Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010...

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RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005 LAVRAS – MG 2010

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RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI

DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS

UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO

GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E

15.520/2005

LAVRAS – MG

2010

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1 RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI

DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE

CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Lavras, como parte das exigências do Curso de

Pós-Graduação Lato sensu em Gestão em

Inovações Tecnológicas na construção Civil, para

a obtenção do título de Especialista em

Desempenho Térmico em residências

unifamiliares .

Orientador

Dr. Sebastião Pereira Lopes

LAVRAS – MG

2010

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2 RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI

DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE

CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Lavras, como parte das exigências do Curso de

Pós-Graduação Lato sensu em Gestão em

Inovações Tecnológicas na Construção Civil, para

a obtenção do título de Especialista em

Desempenho Térmico em edificações.

APROVADA em ___ de __________ de 2010.

Dr.Paulo César Hardoim UFLA

Msc. Hellen Pinto Ferreira Deckers UFLA

Dr. Sebastião Pereira Lopes

Orientador

LAVRAS – MG

2010

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Dedico este trabalho à Deus, ao meu marido Cid, à minha filha Beatriz

e aos meus pais Maria C. Chicanelli e José Luiz Chicanelli, meus irmãos

Clarisse e José Renato minha amiga Regina por cuidar da minha saúde nas

horas mais difíceis da minha vida. Agradeço a minhas amigas Roberta Negri,

Raqueline Cordeiro e Roberta Sabbagh pelo incentivo. E agradeço também ao

apoio da minha outra família, Lia Sanches e Márcia Sanches.

DEDICO

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AGRADECIMENTO

Para as pessoas e instituições que foram fundamentais para realização

deste trabalho:

• Ao professor Dr.Sebastião Pereira Lopes pela orientação;

• Ao Prof. Dr. Douglas Queiroz Brandão pela ajuda na obtenção dos

dados do PAR;

• Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Inovações

Tecnológicas na construção Civil da Universidade Federal de Lavras;

• A minha amiga e arquiteta Patrícia Tavares, pelo direcionamento ao

tema escolhido e participação durante todo o curso de lato Sensu;

• A todos os colegas da pós Graduação, que muito me ensinaram. Em

especial agradecimento aos colegas César Amorim, Zeuler Navarro, Viviane

Marques, Priscila Muniz , Maria do Socorro Magalhães, e Virginia Sampaio;

• A Vívian Sutani pelo auxílio na secretaria da Pós-Graduação;

• A Luciane Mesquita, tutora do TCC pelo seu esforço em poder nos

atender na formatação das monografias;

• À arquiteta da Caixa Econômica Federal e mestranda da UFMT, Kátia

Barcelos por me auxiliar na pesquisa das Residências do PAR;

• E muito importante também à nossa tutora de Gestão em Inovações

Tecnológicas na construção Civil, Hellen Deckers por sua paciência e auxílio

aos nossos estudos.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho térmico de quatro

unidades habitacionais, localizadas na cidade de Cuiabá, que fazem parte do

Programa de Arrendamento Residencial (PAR) do Governo do Estado de Mato

Grosso.A metodologia empregada foi a análise das Residências conforme as

normas brasileiras (NBR) 15.575 e 15.520, através das plantas, memoriais

descirtivos e planilhas orçamentárias disponíveis na Caixa Econômica Federal

(CEF).Essa avaliação foi feita segundo o Zoneamento Bioclimático da cidade de

Cuiabá, especificada na norma brasileira (NBR) 15. 220, parte 3. Assim como a

análise, sugestões foram feitas para que as residências tenham um melhor

desempenho térmico.Além dessas análises, uma releitura dos mais importantes

estudos sobre o conforto térmico, e apresentadas as condições climáticas da

cidade de Cuiabá, definindo os melhores mecanismos de interação com o meio e

o comportamento térmico doa materiais empregados na construção civil.Uma

análise crítica da importância da norma de desempenho também foi feita, como

ela poderá modificar a visão do mercado consumidor em relação a construção

civil, o que vai acontecer com a demanda por especialistas e mão de obra

especializada.

Palavras chave: conforto, desempenho, residências unifamiliares.

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6 LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso ...... 18

FIGURA 2 Mapa Físico de Mato Grosso ............................................... 18

FIGURA 3 Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio

Paraguai a Serra de São Vicente............................................ 19

FIGURA 4 Zona Bioclimática 7 .............................................................. 29

FIGURA 5 Mapa de localização do Residencial Coxiponês.................... 39

FIGURA 6 Mapa de localização do Residencial Coxiponês/Implantação. 40

FIGURA 7 Planta e corte, Residencial Coxiponês.................................... 41

FIGURA 8 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”..... 42

FIGURA 9 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”/

Implantação.......................................................................... 43

FIGURA 10 Plantas e corte, Residencial Jardim Vitória......................... 44

FIGURA 11 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica...... 45

FIGURA 12 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica/

Implantação............................................................................ 46

FIGURA 13 Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica........................ 47

FIGURA 14 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira........... 48

FIGURA 15 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira/

Implantação............................................................................ 49

FIGURA 16 Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira.......................... 50

FIGURA17 Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis/SC... 65

FIGURA 18 Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis/SC...... 66

FIGURA 19 Brises horizontais.................................................................... 67

FIGURA 20 Ventilação cruzada.................................................................. 68

FIGURA 21 Academia de Ciências de São Francisco................................ 69

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Medidas de dados meteorológicos da estação Cuiabá ........... 23

TABELA 2 Classificação do clima........................................................... 26

TABELA 3 Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a

Zona Bioclimática 7.............................................................. 30 TABELA 4 Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7........ 30

TABELA 5 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona

Bioclimática 7........................................................................ 30

TABELA 6 Porcentagem das aberturas para ventilação............................ 30

TABELA 7 Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar

admissíveis para cada tipo de vedação externa...................... 31

TABELA 8 Relação da área do ambiente com abertura da janela............. 52

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LISTA DE SIGLAS

ABNT

NBR

PAR

EMBRAPA

SRTM

INMET

MAPA

SEPLAN

PROCEL

IPT

CONMETRO

ANVISA

CEF

SINAT

SETECS

SINFRA

FETHAB

LABEEE

EPS

Associação Brasileira de Normas e Técnicas

Norma brasileira

Programa de arrendamento residencial

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Shuttle Radar Topography Mission

Instituto Nacional de Meteorologia

Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento

Secretaria de Planejamento

Programa Nacional de Concervação de Energia Elétrica

Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

Agencia nacional de Vigilância sanitária

Caixa Econômica Federal

Sistema Nacional de Aprovações Técnicas

Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência

Social

Secretaria de Infra –Estrutura

Fundo Estadual de Transporte e Habitação

Laboratório de Eficiência Energética em Edificações

Poliestireno expandido

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LISTA DE SÍMBOLOS

°C

%

U

FSo

α

m

Graus Celsius

Porcento

Transmitância térmica

Atraso térmico

Fator solar

Absortância

Metros

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SUMÁRIO 1� INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������������������������������������������������� ���

2� OBJETIVOS����������������������������������������������������������������������������������������������������������� ���

3� REFERENCIAL TEÓRICO����������������������������������������������������������������������������� ���

3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções �������������������������������������� ���

3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá��������� ���

3.2.1 Características ambientais de Cuiabá���������������������������������������������������������� ���

3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do gasto de energia �������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� ���

3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT:����������������������������������������������������������������� ���

4����O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 15.575/2010���

5 O PAR (Programa de Arrendamento Residencial)������������������������������������ ��

6 METODOLOGIA ������������������������������������������������������������������������������������������������� ��

6.1 Procedimento utilizado���������������������������������������������������������������������������������������� ��

6.2 Materiais e Métodos ��������������������������������������������������������������������������������������������� ���

7 RESULTADOS ������������������������������������������������������������������������������������������������������ ���

7.1 Localização e plantas ������������������������������������������������������������������������������������������ ���

7.2 Identificação de características das tipologias construtivas, através de Aberturas para ventilação em porcentagem de área de piso ��������������� ��

7.3 Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas através da transmitância térmica, atraso térmico e fator solar�������������������������������� ��

8� CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������������������������������������������������������������� ��

8.1 Sugestões ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������� ��

8.2� Sugestões para trabalhos futuros��������������������������������������������������������������������� ���

9� REFERÊNCIAS ���������������������������������������������������������������������������������������������������� ���

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1 INTRODUÇÃO

Cuiabá é uma cidade cujo inverno é uma estação seca bem definida. Mas

no verão,estação chuvosa, o calor do sol é intenso. No inverno, a temperatura

média pode chegar aos 40 °C, havendo dias que chegam aos 46° C.

A temperatura interna das residências muitas vezes é maior que a

temperatura externa, principalmente ao anoitecer. Isso quer dizer que

provavelmente os materiais utilizados para a construção não foram escolhidos

segundo critérios as exigências de conforto térmico.

Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 15.575 /2010, o edifício

habitacional deverá apresentar condições térmicas no seu interior, melhores ou

iguais às do ambiente externo, à sombra, para o dia típico de verão e, no inverno,

propiciar conforto térmico no interior do edifício habitacional. No entanto, é

justamente nesta época do ano que é necessário estabelecer critérios para

diminuir a temperatura interna. Isto significa um grande desafio, já que a maioria

das residências não são projetadas para atender esse requisito da norma.

Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados

consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos

arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o

melhor meio de se projetar, já que a mesma não procurou atender até o momento

em fazer projetos que atendessem o clima de cada região.

Na NBR 15.520/2010, além do zoneamento bioclimático brasileiro, são

feitas recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de

condicionamento térmico passivo, com base em parâmetros e condições de

contorno fixados.

