Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – UNIPAMPA CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS – ÊNFASE EM PRODUÇÃO CULTURAL Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro Setor: um estudo da Pastoral da Criança de São Borja. Orientando: Vilmar dos Anjos Orientador: Prof. Dr. Joel Felipe Guindani São Borja 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – UNIPAMPA

CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS – ÊNFASE EM PRODUÇÃO CULTURAL

Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro Setor: um estudo da

Pastoral da Criança de São Borja.

Orientando: Vilmar dos Anjos Orientador: Prof. Dr. Joel Felipe Guindani

São Borja 2014

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Vilmar dos Anjos

Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro Setor: um estudo da

Pastoral da Criança de São Borja.

Trabalho de conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Relações Públicas- Ênfase em Produção Cultural. Orientador: Prof. Dr. Joel Felipe Guindani

São Borja 2014

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Vilmar dos Anjos Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro Setor: um estudo da

Pastoral da Criança de São Borja.

Trabalho de conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Relações da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Relações Públicas- Ênfase em Produção Cultural.

Trabalho de Conclusão de Curso, defendido e aprovado em: ____ /_____/_____.

Banca examinadora:

______________________________________________________ Prof. Dr. Joel Felipe Guindani (Orientador)

UNIPAMPA

______________________________________________________

Prof. Dr. Valmor Rhoden UNIPAMPA

______________________________________________________

Profa. Me. Carmem Abreu UNIPAMPA

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DEDICATÓRIA

A todas as pessoas de luz e que praticam o bem ao seu semelhante

que encontrei na minha caminhada terrena.

A minha querida mãe Tania Carmo, a São Cosme e Damião e a

Pastoral da Criança de São Borja que me deu a oportunidade de ser um

voluntário.

Em especial ao meu orientador professor Joel Felipe Guindani pela

dedicação, incentivo e acima de tudo pela compreensão, pois em

diversos momentos enfrentei dificuldades e limitações, porém sempre

esteve me dando força e incentivo.

Essa grandeza de espiritualidade é peculiar ás pessoas que possuem

uma visão de mundo humanizada e sensibilidade para entender os

desafios do dia-a-dia de um trabalhador que aventura-se na vida

acadêmica.

Não posso esquecer-me de mencionar as palavras de incentivo e apoio

nessa etapa, não medindo esforços e horário para juntos construirmos

essa reflexão. Obrigado, professor que mais pessoas ,assim como eu,

possam ter esse grande aprendizado de evolução e cidadania. E acima

de tudo, a grandeza de reconhecer os seus méritos.

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AGRADECIMENTOS

Um agradecimento especial a todos os docentes do Curso de Relações Público-

Campus São Borja desde a sua criação, pois é na soma de conhecimentos que

continuará contribuindo na minha formação profissional. Na minha percepção é o bem

mais valioso, que podemos deixar: o nosso aprendizado. E reconhecer as pessoas que

foram fundamentais se faz necessário porque é atualmente é grande a importância

dada ao individualismo. As relações humanas estão ficando cada vez mais fluídas e

fragmentadas, por isso, que o “saber exige”, dedicação, humildade, amor e acima de

tudo entender o outro. Quero agradecer e reconhecer aos profissionais: Marislei

Ribeiro, Cristóvão Domingues Almeida, Carmem Abreu, Valmor Rhoden, Joel Felipe

Guindani, Marcela Guimarães e Silva, Tiago Costa Martins, Elisa Lübeck, Muriel Pinto,

Joseline Pippi, Sara Feitosa, Ronaldo Colvero.

As diversas pessoas de vários estados brasileiros que vieram a São Borja em

busca de conhecimento e fizeram a troca de culturas e levaram daqui à certeza da

escolha certa. Aos colegas de curso ou de instituição que cruzei pelos corredores da

universidade ou pelas calçadas e ruas de chão de nossa cidade levando na figura de

um palhaço a energia contagiante de ser um voluntário da Pastoral da Criança.

Percorrer essa caminhada me fez refletir que uma semente plantada é uma

árvore frutífera no amanhã, aprendi que fazer à diferença começa por nós mesmos e

podemos mudar muitas vidas, basta querer. Finalizando vamos sempre fazer acontecer,

independente da profissão que escolhemos, e sermos um ser de luz.

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EPÍGRAFE

“O paradigma da caridade já se encontra definitivamente

substituído pela cidadania. Mas não basta que o cidadão

seja visto como credor dos direitos fundamentais apenas

por observadores privilegiados. É imprescindível que o

próprio destinatário das politicas públicas adquira

consciência de suas prerrogativas diante do Estado e da

própria sociedade. E que essa consciência se expresse

pelo exercício”.

Leoberto Narciso Brancher

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LISTA DE SIGLAS / ABREVIATURAS

ABONG-Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais

FASFIL- Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos

GIFE-Grupo de Instituições Fundações e Empresas

OTS- Observatório do Terceiro Setor

ONGs: Organizações Não-Governamentais

OS - Organização Social

OSC- Organizações da Sociedade Civil

OSCIP - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

OSSCIPE-Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Estadual -

OSCIPF- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Federal

OSCS: Organizações da Sociedade Civil

OTS: Organização Terceiro Setor

PAC – Pastoral da Criança

PCR- Pastoral da Criança

RP- Relações Públicas

SB – São Borja

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RESUMO Essa monografia de conclusão de curso tem por objetivo geral compreender os desafios e as perspectivas das Relações Públicas no Terceiro Setor, a partir de um estudo das possíveis estratégias em RP identificadas na Pastoral da Criança de São Borja. No âmbito teórico mobiliza conceitos relacionados ao Terceiro setor, buscando identificar as ações de Relações Públicas, especificamente os instrumentos que, possivelmente, caracterizam as formas de comunicação na Pastoral da Criança de São Borja. As metodologias utilizadas foram as pesquisas bibliográficas e participante, através de entrevistas com questionários semiestruturados e estruturados. Identificamos que a comunicação na Pastoral da Criança-São Borja em sua gestão comunicacional se utiliza da interação face a face para dialogar com seus líderes, bem como de algumas ferramentas de comunicação como reunião mensal, recados por meio de ligação telefônica. Também, identificamos que os desafios se caracterizam, principalmente, pela falta de recursos financeiros, que impossibilita a atuação de algum profissional da comunicação para além do voluntariado. No entanto, o cenário investigado é um campo de atuação para profissional de Relações Públicas atuando como gestor da comunicação tendo o domínio das ferramentas e estratégias para a obtenção da imagem institucional perante os públicos. A criação de uma assessoria de comunicação é um grande desafio a ser enfrentado pela instituição, pois atualmente as práticas da gestão organizacional adotadas pela instituição são ligadas à igreja católica e o trabalho desenvolvido se materializa na figura do voluntariado, devido à limitação financeira.

Palavras-chave: Relações Públicas. Terceiro Setor. Pastoral da Criança.

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ABSTRACT This monograph of course conclusion has the objective to understand the challenges and prospects of the PR in the Third Sector, from a case study of the possible strategies in RP identified in Pastoral São Borja. At the theoretical level mobilizes concepts related to the Third Sector, seeking to identify the actions of the PR, specifically the instruments possibly characterize forms of communication in “Pastoral da criança” of São Borja. The methodology used was to participatory research, through interviews with semi-structured and structured questionnaires. Identified that communication in “Pastoral da criança” in São Borja in their communication management uses the face to face interaction to dialogue with their leaders, as well as some communication tools such as monthly meetings, errands by telephone connection also identified that challenges are characterized mainly by the lack of financial resources, which prevents the performance of any professional communication beyond volunteering. However, the investigated scenario is a field for PR professional acting as manager of communications with the mastery of tools and strategies for achieving the institutional image before the public. The creation of a press office is a big challenge faced by the institution, as presently organizational management practices adopted by the institution is linked to the Catholic church and the work fully embodies the figure of volunteering due to financial limitations. KEYWORDS: Communication; Public relations; Third Sector; Pastoral da Criança

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................11

2 TERCEIRO Setor: Origem ........................................................................................... 12

2.1 O Terceiro Setor no Brasil: História e Conceito ........................................................ 13

2.2 O Terceiro Setor e as parcerias a partir da Responsabilidade Social e do voluntariado.....................................................................................................................19

3. RP e o Terceiro Setor: perspectivas e os desafios ..................................................... 22

3.2 Relações Públicas Comunitárias e a Mobilização social .......................................... 28

3.3 As possíveis estratégias de RP no Terceiro Setor ................................................... 30

3.4 Assessoria de Comunicação em RP ........................................................................ 31

3.4.1. Comunicação Organizacional ............................................................................... 33

3.4.2 A “avaliação” de ações internas da instituição ...................................................... 36

4. CAMPO DE PESQUISA............................................................................................. 40

4.1 O surgimento da Pastoral no Brasil .......................................................................... 40

4.1.2 A instituição na cidade de São Borja ..................................................................... 42

5 PROCESSOS METODOLÓGICOS ............................................................................. 47

5.1 Entrevista ................................................................................................................. 42

5.2 O percurso metodológico no campo de pesquisa .................................................... 48

6. A INVESTIGAÇÃO DE CAMPO: a comunicação da Pastoral da Criança desde o

portal online .................................................................................................................... 49

6.1 As estratégias de comunicação da Pastoral da Criança de São Borja ..................... 51

6.2 Os instrumentos de comunicação para a mobilização social da Pastoral da Criança

de SB...............................................................................................................................53

6.3 A assessoria de comunicação em RP visível nas ações de comunicação da Pastoral

da Criança da diocese e em São Borja .......................................................................... 54

6.4 A comunicação organizacional e a avaliação das ações internas da Pastoral da

Criança de São Borja ..................................................................................................... 55

6.5 Os Desafios e as Perspectivas da Pastoral da Criança-São Borja ........................ 57

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 59

REFERÊNCIAS...............................................................................................................63

ANEXOS .........................................................................................................................66

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INTRODUÇÃO

Este trabalho conclui uma importante etapa da minha trajetória discente em

Relações Públicas-Ênfase em Produção Cultural. Originou-se, inicialmente, da

inquietação e curiosidade sobre os desafios e perspectivas no campo de atuação dos

profissionais de Relações Públicas no Terceiro Setor. Esta pesquisa também se

originou devido a crescente abertura neste campo profissional, na medida em que o

Estado transfere para a Sociedade Civil diversas atribuições, fazendo assim aumentar a

atuação das instituições do Terceiro Setor na luta pela redução das desigualdades

sociais.

A inserção profissional, entre outras justificativas, se dá pela necessidade do

Terceiro setor ser heterogêneo e composto de públicos diversos, onde cada instituição

tem demandas diferentes, mas que possuem um ponto em comum: amenizar os

problemas sociais das camadas populares através de ações, que a meu ver, requer a

atuação ou alguma prática comunicacional.

Partimos com a intenção de refletir sobre esse segmento que engloba a

diversidade e pluralidade de atores que compõem as instituições, as quais possuem os

mais diversos públicos, entre eles: os beneficiários, colaboradores, parceiros, doadores

entre outros.

A comunicação é uma ferramenta estratégica, cada vez mais, importante e o

profissional de Relações Públicas as domina com eficiência, pois elas ajudam a manter

as boas relações dessas organizações com os seus públicos internos e externos.

Em uma sociedade de comunicação de massa, ao qual para atingir os

resultados a serem alcançado requer o uso adequado, o RP é o profissional da

comunicação que faz o gerenciamento e planejamento de forma estratégica, constroem

e solidificam a imagem da organização diante a sociedade.

Desta reflexão, avançamos para o intuito de averiguar a existência de possíveis

estratégias de RP na Pastoral da Criança de São Borja, sobretudo a partir de duas

formas de reflexão: perceber os desafios, mas, ao mesmo tempo as perspectivas.

Para isso, metodologicamente, utilizamos uma aproximação exploratória, através

de contatos e de participação em algumas atividades da Pastoral da Criança durante o

ano de 2014.

Posteriormente, avançamos para a pesquisa bibliográfica, buscando produções

acadêmicas, livros na área de comunicação e do Terceiro Setor. Após este momento

inicial, utilizamos a pesquisa participante e entrevistas semiestruturadas com duas

lideranças da Pastoral para compreendermos os processos comunicativos da

instituição.

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2. Terceiro Setor: Origem

A expressão, Terceiro Setor, surgiu de uma tradução do inglês third sector nos

Estados Unidos. Atualmente pode ser utilizado junto a outras expressões como

“organizações sem fins lucrativos “(non profit organizations) ou setor voluntário

(voluntary sector)”“. A origem do termo tem dimensão sociológica e histórica sendo na

Europa e na América do Norte através dos movimentos associativos, nos séculos XV I e

XVII. Inicialmente com o caráter religioso ou político e essa situação pouco mudou.

A partir de 1800 surgiram as primeiras associações patronais e os sindicatos de

trabalhadores dando origem aos primeiros partidos políticos que defenderiam os seus

interesses no âmbito da política pública do Estado. A Segunda Guerra Mundial trouxe

grandes transformações políticas e sociais no mundo. Nesse contexto, começaram a

surgir às mudanças da sociedade civil através de novos agentes sociais.

Na Europa e na América do Norte, e mesmo na América Latina, os movimentos

associativos tiveram a sua origem nos séculos XVI e XVII, inicialmente com o caráter

religioso ou político. Essa situação mudou pouco, durante os séculos seguintes, mas a

partir de 1800 surgem às primeiras associações patronais e os sindicatos de

trabalhadores; estes últimos criando posteriormente os primeiros partidos políticos que

defenderiam os seus interesses no âmbito da política pública do Estado.

A Segunda Guerra Mundial trouxe grandes transformações políticas e sociais por

todo o mundo, essas mudanças ocasionaram um reordenamento nos valores dando vez

à organização da sociedade civil, pois existia a necessidade de participação popular

nas causas sociais.

Na América Latina, durante os anos 70, as organizações da sociedade civil atuaram pela redemocratização dos países, com ações voltadas para o desenvolvimento comunitário, oferecendo assistência e serviços, nas áreas de consumo, educação, saúde. (ALBUQUERQUE, 2006, p.21).

Na década de 1980, a conjuntura latino-americana alterou de forma significativa

na maioria dos países se estabeleceu a democracia, porém enfrentado grandes crises

financeiras e inflação. A solução para amenizar foi à adoção de politicas neoliberais em

consequência o agravo da pobreza nos países de terceiro mundo. A partir daí os

setores cresceram e a informalidade fez com que aumentasse o descrédito do Banco

Mundial e às instituições não destinaram mais recursos para os projetos sociais. O

mundo inteiro enfrentava dilemas oriundos das problemáticas sociais locais, regionais e

nacionais e principalmente mundiais acarretando em grandes desiquilíbrios e

desigualdades entre as classes sociais.

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2.1 O Terceiro Setor no Brasil: um pouco da história e conceito

No caso do Brasil, podemos considerar que as organizações sem fins lucrativos

surgiram na época colonial, nesse momento as igrejas tinham a percepção de suprir e

dar assistência às camadas populares entre as entidades que foram criadas estão a

Santa Casa de Misericórdias, orfanatos e asilos. Cabe ressaltar que as primeiras igrejas

cristãs criaram fundos de apoio às viúvas, órfão, prisioneiros, enfermos, pobres e

deficientes. A Igreja Católica com o suporte do Estado interferia nas práticas de

benemerência, pois sua atuação englobava a grande maioria das entidades de

assistência social. Essa ação compreendia as comunidades que estavam desassistidas

das políticas básicas (saúde, educação e alimentação).

Na segunda metade do século XV, a Santa Casa de Misericórdia foi pioneira na

área e, após a proclamação da República, separando o Estado e Igreja constituindo-se

nas primeiras organizações sem fins lucrativos do Brasil. As instituições religiosas

abarcavam os dogmas dos protestantes, espíritas e afro-brasileiras em numero menor

que a católica se considerar ao total das organizações criadas ou propriamente

mantidas por igrejas, elas representam 38,6 das organizações existentes nesse período

no Brasil.

A Igreja principalmente a católica teve e tem papel decisivo na formação do terceiro setor no Brasil. As Santas Casas foram pioneiras na área e, após a proclamação da República, quando da separação entre Estado e Igreja , tornaram-se as primeiras organizações sem fins lucrativos do país. Instituições ligadas a igrejas protestantes, espíritas e afro-brasileiras também tem desenvolvido papel importante na conformação do setor no país, ainda que numericamente sejam menores. Se considerarmos todas as organizações criadas ou mantidas por igrejas, veremos que elas representam 38% das organizações no Brasil, uma para cada três existentes.(ALBUQUERQUE, 2006.p.34).

No período colonial teve início à criação de inúmeras obras filantrópicas de

caráter religioso, mantida quase sempre com as doações dos católicos caridosos e

cumpridores de suas obrigações. Já nos séculos XVII e XVIII, a maioria das entidades

filantrópicas de que se tem registro era ligada à Igreja Católica. Desde esse período até

o inicio do século XIX, a parceria entre Estado e Igreja Católica se voltava no sentido de

suprir as demandas sociais.

A igreja católica durante séculos tinha uma preocupação com a justiça social, a partir da encíclica Rérum Novarum, fazia uma crítica ao sistema de livre mercado posicionando-se contra as imposições do capital, e manifestando-se contra as injustiças sociais. Nas décadas de 1930 e 1940 que a assistência social brasileira tomou um caráter laico, demarcado por um contexto político, econômico e social, profundamente impregnado de valores como de desprendimento e de amor ao próximo (ARAÚJO, 2008.p.31).

No governo Getúlio Vargas, o “Estado” esboçou com mais objetividade suas

preocupações com a pobreza e com os trabalhadores. Essa fase do governo o país

passava por momentos críticos tanto na política quanto na economia; presencia-se a

migração da população da zona rural para a urbana, buscando melhores condições de

vida.

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A partir daí o governo lança algumas medidas protetivas entre elas: a criação da

Legião Brasileira de Assistência (LBA), instituição que tinha a finalidade de prestar

serviços assistenciais.

Na República, além da igreja, inúmeras associações reuniam imigrantes, grupos religiosos e profissionais de determinada categoria com o objetivo de prestar assistência a certos segmentos da população. Associação Beneficência Portuguesa, hospital Sírio Libanês e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira são alguns exemplos desse tipo de agremiação com finalidades sociais. Havia a intenção de socorrer determinados grupos étnicos ou profissionais que eram vítimas do descaso ou do autoritarismo do Estado. (COSTA, 2006.p.8).

Nos anos de 1970, surgiram várias organizações sociais, algumas delas

identificando-se como movimento organizado independente do governo, isso devido ao

regime militar. A população clama por seus direitos básicos de moradia, saúde pública

de qualidade, educação todos os atributos que compõem o básico para uma vida

saudável. Por esse motivo, com o aumento da demanda por novos direitos sociais, o

terceiro setor firma-se, no presente século, como um campo de intervenção social, de

assistência e de enfrentamento às ausências do Estado e do mercado. Durante as

décadas de 1970 e 1980, as organizações não governamentais.

[...] engajaram-se na luta pela multiplicação e pelo fortalecimento das entidades representativas da sociedade civil, e o fizeram na perspectiva da redução das desigualdades sociais, da construção de espaços públicos que permitissem a participação cidadã na negociação de uma nova agenda de direitos que pautasse um novo compromisso do que entendemos por interesse público. (ALBUQUERQUE, 2006.p.33).

Nos anos 90, o Estado Brasileiro realizou uma reforma administrativa onde as

organizações da sociedade civil podiam atuar em conjunto com o próprio Estado.

As reformas reforçaram as funções de regulação burocráticas priorizando a

privatização das estatais e também a reforma fiscal para ajudar no equilíbrio das contas

do governo nas três esferas: Federal, Estadual e Municipal. Nesse período aconteceu o

reconhecimento da importância da parceria das organizações nas políticas públicas.

Destaca-se ainda a adoção de um modelo no qual o Terceiro Setor alcança um

papel de maior abertura de participação e relevância abrindo os investimentos

financeiros como aportes de empresas estatais.

De certa forma estratégica o Estado deveria sozinho promover as políticas

públicas. No país há tentativa de uma modernização do modelo de gestão pública tendo

o Estado o papel de controle abriu espaço para o fortalecimento do Terceiro setor.

O século XX, em termos sociais sofreu um processo de deterioração das condições de vida da grande parte da população brasileira, o Estado que se afasta, implicando na ausência das responsabilidades que lhe são atribuídas, levando á desqualificação politica, cultural e técnico-profissional da população e as condições de vida nas áreas da saúde, educação, habitação e qualificação técnico-profissional e assistência social, áreas que, historicamente, sofreram reveses, muito irreversíveis, relegadas pelos governos o segundo plano. (ARAÚJO, 2008.p.179).

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Devido à crise do Estado aliada as grandes transformações políticas e sociais

trouxeram o debate da importância da sociedade civil com suas representações (ONGs

e outras organizações) que surgiram nas sociedades voltadas à atuação pública.

A conceituação desse segmento ainda é complexa, pois esse termo pode ser

visto como uma denominação sociológica utilizada para designar uma parcela

organizada da sociedade civil sem fins lucrativos que busca soluções para problemas a

mazelas sociais, suprindo necessidades da população que o governo não consegue

satisfazer.

O questionamento a ser feito em relação a atual legislação brasileira é que pode

haver de semelhança entre uma associação de moradores ou um clube social, as

igrejas ou até mesmo uma ONG?

Essas diversas organizações fazem parte do Terceiro Setor, porém muitas delas

têm estatutos próprios e atuam somente com a participação de voluntários, aptas a

prestar serviços à comunidade, porém enquanto na oferta de serviços complementam o

Estado na sua finalidade estatuária.

Na opinião de ALBUQUERQUE (2006. p.28):

A divergência quanto ao conceito, à metodologia e aos critérios de classificação dos diversos segmentos do terceiro setor leva a resultados significativamente diferentes em relação ao número de organizações e instituições existentes, assim como em relação á área de atuação, a fontes de financiamentos etc.

A confusão terminológica traz consequências que atrapalham os investimentos

financeiros acarretando na dificuldade no aporte de repasses de recursos do Estado ou

de parcerias. A homogeneização em relação às metodologias e a classificação das

instituições ajudariam as organizações, o desafio maior é inserir a temática nas

disciplinas dos bancos acadêmicos com o objetivo de provocar a reflexão para a

construção de bases teóricas mais sólidas, ressalta o autor. A grande dificuldade na

conceituação é o universo de entidades que abarcam esse setor o que as identificam é

a causa e a oferta de serviços á população. Os critérios de classificação que são

utilizados precisam ser revistos, porque a falta de definição atrapalha o entendimento.

No meio acadêmico o debate deve acontecer em parcerias com os autores e

com a ABONG-Associação Brasileira de Organizações Não governamentais, essa

união ajudará a entrar no consenso sobre a conceituação.

Nas pesquisas bibliográficas identificamos as diferentes designações em relação

à nomenclatura ao se referir ao Terceiro Setor entre elas: Sem fins lucrativos, de

caridade, não governamental, esses termos são usados para conceituar “as

organizações”, porém cada organização possui seus estatutos próprios e com suas

especificidades inclusos os valores, missão e visão o que todas têm em comum a

causa, o bem estar da grande parcela de brasileiros que são desassistidos pelo Estado.

As instituições que fazem parte desse segmento recebem as denominações tais

como: Organizações Sociais (OS); Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público (OSCIPs); Fundações Privadas; Organizações Não-Governamentais (ONGs);

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Cooperativas, Institutos e Organizações Filantrópicas, Beneficentes e de Caridade;

Entidades de Assistência Social; e outras formas de Associações Civis sem fins

lucrativos, todas classificadas como entidades de interesse social, compartilhando a

característica da ausência de lucro financeiro e a finalidade de atendimento a fins

públicos e sociais.

Tenório (2001) um teórico que estuda o Terceiro Setor deixa bem claro que as

organizações nesse segmento têm autonomia em relação às tomadas de decisões, pois

são constituídas de estatutos e legislações próprias e não visa o lucro, apesar de

fazerem parcerias com o segundo setor. Podemos notar a imprecisão da classificação

desse segmento, pois devido às possibilidades de parcerias que muitas vezes

confunde-se com o papel do Estado.

Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão vinculadas, se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e problemas sociais e em que, apesar de serem sociedades civis privadas, não tem como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade. (TENÓRIO, 2001.p.7).

Tais mudanças se devem a maior participação da sociedade civil que exige do

governante mais diálogo e transparência na gestão pública. A seguir apresentamos as

formas jurídicas e títulos que a legislação brasileira permite que a sociedade se

sistematize nas seguintes formas jurídicas:1

ASSOCIAÇÃO

É a pessoa jurídica criada com base na união de ideias e esforços de pessoas

em torno de um propósito que não tenha a finalidade lucrativa. A sociedade civil

também é criada pela união de pessoas tendo como finalidade o lucro.

As alterações que sofreram o novo Código Civil em relação a sua constituição as

associações são consideradas entidades sem finalidade econômica, porém é permitida

a atividade econômica e os recursos gerados devem ser aplicados nas atividades

desenvolvidas na própria instituição.

FUNDAÇÃO

Na sua constituição especial na forma de pessoa jurídica (pode ser criada pela

vontade de um único indivíduo). As fundações podem ser criadas pelo governo (são

pessoas jurídicas de direito público) por indivíduos e por empresas.

ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

Segundo a Lei Federal nº 10.825/03, a ser classificada como uma terceira

categoria jurídica. Ressalta-se que o termo “instituto” é utilizado por diversas

organizações, cuja característica principal é se dedicar á pesquisa, educação ou

1 Essa classificação foi retirada da obra Terceiro Setor – Historia e Gestão de Organizações do autor: Antônio Carlos Albuquerque. P.42 a 45.

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produção cientifica, não constituindo uma forma de organização do ponto de vista

jurídico.

UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL

As sociedades civis, associações ou fundações poderão solicitar ao Ministério

da Justiça a declaração de Utilidade Pública Federal desde que sirvam

desinteressadamente á coletividade e cumpram os registros legais (Lei Federal nº

91/35, regulamentada pelo Decreto n º 50.517/61.

A grande vantagem é a possibilidade de oferecer dedução fiscal no imposto de

renda para doações de pessoas jurídicas e o acesso a subvenções e auxilio da União

Federal e de suas autarquias.

REGISTRO NO CONSELHO NACIONAL DE ASSISTENCIA SOCIAL (CNAS)

As entidades podem solicitar o registro no CNAS as que promovam as atividades

perante a Resolução nº 31/1999, como: integração dos trabalhadores ao mercado de

trabalho, assistência educacional ou de saúde, entre outras.

• Aplicar os recursos integralmente no Brasil e na manutenção ou

desenvolvimento de seus objetivos institucionais, não distribuindo dividendos ou

patrimônio sob nenhuma forma; diretores, conselheiros, sócios, instituidores e

benfeitores não são remunerados ou recebem vantagens ou benefícios, direta ou

indiretamente; prestar serviços permanentes e sem nenhuma discriminação de

clientela.

ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO

A partir do Conselho da Comunidade Solidária , em julho de 1997, iniciou o

processo de interlocução entre a sociedade civil e o governo para reformular as leis que

regem o terceiro setor. Aprovada a nova legislação a lei Federal nº 9.790/99, conhecida

como Lei das OSCIPS. A denominação dessas organizações que tem finalidade

pública, para a obtenção dessa qualificação deve ser uma pessoa jurídica de direito

privado sem finalidade lucrativa, atender aos objetivos sociais e ás normas estatuárias

previstas em lei e apresentar cópia dos documentos exigidos.

O Interesse Público segue dois critérios que estabelecidos e combinados dão o

entendimento do termo. Os critérios de finalidade, sem finalidade lucrativa. A entidade

deve desenvolver determinados tipos de atividade de interesse geral.

Adoções de um regime de funcionamento especificam, os estatutos devem conter

preceitos da esfera pública que possibilitem a transparência e responsabilização pelos

atos praticados.

Em relação ao estatuto:

• Respeitam os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade

etc.

• Adota práticas de gestão administrativa que proíbem a obtenção de vantagens

ou benefícios pessoais em decorrências de participação em processos decisórios

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• Tem conselho fiscal ou órgão equivalente

• Transferirá seu patrimônio liquido para outra estrutura congênere em caso de

dissolução.

Na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 no art.44 do Código Civil, a

interpretação pode ser feita da seguinte forma, pois na definição corrente, o termo está

relacionado ao conjunto de entidades sem fins lucrativos que não integram a estrutura

do Estado (primeiro setor) e do Mercado (segundo setor), constituídas como pessoas

jurídicas de direito privado, sob o substrato de associações, fundações, instituições

religiosas ou partidos políticos. Conforme art. 44 do Código Civil, regido pela Lei nº

10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Terceiro setor é um termo de difícil conceituação.

O termo está relacionado ao conjunto de entidades sem fins lucrativos que não

integram a estrutura do estado (primeiro setor) e do mercado (segundo setor),

constituídas como pessoas jurídicas de direito privado, sob o substrato de associações,

fundações, instituições religiosas ou partidos políticos.

Segundo Marco Tulio Silva a amplitude e a heterogeneidade dificulta a

conceituação, ressaltando que:

Determinadas atividades, em que pese típicas do Estado, não podiam ser desenvolvidas exclusivamente pelo mesmo ou poderiam também ser desenvolvidas pela sociedade organizada, dai surgindo o Terceiro Setor, importante destacar em seus traços características que o mesmo não é público e nem privado”. (SILVA. 2004.p.150).

A grande dificuldade em relação à conceituação é que esse segmento não

pertence ao Estado, não é o mercado não ficando claro na Legislação Brasileira quais

as organizações que realmente pertencem o Terceiro Setor.

Ao mesmo tempo podemos classificar na esfera jurídica em: a) Associação; b)

Fundação mantida com recursos privado; c) times de futebol d) outras formas de

Organizações Sem Fins Lucrativos.

Outra maneira de conceituação é em relação aos públicos, nesse segmento os

públicos são classificados em atores sociais e divididos em vários grupos, com diversos

interesses, para facilitar o entendimento se fez uso da classificação social.

Podemos fazer a conceituação de acordo com os recursos financeiros, dessa

maneira classificamos o primeiro setor (Estado) que administra os recursos para fins

públicos não tendo fins lucrativos, o segundo setor tem abrangência de aporte

financeiro privado para fins privados, enquanto o Terceiro Setor compõe-se de

organizações que se diferenciam dos demais por não serem governamentais e não

possuírem fins lucrativos, sendo assim, elas recebem dinheiro privado para finalidade

pública, porém nada impede que o poder público destine verba para esse setor através

de parcerias. Essa é outra possibilidade de classificação, pois ainda inexiste um critério

norteador de classificação das organizações, por isso, que encontramos divergências

nesse segmento.

Page 19: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

19

Além disso, a definição do papel desse Setor permite compreender as

transformações às quais estão sujeitas as sociedades globais.

Entender o que são de onde vem, o que querem como cresceram e se multiplicaram, como atuam as organizações de cidadãos implica retomar os fios de uma historia que combina valores e práticas ancestrais com fenômenos contemporâneos e, em boa medida, anunciadores de profundas mudanças ancestrais no perfil das sociedades e da ordem internacional”. (OLIVEIRA, 2001).

Portanto, a dificuldade em entender o significado elencou algumas

características comuns entre as organizações, sendo que elas não possuem

proprietários, são autônomas, parcialmente suprem o papel do Estado em relação às

demandas sociais, fazem uso de recursos públicos ou privados. No próximo capitulo,

abordam-se as parcerias que podem ser viabilizadas entre as relações públicas,

responsabilidade social, comunicação e voluntariado.

2.2 O Terceiro Setor e as parcerias a partir da responsabilidade social e do

voluntariado

Cremos importante abordar sobre a responsabilidade social a partir das

empresas privadas, pois identificamos que as parcerias são crescentes e responsáveis

por muitas ações do Terceiro Setor.

O termo Responsabilidade Social inicialmente apareceu num manifesto das

indústrias inglesas, definindo que a responsabilidade dos dirigentes das empresas era

manter o equilíbrio justo entre os vários interesses dos públicos, consumidores,

funcionários e acionistas, ressaltando uma maior contribuição com o bem estar da

humanidade em geral. Na definição do Instituto Ethos:2

A empresa socialmente responsável é aquela que possui capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas), funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente e consegue incorporá-lo no planejamento de suas atividades, buscando atender as demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. (GRAJEW, 2005).

As empresas intensificaram suas ações voltadas para as comunidades, firmando

uma parceria entre os diversos segmentos obtendo assim a valoração estratégica de

uma gestão focada na Responsabilidade Social junto às instituições do Terceiro setor.

2 GRAJEW, O. Responsabilidade empresarial. In: Centro de Referência, Filantropia e Responsabilidade

Social. Instituto Ethos, 2005. Disponível em:( http/www.ethos.org.br). Acesso em: 15 julho 2014.

Page 20: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

20

No setor empresarial podemos perceber uma busca por formas participativas que

ao mesmo tempo incentivem os seus colaboradores a se tornarem voluntários. Isto é

uma ferramenta que ajuda no fortalecimento das práticas cidadãs que repercutirão na

comunidade que a empresa esta inserida ou desenvolvendo os projetos sociais.

Colaborando para a reflexão a escritora Peruzzo em seu artigo “Relações

Públicas com a comunidade: uma agenda para o século XX, comunicação e Sociedade”

ressaltam algumas características do trabalho comunitário sob a perspectiva da

Responsabilidade Social, onde salientando a necessidade da comunicação nessa

parceria devido à existência de processos, ações e estratégias, produtos e atividades

concretas e neles imbricada.

Nas empresas há a necessidade de interação entre os diversos públicos que

diretamente estão ligados à responsabilidade social. A ligação pode ser feita entre os

próprios colaboradores, os voluntários, os doadores, os acionistas, os meios de

comunicação, a responsabilidade social acontece na interação entre os públicos e na

forma como são absorvidas as inciativas planejadas, que visa à compreensão mutua de

todos os envolvidos.

Ao profissional de Relações Públicas caberá promover ações que desenvolvem a

organização e a comunidade, tem o propósito de tornar-se socialmente responsável

pela execução da parceria.

No Brasil percebe-se que o setor empresarial obteve grandes mudanças em

relação às praticas socialmente responsável. Essas mudanças mesmo lentas deve-se a

herança cultural em que o Estado era paternalista influenciador dos diversos setores da

sociedade.

Atualmente as mudanças culturais e sociais ajudam a consolidação das práticas

cidadãs valorando a organização consolidando os ganhos tanto de imagem como

mercadológicos e sociais diante a comunidade.

Nesse sentido que a parceria consolidada trará grandes benefícios para ambos

os setores, como reforça KUNSCH (2003, p.45).

O trabalho de parceria entre o público e o privado que elas poderão fazer por intermédio do terceiro setor, as necessárias mediações, repensando conteúdo, formas, estratégias, instrumentos, meios e linguagens das ações comunicativas com diferentes grupos envolvidos, a opinião pública e a sociedade como um todo.

Essa tomada de consciência parte do principio que essas ações sociais podem

ser utilizadas estrategicamente com forma de mobilização, agindo como um estímulo

aos colaboradores das empresas. A imagem institucional da empresa aliada a uma

causa social de uma determinada comunidade traria grandes conquistas tangíveis e

intangíveis para todos os envolvidos nesse processo através de parcerias com

fundações, institutos, associações de moradores, ONGs, essa forma encontrada de

mobilizar o voluntariado.

Page 21: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

21

Atualmente o Terceiro Setor estabelece fortes relações e parcerias com o

segundo setor. As empresas se valem das oportunidades ou das necessidades e

carências do terceiro setor para investir e promover as suas marcas, seus produtos,

sobretudo em um tempo onde a responsabilidade social e o voluntariado se constituem

como setores importantes de investimento. Nas organizações contemporâneas os

gestores estão conscientes de que o crescimento econômico não deve desvincular-se

das diferenças sociais que acercam o país devido ao crescimento e sistematização da

sociedade civil como protagonista dessa nova realidade.

Não podemos confundir o conceito de responsabilidade social com Filantropia ou

ações filantrópicas. Os conceitos se diferenciam pela maneira como são realizadas

primeiramente, as ações filantrópicas acontecem de maneira eventual, por exemplo,

pode-se destinar um percentual de uma campanha ou dos lucros da empresa a uma

instituição beneficente, porém acontece de forma esporádica e não tem a

obrigatoriedade de ter continuidade.

O desenvolvimento comunitário, a responsabilidade social e a cidadania

corporativa não podem ser vistas como um mero modismo ou uma bandeira de luta em

função de ganhos mercadológicos e de imagem institucional. As organizações devem

mostrar que assumem de fato uma prática responsável e de comprometida com a

melhoria da qualidade de vida das pessoas e a diminuição das desigualdades sociais.

(KUNSCH, 2001).

As relações públicas têm um papel importante nesse contexto estarão cumprindo

sua função social, ao lado de outras funções estratégicas as empresas mobilizam os

seus colaboradores (voluntários) por meio voluntariado empresarial. Há diversas

definições várias para o trabalho voluntário entre as definições a Organização das

Nações Unidas- ONU define como:

O voluntário é o jovem ou adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao espirito cívico, dedica parte de seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campo.

Essa forma de prestar apoio à sociedade foi regulamentada no ano de 1996,

pela Lei 9608/98, um grande avanço para o desenvolvimento no Brasil. Segundo a lei

de acordo com o artigo 1º pode defini-lo:

Considera-se serviço voluntário, para fins desta lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos , culturais , educacionais , científicos , recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

O voluntario nessa ótica é um conjunto de ações de interesse social e

comunitário em que toda a atividade desempenhada reverte a favor do serviço e do

trabalho. É feito sem recebimento de qualquer remuneração ou lucro.

Page 22: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

22

Cada vez mais as empresas estão investindo nas ações de responsabilidade

social e sustentabilidade despertando a atenção da mídia. Em contrapartida, as

empresas intensificam as atividades que são voltadas para as comunidades, firmando a

sua imagem como empresa-cidadã, atuando de forma estratégica na gestão,

constatando e obtendo resultados positivos, como a ampliação de sua aceitabilidade e

legitimidade organizacional.

O que leva a empresa a agir não é o dinheiro que ela pode obter com isso, é a

possibilidade de sensibilizar a sociedade que tem sua parte de responsabilidade para

com o problema em causa. Algumas ações que podem auxiliar no fortalecimento dos

vínculos de relacionamento da organização perante a comunidade em que esta

inserida, tais como: o apoio ao desenvolvimento social e econômico das comunidades

onde estão localizadas as suas plantas industriais e comerciais; a preservação do meio

ambiente ao qual se recorre para produzir e melhorar o equilíbrio ecológico mesmo

quando não o influencia diretamente; a criação de mecanismos para proporcionar o

bem - estar do empregado extensivo aos seus familiares; o estabelecimento das regras

que asseguram a transparência das informações levadas aos públicos da organização.

Atualmente o Terceiro Setor estabelece fortes relações e parcerias com o

segundo setor. As empresas se valem das oportunidades ou das necessidades e

carências do terceiro setor para investir e promover as suas marcas, seus produtos,

sobretudo em um tempo onde a responsabilidade social e o voluntariado se constituem

como setores importantes de investimento. No próximo capitulo evidenciaremos o RP e

o Terceiro Setor, as perspectivas e os desafios nessa área.

3 RP e o Terceiro Setor: Perspectivas e os Desafios

As poucas pesquisas sobre essa possibilidade de atuação do RP tem sido um

ponto de ampla discussão nas Universidades Brasileiras. O recém-formado estará

realmente preparado para esse campo de atuação tido como novo e que não tem

recebido grandes investimentos no meio acadêmico.

A escassez de bibliografias, a formação acadêmica num campo de atuação que

está em plena ascensão e o crescimento do Terceiro Setor, esse segmento é promissor

para o mercado da comunicação - Relações Públicas. Na heterogeneidade de sua

composição, na imprecisão da terminologia onde as várias denominações atrapalham o

entendimento da finalidade das organizações. Ao escolhermos uma pesquisa realizada

no Estado Rio Grande do Sul é devido à proximidade com a realidade da Pastoral da

Criança de São Borja.

A pesquisa realizada pelo Observatório do Terceiro Setor (OTS), da Fundação

Irmão José Otão (FIJO), nos anos de 2009 e 2010, sobre a gestão e impactos sociais

nesse segmento, no Rio Grande do Sul traz significativas contribuições para a melhor

compreensão dos desafios e perspectivas.

Page 23: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

23

A escolha desses dados como parâmetro norteador, pois estudar a realidade

gaúcha da qual a instituição estudada se enquadra. Essa contextualização se faz

necessária devido aos inúmeros desafios que essas organizações enfrentam. Na

análise a pesquisa levou em consideração a gestão das entidades considerando os

seguintes indicadores: coerência da missão com os projetos desenvolvidos,

planejamento, adequação da entidade às normas jurídicas, transparência da gestão,

modelo de gestão, monitoramento e avaliação dos processos de gestão do trabalho e

dos projetos sociais.

A seguir os elementos que foram analisados para que obtivéssemos os

resultados para a análise:3

• Em relação à coerência da missão com os projetos desenvolvidos, verificou-se

que a missão é o principal propósito a ser atingido para 106 (77%) entidades, 7 (5%)

indicam que este é um propósito atendido parcialmente e 25 (18%) não responderam.

Na sequência, questionou-se se os projetos desenvolvidos atendem a missão da

organização: 103 (75%) responderam que sim, 14 (10%) informam este quesito é

atendido parcialmente e 21 (15%) não responderam à questão.

• No planejamento do tipo estratégico é a ferramenta de gestão que baliza o

trabalho de 64 (46%) entidades; 16 (11,5%) não utilizam essa ferramenta; 35 (25,5%) o

utilizam parcialmente 23 (16,6%) não responderam à questão.

• No quesito elaboração de projetos sociais (dificuldade para elaborar) é

sinalizada por 33 (24%) entidades, enquanto 32 (23%) não referem esta dificuldade, 48

(35%) a identificam parcialmente, 2 (1,4%) entendem que esta questão não se aplica ao

seu contexto e 23 (16,6%) não responderam ao item.

• A captação de recursos é a principal meta da organização para 22 (16%)

entidades, e 41 (29,7%) referem que esta não é sua principal meta; entretanto, a maior

parte delas, 49 (35,5%), entende que a captação de recursos é parcialmente a sua

principal meta, enquanto 4 (3%) entendem que a questão não se aplica à sua realidade

e 22 (16%) não responderam à questão.

• Na adequação ao código civil, o estatuto da organização está adequado ao

Código Civil vigente no Brasil em 112(81%) instituições, revelando o alinhamento

jurídico dessas entidades; em 3 (2%), ele está parcialmente alinhado a esse

pressuposto jurídico; 23 (16,6%) não responderam à questão, o que pode revelar

desconhecimento da situação jurídica da entidade ou o próprio não.

• Na elaboração e publicação da prestação de contas dos recursos recebidos

para o desenvolvimento das atividades, verifica-se que este é um procedimento

afirmado positivamente em 80 (58%) organizações; 11(8%) não realizam essa ação que

está diretamente relacionada à transparência da instituição, 22 (16%) realizam

parcialmente a divulgação, 3 (2%) responderam que essa questão não se aplica, e 22

3 Dados retirados do Estudo sobre o Terceiro Setor no Rio Grande do Sul: perfil, gestão e impactos sociais. Pesquisa realizada pelo Observatório do Terceiro Setor (OTS), da Fundação Irmão José Otão (FIJO), entre os meses de outubro de 2009 e novembro de 2010.

Page 24: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

24

(16%) não responderam a ela. A reuniões com a equipe ocorrem sistematicamente

em 106 (77%) entidades, diferentemente de 3 (2%), que não realizam reuniões, e 8

(6%), que as realizam parcialmente; 21 (15%) não responderam.

• A participação dos trabalhadores na tomada de decisão é considerada por

61(44%) instituições; em seis (4,3%), a participação não é considerada; em 42 (30%), é

considerada parcialmente; seis (4,3%) entendem que a questão não se aplica à sua

realidade; o número de abstenções para este quesito é de 23 (16,6%).

• A avaliação das atividades sendo 70 (43%) instituições afirma que há

processos de avaliação de pessoas estabelecidas na organização; no entanto, (12%)

referem não realizar avaliação; 33(24%) dizem realizar essa avaliação de forma parcial;

cinco (4%) entendem que a questão não se aplica à sua realidade e 23 (16,6%) não

responderam.

• A avaliação de projetos, 73 (53%) realiza a avaliação, 11 (8%) não realizam

esse procedimento, 28 (20%) realizam-no parcialmente, três (2%) entendem que essa

questão não se aplica à sua realidade e, por fim, 23 (16,6%) optaram por não

responder. Esse indicador traduz a preocupação das organizações com o produto da

sua ação, ou seja, os projetos que desenvolvem, e que se apresentam como ação

concreta para 53% das entidades.

A partir dos dados apresentados acima fica evidente que as diversas entidades

que compõem o universo da pesquisa trazem diversos desafios que são de

fundamentais relevâncias para ajudar no entendimento das particularidades da gestão

organizacional.

Criando assim um campo estratégico de atuação das Relações Públicas

sugerindo algumas mudanças para avançar na melhoria da gestão no que diz respeito

à administração para obter mais eficiência e eficácia.

Em relação ao planejamento estratégico a preocupação é em longo prazo e com

a gestão global da organização, o que se efetiva em 64 % das entidades. Ou seja, esse

é um processo pelo qual os dirigentes de cada entidade definem os objetivos, a forma

de busca-los estrategicamente e as restrições e capacidades internas e externas á

entidade.

Na avaliação, o resultado revela que a preocupação com a gestão das pessoas

nas organizações do Terceiro Setor não se traduz como uma das prioridades da

gestão, embora seja importante sublinhar o protagonismo de 43% das entidades que se

utilizam dessa prática, o que pode ser relacionado com o crescimento da chamada

profissionalização do setor.

No quesito a participação dos usuários, verifica-se uma participação parcial,

ainda que, em quase a metade delas (43%), tenha sido indicada a existência concreta

dessa participação; o resultado, porém, não desvela o tipo de participação e os espaços

constituídos.

Page 25: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

25

As reuniões com a equipe para as decisões revelam que elas são centralizadas

em (62%) das entidades; em 5 (4%) as decisões não são tomadas pela equipe diretiva;

em 25 (18%), as decisões são parcialmente tomadas pela equipe diretiva e 22 (16%)

não responderam.

A participação dos trabalhadores na tomada das decisões é importante ressaltar

que essas organizações precisam mobilizar seus voluntários ou trabalhadores, porém

mantem uma gestão centralizadora, pois os resultados relacionados ao grau de

participação das equipes e à tomada de decisão revelam que o setor se baseia em uma

lógica de centralização das decisões e de pouco nível de participação (das equipes e

dos trabalhadores).

Na elaboração dos projetos sociais podemos considerar que as entidades

apontam as dificuldade na elaboração de projetos e as que a identificam parcialmente,

chega-se ao percentual de 59%, ou seja, mais da metade das instituições que

compõem a amostra referem esse limite na efetivação de suas ações.

Cabe salientar que a sistematização de projetos sociais vem a potencializar as

ações desempenhadas pelas organizações sendo um importante suporte para a leitura

de seus resultados e avanços, pois é um recurso técnico necessário para qualificar a

ação social. A captação de recursos, pode- se dizer que uma entidade não

governamental, a captação de recursos está diretamente relacionada à sustentabilidade

da organização e deve ser compreendida como um meio para atingir a missão, razão

pela qual a entidade se constituiu, e não como um fim para operacionalização de ações

que não estejam alinhadas com a sua missão.

A elaboração e publicação da prestação de contas o resultado positivo revelado

pelas 80 entidades entrevistadas traduz a importância da transparência no setor e,

também, pode ser um indicador da concepção de que, embora seja um setor privado, a

sua atuação se materializa no âmbito do interesse público, sendo, portanto, passível de

acompanhamento da sociedade. É preciso, primeiramente, criar um conceito comum

para o terceiro setor, com interesses e necessidades compartilhadas por todas as

organizações; treinar e capacitar os profissionais e voluntários atuantes nas

organizações: investir na capacitação, no treinamento e na infraestrutura a fim de

permitir a ampliação de parcerias com o governo e o setor privado.

Entre outros fatores destaca-se a falta de transparência na regulamentação e

nos processos entre governo e ONGs. Devido ao histórico de clientelismo político nos

países da América latina que contribuíram para a ausência de uma maior cooperação

entre os setores garantiria no futuro uma maior autonomia.

O desafio está na identificação e mapeamento de forma quantificável em relação

à participação do Terceiro Setor na prestação de serviços sociais no país,

especialmente quando o objetivo for traçar uma política pública que privilegie a

cooperação e a integração das ações de governo e a sociedade exigindo uma

classificação preliminar das entidades que o compõe baseando-se nas finalidades e

objetivos institucionais de cada uma como forma de distinguir e posteriormente agrupá-

Page 26: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

26

las. As que pertencem à atuação assistencial complementar ao setor público

diferenciando das entidades de interesse público em geral e das entidades que

atendem a interesses particulares.

Há necessidade de uma evolução, por parte de suas próprias lideranças, na compreensão do papel a ser desempenhado pelas organizações sociais. A visão particularista que permitiu durante muito tempo que essas organizações realizassem um trabalho efetivo obtendo resultados pontuais significativos deve ser substituída pela visão holística que permita situar cada ação especifica da entidade dentro de um todo complexo que inclua a discussão de seu papel perante o Estado e o mercado(DIAS E MATOS, 2012.p.115).

Portanto, essas considerações são necessárias, pois no Terceiro Setor não

podemos falar no geral, pois não há uma homogeneidade. Há um campo de atuação

complexo e contraditório. Parte-se do princípio que cada organização que se enquadra

nesse segmento têm estatutos e regimentos próprios, muitas não podem ter

trabalhadores remunerados outras absorvem a maior parte de colaboradores

remunerados que movimentam o mercado que mais cresce no país.

A administração do terceiro setor tem a característica nova e difícil de ser articulada. Ser uma administração onde a eficácia e a eficiência da empresa privada estejam á disposição do atendimento das demandas e necessidades humanas tendo por base, não a solidariedade mecânica própria das estruturas do Estado, mas aquela existente em qualquer comunidade e que permitiu diferenciar a espécie humana e outras espécies(MATOS & DIAS, 2010).

Ainda consideramos que cada organização tem uma estrutura própria e

especificidades diferem-se uma das outras, vejamos que há em muitas organizações o

predomínio de mão de obra remunerada, enquanto outras o trabalho e feito somente

por voluntários. Enquanto outras já se profissionalizaram adotando os moldes de uma

gestão organizacional, outras precisam ainda investir na profissionalização buscando

parcerias com o primeiro setor para a remuneração dos profissionais que podem em

muito contribuir com o crescimento.

Em seu contraponto Dias & Matos apud Rifklin (2012.p 115) expõe que:

O problema é que os participantes do Terceiro Setor estão em um status neocolonial. Pensam como um setor subjugado. Suplicam ao governo, ao mercado e as instituições filantrópicas para obter verbas. Têm de compreender que o governo está começando a desaparecer da vida das comunidades, que seu papel é cada vez menos importante, que está passando a delegar verbas e programas.

Vemos a comunicação como perspectiva ou possibilidade no campo do terceiro

setor. Ela é uma estratégia imprescindível e estratégica, pois permite criar canais de

comunicação que garantem a eficácia e eficiência dos processos comunicativos.

Dessa maneira a administração dos diversos públicos que se relacionam com a

organização entre eles: os doadores empresariais e individuais, membros da diretoria,

voluntários, imprensa em geral e outras instituições coirmãs. A inexistência de

pesquisas sobre o Terceiro Setor, por isso, é de relevância que todos os envolvidos

nesse segmento as esferas públicas, a parceria privada, as Universidades precisam

avançar nas pesquisas que muito contribuirão num diagnóstico preciso desse segmento

Page 27: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

27

servindo de referencia para o desenvolvimento e a profissionalização que é a base para

crescimento.

3.1 As Relações Públicas nas Organizações Sem Fins Lucrativos

A área de relações públicas é peça fundamental nas organizações do Terceiro

Setor, não somente por possuir ferramentas de comunicação adequadas para atender

os objetivos destas instituições, mas também por ser o profissional capaz de

diagnosticar, planejar e executar ações com vistas a apontar soluções à maioria dos

problemas enfrentados por elas. Inclui focar na missão, investir na comunicação interna

e externa. Ajudando a organização a elevar o nível de entendimento, colaboração e

solidariedade entre os públicos (grupos sociais) e que esta envolvida.

As relações públicas por sua competência no tratamento com os diferentes

públicos habilita-se na promoção dos processos comunicativos, pois estamos vivendo

uma nova significação na ordem social da população que está se tornando cada vez

mais colaborativa e solidária. A atuação no campo social exige uma postura e atitude

levando a um comportamento favorável ao diálogo e a cooperação, não só por tratar de

uma exigência desse campo de atuação, mas por ser um campo de atuação e das

novas exigências de mercado.

Pleitear verbas públicas, solicitar apoio financeiro a empresas, intervir efetivamente no contexto social, obter espaços privilegiado na mídia, ganhar legitimidade na sociedade são exemplos de ocupação de espaço e desempenho no cenário social com atuações esperadas para esses atores (UTSONOMYA, 2007.p.323).

Outros objetivos que podem ser alcançados são campanhas para o aumento dos

voluntários, dar visibilidade ao público dos objetivos da organização, elaboração de

projetos sociais, entre outras. Podemos destacar algumas contribuições do profissional

de Relações Públicas salientamos que os processos comunicativos visam à

mobilização nos diversos segmentos de beneficiários da ação; efetivar as mudanças

pretendidas nas comunidades; tornar as organizações conhecidas e respeitadas pela

integridade de suas ações e propostas; obter recursos financeiros para a realização de

seus projetos; tornar públicas as atividades desenvolvidas pela instituição, agregando

uma possível mudança cultural; mobilizar e motivar novos voluntários; prestar contas

das atividades desenvolvidas e das conquistas obtidas, entre outros objetivos.

Contribuir para o aumento no número de voluntários, dar visibilidade os

objetivos, missão, visão e valores da organização entre outras atribuições. “Relações

Públicas nas Organizações Sem Fins Lucrativos”, é uma prática profissional em

ascensão que se interligam a outras práticas, estratégias e instrumentos de

comunicação como às voltado para a comunidade, para a mobilização social o qual

abordaremos nos próximo capítulo.

Page 28: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

28

3.2 Relações Públicas Comunitárias e a Mobilização Social

A escritora Margarida Kunsch (2001) produziu um artigo referenciando a outros

autores, entre eles, Edward Bernays, no ano de 1920. Ele defendia que a base

consistente para a prática de relações públicas corretas e eficientes estava nas ciências

sociais e na sociedade democrática.

Atualmente já está consolidado esse trabalho que se volta aos interesses sociais

organizados que buscam a qualidade de vida e o desenvolvimento da comunidade com

a construção da cidadania. Na mesma data citada acima, as grandes mudanças

começariam a ser percebidas na área de relações públicas tanto na teoria quanto na

prática. Essa transformação começaria na maior participação da sociedade civil nas

tomadas de decisões como forma de exigir os seus direitos.

Kunsch (2003, p.90-91) define Relações Públicas Comunitárias afirmando que:

Relações Públicas, como área profissional, se aplicam em qualquer tipo de organização. Tradicionalmente estavam mais centradas no âmbito empresarial e governamental [...] Nas últimas décadas o panorama mudou. Com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro setor, o crescimento do número de organizações não governamentais (ONGs), além da existência de inúmeras outras entidades com ou sem fins lucrativos.

Nesse sentido, a intenção é ressaltar o papel das relações públicas na atuação

de forma conjugada dos objetivos comuns entre as organizações e seus públicos, essa

ação visa promover seu desenvolvimento recíproco e da comunidade a que pertencem.

As Relações Públicas Comunitárias também podem ser compreendidas a partir

do conceito de “mobilização social”. Percebemos essa aproximação, pois a atuação do

RP a partir de uma comunicação comunitária requer alguns instrumentos que visem não

apenas a práticas instrumental e assistencialista, mas, sobretudo, mobilizatória.

As sociedades contemporâneas se deparam com o grande dilema que é a falta

de estratégias para a convocação dos sujeitos visando à participação social e o

engajamento coletivo. Mobilizar é um processo de conclamar os sujeitos a uma causa

coletiva que gera relacionamento e interações, dessa forma o profissional de relações

Públicas atua como o gerenciador de relacionamento.

