DESIGN MAGAZINE 5 – MAIO/JUNHO 2012

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Edição nº 5 (Maio/Junho) da Design Magazine

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EDITORIAL

O dinheiro e a adoração por tudo o que ele dá têm-se so-breposto a todas as outras coisas da vida. É constante o invocar da necessidade em manter a estabilidade dos nú-meros, que isso deve ser feito a todo o custo. É esta a única ideia que santifica as reuniões dos líderes europeus. E será que serão eles líderes? Neste momento os políticos europeus só prestam honra aos interesses superiores de uma plutocracia esclarecida, que goza de total libertinagem e cujos valores se sobrepõem aos valores que fundam as ainda existentes sociedades em regime democrático. Estes plutocratas não têm qualquer tipo de respeito pelo outros e a ideia do bem comum é algo que nunca passou pelas suas intenções de vida. A forma como estes plutocratas ferem as sociedades é no sentido de causarem um sem fim de instabilidades, que vão desde a guerra passando pela de-sinformação e deixando um ambiente de instabilidade so-cial onde a promoção das injúrias e dos escândalos servem o propósito de anular as referências. As acções maliciosas proliferam e o mundo da comunicação ajuda ainda a pro-videnciar, com maior verosimilhança, um rumo ainda mais incerto por onde a Humanidade deve seguir nos próximos tempos. Aniquilam-se as referências e abafa-se a voz de to-dos aqueles que olham para a origem da fumaça. Para ator-doar ainda mais os que de forma perseverante continuam a olhar nos olhos dos incendiários, os políticos e governos locais aumentam de forma deliberada a opressão sobre os povos. As sociedades são criteriosamente prejudicadas e roubadas dos seus valores e o que quer que haja de lugar a restituição é apenas para os que mandam “emprestar”. É por intermédio do roubo generalizado, decretado por leis, que os políticos cumprem a restituição sobrevalorizada de um ou mais bens que, de facto, só tiveram, têm e terão um único dono. Mas os fracos líderes europeus também se di-ferenciam e têm a necessidade de se diferenciarem perante os seus donos, daí que se assista ao espalhar de defeitos de certos povos e a uma contínua promoção da sua estig-matização. O pensamento europeu é impuro e à ideia de uma Europa para os povos europeus cai-lhe a máscara a todos os dias que passam. A cobiça grassa de forma feroz e numa avi-dez sem limites. A deterioração do valor do trabalho e a degradação da situação económica dos povos só pode ter um fim.Eu também sou Grego!

[email protected]

POR TIAGO KRUSSE

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SUMÁRIO

OPINIÃO RODRIGO COSTA

ENSAIO FRANCISCO VILAÇA

EVOLUÇÃO CAMPANA

MIGUEL SOEIRO

DANIEL PERA

LUÍS CASTANHEIRA

PATRÍCIA FRANCO

FOOD DESIGN POR JOSÉ AVILLEZ

FRAGMENTADA

LISBON STONE BLOCK

MORADIA CABEÇO DO RESTO

NO CHIADO

REFORMA EM MOLFETTA

ENTREVISTA A ELSA DA SILVA

LEITURAS

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CRIADA EM 2011PUBLICAÇÃO BIMESTRALREGISTO DA ENTIDADE REGULADORA DA COMUNICAÇÃO 126124

FUNDADORESTIAGO KRUSSEJOEL COSTA

EDITORA ELEMENTOS À SOLTA - DESENVOVIMENTO DE PRODUTOS MULTIMÉDIA LDARUA ADRIANO CORREIA OLIVEIRA, 153, 1B - 3880-316 OVAR - PORTUGALNIPC: 508 654 858www.elementosasolta.pt DIRECTORTIAGO KRUSSE [email protected]ÇÃO GRÁFICA E PRODUÇÃO DIGITALJOEL COSTA [email protected]ÁTIA CUNHA [email protected] LOPESJOSÉ LUÍS DE SALDANHARODRIGO COSTAFOTOGRAFIARUI GONÇALVES MORENOCOMUNICAÇÃONEWS ABILITY COMUNICAÇÃO ANA TEIXEIRA ALVES [email protected] www.revistadesignmagazine.comwww.facebook.com/revistadesignmagazinewww.twitter.com/rdesignmagazine

designMAGAZINE

ESTA REVISTA NÃO ESTÁ REDIGIDA NOS TERMOS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.

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OPINIÃO

… Será desconforme dizer-se que a Humanidade é uma procissão que ainda vai no adro. Quando muito, poder-se--á dizer que o andor está de regresso à igreja, cumpridos que estarão mais de 180 graus, num percurso, segundo as minhas contas, perfeito por 360; ponto donde nunca saiu, senão para fazer experiências, vãs, na tentativa de ser o que nunca poderia: outra coisa.Nada de novo, na medida em que, durante esse foge-es-conde-e-torna-a-vir, já o Fernão — esse mesmo, o inspira-dor do Magalhães — tinha desfeito as dúvidas e provado que a Terra é redonda; que, por mais que pensemos ganhar distância, quanto mais nos afastarmos, mais nos aproxima-remos do lugar de onde partimos; porque a Vida é feita de coisas simples, insertas em ciclos e em círculos só aparen-temente complexos!Ao longo de milénios, vivendo sem abrigo nem privilégios, exposta ao tempo, às bactérias e aos predadores; acicatada por ideias de colegas que nos antecederam, a Humanidade iniciou uma marcha, longa e penosa, na esperança de fugir de si mesmo; tentando agarrar-se a um nico da Razão e procurando introduzir nuances que nunca passaram disso, porque o Instinto nunca abdicou do domínio, mantendo--se arquitecto e matriz; percebendo-se, muito rapidamen-te, que o Carnaval não é uma festa despropositada; e que será, inconscientemente, admito, a data em que a Humani-dade, levando-se a sério, celebra a sua esquisita realidade: um armazém de máscaras.Fim de ciclo, pausa, interregno; paragem para pensar e olhar, ao espelho, a imagem de presunção e de abandono; a análise das marcas de cansaço por lutas travadas dentro de si e contra si?... O que são, afinal, estes sinais de caos apetrechado de tecnologia e provocado e corroído pela au-sência do Pensamento?...Antes de mais, alguém se esqueceu de que somos, ape-nas, material consumível e que se consome dentro de um transcendentalmente decidido prazo de validade. Nós con-seguimos escolher e abrir caminhos, mas não conseguimos ficar parados nem ir para além dos limites; porque, por muito que nos imobilizemos, o que anda é a carruagem; e, por muito que corramos, não conseguimos ultrapassar os limites fixados. Então, talvez eu esteja em condições de

