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Tese de final de licenciatura - Educação e formação de adultos

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Introduo

Desafios do meu estgio Licenciatura em Cincias da Educao 2007/2008

IntroduoA minha experincia de estgio iniciou-se no fim do ano lectivo transacto, o que permitiu uma aproximao ao contexto proporcionando, em termos de timing, uma oportunidade de reflexo, ainda que redutora, do que eu poderia, em termos efectivos, propor-me a fazer, nomeadamente investigao e/ou interveno no estgio propriamente dito. Este teve incio no primeiro semestre do corrente ano lectivo, mais concretamente na segunda quinzena de Setembro de 2007.

Importa dizer que o meu local de estgio na Cruz Vermelha Portuguesa, em Vila Nova de Gaia, e a rea a que estou afecta o Centro Novas Oportunidades. Trata-se de uma rea da educao que me fascina quer pelo pblico a que se destina (adulto), quer pela particularidade dos seus pressupostos de avaliao, que se traduzem em processos de reconhecimento, validao e certificao de competncias, previamente adquiridas pelo adulto, por via formal, informal e no formal. Tudo isto numa perspectiva de educao e formao ao longo da vida em que, inequivocamente, se insere este projecto das Novas Oportunidades.

No pr-estgio, foi sugerido pela sua Directora o estudo do abandono dos adultos em processo, considerando que h efectivamente este abandono que gostaria de compreender. Foi lanado um desafio interessante que antevia um trabalho de pesquisa difcil.

O atrs descrito, e que resume o que, na verdade, se traduzir no meu grande trabalho est a ser escrito em Abril de 2008. No tenho nenhum pudor em afirmar que andei muito tempo deriva at encontrar uma linha orientadora terica e metodolgica que me pudesse conduzir obteno de respostas ou ao levantar de questes

Em conversas que amos tendo (eu e o pessoal afecto Instituio), soube da existncia de um estudo quantitativo feito no ano lectivo anterior [Validao e Certificao de Competncias: Factores Explicativos do Abandono no Centro de Reconhecimento Validao e Certificao de Competncias (Vila Nova de Gaia) da Cruz Vermelha Portuguesa Gina Curralo - Universidade De Trs-os-Montes e Alto Douro -Plo de Miranda do Douro], cujos resultados mereciam, no meu entender, um aprofundamento de anlise para uma melhor compreenso dos significados atribudos ao abandono, quer pelo quadro tcnico pedaggico do CNO, quer pelos adultos inquiridos.

muito interessante constatar as reviravoltas que o pr-projecto sofreu e concluir, na verdade, que necessria presena no terreno, esprito crtico, embrenharmo-nos com as pessoas e familiarizarmo-nos com os projectos para, a posteriori, propor fazer alguma interveno que seja uma mais-valia para a instituio e para a nossa formao.

Assim, o objectivo geral deste estudo ser:

- Perceber o abandono na perspectiva dos significados que o adulto lhe atribuiu, em analogia com os significados atribudos pelo quadro tcnico-pedaggico para a mesma questo. Perspectiva-se poder ter uma inteligibilidade do fenmeno do abandono dando voz aos intervenientes no processo.

Esta questo conduziu-me a um labirinto de questes, que fez com que fizesse vrios percursos para tentar conseguir perceber/responder questo inicial.

Considerando o atrs exposto, o trabalho encontra-se organizado da seguinte forma:

- o primeiro captulo apresenta o contexto fsico e humano no qual se desenvolvem os meus percursos.

A especificidade do pblico-alvo desta rea da Educao [Novas Oportunidades, concretamente RVCC], pensada luz do paradigma da Educao/Formao ao Longo da Vida com os princpios subjacentes ao processo de reconhecimento, validao e certificao de competncias, uma abordagem Educao de Adultos de cuja especificidade procurarei dar conta.

Farei ainda uma breve referncia aos meus percursos por reas adjacentes que se revelaram de fulcral importncia para a compreenso da investigao que me propunha efectuar assim como para a minha formao na rea.

- o segundo captulo centra-se no referencial terico que serviu de suporte a esta investigao;

- o terceiro captulo refere-se s opes metodolgicas e os procedimentos utilizados para recolha e tratamento de dados;

- no quarto captulo, e de acordo com os resultados da investigao, a sua discusso. Nesta confluiro todos os dados recolhidos que se revelaram pertinentes para a compreenso da questo de partida.

- no quinto captulo apresentam-se as concluses que o estudo permitiu retirar, apontando caminhos para uma melhor inteligibilidade da questo inicial.

Captulo 1 - Caracterizao Scio Institucional

O meu local de estgio foi a Cruz Vermelha Portuguesa, em Vila Nova de Gaia, sendo que o departamento a que fiquei afecta foi o Centro de Novas Oportunidades. Torna-se pertinente, por um lado, fazer uma breve caracterizao do local de estgio considerando que as suas caractersticas como Instituio revelam a sua a importncia no meio social em que est inserido e, por outro lado, no menos importante porque foi onde fiz o meu estgio. No edifcio da Cruz Vermelha, pelo espao fsico que no muito grande, e os gabinetes ficam todos no mesmo piso, h um contacto entre as valncias e o pessoal afecto, ao qual no ficamos indiferentes.

Quando se fala em Cruz Vermelha Portuguesa, a definio que nos ocorre de uma Instituio de carcter altrusta que se associa rea do socorro aos mais desfavorecidos. Na realidade, apesar de redutora, esta definio poder ser considerada como a finalidade ltima desta Instituio em que todas as outras se incluem.

Fazendo uma retrospectiva muito sumria, a gnese da Cruz Vermelha Internacional deve-se ao interesse do Suo Jean Henry Dunat (1828), que se preocupava com os problemas dos mais pobres. Foi, contudo, na Batalha de Solferino (1859), travada entre exrcitos austracos, francs e italiano, que, pelo facto de terem resultado muitos feridos, fosse feito um apelo solidariedade. Mais tarde, foi escrito um livro, Un Souvenir de Solferino, de forma a apelar conscincia humana sugerindo a criao de Sociedades Nacionais Voluntrias de Socorro. Esta obra teve impacto imediato e desencadeou um movimento internacional com vista a suprir as deficincias dos servios sanitrios nos campos de batalha.A implantao da Cruz Vermelha no nosso pas, com carcter semioficial, ocorreu em 11 de Fevereiro de 1865 e, oficialmente, por decreto de 26/Maio de 1868, demonstrando que Portugal se tinha associado ao movimento internacional de proteco aos feridos e doentes de guerra concretizado em 22 de Agosto de 1864, com assinatura da Conveno de Genebra.

A Cruz Vermelha Portuguesa uma instituio humanitria no governamental de carcter voluntrio apoiada pelo Estado e reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pblica administrativa sem fins lucrativos, com plena capacidade jurdica para a prossecuo dos seus fins. tambm reconhecida como uma Organizao No-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) encontrando-se registada no artigo 7 do decreto-lei n.66/98, no Instituto de Cooperao Portuguesa sob n. 94/99. Nesta qualidade, integra a Plataforma Nacional das Organizaes No Governamentais para o Desenvolvimento, cujo estatuto, estabelecido pela Lei n. 19/94 de 24 de Maio, define como reas de interveno o ensino, a educao, a cultura, o emprego, a formao profissional, a integrao social e comunitria, bem como o apoio criao e desenvolvimento de projectos e programas de cooperao e desenvolvimento social.O Plo de Vila Nova de GaiaNo mbito do Programa da Luta Contra a Pobreza a interveno levado no concelho de Vila Nova de Gaia teve incio na freguesia de Santa Marinha, e a sua origem remonta ao trabalho comunitrio efectuado por tcnicos da aco social do ex - Centro Regional do Porto, os quais tinham conhecimento dos problemas sociais existentes nesta localidade. O apoio da populao, assim como o das entidades pblicas e privadas desta freguesia deram inicio ao primeiro plano de trabalhos comunitrios que recebeu o primeiro financiamento do Comissariado Regional do Norte da Luta Contra a Pobreza em 1991. Foi nessa altura, e no mbito do Programa da Luta Conta a Pobreza, que a C.V.P. foi convidada pela Segurana Social para ser a promotora e gerir o projecto que permitiu providenciar algumas das necessidades bsicas e possibilitar que as necessidades sociais desta freguesia encontrassem maior reconhecimento, assim como maior visibilidade.

Nesta perspectiva, faz todo o sentido as diferentes reas de interveno que podemos encontrar na CVP de Vila Nova de Gaia, como o sejam:

Espao no feminino

Este espao dedica-se a desenvolver, entre vrias questes, os problemas encontrados no seio da populao feminina, tais como o desemprego, a pobreza, o alcoolismo, a droga e o baixo grau acadmico

Pratos e tratosEsta valncia constituda por programas e estruturas de insero na vida activa por parte das empresas inclusivas que, atravs de um restaurante, fornece no s refeies nas suas instalaes, como tambm outro tipo de servios, nomeadamente o apoio domicilirio, a lavandaria e a engomaria. Pratos e tratosEsta valncia constitudo por programas e estruturas de insero na vida activa por parte das empresas inclusivas que, atravs de um restaurante, fornece no s refeies nas suas instalaes, como tambm outro tipo de servios, nomeadamente o apoio domicilirio, a lavandaria e a engomaria. Centro de convvio

Os seus objectivos visam promover o bem-estar social da populao idosa.

UNIVA e CRVCC

Estes servios so financiados pelo IEFP (Instituto de Emprego e Formao Profissional).

A UNIVA (Unidade de Interveno na Vida Activa) tem por base reforar os mecanismos de apoio insero designadamente: acolhimento, informao e orientao profissional, apoio e acompanhamento dos utentes em experincias no que concerne ao mundo trabalho, assim como a procura de uma formao e/ ou emprego.Os CRVCC, agora com a designao de Centros Novas Oportunidades, almejam dar Novas Oportunidades a todos aqueles que, por qualquer motivo, no puderam prosseguir os seus estudos. Este modelo de Reconhecimento e Validao de Competncias tem o seu princpio - base assente nas experincias adquiridas ao longo da vida fazendo-as equivaler a habilitaes escolares, permitindo/ facilitando a insero no mercado de trabalho. Gostaria de salvaguardar que estes so os princpios de regem os objectivos dos CNOs, contudo a verdade que nem sempre maior qualificao sinnimo de maior empregabilidade, como nos confirma o estudo do Impacto do Reconhecimento e Certificao de Competncias Adquiridas ao Longo da Vida tenham sido identificados alguns efeitos, no que respeita vida profissional (progresso na carreira ou acesso ao mercado de trabalho) estes no parecem ser to evidentes, ou pelo menos, to imediatos de acordo com as opinies recolhidas atravs da realizao dos estudos de caso. (2007:49)

O meu primeiro percurso a integraoComo j foi referido na introduo, a minha aproximao ao contexto foi feita no fim do ano transacto. Na primeira deslocao Instituio fomos acompanhadas pela orientadora de estgio, a Prof. Isabel Menezes. Falo no plural porque, nessa altura, tinha uma colega de estgio, que por motivos pessoais teve de desistir. Foi, ento, feita uma reunio informal, na qual a Directora da Instituio, Dr. Isilda Bernardes, foi muito acolhedora e objectiva, deixando bem clara qual a sua postura para com os estagirios, ou seja, tinha livre-trnsito para circular pela casa e perguntar o que fosse necessrio para a boa execuo do meu trabalho. Nessa mesma reunio, j foi sugerido pela Dr. Isilda Bernardes uma eventual problemtica para desconstruir o abandono dos adultos que estavam em processo, considerando que h, efectivamente, a percepo desse abandono, sem que haja uma compreenso do mesmo (das suas causas e das estratgias para o combater).

A partir daqui que a questo se comeou a complexificar. A minha apropriao ao contexto fsico institucional e s pessoas que l trabalham, perceber as suas dinmicas... e tentar perceber como poderia integrar-me, sem ser intrusiva, mas tentar incluir-me. Para uma primeira percepo, procurei inteirar-me do organograma da instituio que me indicou os elementos constitutivos e as ligaes entre elas.

Organograma do CNO da C.V.P

Quem so as pessoas que constituem a equipa

tcnico - pedaggica?

Onde

Fig. 1O organograma um documento que por lei tem de estar exposto, para conhecimento do pessoal (transparncia da posio hierrquica que cada um ocupa) e para o pblico em geral. sabido que nem sempre um organograma no dia cumprido com a formalidade que lhe inferida. No caso do CNO do CVP h um vivenciar dirio informal, sem que contudo cada um saiba qual o seu lugar. Foi fcil perceber que h uma equipa coesa, liderada com flexibilidade, porque todos esto conscientes das suas responsabilidades. Por outro lado, h inmeras reunies que contribuem tambm para esse bom funcionamento.

Nesta altura, pareceu-me pertinente pensar em que stio se encaixava um Licenciado em Cincias de Educao e, com segurana, sentia-me legitimamente apta pela formao adquirida ao longo da Licenciatura assim como fortemente motivada a nvel pessoal para me rever nas funes de profissional de RVCC.

Antes do mais, ser pertinente referir que o profissional RVCC tem as seguintes funes: (ANEFA 2002) Informar, aconselhar e acompanhar o candidato na definio do seu percurso no Centro RVCC;

Orientar o processo de Competncias adquiridas;

Apoiar o candidato na apresentao da candidatura ao processo de validao;

Interpretar os referenciais de Competncias e procurar as suas relaes internas;

Trabalhar em colaborao estreita com os formadores das formaes complementares e com o Jri de Validao.Considerando que o atrs descrito verdade em alguns Centros, tambm sabido que conceito de Profissional de RVCC no de todo consensual pela falta de legitimao dessa categoria profissional, sendo esta tambm uma consequncia da liberdade de postura em relao a esta problemtica pelos Centros de Novas Oportunidades.Esta questo foi alvo de um estudo intitulado Perfil de Competncias dos Profissionais de RVCC- (Reconhecimento, Validao e Certificao de Competncias) de Lus Imaginrio e Jos Manuel Castro (2003). Neste estudo pode verificar-se a ambivalncia do perfil do Profissional que difere entre centros. Penso ser pertinente este observao, considerando que a nossa formao ao longo da Licenciatura em Cincias da Educao nos potencializa para esta rea. Contudo, a ambiguidade de quem tem legitimidade referida no estudo (Imaginrio 2003:30) [(teremos conseguido mostrar, porm, a diversidade de olhares, de sensibilidades, de expectativas que, hoje por hoje, podem encontrar-se quer nos CRVCC quer entre os Profissionais de RVCC. O "perfil" a construir com base na informao aqui recolhida e tratada e em outra constituir um "exerccio" que no nos repugna recomendar, mas que no poder deixar de ser isso mesmo um exerccio, com toda a provisoriedade que a frmula implica. De resto, haver perfis que no sejam provisrios, mesmo em profisses com identidades (aparentemente) bem estabelecidas?]...[afigura-se-nos crucial tomar posio, definido com algum rigor, em tal processo. Isto , sem o "psicologizar", o que constitui um dos seus consabidos riscos, mas sem prescindir da interveno psicolgica. Quarta: Cincias Sociais e Humanas no parece mal, mas Psicologia seria melhor! No pressuposto, por certo, de que, para intervir como psiclogo concretamente, para fazer "consulta psicolgica vocacional", dizendo-o numa frmula que j possui alguns direitos de cidade , importa saber (ser competente) em muitas outras coisas, as mais delas provenientes de outras Cincias Sociais e Humanas] (ibidem:31).

Ao estar ciente destas ambivalncias, procurei saber se era possvel ter uma participao activa nestas reas. Fiquei um pouco decepcionada por tal no ser vivel, mas percebi as razes dessa impossibilidade. Na verdade, o processo RVCC um muito personalizado, na medida em que o adulto tem de estar/de se sentir vontade com o profissional que o acompanha/r, sendo a empatia que se possa gerar entre ambos uma mais-valia para que o adulto se sinta confiante, eleve a sua auto estima e valorize as suas aprendizagens. Um elemento a mais na sala poder ser inibidor existindo ainda, por outro lado, o aspecto legal de que, como estagiria, no fazia parte do staff, o que poderia eventualmente levantar problemas de legitimidade.Consciencializada destas contingncias, parti para outro percursoas opesDe acordo com o atrs exposto, houve necessidade de uma abordagem diferente, adoptando como alternativa aprendizagem presencial o estudo (leitura aprofundada) dos referenciais de competncias chave e os guias de operacionalizao, para me familiarizar com todo o processo e a sua terminologia que no muito acessvel. Como j referi, um processo com uma linguagem complexa e especfica muito diferente da linguagem do ensino formal, que exige o estudo do Referencial de Competncias Chave e de Operacionalizao. Deixo apenas alguns exemplos de terminologias: O que um ncleo gerador? E um tema? O que um Porteflio Reflexivo de Aprendizagem?Sempre que tinha alguma dvida ia perguntando.

Apesar desta contingncia tive oportunidade de ir desenvolvendo algumas actividades (enquanto procurava inspirao para abordar o trabalho que me propunha fazer) nomeadamente: Assisti a algumas sesses de formao do ensino bsico; Estive presente em reunies de reestruturao de instrumentos de mediao do ensino bsico;

Fiz inscries no SIGO Sistema Integrado de Informao e Gesto da Oferta Educativa Analisei, comparativamente, dossiers de dois adultos, candidatos a certificao do 12 ano (um com aprovao e outro para encaminhamento), tentando perceber os critrios dos profissionais para essa tomada de deciso;

Fiz pesquisa para encontrar alternativas para encaminhamento:

- Directamente com as entidades responsveis, nomeadamente a DREN;

- No Sigo, nos sites da Segurana Social, Fundo de Desemprego; Elaborei o Questionrio de Levantamento de Necessidades de Formao do CNO CVP Vila Nova de Gaia. Este questionrio teve como objectivo reunir todo um conjunto de informaes para a sustentao e planeamento de intervenes formativas no quadro tcnico pedaggico do Centro de Novas Oportunidades da Cruz Vermelha de Vila Nova de Gaia, com a eventual colaborao da Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto. Pretendeu-se obter a opinio em relao s necessidades sentidas na prtica profissional do Centro de Novas Oportunidades, para que a estas se possa dar uma melhor resposta, definindo prioridades de formao a desenvolver.

Feita a anlise dos questionrios, e considerando as respostas dadas, pode concluir-se que as necessidades sentidas em formao so direccionadas para as mesmas reas, bem como a seleco de prioridades pelos inquiridos so coincidentes. Para uma mais rpida visualizao dos resultados, foram apresentadas em forma de grfico as respostas encontradas para cada questo.

Foi elaborado um relatrio, entregue Directora do CNO. Foi do seu agrado este pequeno trabalho, sendo que perante as necessidades manifestadas pelo seu quadro tcnico pedaggico, a mesma ficou de informar se pretendia algum apoio da Faculdade de Psicologia e Cincias da Educao da UP.

Estive na Biblioteca de Vila Nova de Gaia, a 5 de Abril do corrente ano, no mbito do convite feito pelos participantes do Curso (Per)Cursos de Educao e Formao de Adultos. Intitulado Feira das Vaidades A caminho do futuro: qualificar para qu?Participei neste encontro na qualidade de estagiria do 4 ano de Cincias da Educao da FPCEUP, no esquecendo que o meu estgio decorre no CNO de Vila Nova de Gaia, que infelizmente no pode ter nenhum representante presente.

Fui portadora de folhetos informativos do CNO da CV, que a organizao do evento colocou na mesa dos materiais a serem consultadosFiz um pequeno relatrio, que foi entregue Directora do CNO. Anexo a este relatrio, foi um CD, produto de todas as pessoas que participaram no curso (Per) Cursos de Educao e Formao de Adultos, gentilmente oferecido pela Dr. Isabel Gomes.

Paralelamente a estas interaces com as vivncias do CNO e de algumas situaes mais especficas, como o questionrio de levantamento de necessidades e a participao no debate/exposio na Biblioteca de Vila Nova de Gaia, tinha sempre no meu pensamento o objectivo concreto que me propunha desconstruir,Procurei a minha fundamentao terica em autores como, Lus Imaginrio, Rui Canrio, Licno Lima, Alberto Melo, Crmen Cavaco, assim como nas directivas do Ministrio da Educao e Segurana Social, nas leis que regulamentam esta rea da Educao de Adultos, no negligenciando as regras da OCDE, que pelo que pude ler quem regulamenta estas reas, obrigando os pases membros a cumprirem determinados objectivos.Nesta fase, j tinha uma noo bastante razovel do funcionamento, das etapas e dos procedimentos num processo RVCC. H diversos documentos que so os guias de orientao tcnico pedaggico deste processo, nomeadamente: Referencial de Competncias Chave para a Educao e Formao de Adultos Nvel Secundrio e Bsico: Guia de Operacionalizao da Direco-Geral de Formao Vocacional (DGFV); Referencial de Competncias Chave para a Educao e Formao de Adultos Nvel Secundrio da DGFV; Direco-Geral de Formao Vocacional (DGF Impacto das Competncias Adquiridas ao Longo da Vida da DGFV; Carta de Qualidade dos Centros Novas Oportunidades da Agncia Nacional para a Qualificao, IP entre outra bibliografia que fui lendo exaustivamente para deste modo estar a par do processo RVCC e das suas linhas orientadoras quer a nvel terico quer prtico.Estas referncias tericas no foram s fruto da minha pesquisa, mas tambm do aconselhamento precioso da minha orientadora de estgio, a Prof Isabel Menezes, e da Dr Isabel Gomes. s duas o meu agradecimento.Julgo ter reunido um referencial terico que fundamenta a compreenso sobre a Educao de Adultos inserido no paradigma da Educao ao longo da vida, para me focalizar nas Novas Oportunidades, especificamente no modelo RVCC.

Capitulo 2 - Referencial TericoComo j aludi no captulo 1, procurei atravs da pesquisa e das leituras efectuadas uma inteligibilidade da Educao de Adultos, dentro do paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida, tendo como objectivo o caso especfico do RVCC, Reconhecimento e Validao e Certificao de Competncias formais e no formais adquiridas pelo adulto no seu percurso de vida. Esta pesquisa teria inequivocamente de afunilar na questo do abandono, porque da compreenso deste, no contexto especfico do CNO da Cruz Vermelha de Vila Nova de Gaia, sobre o qual a investigao versa.

A Aprendizagem ao longo da vida: um conceito que surge na dcada de 1970 (Eurydice 2000:9)

Em 1970, Paul Lengrand, apresenta um relatrio numa Conferncia da UNESCO, intitulado Uma Introduo Educao ao Longo da Vida. o emergir de um novo conceito que tenta restaurar o sistema educativo abalado com os acontecimentos de Maio de 1968.

A publicao da UNESCO, conhecida como relatrio Delors (1996), decorridos vinte e seis anos, continua a promover o conceito de Educao ao Longo da Vida a Educao to diversificadaque abrange todas as actividades que permitem ao ser humano, desde a infncia at velhice, adquirir um conhecimento dinmico do mundo dos outros e de si prprio. (Eurydice 2000:11). A OCDE, tambm em 1996, na sua definio, enfatiza a progresso da vida activa engloba o desenvolvimento social do ser humano sob todas as formas e em todos os contextos, tanto formaiscomo no formaise empreende esforos com vista a assegurar que todos os adultos, tanto empregados como desempregados, que necessitem de fazer uma reciclagem dos mesmos, tenham oportunidade de o fazer. (ibidem:11:12).

Estava lanado um desafio aos sistemas educativos dos pases membros da Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico (OCDE) que adopta instrumentos internacionais, decises e recomendaes, para promover regras ou acordos multilaterais necessrias para garantir o progresso das naes dentro de uma economia cada vez mais global. O dilogo, o consenso e a presso sobre os seus pares so o verdadeiro centro de actuao da OCDE.

O significado do conceito em Portugal

Seguindo o estudo da EURODYCE, Portugal interpreta o conceito de aprendizagem ao longo da vida como uma acelerao da transio para uma economia e sociedade diferentes. [economias baseadas no conhecimento] e [sociedades da informao] , assim como atribuir escola um papel central enquanto instncia privilegiada para a construo de conhecimentos, saberes competncias e atitudes.capazes de dotar qualquer cidado com os instrumentos bsicos essenciais para o exerccio de uma cidadania activa numa sociedade em rpida mutao (ibidem:114).

No que concerne a Educao e formao de adultos, foi considerado o direito Educao bsica para todos ao longo da vida, como sendo um dever e uma exigncia da sociedade e da vida profissional. privilegiado neste plano estratgico o balano de competncias adquiridas pelos adultos.

Uma das preocupaes transversais no relatrio de Portugal reforar a qualidade da educao escolar para todos considerando as fragilidades especficas da situao educativa da populao portuguesa, resultante dos atrasos acumulados durante geraes. (ibidem:116). Ainda segundo a mesma fonte, em meados dos anos 90, 80% da populao entre os 15-64 anos detinha como habilitao escolar apenas 9 ou menos anos de escolaridade.A este atraso de Portugal durante geraes no est alheio o regime poltico de ditadura vivido antes do 25 de Abril de 1974, que em nada privilegiou a rea educativa. Remetendo-me especificamente para a rea da Educao de Adultos, antes de Abril de 1974, nada ou pouco existia em Portugal. Nos dois anos que se lhe seguiram, apareceram novas correntes neste mbito, fortemente impregnadas por um ambiente revolucionrio e um subjacente processo de democratizao. O poder poltico comea a prestar mais ateno educao de adultos. Por um lado foi criado o Plano Nacional de Alfabetizao, sendo o seu principal objectivo de difcil concretizao, e por outro, apareceu um modelo de educao popular, que procurou dar voz s classes socialmente mais desfavorecidas e melhorar a qualidade dos processos educativos. (Rothes, 2005:262).

Por oposio, e para reforar o atraso de Portugal data do estudo da EURODYCE, dois dos pases que tambm foram alvo do estudo, a Frana e a Sucia, j possuam infra-estruturas ao nvel da Educao ao longo da vida. No caso da Frana, que j tinha um plano de validao da experincia profissional, propunha-se a alargar esta poltica em sectores prioritrios da Educao atravs do programa Nouvelle Chances (Novas Oportunidades) - curiosamente termo que adoptamos em 2007 para substituir os Centros de Reconhecimento e Validao de Competncias. No que concerne a Sucia, a educao de adultos representa uma longa tradioque faculta aos indivduos a possibilidade de adquirir qualificaese ingressar posteriormente no ensino de terceiro nvel. (ibidem:127). um pouco desolador (para ser branda nas palavras) pensar que este estudo tem oito anos e nos conseguimos continuar a rever nele, quer no discurso, quer no atraso em termos de educao.Gostaria no entanto de salientar os esforos que aps o 25 Abril, mais concretamente a partir dos anos 75/76, se comearam a evidenciar nesta rea da Educao de Adultos, a tentar lanar-se o embrio do que seria um campo e um edifcio de educao de adultos em Portugal. Conceberam-se e experimentaram-se, nessa altura, algumas inovaes significativas. (Melo, Alberto). O exame da 4 classe, para adultos foi totalmente renovado, em que o mesmo se centrava no adulto, no se baseando apenas numa situao puramente escolar, mas em todo o seu percurso de vida. Est aqui presente, ainda informal e inconscientemente uma aproximao ao actual modelo RVCC. No por falta de iniciativa/empenhamento por parte dos tcnicos pertencentes aos movimentos de educao que a Educao de Adultos no tem os resultados previstos. Em 1979, o PNAEBA (Plano Nacional de Alfabetizao e Educao de Base de Adultos), aprovado pela Lei n 3/79 de 10 de Janeiro (Rothes, 2005:264). Os seus principais objectivos eram reduzir o analfabetismo e alargar o acesso dos adultos escolaridade obrigatria. Este plano, englobava parmetros necessrios que permitiam desenvolver medidas e prticas transversais Educao Popular e Educao Permanente. A sua execuo estava prevista para um perodo de dez anos. Ao nvel central, pretendia-se a criao de um Instituto Nacional de Educao de Adultos, que nunca chegou a ser uma realidade.

S em 1986, e com a Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n 46/86 de 14 de Outubro, documento emergido da reforma do sistema educativo contemplada a educao de adultos, numa perspectiva que tem como referncia a educao escolar, no tendo em conta a vertente plurifacetada e a dimenso mais vasta da educao de adultos. A mesma, unicamente se estrutura em torno do ensino recorrente de adultos e da educao extra-escolar. O primeiro destina-se aos indivduos que j no se encontram na idade normal de frequncia do ensino bsico e secundrio e aos indivduos que no tiveram oportunidade de se enquadrar no sistema de educao escolar na idade normal de formao, tendo em especial ateno a eliminao do analfabetismo. A educao extra-escolar destina-se a todo o jovem ou adulto, que pretenda aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formao escolar ou em suprimento da sua carncia. A mesma est direccionada numa perspectiva de educao permanente e visa a continuidade da aco educativa.

Podemos dizer, contudo, que a mesma teve um tratamento menor e diminuto, por parte do governo. No sistema educativo, no existiu, no que diz respeito Educao de Adultos um tratamento articulado dos diferentes contextos educativo formais e no-formais e das diferentes prticas que se inserem dentro do conceito alargado de educao de adultos, parecendo traduzir, por conseguinte, uma no valorizao deste campo. (Veloso, 2004:197). Atendendo que a LBSE apenas abordava esta questo no sentido restrito e escolarizante, surgiram duas novas tentativas que procuram reorganizar um projecto para o subsistema da educao de adultos. Ambas apareceram em 1988. O Documento Preparatrio III, elaborado a pedido da Comisso de Reforma do Sistema Educativo, pretendia consolidar e estruturar todo o subsistema de educao de adultos, no menosprezando as vias de cariz mais escolar, mas valorizando uma perspectiva plurifacetada, onde estavam integradas as seguintes modalidades da educao no escolar: extenso educativa, formao para o trabalho, promoo cultural e cvica, e interveno socioeducativa. (Rothes, 2005:272). O Plano de Emergncia para a Formao de Bases de Adultos, constitudo no mbito da Direco Geral de Apoio e Extenso Educativa, tinha como principal finalidade, contribuir para melhorar o nvel de qualificao da mo-de-obra, atravs da formao profissional que inclua uma formao geral de base., na perspectiva dum melhor desempenho profissional e a possibilidade de prossecuo das carreiras e de melhor adaptao s exigncias do mercado de trabalho (Rothes, 2005:273). Contudo, mais uma vez, este plano nunca viria a ser adoptado, mantendo-se as medidas meramente escolarizantes da interveno do Estado no campo da Educao de Adultos.

Em 1986 com a entrada de Portugal para a Comunidade Europeia, emerge a formao, j largamente difundida nos outros pases membros incentivada pela possibilidade de recurso aos fundos comunitrios. As Aces de Formao Profissional implementadas, tiveram o Apoio do Fundo Social Europeu. (Veloso, 2004:206). Um pouco mais tarde, em 1989, com o alargamento dos fundos estruturais comunitrios, Portugal candidata-se ao PRODEP, Subprograma 3, Educao de Adultos. (idem). No mbito do PRODEP, o Subprograma de Educao de Adultos que veio a ser aprovado inserido no 1. Quadro Comunitrio de Apoio, em 1990, teve como objectivos essenciais a obteno da escolaridade obrigatria articulada com uma formao profissional inicial. (Veloso, 2004:206). Podemos dizer que a dcada de 90, foi marcada pelo PRODEP entre 1990 a 1993, decorreu o PRODEP I e entre 1994 e 1999, o PRODEP II.

Estes programas, representaram uma melhoria das medidas implementadas e desenvolvidas pelo governo neste sector, contudo no existiram alteraes qualitativas significativas, permanecendo o enfoque na escolaridade obrigatria (ampliando-se o Ensino Recorrente - 1 e 2 Ciclos) e algumas aces de formao profissional inicial.

Perante a situao da populao adulta portuguesa, foi constitudo o Grupo de Misso para o Desenvolvimento da Educao e Formao de Adultos, por deciso conjunta do Ministrio da Educao e do Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Social. (Veloso, 2004:212). Um dos seus objectivos era a criao de uma agncia nacional de educao e formao de adultos. Surge assim, em1999, a ANEFA, sob a tutela conjunta dos Ministrios da Educao e do Trabalho a da Solidariedade, extinguindo-se o Grupo de Misso.

E onde nos conduz termos efectivos estas medidas? Se tivermos em considerao o mais recente documento oficial Programa Operacional Temtico Potencial Humano 2007 2013 e quais as suas finalidades/objectivos, temos a sensao de estar perante o relatrio Delors, com uma actualizao de semntica, com a introduo de novos conceitos como coeso social, sustentabilidade e o nfase dado globalizao. A Educao j foi contemplada com inmeros financiamentos da EU, esperando-se que o Prodep III lidere a evoluo do sistema educativo na primeira dcada do novo milnio, inspirado por uma Viso de Qualidade do servio pblico de educao.

So elementos fundamentais destes Programas de desenvolvimento educativos para Portugal:

a convergncia, com os outros pases europeus, das taxas de pr-escolarizao e de escolarizao no ensino secundrio;

a abertura prestao de novos servios pelas instituies escolares, especialmente dirigidos a adultos e activos, estimulantes de Aprendizagem ao Longo da Vida;

a rpida evoluo do sistema tradicional de ensino para um sistema de aprendizagem orientada, no qual os alunos so estimulados a aprender com os meios e ao ritmo do seu tempo.Se atendermos aos indicadores abaixo representados, podemos verificar que h um conjunto de factores que coloca Portugal muito longe da Unio Europeia o que nos levar a questionar como o faz o POTPH no seu estudo constatando que no Mercado de Emprego o primeiro trao caracterstico da situao portuguesa relativamente ao emprego encontra-se na coexistncia de uma elevada participao dos vrios segmentos no mercado de trabalho (com taxas de actividade e emprego elevadas e uma taxa de desemprego persistentemente inferior mdia europeia, ainda que em crescimento nos ltimos anos), com uma forte segmentao do mercado de trabalho e com a concentrao do emprego em segmentos de baixa produtividade e actividades de menor sofisticao. Verifica-se um dfice de procura e dfice de oferta de qualificaes que faz com que o panorama Portugus se mantenha to dispare da OCDE. Taxa de emprego

Fonte: Eurostat - Indicadores estruturais, standardizados; OCDE, Education at a Glance 2006, para Peso do ensino secundrio vocacional (UE19).Fig. 2Penso que ser de toda a pertinncia fazer aqui referncia ao encontro em que participei na Biblioteca de Vila Nova de Gaia, a 5 de Abril, no mbito do convite feito pelos participantes do Curso (Per)Cursos de Educao e Formao de Adultos, como j referi anteriormente, intitulado Feira das Vaidades A caminho do futuro: qualificar para qu? O Prof. Alcoforado colocou esta questo sendo que todo este esforo de qualificao questionvel se no forem criadas as infra-estruturas necessrias que suscitem e valorizem essa qualificao, ou seja, para que a formao produza efeitos de coeso social tem de haver outros sistemas que permitam que esta articulao qualificao emprego - coeso social.

O atrs referido foram algumas das reflexes que nos deixou o Dr. Alcoforado e que deixa a pergunta do debate: A caminho do futuro: qualificar para qu? sem resposta, mas com propostas de reflexo sobre a complexidade, no do processo de certificao, mas do sistema que lhe ter de dar continuidade.

Importa, talvez, aqui salientar a importncia de reforar a articulao Ministrio da Educao Ministrio da Segurana Social e do Trabalho, em particular na educao e formao de jovens.

Obviamente esta interrogao Qualificar para qu? deve ainda mais incentivar os cidados a aumentar o sua qualificao, aumentar o seu esprito crtico e poder assim juntar-se reflexo sobre estas questes e pressionar quem tem o poder de gerir e criar estratgias de as repensar se no esto a ser efectivas.

Nos nossos dias, o que designa uma sociedade desenvolvida uma sociedade baseada no conhecimento que seja eficaz na capacitao dos seus cidados no sentido da coeso e da sustentabilidade social. Seguindo esta linha de pensamento, esta ter de apostar na educao, a Educao torna-se indissocivel do desenvolvimento econmico.A fasquia da escolaridade mnima obrigatria aumentou do 9 para o 12 ano e a Iniciativa Novas Oportunidades responde de forma ambiciosa a este grande desafio de elevar rapidamente os nveis de qualificao dos portugueses e tornando o 12.ano o nvel de escolaridade de referncia. A (POPH) constitui um dos maiores programas operacionais de sempre concentrando perto de 8,8 mil milhes de euros de investimento pblico, dos quais 6,1 mil milhes so comparticipao do Fundo Social Europeu. No Quadro de Referncia Estratgico Nacional (QREN), esta dotao representa 37% dos apoios estruturais, naquela que uma aposta estratgica sem precedentes na qualificao dos portugueses e no reforo da coeso social. At 2010 dever ser apoiada a qualificao de 1 milho de activos, associada expanso da rede de Centros Novas Oportunidades, bem como a qualificao de 650 mil jovens, assegurando que o 12 ano seja o referencial mnimo de escolaridade e que as ofertas profissionalizantes de dupla certificao passem a representar metade das vagas em cursos de educao e de formao que permitam a concluso do secundrio. Estes so apenas alguns exemplos daquilo que podemos antever como resultados que se esperam da execuo do Programa: um pas em que os activos esto melhor qualificados, em que os jovens concluem o secundrio e em que o abandono escolar est a ser vencidoO Decreto-Lei n369/2007 de 31 de Dezembro, do Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Social, traduz explicitamente tudo o que at agora foi dito em relao ao estado da qualificao da populao. Apesar dos progressos realizados, a realidade nacional, e o ritmo de evoluo em matria de qualificaes, continuam muito longe dos pases mais desenvolvidos, no assegurando ao pas as condies necessrias ao seu desenvolvimento, no contexto de uma economia global cada vez mais baseada no conhecimento (Dirio da Republica, 2007:9165).

A concretizao desta ambio passa por uma estratgia dual. Por um lado, a elevao das taxas de concluso do nvel secundrio nos jovens, com um forte combate ao abandono precoce e uma aposta no reforo das vias profissionalizantes. Por outro lado, a persistente recuperao dos nveis de qualificao da populao adulta, atravs da conjugao da educao de adultos com a generalizao dos processos de reconhecimento, validao e certificao de competncias.

A este respeito, um relatrio da OCDE de 2003 faz uma anlise muito interessante do abandono, dos adultos dos processos de formao; seno, vejamos: A falta de tempo as razes mais invocadas pelos adultos para explicar a sua recusa em iniciar uma formao, sobretudo se ela no for profissional. -lhes difcil encontrar tempo para continuar o curso. Isto reflecte tambm os seus compromissos profissionais e familiares, e para alm disso de que eles esto pouco convencidos dos benefcios da aprendizagem. Os seus problemas financeiros so tambm referidos como barreiras aprendizagem (OCDE 2003:5)Resumidamente, a questo da falta de tempo, assim como a falta de convico dos benefcios da aprendizagem, so os factores mais relevantes para o abandono ou no frequncia da formao de adultos. A falta de contrapartida financeira tambm tida como um obstculo.

Este relatrio chama a ateno dos decisores polticos para a necessidade de acompanhar estes adultos, para que estes se apercebam dos benefcios da aprendizagem. Refere, ainda, ser importante haver uma formao simples e acessvel, essencialmente para os de mais baixa qualificao. Por outro lado, alude tambm aos casos particulares dos excludos como, por exemplo, os que tm pouca qualificao ou pouca educao, os que vivem na periferia ou com barreiras psicolgicas. No relatrio acusa-se mesmo as instituies de fornecerem formao mas nem de modo transparente ou coerente. (ibidem:7) Os pases da OCDE reconheceram a necessidade de uma interveno pblica por razes de equidade e de eficcia. Pode ler-se ainda: as medidas devem tornar a aprendizagem mais atraente para os adultos . A criao de sistemas modulares . a decorrer em Portugal, d aos adultos a possibilidade de estudar ao seu prprio ritmo. (ibidem:8)

No podia deixar de referir um pargrafo deste relatrio que elogia Portugal.O Reconhecimento das aquisies anteriores. Avaliar e Certificar os Conhecimentos e as Competncias adquiridas no trabalho, em casa ou na sociedade, uma das formas de motivar os adultos, porque estes tm a certeza de no irem perder tempo a apreender coisas que j sabem. O sistema nacional Portugus de Reconhecimento, de Validao e de Certificao do nvel de educao e de experincia pessoal deste ponto de vista exemplar. (ibidem:9)Para materializar o atrs referido, abaixo, no quadro I podemos constatar que no primeiro ano, 2001, ntida a fase se implementao que contrasta com os nrs. do ano 2002 que mostra uma grande evoluo no nmero de inscritos, sendo que essa proporo mantida nas outras etapas.

No sentido de reforar ainda mais a dinamizao da procura e os resultados, de acordo com o Relatrio INICIATIVA NOVAS OPORTUNIDADES DOIS ANOS EM BALANO de 2007, posemos constatar que o nr. de adultos abrangidos pela Iniciativa Novas Oportunidades at ao final de 2007 foi de 352.563, dos quais 150.542 procuraram uma qualificao de nvel secundrio.A estes resultados no esto alheios o reforo da coordenao na execuo de polticas de educao e formao em Portugal(ibidem:3).

A expanso e a consolidao da rede de Centros de Novas Oportunidades, assim como a reestruturao dos Cursos de Educao e Formao de Adultos, contribuiriam de uma forma decisiva para que estes resultados fossem possveis.O quadro II, d-nos conta da magnitude desta evoluo em termos de procura e de posicionamento diferenciado quanto ao seu processo de qualificao, tendo em conta as etapas que constituem as etapas dos CNOs. Total de adultos abrangidos pela Iniciativa Novas Oportunidades, por situao

(31.Dez.2007)BsicoSecundrio

Centros Novas Oportunidades174 759148 708

Inscritos

Em diagnstico

Encaminhados

Em processo de RVCC

Certificados42 518

19 014

3 359

59 068

50 80080 331

47 721

2 710

17 778

168

Cursos de Educao e Formao de Adultos27 2621 834

Quadro II

Fonte: SIGO, Dezembro de 2007, Programas Operacionais, IEFP. tambm feita referncia extinta ANEFA Como exemplo de uma instituio especfica que ajuda na coordenao das polticas de aprendizagem dos adultos, encontra-se em Portugal a ANEFA (Agncia Nacional de Educao e Formao de Adultos) e o Conselho para a Aprendizagem e as Competncias, (Learning et Skills Council) no Reino Unido. (ibidem:12). Este relatrio da OCDE, como podemos verificar pelo atrs exposto, dava uma opinio bastante favorvel quanto actuao de Portugal e as medidas que estava a adoptar.

Quais as finalidades da ANEFA? No Decreto-Lei n. 387/99 de 28 de Setembro (Revogado pelo n. artigo 37. do Decreto-Lei n. 208/202 de 17 de Outubro, criada atravs de diploma a ANEFA (Agncia Nacional de Educao e Formao de Adultos). Neste diploma pode ler-se que a ANEFA foi criada com a natureza de instituto pblico, sujeito tutela e superintendncia dos Ministros da Educao e do Trabalho e da Solidariedade, concebida como estrutura de competncia ao nvel da concepo de metodologias de interveno, da promoo de programas e projectos e do apoio a iniciativas da sociedade civil, no domnio da educao e formao de adultos, e ainda da construo gradual de um sistema de reconhecimento e validao das aprendizagens informais dos adultos.

