Descobrindo....100 anos de concelho ribeira brava madeira- portugal_6_maio_2014
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Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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RICARDO NASCIMENTO – PRESIDENTE DO
MUNICÍPIO
Eu não me sinto bem
dentro do gabinete.
Serei um autarca que
andarei a falar com as
pessoas porque ser
autarca é estar
próximo das pessoas.
Ricardo Nascimento1, em
8/11/2013, no “Tribuna”, pág. 6
À direita, imagem da nova ponte da Tabua, inaugurada,
em 22/9/2013, integrando a regularização e canalização
da ribeira da Tabua bem como a reconstrução da ER 227 e
da estrutura sobrante da ponte existente na ER 222, sobre
a ribeira da Tabua.
Leia mais em: http://www.cm-ribeirabrava.pt/
1 Ricardo Nascimento, em cima, acompanhado pela vereadora Natália, num exclusivo para a “Descobrindo”, é o novo presidente de Câmara da Ribeira Brava, desde o último trimestre de 2013.
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O EX-PRESIDENTE, ISMAEL FERNANDES, a terceira personalidade na primeira
foto, da esquerda para a direita, dizia em 2000 que a vila da Ribeira Brava,
pelas suas características singulares, tinha todas as condições para ser uma
pequena grande cidade.
Recorde-se que 2013 foi o último ano do mandato de Ismael Fernandes na
qualidade de presidente do Município:
Este último mandato foi frustrante e angustiante como consequência da aluvião e da crise, que deitaram por terra muitas das promessas feitas em 2009.
Numa entrevista concedida em 2013 ao jornalista do Diário de Notícias,
Orlando Drumond, Ismael defendeu, ao despedir-se, a necessidade de uma
melhor promoção das potencialidades turísticas do concelho, reivindicou
uma nova escola ‘secundária’ e sugeriu a criação de um jardim no lugar do
campo de futebol. Admitiu, também, nessa entrevista, que há mais pobreza
no concelho e critica a inércia do comércio na ‘baixa’.
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ENQUANTO CELEBRAMOS O PRESENTE PREPARAMOS O FUTURO
Por: Secretário Regional do Plano e Finanças, 06 de maio de 20132
O Concelho da Ribeira Brava completa mais um aniversário, merecedor da
nossa memória e comemoração. Hoje, evocamos os saberes e memórias que
estão no cerne da nossa identidade coletiva e lembramos a perseverança das
gentes, que das dificuldades deslindou soluções.
Recordamos a determinação de um Povo, cujo valor colocou a Ribeira Brava à
frente do seu tempo.
Esclarecido, visionário e empreendedor, soube aproveitar a sua centralidade
para assumir uma importância vital na comunicação entre os diferentes locais
da ilha e traçar o desenvolvimento das suas terras, ao mesmo tempo que
consolidava a influência competitiva do concelho.
Nas celebrações do Dia da Ribeira Brava, evocamos os grandes feitos dos que
nos antecederam e as tradições de todo um povo. Mas estas são
comemorações que, para além de nos permitirem renovar e fortalecer os
laços que nos ligam uns aos outros, proporcionam que se cimentem
consensos e, sobretudo, que se balizem esforços que nos garantam o futuro.
Também na Ribeira Brava tem de existir empenho de todos, por um concelho
moderno, competitivo, sustentável e socialmente coeso. Por um concelho
onde continuemos a gostar de viver e por um futuro que queremos que seja
melhor.
Muito obrigado. Parabéns Ribeira Brava!
2 Dr. José Manuel Ventura Garcês. Extratos do seu discurso na Rª. Brava, em 6 de maio de 2013
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SUMÁRIO
Caro leitor, aqui estão os destaques da revista deste ano (6 de maio de 2014 – VOL. 1 – N.º 12) Prof. António Pereira [email protected]
1. Contextualização geográfica e histórica
2. Algumas pessoas menos jovens
3. Sabia que…
4. Literatura oral e tradicional (anos 90)
5. Rª. Brava nos jornais regionais (anos 90)
6. Museu Etnográfico
7. A freguesia do Campanário
8. Outras freguesias
9. Banda Municipal
10. Casa do Povo
11. Desporto
12. Economia (I) – Pequenos negócios
13. Escola Básica e Sec. Pe. M. Álvares (EBSPMA)
14. A Fé, a Festa e a Tradição
15. Carnaval 2014
16. Social
17. Economia (II) – Sustentabilidade e reciclagem
18. Obituário – Breve lembrança ao jovem Nelson
19. Centro de Atividades Ocupacionais (CAO)
20. EB1/PE – Rª. Brava – “O Sol dos Bravinhas”
21. Ficha Técnica
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E HISTÓRICA
.
O concelho da Ribeira Brava foi criado pelo Decreto de 6 de maio de 1914 e a sua sede elevada à categoria de vila pelo decreto de 26 de maio de 1928. Terra onde nasceu o Visconde Francisco Corrêa de Herédia, ancestral da atual Duquesa de Bragança, a Ribeira Brava era o mais afamado local da ilha no que respeitava a mantimentos. Diziam as crónicas antigas que era dali “donde os moradores da cidade acham e lhes vai o melhor trigo, frutas, caças, carne e em mais abundância que em toda a ilha”.
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2. ALGUMAS PESSOAS MENOS JOVENS
Introdução
Rª. Brava, 2013/2014:
Da esquerda, em baixo,
para a direita - Sr.
António, também
conhecido por “Sacristão”, Sra. Isabelinha Rezende, de 84 anos, caminhando,
alegremente para a Igreja, numa manhã de um ida de semana e, finalmente,
Sra. Bernardete, de 82 anos de idade, na Rua do Visconde, junto à sua antiga
casa, “a casa da minha mãe…”, como ela nos confidenciou em fevereiro de
2014.
À direita, no final da página., a Sra. Alice, em 14/3/2014, com 82 anos de idade, atravessando um cruzamento de estradas bem conhecido na Vila. As outras senhoras e seus acompanhantes, durante um evento de carácter religioso em 2013. De seguida vamos destacar algumas instituições ligadas a pessoas menos jovens no concelho:
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2.1. Centro de Convívio de Campanário:
No passado, dia 23 de Janeiro de 2014, os alunos do 3º ano do Curso
Tecnológico de Acão Social, da Escola Básica e Secundária Padre Manuel
Álvares, realizaram uma visita de estudo ao Centro de Convívio.
Partiu-se da escola por volta das 15h:00 e chegou-se ao Campanário às
15h:15, com um atraso de cerca de 30 minutos, causado pela avaria de
viatura que nos transportou. Por telefone, o professor apresentou um pedido
de desculpas e justificou o atraso.
À chegada ao Centro de Convívio, o professor apresentou um pedido de
desculpas e justificou o atraso. Devido a este atraso já estava à nossa espera
a “guia” que iria conduzir a visita, Sra. Carmo, pelo Centro de Convívio, pelo
que de imediato os alunos dirigiram-se para a sala principal, onde se
encontravam os idosos ansiosos por nos receber.
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2.2. Na Furna – Ribeira Brava funciona um Centro de Convívio, inaugurado em 8 de setembro de 2009
O Centro de Convívio da Furna, visitado em 2012, pelos alunos do 11º. Ano
do Curso Tecnológico de Ação Social, da EBSPMA, é uma obra do Governo
Regional, na freguesia e concelho da Ribeira Brava, que ascendeu a 530 mil
euros.
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A estrutura dá corpo à política governamental, que passa por construir um
centro onde as populações se possam reunir, conviver e ocupar os seus
tempos livres.
Com um serviço vocacionado para o acolhimento de idosos da Ribeira Brava,
o centro comunitário tem como finalidade permitir que estes continuem
ativos, independentes e capazes de garantir a sua autonomia.
Para além de possibilitar o desenvolvimento de atividades lúdico-recreativas,
as novas instalações permitirão assegurar refeições (lanches), prestar
cuidados de higiene pessoal e serviço de tratamento de roupa.
2.3. Centro Social Paroquial São Bento-lar Terceira Idade
No dia 25 de janeiro de 2013, pelas 10:30 horas, o nosso grupo (Domingas,
Jaime, João Gomes e Sérgio) visitou o Centro Social Paroquial São Bento – lar
Terceira Idade, daqui em diante designado, simplesmente, Lar de São Bento,
para a realização de um trabalho de grupo. Este lar tem a capacidade para 24
utentes e neste momento não existem vagas; fizemos várias entrevistas nas
quais participaram: um casal, o Sr. Manuel e a Sra. Albertina, a D. Irene e
Maria Teresa e outros utentes.
Trata-se de uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada a 11
de Agosto de 1996, pela paróquia da Ribeira Brava. Tem o nome de São
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Bento, porque é o padroeiro da Ribeira Brava. Surgiu para debelar problemas
sociais ligados às carências da população mais envelhecida e mais jovem.
Este centro procura apoiar as famílias desenvolvendo-se em lar de idosos,
Centro de Dia e Atividades para Ocupação de Tempos Livres-ATL. Todas estas
valências foram previamente pensadas no sentido de estabelecer um diálogo
mais útil entre as gerações. Toda a vida social do Centro está dependente de
uma estrutura interna, composta por órgãos e equipas profissionais próprias,
e outras que apoiam e colaboram, compostas por vários agentes da
comunidade, como: Centro de Saúde, Câmara Municipal, Segurança Social,
Junta de Freguesia e Paróquia da Ribeira Brava.
Por que razão veio para o Lar?
(Senhora) - Vim para o lar porque cheguei a uma altura que vi que não ia
poder continuar a fazer a vida de casa. Então, fui à Segurança Social pedir
para lá entrar. Mas, a seguir, no outro tempo, eles nunca chamavam para vir
para o Lar, e eu fui lá chamar para vir para o Centro de Dia e puseram-me no
Centro de Dia há mais de um ano. (…vai fazer 3 anos em 2014,
acrescentamos). No primeiro dia do mês de novembro ele foi para o Hospital
e esteve lá até dezembro. Depois veio para aqui. (…a nossa entrevista está a
falar dela e dele, acrescentamos nós).
Então, o primeiro a vir para o Lar foi o senhor Manuel, e só depois é que
veio a senhora. E gosta de estar neste Lar? Sim, eu gosto, porque em casa
estava sozinha. Sentia-me mesmo só. Ao sábado vinha uma rapariga à minha
casa fazer a limpeza mas o resto da semana ficava só. E eu não me sentia
bem.
E o senhor Manuel, sente-se bem em estar cá no Lar?
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Sim, gosto de estar aqui.
Sente falta da sua antiga casa?
(Senhora): Eu passo sem a casa. Eu quando morrer não levo a casa. Portanto, eu estou cá e a casa está lá. É bem tratada?
Sou mais bem tratada do que se estivesse em casa.
O que gostaria de fazer que agora já não consegue? (…o que gostaria de ter
feito?)
Bordar, limpar a casa, fazer o comer.
O que gostava de fazer quando era criança?
(Senhor): Brincar com os bonecos, carrinhos de madeira…
Mais? E os carrinhos de cana? Também não construía?
(Senhor) Sim, eu gostava de fazer.
Quer dizer alguma coisa que ainda não tenha sido mencionada? Professor António: Em jeito de lição para estes jovens, o que é que acha que deviam fazer? O que é que falta nos nossos dias?
R.: (Senhora) - Eu cá, antes, vinha à missa a São João, mas ao Domingo era a minha mãe, o meu pai, e os meus irmãos a se arranjar para vir cá para baixo, para vir para a missa e depois ir para casa fazer o almoço.
Nota da redação: As perguntas (P.) foram feitas pelo aluno João Gomes em 2012.
A Sra. Olga, utente do Lar de S. Bento é uma das colecionadoras “Descobrindo” e está sempre disponível para interagir com os jovens, acompanhada por alguns dos finalistas do Curso Tecnológico de Ação Social, 2012/2013, da EBSPMA.
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Ribeira Brava, junho de 2013: participação dos utentes do Lar de S. Bento nas festividades de S. João.
Cantai, Cantai, raparigas Cantai sempre ao S. João Porque ele paga as cantigas Com muito bom coração. A fonte da devoção Lá por trás do convento Fê-la talvez S. João P´rás vésperas de casamento. (…)
Não vos canseis raparigas De cantar ao S. João Aquelas doces cantigas Que vos dita o coração. Quando ouve as rendilheiras S. João de lá responde – As raparigas mais lindas São as de Vila do Conde.
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Por:
Diogo. Domingas Nádia, Lisandra Tatiana, 2011/12 – -Ação Social
2.4 - CENTRO SOCIAL DA SANTÍSSIMA TRINDADAE DA
TABUA, MADEIRA Uma experiência pioneira de intergeracionalidade
Situado na encosta íngreme e agreste, tornou-se rapidamente na construção mais imponente daquela localidade.
Leia mais em: http://www.solidariedade.pt/sartigo/index.php?x=4501
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No Lar da Tabua: Sra. Gilda que é muito animada e criativa. Adora cantar músicas cantigas, despiques madeirenses; fazer trabalhos manuais. Em termos masculinos, destacamos o Sr. José, mais conhecido por “O Pequenino”.
Imagens recolhidas por alunos da EBSPMA – Curso Tecnológico de Ação Social, 2011/12.
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Aluno Sérgio Tanque, na qualidade de finalista da EBSPMA, na fase final do seu projeto desenvolvido no concelho da Ponta do Sol.
Dedicatória: Dedico este trabalho aos meus pais, pelo carinho e por tudo o que fazem por mim, dedico também à minha diretora de turma professora Luzia Abreu e ao meu diretor de curso e orientador de estágio professor António Pereira pela amizade que foi construída ao longo de três anos e à minha monitora e amiga Felisbela Abreu. Uma dedicatória em especial a uma pessoa amiga que me orientou e me ajudou em algumas coisas na realização deste trabalho. Assinatura: Sérgio Tanque -2013/5/2, o
“teclista”, na primeira foto à direita.
Aluno Sérgio Tanque, na qualidade de finalista da EBSPMA, na fase final do seu projeto desenvolvido no concelho da Ponta do Sol.
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3. SABIA QUE (I) …
As maiores propriedades que os jesuítas possuíam na Madeira
ficavam na zona do Campanário, principalmente na Quinta Grande?
Em 1825 houve graves tumultos na freguesia do Campanário, por
motivos políticos, sendo que a força armada foi chamada a intervir?
Francisco Correia Herédia, o visconde da Ribeira Brava, nascido nesta
freguesia em 1852, integrou diversos movimentos políticos que
provocaram a queda da monarquia em Portugal, tendo tido um final
trágico: foi morto em Lisboa, em 1918, quando era levado para a
prisão com outros presos políticos?
Em 1924, na Ribeira Brava, as repartições públicas foram cercadas
por populares?
Em 1936 verificaram-se desacatos, por causa da criação da Junta de
Laticínios da Madeira e que os produtores de leite e pequenos
fabricantes de manteiga revoltaram-se contra o monopólio da
produção de leite?
Que além do visconde, houve outra personalidade que se destacou
pelos seus feitos: o padre Manuel Álvares?
O VISCONDE DA RIBEIRA BRAVA NO PARLAMENTO FOTO: "OS TUMULTOS NA ÚLTIMA SESSÃO PARLAMENTAR, em 9 de setembro de 1905: O Sr. Visconde da Ribeira Brava interpelando o presidente da Câmara dos Deputados - O Sr. Visconde da Ribeira Brava pedindo a palavra - A agitação na Câmara". Fonte: ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA, nº 98, de 18 de Setembro de 1905, p. 732 /http://arepublicano.blogspot.pt/2011/12/o-visconde-da-ribeira-brava-no.html
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4. LITERATURA ORAL E TRADICIONAL (excertos)3:
Em alguns casos, existem várias versões do mesmo texto, consoante as
recitações dos informantes.
Mas, em termos gerais, podemos considerar que as variações são mínimas,
como é o caso das da Donzela Guerreira, Bela Infanta e Nau Catrineta4.
Cada registo escrito segue apenas a intuição natural subjacente às dimensões
fónicas e rítmicas das composições ora recitadas, ora cantadas pelos
informantes, pelo que a tendência normativa é atenuada nalguns casos,
principalmente no âmbito da pronominalização.
A escrita observância da norma prejudica a riqueza poética das sonoridades.
Por outro lado, as questões relacionados com a rima e a métrica não são
tomadas em linha de conta, prevalecendo a intuição e o empirismo:
3 Continua na próxima edição. 4 Ler alguns excertos na próxima edição. Nesta edição damos ênfase a “outros textos” por causa do tema de capa da
Descobrindo.
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(Continua na próxima edição)
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4.1. Contextualização dos textos sobre a Literatura Tradicional e Oral
A Gaivota de 6 de maio de 2000/Edição Especial
Apresentação: (…) O signatário, orientador de estágio pedagógico,
acompanhou os trabalhos de campo que tiveram lugar principalmente aos
domingos, dia da semana mais conveniente para os informantes, a partir de
janeiro de 1999/2000. Os emissores destes textos, reelaborados pela tradição
oral, são residentes no concelho da Rª. Brava, composto pelas freguesias da
Tabua, Serra de Água, Campanário e Rª. Brava. (…) Os sítios dos Zimbreiros e
Praia (Tabua), da Adega e de S. João (Campanário), o sítio da Laje (Serra de
Água), as Furnas, São Paulo e Espigão (Rª. Brava) foram os forneceram os
textos atuais, mas outros poderão ser recolhidos, pois o filão é grande neste
concelho.
(…) Curioso é o facto de termos encontrado alguns informantes que, para
recitarem ou cantarem as suas versões, preferem fazê-lo enquanto
bordavam, como foi o caso do emissor de uma das versões da “Nau
Catrineta” e de outras peças fixadas. Segundo Jacinto Prado Coelho, é a “Nau
Catrineta” um dos Romances mais antigos da tradição portuguesa e galega,
O exemplar desta Gaivota pertenceu ao falecido José António Faria, ao qual dedicamos as páginas 48 a 55, da presente edição da Descobrindo,
conforme manuscrito à direita.
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considerado mesmo “Os Lusíadas” da poesia popular. Julgamos ser peça rara
na região e também já moldada pela “censura” do tempo.
