Desenvolvimento de Uma Metodologia Para Gestão Do Conhecimento Em Uma Empresa de Construção Civil

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JOSÉ RENATO SÁTIRO SANTIAGO JÚNIOR O Desenvolvimento de uma Metodologia para Gestão do Conhecimento em uma Empresa de Construção Civil Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Engenharia. SÃO PAULO 2002

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Desenvolvimento de Uma Metodologia Para Gestão Do Conhecimento Em Uma Empresa de Construção Civil

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  • JOS RENATO STIRO SANTIAGO JNIOR

    O Desenvolvimento de uma Metodologia para Gesto do Conhecimento em uma

    Empresa de Construo Civil

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia.

    SO PAULO 2002

  • JOS RENATO STIRO SANTIAGO JNIOR

    O DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA GESTO DO CONHECIMENTO EM UMA

    EMPRESA DE CONSTRUO CIVIL

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia.

    So Paulo 2002

  • JOS RENATO STIRO SANTIAGO JNIOR

    O DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA GESTO DO CONHECIMENTO EM UMA

    EMPRESA DE CONSTRUO CIVIL

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia. rea de Concentrao: Engenharia de Produo Orientador: Prof. Dr. Mauro Spnola

    So Paulo 2002

  • FICHA CATALOGRFICA

    Santiago, Jos Renato Stiro Jnior O Desenvolvimento de uma Metodologia para Gesto do Conhecimento em

    uma Empresa de Construo Civil. So Paulo, 2002. 127p.

    Dissertao (Mestrado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

    Departamento de Engenharia de Produo.

    1.Tecnologia da Informao 2.Gesto do Conhecimento I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de

    Produo. II.t.

  • Aos meus avs Felipe, Noelzinda, Osvaldo e Ruth

    que me presentearam com as pessoas que

    dedicaram suas vidas para a sua famlia, meus

    pais: Jos Renato e Maura.

  • AGRADECIMENTOS

    Gostaria de expressar meus agradecimentos a todas aquelas pessoas que contriburam

    para este trabalho, e particularmente:

    Ao Professor Mauro Spnola, orientador desta dissertao, pela ateno, apoio e

    pacincia. Sua orientao foi essencial para o desenvolvimento deste trabalho.

    todos os professores do Departamento de Engenharia de Produo com os quais pude

    aprender.

    Aos meus colegas estudantes de mestrado e doutorado, em especial ao amigo Davi

    Nakano.

    Aos meus colegas de trabalho Carlos Reynaldo Camerato e Curt Herweg, pessoas que

    muito me apoiaram para a realizao deste mestrado.

    minha colega Daniela Almeida Fernandez cujas contribuies foram muito

    importantes para o desenvolvimento do meu trabalho.

    todos os meus familiares, em especial ao meu primo Cludio Prata Santiago que

    serviu de modelo para que eu seguisse com minha inteno de fazer este mestrado.

    Aos meus irmos Adriano, Alexandra e Fbio por me darem uma base familiar slida

    construda com muito amor e compreenso, e aos meus sobrinhos Bruna, Felipe e

    Mariana, meus filhos de corao.

    Nilcia, minha paciente parceira e constante incentivadora deste trabalho.

    Aos meus pais Jos Renato e Maura pelo apoio, incentivo e pelo que eles representam na

    minha vida: TUDO.

  • SUMRIO

    LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS RESUMO ABSTRACT

    1. INTRODUO 1

    1.1. Justificativa 1

    1.2. Objetivo 2

    1.3. Mtodo de Pesquisa 3

    2. REVISO BIBLIOGRFICA 6

    2.1. O Novo Cenrio Corporativo 6

    2.2. Imprevistos Iniciais com as Tecnologias de Informao 8

    2.3. O Conhecimento nas Organizaes 10

    2.4. A Criao e o Registro do Conhecimento 22

    2.5. Mapeamento do Conhecimento 25

    2.6. Disseminao do Conhecimento na Organizao 27

    2.7. Infra-Estrutura Tecnolgica 31

    2.8. Eficincia na Gesto do Conhecimento 38

    2.9. Cenrio da Gesto do Conhecimento na Construo Civil 42

    3. PESQUISA-AO 48

    3.1. Empresa 48

    3.2. Metodologia para Gesto do Conhecimento 55

    3.3. Levantamento dos conhecimentos tcnicos necessrios para o

    desenvolvimento dos projetos da empresa 64

    3.3.1. Matriz 1: Conhecimentos Necessrios x

    Responsabilidades 64

    3.3.2. Matriz 2: Identificao das Responsabilidades nas

    Gerncias 67

  • 3.3.3. Matriz 3: Mapeamento na Diretoria de Engenharia 68

    3.4. Definio de um plano de capacitao e encarreiramento

    tcnico 69

    3.5. Disseminao das competncias tcnicas nas reas de projeto 71

    3.6. Resgate do Conhecimento Explcito da empresa 74

    3.6.1. Diagnstico da Biblioteca 74

    3.6.2. A Criao do Centro de Conhecimento Tcnico 77

    3.7. Desenvolvimento de uma Estrutura Analtica do Conhecimento

    de Engenharia 78

    3.8. Estruturao de um sistema para guarda, recuperao, atuali-

    zao e difuso do Conhecimento 79

    3.8.1. Tecnologia Utilizada 80

    3.8.2. Difuso do Conhecimento 82

    3.8.3. Metodologia de Desenvolvimento do Aplicativo 87

    3.8.4. Funcionamento do Aplicativo Saber Tcnico 89

    3.9. Definir uma estrutura de levantamento e registro do

    conhecimento prtico (tcito) 94

    3.10. Estudo de sistema de colaborao para integrao das empresas

    participantes dos projetos. 96

    3.10.1. Funcionalidade da Ferramenta de Colaborao 103

    3.11. Criao de uma poltica de incentivo ao registro e dissemi-

    nao do conhecimento tcnico existente na empresa. 104

    3.11.1. Prmio de Conhecimento 109

    4. CONCLUSO 113

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 119

    APNDICE

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1. Diferenciao entre Informao e Conhecimento 14

    Tabela 3.1. Matriz 1: Conhecimentos Necessrios x Responsabilidades 66

    Tabela 3.2. Matriz 2: Identificao das Responsabilidades nas Gerncias 67

    Tabela 3.3. Matriz 3: Mapeamento na Diretoria de Engenharia 68

    Tabela 3.4. Plano de Capacitao e Encarreiramento Tcnico 70

  • LISTA DE FIGURAS Figura 2.1. Diferenciao entre Informao e Conhecimento 17

    Figura 3.1. Organograma Original da Empresa 49

    Figura 3.2. Organograma Atual da Empresa 54

    Figura 3.3. Organograma da Diretoria de Engenharia 55

    Figura 3.4. Realidade do Fluxo de Projetos 97

    Figura 3.5. Colaborao nos Projetos 98

  • RESUMO

    O conhecimento tem se tornado um ativo de grande importncia para as

    organizaes modernas, por ser a principal matria-prima com a qual todas trabalham,

    sendo assim mais valioso e poderoso que qualquer outro ativo fsico ou financeiro.

    Esta pesquisa aborda os principais conceitos utilizados em organizaes que

    buscam, a partir de sua experincia e especializao, os conhecimentos necessrios para

    o desenvolvimento de novos projetos, servios e produtos. apresentada a maneira pela

    qual os processos de criao, registro e disseminao do conhecimento se tornaram

    fatores crticos para a sobrevivncia das grandes corporaes, bem como o papel que as

    tecnologias de informao tm exercido na gesto adequada do conhecimento.

    O trabalho tem a inteno de transmitir uma experincia prtica de um projeto de

    gesto do conhecimento, desenvolvido e gerenciado pelo autor, aos demais interessados

    pelo assunto.

    descrita a metodologia de trabalho utilizada para a gesto do conhecimento em

    uma empresa brasileira de construo civil, que contou com o envolvimento das reas de

    recursos humanos, de tecnologia de informao e de engenharia.

  • ABSTRACT

    Knowledge has become a very important asset to the modern organizations. It is

    the main resource used by all of them. According to this fact knowledge is more

    valuable and powerful asset than any other physical or financial asset.

    This research describes the most important concepts used by companies that seek,

    according to their experience and expertise, the necessary knowledge to develop new

    projects, services and products. It is shown how the creation, codification and

    dissemination processes became critical factors for the survival of big companies

    survival, as well as the role that the information technologies have played in adequate

    knowledge management.

    This text intends to convey a practical experience of a knowledge management

    project developed and managed by the author for the people who are interested in this

    subject.

    It describes the methodology used by a Brazilian civil construction company to

    manage its knowledge. This process has had the participation of the human resources,

    information technology and engineering areas.

  • 1

    1. INTRODUO

    1.1. Justificativa

    O papel de gerar toda a riqueza e poder da sociedade atual deixou de ser

    exclusividade dos fatores tradicionais de produo, tais como capital, terra e

    trabalho. Tal afirmao, por si s, j serviria para justificar o fato de muitas empresas

    terem um valor de mercado extremamente superior ao seu valor patrimonial.

    Isto ocorre devido ao fato de o valor de produtos e servios dependerem cada

    vez mais do percentual de inovao, tecnologia e inteligncia a eles incorporados.

    Estes fatores, por serem intangveis so de difcil gerenciamento e por tal motivo, a

    empresa que souber trat-los de forma eficiente, estar sempre em posio de

    destaque no seu mercado de atuao.

    Para atingir este intento, as empresas devem reconhecer, conforme STEWART

    (1997), que o conhecimento se tornou o ativo mais importante, e indispensvel, por

    ser a principal matria-prima com o qual todas trabalham, sendo assim mais valioso e

    poderoso que qualquer outro ativo fsico ou financeiro.

    Na rea da construo civil tal realidade tem ser tornado um fator de

    sobrevivncia das grandes corporaes, pois as grandes mudanas sofridas por este

    setor nos ltimos anos, entre as quais podemos destacar a mudana do cliente pblico

    para o cliente privado, exigem um melhor e maior uso de toda a experincia e

    conhecimento adquiridos por cada uma delas ao longo de toda sua existncia. de

    entendimento comum, que apenas este fato permitir o desenvolvimento de produtos

    e servios com custos mais competitivos e qualidade superior.

    Segundo MOURA (1999) o conhecimento sempre foi a principal fonte de

    crescimento econmico em longo prazo, desde a revoluo agrcola at os dias

    atuais, a diferena entre estas duas pocas recai no impacto proporcionado pelo

    intenso uso da tecnologia de informao. Foi ela que contribuiu de forma efetiva para

    a mudana em direo de uma economia baseada no conhecimento, ao possibilitar a

    transmisso e o acesso a um enorme volume de informaes disponveis.

    O uso da tecnologia de informao como arma estratgica e facilitadora para a

    gesto do conhecimento tem sido muito discutida. Atualmente, h grandes dvidas

  • 2

    sobre sua verdadeira eficcia, ainda mais pela necessidade de mudanas

    organizacionais na empresa e falta de evidncias que comprovem os ganhos

    significativos que so atribudas a sua utilizao.

    Isto fica ainda mais evidente, quando a gesto do conhecimento diz respeito a

    um ramo de atividade, como a construo civil, que tradicionalmente, no

    considerada como inovadora, e sim resistente a grandes mudanas e presa a uma

    srie de paradigmas tcnicos e tecnolgicos.

    1.2. Objetivo

    O objetivo deste trabalho apresentar os conceitos relativos criao, registro

    e disseminao do conhecimento em uma organizao, voltados para o

    desenvolvimento de novos projetos no ramo da construo civil.

    Para isto so levantadas questes de nvel organizacional relativas ao

    comportamento dos colaboradores das empresas e de sua alta administrao, de

    forma a potencializar todos os processos relacionados utilizao do know-how j

    existente na organizao na busca de desenvolvimento de produtos e servios com

    custos mais baixos, tempo de durao mais curto e qualidade superior.

    Alm das questes organizacionais, sero tratadas, tambm, aquelas

    relacionadas ao uso de ferramentas de tecnologia de informao como elemento

    facilitador para o adequado gerenciamento deste acervo de conhecimento. Para isto

    foi pesquisada a integrao de todas as aes e cuidados que devem ser tomados para

    o desenvolvimento de mudanas na cultura organizacional atreladas ao uso de

    tecnologia de informao em uma grande corporao, brasileira, do ramo da

    construo civil.

    Tambm ser destacada importncia ao fato que grande parte do conhecimento

    necessrio para o desenvolvimento de novos projetos j estar presente na prpria

    empresa, o que significa dizer que a gesto do conhecimento no se limita criao

    de novos conhecimentos, mas tambm organizao daquele existente, mas no

    utilizado de forma adequada. Sendo assim, a pesquisa procura apresentar, como uma

    grande corporao pode resgatar e utilizar o conhecimento adquirido nos projetos j

    desenvolvidos a partir de aes de pouco impacto junto a seus colaboradores.

  • 3

    Por fim, ser enfocado o quanto todo este processo de gerenciamento do know-

    how da organizao deve estar atrelado com os objetivos estratgicos por ela

    traados. Para isto foi utilizada a ferramenta QFD (Quality Function Deployment), a

    partir do momento que estas metas podem ter grande influncia nas atividades

    desenvolvidas nos projetos da empresa.

    A hiptese central do trabalho a de que possvel o desenvolvimento de uma

    metodologia para gesto do conhecimento em uma empresa do ramo da construo

    civil, e a partir de sua implantao obter melhorias na qualidade dos servios

    realizados e reduo do tempo de execuo dos projetos.

    Tambm considerada uma hiptese do trabalho que o uso de ferramentas de

    tecnologia da informao adequadas atrelado ao desenvolvimento de atividades que

    renam os profissionais pode ajudar, de forma eficaz, a reutilizao de

    conhecimentos e experincias, adquiridos anteriormente, no desenvolvimento de

    novos projetos.

    1.3. Mtodo de Pesquisa

    Conforme BRYMAN (1989) h duas abordagens para a pesquisa

    organizacional: a qualitativa e a quantitativa. A quantitativa toma como base as

    consideraes prvias sobre o assunto abordado, enquanto que a qualitativa busca o

    que importante para os agentes que atuam no universo pesquisado, sendo assim a

    maior diferena reside no fato de esta ltima, a qualitativa, dar maior importncia a

    perspectiva da pessoa que est sendo pesquisada. Para BRYMAN (1989), a pesquisa

    qualitativa tem as seguintes caractersticas:

    O pesquisador observa os fatos sob a ptica de algum interno

    organizao;

    A pesquisa busca uma profunda compreenso do contexto da situao;

    A pesquisa enfatiza o processo dos acontecimentos, isto , a seqncia

    dos fatos ao longo do tempo;

    O enfoque da pesquisa mais desestruturado, no h hipteses fortes no

    incio da pesquisa o que d maior flexibilidade;

    A pesquisa emprega mais de uma fonte de dados.

  • 4

    Para o desenvolvimento da dissertao em questo torna-se necessrio o

    conhecimento da importncia do papel da tecnologia de informao nos processos

    desenvolvidos pelas organizaes, sendo assim a pesquisa deve adotar uma

    abordagem qualitativa.

    Conforme NAKANO & FLEURY (1996), os mtodos mais ligados pesquisa

    qualitativa so a pesquisa participante e a pesquisa-ao, que so mtodos bastante

    similares com pequenas diferenas em suas caractersticas. Basicamente, a pesquisa-

    ao, segundo WESTBROOK (1995), conta com a participao de um pesquisador

    que desempenha um papel ativo nesta, no sendo um observador independente, mas

    sim um participante que tambm exerce o papel de avaliador do processo.

    Segundo BRYMAN (1989), a pesquisa-ao um mtodo de pesquisa onde o

    pesquisador um participante na implantao de um sistema, no sendo um

    observador independente, que tambm avalia a tcnica de implantao. Ele se torna

    parte do sistema que est sendo estudado com o real propsito de resolver o

    problema apresentado. Esta orientao parece envolver uma falta de imparcialidade,

    no entanto a pesquisa-ao est explicitamente interessada em desenvolver

    descobertas que possam ser aplicadas nas organizaes.

    Para THIOLLENT (1997), a pesquisa-ao do tipo participativa, uma vez que

    a participao das pessoas implicadas nos problemas investigados absolutamente

    necessria. Alm desta questo, outra condio necessria para a realizao da

    pesquisa-ao que a iniciativa de pesquisa deve partir de uma demanda de pessoas

    ou grupo de pessoas que no ocupam as posies de topo na organizao.

    Outro tipo de pesquisa que tem sido enquadrada no grupo de mtodos

    qualitativos a de estudo de casos que tem como principal caracterstica o maior

    foco na compreenso dos fatos do que necessariamente na sua mensurao. O

    mtodo de estudo de caso se prope a investigao de um fenmeno dentro de seu

    contexto real, e que os limites entre eles, o fenmeno e o contexto, no so notados.

    Outra caracterstica do estudo de casos o fato de utilizar vrias fontes de dados, tais

    como entrevistas, arquivos, documentos, observao, dentre outras.

    Mediante estes conceitos apresentados e a participao direta do pesquisador

    na resoluo do problema estudado, o mtodo de pesquisa-ao se mostrou o mais

    adequado para a pesquisa a ser realizada. Segundo THIOLLENT (1997) a prtica

  • 5

    deste mtodo nas organizaes requer a clara definio de objetivos em termos de

    pesquisa e de ao.

    As informaes foram coletadas a partir de registros histricos e relatrios

    gerenciais das atividades desenvolvidas na empresa em estudo, bem como mediante

    anlise do pesquisador que foi um dos responsveis pela equipe que desenvolveu a

    soluo do problema em questo.

  • 6

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    O assunto bsico da pesquisa se baseia na estruturao de uma metodologia

    para gesto do conhecimento em uma organizao de construo civil, por tal

    motivo, foi decidido apresentar, inicialmente, alguns conceitos atuais sobre o cenrio

    referente a este assunto nas organizaes em geral.

    Posteriormente realizada uma descrio sobre os imprevistos causados pela

    implantao de ferramentas de tecnologia de informao voltadas para o

    gerenciamento do conhecimento, sem a devida organizao e entendimento dos

    conceitos associados a este gerenciamento.

    Aps a exposio destas questes, so detalhados os conceitos de gesto do

    conhecimento utilizados no mundo corporativo e realizada uma anlise das

    resistncias a serem combatidas. Posteriormente apresentado como as tecnologias

    de informao podem ser utilizadas para uma gesto de forma eficiente e voltada

    para a melhoria contnua de uma organizao.

    Na ltima parte da reviso bibliogrfica, apresentado como estes conceitos e

    tecnologias esto sendo implantadas e utilizadas nas empresas do ramo da construo

    civil.

    2.1. O Novo Cenrio Corporativo

    A maior rapidez com que as atividades devem ser desenvolvidas , sem dvida,

    a grande mudana a qual as empresas, das mais variadas reas de atuao, tm que se

    submeter para continuarem competitivas em seu mercado. Tal fato se deve,

    principalmente, ao fato de elas terem passado a ter preocupaes maiores com seus

    parceiros e clientes.

    Desde o incio da dcada de 90 com a abertura do mercado brasileiro aos

    demais pases, as empresas de uma maneira geral passaram a considerar o cliente

    como o principal objetivo a ser atendido pelo processo produtivo e no mais o

    produto resultado deste. Diante de tal fato, passou a ser de vital importncia observar

    todas as aes tomadas por seus concorrentes, definir estratgias de atuao, criar

    redes de distribuio e estudar os ciclos de vida de produtos e servios.

  • 7

    Uma vez que as empresas precisam dar respostas em tempos mais curtos, ento

    por que no estudar as aes e decises feitas no passado e verificar se estas podem

    ser novamente utilizadas? No seria positivo analisarmos os erros do passado, para

    evitar que ocorram novamente? Bem como repetir as atividades bem sucedidas? Para

    que uma organizao possa aprender com o seu passado necessria que esteja

    estruturada adequadamente, pois de tal maneira, o aprendizado ser feito de forma

    natural, o que agregar valor aos seus produtos e servios.

    A maior parte do conhecimento que uma organizao necessita para se manter

    competitiva, ela j possui, no entanto est, por vrios motivos, inacessvel. A criao

    de um ambiente propcio para identificar, criar e disseminar o conhecimento ir

    agregar valor a empresa e a colocar em rumo de suas metas.

    Os valores intangveis que agregam valor maioria dos produtos e servios so

    baseados em conhecimento. Entre eles podemos citar: know-how tcnico, projeto de

    produto, entendimento do cliente, criatividade pessoal e inovao. exatamente na

    medio destes valores intangveis, onde se encontra a maior dificuldade de uma

    organizao, uma vez que ao contrrio dos estoques financeiros e materiais, o valor

    econmico do conhecimento no facilmente compreendido, classificado e medido,

    por ser um recurso invisvel.

    O valor de uma organizao est cada vez mais desvinculado de seu valor de

    mercado, ainda mais devida a extrema dificuldade de mensurao de valores de seus

    ativos intangveis. Esta dificuldade leva o mercado a considerar as taxas de

    investimento em conhecimento como um indicador importante, o que pode explicar o

    fato de algumas empresas de lucratividade relativamente baixa terem preferncia nos

    mercados de ao em detrimento de outras que possuem maior lucratividade, mas

    baixas taxas de investimento em conhecimento. O valor de mercado das empresas

    tende a ser muito maior do que o valor patrimonial, em virtude de seus valores

    intangveis, que tendem a ter uma importncia muito maior em empresas baseadas no

    conhecimento.

    Convm ressaltar que uma das grandes caractersticas associadas ao

    conhecimento o fato de ele ser altamente reutilizvel, sendo que quanto mais

    utilizado e difundido, maior o seu valor, e ao contrrio dos demais recursos

  • 8

    materiais, o efeito depreciao funciona ao contrrio, pois a depreciao ocorre

    exatamente quando o conhecimento no utilizado.

    HANDY (1994) identificou nove paradoxos principais no intuito de explicar

    como a nossa sociedade funciona. Para ele, os paradoxos no devem ser resolvidos,

    mas sim controlados, pois como a prpria definio diz, estes so conceitos que so

    ou parecem contrrios ao comum, pelo menos aparentemente, ao mesmo tempo em

    que parecem ser companheiros do progresso econmico. Entre os nove paradoxos

    identificados, convm enfatizar, o paradoxo da inteligncia:

    A inteligncia o novo tipo de ativo. No se comporta como os outros

    tipos de ativos e nisso reside o paradoxo. Ao contrrio dos outros bens, a

    inteligncia no pode ser dada de presente e ser sempre conservada,

    mesmo que compartilhada. Tambm no possvel possuir a inteligncia de

    outra pessoa, por mais que se seja dono da empresa na qual essa pessoa

    trabalha. Se a pessoa sair da empresa e for para outra, levar consigo a

    inteligncia.

    Para HANDY (1994), a inteligncia concentrada, capacidade de adquirir e

    aplicar o conhecimento, e o know-how so as novas fontes de riqueza, sendo, no

    entanto, impossvel transmiti-los as demais pessoas por decreto. A boa notcia que

    tambm impossvel impedir que as pessoas consigam adquiri-los.

    Diante disto, o grande desafio montar uma estrutura para reutilizao do

    conhecimento existente na organizao, bem como meios para captao de novos. A

    grande dvida recai exatamente em saber o que deve ser considerado para ter sucesso

    neste intento.

    2.2. Imprevistos Iniciais com as Tecnologias de Informao

    Durante alguns anos, presumiu-se que a tecnologia poderia substituir a

    qualificao e o julgamento de um trabalhador humano experiente, o que claramente

    no se confirmou, pois o que alimenta o funcionamento de uma organizao o que

    seus funcionrios sabem, isto , seu conhecimento.

    Por volta da dcada de 60 do sculo passado, os sistemas de informaes j

    eram concebidos como uma nova tecnologia para otimizao de sistemas

  • 9

    computacionais, passados 20 anos, em meados da dcada de 80, conforme

    CAUTELA (1982) havia trs personagens envolvidos nestes sistemas de

    informaes: a alta direo da empresa, o centro de processamento de dados (CPD) e

    o usurio, que apresentavam uma grande desintegrao entre eles:

    Divrcio entre o CPD e o usurio;

    Falta de apoio da Alta Direo;

    Falta de preparo do Usurio para receber estes sistemas.

    Naquele instante foi possvel detectar e supostamente receitar algumas

    solues para tais fatos, dentre eles: treinamento, organizao e mtodos,

    planejamento e controle dos projetos, gerncia por projetos, administrao por

    objetivos, etc. Muitas destas solues foram adotadas com sucesso, outras sequer

    deixaram de ser propostas e algumas, at mesmo, foram um completo fracasso.

    A grande evoluo tecnolgica que ocorreu, principalmente na dcada de 90,

    gerou nas empresas em geral uma verdadeira febre em busca de novas solues

    baseadas em tecnologias de informao. Presumia-se que estas solues, por si s,

    proporcionariam melhorias dos processos, reduo de custos e aumento de mercado.

    Estas tecnologias, no entanto, normalmente no atingem seu verdadeiro

    objetivo por no se integrarem totalmente ao modelo organizacional das empresas. O

    resultado o no entendimento do gerenciamento da informao como sendo uma

    atividade a ser desenvolvida por todos os colaboradores da empresa. A falta deste

    entendimento se deve ao no comprometimento dos colaboradores, fruto, justamente,

    do desalinhamento desta atividade com relao aquelas j inseridas nos modelos de

    gesto e organizao da empresa, conseqentemente, h falta de preciso na

    definio do escopo e responsabilidade de cada colaborador.

    comum vermos a total falta de sintonia entre os diversos departamentos de

    uma empresa, chegando at mesmo ao absurdo de uma rea no saber o que a outra

    faz. O resultado deste problema facilmente perceptvel e mensurvel pelo grande

    ndice de retrabalho necessrio na execuo de algumas atividades em qualquer

    organizao.

    Estudos realizados, por WALTON (1994), em algumas empresas,

    demonstraram que a implementao de novas tecnologias de informao, sem as

    devidas inovaes organizacionais, freqentemente resulta em sistemas que falham

  • 10

    em atender s expectativas. Segundo WALTON, vrios exemplos ilustram os

    inmeros sintomas de insuficiente ateno aos aspectos organizacionais dos sistemas

    de tecnologia de informao:

    Os empregados ignoram o sistema: os planejadores no proporcionam as

    condies organizacionais necessrias para o funcionamento deste;

    Baixa moral entre os empregados: quando um sistema tcnico no reflete

    as reais necessidades do empregado ele acaba por desmotiv-lo;

    Resultados desapontadores no uso do sistema: os resultados podem ser

    desapontadores, como conseqncia da no realizao do potencial

    inerente tecnologia;

    A complexa interdependncia entre a tecnologia da informao e a

    organizao: as formas de tecnologia de informao tm conseqncias

    organizacionais muito amplas;

    A dupla potencialidade da tecnologia de informao: permite aos

    administradores optarem quanto ao tipo de influncia organizacional que

    esperam dos sistemas de tecnologia de informao, antes de aprov-los.

    Diante estas questes, evidente a necessidade do entendimento do

    conhecimento como sendo a espinha dorsal de uma organizao tem como objetivo

    utilizar sistemas de tecnologia de informao voltados para o atendimento de suas

    metas e para melhoria contnua de seus processos e produtos.

    2.3. O Conhecimento nas Organizaes

    Inicialmente importante fazer uma pequena diferenciao entre dado,

    informao e conhecimento, pois a confuso no entendimento do significado de cada

    um deles pode gerar enormes dispndios para a organizao. Considera-se dados

    como sendo uma seqncia de nmeros, palavras, sob nenhum contexto especfico.

    Quando organizamos estes dados e apresentamos o contexto onde eles se situam,

    pode-se considerar que eles passam a ser uma informao. Por sua vez, o

    conhecimento a informao organizada, com o entendimento de seu significado.

  • 11

    Entre estes 3 elementos, os dados so aqueles que possuem menos valor, pois

    no sofrem qualquer agregao de valor. Normalmente, eles precisam ser

    manipulados e tratados para conterem algum valor e, a partir da, se transformarem

    em informao. Os dados esto, normalmente, disponveis no dia a dia, sendo o

    grande desafio a seleo daqueles interessantes, que passaro pelo devido tratamento

    posterior.

    Os dados, no contexto organizacional, so descritos como registros de

    transaes, pois apenas descrevem parte daquilo que aconteceu, no fornecendo

    julgamento, nem interpretao e nem qualquer base sustentvel para a tomada de

    ao ou deciso. Dados no dizem nada sobre a sua prpria importncia, porm so

    importantes para a organizao, a partir do momento que so a matria-prima

    essencial para a criao da informao. DRUCKER apud DAVENPORT &

    PRUSAK (1998) j afirmou, certa vez, que informaes so dados dotados de

    relevncia e propsito.

    J a informao, normalmente, desprovida de significado e o seu valor

    baixo, no entanto pode, em algumas situaes, ter grande valor. possvel citar

    como exemplo, um grande furo de jornalstico que pode valer milhes, naquele exato

    instante, mas que a partir de ento com o passar do tempo passar a ter seu valor

    depreciado.

    A informao tem por finalidade exercer algum impacto sobre o julgamento do

    destinatrio. Ela deve informar, por isto pode ser considerada como sendo o dado que

    faz diferena., pois diferentemente deste, a informao possui relevncia e propsito.

    Segundo DAVENPORT & PRUSAK (1998), dados s se tornam informao a partir

    dos seguintes mtodos:

    Contextualizao: saber a finalidade dos dados coletados.

    Categorizao: saber as unidades de anlise.

    Clculo: os dados que podem ser analisados matematicamente.

    Correo: os erros so eliminados dos dados.

    Condensao: os dados podem ser sumarizados.

    Com relao ao processo de formao do conhecimento, RODRIGUEZ &

    RODRIGUEZ (2001), afirmam que este se inicia atravs de eventos que ocorrem e,

    por sua vez, geram fatos e dados. Estes quando devidamente tratados, manipulados e

  • 12

    interpretados, geram informaes. J estas informaes quando testadas, validadas e

    codificadas, transformam-se em conhecimento.

    O conhecimento no pode ser visto separadamente do seu contexto. Isto foi

    entendido, por exemplo, quando os computadores pessoais passaram a substituir o

    processamento em grandes centros de processamento de dados, a partir deste fato

    novos conhecimentos de programao passaram a ser exigidos. Neste novo contexto,

    muitos profissionais precisaram se capacitar novamente para que seu conhecimento

    fosse aproveitado.

    Para DAVENPORT & PRUSAK (1998), o conhecimento uma mistura fluida

    de experincias, valores, informao contextual e insight, a qual possibilita a

    existncia de uma estrutura que permite a avaliao e incorporao de novas

    experincias e informaes. O conhecimento tem origem na cabea das pessoas. Nas

    organizaes ele est presente no apenas em documentos mas tambm em rotinas,

    processos e prticas.

    O conhecimento deriva da informao assim como esta se origina de dados.

    Segundo DAVENPORT & PRUSAK (1998), a transformao da informao em

    conhecimento possvel a partir da:

    Comparao: como as informaes relativas a um determinado assunto

    podem ter alguma relao ou aplicao em outras situaes.

    Conseqncias: implicao que determinada informao pode trazer para

    a tomada de alguma deciso e/ou ao.

    Conexes: relao entre o conhecimento adquirido e aquele j existente.

    Conversao: o que as pessoas pensam sobre aquela informao.

    J PROBST (2002), em vez de fazer a diferenciao entre dados, informao e

    conhecimento, acha mais til coloc-los em uma srie contnua, com os dados e

    conhecimento em cada uma das extremidades. O tempo de aquisio de

    conhecimento lento, e ocorre a partir de um processo em que as informaes so

    reunidas e interpretadas. Este processo pode ser considerado como uma progresso

    ao longo de um continum de dados, passando por informaes, at se chegar ao

    conhecimento.

  • 13

    Para WAH (2000), a gesto do conhecimento cuida de agregar valor s

    informaes, filtrando, resumindo e sintetizando estas, e dessa forma, desenvolvendo

    um perfil de utilizao pessoal que ajuda a lev-las ao.

    Tambm convm levantar as seguintes observaes entre o conhecimento e a

    informao:

    O conhecimento, ao contrrio da informao, diz respeito a crenas e

    compromissos;

    O conhecimento, ao contrrio da informao, est relacionado ao. O

    conhecimento tem algum fim;

    O conhecimento, como a informao, diz respeito ao significado.

    especfico ao contexto e relacional.

    Para TIWANA (2001) as empresas cometem um erro fundamental quando

    equalizam a informao e o conhecimento.

    Informao Conhecimento

    Dado processado. Informao discutida.

    Registra simplesmente o fato. Permite prognsticos, previses e associaes casuais.

    Clara, ntida, estruturada e simplista. Confuso, vago e parcialmente desestruturado.

    Facilmente expressada na forma escrita. Intuitivo, difcil de comunicar e de ser expressado atravs de palavras e ilustraes.

    Obtida a partir do condensamento, correo, contextualizao e clculo dos dados.

    Presente nas conversas entre pessoas, na intuio baseada em experincias e na habilidade das pessoas em comparar situaes, problemas e solues.

    Destituda da dependncia do dono. Dependncia do dono.

    Bem administrada pelos sistemas de informao. Necessita de canais informais.

    Recurso chave para dar significado a uma grande quantidade de volume de dados.

    Recurso chave no processo de tomada de deciso, previso, planejamento, desing, diagnstico e julgamento intutivo.

  • 14

    Tabela 2.1. Diferenciao entre Informao e Conhecimento

    Fonte: TIWANA (2001)

    Em seus estudos, NELSON & WINTER (1977 e 1982) e WINTER (1988)

    apud NONAKA & TAKEUCHI (1995) a empresa j era vista como um repositrio

    de conhecimentos:

    As empresas so, fundamentalmente, organizaes que sabem como fazer as

    coisas. Na verdade, uma empresa especfica em um determinado momento um

    repositrio de uma faixa de conhecimento produtivo bastante especfica, faixa essa

    que muitas vezes envolvem idiossincrasias que a distinguem at de empresas

    semelhantes na superfcie que atuam na(s) mesma(s) linha(s) de negcios.

    Segundo MOURA (1999), a informao e seu adequado gerenciamento so

    fatores crticos de sucesso para a empresa na era atual, por ser utilizada para gerao

    de conhecimento bem como para o desenvolvimento de novas oportunidades de

    negcio. Para ele, a informao a base do conhecimento, e o uso do conhecimento

    uma condio necessria para o sucesso da empresa.

    NONAKA & TAKEUCHI (1995) verificaram que as tcnicas e estruturas

    conceituais desenvolvidas no campo da estratgia reconheceram a importncia do

    conhecimento estratgico, no entanto as noes para a criao deste conhecimento

    estratgico no surgem neste campo, principalmente devido existncia de trs

    limitaes da viso do conhecimento na cincia da estratgia, so elas:

    A cincia da estratgia empresarial no consegue lidar com questes de

    valor e crenas o que impede a criao de uma nova viso;

    Informao Conhecimento

    Evoluo dos dados; registrados em bancos de dados, livros, manuais e documentos.

    Formado e compartilhado a partir da inteligncia coletiva; evoluo das experincias, sucessos, fracassos e apredizado ao longo do tempo.

    Formalizada, capturada e explicada pode ser facilmente "empacotada" em forma reutilizvel.

    Normalmente sobressae das cabeas das pessoas atravs de suas experincias.

  • 15

    Esta cincia pressupe um estilo gerencial top-down que considera ser

    apenas a alta gerncia capaz de pensar e manipular o conhecimento

    explcito existente, por tal motivo uma quantidade enorme de

    conhecimentos tcitos existentes em outros membros da organizao no

    so utilizados;

    No dada a devida ateno ao papel do conhecimento como fonte de

    competitividade.

    No campo da cultura organizacional, os estudos tambm no deram ao

    conhecimento seu devido lugar, a linha de pesquisa adotada considerou trs

    limitaes comuns:

    A maior parte dos estudos no prestou ateno devida ao potencial e

    criatividade dos seres humanos;

    Grande parte das vezes o ser humano visto como processador de

    informaes e no como criador;

    A organizao vista como bastante passiva em sua relao com o meio,

    o que dificulta seu potencial de mudar e criar.

    Para DRUCKER (1998), a empresa uma organizao humana que depende de

    seus funcionrios, e que um dia o trabalho poder ser feito de forma automatizada,

    isto , feito de forma eficiente por mquinas. No entanto o conhecimento, que a

    capacidade de aplicar a informao a um trabalho especfico, s vem com um ser

    humano, sua capacidade intelectual e sua habilidade. DRUCKER afirma que estamos

    entrando na sociedade do conhecimento na qual o recurso econmico bsico no

    mais o capital nem os recursos naturais ou a mo de obra, mas sim o

    conhecimento, uma sociedade na qual os trabalhadores do conhecimento

    desempenharo um papel central.

    A experincia e o conhecimento adquiridos pelas pessoas integram a memria

    de organizao e base para a melhoria contnua. Segundo DAVENPORT &

    PRUSAK (1998), as nicas vantagens competitivas que uma empresa tem so aquilo

    que ela coletivamente sabe, a eficincia com que ela usa o que sabe e a prontido

    com que ela adquire e usa novos conhecimentos. A partir deste entendimento, o

  • 16

    papel das ferramentas de tecnologia de informao passa a ser de assegurar que o

    conhecimento gerado pelos recursos da empresa esteja disponvel para a organizao

    inteira.

    Diante disto, podemos conceituar a gesto do conhecimento como sendo o

    processo de obter, gerenciar e compartilhar a experincia e especializao dos

    funcionrios, com o objetivo de se ter acesso melhor informao no tempo certo,

    utilizando-se de tecnologias de forma corporativa.

    Para NONAKA & TAKEUCHI (1995) a estrutura conceitual bsica sobre as

    formas de criao do conhecimento de administrao do processo de criao do

    conhecimento, possui duas dimenses:

    1. Ontolgica:

    O conhecimento s pode ser criado por indivduos, sendo assim uma

    organizao, por si s, no pode criar conhecimento, de seu escopo

    apoiar os indivduos e lhe proporcionar condies para a criao do

    conhecimento. A criao de um conhecimento organizacional ocorre a

    partir de interaes que permitem que o conhecimento criado

    individualmente seja ampliado para a organizao como um todo.

    2. Epistemolgica:

    Tomando como base o que foi estabelecido por POLANYI apud

    NONAKA & TAKEUCHI (1995) h dois tipos de conhecimentos

    existentes:

    Explcito: o conhecimento que objetivo e facilmente captado,

    codificado e compartilhado o que permite consider-lo como sendo

    um conhecimento transmissvel em linguagem formal e sistemtica.

    Tcito: o conhecimento que reside essencialmente na cabea das

    pessoas. um saber subjetivo, baseado em experincias pessoais e

    especficos ao contexto, e por tal motivo difcil de ser formulado e

    comunicado.

    Baseado nesta distino, h o pressuposto de que o conhecimento

    humano criado e expandido atravs da interao social entre o

  • 17

    conhecimento tcito e o explcito, que se chama "converso do

    conhecimento.

    O trabalho de NONAKA & TAKEUCHI considera que as empresa criadoras

    de conhecimento so aquelas que criam novos conhecimentos, disseminam esses

    conhecimentos pela organizao inteira e os incorporam em seus produtos e servios,

    sendo que o processo de converso do conhecimento ocorre conforme o seguinte

    modelo:

    Figura 2.1. Espiral do Conhecimento

    Fonte: NONAKA & TAKEUCHI (1995)

    Socializao (de conhecimento tcito em conhecimento tcito)

    Processo de compartilhamento de experincias diversas e criao do

    conhecimento tcito e habilidades tcnicas;

    A aquisio do conhecimento tcito se faz a partir da experincia;

    Braimstorming um meio que permite a reorientao dos modelos

    mentais de todos os indivduos em uma mesma direo, sendo assim uma

    maneira eficaz no sentido de compartilhar experincias;

    Colocar o indivduo na posio daquele que executa a atividade permite

    com que ele aprenda in-loco a partir de uma experincia real;

    Tambm possvel obter esta socializao a partir do contato com os

    clientes, o que permite a criao de idias para aperfeioamento de seus

    produtos.

    Socializao Externalizao

    Internalizao Combinao

  • 18

    Externalizao (de conhecimento tcito em conhecimento explcito)

    Converso dos conceitos tcitos em explcitos atravs do uso de

    analogias, conceitos, modelos, hipteses ou metforas;

    A escrita uma forma de converter o conhecimento tcito em

    conhecimento explcito, apesar das discrepncias e lacunas que possam

    ocorrer nesta transferncia;

    A externalizao reconhecida como um processo de criao do conceito

    e obtida atravs do dilogo e reflexo coletiva, para isto se combina a

    deduo e a induo (mtodo analtico);

    O uso de metforas / analogia tambm muito eficaz no sentido de

    estimular o compromisso direto com o processo criativo e na criao e

    elaborao de um conceito (mtodo no-analtico). A metfora uma

    forma de perceber ou entender intuitivamente uma coisa imaginando

    outra coisa simbolicamente, as eventuais contradies inerentes no uso

    de uma metfora so harmonizadas a partir da analogia;

    o mtodo chave para criao do conhecimento, uma vez que cria

    conceitos novos e explcitos a partir do conhecimento tcito.

    Combinao (de conhecimento explcito em conhecimento explcito)

    Aprendizado formal baseado em informaes explcitas e uso da

    tecnologia da informao;

    Os indivduos trocam e combinam conhecimentos atravs de

    documentos, reunies, conversas ao telefone, e-mails ou redes de

    comunicao computadorizados;

    Os mtodos formais de educao e treinamento tambm so um exemplo

    de converso deste conhecimento explcito;

    Outro exemplo de combinao ocorre quando os conceitos de produtos

    so associados e integrados aos conceitos principais da organizao

    (viso da empresa).

  • 19

    Internalizao (de conhecimento explcito em conhecimento tcito)

    Incorporao do conhecimento nas atividades operacionais da empresa,

    para obteno de um resultado prtico;

    Todo ativo de conhecimento obtido nos processos anteriores de

    socializao, externalizao e combinao tornam-se valiosos quando so

    internalizados nas bases do conhecimento tcito dos indivduos. A partir

    de ento este conhecimento deve ser socializado, para viabilizar a criao

    do conhecimento organizacional, isto o incio de uma nova espiral;

    H a necessidade da verbalizao e diagramao do conhecimento a

    partir de documentos, manuais ou relato de histrias. Toda esta

    documentao permite ao indivduo que suas experincias sejam

    internalizadas, o que aumenta seu conhecimento tcito;

    Ouvir a experincia passada por algum tambm um meio que permite

    o compartilhamento do conhecimento tcito que passa a ser da

    organizao;

    A expanso do escopo da experincia prtica, o aprender fazendo,

    essencial para o processo de internalizao.

    NONAKA & TAKEUCHI (1995) resumem este modelo espiral da seguinte

    forma, inicialmente a socializao desenvolve um campo de interao que permite o

    compartilhamento das experincias dos indivduos, a partir da externalizao

    gerado o dilogo ou reflexo coletiva com o uso de metforas ou analogias, o que

    gera o conceito. O modo de combinao possibilita a colocao do conhecimento

    recm criado junto ao conhecimento j existente o que resulta em um novo processo,

    sistema ou modo de fazer. A internalizao ocorre a partir do aprender fazendo.

    Baseado neste modelo, TERRA (2000) destacou sete dimenses atravs das

    quais pode ser entendida a Gesto do Conhecimento, so elas:

    1. Alta Administrao: definio dos campos de conhecimento que

    devero ter prioridade nos esforos de aprendizado dos funcionrios da

    organizao, de acordo com a estratgia organizacional e com as metas a

    serem atingidas;

  • 20

    2. Cultura Organizacional: voltada inovao e aprendizado contnuo,

    comprometida com os resultados de longo prazo e com a otimizao das

    reas da empresa;

    3. Estrutura Organizacional: para superar os limites impostos inovao,

    ao aprendizado e gerao de novos conhecimentos, comuns nas

    estruturas tradicionais. Normalmente estas novas estruturas esto

    baseadas no trabalho de equipes multidisciplinares com alto grau de

    autonomia;

    4. Polticas de Recursos Humanos: associadas aquisio de

    conhecimento externo e interno empresa, bem como com a gerao,

    difuso e ao armazenamento de conhecimentos na empresa;

    5. Sistemas de Informao: uso de tecnologias que ajudem a captao,

    difuso e armazenamento do conhecimento nas organizaes associando

    com o importante papel do contato pessoal e do conhecimento tcito para

    os processos de aprendizado organizacional;

    6. Mensurao de Resultados: avaliar os ganhos obtidos sob diferentes

    aspectos, desde de imagem at financeiros e comunicar estas metas

    atingidas para todos na organizao;

    7. Aprendizado com o Ambiente: realizao de alianas estratgicas com

    empresas e aprendizado com os clientes.

    Um dos grandes desafios em planejar tal tipo de sistema recai na necessidade

    de se utilizar, no apenas os novos conhecimentos mas, tambm, aqueles que

    serviram de base para o desenvolvimento da empresa. importante observar que

    conhecimento adquirido no precisa ser necessariamente recm-criado, mas apenas

    ser novidade na organizao.

    Para WAH (2000), o tema central da gesto do conhecimento aproveitar os

    recursos que j existem na empresa para que as pessoas procurem, encontrem e

    empreguem as melhores prticas em vez de tentar reinventar a roda, para isto elas

    escolhem os seguintes caminhos:

    Captar, armazenar, recuperar e distribuir ativos tangveis de

    conhecimento, tais como patentes ou direitos autorais;

  • 21

    Coletar, organizar e disseminar conhecimentos intangveis, tais como

    know-how e especializao profissional, experincia individual, solues

    criativa, etc;

    Criar um ambiente de aprendizado interativo no qual as pessoas

    transfiram prontamente o conhecimento, internalizem-no e apliquem-no

    para criar novos conhecimentos.

    Para SENGE (1990), as organizaes aprendem somente por intermdio de

    indivduos que aprendem. O aprendizado individual no garante o aprendizado

    organizacional. Mas, sem ele, o aprendizado organizacional no acontece.

    Seguindo esta linha, GARVIN (2000) estabelece a grande importncia do

    aprendizado individual, no entanto esta apenas uma condio necessria, mas no

    suficiente para o aprendizado da organizao: Uma organizao que aprende

    aquela habilitada a criar, adquirir, interpretar, transformar e reter conhecimento e,

    propositadamente, modificar seu comportamento para refletir novos conhecimentos

    e insights.

    Segundo pesquisa publicada na revista Information Strategy Onlne apud

    TEIXEIRA (2001), 73% dos gerentes e executivos de empresas europias enxergam

    a gesto do conhecimento como sendo "uma coleo de processos que governa a

    criao, disseminao e utilizao do conhecimento para atingir plenamente os

    objetivos da organizao", enquanto que 89% dos entrevistados acreditam que o

    conhecimento a chave para o poder nos negcios. As reas crticas apontadas pelos

    executivos europeus so: preferncias e necessidades dos clientes, desempenho da

    companhia, concorrncia, aplicaes de tecnologia, uso da informao existente,

    setores e nichos de mercado e regulamentaes externas.

    Ainda segundo a pesquisa da Information Strategy Onlne, os aspectos

    principais da Gesto do Conhecimento, na viso dos executivos europeus

    entrevistados, so o:

    Compartilhamento na organizao;

    Atualizao do contedo;

    Processamento e aplicao para algum benefcio organizacional;

    Procura do conhecimento interno;

    Aquisio no meio externo;

  • 22

    Reutilizao;

    Criao de novos conhecimentos;

    Compartilhamento com a comunidade externa empresa.

    2.4. A Criao e o Registro do Conhecimento

    A grande competitividade do mundo moderno obriga as empresas a terem uma

    grande capacidade de aprender, sendo assim, o aprendizado adquirido na primeira

    execuo de uma nova atividade deve ser proliferado para toda a empresa e no ficar

    restrito s pessoas ou somente ao grupo participante.

    A funo da organizao no processo de criao do conhecimento, segundo

    NONAKA & TAKEUCHI (1995), fornecer o contexto apropriado para facilitar as

    atividades em grupo e criar e acumular o conhecimento em nvel individual, para isto

    importante a existncia de cinco condies em nvel da organizao, so elas:

    1. Inteno:

    Todo processo de fluxo e disseminao do conhecimento deve estar

    associado inteno organizacional, as suas aspiraes, metas e objetivos

    estratgicos.

    2. Autonomia:

    A autonomia aumenta as possibilidades de os indivduos se motivarem a

    criar novos conhecimentos, pois eles prprios iro estabelecer limites as

    suas tarefas.

    3. Flutuao e Caos Criativo:

    Fatores que estimulam a interao entre a organizao e o ambiente

    externo. Abertura quanto aos fatos externos ocorridos e simulao de

    uma situao de crise com o objetivo de buscar aes criativas.

    4. Redundncia:

    Refere-se superposio proposital de informaes sobre as atividades

    da empresa, de forma que todos os membros da organizao tomem

    conhecimento delas.

  • 23

    5. Variedade de Requisitos:

    Enfrentar os inmeros desafios ambientais existentes. A organizao

    deve garantir o acesso rpido mais ampla gama de informaes

    necessrias com o menor nmero de etapas possveis.

    Tambm necessrio combater o que DAVENPORT & PRUSAK (1998)

    chamam de Cultura Nacional de Individualismo Possessivo. Alm disso, em um

    ambiente de alta competitividade, o ciclo de inovao tem que ser cada vez menor.

    Para isto necessrio ter pessoas criativas nesse processo e equipes

    multidisciplinares. A empresa precisa desenvolver produtos baratos, competitivos e

    de necessidade para o mercado, tendo que arriscar cada vez mais, mas com riscos

    menores a cada instante.

    Para NONAKA & TAKEUCHI (1995), quando uma organizao inova, ela

    processa informaes de fora para dentro, com o intuito de resolver os problemas

    existentes e se adaptar ao ambiente atual, que de constante transformao, e

    tambm cria novos conhecimentos e informaes, de dentro para fora, a fim de

    redefinir tanto os problemas quanto as solues e, neste processo, recriar seu meio.

    A capacidade de adaptao de uma empresa a todo este ambiente baseada,

    basicamente, em dois fatores; o primeiro no fato de possuir recursos e capacidades

    multidisciplinares e o segundo quanto abertura a mudanas e conseqente

    capacidade de absoro.

    DAVENPORT (2001) acredita que, muitas vezes, o sucesso pode levar falta

    de disposio da empresa em se adaptar, de reconhecer novos desafios e de

    responder a eles atravs da gerao de conhecimento novo. Sendo assim, a ausncia

    do estmulo de uma crise, ou de um perodo de grande tenso, torna a maioria das

    organizaes e das pessoas incapazes de mudar os hbitos e atitudes, por isso uma

    sensao de crise antes de sua ocorrncia, propriamente dita, pode ser a mola

    propulsora para a evoluo de um sistema de inovao, o que j foi citado

    conceituado anteriormente como sendo o caos criativo. Este fato aliado necessidade

    de se colocar o conhecimento aprendido ao alcance da corporao passa a ser

    condio de sobrevivncia. As informaes devem estar disposio, ser acessveis a

    todo o momento por qualquer pessoa e em qualquer atividade de um processo, sendo

  • 24

    que, muitas vezes, limitar-se a localizar quem tem e estimular a interao uma

    medida mais eficiente do que tentar aprender e codificar aquele conhecimento por

    meio eletrnico.

    A finalidade do registro colocar o conhecimento em formato utilizvel para

    que, a partir da, a empresa possa mensurar sua possvel utilizao.

    O resgate do conhecimento explcito se consegue atravs da codificao deste

    por meio de relatrios, documentos e procedimento prescritivos. Todas as atividades

    e processos funcionais podem ser escritos de maneira clara e de fcil entendimento

    para que sejam utilizados pelos demais profissionais da empresa. No entanto, no

    basta tornar disponvel o conhecimento explcito em forma de relatrios, ele precisa

    ser avaliado e tornado acessvel a pessoas que possam fazer algo com ele e beneficiar

    a organizao.

    J o conhecimento tcito, por se encontrar exclusivamente na cabea das

    pessoas, compreende um processo mais complexo para a sua captura exigindo

    intenso contato pessoal. A transferncia deste para as demais pessoas da organizao

    s se faz possvel por meio de contatos face a face, conversas informais, pois quando

    as pessoas conversam, elas trocam informaes e, muitas vezes, experincias, que

    ficam dentro da empresa, e por fim o uso de narrativas (histrias e depoimentos).

    As prprias conversas face a face podem ser incentivadas com a mudana de layout,

    a partir do uso de divisrias mais baixas e salas sem portas que ajudam a maior

    visibilidade entre os funcionrios, e com a criao de reas de relaxamento,

    descontrao e bate-papo na prpria empresa, onde as pessoas se renem para assistir

    televiso, praticar alguns jogos, entre outras coisas. Estas atitudes servem para

    deixar o clima mais ameno e amigvel, tornando-o propcio para trabalhos em grupo,

    e essencialmente para a transferncia de conhecimento. Reunir pessoas com

    experincias e conhecimentos diferentes tambm uma condio necessria a

    criao do conhecimento, pois, neste caso, o grupo no partilha de solues comuns,

    o que estimula o desenvolvimento de novas idias e o rompimento de velhas

    premissas e formas de trabalho.

    Segundo DAVENPORT & PRUSAK (1998), pesquisas mostram que cerca de

    2/3 do conhecimento adquirido pelas pessoas ocorre atravs de reunies face a face

    ou conversas telefnicas e apenas 1/3 atravs de documentos e relatrios. Tambm

  • 25

    convm ressaltar a impossibilidade de se reproduzir uma experincia tcita em um

    documento; tente explicar, por exemplo, em detalhe, como nadar ou andar de

    bicicleta.

    Outra grande fonte de conhecimento a intuio. Ao contrrio do que se pensa,

    a intuio nada mais que uma expertise comprimida, isto , quando aprendemos

    completamente os passos a serem dados, eles acontecem automaticamente sem o

    pensamento consciente e, portanto, em alta velocidade.

    Para as empresas que costumam utilizar consultores, os trabalhos

    desenvolvidos por eles tambm devem ser codificados de forma estruturada, pois os

    consultores no devem se limitar simplesmente a resolver um determinado problema,

    motivo pelo qual foram contratados, mas tambm registrar os esclarecimentos

    necessrios para que este no volte a se repetir.

    2.5. Mapeamento do Conhecimento

    Para tornar possvel todo este processo de utilizao do conhecimento da

    empresa, obviamente se faz necessria a localizao das fontes deste conhecimento,

    o que feito atravs do mapeamento das competncias. Somente atravs deste

    possvel identificar os especialistas, pessoas com profundo conhecimento de um dado

    assunto, e localizar o acervo prescritivo da empresa.

    Mais importante que importar experincias bem-sucedidas externamente

    localizar as ilhas de eficincia internas e promover a disseminao das boas prticas

    (estimular o benchmark interno). O mapeamento destas competncias facilita a

    localizao dos detentores de conhecimento, agilizando sua disseminao e a

    formao de times de trabalhos para novos projetos.

    O mapa do conhecimento indica aonde ir quando se necessitar de

    conhecimento, um retrato daquilo que existe dentro da empresa, revela pontos

    fortes a serem explorados e as lacunas a serem preenchidas. Cada funcionrio tem

    suas habilidades e competncias mapeadas conforme o grau de conhecimento sobre

    cada uma das reas de atuao da empresa. Este mapeamento pode ser obtido

    inicialmente atravs de procura prvia por ttulo dos cargos e escolaridade dos

    funcionrios, uma anlise de currculos, atravs de pesquisas junto aos funcionrios

  • 26

    sobre que conhecimento eles tm e onde obtm, e resultados / retornos obtidos por

    cada unidade de negcio da empresa. Estas pesquisas, por si s, j servem para

    ajudar os funcionrios a analisar o conhecimento de que precisam para fazer seus

    prprios trabalhos.

    No se pode esquecer, no entanto, que conhecimento e talento no so

    sinnimos de formao acadmica. Sendo assim, h grandes inconvenientes ao se

    ignorar o conhecimento vindo dos cargos hierrquicos mais baixos. O conhecimento

    pode estar em qualquer lugar na empresa, o que exige a sua procura em todos os

    lugares, independentemente da rea e da capacitao explcita dos funcionrios.

    Um ponto de ateno, de muita importncia, a ser considerado neste processo

    a participao da rea de recursos humanos da empresa, que teve exercer uma funo

    extremamente tcnica na conduo deste processo. Uma vez que, conforme levantou

    TERRA (2000), mudam-se as expectativas da empresa com relao qualificao

    dos empregados mais baixos na hierarquia e com relao ao papel da gerncias, pois

    se espera que os empregados sejam muito mais qualificados e que a gerncia seja

    capaz de comunicar as estratgias da empresa para eles.

    Outro fato diz respeito avaliao dos nveis de competncia dos

    colaboradores da organizao que deve ser objetiva, baseada em critrios claros e

    facilmente mensurveis. A subjetividade pode condenar totalmente qualquer projeto

    de gesto do conhecimento. Tambm um ponto de ateno o processo de seleo de

    novos funcionrios, que deve se basear nos intentos estratgicos da organizao e nas

    reas cujo conhecimento deficiente.

    Alm deste mapeamento, faz-se necessria uma gesto participativa das

    informaes e dos conhecimentos que permita uma visualizao e atualizao

    imediatas das competncias da empresa, isto , um balano permanente do know-how

    da empresa e incentivo no processo de auto-informao. importante considerarmos

    a existncia de uma rea/departamento que tenha especial ateno nesta gesto das

    competncias e conhecimentos alinhados aos intentos estratgicos definidos pela

    organizao como um todo. Esta rea deve conter estreito contato com as reas de

    gerenciamento de recursos humanos e de tecnologia da informao.

  • 27

    2.6. Disseminao do Conhecimento na Organizao

    Existem algumas resistncias bsicas nos funcionrios e dificuldades de

    percepo dos executivos, que devem ser mudadas, para a implementao do

    gerenciamento do conhecimento. A principal delas refere-se questo que associa o

    conhecimento ao poder, pois sempre se considerou que aquele que possua o

    conhecimento tinha o poder, e que este iria garantir sua sobrevivncia na

    organizao. Acabou o paradigma da escassez e da abundncia, onde quanto mais

    escasso o bem, maior o seu valor. Hoje, com o uso das redes, quanto mais abundante

    um produto, maior o seu valor, podemos adotar o exemplo do aparelho de fax ou de

    telefone que sozinhos no possuam valor algum, s passaram a ser essenciais

    medida que mais e mais pessoas passaram a possu-los.

    Esta grande barreira disseminao do conhecimento deve-se a este ambiente

    em que as pessoas resistem em transmitir o que sabem, por acreditar que seus

    conhecimentos so suas garantias de emprego. Como convenc-las sobre a

    importncia da disseminao do conhecimento aos demais colegas de trabalho? Ser

    que o simples estabelecimento de um plano de incentivos resolveria tal dificuldade?

    Os funcionrios de uma organizao devem saber que alm do conhecimento

    h inmeros outros valores que definem e garantem suas condies no mercado,

    entre eles podemos citar a perseverana, ambio, energia, intuio, capacidade de

    planejamento, ego e sorte.

    DAVENPORT & PRUSAK (1998) levantaram alguns problemas relacionados

    transferncia do conhecimento:

    Falta de confiana mtua entre os colaboradores e com a organizao,

    por no saber claramente o objetivo da transferncia daquele

    conhecimento. A construo de um relacionamento e confiana mtua

    atravs de reunies face a face resolveria este atrito.

    As pessoas no podem compartilhar o conhecimento se no falam a

    mesma lngua e possuem diferentes culturas, vocabulrios e quadros de

    referncia, o que faz necessrio o estabelecimento de um consenso

  • 28

    atravs de educao, discusso, publicaes, trabalhos em equipe e

    rodzios de funes.

    Falta de tempo e de locais de encontro e idia estreita de trabalho

    produtivo evidenciam a necessidade de criao de tempo e locais para

    transferncias do conhecimento com eventos tais como: feiras, salas de

    bate-papo e relatos de conferncias.

    A falta de estmulo aos possuidores do conhecimento resultante de no

    haver uma avaliao de desempenho nem o oferecimento de incentivos

    baseados no compartilhamento.

    Falta de capacidade de absoro de conhecimentos, pois no se propicia

    tempo para a aprendizagem dos funcionrios, nem preparo para que se

    tornem mais flexveis em suas competncias. As contrataes dos

    funcionrios podem ser baseadas na capacidade de abertura a novas

    idias.

    Crena de que o conhecimento prerrogativa de determinados grupos,

    sndrome do no inventados aqui, muitas vezes s se aceita o

    conhecimento a partir de determinado nvel hierrquico da empresa,

    esquecendose de que a qualidade das idias mais importante que o

    cargo fonte.

    Intolerncia com erros ou necessidades de ajuda quebrando o cunho

    criativo por medo do fracasso. Normalmente quando se assume o

    desconhecimento sobre algum assunto, h uma suposta perda de status

    por no se saber tudo.

    Um dos desafios da Gesto do Conhecimento assegurar que compartilhar o

    conhecimento seja mais lucrativo do que enclausur-lo (se conhecimento poder,

    segue-se que quem possui conhecimento tem um poder que se pode dissipar se for

    compartilhado com outras pessoas). Para se chegar a este fim, importantssima a

    estruturao de um eficiente processo de transferncia do conhecimento.

    Segundo DAVENPORT & PRUSAK (1998), existem de forma natural 3

    maneiras de se transmitir o conhecimento, so elas:

  • 29

    Reciprocidade: quando se passa o conhecimento a uma pessoa, sabendo

    que ela poder algum dia passar algo de seu interesse.

    Reputao: quando h o interesse de se mostrar como um bom vendedor

    para ser um comprador mais eficaz.

    Altrusmo: quando a pessoa gosta realmente de ajudar sem exigir nada

    em troca.

    Apesar disto, devemos considerar a necessidade de haver um estmulo para

    efetuar esta transferncia. importante haver provas diretas de que os funcionrios

    esto compartilhando o conhecimento, sendo reconhecidos, promovidos e

    recompensados. Isto pode ser feito atravs de anlise dos documentos, oriundos do

    conhecimento explcito codificado e de programas de encontro de profissionais

    seniores com trainees e profissionais juniores que servem para transferncia do

    conhecimento tcito, quando os novos profissionais podem notar sinais sutis, a partir

    das experincias vividas, e absorver conhecimentos prticos (dicas).

    Mas o prprio sistema de recompensa e reconhecimento deve ser, tanto quanto

    o conhecimento, compartilhado. Se at agora o que mais se falou foi sobre o fim da

    postura individualista, devemos considerar isto tambm no momento de estimular.

    Sendo assim, as premiaes devem envolver no somente incentivos ao

    desenvolvimento individual como ao coletivo. Sistemas de premiao

    individualizados desmotivam o trabalho em grupo, o que fatal para o aprendizado

    coletivo.

    Agora quando se fala em premiao, no se est considerando apenas a

    financeira, mas tambm toda aquela iniciativa da empresa que permita ao funcionrio

    se capacitar cada vez mais. Cursos especficos na rea de atuao do funcionrio ou,

    at mesmo, cursos comportamentais, que possam auxiliar na formao pessoal e

    profissional, tendem a ter grande aceitao e servem para quebrar o mito de que as

    pessoas trabalham essencialmente por dinheiro.

    O estmulo rotatividade de funes entre os funcionrios, o job rotation,

    permite a formao de equipes multidisciplinares facilitando tanto o

    compartilhamento do conhecimento como o maior comprometimento do corpo de

  • 30

    funcionrios com a organizao, visto que cada um passar a calar o sapato do

    outro.

    Outras iniciativas consistem na criao de repositrios das solues

    encontradas para problemas freqentes com indicao dos respectivos responsveis

    por cada uma delas, e a organizao de eventos, tais como feiras do conhecimento e

    seminrios, onde as diversas reas da organizao podem apresentar seus projetos e

    conhecimentos adquiridos. Tais propostas permitem a troca de informaes atravs

    de conversas entre os funcionrios da empresa. Muitas vezes, pequenas iniciativas

    podem gerar grandes resultados, sendo assim, at mesmo a criao de uma lista

    telefnica da empresa, indexada, no por nome, mas por tipo de conhecimento, seria

    de grande valor.

    As conversas informais / face a face so outras maneiras de compartilhamento

    do conhecimento tcito. Isto ocorre quando as pessoas se encontram para discutir os

    problemas e compartilhar idias sobre como resolv-los. Deve-se permitir que

    pessoas possuidoras de conhecimento conversem umas com as outras, sem tentar

    captar nem tabular seu conhecimento de maneira formal, deixando apenas a conversa

    fluir naturalmente.

    A disponibilidade de tempo para aprender e pensar pode ser um dos medidores

    da empresa voltada para o conhecimento. Muitas vezes os gerentes no vem com

    bons olhos um funcionrio que, em vez de trabalhar, passam parte do expediente

    lendo um livro ou uma revista. Deve-se considerar que uma empresa voltada para o

    conhecimento aquela que aprende atravs do aprendizado de seus funcionrios.

    Este pode ser feito de maneira informal, atravs de leituras, por exemplo, ou de

    maneira mais estruturada em cursos de graduao, ps-graduao e eventos pontuais,

    tais como palestras, seminrios, convenes e feiras.

    importante a criao de uma cultura na qual as pessoas esto aprendendo,

    crescendo e se desenvolvendo, pois esta legitimar o relacionamento entre os

    colaboradores e a organizao e por fim far com que o compartilhamento seja a

    mola mestra desta, pois como foi considerado por COVEY (2000), quando o

    colaborador compartilha o que aprende, ele se compromete socialmente em aplic-lo

    e, mais ainda, quando ele sabe que tem que ensinar o que aprende, ele aprende

    melhor e mais rpido.

  • 31

    Outra linha a ser adotada passa pela criao de um Centro de Conhecimento

    cujo objetivo maior o de modernizar o atual conceito de biblioteca. Hoje ao

    falarmos das bibliotecrias imaginamos uma senhora que preenche uma srie de

    fichinhas, atravs das quais controla a entrada e sada de livros e revistas. Na verdade

    a funo das bibliotecrias colocar em contato compradores e vendedores de

    conhecimento. Exemplo disto ocorre quando ao procurarmos algum livro sobre

    determinado assunto, a bibliotecria nos informa que tal sicrano de outra rea

    tambm tem realizado pesquisas sobre este assunto, agindo desta maneira, a

    bibliotecria assume a funo de corretora do conhecimento. Nestes Centros de

    Conhecimento as bibliotecrias afastam-se da rotina de pegar informaes que os

    usurios sabiam que existiam, mas que no conseguiam achar, e passam a estimular

    os usurios a utilizar os bancos de dados que contm informaes sobre as

    competncias e respectivos especialistas o que permite a captao e localizao do

    conhecimento.

    2.7. Infra-Estrutura Tecnolgica

    Como j foi possvel observar as organizaes que possuem como foco o

    conhecimento necessitam adotar novas formas de atuao e para isto essencial o

    desenvolvimento de tecnologias que permitam captar, acessar e distribuir

    informaes e conhecimentos pertinentes a este contexto.

    Para TEIXEIRA (2001), a Gesto do Conhecimento, sob o ponto de vista

    acadmico, um campo novo na confluncia entre teoria da organizao, estratgia

    gerencial e sistemas de informao, sendo comum encontrarmos, na literatura

    especializada, as questes de gesto do conhecimento associadas a organizaes do

    aprendizado, reengenharia de processos, corporaes virtuais, novas formas de

    organizao, educao para o trabalho, criatividade, inovao e tecnologia da

    informao.

    Para PRAHALAD & KRISHNAN (1999) a tecnologia da informao tem se

    tornado o centro nervoso das empresas, um fator estratgico de competitividade e de

    sobrevivncia das organizaes. Para MOURA (1999) a utilizao das ferramentas

  • 32

    de T.I. de forma adequada e alinhada a estratgia de negcios tem como objetivo

    aumentar a competitividade da empresa.

    Diante de tais fatos observa-se ainda mais a importncia da tecnologia da

    informao para dar suporte a gesto do conhecimento nas organizaes. Entende-se

    que a tecnologia possa alavancar os processos de converso do conhecimento -

    socializao, externalizao, combinao e internalizao, a partir do momento que

    permite a gesto do conhecimento no apenas dentro da organizao como tambm

    fora de seus limites fsicos. No entanto sua aplicao deve estar integrada estrutura

    organizacional e contar com a participao de todos os seus colaboradores.

    Segundo TEIXEIRA (2001), a Tecnologia da Informao tem um papel

    fundamental que muitas vezes, no entanto, tem sido subestimado e at mesmo

    ignorado pela maioria das empresas. O grande objetivo da rea de T.I. identificar,

    encontrar e/ou desenvolver e ainda implementar tecnologias e sistemas de

    informao que apiem a comunicao empresarial e a troca de idias e experincias,

    que facilitem e incentivem as pessoas a se unir, a participar, a tomar parte em grupos,

    e a se renovar em redes informais. A T.I. precisa dar meios para que se formem

    comunidades de trabalho, e no apenas para que as pessoas se comuniquem

    burocraticamente. Para atingir estes objetivos preciso atentar para trs aspectos:

    As estratgias para desenvolvimento do conhecimento devem ser focadas

    na criao de mecanismos que permitam aos profissionais manter contato

    e no apenas na captura e disseminao centralizada de informao. A

    T.I. deve ser usada para facilitar a troca de experincias e o trabalho em

    conjunto e tambm para mapear e acompanhar a participao de cada

    um.

    Os esforos e iniciativas de T.I. para a formao de comunidades de

    trabalho na organizao devem ser acompanhados por indicadores

    objetivos amplamente divulgados. O desenvolvimento de sistemas de

    suporte ao conhecimento deve estar claramente vinculado aos resultados

    globais das reas de negcio.

    As ferramentas tecnolgicas de suporte ao conhecimento devem ser

    flexveis e fceis de usar, dando a maior autonomia possvel aos

  • 33

    membros das comunidades de trabalho, com um mnimo de interferncia

    da rea de T.I.

    Para TERRA (2000), so evidentes os casos de sucesso de empresas que deram

    saltos significativos na sua competitividade a partir do uso de ferramentas de T.I., no

    entanto sua utilizao, apesar de ser necessria, no suficiente. Os grandes

    benefcios oriundos destas tecnologias esto relacionados ao maior grau de

    conectividade entre as pessoas, maior disseminao das informaes ao longo dos

    vrios nveis hierrquicos, bem como com os parceiros comerciais, fornecedores e

    clientes. Estas ferramentas de tecnologia da informao podem ser divididas em trs

    grupos:

    1. Repositrio de Materiais de Referncia: conhecimentos explcitos que

    podem ser facilmente acessados e que evita duplicaes de esforos;

    2. Expertise Maps: banco de dados com listas e descries das

    competncias de indivduos de dentro e de fora das organizaes.

    Facilidade para compartilhamento de conhecimento tcito ao permitir

    que as pessoas se localizem mais rapidamente e estabeleam o devido

    contato pessoal;

    3. Just-in-Time Knowledge: ferramentas que reduzem as barreiras de tempo

    e distancia no acesso ao conhecimento.

    No entanto, a variedade de recursos tecnolgicos existentes no garante

    resultados eficazes na utilizao de uma tecnologia na gesto do conhecimento. Para

    DAVENPORT & PRUSAK (1998) se um projeto apresentar cerca de um tero do

    total de recursos de tempo e dinheiro gastos em tecnologia ele torna-se um projeto de

    tecnologia da informao e no um projeto voltado para o conhecimento.

    Cabe aos dirigentes das organizaes criarem meios que permitam a obteno e

    a disponibilidade da informao e do conhecimento, fato possvel com a utilizao de

    novas tecnologias o que implica diretamente no aumento de investimentos nesta rea.

    Mas s isto no basta, a organizao s estar realmente voltada para o

    conhecimento quando esta busca pela informao estiver associada a um contexto

    adequado baseado no seu valor por si s e no apenas para automatizar atividades.

  • 34

    H o entendimento que pessoas e tecnologias quando aliadas a um propsito

    maior do que a simples informatizao, podem transformar as informaes em

    conhecimento, os sonhos em idias e insights em aes empresariais de sucesso,

    dentro de um esprito empresarial participativo e gerador de resultados.

    Para atingir a total eficcia no uso destas tecnologias, o ser humano um fator

    to importante neste processo, que DAVENPORT & PRUSAK (1998) diferenciam

    estas tecnologias de acordo com a interferncia deste:

    Tecnologia de Informao: as que so processadas em grandes volumes e

    por computadores, sem a necessidade da interveno humana;

    Tecnologia do Conhecimento: as que so usadas de forma interativa e

    interativa por seus usurios.

    Devida esta interferncia ser to relevante e por considerar muito importante as

    interaes dentro e fora da organizao, as redes de computadores podem ser

    apontadas como sendo uma tecnologia adequada para a gesto do conhecimento,

    ainda mais pela forte influncia que exerce sobre o fluxo de informaes e

    conhecimento na organizao.

    De forma simples e tcnica podemos definir a rede de computadores como

    sendo um conjunto de meios de comunicaes, dispositivos e softwares necessrios

    para conectar dois ou mais sistemas ou dispositivos de computador. Ela permite a

    existncia de uma infra-estrutura para a troca de informaes e conhecimentos o que

    abre possibilidades para existncia de aplicaes da gesto do conhecimento

    mediante a utilizao desta tecnologia pelas pessoas. Os recursos de groupware,

    correio eletrnico e internet so apenas alguns exemplos de possibilitam o

    compartilhamento de conhecimentos distncia e divulgao de informaes.

    Para PEREIRA (2002) uma grande preocupao com a utilizao das

    tecnologias de rede na gesto do conhecimento diz respeito codificao deste

    conhecimento e utilizao de cdigos, sinais e tecnologias inadequadas e

    incompatveis entre os atores envolvidos. Como DAVENPORT & PRUSAK (1998)

    comentaram, as redes favorecem a formao de uma infra-estrutura apropriada para a

    tramitao do conhecimento e a criao de mercados virtuais de conhecimento.

  • 35

    Sendo assim importante ressaltar a importncia de avaliar de forma constante

    a tecnologia de redes utilizada na organizao para que seja possvel a transmisso

    adequada daquilo que se deseja, a forma como ser transmitida e os efeitos disto no

    fluxo de trabalho existente. Mas quando falamos de rede no se pode deixar de

    ressaltar a maior delas, a internet.

    Com utilizao inicial voltada para a tramitao de informaes relacionadas a

    assuntos militares e acadmicos, a internet teve seu grande boom, no ambiente

    empresarial, iniciado na dcada de 90. Devido ao baixo custo dos computadores e da

    necessidade, cada vez mais crescente, na obteno de conhecimentos e informaes,

    grande por parte das organizaes comeou a v-la como um grande meio capaz de

    mant-las competitivas.

    A internet pode ser considerada como sendo uma forma de interao com os

    clientes na busca de melhor entendimento de suas necessidades. Atravs de home-

    pages, as organizaes podem, no apenas comercializar seus produtos, como

    tambm realizar pesquisas de opinio sobre eles, o que enfatiza o conceito de

    melhoria contnua. Para FIGUEIREDO (2002), saindo destes objetivos iniciais, os

    websites tambm devem valorizar os ativos intelectuais da empresa, criando

    contextos para sua oferta, exibindo sua capacidade de criao de valor, aumentando o

    entendimento e a percepo destes valores pelos compradores atuais e potenciais.

    Tambm deve ser considerada a captao de novas demandas e oportunidades para

    aplicao de conhecimento, necessidades e expectativas do mercado em geral.

    Para a gesto do conhecimento em si, a Internet possui grande importncia

    quanto captao, o armazenamento e principalmente a difuso dos conhecimentos,

    ainda mais pelo seu grande potencial de incrementar a interao dos indivduos nas

    organizaes, o que tambm colabora para a criao do conhecimento. Agora,

    exatamente pelo fato de possibilitar o armazenamento de grande quantidade de

    informaes e conhecimentos a Internet gera a necessidade da existncia de alguns

    bibliotecrios com notoriedade suficiente para identificar o material que possui

    relevncia e qualidade.

    Outra ferramenta importante que a Internet disponibiliza so os grupos de

    discusses, a partir desta interatividade as pessoas obtm informaes, esclarecem

  • 36

    dvidas on-line, aprendem em grupo atravs de questionamentos o que auxilia o

    desenvolvimento de novos conhecimentos para a organizao.

    A partir deste entendimento da relevncia do papel da Internet nas

    organizaes, podemos destacar algumas aplicaes especficas voltadas gesto do

    conhecimento:

    Pginas amarelas: Banco de dados on-line com a lista de pessoas e o

    respectivo conhecimento de seu domnio. Tem como grande objetivo a

    localizao dos conhecimentos na empresa e visualizao de eventuais

    lacunas existentes;

    Repositrios de Conhecimento: Coletnea de conhecimentos explcitos

    existentes na organizao em formato de documentos, relatrios tcnicos

    dentre outros;

    Intranet: Solues de redes privadas que permitem o gerenciamento de

    informaes e conhecimentos organizao por meio de processos e

    protocolos na internet. A intranet possibilita maior aproveitamento da

    inteligncia da empresa, permitindo que os colaboradores criem, acessem

    e distribuam informaes e conhecimentos de forma eficaz;

    Extranet: Pode ser considerada como uma aplicao de internet que

    integra a organizao e seus membros aos clientes e fornecedores.

    Atualmente as ferramentas de colaborao tm sido um grande exemplo

    de aplicao utilizando o conceito de extranet.

    Todas estas aplicaes e tecnologias desenvolvidas tm como principal

    objetivo obteno de informaes e conhecimentos que possam ser efetivamente

    utilizados nos diversos processos e atividades da organizao. Caso este propsito

    no seja atendido, a utilizao destas comeam a ser questionadas, chegando, at

    mesmo, a serem abandonadas. O que se v, atualmente, nas organizaes uma

    enorme quantidade de dados que por no serem interpretados e nem estarem

    associados a nenhum contexto na organizao no so utilizados e nem

    proporcionam informaes relevantes para a tomada de decises empresariais. Tal

    fato gera frustraes e descrdito quanto utilizao das tecnologias de informao

    em geral.

  • 37

    A utilizao das T.I. para a gesto do conhecimento est justamente associada

    ao objetivo de criar novo conhecimento, dissemin-lo na organizao e incorpor-lo

    s atividades, servios e produtos da organizao. O grupo Delphi apud

    BRASILIENSE (2002) agrupou as fases de gerenciamento do conhecimento da

    seguinte forma:

    Intermediao: a transferncia de conhecimento entre seus detentores e

    usurios. Essa intermediao pode ser feita por meio de intranets,

    groupwares, ferramentas de pesquisa, workflow e at de forma verbal;

    Externalizao: a transferncia do conhecimento da mente de algum

    para um repositrio da forma mais eficiente possvel. Para tanto podem

    ser usadas ferramentas de workflow (algum definindo uma forma de

    trabalho), gerenciamento de imagens de documentos, gerenciamento de

    documentos e pesquisa para a sua classificao;

    Internalizao: a extrao do conhecimento do repositrio e o uso de

    filtros para obter o de maior relevncia para os usurios. Ferramental de

    data warehouse e de pesquisa fazem parte desse grupo;

    Tomadas de deciso: a funcionalidade de sistemas em tomarem decises

    sobre o conhecimento existente. a aplicao da tecnologia sobre o

    conhecimento obtido nas trs etapas anteriores. Para isso, utilizam-se de

    sistemas especialistas/inteligncia artificial.

    Independentemente de suas caractersticas e qualidades, devemos estar cientes

    que nenhuma ferramenta de tecnologia da informao atender todas as nossas

    necessidades. O gerenciamento do conhecimento no se obtido a partir do uso de

    uma determinada tecnologia por si s, e sim a partir da utilizao de uma srie de

    tecnologias de forma compartilhada e conciliada as atividades exercidas pela

    organizao bem como com a existncia de uma estrutura organizacional voltada

    para o conhecimento. Deve ser evitado o que acredita SENGE (2000), o fato das

    empresas, em geral, estarem usando a tecnologia da informao para administrar

    conhecimento. Este nvel de administrao atravs, simplesmente das T.I. no passa

    de uma forma de controlar os funcionrios e no de proporcionar condies para o

    desenvolvimento de novas habilidades.

  • 38

    A tecnologia possui um papel de facilitar fortemente a criao, registro e

    disseminao do conhecimento ao permitir que todos na organizao possam fazer

    parte deste processo em qualquer instante e independente de sua localizao. De

    qualquer maneira, o investimento nela necessrio mas no suficiente para gerir

    devidamente o conhecimento da empresa.

    2.8. Eficincia na Gesto do Conhecimento

    No possvel deixar de considerar a necessidade de apoio a todas estas

    iniciativas, e at mesmo da participao dos funcionrios mais influentes da

    organizao. Sem o comprometimento da alta direo da organizao, todo e

    qualquer projeto est fadado ao fracasso. O principal executivo da empresa tem que

    comprar a idia, pois a implantao de um sistema de gerenciamento do

    conhecimento exige mudanas organizacionais e estratgicas, e se estas no

    estiverem alinhadas no alto escalo da empresa no tero efeitos prticos.

    Depois deste entendimento o maior desafio ser trabalhar a cultura dos

    funcionrios, para que eles se convenam da necessidade da adoo de um modelo

    estratgico de gerenciamento do conhecimento, no apenas para garantir seus

    empregos, mas com o objetivo de manter a empresa numa boa posio no mercado.

    Quando considerada como responsabilidade da alta administrao este novo

    perfil de empresa voltada para o conhecimento, deve-se enfatizar a importncia do

    desenvolvimento de uma estrutura organizacional voltada para o conhecimento que

    aceite a captao, compartilhamento e disseminao de maneiras formal, para o

    conhecimento explcito, e informal, no conhecimento tcito. Esta organizao deve

    definir claramente as competncias e atribuies de cada uma das reas e respectivos

    cargos, premiando os funcionrios segundo suas habilidades e qualidade no

    cumprimento de suas atividades. Os funcionrios devem utilizar a criatividade e sua

    capacidade de aprender como maneiras de resolver seus problemas e no se

    limitarem ao cumprimento de procedimentos e normas, o que pode resultar na

    famigerada burocracia.

    Para isto, segundo NONAKA & TAKEUCHI (1995), os gerentes de nvel

    mdio desempenham um papel essencial, funcionando como engenheiros do

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    conhecimento dentro da empresa. Eles funcionam como facilitadores da criao do

    conhecimento, envolvendo a alta administrao e os funcionrios da linha de frente

    em um processo gerencial chamado middle-up-down.

    Cabe a alta administrao fazer c