ele retornou a Itapetinga para visitar sua irm, a professora de histria Dalva Pereira. Nesse perodo ele ministrava aulas de karat em uma sala no edifcio onde tinha uma rdio comunitria chamada A Voz do Povo, onde hoje se localiza o escritrio de contabilidade de Dante & Wellington. Os seus alunos eram: Joan Brito Lemos, Aderbal Duarte, Wilson Muniz e Robert Brito Lemos. Quando Antnio Lacroza comeou a estagiar, deixou de vir em Itapetinga, mas os seus quatro alunos sob o comando de Joan Lemos continuaram os treinamentos. Em 1972, Joan Lemos juntamente com Dalmar Carib de Castro fundaram uma academia no clube social da Associao Cultural de Itapetinga ACI, que foi o Clube de Karat de Itapetinga Clukai. Joan Lemos comeou na faixa branca, porque o estilo era outro, o Shotokan. Dalmar foi o introdutor do karat nas cidades de Itapetinga, Itoror, Vitria da Conquista, Itabuna, Brumado, Livramento do Brumado. O destaque maior foi em Itapetinga, onde o professor Dalmar Carib tinha uma turma com sessenta alunas, ou seja, uma turma composta somente de mulheres. Esse feito s foi igualado pelo professor Wilson Santos nas cidades de Jacobina e Mundo Novo. No ano de 1975, o professor Dalmar e o monitor Joan Lemos levaram trinta atletas do sexo feminino a Salvador para fazer uma demonstrao no Ginsio Antnio Balbino, onde elas exibiram o primeiro e o segundo kata simultaneamente e foram aplaudidas de p. Em Ilhus o karat foi introduzido em abril de 1972, por intermdio do ento Faixa Roxa, Dr. Bernardo Souza Silva, que iniciou seu aprendizado em Salvador, quando, a ASKABA ainda era localizada na ladeira dos Gals. Com autorizao do Sensei Carib, Bernardo iniciou o ensinamento da Arte na sede da Academia Vigor, localizada no Estdio Mrio Pessoa, com o apoio do Professor Nildo Batista. O primeiro praticante inscrito foi Antonio Orivaldo Nascimento. Alm dele, fizeram parte da primeira turma de karat em Ilhus Euler zaro, Vitorino Palomo, Euler zaro Filho,

39

Victor Palomo, Jorge Costa, Judson Rios, Josemir Dias Sobrinho, Luiz Carlos Barreto Figueiredo (Carlito) e Belmiro Valverde, dentre outros. Em 1974, assumiu a direo tcnica o Professor Dalmar Carib, tendo a partir da sido utilizado o Clube Social de Ilhus como local de treinamento (Doj), tambm sob a orientao e superviso do Sensei Denilson Carib. Em decorrncia da ida do Professor Dalmar Carib ao Japo para aperfeioamento tcnico. Em funo da distncia entre Ilhus e Salvador, por solicitao do Dr. Bernardo Silva e indicao do Sensei Denilson Carib, em 1977 foi designado para assumir o karat ilheense o Professor Jlio Csar Drea Gusmo, que juntamente com membros da comunidade, em especial o Sr. Edmo de Brito Guanaes, fundou o Ilhus Karat Clube (IKC), em 1 de setembro de 1977, tendo sido o seu primeiro Presidente o Dr. Antonio Bezerra. frente do IKC, o Professor Jlio Gusmo conquistou vrios ttulos, inclusive baiano, tendo solidificado a Arte em Ilhus. Por interesse particular, o Professor Jlio Gusmo deixou o IKC em dezembro de 1983 e retornou a Salvador. A partir de janeiro de 1984, com permisso do Sensei Denilson Carib e da FBK, atravs do seu Presidente Sr. Fauzi Abdala Joo, o IKC retornou atividade sob a responsabilidade do ento Faixa Marrom Ubiratan Bezerra, tendo como Diretor Tcnico o Professor Antonio Orivaldo e superviso do Faixa Preta Artur Cardoso, tendo este posteriormente sido substitudo, por solicitao do IKC, pelo Professor lvaro Gonzaga, que muito contribuiu para o crescimento tcnico do Clube. (Ubiratan Bezerra, Karate-do Uma Introduo, pgs. 34 e 35). Dalmar Carib viajou para o Japo, em 1975 e em Itapetinga, quem assumiu as aulas de karate foi Joan Brito Lemos. No Japo Dalmar fez o curso de professor profissional na Nihon Karat Kiokay, depois participou de um torneio onde se sagrou vice-campeo. Foi capito da equipe de Masahiro Tanaka na disputa do campeonato nacional de Tquio, com dois mil atletas. A equipe ficou em terceiro lugar. Para Dalmar Carib, esse foi o ttulo mais importante de sua carreira de karatca. O karate foi introduzido em Itarantim pelo professor Jurandir Carvalho Viana, que em 1991 fundou a Associao de Karat Auto Reflexo. Alguns meses depois, ele implantou o karat na cidade de Potiragu, onde abriu uma filial do seu clube. Ainda hoje a Associao Auto Reflexo filiada a FBK. Em 1998 a sede foi transferida para Itapetinga. Segundo o professor Jurandir, alguns dos seus alunos j foram campees brasileiros, baianos e tambm campees do sul do estado, na Copa Cacau, tais como: Kalianne Esteves, campe baiana, Flvio de Oliveira, campeo da Copa Cacau, Marly Pinto, vice-campe baiana, categoria master, Joesley Nascimento, vice-campeo baiano e Fabiola de Souza que foi vice-campe brasileira, em 1997, na categoria infanto-juvenil de kumit. Ceclia de Oliveira Matos, vice-campe baiana e brasileira, em 2001, na categoria mirim. Na Copa Cacau os camepes foram: