DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES COMERCIAIS E DE...
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DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES COMERCIAIS E DE SERVIÇOS EM CIDADES MÉDIAS: UMA ANÁLISE DA AVENIDA DR. ARIMATRÉA
MONTE E SILVA EM SOBRAL-CE
Francisco Ielos Faustino Pereira1
Virgínia Célia Cavalcante de Holanda2
RESUMO O artigo ora apresentado analisa o processo de descentralização das atividades comerciais e de serviços
em cidades médias, tendo como objeto empírico de investigação a Avenida Dr. Arimathéa Monte e Silva (popularmente chamada de Avenida do Contorno), situada na cidade de Sobral, Ceará. Esse centro urbano vem passando, nas últimas décadas, por um intenso processo de reestruturação de seu espaço com a
descentralização das atividades terciárias para territórios além-centro, com busca seletiva pelas vias de saída da cidade. Na intenção de compreender os fatores que movem esse processo em Sobral, optamos por trabalhar com as definições de: centro e centralidade; reestruturação urbana; descentralização;
dentre outros. No que consiste a metodologia utilizada, realizamos: levantamento bibliográfico acerca das definições mencionadas; leituras de trabalhos que abordam a cidade de Sobral e; trabalho de campo, com levantamento de dados em diversas instituições, observações diretas e registro fotográfico,
realização de entrevistas com a gestão municipal e associações ligadas as atividades terciárias e aplicação de questionários junto aos proprietários de estabelecimentos comerciais e de prestadoras de
serviços localizados na Avenida em destaque. Os resultados evidenciam que a descentralização das atividades comerciais e de serviço ainda está em curso na cidade de Sobral, com tendência a uma dinâmica cada vez mais intensa.
PALAVRAS-CHAVE: Descentralização; Cidades Médias; Sobral.
INTRODUÇÃO
No presente, a paisagem das cidades médias exibe atributos semelhantes a dos grandes
centros urbanos, sendo expressivo: a expansão do perímetro territorial urbano, o adensamento
1 Prof. Me. da Escola Estadual de Educação Profissional Francisca Neilyta Carneiro Albuquerque. [email protected] 2 Prof.ª Drª. da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). [email protected]
Anais do III Seminário Regional Comércio, Consumo e Cultura nas Cidades. ISSN: 2318-048X. http://srccc.com.br.
populacional distante do núcleo central, a presença de modernos equipamentos de mobilidade urbana e
a descentralização de atividades terciárias. A cidade de Sobral, situada no noroeste cearense, a 235 km
de Fortaleza, capital do estado, é um exemplo dessa realidade urbana.
Figura 1 – Localização da Cidade Média de Sobral-CE Fonte: Prefeitura Municipal de Sobral/IBGE
Nos últimos anos, em decorrência da expansão da cidade, da especulação imobiliária e de outros
fatores, a população que chega a Sobral vem buscando alocar-se em espaços além-centro tradicional.
Nesse processo, esses habitantes possuem demandas por serviços nas proximidades do local de
moradia, resultando numa realocação das atividades terciárias.
Notadamente, a atividade terciária, em sua totalidade, tem aumentado em diversas localidades
distantes da área central de Sobral. No entanto, é perceptível que aqueles comércios e serviços mais
modernos vêm se concentrando em espaços seletivos, com destaque para as vias de saída da cidade.
Tais locais estão apresentando uma dinâmica diferenciada, se comparado a outros espaços da cidade.
Posto isso, o estudo em tela tem como objetivo principal compreender o processo de
descentralização das atividades comerciais e de serviços em cidades médias, a partir da análise da
Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva (popularmente chamada de Avenida do Contorno), importante
via de saída da cidade de Sobral em direção aos municípios de Meruoca, Massapê e Alcântaras.
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Para alcançarmos o objetivo proposto, inicialmente, foi efetivado o levantamento bibliográfico de
dados e informações gerais em livros, monografias, dissertações, teses, revistas científicas, entre outros.
Posteriormente, foram realizadas leituras de trabalhos de autores que pesquisam o espaço urbano, tendo
como cerne de preocupação as cidades médias, dentre eles, podemos destacar: Sposito (2007); Corrêa
(2007) e; Holanda e Amora (2011). Paralelo a isso, efetivamos discussões de temas necessários e
complementares para a compreensão do processo de descentralização nos centros urbanos, tais como:
centro e centralidade; descentralização; reestruturação urbana e; outros. Dentre os diversos autores
clássicos e contemporâneos que nos debruçamos para a compreensão desses temas, podemos elencar:
Corrêa (1989); Duarte (1974); Sposito (1991); Cordeiro (1978); Villaça (1998); Reis (2007) e; Souza
(2009).
No que concerne aos procedimentos de caráter operacional, realizamos coleta de dados em
diversas instituições, entre elas: a Prefeitura Municipal de Sobral, Junta Comercial do Estado do Ceará
(JUCEC), Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) e Câmara de Dirigentes Lojista
(CDL). De posse do material colhido nessas instituições, efetivamos a análise das informações, sendo
possível pensar um perfil das atividades terciárias em Sobral, no que consistem à: quantidade,
localização e dimensões dos empreendimentos comerciais e de serviços formalizados na cidade nos
últimos vinte anos.
O trabalho de campo para a captura de dados primários foi dividido em três momentos: 1)
observações diretas e registro fotográfico; 2) realização de entrevista e; 3) aplicação de questionários.
