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Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62 Buiatria Deslocação de abomaso novos conceitos [Abomasal displacement, new concepts] Cannas da Silva, J. 1 ; Serrão, S. 2 e Oliveira, R. 3 1 Canas da Silva Ldª, Serviços Veterinários Quinta do Meio Poço Vilgateira 2000 -815 Portugal <[email protected]>; 2 Mestre pela Faculdade de Ciências de Lisboa, <[email protected]>; 3 Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico de Lisboa, <[email protected]> Resumo: O autor descreve as diversas causas que podem provocar as deslocações de abomaso. Os dados de 899 deslocações de abomaso, que ocorreram em 5 anos foram divididas em 2 zonas climatéricas de forma a poder analisar e procurar possíveis relações com alterações climáticas. A pluviosidade e sua proporção é analisada e correlacionada com as deslocações de abomaso.São apresentados alguns dados estatísticos preliminares e sua análise. Summary: The author describes the different causes for abomasum displacement. The weather conditions are analysed in 2 meteorological places, and the preliminary results are presented. The pluviosity is correlated with abomasal displacements that occurs during 5 years. The influence of weather conditions at DA occurrence is placed together with nutritional, calving time, and management influence etc... 1. Introdução A deslocação de Abomaso à esquerda à direita com dilatação ou com torsão, é uma patologia cada vez mais freqüente, não só devido ao incremento da produção dos animais, bem como do aumento em dimensão das explorações de vacas leiteiras. O seu diagnostico tornou-se uma rotina diária na clínica de Bovinos de leite. Esta patologia é responsável por perdas de produção e de rendimento das explorações. Não só pela perda direta, como em grande parte pelo gasto em medicamentos como pela maior freqüência da intervenção veterinária com os seus custos inerentes. A literatura disponível explica bem a sua relação com o parto, período de seca e erros alimentares e de maneio, porém não existem dados que a relacionem com alterações climáticas. Em Portugal, os indicadores apontam para um acréscimo do número de deslocações de abomaso, o que pode ser explicado não só pela maior eficácia do diagnóstico pelo médico veterinário bem como uma cada vez maior sensibilidade do produtor para esta afecção, o que implica melhores técnicas de diagnóstico. Com este trabalho pretende-se estudar o possível efeito das alterações climatéricas particularmente quando são bruscas e de que forma poderão influenciar a ocorrência de deslocações de abomaso, num período determinado de tempo, independentemente das outras causas bem descritas e investigadas em diversa literatura. A influência, das alterações climatericas e sua influência indireta sobre algumas patologias tem sido, estudada, principalmente pela Sociedade Mundial de Biometeriologia. A responsabilidade das alterações climáticas como causa de diversas afecções no Homem, como doenças respiratórias, cardíacas, e do próprio sistema neuro-vegetativo etc, tem sido alvo de discussão e estudo pela referida Sociedade.

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Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62

Buiatria

Deslocação de abomaso novos conceitos [Abomasal displacement, new concepts]

Cannas da Silva, J.1; Serrão, S.2 e Oliveira, R.3

1 Canas da Silva Ldª, Serviços Veterinários Quinta do Meio Poço Vilgateira 2000 -815 Portugal <[email protected]>; 2 Mestre pela Faculdade de Ciências de Lisboa,

<[email protected]>; 3 Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico de Lisboa, <[email protected]>

Resumo: O autor descreve as diversas causas que podem provocar as deslocações de abomaso. Os dados de 899 deslocações de abomaso, que ocorreram em 5 anos foram divididas em 2 zonas climatéricas de forma a poder analisar e procurar possíveis relações com alterações climáticas. A pluviosidade e sua proporção é analisada e correlacionada com as deslocações de abomaso.São apresentados alguns dados estatísticos preliminares e sua análise. Summary: The author describes the different causes for abomasum displacement. The weather conditions are analysed in 2 meteorological places, and the preliminary results are presented. The pluviosity is correlated with abomasal displacements that occurs during 5 years. The influence of weather conditions at DA occurrence is placed together with nutritional, calving time, and management influence etc...

1. Introdução

A deslocação de Abomaso à esquerda à direita com dilatação ou com torsão, é uma patologia cada vez mais freqüente, não só devido ao incremento da produção dos animais, bem como do aumento em dimensão das explorações de vacas leiteiras. O seu diagnostico tornou-se uma rotina diária na clínica de Bovinos de leite.

Esta patologia é responsável por perdas de produção e de rendimento das explorações. Não só pela perda direta, como em grande parte pelo gasto em medicamentos como pela maior freqüência da intervenção veterinária com os seus custos inerentes. A literatura disponível explica bem a sua relação com o parto, período de seca e erros alimentares e de maneio, porém não existem dados que a relacionem com alterações climáticas.

Em Portugal, os indicadores apontam para um acréscimo do número de deslocações de abomaso, o que pode ser explicado não só pela maior eficácia do diagnóstico pelo médico veterinário bem como uma cada vez maior sensibilidade do produtor para esta afecção, o que implica melhores técnicas de diagnóstico.

Com este trabalho pretende-se estudar o possível efeito das alterações climatéricas particularmente quando são bruscas e de que forma poderão influenciar a ocorrência de deslocações de abomaso, num período determinado de tempo, independentemente das outras causas bem descritas e investigadas em diversa literatura.

A influência, das alterações climatericas e sua influência indireta sobre algumas patologias tem sido, estudada, principalmente pela Sociedade Mundial de Biometeriologia. A responsabilidade das alterações climáticas como causa de diversas afecções no Homem, como doenças respiratórias, cardíacas, e do próprio sistema neuro-vegetativo etc, tem sido alvo de discussão e estudo pela referida Sociedade.

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Para procurar estudar a possível relação entre as alterações climatericas e a ocorrência de deslocações de abomaso propesemo-nos analisar 899 deslocações de abomaso que ocorreram num período de 5 anos.

Todas as explorações abrangidas pelo estudo alimentam com TMR (Total Mix Ration) e possuem estábulos livres com cubículos.Para além deste fato as explorações apresentam uma distribuição bastante regular de partos (existem algumas diferenças , não existindo contudo uma época de partos bem definida, pois estes distribuem-se por todo o ano com poucas oscilações do seu número).

São analisadas estatisticamente as deslocações de abomaso por ano, mês e dia e é estudada a sua possível relação com alterações climatéricas tais como temperatura, humidade, pressão atmosférica e pluviosidade etc. As< explorações de Bovinos Leiteiros agrangidas pelo estudo, alimentam de forma uniforme durante todo o ano. A Alimentação é idêntica em todas as explorações Festes efetivos apresentam produções em 305 dias que variam entre os 8000 e os 9500 litros de leite. Foram escolhidas duas estações meteorológicas, (Lisboa e Monte-Real) tendo-se agrupado as explorações conforme a sua proximidade.

2.Resultados:

Acreditamos que existe uma relação evidente das alterações climatéricas com a ocorrência de deslocação de abomaso o que poderá ser causada por uma diminuição da ingestão de matéria seca e atonia gastro-intestinal provavelmente por ação indirecta sobre o sistema neuro-vegetativo.

3.Conclusões preliminares:

A deslocação de abomaso, tem sido relacionada com o parto (transição), período de seca, alimentação e maneio, mas a importâncias das variações climáticas não tem sido encarada como um fator ou conjunto de fatores determinantes mesmo que de forma indireta da ocorrência de deslocações de abomaso em explorações com alimentação idêntica durante todo o ano e com maneio semelhante. Será que as deslocações de abomaso são influenciadas pelas alterações climáticas, tais como pluviosidade média, relativa e proporcional, pressão atmosférica, ventos etc... a exemplo do que acontece em diversas afecções no Homem e que puderão estar relacionadas com os efeitos sobre o sistema nervoso ? Acreditamos que há uma relação se não direta pelo menos indirecta que influência a ocorrência desta patologia, considerada como das mais importantes na exploração de vacas leiteiras.