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12 Segundo a NBR 15.575/2010, o edifício habitacional deverá apresentar

condições térmicas no seu interior, melhores ou iguais às do ambiente externo, à

sombra, para o dia típico de verão e no inverno, propiciar conforto térmico no

interior do edifício habitacional, porém é justamente nesta época que é

necessário estabelecer critérios para diminuir a temperatura interna, um grande

desafio, já que a maioria das residências não são projetadas para atender esse

requisito da norma.

Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados

consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos

arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o

melhor meio de se projetar.

A falta de solo exposto, vegetação e a grande concentração de poluentes,

resultam em ilha de calor que ocorrem nas zonas centrais da região

metropolitana, diferentemente das zonas rurais.

O grande adensamento das cidades, a falta de moradia, acelerou o

crescimento pela demanda no o setor da construção civil.

As construtoras preocupadas em ganhar dinheiro, começaram a

economizar e a construir cada vez mais rápido. Esse tipo de economia foi além

do tipo de material a ser utilizado em obra, mas também na elaboração de

projetos por profissionais especializados.

Devido a isso, o conforto foi sendo deixado de lado e a prioridade foi

construir rápido e mais barato.

Os projetos começaram a ser padronizados para que a etapa da

construção iniciasse cada vez mais rápido. E o projeto de conforto térmico foi

sendo deixado de lado.

Com isso, materiais para amenizar o conforto térmico também pararam

de ser requisitados no mercado, ocasionando uma estagnação dentro da Indústria

da Construção civil.

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13 A NBR 15.575/2010 veio para modificar esse cenário, pois a classe mais

desfavorecida da população não tinha condições de comprar materiais para

amenizar o desconforto térmico

Com a escassez e existência de poucos materiais construtivos para

amenizar as altas temperaturas das edificações ocasionadas pela falta de

demanda e preço, mas com a necessidade do atendimento à NBR, serão

necessários desenvolvimento de inovações tecnológicas para aumentar a oferta e

diminuir o custo desses materiais relativamente caros, tornando possível

empreendimentos para a classe média e baixa renda, obedecendo as

especificações da NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005 quanto a

desempenho térmico.

2 OBJETIVOS

Neste trabalho, pretende-se:

1. Analisar o clima da região de Cuiabá, conforme o zoneamento

bioclimático especificado NBR 15.220/2005, parte 3;

2. Avaliar as implicações da NBR 15.575/2010 para o setor da

construção civil em relação ao conforto térmico;

3. Verificar o que deverá ser feito para atender a Norma, em relação ao

desempenho térmico, os tipos de materiais necessários para

amenizar a temperatura interna das residências;

4. Estudar algumas residências do programa habitacional do Governo

do Estado do Mato Grosso,denominado “Programa de

Arrendamento Residencial”(PAR), quando serão verificados se as

recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de

estratégias de condicionamento térmico passivo, estão em

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14 conformidade com a NBR 15.220/2005 e conseqüentemente a NBR

15.575/2010.

5. Qual a importância da NBR 15.575/2010 para o setor da construção

civil e para o mercado consumidor

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções

Diferentemente dos pecilotérmicos (peixes, insetos, répteis e outros),

classe de organismo que varia a temperatura conforme o ambiente, o ser humano

possui o organismo da classe homeotérmica, ou seja, nosso organismo mantém

uma temperatura constante, por volta dos 37 °C, por mecanismos fisiológicos de

acordo com o metabolismo (MASTER, 2010).

Para WATANABE (2007), o ser humano, para manter temperatura

interna do organismo constante, em ambientes cujas condições termo-

higrométricas são variadas, é necessário um aparelho termo-regulador, que reduz

ou aumenta as perdas de calor pelo organismo através de alguns mecanismos de

controle. As reações fisiológicas ao estresse térmico ocasionam mudanças no

metabolismo, dilatação e contração de vasos sangüíneos, aumentar ou diminuir a

pulsação cardíaca, suor, tiritar, eriçar de pelos, entre outros.

O calor excessivo, a umidade, o vento, o ruído e outros, afetam a saúde e

o bem-estar do ser humano. O calor em excesso pode afetar o desempenho das

pessoas, causar irritação e inquietação, perda de concentração. A falta de

umidade provoca desconforto, sonolência, aumento do suor. Ruído em excesso

causa inquietação, perda do sossego, concentração e outros. Essas e outras

perturbações que ocorrem, sem que se perceba, causa o chamado estresse e, se

isso não for solucionado, depois de certo tempo provocam, nas pessoas, doenças

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15 mais complexas, como diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, e outros

(MASTER, 2010).

Segundo FROTA et al. (2001), para o trabalho físico, o aumento da

temperatura ambiente de 20°C para 24°C, o rendimento cai para 15% e a 30°C

de temperatura, com umidade relativa 80%, o rendimento cai 28%.

A pele é o principal órgão termo-regulador do organismo humano e é

através dela que se realizam as trocas de calor. A temperatura é regulada pelo

fluxo sanguíneo que percorre nosso corpo (MASTER, 2010).

Ao sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser

ativado é a regulagem vasomotora do fluxo sangüínio da camada periférica do

corpo, a camada subcutânea, através da vasodilatação ou vasoconstrição

(exsudação, suor), reduzindo ou aumentando a resistência térmica dessa camada

subcutânea. Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração, que

tem início quando pelas perdas por convecção e radiação. A transpiração se faz

por meio das glândulas sudoríparas. As perdas de sais minerais e fadiga das

glândulas são os limites da transpiração (MASTER, 2010).

Devido à variação biológica (metabolismo) entre os indivíduos, é

impossível determinar que todos os ocupantes de um mesmo ambiente se sintam

confortáveis termicamente, portanto, busca-se condições confortáveis para um

determinado grupo de pessoas. A busca pela proteção humana em relação aos

problemas climáticos tem se intensificado para atender a melhores condições de

conforto físico satisfatório (MASTER, 2010).

O clima urbano é produzido pela ação do homem sobre a natureza e se

relaciona à produção de condições diferenciadas de conforto e desconforto

térmico, à poluição do ar, às chuvas intensas, às inundações e aos

desmoronamentos das vertentes dos morros – eventos de grande custo social

(LOMBARDO, 1985, apud COSTA, 2009).

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16 DETWYLER (1974) apud ROMERO (2000), afirmam que as as

mudanças climáticas provocadas pela urbanização são três:

1. Mudanças devido à densa construção e pavimentação da superfície

física do solo, impermeabilizando-a, aumentando sua capacidade térmica e sua

rugosidade, ao mesmo tempo em que transforma o movimento do ar;

2. Aumento da capacidade armazenadora de calor com a diminuição do

albedo ;

3. Modificação da transparência da atmosfera devido à emissão de

contaminantes (poeira, poluição e outros.).

Os quatro fatores dinâmicos do clima – temperatura, umidade,

movimento do ar e Radiação – afetam a perda de calor no homem. Esses fatores

(elementos) climáticos não atuam isolados, mas conjuntamente. O efeito de sua

ação conjunta sobre o indivíduo denomina-se pressão térmica (MASCARÓ,

1991 apud LEÃO, 2006).

Condições climáticas urbanas inadequadas significam perda da

qualidade de vida para uma parte da população, enquanto para outra, conduzem

ao aporte de energia para o condicionamento térmico das edificações. Em

conseqüência, aumentam as construções de usinas hidrelétricas, termoelétricas

ou atômicas, de grande impacto sobre o meio ambiente (LAMBERTS et al.,

1997).

COZZA, (1997) mostra que até bem pouco tempo atrás os profissionais

brasileiros não investiam diretamente no setor, estando mais preocupados com o

gasto, mercado financeiro, do que com o desenvolvimento técnico e

administrativo da construção civil. Por este motivo, os fornecedores de serviços

e materiais lamentam a baixa qualidade exigida pelos construtores em

contraponto à grande exigência por preços mais baixos.

Segundo PACHECO, (2007), teve início, em 1995, o desenvolvimento

pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para a Financiadora de Pesquisas

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17 e Projetos (FINEP) do projeto “Critérios mínimos de desempenho para habitação

térreas de interesse social” que foi incorporada pelo Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP da Habitação)

que apóiam os setores da cadeia produtiva, à instalação e aplicação da

produtividade e da qualidade.

3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá

Mato Grosso está situado no Maciço Central, ou Maciço do Brasil

Central ou, ainda, Maciço Mato-Grossense (COUTINHO, 2005).

O relevo é classificado como: (Chapada da Bacia do Paraná, Chapada

dos Parecis, Residuais Sul-Amazônicos e Serras residuais do Alto Paraguai);

(Marginal Sul-Amazônico, depressão do Araguaia, depressão Cuiabana e

depressão do Alto Paraguai-Guaporé) e planície do Rio Araguaia ( Pantanal do

Rio Guaporé e Pantanal mato-grossense) (COUTINHO, 2005).

Podemos observar na Figura 1 que no sul do Mato Grosso,

apresenta as maiores altitudes ( 800-1200 metros, na Serra Azul e 500-

800 metros, na Chapada dos Guimarães) fazendo limites, ao Norte com a

Bacia Amazônica, a Leste com a Bacia do São Francisco, a Oeste com a

borda oriental andina e ao Sul-Sudeste, com a Bacia de sedimentação do

Paraná.

A Figura 1 apresenta a situação do Relevo do Estado de Mato

Grosso.

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18

Figura 1 Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso. Fonte: Embrapa (2005)

Podemos observar na Figura 2, que Cuiabá está entre as Serras das

Araras, Serra Azul, Chapada dos Guimarães e Serra de São Vicente

Figura 2 Mapa Físico de Mato Grosso Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006).

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19 Na Figura 3, podemos observar que Cuiabá está em um “buraco”, entre a

Chapada dos Guimarães e a Serra das Araras

Figura 3 Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio Paraguai a Serra de São Vicente. Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006).