dizer que a actualidade é devida a um excesso de esforço, ruptura muscular provocada por cérebros que tomaram o freio e se esqueceram da fragilidade dos seus assessores e da sua própria. A Humanidade — alguns humanos, para ser justo, embo-ra muitos — largou em correria louca e sem garantias de destino, como se, em tempo de invasões e de guerra, tudo tivesse que ser deixado para trás — seres, teres e haveres —, porque cada ferramenta nova traz o aspecto de um fu-turo que estará para além das estrelas; escondido, algures, num lugar que ninguém conhece e que, a mim me parecer, nem existe, por ser a descoberta simples do complicado imaginário.Naturalmente, na avidez não cabem os mais velhos nem o estorvo das crianças; não cabe nada que emperre a velo-cidade atingida; e os mais novos envelhecem mais rapida-mente, porque nada nem ninguém ultrapassa a barreira do som, sem ouvir o estrondo e sem lhe sofrer os danos.Quo Vadis?!... — Não sei!... — responderia a Humanidade, com os dedos colados a todas as teclas e screens, se, nesta altura, lhe fosse feita a pergunta; ocupada em miríades de acções so-ciais e de solidariedade promovidas e mantidas — aqui, te-nho dúvidas — por uma maioritária cambada que não tem vergonha na tromba; que esmifra quanto pode para supor-tar o altruísmo; levando-me a concluir que talvez o cortejo fosse mais lento, demorasse mais a chegar ao abismo, se houvesse menos gente com vocação para ajudar e com a sorte de os natais não serem tanto uns atrás dos outros.Ao contrário do que possa pensar-se ou parecer, as pessoas estão cada vez mais desfiguradas pelo facto de, no rosto — independentemente da maquilhagem e/ou outros ape-trechos —, haver, apenas, os sinais da desconfiança e da fuga; porque estão inseguras e porque não fogem senão de si mesmas. Razões?... A ambição desmedida e o liberalismo económico.Soluções?... Penso que não as há, porque as sociedades —os estados, a sua presença e a sua ausência — apenas pu-deram confirmar o que nunca passou de utopia: o respeito e a igualdade no tratamento; a análise e o comedimento; o espaço à honestidade, à inteligência e à experiência, para a

POR RODRIGO COSTA

DA SOLIDÃO ADULTA AO GENOCÍDIO INFANTIL

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tomada de decisões.Não sei se as pessoas já perceberam que só há o Estado… ou a selva. E há, já, material suficiente para que a decisão ou a reformulação seja iniciada; para que o Estado seja um Estado novo — se renove, para não assustar os fantasmas —; um Estado capaz de assumir a paternidade, não a do pai que dá tudo, mas a do tutor que não se demite das responsabilidades e que tem a legitimidade de as exigir; que educa, que apoia, que estabelece os parâmetros de procedimento; que é parte interventiva e fundamental na produção e na distribuição da riqueza; um pai que justifi-que a cobrança dos emolumentos; que não ceda e / ou não venda, ao desbarato, o que rouba aos filhos, perdido entre a masturbação, os luxos e as bebedeiras. Então, o conforto das pessoas idosas e das crianças não pode depender dos interesses de mercado, dessa arena onde não sobreviverão nem os animais nem os gladiado-res; uns e outros obcecados pela sobrevivência a qualquer preço, sendo que o preço há-de ser a areia tingida e res-sequida do sangue derramado pela ganância abatida pela estupidez — de facto, este mundo não é para idosos nem para crianças; só para gente que decide morrer em velo-cidade de ponta… E, se possível, rica, porque já nem o S. Pedro dá borlas…

Nota: apresento o Estado não como solução perfeita, capaz de eliminar todas as assimetrias; mas como a entidade que mais neutralmente as pode gerir, capaz da moderação, por ser esse o papel que cabe ao Estado, o de moderador… De que se tem alheado, é facto, porque os políticos descobri-ram que podem viver, irresponsavelmente, entre o público e o privado, e impondo os impostos que lhes sustentam os vícios. E, como, até aqui, a tese tem vencido… há-de ser discutida a possibilidade de apoio ao suicídio — o aborto já está e a eutanásia já passa por remédio… O único entrave é a perda de contribuintes. A Segurança Social sentir-se-ia aliviada com a deserção de muitos reformados; porém, há gente que se mata e se há-de matar durante o período de trabalho e de contributo — uma chatice, quando tudo pare-cia ir no melhor sentido!…

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www.rodrigo-costa.net

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A EFÉMERA

ETERNIDADE DO

MOMENTO

ENSAIOPOR FRANCISCO VILAÇA

Colhido pelo doce aconchego de um eterno fim de tarde, debaixo do suave e lambido calor de Havana, o fascínio apodera-se de mim.A entrada é enorme e o pé direito agiganta-se-lhe, bem me tento pôr em bicos de pés mas a sua majestosa pose atira--me de volta à minha pequena condição humana.Olho em frente e sou presenteado com um trio embriagado sentado à volta de uma mesa, ironias de Baco, bêbedos ao bêbedo. Treinados pela agonizante rotina de quem já nada tem a fazer com as mãos além de dividir um tabuleiro de dominó, e antes que lhes dirigisse a palavra entoam em coro um afinado, Arriba!Começo a subir o pequeno interminável lanço de escadas em caracol, de paredes revestidas em preces e instruções de Ernesto, repelindo gritos mudos de uma liberdade sem direito a sentidos e que teima em aparecer. O ar invade-se pela essência do mais puro dos êxtases, a brisa que ali corre devolve àquelas toalhas a magia em todo o seu esplendor. Toalhas de um branco ártico, que me pren-de e me empurra num abrir e fechar de olhos, tocam-se timidamente afagando a mágoa daquele povo que sofre em silêncio, num bailado leve e pausado, angustiado, desco-nhecendo o porquê, o porquê de tal angústia, na urgência descontraída de uma desconcertante melancolia.Aqui, quem sou afoga-se lentamente num daiquiri recitado pelo Hemingway, não, não, é a saudade diz o Eça, fazendo o meu coração levantar ao trauteado da sua prosa, mas os meus pés, aaaaaah os meus pés, esses ficaram agarrados ao chão por respeito a tão nobre povo.