4.Introdução

O abomaso da vaca adulta é uma estrutura tubular, que se estende desde o orifício omaso-abomaso até ao piloro. A dilatação cranial chama-se fundus, e está situado ligeiramente para a direita da linha média ventral. O corpo do abomaso estende-se obliquamente para o lado direito do abdomen e fixa-se dorsalmente no ântrio pilórico.A parede do Omento maior liga-se à grande curvatura do abomaso. A face parietal do abomaso não é coberta por omento, porém a face visceral é recoberta por fortes ligações perto do antrum do piloro. Existe deposição de gordura com frequência, que é chamada de “orelha de porco“ no omento maior adjacente ao piloro.

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Figura1 – Compartimentos gástricos dos ruminantes e a sua relação com o abomaso. Posicionamento Normal e indicação para que lado se pode deslocar o abomaso.

4.1Sinais Clínicos

Os primeiros sinais de uma DA são geralmente subtis. Há anorexia parcial ou total, com declínio progressivo ou abrupto da produção leiteira, devido à disfunção digestiva.

Esta geralmente está associada à diminuição da capacidade de ingestão que ocorre no pós-parto contudo temos constatado que a DA pode surgir em diversos estádios da produção do animal. A cetose acompanha geralmente esta sindrome, o que é explicado pela diminuição até à suspensão da ingestão de alimentos.

Os animais não conseguem ingerir os nutrientes necessários para acompanhar a produção leiteira e entram em deficit energético negativo desenvolvendo cetose.

As fezes podem variar de mais firmes que o normal a diarreicas (no nosso estudo a maioria das vacas com DA apresentavam fezes diarreicas ou pastosas de diversas cores desde o castanho claro a verdes escuras, sendo muito típico o odor ligeiramente ácido).

Muitas vezes o rúmen não apresenta contrações, os sinais vitais podem ser normais exceto nos casos em que existem outras patologias, como metrites ou mastites associadas com toxémia. A desidratação ocorre tardiamente.

Na deslocação de abomaso à esquerda a auscultação da parede abdominal esquerda durante vários minutos revela sons de tilintar e de gorgolejo. A auscultação e percursão simultanea da parede costal distal esquerda produz uma ressonância timpânica metálica (=ping). Percutindo a porção ventral do rúmen pode-se induzir o ruído de “ballotment”, também ele tipíco dos DA, devido à presença de liquido no interior do orgão. A localização deste som metálico varia consoante a posição do abomaso e da quantidade de gás presente neste. Ocasionalmente, um DAE pode causar uma distensão visível da fossa paralombar esquerda. A palpação desta zona revela uma estrutura em forma de balão que volta à posição inicial quando a mão é removida. Nas deslocações de abomaso para a direita a sintomatologia é geralmente bastante mais aguda, com alteração grave do estado geral, fezes liquidas ou ausentes. Não deixa de ser freqüente o flanco direito estar dilatado, não sendo de excluir a sua palpação através do exame retal. Estes animais encontram-se muito deprimidos, com graves alterações do equilíbrio ácido básico, hipotermia e disfunção cardíaca.

5-Patologia Clínica

Uma alcalose metabólica moderada com hipocalémia e hipoclorémia, podem ocorrer, provavelmente devido à atonia abomasal, produção continua de ácido clorídrico e obstrução parcial da saída do conteúdo abomasal, o que resulta em seqüestro do cloro no abomaso e refluxo deste para o rúmen.

A hipocalémia resulta, provavelmente, da diminuição de ingestão de alimentos e da contínua secreção renal deste eletrólito. Esta situação é muito freqüente nas dilatações / deslocações/ torção à

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direita e se não há correção da posição do órgão com rapidez, o animal entra rapidamente em descompensação e morre geralmente. O prognóstico nestes casos é sempre reservado e depende da celeridade da intervenção.

