DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES LUCYANA DE MIRANDA MOREIRA DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR PARA ATLETAS TETRAPLÉGICOS PRATICANTES DE BOCHA PARALÍMPICA DA CLASSE BC4 Mogi das Cruzes, SP 2016

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

LUCYANA DE MIRANDA MOREIRA

DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO

SUPERIOR PARA ATLETAS TETRAPLÉGICOS PRATICANTES DE

BOCHA PARALÍMPICA DA CLASSE BC4

Mogi das Cruzes, SP

2016

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

LUCYANA DE MIRANDA MOREIRA

DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO

SUPERIOR PARA ATLETAS TETRAPLÉGICOS PRATICANTES DE

BOCHA PARALÍMPICA DA CLASSE BC4

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação da Universidade de Mogi das

Cruzes, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Biomédica.

Área de Concentração: Bioengenharia e

Instrumentação Biomédica

Orientadora: Profª Dra. Silvia Regina Matos da Silva Boschi

Mogi das Cruzes, SP

2016

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FINANCIAMENTO

FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de Mogi das Cruzes - Biblioteca Central

Moreira, Lucyana de Miranda

Desenvolvimento de órtese funcional de membro superior para atletas tetraplégicos praticantes de bocha paralímpica da classe BC4 / Lucyana de Miranda Moreira. – 2016.

95 f.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) - Universidade de Mogi das Cruzes, 2016

Área de concentração: Bioengenharia e Instrumentação Biomédica

Orientador: Profª. Drª. Silvia Regina Matos da Silva Boschi

1. Órtese funcional 2. Bocha 3. Mãos 4. Tecnologia assistiva I. Boschi, Silvia Regina Matos da Silva

CDD 610.28

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DEDICATÓRIA

Aos meus amados pais Raul Jerônimo Moreira e Dalva Miranda Moreira, pelo

amor dedicado aos filhos e o incentivo à busca de novos horizontes através da

educação.

À Deus, pelo dom da vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus tios Joel Barroso e Edla Barroso, pela

calorosa acolhida, todo amor dedicado a mim e por me incentivar sempre.

À minha orientadora Silvia Boschi, pela valiosa orientação, dedicação,

contribuição e carinho dados durante o desenvolvimento desse trabalho e pelo

exemplo de profissional competente e dedicado. Meus sinceros agradecimentos pela

confiança e incentivo, sem sua ajuda eu não teria continuado a caminhada.

Aos meus amigos de Mogi das Cruzes, em especial ao Ronaldo Oliveira,

companheiro de longa jornada, com quem passei os melhores momentos da minha

vida e a quem eu tenho muito respeito, pelo ser humano maravilhoso e profissional

dedicado que é. Com você eu aprendi o quão divino é a doação do amor e da palavra

amigo.

Aos amigos do Rio de Janeiro que foram companheiros de jornada no desafio

de fazer Jogos Olímpicos, em especial ao Alberto Pinto e à Eloise Brillo, esses anos

de convívio intenso e novos desafios mudaram minha vida.

Aos professores do curso Stricto Sensu de Engenharia Biomédica, que me

receberam de braços abertos prontos a ensinar o que de melhor tem para oferecer.

A todos os profissionais que trabalham com o Esporte Paralímpico e aos atletas

de Bocha do estado de São Paulo que participaram da construção desse estudo, me

recebendo com carinho e respeito, sem vocês esta história não seria tão rica. Fábio

Dorneles, você foi a minha principal inspiração e sei o quanto você sonhou com esse

momento, obrigada pela confiança!

Por fim, dedico meu respeito a todos os profissionais que de alguma forma

contribuíram para a concretização desde sonho, apontando o caminho e me ajudando

a seguir em frente.

Muito obrigada!

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RESUMO

O esporte paralímpico de alto rendimento está crescendo em todo país e algumas modalidades tem se destacado, dentre elas a Bocha. A bocha foi adaptada para ser praticada por pessoas com paralisia cerebral que tivessem os quatro membros afetados e que fossem usuários de cadeira de rodas, porém no decorrer da sua história, incluiu-se também outras deficiências que apresentem um severo grau de comprometimento motor que se assemelhassem a ela, ou seja, um quadro de tetraplegia. Estes atletas competem em uma Classe Esportiva própria, a Classe BC4. Desta forma, este estudo tem como objetivo construir uma órtese de mão para atletas tetraplégicos jogadores de Bocha da Classe BC4, tornando-os mais competitivos. Para tanto, foi realizado um estudo experimental, do qual participaram 5 voluntários, praticantes de Bocha Paralímpica na Classe BC4, com disfunção dos membros superiores compatível com lesão medular nível C4-C5 e C5-C6 que testaram a órtese de membro superior confeccionada com o objetivo de posicionar a mão do tetraplégico de forma que ele pudesse arremessar a bola de Bocha a partir de movimentos pendulares de ombro. Para que a luva atendesse a todos os voluntários, optou-se em que todas as partes fossem feitas de velcro, para que o tamanho fosse ajustado conforme a necessidade de cada voluntário. Inicialmente foi selecionado um voluntário de acordo com os critérios de inclusão a fim de realizar um teste de usabilidade e exatidão, onde o voluntário colocou a órtese confeccionada e manipulou uma bola de Bocha, executando uma sequência de 6 arremessos consecutivos com movimentos pendulares de ombro para verificar se a órtese estava adequada à sua mão. A partir de algumas alterações feitas na órtese, executou-se um teste de exatidão para avaliar a eficiência do uso da órtese em arremessos pendulares. Os voluntários realizaram uma sequencia de 6 arremessos sem a utilização de uma órtese, mais 6 com a sua órtese de treinamento e mais 6 com a órtese do estudo. Como o objetivo do jogo é ter as bolas colocadas o mais perto possível da bola alvo, os arremessos feitos sem nenhuma órtese não tiveram uma boa exatidão, principalmente nas zonas de lançamento mais distantes da quadra, na bateria de teste em que os voluntários usaram seus próprios implementos e com a órtese confeccionada eles obtiveram melhores resultados. Como os voluntários não tiveram tempo hábil para realizar uma sequência de treinamentos com a órtese, sem uma adaptação adequada ao material, a tecnologia assistiva construída teve seus objetivos alcançados, uma vez que proporcionou uma maior aproximação das bolas arremessados ao alvo. A maior vantagem da órtese do estudo é o princípio da universalidade, visto que ela se adapta aos diferentes tipos de mão, além de um baixo custo de confecção e produção em grande escala.

Palavras-chave: Órtese Funcional, Bocha, Mãos, Tecnologia Assistiva

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ABSTRACT

The high performance at the Paralympic sport is growing in every country and some sports have been highlighted, and the Boccia is a good example. The Boccia play was adapted to be practiced by people with cerebral palsy that had the four members affected and they were wheelchair users, but in the progress of its history, was included also other disabilities that show a severe motor impairment that looked like to the cerebral palsy, in other words a tetraplegy. These athletes compete in the different sport class, the BC4 class. The aim was to build a hand orthosis for tetraplegic players Boccia Class BC4, making them more competitive and conducted an experimental study with five volunteers, Boccia players in Class BC4 with impairment at the upper limbs compatible with C4-C5 and C5-C6 spinal cord injury level and tested this orthosis that positioned the hand of a tetraplegic so he could throw the Boccia ball from the shoulder. For the glove be put on all the volunteers, it was decided that all the parts would be made of velcro, so the size was adjusted as needed to each volunteer. Initially we were selected a volunteer according to inclusion criteria in order to conduct a usability and accuracy test, where the volunteer put the orthosis and manipulated a Bocce ball, performing 6 consecutive throws with commuting shoulder to verify that the orthosis was appropriate to his hand. From some changes to the orthosis, performed an accuracy test to evaluate the effectiveness it for throw from shoulder. The volunteers made 6 throws without orthosis, more 6 with your orthosis and another 6 with the glove of the study. As the object of the game is to have balls placed as close as possible to the jack ball, the throws made without orthosis didn`t have a good accuracy, especially in the more distant throw zones, the test battery in which volunteers used their own assistive device and with the orthosis made it obtained better results. As the volunteers didn`t have time to conduct a training sequence with the orthosis without adequate adaptation to the material, the built assistive technology had its objectives achieved, as provided closer balls thrown to the target. The greatest advantage of the orthosis made for this study is the universality, since it adapts to different types of hand, and a low manufacturing cost and large scale to production.

Keywords: Functional Orthosis, Boccia, Hands, Assistive Device

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Topografia das lesões medulares espinhais. ............................................. 21 Figura 2: Exemplo de órtese estática para imobilização de punho em extensão. ..... 25 Figura 3: Exemplo de órtese dinâmica, usada em paralisia periférica, alterações musculares e pós operatório de cirurgias da mão. ....................................... .............26 Figura 4: Órtese de mão. .......................................................................................... 29 Figura 5: Órtese híbrida de braço .............................................................................. 30 Figura 6: Órtese de mão e punho .............................................................................. 31 Figura 7: Órtese funcional para pacientes quadriplégicos ......................................... 32 Figura 8: Órtese funcional robotizada. ...................................................................... 33 Figura 9: Exoesqueleto. ............................................................................................ 34 Figura 10: Sistema robótico de reabilitação. ............................................................. 35 Figura 11: Luva funcional de mão ................................................................................ 36 Figura 12: Órtese de mão controlada por interface cébro-computador ............................ .37 Figura 13: Órtese do tipo Exoesqueleto usado na reabilitação de mão ............................ 37 Figura 14: Luva robótica suave para reabilitação de mão ............................................... 38 Figura 15: Luva robótica para reabilitação de força de mão. ........................................... 39 Figura 16: Corrida para atleta com amputação bilateral de membros inferiores. ............... 40 Figura 17: Molde tirado a partir de esponja modeladora. ................................................ 43 Figura 18: Coleta do tamanho do molde e material utilizado para manipulação das talas gessadas rápidas......................................................................................................... 44 Figura 19: Modelagem da mão com ataduras de gesso rápido ....................................... 45 Figura 20: Modelagens utilizadas para a confecção do molde modelo a partir da mão da pesquisadora – espuma e tala gessada ......................................................................... 46 Figura 21: Mão de atleta tetraplégico da bocha ............................................................. 46 Figura 22: Orientação para obter as medidas das circunferências da mão .................... ...47 Figura 23: Primeiro protótipo da luva para tetraplégicos jogarem bocha a partir do posicionamento do punho que simule a tenodese ........................................................... 48 Figura 24: Material para medição das distâncias entre a bola alvo e as bolas do jogador .. 49 Figura 25: Ilustração de uma cancha de Bocha e localização das casas de arremesso .... 51 Figura 26: Ilustração de uma cancha de quadra com as 7 áreas de arremesso ................ 52 Figura 27: Órtese adaptada a partir do teste de usabilidade feita com o voluntário ........... 55 Figura 28: Versão final da órtese construída para que o atleta realize movimentos pendulares a fim de fazer o arremesso da bola de Bocha ................................................................. 56 Figura 29: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário no momento da execução do arremesso da bola sem uso de órtese ..................................... 57 Figura 30: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário sem o uso de órtese. .. 58 Figura 31: Órtese usada pelo atleta.............................................................................. 58 Figura 32: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário no momento da execução do arremesso da bola com o uso de sua órtese ............................ 59 Figura 33: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário com a órtese do atleta. 60

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Figura 34: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário no momento da execução do arremesso da bola com o uso da órtese construída ................ 60 Figura 35: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário com a órtese construída. .................................................................................................................. 61 Quadro 1: Caracterização da amostra. ......................................................................... 61

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LISTA DAS TABELAS

Tabela 1: Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 1....................................................................................... 62 Tabela 2: Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 2 ....................................................................................... 62 Tabela 3: Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 3........................................................................................ 63 Tabela 4: Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 4........................................................................................ 63 Tabela 5: Avaliação da órtese pelos voluntários ............................................................ 64

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................. 15

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 15

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 15

2 CONCEITOS GERAIS ......................................................................................... 16

2.1 A modalidade ................................................................................................................. 16

2.2 Materiais e equipamentos esportivos usados na Bocha ......................................... 17

2.3 Classificação esportiva e funcionalidade da mão para o desempenho do atleta 18

3 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 24

4 MATERIAIS E MÉTODO ..................................................................................... 43

4.1 Construção da órtese ............................................................................................... 43 4.1.1 Procedimentos para construção da órtese ............................................................. 43 4.2 Teste funcional com voluntários ............................................................................. 48 4.3 Materiais .................................................................................................................... 49 4.4 Procedimentos para os testes ................................................................................. 50 4.5 Teste de funcionalidade ........................................................................................... 50 4.6 Protocolo do teste de exatidão ................................................................................ 51 4.7 Plano de análise dos dados ..................................................................................... 53

5 RESULTADOS ..................................................................................................... 54

5.1 Teste de funcionalidade ............................................................................................... 54

5.2 Teste de exatidão .......................................................................................................... 61

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 66

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 74

APÊNDICES .................................................................................................................. 81

ANEXOS ................................................................................................................... 92

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1 INTRODUÇÃO

O esporte paralímpico de alto rendimento está num crescente em todo país e

algumas modalidades tem se destacado, dentre elas a Bocha. Até os Jogos

Paralímpicos de Atenas em 2004, o Brasil não havia classificado nenhum atleta para

participar da competição nessa modalidade, mas a história mudou quando o país fez

sua estreia nos Jogos de Pequim em 2008, de imediato o país conquistou 3 medalhas,

sendo 2 de ouro e 1 de bronze. Porém o ápice aconteceu na última edição dos Jogos,

em Londres (2012), quando o país bateu seu recorde de medalhas, 4, sendo 3 de ouro

e 1 de bronze, além do primeiro lugar geral da modalidade (CPB, 2012).

Segundo Campeão e Oliveira (2006), esta modalidade foi adaptada para

pessoas com deficiência nos países nórdicos, ganhou o gosto de profissionais e em

1984, nos Jogos Paralímpicos de Nova York, a modalidade foi introduzida como

esporte competitivo.

No Brasil, o jogo de Bocha ficou conhecido a partir de 1995, quando dois atletas

inscritos para o Atletismo nos Jogos Pan–Americanos de Mar Del Plata aceitaram

participar, de improviso, da competição de Bocha visando aprendizagem para

posterior implantação da modalidade, onde obtiveram o 1º lugar em duas categorias.

Em junho de 1996, dando prosseguimento ao Programa de Fomento Esportivo, a

Associação Brasileira de Desporto para Deficientes (ANDE), lançou o Projeto Boccia

para portadores de Paralisia Cerebral severa, em Curitiba, representados por cinco

estados: Paraná, com duas entidades; Rio de Janeiro, com cinco entidades, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo com uma entidade cada (CAMPEÃO e

OLIVEIRA, 2006).

Para tornar o jogo mais nivelado dentro das capacidades físicas de cada

deficiente, criou-se um sistema de Classificação Funcional, que agrupa os atletas com

base na sua habilidade funcional tornando o nível da competição o mais próximo

possível da igualdade de condições, minimizando o impacto da deficiência no

resultado da competição. Portanto, a Classificação Funcional tem como objetivo

determinar a elegibilidade para competir, ou seja, se o atleta apresenta as condições

motoras necessárias à modalidade, e agrupar os atletas para a competição (ANDE,

2009).

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A bocha foi adaptada para ser praticada por pessoas com Paralisia Cerebral

que tivessem os quatro membros afetados e que fossem usuários de cadeira de rodas,

porém no decorrer da sua evolução enquanto Esporte Paralímpico, incluiu-se também

outras patologias que apresentem um severo grau de comprometimento motor que se

assemelhassem a ela, ou seja, um quadro de tetraplegia. Estes atletas competem em

uma Classe Esportiva diferente da Classe Esportiva dos atletas com Paralisia

Cerebral, a Classe BC4 (CAMPEÃO e OLIVEIRA, 2006). Portanto os seguintes

diagnósticos são elegíveis para a modalidade: miopatias, espinha bífida e lesão

medular traumática com grau 3 de força muscular em membros superiores (Escala de

Kendall), além das distrofias musculares e escleroses múltiplas que tenham um

quadro motor compatível com este perfil (Boccia International Sports Federation,

2013).

A lesão medular traumática apresenta sequelas motoras e sensitivas e o

quadro neurológico é definido principalmente pelo nível da lesão. Lesões na medula

cervical entre C5 e T1 causam grande dependência, pois lesam as raízes nervosas

responsáveis por inervarem os membros superiores, caracterizando um quadro de

tetraplegia (DEVIVO, 2012).

A tetraplegia resulta em déficits nas estruturas e funções do corpo, importantes

no desempenho de atividades. Os membros superiores, tronco, membros inferiores e

órgãos pélvicos são comprometidos. Existem perdas significativas diversas,

relacionadas ao nível da lesão da medula espinal e o comportamento motor do

lesionado medular se associa ao grau de preservação motora. Para a elegibilidade na

Bocha, o nível de comprometimento é C5 (CAMPEÃO e OLIVEIRA, 2006).

Segundo Kirshblum et al. (2011), indivíduos com tetraplegia C5 normalmente

tem o controle dos movimentos de cabeça, pescoço e ombros e possuem uso

funcional da flexão de cotovelo, podem fletir os cotovelos e realizar supinação de

antebraço. Com a ajuda de dispositivos de assistência especializada, tais como

órteses de punho ou a mão que lhes permitam segurar objetos, que lhes darão maior

independência nas suas atividades.

Na Classe BC4 os atletas são capazes de elevar os braços, porém não

conseguem lançar a bola acima da linha dos ombros, usando habitualmente, a

gravidade para propulsionar a bola. A forma como o arremesso é feito varia de acordo

com a patologia do atleta. Preferencialmente, atletas com distrofia muscular ou outra

patologia progressiva usam um movimento pendular do braço para arremessar a bola,

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enquanto atletas com lesão medular severa o fazem com uma pegada bilateral e

iniciando o movimento pelo tronco, por não terem uma função de preensão na mão

(VALENTE, 2005).

Marta (1996, apud VALENTE, 2005), em seus estudos, relata sobre a

orientação e a precisão dos lançamentos no Jogo de Bocha, dizendo que são as

principais variáveis que determinam a performance do atleta pois ele deve ser capaz

de lançar a bola na direção que deseja e colocá-la em uma determinada zona da

quadra de jogo, ou seja, a modalidade requer força, direção e precisão dos

lançamentos.

Esta forma de arremessar dos atletas com sequela de lesão medular, ou seja,

a partir da direção do peito, com ambas as mãos os deixam em desvantagem diante

dos outros atletas da Classe BC4, pois o movimento pendular do braço permite mais

precisão, maior força e velocidade (VALENTE, 2005). A tecnologia assistiva

desempenha um papel importante na maximização do controle do ambiente,

ajudando-o nesta tarefa.

A tecnologia assistiva é uma área do conhecimento que engloba produtos,

recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a

funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência,

incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência,

qualidade de vida e inclusão social (Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa

com Deficiência, 2007).

A tecnologia assistiva tem sido usada como uma alternativa de intervenção no

sentido de aumentar a habilidade funcional de pacientes em atividades de

autocuidado, trabalho e lazer (COOK e HUSSEY, 1995) bem como nas de suporte

para a vida e a participação na comunidade. Dessa forma pode-se incluir as órteses,

próteses e equipamentos esportivos usados no Esporte Paralímpico como sendo

Tecnologia Assistiva (HOWE, 2011).

Significativos avanços e desenvolvimentos tecnológicos desses equipamentos

proporcionam oportunidades para melhorar o desempenho atlético, visto que esta

tecnologia é essencial para o desempenho paralímpico (BURKETT, 2010).

Entre os diversos tipos de tecnologia assistiva, a órtese destaca-se como um

recurso importante no processo de reabilitação e uma das suas indicações é substituir

ou aumentar alguma função motora (HAMMEL, LAI e HELLER, 2002).

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Pensando nisto, um grupo de atletas brasileiros, juntamente com sua equipe

técnica criaram uma órtese que posiciona a mão do atleta em concha, permitindo que

ele possa arremessar a bola de forma pendular. Este dispositivo gerou um

questionamento com relação à sua legalidade e as possíveis vantagens que este tipo

de equipamento possa dar ao atleta.

Segundo Moreira et al. (2012), a partir deste questionamento, uma revisão

bibliográfica dos documentos que regulamentam a modalidade sobre a legalidade da

órtese na Bocha foi feita e a pesquisa analisou as regras internacionais da Bocha, as

regras de classificação funcional, ambos editados pela Cerebral Palsy International

Sports and Recreation Association (CPISRA), órgão internacional que regulamentava,

na ocasião a modalidade de Bocha, e o código internacional e normas de

classificação, editado pelo International Paralympic Committee (IPC), instância

superior do esporte paralímpico, da qual o CPISRA é membro.

Destes documentos, o manual com as regras internacionais citava o dispositivo

auxiliar como sendo um termo utilizado para descrever um instrumento de auxílio para

jogar, permitido aos atletas da classe BC3, o código internacional e normas de

classificação dizia que o atleta deveria apresentar as órteses e/ou próteses de uso

diário e de prática esportiva para a avaliação, durante o processo de classificação

funcional. Já o manual de classificação funcional da BISFed (Boccia International

Sports Federation), órgão internacional que regulamenta a modalidade atualmente,

diz que o uso de alguma luva será permitido, porém tal dispositivo precisa ser

aprovado pela equipe de classificação funcional. O documento não cita as

especificações necessárias para a órtese em questão (MOREIRA et al., 2012).

Desta forma, no manual da modalidade há uma permissão para uso de órteses

e uma a orientação para que elas sejam apresentadas à banca de classificadores para

análise adequada com relação a possíveis alterações da classificação funcional

(BISFED, 2013).

As regras que regulamentam o esporte paralímpico e também a modalidade

não proíbem o uso de órtese, mas condicionam este uso a aprovação de uma equipe

de classificação funcional convocada pela Federação Internacional, quando a

competição for Internacional e organizada por ela, ou pelas associações nacionais de

cada país, quando a competição for em âmbito nacional. Porém não deixa claro quais

orientações seguir para se utilizar um determinado modelo que não cause nenhum

impacto negativo nas habilidades motoras que são pré-requisitos para a Classe BC4,

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causando assim alguma alteração na Classificação Funcional do atleta que a usa,

assim este estudo propõe construir uma órtese que torne o atleta tetraplégico mais

competitivo e que tal implemento não dê nenhuma vantagem na performance dele.

1.1 MOTIVAÇÃO

O Comitê Paralímpico Internacional reconhece o importante papel da

tecnologia assistiva na performance dos atletas. Estudos já mostraram que ter

equipamentos específicos para cada atleta, em cada modalidade, é essencial para a

busca por melhores resultados (VANLANDEWIJCK, 2010).

O atleta pode fazer uso de alguma órtese, por exemplo, desde que ela não

interfira na sua autonomia para executar os movimentos esportivos e não altere a

classificação funcional ou cause algum impacto que desqualifique a classe funcional

da modalidade praticada (IPC, 2011).

A bocha é uma modalidade paralímpica direcionada a pessoas que apresentam

uma disfunção neurofuncional severa ou doenças neurodegenerativas do Sistema

Nervoso Central. O uso de dispositivos auxiliares é comum entre atletas praticantes

da Bocha na classe BC3, porém escassa na classe BC4, onde competem atletas com

um grau mais severo de tetraplegia.

Muitas pesquisas foram feitas pensando na reabilitação da funcionalidade da

mão no tetraplégico, porém nada que objetivasse uma função esportiva, nem tão

pouco para uma modalidade específica.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Construir uma órtese de mão para atletas com sequela de lesão medular

jogadores de Bocha da Classe BC4, permitindo que esses atletas possam efetuar os

arremessos de forma pendular, sem lhes dar vantagem frente às outras patologias da

classe, porém possibilitando melhoras no seu desempenho esportivo.

1.2.2 Objetivos específicos

- Verificar se o uso da órtese confeccionada melhora o desempenho do atleta;

- Comparar arremessos da bola de Bocha em atleta da Classe BC4 com

sequela de lesão medular com e sem o uso da órtese confeccionada.

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2 CONCEITOS GERAIS

2.1 A modalidade

Existem muitas versões quanto à origem do jogo tradicional. A maior referência

é que seja uma adaptação para quadra fechada do jogo italiano de boliche em grama.

Também praticado na Grécia Clássica, inicialmente apenas como um passatempo e

que a aristocracia Italiana introduziu na Corte Florentina no século XVI (HERBST,

2013).

Encontram-se também referências que estabelecem uma analogia com um

jogo francês (Pentaque) que começou a ser desenvolvido e praticado em 1910, no

balneário La Ciotat, próximo a Marselha. Mas somente nos anos 70 este esporte foi

resgatado pelos países nórdicos com o fim de adaptá-lo a pessoas com deficiência

(CAMPEÃO e OLIVEIRA, 2006).

A bocha faz parte de competições internacionais desde 1982, onde no

Campeonato Mundial da Dinamarca, se tornou uma modalidade paralímpica, sendo a

única modalidade em que todas as provas são mistas, ou seja, homens e mulheres

competem juntos (WINNICK, 2004).

A estreia do bocha aconteceu no programa paralímpico oficial em 1984, nos

Estados Unidos, com disputas individuais para ambos os sexos. Em Atlanta (1996),

ocorreu a inclusão de jogos em duplas (HERBST, 2013).

A bocha é um jogo competitivo que pode ser jogado individualmente, em duplas

ou em equipes e todos os eventos podem ser mistos, ou seja, homens e mulheres

competem juntos e igualmente. A ética e o espírito do jogo são semelhantes ao do

tênis. A participação do público é bem-vinda e encorajada, contudo os espectadores,

incluindo os membros das equipes que não estão em competição, são sensibilizados

a manterem-se em silêncio durante o ato de lançamento da bola por parte de um

Jogador (ANDE, 2009).

Segundo as regras oficiais do jogo (BISFed, 2013), a sua finalidade principal é

a mesma da bocha convencional, ou seja, encostar o maior número de bolas na bola

branca alvo, também denominada “Jack”. São utilizadas 13 bolas: 6 azuis, 6

vermelhas e 1 branca, confeccionadas com fibra sintética expandida e superfície

externa de couro. Seu tamanho é menor que o de uma bola de bocha convencional e

o peso é de, aproximadamente, 280 gramas. O árbitro utiliza para sinalizar ao jogador,

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no início de um lançamento ou jogada, um indicador de cor vermelho/azul, similar a

uma raquete de tênis de mesa. Para medir a distância das bolas coloridas da bola

alvo, é utilizada uma trena ou um compasso.

A quadra deve ser de superfície plana e macia, com dimensões de 12,5m x 6m.

As marcações terão entre 2 e 5 cm de largura e devem ser facilmente reconhecíveis.

A área de lançamento está dividida em seis casas de lançamento, A linha em “V”

marca a área onde a Bola Alvo é inválida e cruz central ("+") marca a posição de

recolocação da Bola Alvo e é também usada para colocar a bola alvo num parcial de

desempate (BISFed, 2013).

O jogo requer planejamento e estratégia na tentativa de colocar o maior número

de bolas próximo da bola alvo, desta forma, a habilidade e a inteligência tornam-se

fundamentais no desenvolvimento das jogadas, assistindo-se muitas vezes a um

verdadeiro espetáculo de alternância da vantagem, pela aplicação de técnicas e

táticas adequadas e desenvolvidas a cada circunstância (CAMPEÃO, 2002).

2.2 Materiais e equipamentos esportivos usados na Bocha

Para Vieira e Campeão (2012), a bocha é uma atividade na qual indivíduos com

grau de deficiência motora severa podem participar e desenvolver um elevado nível

de habilidade. O jogo permite o uso das mãos, dos pés, de equipamentos esportivos,

além do auxílio de uma pessoa aos atletas com grande comprometimento nos

membros superiores e inferiores.

O manual de regras da Bocha, editado pela BISFed (2013), orienta que a

avaliação do equipamento esportivo deverá ser realizada antes do início da

competição. Esta avaliação será conduzida pelo árbitro principal e/ou por alguém por

ele designado, num horário determinado pelo delegado técnico. De preferência, deve

ser efetuada 48 horas antes de se iniciar a competição.

Os equipamentos usados (bolas, cadeira de rodas, dispositivos

auxiliares/calhas, ponteiras de cabeça, de braço ou de boca, dentre outros) podem

ser sujeito a uma avaliação aleatória durante a competição, por decisão do Árbitro.

Caso algum equipamento não cumpra o critério, durante esta avaliação, o jogador ou

a equipe receberá um aviso, conforme a regra específica, e tal equipamento será

guardado pelo Comité Organizador até ao último dia da competição. O aviso será

anotado no boletim de jogo e será afixada uma informação na entrada da câmara de

chamada (ANDE, 2014).

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

18

Para atletas que não conseguem dar à bola uma boa propulsão, pode ser

utilizada uma calha, rampa ou canaleta, sem freio ou qualquer outro dispositivo

mecânico. O jogador deve ter um contato físico direto com a bola imediatamente antes

de fazer um lançamento. A calha ou rampa varia de tamanho e modelo, assim como

do tipo de material. O ideal é que seja utilizado um material firme e leve. Normalmente

confeccionada de PVC, madeira, acrílico ou até mesmo de metal (BISFED, 2013).

O contato físico inclui também uma ponteira ou agulha fixado na cabeça,

através de uma faixa ou capacete. Serve como fixador da bola na calha quando da

impossibilidade de fixar com as mãos ou com qualquer outra parte do corpo, até o

momento de direcionar a bola para o local desejado, soltando-a assim pela calha na

direção ajustada (ANDE, 2014).

Leite et al. (2015), observaram em seus estudos que os parâmetros de projeto

de uma calha e as características da bola são de fundamental importância no jogo e

podem ser utilizados favoravelmente para o atleta que dominar e conhecer esta

influência no alcance máximo.

2.3 Classificação esportiva e funcionalidade da mão para o desempenho

do atleta

Os sistemas de classificação funcional têm sido utilizados nos esportes

paralímpicos a fim de estabelecer um ponto de partida justo e igualitário para as

competições. A classificação funcional surgiu com o objetivo de assegurar a

competição justa e eliminar as possibilidades de injustiças entre participantes de

classes semelhantes (CARDOSO e GAYA, 2014).

O surgimento de um sistema de classificação funcional foi de crucial

importância nas diversas modalidades paralímpicas e se tornou um fator de

nivelamento no que diz respeito aos aspectos competitivos, garantindo direitos e

condições de igualdade e minimizando injustiças dentro do esporte paralímpico

(TWEEDY e VANLANDEWIJCK, 2011).

A Classificação Funcional fornece a estrutura da competição paralímpica pois

os competidores possuem uma deficiência que os levam a uma desvantagem se

competissem com pessoas sem deficiência. Desta forma, um sistema de classificação

refere-se ao processo pelo qual os atletas são avaliados para determinar o impacto

da sua deficiência no desempenho do jogo, além de garantir que os atletas possam

competir de forma equitativa (IPC, 2007).

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

19

Em função de problemas relacionados a um sistema único de classificação que

atingisse todas as modalidades paralímpicas, o IPC (Comitê Paralímpico Brasiliero)

exigiu que cada um de seus comitês esportivos desenvolvesse um sistema de

classificação específico de cada esporte e que diminuíssem significativamente o

número das classes (CARDOSO e GAYA, 2014).

Desta forma, todo atleta que deseja competir em um evento de Bocha deve

passar pelo processo de classificação de acordo com as regras da BISFed, Federação

Internacional que tem como objetivo promover, reforçar e apoiar a Bocha como um

esporte para todas as pessoas e para ajudar a promover as suas atividades (BISFed,

2016).

Todos os atletas são avaliados individualmente para determinar o efeito da sua

deficiência funcional e na sua capacidade desportiva. Além disso, a classificação é

um processo contínuo, ou seja, quando um atleta começa a competir, eles são

alocados em uma classe e pode ser revisto ao longo da sua carreira (CARDOSO e

GAYA, 2014).

As classes são determinadas por uma variedade de processos que incluem:

avaliação médica (relacionada à especificidade da deficiência), funcional (relacionada

à especificidade do esporte) e de observação dentro e fora de competição. Este

processo deve ser conduzido por um grupo de classificadores nomeados para cada

competição pela BISFed, composto por um médico, um fisioterapeuta e um técnico de

esporte especialista na modalidade (BISFed, 2013).

No início, a modalidade era voltada apenas para pessoas com paralisia

cerebral, com um severo grau de comprometimento motor (os quatro membros

afetados e o uso de cadeira de rodas). Atualmente pessoas com outras deficiências

também podem competir, desde que inseridas em classe específica e que apresentem

também o mesmo grau de deficiência exigida e comprovada (LEITE et al., 2015).

Segunda a BISFed (2013), na Bocha existem quatro classes esportivas, BC1,

BC2, BC3 e BC4, onde todos os jogadores competem em cadeiras de rodas, devido

a uma perda da função da perna e a estabilidade do tronco.

Na classe BC1 os jogadores jogam com o pé ou mão sentados em uma cadeira

de rodas e são auxiliados por um assistente. Os jogadores que são classificados como

BC2 também são cadeirantes, com comprometimento motores nas quatro

extremidades, tendo breve controle de tronco. Os jogadores classificados como BC3

tem uma disfunção motora severa nas quatro extremidades, não tendo força para

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

20

lançar a bola, usam um dispositivo auxiliar rampa/calha e assim possuem

assistentes/calheiros que auxiliam em todas jogadas.

Os jogadores classificados como BC4 tem uma disfunção motora severa nas

quatro extremidades, de origem não cerebral ou de origem cerebral degenerativa,

combinado com pouco controle do tronco e amplitude de movimento ativa limitada em

membros superiores, de forma que o arremesso será feito a partir da preensão

bilateral ao nível do peito, por movimentos pendulares ou pela ação da gravidade

(KAKITANI, 2010).

Portanto os seguintes diagnósticos são elegíveis para a modalidade: Miopatias,

Espinha bífida e lesão medular traumática com força muscular em membros

superiores com grau 3 de força muscular (Escala de Kendall), além das Distrofias

musculares e Escleroses múltiplas que tenham um quadro motor compatível com este

perfil (BISFED, 2013).

A tetraplegia resulta em déficits nas estruturas e funções do corpo, importantes

no desempenho de atividades. Os membros superiores, tronco, membros inferiores e

órgãos pélvicos são comprometidos. Existem perdas significativas diversas,

relacionadas ao nível da lesão da medula espinal e o comportamento motor do

lesionado medular se associa ao grau de preservação motora. Para a elegibilidade na

Bocha, o nível de comprometimento é C5 (CAMPEÃO e OLIVEIRA, 2006).

Segundo Kirshblum et al., (2011), indivíduos com tetraplegia C5 normalmente

tem o controle dos movimentos de cabeça, pescoço e ombros e possuem uso

funcional da flexão de cotovelo, podendo fletir os cotovelos e realizar a supinação do

antebraço.

Para atletas com lesão medular cervical, a musculatura intrínseca da mão e

força de preensão diminuída serão evidentes. Isso será demonstrado funcionalmente

no momento da soltura da bola pois pode haver alguma perda da coordenação motora

fina, da fraqueza muscular e também da destreza manual, que serão afetados de

alguma forma (SANTOS, 2014).

A mão é uma das estruturas corporais mais importantes e sua capacidade

motora é fundamental para as atividades diárias das pessoas. A sua funcionalidade é

evidenciada pela habilidade de manipular, posicionar e usar objetos (ZHANG et al.,

2013).

Os movimentos realizados pela mão, como preensão e manipulação de objetos

são essenciais à vida diária. A complexidade desta estrutura confere à mão

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

21

características singulares em relação a sua habilidade, como controle de força e da

precisão, de acordo com a exigência de execução. É somente a mão que consegue

fazer minuciosas distinções sobre o meio externo, combinando força e destreza

(PRIOSTI et al., 2010).

A mão possui grande importância funcional devido à sua capacidade sensorial

de discriminação, assim como na movimentação complexa e delicada que é capaz de

executar, através dos variados tipos de pinças e preensões. A destreza manual, ou

seja, capacidade de manipular, posicionar e usar objetos, é uma habilidade

fundamental para o desempenho das atividades de vida diária e realização de tarefas

ocupacionais (ELUI et al., 2014).

Em geral, indivíduos com disfunções motoras nos membros superiores

apresentam dificuldades para executar a movimentação de objetos, esses indivíduos

não a executam ou a fazem de maneira ineficiente (VAROTO, 2010).

A funcionalidade e capacidade de realizar atividades de vida diária (AVDs)

dependem do nível da medula espinhal preservado após a lesão medular (Figura 3).

Na tetraplegia as habilidades funcionais estão relacionadas ao nível motor que o

paciente possui (FERREIRA, 2012).

Figura 1: Topografia das lesões medulares espinhais

Fonte: FERREIRA (2012)

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

22

Para pessoas com lesão medular de níveis a partir de C4, ter uma

funcionalidade nas mãos pode ajudar na independência das atividades de vida diária

(AVDS) (KAPADIA, ZIVANOVIC e POPOVIC, 2013). Segundo Atrice et al., (2004), a

lesão que acomete a quinta vértebra (C5) é a mais frequente dentre os níveis afetados,

sendo o trauma a maior causa destas lesões (80% dos casos).

O comprometimento funcional dos indivíduos tetraplégicos se deve em muito a

perda da extensão voluntária do cotovelo, que limita sua habilidade para alcançar

alvos sobre a cabeça ou empurrar objetos, reduzindo seu espaço funcional de trabalho

(FERREIRA, 2012).

Segundo Smith et al., (1996), pessoas com lesão medular de níveis C5-C6, C6

e C6-C7 são, em geral, capazes de posicionar sua mão no espaço mas não possuem

habilidade para segurar e soltar objetos. Frequentemente, esta desabilidade é o

principal entrave à reintegração destas pessoas ao seu ambiente de vida social e

profissional.

Pessoas com algum nível cervical de lesão medular manipulam objetos

utilizando a tenodese (HARVEY et al., 2010). Ela é um tipo de sinergia na qual a

extensão do punho provoca uma flexão dos dedos (fechamento para segurar objetos)

e uma flexão do punho provoca uma extensão dos dedos (abertura para soltar

objetos). Somente a tenodese não é suficiente, principalmente para a manipulação de

objetos mais densos. Isso por que ela é devida, entre outros fatores, às tensões

passivas nos tendões e ligamentos dos dedos (MENESES, 2009).

A busca por soluções que visam restaurar a capacidade funcional da mão não

é nova. As órteses têm se mostrado um importante instrumento auxiliar na

reabilitação, pois têm o potencial de auxiliar a função sem grandes custos ou cirurgias

(MENEZES et al., 2008).

A lesão medular traumática apresenta sequelas motoras e sensitivas e o

quadro neurológico é definido principalmente pelo nível da lesão. Lesões na medula

cervical entre C5 e T1 causam grande dependência pois lesam o plexo braquial que

inervam os membros superiores, caracterizando um quadro de tetraplegia (DEVIVO,

2012).

Na Classe BC4 os atletas são capazes de elevar os braços, porém não

conseguem lançar a bola acima da linha dos ombros, usando, habitualmente, a

gravidade para propulsionar a bola. A forma como o arremesso é feito varia de acordo

com a patologia do atleta. Preferencialmente, atletas com distrofia muscular ou outra

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

23

patologia progressiva usam um movimento pendular do braço para arremessar a bola,

enquanto atletas com lesão medular severa o fazem com uma pegada bilateral e

iniciando o movimento pelo peito, por não terem uma função de preensão na mão

(VALENTE, 2005).

Marta (1996, apud VALENTE, 2005), em seus estudos, fala sobre a orientação

e a precisão dos lançamentos no Jogo de Bocha, dizendo que são as principais

variáveis que determinam a performance do atleta pois ele deve ser capaz de lançar

a bola na direção que deseja e colocá-la em uma determinada zona da quadra de

jogo, ou seja, a modalidade requer força, direção e precisão dos lançamentos. Para

este autor, esta forma de arremessar dos atletas com sequela de lesão medular, ou

seja, a partir da direção do peito, com ambas as mãos, os deixa em desvantagem

diante dos outros atletas da Classe BC4, pois o movimento pendular do braço permite

mais precisão, maior força e velocidade.

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

24

3 CONTEXTUALIZAÇÃO

Órteses são tecnologias especiais, que englobam algumas categorias dos

equipamentos chamados de “tecnologia assistiva” (OMS, 2003 apud LARANJEIRA,

2005). Auxiliam o individuo com alguma incapacidade, seja ela motora, auditiva ou

visual, na realização das atividades de vida diária. Tais atividades não seriam

realizadas ou seriam realizadas com dificuldades se não fossem as órteses, ou seja,

a função principal da órtese é otimizar o sistema locomotor.

As órteses são dispositivos de uso externo que, aplicados a um ou vários

segmentos do corpo, tem a finalidade de estabilizar ou imobilizar, prevenir ou corrigir

deformidades, manter a amplitude articular obtida através de exercícios de

alongamento muscular, proteger contra lesões, auxiliar na cura ou ainda maximizar a

função (SAIA e CASSAPIAN, 2007).

Desde o século XVIII são construídos dispositivos com esta finalidade. Mais

recentemente, profissionais das áreas de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e

Engenharia Biomédica têm desenvolvido dispositivos com este objetivo (MELLO et al.,

2004).

Segundo Varoto (2010), com relação à estrutura e a função, as órteses podem

ser classificadas em três categorias: estáticas (ou passivas), dinâmicas (ou ativas) e

híbridas. Para Meneses et al. (2008), as órteses são divididas em estáticas, dinâmicas

e funcionais. Já Elui et al. (2001), citam apenas órteses estáticas e dinâmicas nos

seus estudos.

Há consenso na definição de órteses estáticas, que são caracterizadas por não

apresentarem partes móveis e são usadas para imobilizar ou limitar a amplitude de

movimento da articulação (Figura 2). Outras funções dessa categoria são estabilizar,

posicionar e manter o alinhamento das articulações, capacitando as outras a

funcionarem corretamente. Desta forma, órteses estáticas são as que evitam o

movimento, portanto, imobilizam ou estabilizam as articulações em uma posição

específica e provêm bases para o alinhamento articular, proteção das estruturas

reparadas, ajudando no posicionamento de edema e permitindo que os tecidos se

adaptem a sua nova função (ELUI et al., 2001).

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

25

Figura 2: Exemplo de órtese estática para imobilização de punho em extensão

Fonte: FESS (1995) apud ELUI et al., (2001)

As órteses dinâmicas, também chamadas funcionais ou cinéticas, por sua vez,

permitem a mobilidade controlada das articulações específicas através da aplicação

de tração (TROMBLY,1989). Na maioria das vezes, são usadas seletivamente para

excluir certos padrões patológicos de movimento, substituir uma musculatura ausente,

auxiliar músculos fracos, prevenir ou corrigir contraturas, manter o equilíbrio de forças

(paralisias), promover repouso (cicatrização, infecção, dor) ou mobilizar articulações

específicas (manter ou aumentar amplitude de movimento) (GOIA, 2002).

Assim, as órteses dinâmicas necessitam de maior participação do paciente.

Essas são, por definição, dispositivos que iniciam ou promovem movimento. Possuem

elementos que permitem ou facilitam o movimento através de uma força externa, tais

como molas, elásticos ou outros materiais, aplicada com o intuito de deformar os

tecidos, restaurar ou controlar os movimentos (LEDE e VELDHOVEN, 2002).

Segundo Chao (1989), o desenvolvimento de órteses dinâmicas se iniciou na década

de 90 (Figura 3).

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Figura 3: Exemplo de órtese dinâmica, usada em Paralisia periférica, alterações

musculares e pós-operatório de cirurgias da mão.

Fonte: Chao (1989)

As órteses funcionais para mão têm se mostrado como um dos grandes

desafios do processo de reabilitação devido à grande complexidade da mão humana.

As poucas órteses funcionais existentes são, em sua maioria para o braço, sendo

raras as órteses funcionais para mão que, por sua vez, foram desenvolvidas para

atender pacientes tetraplégicos. Estas usam do movimento do punho para

potencializar o movimento dos dedos (tenodese) ou exigem a contração ativa de

músculos localizados no antebraço (MENESES, 2009).

Rodrigues et al. (2007), realizaram uma revisão de literatura sobre o uso de

órteses de punho durante atividades funcionais. Neste estudo, avaliaram o impacto

do uso da órtese de punho na atividade eletromiográfica dos músculos do antebraço

em comparação à ação da mão livre de dispositivo e a maioria dos estudos aponta

para a não interferência da órtese na atividade eletromiográfica da musculatura do

antebraço.

Dos quatro artigos incluídos nesta revisão, todos utilizaram metodologia

quantitativa, o que favorece a produção de evidências mais fidedignas. Dois dos

artigos foram classificados como um estudo experimental randomizado (JANSEN et

al., 1997; BULTHAUP et al., 1999) e os demais como estudos quasi experimentais

(BURTNER et al., 2003; JOHANSSON et al., 2004).

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

27

Jansen et al. (1997), comparam a eficácia de três tipos de órteses extensoras

do punho, principalmente do músculo extensor radial do carpo, na diminuição da

atividade elétrica da musculatura extensora durante a realização de atividades com o

objetivo de comparar a quantidade de atividade elétrica dessa musculatura. Os dados

mostraram que a atividade eletromiográfica da musculatura extensora do antebraço

diminuiu com o uso da órtese semicircular e que não houve alteração na atividade dos

músculos extensores do punho com o uso da órtese do tipo volar e dorsal.

Bulthaup et al. (1999), investigaram a atividade muscular flexora e extensora

do antebraço evidente quando os participantes da pesquisa fizeram uso de dois tipos

de órteses comercialmente fabricadas para posicionamento do punho em extensão. A

coleta dos dados foi relativa à atividade eletromiográfica dos músculos peitoral maior,

trapézio, deltóide médio, bíceps braquial, cabeça medial do tríceps, flexor radial do

carpo e extensor radial curto do carpo. Como resultado, observaram que o

recrutamento de unidades motoras foi significativamente maior em ambas as órteses

para quatro dos cinco músculos proximais e para os flexores do punho. A atividade

elétrica foi maior com os dois tipos de órteses, em 4 (peitoral maior, trapézio, bíceps

braquial e cabeça média do tríceps) dos 5 músculos proximais e no flexor do punho.

Não existiram diferenças significativas entre o uso da órtese longa ou curta para os

músculos proximais. A órtese longa resultou em uma maior atividade muscular dos

músculos extensores do punho e a órtese curta não teve efeito sobre esta

musculatura.

Johansson et al. (2004), pesquisaram a atividade muscular flexora e extensora

do antebraço evidente quando os participantes da pesquisa faziam uso de dois tipos

de órteses para posicionamento do punho em extensão: órtese volar e órtese

comercial flexível com suporte para polegar (fita desportiva). O artigo não informou o

ângulo de imobilização. Investigou-se a força de preensão com a utilização do

dinamômetro Jamar e atividades manuais padronizadas: segurar um cilindro, elevar

um cilindro da mesa, cortar um arame com alicate e golpear uma barra de aço com

um taco de borracha. A coleta dos dados foi relativa à atividade eletromiográfica dos

músculos flexor ulnar do carpo, flexor superficial dos dedos, extensor radial longo do

carpo, e extensor ulnar do carpo. A órtese desportiva não teve qualquer efeito na

atividade eletromiográfica dos músculos flexores e extensores do punho durante a

preensão. A órtese volar resultou em um aumento da atividade eletromiográfica dos

flexores e extensores em relação a órtese desportiva ou em relação à mão livre.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

28

Burtner et al. (2003), compararam a força, a destreza e ativação muscular em

indivíduos com artrite reumatóide durante o uso de diferentes órteses do tipo splints.

Foram investigados os seguintes músculos: flexor radial do carpo (FRC) e extensor

radial longo do carpo (ERLC), bíceps, tríceps, deltóide anterior e medial, peitoral

maior, e trapézio superior. Os tipos de órteses usadas foram estática, em espiral e

dinâmica punho-mão, além da mão livre. Foi usado o dinamômetro Jamar para

mensurar a força de preensão, e o pinch meter estandardizado para medir a força da

pinça de dois e três pontos e pinça lateral. E para a valiar a destreza manual foi usado

o Nine-Role Peg Test. A EMG foi registrada durante todas essas tarefas. A pesquisa

concluiu que não houve diferença significativa na atividade EMG dos músculos

flexores e extensores do punho durante o uso dos diferentes splints. Os resultados

mostraram que a ativação muscular é mais dependente da tarefa realizada do que do

tipo de órtese que é utilizada.

Rodrigues et al. (2007), ainda concluíram , sobre a comparação dos estudos

feitos com órteses de punho durante atividades funcionais que, com relação à

musculatura flexora, não houve alteração na atividade dos músculos flexores do

punho usando as órteses espiral, estática e dinâmica punho-mão (BURTNER et al.,

2003) e órtese desportiva (JOHANSSON et al., 2004); e ocorreu um aumento da

atividade da musculatura flexora do antebraço com o uso das órteses longa e curta

(BULTHAUP et al., 1999) e da órtese volar (JOHANSSON et al., 2004).

Além das órteses, outra forma de auxiliar a reabilitação da mão são os

exoesqueletos. Estes dispositivos, que alguns autores descrevem como órteses

robóticas, vem sendo estudados e aplicados na reabilitação de pessoas com

dificuldade motora. Segundo Polygerinos et al., (2015), pacientes que precisam

reabilitar a mão e que utilizam dispositivos robóticos para realizar movimentos

intensos e repetitivos mostraram uma melhora significativa na funcionalidade motora

da mão quando comparados aos pacientes que realizam estes movimentos sem

assistência robótica.

Nos últimos anos houve um aumento no número de sistemas robóticos

desenvolvidos para auxiliar na reabilitação dos movimentos de membros superiores

(BREWER et al., 2014).

Os exoesqueletos de reabilitação fornecem o exercício para os pacientes com

o intuito de ajudar a recuperar a função motora da mão. O exercício de reabilitação

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29

pode ser tanto movimento passivo dirigido pelo exoesqueleto ou movimento ativo

contra a força resistiva dada pelo exoesqueleto (ZHANG et al., 2013).

Benjuya e Kenney (1990) desenvolveram uma órtese de mão mioelétrica

(Figura 4), utilizada para restaurar a preensão tridigital. Esta órtese utiliza sistemas de

transmissão de engrenagem e rosca sem fim, tornando o sistema robusto e com

grandes dimensões.

Figura 4: Órtese de mão

Fonte: BENJUYA e KENNEY (1990)

A preensão bidigital entre os dedos polegar e indicador é responsável por cerca

de 20% da manipulação nas atividades da vida diária, sendo esta forma de preensão

mais comum (MAGEE, 2007). Em 1990, Benjuya e Kenney, propuseram a órtese

híbrida de braço, HAO - Hybrid Arm Orthosis. Esta órtese possui dois sistemas de

acionamento: o sistema mecânico e o sistema eletromecânico. No sistema mecânico,

as articulações do ombro e do cotovelo são interconectadas por um cabo flexível,

desta forma, quando o usuário fizer a elevação contralateral do ombro, o sistema irá

flexionar o cotovelo. No sistema eletromecânico, dois motores são responsáveis pelo

movimento de pronação e supinação do pulso e da preensão da mão. A órtese é

adaptada na cadeira de rodas, onde os controles dos motores se baseiam em portas

lógicas que são comutadas para ativar os motores. A órtese não apresenta

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

30

sensoriamento, com isso o retorno se faz de forma visual. A utilização de sistema

mecânico limita a órtese para usuários que possuem algum movimento de ombro,

como por exemplo uma lesão medular nível C3-C4 (Figura 5).

Figura 5: Órtese Híbrida de Braço

Fonte: BENJUYA e KENNEY (1990)

Em 1992, Slack e Berbrayer desenvolveram uma órtese mioelétrica de mão e

punho (Figura 6), WHO - Wrist Hand Orthosis para indivíduos com lesão do plexo

braquial unilateral. A função desta órtese era possibilitar o movimento de pinça. Esta

órtese possuía um atuador linear capaz de exercer uma força de até 62 N. A utilização

de atuadores lineares resultou em um aumento de peso e volume, pois o tamanho

mínimo da base do atuador é o seu próprio deslocamento linear.

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

31

Figura 6: Órtese de Mão e Punho

Fonte: SLACK e BERBRAYER (1992)

Em 1993, Makaran e colaboradores desenvolveram uma órtese funcional para

pacientes tetraplégicos (Figura 7). Esta órtese utilizou ligas com memória de forma,

que quando aumentam sua temperatura mudam de forma, sendo utilizadas como

atuadores. As ligas com memória de forma trabalham em altas temperaturas, gerando

risco de queimaduras ao usuário. A presença de componentes metálicos robustos

dificulta a interação social. Seu sistema mecânico torna a órtese pesada e

esteticamente desagradável.

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

32

Figura 7: Órtese funcional para pacientes quadriplégicos

Fonte: Adaptado de Makaran et al. (1993)

Pinto (1999) construiu um protótipo usando o termoplástico. A utilização de

materiais como termoplásticos moldáveis na estrutura de órteses funcionais de mão

resultou em uma diminuição significativa no seu peso. Este tipo de material é leve, de

baixo custo e pode ser moldado para se adequar aos contornos do corpo do usuário,

aumentando o nível de conforto na utilização do dispositivo.

Segundo o autor, neste protótipo, o fechamento da pinça deve-se apenas ao

movimento do dedo indicador. Isto foi feito pela atuação de um servomotor, de acordo

com a “rotação” do punho que era medida pelo sensor de posição, um potenciômetro

(Figura 8). O acionamento por rotação do punho limita a utilização desta órtese para

usuários que não perderam os movimentos de flexão e extensão do punho. O

servomotor aplica um torque na articulação correspondente à articulação do dedo

indicador, o qual leva ao fechamento da pinça em torno do objeto. Por não possuir

sensoriamento, o usuário utiliza a sua visão como retorno. O posicionamento do

servomotor e o sistema elétrico na própria órtese a torna deselegante e pesada.

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

33

Figura 8: Órtese funcional robotizada

Fonte: PINTO (1999)

Ögce e Özyalçin (2000) utilizaram órteses de ombro-cotovelo na reabilitação

de pacientes com lesões do membro superior. As órteses foram fixadas ao tronco e

aos membros superiores por uma bandagem. A parte proximal foi projetada para a

fixação e estabilização do ombro, enquanto a parte distal abrigava a unidade de

controle. Uma articulação foi incorporada para unir as duas partes. As órteses foram

feitas de polietileno de 3 mm de espessura e as articulações foram produzidas em

polietileno de alta densidade. Um motor com uma bateria de 12 V foi usado em

combinação com os sensores para realizar o seu acionamento.

Em 2004, Dicicco e colaboradores desenvolveram um exoesqueleto focado no

movimento básico de preensão entre o dedo indicador e o polegar (Figura 9). Os

autores consideravam esse movimento responsável por uma grande parte das tarefas

diárias, como pegar pequenos objetos. O exoesqueleto usa o sinal EMG processado

para controlar a pressão nas válvulas pneumáticas que, por sua vez, acionam cilindros

e, assim, promovem a flexão e extensão do dedo indicador. A utilização de atuadores

pneumáticos em órteses tem limitações quanto ao armazenamento de ar comprimido,

sendo estes reservatórios pesados e de volumes consideráveis. O sistema mecânico

de transmissão de movimento, incluindo os atuadores pneumáticos, torna a órtese

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

34

robusta e pesada. O equipamento não utiliza nenhum sensoriamento da força de

preensão, sendo este apenas visual.

Figura 9: Exoesqueleto

Fonte: DICICCO et al., (2004)

Andreasen et al. (2005), desenvolveram um protótipo de sistema robótico para

auxiliar pacientes que sofreram lesões do membro superior durante a sua reabilitação

(Figura 10). Um atuador é acionado por cabos, diminuindo assim o peso do

mecanismo. Uma unidade base portátil contém um motor elétrico e células de carga

para monitorar as forças nos cabos dos atuadores. Um conjunto de sensores de

ângulo é utilizado para fornecer informação da posição para o sistema de controle. A

atuação resultante elástico tem a vantagem de que, mesmo para as entradas bruscas

de torque do usuário, o sistema é, naturalmente, mecanicamente compatível. Dois

grupos musculares são responsáveis pelos sinais EMG que ativam o protótipo. Os

pesquisadores concluíram que o dispositivo tem grande potencial na reabilitação de

pacientes com lesões do membro superior.

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

35

Figura 10: Sistema robótico de reabilitação

Fonte: Adaptado de ANDREASEN et al., (2005)

Meneses et al. (2009) descreveram uma órtese funcional para a mão. A grande

contribuição desta órtese está em seu aspecto visual. A órtese utilizou tendões

artificiais, mais leves e de dimensões reduzidas, no lugar de mecanismos mais

robustos e, com isso, obteve-se uma órtese esteticamente agradável e confortável

(Figura 11). Foram utilizados eletrodos ativos para acionamento por sinal EMG,

circuito eletrônico e motor CC. Em 2008, esta órtese de mão sofreu modificações

significativas em seu projeto. A luva foi otimizada para facilitar a sua vestimenta pelo

usuário. O motor CC foi modificado para um servo motor, garantindo assim um melhor

controle de posição, além da diminuição do peso do sistema de acionamento. O

circuito elétrico se mostra simples e pequeno. O posicionamento do atuador fora da

luva tornando-a leve.

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

36

Figura 11: Luva funcional de mão

Fonte: MENESES et al., (2009)

Ortner et al. (2011) desenvolveram uma órtese que tem um sistema de interface

cérebro-computador (BCI – Brain Control Interface) que permite o envio do comando

para a órtese sem a necessidade de movimentar qualquer parte do corpo (Figura 12).

O objetivo foi treinar a manipulação de objetos a partir da tenodese, para isto, a órtese

se ajusta em 16 diferentes posições e um sistema de ajuste manual para diferentes

tamanhos de mão. Este estudo foi realizado com indivíduos saudáveis e detectou um

número alto de falsos positivos, ou seja, a órtese abria e fechava os dedos mesmo

quando o indivíduo não desejava este movimento. Segundo o autor, a razão para a

elevada taxa de falsos positivos é que os sujeitos não se concentraram sobre tais

fontes, mas ainda tinha as luzes de estímulo do movimento piscando em seu campo

visual.

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37

Figura 12: Órtese de mão controlada por interface cébro-computador

Fonte: ORTNER et al., (2011)

Zhang et al. (2014) produziram uma órtese do tipo exoesqueleto que se adapta

aos diversos tamanhos e espessuras de dedos, eliminando fatores de risco de lesão

durante o processo de reabilitação (Figura 13). Esta órtese acomoda as articulações

metacarpofalangiana, interfalangiana proximal e interfalangiana distal com o objetivo

de treinar movimentos de preensão com a mão. Durante a terapia o paciente segue

as indicações dos programas de treinamento. Sensores de posição angular e

sensores de força ajudam a realizar a terapia. Os sensores de posicionamento têm

dois papéis nesse exoesqueleto: perceber posição do membro e realimentá-la para a

posição dos programas de treinamento interativo.