O corpus que agora é divulgado não é exaustivo. É o início de um trabalho que
está quase todo por fazer no concelho. As zonas periféricas da Rª. Brava são
ainda fecundas. Aconselha-se aos recolectores atuais a que persistam e deem
continuidade, com outros, à recolha de novas versões e variantes que hão de
enriquecer o Romantismo Regional, incluso no “pan-hispânico”, contribuirão,
certamente, para a divulgação da nossa terra. (Rafael Vieira)
Literatura Oral e Tradicional - manifestação do imaginário de uma cultura: A
Literatura Oral e Tradicional está viva. Prova disso é o interesse que, também
aqui, desta forma, se manifesta. Se tivermos o cudado de a estudarmos e
preservamos de uma forma englobante, numa perspetiva histórico-cultural,
etno-antropológica, linguística, literária e até musicológica, estaremos a
enriquecer o nosso património regional e nacional, quer ao nível das
tradições, que urge preservar, quer no campo da ciência, essencial à evolução
do conhecimento humano e a uma mais completa compreensão da nossa
existência. (Fernando Figueiredo)
Iniciativa: Clube de Rádio e Jornalismo da EBSPMA (João Carlos Gouveia, coadjuvado por Ana Bela, José Domingos e José Manuel). Título: Literatura Oral e Tradicional do Concelho da Rª. Brava Editorial: (…) O Órgão de Gestão agradece, em particular, o apoio incondicional da CMRB e, em geral, a todos os que se empenharam para dar asas à gaivota, para que, em bando, levantasse voo. Nota de Abertura: (…) O Vereador do Pelouro da Cultura da CMRB (António Neto): Um bom presente de aniversário para o Município da Rª. Brava e para a EBSPMA. E mais uma manifestação de que esta não está desligada do seu meio envolvente. Estão todos de parabéns.
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5. RECORTES DE IMPRENSA SOBRE A Rª. BRAVA, ANOS 90. FONTE: JORNAL e DIÁRIO DA MADEIRA.
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Maio de 2003, no sítio dos Terreiros – Campanário: Agostinha
Fernandes, na altura com 65 anos de idade, quando questionada sobre
como era viver naquele sítio, respondeu: - Não havia luz mas agora já
há. O caminho existe desde 1998. Agora o que falta? Falta a
continuação da ligação viária até à freguesia do Jardim da Serra, no
Estreito de Câmara de Lobos. Se a ligação até ao Estreito fosse
construída o caminho até ao Funchal era mais curto e pagávamos
menos dinheiro.
Naquela altura não foi fácil criar os meus onze filhos. As compras eram
feitas de oito em oito dias, aproveitando a ida à missa. A mercearia
mais próxima ficava a duas horas de distância a pé. Não se comia pão.
Agora, em 2003, existe o carro que nos traz o pão, mas antes não era
assim.
Quando alguém adoecia, era transportado na rede e levado pelos
homens mais fortes ao longo da vereda até chegar ao Campanário,
quando não havia carro. O primeiro carro deste lugar foi adquirido por
um emigrante que teve de ir com a mulher a Jersey ganhar dinheiro…
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À esquerda, a artesã Maria Dantas, residente, em maio de 2003, na Rª. Brava,
na altura já tinha realizado restauros, arte sacra, trabalhos com prata,
estanho, cobre, latão e alumínio e fazia bijutaria repleta de movimentos.
Fui descobrindo por mim mesma, disse-nos Celina Coelho, em dezembro de
2012 (à direita e na página seguinte).
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CELINA COELHO, a autora
dos objetos cujas imagens
ilustram a presente página,
que vive no sítio da Boa
Morte. Em 2003 Já tinha
feito flores em pano,
cerâmica imperial, costura,
a pinhata (em espanhol:
piñata)5, arranjos florais
secos e, já nessa altura,
recebia muitas
encomendas.
Quase tudo serve de
inspiração a Celina Coelho,
a artesã madeirense capaz
de transformar o que é
considerado lixo pelo
comum dos mortais em
arte. Para Celina, artista da
Ribeira Brava, tudo serve, desde as escamas e espinhas de peixe, às sementes
de abóbora, cascas de nozes, castanhas, milho em grão, sementes da anona.
5 ¿Cuál es el significado de la piñata? Las piñatas tienen su origen en China: al inicio del año chino cada primavera, se llevaba a cabo una ceremonia en la cual los chinos elaboraban con papel la figura de un animal, la cubrían con papeles de colores y le colgaban herramientas agrícolas. (…).http://www.arquideleon.org/formacion-cristiana/formacion-en-general/411-icual-es-el-significado-de-la-pinata-.html [Consultado a 2014/1/19]
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6. O MUSEU
6.2. MUSEU ETNOGRÁFICO DA MADEIRA – ARTESANATO MODERNO:
EXPOSIÇÃO DE JOALHARIA, DE CATARINA OLIVAL
Texto: Lídia G. Ferreira (adaptado). Imagens: Museu Etnográfico da Madeira
6.1. Museu Etnográfico da
Madeira? O acervo do museu integra uma coleção de objetos que abrangem varia-dos aspetos sociais, econó-micos e culturais do arquipélago da Madeira, sendo a etnografia a área temática da sua vocação.
Tutela: DRAC/Secretaria Regional de Cultura, Turismo e Transportes. Leia mais em: http://www.imc-ip.pt/pt-PT/rpm/museus_rpm/direc_regional_madeira/ContentDetail.aspx?id=1280 www.facebook.com/museuetnografico.damadeira [2014/1/21].
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Catarina Olival formou-se em Joalharia Contemporânea na Escola Engenho e Arte do Porto e desenvolve atualmente trabalhos nessa área. Em 2013 expôs no Museu Etnográfico da Madeira (Ribeira Brava). Foi a sua primeira exposição individual mas a artista tem participado
em vários eventos culturais. A sua coleção – “Olival Joias” – conjuga
duas paixões: a ilha da Madeira, representada nas flores e nos motivos
tradicionais, e a joalharia, arte utilizada para representar esses motivos
simbólicos que identificam o nosso arquipélago.
No Catálogo, gentilmente cedido pelo “Museu”, encontramos, entre
outros objetos, brincos (doiradinha, corriola), alfinete (doiradinha),
pulseira, anel, marcador de livros, pendente, colar (bordado Madeira).
As flores, os desenhos e pontos do Bordado Madeira, o barrete de
vilão ou o barrete de orelhas, a carapuça ou a bota chã são alguns
motivos de inspiração de Catarina Olival.
R. Brava, 2013: Exposição de Catarina Olival (à esq., no início desta página)
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6.3. ARTESANATO TRADICIONAL: CONCEIÇÃO, A TECEDEIRA
Em 2013 a turma 12º A, de Ação Social, da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares, teve autorização para entrevistar a tecedeira do Museu, Sra. Conceição.
Conceição Gonçalves Pereira é solteira e
vive nos Canhas. Tecedeira, trabalha no
Museu Etnográfico da Madeira, com a
categoria de assistente operacional, há 17
anos:
Quando os turistas vêm cá ao museu
fazem perguntas sobre as linhas, como
funciona o tear, onde vou buscar os
retalhos e perguntam o porquê do branco
e do preto. E esclareço tudo. Por exemplo,
o branco e o preto servem pra dar vida.
Muitos turistas ficam admirados com esta
esta arte e costumam tirar fotografias do
meu trabalho.
Comecei aos 3 anos com a ajuda da avó
que já estava nesta área. A ajuda da
minha mãe foi importante no gosto que
tenho por esta arte.
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Enquanto a minha avó urdia, isto é, punha em
ordem os fios da teia, para fazer o tecido, eu
fazia as bonecas de pano (trapos) e, por vezes,
fugia de outras tarefas só para fazer bonecas.
Já fiz tapeçaria e o que dava mais trabalho
era passar uma linha de cada vez. Devido ao
facto de trabalhar há muitos anos nesta arte,
vou ouvindo cada vez menos. É por causa do
barulho destas peças todas quando estou a
trabalhar. Vou passando testemunho às
gerações mais novas, desde que mostrem
interesse. A minha irmã tem interesse em
prosseguir no ofício de tecedeira.
Curiosidades?
As pessoas antigamente só tomavam banho
quando chovia, colocavam baldes para
aproveitar as gotas de água, diziam que vinha
mais limpa que a da fonte.
Tipo de materiais no passado e agora?
São os mesmos, agora com mais tecidos; se
houver ausência de tecidos vou às lojas comprar. As pessoas eram
muito poupadas antigamente.
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7. CAMPANÁRIO - A SEGUNDA FREGUESIA MAIS POPULOSA DO CONCELHO
Texto: Luís Drumond6 Fotografias: Diário de Notícias da Madeira/Redação/ Luís M. Fernandez7,
O Campanário é a segunda freguesia mais populosa do Concelho de Ribeira Brava com 4131 habitantes (censos de 2001), tendo uma área de cerca de 12km2. A freguesia de Campanário foi criada a 15 de Maio de 1515, derivando a sua denominação de dois ilhéus com forma de torres de igreja (campanários) então existentes no mar em frente ao território desta freguesia, dos quais resta apenas um ilhéu, tendo sido o outro derrubado por uma tempestade em 1798.
O Campanário pertence desde 1914 ao
concelho de Ribeira Brava, com a
criação do mesmo, no entanto antes
pertencera a Câmara de Lobos (1835-
1914) e ao Funchal (até 1835), tendo
abarcado até a data de 1848 o
território da freguesia de Quinta Grande. O Campanário tem como padroeiro
São Brás, tendo ganho notoriedade na história pela produção de cereais,
especialmente trigo, granjeando o nome de “Celeiro das conquistas” pela
importância que representava no abastecimento alimentar às tropas em
conquista no norte de África.
6 Com pequenas adaptações feitas por nós. 7 Veja-se mais suas pesquisas na página…
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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Novembro, mês das castanhas!
Ribeira Brava (Chão Boieiro, num chão de castanheiros na subida para a
Trompica, junto aos reservatórios de água), organizado pela Associação
Desportiva do Campanário.
Novembro é popularmente, conhecido pelo “mês das castanhas”, referência
em tempos muito usual nas zonas altas de Campanário, nomeadamente nos
sítios do Lugar da Serra e Terreiros.
É também nestas serras, onde existe um dos maiores soutos (plantação de
castanheiros) da Madeira, composto por muitas árvores centenárias, tendo
sido determinantes no passado, no modo de vida, alimentação e economia
doméstica das populações do Lugar da Serra e Terreiros.
Se o tempo alterou a importância económica dos castanheiros e das
castanhas na zona alta do Campanário, felizmente a paisagem desta grande
extensão de castanheiros permanece única, bela e diferente ao longo de todo
o ano.
Nas serras do Campanário também ganhou notoriedade um castanheiro
pelas dimensões que atingiu. No Elucidário Madeirense faz-se a seguinte
referência: “Em outras épocas houve muitos soutos nesta freguesia,
tornando-se muito conhecido de nacionais e estrangeiros um castanheiro de
agigantadas proporções, cuja gravura se acha reproduzida em muitas obras
que se ocupam da Madeira. Ficava no sítio da Achada e media 10 metros de
circunferência. Carcomido em parte por ação do tempo, tinha na base uma
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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abertura em forma de porta, que dava acesso a uma cavidade, que podia
contar algumas pessoas.”
Sendo o castanheiro uma árvore de folha caduca (que cai e se renova
ciclicamente), ao longo do ano, este vasto manto de castanheiros que cobre
as serras de Campanário de lés-a-lés, transforma-se nas suas cores, como se
tratasse de um camaleão. Os castanheiros despidos no inverno ganham vida
com o rebentar das tenras folhas verde-claras, adquirindo progressivamente
um tom cada vez mais escuro, salpicado na primavera pelo amarelo claro da
flor do castanheiro. À medida que o outono avança, as cores das folhas
transitam para os tons castanhos, avermelhados e amarelo velho,
regressando novamente ao ponto inicial do ciclo com a imagem destas
majestosas árvores despidas e expostas ao frio do Inverno.
Este é seguramente um lindo quadro para visitar, não num, mas em vários
passeios a pé, no mesmo local, mas sempre diferentes ao longo do ano.
Aventurem-se, valerá a pena!
Associação Desportiva do Campanário – Rª. Brava, 2014/3/7: Cerca de duas dezenas de utentes do sexo feminino preparando-se para mais uma atividade regular desenvolvida pela Associação.
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Cortejo especial
27 de setembro de 2013: de quinta para
sexta, a anteceder o arraial, realiza-se pela
manhã um cortejo singular com dezenas de
populares devotos transportando cestos às
costas cobertos de açucenas, com saída da
Quinta Grande até a capela do Bom
Despacho no Campanário......Intensa vivência tradicional.
Campanário, olhar o futuro com os olhos no passado
O Campanário é uma freguesia pertencente ao concelho de Ribeira Brava, na
Região Autónoma da Madeira. Tem uma área aproximada de 12 KM2. Esta
freguesia até 1835 estava integrada no concelho do Funchal. Em 1835 foi
criado o Município de Câmara de Lobos que englobou o Campanário até 6 de
maio de 1914, data em que foi criado o concelho da Ribeira Brava.
É composta por 33 sítios: Achada, Adêga, Calçada, Carmo, Chamorra, Chapim,
Corujeira, Cova da Velha, Fajã dos Padres, Fajã Velha, Furnas e Amoreira,
Igreja, Jardim, Lapa e Massapez, Lombo do Romão, Longueira, Lugar da
Ribeira, Lugar da Serra, Palmeira, Pedra Nossa Senhora, Pedregal, Pinheiro,
Porta Nova, Porto da Ribeira, Quebrada, Roda e Massapez, Rodes, São João,
Serrado, Terreiros, Tranqual, Vigia e Voltas.
Leia e veja mais em: http://juntadefreguesiadecampanario.blogspot.pt/
[Acedido a 2014/2/22]
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Construção pombalina8 no Campanário?
É verdade, caro leitor. Estas duas imagens
foram captadas por nós em janeiro de
2014 no interior do Campanário Centrum
Clube. Não há outro registo da existência
desta construção na Região Autónoma da
Madeira. Como se explica a existência de
tal tipo de construção pombalina, mais
concretamente a gaiola pombalina
sabendo que:
É conhecida pelo seu engenho e pela sua
adaptabilidade a movimentos devido à sua
elasticidade, conferindo resistência ao conjunto [FRANÇA, 1987].
A descrição técnica da gaiola é muito simples: a sua estrutura é formada por
uma malha ortogonal de frontais, por vigamentos de piso, por frechais e
contrafrechais, juntamente com uma estrutura colocada do lado exterior que
liga as paredes exteriores de alvenaria por peças de madeira (mãos).
A complexidade desta estrutura é responsável pelo travejamento que é a
chave do bom funcionamento sísmico destes edifícios [APPLETON 9, 2008].
Os frontais pombalinos, mais concretamente, são constituídos por elementos
de madeira verticais (prumos), horizontais (travessas) e diagonais (escoras)
8 1750 - 1777, período em que Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, exerceu o cargo de primeiro-ministro português, sob nomeação de Dom José I.
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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que se cruzam formando elementos de Cruz de Santo André cujos espaços
são preenchidos por alvenaria9.
(Continua na próxima edição)
Festa da Flor
9 TEIXEIRA, Maria João da Fonseca (2010), Reabilitação de edifícios pombalinos Análise experimental de paredes de frontal; Instituto Superior Técnico; pág.21.
Participação da Freguesia de Campanário em 2013, na cidade de Funchal. Festa da Flor, que ocorre na primavera quando as flores estão no seu melhor, é um dos maiores atrativos tanto para os turistas como para os próprios madeirenses.
A confeção de tapetes de rua é uma magnífica manifestação de arte popular. Fotografias: de Rufino (na segunda imagem, de cima para baixo e para a direita, em interação com as floristas), num exclusivo para a Descobrindo.
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8. ESPIGÃO, FURNA, TABUA, SERRA DE ÁGUA
O Sítio do Espigão é um local pitoresco, os habitantes gostam de lá viver
apesar das precárias condições de vida.
Alguns emigraram e voltaram, conscientes que aquele é o local que querem
viver o resto de suas vidas.
“Homens, mulheres e crianças todos trabalhavam na agricultura, todos
gostavam de viver no Espigão”.
A agricultura era o meio de rendimento mais utilizado para garantir a
subsistência. São pessoas simples, simpáticas! As casas eram de pedra e teto
de colmo que persistem ao lado de outras com caraterísticas mais modernas.
No Espigão tudo segue a mesma rotina desde trabalhar na fazenda ao cuidar
do gado.
O Natal para as crianças que lá habitavam significa férias e mais tempo para
trabalharem nos campos para ajudarem os pais no rendimento da família.
“M A S C A R A D O S”
Sítio da Furna – Rª Brava: Natal de 2012 e o reviver da antiga tradição dos “Mascarados”.
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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Os jovens deste sítio, na atualidade, a nível do básico, estudam na
Escola Básica da Bica do Pau. Tem uma estrada que liga a Furna de
cima à Furna de baixo. Tem boas estradas, rede de abastecimento de
água e eletricidade. Os turistas têm, agora, oportunidade de descobrir
a Furna porque como diziam as autoridades em 2004 “A Furna está
mais urbana”.
Em 2012 um grupo de alunos, do 11º. Ano, da EBSPMA – Curso
Tecnológico de Ação Social visitou a Furna a fim de conhecer a
realidade social do sítio. Interagiu com as pessoas na rua e fez uma
breve visita ao Centro de Dia local. Nas páginas anteriores
desenvolvemos essa particularidade.
Os “Mascarados “da Furna, 2013.
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Tabua, 2014/2/19:
Tabua tem uma superfície de muitos quilómetros quadrados, com uma
população muito dispersa pelos vários sítios. A agricultura representa a sua
principal fonte de riqueza e as suas serras são muito procuradas na época da
caça.
Em época mais afastada a grafia desta palavra era atabua, como se vê em
muitos documentos antigos e no respetivo artigo paroquial. Foi a partir de
1938 que o padre António Francisco Drummond e Vasconcelos alterou a
forma primitiva do vocábulo, começando a escrever Tabua e lendo aos seus
sucessores até ao presente, adotando a nova ortografia. Antigamente havia
muita gente a fazer castanholas, até porque também existiam diversos
grupos de cantares, que predominavam na freguesia, não sendo raras as
vezes que vinham até ao Funchal.
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Tabua – Ribeira Brava, 2014/3/10: “Emília Melício partilhou o álbum de Teresa do Carmo”.
Em 1914 criou-se o concelho da Ribeira Brava, ficou a freguesia da Tabua fazendo parte dele tendo então sido desmembrada do concelho da Ponta do Sol. Parece que a origem
do nome desta paróquia se deve à existência de um vegetal que se chama tabua.
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Serra de Água: O sítio foi criado há mais de três séculos.
A Serra de Água já foi terra de grandes arvoredos. A madeireira era rainha e
por ali haviam bastantes serras de água, que acabariam por dar o nome à
freguesia. Hoje os arvoredos são poucos. Os incêndios na época destruíram a
maior parte da floresta e muitas delas foram ocupadas por culturas
hortícolas. Árvores de frutas existem algumas, nomeadamente a nogueira e a
ameixeira.