3.2.1 Características ambientais de Cuiabá

Cuiabá, Capital do estado de Mato Grosso, está situada entre o Pantanal

Mato Grossense na região sul. Na região norte, nordeste e noroeste, estão

rodeados por áreas serranas (Chapada dos Guimarães, Serra da

Petrovina,Chapada dos Parecis e Serra Azul).

Está situada na latitude sul a 15°33’ e na longitude oeste a 56°07’ e

altitude de 151 m (SEPLAN, 2008).

A drenagem é feita pelo Rio Cuiabá e seus afluentes, dos quais

destacam-se o Rio Coxipó e inúmeros córregos, tais como: córrego da Prainha,

Ribeirão da Ponte, Manoel Pinto, Moinho, Barbados, Gambá e São Gonçalo.

A vegetação predominante é o cerrado e a mata ciliar que aparece ao

longo dos córregos.( GUARIM et al., 1990 apud MAITELLI ,1994)

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20 As árvores de Cerrado atingem quatro metros de altura, caules retorcidos,

com copas que atingem o cerradão. Já a mata ciliar possui árvores que atingem

até 10 m de altura segundo GUARIM (1990) et al., apud MAITELLI (1991).

O primeiro estudo de clima urbano em Cuiabá foi realizado por

MAITELLI Et al. (1991), para identificar variações térmicas e de umidade do ar.

E também fez outras pesquisas, as quais analisou uma série climatológica

histórica do ano de 1901 até o ano de 1992, MAITELLI (1994), fez uma análise

da energia na área central e localizando a ilha de calor urbano.Segundo essa

análise, verificou-se que a média anual é de 26.9°C e a média das máximas é de

32.5ºC, e a média das mínimas é de 21.3°C. O valor da precipitação média anual

do período é de 1.378,7 mm .

Entre os meses de outubro a novembro, as temperaturas máximas

atingem, muitas vezes valores de 40°C com umidade relativa de 18%, nas horas

mais quentes do dia. No inverno, a precipitação é marcada por uma estação seca

bem definida, quando ocorrem as queimadas. Já na estação chuvosa, verão,

ocorrem tempestades intercaladas por períodos de calor e sol intenso, quando

ocorre a época de inundações.

Devido à baixa altitude, e o fato de ser circundada por chapadões, a

ventilação é bastante prejudicada, ficando na maioria das vezes, abaixo de

1m/seg (MAITELLI et al., 1994).

Em MAITELLI et al. (1994), verificou-se que a ilha de calor urbana e a

sua intensidade é evidenciada, no período noturno, em condições de

estabilidade do ar, sem a ocorrência de chuvas, quando o calor armazenado no

tecido urbano é liberado para a atmosfera. Em situação de tempo instável, com

ocorrência de chuvas e ventos fortes, ocorre maior movimentação do ar

alterando o acoplamento da superfície com a atmosfera. Entretanto, em Cuiabá,

mesmo com medidas com ocorrência de chuva, foi possível observar que o

distrito comercial era mais aquecido do que o seu entorno, confirmando a

Page 22: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

21 influência do uso do solo nas condições térmicas da cidade. Verificou-se

também que as variações das taxas de umidade relativa eram inversamente

proporcional à temperatura, isto é , o ar era , em média, 10% mais seco nas

áreas centrais da cidade em relação às áreas suburbanas Assim, pode-se dizer

que a ilha de calor estava associada à uma ilha seca. A média da umidade

relativa do ar mantinha-se em torno de 88% no período matutino, 57% no

período da tarde e 95% à noite.

Segundo DUARTE (1995), apud NOGUEIRA et al.(2005), Cuiabá está

entre as cidades consideradas mais quentes, com freqüência quase que diária de

temperaturas altas e, nos meses mais quentes, podem ocorrer médias por volta

dos 40°C. Tendo em vista as condições climáticas em que se encontra a cidade

de Cuiabá, o conforto térmico é um dos pontos que mais aflige a população,

dentre os aspectos de conforto ambiental nos ambientes construídos.

Segundo FROTA e SCHIFFER (1995), os primeiros estudos sobre

condições termo-higrométricas sobre o rendimento no trabalho,desenvolvidos

pela Comissão Americana de Ventilação, presidida por Winslow, comprovam

que para trabalhos físicos, aos interesse de produção surgidos com a Revolução

Industrial e às situações de guerra, o aumento da temperatura de 20°C para 24°C

diminui o rendimento em 15% e a 30°C de temperatura ambiente, com umidade

de 80% , o rendimento cai 28% .

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (2003), a cidade

de Cuiabá caracteriza-se por apresentar dois períodos bem definidos: um seco

que vai de abril a outubro e outro úmido de novembro a março onde concentra

80% das chuvas. A cidade possui pequena amplitude térmica, exceto em

fenômenos de friagem, temperatura média anual de 26,8°C, com média máxima

de 42°C e média mínima de 15°C, umidade relativa do ar média de 78% e

insolação total média de 2.179 hs.

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22 Como podemos observar na tabela 1, no inverno, a precipitação é

marcado por uma estação quente e seca bem definida, quando ocorrem as

queimadas. Já na estação chuvosa, verão, ocorrem tempestades intercaladas por

períodos de calor e sol intenso, quando ocorre a época de inundações

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Média

Graus Dia Graus Dia CompensadaAltura (mm) Dia

Janeiro 991,6 33,1 24,2 35,8 18 23,2 5 27,6 79 6,8 284,3 142,3 22 128,5 150,6Fevereiro 991,5 32,5 23,8 36,4 26 20,7 21 27,1 81 6,9 315,7 81,2 13 115,2 122,7Março 992,6 33,9 23,3 36,8 10 21,4 19 27,4 76 5,8 174,3 49,5 19 71,5 227,3Abril 993,1 34,4 23,1 36,7 2 19,4 28 27,2 75 4,5 140,4 51,6 9 122,9 227,6Maio 995,9 30,8 18,7 35,7 7 10,7 25 23,8 76 4,3 31,1 24,5 24 114,9 222,3Junho 998,4 31,6 17,8 35,6 8 15,2 4 23,5 72 2,8 - 0,4 3 162 85,7Julho 997 31,4 16,7 36,1 21 10,9 11 23,3 67 4 22,8 9,6 26 156,2 212,8Agosto 996,8 33,7 16,5 38,5 23 11,5 5 24,3 58 1 - - - 187,4 244,5Setembro 994,2 33,7 21,2 40,4 29 12,3 25 28,5 54 2,6 5 5 20 215,9 143,7Outubro 993,6 35 23,2 39,8 1 20 18 28,1 68 5,8 188,2 69 15 174,2 126Novembro 991,8 33,4 23,4 36,6 17 22 29 27,2 76 7,1 274,9 73,7 24 132 139,1Dezembro 991,5 33 23,2 35,4 14 20 26 27,1 80 6,6 180,9 36,8 10 123,1 145,5

Insolação

Total (horas e

décimos)

PrecipitaçãoAltura Total (mm)

Máxima em 24 horasEvaporação Total

(mm)Meses

Pressão Atmosférica

(mb)

Média das

máximas

Média das

mínimas

Nebulosidade(C-10)

Máx. Absoluta Mín. AbsolutaTemperarura do ar °C Umidad

e Relativa

(%)

Tabela 1 Medidas de dados Meteorológicos da Estação Cuiabá, Período Janeiro-Dezembro, 2007. Fonte: SEPLAN (2008)

23

Page 25: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

24 Para CAMPELO Jr. et al. (1991),apud LEÃO (2007) em Cuiabá, a

direção predominante dos ventos é Norte e Noroeste durante boa parte do ano e

Sul no período de inverno.

LEÃO (2006) em seu trabalho, verificou através de relatórios de saída

do programa Analysis Bio através das normais climáticas indicaram que a

cidade de Cuiabá possui durante o ano 29,11% de horas de conforto, 66,91% de

horas de desconforto por calor e apenas 3,98% de horas de desconforto por frio.

Através destes resultados, notou-se necessário, o uso de ventilação e ar

condicionado durante o período de desconforto por calor e aquecimento solar

durante o pequeno período de desconforto por frio.

3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do gasto de energia

As edificações são responsáveis por cerca de 48% do consumo de

energia elétrica do país, considerando-se os setores residencial e comercial,

segundo GRILLO e AMORIM (2004).

Para PRADO (2008), os edifícios são responsáveis por 40% do

consumo de energia no mundo, 33% no setor comercial e 67% no residencial,

até 2025 deve haver um crescimento de 45% nesse consumo, as construções

emitem 35% do carbono lançado na atmosfera, e deve haver um aumento de

92% nessas emissões até 2050 se nada for feito.

3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT:

Cuiabá está dentro da zona 7 (sete) do zoneamento bioclimático

brasileiro segundo a NBR 15220-3/2005.

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25 A cidade de Cuiabá está localizada entre montanhas e chapadas, e tem

como característica a localização na depressão, com pouca ventilação (NBR

15220-3/2005).

As estações são bem definidas: Uma, seca, nos meses de abril a agosto

(inverno), e outra, chuvosa, nos meses de setembro a março (verão)

NOGUEIRA et al. (2005).

São poucos os dias que as temperaturas ficam inferior a 20 °C

NOGUEIRA et al. (2005).

A temperatura de Cuiabá durante a maior parte do ano é

predominantemente quente e a região mais quente na cidade é a zona central,

devido ao aumento das áreas impermeabilizadas e diminuição da vegetação

NOGUEIRA et al. (2005).