Figura 13: Órtese do tipo Exoesqueleto usado na reabilitação de mão

Fonte: ZHANG et al., (2014)

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

38

Polygerinos et al. (2015) também desenvolveram uma luva robótica hidráulica

para ser usada na reabilitação da mão. O objetivo desse sistema é permitir que

pacientes com distrofia muscular, lesões medulares incompletas, acidentes

vasculares cerebrais agudos, dentre outras patologias que levam à fraqueza muscular

da mão, possam executar tarefas de reabilitação repetitivos ou recuperar a função da

mão durante a realização de sua AVDs em casa ou na clínica sob a supervisão de um

médico.

O dispositivo utiliza autuadores elastoméricos reforçados com fibras de baixo

custo que podem ser rapidamente personalizados para se ajustar à anatomia de cada

usuário. Os autuadores são integrados em uma luva têxtil macia e montado no lado

dorsal da mão para recriar os movimentos desejados de uma forma segura e

compatível. Sensores de pressão fluídicos são usados para medir a pressão interna

de autuadores moles e proporcionar um controle do dedo, além de uma caixa de

controle portátil que permite uma variedade de movimentos dos dedos pré-definido

(Figura 14) (POLYGERINOS et al., 2015).

Figura 14: Luva robótica suave para reabilitação de mão

Fonte: Adaptado de POLYGERINOS et al., (2015)

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39

Poboroniuc et al. (2015), construíram uma luva robótica para auxiliar na

reabilitação da força da mão em material flexível (Figura 15), que combinou uma luva

robótica com estimulação elétrica funcional (FES), ou seja, um sistema híbrido, de fácil

manuseio pelo paciente e que não causa dor, desconforto ou qualquer outro dano à

mão. O sistema está ligado à um software e consiste em um tendão artificial ligado a

um autuador que detecta os movimentos da mão e através de um sensor, cria uma

resistência, que auxilia na reabilitação.

Figura 15: Luva robótica para reabilitação de força de mão

Fonte: POBORONIUC et al., (2015)

A tecnologia assistiva tem sido usada como uma alternativa de intervenção no

sentido de aumentar a habilidade funcional de pacientes em atividades de

autocuidado, trabalho e lazer (COOK e HUSSEY, 1995) bem como nas no Esporte

Paralímpico (HOWE, 2011).

Significativos avanços e desenvolvimentos tecnológicos desses equipamentos

proporcionam oportunidades para melhorar o desempenho atlético, visto que esta

tecnologia é essencial para a performance paralímpica (BURKETT, 2010).

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

40

Atletas com amputações bilaterais de membros inferiores e suas próteses

competem a décadas e acreditava-se que mesmo os modelos mais avançados de

prótese não conseguiriam oferecer a função biológica completa dos membros

inferiores na corrida. Porém, as performances atléticas dos corredores velocistas

amputados transtibiais bilaterais indicavam que a suposição de longa data sobre a

inferioridade funcional poderia não ser mais válidas (WEYAND et al., 2009).

Segundo Weyand et al. (2009), o sul africano Oscar Pistorius teve um sucesso

extraordinário correndo com próteses ao longo dos últimos anos. Quando ele

reivindicou a qualificação para a corrida de 400 metros para os Jogos Olímpicos de

Pequim-2008, fato sem precedentes para um atleta com este tipo de deficiência,

levantaram uma pergunta provocativa sobre a funcionalidade dessas próteses: as

próteses modernas seriam iguais ou talvez superiores aos membros biológicos?

Pistorius usava armazenamento de energia e retorno nas próteses transtibiais.

Estas próteses são compostas de lâminas de fibra de carbono curva que pode variar

em forma e geometria, podendo também comprimir e estender sob carga

(MARCELLINI et al., 2012). Estas podem, portanto, ser tratada como uma mola

perfeita (SCHOLZ et al., 2011) (Figura 16).

Sobre este caso específico, Dyer (2015) em sua pesquisa identificou 23

pesquisas sobre o assunto onde os mais relevantes levaram a um longo processo

entre a proibição do atleta de competir nos Jogos de Pequim – 2008, até a autorização

para se qualificar para os Jogos de Londres – 2012.

Figura 16: Corrida para atleta com amputação bilateral de membros inferiores

Fonte: WEYAND et al. (2009)

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41

Wolbring (2008) em seu estudo intitulado: “Oscar Pistorius and the future nature

of Olympic, Paralympic and other sports”, concluiu que este caso não seria

considerado doping tecnológico e que era necessário reorganizar o discurso acerca

do tema para enfrentar os desafios ligados aos avanços tecnológicos e o impacto

disso no esporte.

Weyand et al. (2009) em seus estudos concluíram que os atletas com próteses

bilaterais de membros inferiores eram iguais aos atletas sem deficiência do ponto de

vista fisiológico, porém biomecanicamente, as próteses limitavam a eficiência da

corrida em todas as suas fases.

A utilização desses tipos de tecnologia pelos atletas paralímpicos significa que

eles podem ser conceituados como a personificação de cyborg, que é um corpo

híbrido resultante da fusão de um organismo vivo e de uma tecnologia feita pelo

homem, desta forma então temos o cyborg paralímpico (HOWE, 2011).

Objeções à utilização de tecnologias assistivas (tais como próteses ou órteses)

na elite do esporte paralímpico geralmente são levantadas quando a tecnologia em

questão é percebida para dar ao usuário uma vantagem potencialmente injusta ou

quando é percebida como uma ameaça para a “pureza” do esporte (BAKER, 2014).

O Comité Paralímpico Internacional (IPC) reconhece o importante papel dos

equipamentos esportivos para a alta performance dos atletas e está comprometido

com um ambiente esportivo onde existam regras justas e claras sobre o uso desses

equipamentos para cada modalidade esportiva. Para isto, existe uma política de

utilização de equipamentos no esporte paralímpico, que deve ser adotada em todas

as modalidades e que se refere a todos os instrumentos e aparelhos adaptados às

necessidades especiais dos atletas paralímpicos e usado por eles durante a

competição para facilitar a participação e / ou para alcançar resultados (IPC, 2011).

Os princípios fundamentais sobre o uso de equipamentos, segundo a política

do IPC (2001), utilizados durante competições e eventos homologados pela instituição

e nos Jogos Paralímpicos, são:

Segurança: todos os equipamentos em uso devem proteger a saúde e a

segurança do usuário, dos concorrentes, dos oficiais e espectadores e não

podem causar danos ao meio ambiente (por exemplo, o local de competição).

Equidade: equipamento deve ser regulamentado por regras desportivas

detalhadas suficientemente para a boa compreensão de todos.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

42

Universalidade: a disponibilidade de custos e fabricação em grande escala dos

principais componentes dos equipamentos deve ser considerada para garantir

o acesso a um número suficientemente grande de atletas no esporte.

Desempenho físico: o desempenho humano é o principal motor para o

desempenho esportivo e a tecnologia e equipamentos não podem impactar no

desempenho do atleta.

O equipamento que resulta em desempenho esportivo não primariamente

sendo gerada pela própria força física do atleta, mas que está sendo gerado por

automatizada, assistido por computador ou dispositivos robóticos é proibida em

competições e eventos homologados pelo IPC e nos Jogos Paralímpicos.

As federações esportivas que cuidam das modalidades ligadas ao movimento

paralímpico tem a responsabilidade de assegurar que as disposições desta política

serão refletidss nas suas respectivas regras e regulamentos. Estas disposições

devem incluir as regras e regulamentos que regem o controle de equipamentos e a

forma de inspeção, a autoridade que fará a inspeção, além dos prazos claros e

procedimentos para lidar com o protesto e arbitragem.

As federações esportivas que cuidam das modalidades ligadas ao movimento

paralímpico têm a responsabilidade de apoiar o desenvolvimento e a universalidade

para deixar disponíveis os equipamentos desportivos de alto padrão.

A tecnologia assistiva deve corresponder aos requisitos individuais do atleta

com relação ao esporte praticado, a fim de maximizar a segurança e o seu

desempenho. Dentro da discussão sobre o equipamento estar ligado à melhoria de

desempenho ou se ela é essencial para o desempenho, Burket (2009) comcluiu em

seus estudos que o debate deve ser feito sempre que houver uma dúvida sobre

aumento no potencial de desempenho mecânico a partir de um equipamento, para

evitar controvérsias sober o papel da tecnologia assistiva no esporte paralímpico.

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

43

4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1 Construção da órtese

A órtese de membro superior foi confeccionada com o objetivo de posicionar a mão

do tetraplégico de forma que o voluntário possa arremessar a bola de Bocha a partir

de movimentos pendulares de ombro.

4.1.1 Procedimentos para construção da órtese

Para iniciar o projeto, foi proposta a confecção de moldes que pudessem

retratar o tamanho real da mão dos atletas que seriam voluntários da pesquisa.

O primeiro molde foi testado na mão da pesquisadora. Inicialmente foi utilizada

uma esponja modeladora, material muito eficaz na obtenção de medidas reais de

membros, usada na confecção de órteses e adaptações em cadeiras de rodas (Figura

17). Neste material, optou-se por um auxílio de uma fita métrica para que o molde

fosse construído com 10 cm de comprimento do antebraço a partir da articulação do

punho para possibilitar o melhor ajuste das partes adaptáveis da luva, possibilitando

o posicionamento correto do punho para facilitar a tenodese.

Figura 17: Molde tirado a partir de esponja modeladora

(A) posicionamento inicial do membro; (B) demarcação da medida correta a partir do

punho; (C) modelagem finalizada

A B C

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

44

Após o processo observou-se que a modelagem da mão apresentou 2

problemas que inviabilizariam o projeto de construção do molde a partir desse

material. A esponja utilizada não possibilitou a coleta das medidas dos diâmetros dos

dedos, palma da mão e antebraço. Além disso, a força necessária para empurrar a

mão contra a esponja foi grande, como os atletas são tetraplégicos com lesões de

nível C5 ou acima, os voluntários não conseguiriam modelar a mão da forma

apropriada para que as medidas fossem coletadas. Sendo assim, este material não

pode ser usado para a construção do molde gessado.

A partir de uma tentativa ineficaz de modelagem da mão, passou-se a

construção de uma modelagem a partir de tiras de ataduras de gesso.

Desta forma, foram usadas ataduras de 15 cm de largura, cortadas a partir do

comprimento ideal do molde, desenhado no papel branco, que corresponde a

distância entre o dedo médio e 10 cm de comprimento do antebraço, a partir da

articulação do punho.

Este material foi cortado com o auxílio de um estilete e de uma tesoura própria

para manipulação desse tipo de material. Além disso, uma bacia plástica foi cheia com

água morna, mais ou menos 24°C, para que as ataduras pudessem ser submersas e

preparadas para o uso (Figura 18).

Figura 18: Coleta do tamanho do molde e material utilizado para manipulação das

talas gessadas rápidas

(A) desenho do contorno da mão no papel; (B) desenho da mão em tamanho real para

medir o tamanho das tiras de gesso; (C) mensuração das tiras de gesso; (D) material

utilizado para fazer a modelagem.

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

45

Como próximo passo, as ataduras foram submergidas de forma inclinada na

água por não mais do que cinco segundos e em seguida todo excesso de água foi

removido. As ataduras foram cobrindo a mão que seria moldada, sobrepondo-se em

três camadas, a fim de deixar o molde bem forte, era importante não fechar todo

diâmetro do antebraço para possibilitar sua remoção ao término do procedimento sem

danificar o material (Figura 19).

Figura 19: Modelagem da mão com ataduras de gesso rápido

(A) preparação inicial da modelagem; (B) retirando o excesso de água das talas; (C)

início da modelagem; (D) moldando os dedos; (E) moldando a circunferência do

antebraço; (F) acabamento final da modelagem

Após cinco minutos, o molde foi retirado e encaminhado para a oficina

especializada, a fim de preencher esta modelagem com gesso adequado, obtendo

assim o molde que projetou o tamanho real da mão (Figura 20).

A

B C

A B C

D E F

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46

Figura 20: Modelagens utilizadas para a confecção do molde modelo a partir da mão

da pesquisadora – espuma e tala gessada

Após fazer esta modelagem, o material foi encaminhado para a oficina

especializada para obter o molde a partir do preenchimento da modelagem com gesso

apropriado e assim, fez-se o modelo da mão em tamanho real.

Porém este tipo de modelagem, apesar de ser simples, não foi adequado para

os atletas, pois a falta de força muscular criou algumas deformidades e compensações

(Figura 21) que tornaram este procedimento inviável, pois o material durante o

manuseio é pesado, e não permitiria a adequada manipulação, deixando o molde

comprometido.

Figura 21: Mão de atleta tetraplégico da bocha

a) vista dorsal da mão; b) vista palmar da mão; c) vista lateral da mão e antebraço

A B C

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

47

Frente a este problema, a luva foi costurada a partir das medidas de

circunferência da mão do atleta, seguindo os padrões internacionais, conforme

orientações obtidas no site (www.glove.com), onde para saber o tamanho de uma

luva, deve-se obter a medida em torno da mão dominante, com uma fita métrica. Desta

forma, obtêm-se o padrão para luvas tamanhos P, M e G. Para aferir estas medições

usou-se um esquema conforme Figura 22, onde A é a medida do polegar, B do

metacarpo, C do punho, D do antebraço, E a distância entre a extremidade da falange

distal do polegar e o antebraço e F a distância entre a extremidade da falange distal

do dedo médio à extremidade da falange distal do polegar.

Figura 22: Orientação para obter as medidas das circunferências da mão

Fonte: Elizabethan Gloves (2016)

Para que a luva atendesse a todos os voluntários, optou-se em que todas as

partes fossem feitas de velcro, para que o tamanho fosse ajustado conforme a

necessidade de cada voluntário (Figura 23).

Os materiais usados para confeccionar a órtese final do estudo foram:

neoprene liso;

neoprene anti derrapante;

vélcro;

fivela de metal.

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Figura 23: Primeiro protótipo da luva para tetraplégicos jogarem bocha a partir do

posicionamento do punho que simule a tenodese

a) protótipo; b) protótipo na mão do ortesista

Esta luva é composta por 2 partes feitas em velcro para serem ajustáveis e se

adaptarem a todo tipo de mão. A primeira parte é colocada no antebraço e serve para

dar suporte à segunda parte, aquela que é colocada nas falanges proximais da mão,

tracionando-os para trás e fixando o punho na posição de extensão, facilitando a

tenodese.

A partir do posicionamento do punho em extensão, observa-se a flexão dos

dedos, movimento usado para segurar objetos em pacientes com tetraplegia em níveis

mais altos, C5-C6, por exemplo.