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EVOLUÇÃO CAMPANA

POR ANA LOPES

FERNANDO E HUMBERTO CAMPANA FORMAM UMA DUPLA INCONTORNÁVEL DO MUN-DO DO DESIGN. FOI EM 1989 QUE OS DOIS IRMÃOS INICIARAM UM LONGO E BEM--SUCEDIDO PERCURSO: SÃO RECONHECIDOS A NÍVEL INTERNACIONAL E AS SUAS PEÇAS MARCAM O ESPÓLIO DE VÁRIAS INSTITUIÇÕES. VINTE E TRÊS ANOS DEPOIS FAZEMOS UMA PEQUENA RETROSPECTIVA AO SEU TRABALHO.

Vinte e três anos depois de começarem, o que se pode di-zer sobre os irmãos Campana que não tenha sido já dito? Muito pouco provavelmente.Os irmãos são, possivelmente, das personalidades mais sig-nificativas do design sul-americano, e conseguiram, depois de um período adormecido do design brasileiro, voltar a dar-lhe relevância no mercado internacional, fortalecendo novamente a sua identidade. O nome Campana é, nos tem-pos que correm, dado como uma referência universal do design.Desde o início das suas carreiras que os irmãos causaram sensação no meio artístico de São Paulo, local onde se es-tabeleceram. É um começo marcado por uma fase experi-mentalista, em que os conceitos dos objectos ainda estão a ser testados, numa tentativa de conhecer limites e de puxá-los até ao extremo. Neste seu e já longo percurso, os Campana passam por variadas fases que vão desde as preocupações ecológicas, as combinações de materiais im-prováveis, o uso de linhas suaves ou o uso de estruturas lineares. As suas peças implementam uma linguagem muito distinta e individual, com um estilo urbano que denuncia, de forma inequívoca, a influência que o Brasil, com a sua fauna, flora, meio envolvente citadino e cultural, provocam nos traba-lhos. Tudo se conjuga numa interacção das cores, materiais e linhas dos objectos. Em algumas das peças é possível notar ainda a influência surrealista de alguns artistas sul--americanos do século XX.As principais características dos seus produtos passam pela fusão de materiais naturais com artificiais, pela simultanei-dade de culturas e sobretudo pela preocupação com a re- SUSHI III

FOTOGRAFIA: LUIS CALAZANS

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ciclagem, assumindo que são os materiais que determinam a forma das suas peças e não o contrário. O que se tira do processo produtivo é uma ligação muito estreita entre o design e a arte, na sua forma mais pura e rude. Produtos como a Luminária Bambu (1995), a Cadeira Sushi (2002) ou a Fruteira Nazareth (2008) são exemplos deste design com características de artes plásticas; peças únicas, tanto na sua produção como no seu conceito. Uma grande parcela dos seus trabalhos resulta em peças de edição limitada, feitas à medida no próprio estúdio e produzidas como comissões privadas. Neste aspecto, os de-signs apresentam um ponto negativo pois acabam por ser-vir quase como peças-museu, sem um uso e uma divulga-ção regular. No final acaba por não haver um conhecimento real do alcance da sua criatividade e o impacto que as suas peças têm no mercado, interno e externo.No entanto, é inegável que os Campana construíram um extenso trabalho, composto pelas mais avariadas peças de design que vão desde mobiliário, peças domésticas, ilumi-nação, joalharia, vestuário e obras de arte. Ao longo das suas carreiras apresentaram um trabalho inovador e cria-tivo, que muito tem contribuído para um impulso rejuve-nescido do design brasileiro, passado e actual, no mercado mundial. Em cada design é quase possível descobrir um conceito diferente, e isso, indiscutivelmente, destacou até hoje o nome dos irmãos no mundo do design.

www.campanas.com.br

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POR FERNANDO E HUMBERTO CAMPANA

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POR FERNANDO E HUMBERTO CAMPANAFOTOGRAFIA: FERNANDO LASZLO — CORTESIA DO VITRA DESIGN MUSEUM / EXPOSIÇÃO ITINERANTE “ANTICORPOS

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PERFILMIGUEL SOEIRO

O designer Miguel Soeiro acaba de lançar a Stream Light Collection, uma primeira série de candeeiros marcada pela elegância e a pureza do conceito. O bom desenho e a le-veza da Stream Light Collection foram postos à prova na mais recente edição da feira Light+Building, em Frankfurt, na Alemanha.O percurso académico e profissional de Miguel Soeiro re-velam desde logo uma experiência enriquecedora, que lhe permite ter uma percepção do Mundo e do meio em que desenvolve a sua profissão. Começou a estudar design in-dustrial na Escola Superior de Artes e Design, de Caldas da Rainha, e concluiu os seus estudos na Kuopion Muotoiluaka-temia, na Finlândia. Há dois anos atrás concluiu uma pós--graduação em design estratégico e inovação, no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, e actualmente está a tirar um douturamento em design, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Para além da bagagem académica, Miguel Soeiro tem desenvolvido uma consistente experiência profissional da qual se desta-cam colaborações, nacionais e estrangeiras, com empresas e estúdios: Viarco, Nautilus, Corticeira Amorim, Silampos, Vista Alegre / Atlantis, JM Carvalho Araújo, Marco Sousa Santos e a Design Waacs.

Nestes últimos tempos Miguel Soeiro tem desempenhado a função de designer de produção para a editora de design Branca Lisboa – liderada por Marco Sousa Santos, e acaba por registar a OWN, a sua própria editora e seu OWNstu-dio. A todas estas exigências e abraço a novos desafios, o designer acumula o papel de professor ao leccionar o curso de design de produto na Lisbon School of Design e na ETIC.O trabalho de Miguel Soeiro tem vindo a deixar uma marca de consistência, os seus produtos atraem-nos pela inspira-ção genuína de um autor que nos transmite um saber que alia a frescura da abordagem com as qualidades de um pro-fissional, rigor e precisão, que são fundamentais para o êxi-to. Os produtos com a sua assinatura deixam-nos também perceber o seu à-vontade com um conjunto de materiais distintos, revelando uma nata potencialidade para desen-volver e concretizar ideias em diversos segmentos. Ficamos pois na expectativa de boas novidades da OWN.