O envelhecimento da população na Serra de Água é o maior problema, sendo
uma das freguesias que tem maior índice de envelhecimento, não só fruto da
emigração mas especialmente uma consequência do êxodo para outras
localidades como Ribeira Brava e Funchal.
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Rª. Brava, 2013: a Banda em diversas atividades por todo o concelho: concertos, festas religiosas e outras.
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O Concelho da Ribeira Brava completa mais um aniversário, em 6 de maio de 2013. A Banda Municipal, uma vez mais, esteve nas cerimónias.
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A presença das bandas na sociedade
madeirense foi muito forte. Foi nas zonas
rurais que as bandas mais se evidenciaram no
desenvolvimento cultural das populações.
Eram, na grande maioria dos casos, a única
porta para o mundo da Arte e da Cultura e a
fonte sonora que reunia as pessoas da vila ou
da freguesia nas festas tradicionais que ao
longo do ano se realizavam.
Nestes espaços, onde a terra era dona dos
homens e os absorvia no trabalho e na vida
do dia-a-dia a banda era uma evasão para
todos aqueles que ao fim da tarde
procuravam na sala de ensaio um refúgio e
um sopro de liberdade para os desígnios e
vínculos da colonia.10
A sua principal atração é o cortejo de bandas
pelas ruas da cidade, cada grupo
representando o seu estilo de música. No
final todas as bandas reúnem-se frente à
igreja e tocam juntas um hino numa grande festa para animar os convidados
e o público interessado em geral.
10 Fonte: SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui (2001, Rostos e Traços das Bandas Filarmónicas Madeirenses; Associação Musical e Cultural Xarabanda/Direção Regional dos Assuntos Culturais; pág. 9 (adaptado). Continua na próxima edição. O contrato de colonia era um contrato tendencialmente de longo prazo que tinha a particularidade de o senhorio o poder fazer cessar em qualquer momento com a condição de mandar avaliar as benfeitorias e proceder ao seu pagamento. (Para saber mais sobre colonia, visite: http://www4.fe.uc.pt/aphes31/papers/sessao_3d/benedita_camara_paper.pdf).
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A Banda Municipal da Ribeira Brava nos anos 70, acompanhada pelo mestre
Tito Abílio da Silva, em primeiro plano, o sexto da esquerda para a direita.
Antigos presidentes da banda: José Manuel dos Santos Gonçalves (anos 70
até 1987); José Manuel Jesus Andrade (1987….), também músico executante
na banda. A lista dos mestres é mais extensa, sendo o mestre Cruz, natural da
R. Brava, o mais antigo, possivelmente desde 189511.
9. 1. SABIA QUE (II) …
11 SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui (2001), obra citada; pág. 47
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A primeira notícia, referente a uma atuação da banda é datada de abril de 1875 e que a sua escritura de sociedade só foi lavrada em 1877 e distratada12 em 6 de julho de 1888?13
Uma notícia de 1895 referia-se a uma brilhante novena de S. Bento mandada celebrar pela Filarmónica da Ribeira Brava, a qual tocaria no arraial e que em 1907 esta banda era regida por Francisco Faria?
As atuações desta banda eram constantes nos arraiais da Ribeira Brava e que em 1909 o Santíssimo Sacramento, festejado a 17 de julho, contou com a presença da filarmónica da localidade?
No dia 10 de julho de 1909 a celebração da festa do Espírito Santo contou com a presença da filarmónica e que no mesmo ano a mesma filarmónica atuou na festa de
Nossa Senhora da Ajuda na Serra de Água?
12 Tornar nulo (pacto ou tratado). = DESFAZER., in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, http://www.priberam.pt/dlpo/distratar [consultado em 24-02-2014]. 13 O ano de 1889 foi o ano oficial da fundação.
Rª. Brava, 6 de maio de 1991: A Banda Municipal celebrou 102 anos.
Fonte: DNM, 6/5/91, p. VII (especial)
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Da obra de João Adriano Ribeiro em 1997, publicada pela Câmara Municipal
da Ponta do Sol – As Bandas da Ponta Do Sol, retiramos, da página 7, as
seguintes citações que nos ajudam a entender a importância deste tema:
Em 1850, surgiu a primeira banda civil na Madeira e entre 1870 e 1875, as bandas multiplicaram-se pelo meio rural, e foram modificando certos costumes considerados rudes.
Nos arraiais, salvo raras exceções, apenas o pífano e o tambor alegravam os
camponeses. Desde então, as festas passaram a ser mais atrativas e
participadas, graças às bandas regulares e organizadas… (Continua na próxima edição)
Mas voltemos à Banda da Ribeira Brava:
Fonte: Páginas 288 a 289 da obra Ribeira Brava, de Ribeiro (1998) (adaptado)
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No Caminho da Cruz, bem perto da Vila da R. Brava, encontramos
um antigo tocador de pratos14. Numa banda ou orquestra, os
tocadores de pratos são o centro, segundo nos disse o Sr.
Leonardo, um dos vários tocadores de pratos que passou pela Banda. Para
chegarmos à sua casa, à pé, passamos por outros caminhos (ver imagens) e
vizinhas simpáticas, entre as quais as senhoras Maria e Arminda, na foto em
em cima. Foi o Leonardo que nos mostrou algumas casas já sem condições de
habitabilidade mas que “escondem” autênticos tesouros arquitétónicos. Na
parte final desta Secção dedicada à Banda Municipal, homenageamos o
falecido professor José António Faria (1954 – 2008), com o apoio da sua
viúva, a senhora Clara Fernandes Faria, moradora na Ribeira Brava.
14 Prato ou címbalo é o nome genérico atribuído a vários instrumentos musicais de percussão, construídos a partir de uma liga de metal, geralmente, à base de bronze, cobre e/ou prata. Podem ser percutidos com um par de bastões chamados de baquetas, ou golpeando-se cada um dos pratos contra o outro, deixando-os depois vibrar livremente, ou ainda abafando a vibração imediatamente após o impacto, de acordo com o efeito desejado: faz parte dos conjuntos instrumentais populares, as bandas e fanfarras. Originário, provavelmente, da Mesopotâmia, in http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/docs/200712-dicionariomusica.pdf .
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Em 1996 a Banda Municipal da Rª. Brava era
constituída por 26 elementos, com idades
compreendidas entre os 11 e os 81 anos.
O Diretor Artístico - Mestre da Banda, era,
em 1996, José António Faria.
Clara Faria, viúva do Maestro Faria, em 18/3/ 2014.
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Prof. Faria, em discurso direto: (…) Fiz seis marchas para a Banda Municipal
da Ribeira Brava. (…) Houve uma evolução na minha escrita musical. No
princípio era por intuição.
Letra: Anónima ribeirabravense. Arranjo musical: José Faria
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(…)
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
54
José António Faria (1954 -2008) – um dos ex-diretores artísticos da Banda Municipal da R. Brava. As primeiras fotografias referem-se à sua qualidade de professor da EBSPMA em diversas atuações e ensaios com alunos integrados no projeto “Bandinha”.
Prof. Faria, em discurso direto: O Sr. Raúl Serrão foi o meu primeiro professor. É uma pessoa à qual devo muito. Procurei sempre seguir a sua imagem até ganhar a minha própria personalidade. A pessoa ganha o seu estilo próprio sem desrespeitar aquilo que aprendeu.
Texto extraído da obra citada, p. 145. Fotografias de Clara Faria.
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(Continua na próxima edição)
Prof. Faria, em discurso direto: A harmonia
aprendida no Conservatório, a matemática musical, tem os seus limites. Só se consegue entrar no mundo da composição quando, para além dessa matemática, começamos também a desbobinar a nossa criatividade…
(Ver dedicatória ao Mestre Faria, na Gaivota de 2000 na página 23)
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“Encontros Regionais de Bandas”, um evento anual criado para preservar o importante património musical da Região Autónoma da Madeira (RAM)
Destaque já institucionalizado: Os Encontros Regionais de Bandas
Filarmónicas da Madeira, numa parceria entre a Direção Regional dos
Assuntos Culturais, Câmara Municipal da Ribeira Brava e Associação de
Bandas Filarmónicas da RAM.
Rª. Brava, 6 de maio de 2003: A Banda completou 114 anos. Fonte: Jornal da Madeira, de 11/5/2003, pág. 25.
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10. TRINTA E QUATRO ANOS DA CASA DO POVO
Na Ribeira Brava a
necessidade de divulgar as
múltiplas tradições de um
povo e de preservar a
cultura viva das gentes da terra, bem assim como proporcionar a locais
e visitantes uma verdadeira amostra representativa dos seus bailados,
cantigas e tradições, levaram à formação do Grupo Folclórico e Juvenil
da R. Brava a 26 de julho de 1980 que, desde 1989, passou a
denominar-se Grupo de Folclore da Casa do Povo da R. Brava15.
Em março de 2014 visitamos parte das instalações. As taças, diplomas,
certificados e outros tipos de troféus são muitos:
Casa do Povo da Ribeira Brava situada na Rua Juvenal José Ferreira. 9350-203 Ribeira Brava.
15 Adaptado de uma investigação de Eleutério Corte, gentilmente cedida à Descobrindo.
Casa do Povo da Rª. Brava, 6 de março de 2014: O Presidente da mesma, acompanhado pelas alunas Tânia Pita e Catarina Garcês, do Curso Tecnológico de Ação Social da EBSPMA, 2013/14
Rª Brava, 28/6/1993- Grupo das marchas da Casa do Povo da Rª. Brava. Original de Clara Faria (a quinta marchante, da esq. p/a direita, de pé)
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Direção Da Casa
Do Povo
Da R. Brava
2 0 1 4
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Visita à Casa do Povo, em março de 2014, na companhia das alunas Tânia Pita e Catarina, do Curso Tec. Ação Social. Os Srs. Pereira e Renato fazem uma demonstração dos seus talentos na área de acordeão/Concertina, de modo a motivar os jovens para a importância das marchas populares.
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A dedicatória foi obtida através do Sr. Luciano Canha (na foto à direita, na
pág. anterior), presidente das «Velhas Glórias» (de que Eusébio fazia parte),
que chegaram a pensar vir jogar à Ribeira Brava na inauguração do novo
campo e complexo desportivo. Esta vinda não foi concretizada (devido a
problemas de saúde do Sr. Canha). No entanto, o Sr. Luciano Canha enviou a
dedicatória ao CDRB através do Dr. João Gonçalves (que tinha conhecido em
Timor-Leste).
Filipe Corujeira, 2014/1/7
A data oficial da fundação do Clube Desportivo da Ribeira Brava é 18 de
outubro de 1961, dia da publicação da aprovação dos primeiros estatutos,
embora o clube já existisse muito antes.
À direita: Eusébio e Luciano Cunha, autor da obra “Clube Desportivo da Ribeira Brava – o clube e a sua terra”, 2008. Em cima: Eusébio e Pelé em 1963. Eusébio foi um futebolista português, nascido em Moçambique. Falecimento: 2014, Lisboa. Início de carreira: 1957. Fim de carreira: 1979. Prêmio: Bola de ouro. Em baixo: Como eram as notas (dinheiro) em 1942, data de nascimento de Eusébio.
11. DESPORTO
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Desde o início da fundação do Concelho da Ribeira Brava, em 1914, o
visconde da Ribeira Brava, Francisco Correia Herédia, o principal
impulsionador da fundação do Concelho em 1914, promoveu diversas
atividades desportivas: torneios de espada, tiro ao alvo, jogos de futebol…
Bibliografia: Ribeiro, João (1998), Clube Desportivo da Ribeira Brava – O clube e a sua terra (adaptado), Ribeira Brava: pág. 17, 37, 40, 42, 66, 68, 71, 78, 111 e 112.
“Pouco a pouco começamos a perceber que 1,50 euro, que parece pouco dinheiro, são 300 escudos…", desabafaram-nos alguns dos jogadores mais antigos do “Clube”.
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Primeira equipa oficial do CDRB, 1962-1963. Da esquerda, no primeiro plano, “Bacalhau”, “Catrina”, “Bola de Meia”, Barros e Ferreira; no segundo plano: Irineu, Câncio, Freitas, Cândido, Carlos e Martins.
Conjunto Académico João Paulo, na década de 70: Este conjunto musical, apesar de muito famoso na época, chegou a atuar nas antigas instalações do Clube Desportivo da Ribeira Brava, conforme o testemunho de alguns dos nossos leitores mais velhos.
CDRB (Da
esquerda): Nelson
Martins, Arlindo
Faria, Luís Mendes e
Sidónio Nabo; equipa
de atletismo da
década de setenta;
equipa de
automobilismo da
década de oitenta,
cuja comissão
organizadora era
presidida por José
Luís Andrade
(médico).
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Max esteve na Ribeira Brava a convite do CRB, em junho de 1960.
POMBA BRANCA - MAX Pomba branca pomba branca Já perdi o teu voar Naquela terra distante Toda coberta pelo mar Pomba branca pomba branca Já perdi o teu voar Naquela terra distante Toda coberta pelo mar Fui criança e andei descalço Porque a terra me aquecia…
Por Max e Vasco de Lima Couto. Maximiano de Sousa ou Max (1918 - 1980) foi um cantor e fadista português, natural da Madeira. A ele se devem êxitos como Noites da Madeira, Bailinho da Madeira, A Mula da Cooperativa…
No início da página seguinte, imagens captadas na rede social de Michel Vicente: Pedro Abreu,
Abrindo um parêntesis humorístico (EBSPMA- Dez. 2013: Fotografia de uma pomba que, voluntariamente, permaneceu durante alguns minutos na reprografia da EBSPMA, fazendo “companhia” às funcionárias daquele espaço: Manuela, Olga e Clarisse.)
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David Simão, João Martins, Rúben Viveiros, Filipe Sousa, Filipe Orlando Gomes, Djonny Silva, Bruno Nunes, Fábio Faria, Pedro Nascimento, Ronaldo Teixeira, Félix Pereira e Ricardo Marques. 20 de abril de 2012 (De Mário Pereira): Basquetebol, nos juvenis femininos, masculinos e no futsal nos Juniores femininos e masculinos…nos cinco primeiros lugares...é muito! Assina Prof. Sónia Nóbrega. Ainda nesta página, fotografia de alunos da EBSPMA na qualidade de Campeões Desporto Escolar 2012/13 - Basquetebol - Victor Ferreira, Bernardo Pestana, João Gomes, Jimmy Fernandes, Sónia Nóbrega, Maurício Barros e Camilo Fernandes. Prof. Mário Pereira em 14 de abril de 2013…e parabéns, também, às equipas de futsal da Ribeira Brava! No canto inferior direito: EBSPMA, dezembro de 2013: Clube de Xadrez.
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Clube Desportivo Ribeira Brava (em cima) - 7/1/2014 - FUTSAL SÉNIOR 2013/2014: Délio Martins, Marco Martinho, Erick Santos, William David, Saúl Pestana, Ricardo Pestana, João Pedro Correia, Samuel Pita, Manuel Abreu, Luís Pestana e Diogo Pinto. Dirigente responsável pela Secção: Marco Martinho; Treinador: Vicente Câmara; Delegado: João; Massagista: Norberto; Periodicidade dos treinos: duas vezes por semana; Local: Campo Desportivo da Vila. Integram a equipa: Ribeirabravenses, pessoas que residem em São Vicente e outros naturais do continente mas residem na Ribeira Brava, profissionalmente ligados ao ensino e a outras áreas,
cujos filhos jogam também no “Ribeira Brava”. LILIANA FERREIRA (CLUBE JUDO BRAVA) - Campeã Nacional, modalidade de judo, sub-23, categoria +70kg. Considerando o excelente resultado desportivo alcançado pela atleta do Clube Judo Brava, ao sagrar-se Campeã Nacional, na modalidade de judo, sub-23, categoria +70kg, ao dignificar a Região Autónoma da Madeira e o desporto regional, a Direção Regional de Juventude e Desporto endereça à atleta, ao Clube, aos seus dirigentes e a todos os responsáveis por este êxito, as melhores congratulações e uma palavra de apreço e regozijo, desejando que continuem o bom trabalho e o trilho de sucesso, em prol do desporto da RAM.
17-06-2013 - SRE / Direção Regional Juventude e Desporto
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(Continua na próxima edição)
CDRB. 1977/1978– Campeão da 2ª Divisão da Madeira - Da esquerda, de pé: Sidónio, Vítor, Fernando, Manuel, Luís, João, Fernando (o mesmo da foto à esquerda, com as faixas de campeão bem nítidas), Câmara, Pedro, Vieira, “Branco”. No primeiro plano, da esquerda: Santos, Zeca, Venâncio, Armindo, Basílio, Galileu, Lino e Leonel. Festejos por o “Ribeira Brava” ter sido, com muito mérito, o novo campeão da segunda divisão regional, nos finais da década de setenta.
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12. ECONOMIA - SUCATA, AGRIÃO, CANA-DE-AÇÚCAR E MERCADO
12.1. A ribeira da Rª. Brava ajuda a minimizar a crise?
A recolha de ferro-velho é
altamente rentável e há quem
esteja a faturar acima de meio
milhão de euros por ano, lemos
na comunicação social
madeirense. Desconhecíamos,
contudo, que a ribeira da
Ribeira Brava, bem perto de
nós, trazia no seu leito sucata
suficiente para encher uma
carrinha.
Pois, em maio de 2013,
testemunhamos esta recolha
familiar de sucata junto do leito
da ribeira quase sem água por
ser verão. Confirmamos a
existência desta atividade
económica aqui na parte final
da nossa ribeira.
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O que se ganha com a venda desta sucata ajuda para as despesas da família,
nesta altura da crise, disse-nos simpaticamente o pai aqui retratado.
Os restos de ferro na ribeira esgotam rapidamente e é preciso muita
imaginação e ferramentas adequadas - cordas, arame, ganchos e…muita
força nos braços e de vontade – para os localizar, juntar e meter dentro da
viatura, tendo, apenas, como “ajudante”, a filha menor, estudante.
As imagens são elucidativas pelo que dispensam mais palavras da nossa
parte.
Economicamente falando, o negócio é rentável para alguns porque o mesmo
gera lucros (resultados positivos).
O que testemunhamos não era furto e, pelo contrário, era um pequeno
contributo para a limpeza da ribeira, numa luta inconsolável para a
sobrevivência de uma família provavelmente vítima do desemprego.
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12.2. "Noite do Mercado" atraiu na Madeira centenas de pessoas à R. Brava.
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Ribeira Brava, Madeira, 22 dez (Lusa) - O concelho da Ribeira Brava, na ilha da
Madeira, organizou no sábado, pela primeira vez, a "Noite do Mercado", uma iniciativa de promoção dos
produtos regionais que teve uma adesão maior do que a prevista.
O evento, organizado pela Câmara Municipal do concelho, foi uma
aposta nos produtos regionais madeirenses (veja-se a página anterior).