4.2 Teste funcional com voluntários

Foi realizado uma série de estudos de caso, do qual participarão 5 voluntários,

praticantes de Bocha Paralímpica na Classe BC4, com alteração dos membros

superiores compatível com lesão medular nível C4-C6.

A amostra foi composta por todos os atletas da regional sudeste, que se

enquadraram nos critérios de inclusão.

Os critérios de inclusão foram:

- Ambos os sexos;

- Idade mínima de 18 anos;

- Ter distúrbios neuromusculoesqueléticos nos membros superiores equivalentes a

lesão medular nível C4-C6;

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49

- Praticantes de Bocha Paralímpica na Classe BC4 a mais de 6 meses;

- Ter passado pelo processo de classificação funcional, feito pela Associação Nacional

de Desporto para Deficientes (ANDE), entidade responsável pela gestão da

modalidade.

Os critérios de exclusão foram:

Não ter passado pelo processo de classificação funcional;

Não aceitar em participar da pesquisa

4.3 Materiais

Os materiais usados para a realização dos testes foram:

Ficha de identificação (caracterização da amostra);

Compasso oficial para árbitros de Bocha da marca Handi Life Sport (Figura 24);

Fita métrica para medir distâncias mais longas;

Ficha de anotação dos dados (Apêndice I);

Fita adesiva de 5cm de largura para a demarcação das áreas na quadra de

jogo;

Ficha de avaliação da órtese (Apêndice II).

1 câmera HD Apple iPhone com iOS 9.

Figura 24: Material para medição das distâncias entre a bola alvo e as bolas do

jogador

Fonte: VALENTE (2005)

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

50

4.4 Procedimentos para os testes

Com a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) (CAEE: 44219215.0.0000.5497), os técnicos

de Bocha da regional sudeste foram contatados para saber da disponibilidade e

interesse dos atletas em participar da pesquisa.

Com a autorização do local foi realizada uma triagem dos atletas de acordo

com os critérios de inclusão e exclusão.

Tendo em vista que estes voluntários já possuem adaptação para escrever,

quando se faz necessário o seu uso, em seguida foi entregue a eles um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice III), que os deixaram informados sobre

o tema do estudo e os objetivos, convidando-o a participar, mantendo a

confidencialidade e o anonimato dos testes e recebendo o seu consentimento quanto

ao uso dos dados coletados.

Com a órtese pronta, foi selecionado um voluntário para realização de um teste

de funcionalidade divididos em: teste de usabilidade e de precisão, para avaliar se tal

implemento tem seu objetivo principal alcançado, ou seja, se a órtese permitiu o

posicionamento da mão do tetraplégico de forma que ele pudesse arremessar a bola

de Bocha a partir de movimentos pendulares de ombro.

O voluntário selecionado para o teste inicial é do sexo masculino, tem 32 anos e

pratica a modalidade há aproximadamente 8 anos, sendo que em 2011 foi medalha

de ouro nos Jogos Para Panamericanos de Guadajajara, no México.

4.5 Teste de funcionalidade

Inicialmente foi selecionado um voluntário de acordo com os critérios de

inclusão a fim de realizar um teste de usabilidade e uma simulação do teste exatidão.

Esse teste foi bem simples e objetivo: o voluntário colocou a órtese confeccionada e

manipulou uma bola de Bocha executando uma sequência de 6 arremessos

consecutivos com movimentos pendulares de ombro, apenas para verificar se a órtese

estava adequada à sua mão, analisando o encaixe da bola, o conforto das partes da

órtese, se há algum ponto de pressão na pele, enfim, verificar se a órtese poderia ser

usada e se atende ao requisito da sua criação, arremessar as bolas de bocha com

movimentos pendulares. Em seguida, foi solicitado ao voluntário que realizasse 6

arremessos da bola de Bocha sem a utilização de dispositivo de tecnologia assistiva,

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6 com a sua luva de treinamento e 6 com a luva desenvolvida no estudo, para uma

análise preliminar.

Para a coleta de dados do teste de usabilidade, fez-se uma filmagem dos

arremessos do voluntário, a fim de realizar uma análise cinemática dos arremessos.

Esses testes aconteceram no local de treinamento da equipe do TRADEF (Trabalho

de Apoio ao Deficiente).

4.6 Protocolo do teste de exatidão

O teste de exatidão teve como objetivo fazer a caracterização do dispositivo a

fim de testar a eficiência do uso da órtese em arremessos pendulares da bola de

Bocha pelos voluntários. O teste de exatidão foi feito em três etapas distintas, em dias

diferentes.

Os testes foram realizados em uma cancha de jogo oficial.

Na primeira etapa, o atleta realizou a sequência dos arremessos sem o uso de

qualquer Tecnologia Assistiva; na segunda etapa, o atleta realizou sequências de

arremessos usando qualquer Tecnologia Assistiva que já faça parte do seu

treinamento; na terceira etapa, o teste se repetiu usando a órtese confeccionada.

O teste de exatidão foi realizado da seguinte forma:

Primeiramente, o atleta posicionou sua cadeira de rodas na casa de número 3

(Figura 25)

Figura 25: Ilustração de uma cancha de Bocha e localização das casas de arremesso

Fonte: VALENTE (2005)

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Em seguida, fez 6 lançamentos em pêndulo para aproximação da bola branca

em cada área pré definida, respeitando a ordem dessas áreas de 1 a 7, fazendo

um total de 42 arremessos em cada etapa do teste (Figura 26).

Figura 26: Ilustração de uma cancha de quadra com as 7 áreas de arremesso

Fonte: VALENTE (2005)

A delimitação da quantidade de áreas da quadra e a sequência de numeração

das mesmas respeitarão a metodologia usada por Valente (2005), ou seja, as

delimitações das zonas de campo se basearam nas experiências de visualização do

autor durante campeonatos nacionais e internacionais, bem como no treino de seus

atletas da Classe BC4.

O tempo de execução do teste leva em conta o tempo de lançamento que um

atleta tem durante um jogo de bocha, levando em consideração a realização de 1

parcial extra para desempate. A determinação do tempo de lançamento das bolas foi

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53

baseada nas regras da Boccia International Sports Federation (BISFED, 2014),

entidade que regulamenta a modalidade, que determina que cada lado tem um tempo

limite para cada parcial ou set, que compreende 4 minutos para cada parcial. Como o

jogo possui 4 parciais e a possibilidade da parcial extra para desempate, optou-se por

realizar o teste durante 20 minutos.

Após cada sequência de 6 lançamentos, foi feita a medição da distância entre

as bolas arremessadas e a bola alvo branca.

Este procedimento foi repetido nas 3 etapas do teste.

Ao término do teste os voluntários foram convidados a preencher uma ficha de

avaliação da órtese confeccionada, a fim de avaliar seu grau de satisfação.

4.7 Plano de análise dos dados

Os dados quantitativos foram expostos por meio de frequência absoluta e

frequência relativa, como também por estatística descritiva. Foi aplicado o teste

estatístico de Shapiro-Wilk para verificar se a distribuição amostral é paramétrica ou

não-paramétrica. Foi utilizado o teste Wilcoxon para os dados não-paramétricos,

adotando p< 0,05.

Para a análise cinemática, usou-se o programa Darthfish Express instrumento

utilizado para análise de vídeos esportivos, usado no sistema iOS, versão 5.3. Através

deste programa é possível verificar o angulação, distância, circunferência e trajetória

das bolas.

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5 RESULTADOS

Para o teste de funcionalidade da órtese, foi escolhido um voluntário experiente,

com um extenso currículo de competições bem-sucedidas e com o ápice da carreira

coroado com a medalha de ouro nos Jogos Parapanamericanos de Guadajajara em

2011. Para o teste de exatidão, foram convidados todos os atletas da região sudeste

e que estivessem dentro dos critérios de inclusão, porém um voluntário não realizou

as baterias de testes por questões de saúde.

5.1 Teste de funcionalidade

O teste piloto, teve por objetivo proporcionar o primeiro contato do atleta com a

órtese, a título de experimentação, para que fossem corrigidas as possíveis falhas da

órtese confeccionada.

No primeiro momento a órtese vestiu bem, não houve nenhum ponto de

pressão e o movimento de punho foi fixado no ângulo adequado para permitir a flexão

funcional dos dedos. Esta adaptação foi facilitada porque todas as partes da órtese

são ajustáveis aos diversos tamanhos de mão.

Em seguida, passou-se ao segundo ponto, manipular uma bola de bocha com

a órtese e verificar a sua funcionalidade. A bola foi fixada na mão do atleta, porém

quando ele realizou o movimento de pêndulo para arremessar a bola, os dedos não

suportaram o peso e a bola caiu. Desta forma, somente a tenodese não foi suficiente

para proporcionar funcionalidade na mão do atleta.

Para solucionar este problema, foram feitas diversas formas diferentes de

suporte dos dedos. O primeiro teste fez a fixação do polegar usando uma tira em 8 e

fixando-o em hiperextensão com auxílio do velcro no punho. Em seguida fez a

tenodese a partir da região metacarpiana da mão. Porém o que mais se aproximou do

ideal para que o atleta tivesse performance no jogo foi a fixação do polegar no punho

através de uma amarração em 8 e o tracionamento dos dedos mínimo e indicador na

posição de flexão e fixados no punho através de vélcros (Figura 27).

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55

Figura 27: Órtese adaptada a partir do teste de usabilidade feita com o voluntário

Com esta adaptação o atleta fez uma sequência de arremessos para testar a

funcionalidade da órtese. Para o quesito precisão, a órtese teve uma boa

funcionalidade, o atleta fez bolas curtas (aproximadamente há 3 metros de distância),

bolas médias (aproximadamente há 5 metros de distância) e bolas longas

(aproximadamente há 10 metros de distância). Porém no quesito força de arremesso,

todas as vezes que o atleta tentou fazer uma bola aérea, jogada mais comum na

bocha para lançar bolas de força, no momento de executar o lançamento a bola

escapava da mão pois os dedos não suportavam o peso da bola associada a

velocidade do movimento.

Verificou-se que durante o movimento pendular do membro superior, o cotovelo

do atleta ficava muito flexionado, num ângulo próximo a 90° para sustentar a bola,

movimento eficiente para arremessar bolas com distâncias diferentes, porém ineficaz

nos arremessos das bolas fortes, usadas estrategicamente para fazer uma retirada de

uma bola adversária que estiver pontuando.

Com a necessidade de tantas adaptações e com a ajuda do voluntário, dando

orientações técnicas sobre o melhor posicionamento dos dedos, do punho e do

cotovelo, chegou-se a conclusão de que o ideal seria, além da tenodese de punho,

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

56

fixar os dedos da mão em flexão para que a bola pudesse ser suportada pela mão em

todos os tipos de lançamento.

Após todas as adaptações serem feitas, uma nova órtese foi confeccionada

(Figura 28) e uma segunda bateria de testes de usabilidade aplicada.

Figura 28: Versão final da órtese construída para que o atleta realize movimentos

pendulares a fim de fazer o arremesso da bola de Bocha

A) órtese colocada na mão do atleta, B) atleta utilizando a órtese e segurando uma

bola de Bocha.

Nessa nova bateria de testes, verificou-se a usabilidade da órtese com bolas

sendo arremessadas em várias distâncias diferentes. Primeiramente o atleta testou o

implemento para familiarizar com o material. A partir da adaptação do atleta à luva,

fez-se o teste de usabilidade. Os dados usados para validar a usabilidade da órtese

foram determinados a partir de 6 arremessos de média distância, simulando uma

parcial do jogo, onde a bola alvo era colocada na marca do tie break, demarcada por

uma cruz no meio da quadra.

No teste de precisão sem uso de órtese o primeiro dado verificado foi o ângulo

de extensão de cotovelo no momento em que a bola saiu da mão do atleta. Na análise

biomecânica do ângulo do cotovelo observa-se que o atleta faz uma extensão de 73,7°

(Figura 29). Para a análise dos dados do ângulo do cotovelo, foram usadas as

referências anatômicas para a goniometria articular: epicôndilo lateral do úmero na

região do cotovelo, lateral ao úmero em direção ao acrômio e antebraço. Estes dados

A B

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

57

foram coletados no momento em que a bola saiu da mão do voluntário, verificou-se o

movimento de extensão.

Figura 29: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário

no momento da execução do arremesso da bola sem uso de órtese

O traçado em rosa aponta os dados do ângulo de extensão do cotovelo; a seta de cor

laranja indica a distância da bola ao chão e a seta verde a trajetória da bola

A partir desse movimento, a bola é arremessada a uma altura maior. A Figura

30 mostra a distância entre a bola alvo e as bolas arremessadas pelo atleta. Como o

objetivo do jogo é ter as bolas colocadas o mais perto possível da bola alvo, observa-

se que os arremessos feitos não tiveram uma boa precisão. Esta análise foi importante

pois caracterizou a parábola que a bola fez e a distância entre a mão do atleta e o

chão, pois quanto menor essa distância, maior a precisão do arremesso.

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

58

Figura 30: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário sem o uso de

órtese.

Na segunda parte do teste, o atleta fez uso da tecnologia assistiva que ele já

utilizava para treinar e jogar, esta órtese é feita em couro, que tem apenas um suporte

nos dedos e é fixada na região do punho, bem próxima à articulação (Figura 31).

Observa-se que o polegar fica solto e a borda lateral da órtese ajuda a dar o suporte

para a bola

Figura 31: Órtese usada pelo atleta

A) suporte dos dedos; B) fixação da órtese na região do carpo; C) bola encaixada na

mão, onde a parte lateral auxilia no seu suporte.

A B C

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

59

Para a execução dos movimentos de arremesso da bola, observou-se que o

ângulo de extensão de cotovelo, no momento em que a bola saiu da sua mão, foi de

134,7° (Figura 32).

Figura 32: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário

no momento da execução do arremesso da bola com o uso de sua órtese.

O traçado em rosa aponta a medida do ângulo de extensão do cotovelo; a seta de cor

laranja indica a distância da bola ao chão e a seta verde a trajetória da bola

Como o objetivo do jogo de Bocha envolve estratégias que necessitam

transformar a velocidade horizontal, adquirida durante o deslocamento do implemento,

em velocidade de arremesso, perspectivando o alcance da maior distância possível

para uma melhor precisão, o ângulo de extensão do cotovelo maior, propicia ao

implemento arremessado um melhor resultado final (Figura 33).

Figura 33: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário com a órtese do

atleta

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

60

Os resultados das bolas arremessadas mostraram uma excelente performance

do voluntário, pois 5 das 6 bolas arremessadas ficaram muito perto da bola alvo,

alcançando o objetivo do jogo.

No teste em que o atleta fez uso da órtese confeccionada, o ângulo de extensão

do cotovelo no momento em que a bola saiu da sua mão foi de aproximadamente 130°

(Figura 34).