A ANEFA manteve-se em regime de instalao at a sua integrao final em 2002 (Decreto-Lei n. 208/2002, de 17 de Outubro) na Direco Geral da Formao Vocacional (DGFV), actual Agncia Nacional para a Qualidade, (ANQ). As finalidades em pouco diferem. Dos objectivos que previa o diploma que criou a ANEFA e os que prev a ANQ, a diferena flagrante na qualificao mnima a que se refere a ANQ, ou seja o 12 ano. No restante e com 8 anos de diferena os objectivos a que se propem so os mesmos. Seno vejamos o quadro comparativo: Quadro comparativo entre finalidades da ANEFA e da ANQFinalidades da ANEFA

Finalidades da ANQ

O desenvolvimento da educao e formao ao longo da vida, considerada como condio para a plena participao na sociedade, assenta num conceito de educao de adultos definido como o conjunto de processos de aprendizagem, formais ou no formais,. Uma poltica de educao de adultos que visa, em simultneo, corrigir um passado marcado pelo atraso neste domnio e preparar o futuro deve assegurar respostas eficazes e adequadas que garantam a igualdade de oportunidades, permitam lutar contra a excluso social atravs do reforo das condies de acesso a todos os nveis e tipos de aprendizagem, ao mesmo tempo que asseguram a transio para a sociedade do conhecimento. Nesta ptica, a estratgia para a educao e formao de adultos deve combinar uma lgica de servio pblico e uma lgica de programa, que se traduza no estmulo e apoio iniciativa e responsabilidade individual e de grupos, no sentido de uma capacitao crescente das pessoas e das comunidades, privilegiando para isso a dimenso local e regional e mobilizando a sociedade civil. Assim, a aco a desenvolver deve dar visibilidade e substncia a estratgias de valorizao pessoal, profissional, cvica e cultural, na ptica da empregabilidade, da criatividade, da adaptabilidade e da cidadania activa.

misso da ANQ, I. P., coordenar a execuo das polticas de educao e formao profissional de jovens e adultos e assegurar o desenvolvimento e a gesto do sistema de reconhecimento, validao e certificao de competncias. A coordenao das polticas de educao e formao, assegurando a coerncia e a pertinncia da oferta formativa orientada pelo objectivo da dupla certificao, bem como a valorizao dos dispositivos de reconhecimento, validao e certificao de competncias so pilares fundamentais da estratgia de qualificao da populao portuguesa e de promoo da aprendizagem ao longo da vida protagonizadas, em particular, pela Iniciativa Novas Oportunidades. Esta Iniciativa prope metas ambiciosas no domnio da certificao escolar e profissional da populao e exige a mobilizao alargada dos instrumentos, polticas e sistemas de qualificao. tm por principal desgnio promover a generalizao do nvel secundrio como qualificao mnima da populao portuguesa. A interveno da ANQ, I. P. visa assim, de modo global e articulado, melhorar a relevncia e a qualidade da educao e da formao profissional

Quadro IIIA leitura do quadro suscita diversas questes, como por exemplo o que se tem feito a nvel da educao nos ltimos anos? Ou ainda qual a razo se temos tantos projectos o que que falha em termos de eficcia? um problema complexo. E educao em Portugal traz muitos anos de atraso a que o poder poltico, a escola, os alunos os seus encarregados de educao e a sociedade no so alheios. Verifica-se uma preocupao com o abandono e o insucesso escolar. Procurarei seguidamente enfatizar a pertinncia deste assunto.No Dirio da Republica, de 24 de Agosto de 2004, pode ler-se: No passado dia 7 de Abril, o Plano Nacional de Preveno do Abandono Escolar (PNAPAE) foi apresentado publicamente como um plano de aco da iniciativa do Governo, da responsabilidade conjunta dos Ministrios da Educao e da Segurana Social e do Trabalho

Comea, assim, a tomar-se conscincia de que o abandono um problema de desenvolvimento, um problema de poltica educativa. O abandono, sem qualificaes, do sistema de educao e formao, constitui um problema social multipolar e complexo, que no pode reduzir-se a um problema escolar. Trata-se de um problema de desenvolvimento que remete para expectativas, modos de conceber e valorizar o papel da escola e do trabalho e recursos socioeconmicos (Dirio da Republica 2004:12 893). Pode ainda ler-se: Apesar de as causas do fenmeno no radicarem exclusivamente na escola, possvel e desejvel interagir e intervir tambm a partir dela, considerando as restantes vertentes. O abandono um problema de desenvolvimento, mas que em tudo diz respeito escola e aos dispositivos de educao/formao que aqui desempenham um papel central. Exigindo actuao em muitos campos e nveis, trata-se de um problema em relao ao qual se podem encontrar algumas linhas estratgicas de interveno a partir do contexto educativo. No o fazer pe em risco o cumprimento dos seus prprios fins. Ao faz-lo dever-se- ter em devida conta as condicionantes sociais que possibilitam ou dificultam o sucesso educativo, o que passar, nomeadamente, por reforar a interveno pela via do apoio econmico e social aos alunos e suas famlias (idem.)

A percepo de que a concluso do nvel de escolaridade obrigatria por parte dos jovens por oposio ao abandono precoce , eventualmente a soluo mais difcil, mas a mais eficaz para que a longo/mdio prazo, no haja adultos que sofreram os efeitos do abandono escolar precoce (Dirio da Republica, 2007:9166) e, consequentemente, no se verifique este atraso recorrente que se tem verificado ao longo das ltimas dcadas.

Um dos indicadores do abandono precoce a reteno escolar. No Jornal dirio, o Pblico, de 30 de Abril de 2008, na pgina 8 podia ler-se como ttulo da pgina da Educao: - Ministra lembra ineficcia das elevadas taxas de insucesso escolar. Como subttulos tnhamos: -Chumbos no bsico e secundrio custam mais de 600 milhes de euros por ano e - Relatrio da OCDE diz que faltam provas de que a reteno traga benefcios para os alunos, alerta para os elevados custos e sugere estratgia da Finlndia como eximo a seguir. Para a ministra, e citando o jornal, a soluo passa pela identificao precoce das dificuldades, rejeita a ideia de facilitismo : facilitismo chumbar. Rigor e exigncia fazer com que todos aprendam.

Mas, afinal, o que diz o estudo da OCDE? Citando a mesma fonte dito que A Finlndia recorre a um conjunto de intervenes formais e informais para ajudar a quem est a ficar para trs na escola

Todo este discurso vem reforar as diversas teorias anteriores de que tero de se centrar na promoo da escola, valorizando Socialmente a Escola e a escolaridade de doze anos uma Escola e uma escolaridade teis, integradoras e com sentido vocacional, capazes de criarem uma cultura de Aprendizagem ao Longo da Vida. A criao e o desenvolvimento do Sistema RVCC justificam-se pelos baixos nveis de escolaridade da populao portuguesa e pelo facto duma parte significativa desta populao exercer funes e responsabilidades, sociais e profissionais, nas quais evidencia competncias e conhecimentos muito para alm das que correspondem s suas certificaes/qualificaes. Atravs dos RVCC poder ver as suas competncias traduzidas e equiparadas ao conhecimento formal, que poder ser de nvel bsico ou secundrio.A capacidade de proceder ao reconhecimento de competncias adquiridas ao longo da vida, i.e., posicionar os indivduos face a um dado referencial de competncias, transversais ou especficas e relevantes para a sua progresso escolar e profissional, atravs de metodologias para alm da tradicional certificao formal , como j vimos, fundamental, (in Programa Operacional Temtico Potencial Humano, 2007:56).

Penso que percorri um caminho terico que me conduz e me permite focalizar na especificidade do Reconhecimento, Certificao e Validao de Competncias, considerando que o atrs dito conduz compreenso da sua existncia. Gostaria de tambm ter conseguido abordar eficazmente a problemtica do abandono escolar precoce como conducente a estes adultos com dfice de qualificao formal. Por ltimo, e no menos importante, a recorrncia dos abandonos.

Depois da reflexo teoria sobre a educao de adultos e os processos de RVCC em Portugal

e da anlise e discusso das polticas e da sua implementao na rea das competncias adquiridas ao longo da vida, , sinto que estou mais vontade para seleccionar a metodologia a adoptar para a problemtica que irei tentar desconstruir, como j referido, - o abandono dos adultos que j se encontram em processo de RVCC -.

Capitulo 3 - Opes MetodolgicasSer talvez pertinente relembrar que a investigao que me proponho efectuar partiu de um estudo feito no anterior, [Validao e Certificao de Competncias: Factores Explicativos do Abandono no Centro de Reconhecimento Validao e Certificao de Competncias (Vila Nova de Gaia) da Cruz Vermelha Portuguesa Gina Curralo - Universidade De Trs-os-Montes e Alto Douro -Plo de Miranda do Douro].Para uma melhor compreenso do estudo ento realizado transcrevo o Resumo do mesmo: O objecto deste estudo compreender os abandonos no processo de RVCC da CVP. Foi utilizado o mtodo quantitativo, atravs do inqurito por entrevista (populao = 140) e uma anlise descritiva utilizando o programa SPSS 14.0. Predomina o sexo feminino; a mdia de idades 36; tm em mdia 1 filho; maioria dos adultos casada; 90,7% residem em Vila Nova de Gaia. Populao desempregada tenciona aumentar o nvel de escolaridade para posteriormente melhorar a empregabilidade. Grande percentagem dos adultos desempregados abandona o processo por motivos de integrao profissional. Quanto aos motivos de abandono uma elevada percentagem tem a ver com o processo de RVCC, o motivo mais apontado foi a dificuldade na elaborao do dossier pessoal.A Dr Gina Curralo cedeu-me gentilmente o seu relatrio, assim como os questionrios que serviram base para iniciar o meu estudo.A anlise quantitativa do estudo anterior iria ser esmiuada porque A investigao qualitativa faz luz sobre a dinmica interna das situaes (Bogodan e Biklen, 1994:51) [atravs do] registo to rigoroso quanto possvel do modo como as pessoas interpretam os significados) . Considerando que a minha rea de formao das Cincias Sociais e Humanas, que procuram compreender o significado que os acontecimentos tm para as pessoas vulgares em situaes particulares (idem:53) a abordagem qualitativa considerada o mtodo capaz de interpretar os sentidos da complexidade das relaes entre os indivduos que interagem em situaes concretas, que justamente o caso destes adultos, com o ensino formal deixado para trs h muitos anos, e que por motivos diversos decidem aumentar o seu nvel de escolaridade.Segundo Canrio (1996:65) um problema corresponde sempre a um ponto de vista, algo que no dado mas sim construdo e essa construo mais importante que a soluo, porque a determina.