As observações diretas e os registros fotográficos, que objetivam um melhor conhecimento da dinâmica
da área de estudo, ocorreram em nosso cotidiano, como morador da cidade. Já no que concerne a
realização de entrevista, essa teve como foco compreender as principais estratégias utilizadas pelo poder
público para incentivar o crescimento da atividade comercial e de serviços em Sobral. Para tal objetivo,
capturamos os depoimentos da gestão pública municipal e de associações ligadas a esses setores, a
exemplo da Câmara de Dirigentes Lojista (CDL) e Associação Comercial e Industrial de Sobral (ACIS).
Aplicamos questionários junto aos proprietários ou gerentes de estabelecimentos comerciais e
de prestadoras de serviços situadas na Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva. Com a utilização dessa
ferramenta obtivemos informações como: atividades predominantes na via em estudo, perfil dos
empreendedores que buscam as áreas além-centro para seus investimentos, estratégias de mercado
(marketing) utilizadas pelos investidores na busca de novos consumidores, perfil (poder aquisitivo) dos
consumidores dos serviços oferecidos, entre outras. Após isso, reunimos os dados e efetiv amos a
tabulação e, por conseguinte, a construção de gráficos e tabelas, na intenção de uma melhor
interpretação das transformações ocorridas no espaço urbano de Sobral nos últimos vinte anos.
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Figura 2 – Esquema da organização comercial varejista Fonte: Adaptado de BERRY (1968)
O ESTUDO DA DESCENTRALIZAÇÃO NA GEOGRAFIA URBANA
Na literatura geográfica, verificamos que a discussão sobre a descentralização não é uma
preocupação nova, no entanto é mais recente do que as discussões acerca da centralização (CORRÊA,
1989). As primeiras formulações teóricas referentes à temática em tela d atam do início do século XX, e
estão relacionadas ao intenso crescimento e às transformações ocorridas em diversas cidades dos
Estados Unidos (CORRÊA, 2000; REIS, 2007; SOUZA, 2009).
Numa análise da pesquisa realizada por Reis (2007), constatamos que o autor divide as
interpretações a respeito da descentralização em dois períodos: o primeiro se inicia na década de 1920
e se estende até a primeira metade da década de 1970 e, o segundo compreende a última metade da
década de 1970 até o presente.
No primeiro período, a descentralização se caracteriza principalmente pelo surgimento de
diversos núcleos secundários, mas, apesar disso, o Central Business District (CBD) não perde a sua
condição de centro mais importante da cidade. Dentre as teorias mais significativ as desse período,
relacionadas a esse assunto, podemos destacar as realizadas por Brian Berry, em 1968.
Berry (1968), baseado na Teoria dos Lugares Centrais de Walter Christaller (1933), demonstrou
um novo modelo para o entendimento da organização das ativ idades terciárias no espaço intraurbano.
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Considerando o esquema do autor, a organização do comércio se estabelecia da seguinte
forma: Centros Planejados ou Espontâneos, em que se percebe uma hierarquia de centros; Eixos
Comerciais e Áreas Especializadas.
No modelo de Berry (1968) é notório o intenso processo de descentralização das atividades
comerciais pelo qual passaram as cidades após 1945, porém o esquema deixa claro que o CBD ainda
era o centro mais importante em relação aos outros centros da estrutura comercial da cidade. Ao tratar
desse assunto, Reis (2007, p. 16) destaca que:
Este modelo serve [...] como registro de uma fase da história da cidade moderna em que o processo de descentralização, embora transformasse profundamente a estrutura urbana, não colocava em xeque o papel dominante do CBD como o mais importante centro da metrópole,
o único que aninha toda a gama de funções de comércio e serviços mais especializados, sendo, os demais centros, núcleos dotados de uma estrutura funcional mais limitada e submetida ao CBD.
O esquema estruturado por Brian Berry é na realidade o resultado do crescimento demográfico
nas cidades, da descentralização das atividades comerciais, da maior facilidade de mobilidade das
pessoas para consumir, além de diversos outros processos que transformaram densamente a estrutura
comercial das cidades (SOUZA, 2009; CARVALHO, 2007).
No Brasil, embora o processo de descentralização tenha se iniciado na década de 1940,
quando, por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, Copacabana já se destacava como um subcentro, os
estudos sobre tal processo só vieram a ocorrer de fato após os anos de 1970, sendo uma das
contribuições mais expressiva a de Duarte (1974) que, assim como Brian Berry e outros estudiosos
estrangeiros, tiveram por base a Teoria dos Lugares Centrais de Christaller para elucidar a distribuição
das atividades comercias no interior da cidade já mencionada.
Nesse primeiro período e, mais especificamente na fase compreendida após Segunda Guerra
Mundial até a década de 1970, verificou-se que os estudos de Geografia Urbana sobre a temática da
descentralização estavam voltados principalmente para a busca de padrões de localização e da forma
espacial das atividades comerciais varejista no interior da cidade. Além disso, esses estudos
apresentavam uma característica da estrutura da cidade, como foi visto, constituída de um núcleo
principal, o CBD, que sempre se posicionava como o centro comercial mais importante entre todos os
centros da cidade.
