História da ArteProf. Tatiana Martins

Material de apoioDesenvolvimento do Mundo Moderno

O desenvolvimento do Mundo Moderno

Com a influência religiosa reduzida por contribuição da Reforma Protestante iniciada no século XVI, o mundo ocidental foi ampliado cultural e geograficamente a partir do século XVII.

A invenção da imprensa inaugurou um ambiente propício à cultura das letras, e as descobertas de novos mundos pelas grandes navegações abriram as frentes da exploração comercial impulsionadora do mer-cantilismo.

Martinho Lutero aos 46 anos,1529. Pintado por Lucas Cranach, o Velho

(Alemanha,1472–1553)

A partir do século XVII, tendo início as revoluções burguesas e a revolução científica e intelectual, que abrange as concepções de mundo de Galileu, Descartes e Newton, até fins do XVIII, diante de um fenômeno revolucionário generalizado, ocorriam profundas e significativas mudanças na estrutura do pensamento ocidental.

Retrato de Galileu Galilei, pintado por Justus Sustermans, em 1636.

Galileu Galilei (1564-1642) matemático, físico, astrô-nomo, e filósofo italiano fundamentou cientificamente a Teoria Heliocêntrica de Copérnico.

Desmitificou lendas, estabe-leceu princípios e causou uma renovação na história da Ciência.

Desde o início da Renascença, que elegeu a dúvida como caminho oposto ao da indubitável verdade religiosa, e a partir do desenvolvimento da filosofia e da ciência modernas, ocorria a ruptura com a concepção de ciência até então submetida à autoridade da Igreja.

Retrato de René Descartes,Pintado por Frans Hals, em 1649.

Descartes (França, 1596-1650) desejou estabelecer um método universal de pensamento, inspirado no rigor matemático e na razão.

Seu método tornou-se muito célebre porque os séculos posteriores viram nele uma manifestação do livre exame e do raciona-lismo.

A dúvida metódica indicava a produção de certezas na construção de um ser humano ‘hiperracional’.

A ciência e a tecnologia passavam a ser representações de mundo, e o mundo passava a ser pensado através e a partir delas.

Retrato de Isaac Newton (Reino Unido, 1642-1727), pintado por Godfrey Kneller, em 1689.

Reconhecido como pai da física moderna, Newton também foi astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo.

A partir de suas descobertas, publicadas em 1687, deixamos de ver o mundo como um lugar místico, além da compreensão da mente humana, e passamos a percebê-lo como um lugar onde as ‘leis da física’ podem prever o comportamento da própria natureza.

Neste período, o uso da pintura a óleo sobre a tela emoldurada era a forma de representação já muito popularizada desde o Renascimento, juntamente com a con-cepção de propriedade privada.

Johannes Vermeer (Holanda, 1632-1675) - Alegoria da pintura, 1666-1667.

No século XVII, os conhecimentos sobre pintura ainda eram trans-mitidos de mestre para aprendiz.

Os pintores da mesma época de Vermeer ainda pintavam para mecenas que lhes asseguravam a sobrevivência.

Johannes Vermeer (Holanda, 1632–1675) Moça com brinco de pérola, 1665

Mas no século XVIII, a arte passou a ser uma disciplina ensinada em academias, como a Filosofia.

Escola de Modelos ao Vivo na Academia Real, 1771Pintura de Johann Zoffany (Frankfurt, 1733-1810)

A situação em que os artistas viviam e trabalhavam até então, passou a mudar. Academias e exposições, críticos e entendidos, empenhavam-se ao máximo para introduzir uma distinção entre Arte com A maiúsculo e o mero exercício de um ofício, fosse ele o de pintor ou de construtor.

Também os alicerces em que a arte foi assentada durante toda a sua existência estavam sendo abalados de outro lado: a Revolução Industrial começou a destruir as próprias tradições do sólido artesanato e o trabalho manual cedia lugar à produção mecânica, a oficina dava espaço à fábrica.

Exposição da Academia Real, 1787, França - Pietro Antonio Martini.

Os pintores passaram a pintar para os salões, que admiravam a arte heróica da antiguidade clássica e insistiam no desenho correto e na imitação de estátuas clássicas.

A Igreja e a Monarquia passavam a ter suas influências minimizadas com a criação dos estados-nação e a expansão de direitos civis.

Durante o século XVIII, as ideias de liberdade política e econômica defendidas pela burguesia direcionavam-se ao Iluminismo, à Revolução Industrial e às transformações sociais geradas especialmente pela Revolução Francesa (1789).

Até o surgimento da fotografia, a pintura também iria servir de registro dos acontecimentos históricos recentes: Charles I exige do Parlamento Inglês a prisão de cinco membros denunciados por traição à Coroa, enquanto o presidente da Casa dos Comuns desafia a autoridade do rei e recusa-se a entregá-los.

Pintado por John Singleton Copley (EUA, 1737-1815) , em 1785.

A liberdade conduzindo o povo, óleo sobre tela de Eugène Delacroix, 1830.