O vereador da Cultura da Câmara Municipal do concelho, Rui Gouveia,
afirmou à agência Lusa:
"Esta é a primeira experiência que temos na 'Noite do Mercado´ na Ribeira Brava. E é um sucesso, não só pelo número de feirantes que foi ao evento, mas também pela adesão do público, veio muita gente"16.
16 Texto (adaptado) de http://expresso.sapo.pt/noite-do-mercado-atraiu-na-madeira-centenas-de-pessoas-a-
ribeira-brava=f847532#ixzz2tU9kZUXrnph [Acedido a 2014/2/16]. Imagem desta página: Luís Fernadez,
antigo aluno da EBSPMA e do Curso Tecnológico de Ação Social.
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12.3. A recolha de agrião na ribeira na Fajã
Tradição e ciência: Além de saboroso em saladas e sopas, o agrião tem
benefícios nutricionais. Contém fósforo, iodo, ácido fólico, betacaroteno e
vitaminas A, C, B2 e PP. Tradicionalmente era usado como planta medicinal
pelas propriedades estimulantes, depurativas e diuréticas, e também como
complemento no tratamento da diabetes e da anemia. Em sumo com mel
fazia uma mezinha contra a bronquite e a tosse.17
Será por isso que a senhora aqui retratada, na Fajã da Ribeira Brava, em 3 de
novembro de 2013, se encontra concentrada a recolher agrião do rio ou
agrião de água?
12.4. Exemplo do trabalho do corte da cana na Rª. Brava
17 http://activa.sapo.pt/belezaesaude/saudenutricao/2013-07-12-os-beneficios-do-agriao. [Acedido a 2014/3/23].
Vale de Baixo (Rª. Brava), 2014/3/25: “Sim, bebe-se água quando se precisa”, disseram-nos o Trindade (à esquerda) e o Agostinho.
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Por volta de 1440, Açores, Madeira e Cabo Verde tinham uma
produção de cana que abastecia não só a o Continente mas
ainda a Inglaterra, portos de Flandres e algumas cidades da
Itália.
No passado dia 25 de março fomos “descobrir”, no Vale-de-
baixo, na Ribeira Brava, uma atividade económica de corte de
cana, numa propriedade do Sr. Armindo Pestana. Os nossos
agradecimentos aos Srs. que estavam a trabalhar,
nomeadamente os senhores Armindo Agostinho,
Trindade…Aqui ficam as os nossos agradecimentos por nos
terem facilitado a recolha de imagens.
Para onde vai esta cana toda? A resposta dada pelos senhores
foi a seguinte: Ainda vai ser, depois de cortada e agrupada em
molhos, com base num cavalete, colocada num camião, com
destino à Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Seco. Este ano
está a ser muito bom. Não faltaram água e sol para dar boa
cana. Desta e de outra cana da Região, vai sair aguardente,
mel para fabricar bolos e broas.
Vale de Baixo (Rª. Brava), 2014/3/25: Um “bailado”? Cada qual sabe o que deve fazer, sem atropelos e as caninhas para a próxima colheita já começaram a crescer, num constante processo de renovação.
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13. QUARENTA ANOS DA EBSPMA – (PARTE I)
QUEM É QUEM?
Içando a bandeira página anterior, a atual jornalista da SIC, Paula Castanho.
Como começou a sua carreira de jornalismo?
Costumo dizer que começou na escola. Quando
estava no 12.º ano, no Funchal, Madeira, estive
uma temporada no "Diário de Notícias". Mas desde miúda que me
interessava por este mundo e que queria muito fazer televisão. Acabei por
entrar na Universidade Nova de Lisboa e seguir esta área. Seguiu-se um
estágio na RTP, mas acabei por não ficar. Fui ainda colaboradora da Máxima e
trabalhei em duas agências de publicidade, o que foi muito positivo, uma vez
que comecei a perceber melhor o mundo empresarial. Antes do dia 6 de
outubro de 1992, dia da primeira transmissão da SIC, já estava em formação
nesta estação de televisão. Já lá vão 1918 anos ao serviço da SIC.
Mantém ligações ao Alentejo, nomeadamente a Aljustrel?
Sim, mantenho o contato. Saí do Alentejo com 12 anos e fui viver para o
Funchal. Regresso ao Alentejo sempre que posso. Tenho aí família e é a
minha terra. Sempre que me solicitam tenho gosto em colaborar e participar.
Ajudo sempre que me pedem e tenho muito gosto nisso. Como vivi muitos
anos no Funchal, quando me perguntam costumo dizer que sou alentejana e
madeirense.
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Entrevista feita em 2011.
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13.1. De 1974, data da fundação da Escola, a 2014: Um pouco de retrospetiva dos 40 anos de existência, num exclusivo para a Descobrindo…
De 1983 em diante. Imagens: Arquivos da EBSPMA
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Em 1983 foi assim. Em cima, na cantina, a cozinheira, D. Isabel, mãe das professoras Carmo, que leciona, agora, na mesma escola e a professora Cristina (Ponta do Sol), acompanhada pela então professora de Matemática, Celeste.
Como era o 6 de maio na década de 80? Aquele dia era especial, a data mais esperada pelos alunos, porque podiam expor os seus talentos e os melhores trabalhos desenvolvidos ao longo do ano letivo. Conviviam, brincavam. A “missa campal” celebrava-se na escola…e os alunos não podiam faltar à missa. Vestiam as melhores roupas que possuíam.”. Betty (funcionária dos livros de ponto).
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As comemorações do 6 de maio eram diferentes e eram mais divertidas comparando com a atualidade. Por exemplo, havia partilha de comidas feitas pela comunidade escolar (alunos e professores). Além das visitas de estudo havia o hábito de se realizarem excursões.
Zélia (funcionária administrativa)
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SABIA QUE (III)…
O 1º diretor da escola chamava-se Francisco Simões?
- É uma história muito complicada, o ministério da educação teve dificuldade em arranjar um diretor para a escola da Ribeira Brava,” Francisco Simões: deu o seu tempo e energia à nossa vila, pois muitos de seus colegas tinham habilitações para o cargo, mas não queriam abandonar a sua vida no Funchal.
- Outra curiosidade:
Em 1973 haveria que começar uma escola sem que o edifício onde ela deveria funcionar estivesse sido construído.
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Na última foto, à esquerda: Professoras Zé Ventura, Isabel Reis, Orlando Drumond, jornalista do Diário de Notícias, a fazer a sua reportagem; professora Marília Andrade. “Não me canso de repetir, porque passei por essa experiência: A comemoração do Dia da Escola, o 6 de maio, era mais dinâmica, divertida; nesse dia era como se estivéssemos todos em família”. Betty (funcionária dos livros de ponto).
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EBSPMA, maio de 2004 De cima p/baixo, da esq. p/a dir.: J. Miguel, Manuel, Sra. Olga, Celso, Maria Aurora*, Liliana, prof. Olga rodeada de alunos no pátio da escola: “Clube Cultivar Saúde”. *Ver página seguinte
EBSPMA, maio de 2004: Nesta imagem, alunos na fila por uma sopa gostosa acabada de fazer…
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«TUDO NO MUNDO É FEITO PARA ACABAR POR CONVERTER-SE NUM LIVRO.»
STÉPHANE MALLARMÉ
«Guardas tudo de mim / – não sei se entendes /a ternura da dádiva – /também não te pergunto…/ para quê? /O meu amor é isto: /desejar-te em segredo /pouco esperar do que vier de ti /e
nada te pedir.».
MARIA AURORA? Foi professora do Ensino Secundário, fez rádio e televisão (apresentadora de Atlântida na RTP Madeira). Foi, também, jornalista (A Capital e Diário de Lisboa), animadora cultural e coordenadora da revista Margem, editada pela Câmara Municipal do Funchal a cujo departamento cultural pertenceu e através do qual dinamizou a Feira do Livro. Faleceu aos 72 anos, vítima de doença prolongada…
É tarde, meu amor (poema de Maria Aurora Carvalho Homem)
É muito tarde.
O tempo implacável me consome
E destrói o vigor do corpo moço:
Apagou o fulgor do meu olhar
Roubou a altivez do seio cheio
Secou o rio manso do meu ventre
Cobriu de pergaminho a minha mão
É tarde, muito tarde
Mas… por dentro
Ainda bate, por ti, o coração.
No belíssimo poema que a seguir transcrevo, o coração é, ainda, apanhado na armadilha do tempo indomável e destruidor. Confira-se: É tarde, meu amor É muito tarde. O tempo implacável me consome E destrói o vigor do corpo moço: Apagou o fulgor do meu olhar Roubou a altivez do seio cheio Secou o rio manso do meu ventre Cobriu de pergaminho a minha mão É tarde, muito tarde Mas… por dentro Ainda bate, por ti, o coração. Discurso Amoroso, Maria Aurora Carvalho Homem, Editorial Campo das Letras, Porto 2006.© Teresa Sá Couto (to Artur). Adaptado de http://comlivros-teresa.blogspot.pt/2009/01/poesia-de-solido-e-erotismo.html [Acedido a 2013/11/13]
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…Esta escola está parecida com um
campo de concentração. Só com algumas
alterações, pois num campo de
concentração podemos fumar e aqui não.
Os professores podem chegar atrasados,
os alunos não, pois espetam-nos logo
uma falta.
Nós não temos direito a falar, somos cães
dominados pelos donos.
Se fazemos o que gostamos somos
punidos pelos superiores.
Temos um campo de voleibol e não nos
dão bolas para jogarmos este desporto.
Somos manipulados. Afinal, em que raio
de democracia estamos?
Queremos ser ouvidos; queremos estar
num lugar onde possamos levar cultura
do meio. Não queremos aprender a ser
dominados para depois dominarmos os
outros. Queremos falar, queremos
mostrar o que aprendemos mas…aqui é
impossível.
Espero que isto mude.
Tony Pereira, 9º. E
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“Gaivota” – Memórias, 6 de maio de 2004: D. Sílvia, a irreverência é
uma caraterística inerente aos jovens de todos os tempos. Na sua
altura, também fizeram atos reprováveis?
“Sílvia”19”: Nessa altura, os alunos faziam as suas asneiras gostavam de
meter fósforos nas fechaduras, esconder as pastas dos colegas, deixar
os rolos de papel higiénico nas sanitas…Lembro-me, também, que um
aluno na fila do lanche atirou uma maçã a outro colega atingindo-o no
olho, ficando este bastante magoado. Ainda estavam os alunos à
frente da cantina, quando lá chegou a presidente do Conselho Diretivo,
deu-lhe um estalo e não houve mais conversa. Não houve necessidade
de participações, reuniões ou deliberações. O assunto resolveu-se ali!
19 Sílvia Doroteia foi responsável pelos Serviços Administrativos da escola até 2013. Está reformada há menos de um ano.
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Alunos professores e outros profissionais, antigos e atuais, em diferentes
atividades, cada qual com a sua especificidade: Bênção das capas, concurso
de beleza, aulas, participação em peças de teatro, noite/dia de mercado,
“madrinha”…Todos são importantes!
Ano
letivo 2004/05
Inauguração dos trabalhos elaborados pelos alunos do 5º e 6º ano da nossa escola, em exposição até ao dia 05 de março de 2014, nas chegadas do aeroporto do Funchal.
Assina: Prof. Feliz Pereira
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EBSPMA, 2013 Comunidade Educativa na inauguração do projeto de final de três alunos do Curso Tecnológico de Ação Social 2012/2013, turma 12º. B - Carla, Fátima e Gomes - Um “produto” que foi aplaudido pela maioria dos utentes.
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13.2. FINALISTAS, JORNADAS, MODA E ESPETÁCULOS, 2013
A escola é um lugar para aprender, crescer e amadurecer
Texto de Alda Almeida20
Nas escolas fazem-se amizades,
descobrem-se os primeiros amores e
amigos. A escola é, muitas vezes,
lugar de tristezas e sorrisos, onde se
desenha a vida e se projetam os
sonhos, se vivem certezas e temem-
se realidades.
20 Presidente do Conselho Executivo da EBSPMA.
Rª. Brava- Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares (EBSPMA), novembro de 2013 – Festa dos alunos finalistas.
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E é exatamente isso que a nossa escola tem
sido ao longo destes quarenta anos de
história. Para muitos, uma segunda casa, um
lugar de alegrias e aprendizagens, onde
muitos jovens passaram e passam a maior
parte dos seus dias. Um mundo de culturas e
de experiências que se confundem e
interlaçam com as letras, os números, a arte
ou até mesmo a música…
A escola é um pequeno mundo em
transformação…e, hoje, porque é uma data
muito especial para todos nós, uma vez que se
assinala mais um aniversário para a história
desta instituição, quero deixar uma pequena mensagem:
Os próximos tempos trazem alguns receios não só para nós enquanto escola mas, principalmente, para muitos dos pais dos nossos alunos aqui presentes. Todos juntos seremos capazes de superar angústias e desmotivações, com esperança e coragem seremos capazes de ultrapassar os momentos menos confortáveis que a maior parte está a viver, mas é importante que todos continuem a acreditar na formação e educação dos vossos filhos, porque a escola é a chave que abre a porta do sucesso.
A vida é feita de ciclos e chegará o momento em que a maior parte de vocês
serão recompensados pelos esforços que têm vindo a fazer para manterem
os v/filhos a estudar. Por tudo isto, é preciso acreditar… é preciso vencer os
obstáculos…é preciso continuarem a lutar….Um bem-haja a todos vós!
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Jornada s
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A Biblioteca Municipal da Ribeira Brava e a
Escola Básica e Secundária Padre Manuel
Álvares promoveram, pela primeira vez, uma
Jornada Cultural. O evento decorreu entre os
dias 27 e 29 de novembro de 2013, na
Biblioteca Municipal.
A organização definiu os seguintes objetivos:
A participação em atividades pedagógicas e
culturais; a sensibilização dos alunos para a
importância da leitura e da escrita na
formação integral do individuo; promover uma
maior interligação e convívio na Comunidade
Educativa…
A terminar
… 12º- A, Ação
Social, em
“TEC”
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Rª. Brava, 2013: Mercado – local privilegiado para venda e compra de artesanato (Sra. Bete e o Prof Élvio, por exemplo). Bênção das capas: Algumas fotos para mais tarde recordar, com a participação do Museu.
Muitas gaivotas já passaram por esta avenida, as melhores ficaram para receber e aquecer o coração daquelas que as visitam. Prof. Cristina Silva, em 21/12/2013.
QUARENTA ANOS DA EBSPMA – (PARTE II)
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13.3. Rª. Brava, 6/5/1997: Um olhar sobre o passado
Por Francisco Simões21
A propósito da horta recordo um episódio difícil de que, provavelmente,
poucos se lembrarão. Quando começamos a produzir os primeiros morangos,
tomates, cenouras, etc, começamos a fazer sumos que depois eram
distribuídos pelos miúdos nos diversos pontos em que estavam a ter aulas.
Acontece que 40 dos 380 meninos que tínhamos na altura manifestaram uma
espécie de alergia (furúnculos?).
Lembro, com agrado, o velho Dr. Pais que, vendo-me entrar no seu
consultório com um desses meninos, me disse com o seu ar de respeito. O
senhor arranjou um sarilho. O senhor não sabe o que está a fazer. De facto eu
não sabia. O Dr. Pais explicou-me então: Estes meninos depois de deixarem de
mamar, comeram milho e batatas e você, de repente, quando eles têm 11, 12
anos, dá-lhes “bombas” de vitaminas… e, agora, é que são elas. A solução é
limpar-lhes os intestinos e depois é preciso uma coisa que não tenho: as
vitaminas necessárias para estabelecer uma plataforma de equilíbrio (…)
E, por isso, começamos a criar os nossos próprios animais para termos ovos,
carne, etc., de tal modo que passamos a ser quase auto-suficientes em
termos alimentares. Chegámos mesmo a produzir mais do que
necessitávamos. Começamos, por isso, o intercâmbio com a Escola
Industrial22. Trocávamos produtos daqui por açucar, pão, manteiga e outras
coisas até que alguém se assustou e disse não querer nada com esta Escola
que deixava os miúdos andarem pela Vila e não tinha campainha (…).
(Continua na próxima edição)
21 Primeiro Diretor da EBSPMA. Fonte: Suplemento da Gaivota de 1997. 22 Atual Escola Secundária Francisco Franco (Funchal).
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13.4. Lembro-me…23
Da alegria que senti ao saber que a Escola da Ribeira Brava abriria
nesse ano (73/74), pois disso dependia eu continuar ou não os meus
estudos. Eram finais de outubro. Tinha feito o 1º. ano no extinto
Externato S. Bento e ir estudar para o Funchal, na minha condição
familiar e económica, era impossível .
Das primeiras aulas. A turma subiu até ao Miradouro, acompanhada
do professor Simões, professor de desenho e diretor da escola, para,
aí, podermos observar e construir a planta da nossa escola – a planta
da vila da Ribeira Brava.
Das disputas entre as turmas para se conseguir a posse da sala.
Estavam a construir a escola, havendo apenas quatro salas prontas. A
sala pertencia à turma que primeiro chegasse à sala ou por decisão
dos professores em consonância com a atividade a desenvolver.
Das primeiras semanas de aulas. Não havia mesas nem cadeiras nas
poucas salas que já estavam prontas. Dentro ou fora da sala de aula
sentávamo-nos no chão, nas bermas dos caminhos ou levadas que
existiam na horta, ou num monte de madeiras usadas na construção,
cujos pregos aguardavam os alunos menos cautelosos. Cadernos
sobre os joelhos e lá íamos escrevendo os nossos apontamentos.
23 Professora Leontina Santos (Presidente do Conselho Executivo em 1998/1999), adaptado da Gaivota nº- 19, de 6 de maio de 1999; pág. 9.
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13.5. As conversas de Martinho Macedo…
I
Com Leontina Santos (2014/2/17)
O espírito de Fernão Capelo Gaivota
A Escola Básica Secundária Padre Manuel Álvares celebra 40 anos de
existência. Foi fundada, formalmente, no ano letivo de 1973/1974, tendo
como primeiro diretor o professor e escultor Francisco Simões. A propósito
do quadragésimo aniversário da Escola vou entrevistar a professora Leontina
Santos, discípula ativa do espírito precursor da instituição, inspirado na obra
de Richard Bach - Fernão Capelo Gaivota.
Entrevistador: Muito boa tarde, senhora professora. Vamos iniciar esta
entrevista recordando algumas experiências significativas que foram
Rª. Brava, 2013 – Jantar das “Gaivotas”, (da esquerda para a direita): Leontina, a primeira no último plano e Camarata, a quinta, no segundo plano, num exclusivo para a revista Descobrindo, dão o seu testemunho no ano em que se celebram os cem anos do concelho e quarenta anos da EBSPMA.