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A partir da segunda metade da década de 1970, com a influência do materialismo histórico e
da dialética marxista sobre os estudos da cidade 3, inicia-se uma nova forma de pensar a
descentralização. Silva (2013, p.10) complementa essa informação ao relatar que:
Vários estudos começam a questionar a ideia da existência de uma hierarquia de centros na organização interna da cidade, sempre com o CBD figurando como o centro mais importa nte seja pelo fato de possuir maior diversidade funcional e volume de negócios seja por polarizar
uma área mais extensa que outros centros. Esses estudos começam a mostrar o surgimento e a consolidação de novos centros, que não podem ser classificados como subcentros, pois acumulam muitas das atividades e funções que antes pertenciam exclusivamente ao CBD.
Nos anos de 1980, houve, na literatura da geografia urbana e econômica estadunidense, um
significativo destaque para as pesquisas pertinentes à distribuição das atividades econômicas no interior
da metrópole. Nelas é perceptível que a ideia de Metrópole Monocêntrica, em que o CBD é o centro mais
importante num conjunto de centro, é suplantada pela de Metrópole Policêntrica. No texto de Berry e Kim
(1993, p. 01), podemos interpretar a tendência a essa superação quando os autores mencionam que
“this urban form was at its zenith by World War II, but since has been eroded by suburbanization,
decentralization, and dispersion4”.
Sobre a Metrópole Policêntrica, Fuji e Hartshorn (1996 apud REIS, 2007, p. 28) definem como
sendo:
[...] uma estrutura urbana que, além do CBD, é dotada de um (ou mais) núcleos(s) secundário(s) com funções e serviços típicos do CBD. Além disso, este(s) núcleo(s) secundário(s) equivalente(s) ao CBD caracterizam-se pela coesão de pelo menos duas ou mais funções especializadas, por exemplo, o comércio varejista e os escritórios de serviços.
Posto isto, as reflexões acerca da descentralização, nesse segundo período, apontam para
uma nova forma de organização interna da cidade, em que surge um ou mais centros secundários com
importância igual ao CBD, característica basilar da cidade policêntrica.
Nos estudos de Reis (2007), notamos que esse processo foi denominado de desdobramento,
porém o autor alerta que tal expressão foi aplicada, inicialmente, por Cordeiro (1978, p. 98) ao
desenvolver uma pesquisa minuciosa sobre o centro de São Paulo. Para ela, esse processo “constitui
um fenômeno de descentralização funcional”, como o que gerou, exemplifica a autora, o centro
expandido da Paulista.
3 Essa influência se inicia a partir, principalmente, dos estudos de Manuel Castells, Henri Lefebvre e David Harvey que, na teoria marxista, se destacam entre os maiores pensadores da cidade. 4 Esta forma urbana que teve seu ápice por volta da Segunda Guerra Mundial, desde então tem sido corroída pela
suburbanização, descentralização e dispersão (Tradução nossa).
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Fonte: IBGE, 2010 Elaboração: PEREIRA, F. I. F. (2015)
Dessa maneira, o desdobramento é um tipo específico de descentralização, ou seja, “uma
forma de descentralização com transbordamento”, que se diferencia do subcentro pela não contiguidade
(CORDEIRO, 1978, p. 98). A essa forma não contígua foi atribuído o nome de centro expandido.
O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES COMERCIAIS E DE SERVIÇOS EM SOBRAL/CE
Procuramos na pesquisa realizar um levantamento de dados que possibilite revelar um pouco
da Sobral do presente, para, assim, podermos trilhar um percurso em direção à compreensão da força e
da expansão da atividade comercial e de serviço na cidade em d estaque.
Posto isso, podemos ressaltar de imediato o quadro demográfico do município nas últimas
décadas. Com base nos dados adquiridos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a população de Sobral passou de 127.489 habitantes, em 1991, para 155.276, em 2000, e para 188.233,
em 2010, correspondendo a um de crescimento de 47,7%.
Os dados indicam, ainda, que dos 188.233 habitantes de Sobral, 86,6% residem em espaços
urbanos. De acordo com as informações contidas no Plano de Desenvolvimento Industrial (PDI), esse
fator pode ser atribuído à atividade industrial que requer uma grande quantidade de mão de obra.
Sobre a economia sobralense, é importante salientar que – baseada na produção industrial, no
comércio e na prestação de serviços – ela se desponta como uma das maiores do estado do Ceará,
sendo a maior do interior cearense, polarizando um vasto território. Esse fenômeno teve impulso na
década 1990, tendo como um dos condicionadores a presença de uma elite política mais conectada com
o empreendedorismo, que se destacou pela utilização de um discurso modernizador, entre as suas
premissas estava a busca por investimentos exógenos, sem perder de vista o fortalecimento dos
investidores locais5.
Tabela 1 – Produto Interno Bruto das Cidades Médias Cearenses
Municípios PIB (R$ mil)
Sobral 1.964.743
Juazeiro do Norte 1.595.504 Crato 726.944
Iguatu 602.302
5 São trabalhos que refletiram sobre essas premissas com viés diferentes: MONIÉ, Frédéric. Reestruturação Produtiva, desconcentração industrial e desenvolvimento local: Modernização, taylorização do território e políticas públicas inovadoras no município de Sobral, Ceará. 2001. Relatório de pesquisa. Mimiografado; b) LOURENÇO, M. S. M. Trabalho
Pleno: construção do desenvolvimento local. Sobral: Edições UVA, 2003.