Segundo a NBR 15.220/2005, conforto térmico é a satisfação

psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente e

neutralidade térmica é o estado físico no qual a densidade do fluxo de calor entre

o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, sendo mantida

constante a temperatura do corpo; Desconforto local é o aquecimento ou

resfriamento de uma parte do corpo gerando insatisfação do indivíduo e

temperatura neutra é a temperatura operativa para a qual o corpo humano

encontra-se em neutralidade térmica.

A NBR 15.220/2005, parte 3, estabelece um zoneamento bioclimático

brasileiro, abrangendo um conjunto de recomendações e estratégias construtivas

destinadas às habitações unifamiliares de interesse social.

Na referida NBR 15.220/2005, Parte 3 também cita que para a

formulação das diretrizes construtivas - para cada zona bioclimática brasileira

(seção 6) - e para o estabelecimento das estratégias de condicionamento térmico

passivo (seção 7), foram considerados os parâmetros e condições de contorno

seguintes:

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26 a) Tamanho das aberturas para ventilação;

b) Proteção das aberturas;

c) Vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); e

d) Estratégias de condicionamento térmico passivo.

Segundo a NBR 15.220/2005, parte 3, no item 6.7, onde são

apresentadas essas diretrizes construtivas para a zona bioclimática 7 , da qual a

cidade de Cuiabá faz parte:

Tabela 2 Classificação do clima UF Cidade Estrat. Zona UF Cidade Estrat. Zona

MG Governador

Valadares

CFIJ 5 PA Breves FJK 8

MG Grão Mogol BCFI 3 PA Conceição do

Araguaia

FIJK 8

MG Ibirité ABCFI 2 PA Itaituba FJK 8

MG Itabira BCFI 3 PA Marabá FJK 8

MG Itajubá ABCFI 2 PA Monte Alegre FIJ 8

MG Itamarandiba BCFI 3 PA Óbidos FJK 8

MG Januária CFHIJ 6 PA Porto de Moz FJK 8

MG João Pinheiro CDFHI 6 PA Santarém

(Taperinha)

FJK 8

MG Juiz de Fora BCFI 3 PA São Félix do

Xingú

FIJK 8

MG Lavras BCFI 3 PA Soure JK 8

MG Leopoldina CFIJ 5 PA Tiriós FIJ 8

MG Machado ABCFI 2 PA Tracuateua FIJK 8

Page 28: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

27 MG Monte Alegre de

Minas

BCFIJ 3 PA Tucuruí FJK 8

MG Monte Azul DFHI 7 PB Areia FIJ 8

MG Montes Claros CDFHI 6 PB Bananeiras FIJ 8

MG Muriaé BCFIJ 3 PB Campina

Grande

FIJ 8

MG Oliveira BCDFI 4 PB Guarabira FIJK 8

MG Paracatu CFHIJ 6 PB João Pessoa FIJ 8

MG Passa Quatro ABCFI 2 PB Monteiro CFHI 6

MG Patos de Minas BCDFI 4 PB São Gonçalo FHIJK 7

MG Pedra Azul CFI 5 PB Umbuzeiro FI 8

MG Pirapora BCFHI 4 PE Arco Verde FHI 7

MG Pitangui BCFHI 4 PE Barreiros FJK 8

MG Poços de Calda ABCF 1 PE Cabrobó DFHI 7

MG Pompeu BCFIJ 3 PE Correntes FIJ 8

MG Santos Dumont BCFI 3 PE Fernando de

Noronha

FIJ 8

MG São Francisco CFHIJ 6 PE Floresta FHIK 7

MG São João Del Rei ABCFI 2 PE Garanhuns CFI 5

MG São João

Evangelista

BCFIJ 3 PE Goiana FIJ 8

MG São Lourenço ABCFI 2 PE Nazaré da Mata FIJ 8

MG Sete Lagoas BCDFI 4 PE Pesqueira FI 8

MG Teófilo Otoni CFIJ 5 PE Petrolina DFHI 7

MG Três Corações ABCFI 2 PE Recife FIJ 8

MG Ubá BCFIJ 3 PE São Caetano FIJ 8

MG Uberaba BCFIJ 3 PE Surubim FIJ 8

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28 MG Viçosa BCFIJ 3 PE Tapera FIJ 8

MS Aquidauana CFIJK 5 PE Triunfo CFHI 6

MS Campo Grande CFHIJ 6 PI Bom Jesus do

Piauí

DFHIJ 7

MS Corumbá FIJK 8 PI Floriano FHIJK 7

MS Coxim CFHIJ 6 PI Parnaíba FIJ 8

MS Dourados BCFIJ 3 PI Paulistana DFHIJ 7

MS Ivinhema CFIJK 5 PI Picos DFHIJ 7

MS Paranaíba CFHIJ 6 PI Teresina FHIJK 7

MS Ponta Porã BCFI 3 PR Campo Mourão BCFI 3

MS Três Lagoas CFHIJ 6 PR Castro ABCF 1

MT Cáceres FIJK 8 PR Curitiba ABCF 1

MT Cidade Vera CFIJK 5 PR Foz do Iguaçu BCFIJ 3

MT Cuiabá FHIJK 7 PR Guaíra BCFIJ 3

MT Diamantino FHIJK 7 PR Guarapuava ABCF 1

MT Meruri CFHIJ 6 PR Ivaí ABCFI 2

MT Presidente

Murtinho

BCFIJ 3 PR Jacarezinho BCFIJ 3

PA Altamira FJK 8 PR Jaguariaiva ABCFI 2

PA Alto Tapajós FJK 8 PR Londrina BCFI 3

PA Belém FJK 8 PR Maringá ABCD 1

PA Belterra FJK 8 PR Palmas ABCF 1

Fonte: NBR 15.220/2005, Parte 3, Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Legenda:

UF-Unidade Federativa em ordem alfabética

Cidade- a qual pertence em ordem alfabéttica

Estrat.-Estratégia bioclimática recomendada

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29 Zona-zona bioclimática na qual a cidade está inserida

Portanto, segundo a tabela acima, a estratégia bioclimática

recomendada para a cidade de Cuiabá é FHIJK.

F- Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por

ar externo através da ventilação dos ambientes

H e I – No verão, deverá ocorrer o resfriamento evaporativo e maior

massa térmica(paredes e coberturas) para resfriamento, de forma que o calor

armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a

noite, quando as temperaturas externas diminuem.

K- O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a

eventual sensação de desconforto térmico por calor

I e J - Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a temperatura

interna seja superior à externa.A ventilação cruzada deverá ser obtida através da

circulação de ar pelos ambientes da edificação, devendo atentar-se para os

ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar

significativamente a direção dos ventos.

Figura 4 Zona Bioclimática 7 Fonte:NBR 15.220/2005, parte 3

Page 31: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

30

Tabela 3 Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona Bioclimática 7.

Aberturas para ventilação Sombreamento das aberturas

Pequenas Sombrear aberturas

Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

Tabela 4 Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7.

Vedações externas

Parede: Pesada

Cobertura: Pesada

Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

Tabela 5 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 7 Estação Estratégias de condicionamento térmico passivo

Verão H) Resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento

J) Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a

temperatura interna seja superior à externa)

Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

Tabela 6 Porcentagem das aberturas para ventilação

Aberturas para ventilação A (em % da área de piso)

Pequenas 10% < A < 15%

Médias 15% < A < 25%

Grandes A > 40%

Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

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31 Segundo a Zona Bioclimática de Cuiabá, as aberturas para ventilação

deverão ser pequenas, ou seja, a área da janela em porcentagem da área do piso

deverá ser entre 10 a 15%.

Tabela 7 Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada tipo de vedação externa Vedações externas Transmitância

térmica- U

Atraso térmico

- �

Fator solar -

FSo

W/m2.K Horas %

Leve U � 3,00 � � 4,3 FSo � 5,0

Paredes Leve

refletora

U � 3,60 � � 4,3 FSo � 4,0

Pesada U � 2,20 � ≥ 6,5 FSo � 3,5

Leve

isolada

U � 2,00 � � 3,3 FSo � 6,5

Coberturas Leve

refletora

U � 2,30.FT � � 3,3 FSo � 6,5

Pesada U � 2,00 � ≥≥≥≥ 6,5 FSo � 6,5

Fonte:NBR 15.220/2005, Parte 3, zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social.

Na zona Bioclimática 7, as paredes e coberturas deverão ser pesadas,

conforme tabela 7. Segundo NBR 15.575/2010, os valores mínimos diários da

temperatura do ar interior de recintos de permanência prolongada, como por

exemplo salas e dormitórios, no dia típico de inverno, devem ser sempre

dispensado de verificação.

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32 4 O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 e

15.575/2010

Os primeiros estudos de desempenho foram feitos na década de 80, pelo

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, desde então muita coisa

evoluiu. O consumidor daquela época não tinha conhecimento como hoje, onde

os mesmos já são mais informados e exigem muito mais desempenho.

A aplicação da NBR 15.575/2010 estabelece parâmetro para que o

mercado tenha condições competitivas mais equilibradas, alcançar maiores

desempenhos (melhoria contínua) e define responsabilidades.

Muito se fala em sustentabilidade, mas um empreendimento sustentável

nada mais é do que ser concebido com critérios de desempenho.

A norma não é lei, porém tem tanta força que para o mundo jurídico, ela

estabelece referenciais quanto ao serviço e serve como balizamento para

exigência dos compradores e serve como referência para perícia.

Além disso, o Código de defesa do consumidor (Seção IV das práticas

abusivas; Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: VIII -

colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo

com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou, se normas

específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou

outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO) estabelece que nenhum

produto ou serviço pode ser colocado no mercado sem atender às normas

técnicas pertinentes, portanto, o descumprimento da norma pode levar a cumprir

encargos decorrentes ao não atendimento do artigo do Código de defesa do

Consumidor. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para assuntos

jurídicos.Lei 8078, de 11 de setembro de 1990, Capítulo 05, Seção IV.