www.own.com.pt

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PERFILDANIEL PERA

Depois e um período de trabalho a nível industrial como designer de produto, Daniel Pera decidiu apostar no traçar do seu próprio rumo e aliou-se profissionalmente ao colega Pedro Gomes. Está assim criada mais uma dupla de desig-ners que promete dar que falar nos tempos mais próximos.A formação académica de Daniel Pera é feita na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, ingres-sando em 2004 no curso de design. Ganhou algum traquejo do mundo e do conhecimento de outras pessoas e culturas por intermédio do programa Erasmus. Um ano antes de completar o curso encetava a sua primeira experiência pro-fissional na área do grafismo e inteirava-se de forma breve sobre o que representa o universo digital. Daniel Pera, com o curso concluído, em 2009, e orientado para o design de produto, consegue um estágio na empre-sa Climar, sediada em Aveiro, e ligada à indústria da ilumi-nação. É um período bem aproveitado e uma boa forma de solidificar os ensinamentos teóricos e de revelá-los no seio de uma equipa de trabalho, gerindo projectos num ambiente de produção industrial. Após o estágio perma-nece até 2011 na Climar, uma nova fase que lhe permite expandir conceitos e desenvolver uma percepção abran-gente do processo produtivo industrial, quer nas suas com-ponentes tecnológicas como nas culturais. Ao encontrar-se no meio do processo de produção, o designer retirou um conhecimento mais profundo de esquemas produtivos, de matérias-primas, de relações envolvendo fornecedores e clientes e no todo conseguiu uma melhor compreensão dos fundamentos da sua profissão bem como ganhou um maior entusiasmo pelos propósitos inerentes ao processo indus-trial de produtos.Saído da Climar, Daniel Pera iniciou-se por conta própria e no presente ano decide aliar-se a Pedro Gomes, estando a dupla a encetar parcerias, tendo como objectivo o desen-volvimento de actividades ligadas ao design de produto, comunicação e estratégia. Perspectiva-se o arranque de um estúdio de design com ampla abordagem de respostas em diversos segmentos de mercados.Divulgamos aqui alguns produtos da autoria de Daniel Pera, dos quais salientamos o design discreto, apelativo e funcio-nal.

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PERFILLUÍS CASTANHEIRA

Nascido em 1988 em Lisboa, Luís Castanheira completou o ano passado o mestrado em design de produto tendo anteriormente concluída a licenciatura em design, num percurso académico todo ele desenvolvido na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.A conclusão do mestrado foi feita com a apresentação do Project “Energym – Actividade Física e Energia Humana”, um sistema público orientado para os espaços verdes ur-banos e com um propósito de consciencializar os cidadãos para os valores da ecologia.Com uma visão muito precisa do que sobre deve ser o design e aquilo que ele deve representar, Luís Castanheira dá um especial ênfase à utilidade dos produtos. Como muitos outros designers nacionais, o seu objectivo passa por ficar na sua terra estando à procura de projectos in-teressantes na sua área e com os quais possa acumular experiências ganhando uma maior maturidade pessoal e profissional.Neste momento Luís Castanheira participa no concurso in-ternacional Braun Prize 2012. Pela qualidade dos produtos que apresenta, parece-nos que este jovem designer pode-rá muito em breve dar mostras muito positivas das suas potencialidades e de concretizar o seu ideal de tornar as empresas nacionais ainda mais competitivas e inovadoras.

http://www.behance.net/luiscastanheira

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EMOCIONAIS ESTRUTURASPATRÍCIA FRANCO TRABALHA A ESCULTURA E A JOALHARIA DE UMA MANIERA SUA, CAR-REGANDO EXPERIÊNCIAS E IMPRESSÕES. DESTACAMOS QUATRO PRODUÇÕES QUE PELO CONCEITO, FORMA E ESTÉTICA NÃO NOS DEIXARAM INDIFERENTES.

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FOOD DESIGN

POR JOSÉ AVILLEZ

Ingredientes para 4 pessoas

Para a massa200 g de massa folhada de alta qualidade

Para o creme1 l de leite

200 g de gemas150 g de açúcar50 g de maizena50 g de farinha1 casca de limão

Para o gelado1 l de leite

0,5 l de natas50 g de trimoline250 g de gemas200 g de açúcar

10 g de estabilizante de gelados1 colher de sopa de canela em pó

Outros:Açúcar demerara q.b.

Canela em pó q.b.Açúcar em pó q.b

Pastel de nata em mil folhas com gelado de canela

Possivelmente, o doce mais emblemático de Lisboa. Aqui veste-se com outro traje e apresenta-se à mesa na hora do almoço ou do jantar e não, como é habitual, na hora do lanche. O gelado de canela enriquece-o e provoca um importante contraste de temperatura.

Preparação

Para a massa folhadaEstique a massa com a ajuda de um rolo da massa, pique-a ligeiramente com um garfo e coloque-a entre duas placas de forno. Leve a cozer a 250ºC durante 15 minutos. Deixe arrefecer e corte-a em rectângulos uniformes. Reserve.

Para o cremeNuma panela, ferva o leite com a casca de limão. Deixe fazer uma infusão durante 10 minutos. ReserveMisture bem os ovos com as farinhas e adicione o leite lentamente, mexendo continuamente. Leve novamente ao lume até ganhar a consistência desejada. Tape com pelicu-la aderente para não secar. Reserve.

Para o gelado de canelaMisture as gemas com o açúcar e a canela. Reserve.Numa taça. Junte os restantes ingredientes e acrescente o preparado das gemas. Coloque na máquina de gelados até atingir a consistência desejada.

FinalizaçãoCom a ajuda de um saco pasteleiro, preencha com o cre-me os rectângulos de massa folhada. Para cada pessoa, sobreponha três rectângulos de massa folhada cobertos com creme de forma a obter três camadas. Leve ao for-no para aquecer ligeiramente. Polvilhe a superfície com açúcar demerara e queime com a ajuda de um maçarico. Polvilhe com canela e açúcar em pó e sirva com o gelado de canela.

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FRAGMENTADAARQUITECTURA: ARQUITECTOS OFFICETEXTO: TIAGO KRUSSEFOTOGRAFIA: CORTESIA DA ARQUITECTOS OFFICE

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Do escritório fundado por Luis Aguirre, AQSO Arquitectos Office com sede em Madrid e Pequim, divulgamos uma das suas recentes obras, a moradia Fragmentada. Localizada perto de Laguna de Duero, uma cidade pertencente ao mu-nicípio de Tierra de Pinares, em Valladolid, na região de Castela e Leão. O conceito para esta moradia partiu de um bloco compacto que foi desenvolvendo as suas divisões e um programa dos espaços interiores que acabam por defi-nir a forma quebrada revelada no exterior.Com uma área de 200 metros quadrados no seu piso térreo, a construção está voltada para Oriente e a casa dividida em dois pisos. A sala de estar e as zonas sociais do quotidia-no centram-se no piso térreo enquanto as zonas privadas dos quartos estão no primeiro piso. De linhas simples, o desenho da moradia criou uma série de sobreposição de elementos que acabam por definir atmosferas e espaços diferentes.A entrada está resguardada por dois blocos paralelos e a moradia privilegia a fachada voltada para o jardim, com enfiamentos do interior para o exterior, onde se encontram as áreas mais vividas da casa. No interior as divisões se-guem um encadeamento lógico e funcional, marcado por materiais e acabamentos discretos. O espaço no piso tér-reo é todo ele fluido, sem divisões totalmente isoladas, em que esse movimento é apenas quebrado por uma parede e o lanço de escadas para o primeiro piso. As tonalidades escolhidas são claras e sóbrias, criando uma atmosfera con-fortável. A escolha dos materiais de construção foi ao encontro de um objectivo de simplicidade e equilíbrio visual. No exterior foram escolhidos azulejos cerâmicos de grande escala que combinam com a pedra. No interior, janelas, caixilharia, pa-vimentos e revestimentos seguiram a mesma linha estética. A piscina, de pouco diâmetro, estende-se em profundida-de. Para além de estabelecer uma relação geométrica com a moradia, o seu desenho permite tirar um maior proveito do jardim e da sensação de espaço livre. Os muros total-mente cobertos de heras e pequenos arbustos proporcio-nam uma melhor atmosfera em torno da moradia, criando uma camuflagem natural e atenuando a delimitação do lote de terreno.A equipa da AQSO Arquitectos Office revela com esta cons-trução um conceito sem grande complexidade, simples e que ordena um espaço de comodidade adaptado às exigên-cias de uma família.

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LISBON STONE BLOCK

ARQUITECTURA: ALBERTO DE SOUZA OLIVEIRATEXTO: TIAGO KRUSSEFOTOGRAFIA: NELSON RODRIGUES

É como se fosse uma pedra trabalhada, elegante na for-ma como se relaciona com as árvores envolventes e uma espécie de espelho à dinâmica do movimento das ave-nidas. A tonalidade da fachada, em mármore, actua de forma complementar às cores das ramagens, aos diferen-tes reflexos de tonalidades proporcionados consoante as luminosidades dos dias e até valoriza toda a envolvente edificada. É um edifício distinto e integrado numa zona histórica do urbanismo de Lisboa, entre um cruzamento das avenidas Defensores de Chaves e Visconde Valmor. Distingue-se pela sua presença e marca um espírito sem romper ou descaracterizar a zona. É uma pedra bem en-caixada. Podendo entender-se como um contra-senso, a verdade é que esta pedra, apesar da sua rigidez como material, confere ao lugar uma harmoniosa leveza e sere-nidade. É um forte contraponto à agitação diurna daque-las vias rodoviárias. Lirismo talvez nosso, o facto é que gostamos do edifício.Do gabinete do arquitecto recebemos uma breve mas ex-plicativa memória do projecto que argumenta a designa-ção do edifício de Lisbon Stone Block derivada da imagem de um bloco em pedra. No que à ideia e conceito diz res-peito, a obra é baseada numa fachada mutante “numa pele de pedra – em sucessivas metamorfoses pela mobili-dade que a caracteriza”. Assume-se uma edificação escul-tórica que revela variações distintas, “de noite irradia luz dos apartamentos, de dia é uma pele perfurada, atraves-sada pela luz…”. Essa luz chega ao interior por intermédio da abertura dos painéis, em mármore de Carrára, com posição diversa. A estrutura que suporta a pedra mármo-re é produzida em aço galvanizado pintado. É uma dupla fachada ventilada cuja função é servir como filtro de luz e de temperatura. Bem mais do que uma opção estética, esta dupla fachada tem a função de contribuir para o conforto sentido dentro dos apartamentos. Na nossa opinião, esta fachada exerce um fascínio em quem a vê e percebe, denotando um dinamismo e um movimento que resultam de quem vive nos apartamen-tos. Essa vivência passa para a rua e a fachada revela-se como que uma espécie de um teclado de pedra vivo. A memória descritiva explica que “o sistema associa uma membrana de painéis pivotantes em pedra de mármore e caixilharia de vidro da Technal – através da utilização do sistema Epure – que surge como uma segunda pele, com

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a resistência e estanquicidade pretendida”. Relativamente à utilização do alumínio, à cor natural, o propósito foi o de harmonizar a cor da caixilharia com a tonalidade da pedra da fachada.É um edifício de 9 pisos, um rés-do-chão pensado para o comércio e do primeiro ao oitavo andar para habitação. Os interiores dos apartamentos são marcados pela pre-sença da pedra e da madeira. A existência de painéis mó-veis nos apartamentos foi programada com o propósito de modular o espaço sem criar barreiras. Bem desenhados, equipados e irrepreensíveis do ponto vista da sustentabi-lidade, os apartamentos são um natural seguimento da harmonia e do equilíbrio de um todo.

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MORADIA CABEÇO DO RESTOARQUITECTURA: MASB ARQUITECTOSTEXTO: TIAGO KRUSSEFOTOGRAFIA: CORTESIA MSB ARQUITECTOS

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Não é a primeira vez que os arquitectos do atelier MSB se lançam no desafio de construir num lote de terreno com-plicado para a construção. Este lote em Santana, na ilha da Madeira, tem um declive acentuado, que se estende de Sul para Norte. Na memória descritiva que nos foi for-necida, é salientado que foi procurada uma resposta que contrariasse essa adversidade, “recusando moldar o ter-reno com muros de suporte, e tirando partido do declive para ‘soltar’ o programa da casa, e dividindo o volume em duas plataformas separadas, conectadas com um elemen-to vertical que une estes dois momentos”.Após o levantamento do terreno e percebendo que a lo-calização orientada a Norte lhe retirava uma exposição solar mais ampla, os arquitectos decidiram implantar o edificado o mais acima possível para que a moradia re-cebesse a luz natural vinda de Sul. E deste atelier encon-tramos sempre uma preocupação que os arquitectos têm em tirar o melhor aproveitamento das vistas, com enfia-mento a Norte e que por isso definiu luz sobre um lado e sombra no outro. O declive acentuado deu seguimento a três volumes, para que a moradia se pudesse fixar nas condições ideais. É definido o conceito com dois volumes “ que dividem o programa em zona de carácter mais público