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Fonte: IBGE, 2010
Elaboração: PEREIRA, F. I. F (2015)
Fonte: IBGE, 2010 Elaboração: PEREIRA, F. I. F. (2015)
Num comparativo do PIB de Sobral com a da capital do estado cearense, notamos que
Fortaleza apresenta um PIB dezesseis vezes superior ao de Sobral. Todavia, é importante enfatizar que
Fortaleza é detentora de mais de 40% do PIB total do estado.
Tabela 2 – PIB (R$) de Sobral comparado com os de Fortaleza, do Ceará e do Brasil
Municípios, Estado e País PIB (R$ mil)
Sobral 1.964.743 Fortaleza 31.789.186
Ceará 74.949.000 Brasil 3.674.000.000
No que se refere à renda per capita, Sobral exibiu nos últimos vinte anos uma das maiores
médias de crescimento do estado do Ceará. Conforme os números evidenciados pelo Atlas de
Desenvolvimento Humano (2013), o rendimento per capita de Sobral, no ano de 2010, foi de R$ 448,89,
valor significativo quando confrontado com o de outros municípios do noroeste cearense, como, por
exemplo, Coreaú e Santa Quitéria. Contudo, bem distante da cifra apresentada por São Caetano do Sul,
município do estado de São Paulo e, que tem a maior renda por indivíduo.
Tabela 3 – Evolução da Renda Per Capita (R$) de Sobral e Outros Municípios
Município 1991 2000 2010 Crescimento no Período (%)
Sobral/CE 198,63 299,41 448,89 125,99
Coreaú/CE 114,08 126,82 210,65 84,65 Sta. Quitéria/CE 87,41 160,84 238,84 173,24
S. Caetano do Sul/SP 1.107,53 1.639,93 2.043,74 84,53
Em relação às finanças, é válido enfatizar a receita municipal, entendida como sendo o conjunto
de recursos financeiros que entram nos cofres públicos oriundos de diversas fontes. Ao analisarmos os
dados pertinentes a essa questão, constatamos que a receita total do município nos últimos anos
apresentou um acréscimo significativo, sendo de R$ 97,6 milhões, em 2001, alcançando R$ 374,5
milhões, em 2011. No que tange aos gastos municipais, houve um aumento representativo, passando
de 91,7 milhões, em 2001, para 365,1 milhões, em 2011. O gráfico 1 mostra essa evolução da receita e
das despesas do município.
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Fonte: Tribunal de Contas do Município (TCM) / IPECE (Perfil Básico Municipal). Elaboração: PEREIRA, F. I. F. (2015)
Gráfico 1 – Receita e Despesa Municipal de Sobral/CE (R$ Milhões)
Buscamos, também, realizar uma caracterização dos serviços ligados à saúde e à educação
da cidade em estudo, visto que esses atendem centenas de pessoas oriundas do noroeste cearense e
até mesmo de outros estados, o que denota uma dinâmica diferenciada em seu espaço intraurbano,
quando comparado às cidades do seu entorno.
O serviço de saúde, atualmente, é composto por sete hospitais de médio e grande porte, quais
sejam: Santa Casa de Misericórdia, Hospital do Coração, Hospital Dr. Estevam, Hospital Mista Dr. Tomaz
Correa Aragão, Hospital Unimed (privado), Policlínica Bernardo Félix da Silva e o Hospital Regional
Norte, considerado o maior hospital do interior do Nordeste. Além desses equipamentos, podemos
contabilizar ainda 33 Centros de Saúde/Unidade Básica; 14 Unidades de Apoio Diagnose e Terapia
(SADT Isolado) quatro farmácias públicas, entre outras instituições que somados, totalizam 185
estabelecimentos de saúde. O sistema de saúde de Sobral foi um dos primeiros a adotar o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e o Programa Saúde da Família (PSF).
A Santa Casa de Misericórdia e o Hospital Regional Norte se constituem, hoje, como as
principais referências para toda a zona norte do Ceará. Juntos a duas unidades hospitalares somam 759
leitos para uso do SUS e atendimento em diferentes especialidades. O Hospital Regional Norte,
inaugurado recentemente, tem capacidade para realizar 1.300 internações por mês, segundo
informações da Secretária da Saúde do Estado. A força desse serviço repercute no consumo, ajudando
a dinamizar a atividade comercial, conforme argumenta o presidente da Câmara de Dirigentes Lojista
(CDL) de Sobral, Deocleciano da Frota:
0
50
100
150
200
250
300
350
400
2001 2003 2004 2006 2007 2008 2009 2011
Receita Municipal Total Despesa Municipal Total
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Fonte: SEDUC, 2013 Elaboração: PEREIRA, F. I. F. (2015)
[Com o hospital regional] vai aumentar o fluxo de pessoas circulando em Sobral, vindas de todos os municípios da região. [...] com maior fluxo de pessoas, teremos maior movimento nos transportes das cidades que vão levar mais gente para almoçar nos restaurantes, comprar sapatos e eletrodomésticos nas lojas, gerando mais renda6.
No âmbito educacional, os dados capturados junto à Secretaria da Educação do Estado do
Ceará (SEDUC) revelam que Sobral conta com 102 estabelecimentos de educação básica (público e
privado), equipados com bibliotecas e/ou salas de informáticas. A quantidade total de alunos
matriculados nessa escala de ensino no município é de 62.101. O ensino infantil abrange 15,34% do total
de alunos registrados, o fundamental possui 50,35%, o ensino médio conta com 20,15%, a educação
profissional perfaz 2,15%, a educação especial compreende 0,04% e a educação de jovens e adultos
(EJA) 11,97%.