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33 O maior agente fiscalizador não é feito por nenhum órgão, (a não ser as

normas do Ministério do Trabalho, da Agência nacional de Vigilância sanitária

(ANVISA) e outras agências regulatórias do governo), mas pelo próprio

consumidor em função do Código de Defesa do Consumidor.

Posteriormente, poderão ser feitas por instituições Financeiras como a

Caixa Econômica federal (CEF), a qual já está exigindo cumprimento da norma

através do SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas).

Nenhum tipo de construção alcança os programas nacionais

habitacionais e os financiamentos sem referência técnica ou norma.

O SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas) visa dar suporte à

operacionalização dos procedimentos reconhecidos pela cadeia produtiva da

construção civil, com o objetivo de avaliar novos produtos utilizados nos

processos de construção, devido a falta de laboratórios capazes de avaliar

produtos inovadores.

Mas qual a finalidade desta norma ser aplicada somente a edificações de

até 5 pavimentos?

No item 1.4 da NBR 15.575/2010, Parte 1, diz que os requisitos não

dependem de altura e são aplicáveis a edifícios de mais de 5 pavimentos. O

principal foco são os edifícios destinados a classe de renda mais baixa, ou seja,

mais econômico.

Isso beneficia a população mais desfavorecida, que ficava vulnerável ao

desconforto Térmico.

As obras do programa “Minha casa, Minha vida” que, ao ser protocolada

para aprovação nas prefeituras após seis meses depois da NBR 15.575/2010

entrar em vigor, deverão atender aos requisitos da referida norma.

Outra forma de defesa do consumidor é o “Código Civil Brasileiro”, nos

artigos 615 e 616, diz que o comprador pode rejeitar a obra ou exigir abatimento

no preço, caso o empreiteiro tenha se afastado das instruções recebidas e dos

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34 planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza (Código Civil

Brasileiro, artigos 615 e 616).

O que se espera não é que haja conflitos judiciais, mas induzir o

mercado a melhorar a qualidade das construções.

Para isso, será necessário que seja feito um planejamento por parte das

construtoras e o projeto será aspecto fundamental para o desempenho, pois é

nele que será concebida as soluções e vida útil dos sistemas. Haverá, portanto, a

necessidade de especialistas.

Outro detalhe muito importante é a vida útil dos sistemas, a manutenção

e o uso correto dos materiais. O profissional vai necessitar especificar tudo na

fase de projeto, o que acabaria com os verdadeiros “Canetinhas de Ouro”. Isso

vai obrigar esse tipo de profissional a se aproximar mais do projeto e da obra, o

que não ocorre atualmente.

A norma está proporcionando um aumento de demanda de ensaios,

principalmente de sistemas construtivos e materiais inovadores, aumentando a

procura por laboratórios acreditados pelo INMETRO.

A valorização dos profissionais também deverá ser feita na etapa de

obra. Se antes da norma já era necessário seguir a risca o projeto, na etapa de

obra, será imprescindível a supervisão do engenheiro de obra, pois será muito

difícil acontecer improvisos, o que poderá comprometer a obra e o desempenho

dela futuramente.

Os operários também deverão ser capacitados, pois além do

investimento em materiais que atendam os requisitos, será necessária mão

de obra especializada.

O atendimento do pós obra também deverá ser qualificado. Os

profissionais de assistência técnica vão ter que se adequar as normas, pois

muitos clientes vão questioná-los sobre o assunto e os profissionais vão

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35 ter que orientá-los adequadamente e também diagnosticar os erros de

desempenho.

5 O PAR (Programa de Arrendamento Residencial)

O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) faz parte do

programa” Meu Lar” do Governo do Estado de Mato Grosso, porém é

desenvolvido pela Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania

e Assistência Social (SETECS) e a responsabilidade pela construção, bem

como a fiscalização é da Secretaria de Infra –Estrutura (SINFRA).

O programa “Meu Lar” foi normatizado pela lei 8.221/04 e

regulamentado pelo decreto 8.187/06.

As casas são de padrão popular, possuem dois quartos, sala,

cozinha, banheiro e área de serviço.

Para as pessoas participarem do sorteio das casas, deveriam residir

há mais de dois anos no município, renda familiar até dois salários

mínimos, não ser proprietário de imóvel e nem ter sido beneficiado por

nenhum programa habitacional, famílias que possuam idosos, crianças

adolescentes, pessoas com deficiência ou doença crônica, bem como

famílias chefiadas por mulheres, essas últimas modalidades privilegiadas

pelo programa.

A CEF é responsável pelo processo de análise e aprovação dos

cadastros dos candidatos ao PAR e a Secretaria de Estado de Trabalho,

Emprego, Cidadania e Assistência Social (SETECS) cuida dos sorteios e

entrega das unidades.

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36

6 METODOLOGIA

Para avaliar se as Residências situadas em Cuiabá são construídas

conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas 4 plantas e os materiais

utilizados na construção de cada uma delas.

Para isso,foram analisadas plantas de Habitação de interesse social

de Cuiabá que fazem parte do PAR .

6.1 Procedimento utilizado

Para avaliar se as residências situadas em Cuiabá – MT são

construídas conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas quatro

plantas baixas, além dos materiais utilizados na construção de cada uma

delas.

Para isso, foram analisadas plantas de habitação de interesse social

de Cuiabá e Várzea Grande que fazem parte do PAR .

Essas plantas foram conseguidas através da CEF e foram

escolhidas aquelas que possuíam mais dados,apesar de todos serem muito

precários.

A vantagem do estudo de caso é que ele permite examinar em

profundidade o desenvolvimento de ações em seus próprios cenários.

Serão feitas análises críticas das plantas do PAR e comparadas às

NBRs 15.520/2005 e 15.575/2010 segundo a região de Cuiabá, e através

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37 desta análise, verificar se as residências do programa estão adaptadas ao

conforto térmico exigido.

Após essa análise serão feitas sugestões para que essas plantas

possam ter maior desempenho térmico e consigam se adequar ás normas

estudadas.

6.2 Materiais e Métodos

Foram coletados dados sobre a tipologia construtiva de quatro unidades

habitacionais, que são réplicas das metodologias mais empregadas na construção

de residências populares pelo programa de habitação popular do governo do

Estado de Mato Grosso, PAR. A metodologia utilizada para descrição e

avaliação do desempenho térmico nas edificações basicamente utilizou a análise

em projeto: análise das plantas do programa e comparadas às exigências das

normas para a zona bioclimática da região de Cuiabá e através desta análise,

concluir se as residências do programa estão adaptadas ao conforto térmico

exigido.

Restringiu-se neste trabalho o estudo de apenas quatro tipologias

construtivas dentre as várias disponíveis na CEF. Na coleta de dados realizado,

as unidades habitacionais selecionadas para estudo, foram levantadas

características dos materiais, através dos orçamentos e memoriais,

medidas em plantas e características térmicas dos elementos construtivos

utilizados no envoltório.

O objetivo foi analisar os materiais utilizados, fazer um

reconhecimento do desempenho térmico das tipologias construtivas a

partir das plantas e o que as normas estabelecem. Na avaliação dos

elementos construtivos habitacionais em estudo, buscou-se referência na

Page 39: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

38 NBR 15.575/2010 e consequentemente a NBR 15.220-3/2005.

Desempenho Térmico de Edificações (Parte 3: Zoneamento Bioclimático

Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de

Interesse Social) e sua aplicabilidade para esta região de estudo.

A NBR 15220-3/2005 (Zoneamento Bioclimático Brasileiro), que

faz recomendações construtivas especificas para cada zona bioclimática,

foi utilizado como parâmetro na análise por prescrição dos dados

construtivos coletados nas unidades habitacionais.

7 RESULTADOS

Verificação das exigências mínimas construtivas do que é prescrito para

o clima de Cuiabá, fornecido pela NBR 15220-3/2005 (Zoneamento

Bioclimático Brasileiro).

7.1 Localização e plantas

Residência A: Residencial Coxiponês

Coordenadas: 56,016490 oeste(W) e 15,643613 sul (S).

Localizado na zona Sul da cidade de Cuiabá.

O Residencial está localizado na avenida Fernando Corrêa, a 1 km do trevo

Tijucal, bairro Jardim Presidente em Cuiabá.

Descrição do empreendimento:

Empreendimento com l60 casas e uma guarita e obras de infraestrutura.

Proponente e construtor: Construtora e incorporadora Brasil Central.

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39

Figura 5 Mapa de localização do Residencial Coxiponês Fonte:Wikimapia, 2010

Page 41: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

40

Figura 6 Mapa de localização do Residencial Coxiponês – Implantação

Fonte:Wikimapia, 2010.

Page 42: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

41

Figura 7 Planta e corte Residencial Coxiponês. Fonte: CEF - (Plantas elaborada pela construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a limpo)

Page 43: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

42 Residência B: Condomínio Jardim Vitória “A”. Coordenadas:- 15°40'4"Sul (S)

55°58'28" oeste (W)

Situado na região Norte de Cuiabá o residencial está localizado na

Avenida José Estevão Torquato da Silva, no bairro Jardim Vitória. Descrição do

empreendimento:

Empreendimento com cento 129 casas e obras de infraestrutura.

Proponente e construtor: Concremax -Concreto engenharia e saneamento ltda.

Figura 8 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A” Fonte:Wikimapia, 2010

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43 Figura 9 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”– Implantação Fonte:Wikimapia, 2010

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44

Figura 10 Planta e corte, Residencial Jardim Vitória. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).

Page 46: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

45

Residência C: Residencial Jardim Antárctica

Coordenadas: 15°34'19"Sul (S) 56°7'41" oeste(W)

Situado na região oeste de Cuiabá.