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compondo a sua biografia. Pode ser? Há quanto tempo abraçou o espírito de”
Fernão Capelo Gaivota”? Como foi a descoberta pela vocação do ensino?
Prof.ª Leontina: Boa tarde. O meu nome é Leontina Silva Santos e tenho
cinquenta e quatro anos. As qualificações académicas foram conquistadas de
forma gradual e com muita dedicação. Alcancei o grau de mestre na área da
Filosofia pela Universidade de Braga, extensão do Funchal. Em 1981, nesta
escola, iniciei a atividade docente, antes de possuir a formação universitária.
O percurso académico foi realizado a trabalhar e a estudar simultaneamente.
Quanto às experiências, elas são muitas e diversificadas. Umas são de ordem
privada e familiar, outras de ordem profissional. Inicialmente, no Ensino
Diurno, comecei pelo Segundo Ciclo, seguido do Terceiro Ciclo onde estive
menos tempo e, claro, a maior parte do tempo foi partilhado com os alunos
do nível Secundário. Também passei pela experiência dos vários programas
do Ensino Noturno nos diferentes níveis, desde o Ensino Recorrente até aos
atuais Cursos de Educação e Formação (CEF) e Cursos de Educação e
Formação de Adultos (EFA).
Ao longo destes anos desenvolvi várias atividades e desempenhei múltiplas
funções dentro da escola. Entre aquelas que mais interessam para este
momento, as de ordem profissional, são de realçar: o papel de animadora de
diferentes clubes, abrangendo o teatro, a natureza, aos projetos com as
crianças, por exemplo, A Filosofia para Crianças; o acompanhamento nas
saídas de Visitas de Estudo, dentro e fora da Região Autónoma da Madeira
(RAM); a lecionação enriquecedora nos diferentes níveis escolares; o facto de
ter sido Orientadora de Estágios; o desempenho da função de Coordenadora
dos Diretores de Turma e, em última instância, o momento em que fui
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Presidente da Escola durante dois anos. Tem sido um leque de experiências
que me deixa confortável em relação ao ensino porque muita coisa não é
nova e, ao mesmo tempo, uma atitude crítica em relação a muitas outras.
Entrevistador: Foi uma descoberta exigente mas recompensadora, assente
na dedicação e no espírito de missão. Em 1973/1974 emergiu a Escola Básica
e Secundária Padre Manuel Álvares e o professor escultor Francisco Simões
como primeiro Diretor. A professora Leontina conheceu esta personalidade?
Prof.ª Leontina: Evidentemente. Francisco Simões foi uma figura ímpar que
marcou todos os alunos, especialmente, os primeiros alunos que
frequentaram esta escola, por ter sido o impulsionador e o motivador para
que a escola funcionasse nesse ano, em 1973/1974.
Apesar da instituição não apresentar as melhores condições materiais, ele
achou oportuno começar desde logo as atividades letivas para evitar que a
escola perdesse muitos alunos. Eu seria uma daquelas que teria ficado sem a
escolaridade, na medida em que não tinha as condições para dar
continuidade aos estudos noutro local mais longínquo. Tendo consciência da
realidade precária das famílias e do fato de muitas crianças já terem iniciado
o primeiro ano ou terem feito a Telescola, logo sem condições para
continuarem, Francisco Simões decidiu abraçar este projeto e lançou-o de
uma forma inédita.
Em 1973/1974, antes de ocorrer a Revolução do 25 de Abril, podemos dizer
que o concelho de Ribeira Brava foi pioneiro, por desenvolver uma atitude de
liberdade, respeito, tolerância e diversidade que, olhando hoje, parece
inconcebível que se pudesse ter feito isso antes do 25 de abril, mas
aconteceu. Eu tive a felicidade de ter sido uma dessas alunas e de ter
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partilhado com Francisco Simões o espírito e a visão de Fernando Capelo
Gaivota. Nessa época era chamada de Leontina Gaivota, tal como todas as
outras colegas e, desse modo, foi injetado no espírito dos jovens o gosto, a
missão, o esforço e o trabalho, dentro e fora da escola, por um futuro
melhor. Acho fundamental que se voltasse a renovar e incentivar todos esses
valores nos nossos jovens.
Entrevistador: Deduzo das suas palavras a necessidade de reorientar os
jovens no caminho de uma liberdade mais dinâmica e responsável. Como
aluna desta escola, que olhar traz na memória dessa passagem? Como era o
clima escolar, as aulas, enfim, quais foram os traços mais salientes dessa
época?
Prof.ª Leontina: Isso mesmo. Ora, o que eu gostaria de referir,
essencialmente, era o gosto por aprender que animava todos os alunos que
frequentavam a escola. A escolaridade não era obrigatória, por isso os que cá
estavam eram aqueles que queriam, aqueles que insistiram com os
familiares, tal como eu que chorei e bradei para voltar para a escola e que,
assim, aproveitavam ao máximo tudo aquilo que a escola tinha para oferecer.
Também não havia a concorrência de outros meios para chegar determinado
tipo de informação. Efetivamente, a escola tinha um papel privilegiado nessa
época que presentemente não tem. Hoje ela tem fortes concorrentes,
sobretudo do mundo audiovisual.
Nesse tempo vivia-se verdadeiramente um espírito de gosto, de interesse e
de motivação por aprender. Tudo e todos tinham a aprender e a ensinar e
este foi o grande lema de Francisco Simões. Todos os colaboradores de cá de
dentro, desde o senhor João, o antigo agricultor que cuidava da horta, grande
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mestre e professor sem escolaridade, foi professor dos professores e de
todos os alunos. Essa motivação fez com que todos os alunos se
empenhassem em manter, em construir e criar a própria escola.
Começamos por ter quatro salas e cinco turmas. Uma turma ficava sempre ao
relento. Havia uma disputava entre as turmas para ver quem conquistava
primeiramente o espaço de cada sala. Nas primeiras semanas nem cadeiras
havia, apenas o teto e o abrigar do vento porque não havia imobiliário. Foi
uma alegria enorme os carros chegarem com cadeiras e mesas. Nós
ajudamos a descarregar o material e de seguida a montarmos as salas. São
dias e memórias inesquecíveis.
Depois, todo o percurso, dentro e fora da escola, motivado e muito
trabalhado pelo professor Francisco Simões, professor da disciplina de
desenho (hoje com a designação de EVT) que sempre nos ensinou e
incentivou a enquadrar o contexto social em que estávamos inseridos.
Lembro-me que uma das primeiras aulas foi subir até a zona do pico e, a
partir do miradouro, tivemos de desenhar a planta da vila da Ribeira Brava
porque ele defendia que a escola não podia estar desenraizada do seu meio.
Esta iniciativa invulgar foi uma experiência nova para essa época. E neste
espírito nasce o dia da Escola, o dia seis de maio, porque é o aniversário da
fundação do Concelho da Ribeira Brava.
Depois destas práticas surgiram tantos teóricos, pedagogos, livros e
ensinamentos que nos vêm dizer que a escola deve estar em sintonia com o
contexto social onde está inserida. Mas ele não dizia, fazia. E por essa razão
saímos vila abaixo: decoramos paredes e aconteceram aulas em qualquer
espaço, onde fossem possíveis as aprendizagens, quer sentados na esplanada
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do café ou no adro da igreja, quer pintando as muralhas do mercado que as
pessoas mais conhecedoras bem se recordam. Apesar de já ter sido demolido
e restaurado, agora, o mercado já não apresenta qualquer vestígio dessas
pinturas. Foi assim que também se fez da vila a Escola, pois qualquer meio é
condição de possibilidade de aprendizagem. Quando Francisco Simões
regressou à Ribeira Brava, passados muitos anos, o professor ficou muito
chocado ao encontrar a escola rodeada por uma vedação enorme, o que
contraria, naturalmente, o espírito de escola como continuidade com o meio
social. Claro que as realidades são diferentes, a realidade social atual oferece
outros perigos aos adolescentes e outras motivações que levou à colocação
da cerca, mas, realmente, o espírito que se viveu na altura é qualquer coisa
que deixa uma saudade enorme.
Entrevistador: Pois, os agentes educativos é que fazem o espírito da escola
apesar das adversidades. Neste contexto, a Escola Básica e Secundária Padre
Manuel Álvares celebra, no dia 6 de maio de 2014, o seu quadragésimo
aniversário, como professora, qual é para si o significado desta data? Pode
referir algumas dificuldades e desafios da sua carreira profissional?
Prof.ª Leontina: Sou realmente uma pessoa apaixonada pela história desta
Escola e já o demonstrei em várias circunstâncias, nomeadamente quando
exerci a função de presidente. Nessa altura tentei agregar os antigos alunos
e, a partir de então, passámos a fazer do seis de maio a data do jantar das
antigas “Gaivotas”. Nesse primeiro encontro marcou presença o Francisco
Simões que se dignou vir à Madeira.
No ano seguinte fazíamos vinte e cinco anos da existência da Escola e foi
decidido assinalar essa data com um pequeno compêndio de algumas
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memórias, com a colaboração de vários professores da altura e antigos
alunos. Foi possível, grande parte com a participação do professor escultor
Francisco Simões, compor um pequeno compêndio que realmente perdura
até aos nossos dias e, algumas vezes, utilizado como objeto para agraciar
quem nos visita. Fico um pouco desapontada por não ter havido mais
iniciativas para perpetuar a memória dos melhores ambientes escolares, os
verdadeiros ambientes escolares.
Nos anos posteriores seguiu-se a destruição de muitos vestígios que
marcavam e assinalavam os documentos vivos da história desta Escola. Hoje,
entra-se na nossa Escola e ela parece uma escola igual a todas as outras
porque se apagaram as pegadas, os elos e o espírito reinante nas primeiras
“Gaivotas”. Ainda resistem duas frases nas fachadas da entrada devido ao
esforço que fiz, há uns anos atrás, para que se mantivessem essas frases de
Fernão Capelo Gaivota24. Sobrevive alguns pequenos vestígios como o nome
da Rua das Sombras e a Avenida das Gaivotas, mas a grande maioria das
pinturas desapareceram e, infelizmente, o novo protótipo da Escola até quer
apagar o nome Padre Manuel Álvares que, mais uma vez, visa suprimir os
vestígios da cultura de uma determinada realidade.
O Padre Manuel Álvares, filho ilustre desta terra, é uma grande figura da
Língua Portuguesa, comparável aos grandes escritores como Luís de Camões,
cuja obra se divulgou mundo além. E agora até se pretende ignorar
24 “Estão cegos? Não conseguirão ver? Não se aperceberão da glória que será quando aprendermos realmente a voar? Não me interessa o que eles pensam. Mostrar-lhes-ei o que é voar.” “Tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu, aqui e agora; nada se pode interpor no teu caminho. Essa é a lei da Grande Gaivota, a lei que é. - Queres dizer que posso voar? - Quero dizer que és livre?” (Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota).
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semelhante feito, apagando o seu nome de uma instituição tão importante
numa comunidade como é a Escola. Para mim, o quadragésimo aniversário
deve ser assinalado com toda a pompa e circunstância, não só por respeito à
memória do passado mas, sobretudo, para reavivar determinados valores
que possam tocar, sensibilizar e voltar a despertar o gosto pela Escola.
Entrevistador: A Escola vive das suas referências, da sua história e identidade
próprias. No ano passado foi apresentado o projeto de uma nova escola
secundária. Parece que apenas os concelhos de Ribeira Brava e Porto Santo
foram os únicos que não renovaram as escolas secundárias. Qual é a sua
opinião sobre esta promessa?
Prof.ª Leontina: Ora, uma escola nova! Não sei se será uma escola nova ou
serão apenas paredes novas. Muitas vezes uma escola nova reporta-se
apenas a salas, mesas e cadeiras novas. Eu sonhava, sempre sonhei que a
Ribeira Brava voltaria a ser pioneira em termos escolares como já foi há
quarenta anos atrás, com uma “Escola Nova”. Fomos exemplo para os
pedagogos, fomos exemplo para os professores do ensino básico do
continente, mais do que para os da Madeira, infelizmente.
Fiquei um pouco dececionada por saber que a mudança passará pela
renovação das paredes. Vamos continuar com a mesma circunstância de que
existem disciplinas que vão ter de ser administradas, repetidamente, fora
daqui, caso da Educação Física, colocando os alunos em situações
desagradáveis como as situações de chuva e mau tempo, os perigos
rodoviários, entre outros. Além disso, ainda não conheço o interior deste
projeto, mas se se repetir o que tem vindo a acontecer com as últimas
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construções escolares, esta será mais um copy e paste (copiar e colar) igual a
tantos outros, sem qualquer caraterística que a diferencie.
Gostaria que a minha escola tivesse capacidade para agregar os alunos num
só turno, que não houvesse dois turnos a funcionar porque isso nunca produz
bons efeitos. Não há medida nenhuma que o Ministério venha a
implementar, que vá dar o fruto pretendido nas condições em que nós
trabalhamos, numa escola a três turnos, onde a funcionária tem de controlar
os espaços e esgueirar-se, durante cinco minutos, para poder fazer a limpeza
ou poder arejar uma sala. Este é um dos vários problemas. A questão
essencial é que a escola deveria disponibilizar uma oferta diversificada aos
alunos e isso só é possível quando trabalhamos apenas num turno. Num
segundo turno, os alunos escolheriam entre as diversas atividades
extracurriculares aquelas que pretendiam frequentar sem qualquer tipo de
constrangimento.
O ideal seria conceber atividades para aqueles que têm mais limitações no
processo de aprendizagem e outras iniciativas mais exigentes para aqueles
que têm um ritmo de aprendizagem mais avançado. A Escola pode ser uma
fonte de enriquecimento dentro dessa natureza, permitindo, essencialmente,
que a equipa docente tivesse a possibilidade de ter momentos de trabalho
interdisciplinar, pois, só assim se obtém os verdadeiros frutos no ensino. Este
ensino compartimentado, esta dificuldade dos professores se reunirem e,
sempre que o fazem, tem de ser em horários pós-laborais, traduz, de facto, a
desmotivação e o prejuízo para a vida profissional de qualquer docente. Um
professor que entre na escola às oito, com aulas na parte da manhã e na
parte da tarde, e depois ainda tem uma reunião às dezanove ou às vinte
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horas, evidentemente que a sua motivação para trabalhar é nula, antes pelo
contrário, sente-se cansado e revoltado, como é óbvio. Assim, não vamos a
lugar nenhum.
Entrevistador: Muito interessante a sua visão da nova escola. Antes do
imóvel urge promover um diálogo alargado sobre as ideias quem devem
orientar a construção, a organização e a vida da Escola Secundária do
concelho. Agora, no papel de presidente da escola, tendo presente a sua
experiência, quais foram os aspetos mais relevantes?
Prof.ª Leontina: Muito bem, a minha passagem pela direção desta Escola não
foi uma experiência inédita, pois já tinha assumido funções no Conselho
Diretivo da Escola Básica da Ponta do Sol. Mas, no caso concreto destes dois
anos à frente desta Escola, o que mais me desagradou foi realmente o
excesso de burocracia.
Em muitos casos, o cargo de direção da escola cinge-se muito mais ao papel
de um funcionário a executar tarefas burocráticas do que propriamente a
assumir a função de direção, sobretudo nas circunstâncias em que a escola se
encontrava: superlotada, na altura com quase dois mil alunos, com
problemas disciplinares que se avizinhavam, desde então vividos com uma
certa gravidade. Uma das coisas em que me empenhei, com o apoio do
Conselho Pedagógico e outros meios, foi a implementação de um
Regulamento Interno onde pudesse travar essa escalada de indisciplina,
entretanto, barrado com a questão da legislação em termos gerais e com o
Estatuto do Estudante. Certas coisas não foram possíveis de desenvolver e
isso contrariou-me um pouco e desmotivou para continuar à frente da escola.
Contribuiu também uma grande razão que foi o meu envolvimento num
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outro projeto social, onde mais direta e facilmente consigo chegar às pessoas,
sem tanta interposição burocrática, como é o caso do ensino em Portugal.
Entrevistador: Portanto, a burocracia suga a energia vital das pessoas e das
instituições. Uma escola viva e social exige disciplina e desburocratização por
parte das direções. Rodando um pouco o ponteiro indagador, tem alguma
ideia sobre o novo modelo de avaliação da classe docente?
Prof.ª Leontina: Relativamente ao novo modelo, creio que é mais um
modelo. Modelos perfeitos de avaliação julgo que não existem, mas este é
mais um para preencher papel e mostrar à opinião pública que existe um
modelo de avaliação. Não me sinto confortável a tecer algumas críticas
porque também não tenho o modelo alternativo que me diga: deve ser desta
ou daquela maneira com clareza, com exatidão, objetivamente. No entanto,
penso que ele deveria ser sentido mais por dentro, que perpassasse o tecido
escolar, e não devesse ficar à mercê, exclusivamente, de um professor para
tecer a avaliação.
Nesse processo deveriam constar, antes de mais, os dados recolhidos em
Conselho de Turma, onde mais claramente se manifesta a dinâmica
pedagógica que um professor implementa dentro de uma sala com os seus
alunos, do que simplesmente uma avaliação assente num documento escrito,
em linguagem pedagógica e didática muito correta, mas que no fundo pouco
ou nada avalia. E assistir a uma ou duas aulas também poderá ser igual a
quase nada, comparativamente à avaliação consciente do trabalho complexo
do professor.
Talvez fosse mais exequível e rigorosa uma grelha onde o professor fosse
registando o seu processo de trabalho ao longo do ano com algumas metas,
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uma ferramenta não excessivamente pormenorizada nem burocrática. O
parecer deveria contemplar as informações dos outros colegas de grupo e
dos Conselhos de Turma, que resultaria numa avaliação feita por uma equipa
e não apenas a visão de uma pessoa. Acho que o modelo vigente, centrado
num só avaliador e apoiado num documento descritivo ou em duas aulas
assistidas deixa muito a desejar.
Entrevistador: Na realidade parece um modelo de avaliação demasiado
redutor, tanto na forma como no conteúdo. Avançando agora para o mundo
da política, segundo julgo saber, também teve uma breve passagem por esta
área da ação humana. Como agente política o que lhe apraz recordar sobre o
centenário do concelho de Ribeira Brava25? Quais foram as transformações
mais marcantes e o que nos deve fazer correr?
Prof.ª Leontina: Como não consigo ficar parada, também fiz a experiência de
participar de outra forma na sociedade, embora a docência também seja uma
forma de contributo social. A política permite uma interferência mais direta
na realidade social. Ao longo de quatro anos, um mandato, participei como
vereadora, não a tempo inteiro, apenas com assento nas reuniões, mas que
me deu realmente uma noção de como é que funciona a máquina por detrás
daquilo que nós, munícipes, nos apercebemos da realidade. Não gostaria de
detalhar pormenores dessa fase para não ferir suscetibilidades. E não dei
continuidade por falta de perfil da minha pessoa para encaixar no sistema
como estava montado.