Tabela 4 – Alunos Matriculados no Ensino Básico de Educação em Sobral/CE em 2013
Modalidade Quantidade %
Ensino Infantil 9.525 15,34
Ensino Fundamental 31.270 50,35 Ensino Médio 12.510 20,15
Educação Profissional 1.337 2,15 Educação Especial 27 0,04
Educação de Jovens e Adultos 7.432 11,97 Total de Alunos 62.101 100
No que se refere ao ensino superior, a cidade é contemplada com três instituições de ensino
público – Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará (IFCE) e um campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) – que oferecem
diversos cursos de graduação e pós-graduação. Na esfera particular é crescente o número de
faculdades e institutos de ensino presencial e à distância.
Com base no PDI de Sobral, notamos que do total de alunos matriculados no ensino superior
em Sobral, 50,1% estão registrados na rede estadual, 7,2% na federal e 42,7% na rede particular. É
importante comentar que na cidade há estudantes provenientes de diversos municípios do noroeste
cearense e também de outras localidades do Brasil, tal movimentação ajuda na expansão do comércio.
A atividade industrial também tem auxiliado na transformação da paisagem urbana de Sobral
e na reorganização do comércio e do serviço, visto que a partir da década de 1990, o número de
6 Entrevista concedida à Assessoria de Comunicação da Secretária da Saúde do Estado do Ceará. D isponível em: <http://www.saude.ce.gov.br/index.php/noticias/45707-governador-inaugura-dia-18-o-maior-hospital-no-interior-do-ceara>.
Acesso em 14 de Janeiro de 2015.
Anais do III Seminário Regional Comércio, Consumo e Cultura nas Cidades. ISSN: 2318-048X. http://srccc.com.br.
Fonte: IPECE (Perfil Básico Municipal), 2014
Elaboração: PEREIRA, 2015
Fonte: IPECE (Perfil Básico Municipal), 2014
Elaboração: PEREIRA, 2015
empregos gerados pela indústria cresceu consideravelmente. Nesse período, o princip al destaque foi a
implantação da indústria calçadista gaúcha Grendene, em 1993.
Na análise da quantidade de empresas industriais em Sobral no ano de 2012, notamos que
das 483 indústrias, 82,81% pertenciam ao ramo de transformação, acompanhadas pela indústr ia da
construção civil, com 13,66%. Já as indústrias dos ramos de extrativa mineral e utilidade pública
contabilizam 3,53%. No estado do Ceará, o total de indústrias no mesmo ano era de 30.324.
No que concerne ao número de empregados, o setor industrial apresentou em 2013 um efetivo
de 25.451 funcionários, o que corresponde a 50,41% da quantidade total de empregos formais em Sobral,
essa predominância do emprego industrial contraria a realidade das cidades médias cearenses de Crato
e Juazeiro do Norte, onde se apresenta o predomínio do emprego formal na atividade de comércio e de
serviço.
Tabela 5 – Total de Empregos Formais em Sobral em 2013
Setor Núm. de Empregados %
Industrial 25.451 50,41
Comercial 9.042 17,91 Serviços 13.057 25,86
Adm. Pública 2.905 5,75 Agropecuária 34 0,07
Total 50.489 100
Na análise por ramo de atividade, notamos que a indústria de transformação abarcou 92,28%
do total de empregos formais. Esse percentual se deve em grande parte à participação da empresa
calçadista Grendene, que se consolidou como a maior empregadora privad a do Ceará. Em relação ao
percentual de ocupações nos outros ramos, a indústria da construção civil contou com 5,34%, as
indústrias de extrativo mineral e a de utilidade pública quantificaram 2,38%. A tabela a seguir mostra o
total de empregos na indústria por ramo de atividade no período de 2007 a 2013 em Sobral.
Tabela 6 – Total de Empregos Formais na Indústria por Ramo de Atividade
Ano Total Ind.
Transformação Ind. Const.
Civil Ind. Util. Pública
Ind. Ext. Mineral
2007 20.669 19.958 263 345 103
2008 18.148 16.748 953 335 112
2010 23.995 21.992 1.515 328 160
2011 21.610 19.712 1.398 330 170
2012 23.725 21.603 1.618 323 181
2013 25.451 23.485 1.360 364 242
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Os setores de saúde, educação e a atividade industrial foram destacados em nosso estudo
pelo fato de ajudarem a estimular a expansão das atividades comerciais e de serviços na cidade de
Sobral, constatação que aparece nos depoimentos dos representantes da CDL de Sobral e da
Associação Comercial e Industrial de Sobral (ACIS). Além desses três fatores, os entrevistados
destacaram, ainda, a administração de Cid Ferreira Gomes, considerada por eles como sinônimo de
empreendedorismo, pelos programas e parcerias criados em suas duas gestões como prefeito de Sobral
(1996-2000 e 2001-2004). Vejamos alguns trechos dos depoimentos:
[...] Sobral foi favorecida por já ser um polo regional de talvez aí umas dez cidades mais próximas menores, mas de uma forma mais ampla quarenta cidades, ela pega toda a região da Ibiapaba, região do Camocim, Santa Quitéria... Embora exista uma divisão, existem cidades melhores, mas Sobral termina centralizando, principalmente, por via das instituições de ensino
superior e pela saúde, que nós temos a Santa Casa como referência da região. Agora com esse Hospital Regional, com o tempo eu acho que também vai ter esse efeito. Então, Sobral, por ter essas duas coisas que atraem muito, termina se favorecendo ainda mais, eu acho que
ela cresceu bem mais por causa disso. Além disso, a Grendene chegou aqui em 1996 [1993], ela hoje tem mais de 20 mil, 22 mil funcionários. Então, tanto as pessoas vêm todo dia, como algumas se mudam pra cá, e isso terminou inchando um pouco a cidade... É um
desenvolvimento, assim, no entender de nós [...], do comércio, que se dividido esse desenvolvimento industrial seria melhor para todo mundo, mas Sobral recebeu a maior indústria e centralizou muita coisa, né? Porque as outras são muito pequenas. Além disso, nós tivemos a sorte de ter um bom administrador municipal, que conseguiu organizar a cidade de
forma que ela facilite a implantação [...] de novas empresas com benefícios, embora os benefícios ainda não sejam tão bons quanto o comércio queria (Representante da Associação Comercial e Industrial de Sobral – ACIS. Entrevista cedida em Março de 2014).
[...] um dos elementos que aumentou muito o movimento de Sobral foi a administração Cid
Gomes e a inauguração da Grendene. O prefeito Cid Gomes abriu uma época de desenvolvimento em Sobral. Ele inaugurou grandes obras, desenvolveu o comércio, talvez ele tenha sido o prefeito que mais esteve ao lado da CDL... A Grendene tem, vamos pegar no pico, 23 mil funcionários, [que] circulam na cidade, compram na cidade e desenvolvem a
cidade, mesmo que os 23 mil não sejam residentes em Sobral, mas é um fator muito importante para o desenvolvimento (Representante da Câmara de Dirigentes Lojistas de Sobral. Entrevista cedida em Março de 2014).
Após essas falas, passamos para a análise das atividades de comércios e serviços de Sobral.
Numa averiguação dos dados encaminhados pela Junta Comercial do Estado do Ceará (JUCEC),
referentes ao registro de estabelecimentos comerciais em sua totalidade na cidade de Sobral, notamos
que o bairro Centro ainda responde pela maior parcela desses empreendimentos, ou seja, 64,0%.
Contudo, é válido ressaltar que a alocação de comércios em localidades além-centro tem
aumentado significativamente nos últimos dezoito anos, com destaque para os seguintes bairros: Alto do
Cristo, Campo dos Velhos, Junco, Padre Ibiapina e Sinhá Saboia. Hoje, esses cinco bairros apresentam
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18,8% do total de pontos comerciais, quantidade superior à exibida pelos demais trinta e um bairros da
cidade, que unidos contam com 17,2% dos estabelecimentos.
Quando analisamos somente as informações concernentes às atividades comerciais de maior
porte, a exemplo de supermercados, concessionárias de veículos e farmácias, observamos que, assim
como o comércio em sua totalidade, há uma tendência desses estabelecimentos na busca pelas
localidades além-centro. Nesse aspecto, o Centro apresentou 66,9% dos referidos empreendimentos. Já
os bairros Junco, Campo dos Velhos e Sinhá Saboia, que foram os que mais se sobressaíram na
amostragem, possuindo 15,1% dos estabelecimentos. Os outros 18,0% dos empreendimentos
comerciais se distribuem entre os demais trinta e três bairros.
Já os bairros Alto do Cristo e Padre Ibiapina mostraram um significativo destaque, quando
verificamos o registro de pequenos comércios, provavelmente justificados pela intensificação da política
fiscal implementada pela gestão municipal, que desde 1996 visa registrar todas as atividades comerciais,
independente do seu porte. Podemos inferir, ainda, que nesses bairros há um predomínio de comércios
de consumo cotidiano7.
No que se refere às atividades de serviços, notamos, a partir dos dados capturados junto a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE/IBGE (2010), que eles também estão mais
concentrados no Centro (61,0%), mas, assim como se verificou em relação ao comércio, há também uma
dispersão em direção a outros bairros da cidade, com destaque para o Junco (7,1%), Campo dos Velhos
(5,3%) e Sinhá Saboia (3,2%).
Vale frisar que esses espaços vêm sendo alvo não somente das ações da iniciativa privada,
mas da aliança desta com o poder público local e/ou estadual8. A atuação deste último se mostra
perceptível nesses lugares por meio da instalação de infraestrutura (como distribuição da rede elétrica e
hidráulica, alargamento de ruas e avenidas, entre outros) e, também, mediante a instalação de grandes
equipamentos (a exemplo de hospitais, escolas, etc .).
Tais aspectos vêm incorporando nesses espaços uma dinâmica diferenciada, se comparada a
outros bairros da cidade.
A ATIVIDADE COMERCIAL E DE SERVIÇO NA AVENIDA DR. ARIMATHÉA MONTE E SILVA
7 Comércio cotidiano é aquele de consumo básico diário e que, normalmente, apresenta-se disperso pelo território, como exemplo, podemos citar: padarias, frigoríficos e mercearias (DUARTE, 1974; CONTEL, 2010). 8 Com a vinda desses novos atores privados, geralmente, o governo local, ao invés de elaborar projetos que busquem a melhoria da sociedade como um todo, acaba por investir parte dos recursos humanos e financeiros da cidade em
infraestruturas necessárias para a implantação desses novos equipamentos “mais modernos” (CONTEL, 2010, p. 31).