A necessidade de relacionamento com os públicos fez emergir a atividade de

relações públicas, estreitamente associada aos grandes interesses do capital privado

em busca de legitimação pública, em um cenário de modernização e de emergência de

uma opinião pública de massa. Nas ações de mobilização social pode-se promover a

relação de diálogo entre as partes integrantes do processo comunicacional, estreitando

as relações sociais, sendo assim se caracterizará a dimensão festiva.

A sociedade moderna é caracterizada pela escassez de relacionamentos

interpessoais, as pessoas estão voltadas para si mesmas e a interação se torna cada

vez mais complicada e a mobilização torna-se ainda mais complexa.

as relações públicas na função gerencial auxilia a organização a interagir com os diversos públicos de interesse em seu ambiente, onde os comunicadores podem desenvolver relacionamentos de forma eficaz quando se comunicam simetricamente com os públicos. (GRUNIG, 2009, p.63-64).

Page 29: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

29

A eficácia da mobilização é resultante da soma de esforços dos envolvidos nos

processos comunicacionais e estratégicos, para a eficiência e eficácia na mobilização

do público a ser alcançado pela organização.

Com isso, torna-se cada vez mais necessário promover o relacionamento humano, até como forma de garantir o exercício da cidadania, pois isolado, o individuo perde a capacidade de convivência e de consciência de seus direitos e deveres. Isolado, tende a ser mais egoísta mais intolerante. (FARIAS, 2011.p.83).

Kunsch (1940, p.106) salientava que o problema básico da atividade é o

relacionamento de uma organização com a sociedade, cumprindo ela sua missão

quando compreende as implicações de uma prática voltada especificamente para esse

fim. As organizações precisam de um Relações Públicas, pois ele domina as técnicas

de mobilização, essa característica é imprescindível para esse segmento.

Para POYARES (1998, p.165), esse segmento é um campo de atuação para um

profissional de Relações Públicas, contribuindo de várias formas, entre elas a

mobilização social:

O RP é um profissional de mobilização social, indispensável na formação de uma consciência participativa e cidadã. Ora, o Terceiro Setor é formado por organizações da sociedade civil mobilizadas por uma causa específica. Desta forma, o profissional de Relações Públicas como mobilizador social possui uma das principais características para agir eficientemente neste novo setor.

A área de Relações Públicas evidencia algumas funções necessárias e eficazes

em prol do Terceiro Setor. Podemos citar a administração e o gerenciamento da

comunicação das organizações. O gerenciamento do relacionamento com os diversos

dos públicos. Desenvolve o planejamento da comunicação, a pesquisa e a avaliação

auxiliado pela utilização das pesquisas.

Hoje, teoricamente é possível falar de Relações Públicas populares, ou

comunitárias, orgânicas às classes subalternas. Ou seja, de um trabalho de Relações

Públicas comprometido com os interesses dos segmentos sociais subalternos

organizados, ou num sentido mais amplo com o interesse público. (PERUZZO, 1993, p.

125).

As Relações Públicas agem nas estratégias comunicativas adequando-as em

relação às limitações e possibilidades levando em consideração as possibilidades de

serem alcançadas e a complexidade das organizações.

Mafra (2006) entende a mobilização social como um processo de Relações

Públicas, pois a aproximação está nos processos comunicativos entendidos como um

fenômeno em três dimensões comunicativas entre elas: o espetáculo, a festa e a

argumentação que trazem a mobilização e interação dos sujeitos envolvidos.

A mobilização pode ser entendida como um processo de comunicação e ser

utilizada como uma ferramenta de convocação dos atores envolvidos.

Page 30: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

30

Toro (1996, p. 5), enfatiza que mobilizar é convocar vontades para um propósito

comum e gerar uma convicção coletiva. Segundo o autor, como falamos de

interpretações e sentidos também compartilhados, reconhecemos a mobilização social

como um ato de comunicação.

Para a mobilização o profissional de relações públicas se utiliza de meios de

comunicação para assessorar instituição que visa à difusão dos ideais, agindo como

mecanismo que influencia a consciência mobilizadora, incentivando os voluntários, por

exemplo, tornando essas ações como parte do cotidiano da organização.

3.3 As possíveis estratégias de RP no Terceiro Setor

Esse campo de estratégias está em construção, devido a poucas pesquisas

nesse campo de atuação do RP no Terceiro Setor. E, por isso, inicialmente

apresentaremos as competências dessas estratégias, consagradas mais no campo

empresarial, para, então, sabermos como elas se redesenham ou se apresentam no

Terceiro Setor. Estas funções básicas são aquelas que permitem o desenvolvimento de

políticas de comunicação nas organizações sem fins lucrativos.

A aglutinação de voluntários de diversos perfis e formações as organizações

muitas delas administram a gestão com estatuto e legislação própria, essa falta de

padronização é que tem trazido grandes dificuldades para a gestão, por esses motivos

já é possível encontrar organizações com pessoas especializadas para atuarem na

gestão fazendo parte do quadro de colaboradores. Nesse contexto, as relações

públicas exercem um papel fundamental, na busca do equilíbrio e manutenção das

boas relações entre os públicos interno e externos se utilizando de estratégias

adequadas.

Segundo Pinho (1990) as atividades de Relações Públicas são:

• Assessoramento – Neste caso, o profissional de Relações Públicas será o

responsável por assessorar, em relação às suas políticas, toda a empresa e os diversos

setores. Suas funções serão: sugerir e coordenar políticas de Relações Públicas, de

propaganda institucional, de Relações Industriais e marketing, e de propor atitudes para

o tratamento com os públicos da empresa.

• Pesquisa – Nesta função, o profissional de Relações Públicas deverá realizar

pesquisa de opinião pública, administrativa e institucional além de analisar os

resultados; estar em contato com as publicações da mídia; e examinar possíveis

problemas institucionais da empresa.

A função da pesquisa cumpre os seguintes objetivos: traçar o perfil dos públicos

da organização; verificar o alcance dos objetivos da empresa perante os públicos;

Traçar o perfil dos públicos da organização; Estabelecer uma base de dados para

sustentar a decisão de programações; detectar modificações no ambiente interno e

externo das organizações; fornecer diagnósticos administrativos á direção da

organização; levantar determinado conhecimento solicitado pela cúpula da companhia.

Page 31: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

31

Estas ações possibilitam o conhecimento da empresa em aspectos internos e

externos, tornando conhecidos os problemas que afetam seu posicionamento perante a

opinião pública e seus públicos.

• Planejamento - Através desta função será possível orientar e formalizar os

objetivos; estabelecer prioridades relacionadas a campanhas de propaganda; além de

levantar recursos e custos necessários.

• Execução - Produzirá as ações a serem desenvolvidas nos setores de

divulgação, informação e contatos. Compreendem: divulgação jornalística externa;

comunicação entre a empresa e seus públicos específicos; eventos e promoções

especiais; e gerência de assuntos públicos.

• Avaliação - Esta será a função responsável por examinar os resultados dos

trabalhos de Relações Públicas desenvolvidos.

• O exame será feito através da observação de uma determinada ação executada

e de instrumentos específicos que permitam colher a informação dos públicos

envolvidos. Diagnosticarão, ainda, os pontos fortes e fracos das atividades para que

nas próximas, as falhas não tornem a acontecer e os acertos se repitam.

Segundo CESCA (2006, p.23) refere-se que as relações públicas fará uso de

suas principais atribuições. “Assessoria e consultoria, pesquisa, planejamento,

execução e avaliação”. O profissional de Relações Públicas deverá ter o domínio

destas funções e trabalhar de maneira eficiente para que a imagem institucional a ser

transmitida aos diversos públicos seja adequada, trazendo assim, o retorno positivo

necessário para as instituições do Terceiro Setor.

Essas funções básicas de Relações Públicas subdividem-se em outras funções

especificas, conforme o tipo de organização na qual estão sendo inseridas e a

características do trabalho a ser empreendido (ANDRADE, 1994, p.32-4). Elas têm

caráter estratégico, pois suportamos relacionamentos estabelecidos e necessários para

bem situar a organização perante seus públicos e ambientes.

3.4 Assessoria de Comunicação em RP

Ao conceituar o termo assessoria de comunicação a autora Alamansa, contribui

sobre esse campo fazendo a seguinte contextualização:

Deve-se ter bem claro que toda assessoria de comunicação pretende estabelecer estratégias eficazes com a finalidade de manter, consolidar ou melhorar a imagem corporativa de uma instituição, organização, administração, empresa etc. Assim, a comunicação interna ou externa, comunicação com os meios etc. São termos afins de assessoria”. (ALAMANSA 2010, p16).

A amplitude de sua terminologia que serve para denominar o fenômeno, a

confusão fica no âmbito no mercado de trabalho. Sendo assim, as terminologias tais

como: assessoria de comunicação, assessorias de imprensa, departamentos de

Page 32: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

32

comunicação, diretorias de comunicação, assessorias externas de comunicação,

comunicação e imagem entre outros.

Podem existir diferenças funcionais entre uns e outros, que estão motivadas, precisamente, pela ausência de um modelo de assessoria de comunicação o que permite que se autodenominem assessorias (ou termos similar) estruturas que apenas se ocupem de algumas funções básicas. (ALAMANSA, 2010.p.17).

A falta de delimitação que se refere a autora é a funcionalidade, pois não se

especifica quais as funções básicas de uma assessoria para denomina-la. Alamansa

(RAMIRES, 1995, p27-29) faz a referência ás assessorias como:

[...] as fontes ativas, organizadas e habitualmente estáveis de informação que cobrem as necessidades comunicativas tanto internas como externas daquelas organizações e/ou pessoas de destaque desejam transmitir uma imagem positiva de si mesmas para a sociedade, influenciando dessa forma na opinião pública.

Nessa perspectiva as atribuições englobam a comunicação interna (murais,

boletins) quanto à externa (redação de press-releases, entrevistas, gestão da

publicidade). Existe uma diferenciação para o conceito que se denomina assessoria os

departamentos dentro da organização, empresa, instituição.

Podemos então definir o conceito de assessoria como uma estrutura organizada subordinada diretamente a alta direção, que coordena e interliga todas as ações de comunicação (internas e externas) para criar, manter ou melhorar a imagem da organização perante todos os seus públicos (ALAMANSA, 2010, p. 23).

A importância desse serviço de assessoria em organizações sociais faz com que

aumentem a credibilidade e visibilidade, ela sendo bem conduzida ajudará a influenciar

a opinião pública dando ao assessorado mais visibilidade e credibilidade perante os

públicos de interesses e relacionamentos estrategicamente adequados através do uso

da informação .

Uma assessoria de comunicação é administração de informação é que afirma

Duarte, 2002, p. 34.

Assim, comunicação pode ser um elo entre a instituição e os diversos públicos com os quais ela se relaciona. Esse elo existe para facilitar e ajudar a instituição a cumprir o seu papel social, ao mesmo tempo em que pode colaborar para que a instituição use dos meios de comunicação social para levar suas mensagens e seu trabalho ao conhecimento de todas as pessoas.

A assessoria de Comunicação estabelece uma ligação entre uma entidade

(individuo ou instituição) e o público (a sociedade exposta à mídia). O conceito de

assessoria esta associado a dois aspectos fundamentais: a necessidade de divulgar a

opinião e realização de um indivíduo ou grupos de pessoas e a existência daquele

conjunto de instituições conhecidas como meios de comunicação de massa.

Page 33: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

33

Nesse contexto, estão também as relações públicas, que são uma atividade que

busca manter as boas relações entre as organizações e seus públicos usando para isso

as estratégias adequadas que são do domínio dessa área de comunicação social.

Porém temos que atentar um detalhe importante em relação a uma grande

organização com um número de associados para uma associação de moradores que

tem poucos participantes, o detalhe é o denominador comum; conseguir alcançar seus

objetivos chegando à cidadania com suas finalidades ou fins.

As funções básicas de assessoramento em Relações Públicas têm as seguintes atribuições: coletar dados por meio das pesquisas; interpretar esses dados frentes á politica empresarial; recomendar diretrizes e normas; fornecer informes; estudar processos e métodos de trabalho; planejar; prever e propor soluções e alternativas; fixar projetos de programação; inspirar estratégias de atuação dentro ou fora da empresa; integrar ideias e conceitos para oportunamente levantar atitudes; identificar as necessidades da empresa; prover a administração com conselhos e excepcionalmente com serviços; estimular as atividades de coordenação; sugerir a reformulação de politicas. (ANDRADE, 2003.p.56-57).

Desenvolver relações públicas em uma organização é realizar um exercício

planejado de comunicação entre dois sujeitos. Não importa se um dos sujeitos é uma

instituição, uma empresa ou uma organização não governamental, muito menos se o

outro sujeito também é uma empresa, ou mesmo um indivíduo pessoa física, cidadão.

No próximo capitulo ressaltamos a comunicação organizacional que deve se

adaptada a gestão das organizações não governamentais, pois essas não visam o

lucro, mas amenizar as mazelas da população.

3.4.1. Comunicação Organizacional

Em 1967, Kunsch referenciava que o termo “Comunicação Organizacional” que

surgiu durante o I Concurso Nacional de Revistas e Jornais de Empresa, dando origem

à Associação Brasileira dos Editores de Revistas e Jornais de Empresa (ABERJE). Em

relação ao planejamento estratégico existe uma variada literatura, porém relacionada a

empresas. Dentro desse material, encontram-se diferentes concepções sobre o

processo, ordem das diferentes fases, nomenclatura, atenção a um ou outro ponto, e

diferentes níveis de complexidade mais qualitativa, mais quantitativa, usa de técnicas

analíticas simples ou complexas.

A comunicação organizacional tem seus conceitos oriundos das teorias

administrativas, ou seja, a administração é uma ciência antiga que serviu de base

teórica para os escritores que se dedicaram a refletir sobre os processos da

comunicação organizacional. È composta por: Comunicação Institucional (Relações

Públicas); Comunicação Interna (Comunicação Administrativa) e Comunicação

Mercadológica (Marketing).

Page 34: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

34

Segundo Kunsch (1997, p. 116) pode ser administrada sob uma mesma direção.

A comunicação organizacional quando trabalhada de maneira integrada na forma do composto da comunicação institucional, mercadológica, interna e administrativa a comunicação organizacional proporciona as organizações condições de se relacionar efetivamente com seus stakeholders. (PEREIRA, 2011, 138)

Na opinião de Maria Helena Weber o conceito engloba um mix de meios e

estratégias e profissões que darão a visibilidade, gere opinião e faz relacionamento.

A Comunicação Organizacional, portanto, é um conceito que abrange todos os meios todas as ações e todas as profissões utilizadas por organizações públicas ou privadas que deseja, principalmente, se fazer ver, gerar opiniões, receber investimentos, ocupar espaço no mercado, e se relacionar de modo conveniente com seus públicos de interesse (WEBER, 2009, p. 72).

A comunicação organizacional deve ser conduzida por um centro de

coordenação responsável pelas pesquisas, às estratégias, as táticas, as políticas, as

normas, os métodos, os processos, os canais, os fluxos, os níveis, os programas, os

planos, os projetos, tudo isso apoiado por técnicas que denotem uma cultura e uma

identidade organizacional. (REGO, 1986, p. 105)

Para obter os resultados desejados as organizações precisam investir numa

estrutura organizacional que contemple os profissionais oriundos das áreas de

comunicação especialmente de Relações Públicas, Jornalismo e Publicidade que vão

compor as ferramentas de visibilidade que exigirá primeiramente o planejamento,

gestão e avaliação das estratégias que darão os resultados desejados.

Para tanto, as organizações investem em estruturas, mídias e eventos e produtos informativos, promocionais e publicitários, capazes de ampliar os circuitos de sua visibilidade em busca de uma formação de uma imagem e de opiniões rentáveis. Além disso, é necessário que suas metas sociais, políticas e econômicas e individuais repercutam, tanto de ponto de vista mercadológico quanto institucional (WEBER, 2009.p.72).

Os investimentos que são realizados por uma organização para informar e se

comunicar com os seus públicos tanto internos com externos e mercadologicamente

poderá seguindo o planejamento ser alcançados os objetivos da organização

contribuindo na criação e consolidação da identidade e ajudará no fortalecimento da

opinião pública, cabendo as Relações Públicas numa gestão estratégicas que integrar

as diferentes ações a diferentes públicos. Para alcançar a eficiência e a eficácia é

preciso à integração entre a comunicação interna, a comunicação institucional e

mercadológica para alcançar a efetividade da comunicação organizacional.

As organizações também tentam cultivar relacionamentos com os públicos que apoiem seus objetivos. Construir bons relacionamentos com os públicos estratégicos maximiza a autonomia das organizações para perseguir seus objetivos, o que é importante, uma vez que a literatura e a prática mostram que as organizações eficazes são aquelas que escolhem objetivos apropriados e os alcançam. (LEMOS, 2011. p162).

Page 35: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

35

Na visão de UTSONOMYA (2007.p.314), as relações públicas esta inserido

como gestor da comunicação.

A gestão da comunicação institucional (ou o “gerenciamento esta diretamente subordinada ao conceito de gestão organizacional [...] a comunicação com os diversos públicos com os quais a instituição se relaciona é uma ferramenta utilizada pelas organizações no âmbito de fazer uma gestão estratégica, envolvendo conceitos como” missão,” objetivos” e “planejamento”, de uma instituição.

A comunicação em organizações do Terceiro Setor pode utilizada como

ferramenta de estreitar relacionamentos com as demais entidades e pode ser de via de

mão dupla quando acontece o processo diálogo, pois pode haver mudanças de

comportamento entre as partes envolvidas.

A comunicação de uma instituição refere-se ao relacionamento com as outras(s) entidade(s) ou outro(s) indivíduos (s). Essas comunicações são de via de mão dupla- processo dialógico-e, por meio desses processos comunicacionais, há mudanças de comportamento nas duas partes envolvidas. (UTSONOMYA, 2007. p314).

O Planejamento Estratégico se caracteriza pela preocupação em longo prazo,

baseado numa gestão global da organização. É um processo pelo qual os

administradores definem os objetivos, amaneira como buscar as estratégias num

campo interno e externo á organização. Conforme, KUNSCH (2003, p. 147) em relação

às organizações do terceiro setor salienta:

[...] possuem por si mesmas um caráter social, que jamais pode ser deixado de lado. Dai a obrigação a elas reservada de contribuir para que as organizações norteiem sua dinâmica pela temática humana. Faz-se senhor que as ações sejam conduzidas por um planejamento adequado e coerente com as características, o ambiente social, as necessidades, a realidade propriamente dita destas organizações.

Constatam-se bem poucas as publicações dessa área da comunicação

organizacional que são voltadas às organizações do Terceiro Setor.

Porque as organizações do “Terceiro Setor” possuem peculiaridades que exigem adaptações das técnicas de modo a contemplar aspectos essenciais de seu desenvolvimento. Nesse segmento existe uma participação coletiva na gestão, no âmbito das organizações populares, diz respeito ao envolvimento das pessoas- associados, no caso de uma entidade sem fins lucrativos, ou membros, no caso de uma comunidade, no processo de criação e administração de associações e entidades similares (PERUZZO, 2007.p.141).