Figura 34: Imagem mostrando o posicionamento do membro superior do voluntário

no momento da execução do arremesso da bola com o uso da órtese construída.

O traçado em rosa aponta a medida do ângulo de extensão do cotovelo; a seta verde

indica a distância da bola ao chão e a seta laranja a trajetória da bola

Com o uso da órtese construída, o atleta mantém o padrão dos arremessos

feitos com a órtese dele, ou seja, o cotovelo estendido, propiciando uma trajetória para

a bola com uma parábola menor. Como resultado, o atleta produziu arremessos

precisos, dentro da proposta do jogo, aproximando um número de 4 das 6 bolas

arremessadas (Figura 35).

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

61

Figura 35: Resultado dos 6 arremessos realizados pelo voluntário com a órtese

construída

5.2 Teste de exatidão

O teste de exatidão foi realizado com 5 voluntários com idade média de

(41.4±12.14), sendo 4 do sexo masculino e 1 feminino e tempo médio de prática da

modalidade de 5 anos (Tabela 1).

Quadro 1 – Caracterização da amostra

voluntário idade sexo nível de lesão prática da modalidade (anos)

1 33 Masculino C5-C6 6

2 39 Masculino C4-C5 6

3 49 Masculino C5-C6 2

4 28 Feminino C5-C6 4

5 58 Masculino C5-C6 7

Média 41.4 5

O voluntário 5 iniciou a primeira e segunda bateria dos testes, mas não

realizou a 3ª. bateria pois ficou impossibilitado de comparecer para a finalização

sendo assim excluído da amostra.

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62

Tabela 1 – Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 1

Voluntário 1

distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm)

1 2 3 4 5 6 7

sem órtese 25.8 65.5 394.2 44.7 20.3 88.3 453.3

com órtese própria 20.5 16.7 25.0 5.2 7.2 35.8 42.7 com órtese do

estudo 30.2 23.7 20.0 7.5 31.0 10.2 37.3

Na Tabela 2 encontram-se os dados referentes aos arremessos executados

pelo voluntário 1 apontando a média da distância entre a bola arremessada e a bola

branca. Pode-se notar que existe uma diferença entre a distância das bolas

arremessadas sem o uso de uma órtese quando comparada com a utilização de uma

órtese, exceto nos arremessos feitos nas zonas de lançamentos 1 e 5, onde o uso de

órtese obteve resultados piores que sem uso de qualquer tipo de tecnologia assistiva.

Na comparação dos dados entre as duas órteses, tem-se que a órtese do estudo

apresentou melhores resultados para as distancias 3, 6 e 7. Foi feita a análise

estatística através do teste Wilcoxon comparando as distâncias mais longas 3 e 7.

Para a distância 3 na comparação sem uso de órtese com a órtese do estudo

encontrou-se um (p=0.0277) e na comparação entre o uso das diferentes órteses

(p=0.6002) não sendo observada diferença estatisticamente significativa. Na distância

7, sem uso de órtese quando comparamos com a órtese do estudo encontrou-se um

(p=0.0277) e na comparação entre o uso das diferentes órteses (p=0.6858) não sendo

observada diferença estatisticamente significativa.

Tabela 2 – Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 2

Voluntário 2

distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm)

1 2 3 4 5 6 7

sem órtese - - - - - - -

com órtese própria 15.83 5.00 27.67 52.67 13.83 7.83 40.17 com órtese do

estudo - - - - - - -

Na Tabela 3 são apresentados os dados referentes aos arremessos

executados pelo voluntário 2 apontando a média da distância entre a bola

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

63

arremessada e a bola branca. Pode-se notar que não existe a média das bolas

arremessadas sem órtese e com a órtese do estudo, isto se deu porque o voluntário

não conseguiu manipular a bola nessas baterias de teste, sendo assim, não foi

possível a comparação de dados.

Tabela 3 – Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 3

Voluntário 3

distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm)

1 2 3 4 5 6 7

sem órtese 1.83 3.17 76.67 14.50 10.83 18.17 59.17

com órtese própria - - - - - - - com órtese do

estudo 13.33 32.50 89.67 11.17 4.67 43.83 43.50

A Tabela 4 relaciona os dados referentes aos arremessos executados pelo

voluntário 3 apresentando a média da distância entre a bola arremessada e a bola

branca. Nota-se que existe uma diferença entre a distância das bolas arremessadas

sem o uso de uma órtese quando comparada com a utilização de uma órtese. Este

atleta atualmente não usa nenhuma órtese para arremessar, visto que passou por

uma cirurgia de transposição de tendão, o que proporcionou a ele funcionalidade na

mão. Na comparação dos dados, tem-se que a órtese do estudo apresentou melhores

resultados para as distâncias 4, 5 e 7. Foi feita a análise estatística através do teste

Wilcoxon comparando as distâncias mais longas 3 e 7. Para a distância 3 na

comparação sem uso de órtese com a órtese do estudo encontrou-se um (p=0.7532)

e para a distância 7, um (p=0,6002) não sendo observada diferença estatisticamente

significativa.

Tabela 4 – Média da distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm), alcançada pelo voluntário 4

Voluntário 4

distância entre a bola arremessada e a bola branca Jack (cm)

1 2 3 4 5 6 7

sem órtese 33.17 107.67 369.50 43.50 23.83 88.00 440.50

com órtese própria 4.83 3.33 96.00 18.67 1.50 24.50 120.00 com órtese do

estudo 14.33 35.33 135.67 18.50 9.00 29.33 127.00

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

64

Na Tabela 5 os dados apresentados são referentes aos arremessos

executados pelo voluntário 4 apontando a média da distância entre a bola

arremessada e a bola branca. Nota-se que existe uma diferença entre a distância das

bolas arremessadas sem o uso de uma órtese quando comparada com a utilização

de uma órtese. Na comparação dos dados entre as duas órteses, tem-se que a órtese

do estudo apresentou melhores resultados apenas para a distância 4. Foi feita a

análise estatística através do teste Wilcoxon comparando as distâncias mais longas 3

e 7. Para a distância 3 na comparação sem uso de órtese com a órtese do estudo

encontrou-se um (p=0.0277) e na comparação entre o uso das diferentes órteses

(p=0.0747) não sendo observada diferença estatisticamente significativa. Na distância

7, sem uso de órtese quando comparamos com a órtese do estudo encontrou-se um

(p=0.0277) e na comparação entre o uso das diferentes órteses (p=0.9165) não sendo

observada diferença estatisticamente significativa.

Tabela 5 – Avaliação da órtese pelos voluntários

A órtese funcional foi de fácil adaptação para o manuseio das

bolas de Bocha?

A órtese funcional foi de fácil utilização para o

jogo?

% %

concordo totalmente 25 25

concordo parcialmente 50 50

indiferente discordo parcialmente discordo totalmente 25 25

TOTAL 100 100 A Tabela 6 refere-se aos dados apresentados a partir de uma ficha de avaliação da

órtese, preenchida pelos voluntários logo após a execução da última etapa do teste de

exatidão. Quando perguntados se a órtese foi de fácil adaptação para o manuseio das bolas e

se foi de fácil utilização para o jogo, 75% responderam que concordavam, porém 25%

discordou totalmente, visto que este voluntário não conseguiu manipular a bola com a luva do

estudo. Quanto ao questionamento se a luva foi de fácil colocação, 100% dos voluntários

responderam que era indiferente, visto que é o técnico que coloca a órtese em sua mão.

Em relação aos pontos positivos da órtese do estudo, diferentes opiniões foram dadas.

O voluntário 1 respondeu que “a luva permite arremessos de curta, média e longa distância”;

o voluntário 2 relatou que “não teria condições de avaliar, visto que não conseguiu executar

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

65

nenhum movimento com a luva”; para o voluntário 3, a mesma “dá estabilidade para os dedos

sem travar o punho”; e o voluntário 4, afirmou que “é leve e confortável de usar”.

Sobre os pontos negativos da luva, 3 voluntários responderam que a luva não dá a

estabilidade necessária aos dedos para fazer arremesso de bolas fortes e 1 voluntário disse

que a parte a parte de fixacao nos dedos é muito curta, não dando a estabilidade necessária

para que ele manipulasse a bola, visto que seus dedos são flácidos.

Quando questionado sobre o que mais gostou em relação ao equipamento que ele já

utiliza, o voluntário 1 respondeu “que era difícil comparar e responder, pois a luva dele foi feita

sob medida e que ele sentia que a luva construída ainda precisava proporcionar maior

estabilidade na mão para executar todas as jogadas que a Bocha requer”, o voluntário 2, que

“seus dedos são muito flácidos, e que a sua luva era feita em couro e que cobria todos os

dedos para fazer o encaixe da bola de maneira adequada”; o voluntário 3, que “não usava luva

mas que havia gostado da experiência e que sentiu mais segurança em fazer os arremessos

usando a órtese do estudo”; o voluntário 4, que “a luva não estabiliza o punho, dando a ele

maior recurso para fazer bola aérea”.

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

66

6 DISCUSSÃO

Para Vieira e Campeão (2012) a bocha é uma atividade na qual, indivíduos com

grau de deficiência motora severa podem participar e desenvolver um elevado nível

de habilidade motora. O jogo permite o uso das mãos, dos pés ou de instrumentos e

auxílio para atletas com grande comprometimento nos membros superiores e

inferiores.

Segundo Huang et al. (2014), o arremesso da bocha adaptada envolve o

controle da posição de ombros, cotovelo e punho para que seja possível controlar a

trajetória e a velocidade de rolamento da bola.

Llauró (1999) avaliou a eficiência do arremesso por cima e do arremesso por

baixo. Para analisar os arremessos foi solicitado que o atleta arremessasse a bola de

4 formas: por baixo com balanço prévio, por baixo sem balanço prévio, por cima com

balanço prévio e por cima sem balanço prévio. Este estudo concluiu que o arremesso

por baixo com balanço prévio foi a técnica mais satisfatória.

Outra evidência encontrada que indica que os arremessos por baixo são mais

eficientes, foi apresentada pelo autor Sirera (2011). O autor afirma que a soltura da

bola no momento adequado é prejudicada nos arremessos realizados por cima.

Analisando os três estudos acima citados, pode-se dizer que a nomenclatura

rolar, utilizada por Lourenço (2013) condiz com o gesto motor intitulado como

arremesso por baixo, utilizado por Llauró (1999) e Sirera (2011).

Esses três estudos reforçam a posição do membro superior adotada para a

confecção da órtese para este estudo: arremesso por baixo com o braço em

supinação, a partir do movimento pendular do ombro.

A órtese foi confeccionada baseando-se na ação de tenodese de punho que

proporciona a funcionalidade da mão, visto que à medida que o punho é estendido, o

polegar e os demais dedos se flexionam automaticamente em virtude do alongamento

imposto aos músculos flexores dos dedos. A tenodese é um tipo de sinergia na qual

a extensão do punho provoca uma flexão dos dedos (fechamento para segurar

objetos) e uma flexão do punho provoca uma extensão dos dedos (abertura para soltar

objetos) (HARVEY et al., 2010).

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

67

A primeira versão testada não suportou o peso da bola durante o movimento

pendular, ou seja, somente a tenodese não proporcionou tensão suficiente para

proporcionar funcionalidade da luva e segurar a bola para executar um arremesso.

Segundo Pinto e Campos (2000) a tenodese é bastante limitada, principalmente

para a manipulação de objetos mais densos, isso por que ela é devida, entre outros

fatores, à tenses passivas nos tendes e ligamentos dos dedos e a bola de Bocha

pesa 275 gramas (BISFED, 2013).

Para Ferreira (2012), os pacientes que possuem força muscular grau 3 ou maior

possuem uma lesão C6 e conseguem fazer a preensão e manipulação de objetos pelo

uso da tenodese possuindo melhor função do que pessoas com nível de lesão C5,

demonstrando que os extensores do punho desempenham um importante papel na

independência e em qualquer função. Como o voluntário que realizou o teste funcional

tem uma lesão C5, alterações no desenho da órtese foram necessárias.

Desta forma, fez-se uma fixação do polegar no punho através de uma

amarração em 8 e o tracionamento dos dedos mínimo e indicador na posição de flexão

e fixados no punho através de vélcros, proporcionando à mão a funcionalidade

desejada para que a bola pudesse ser arremessada a partir de movimentos

pendulares do ombro.

O corpo humano pode ser definido fisicamente como um complexo sistema de

segmentos articulados em equilíbrio estático ou dinâmico, onde o movimento é

causado por forças internas atuando fora do eixo articular, provocando deslocamentos

angulares dos segmentos, e também por forças externas ao corpo (AMADIO E

SERRÃO, 2007).

Entre todos os aspectos envolvidos na avaliação clínica do membro superior, a

análise cinemática é uma ferramenta que tem sido amplamente utilizada na prática

clínica. Ela estuda o movimento dos corpos independentemente se suas causas,

descrevendo e quantificando posições angulares, por meio de sistemas de captura de

movimentos (RICCI et al., 2014).

Outra evidência encontrada que indica que os arremessos por baixo são mais

eficientes do que os realizados por cima, foi apresentada pelo autor Sirera (2011).

Este autor afirma que a soltura da bola no momento adequado é prejudicada nos

arremessos realizados por cima.

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68

A escolha da atividade para a análise cinemática é de extrema importância. Em

geral, recomenda-se que a tarefa reflita a situação específica analisada (FERREIRA,

2012).

No esporte, a análise cinemática é usada para analisar as causas e parâmetros

relacionados ao movimento esportivo, além de fazer a caracterização e otimização

das técnicas do movimento (AMADIO e SERRÃO, 2007).

A partir da análise cinemática do arremesso das bolas de bocha, pode-se

observar uma pequena extensão do cotovelo quando o voluntário fez os arremessos

sem uso de qualquer tecnologia assistiva. Nessa sequência de arremessos, a bola

ficou muito distante do alvo.

Segundo as regras oficiais do jogo, a sua finalidade principal é a mesma da

bocha convencional, ou seja, encostar o maior número de bolas na bola branca alvo,

também denominada “Jack” (BISFED, 2013).

Na análise cinemática dos arremessos onde o voluntário fez uso de alguma

órtese, o cotovelo ficou mais estendido e as bolas foram arremessas com maior

precisão. Os resultados obtidos tanto com a luva do voluntário quanto com a luva

confeccionada para o estudo, foram bem semelhantes, pois em ambas sequencias,

houve um número expressivo de bolas próximas ao alvo.

Segundo Campeão e Oliveira (2006), o jogo de bocha requer planejamento e

estratégia na tentativa de colocar o maior número de bolas próximo da bola alvo, ter

uma boa performance na realização dos arremessos é fundamental no

desenvolvimento das jogadas e no sucesso da partida.

Estudos apontaram que a equação que determina a distância final de um bom

arremesso depende da altura e também da velocidade desse arremesso e que quanto

maior a parábola feita pelo implemento arremessado, menor a distância percorrida por

ele (Lenz e Rappl, 2010).