25 O Concelho de Ribeira Brava foi criado a 6 de maio de 1914, graças às iniciativas do visconde Francisco Correia de Herédia (1852-1918).
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Mas, olhando para o 6 de maio, eu vivo-o muito mais como professora do
que como munícipe. O seis de maio é, efetivamente, o dia do concelho de
Ribeira Brava mas, o dia mais celebrado pela população, é o dia de São Pedro,
29 de junho, e podíamos dizer que mais de sessenta por cento dos
ribeirabravenses desconhece o que é que se celebra no dia de 6 de maio.
Para quem foi aluna e professora desta Escola, o seis de maio ganhou uma
força muito grande. Este entusiasmo vem provar, novamente, a atitude e a
perspetiva do professor Francisco Simões de que a Escola não vive de costas
viradas para a comunidade. Pelo contrário, transformou a vila da Ribeira
Brava, a dinâmica do município na dinâmica própria da Escola, convergindo
os dois polos na celebração da Nossa Festa. E aqui, mais uma vez, a Escola da
Ribeira Brava, foi precursora em instituir o 6 de maio como seu dia,
enquadrando-se nas raízes da comunidade onde está inserida. Foi assim que
o seis de maio entrou na minha vida de uma forma indelével.
Quanto ao centenário do concelho e às transformações ocorridas durante
este século, é claro que muita coisa aconteceu e não apenas nesta parte da
Ilha. Todas as transformações e melhorias de qualidade de vida que a
Madeira assistiu, essencialmente, após o 25 de Abril de 1974, e neste caso,
de forma particular no Concelho da Ribeira Brava, também se assiste a um
desenvolvimento pouco harmonioso. Desenvolveu-se ou centralizou-se a
atenção em determinados aspetos e negligenciou-se outros. Mas a sociedade
é um todo.
Eu concebo a sociedade como um ser vivo em que o desenvolvimento dos
membros faz-se em simultâneo e, a Ribeira Brava, poderíamos dizer, que em
termos culturais, ficou muito negligenciada, isto é, ficou muito pouco
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alimentada. Quem esteve à frente dos destinos deu mais comida a um filho
do que a outro e, assim, um desenvolveu-se mais do que outro. Agora, temos
uma realidade um pouco andrógena, com pernas e braços disformes, logo a
necessidade do reajustamento. A atualidade impõe limar algumas assimetrias
e valorizar todas as dimensões de uma sociedade. Essa valorização das
dimensões de uma sociedade, às vezes, não envolve grande investimento
financeiro. E em muitas situações, basta ter espírito aberto, recetividade, e
desenvolver a cooperação entre os munícipes. Existem muitas pequenas
coisas que fazem a diferença no desenvolvimento harmonioso de uma
comunidade.
Entrevistador: De facto, as decisões quando são demasiado estreitas
depauperam e atrofiam a realidade social. Penso que ainda tem algum tempo
para uma última pergunta. Outrora os jovens seguiam os exemplos dos mais
adultos, hoje a grande inspiração parece emanar de inúmeras fontes,
sobretudo as mais mediáticas. Ora, neste contexto, consegue indicar alguma
obra (livro, personalidade, filme) que possa servir de referência para a malta
mais jovem?
Prof.ª Leontina: Eu costumo mostrar aos meus alunos três grandes livros que
marcaram a minha formação. São livros pequenos, de fácil leitura e acessíveis
a qualquer pessoa. Um deles inevitavelmente é o Fernão Capelo Gaivota de
Richard Bach.
Foi o primeiro grande livro que me marcou e que contribuiu imenso para a
minha personalidade: o não ficar quieta à espera que as coisas aconteçam é o
espírito do Fernão Capelo Gaivota. Acho que ele deveria ser fortemente
incentivado, divulgado e trabalhado nas escolas por que vem muito de
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encontro às necessidades atuais. Temos de sair da nossa zona de conforto e ir
à luta, pois ninguém vive por nós. É preciso que os jovens tomem consciência,
quanto antes, desta realidade antes de sofrerem o choque quando
enfrentarem a sociedade, dado o estado paupérrimo em que ela se encontra
do ponto de vista das oportunidades destinadas aos jovens.
Uma outra obra de referência é o Principezinho de Saint-Exupéry. Acho que é
um livro imemorável para todas as idades e indispensável para a vida em
sociedade, para a vida profissional e para a vida em família, ao ressaltar a
importância de criar laços que vem confrontar a tendência do mundo
ocidental, mergulhado na cultura individualista. Aqui está a nu os efeitos
deste egocentrismo centrado no indivíduo que só conta com ele próprio. Por
conseguinte, criar laços é uma pedra fundamental para viver e melhorar a
sociedade.
Outro livro pequenino e acutilante de que faço muito uso é o Papalagui
escrito em 1920 por Erich Scheurmann e que, de uma forma brincalhona e
caricata, analisa vários aspetos da cultura ocidental, aquela de que fazemos
parte, no sentido de despertar a consciência para os caminhos que o homem
ocidental tem percorrido, agarrado à verdade absoluta e detentor de poderes
insuspeitos que, analisados por outros prismas, mostram o quanto estávamos
redondamente iludidos. Com esta situação de crise abre-se espaço para
podermos promover as devidas reformulações e transformações em
benefício do Bem Comum. A sociedade não pode continuar no mesmo ritmo
e na mesma direção. Há que parar, retroceder e virar noutros sentidos. Acho
que é a altura ideal de voltarmos a valorizar, despertar e dar a conhecer aos
jovens outros valores e perspetivas.
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Entrevistador: Foi um privilégio fazer-lhe esta entrevista e partilhar este
inquietante testemunho. Oxalá que estas linhas escritas possam despertar
muitos sonhos adormecidos. Em nome da Escola Básica e Secundária Padre
Manuel Álvares e de toda a comunidade ribeirabravense um sentido e
especial obrigado por ter aceitado mais este desafio.
Prof.ª Leontina: De nada, o prazer foi meu.
II
Com ex-aluna Trindade Camarata (2014/2/24)
40 anos depois
No dia vinte e quatro de fevereiro de 2014 entrevistei uma ex-aluna da Escola
Básica Secundária Padre Manuel Álvares que pertenceu ao primeiro grupo
das “Gaivotas”.
Entrevistador: Muito boa tarde, como sabe a Escola celebra o 40.º
aniversário. Penso que é o momento oportuno para recordar o testemunho
de uma ex-aluna que pertenceu ao primeiro grupo das “Gaivotas” da Escola
Básica e Secundária Padre Manuel Álvares. Em primeiro lugar, pode referir
alguns aspetos da sua biografia? Por exemplo, o nome, a idade, a atividade
profissional e algumas experiências mais marcantes na sua vida que possa
partilhar com os leitores?
Sr.ª Trindade: Muito boa tarde. O meu nome é Trindade, mais conhecida por
Camarata, e tenho cinquenta e sete anos. Trabalho como escriturária numa
empresa de transportes e pertenci ao grupo das “Gaivotas” que frequentou
esta escola de uma forma empreendedora. Esta experiência memorável
passou-se há quarenta anos atrás. Esse tempo foi, acima de tudo, uma bela
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112
etapa da minha vida onde aprendi a crescer e a respeitar os outros, com o
apoio dos professores espetaculares que eu tive. Recordo-os com muitas
saudades. Não vou nomear nomes, pois, poderei desconsiderar alguns, o que
poderá magoar algumas pessoas que irão ler a entrevista.
Nessa época criavam-se laços de amizade, coisa que hoje em dia
parece difícil de acontecer. Existia uma união, uma amizade sincera entre
professores e alunos. Perpassava um elo baseado no respeito pelos
professores e funcionários. Foi um clima e uma convivialidade espetaculares.
Fui muito feliz nesse tempo.
Entrevistador: Nas relações humanas os laços são tão importantes para
quase tudo. Lembra-se com certeza do “parto” desta Escola no ano letivo de
1973/1974 e do seu primeiro diretor Francisco Simões. Pode descrever
algumas memórias desse professor escultor?
Sr.ª Trindade: O professor e diretor Simões é uma personalidade
inesquecível. Ficou no nosso coração, não só no meu, mas em todas as outras
alunas. Ainda ontem tive o privilégio de falar com ele ao telefone, pois, temos
um grupo espetacular devido à amizade que perdurou ao longo destes anos
todos. Desde os primórdios ficou combinado o reencontro num jantar, todos
os anos, no dia seis de maio, com todos os alunos e professores do grupo de
“Gaivotas”. Atualmente fazemos esse jantar na semana do seis de maio e, a
propósito, o amigo Simões ligou-me ontem a perguntar pelos pormenores do
jantar:
– Então, Camarata, quando é que vai ser o jantar? Não se esqueçam de
avisar-me. Quero estar com vocês.
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No ano transato ele marcou presença e adorou o convívio. Houve algumas
alunas das quais ele já estava esquecido mas depois ao falar e com a
recordação das experiências dessa época, começou a lembrar-se das pessoas.
Nunca vou esquecer o professor Simões e muitos outros que ficaram no
nosso coração.
Entrevistador: Muito bem, falou-me do clima entre professores e alunos
baseado na amizade, na camaradagem e no ritual do jantar comemorativo.
Outro aspeto importante tem a ver com as aulas. Como eram as aulas e as
aprendizagens de então? Eram parecidas com as de hoje ou eram diferentes?
Sr.ª Trindade: O que eu sei das aulas do meu tempo é que nós estávamos
quase sempre à hora marcada e entrávamos juntamente com o professor. Ele
era a “Gaivota” principal e nós o bando que ia atrás. Lamento, hoje em dia,
porque trabalho nas proximidades da escola, aquilo que vejo e ouço as
pessoas comentarem, nomeadamente, alguns comportamentos pouco
dignos: certos alunos saem de casa para a escola mas não aparecem nas
aulas; fazem diabruras dentro da sala; põem cadeiras atrás das portas;
quando o professor entra na sala fazem barulho, etc., etc.
Bem...no meu tempo… eu não sei o que era isso. Claro que éramos
brincalhões, mas havia regras e eram respeitadas. Nessa altura a escola
estava a nascer e nós respeitávamos os professores e empregadas,
inclusivamente, limpávamos e cuidávamos de uma horta para o nosso
sustento. Havia, além disso, uma vaca que era alimentada pela erva que os
rapazes apanhavam e nós tratávamos de outra parte da horta onde havia
cenouras, couves, morangos, batatas e também algumas galinhas. Ficávamos
com as mãos sujas mas éramos felizes ao trabalhar em conjunto em prol de
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um alimentação rica e saudável para todos os alunos. Como muitos pais não
tinham grandes possibilidades, a horta era uma forma de produzirmos o
nosso próprio alimento, servido através da cantina.
Entrevistador: O respeito e a solidariedade foram dois pilares essenciais da
nossa Escola. Então, pelo que me disse, além das aulas, vocês ocupavam
parte do vosso tempo com as tarefas relacionadas com a horta. Ora, além das
virtudes de viver e estudar nesse período, peço-lhe que fale um pouco das
vossas dificuldades?
Sr.ª Trindade: Como vivo relativamente perto da escola não tive, assim,
muitas desvantagens. Também não havia transporte para ir buscar a, b, ou c.
Cada um tinha de se desenvencilhar conforme podia. Eu percorria
diariamente dois a três quilómetros de forma alegre, pois vinha ao encontro
da escola, com a alegria de aprender e de estar com os amigos. Esse percurso
era feito com o entusiasmo de chegar ao encontro de alguém que está em
sintonia com a vida escolar. Naturalmente, a maioria dos alunos gostava da
escola, do estudo e do convívio.
No entanto, sempre que havia um feriado também saltávamos de alegria e
íamos lá para baixo ver os estrangeiros saírem, em frente da igreja. Um dos
grandes problemas dessa altura era a ausência de transporte para os alunos.
Muitos alunos do lado da Calheta que vieram estudar para o nosso concelho,
devido às dificuldades do transporte, ficavam na pensão da Ribeira Brava e só
iam às suas casas no fim de semana. Outros alunos que viviam muito mais
longe da escola tiveram que ultrapassar o obstáculo da distância e outros
fatores de ordem socioeconómica. Claro que do ponto de vista material, as
instalações e as salas não eram tão cómodas como as atuais, mas, com o
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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passar do tempo, as coisas e as transformações da escola foram
gradualmente se recompondo, no geral, para melhor. Apesar de tudo,
fizemos todos os esforços e iniciativas em conjunto para dar a volta por cima
em prol do nosso estudo e de um futuro melhor para todos. Eu não sei bem o
que é que hoje existe, mas no âmbito das atividades extracurriculares desse
período, é de realçar as visitas de estudo, que deduzo que se mantêm; os
passeios a pé e de autocarro com professores e alunos e pouco mais.
Entrevistador: É impressionante como o vosso espírito insaciável e
perseverante foi suplantando as adversidades materiais em nome de um
futuro mais risonho. Como membro desse grupo das “Gaivotas”, como
elemento pioneiro da escola, qual é para si o significado de ser “Gaivota”?
Sr.ª Trindade: Ora, para mim, ser “Gaivota”, como o próprio nome indica,
quer dizer que éramos um grupo que remávamos para o mesmo lado em prol
de alguma coisa boa para as nossas vidas. Por exemplo, alguém sugeria uma
ideia que depois era apoiada pelos professores, por exemplo, a pintura de
uma parede. Foi assim que achamos por bem pintar a parede da entrada da
nossa Escola com as “Gaivotas”, relacionadas com os alunos que a
frequentaram nessa época, inspiradas na obra de Fernão Capelo Gaivota de
Richard Bach.
Nesse tempo também ocorreu umas atividades fotográficas muito
expressivas cujas fotos ainda guardo. Ocorreu num laboratório de fotografias
que havia na altura. Tirávamos a fotografia e de seguida iniciava-se o
processo de revelação: colocávamos a folha numa máquina e depois
imprimíamos as fotos a preto e branco. Nessa altura foi uma mais-valia, uma
descoberta espetacular que despertou e alegrou todos os participantes nessa
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atividade. Entrar no laboratório e depois cada um sair com a sua própria
fotografia, foi algo novo e extraordinário para a época!
Entrevistador: Como ser “Gaivota” significa estar impregnado de uma
liberdade ativa, também ouvi dizer que a senhora Trindade organiza os
jantares do grupo de “Gaivotas”. Existe alguma razão para essa tradição?
Sr.ª Trindade: Ora, isso começou pois, como todos sabem, pelo menos os
ribeirabravenses deveriam saber, no dia do concelho que é a seis de maio.
Algum colega sugeriu a realização de um jantar nesse dia. A partir de
então incentivamos a celebração anual de um jantar com o grupo de
“Gaivotas”. Nos primeiros anos a colaboração foi mais intensa, depois
arrefeceu um pouco, mas voltou a crescer na celebração do jantar.
A maior parte desse grupo inicial está entre a Calheta, Ponta do Sol e Ribeira
Brava, mas eu tenho o contato de quase todos, inclusive dos professores, e
costumo através de SMS avisar toda a gente e combinar a data do jantar. A
maioria adere com muita alegria pois é uma vez por ano que nós
comemoramos um dia que ficou celebrado nas nossas vidas de estudantes.
Foi o seis de maio, o dia da Ribeira Brava!
Entrevistador: O jantar passou a identificar-vos com uma época e a passagem
por esta Escola em particular. Todavia, esse ritual parece não se ter
propagado aos grupos de “Gaivotas” que vieram depois de vocês?
Sr.ª Trindade: É como tudo na vida. Há uns que estudam, casam e acham que
já têm a vida organizada com a família e o trabalho e muitas vezes esquecem-
se das amizades que ficaram para trás. Eu por acaso estudei, trabalho e casei
e nunca esqueci os meus amigos. Temos de ter tempo para conviver com
aqueles que merecem a nossa amizade! É fantástico o convívio, talvez seja
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por esta razão que movimento este reencontro das “Gaivotas” no jantar
anual. Então, começo a mexer na papelada e toda a gente vem ao meu
encontro. O que sei é que, nos meses de fevereiro e março, muita gente liga
para saber o lugar do jantar-reencontro que por vezes se prolonga pela noite
dentro. Com o entusiasmo dos outros, fico contagiada e começo a mobilizar
os contactos e a fazer tudo para que as coisas aconteçam. É de louvar esta
comunhão, esta amizade entre ex-alunos e professores (Simões, Domingos,
Orlando, Quim, Luz, Mariana, Gilberta, Celeste, Zé) do nosso tempo que
estiveram na alvorada da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares.
Entrevistador: Pois bem, parece que a amizade é uma experiência intemporal
e gratificante em si mesma. Agora, olhando para a escola atual, como é que a
vê? Na sua opinião o que é que permanece da escola dessa época e o que
nota de diferente? Pode falar, por exemplo, dos alunos, professores,
funcionários, espaços, encarregados de educação?
Sr.ª Trindade: Ora bem, a escola mantêm-se no mesmo sítio, é claro, o que
diverge é a maneira como os alunos se comportam. Isto merece o meu
reparo. Não estou a dizer isto no sentido pejorativo, pois muitos ainda lutam
pela escola, tal como nós no nosso tempo, mas talvez existe uma maior
percentagem de comportamentos negativos. E acho que essas situações são
pouco construtivas.
Ouço falar de muitas rivalidades entre os alunos e da destruição das
condições materiais da escola. Talvez fosse necessário precaver este estado
de coisas com outra educação antes de entrarem nesta escola, outrora tão
acarinhada. Penso que a escola não é para educar os alunos mas está
principalmente vocacionada para preparar os jovens para o futuro. A
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educação e valores deveriam ser ministrados, antes de mais, no contexto
familiar, não faz sentido a escola estar a pagar um preço demasiado elevado
por a, b ou c, não ter tido a devida educação desde a infância. Este tipo de
situações é muito penalizador.
Entrevistador: A convivência na escola já não se rege pelos mesmos
princípios. Alimentando um pouco mais esta nossa conversa, recentemente
os governantes regionais anunciaram um novo projeto para esta escola,
alterando inclusive o nome para Escola Básica e Secundária da Ribeira Brava,
o que obliterou da designação da Instituição uma figura incontornável da
cultura do concelho como o Padre Manuel Álvares. Não sei se já ouviu falar
destas mudanças? Tem algum conhecimento deste novo empreendimento?
O que acha do novo edifício?
Sr.ª Trindade: Olhe, tudo o que vem para bem da juventude é de louvar.