(piso de chegada), e zona privada (piso inferior), ligados por um terceiro volume que os une através de um aces-so”. No primeiro volume encontram-se a garagem, hall, cozinha com lavandaria e uma casa de banho de apoio à sala, “encontrando-se anichada na zona do terreno que tem a melhor vista, balançando de forma dramática entre a faixa de terreno que nos é proporcionado”. O segundo volume, numa cota inferior, e também ele anichado ao terreno existente, congrega todos os quartos de dormir e as respectivas instalações sanitárias. Os dois volumes assumem-se no declive natural do terreno e desdobram as suas coberturas em zonas verdes, que podem ser rea-proveitadas.Um projecto que se integra de forma suave num terreno de características particulares difíceis para a construção e que consegue retirar dessas circunstâncias uma oportu-nidade para aproveitar a singularidade do lugar. Há nele a preocupação com a vista com também o da exposição solar. Sem contrariar o terreno, a equipa de arquitectos expressa e concretiza esse desígnio de “inserir a casa sem escavações, sempre numa perspcetiva de uma integração suave no território, através de uma arquitectura que tem um gesto de grande naturalidade com a envolvente”.

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NO CHIADOARQUITECTURA E DESIGN DE INTERIORES: ANA ANAHORY E FILIPA ALMEIDATEXTO: TIAGO KRUSSEFOTOGRAFIA: NUNO CORREIA

Depois do bem sucedido trabalho no Cantinho do Avillez, a dupla Ana Anahory e Filipa Almeida voltam a merecer a total confiança do chefe José Avillez, desta feita para o restaurante Belcanto, no Largo de São Carlos, em Lisboa.Entre os propósitos do trabalho de Ana Anahory e Filipa Almeida fica expressa uma vontade de perpetuar o imagi-nário do Belcanto e, através de uma reforma de interiores, torná-lo funcional e ao mesmo tempo identificativo dos valores associados à actividade do chefe José Avillez.A reforma de interiores não incidiu nos elementos de construção originais do espaço, que foram preservados, ela focou-se no desígnio de criar uma funcionalidade de áreas que se adaptassem aos requisitos de um restauran-te chefiado por José Avillez, dando respostas em termos de fluxo de pessoas, comodidade e elegância.Na memória descritiva que nos foi fornecida é salientada a intenção, concretizada, de dotar o Belcanto de uma maior luminosidade e caracterizá-lo com um enfiamento, mais notório, do interior para o exterior. O programa de interio-res faz um aproveitamento dos revestimentos em madeira que se encontram nas paredes e que são mantidos na sua cor natural. Foram mantidos os bancos de parede que voltaram a ser revestidos a pele castanha assim como as cadeiras existentes, preservando assim um pouco da me-

mória do antigo restaurante.A sala principal é marcada pela expressividade de um grande candeeiro de suspensão, uma peça de design im-ponente e que dá uma força estética ao ambiente, harmo-nizando-se com as mesas redondas e as cadeiras de ma-deira dos anos 50. As escolhas dos produtos, do mobiliário à iluminação, foram feitas ao pormenor, não apenas com uma intenção de seduzir os apreciadores do bom design mas também com o fim de vincar o conforto proporciona-do por uma atmosfera bem desenhada.Tal como já tinha sucedido no Cantinho do Avillez, Ana Anahory e Filipa Almeida convidaram a artista Joana As-tolfi, que estruturou no espaço uma biblioteca de livros antigos que pela sua disposição, em estante, forma uma célebre frase de Fernando Pessoa. As artes plásticas me-receram um maior destaque e o restaurante alberga telas de Marco Pires e uma especial encomenda de esculturas solicitadas à ceramista Teresa Pavão. Já os aparadores do Belcanto são fruto de um trabalho do artista Tomás Viana, que desenhou o mobiliário em carvalho e integrando azu-lejos Viúva Lamego. Um último apontamento para refe-renciar também o trabalho da ceramista Cátia Pessoa que produziu as jarras de flores e desenhou alguns pratos com o fim propositado a receitas específicas de José Avillez.

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REFORMA EM MOLFETTA

ARQUITECTURA: VENEZIANO+TEAMTEXTO: TIAGO KRUSSEFOTOGRAFIA: MICHELE DE CANDIA

Um edifício histórico de 1850 e localizado no porto de Molfetta, na província italiana de Bari, sofreu uma re-forma levada a cabo por Gianni Veneziano e Luciana Di Virgilio, do atelier Veneziano+Team. A reforma foi ope-rada ao nível dos interiores, transformando um progra-ma tradicional composto de um corredor principal que dá enfiamentos para os quartos para uma abordagem mais fluída do espaço, em consonância com os actuais hábitos e vivências quotidianas. O novo projecto de arquitectura estabeleceu uma organização a três níveis: no piso térreo a sala de estar que comunica com a cozinha, no primeiro piso dois quartos e uma casa de banho e no piso -1 uma sala de estar e um spa completo – banheira de massa-gens, banho turco, chuveiro e sanitários.A reformulação do espaço pretendeu criar uma atmosfe-ra de equilíbrios e a arquitectura de interiores procurou a simplicidade fundindo-a com o historial das paredes de pedra, com os novos materiais de construção e mobiliário.

Criou-se um espaço de forte pendor artístico, que para além de quebrar a rotina também deixou lugar à fanta-sia. Os materiais predominantes são o betão, aplicado nas escadas, as peças de mosaico – de impressão digi-tal, aguarelas da autoria de Gianni Veneziano, o vidro, os acabamentos em madeira e pavimentos em carvalho branco. Há também toda uma gama de mobiliário feito à medida, estruturados em madeira lacada, e que ao invés de atafulhar os espaços criaram um complemento ao es-pírito arquitectónico da casa, fazendo-o sobressair. Pre-sença forte é o da pedra trabalhada à mão, oriunda da região. O design de iluminação foi tido em conta tal como outros automatismos ligados à gestão, sustentabilidade e eficiência energética da casa. O gosto pelo design e o espírito de autores como Alessandro Mendini ou Frank o. Gehry colocam em confronto abordagens e conceitos neste espaço único.

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ELSA DA SILVA

A MENTORA DA MEMO-SITO FALOU-NOS DESTE SEU TRABALHO DIRECCIONADO PARA O UNIVERSO DA REABILITAÇÃO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL. ESTANDO A EXERCER OUTRAS ACTIVIDADES PROFISSIONAIS DE GRANDE EXIGÊNCIA E QUE LHE OCUPAM GRANDE PARTE DO TEMPO, ESTA ARQUITECTA DÁ-NOS CONTA COMO COLO-COU MÃOS À OBRA DEIXANDO-NOS UM TESTEMUNHO VÁLIDO DE COMO A PRÁTICA DA DISCIPLINA PODE E DEVE ESTAR PARA ALÉM DO PROJECTAR.