O Residencial está localizado na avenida Antárctica ,antiga estrada da

Guia,próximo a cervejaria Antárctica, bairro Ribeirão do Lipa.

Descrição do empreendimento:

Empreendimento com 180 casas e obras de infra-estrutura.

Proponente e Construtor:Construtora Ferrer.

Figura 11 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica Fonte:Wikimapia, 2010

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46

Figura 12 Mapa de localização do Residencial Jardim Antárctica – Implantação Fonte:Wikimapia, 2010

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47

Figura 13 Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica, sem escala. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela construtora Ferrer e passadas a limpo pela autora).

Page 49: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

48 Residência D: Residencial Pascoal Moreira Cabral

Coordenadas: 15°40'4"Sul (S) 55°58'28" oeste (W)

Situado na região sudeste de Cuiabá.

O residencial está localizado na avenida Rio Branco, próximo ao Rivoli e ao

Posto Simarelli, no bairro Distrito Industrial

Descrição do empreendimento:

Empreendimento com 170 casas e obras de infra-estrutura.

Proponente e construtor: Concremax-Concreto Engenharia e Saneamento ltda.

Figura 14 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira Fonte:Wikimapia, 2010

Page 50: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

49

Figura 15 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira – Implantação Fonte:Wikimapia, 2010

Page 51: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

50

Figura 16 Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira, sem escala. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora Concremax em parceria com o escritório Arquitectonica e passadas a limpo pela autora).

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51 7.2 Identificação de características das tipologias construtivas,

através de Aberturas para ventilação em porcentagem de área de

piso Para a zona bioclimática de Cuiabá, a abertura para ventilação

estabelecida na norma é pequena, ou seja, a área da janela tem que ser entre 10%

até 15% da área do piso(área do ambiente).

Exemplo:

Se em um quarto de 5,00 m², possui uma janela de 1,20m por 1,00m,a

área da janela é 1,20 m².

A janela deveria ter no mínimo 0,50 m² (10% do piso) até 0,75 m no

máximo.

Neste caso, a janela não está em conformidade com a norma.

Essa análise foi feita em todos os ambientes das residências conforme

podemos observar.

Ajan.: Área da janela

A. máx.:Área máxima

A. mín.:Área mínima

(15%A)Max. :15 porcento da área,máximo permitido

(10% A.)Mín. : 10 porcento da área,mínimo permitido

Page 53: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

QUARTO 1 A MAX.;MÍN.SITUAÇÃO QUARTO2 A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO COZINHA A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO SANITÁRIO A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO(15%A)

MÁX.:1,23m²

(15%A) MÁX.:1,20m²

(15%A) MÁX.:0,79m²

(15%A) MÁX.:0,37m²

(10%A) MÍN.:0,82m²

(10%A) MÍN.:0,80m²

(10%A) MIN.:0,53m²

(10%A) MIN.:0,25m²

(15%A) MÁX.:1,20m

²

(15%A) MÁX.:1,20m²

(15%A) MÁX.:0,75m²

(15%A) MÁX.:0,37m²

(10%A) MÍN.:0,80m²

(10%A) MÍN.:0,80m2

(10%A) MIN.:0,50m²

(10%A) MIN.:0,25m²

(15%A) MÁX.:1,20m

²

(15%A) MÁX.:1,20m²

(15%A) MÁX.:0,75m²

(15%A) MÁX.:0,37m²

(10%A) MÍN.:0,80m²

(10%A) MÍN.:0,80m²

(10%A) MIN.:0,50m²

(10%A) MIN.:0,25m²

(15%A) MÁX.:1,18m

²

(15%A) MÁX.:1,21m²

(15%A) MÁX.:1,27m²

(15%A) MÁX.:0,34m²

(10%A) MÍN.:0,78m²

(10%A) MÍN.:0,80m²

(10%A) MIN.:0,85m²

(10%A) MIN.:0,23m²

A JAN.=0,48m²NÃO

CONFORMERESIDÊNCIA B(Jardim Vitória)

A JAN.=1,50 m²NÃO

CONFORMEA JAN.=1,50m²

NÃO CONFORME

A JAN.=1,05 m²NÃO

CONFORME

RELAÇÃO DA ÁREA DO AMBIENTE COM A ABERTURA DA JANELA(10% < A < 15%)

RESIDÊNCIA A(Res.Coxiponês)

A JAN.=1,50 m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,50m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,00 m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=0,48m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

RESIDÊNCIA C(Res.Jardim Antárctica)

A JAN.=1,50 m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,50m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,05 m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=0,48m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

RESIDÊNCIA D(Residencial

Pascoal Moreira)A JAN.=1,50 m²

NÃO CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,50m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

A JAN.=1,00 m²CONFORME

(Dentro dolimite)

A JAN.=0,36m²NÃO

CONFORME (Ultrapassa)

Tabela 8: Relação da área do ambiente com a abertura da janela(10% < A < 15%)

Fonte: Tabela elaborada pela autora

52

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7.3 Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas

através da transmitância térmica, atraso térmico e fator solar

Conforme a norma, a zona bioclimática de Cuiabá, as paredes e as

coberturas deverão ser pesadas.

A transmitância térmica da parede, U (W/(m². K)),deverá ser menor

ou igual a 2,20 W/(m².K);

O atraso térmico da parede(�), em horas, deverá ser maior ou igual a

6,5 horas;

O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 3,5%.

A transmitância térmica da cobertura, U (W/(m². K)),deverá ser

menor ou igual a 2,00 W/(m².K);

O atraso térmico da cobertura, j (horas), deverá ser maior ou igual a

6,5 horas;

O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 6,5%.

Esses dados são fixados pela norma e deverão ser comparados aos

memoriais de cada empreendimento.

Transmitância térmica segundo FROTA e SCHIFFER (1995)

quantifica a capacidade do material a ser atravessado por um fluxo de calor

induzido por uma diferença de temperatura entre dois ambientes que o

elemento constituído por material separa (W/(m². K)).Define-se como sendo

o fluxo de calor que atravessa,ma unidade de tempo, a unidade de área do

elemento constituído do material, quando se estabelece uma diferença

unitária de temperatura entre o ar confinante com suas faces opostas.

Na NBR 15.220/2005, parte 1, atraso térmico é definido como tempo

transcorrido entre uma variação térmica em um meio e sua manifestação na

superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime

periódico de transmissão de calor

Fator solar: é o quociente da taxa de radiação solar transmitida

através de um componente opaco pela taxa da radiação solar total incidente

53

Page 55: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

54 sobre a superfície externa do mesmo.(NBR 15.220/2005, parte 1).

Segundo WEBER (2005) este valor varia conforme o ângulo da

incidência da radiação solar e é característico de cada tipo de abertura.

Quando se diz que o Fs é de 0,85, como no caso do vidro simples, significa

que 85% da radiação solar incidente sobre a janela penetra no interior do

ambiente em forma de calor.

Coeficiente de absortância solar pode ser influenciada pelas tintas

utilizadas, além do efeito da rugosidade superficial que os corpos apresentam

e que afeta significativamente a quantidade de radiação solar absorvida ou

refletida por uma superfície LOPES et al. (2010).

Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:

Residencial Coxiponês (Residência A):

Parede de tijolos de 6 furos circulares, assentados na menor

dimensão.

Dimensões do tijolo: 10,0x15,0x20,0 cm

Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada

no desenho)

Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no

desenho)

Espessura total da parede: 15,0 cm (não representada no desenho)

Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela

construtora e Incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora).

Materiais utilizados:

Alvenaria com tijolo furado

U = 2,28 W/(m².K); dado retirado da norma brasileira (NBR)

15.220/2005, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada,U � 2,20

W/(m².K))

ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR)

15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

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55 Fator solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando cor externa branca (α = 0,2, dado retirado da tabela B.2

da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4.2,28.0,2 = 1,82%

FSo = 1,82% - Atende a norma (Parede pesada, FSo � 3,50%)

Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3:

Residência A (Residencial Coxiponês):

Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm

Espessura da telha: 1,0 cm

U [W/(m². K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-

Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))

ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

FSo = 4.U.α

Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da Tabela B.2 da

NBR 15.220 /2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4 . 1,92 . 0,75

FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)

Residência B (Residencial Jardim Vitória):

Parede de tijolos de 8 furos circulares.

Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20,0 cm

Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada

no desenho)

Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no

desenho)

Espessura total da parede: 15,0 cm

Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela

construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).

Page 57: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

56 Materiais utilizados:

Alvenaria com tijolo furado

U = 2,24W/(m². K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-Não

atende a norma (Parede pesada, U � 2,20 W/(m².K))

ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2

da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4. 2,24. 0,3= 2,68 %

FSo = 2,68 %-Atende a norma (Parede pesada, FSo � 3,50 %)

Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:

Residência B (Residencial Jardim Vitória):

Parede de tijolos de oito furos circulares.

Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20, 0 cm

Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada

no desenho)

Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no

desenho)

Espessura total da parede: 15,0 cm

Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela

construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).

Materiais utilizados:

Alvenaria com tijolo furado

U = 2,24 W/(m². K); dado retirado da norma brasileira (NBR)

15.220, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada, U � 2,20 W/(m².K))

ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220,

Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

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57 Fator solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2

da NBR 15.220, Parte 2), tem-se:

FSo = 4. 2,24. 0,3 = 2,68%

FSo = 2,68% -Atende a norma (Parede pesada, FSo �3,50%)

Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3:

Residência B (Residencial Jardim Vitória):

Cobertura em telha Cerâmica tipo Plan

Com forro de concreto de espessura de 12,00 cm

U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-

Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))

ϕ[horas]= 3,6 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator Solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da

NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4 . 1,92 . 0,75

FSo = 5,7 5% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)

Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:

Residencial Jardim Antarctica (Residência C):

Parede de tijolos de 6 furos circulares

Dimensões do tijolo: 10,0x15, 0x20,0 cm

Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm

Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm

Espessura total da parede: 15,0 cm

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58 Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) (Plantas elaborada pela

construtora Ferrer,e passadas a limpo pela autora).