Realmente a escola pelo facto de já ter 40 anos já se encontra degradada e
acho bem que renovem a escola porque há sempre maneiras de melhorar as
condições que nos rodeiam e a escola em si mesma não é algo já feito,
acabado. A escola é um projeto vivo para outros alunos que hão de
frequentá-la. Contudo, nesta altura do campeonato, até acho um pouco
estranho que esse plano se venha a concretizar. Oxalá que sim! Oxalá que
sim! Não é falta de organização da escola porque tem tudo o que é de bom,
mas persistem outros fatores que mostram a crise económica avassaladora à
nossa volta e não sei se o novo edifício virá a será materializado brevemente.
Talvez no tempo dos meus netos seja possível contemplar essa nova escola.
Entrevistador: O sonho deve alimentar a esperança. Imagine que tinha a
possibilidade de transformar a escola, o que é que faria?
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Sr.ª Trindade: Talvez mudasse um pouco as excessivas cargas horárias dos
alunos e dos professores. Vejo os jovens com um horário demasiado
ocupado. Os alunos passam muito tempo dentro da escola, de manhã até ao
anoitecer e talvez esta situação não seja benéfica para ninguém, desde
alunos, famílias e professores. Esta carga horária deveria ser repensada,
melhor dividida entre as várias turmas e professores, mas, como agora as
coisas estão muito mais difíceis, ao nível da colocação de professores, é capaz
das coisas ficarem mais sobrecarregadas para uns e menos para outros.
Desta minha visão externa, vejo às vezes as funcionárias chamarem atenção
dos alunos para situações irregulares e eles não revelam, infelizmente, o
devido respeito pelos agentes auxiliares da ação educativa. Também ouço
dizer que o mesmo acontece com os próprios professores, o que é de todo
inaceitável. Como já referi, este tipo de atitudes não têm a ver diretamente
com a escola mas apontam para o trabalho e responsabilidade das famílias.
Entrevistador: A família é um aliado crucial na ação educativa. Sem querer
invadir a sua vida privada, peço-lhe que indique algum exemplo (experiência,
livro, filme) ou uma breve mensagem destinada aos alunos em geral, os
homens e mulheres do futuro.
Sr.ª Trindade: Ora bem, eu acho que uns dos primeiros conselhos que eu
daria à juventude é que se abstraiam um pouco mais dos telemóveis e dos
computadores. Diversifiquem a ocupação dos seus tempos livres, tal como eu
fiz no meu tempo: ler um bom livro; estabelecer uma relação direta com os
seus amigos e dialogar sobre diversos assuntos. Estas práticas parecem pouco
usuais entre os jovens.
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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Hoje, os jovens encontram-se, por exemplo, num café mas cada um está
prisioneiro do seu telemóvel, computador, MP3, ou IPAD, a receber e a
enviar mensagens, sem haver um diálogo efetivo, como se mais ninguém
estivesse à sua volta. Estes jovens estão a perder um pouco as raízes que eu
tinha do meu tempo mas que não abdico de maneira nenhuma. Por isso é
que eu digo que no meu tempo, e digo-o não porque já ultrapassei os
cinquenta anos, mas afirmo-o com orgulho e satisfação, de que no meu
tempo de estudante tive tempo para: brincar com os meus amigos, ler,
estudar e estas experiências foram o mais importante. Foi um tempo
dedicado à amizade. Hoje em dia os jovens agarram-se em demasia aos
computadores e aos telemóveis.
Entrevistador: Todos ficamos mais ocos quando abandonamos as nossas
raízes, a tradição, a identidade, as relações interpessoais e os laços culturais.
A propósito e como última questão, este ano o concelho de Ribeira Brava
celebra o seu centenário, o que lhe diz esta data? Quais foram na sua opinião
os acontecimentos mais relevantes? Se fosse presidente que medidas
tomaria logo de imediato?
Sr.ª Trindade: (Risos). Eu acho que a Ribeira Brava estendeu-se e evoluiu de
forma positiva, embora hajam vozes contra e a favor. Apareceram os grandes
hipermercados, os novos edifícios que trouxeram mais pessoas para o
concelho, as modificações na zona da praia, mas também agora não há muito
dinheiro. Aquela estrada, logo abaixo do cemitério, poderia ser um bom polo
atrativo se fosse bem explorado. A partir do momento que fecharam essa
estrada e abriram o túnel que dá acesso à Tabua as pessoas foram desviadas
da Ribeira Brava.
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Ora bem, deixa-me lá ver, se eu fosse presidente por um dia (risos), a
primeira medida seria tornar gratuito o estacionamento aos fins de semana
com o objetivo de atrair mais pessoas ao concelho de Ribeira Brava. O que
não compreendo às vezes na Ribeira Brava é que os presidentes colaboram
em muita coisa, por exemplo, promovem eventos e animação mas, por volta
das nove ou dez horas, as pessoas começam a retirar-se. Por um lado as
pessoas reclamam, sentem-se insatisfeitas por que não há animação mas
quando ela se concretiza as pessoas retornam às suas casas o mais cedo
possível. Então, ficam lá meia dúzia de pessoas a assistir enquanto a maioria,
talvez por estarem enraizadas a determinados horários, sentem a obrigação
de se recolherem.
Entrevistador: Esperemos que algumas das suas ideias encontrem solo fértil.
Em nome de todas as “Gaivotas” e da comunidade ribeirabravense muito
obrigado pela sua disponibilidade e participação. Faço votos que o próximo
40.º aniversário das “Gaivotas” seja celebrado de forma animada e alegre.
Sr.ª Trindade: Fico grata por me ter feito este convite. Para mim foi um
privilégio poder partilhar um pouco da história da Nossa Escola.
14. A FÉ, A FESTA, A TRADIÇÃO, ESPETÁCULOS E ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEL
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14.1. FESTA LUSO-VENEZUELANA 2013
Fotos Diário de Notícias, Seg., 12/08/2013/ e da Descobrindo
Rª. Brava, 10 agosto de 2013: Boleros, “huapangos, salsas, merengues, “reggaeton” e, no início, folclore madeirense animaram a Vila, acompanhados de comida venezuelana, com destaque para as típicas arepas e “hallacas”. Atuaram vários grupos musicais conforme ilustram as fotografias desta página da autoria do Diário de Notícias: “Mariachi”, Marco Gil, “Guasakaka”, entre outros, O evento de 10 de agosto de 2013 é da responsabilidade de várias entidades: Diário de Notícias, Restaurante Encumeada, “Madeira Motors”, Câmara Municipal d Rª. Brava, Correio da Venezuela… A festa teve uma componente solidária porque parte das receitas dos bilhetes foi para a Associação de Bombeiros local.
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Rª. Brava, 10 agosto de 2013: Festa Luso-Venezuelana aqui ilustrada com imagens do Diário de Notícias. Diversos grupos tocaram, dançaram, fizeram dançar e cantar a os espectadores, enquanto outros aplaudiam ou, simplesmente, observavam. A todos os que estiveram presentes nesta “festa”, dedicamos: Cielito Lindo Ese lunar que tienes, Cielito Lindo, junto a la boca, No se lo des a nadie, Cielito Lindo, que a mi me toca, Ay, ay, ay, ay, canta y no llores, Porque cantando se alegran, Cielito Lindo, los corazones. Ay, ay, ay, ay, canta y no llores, Porque cantando se alegran, Cielito Lindo, los corazones. De la Sierra Morena vienen bajando, Un par de ojitos negros, Cielito Lindo, de contrabando Ay, ay, ay, ay, ay, vienen bajando Un par de ojitos negros, Cielito Lindo, de contrabando... Autor: Quirino Mendoza y Cortes que nació en Tulyehualco, sitio cercano a Xochimilco en el Distrito Federal, posiblemente en el año 1859. Desde muy pequeño fue aficionado a la música y recibió gran apoyo de su madre para encauzar su vocación y talento; ella era pianista y al darse cuenta de la aptitud de su hijo no dudó en compartirle sus conocimientos. Durante los años de la Revolución compuso el tema "Cielito Lindo", que muy pronto se popularizó. Al paso del tiempo esta canción acabó por ser recorrer el mundo y convertirse en símbolo que identifica a México. http://mx.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080120160055AAQ8FHY
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HISTÓRIA DO MARIACHI26
“De Cocula es el Mariachi, de Tecalitlán los sones”. Esta é uma das estrofes
mais conhecidas do Som ”Cocula” e decidimos usar como início do presente
artigo para referir-nos precisamente à origem da palavra “Mariachi” que
muitos dos amantes da música mexicana desconhecem.
Existem muitas teorias. Uma delas, talvez a mais conhecida, menciona que a
palavra “mariachi” provem da palavra francesa “Marriage” que significa boda
e, com o tempo se transformou na palavra “mariachi” que hoje conhecemos.
26
http://www.showmexicano.com.br/mariachis.html [Acedido a 2014/3/2].
A Casa do Povo da Rª. Brava também participou. Um dos ritmos latinos mais apreciados pelos jovens presentes foi o “reggaeton”. Um exemplo: "Candy, candy, candy" Ey, ella le gusta vacilar todos los weekends irse janguear, Ella es loquita pero es dulce como Candy, Sus pai la quieren ver casada que ella termine la escuela, Pero ella cambia más de novio que de panty (x2) Le gusta a lo kirking notty y aunque sea fancy, Se pone cranky si lo hago romantic, Le gusta el sexo en exceso, Y en el proceso me pide un beso…
http://www.reggaetonline.net/candy_lyrics
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14.2. NATAL NA SERRA D’ÁGUA, 2012
Por Suse Gouveia
Missa do Parto (missa de Natal) de 24 para 25 de dezembro de 2012
.
Na freguesia da Serra de Água é tradição as famílias, na noite de 24 de
dezembro, participarem na Missa do Galo, missa essa que tem por
norma começar a celebração com as romagens. As romagens são
compostas por grupos de pessoas de vários sítios que se juntam e
cantam músicas alusivas ao nascimento do Menino Jesus/Natal; os
músicos e as pessoas que levam suas ofertas para o Menino Jesus.
Funchal, jan. 2014 (da esq. p/a dir.): Simone, Suse e Andreia
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“Presépio da freguesia da Serra de Água”.
O senhor presidente da Junta de Freguesia (Carlos Santos) também
participa nas romagens. O presépio situa-se no estacionamento da
praceta, junto à igreja. O presépio foi construído pelo senhor José
Santos, com a ajuda de outros residentes da freguesia.
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14.3. OUTRAS CERIMÓNIAS RELIGIOSAS NA SERRA DE ÁGUA
14.4. NATAL NO SÍTIO DA BOA MORTE, 2009
Por Graciela Sousa
No sítio da Boa Morte (zona alta da Ribeira Brava), os primeiros sons que anunciam a chegada do Natal são aqueles que vêm da matança do porco.
Serra de Água, 8 de março de 2014: Festa do “Pai Nosso” na qual o Sr. Padre abençoa as bíblias, faz uma oração e os catequisados comprometem-se a ler diariamente a “Palavra de Deus”.
Imagens Sérgio Aguiar
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Se o peru teme a sua morte antes da Consoada, na Madeira, um
pouco por toda a parte, é o porco quem receia a chegada do Natal.
Outros sonidos, bem mais agradáveis, são os da celebração das Missas
do Parto que acontecem na capela de S. João, às 6 da manhã,
transmitidos em altifalante para os sítios da redondeza. No final da
celebração, há comes e bebes oferecidos pelo sítio organizador.
Nas casas começam as “limpezas de Natal”. Nas mercearias do centro
da Boa Morte começa outro alvoroço:
No Minimercado e Bar “O Albino” começam a
fazer-se as broas: de mel, de coco, de cerveja,
de amêndoa, de laranja e coco… Amassa-se o
pão e fazem-se bolos variados: bolos de mel,
bolo preto, bolo da serra, de iogurte, de
laranja…
No Minimercado e Bar “O Coelho”, a Sra. Celina dá asas à sua
imaginação e as suas mãos de fada começam a construção dos seus
presépios, disponíveis para a visita do público.
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14.5. ENCONTRO DE ROMAGENS E ROMARIAS Por Redação
A Ribeira Brava
recebeu a 26 de
dezembro de 2012 o IV
Encontro de Romagens
e Romarias que contou
com a presença de
muitos populares.
A romagem de Nossa Senhora da Conceição
foi a primeira romagem a participar no IV
encontro de Romagens e Romarias que
decorreu na vila da Ribeira Brava no dia 26
de dezembro de 2012 pelas 18:30h.
Esta romagem é organizada pelo grupo do
sítio do Moreno para o arraial em honra de
Nossa Senhora da Conceição no dia 7 de
dezembro, no lado de “Avé Maria” da
Ribeira Brava. Esta é organizada com o
intuito de cantar cantigas em louvor a nossa
senhora e levar as ofertas para o arraial.
Esta romagem foi ainda convidada a
participar no dia 13 de Dezembro de 2012,
no programa Madeira Viva, da RTP
Madeira.
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Interior da Igreja matriz da Rª. Brava, 23 /12/2012:
Os presépios na Igreja da Rª. Brava continuam a atrair muitos turistas e não só durante a época da Festa: antúrios, sapatinhos, cabrinhas, manhãs de Páscoa.
14.6. NATAL NA VILA DA Rª. BRAVA
Ponta Vermelha – Vila da Rª. Brava, 2013/12/27: Dois pormenores do grande presépio do Sr. Francisco.
Na Madeira existem dois tipos de Presépios ou Lapinhas, a “escadinha”
e a “rochinha”. O Presépio em "escadinha” surgiu há muitos séculos
atrás e, desde então foi passado de geração em geração. Este tipo de
presépio é feito em cima de uma armação de madeira em forma de
escada, daí a sua denominação.
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14.7. E MAIS AINDA…
Por Luís M. Fernandez (Antigo aluno da EBSPMA), Junta de Freguesia da Rª. Brava, Andreína e Redação
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Vila da Ribeira Brava em festa, com destaque para as missas do parto e os santos populares de 2012/2013.
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Barreiro
Estas celebrações católicas que
acontecem na Ribeira Brava e que
são historicamente relacionadas com
a festa pagã do solstício de verão
(no hemisfério norte) e de inverno
(no hemisfério sul), que era
celebrada no dia 24 de junho,
segundo o calendário juliano (pré-
gregoriano). Tal festa teve origem
na Idade Média, se tornando a Festa
junina. Imagens captadas no Sítio do
Vale, em 28/6/2013 – “Fontanários”.
Barreiro, 2013: “Fontanários de S. João”
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Sítio do Vale, 2013: Celebrações do “Espírito Santo”, (à direita).
Concurso de Fontanários, na noite de 23 de junho 2013: Participação do sítio do Vale. Galinha preta? Sortes?...
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Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João: Participação do Sítio da Boa Morte.
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Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João. Participação do Sítio da S. João. São João é considerado “o santo adivinhador, festeiro, protetor dos casamentos e enfermos, cura dor de cabeça e de garganta”…
Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João. Participação do Sítio da Fajã da Ribeira (Cima).
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Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João: Participação do Sítio da Fajã da Ribeira (Cima). Os santos comemorados durante o mês de junho, e considerados os ciclo dos festejos dos santos populares são: Santo António (comemorado no dia 13); São João (no dia 24) e São Pedro, (no dia 29).
Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João: Participação do Infantário “O Balão”.
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São Pedro: Protetor dos viúvos,
porteiro do céu e por ter exercido
durante muito tempo o ofício de
pescador, hoje São Pedro é o
protetor dessa classe
trabalhadora.
Na sua homenagem, pescadores
organizam procissões terrestres e
fluviais que acontecem no dia 29
de junho, a data de morte do
santo.
Nascido na Galileia, Pedro foi um
dos 12 apóstolos de Cristo e tem o
seu nome citado inúmeras vezes nos evangelhos.27
27 Fonte: http://www.jornaldosamigos.com.br/origem_festas_juninas.htm [Acedido a 2014/3/17].
Concurso de Fontanários, 2013, organizado pela Junta de Freguesia da R. Brava, durante as festividades de S. João: Participação do Infantário “O Balão”.
A fogueira em homenagem a São João é acesa no dia 23 de junho, apesar do dia em que se comemora o dia de São João ser o dia 24.
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Fomos ver uma a arte dos preparativos da festa e quisemos saber como se
faz, por exemplo o bolo da Serra. Com o apoio de Serafim e Carlos (homens
que iniciam a guarnição do tal barco), contactamos Sónia, Ida, Olga, Natália,
Alícia, Carlota e Vítor (Achada) que tinham acabado de meter o bolo no forno
artesanal. Aqui fica uma pequena ilustração (na casa do “Branquinho” e, na
página seguinte, junto da casa da Sra. Natália, rodeada por amigos, amigas de
diferentes idades e géneros).
S. Pedro da Rª. Brava, no Pico, em 2013: Manuel, “Branquinho”, da “Casa da Volta”.
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Nos bastidores das festividades de S. Pedro, 2013 Rª Brava (Madeira): 27 de maio de 2013- O sítios de Pomar da Rocha, Achada e Pico Banda de Além participam nas festividades do concelho da Ribeira Brava com um barco
alusivo a S. Pedro.
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15. Cortejo de carnaval das escolas, 2014, organizado pelo
Município. No centro da página, Rui Gouveia, Vereador da Cultura.
As escolas EB1/PE e o Infantário “O Balão”, participaram no cortejo de carnaval de 2013.
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Rª. Brava, 2014: Cortejo de carnaval das Escolas e o “Trapalhão”. No Japão a condição de Gueixa é cultural, simbólica repleta de estatuto, delicadeza e tradição. As “gueixas”, rodeadas por outros mascarados, da imagem são familiares e colegas de trabalho da D. Zita (a segunda, a partir da direita).
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TVI e os seus famosos apresentadores, também estiveram representados no cortejo trapalhão da Ribeira Brava em 2014.
Sexta-feira de Carnaval de 2014:
Será que esta mascarada, na sala dos
professores da EBSPMA, andava à procura
de um novo “curso” para o ano letivo
seguinte? Ou será que ela queria saber
como conseguir um ataque de coração
através do trabalho diário?
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16. SOCIAL
Gilda Silva, 2ª Dama de Honra no
concurso Miss República
Portuguesa 2013 e Miss Grand
International Portugal 2013.
Natural da Ribeira Brava, durante
o seu percurso provou ser uma
mais-valia na divulgação da nossa
Região e na representação de Portugal além-fronteiras.28
28
Rede social Miss República Portuguesa Madeira [2014/3/16].
Coro Lux Aeterna: Casamento na paróquia da Serra de Agua - 15.02.14 — com Nuno Afonseca, Anabela Teles, Isolda Abreu, Diogo Gomes, Verónica Abreu, Cristina Freitas, Avilhini Abreu, Rúben Gonçalves, Fanne Rodrigues, Paulo Joana, Carlos Pestana e Luís Pestana. Participação com a Vânia Fernandes - 14.09.13.