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Fonte: Pesquisa Direta, 2014
Elaboração: PEREIRA, F. I. F. (2015)
Sancionada pela Lei Municipal 025/81, a Avenida Doutor José Arimathéa Monte e Silva
(conhecida popularmente como Avenida do Contorno) tem cerca de 1.400 metros de extensão. Apesar
do seu maior trecho (aproximadamente 850 metros) cruzar todo o Bairro Campo dos Velhos (no sentido
leste/oeste), ela se inicia no Bairro Centro, no entroncamento da Rua Coronel Joaquim Lopes com a Rua
Jornalista Deolindo Barreto, e termina no Junco, no cruzamento da Rua Antônio Araújo Vasconcelos com
a Avenida Cleto Ferreira da Ponte.
Na Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva, bem como em suas proximidades, há órgãos
públicos que atendem a cidade e a região noroeste do estado, tais como: Centro de Convenções de
Sobral (Inácio Gomes Parente), a Secretaria da Tecnologia e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura
Municipal de Sobral, a Sede Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI), a Delegacia
Regional 24 Horas, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma escola municipal de ensino
fundamental, o maior parque público da cidade com espaço de lazer, entre outros.
Quanto à pesquisa direta efetivada na via em estudo, constatamos que há o predomínio das
seguintes atividades: saúde e estética, com os salões de belezas e academias; materiais para a
construção, com as lojas de material para a construção civil; alimentícios e bebidas, com mercadinhos e
supermercados; assistência técnica, com os serviços de assistência técnica em informática e
refrigeração; cursos, com os centros de formação de condutores (autoescolas) e; imobiliárias, com os
escritórios de corretores de imóveis.
Tabela 7 - Atividades Comerciais e de Serviços na Av. Dr. Arimathéa Monte e Silva, Sobral-CE
Tipo de Atividade (%)
Alimentícios e Bebidas 7,7
Armarinhos e Papelarias 3,8
Assistência Técnica 7,7
Material de Construção 15,4
Vestuário 3,8
Cursos 7,7
Saúde e Estética 19,3
Gastronômico 7,7
Serviços e Produtos Agropecuários 3,8
Imobiliária 7,7
Outras Atividades 15,4
Total 100,0
Na Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva há também um supermercado de rede vindo de
Fortaleza, o Super Lagoa, que se destaca pela estrutura e diversificação de produtos e serviços
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Fig. 3 - Salão de Beleza Unhas e Cia
Fonte: PEREIRA, F. I. F. (2015).
Fig. 4 – Salão de Beleza Edineuza
Fonte: PEREIRA, F. I. F. (2015).
oferecidos (anexo a este equipamento encontra-se restaurante, lanchonete, academia, agência de
viagens e caixas eletrônicos). Sobre a presença desses estabelecimentos na via em análise, Holanda
(2007, p. 154) ressalta que:
Eles têm se apresentado como um dos ramos que mais vem modificando a paisagem urbana de Sobral, posto que criam uma estrutura de centro comercial denominados de open mall. “Acompanham” e dinamizam o espraiamento da cidade, no seu sentido norte e oeste em direção à Serra da Meruoca.
Mas, um aspecto que chama a atenção na Doutor Arimathéa Monte e Silva e que a diferencia
de outras vias é a presença dos salões de beleza. Atualmente, encontram-se nela, em números
absolutos, sete desses salões (Fik Bella, Salão Jô, Unhas e Cia, Salão Aurea, Edineuza Cabele reiro,
Beleza das Unhas e Primavera). Não se observa na cidade de Sobral outra localidade que tal situação
se reproduza.
Os serviços de cursos, outra atividade de destaque, caracterizam-se pela predominância das
escolas de formação de condutores (autoescola). No presente, a via abriga seis autoescolas (Shallon,
Conquista, Sobral, Junior, Citran e Filho), porém é válido enfatizar que essa concentração se deve a
proximidade com o antigo Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), desativado em 2014.
No que se refere à situação do local de funcionamento das empresas na Doutor Arimathéa
Monte e Silva, averiguamos que a maioria (84,6%) realiza suas atividades em imóveis alugados. Em
relação à quantidade de funcionários, 61,5% dos estabelecimentos apresentam um quadro formado por
cinco trabalhadores, os que têm acima desse número representam 38,5%. Já sobre o tempo de
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funcionamento dos empreendimentos, o estudo apontou que 80,8% têm entre um e dez anos de atividade
e, somente, 19,2% superam uma década de funcionamento.
Ao tratar do perfil dos empreendedores que buscam essa via de saída da c idade para seus
investimentos, apuramos que 34,6% têm idade que varia de 18 a 25 anos, 30,8% possuem entre 26 e
35 anos e outros 34,6% têm mais de 35 anos. No que se refere ao gênero, 57,7% são do sexo masculino.
Em relação ao nível escolaridade, há o predomínio (69,2%) dos que têm o ensino médio completo,
seguindo pelos que têm o ensino superior (15,4%). A taxa dos que possuem o ensino fundamental
completo e dos que iniciaram esse nível de educação somam 15,4%. Diferentemente do verificado em
outras vias de saída da cidade, na Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva não houve registro de
proprietários analfabetos. No que concerne à origem, 73,1% dos comerciantes são do próprio município,
15,4% são de outros municípios do estado (como Fortaleza, Meruoca e Santana do Acaraú), 7,7% de
outros estados do Nordeste e 3,8% de outras regiões do País. Sobre quais outros ramos de atividades
eles atuam, apurou-se que 80,8% não têm outras fontes de renda.
Sobre as estratégias de mercado utilizadas pelas empresas para atrair a clientela, o estudo
mostrou que 53,8% não elaboram esquemas para seduzir novos consumidores, 15,4% realizam
promoções, 11,5% distribuem brindes, 3,9% apostam tanto nas promoções quanto na distribuição de
brindes e 15,4% adotam outras estratégias.
Com relação ao perfil dos consumidores, a pesquisa apontou que 53,3% da clientela têm um
poder aquisitivo de até dois salários mínimos, 20,0% ganham até três salários e 26,7% têm um
rendimento mensal superior a esse valor. Quanto às localizações de origem dos consumidores, a
investigação mostrou como dados mais repetitivos, as seguintes respostas: de Sobral; Sobral e outros
municípios circunvizinhos; Sobral e região norte do estado; do Bairro Campo dos Velhos e; do Bairro
Campo dos Velhos e outros mais próximos.
A Avenida Doutor Arimathéa Monte e Silva, ou simplesmente “Avenida do Contorno”, é uma
das principais vias de circulação de veículos e, consequentemente, de pessoas da cidade de Sobral. Ela
tem uma atividade comercial expressiva não, somente, ao longo do dia, mas também durante a noite,
pois os salões de beleza, as autoescolas, o supermercado, restaurantes, lanchonetes e outros
estabelecimentos permanecem em funcionamento até por volta das 22 horas. Além disso, há de se
destacar na via a presença do Parque da Cidade, umas das principais áreas de lazer de Sobral.
CONCLUSÃO
Na Geografia Urbana, os estudos atinentes à estrutura interna das cidades de escalas menores
que as grandes metrópoles foram por vários anos relegados a um segundo plano. Por conta disso,
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compreender o processo de descentralização em cidades médias, no presente, se constitui uma
empreitada difícil, porém provocante. O passo inicial para a efetivação dessa tarefa é entender como
esse fenômeno aconteceu nas metrópoles, pois, como bem lembra Souza (2009), foi nesses centros
urbanos que ele se iniciou. Paralelo a isso, é necessário buscar a compreensão destes complexos
centros urbanos denominados cidades médias.
Quando se analisa a descentralização das atividades comerciais numa cidade, torna-se
necessário perceber que existe uma relação histórica entre esses dois fenômenos, pois como se sabe
diversas cidades tiveram suas origens ligadas a referida atividade. Em seguida, com o crescimento da
cidade, a localização do comércio no espaço urbano se torna de fundamental importância para a certeza
de sua realização plena. No presente, as atividades terciárias de comércios e de serviços têm como
tendência buscar outras localidades no espaço urbano para atender um número crescente de
consumidores cada vez mais distantes da área central.
A cidade média de Sobral/CE tem nas atividades de comércio e de serviços um dos seus
principais destaques, o que a torna cada vez mais um centro polarizador que influência um vasto território
no noroeste cearense. A cidade apresenta tal dinamismo ao receber, cotidianamente, fluxos de pessoas
que buscam satisfazer suas necessidades de consumo. Ela atrai, também, um número crescente de
investidores de diferentes setores e com diferentes volumes de capital.
Esses investidores, em particular os de comércios e serviços, como, por exemplo, os de lojas
de informática, supermercados, restaurantes, clínicas médicas, butiques, rede de farmácias,
concessionárias de veículos, entre outros, têm buscado locais fora do centro principal para se instalar,
com preferência pelas vias de saída da cidade, dentre elas a Avenida Doutor José Arimathéa Monte e
Silva.
Na análise da referida avenida foi possível perceber como característica comum em relação a
outras artérias importantes de saída da cidade, a presença de estabelecimentos públicos que atendem
milhares de pessoas da região noroeste do Ceará, a exemplo das sedes da Delegacia Regional 24 Horas
e o Centro de Convenções de Sobral, o que de certa forma garante o fluxo de pessoas. Outro aspecto
importante notado na avenida é a quantidade de estabelecimentos comerciais que estão disponíveis para
locação e, além disso, algumas residências estão passando ou já passaram por modificações em suas
fachadas para dar lugar a novos pontos comerciais. Esses aspectos mostram que a atividade comercial
e de serviço nessas áreas podem se expandir ainda mais e, dessa forma, diversificar os serviços
oferecidos.
Portanto, a busca crescente dos novos investidores, em particular os de comércios e serviços,
por localidades distantes do centro principal, a exemplo da via em análise vem redirecionando os fluxos
que, há alguns anos, dirigiam-se ao centro tradicional da cidade.
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Esse dinamismo pelo qual as atividades econômicas têm passado em Sob ral, que levam a
ampliação do comércio e do serviço para áreas que vão além do centro consolidado, se justifica pela
força do emprego formal apresentado na cidade, pelas políticas públicas de atração de investimentos,
pelos programas sociais que ajudam na composição da renda, etc.
Esta pesquisa não conclui as reflexões sobre a descentralização das atividades comerciais e
de serviços em cidades médias. Na realidade, ela apenas dá suporte para uma possibilidade de debate
na intenção de que outros estudos sobre a temática em tela venham a ser efetivados.
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