Esta citao de Rui Canrio, assim como as anteriores serviram de inspirao para as minhas opes metodolgicas. A minha primeira abordagem metodolgica foi olhar os questionrios feitos aos adultos e ver se encontrava algum indicador para o motivo do abandono ser a dificuldade de elaborao do dossier pessoal, (No que concerne aos motivos de abandono, de salientar os que esto relacionados com o processo de RVCC, nomeadamente dificuldades na construo do dossier pessoal (com maior relevncia estatstica),( relatrio Gina pag. 33)As perguntas do questionrio elaborado pela Gina Curralo, que levam a essa concluso so as nr. 25 e 26, que so:25 - Em que fase do processo RVCC desistiu?

Durante o processo RVC Durante a formao

No fim da formao Dossier terminado 26. Porque razo abandonou o processo de RVCC? (Pode indicar mais do que uma opo).

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

Dificuldade na construo do dossier pessoal

Dificuldade nas sesses individuais Dificuldade nas sesses colectivas Dificuldade na formao Dificuldade na defesa do dossier pessoal perante o jri de validao Dificuldade na compreenso dos instrumentos/fichas Falta de acompanhamento por parte dos profissionais RVCC Dificuldade de relacionamento com os profissionais RVCC

Dificuldade de relacionamento com as formadoras Dificuldade de relacionamento com os(as) colegasSimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

SimNo

Horrio desajustado Durao do processo demasiado longa Por motivos de integrao profissional

Por motivos de doena

Por motivos familiares

Por a realizao do processo ter sido imposta

P/ frequentar outra aco de formao, curso ou processo de RVCC

Outras

Qual(ais)? _______________________________________________

Apercebi-me que quase sem excepo, na resposta pergunta 26, apesar das vrias opes dadas para resposta, havia muitas anotaes dando conta de outras justificaes para o abandono do processo RVCC, que se incluam nas Outras, Quais?. Construi um quadro com as anotaes / justificaes de cada questionrio. Tinha deste modo, recolhido as razes para o abandono, do ponto de vista do adulto e que no cabiam no leque de opes previstas.Esta percepo, levou-me a questionar se haveria conhecimento do ponto de vista do adulto, dos seus constrangimentos, enfim dos motivos que o levavam a abandonar o processo RVCC por parte do CNO da CVP, mas concretamente do quadro tcnico pedaggico e da sua Direco. E quem me poderia dar conta disso? Para perceber se o abandono na perspectiva dos adultos era entendida e percepcionada pela equipa tcnico pedaggica necessitava de saber qual a concepo que estes profissionais e formadores tinham sobre o abandono dos adultos em processo.Depois de ter a anuncia, da supervisora e da coordenadora de estgio, perguntei da disponibilidade dos profissionais e formadores envolvidos no processo desses adultos para uma entrevista. Parti para a elaborao do Guio da Entrevista.A entrevista

A entrevista foi a opo metodolgica que escolhi no apenas por ser uma das tcnicas mais usadas pelas metodologias qualitativas, o que j de si carta de apresentao relevante, mas porque a possibilidade de optar por uma apresentao semi- estruturada () permitia ter os mesmos pontos de referncia para todos os indivduos entrevistados () (Terrasca, 1996: 90)De acordo com Manuel Matos, este tipo de entrevista define-se como entrevista semi - directiva, porque todos os aspectos que o entrevistado deve responder so previamente planificados pelo entrevistador, mas o modo e a ordem como so desenvolvidos ficam disposio do entrevistado, depois de ter sido introduzido o mote inicial (s/d:2). No segui risca esta definio, tendo sempre o cuidado de deixar fluir o dilogo, mas quando achava oportuno introduzia a questo seguinte. Esta minha preocupao prende-se com o fao de como me propunha fazer anlise de contedo das entrevistas, seria bom haver um fio condutor nas entrevistas a realizar (mas nunca inibidor do que o entrevistado tinha para dizer), at porque no decorrer das entrevistas surgiram questes relevantes para a compreenso da investigao, que abordarei numa fase posterior.A entrevista foi elaborada tendo em conta os objectivos do trabalho, nomeadamente as perguntas do questionrio feitas aos adultos (perguntas 26 e 27), assim como as respostas encontradas como significativas no quadro j referido (anexo VIII). O objectivo era perceber se os profissionais e formadores atribuam o mesmo significado ao abandono que os adultos. O que se pretendia era fazer a anlise do sentido que os actores do s suas prticas e aos acontecimentos com os quais se vem confrontados: os seus sistemas de valores, as suas referncias normativas, as suas interpretaes de situaes conflituosas ou no, as leituras que fazem das prprias experincias, etc. (Quivy e Campenhoudt, 1997: 193).Citando (Cohen e Manion, 1990:385) este tipo de entrevista permite ao investigador indagar de modo a que possa penetrar mais profundamente, se pretender, ou aclarar mal entendidos [por outro lado] tambm podem ter como resultado respostas inesperadas ou imprevistas. , na realidade esta preocupao que est presente no estudo, o procurar acrescentar algo que nos leve compreenso da questo de partida.As entrevistas foram agendadas de acordo com a disponibilidade dos entrevistados, tendo estes sido bastante receptivos. A entrevista teve lugar nas instalaes da CVP. As questes foram colocadas atravs de perguntas pr - definidas (anexo IX) que orientavam para o tema, deixando, no entanto margem para um discurso aberto, para no correr o risco de se perder informao. Na ltima questo era dada a oportunidade de acrescentar alguma coisa que no tivesse sido referida e que considerassem pertinente.

Cada entrevista tinha a durao prevista de 45 minutos, tendo atingido sensivelmente os 60 minutos. Antes do incio de cada entrevista era perguntado ao entrevistado se tinha dvidas quanto ao objectivo da entrevista, (na reunio para saber da disponibilidade para a entrevista tinha informado que o objectivo da mesma seria o aprofundar as questes do abandono estudadas pela Gina Curralo). Foi garantido o anonimato das mesmas. Foi pedida autorizao para gravar, no tendo havido objeces. A anlise de contedoSegiu-se um trabalho moroso de transcrio das entrevistas com o objectivo de proceder anlise de contedo das mesmas.A finalidade da anlise de contedo de acordo com Jorge Vala ser pois de efectuar inferncias, com base numa lgica explicitada, sobre as mensagens cujas caractersticas foram inventariadas e sistematizadas (Vala 1986:104). A escolha da anlise de contedo prende-se com o facto de oferecer a possibilidade de tratar de forma metdica informaes e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade (Quivy e Campenhoudt, 1997:227)Na perspectiva de Bardin (1977), a anlise de contedo pode ser entendida como "um conjunto de tcnicas de anlise das comunicaes visando obter, por procedimentos, sistemticos e objectivos de descrio do contedo das mensagens, indicadores (quantitativos ou no) que permitam a inferncia de conhecimentos relativos s condies de produo/recepo (variveis inferidas) destas mensagens" (Bardin, 1977:42).Ainda de acordo com Bardin quem se prope fazer anlise de contedo, deve ter bem presente que esta aparece como um conjunto de tcnicas de anlise das comunicaes, que utiliza procedimentos sistemticos e objectivos de descrio do contedo das mensagens (ibidem:37). Pela pesquisa terica esta abordagem metodolgica que terei de efectuar.Seguindo a metodologia proposta por Bardin (1995), foi feita a leitura flutuante de todas as entrevistas transcritas de forma a tentar perceber um fio condutor numa tentativa de tornar a leitura mais precisa de acordo com a nossa investigao. Segue-se uma fase no menos morosa e cansativa que consiste na codificao.

Tratar o material codific-lo (ibidem:103), ou ainda segundo Jorge Vala classificao, a categorizao uma tarefa que realizamos quotidianamente com vista a reduzir a complexidade do meio ambiente, estabiliz-lo, identific-lo, orden-lo ou atribuir-lhe sentido (2007:110).A presena destes ncleos de sentido deve adquirir significado na medida em que significa alguma coisa para o objecto de anlise. O trabalho de limpeza do texto vinha enfatizando estes ncleos de sentido que comeavam a dar corpo a um conjunto de categorias que me permitiam inferir algumas discusses ainda que prematuras.

Como atrs referido, os resultados brutos foram tratados de maneira a tornarem-se significativos (falantes) e vlidos (Bardin, 1995:101), pela seleco dos ndices (tirados do texto) e registo da sua frequncia, que serviram de indicadores para as categorias. O tratamento das mensagens do texto pela sua fragmentao em categorias permitiu uma descrio/enumerao das caractersticas do texto, por dedues lgicas (inferncias).

Na anlise de contedo s entrevistas feitas aos profissionais e formadores, assim como aos questionrios dos adultos, segui a esteira de Laurence Bardin relativamente ao conceito de tema unidade de que se liberta naturalmente segundo critrios relativos de um texto analisado segundo critrios relativos teoria que serve de guia leitura (ibidem:105). Captulo 4 - Resultados e DiscussoA discusso feita de acordo com os resultados da investigao. Nesta confluiro todos os dados recolhidos que se revelaram pertinentes para a compreenso da questo de partida, sendo que a investigao emprica constou da anlise de documentos, da anlise de contedo das entrevistas e dos questionrios feitos aos adultos. Como j referido esta investigao tem como objectivo a compreenso do abandono dos adultos em processo, procurando retirar das falas dos adultos, e das falas do quadro tcnico pedaggico as percepes de cada um tem quanto ao abandono.

Gostaria de, antes de iniciar a discusso incorrendo no risco de ser repetitiva, de recordar que esta investigao procura dar resposta a um pedido formal da Directora da do CVP.

Considerando a atrs exposto penso que ser pertinente enfatizar que o estudo da Gina Curralo, (estudo efectuado com adultos que abandonaram o processo entre 2004/2005) j foi elaborado com base nas inquietaes sentidas no seio da CVP de Vila Nova de Gaia. Atravs da leitura do relatrio de resultados do final de 2004 e de 2005 pode sentir-se, por um lado a conscincia das dificuldades, por outro a vontade de as ultrapassar. Os relatrios da C.V.P. Inicialmente prevista para o incio de Janeiro de 2004, a CVP iniciou a sua actividade em Junho de 2004 (por razes organizacionais que no pode transpor) o que veio alterar a forma as metas inicialmente previstas no Plano Estratgico de Interveno.

O nr. de inscritos em 2004 atingiu um total de 536 pessoas, distribuindo-se da seguinte forma:

O nr. de inscritos em 2004 (Junho /Dezembro)Transferncias de outros

Centros para GaiaInscritos em GaiaInscritos atravs de Rio MaiorTransferncias de outros centros para Rio Maior

Masculino12157273

Feminino142783312

Totais264356015Total 536

Quadro IVAt ao final do ano ocorrem apenas dois jris, tendo ficado validados e a aguardar certificao: uma adulta, a nvel B2 e treze adultos a nvel B3. Ressalvo que outros adultos foram encaminhados para outro tipo de formao (ver relatrio anexo XII), contudo na rea de RVC que queremos perceber os nmeros.H neste primeiro relatrio uma preocupao com as desistncias, tendo sido assumida uma outra designao a suspenso para os adultos que interromperam o processo ou no o tendo iniciado, no formalizaram a sua desistncia (Relatrio Anual 2004:18) Desistncias + Suspenso em 2004

DesistnciaSuspensoTOTAL

84856

.

Quadro V tambm de referir a preocupao logo na seleco dos adultos para iniciar o processo, sendo que quando so convocados para integrar os grupos, sendo considerada a disponibilidade de horrio dada na entrevista, haja desde logo um desfasamento entre o nmero de pessoas contactadas e as que efectivamente comparecem na primeira sesso. (ibd.4)Em 2005, Janeiro a Dezembro a realidade j era diferente:

O nr. de inscritos em 2005 (Janeiro/Dezembro)

Homens MulheresTotal de adultos

Inscritos directamente nas instalaes do CRVCC da CVP4786811159

Inscritos por transferncia de outros Centros272855

Total de inscritos5057091214

Quadro VI

Registaram-se entre Janeiro e Dezembro de 2005 um total de 699 adultos em processo de RVC, sendo 266 homens e 433 mulheres

Adultos certificados

HomensMulheresTotal de Adultos

Certificados71141212

Validados31316

Total74154228

Quadro VII curioso que neste relatrio no h nenhum quadro que exponha o nmero das suspenses, contudo a seguir ao quadro dos certificados pode ler-se: de salientar que so poucas as desistncias do processo formalmente assumidas pelos adultos. De forma geral, as pessoas simplesmente deixam de comparecer nas sesses sem o justificar, o que torna difcil o rastreio da sua situao e motivaes para esta atitude. Nesse caso, os seus processos consideram-se suspensos at que alguma informao seja prestada por parte do interessado.(relatrio CVP 2005:14)H conscincia plena das desistncias, suspenses ou abandonos, designaes que se assumem como diferentes s pelo processo de formalizao do adulto (em processo ou no), sendo a desistncia a que designa a conscincia do adulto do acto.Este relatrio de 2005 ainda mais pessimista ao afirmar: consideramos que tem sido neste mbito que se tem verificado uma maior dificuldade em atingir as metas propostas. Com efeito, apesar de se ter procurado adoptar estratgias que permitissem aumentar o volume de processos concludos, entendemos que existe ainda um trabalho a percorrer neste campo, que no nosso entender no pode passar por um descurar da qualidade da leitura e anlise dos dossis individuais. Do total de adultos que iniciam o processo, apenas uma percentagem reduzida chega ao final das sesses previstas com o trabalho concludo, apesar de se procurar instilar desde o incio um sentido de responsabilizao individual e da motivao (ibidem 15)H indubitavelmente uma preocupao explcita quanto s desistncias, sendo que estas influenciam os resultados finais, deixando eventualmente as metas fsicas comprometidas.

O estudo da Gina Curralo incidiu neste perodo de 2004/2005 regeu-se pelos seguintes procedimentos : Procede-se ao levantamento dos motivos que levam os adultos a desistirem do processo de RVCC no Centro da CVP. Em primeiro lugar, fez-se o levantamento dos adultos que iniciaram o processo de RVCC no ano de 2004 e 2005 e que no terminaram. Foi feito apenas o levantamento dos adultos inscritos no Centro, sendo excludos os adultos que se inscreveram nas itinernciasPosteriormente foi elaborado o inqurito por entrevista o qual questiona quais os motivos de desistncia do processo de RVCC e os motivos para a inscrio, como tambm, devido sua pertinncia a trajectria educativa e formativa e, a trajectria profissional. De seguida, o inqurito foi testado a 5 adultos e reestruturado. O inqurito por entrevista destinou-se a todos os adultos que iniciaram o processo de RVCC no ano de 2004 e 2005 e que no terminaram, num total de 422 adultos, 265 mulheres e 157 homens, dos quais participaram 140 indivduos, 89 mulheres e 51 homens, tendo sido aplicado entre os dias 17 Outubro e 18 de Dezembro (relatrio da Gina Curralo, pag 13).

So estes 140 indivduos (33%) do total dos desistentes, que levaram concluso que as razes mais apontadas seriam:

-dificuldade na construo do dossier pessoal (24,3%);

-motivos familiares (22,9%);

-motivos de integrao profissional (22,9%);

-motivos de doena (20,7%);

-sobrecarga horria (19,3%).

Razo de abandono dificuldade na construo do dossier pessoal aquela que est directamente relacionada com o processo de RVCC, sendo as outras razes de carcter pessoal.Tendo j percorrido os passos que me conduziam s categorias, poderei atravs dos indicadores retirados das entrevistas e dos questionrios, inferir algumas questes e percepes que os inquiridos tm sobre o abandono.

Assim, as categorias encontradas foram:

Categoria 1 Significado atribudo ao abandono dos adultos em processo RVCC

Categoria 2 Compreenso do abandono no incio e no fim do processo RVCC

Categoria 3 O abandono vs inteno em regressar.

Seguidamente, podem encontrar-se as categorias e subcategorias criadas a partir da anlise das entrevistas e dos questionrios:

Categoria 1

Significado atribudo ao abandono dos adultos no processo RVCCTabela 1Sub - Categorias

Incompreenso do

Adulto

Dificuldades

Sentidas pelo

Quadro tcnico - pedaggicoNatureza do processo RVCCOs objectivos do CNO

Metas fsicas a atingir

Categoria 2 Compreenso do abandono no incio e no fim do processo RVCC

Sub - Categorias

No incio expectativas e dificuldadesNo fim

Dificuldade na concretizao do dossier e desmotivao

Tabela 2

Categoria 3

O Abandono vs inteno em regressar

Sub - Categorias

O Estudo vs resultados efectivosPostura perante o abandono recorrente

Tabela 3

Resultados e discusses parciaisFoi muito difcil para mim, com tanta informao, organiz-la de forma coerente e produtiva. Sem nenhuma anlise mais profunda, s com os dados fornecidos j quase que poderamos dizer que todos tm conscincia do abandono, tanto em processo, como depois o recorrente. Falta agora aos motivos apontados, seja pelos profissionais, formadores ou adultos inferir-lhes sentido e legitimar as suas afirmaes tendo por base os fundamentos pelos quais se regem este processo de Reconhecimento, Validao e Certificao de Competncias. Os questionrios feito aos adultos pela Gina Curralo, na pergunta 26, havia lugar a 20 opes de resposta SIM ou NO e a Outras, Quais?

Pela anlise que fiz dos mesmos em 139 que analisei, apenas 13 no usaram a opo Quais? ou seja cerca de 91% dos inquiridos tinham algo a dizer. Foi precisamente, este no caber nas perguntas preestabelecidas que me fez reflectir o que teriam os adultos a acrescentar pergunta Porque razo abandonou o processo de RVCC? Visto pelo prisma da anlise morfolgica o nome dificuldade recorrente nas perguntas do questionrio, ex: Dificuldade na construo do dossier pessoal; Dificuldade nas sesses individuais, Dificuldade nas sesses colectivas, Dificuldade na formao, Dificuldade na defesa do dossier pessoal perante o jri de validao, Dificuldade na compreenso dos instrumentos/fichas, Dificuldade de relacionamento com os profissionais RVCC, Dificuldade de relacionamento com as formadoras, Dificuldade de relacionamento com os(as) colegas. As respostas aos questionrios, na opo Outras, Quais? o cenrio muito semelhante, seno vejamos os exemplos: Dificuldades em perceber porque tinham de fazer o dossier, de preencher instrumentos (quest. 69),Dificuldade nas respostas a dar (quest.30), Dificuldade em se expressar no papel (quest. 58), Dificuldade em expressar-se na escrita (quest.61), Dificuldade na matemtica (quest.78, 86), Dificuldade em falar da infncia, Dificuldade em passar para o papel a H.V. (67,75), Dificuldade em passar para o papel (quest.80).Este panorama de dificuldade explcito parece contrariar um pouco as expectativas do processo cuja aposta na qualificao da populao portuguesa se traduz na mensagem do Primeiro ministro O objectivo definido no Programa do Governo, que aqui se reafirma, o de fazer com que as vagas em vias profissionalizantes representem, em 2010, metade do total de vagas ao nvel do ensino secundrio.

De acordo com o estudo sobre o Impacto do Reconhecimento e Certificao de Competncias Adquiridas ao Longo da Vida, o processo RVCC assume grande importncia permitindo a todos as pessoas adultas, maiores de 18 anos, sem escolaridade bsica de 9,6 ou 4 anos verem reconhecidas, validadas e certificadas as competncias e os conhecimentos que foram adquirindo ao longo da vida nos mais variados contextos (2007:22). O que os manuais pretendem que seja um processo que cative os adultos, torna-se num processo demasiado inovador que cria dificuldades, inesperadas, como justificam os adultos:- Dificuldade em falar da infncia (quest.5)Tudo muito parecido e no sabe o que responder (quest.21)Dificuldades em perceber porque tinham de fazer o dossier, de preencher instrumentos, preguia (quest.69)

Tinha outras expectativas em relao ao processo; pretendia o ensino formal; sentiu-se inibido e envergonhado nas sesses colectivas. Queria outro tipo de certificao. Pensava que era como na escola. (quest.116)Mais sesses individuais, nas colectivas no conseguiam expor todos os problemas (quest.60)Estes so alguns dos comentrios que levaram os adultos a abandonar o processo. O que me parece relevante nestes excertos escolhidos no aleatoriamente que todos eles se podem incluir na Categoria 1- Significado atribudo ao abandono dos adultos no processo RVCC, e na sua sub- categorias: Incompreenso do Adulto.Parece-me pertinente fazer um cruzamento com o que pensa o quadro tcnico pedaggico, tendo em considerao as suas falas:

Sim h pessoas que no gostam, e alis, nem percebem muito bem [porque que interessa que eu fale da minha vida?] (ent B)A primeira essencialmente falta de compreenso do processo em si, que associavam escola muito ligado ao ensino formal de aprendizagem(ent. A)as pessoas achavam que vinham para aqui, que era um curso, que iriam aprender.. mas essencialmente porque as pessoas no sabiam muito bem o que que os esperava e tinham outras expectativas em relao ao processo, pensavam que iam aprender As pessoas vm muito com a ideia de que esto na escola e depois estamos a falar do Balano de Competncias que uma coisa nova (ent D)

Dificuldade de adaptao das pessoas ao modelo (ent. C)Ns mudamos os tipos de sesses, passamos para um processo mais individualizado (ent A)Se colocarmos lado a lado as percepes dos adultos e dos profissionais e formadores, no Significado atribudo ao abandono dos adultos no processo RVCC, e na sub - categoria: Incompreenso do Adulto, podemos verificar que as dificuldades sentidas e vivenciadas pelos adultos so percebidas pelo quadro tcnico-pedaggico. Incompreenso do adulto - Percepo dos adultosPercepo do quadro tcnico -pedaggico

Dificuldade em falar da infncia (quest.5, 20,22), Falta de -vontade para falar na H.V. Acha complicado escrever a H.V.