Llauró (1999), em seus estudos sobre a biomecânica dos lançamentos da

Bocha, para melhores resultados dos arremessos, observou-se que a técnica de

lançamento inferior com pronação do antebraço obtiveram os melhores resultados.

No teste de exatidão realizado com os voluntários do estudo, quando a bateria

foi feita sem qualquer tipo de órtese, 3 voluntários conseguiram executar os

movimentos, finalizando o teste, porém o voluntário com nível motor C4-C5 não

conseguiu realizar o teste por não conseguir segurar a bola, visto que sua lesão é

mais alta que a dos demais.

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

69

As características da lesão nível motor C4-C5 são: força normal dos músculos

deltide e peitoral maior (fibras superiores), fraqueza em toda parte da cintura

escapular, os músculos peitorais maiores (fibras inferiores) e grande dorsal devem ter

grau 3 ou menos de força muscular e tríceps sem força muscular, desta forma a função

da mão fica muito limitada. A rotação escapular tem importante função para atingir a

extensão do cotovelo em pacientes com paralisia ou fraqueza do tríceps braquial.

Estudos indicam que os pacientes com paralisia do tríceps braquial utilizam de outros

padrões musculares para realizarem alcance (FERREIRA, 2012).

Na técnica de lançamento com movimento pendular de ombro o músculo

tríceps braquial é ativado no momento do balanço e auxilia no controle do movimento

do lançamento, sendo o músculo bíceps braquial responsável pelo controle da

liberação da bola (LLAURÓ, 1999).

As zonas de lançamento 1 e 5 são as áreas mais próximas, que demandaram

arremessos de curta distância. Nas médias das distâncias entre os arremessos de 3

voluntários, o voluntário 3 obteve as menores distâncias. Este voluntário não usa

qualquer tipo de órtese para jogar, sendo assim, este movimento já está devidamente

treinado.

Arremessos da bola de bocha foram objetos de pesquisa de Llauró (1999), que

concluiu que os melhores resultados foram obtidos nos arremessos de curta distância.

As zonas de lançamento 2, 4 e 6 caracterizam arremessos de média distância.

Mais uma vez o voluntário 3 se destaca, obtendo o maior índice de aproximação das

bolas.

Nas zonas de lançamentos longos são 3 e 7, houve também uma superioridade

do voluntário 3. Neste tipo de arremesso há uma dificuldade de aproximação da bola

alvo, tanto do voluntário 1 quanto o voluntário 4 usam órtese para jogar, ficando em

média 330 cm de distância nos arremessos sem qualquer tipo de órtese, o que torna

este arremesso pouco eficiente para a performance da modalidade.

Para Valente (2005), a principal característica do atleta da classe BC4 é a falta

de força e flexibilidade e os dados encontrados nos arremessos de longa distância

sem uso de qualquer tipo de órtese dos voluntários corroborou esses achados.

Quando os voluntários executaram a bateria de teste usando a sua própria

órtese, os resultados dos arremessos de curta distância tiveram uma boa exatidão,

sendo que o voluntário 4 obteve as melhores médias, inclusive diversas bolas foram

coladas na bola alvo. O voluntário 3 não executou essa bateria porque não faz uso de

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

70

órtese para competir. Nos arremessos de média distância, a zona 2 foi onde os

voluntários obtiveram os melhores resultados. Para arremessos de longa distância, a

exatidão das bolas foi bastante superior aos arremessos sem uso de órtese e apenas

o voluntário 4 obteve média superior a 100 cm, deixando todos os voluntários com

uma performance melhor.

Elui et al. (2001) definem órtese como um dispositivo que é usado para obter

uma determinada função, para o atleta tetraplégico da classe BC4 da Bocha esta

função é a possibilidade de executar o arremesso de forma pendular, melhorando sua

performance quando há necessidade de jogar nas diversas zonas de lançamento da

quadra. Esta funcionalidade foi representada principalmente nos arremessos de longa

distância, onde há necessidade do uso de força, que nesse atleta se encontra

diminuída.

Na última bateria de teste, os voluntários fizeram uso da órtese construída para

esse estudo, porém o voluntário 2 não conseguiu realizar a manipulação da bola, pois

a parte de fixação dos dedos da órtese era curta, cobrindo apenas a falange proximal

e como os seus dedos são flácidos, ele usa uma órtese que faz fixação em todas as

falanges de todos dos dedos da mão, para uma adequada manipulação o material.

O voluntário 1 obteve melhores resultados nos arremessos curtos apenas

usando a órtese que já fazia parte do seu treinamento, pois os resultados obtidos com

a órtese do estudo foram piores até mesmo quando comparados aos arremessos sem

o uso de qualquer tipo de tecnologia assistiva. Nos arremessos de média distância, o

voluntário 1 obteve resultados melhores com a órtese confeccionada para o estudo,

sobressaindo seus resultados inclusive quando avaliado com a luva que ele já usava

para treinamento e jogo.

Já o voluntário 4 obteve melhoria dos resultados dos arremessos de curta

distância tanto com a órtese confeccionada para o estudo quanto com a órtese que já

fazia parte do seu treinamento, sendo que esta obteve resultados mais expressivos.

Este voluntário, na zona de lançamento 4, ou seja, nos arremessos de média

distância, também obteve resultados melhores com o uso da órtese do estudo.

Nos arremessos de longa distância, tanto o voluntário 1 quanto o voluntário 4

melhoraram seus resultados com o uso de algum tipo tecnologia assistiva, mas o

voluntário 1, obteve uma maior aproximação da bola alvo para estes arremessos com

o uso da órtese do estudo.

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

71

O que pode ser observado é que os resultados obtidos tanto com o uso da luva

do atleta quanto com o uso da órtese do estudo foram bem semelhantes, mesmo pelo

fato de não ter sido proporcionado ao voluntário tempo para que o mesmo fizesse uma

adaptação a esse novo material e não havendo possibilidade de treinamento prévio.

O treinamento esportivo é uma atividade sistemática que visa promover

adaptações morfofuncionais responsáveis pelo aumento do desempenho atlético

(FREITAS et al., 2013).

Reportando os aspectos do treino para a Bocha, sabe-se que os atletas

apresentam uma condição física baixa, proveniente das exigências da modalidade na

execução de determinados lançamentos (VALENTE, 2005). Para o autor, o trabalho

técnico da Bocha baseia-se no desenvolvimento e aperfeiçoamento da força, direção

e exatidão dos lançamentos.

Baseados nos conceitos apresentados, a falta de tempo de treinamento

adequado para a adaptação ao implemento pode ter sido determinante para que as

distâncias entre as bolas arremessadas e a bola alvo nas diversas zonas de

lançamento, pois apesar dos resultados serem próximos, os dados coletados com as

órteses que os voluntários já usavam na maioria das vezes foram melhores que os

obtidos com a órtese do estudo.

Esta falta de tempo para treinamento com a órtese construída para o estudo

também se reflete na ficha de avaliação da órtese, pois quando os voluntários colocam

os pontos que mais gostaram com relação aos da luva que já usavam, um dos

quesitos abordados pelos voluntários foi justamente a questão da dificuldade de se

comparar, pois eles já estavam habituados aos implementos usados e que não houve

tempo suficiente de uso para fazer uma adequada avaliação.

Os estudos realizados com atletas paralímpicos tem grandes desafios

metodológicos. Muitos estudos não têm randomização e poucos têm grupos de

controle contra os quais possam ser feitas comparações. Não há cientistas suficientes

que compreendem o atleta com uma deficiência que conduz à fragmentação na

literatura científica. A agenda de investigação está sendo conduzida por um pequeno

grupo de cientistas interdisciplinares que parecem ser os únicos que rotineiramente

têm acesso a atletas de elite, conduzindo a lacunas no conhecimento. A interface

atleta/equipamentos esportivos é extremamente complexa e exige uma abordagem

multidisciplinar para estudar todas as variáveis envolvidas (DYER, 2015).

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

72

Nesse estudo não foi diferente, o número de atletas praticantes da modalidade

que se enquadrassem nos critérios de inclusão eram baixos. Porém a órtese

construída para este estudo atende aos princípios fundamentais do Comitê

Paralímpico Internacional sobre o uso de equipamentos utilizados durante

competições e eventos homologados e nos Jogos Paralímpicos no que tange a

universalidade (IPC, 2011), pois como ela foi confeccionada em vélcro, se adapta aos

diversos tamanhos de mão e pode ser feita com baixo custo e grande escala,

garantindo o acesso a um número suficientemente grande de atletas no esporte.

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE FUNCIONAL DE MEMBRO SUPERIOR ...

73

7 CONCLUSÃO

O estudo possibilitou o desenvolvimento de uma órtese a fim de auxiliar o atleta

tetraplégico da classe BC4 da Bocha. Confeccionada com o objetivo de posicionar a

mão do tetraplégico de forma que ele pudesse arremessar a bola a partir de

movimentos pendulares de ombro.

Dois desafios foram encontrados no desenrolar do estudo. O primeiro no que

tange ao projeto conceitual da órtese, que teve que sofrer mudanças a partir de testes

feitos com os voluntários. O segundo no que diz respeito à necessidade de um maior

tempo de treinamento com a órtese para obter resultados mais fidedignos.

Como próximos passos, sugere-se a realização dos testes a partir de uma

programação de treinamento e adaptação do atleta ao novo implemento,

correlacionando um tempo maior de uso do material e a sua melhora na exatidão dos

arremessos.

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74

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APÊNDICE A - Ficha de anotação dos dados

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Ficha de anotação dos dados

Dados de arremesso sem órtese

Distância 1

Distância 2

Distância 3

Distância 4

Distância 5

Distância 6

Distância 7

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83

Dados de arremesso com a órtese já usada

Distância 1

Distância 2

Distância 3

Distância 4

Distância 5

Distância 6

Distância 7

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84

Dados de arremesso com a órtese construída

Distância 1

Distância 2

Distância 3

Distância 4

Distância 5

Distância 6

Distância 7

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85

APÊNDICE B: Ficha para avaliação da órtese construída

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86

Ficha para avaliação da órtese construída

1. A órtese funcional foi de fácil colocação?

( ) concordo totalmente

( ) concordo parcialmente

( ) indiferente

( ) discordo parcialmente

( ) discordo totalmente

Observações:

________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________2. A órtese funcional foi de fácil adaptação para o manuseio das

bolas de Bocha?

( ) concordo totalmente

( ) concordo parcialmente

( ) indiferente

( ) discordo parcialmente

( ) discordo totalmente

Observações:

________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________3. A órtese funcional foi de fácil utilização para o jogo?

( ) concordo totalmente

( ) concordo parcialmente

( ) indiferente

( ) discordo parcialmente

( ) discordo totalmente

Observações:

________________________________________________________________

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87

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________4. Destaque os pontos positivos da órtese funcional?

___________________________________________________________________

________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________

5. Destaque os pontos negativos da órtese funcional?

___________________________________________________________________

________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________

6. O que mais gostou em relação ao equipamento que você já usava?

___________________________________________________________________

________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________________

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88

APÊNDICE III - Termo de consentimento livre e esclarecido

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado, _________________________________________________, o

Sr.(a) está sendo convidado como voluntário (a) a participar da pesquisa intitulada:

“Desenvolvimento de rtese de membro superior para atletas tetraplégicos praticantes

de bocha paralímpica da classe BC4” desenvolvida pela aluna Lucyana de Miranda

Moreira e sob orientação da Profa. Silvia Regina M. S. Boschi da Universidade de

Mogi das Cruzes.

O objetivo desta pesquisa será construir uma órtese de mão para atletas com

sequela de lesão medular jogadores de Bocha da Classe BC4, permitindo que eles

façam arremessos a partir do movimento de pêndulo do braços, tornando-os mais

competitivos. Para a coleta dos dados, inicialmente será feito um molde de gesso da

sua mão de arremesso, para a confecção da órtese no tamanho adequado. Assim

que a órtese estiver pronta, o Sr (a) passará por um teste funcional para avaliar se tal

implemento terá seu objetivo principal alcançado, ou seja, se a órtese permitirá o

posicionamento da mão de forma que possibilite arremessar a bola de Bocha a partir

de movimentos pendulares de ombro. Em seguida serão agendados de acordo com a

sua disponibilidade 3 dias para testes. Na primeira etapa, o sr (a) realizará a sequência

dos arremessos sem o uso de qualquer Tecnologia Assistiva; na segunda etapa,

realizará sequências de arremessos usando qualquer Tecnologia Assistiva que já faça

parte do seu treinamento; na terceira etapa, o teste se repetirá usando a órtese

confeccionada. Todas os testes serão realizados em quadra própria para a

modalidade.

Não há risco previsível que possa comprometer a sua saúde durante essa

pesquisa e porém ela trará benefícios diretos aos participantes, pois sendo

comprovada a funcionalidade do implemento em questão, esta órtese poderá ser

utilizada imediatamente pelo atleta.

Você será esclarecido sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você

é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a

participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em

participar não irá acarretar qualquer penalidade.

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90

Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de

sigilo. Os resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão

confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será

liberado sem a sua permissão. Você não será identificado em nenhuma publicação

que possa resultar deste estudo.

A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível

nenhuma compensação financeira adicional.

Esta pesquisa está sendo desenvolvida de acordo com as

normas e diretrizes de pesquisa envolvendo seres humanos, atendendo a Resolução

466/12 do Conselho Nacional de Saúde- Brasília - DF.

Eu, _________________________________________________ fui informado

dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci minhas

dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar

minha decisão se assim o desejar.

Eu discuti com a pesquisadora Lucyana de Miranda Moreira sobre a minha

decisão em participar. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os

procedimentos a serem realizados e as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que a minha participação é isenta

de despesas.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer hora, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou

prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. A minha

assinatura neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE dará

autorização ao patrocinador do estudo, ao Comitê de Ética, e a organização

governamental de saúde de utilizarem os dados obtidos quando se fizer necessário,

incluindo a divulgação dos mesmos, sempre preservando minha privacidade.

Esse termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma

permanecerá em meu poder e a outra com os pesquisadores. “Assino o presente

documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma em minha posse.”

__________________________, ______ de ________________ de ________.

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91

(Local) (dia) (mês) (ano)

________________________________________________________________

Assinatura do participante Data

________________________________________________________________

Assinatura do pesquisador Data

__________________________________________________________________

Assinatura da testemunha Data

Lucyana de Miranda Moreira

Tel.: (11) 97343-9190

Comitê de Ética em Pesquisa - Universidade de Mogi das Cruzes - Prédio II, Sala 21-

21 1º andar - TEL: (11) 4798-7085

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ANEXO A – Autorização da instituição TRADEF para realização da pesquisa

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AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO TRADEF PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

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ANEXO B – Autorização da instituição SESI-SP para realização da pesquisa

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AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO SESI-SP PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA