Design Centrado no Usuário

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 Design Centrado no Usuário (DCU) é o campo de estudo que reúne metodologias de design nos quais o público-alvo de um produto ou serviço influencia as diretrizes e requisitos do sistema. Origem O termo foi cunhado nos laboratórios de pesquisa de Donald Norman na UCSD (University of California San Diego ) durante os anos 80, e se popularizou com dois de seus livros: User-Centered System Design: New Perspectives on Human-Computer Interaction de 1986 (coautoria de Draper ) e The design of everyday things , seu trabalho mais conhecido. As idéias ali contidas possuem raízes mais remotas, no Design Industrial . No universo tangível do design de produtos, desde 1955 com o livro-manifest oDesigning for people de Henry Dreyfuss , considerado por muitos pai do design industrial . Entre suas criações destaca-se o telefone elétrico Bell Model 300 , um símbolo durável de suas idéias. 1960 1970 | Inspeção de software No campo de estudos do Design de Interação , DCU se relaciona com dispositivos interativos complexos como sistemas eletrônicos, e foi muito influenciado pela engenharia de software durante as década de 60 e 70. O escopo no entanto era a qualidade do código, pois os primeiros computadores eram muito limitados para exibir qualquer interface tão complexa que necessitasse de um profissional dedicado. 1980 1990 | DCU e IHC Gradualmente o hardware evoluiu permitindo softwares robustos e interfaces complexas. Durante os anos 80, profissionais de engenharia de software e áreas correlatas definiram os p receitos do campo de estudos do IHC Interface Humano Computador. Neste período se desenvolvem os métodos de inspeção de usabilidade. Norman define finalmente o conceito de Design Centrado no Usuário em seu livro The design of everyday things . Neste momento o conceito é próximo de idéias relacionadas ao funcionamento das ferramentas e usabilidade. O autor sugere que DCU trata da necessidade da interface ser projetada no intuito de informar seu usuário sobre suas funcionalidades e o status do sistema. 1990 2000 | DCU em: IxD, UX, Service Design Com autores como Cooper , Saffer , Shedroff , Tim Brown entre tandos outros, DCU ramifica em diversas e profundas aboradagens para diferentes propósitos. No Design de interação  (Interacion Design ou IxD )práticas de pesquisa e prototipação de dispositivos interativos complexos são estudadas e desenvolidas. User Experience (UX) é o campo de estudos da experiência do usuário, considerada em amplo escopo e „sistematizadaem práticas que buscam uma relação emocional dos mesmos.  Service Design  aplica os princípios do DCU considerando o serviço, produto e marca em amplo escopo, utilizando muitas ferramentas do marketing . Finalmente, Design Thinking oferece uma abordagem do ponto de vista do negócio, com foco na inovação. Esta é uma área recente e ainda em formação, e alguns autores sugerem uma relação direta entre DT e o Design Sustentáve l (pessoalmente discordo). Esta perspectiva confronta os princípios de DCU , portanto o Design Thinking + Design Sustentável segue os princípios do Design Social ou Design Centrado na Humanidade  

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Design Centrado no Usuário (DCU) é o campo de estudo que reúne metodologias de design nos quais o 

público-alvo de um produto ou serviço influencia as diretrizes e requisitos do sistema.

Origem

O termo foi cunhado nos laboratórios de pesquisa de Donald Norman na UCSD (University of California 

San Diego ) durante os anos 80, e se popularizou com dois de seus livros: User-Centered System Design: 

New Perspectives on Human-Computer Interaction de 1986 (coautoria de Draper ) e The design of 

everyday things , seu trabalho mais conhecido.

As idéias ali contidas possuem raízes mais remotas, no Design Industrial . No universo tangível

do design de produtos, desde 1955 com o livro-manifestoDesigning for people de Henry Dreyfuss ,

considerado por muitos pai do design industrial . Entre suas criações destaca-se o telefone elétrico Bell 

Model 300 , um símbolo durável de suas idéias.

1960 – 1970 | Inspeção de software

No campo de estudos do Design de Interação , DCU se relaciona com dispositivos interativos complexos

como sistemas eletrônicos, e foi muito influenciado pela engenharia de software durante as década de 60e 70.

O escopo no entanto era a qualidade do código, pois os primeiros computadores eram muito limitados

para exibir qualquer interface tão complexa que necessitasse de um profissional dedicado.1980 – 1990 | DCU e IHC

Gradualmente o hardware evoluiu permitindo softwares robustos e interfaces complexas. Durante os anos

80, profissionais de engenharia de software e áreas correlatas definiram os preceitos do campo de

estudos do IHC – Interface Humano Computador.

Neste período se desenvolvem os métodos de inspeção de usabilidade.

Norman define finalmente o conceito de Design Centrado no Usuário em seu livro The design of everyday 

things . Neste momento o conceito é próximo de idéias relacionadas ao funcionamento das ferramentas e

usabilidade.

O autor sugere que DCU trata da necessidade da interface ser projetada no intuito de informar seu

usuário sobre suas funcionalidades e o status do sistema.1990 – 2000 | DCU em: IxD, UX, Service Design

Com autores como Cooper , Saffer , Shedroff , Tim Brown entre tandos outros, DCU ramifica em diversas e

profundas aboradagens para diferentes propósitos.

No Design de interação  (Interacion Design ou IxD )práticas de pesquisa e prototipação de dispositivos

interativos complexos são estudadas e desenvolidas.

User Experience (UX) é o campo de estudos da experiência do usuário, considerada em amplo escopo e

„sistematizada‟ em práticas que buscam uma relação emocional dos mesmos. Service Design  aplica os princípios do DCU considerando o serviço, produto e marca em amplo escopo,

utilizando muitas ferramentas do marketing .

Finalmente, Design Thinking oferece uma abordagem do ponto de vista do negócio, com foco na

inovação. Esta é uma área recente e ainda em formação, e alguns autores sugerem uma relação direta

entre DT e o Design Sustentáve l (pessoalmente discordo). Esta perspectiva confronta os princípios

de DCU , portanto o Design Thinking + Design Sustentável segue os princípios do Design 

Social ou Design Centrado na Humanidade  

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Vendendo Design de Interação

1º desafio: vendendo pesquisa

Quando vendemos os benefícios do Design Centrado no Usuário o cliente se interessa. Mas se sua

curiosidade se extende para a prática logo vem a dúvida: “Isso é uma pesquisa de Marketing ?”. A questão

é razoável e natural, uma vez que parte das ferramentas são as mesmas para ambos: Etnografia,

questionários, entrevistas… 

O que muda é o foco, ou objetivo: Marketing faz pesquisa de mercado, Designer fazpesquisa para

produto. Um lida com hábitos de compra do consumidor, outro compadrões de comportamento do

usuário. Ou seja, as ferramentas são semelhantes mas a aplicação não. Como disse a colega Patrícia

Mourthe, presente no encontro, “não se pode definir o médico pelo estetoscópio”. 

2º desafio: vendendo o protótipo

O ciclo de vida do produto, como o nome sugere, é iterativo. É importante validar cada etapa do projeto

com usuários reais para encontrar e solucionar possíveis problemas deusabilidade. Para evitar retrabalho

e otimizar as descobertas de usabilidade, usamos mockups, wireframes ou protótipos em português claro.

Protótipos não são bonitos como o produto final. Estudos indicam inclusive que descobertas de

usabilidade são mais viáveis quando não há distração com excesso de elementos visuais e firulas de

interface com propósitos cosméticos.

Um cliente esclarecido está a par destas informações, mas não é incomum lidar com clientes que

desconhecem os protótipos. Estão acostumados a comprar a solução pronta. Mas designers de interação

trabalham de maneira colaborativa, envolvendo os tomadores de decisão no processo.

3º desafio: vendendo testes de usabilidade

Especialistas podem avaliar interfaces com base em seu conhecimento acumulado sobre comportamento

(genius Design ou Rapid Expert Design), mas o crème de la crème do design centrado no usuário é

 justamente o teste de usabilidade, que envolve usuários reais. O problema é que os testes, normalmente

acompanhados de entrevistas, são metodologias qualitativas e não precisam de muitos usuários.

Segundo Nielsen, 5 é o número mágico para melhor custo/benefício. No entanto,s e o sistema é complexo

e possui distintas e exóticos perfis de uso, esse número se multiplica. Ou seja, para alguns clientes o

número de usuários pode ser considerado pouco, enquanto para outros justamente o contrário.

O desafio neste caso é explicar as vantagens da abordagem qualitativa evitando o vocabulário técnico.

4º desafio: vendendo sem intermediários

Parte de nossos clientes possuem produtos digitais e procuram agências digitais para desenvolvê-los e

melhorá-los. Já ouviram dizer sobre essa “usabilidade” e pedem para incluir no pacote. Estas por sua

vez nos contratam, o que é ótimo, mas gera novos desafios:1. O atendimento da agência pode ser uma película a mais na comunicação com o cliente.2. O ritmo do modelo de negócios da agência dita o tempo do trabalho.3. Nem sempre podemos assinar que realizamos.

O desafio é adotar uma linguagem adequada, realizar prospeccão inteligente e divulgar os benefícios da

área para educar o mercado destas práticas.

5º desafio: vedendo design de interação

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Na série de livros O‟Reilly temos referências para diversas áreas. O guerreiro SEO é um falcão,

o arquiteto da informação é um urso-polar. Acredito que o designer de interação poderia muito bem ser

um ornitorrinco, já que somamos características de tantos outras áreas.

Como vendemos o design de interação aqui na Latitude14? Não vendemos. A princípio, somos designers

estratégicos. Design de Interação é um conjunto de métodos para criar ou evoluir produtos, e não vende

focar em metodologia, mas sim em resultados.O cliente tem uma dificuldade, meu trabalho é ajudá-lo a encontrar o problema e resolvê-lo da maneira

mais adequada.

Esta foi nossa apresentação, e a discussão que se seguiu foi muito rica e proveitosa. Se quiser

complementar ou discordar de algo, use os comentários. E se for de Belo Horizonte, participe do próximo

evento, mês que vêm.