ENTREVISTA

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O que é a Memo-Sito?Consiste numa plataforma de comunicação, orientada para o mercado urgente da reabilitação de edifícios e sitos, seja ele direcionado para profissionais em modo de divulgação dos tipos de intervenções, seja para estu-dantes como informativo da actualidade à qual as espe-cializações deverão ser adaptadas e o futuro re-lançado. Com isto, servir para conhecimento de proprietários ou potenciais investidores, projectos executados desde o sito urbano ao rural.

Quantas pessoas fazem parte de equipa de traba-lho?Sou eu com a colaboração de amigos e adeptos.

Quando é que surgiu a ideia de criar esta organização?Na sequência de um fim-de-semana de reformulação de actividades profissionais, o ânimo de concentrar-me na recuperação de património edificado sobrepôs-se natu-ralmente aos projectos já desenvolvidos. Se a questão no momento era “E porque não?” passou a ser uma ideia concreta em vez de um pensamento por idealizar. O am-biente e as pessoas foram propícios à identificação deste empenho e se num tão curto período de tempo foi pos-sível conquistar o interesse de participantes, porque não disponibilizar os meios para essa procura desmistificando o empreendimento que é Reabilitar. Assim que cheguei de viagem, defini o conceito na 1ª manhã de trabalho e criei o Memo-Sito com base num lançamento de fotogra-fias que já tinha captado pela degradação dos prédios em pleno centro da capital, na sequência os amigos da organização publicaram as suas, de outras regiões do país. Qual a finalidade da missão?Ressuscitar sitos desocupados ou abandonados, identifi-cando-os e divulgando as fotografias e/ou vídeos. Memo-Sito apresenta uma base de dados acerca das edi-ficações que carecem de intervenções regenerativas em Portugal, assim como as equipas e os meios existentes para este tipo de obra. Os objectivos passam pela divul-gação de iniciativas que corrigem o estado “morto” do edificado para o estado “vivo”, pela incentivação à recu-peração e à rentabilização desses espaços, isto é, atra-vés da partilha de projectos executados – queira a título

particular ou empresarial – nomeadamente: reconversão, reabilitação, reconstrução, retrofitting e activação tempo-rária (manifestação artística). Contempla a informação de livros nesse âmbito, concursos, seminários e actividades extra-laboriais. Trata de partilhar igualmente, entrevistas a intervenientes como proprietários, técnicos e artistas plás-ticos. O mapa inter-activo em desenvolvimento acerca de edi-fícios devolutos em Portugal, baseia-se na constatação e análise de potencialidade - de proprietários identificáveis ou não - sinalização de segurança pública em caso de perigo, outros mais dados geográficos e de construção. Reporta posteriormente, zonas de maior procura para habitação e zoneamento de tipologias de uso previstas com possível taxa de maior sucesso (habitação/restaura-ção/educação/lazer/comércio/escritório/…)Nesta abordagem é notória a amplitude deste mercado por reforçar, tanto são os benefícios para o mercado de trabalho como o aumento da qualidade de vida nas zo-nas regeneradas, o que favoriza por sua vez o desenvol-vimento económico e respectivamente a habitação dos centros das cidades, uma maior oferta de arrendamento que contrariaria a inflação dos preços praticados.

Que estratégias e métodos foram definidos para a recolha de informação?Essencialmente levantamento fotográfico e partilha de fotografias, na sequência, investigação porta-à-porta, de registos e se estão previstos projectos de intervenção. Quanto à seleção de material via net, é confirmada a ac-tualidade das informações. Pesquisa-se as empresas que apostam em novos produtos e em formação específica para reabilitação. Procura-se projectar trabalhos concre-tizados, quando nada fazia prever que era possível recu-perar o investimento do que estava debilitado. É fulcral estabelecer e manter a rede de contactos, para promover a reciprocidade de procura/oferta, o sucesso parte daí, viabilizar um meio de conexão entre os diversos interes-sados.

Quais foram as metas que estabeleceram para 2012?Descentralizar e expandir a base de dados, designada-mente as empresas e profissionais com experiência na reabilitação, incluindo artesãos. Envolver mais quem es-

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teja interessado neste desafio.Não se trata de criar directamente emprego, mas é desa-fiar a capacidade de re-invenção e alertar para oportuni-dades de quem quiser continuar, começar a trabalhar na área da construção civil sob outra perspectiva – retrofit-ting the city – construir com o construído. Seria essencial esta inspiração em novas atitudes, pelo que nem sempre as entidades estatais, municipais e de educação conse-guem promover as condições para reagir à actualidade tão competitiva.

De que forma vão comunicar os resultados das pesquisas?O site www.memo-sito.com reporta para a página da rede social Facebook, manifestamente é um meio de co-municação imediato e participativo. As publicações estão organizadas com levantamento fotográfico, livros, pro-jectos de re-use, cartazes de actividades, apontamentos de estudos e outras imagens de inspiração. O mapa e a listagem estão em fase de elaboração

Existe algum tipo de parceria para prossecução do trabalho?A ImagineVirtual é uma excelente parceria de imagem e de gestão de comunicação. Ainda assim estão previstas parcerias com empresas na área da construção civil.

Como avaliam até ao momento os resultados ob-tidos?A reacção é satisfatória, sendo interessante verificar o interesse de pessoas de diversas áreas, inclusivé turistas.