O planejamento está ligado às funções administrativas de organizar, dirigir e

controlar, manifestadas em todos os campos da instituição, como produção,

distribuição, finanças e engenharia, proporcionando a linha mestra para as realizações

sem grupo.

No capítulo seguinte evidenciaremos o termo de comunicação interna e a

importância da avaliação das ações internas para uma melhor compreensão das

atividades que necessitam de reavaliação dos métodos que são utilizados nas

organizações.

Page 36: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

36

3.4.2 A “avaliação” de ações internas da instituição

A sociedade pós-moderna se caracteriza por apresentar a comunicação como

uma das suas mais urgentes e imperiosas questões. Ela aparece como uma

necessidade humana ao qual extrapola o âmbito das relações pessoais e entra na

pauta de organizações e estados. Comunicar-se com qualidade, de modo eficiente e

amplo, tem se revelado um pré-requisito para o sucesso de todos que desejam

estabelecer relacionamentos duradouros e estáveis com seus parceiros. Uma

organização é um sistema aberto que se relaciona com diversos públicos, cada vez

mais bem informados e mais exigentes quanto ao direito de saber e entender tudo das

comunicações, das mensagens que os públicos recebem, forma o conceito referente à

organização (MOREIRA & PONS, 2008, p.64).

Portanto, a comunicação interna pode ser entendida como uma gama de

propostas abrangentes para que se desenvolvam em toda sua plenitude os

profissionais da área de comunicação deve ter algumas características: terem visões

integradas, sistêmicos, treinados, abertos e atentos às mudanças que ocorrem na

organização. A comunicação interna é uma parte da comunicação organizacional

dirigem-se ao um público estratégico essencial das organizações os seus

colaboradores.

Ela promove relacionamentos de confiança com os públicos de interesse dentro

da organização mantendo sempre informados, pois se configura como uma

necessidade básica, pois as informações circulam em velocidade e o público interno

está exposto a qualquer tipo de comunicação. Por isso, há necessidade de tornar os

funcionários influentes, integrados e informados do que acontece na empresa, fazendo-

os sentir parte dela, fez surgir à comunicação interna, considerada hoje como algo

imprescindível às organizações, merecendo, cada vez mais, maior atenção.

A comunicação interna acontece o tempo todo, em fluxos ascendentes,

descendentes, horizontais, circulares, em contextos formais e informais (LEMOS 2011.

p159).

Esses fluxos de comunicação acontecem em qualquer lugar pode ser nos

corredores da organização, nas rodas de bate papo, minutos antes de iniciar uma

reunião, por exemplo, pode mudar por completo uma informação já repassada aos

lideres de uma comunidade, no caso da Pastoral da Criança. A comunicação interna se

materializa no dialogo face a face entre os lideres e a sua comunidade de atuação,

onde uma informação mal interpretada pode repercutir de forma negativa e atrapalhar a

participação dos envolvidos nas atividades, por isso, é importante ouvir as lideranças

antes de planejar as ações de comunicação.

Page 37: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

37

O comunicar-se melhor com os funcionários tem provocado mudanças

consideráveis nas relações dos gestores com o grupo funcional e nesse contexto a

comunicação ganha espaço para ser devidamente trabalhada no âmbito interno e

externo da instituição. Uma organização que busca ser comunicativa deve levar em

conta alguns aspectos: organizar instrumentos que propiciem uma comunicação aberta

e transparente com seus públicos; analisar e sistematizar a comunicação forma e

informal; ter uma postura flexível e inovadora nas condutas de melhor informar seus

públicos de interesse. (MOREIRA & PONS, 2008.p.75).

O profissional de relações públicas, a partir da necessidade e a importância em

trabalhar a comunicação organizacional devem-se ao fato de que, independente da

organização, a comunicação é o elemento que cria e mantém os relacionamentos

institucionais, é parte importante na vida das organizações. “Nas atuais sociedades

pós-industriais, a comunicação tem reconhecido valor econômico [...] se tornou um meio

de produção primário, porque, cada vez mais, trabalhar é manejar a informação”

(PINHO, 2006, p.27).

Toda organização que busca adotar uma postura comunicativa pressupõe que

suas primeiras ações sejam em relação ao público interno: o desenvolvimento de

potencialidades individuais perante o grupo. Sem esse posicionamento torna-se mais

complicado ampliar ações de comunicação nas organizações. Ou seja, o primeiro

público que deve ser informado das ações da empresa é o público interno. O trabalho

em equipe deve ser valorizado e incentivado mantendo uma postura de empatia,

cooperação evitando assim as possíveis falhas de comunicação.

A participação dos colaboradores no processo organizacional através da

comunicação interpessoal é uma característica fundamental para a harmonização da

equipe envolvida no processo. Ainda é comum presenciar entre os integrantes de uma

organização a falta de diálogo, abertura para a troca de ideias, é um momento de

perceber o que pensa os colaboradores sobre a gestão. Importante ressaltar que

pensar coletivamente esta ligada á cultura organizacional, refletindo na postura que a

gestão adota e atribui que acaba influenciando na valoração que os colaboradores

darão sobre a participação deles no crescimento da organização. Exige uma

flexibilidade das lideranças em relação à opinião do público interno.

A comunicação deve ser de diálogo e clareza para que não haja ruído. Nesse

sentido esclarece Ronaldo Marques (2004) afirmando que: “A comunicação interna é

uma via de mão dupla, portanto, tão importante como comunicar é saber escutar. Os

cinco “Cs” de uma comunicação interna eficaz são: clara, consciente, contínua e

frequente, curta e rápida e completa”.

A comunicação interna organizacional esta relacionada ao profissional de

Relações Públicas, pois é nos processos comunicacionais que o torna responsável pelo

relacionamento da empresa com os seus públicos de interesse, ou seja, os internos,

externos e mistos. Os principais objetivos da comunicação interna são: tornar os

funcionários da empresa influentes, informados e integrados é pertencente à

Page 38: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

38

organização; esclarecer aos colaboradores da empresa as transformações que estão

sempre ocorrendo no ambiente de trabalho; a presença dos colaboradores de uma

organização no andamento dos negócios deve ser determinante; a comunicação

empresarial deve ser clara e objetiva para o público interno.

Uma das razões pelas quais a atividade de relações públicas apresenta

dificuldades quanto ao entendimento sobre o seu exercício no mercado é porque

trabalha com valores intangíveis como credibilidade, respeitabilidade, conceitos.

(MOREIRA & PONS 2008. p 67). Os veículos de comunicação interna, podemos

destacar os seguintes:

• Circulares tem um formato e tamanho menor que os relatórios. Geralmente

apresentam mais de uma cor, resultados de pesquisas e relatórios, ou seja, as

circulares são utilizadas para comunicar resultados de pesquisas, relatórios, ações que

devem ser acompanhadas por seus respectivos responsáveis, e geralmente ganham

grande credibilidade dentro de uma organização se utilizadas de forma correta. Isto

significa, com informações pertinentes e periodicidade definida.

• Relatórios são utilizados para o acompanhamento de alguns processos

organizacionais, tendo certa periodicidade para sua elaboração, sendo necessária à

avaliação de seus dados. Eles são elaborados para um público especializado.

• Boletins é um veículo da área jornalística possui poucas páginas, linguagem

média, embora possa atingir níveis baixos; texto que pode equilibrar-se com fotos,

logotipo definido; geralmente impresso em uma só cor. Os boletins podem conter

matérias de interesse do público externo, dependendo do objetivo estabelecido para o

mesmo.

• Folders é desdobrável e possui tamanho pequeno. Os folders são utilizados

para divulgação de serviços e podem ser elaborados para os colaboradores, clientes e

fornecedores da empresa.

• Jornais - podem ter como foco principal tanto o público interno, quanto o

externo dependendo de seu objetivo. Deve abranger matérias relacionadas a diferentes

temas como: matérias institucionais que são as normas, regulamentos, avisos, produtos

serviços, desenvolvimento de alguma atividade interna, orientações sobre a utilização

de determinado tipo de manual, etc.; de motivação apresentando estudos sobre um

determinado tema recorrente no momento, como concursos, divulgação de prêmios.

Deve ter periodicidade definida, fotos e textos distintos para que desperte interesse em

diversos públicos. (REGO, 1986, p. 141)

Um das estratégias de Relações Públicas de comunicação dirigida aproximativa

que identificamos na instituição é a reunião. Conforme Goia e Mattos (2014) “as

reuniões com equipe acontecem de forma mensalmente todo primeiro sábado do mês

e quando for necessário”. .Conforme a conceituação da autora CESCA( 2009) ,

comunicação dirigida nas suas várias formas , escrita, oral , aproximativa e auxiliar

constitui um poderoso instrumento utilizado pelas organizações para efetivação da

comunicação com seus diversos públicos .

Page 39: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

39

Esses veículos, por força das novas tecnologias, da informatização, da chegada

e dos avanços da internet, de novas formas de administração e ampliação do espaço

do setor de comunicação/ relações públicas nas organizações , tem evoluído, levando-

os á transformação ou mesmo á substituição.

Podemos identificar como ferramenta de comunicação dirigida ou aproximativa

a reunião de equipe (líderes) que pode ser entendida como uma estratégia de

aproximação. Nessa atividade reúnem-se as lideres para traças as metas mensais e

debater as dificuldades e analisar os resultados das ações desenvolvidas por cada um

das comunidades, a reunião tem duração em média de duas horas mais ou menos ou

o tempo necessário criando um espaço para cada líder de cada comunidade expor seus

questionamentos .

Ela serve também para repassar os avisos e debatidas pautas no que tange as

conquistas e os desafios a serem enfrentados. Entre o público interno a forma de

comunicação que é utilizada entre a coordenação do centro de pastoral e os lideres das

comunidades é feita na interação face a face e acontece na reunião mensal de trabalho

ou na convocação que acontece por meio de um contato telefônico . Outra estratégia

que identificamos é a “ Visita Domiciliar “ é uma característica da missão pastoral

tendo como base as orientações do “ Guia do Líder”

A visita domiciliar consiste no acompanhamento que os lideres efetuam na

família cadastrada, considerando que esse momento é para conhecer melhor as

pessoas que serão atendidas identificando assim o histórico familiar , os hábitos

pessoais e que cuidados estão sendo feitos para a preservação da saúde e educação

das crianças , priorizando as gestantes e posteriormente as crianças .Identificamos ai o

público alvo das ações as gestantes , os pais e os familiares .Esse processo viabiliza o

preenchimento das FABS para depois analisar a evolução de cada comunidade.

A celebração da Vida popularmente conhecida como “a pesagem das crianças” é

uma estratégia aproximativa porque é na reunião mensal é feita a avaliação de ganhos

de peso da criança nesse momento as mães ficam atentas ao resultado que indicará se

sua criança esta desenvolvendo ou não, é uma forma de controle da desnutrição

infantil, pois se identificando caso esteja abaixo do peso é comunicado a mãe e

providencia-se um acompanhamento mais especifico a família e identificando as

possíveis causas dessa desnutrição dando-lhes todo o apoio necessário para reverter

esse quadro.

A pesagem acontece em cada comunidade que esta inserida a pastoral, pois

geralmente depois dessa atividade algum voluntário desenvolve alguma recreação

depois da celebração é uma forma de acolher as famílias e possam dialogar sobre

alguma vivencia em sua comunidade. A participação é um compromisso que cada

família dedica ao desenvolvimento da infância saudável envolvidos numa rede de

solidariedade e fé na busca dos direitos e ampliação da cidadania.

Page 40: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

40

Constatamos que a comunicação se materializa através de informativos, jornais

que são distribuídos da pastoral nacional e aqui em São Borja são entregues ao lideres.

Pesquisando nas edições mais recentes não constatei nenhuma veiculação de noticia

local.

Verificando as edições dos jornais desde o inicio de 2014 não foi vinculada

nenhuma noticia de São Borja. Em edição no ano de 2012, na página 13, dentro da

seção formação contínua dando algumas orientações sobre como mandar noticias e

fotos para o jornal.

Portanto estas questões teóricas que nos iluminaram durante a pesquisa de

campo e que também nos serviu de instrumento a ser problematizado a partir dos

depoimentos dos entrevistados, bem como de nossa observação participante. No

capitulo a seguir apresentaremos e delimitamos o nosso objeto, bem como o campo de

pesquisa.

4 CAMPO DE PESQUISA

4.1 O surgimento da Pastoral no Brasil

A Pastoral da Criança é um organismo de ação social da CNBB - Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil sendo uma sociedade civil de direito privado, de natureza

filantrópica, sem fins lucrativos, com atuação nacional de atuação ecumênica, ou seja,

aberta a pessoas de todas as religiões.

No Estatuto da instituição ela constitui-se de um organismo de ação social da

Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB sendo uma sociedade Civil de direito

privado, de natureza filantrópica, sem fins lucrativos, com atuação em nível nacional e

duração de prazo indeterminado. Segue as diretrizes da CNBB e esta relacionada com

a Comissão Episcopal Pastoral que a CNBB designar.

No site da Pastoral Nacional na seção “Quem Somos” subitem “Perguntas

Frequentes” um questionamento nos chamou a atenção a seguir a pergunta: “A

Pastoral da Criança é vinculada a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e

ao mesmo tempo é inter-religiosa como isso se manifesta?”.

A Pastoral da Criança é um organismo de ação social da Conferencia Nacional

dos Bispos do Brasil (CNBB), de atuação nacional, que visa o desenvolvimento integral

das crianças pobres, em seu contexto familiar e comunitário, independente de raça, cor,

credo, religioso e opção política.

De acordo com o site da própria Pastoral da Criança, esta se originou em 1982

numa reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, quando o então

diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Grant

propõe a D. Paulo Evaristo Arns, na época cardeal arcebispo de São Paulo, que a

Igreja Católica poderia ajudar a reduzir a mortalidade infantil no Brasil, através de ações

básicas e de baixo custo, ensinando as mães a prepararem o soro caseiro.

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41

O trabalho teve início na arquidiocese de Londrina no Paraná, na cidade de

Florestópolis, no ano de 1983, sob a coordenação de Zilda Arns, médica pediatra que

trabalhava com saúde pública e junto à Igreja Católica, irmã do cardeal Arns. A base de

todo o seu trabalho são as famílias e a comunidade. Para isso, a Pastoral da Criança

capacita às líderes voluntárias residentes na própria comunidade, para mobilizar as

famílias nos cuidados com os filhos. Organização de cunho comunitário tendo um

trabalho na solidariedade humana e partilha do saber. O organograma esta constituído

da seguinte maneira:

A instituição é presidida por um bispo, um padre ou um leigo estando submetido ao Conselho Econômico e Fiscal. Não há uma eleição para a presidência do conselho diretor e nem para a Coordenação Nacional, sendo assim os Conselhos Diretor, Econômico e Fiscal, além dos coordenadores dos estados, indicam de três a quatro nomes à Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que escolhe a presidência ou a coordenação nacional.

Segundo o site da Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre a

infância e Adolescência (REBEDIA), a organização esta dividida em: Coordenação

Nacional, Coordenações Estaduais, Diocesanas, Paróquias e Comunitárias. O processo

acontece da seguinte maneira são cerca de 75 % dos recursos são gerenciados

diretamente pelas dioceses, repassando as paróquias e as comunidades, recursos

esses para serem utilizados no atendimento das camadas populares.

A Pastoral da Criança se organiza por comunidade, ramo, setor, estado e país,

tendo equipes de coordenação e conselhos em cada um deles, com normas e

estruturação determinadas pelo Regimento Interno, aprovado pela Assembleia Geral.

As coordenações são assim distribuídas em a coordenação comunitária sendo

exercida por um dos lideres da pastoral da criança da comunidade. A coordenação de

ramo (paróquia) é responsável por diversas comunidades de uma mesma paróquia.

O coordenador é indicado, em lista tríplice, pelos coordenadores comunitários do

respectivo ramo (paróquia) e ratificado pelo pároco. Na Coordenação de Setor

(diocese) responsável por diversos ramos (paróquias) com Pastoral da Criança da

Diocese à qual pertence. É indicado pelos coordenadores de ramo e ratificado pelo

bispo diocesano.

A Coordenação Estadual é responsável pelos diversos setores (dioceses) com

Pastoral da Criança do Estado. É indicado pelos coordenadores da Pastoral da Criança

de Setor e ratificado pelo bispo responsável pela Pastoral da Criança no Estado. Todas

estão submetidas à Coordenação Nacional que dá apoio ao trabalho das

coordenações da Pastoral da Criança em todo o Brasil. O coordenador nacional é

nomeado pelo Presidente do Conselho Diretor e ratificado pela CNBB. O Conselho

Diretor da Pastoral da Criança é eleito pela Assembleia Geral da Pastoral da Criança e

ratificado pela CNBB.

A assembleia Geral é o órgão máximo da Pastoral da Criança. É composta pelo

Conselho Diretor, as dioceses, representadas por seus coordenadores estaduais, e

representantes da Associação Nacional dos Amigos da Pastoral da Criança (ANAPAC).

Page 42: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

42

Portanto, as Coordenações Diocesanas prestam contas à Coordenação Nacional

que, concentrando a burocracia e descentraliza as atividades e os recursos.

4.1.2 A instituição na cidade de São Borja

Em São Borja, as atividades tiveram inicio no ano de 1984, quando foi instituída

a comunidade Imaculada Conceição do bairro do Passo. A fundação é uma iniciativa da

senhora Maria Ilda Ribeiro Fagundes, atualmente Secretária da Assistência Social do

município de São Borja.

O Centro da Pastoral Imaculada Conceição está localizado na Rua Patrício Petit

Jean,nº2485,localizda no bairro do Passo tendo como coordenadora diocesana a

senhora Vilma Goya e coordenadora de ramo Neli Mattos de Barros .Este trabalho tem

o suporte de líderes e voluntários para atender às demandas. A coordenadora

Paroquial de São Borja Leônidas Siqueira, atualmente a instituição conta com Ainda

conta com 45 lideres (voluntários) e 40 equipe de apoio que atuam em 14 comunidades

entre elas: Vila da praia coordenada por Rosa Macedo , Vila Alfredo Arno Andres –

Maria Ivete ; Pastoral Menino Deus – Vila Mario Roque Weis – Marlene; Várzea –

coordenada pela senhora Claudete ; Pastoral Leonel Brizola - Maria Medianeira, Porto

do Angico – Nelsi, Sagrada família coordenada pela senhora Felicidade e Vila Umbu –

Teresinha e Aparício Sampaio coordenado pela senhora Lilian Lima.

Na cidade a instituição desenvolve atividades que seguem as orientações da

Pastoral Nacional.

5.1 Entrevista

A entrevista é um procedimento utilizado na investigação social para coleta de

dados, com a finalidade de fornecer subsídios para diagnósticos, análises, pesquisas,

ou mesmo com a finalidade de discutir e buscar soluções para alguma problemática de

natureza social. Pode ser entendida como um a técnica utilizada quando queremos

obter dados para a elaboração da pesquisa, para validar hipóteses e objetivos.