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A ribeirabravense Eunice Raquel Canha no evento regional “Funchal Noivos, 2014”:
A Funchal Noivos & Festas teve este ano a sua 5ª edição. Esta exposição, segundo os
seus organizadores (ACIF), visa apresentar as empresas que prestam serviços
relacionados com a organização de qualquer festa, com destaque para a festa de
casamento. Para além do espaço de exposição, este evento contemplou vários
desfiles com a participação de estilistas e lojas comerciais.
L Á P I S - L A Z Ú L I
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Meu Pai, Por: Ana Nascimento, 12º. A, 2013/2014, EBSPMA
Ensinou-me a ser forte, a manter a cabeça erguida, protegeu-me quando eu precisei, mas deixou-me resolver os meus problemas quando lhe pedi, está sempre a meu lado, briga comigo quando eu estou errada sem perder o carinho e a compreensão. Pai: Além de te ajudar a colocar no mundo, também é teu amigo, conselheiro, é tudo… É alguém que te ama, é carinhoso, é compreensivo, é alguém que apesar de brigas, nunca vai-te abandonar, ele vai estar sempre lá quando precisares, por isso dê valor ao seu pai, pois ele é uma das poucas pessoas que vão sempre te apoiar. Meu Guerreiro!
Projeto Liga-te e Curso Tecnológico de Ação Social, 2013/2014 – EBSPMA: Alunos da Rª. Brava participaram nos dois eventos, no Funchal e na Rª. Brava.
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17. “À PROCURA DA SUSTENTABILIDADE AGRÍCOLA
Por Richard Gonçalves29
A agricultura é o conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o
objetivo de obter alimentos, fibras, energia, matéria-prima para roupas,
construções, medicamentos, etc.
Durante milhares de anos os grupos humanos viveram deslocando-se de um
lugar ao outro, procurando alimento necessário para sua sobrevivência. Em
outras palavras, eram nómadas. Até o final do período Paleolítico, os
humanos dependiam da caça de animais e da coleta de frutos e vegetais. O
nomadismo na economia recolectora era motivado pela deslocação das
populações que, na procura constante de alimentos, acompanhavam as
movimentações dos próprios
animais que pretendiam caçar,
procuravam os locais onde existiam
frutos ou plantas a recolher e
defender-se das condições climáticas
ou dos predadores. Este tipo de
nomadismo manteve-se entre as comunidades que persistiram no modo de
produção recolectora.
29 Antigo estudante da EBSPMA/Técnico em Agricultura Biológica.
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A condição de nómada começou a ser abandonada com o desenvolvimento
da agricultura: plantar alimentos foi um passo decisivo para o domínio da
natureza e para o processo de fixação (sedentarização) dos grupos humanos.
Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do Neolítico
ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores-coletores
notaram que alguns grãos que eram recolhidos da natureza para a sua
alimentação poderiam ser enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir
novas plantas, iguais às que os originaram.
Os produtos cultivados variavam de região para região com a natural
predominância de espécies nativas, como o trigo, cevada, arroz, milho,
batata-doce, etc. Uma vez iniciada a atividade, o Homem foi aprendendo a
selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de
variedades, de modo a produzir alimentos mais nutritivos do que os
selvagens.
Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que
possuíam as características que mais interessavam, tais como tamanho,
produtividade, sabor, etc. Para além da agricultura, a criação de animais foi
outro passo muito importante para a alteração do modo de vida do Homem,
pois deu a ele não só a possibilidade de não ter de se deslocar para obter a
carne e as peles necessárias à sua alimentação e conforto, mas também o
leite e, com a domesticação do boi, uma força para tração, o que permiti-o
facilitar o trabalho no cultivo.
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No Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo
agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a
grupos humanos a se fixarem por mais tempo em uma área e a se
deslocarem com menor frequência.
Essa foi a fase do desenvolvimento cultural em que se deu a passagem do ser
humano "de parasita a sócio ativo da natureza". Foi uma mudança que levou
o homo sapiens a se fixar decididamente em um local e a se adaptar às suas
necessidades, tendo por base uma economia produtiva. O processo de
transformação da relação do Homem com os animais e plantas facultou um
maior controle das fontes de alimentação e a partir desta fixação que se
criaram as aldeias, vilas, cidades e metrópoles.
Na Madeira…
(Fotografia de data desconhecida de JONATHAN BLAIR - National Geographic Stock.)
Historicamente, o sector predominante na economia
da Madeira é a agricultura. Dela depende a maioria
da população e afortunadamente, devido à riqueza
dos solos e amenidade do clima subtropical, é possível cultivar a maioria dos
produtos nesta ilha, desde que tenhamos em conta a diversidade de climas
devido às temperaturas e pluviosidade.
(Foto: Osvaldo Mota / Coleção Hugo Reis - anos 70, na página seguinte)
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150
Muitas das terras eram de difícil
acesso e os terrenos pequenos e
inclinados, o que impossibilitou a
utilização de maquinaria pesada,
forçando a um árduo trabalho
manual e assim erguendo um dos
mais excecionais edifícios agrícolas do mundo. Atacando a rocha para obter a
terra, transportando-a sobre o dorso e por caminhos difíceis, erguendo poios
sobre poios para segurar esses punhados de terra, fertilizando-a e por fim
conquistando e dominando a água que é conduzida pela “Levada do Norte”,
levando-a por percursos acidentados fazendo com que tenhamos paisagens
agrícolas verdejantes e férteis onde cada um busca o alimento para sua
família. Antigamente a maior parte dos solos era explorado sob contrato de
colonia, pelo que se compreende que o agricultor para viver se obriguava a
realizar milagres, a sacrificar-se de sol a sol, onde os terrenos hoje em dia são
trabalhados a braço, pois os violentos golpes fortes de enxada cava, onde um
simples palmo de terra custa o esforço de um dia. “Os antigos” souberam
superar as dificuldades, onde hoje restam cicatrizes na memória dos tempos
árduos.
O agricultor madeirense apesar de dominar a “arte da agricultura”, na sua
maioria não sabia escrever nem ler, visto que antigamente “ir a escola não
era para qualquer um” (embora criassem Escola Prática de Agricultura (1937)
em regime de internato gratuito para crianças dos 13 a 16 anos), a sua
rudimentar cultura agronómica tem contribuído, passando de geração em
geração, experiências e conhecimentos que hoje, muito dificilmente
Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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encontramos, pois nunca registaram em livros ou em cadernos de rascunhos
tais saberes.
As condições climáticas da Madeira, sendo ele subtropical juntamente com o
relevo montanhoso, permitem uma grande diversidade na cultiva, que em
1938 a nossa exportação alargou-se pela alguns países da Europa como
Alemanha, França, Holanda, Inglaterra e até para a maioria das colónias
estrangeiras e das províncias portuguesas africanas, sendo estes os frutos
mais exportados por preferência dos mercados nessa altura:
Abacates Figos Melão
Ameixas Figos secos Morangos
Amêndoa Frutas diversas Nêsperas
Ananases Goiabas Nozes
Anonas Laranjas Papaias
Bananas Limões Peras
Castanhas Maçãs Peros
Cerejas Mangas Tangerinas
Cidra verde Maracujá (Sumo) Tomates arbóreos
Damascos Toranges
Deliciosos Melancia (Sumo) Uvas
Exportação de frutas em quilogramas no quinquénio de 1962 até 1966:
1962 21.817.592
1963 23.718.776
1964 28.074.638
1965 30.962.886
1966 32.220.809
A exportação destes produtos estava a aumentar e era uma das mais
esperançosas fontes de receita da agricultura madeirense, sendo hoje
também uma das principais fontes de receita na RAM, para além do turismo,
sendo preferencialmente o vinho, a cana-de-açúcar, a banana como todos os
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seus derivados. Os nossos antepassados passavam por muitas dificuldades,
mas viviam e sabiam viver aos tempos adversos que enfrentavam de uma
maneira sustentada, onde existia medicina tradicional, as tradições, as
antigas mercearias e as trocas comerciais entre vizinhos.
Com o passar dos anos a população mundial aumentou, com as novas
tecnologias e novas necessidades foi criada a chamada Globalização,
podemos dizer, que é através deste processo, que as pessoas, os governos e
as empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e
espalham aspetos culturais pelos quatro cantos do planeta, o que veio
facilitar o desenvolvimento de cada país e de cada local.
Contudo a agricultura de subsistência foi um pouco posta de lado, porque nos
últimos anos houve uma redução de explorações, para dar lugar a novas
infra- estruturas, necessárias à população, ficando o sector primário à mercê
das grandes e médias empresas, utilizando cada vez mais recursos
tecnológicos para produzir mais em menos tempo conseguindo baratear os
preços e estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e
eficiente, conseguindo abranger o mercado internacional visto que o
consumo mundial aumentou nos países desenvolvidos.
Existindo aspetos positivos, também existe aspetos negativos como o
esgotamento de recursos naturais, alterações ambientais, etc. Hoje, somos 7
biliões de pessoas, dizem os especialistas que em 2050 precisamos de dez
planetas terras para saciar a sede de consumo onde a população mundial
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atingirá as 10 biliões de pessoas. A questão é esta: será que teremos esses
planetas, quando só temos um?
Infelizmente o nosso planeta é afetado por vários problemas ambientais,
muitos deles provocados por diversas ações humanas. Estes problemas
afetam a fauna, a flora, o solo, as águas, etc.
Sendo a agricultura um dos sectores que mais problemas causa, é necessário
reinventar a agricultura, uma agricultura que respeite o ambiente e restantes
envolventes, uma agricultura que respeite as futuras gerações, utilizando
uma agricultura sustentável.
Os desafios atuais que são colocados a agricultura resultado da escassez de
recursos naturais e das alterações climáticas, é necessário adotar modelos de
produção que sejam menos dependentes de fatores externos e que deem
preferência aos recursos naturais renováveis de modo a garantir maior
eficiência e sustentabilidade (Araújo, 2010).
A agricultura biológica sendo um sistema que promove as boas práticas
ambientais, onde prevalece um elevado nível de biodiversidade e sobretudo
preserva os recursos naturais, é sem dúvida a melhor forma de produzir
alimentos.
A promoção da agricultura Biológica é dificultada quando não existe a
divulgação e sensibilização acerca da mesma. É necessário tornar disponíveis
conhecimentos que ajudem a melhorar a vida dos indivíduos e fornecer um
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suporte ao desenvolvimento económico e social sustentável (Nunes &
Guerreiro, 2010).
A implementação de hortas biológicas nas
escolas seria sem dúvida uma maneira
eficaz de sensibilizar crianças e jovens e
restante comunidade para a importância
da adoção de boas práticas agrícolas, tendo
em conta a importância de uma alimentação saudável e a proteção da
natureza (Serrador, 2005). A foto refere-se a Fajã dos Padres.
A agricultura biológica, regulamentada por normas europeias (Regulamento
(CE) nº834/2007 modificado) assenta no conceito de “Desenvolvimento
Sustentável”, uma agricultura que satisfaz as exigências do presente sem
comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas
necessidades. Neste método de produção agrícola a biodiversidade é um dos
principais recursos. É um sistema que pretende manter a saúde dos solos, dos
ecossistemas e das pessoas (Silva,2009). (
Segundo Correia (2009) a agricultura Madeirense simboliza o esforço e
dedicação de um povo e traduz-se numa herança cultural que importa
preservar através da propagação de conhecimentos preciosas para as
gerações mais novas que mais facilmente os retêm e valorizam. É nosso dever
preservar o solo, a água e restantes recursos naturais de modo a garantir um
sistema saudável e sustentável, sendo a agricultura biológica um método
essencial para garantirmos este fato.
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Numa sociedade em constante mudança, onde diariamente surgem novos
conhecimentos científicos e tecnológicos que melhoram a qualidade de vida
de muitos habitantes do planeta. O desenvolvimento tem provocado
também, diversos problemas de natureza ambiental, alimentar, na saúde e a
degradação dos recursos naturais.
Hoje vivemos na incerteza de um futuro em que devemos consciencializar-
nos dos problemas e contribuir para formar cidadãos cientificamente cultos,
conscientes do mundo que os rodeia, capazes de pensar de forma criativa, de
se empenharem na busca de soluções para os problemas existentes e de
exercer uma cidadania responsável.”
17.1. A ARTE DA RECICLAGEM
Por Aldónio dos Ramos30
Pois é, amigos, é importante que todos saibamos respeitar
e preservar o nosso planeta terra, o chamado “planeta
azul” (cerca de 3⁄4 da sua superfície é água).
É no conceito das boas práticas do nosso dia-a-dia que
30 Antigo estudante da EBSPMA, funcionário da EB1/P# do Lombo de São João- Rª. Brava.
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devemos ter a atenção em agir, pensando não só no presente mas também
no futuro dos próximos.
Refiro-me ao aquecimento global, aos efeitos de estufa e da reciclagem.
A reciclagem é o ato mais fácil e nobre que podemos ter, e é neste campo
que entra a imaginação do Homem, a que eu chamo de “a arte da
reciclagem” porque como o próprio nome diz (reciclagem), entende-se por
dar renovação e continuidade a algum objeto ou coisa que inicialmente já
não tinha utilidade.
Deixo-vos aqui alguns exemplos: uma estrela de natal que construí a partir
das “pétalas” de sete pinhas e umas bolas decorativas de Natal feitas a partir
de cápsulas de café.
18. OBITUÁRIO - Breve Lembrança
Morreu, em 20 de março de 2014, o ex-aluno da
EBSPMA, NELSON JOÃO GOMES ROCHA, vítima de
doença prolongada. Foi morador dos Barreiros – Sítio
do Vale – R. Brava.
A reciclagem é o ato mais fácil e nobre que podemos ter.
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CAO- Rª. Brava: 2011 a 2013: Desenvolveu atividades conjuntas com alunos da EBSPMA – Curso T. Ação Social.
CAO- Rª. Brava: 2011 a 2013: Desenvolveu atividades conjuntas com alunos da EBSPMA – Curso T. Ação Social.
CAO- Rª. Brava: 2011 a 2013: Desenvolveu atividades conjuntas com alunos da EBSPMA – Curso T. Ação Social.
19. CAO - Rª. Brava: 2011 a 2013: Desenvolveu atividades conjuntas com alunos da EBSPMA – Curso T. Ação Social.
A pessoa com deficiência geralmente precisa de atendimento especializado, seja para fins terapêuticos, como fisioterapia ou estimulação motora, seja para que possa aprender a lidar com a deficiência e a desenvolver as potencialidades.
Citado por Domingas (à esq., concentrada a selecionar música num portátil), ex-aluna da turma 12º. B, 2012/13 – Ação Social
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Como fazer:
Primeiro é necessário decidir qual será a finalidade do objeto, para que o
tamanho seja definido e a base cortada. Ela é feita a partir de dois círculos
recortados no papel cartão.
Para um porta-lápis, por exemplo, a base pode ser feita com sete centímetros
de diâmetro. Para começar a entrelaçar os rolinhos de jornal, é necessário
colar parte deles na base de cartolina…
(Continua na próxima edição)
Jornais impressos são materiais que rapidamente perdem a sua utilidade original. No entanto, eles podem ganhar muitas outras serventias. Uma das opções é transformá-los em cestas, cestos, candeeiros, porta-lápis…
Citado pelo CAO – Ribeira Brava em pareceria com a EBSPMA, 2013.
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20. EB1/PE – Rª. BRAVA
Isabel Alçada (no centro
da imagem à esquerda),
escritora, professora e
antiga ministra da
Educação, inaugurou em
17 de fevereiro de 2014 a
Feira do Livro na Escola Básica da Ribeira Brava, na qual Isabel
Alçada aproveitou a ocasião para apresentar o livro ‘A Bruxa Cartuxa
na Floresta dos Segredos’:
A Bruxa Cartuxa na Floresta dos Segredos - MAGALHAES, ANA MARIA/ALÇADA, ISABEL A Bruxa Cartuxa e os seus ajudantes montaram na floresta um negócio muito original. Mas depressa descobriram que ali todos os habitantes tinham pelo menos um segredo. Alguns eram segredos bons, outros eram segredos maus e outros realmente péssimos. Que Fazer? Isabel Alçada nasceu em Lisboa a 29 de maio de 1950, sendo a mais velha de três irmãs. Em 1976 optou por seguir carreira como professora de Português e História. A par de uma intensa atividade no domínio da educação, estreou-se como escritora de livros infanto-juvenis em 198231.
31 http://www.leyaonline.com/pt/livros/infantil-e-juvenil/7-9-anos/literatura-infantil/a-bruxa-cartuxa-na-floresta-dos-segredos/ [Acedido a 2014/2/17].
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21. FICHA TÉCNICA
Descobrindo… Revista de Análise Social (Ribeira Brava – Madeira). Versões digitais disponíveis em: http://cdhumanos-rb.blogspot.com/; http://www.slideshare.net/nypereira/revista2013. Propriedade e Editores – Esc. Bás. E Sec. Pe. Manuel Álvares (EBSPMA); R. S. Francisco; Apartado 6, 9350-211 Rª. Brava; Câmara Municipal da Ribeira Brava – Região Autónoma da Madeira - R. do Visconde, 56, 9350-213 Rª. Brava – Telefone: (+351)291 952 548. Periodicidade – Anual. Direção – António José Alves Pereira, (AJAP), Professor do grupo disciplinar de Economia e Contabilidade da EBSPMA; [email protected]. Produção e Projeto Gráfico – AJAP. Capa e contracapa – Isaac Pereira. Revisão – Martinho Macedo. Colaboraram nesta edição: Alunos – Catarina, Nivalda, Marisa, Daniela, Diogo, Nádia, Janete, Tatiana, Lisandra, Sérgio, Filipa, Fernández, do Curso Tecnológico de Ação Social. Encarregados de Educação, funcionários, professores e ex-alunos da EBSPMA – Martinho Macedo, Gilda Silva, Sérgio Aguiar, Suse Gouveia, Aldónio Ramos, Raquel Canha, Graciela Sousa, Juliano, Coro Lux, Cristina Silva, Élvio Ramos, Filipe Corujeira, José Ramos, Luís Drummond, Lídia Ferreira, Clara Faria, Celina Coelho, Dolores Brito, Rufino Figueira, Betty, Zélia e outros. Instituições: Junta de Freguesia da Rª. Brava, Diário de Notícias da Madeira, Casa do Povo da Rª. Brava, Jornal da Madeira e outras.
Execução Gráfica – Grafimadeira, Lda. Depósito Legal – 374695/14 ISSN – 2182 -5920 Tiragem: 125 exemplares.
Patrocínio -
Rua 1º. De Julho, 1 9350 -206 – Ribeira Brava – Madeira.
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