Desenvolvimento Do Processo de Trabalho e Processo de Produção

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Desenvolvimento do processo de trabalho e processo de produoO Capital e Grundrisse Marx

Cooperao simples... a cooperao permite estender o espao em que se realiza o trabalho, sendo, por isso, exigida em certos processos de trabalho pela prpria configurao espacial do objeto de trabalho, como, por exemplo, na drenagem de terras, na construo de diques, na irrigao, na construo de canais, estradas, ferrovias etc. Por outro lado, ela possibilita em proporo escala de produo um estreitamento espacial do campo de produo. Essa limitao do mbito espacial do trabalho com a simultnea expanso de sua escala de ao, com o que se poupa uma quantidade de falsos custos (faux frais), surge da aglomerao dos trabalhadores, da juno na mesma rea de diversos processos de trabalho e da concentrao dos meios de produo. (O Capital, cap. XI Cooperao).

Manufatura

A origem da manufatura, sua formao a partir do artesanato, portanto dplice. De um lado, ela parte da combinao de ofcios autnomos de diferentes espcies, que so despidos de sua autonomia e tornados unilaterais at o ponto em que constituem apenas operaes parciais que se complementam mutuamente no processo de produo de uma nica e mesma mercadoria. De outro lado, ela parte da cooperao de artfices da mesma espcie, decompe o mesmo ofcio individual em suas diversas operaes particulares e as isola e as torna autnomas at o ponto em que cada uma delas torna-se funo exclusiva de um trabalhador especfico. Por um lado a manufatura introduz, portanto, a diviso do trabalho em um processo de produo ou a desenvolve mais; por outro lado, ela combina ofcios anteriormente separados. Qualquer que seja seu ponto particular de partida, sua figura final a mesma um mecanismo de produo, cujos rgos so seres humanos. (O Capital, cap. XII Diviso do Trabalho e Manufatura).

A observao de determinado quantum de matria-prima, por exemplo, de trapos na manufatura de papel ou de arame na manufatura de agulhas, mostra que ela percorre, nas mos dos diferentes trabalhadores parciais, uma seqncia cronolgica de fases de produo at chegar a sua figura final. Mas se observarmos pelo contrrio a oficina como um mecanismo global, vemos que a matria-prima se encontra simultaneamente em todas as suas fases de produo de uma vez. Com uma parte de suas muitas mos armadas de instrumentos, o trabalhador coletivo, formado pela combinao de trabalhadores detalhistas, estira o arame, enquanto simultaneamente com outras mos e outras ferramentas o estica, com outras o corta, o aponta etc. De uma sucesso no tempo, os diversos processos graduais transformam-se em uma justaposio no espao. Da o fornecimento de mais mercadorias prontas no mesmo perodo de tempo. Aquela simultaneidade decorre, na verdade, da forma cooperativa geral do processo global, mas a manufatura no apenas encontra, desde o incio, as condies para a cooperao, seno que em parte as cria pela decomposio da atividade artesanal. Por outro lado, ela alcana essa organizao social do processo de trabalho apenas soldando o mesmo trabalhador ao mesmo detalhe. (O Capital, cap. XII Diviso do Trabalho e Manufatura).

Grande indstria

A grande indstria teve, portanto, de apoderar-se de seu meio caracterstico de produo, a prpria mquina, e produzir mquinas por meio de mquinas. S assim ela criou sua base tcnica adequada e se firmou sobre seus prprios ps. Com a crescente produo mecanizada das primeiras dcadas do sculo XIX, a maquinaria se apoderou, pouco a pouco, da fabricao das mquinas-ferramentas. (O Capital, cap. XIIX Maquinaria e Grande Indstria).