Na conceituação de DUARTE (2006) a entrevista aberta que se caracteriza por

ter um tema central que flui livremente, sendo aprofundada em determinado rumo de

acordo com aspectos significativos pelo entrevistador enquanto o entrevistado define a

resposta segundo seus próprios termos, utilizando como referência seu conhecimento,

percepção, linguagem, realidade, experiência. A entrevista precisa de troca de

experiências, juízo de valor e linguagens, é preciso interação, diálogo trazendo uma

troca que proporciona crescimento, uma mudança, por isso, que podemos defini-la

como:

A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpretação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir á pluralização de vozes e á distribuição democrática da informação. (MEDINA, 2008, p.8).

Page 43: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

43

Ela pode ser semiaberta partindo de um roteiro-base apoiados em teorias e

hipóteses que interessa à pesquisa e que em seguida, oferecem amplo campo de

interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as

respostas do informante e a fechada é realizada a partir de questionários estruturados,

com perguntas iguais para todos os entrevistados, de modo que seja possível

estabelecer uniformidade e comparação entre respostas.

Esse trabalho se propôs entrevistar os profissionais responsáveis pela produção

e divulgação das noticias desde a Diocese de Uruguaiana que se liga a Pastoral da

Criança- São Borja. Logo após analisaremos os questionamentos feitos que são de

fundamentais importância para o entendimento dos processos comunicativos que são

realizados e efetivados na instituição .

A primeira entrevistada é coordenadora do centro da Pastoral da Criança-São

Borja Neli Mattos possui 65 anos, casada, ensino fundamental e atua há 30 anos na

instituição. È coordenadora de Ramos (paróquia) em seu trabalho atribui-se as funções

de acompanhar, orientar as coordenadoras das comunidades nas ações desenvolvidas.

A segunda entrevistada é Vilma Goia é Coordenadora Diocesana da Pastoral da

Criança, possui curso superior sendo Especialista em Educação. Podemos perceber

que o perfil a segunda entrevistada se identifica com as demais voluntárias em sua

grande maioria, porque em geral elas têm em comum o mesmo perfil que podemos

identificar como donas de casas ou profissionais que ligadas a doutrina cristã que

durante a aposentadoria ou em horário vago adere a causa de ajudar ao próximo

causas cada vez mais valorizadas na atualidade.

P: 1)Na diocese existe uma assessoria de Comunicação ou Imprensa?

R: Segundo Goia (2014) não existe uma assessoria de comunicação. O desafio

é montá-la e ver o seu desempenho. A entrevistada ressalta a importância e os

benefícios desse serviço em organizações sociais destaca-se o aumento da

credibilidade e visibilidade, quando ela bem conduzida ajudam o assessorado perante

os públicos de interesse e relacionamentos estratégicos através do uso da informação

e os relacionamentos adequados passam a ser estratégicos.

Podemos então definir o conceito de assessoria como uma estrutura organizada , subordinada diretamente á alta direção, que coordena e interliga todas as ações de comunicação (interna e externas) para criar , manter ou melhorar a imagem da organização perante todos os seus públicos ( ALAMANSA, 2010, p. 23).

A importância desse serviço de assessoria em organizações sociais faz com

que aumentem a credibilidade e visibilidade, ela sendo bem conduzida ajudará a

influenciar a opinião pública dando ao assessorado mais visibilidade e credibilidade

perante os públicos de interesses e relacionamentos estrategicamente adequados

através do uso da informação.

Page 44: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

44

O profissional de Relações Públicas domina as técnicas e ferramentas de comunicação que fazem falta na Pastoral da Criança, essas ferramentas ajudariam na maior divulgação das atividades e eventos que possam ser realizadas visando notoriedade, apoio e maior participação da comunidade.

Nessa perspectiva as atribuições englobam a comunicação interna (murais, boletins) quanto à externa (redação de press- releases, entrevistas, gestão da publicidade). Existe uma diferenciação para o conceito que se denomina assessoria os departamentos dentro da organização, empresa, instituição. Podemos então definir o conceito de assessoria como uma estrutura organizada, subordinada diretamente á alta direção, que coordena e interliga todas as ações de comunicação (interna e externa) para criar, manter ou melhorar a imagem da organização perante todos os seus públicos (ALAMANSA, 2010, p. 23).

A assessoria de Comunicação estabelece uma ligação entre uma entidade

(individuo ou instituição) e o público (a sociedade exposta à mídia). As funções básicas

são serviços que estão à disposição das organizações do Terceiro Setor entre eles:

.As funções básicas de assessoramento em Relações Públicas têm as seguintes atribuições: coletar dados por meio das pesquisas; interpretar esses dados frentes á politica empresarial; recomendar diretrizes e normas; fornecer informes; estudar processos e métodos de trabalho; planejar; prever e propor soluções e alternativas; fixar projetos de programação; inspirar estratégias de atuação dentro ou fora da empresa; integrar ideias e conceitos para oportunamente levantar atitudes; identificar as necessidades da empresa; prover a administração com conselhos e excepcionalmente com serviços; estimular as atividades de coordenação; sugerir a reformulação de politicas. (ANDRADE, 2003.p.56-57).

Na resposta de Goia podemos constatar a expectativa da criação de uma

assessoria para que a comunicação seja mais dinâmica fazendo o uso de todas as

estratégias de comunicação com a finalidade de dar mais visibilidade para as ações da

instituição nos veículos de comunicação local.

A instituição apresenta atualmente como problema de comunicação a

equalização das ferramentas de comunicação com o objetivo de melhorar os fluxos

comunicacionais e dar mais eficiência na transmissão das mensagens aos públicos

interno (lideres, voluntários, Centro da Pastoral da Criança) e externo (parceiros,

apoiadores, imprensa e entidade coirmãs) externo (parceiros, imprensa, apoiadores).

Mesmo não existindo uma assessoria se produz noticias e quem elabora são

voluntários que recebem treinamento, constatamos que existe um curso de Assessoria

de Imprensa que traça o perfil do assessor de imprensa voluntário e dá sugestão como

aplicar técnicas da comunicação institucional estimulando a reflexão e traz dicas

práticas para o voluntário. O público alvo são os assessores de imprensa voluntários,

coordenadores estaduais de grandes metrópoles, setores e outros profissionais ligados

á pastoral da criança que fazem contato com a imprensa.

Page 45: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

45

Nesse sentido a instituição entende a assessoria como responsável pela gestão

dos relacionamentos da entidade com os veículos de comunicação, sejam eles da

grande mídia seja ela eletrônica e virtual ou veículos comunitários como jornais de

bairro, rádios comunitárias, informativos paroquiais, etc.

O trabalho do assessor consiste num conjunto de ações estratégicas visam

divulgar a missão, o trabalho da Pastoral da Criança e, principalmente, informações que

contribuam para ampliar os conhecimentos da população sobre o desenvolvimento

integral das crianças. A assessoria de imprensa fortalece o cumprimento da missão

institucional e promove melhores condições de vida para todas as gestantes e crianças

pobres em todo o Brasil.

P: 2)Em sua opinião qual a importância da comunicação para a diocese e

especificamente para Pastoral da criança?

R: Segundo Goia (2014) “a comunicação é fundamental para o exercício de

nossa atuação, é que nos mantém conectada”. Segundo Moreira e Pons (2008.p.75)

“uma organização que busca ser comunicativa deve levar em conta alguns aspectos

organizando instrumentos que proporcionem uma comunicação aberta e transparente

com seus públicos”. Na concepção de Weber uma das justificativas para o investimento

das ferramentas de comunicação, porque elas ajudam as organizações a alcançar suas

metas sociais, politicas, econômicas e individuais que repercute no âmbito

mercadológico e institucional.

Para tanto, as organizações investem em estruturas, mídias e eventos e produtos informativos, promocionais e publicitários, capazes de ampliar os circuitos de sua visibilidade em busca de uma formação de uma imagem e de opiniões rentáveis. Além disso, é necessário que suas metas sociais, politicas, econômicas e individuais repercutam, tanto de ponto de vista mercadológico quanto institucional (WEBER, 2009.p.72).

Os investimentos que são realizados por uma organização para informar e se

comunicar com os seus públicos tanto internos com externos e mercadologicamente

poderá seguindo o planejamento ser alcançados os objetivos da organização

contribuindo na criação e consolidação da identidade e ajudará no fortalecimento da

opinião pública, cabendo as Relações Públicas numa gestão estratégicas que integrar

as diferentes ações a diferentes públicos.

A comunicação organizacional deve ser conduzida por um centro de coordenação responsável pelas pesquisas, às estratégias, as táticas, as políticas, as normas, os métodos, os processos, os canais, os fluxos, os níveis, os programas, os planos, os projetos, tudo isso apoiado por técnicas que denotem uma cultura e uma identidade organizacional. (Rego, 1986, p. 105)

Para alcançar a eficiência e a eficácia é preciso à integração entre a

comunicação interna, a comunicação institucional e mercadológica para alcançar a

efetividade da comunicação organizacional.

Page 46: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

46

A própria voluntária é quem responde pela elaboração das noticias e veiculação

no site da Diocese de Uruguaiana. A dificuldade na atualização das noticias está no

sentido que o referido site é da igreja e no link que dá acesso as noticias das pastorais

não contem nenhuma veiculação. Mesmo assim, devido a sua extensa agenda não tem

como dedicar-se especificamente ao site buscando veicular as atividades das demais

instituições que integram a diocese.

Entre as atribuições está à motivação e acompanhamento constante das lideres

e equipe de coordenação de Ramos para que o Projeto Missionário e todas as ações

alcancem seus objetivos; a formação continua e atualização permanente de

multiplicadores (líderes) e equipes de coordenação no setor. Devido a sua falta de

tempo não há como manter e atualizar com tanta frequência essas ferramentas de

comunicação.

P:3) Que ações ou atividades de comunicação são utilizadas pela mitra

diocesana com as demais pastorais da diocese?

R: Para a entrevistada Goia (2014), as atividades de comunicação são: “A través

de informativos, jornais, e-mail e facebook”.

Constatou-se que a comunicação se materializa através de informativos, jornais

que são distribuídos da pastoral nacional e repassados as demais pastorais e aqui em

São Borja são entregues aos líderes.

4)P: Quais as atividades de comunicação realizadas para a Pastoral da Criança?

R: “Programa “Viva-Vida”, programação radiofônica; facebook, e-mail, etc.”

Podemos constatar que as mesmas ferramentas são citadas e utilizadas pela

instituição como forma de comunicação seja ela oral , escrita ou pela internet.

P: 5)Existe alguma forma, ação ou instrumento de comunicação especifico da

Pastoral da Criança?

R: Na opinião da entrevistada GOIA (2014) considera como alguma forma, ação

ou instrumento de comunicação especifica da Pastoral da seguinte forma: “Programa

Viva Vida, jornal da pastoral da criança, REBEDIA e dicas”. Como instrumento de

comunicação interna identificamos o jornal da Pastoral da Criança.

Conforme identificado através de várias atividades e ações realizadas na

Pastoral da Criança, no entanto, não é perceptível uma comunicação ou mesmo

planejamento que organize essas atividades sendo que as informações recebidas da

Pastoral Nacional são repassadas aos lideres.

Page 47: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

47

5. PROCESSOS METODOLÓGICOS

O estudo realizado foi através de uma pesquisa participante, através de

entrevistas com questionários semiestruturados e estruturados e revisão bibliográfica o

qual serão consultados livros, artigos sobre a temática e dissertações referentes à

assessoria de comunicação e terceiro setor. A pesquisa participante causou impacto

nos estudos de comunicação social nos anos de 1980 e início da década de 1990, para

em seguida passar a ser menos prestigiada no universo da pesquisa acadêmica na

área da comunicação no Brasil.

O ponto de origem da pesquisa participante está situado numa perspectiva da

realidade social, deve-se partir da realidade e cotidiano dos próprios participantes

individuais e coletivos do processo. Em diferentes dimensões e interações, as

experiências reais, as interpretações dadas a estas vidas e experiências tais como são

vividas e pensadas.

Os pesquisadores se interessam em fazer algo diferente, em realizar pesquisas

que possam contribuir com a sociedade, especialmente para solucionar graves

problemas provenientes das contradições de classe e para promover a mudança social.

A pesquisa participante se apresenta como espaço de articulação, mobilização e transformação social, contribuindo, assim, para que o pesquisador também viva as rupturas necessárias, ao mesmo tempo em que o saber científico se constrói (GUINDANI, 2008,p.86).

A pesquisa participante na comunicação social tem quatro finalidades, entre elas

esta a realização de estudos de recepção de conteúdos da mídia (estudos de audiência

e hipóteses sobre os efeitos); observar fenômenos ligados a experiências populares

voltadas para o desenvolvimento social tendo como referencia os resultados das

pesquisas deveria retornar ao grupo pesquisado e aplicados em seu benefício do

mesmo.

No Brasil, esse período é marcado por três grandes momentos: o acirramento

dos conflitos e crescente descontentamento com o status-quo; a efetivação da abertura

política, em decorrência do declínio da ditadura militar; e a vontade pública de mudança

(transformação) social. A participação política e o fim das desigualdades sociais eram

as demandas explicitadas pelo conjunto da sociedade, depois de longos anos de

regime político de exceção.

Neste contexto, a universidade repensa o seu papel na sociedade e a discussão

sobre a epistemologia da ciência encontra um campo fértil. Segundo THIOLLENT

(2003, p.150) pode ser entendida como:

Toda pesquisa ação é do tipo participativo: a participação das pessoas implicadas nos problemas investigados é absolutamente necessária. Conforme o “autor” pesquisa participante é, em alguns casos, um tipo de pesquisa baseado numa metodologia de observação participante no qual os pesquisadores estabelecem relações comunicativas com pessoas ou grupos da situação investigada com o intuito de serem mais bem aceitos.

Page 48: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

48

Nesse sentido, um das finalidades da pesquisa participante na comunicação

social está em observar fenômenos importantes, especialmente os ligados a

experiências populares de comunicação voltadas para o desenvolvimento social, que

eram até então pouco expressivas ou até ausentes no âmbito da pesquisa em

universidade do Brasil.

Na opinião de DUARTE (2010) essa observação participante realizada com a

finalidade de observar comportamentos das pessoas em relação aos meios de

comunicação pressupõe a inserção do pesquisador no ambiente investigado que

poderá ser uma família, um grupo profissional ou uma comunidade.

A intenção com a pesquisa participante na Pastoral da Criança é compreender

de modo sistemático e com base cientificam os processos de comunicação existentes,

como forma de identificar suas inovações, virtudes ou avanços, mas também as falhas

e os desvios de praticas comunicacionais, levantar as praticas participativas e de

gestão, entender os mecanismos de recepção de mensagens.

A pesquisa por observação participante implica em uma interação social entre o

pesquisador e os indivíduos observados. O pesquisador participa da vida da

comunidade que ele está estudando, podendo mesmo viver na comunidade recolhendo

os dados de sua observação através de notas de campo que ele preenche

retrospectivamente, ou seja, depois que ele participou de um evento, e não durante a

ocorrência deste evento.

Nesse tipo de pesquisa o pesquisador precisa de diálogo, pois está próximo a

comunidade participante, integrar-se, ou seja, sentir-se parte dela. Por isso, existe a

necessidade de justificar junto à comunidade logo após, a observação e coleta de

dados, qual a contribuição pratica que o entrevistador poderá contribuir de forma prática

com aquela comunidade apresentando os resultados e possibilidades em diversas

formas como seminários, palestras, oficinas etc.

A Pesquisa participante, na área da comunicação, passa a ser uma metodologia

mais usada impulsionada por duas motivações: a realização de uma pesquisa que trás

inovação qualitativa ao qual permitirá atingir um elevado grau de profundidade.

5.1 O percurso metodológico no campo de pesquisa

O contato inicial com a diocese de Uruguaiana teve a finalidade de buscar

informação sobre o responsável pela assessoria de comunicação ou quem responde

pelas noticias que são veiculadas no site da diocese de Uruguaiana. Não obtivemos

informações da secretaria da paróquia, porque o pároco Padre Evandro Carvalho.

estava viajando e constatamos a dificuldade da atendente em identificar quem

responde pela secretaria da diocese em identificar e mencionar o responsável.

O contato foi restabelecido no dia 8 de Julho de 2014 e recebemos a informação

que a responsável pelas noticias da pastoral da Criança era a senhora Vilma Goia

(Coordenadora Diocesana da Pastoral da Criança).

Page 49: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

49

Na inquietação como pesquisador fomos à paróquia da cidade de São Borja

para pedir informações sobre a assessoria de Uruguaiana .Constatamos que na

ausência do pároco de Uruguaiana não tem pessoas treinadas para passar as

informações, pois a secretária não sabe precisar dados sobre a instituição que pode

dar informações sobre diversos assuntos, no repassam o telefone da coordenadora da

Pastoral.

6 A INVESTIGAÇÃO DE CAMPO: a comunicação da Pastoral da Criança desde o

portal online

A comunicação é uma ferramenta indispensável para as organizações atingir os

seus objetivos e ainda reforçar, informar suas ações melhorando a imagem institucional

perante os públicos. Uma das ferramentas mais emblemática e bem elaborada da

Pastoral da criança é o seu portal online. Como primeiro passo de investigação, cremos

ser importante apresentar este portal, sobretudo os principais conteúdos bem como a

sua estrutura. Focamos nossa investigação do portal online a partir de um olhar sobre a

possível conexão com a Pastoral da criança de São Borja. Ou seja, além de apresentar,

buscamos perceber e refletir sobre as possíveis conexões ou desconexões existentes

entre o âmbito comunicacional nacional (portal online) e o local, este representado

pelas dirigentes entrevistadas.

Após observação, identificamos que o site da pastoral da criança Nacional não

tem conexão com as demais instituições do país. As notícias veiculadas são de

abrangência geral, não tem um espaço de divulgação que dá destaque às atividades

que são realizadas nas comunidades que tem abrangência a das noticias das

comunidades. O site apresenta informações gerais que são de interesse de todos os

envolvidos com a instituição e o público interessado pode acessar os diversos links. Os

links dão acessos às noticias constante em: inicio gestante, bebê, Criança, Mais Temas,

Quem Somos e Fale conosco.

Na página inicial da uma ideia da amplitude dos serviços que são prestados pela

instituição constando em subitens: Gestante, Bebê e Criança. Queixa mais comuns da

gestante; Dia Mundial da amamentação; Teste de Apgar; A importância do Brincar;

Alojamento; Depressão na Gestação; Celebração Dra. Zilda Arns mobiliza caravanas

pelo Brasil e Crianças e Atitudes Construtivas.

“No canto da página o destaque para um chamamento “Sou da Pastoral” e Quero

Ser Voluntário”. Os demais itens constam as noticias principais; faça uma doação;

Cadastre sua rádio; secção “Ferramentas” vem o item Acompanhamento Nutricional e

Cadastre seu e-mail. Na seção “Oi Visitante quem é você”? .

Essa pesquisa visa à identificação do perfil do visitante se está ou não ligado a

uma função dentro da instituição.