Materiais utilizados:

Alvenaria com tijolo furado

U = 2,28W/ (m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-

Atende a norma (Parede pesada, U � 2,20 W/(m².K))

ϕ [horas] = 3,70; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma(Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da tabela B.2

da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4. 2,28 . 0,3 = 2,68 %

FSo = 2,73 % -Atende a norma (Parede pesada, FSo �3,50%)

Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 -3:

Residência C (Residencial Jardim Antárctica):

Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm

Espessura da telha: 1,0 cm

U [W/(m².K) ] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-

Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))

ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator Solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da

NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4 . 1,92 . 0,75

FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)

Page 60: Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

59 Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:

Residência D (Residencial Pascoal Moreira):

Parede de tijolos maciços;

Dimensões do tijolo: 10,0 x 6,0 x 22,0 cm;

Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm;

Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm;

Espessura total da parede: 15,0 cm .

Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Planta elaborada pela

construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora).

Materiais utilizados:

Alvenaria com tijolo comum:

U = 3,13W/(m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 -

Não atende a norma (Parede pesada, U�2,20 W/(m².K))

ϕ [horas] = 3,8; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 - Não

atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator solar:

FSo = 4.U.α

Utilizando tijolo aparente (α = 0,70, dado retirado da tabela B.2 da

NBR 15.220(2005), Parte 2), tem-se:

FSo = 4. 3,13 . 0,7 = 8,76 %

FSo = 8,76 % - Não atende a norma (Parede pesada, FSo �3,50 %)

Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 - 3:

Residência D (Residencial Pascoal Moreira):

Cobertura em telha cerâmica Tipo Plan, com forro de concreto de 12

cm .

U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-

Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))

ϕ[horas]= 3,6, dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não

atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)

Fator Solar:

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60 FSo = 4.U.α

Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da

NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:

FSo = 4 . 1,92 . 0,75

FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)

Conclui-se que a qualidade dos materiais empregados nas unidades

habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo.

Os materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente

para atender a norma na região de Cuiabá.

As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o

máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum

tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a

ventilação e o aproveitamento da orientação solar.

O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho

térmico das residências.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade está cada vez mais dominada pelo capitalismo,

motivando a necessidade de mecanizar a produção agrícola para que a

produtividade seja maior e mais ágil, diminuir as distâncias e a evolução nas

comunicações e no transporte e, conseqüentemente, resultando na

concentração da população nas áreas metropolitanas de forma desordenada.

Os grandes centros urbanos estão sofrendo as conseqüências do mau

planejamento urbano, devido ao seu deficiente ordenamento territorial e de

seu errôneo modelo de desenvolvimento.

O meio ambiente urbano tem sua capacidade exarcebada a cada dia,

consumindo mais do que o necessário e gerando mais resíduos (sólidos,

líquidos e gasosos) do que o ambiente pode assimilar. A conseqüência desse

tipo de processo é a ocupação desordenada nos centros urbanos. A

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61 construção de grandes aranhas-céu, pavimentação, canalização de córregos,

fazendo surgir a “Ilha Urbana de Calor”, que são quantidades de ar quente

presente em maior concentração no centro das cidades que sofrem com esse

desequilíbrio. E essa condição dificulta a evaporação, reduz a dispersão dos

poluentes atmosféricos gerados trazendo complicações para a vida do

homem nessas metrópoles.

A grande quantidade de casas e prédios, ruas e avenidas, pontes e

viadutos e uma série de outras construções, construídas no lugar das áreas

verdes, aumenta significativamente a irradiação de calor para a atmosfera em

comparação com as zonas periféricas ou rurais, onde, em geral, é maior a

cobertura vegetal.

Diferentes padrões de refletividade, ou da quantidade de luz

refletida, que ocorre sobre superfícies (de maneira direta ou difusa), são

dependentes dos materiais empregados na construção civil.

Com a ilha de calor, há um aumento significante pela demanda de

energia elétrica para que se possa subsidiar maior conforto térmico.

Pode-se notar que a maioria das edificações apresenta partidos

arquitetônicos e sistemas construtivos padronizados, moldados à mesma

maneira no país inteiro, sendo o mesmo projeto construído diversas vezes,

com diferentes implantações, sem levar em conta as características da área e

do clima.

A economia das construtoras vai além do tipo de material a ser

utilizado em obra, mas também na elaboração de projetos por profissionais

especializados.

Construtoras de grande porte elaboram projetos padronizados e

adequados segundo as normas de edificações de algumas cidades, que não

exigem projeto de conforto térmico, mesmo porque essas cidades não

possuem profissionais especializados para a sua fiscalização dentro dos

órgãos públicos.

A tendência das construtoras é somente atender determinado

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62 tipo de mercado consumidor, ou seja, construir a menor custo, executar mais

rápido e com muito lucro, sem modificar o projeto, sem importar com o

clima, com a falta de transporte, falta de infraestrutura do bairro, e outros

aspectos que são muito relevantes para o conforto humano.

A população mais desfavorecida, geralmente beneficiada por algum

tipo de programa social, fica vulnerável ao desconforto térmico. Essa parcela

da sociedade geralmente é induzida a se estabelecer nos espaços mais

degradados da cidade, onde é possível que as condições climáticas

específicas agravem.

Observa-se também através das características geográficas,

ambientais e dos dados Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) apud Secretaria do Planejamento (Anuário da SEPLAN) do estado

do Mato Grosso, que as temperaturas mais altas em Cuiabá, ocorrem no mês

de outubro, ou seja, na primavera. Porém as normas brasileira estudadas

citam como referencia a estação do verão.

Somos conscientes que as normas são muito novas e que este é

apenas um início, muitas imperfeições certamente serão identificadas e

corrigidas ao longo do tempo e através da experiência a ser proporcionada

pela aplicação da norma.

Antigamente, um projeto era elaborado levando em consideração as

condições climatológicas com a finalidade de reconhecer fatores positivos e

negativos, tomando partido dessas características ou não.

Com a revolução tecnológica, o arquiteto e o engenheiro começaram

a utilizar meios modernos para compensar esses fatores climatológicos,

tornando a arte de projetar, segundo fatores climatológicos, mais cômodos,

pois a indústria cresceu e deu a liberdade de escolha desses meios.

Os projetos de conforto térmico eram vistos como economicamente

inviáveis por grande empreendedores, ocasionando em edificações com alto

consumo energético e/ou baixo desempenho térmico.

Com a crise energética, houve o aumento no valor da energia,

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63 forçando os setores a repensar em formas alternativas de energia e a

diminuição do uso dela, conseqüentemente, exigindo a reavaliação do

projeto.

Surge, então, a necessidade de conceber o projeto que possibilite a

execução de edificações mais eficientes, com melhor aproveitamento das

condições climáticas (radiação solar, temperatura e umidade relativa do ar e

ventos predominantes) para definição das soluções de projeto, uso de

materiais locais (renováveis ou de menor impacto ambiental), projeto

paisagístico, privilegiando o uso de espécies nativas , aproveitamento da

vegetação para criação de um micro clima.

Portanto, o partido arquitetônico passou a ser elemento chave para a

concepção de um projeto, com a finalidade de se ter uso racional de energia.

Como pode-se observar através dos resultados, as unidades

habitacionais não foram projetadas considerando o conforto térmico

Podem-se concluir que as construtoras ainda não estão preparadas

para atender as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho

térmico.

Isso se deve a pouca existência de profissionais especializados, o que

dificulta também a fiscalização.

Mas devemos lembrar que o Código de Defesa do consumidor é

específico quando diz que é vedado fornecer produto ou serviço em

desacordo à norma brasileira, aumentando a demanda por especialistas na

área devido à necessidade em atender a norma brasileira .

Como pode ser observado, através dos resultados,as unidades

habitacionais não foram projetadas considerando o conforto Térmico

Além disso, as construtoras ainda não estão preparadas para atender

as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho Térmico. Isso

se deve a pouca existência de profissionais especializados,o que dificulta

também a fiscalização.

A qualidade dos materiais empregados nas unidades

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64 habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo. Os

materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente para atender

a norma na região de Cuiabá.

As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o

máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum

tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a

ventilação e o aproveitamento da orientação solar.

O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho

térmico das residências.

Infelizmente podemos inferir que as tipologias dessas residências

possuem metodologias construtivas fixadas em todo o Brasil, as habitações

populares não são projetadas e construídas respeitando o clima do local onde

são edificadas, mas sim seguindo um planejamento social e político.

Os padrões construtivos baixos e consequentemente, o desempenho

térmico insatisfatório, tornam o clima externo mais confortável que o

interior das edificações .

Por isso, a normalização do conforto térmico brasileiro é tão

importante para as construtoras, para o próprio consumidor, órgãos públicos,

dentre outros, utilizar as normas que definem os padrões construtivos

mínimos para habitações populares, de acordo com a região.

8.1 Sugestões

Ao começar um projeto, podemos prever as características

individuais da região. Podemos projetar aproveitando a orientação do

edifício em relação ao sol, direção dos ventos, particularidades e

especificidades regionais como a Casa Eficiente da Figura 17 e 18.

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Figura 17 Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis-SC Fonte: Eletrosul, 2010

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Figura 18 Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis-SC Fonte: Eletrosul, 2010

A orientação do edifício influi na quantidade de calor por ele

recebida e o uso adequado da orientação em função da radiação solar implica

em conforto para a edificação e menores consumos de energia (MASCARÓ,

1991).