Como maquinaria, o meio de trabalho adquire um modo de existncia material que pressupe a substituio da fora humana por foras naturais e da rotina emprica pela aplicao consciente das cincias da Natureza. Na manufatura, a articulao do processo social de trabalho puramente subjetiva, combinao de trabalhadores parciais; no sistema de mquinas, a grande indstria tem um organismo de produo inteiramente objetivo, que o operrio j encontra pronto, como condio de produo material. Na cooperao simples e mesmo na especificada pela diviso do trabalho, a supresso do trabalhador individual pelo socializado aparece ainda como sendo mais ou menos casual. A maquinaria, com algumas excees a serem aventadas posteriormente, s funciona com base no trabalho imediatamente socializado ou coletivo. O carter cooperativo do processo de trabalho torna-se agora, portanto, uma necessidade tcnica ditada pela natureza do prprio meio de trabalho (O Capital, cap. XIIX Maquinaria e Grande Indstria).

Enquanto o trabalho em mquinas agride o sistema nervoso ao mximo, ele reprime o jogo polivalente dos msculos e confisca toda a livre atividade corprea e espiritual. Mesmo a facilitao do trabalho torna-se um meio de tortura, j que a mquina no livra o trabalhador do trabalho, mas seu trabalho de contedo. Toda produo capitalista, medida que ela no apenas processo de trabalho, mas ao mesmo tempo processo de valorizao do capital, tem em comum o fato de que no o trabalhador quem usa as condies de trabalho, mas, que, pelo contrrio, so as condies de trabalho que usam o trabalhador: s, porm, com a maquinaria que essa inverso ganha realidade tecnicamente palpvel. (O Capital, cap. XIIX Maquinaria e Grande Indstria).

Como mquina, o meio de trabalho logo se torna um concorrente do prprio trabalhador. A autovalorizao do capital por meio da mquina est na razo direta do nmero de trabalhadores cujas condies de existncia ela destri. Todo o sistema de produo capitalista repousa no fato de que o trabalhador vende sua fora de trabalho como mercadoria. A diviso do trabalho unilateraliza essa fora de trabalho em uma habilidade inteiramente particularizada de manejar uma ferramenta parcial. Assim que o manejo da ferramenta passa mquina, extingue-se, com o valor de uso, o valor de troca da fora de trabalho. O trabalhador torna-se invendvel, como papel-moeda posto fora de circulao. (O Capital, cap. XIIX Maquinaria e Grande Indstria).

O que os trabalhadores parciais perdem, concentra-se no capital com que se confrontam. um produto da diviso manufatureira do trabalho opor-lhes as foras intelectuais do processo material de produo como propriedade alheia e poder que os domina. Esse processo de dissociao comea na cooperao simples, em que o capitalista representa em face dos trabalhadores individuais a unidade e a vontade do corpo social de trabalho. O processo desenvolve-se na manufatura, que mutila o trabalhador, convertendo-o em trabalhador parcial. Ele se completa na grande indstria, que separa do trabalho a cincia como potncia autnoma de produo e a fora a servir ao capital. (O Capital, cap. XII Diviso do Trabalho e Manufatura).

Ps-grande indstria (?)

A troca de trabalho vivo por trabalho objetivado, isto , a posio do trabalho social sob a forma de oposio entre capital e trabalho assalariado, o ltimo desenvolvimento daralao de valore da produo apoiada sobre o valor. Seu pressuposto e permanece a massa de tempo de trabalho imediato, oquantumde trabalho empregado como fator decisivo da produo de riqueza. Na medida em que a grande indstria se desenvolve, a criao de riqueza efetiva torna-se menos dependente do tempo de trabalho e doquantumde trabalho utilizado do que do poder dos agentes postos em movimento durante o tempo de trabalho, poder que, em seupowerful effectiveness[poderosa efetividade], no mantm relao com o tempo de trabalho imediato demandado por sua produo, mas [essa criao] depende muito mais do estado geral da cincia e do progresso da tecnologia, ou seja, da utilizao dessa cincia na produo. (O desenvolvimento dessa cincia, em particular ria cincia natural e com ela de todas as outras, est diretamente relacionado cem o desenvolvimento da produo material.) A agricultura, por exemplo, toma-se mero emprego da cincia de cmbio recproco dos materiais, na forma mais favorvel regulao do corpo social como um todo. A riqueza efetiva manifesta-se muito mais como nos revela a grande indstria num imenso desequilbrio entre o tempo de trabalho empregado e seus produtos e tambm no desequilbrio qualitativo entre o trabalho reduzido a uma pura abstrao e a violncia do processo de produo por ela assegurada. O trabalho j no aparece tanto como encerrado no processo de produo na medida em que o homem se comporta muito mais como vigilante e regulador do processo de produo. (O que vale para a maquinaria tambm vale para a combinao da atividade humana e para o desenvolvimento das relaes humanas.) J no o trabalhador que introduz a coisa natural modificada como elo entre si mesmo e o objeto, mas o processo natural, que ele transformou em processo industrial, introduzido por ele como meio entre si prprio e a natureza inorgnica que ele domina. Ele comparece ao lado do processo de produo em vez de ser seu agente principal. Nessa transformao, no nem o trabalho imediato, executado pelo prprio homem, nem o tempo que ele trabalha, mas a apropriao de sua prpria fora produtiva geral, seu entendimento e dominao da natureza por meio de sua existncia como corpo social numa palavra, o desenvolvimento do indivduo social o que aparece como o pilar fundador da produo e da riqueza.O roubo do tempo de trabalho alheio, sobre o qual hoje se assenta a riqueza,parece um fundamento miservel se comparado com a nova riqueza gerada pela grande indstria recentemente desenvolvida. To logo o trabalho, na forma imediata, tenha deixado de ser a grande fonte da riqueza, o tempo de trabalho deixa e precisa deixar de ser a sua medida,eportanto o valor de troca, [a medida] dos valores de uso. O sobretrabalho das massasdeixa de ser condio da riqueza em geral, assim como ono-trabalhode poucos [deixa de ser condio] do desenvolvimento dos poderes gerais do crebro humano. Com isso entra em colapso a produo apoiada sobre valor de troca, e o processo de produo material imediato despe-se ele prprio da forma da necessidade premente e do antagonismo(die Form der Notdrftkeit und Gegenstlichkeit abgestreift).No a reduo do tempo de trabalho necessrio ao sobretrabalho, mas a reduo do trabalho necessrio sociedade a um mnimo, o tempo tornado livre para todos os indivduos e os meios criados que possibilitam a educao artstica, cientfica etc. necessria ao livre desenvolvimento das individualidades. O capital ele mesmo acontradio em processo, conforme impede que o tempo de trabalho se reduza a um mnimo e, simultaneamente, torna o tempo de trabalho a nica medida e fonte da riqueza. Por conseguinte, ele diminui o tempo de trabalho sob a forma necessria para multiplic-lo sob sua forma suprflua. Neste sentido, transforma e suprfluo em medida crescente como condio question de vie et de mort[questo de vida e de morte] para o [trabalho] necessrio. Se, de por um lado, ele apela para todas as foras da cincia e da natureza para as combinaes e intercmbiossociais com o objetivo de tornar a criao da riqueza independente (de modo relativo) do tempo de trabalho empregado para sua criao; por outro lado, ele pretende medir pelo tempo de trabalho, as imensas foras sociais assim geradas e impeli-las aos limites requeridos para manter o valor j criado como valor. As foras produtivas e as relaes sociais ambas diferentes aspectos do desenvolvimento do indivduo social aparecem ao capital apenas como meio e so para ele apenas um meio para produzir, partindo de seus fundamentos limitados. Na verdade, porm, elas so as condies materiais para explodi-lo. " verdadeiramente rica uma nao quando se trabalham seis horas em vez de doze. Awealth[riqueza] no comando do tempo sobre trabalho (riqueza real), masdisposable time[tempo disponvel] alm daquele utilizado na produo imediata para cada indivduo e para a sociedade como um todo. (Grundrisse, Captulo do capital).