Tinha outras expectativas em relao ao processo; pretendia o ensino formal; sentiu-se inibido e envergonhado nas sesses colectivas. Queria outro tipo de certificao. Pensava que era como na escola. (quest.116) Tudo muito parecido e no sabe o que responder (quest.21

) Dificuldades em perceber porque tinham de fazer o dossier, de preencher instrumentos, preguia (quest.69) Mais sesses individuais, nas colectivas no conseguiam expor todos os problemas (quest.60) Sim h pessoas que no gostam, e alis, nem percebem muito bem [porque que interessa que eu fale da minha vida?] (ent) A primeira essencialmente falta de compreenso do processo em si, que associavam escola muito ligado ao ensino formal de aprendizagem(ent. A)

achavam que vinham para aqui, que era um curso, que iriam aprender.. e tinham outras expectativas em relao ao processo, pensavam que iam aprender As pessoas vm muito com a ideia de que esto na escola e depois estamos a falar do Balano de Competncias que uma coisa nova (ent D)

Dificuldade de adaptao das pessoas ao modelo (ent. C)Ns mudamos os tipos de sesses, passamos para um processo mais individualizado (ent A)

s

Quadro VIII Seguidamente, ser pertinente perceber se o quadro tcnico pedaggico sente algum constrangimento perante o abandono, considerando que identifica as dificuldades dos adultos. Assim, ainda dentro da Categoria 1- Significado atribudo ao abandono dos adultos no processo RVCC, na sub- categoria: Dificuldades Sentidas pelo Quadro tcnico pedaggico.De acordo com a anlise de contedo feita s entrevistas, destacam-se as seguintes unidades de sentido nesta sub-categoria:- a forma que estvamos a ter na altura de abordar o prprio referencial no seria a melhor. Portanto ns mudamos os tipos de sesses, passamos para um processo mais individualizado(ent. A)deve haver uma traduo do referencial para melhor assimilao pelos adultos (ent. C)

Passarmos de uma sesso individual, para neste momento estarem previstas de base trs h um maior acompanhamento, portanto foi destinado um determinado tempo para no final de cada sesso vermos efectivamente os dossiers, o que j nos da umas dicas(ent A)Estvamos tambm numa fase inicial, de implementao(ent. C)

Se no assumem essa autonomia no faz sentido estarem a reclamar um acompanhamento que elas sabem que partida est sempre disponvel, seno neste centro, noutro centro qualquer(ent. C)Evidentemente, para ns, aqueles instrumentos eram do mais tremendo e absurdo que podia haver e ns fizemos alteraes pedimos autorizao (ent.B)

processo novo para nstambm processo de crescimento para nstivemos dificuldade em expor de forma clara (ent A,B, C)Como se pode verificar h uma atitude bastante crtica, que iliba os adultos de uma grande parte das dificuldades que sentem, culpando se a equipa tcnico pedaggica, pela falta de maturidade sentida nessa data em relao ao processo que estava numa fase inicial. H aqui uma aluso a algumas dificuldades que o prprio processo RVCC encerra que ser posteriormente analisado. Os adultos tambm tm nos seus questionrios observaes que nos do conta desta dificuldade sentida pelo quadro tcnico pedaggico em relao a algumas dificuldades por eles sentidas. Seno vejamos:

No entendeu ao certo como era feito o processo (58)

No entende certos instrumentos. Instrumentos maadores e repetitivos(98) Os profissionais poderiam ter em conta as necessidades das pessoas com menos capacidade (49) Deixou andar e abandonou, depois pensou que podia continuar (110)

Deixou de se sentir vontade para vir mostrar o dossier, porque j tinha passado muito tempo (112)

O formador no ligou a dar o feedback do trabalho realizado (114) Veio entrevista e no voltou a ser chamado para iniciar o processo (128)Tambm aqui nesta sub categoria, Dificuldades Sentidas pelo Quadro tcnico- pedaggico, podemos com os exemplos retirados da anlise de contedo facilmente perceber que as dificuldades sentidas pela equipe tcnico pedaggica se reflectem no discurso dos adultos.

Dificuldades Sentidas pelo Quadro tcnico pedaggicoQuadro IX

Percepo do quadro tcnico -pedaggicoPercepo dos adultos

a forma que estvamos a ter na altura de abordar o prprio referencial no seria a melhor. Portanto ns mudamos os tipos de sesses, passamos para um processo mais individualizado(ent. A)

deve haver uma traduo do referencial para melhor assimilao pelos adultos (ent. C)

processo novo para nstambm processo de crescimento para nstivemos dificuldade em expor de forma clara (ent A,B, C)

Passarmos de uma sesso individual, para neste momento estarem previstas de base trs h um maior acompanhamento, portanto foi destinado um determinado tempo para no final de cada sesso vermos efectivamente os dossiers, o que j nos da umas dicas(ent A)

Se no assumem essa autonomia no faz sentido estarem a reclamar um acompanhamento que elas sabem que partida est sempre disponvel, seno neste centro, noutro centro qualquer(ent. C)

No entendeu ao certo como era feito o processo (58)

No entende certos instrumentos. Instrumentos maadores e repetitivos(98) Os profissionais poderiam ter em conta as necessidades das pessoas com menos capacidade (49)

Deveriam acompanhar mais a nvel individual (54)

Deixou andar e abandonou, depois pensou que podia continuar (110)

Deixou de se sentir vontade para vir mostrar o dossier, porque j tinha passado muito tempo (112)

O formador no ligou a dar o feedback do trabalho realizado (114) Veio entrevista e no voltou a ser chamado para iniciar o processo (128)

A anlise deste quadro fornece indicadores que nos permite concluir que as dificuldades sentidas pelo quadro tcnico pedaggico no lhe eram alheias, que eram o reflexo do processo ser novo e de apresentar dificuldades de interpretao do referencial. Por outro lado a questo basilar da autonomia que se pede ao adulto, por parte do quando tcnico profissional entendida como um dos princpios que regem o processo, e abdicar dele seria desvirtuar o processo, contudo ser que o adulto tem esta autonomia? Espera-se e deseja-se que tenha, mas no far parte do processo estimular essa autonomia? No estar na autonomia que o processo RVCC faz questo seja dada ao adulto, que os profissionais e formadores esperam que o adulto a manifeste, uma das razes principais para o abandono? O conceito de autonomia bastante complexo pelas relaes sempre presentes entre os diversos sistemas sociais em termos de autoridade versus subordinao, o que nos remete para o conceito de autonomia relativa de Fritzell, C. (1987). O que este autor advoga que seja desenvolvida uma autonomia crtica que dever no ser uma autonomia individual mas social (idem.)Considerando o quadro IX, e as falas assinaladas a verde h por parte dos tcnicos um delegar nos adultos da sua capacidade de autonomia que assumem estes detenham. Como se pode verificar h uma carga muito grande de inibio nestes adultos que os constrange, como referido no questionrio nr. 114 O formador no ligou a dar o feedback do trabalho realizado.A formao do quadro tcnico pedaggico ser tambm um dos pontos a referir, considerando que era um processo novo, no havendo experincia na rea. Mas se data a que se reporta o estudo (2004) a falta de formao pudesse ser uma realidade mais sentida, sabido que a formao cada vez mais uma necessidade pela constante evoluo quer de novas tecnologias ou de modelos de aprendizagem adaptados evoluo da sociedade e da solicitao do mercado de trabalho (e neste domnio, particularmente, o alargamento do modelo ao nvel secundrio). Tal a importncia dada formao que obrigatrio por lei a entidade patronal dar formao aos seus empregados. Durante o meu estgio foi solicitado pela Instituio Cruz Vermelha a realizao de um questionrio de levantamento de necessidades de formao, sendo uma necessidade sentida pelos profissionais e formadores. Feita a anlise dos questionrios, e considerando as respostas dadas, pode concluir-se que as necessidades sentidas em formao so direccionadas para as mesmas reas, bem como a seleco de prioridades pelos inquiridos so coincidentes.

Abaixo podem ver dois dos quadros mais representativos, podendo o relatrio completo ser consultado no anexo II.Cursos concretos de frequncia prioritria.

Grfico I

No que concerne os cursos de frequncia prioritria, por ordem decrescente so os seguintes; Balano de competncias; Orientao vocacional; Usos e gesto do tempo/ Informao; Processo de negociao; Gesto de informao e Gesto da formao. No deixa de ser curioso ser o Balano de Competncias o curso com mais solicitao, considerando que uma das reas chave deste processo. Motivos que levaram a assinalar as aces/reas de formao como prioritrias

Grfico II

Quanto aos Motivos que levaram a assinalar as aces/reas de formao como prioritrias, a respostas Necessidade de actualizao de conhecimentos e Necessidades de domnio de novas Competncias so as mais significativas, tendo sido tambm referido Necessidade de adaptao e mudanas tecnolgicas. Analisando estes dois quadros podemos verificar que h efectivamente uma necessidade partilhada pelo quadro tcnico-pedaggico das mesmas reas de formao, sendo os motivos coerentes com os cursos solicitados para formao.Esta necessidade sentida pelo CNO da C.V.P, referida no estudo da CIDEC, por quase todas as equipas, sendo que apostavam na formao interna dos profissionais, sendo que estes Centros realizavam periodicamente momentos de reflexo interna / autoavaliao. (2007:48). Pelo referido, penso ser pertinente neste momento da discusso reflectir e questionar a natureza do Processo RVCC (na altura do estudo), isto porque as dificuldades sentidas pelos adultos e pelo quadro tcnico-pedaggico sero certamente o reflexo de um processo que se encontrava em fase se implementao e tambm com dificuldades inerentes a algo que est a iniciar-se. Seguindo a mesma linha metodolgica, a anlise de contedo, foram encontradas nas entrevistas e nos questionrios indicadores que nos remetem para o Processo RVCC e a sua natureza, incluindo-se no que designei dentro da Categoria I - Significado atribudo ao abandono dos adultos no processo RVCC sub- categoria Natureza do processo RVCC.Temos ento os seguintes indicadores das entrevistas: Efectivamente os primeiros instrumentos eram muito repetitivos (ent.A),Evidentemente, para ns, aqueles instrumentos eram do mais tremendo e absurdo que podia haver e ns fizemos alteraes pedimos autorizao (ent.B),Concordo tambm plenamente que achassem os instrumentos repetitivos (ent E), ..nas quatro reas havia coisas que eram muito repetitivas.. (ent A),efectivamente os instrumentos so repetitivos (ent D)

o referencial efectivamente muito complexo.. (ent D)era tudo um processo muito recente e no era publicitado, de modo que o que no aparece na televiso e aquilo que ns no ouvimos falar, parece que no tem validade nenhuma(ent. B), Naquela altura o processo no era muito conhecido Actualmente existem trezentos e tal centros, uma rede muito difundida (ent. E) as 25 horas de formao era o mximo que, portanto, frisava-se muito o facto de sermos um CRVCC (ent.B), Voltando oferta de formao complementar em 2004/5, rea