Deverá ser distribuído ambientes voltados para áreas de menor

insolação conforme o tipo de uso e permanência.

O que mais interfere no conforto térmico são as aberturas, os

materiais utilizados e a cobertura.

O uso de brises em fachadas com grande incidência solar, seria uma

alternativa, como podemos ver na Figura 19.

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Figura 19 Brises horizontais (Edifício Duquesa de Goiás, desenhado pelo escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados) Fonte:Revista Arcoweb/2010

As aberturas devem ser pequenas e calculadas conforme a

área.Se não for possível projetar aberturas pequenas,colocar proteção solar

como por exemplo os brises.E na área externa fazer sombreamento através

de árvores ou algum outro tipo de anteparo.

Devido a grande incidência solar, há a elevação da temperatura a

maior parte do ano, para isso as coberturas deverão ser pesadas, com

materiais que tenham transmitância térmica (U) baixa, atraso térmico (ϕ )

alto.

Deverão ter forros de grande espessura ou aberturas para ventilação

entre o forro e a estrutura do telhado.

A ventilação cruzada também é muito importante, tanto sobre o

forro,sob o piso e no interior das edificações (Figura 20).

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Figura 20 Ventilação cruzada. Fonte: Conforto Térmico e Bioclimatologia (LABEEE-Laboratório de Eficiência energética em Edificações)

A ventilação sobre a edificação tem a função de resfriar tanto o

forro, quanto a cobertura.

A ventilação sob a edificação tem a função de resfriar o calor

advindo da terra para o chão da edificação. Isso é ocasionado pela ilha de

calor que acontece com maior intensidade no período noturno quando a terra

aquecida começa a perder calor para a área externa.

Para evitar a retenção de calor em um edifício é necessária a

aplicação de elementos vazados que permitam a ventilação cruzada no

interior dos ambientes, isto é, o ar entra em um ambiente por um ponto

extremo e sai por outro ponto, não alinhado ao primeiro. O ar circula, é

renovado e proporciona conforto ao usuário.

Ainda se tratando de coberturas, podemos utilizar materiais que

auxiliam na diminuição da transmitância térmica (U) como por exemplo

isolantes refletivos.Existem no mercado isolantes refletivos em alumínio em

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69 ambas as faces. O calor radiante que atinge as superfícies da parede e teto é

refletido de volta, assim mantendo o interior a uma temperatura amena.

Outra maneira é utilizar telhas pintadas de cores claras que evitem a

retenção de calor no interior do edifício e possuem pouca absortância (α).

Outro tipo de telha que existe no mercado é a telha com poliestireno

expandido (EPS ou isopor). Produzida com face metálica em aço

galvanizado, pré-pintado com camada de poliuretano injetado ou poliestireno

expandido (EPS ou isopor).

Uma maneira versátil é o uso do teto verde, que possui a capacidade

de armazenar água, além da vantagem da cobertura vegetal (Figura 21).

Figura 21 Academia de Ciências de São Francisco(Califórnia - USA). A obra de Renzo Piano Fonte: Revista Casa, 2010

Os telhados verdes são estruturas que se caracterizam pela aplicação

de cobertura vegetal nas edificações, utilizando impermeabilização e

drenagem adequadas e que surgem como uma alternativa de cobertura capaz

de proporcionar várias vantagens sobre as coberturas convencionais, dentre

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70 as principais podemos citar a melhoria nas condições de conforto das

edificações.

O telhado verde ajuda amenizar as ilhas de calor que se formam nas

cidades densamente construídas por causa da falta de áreas verdes e excesso

de áreas com solo impermeabilizado.

As vedações externas podem ser pintadas com cores claras ou

revestidas com materiais com absortância (α) baixa como a chapa de

alumínio, refletindo a luz solar que incide na edificação.

O paisagismo no entorno da edificação é uma maneira eficiente de se

tratar uma edificação. A vegetação, além de benefícios visuais, oferece uma

temperatura mais amena no edifício, pois oferecem sombra, diminuindo a

incidência solar direta no edifício.

A utilização de asperssores de água tanto em conjunto com

ventilação forçada ou em borrifos em telhados com telhas cerâmicas é

praticável, assim como coberturas de tanques de água sombreadas no átrio

das edificações e fontes e espelhos d’água no entorno.

O resfriamento evaporativo do ar é uma técnica eficiente

energeticamente para produzir ambientes internos confortáveis. A eficiência

e o baixo custo dos sistemas de resfriamento evaporativo de sprays de água

em comparação ao uso de ar condicionado os tornam uma boa alternativa na

redução do consumo de energia.

Em Cuiabá é comum o uso de aspersores em bares, restaurantes e

salas de grandes eventos, principalmente na época de seca.

8.2 Sugestões para trabalhos futuros

Este trabalho é resultado de pesquisa para a conclusão do Lato

Sensu, posteriormente, serão investigadas as soluções compatíveis e

economicamente viáveis através de:

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71 a) Interferência na arquitetura dos edifícios energeticamente

eficientes;

b) Utilizando-se materiais mais eficientes;

c) Melhores métodos construtivos(segundo a climatologia do local).

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72 9 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.220. Desempenho térmico de edificações ,Parte 2 e 3.Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575. Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho ,Parte 1 a 5.Rio de Janeiro, 2010. COSTA, E. R. C. Campo Termo Higrométrico Intra urbano e a formação de ilhas de calor e de frescor urbanas em Santa Maria/RS.Santa Maria,Rio Grande do Sul,2009,23p., Dissertação(Mestrado em Geografia e Geociências),Universidade Federal de Santa Maria,Santa Maria,RS. COUTINHO, A. C. Dinâmica das queimadas no estado do mato grosso e suas relações com as atividades antrópicas e a economia local. 2005, 308p. Tese (Ciência Ambiental) – Universida São Paulo, São Paulo,SP. COZZA, E. Saco cheio. Revista Construção, São Paulo, n. 2599, v. 16, dez. 1997. DUARTE, D.H.S.;Serra, G.G., Ambiente construído,Revista da Antac, Porto Alegre,RS,V.3,n-2,p.7 a 20,abril-junho de 2003.Padrões de ocupação do solo e microclimas urbanos na região de clima tropical continental brasileira:correlações e proposta de um indicador EMBRAPA, "Brasil em Relevo", EMBRAPA, (2005), desenvolvido através da utilização de dados coletados pelo sensor Shuttle Radar Topography Mission - SRTM, escala 1:250.000. Disponível em: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/mt/index.htm Acesso dia 03 de junho de 2010 FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. São Paulo: Nobel, 1995. 243p. GRILLO, J.C.; AMORIM, C.N.. Janela na Edificação: Normas e indicações para projeto. I Conferência Latino-Americana de Construção Sustentável e X Encontro Nacional de Tecnologia do ambiente construído. São Paulo, SP, 2004,14 p.São Paulo,SP LEÃO, M. Desempenho térmico em habitações populares para regiões de clima tropical: estudo de caso em Cuiabá-MT. 2006, 120p. Dissertação - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá,Mato Grosso

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73 LEÃO,É. B., Carta Bioclimática de Cuiabá-Mato Grosso, dissertação de Mestrado,Universidade Federal do Mato Grosso,Cuiabá,2007 LOPES, S; DECKERS,H.P.F..;AMARAL,A.G. Desempenho Térmico das Edificações, Lavras : UFLA/FAEPE – 2010.163p.: il. Curso de Pós-Graduação �Lato Sensu (Especialização) a Distância – Gestão e Inovações Tecnológicas na Construção MAITELLI, G. T. – Uma abordagem tridimensional de clima urbano em área tropical continental: o exemplo de Cuiabá-MT. São Paulo, FFLCH-USP, 1994.Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1994 MAITELLI, G. T.; ZAMPARONI, C.A.G.P.; E LOMBARDO, M. A. Ilha de calor em Cuiabá/MT: uma abordagem de clima urbano. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEIO AMBIENTE, 3, 1991, Londrina,PR,Londrina, Paraná:, 1991, v. 1, p. 561-571 MASTER(Meteorologia Aplicada a sistemas de Tempo Regionais)Página do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo,São Paulo,SP,2.000. Disponível em: http://www.master.iag.usp.br/ Acesso dia 03 de junho de 2010 NOGUEIRA, M. C. J. A.; DURANTE, L. C.; NOGUEIRA, J. S. Conforto térmico na escola pública em cuiabá-mt:estudo de caso. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 2005 PACHECO,E.J.V. Análise de Desempenho Térmico em edificação habitada e não habitada na cidade de Cuiabá-MT.Cuiabá,Mato Grosso,2007,47p,dissertação(Mestrado em Física e meio ambiente),Universidade Federal de Mato Grosso,Cuiabá,MT. PRADO, T. Rumo aos edifícios energicamente eficientes. 02 de abril de 2008, disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_274870.shtml>. Acesso em: 29 ago. 2010. ROMERO, M. A. B., Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São Paulo:Projeto, 2000, 2ª edição, 128 p.

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74 SEPLAN,Anuário de 2008) Disponível em: http://www.anuario.seplan.mt.gov.br/2008/pdf/anuario_completo.pdf Acesso em:25 de julho de 2010. WATANABE,R.M.;Conforto nas Edificações,site do Professor Watanabe,São Paulo,SP,disponível em: http://www.ebanataw.com.br/roberto/conforto/index.htm Acesso dia 13 de agosto de 2010 WEBER,C. P.; O uso do Brise-Soleil na Arquitetura da Região Central do Rio Grande do Sul, Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2005, 209 p.dissertação (Mestrado em Engenharia civil ), Universidade Federal de Santa Maria, 2005.