Nas alternativas que tem como opção de resposta remetem a qual função a

pessoa desempenha na instituição ou qual informação quer receber, essas informações

Page 50: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

50

serão recolhidas a partir das alternativas que podem ser marcadas . Quem é você?

Líder da Pastoral da Criança; Coordenador, Apoio; Outro Voluntário; Mãe, pai / gestante

e Outro.

O objetivo é buscar a identificação do qual o perfil das pessoas que acessam o

site e se pertencem à organização e no final temos “Queremos conhecer você,

responda o questionário completo”. Não encontrei nenhum link que faça referencias as

demais comunidades (pastorais) para divulgação de noticias. Não tem conexão e sua

utilidade é somente para dar informações gerais, enviei uma pergunta na secção “fale

conosco” questionando se há alguma forma de comunicação com as pastorais das

dioceses e até o momento não obtive resposta. No âmbito nacional não há ênfase na

comunicação interna, isso facilitaria a instrumentalização a ligação e aproximação entre

os públicos internos. A comunicação existente tanto no site nacional quanto regional a

comunicação é vista como a conquista de legitimidade e visibilidade da diocese sem

dar divulgação às demais pastorais que se interligam.

O site da diocese de Uruguaiana encontrava-se fora do ar desde julho deste ano,

após varias tentativas para analisar os conteúdos não obtivemos sucesso, nesse

período anunciava remodelações enquanto não voltava ao o site era possível somente

acessar o facebook. Nesse período o site esteve fora do ar para manutenção, oque

dificultou a análise das matérias que são vinculadas, pois objetivava a verificação que

tipo de noticias é veiculado.

No início do mês de agosto acessei o site para verificar as mudanças que

serviriam para esse trabalho e constatamos alguns pontos importantes. O link que

divulga notícias das pastorais traz somente as informações sobre a coordenação

diocesana e paroquias não divulgando as atividades desenvolvidas nas comunidades.

Portanto, a comunicação é voltada a divulgação das ações institucionais somente da

paróquia.

Ao concluir essa análise pode-se afirmar que não existe conexão entre as

pastorais do país, isso dificulta a comunicação interna, pois nessa ferramenta não

existe espaço para as comunidades divulgarem seus trabalhos. Dessa forma há uma

falha na comunicação entre os segmentos deixando um ruído na comunicação interna.

5.2.1 A construção metodológica durante a pesquisa de campo

Este trabalho apresentou algumas limitações ou, de certa forma, uma nova

construção metodológica a partir da pesquisa de campo, conforme evidenciamos a

seguir:

a) quanto à participação dos entrevistados, a ideia inicial era realizar a entrevista e,

consequentemente, registrá-la em áudio, porém ao iniciar algumas perguntas à

entrevistada, precisou de um tempo para responder, devido a esse percalço achamos

melhor aplicar um questionário semiestruturado com a finalidade de deixar o

entrevistado mais a vontade.

Page 51: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

51

b) quanto à temporalidade: no levantamento de fontes primárias, em relação à agenda

dos entrevistados estava concorrida, pois atuam num segmento que centraliza muito a

atenção dos mesmos.

a) Tivemos que esperar o retorno do pároco que estava viajando para

esclarecermos a nossa dúvida.

b) Outra constatação é que o site da pastoral da criança de Uruguaiana fica dentro

do site da diocese de Uruguaiana, ou seja, não tem um site próprio.

c) Em relação à estruturação dos questionários para a entrevista com a

coordenadora do centro da pastoral de São Borja optamos em não fazer uso de termos

específicos da comunicação (Relações Públicas).

d) Na elaboração das questões houve a preocupação de elaborar questões a

partir das questões teóricas abordadas anteriormente. A coleta de dados, através de

uma entrevista, via e-mail com o responsável pela assessoria da Pastoral da criança

que integra a Diocese de Uruguaiana e outra com a coordenadora do centro da

Pastoral da Criança de São Borja.

6.1 As estratégias de comunicação da Pastoral da Criança de São Borja

Durante a investigação de campo, percebeu-se que a comunicação estratégica

pode ser entendida como um instrumento de aproximação entre os lideres que consiste

na reunião mensal que acontece na instituição, após serem passados todas as

informações as lideres realizam suas atividades normalmente nas comunidades.

Constatou-se que a diocese de Uruguaiana possui site, facebook e blog, porém

não encontrei essas ferramentas especificas da Pastoral da Criança-São Borja. Ao

constatar a inexistência de um veículo de comunicação especifico na instituição tanto

de Uruguaiana quanto em São Borja, dificulta o relacionamento entre os públicos.

Evidencia-se a falta de conexão. Na opinião de Kunsch: “a comunicação é

imprescindível para qualquer organização social, o sistema organizacional se viabiliza

graças ao sistema de comunicação nele existente, que permitirá sua realimentação e

sua sobrevivência”. (KUNSCH, 1986, p.29).

. Pesquisando nas edições mais recentes não foi encontrada nenhuma

veiculação de noticia local. Verificando as edições dos jornais desde o inicio de 2014

não foi vinculada nenhuma noticia de São Borja. Em edição no ano de 2012, na página

13, dentro da seção formação contínua dando algumas orientações sobre como mandar

noticias e fotos para o jornal. No espaço “Comunidades”, edição espaço de divulgação

não foi encontrada nenhuma noticia de São Borja, ao mesmo tempo são repassadas

algumas orientações sobre como mandar as noticias e fotos para o jornal.

A seguir as maneiras de elaboração da noticia:

Page 52: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

52

a) Comunidade. É na comunidade que o jornal começa a ser elaborado, tudo o

que acontece e é realizado pode virar noticia. Uma dica é sempre tirar fotos dos

eventos e identificadas com o nome da comunidade, do Ramo e do Setor.

b) O segundo passo é a elaboração da noticia, alguém do Ramo ou Setor escreve

a noticia e manda por correio ou por e-mail (jornal@pastoraldacriança.org.br) para

Coordenação Nacional.

c) Identificação. A noticia é mandada pelo Ramo tem que ser do conhecimento do

Coordenador do setor sendo necessária à identificação da noticia com o nome da

comunidade, do Ramo e do Setor.

d) Elaboração do Jornal. A equipe do jornal recebe as noticias vinda dos setores ,

dos colaboradores e técnicos.

e) O jornal impresso da gráfica volta para a Coordenação Nacional, uma equipe se

encarrega do envio para todos os setores do Brasil.

f) O setor tem a responsabilidade de fazer o jornal chegar com agilidade a todos

os líderes que enviam FABS, todo o Ramo que têm comunidade e que fazem o envio

terá direito a receber o jornal FABS.

O item que mais chamou atenção é que na visão da instituição alguém ligado ao

Ramo ou Setor pode elaborar e mandar a noticia para ser selecionada para

posteriormente publicação que pode ser enviada por correio ou e-mail

Percebe-se então, a ausência do uso das mídias sociais específicas da

instituição local como facebook, site, contato com a imprensa o que constatamos é o

uso das ferramentas de comunicação que são da diocese de Uruguaiana. Aliás, a

comunicação é retransmitida por meio de conteúdos e produtos como o próprio jornal

da pastoral poderia ser elaborado o próprio jornal ou panfletos ou folder por meio de

parcerias com o meio acadêmico ou da inciativa privada como forma de divulgação e

prestação de contas das atividades que são desenvolvidas colaborando no

fortalecimento da imagem positiva da instituição perante a opinião pública.

Um campo de atuação é o Terceiro Setor o fortalecimento da imagem

institucional, canais de comunicação para os públicos internos e externos, planejamento

organizacional fortalecendo a missão, visão e valores, eventos aproximativos ou

aqueles que visam à divulgação para fortalecer a imagem perante os públicos de

interesse e formadores de opinião. Diversos suportes midiáticos são utilizados com a

finalidade de mobilizar as comunidades, divulgar suas ações, prestar contas aos

apoiadores e dar um retorno à sociedade quais os projetos que foram investimentos os

recursos angariados por meio de parcerias.

As parcerias nesse segmento são fundamentais para organizações e são

através delas que muitos projetos sociais são efetivados, porém devido à escassez dos

mesmos e acirrada disputa entre as organizações pelos mesmos recursos é que se faz

necessário à transparência tanto nas ações quanto na prestação de conta aos

apoiadores e a sociedade dessas ações.

Page 53: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

53

Esses recursos são fundamentais para a execução dos projetos realizados pela

instituição, nesse segmento os recursos estão escassos e existem inúmeras outras

organizações competindo pelos mesmos e à prestação de contas devem ser feitas com

periodicidade. Divulgando onde são aplicados os investimentos das parcerias ajudará a

manter a legitimidade, a transparência e fortalecer o vinculo com os públicos. No

próximo capitulo a abordaremos os instrumentos de comunicação que são utilizados

para a mobilização social e voluntários na instituição.

6.2 Os instrumentos de comunicação para a mobilização social da Pastoral da Criança de São Borja

A comunicação no Terceiro Setor quando utilizada pelos movimentos e

organizações da sociedade civil no processo de mobilização é uma forma de

aproximação entre os públicos internos compreendidos como os voluntários,

beneficiários e apoiadores. Essa mobilização ocorre entre o público beneficiário, aquele

sujeito que recebe as ações que são frutos do envolvimento coletivos de pessoas que

se preocupam com o bem estar dos menos favorecidos. A comunicação usada como

uma ferramenta que visa sanar as necessidades dos públicos atendidos e não como

para a divulgação de suas ações realizadas. Os agentes da mobilização e

transformação na comunidade são exercidos pelos lideres (voluntários) que se baseiam

no espírito de solidariedade, na ajuda mútua na caridade cristã onde cada um dos

voluntários exerce a cidadania.

O trabalho voluntário é uma prática de cidadania, pois se cada indivíduo

conseguir a mobilização sua própria comunidade que atua semeando e frutificando a

semente do bem. Na convivência como voluntário percebi que as várias expressões são

típicas do dia-a-dia do voluntariado tais como: ajudar, contribuir, compartilhar, somar

que são acrescentadas na compaixão, amor ao próximo, somos todos irmãos tudo

baseado na solidariedade cristã. Uma prática baseada no cristianismo observando os

princípios da fraternidade, caridade, ajuda ao próximo e o bem estar comum de todos

independente de cor, raça, credo ou religião.

A comunicação mobilizadora ocorre na relação com os públicos (no caso da

pastoral os públicos beneficiários) de alvo das ações na comunidade como: as crianças,

gestantes. Através das campanhas de prevenção que são desenvolvidas estão: a

campanha dormir de barriga para cima é mais seguro; aleitamento materno; Soro

Caseiro; Prevenção a Tuberculose, Pneumonia e Hanseníase, Prevenção HIV/AIDS e

Sífilis e Primeira Dose de Antibiótico. A capacitação dos líderes é uma

instrumentalização de mobilização, pois são eles que atuam na linha de frente no

desenvolvimento das ações básicas junto ás comunidades desenvolvendo as visitas

semanais ás famílias. Durante a capacitação do Guia do Líder os líderes aprendem a

preencher os indicadores de saúde.

Page 54: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

54

Ao participar da instituição o voluntário recebe capacitação por meio do “Guia do

Líder” que consiste numa cartilha didática elaborada pelos técnicos da Coordenação

Nacional, com abordagem ampla e assuntos dos mais variados que dão suporte no

combate a mortalidade infantil. Como suporte as lideranças recebem os seguintes

materiais: Guia do Líder, Caderno do Líder, Fita Braquial, Balança, Cartão da Criança,

Colher Medida, FABS- Folha de Acompanhamento e Avaliação Mensal das Ações

Básicas de Saúde e Educação na Comunidade. As entrevistadas consideram que é

necessário mais campanhas no sentido de mobilizar a comunidades para mais pessoas

desenvolverem atividades como líderes.

A cada três meses realiza-se um Mutirão “Em busca das Gestantes” através dos

líderes e coordenadores. Essa campanha consiste no acompanhamento da gestante,

desde os primeiros meses de gravidez, quando mais cedo se recebe as orientações e

iniciar o pré-natal mais saudável será a gestação. A busca acontece de casa em casa

que são mapeadas pelo líder e o coordenador que organizam as visitas ás famílias

explicando os benefícios de uma gestação acompanhada tanto para a saúde do bebê

quanto da mãe.

A sede da pastoral é uma importante ferramenta de mobilização e estrutura-se

num espaço de grande amplitude onde são realizadas as atividades da reunião com os

lideres e emprestada para eventos da UNIPAMPA-Universidade Federal do Pampa um

dos parceiros que se somam a outras empresas. Um local amplo para as realizações

das atividades, em relação à infraestrutura não possui telefone fixo na sede, a luz e a

água são pagas pela paróquia e não possui um ar condicionado. Possui um quadro de

recados, cartazes de campanhas colados nas paredes, mural dos aniversariantes. A

seguir o próximo capitulo abordaremos as possíveis ações de comunicação que pode

ser identificada como ações de assessoria de comunicação.

6.3 A assessoria de comunicação em RP visível nas ações de comunicação da Pastoral da Criança da diocese e em São Borja

A Assessoria de comunicação na sua visão funcional tem por finalidade

estabelecer as estratégias eficazes consolidando ou melhorando a imagem da

instituição, conforme ALAMANSA (2010, p.16). Deve-se ter bem claro que toda

assessoria de comunicação pretende estabelecer estratégias eficazes com a finalidade

de manter, consolidar ou melhorar a imagem corporativa de uma instituição,

organização, administração, empresa etc. Assim, a comunicação interna ou externa,

comunicação com os meios etc.

No entanto, no terceiro setor as instituições uma assessoria de comunicação são

imprescindíveis no auxilio (divulgação) das atividades desenvolvidas a comunicação

aproxima os públicos de interesse estreitando laços e prestando contas aos apoiadores

e comunidade, principalmente porque suas causas são humanitárias e sociais

buscando sempre a igualdade entre todos e classifica-se como “sem fins lucrativos”.

Page 55: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

55

As relações públicas buscam o relacionamento entre a instituição e seus

públicos, por meio de estratégias adequadas que podemos destacar o planejamento

organizacional, pesquisa, execução. As ações que são feitas podem ser a elaboração

de press-release para os órgãos de imprensa, orienta o acessado na hora da entrevista,

elabora publicações institucionais faz cartazes, elabora campanhas promocionais, cria

um site, atualiza, sistematiza mural da entidade e quadro de avisos, organização mostra

de trabalhos, organiza visita dirigida, elabora materiais audiovisuais, organiza e

promove os eventos da instituição e realiza seminários entre outras atividades.

6.4 A comunicação organizacional e a avaliação das ações internas da Pastoral da Criança de São Borja

Na Comunicação Organizacional temos as funções estratégicas que serão as

difusoras da Visão, Missão e Valores da instituição. A representação da missão integra

o planejamento estratégico. No caso de organizações do Terceiro Setor elas têm metas

e resultados para atingir, porém não visa lucros, os ganhos são em relação ao bem

estar proporcionado às famílias atendidas. Nesse caso a missão é a promoção o

desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres.

Contribuindo para que haja nas famílias e comunidades a transformação

utilizando a informação como ferramenta de orientação sobre as noções básicas de

saúde, nutrição, educação e cidadania. Segundo UTSONOMIYA (2007.p.314), ressalta

que:

A gestão da comunicação institucional (ou o “gerenciamento esta diretamente subordinada ao conceito de gestão organizacional [...] a comunicação com os diversos públicos com os quais a instituição se relaciona é uma ferramenta utilizada pelas organizações no âmbito de fazer uma gestão estratégica, envolvendo conceitos como “ missão, “ objetivos” e “planejamento” , de uma instituição

A missão da Pastoral da Criança é a própria missão de Jesus, que é também a

missão da Igreja e de todos os cristãos: Evangelizar. Por isso, a Pastoral da Criança é

ecumênica e não faz nenhum tipo de discriminação de cor, raça, credo religioso ou

opção política. Seus líderes e as famílias acompanhadas pertencem a distintas Igrejas

e denominações cristãs, todas com a mesma missão: Evangelizar. "Vão pelo mundo

todo e anunciem a Boa-Notícia do Evangelho a toda gente" (. Mc 16,15).

A visão representa a prevenção à morte materna infantil que podem ser evitadas

em todas as situações de vulnerabilidade observando se o ambiente é favorável ao seu

desenvolvimento. Os valores são baseados na Fé e na vida é a vivência da fé, através

de ações que mobilizem a comunidade a adesão à causa a multiplicação do saber, a

partilha e a própria solidariedade observando a ética, transparência, honestidade,

justiça, sem a discriminação de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso

ou político.

Na questão organizacional a instituição não pode ser analisada sob a ótica

empresarial, embora ainda a gestão empresarial seja uma referencia que pode ser

Page 56: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

56

utilizada, a Pastoral da Criança tem missão, visão e valores, pois não objetiva-se a

obtenção de lucros (capital) para o acumulo, porem ele é importante para a realização

das atividades desenvolvidas, em relação aos resultados podemos afirmar que são

valorativos ligados ao número de famílias atendidas não numa ótica de competição,

mas sim de alcançar às metas de atendimentos as famílias que geram grandes

conquistas para todos os envolvidos.

A comunicação de uma instituição refere-se ao relacionamento com as outras(s) entidade(s) ou outro(s) indivíduos (s). Essas comunicações são de via de mão dupla- processo dialógico-e, por meio desses processos comunicacionais , há mudanças de comportamento nas duas partes envolvidas. (UTSONOMYA, 2007, p.314).

A comunicação organizacional pode ser entendida como um dinâmico de

relacionamento como os diversos públicos da organização se relacionam e inter-

relacionam entre si. Entre os públicos da Pastoral da Criança de São Borja tanto interno

(coordenação local, líderes, igreja) como externo (parceiros, apoiadores e esfera

pública) o fluxo de mensagens (notícias) é intenso, porém não há a canalização dessas

mensagens nos veículos de comunicação que não são utilizados, devido à

predominância da interação face a face. Os fluxos comunicacionais internos e externos

entre a organização e a mídia acontecem na comunicação institucional e

mercadológica, independente do modelo de gestão adotado pela organização, por isso,

é que a comunicação é um dos fatores decisivos para o êxito das atividades realizadas

pela instituição.

O desafio da gestão organizacional no Terceiro Setor pode ser enfrentado com

as técnicas de relações públicas nos processos de comunicação institucional, pois a

busca e a afirmação da identidade são decisivas no exercício de uma gestão, sendo

necessária à compreensão das trocas e fluxos de informações entre os segmentos.

Entre os elementos que são utilizados para a avaliação é a reunião do mês, onde são

colocados no encontro as conquistas e os desafios serem enfrentados pela gestão.

Os mecanismos utilizados compõem-se dos instrumentos tais como a FABS-

Folha de Acompanhamento das Ações Básicas de Saúde usada para avaliar o trabalho

e desempenho dos líderes em cada comunidade, nela é registrada os dados que serão

contabilizados os resultados das ações comunitárias. Outra ferramenta usada é o “Guia

do Líder” que consiste num livro de informações que orientam os voluntários sobre os

cuidados que as mães devem ter com a gestão até a primeira infância, essas

informações dizem respeito a direito e deveres, a promoção da paz, alimentação

enriquecida.