Na vossa opinião quais são os pontos mais críticos das observações e levantamentos que têm feito até ao momento?O paradeiro desconhecido de proprietários ou mesmo a “inexistência” de paradeiros, o que impossibilita imobiliá-rias de corresponder à procura de transacção, bem como as câmaras municipais de notificar para reabilitação ou

demolição. Não saber dizer por que o imóvel está de-voluto para corrigir a situação. São procedimentos, que ficam num impasse e leva os habitantes das imediações a preocuparem-se, com os riscos de infestação, de incên-dio e de derrocada. O receio da desvalorização e desapa-recimento de actividades nas imediações.Dos edifícios habitados mas degradados, nem todos vêem de bom grado as obras de melhoramento, a pre-ocupação instantânea é o aumento da renda. Desde o auge da aquisição de casa-própria, na generalidade os que mantiveram-se inquilinos deixaram de fazer manu-tenção das casas e nem todos os senhorios estimaram as suas propriedades, nem todos hoje, têm recursos para fazer face ao desgaste. O património edificado não fica abandonado de uma dia para ao outro, vai sendo aban-donado, a cada dia que passa… A manutenção é a pre-venção. Há proprietários cansados que optam por deixar o imóvel em estado insalubre, transmitir como herança à próxima geração, que por sua vez pode não estar inte-ressada em dividir e/ou em empreender, e a degradação ocupa-se do resto.

www.memo-sito.com

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LEITURAS

Uma década, de 2000 a 2010, da iniciativa lançada pelos responsáveis da Serpentine Gallery, em Londres, no Reino Unido, que convidou um primeiro lote de reputados arqui-tectos a construírem, uma estrutura por ano, os pavilhões de Verão nos Jardins de Kesington. A Taschen produz este álbum, com edição de 2011, no qual reúne uma memória descritiva dos pavilhões, ilustrada com esboços e fotogra-fias das obras completas. As obras são-nos apresentadas de uma forma sequencial: Zaha Hadid, Daniel Libeskind, Toyo Ito, Oscar Niemeyer, MVRDV – de 2004 e nunca re-alizado, Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura com Cecil Balmond, Rem Koolhaas e Cecil Balmond, Olafur Eliasson e Kjetil Thorsen, Frank O. Gehry, SANAA e Jean Nouvel.É num prazo máximo de seis meses que cada arquitecto tem de erguer o seu pavilhão, desde o momento do con-vite ao dia inaugural. A iniciativa da Serpentine Gallery é singular no Mundo e consegue atrair uma média de 250 mil visitantes em cada Verão. Para além de sensibilizar os públi-cos para os domínios da arquitectura e do design, o evento serve também o propósito de cada arquitecto convidado poder planear uma estrutura e revelar a sua arquitectónica, não só pelo lado da qualidade que o projecto apresenta mas também o cariz expressivo da obra. E percebemos pe-las fotografias que cada espaço efémero que ocupa o lugar dos jardins revela diferentes relações, não só espaciais mas também emocionais. Cada arquitecto expressa intenções diferentes e em cada uma delas percebemos a oportunida-de de expor a plasticidade de um conceito e os desígnios estéticos que marcam uma assinatura.Não tivemos a oportunidade de visitar nenhum dos pavi-lhões, o que nos daria uma experiência mais completa to-davia, o álbum, pelas suas boas fotografias e todo o acom-panhamento do conceito por parte de cada arquitecto, dá-nos uma excelente percepção de cada abordagem e de cada relação no lugar, como o lugar e as pessoas. Sem uma inclinação para esta ou aquela abordagem arquitectónica, sobressai para nós que houve nestes dez anos uma tendên-cia maior para um conteúdo em que as intenções estiveram mais ligadas a uma arquitectura que serve o Homem e ao mesmo o estimula na sua componente filosófica. Ainda as-sim, alguns pavilhões revelam ainda uma abordagem mais voltada para a monumentalidade, que se impõe no espaço e sobre as pessoas. Denotámos também alguma inconsis-tência que se inclinou para a facilidade de um devaneio do momento. Os nossos pavilhões preferidos são os de Da-

niel Libeskind, de 2001, Oscar Niemeyer, de 2003, Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, de 2005, e SANNAA, de 2009. Para nós, estas estruturas são aquelas que revelam mais elegância de conceito e de desenho, pela forma com se integraram naquele específico espaço e pelo programa funcional. Obras estas mais estimulantes para as pessoas e que procuram harmonizar-se no jardim e dotá-lo de uma complementaridade. Não se sobrepuseram.Este Serpentine Gallery Pavilions é importante como peça de registo de atitudes e como documento relevante para se compreender cada arquitecto, nas suas ideias de utili-dade, de construção e de satisfação dos desejos humanos. Permite-nos compreender também que o papel e relevância da arquitectura não podem viver à parte dos lugares e das pessoas.

SERPETNINE GALLERY PAVILIONSPHILIP JODIDIOTASCHENDISTRIBUIÇÃO: CARACTER EDITORA

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Depois da bem esgalhada colecção 1+1: Arquitectura Por-tuguesa Actual, a editora Uzina Books apresenta a segunda série da colecção. São 12 novos livros, com a mesma quali-dade de conteúdos e a fascinante mas discreta componente gráfica, que trazem a obra de Alberto Souza Oliveira, Atelier Central, Atelier Remédios, Barbosa Guimarães, Carrilho da Graça, João Tiago Aguiar, Mais Linha Menos Linha, Nuno Lagartinho, Pedra Silva, Souto de Moura, Valsassina e Victor

Mestre e Sofia Aleixo.Num tempo de crise para a arquitectura, a Uzina Books aposta na continuidade e demonstra como a paixão pela disciplina mantêm-se intacta

1+1: ARQUITECTURA PORTUGESA ACTUAL – 2ª SÉRIEUZINA BOOKS

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«Luís Possolo. Um Arquitecto do Gabinete de Urbanização do Ultramar» é um livro da autoria de José Luís Saldanha, docente no Departamento de Arquitectura e Urbanismo do ISCTE-IUL, editado pelo Centro de Investigação em Arqui-tectura e Áreas Metropolitanas (CIAAM) sedeado nessa ins-tituição universitária.Trata-se de uma publicação que acompanhou o lançamento da exposição que - com o mesmo nome - se achou patente a público na Sala de Exposições do Edifício 2 do ISCTE, entre os dias 21 de Março e 13 de Abril. Nos dias 21 e 22 de Março, deu lugar igualmente a um ciclo de conferências relacionado com a obra portuguesa construída na generali-dade do Ultramar Português, com comunicações a cargo de diversos professores e investigadores universitários.

Esse conjunto de iniciativas insere-se no âmbito do Projecto de Investigação “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização. Cultura e Prática Arquitectónica”, sob coordenação de Ana Vaz Milheiro, e apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (refª PTDC/AURAQI/104964/2008), numa ini-ciativa que reúne como parceiros o ISCTE-IUL, o Arquivo Histórico Ultramarino e o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana).Esta obra encontra-se à venda na A+A, Livraria que fica na Sede da Ordem dos Arquitectos (Travessa do Carvalho, Cais do Sodré); na Livraria Galileu (Avª Valbom, em Cascais); e em toda a rede de lojas da Livraria Almedina.

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