O Caderno do Líder é outro instrumento de embasamento na coleta de dados a

serem repassados ao Sistema de Informação da Pastoral que registra as ações do líder

comunitário em seu interior constam indicadores referentes á criança e a gestante

constando na segunda parte um espaço para registro das pessoas não atendidas pelo

serviço de saúde e mortes funciona em parceria com o Sistema Único de Saúde

(SUS).Um importante momento de reflexão que ocorre na equipe é a reunião para a

reflexão e avaliação.

Page 57: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

57

O encontro é feito uma vez a cada mês onde todos os lideres de cada

comunidade juntamente com o coordenador refletem sobre os ganhos e desafios

enfrentados em relação ao desenvolvimento dos públicos atendidos que abrange as

gestantes e crianças. Avaliar os indicadores que são anotados no Caderno do Líder que

são atualizados na Folha de Acompanhamento e Avaliação Mensal das Ações Básicas

de Saúde e Educação na Comunidade-FABS.

Com esses dados preenchidos pode-se constatar o que está acontecendo com

as famílias acompanhadas possibilitando uma avaliação sobre as situações

apresentadas planejando o que pode ser feitos baseado nesses resultados

apresentados, nesse caso são utilizados outros materiais didáticos, inclusive a bíblia.

Avalia-se o trabalho realizado pela equipe e voluntários do trabalho já realizado

no mês anterior. Tão importante quanto constituir uma organização em torno de um

objeto é elaborar um plano de ação (planejamento) e executá-lo (gestão) da forma mais

eficaz possível.

As organizações sem fins lucrativos possuem especificidades tanto nos

aspectos financeiros, definição dos beneficiados exigindo uma adaptação dos conceitos

e técnicas de gestão inclusive na gestão comunicacional. No próximo capítulo

evidenciam-se os desafios e as perspectivas do terceiro setor levando em consideração

a pastoral da criança em São Borja.

6.5 Os Desafios e as Perspectivas da Pastoral da Criança-São Borja

Devido à importância da instituição para as 14 comunidades que está inserida

em São Borja percebe-se que a comunicação encontra-se numa interação face a face,

pois o perfil das voluntárias que são em grande maioria num total de 45 líderes

(voluntários) e 45 equipes de apoios.

Em sua maioria senhoras que dispõe de seu tempo livre para multiplicar as

ações de solidariedade e cidadania sua idade em média é acima de 50 anos e utilizam

como meios de comunicação o rádio e o celular, as ferramentas de internet tem pouca

penetração no cotidiano dessas voluntárias.

Por isso, os esforços em adequar as estratégias de comunicação ao público

interno levando em consideração que veículos são os mais utilizados para se

comunicar, o grande desafio está na implantação de um curso de informática para os

voluntários para adequar-se as tecnologias de informação.

A comunicação local tem duas perspectivas uma institucional que é aumentar a

visibilidade da instituição evidenciando os trabalhos desenvolvidos nas comunidades

por meio de releases a jornais locais, espaço nas rádios com veiculação de noticias de

eventos que estarão acontecendo é uma forma de despertar a consciência de possíveis

doadores da necessidade de mais investimentos da parceria privada quanto mais

recursos aumentaria as comunidades e atividades desenvolvidas ajudando na

diminuição das desigualdades sociais.

Page 58: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

58

Ajudaria em identificar possíveis doadores que se identificam com a causa

especificamente a instituição trabalha com a gestante e a criança e públicos em geral

dependendo da campanha que esta sendo evidenciada.

Uma Assessoria de Comunicação contribuiria de diversas formas com o uso

adequado de ferramentas que ajudariam a Pastoral da Criança a alcançar os seus

objetivos (missão, visão e valores) e principalmente os seus públicos de forma

adequada e estratégica.

Essas ferramentas que o profissional de Relações Públicas tem domínio

enviando press-release e release, clipping e mensuração e avaliação dos resultados de

comunicação, atendimento a imprensa dando informações sobre seu assessorado, cria

a pauta do entrevistado, gerencia crises internas e externas, cria Site, Eventos.

Nas instituições do terceiro setor esse tipo de serviço são ferramentas

indispensáveis para auxiliar na divulgação das ações e o relacionamento diante de seus

públicos. Outra justificativa está na importância mensurar de que forma são utilizados

os recursos investidos, ou seja, a transparência na hora de prestar contas à

comunidade, pois seus objetivos são humanitários, a busca pela tão idealizada

igualdade social que resulta na melhor distribuição da renda.

A captação de recursos é um dos maiores desafios são muitas as instituições

que pedem auxilio para seus projetos que estão se tornando cada vez mais escassos

levando em consideração o elevado número de organizações não governamentais

disputando os mesmos recursos.

Na visão de Kotler (2007) existe uma relação entre o captador e o doador sendo

importante observar quais as razões que levam as pessoas a dor e não doar os

recursos para a instituição. Entre os motivos que levam a opção de doar está à

satisfação pessoal, moral, compaixão, identificação pessoal com a causa, apoio a

missão, identificação pessoal com a causa e apelo à mesma.

Em relação aos motivos que levam a não doar encontra-se a dúvida na

destinação dos recursos falta clareza nas ações e projetos que serão investidos, falta

de bons projetos e explicitação em relação à causa e falta de habilidade no processo de

captação.

O Estatuto da Pastoral da Criança delimita que não se tenha profissionais

remunerados é na figura do voluntariado que são exercidas as diversas funções dentro

da organização.

A profissionalização implicaria em criar uma parceria com a iniciativa privada

com o objetivo de criar uma assessoria de comunicação para dar conta de tantas

demandas nessa instituição.

A sua criação daria diversos ganhos entre eles, a aceitação da missão na

organização e principalmente desenvolver canais de comunicação com os públicos,

criar e manter um clima favorável no sentido de ter transparência na arrecadação de

fundos e prestação de contas aos apoiadores e a sociedade.

Page 59: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

59

A defesa de ideias que beneficiam a comunidade encontra amparo na Sociedade

Civil e das empresas. Por isso, pleitear verbas, solicitar apoio financeiro as empresas,

elaborar os projetos, ganhar legitimidade destaca-se nos desafios a serem enfrentados.

No campo das perspectivas o profissional de Relações Públicas tem na Pastoral

da Criança de São Borja um campo cheio de grandes perspectivas poderá estar no

gerenciamento da comunicação quando foca suas ações na gestão organizacional que

incluem a missão, visão e valores mesmo sendo valorações solidariam, a instituição

precisa alcançar metas desejadas, entre elas a diminuição da mortalidade infantil.

Adequando as estratégias de comunicação entre os públicos internos, externos e

estratégicos da instituição que engloba os parceiros, doadores e apoiadores (municipal,

estadual e federal).criando ferramentas que melhorem a imagem positiva da instituição

dando mais visibilidade institucional e das ações desenvolvidas pelos voluntários em

suas diversas comunidades que atuam aqui em São Borja. Atua na criação e

divulgação dos eventos.

A instituição mantem laços com diversos públicos e saber reportar-se de forma

adequada e eficaz a cada um deles é uma atribuição do RP no gerenciamento dos

relacionamentos , quando os lideres se reúnem mensalmente cada um deles

representa uma comunidade que diversas demandas a serem resolvidas e de que

forma atender a todas , somente com muita habilidade e negociação para chegar a uma

alternativa onde as ações são tomadas de forma coletiva.

Ainda podemos visualizar as relações públicas como ferramenta de mobilização

de novos voluntários, parcerias e conclamar a todas para conhecer as atividades que

são desenvolvidas pela instituição para a causa.

Na divulgação das ações o papel do profissional que domina as ferramentas de

comunicação adequando-as a cada estratégia especifica para cada ação e identificando

o público que será direcionada a comunicação.

Podemos concluir que a gestão da comunicação institucional aliado ao

desenvolvimento das atividades de relações públicas no campo de atuação o terceiro

setor apresentam características diferente do setor empresarial. O grande diferencial é

que a missão é a defesa das causas humanas (sociais) ou ambientais e até mesmo

sociológicas se sobressaindo à busca pelo lucro ou estar atrelado a interesses políticos

ou de causa própria, aliás, a grande causa é de interesse coletivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar essa reflexão fica evidenciada que a Relações Públicas exerce um

papel fundamental nas organizações contemporâneas nos processos de visibilidade

midiática devida a necessidade vital das organizações do terceiro setor em compor

estratégias de relacionamentos com os mais diversos públicos, mesmo sendo

diferentes entre si.

Page 60: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

60

Em relação às organizações mesmo com a características de ser “não

governamental” e “não lucrativa” não está fora das influencias do Estado e da inciativa

privada. Os fatores que são levados em consideração são: os objetivos, a origem e

motivos pelo qual foram criadas, formas de financiamento, questões gerenciais entre

outros fatores, o fator decisivo que as aproxima são as causas à maioria dessas

organizações procuram auxiliar no bem estar das classes menos assistidas pelo

Estado.

Em algumas delas é o caso da Pastoral da Criança, possui um estatuto próprio e

formas específicas de gerir a gestão com suas especificidades, uma delas é a ausência

de trabalhadores remunerados, essa constatação é um justificativa para a

profissionalização desse segmento, pois na atualidade essas instituições através de

parcerias movimentam milhões de reais e já deveriam pensar em investimento no

âmbito profissional.

Em São Borja, a Universidade Federal do Pampa, através do curso de Relações

Públicas-Ênfase em Produção Cultural aos poucos se insere nesse processo de

diálogo, participação e aproximação através de docentes e discentes que se inserem na

Pastoral da Criança com a finalidade de praticar os ensinamentos teóricos contribuindo

de forma voluntária com as estratégias adequadas para dar melhor visibilidade à

instituição. Sendo um campo de atuação novo é que as Universidades Brasileiras

lentamente estão avançando nesse debate em relação a preparar profissionais capazes

e articulados para atuarem no Terceiro Setor.

O esforço de evidenciar a realidade, os desafios e perspectivas trazem algumas

constatações que são apontamentos necessários para uma eficaz gestão

comunicacional permeada pela busca da eficiência e eficácia. Um dos desafios a serem

vencidos é a gestão focada somente no voluntariado e ligada a valores religiosos.

Nessa ótica os gestores da Pastoral da Criança local focam a gestão aos

preceitos da igreja católica e do cristianismo.

Em organizações religiosas a gestão trabalha valores compartilhados envolvendo

os seus membros nessa perspectiva, dessa forma os lideres exercem a influencia de

coletividade, ações compartilhadas. Outra dificuldade é a escassez de bibliografia de

autores que abordam essa temática tanto na questão de gestão organizacional e as

perspectivas no campo de atuação dos profissionais de Relações Públicas no Terceiro

Setor.

As bibliografias que tratam do Terceiro Setor precisam dar mais enfoque a

gestão organizacional, pois o aumento de ONGs no país são componentes essenciais

para esse trabalho e posteriormente as contribuições dadas poderão servir de

referência para a comunidade acadêmica e são-borjense colaborando para o

engajamento da sociedade para o fortalecimento desse setor.

Podemos refletir de que forma as instituições conseguirão a legitimidade, eficácia

e sustentabilidade e como perspectiva o profissional de Relações Públicas atuando no

terceiro setor especificamente na gestão da comunicação institucional. Esse campo de

Page 61: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

61

atuação é estratégico para as relações públicas, pois se baseia no relacionamento

entre os públicos.

A inexistência de uma assessoria de comunicação não significa que a Pastoral

da Criança não esteja cumprindo a sua função, mas, sim, não divulgando

adequadamente suas ações com as ferramentas adequadas. Por isso, a sistematização

é o maior desafio, principalmente se depender, apenas, de profissionais voluntários.

Mesmo que não haja contratação remunerada, é necessário um olhar mais

atento para esses voluntários, que realizam alguma atividade de assessoramento,

como cursos de capacitação com mais frequência.

Assim, os benefícios seriam significativos entre eles o fortalecimento

institucional, que influencia de forma positiva na imagem da instituição perante seus

públicos de interesse, divulgando as ações da Pastoral da Criança, enaltecendo o

trabalho dos lideres (público interno) para o público externo (parceiros, apoiadores,

instituições coirmãs e comunidade em geral e órgão de imprensa), fortalecendo os

vínculos e estreitando os laços do bom relacionamento. Ao final desta pesquisa, vemos

a comunicação no Terceiro Setor, a partir do uso de técnicas normalmente aplicadas ao

mundo empresarial mesmo tendo demandas semelhantes às empresas, as instituições

não governamentais não se restringem apenas a hierarquia e normas.

O desafio é adequar algumas estratégias que serão utilizadas para um segmento

peculiar. No caso de São Borja, a Pastoral encontra dificuldades em campanhas que

garantam a sensibilização de novos voluntários. A partir de debates acadêmicos e

minha inserção como voluntario se percebeu que esse segmento está permeado de

complexidade e desafios, porque ainda não é visto pelo viés da profissionalização e a

gestão em instituições religiosas fortemente influenciadas pela igreja católica tem seu

próprio estatuto e forma peculiar de administrar a gestão baseada nos valores

intangíveis e que não visam o lucro, mas a solidariedade, o amor ao próximo e

amenizar o sofrimento alheio.

As perspectivas no campo da comunicação são promissoras, pois as

entrevistadas deixaram claro que a comunicação é imprescindível para a Pastoral da

Criança, o desafio é a criação de canal que estabeleça a conexão com os diversos

públicos o qual está ligada a instituição, criando uma perspectiva de atuação do

profissional de Relações Públicas capacitado e com domínio de técnicas da

comunicação que serão utilizadas a favor das organizações no gerenciamento da

comunicação institucional, mercadológico e organizacional.

Na Pastoral da Criança-São Borja as ações são desenvolvidas somente no

trabalho voluntário, sob o ponto de vista da profissionalização essa questão se revela

problemática, pois é necessário mais investimento em cursos de qualificação e

treinamento para esses voluntários, devido à associação a ideia que pode passar de

falta de qualificação e empenho.

Essa qualificação aliada a técnicas motivacionais tornaria os recursos humanos

da instituição ainda mais motivada para levar adiante os projetos desenvolvidos. No que

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62

tange a falta de voluntários e a falta de campanhas para mobilizar novos é preciso rever

alguns conceitos e formas de mobilização, pois o engajamento na contemporaneidade

tem outros aspectos a serem observados. Uma sugestão é investir num público mais

jovem para conhecer melhor o trabalho da instituição (familiarização) para

posteriormente serão “sensibilizados” de forma positiva a associarem-se a causa.

Conclui-se que, o Terceiro Setor é um campo de atuação a ser mais

explorado pelos profissionais da área de Relações Públicas. O dinamismo, a

heterogenia e a complexidade exige uma melhor estruturação, planejamento

estratégico e eficácia nos relacionamentos exigindo esforços sejam unificados e

fortalecidos.

Page 63: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

63

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RONCONI, Luciana F. de A. Comentários sobre o Documento: Do confronto à colaboração: relação entre a Sociedade Civil, o Governo e o Banco Mundial no Brasil de John W. Garrison: uma versão preliminar*. Disponível em: Acesso em: 16 jun. 2014. SILVA, Marco Túlio Coimbra. Serviço Voluntário, Remuneração de dirigentes e a Responsabilidade Civil em razão dos atos praticados pelos administradores: Aspectos Gerais e Implicações Legais: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional. Terceiro Setor: Fundações e Entidades de interesse social. Vitória: CEAF, 2004. SCARPINELLA, Cássio. “O procedimento Especial da Ação de Improbidade”. Improbidade Administrativa - Questões Polêmicas e Atuais, São Paulo: Malheiros Editores, 2001. THOMPSON, A. Do compromisso à eficiência. Os caminhos do Terceiro Setor na América Latina. In IOSCHPE, E.B. Terceiro Setor – desenvolvimento social sustentável. São Paulo, Paz e Terra (2ª. edição). THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2002. UTSUNOMIYA, Fred Izumi. Relações públicas na gestão da comunicação institucional no terceiro setor. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling; KUNSCH, Waldemar Luiz (Org.). Relações públicas comunitárias: a comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora. São Paulo: Summus, 2007. WEBER, Maria Helena. Comunicação Organizacional, a síntese. Relações Públicas, a gestão estratégica. Ano 6. Edição Especial. Números 10/11.2009. Organicom.http://www.eca.usp.br/departam/crp/cursos/posgrad/gestcorp/organicom/revista10-11/70.pdf. Acessado em 10 de Julho de 2014. Meios Eletrônicos: http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/teoriaseconceitos/0148.pdf Acesso em 20 jun. 2014. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/relato/tsetor.pdf. Acessado em 19 de maio de 2014. http://www.probono.org.br/arquivos/file/manualterceirosetor.pdf http://abong.org.br/transparencia/wp-content/uploads/2012/01/Estudo-analitico.pdf http://www.rebidia.org.br/2-uncategorised/211-pastoral-da-crianca-cnbb

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ANEXO

A – QUESTIONÁRIO URUGUAIANA

Vilmar Goia

Coordenadora Diocesana da Pastoral da Criança-

Uruguaiana

1) Qual a sua formação profissional?

2) Na diocese existe uma assessoria de Comunicação ou

Imprensa?

3) Se a afirmação for sim, ela é composta por quais

profissionais?

a. ( ) Jornalista ( ) Relações Públicas ( )

Publicitários ( ) outros

4) Em sua opinião qual a importância da comunicação para a

diocese e especificamente para Pastoral da criança?

5) Que as ações ou atividades de comunicação são utilizadas

pela mitra diocesana com as demais pastorais da diocese

6) Quais as atividades de comunicação realizadas para a

Pastoral da Criança?

7) Existe alguma forma, ação ou instrumento de

comunicação, especificamente com a Pastoral da Criança?

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B – QUESTIONÁRIO SÃO BORJA

Coordenadoria do Centro da Pastoral da Criança- São

Borja.

1) Descreva o perfil do entrevistado (a):

a. Idade: __________________

b. Estado civil: _______________________

c. Escolaridade: ___________________________

d. Área de formação:____________________

e. Quanto tempo atua na

instituição:____________________

2) Quais as funções da coordenadora? Quais atividades você

desenvolve?

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C – FOLHA DE ACOMPAMENTO FABS

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D – FOLHA DE ACOMPANHAMENTO MENSAL FABS

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E – PÁGINAS INTERNET – FACEBOOK DA DIOCESE DE URUGUIANA Acessado em: 21/07/2014

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PÁGINAS INTERNET – FACEBOOK DA DIOCESE DE URUGUIANA Acessado em: 21/07/2014

PÁGINAS INTERNET – FACEBOOK DA PASTORAL DA CRIANÇA NACIONAL Acessado em: 21/07/2014

Page 72: Desafios e Perspectivas das Relações Públicas no Terceiro setor

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PÁGINAS INTERNET – FACEBOOK DA DIOCESE DE URUGUIANA

Acessado em 15/08/2014

Acessado em 15/08/2014

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REUNIÃO DOS LÍDERES

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Jornal da Pastoral: Edição novembro de 2013. Página 13