A glicemia pode estar aumentada, diminuída ou normal. Se esta se encontrar aumentada pode-se encontrar glicosúria (que ocorre com alguma freqüência no deslocamento à direita).

A acidúria paradoxal quando existe é de prognóstico grave.

A cetose secundária é comum e pode ser complicada pela ocorrência simultânea de figado gordo. A acetonúria está presente com relativa freqüência, revelando a presença de uma acetonémia e uma concentração sérica elevada de AGV (ácidos gordos voláteis)não esterificados.

6-Diagnóstico O diagnóstico baseia-se:

- Na história pregressa, pelo fato de haver diminuição da produção leiteira associada a uma diminuição da condição corporal e do apetite e sua associação / relação, geralmente com um parto recente ; (porém, pela experiência própria não são raras as deslocações, dilatações / torções em estádios mais avançados de gestação – até mesmo em animais no período de seca).

- Na percussão e auscultação é audível o som metálico característico na porção média do 9º ao 13º EIC (Espaço Intercostal) esquerdo ou direito ;

- Parâmetros laboratoriais - nos valores do Cl-, Ca2+, K+ e na acidúria paradoxal (não examináveis geralmente).

Diagnósticos Diferenciais da desloção à esquerda (DAE)

- Pneumoperitoneu; - Indigestão gasosa (timpanismo Ruminal); - Síndrome do rúmen vazio. - Bursite Omental - Peritonite

Diagnóstico diferencial na deslocação, dilatação / torção à direita (DAD)

- Dilatação com ou sem torsão do ceco - Torção do mesentério - Obstrução intestinal - Bursite omental - Peritonite - Ileus Paraliticus

7-Tratamento

O objectivo do tratamento dos DA é recolocar o abomaso na sua posição fisiológica, de modo a que a função digestiva normal se possa restabelecer. Quanto mais cedo isso se verificar, mais rapidamente a vaca retomará a produção de leite e o balanço energético normal. Podem ser aplicados diversos tipos de tratamentos, consoante o valor econômico do animal em causa.

7.1. Tratamento Médico

Têm sido experimentados numerosos tratamentos conservativos. Estes têm como finalidade aumentar e repor a motilidade gastro-intestinal e o tónus abomasal. Se o tratamento for bem sucedido, o gás é expelido e o abomaso vazio retomará espontaneamente a sua posição normal. Podem ser utilizadas soluções de cálcio, neostigmina e catárticos salinos. Com estes fármacos, o abomaso poderá voltar à sua posição normal, mas há uma incidência muita elevada de recidivas. Este procedimento é geralmente aplicado, em vacas de pouco valor produtivo e econômico. No

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entanto se houver torção do órgão (na deslocação à direita) podem surgir complicações muito graves após esta medicação.

A aplicação destes preparados, tem-se revelado porém de muita utilidade no pos – operatório.

7.2. Rolamentos (só aplicável na deslocação à esquerda)

A recolocação não cirúrgica do DAE, com ou sem tratamento médico concomitante é outra abordagem conservativa. Isto tem sido executado, forçando a vaca a subir por um terreno íngreme ou transportando-a num camião por estradas em maus estado. Depois do transporte, frequentemente as vacas têm muito pouco gás no abomaso e o “ping” pode não ser detectável. Porém quanto a nós o “ping” irá regressar mais tarde ou mais cedo o que quer dizer que o abomaso voltou a deslocar-se.

A DAE pode ser resolvida rolando a vaca. Para tanto coloca-se o animal em decúbito lateral direito, rolando-se até que este adquira o decúbito dorsal e posteriormente rola-se para cima e para baixo.

Finalmente a vaca é rodada até que fique em o decúbito lateral esquerdo e de levantar-se levantar a partir desta posição. Estas manobras devem ser praticadas após a aplicação de um neurolético anestésico, geralmente a Xylazina.

Normalmente o rolamento é uma técnica com sucesso, pelo menos imediato, exceto quando as aderências impedem a correção. A DAE pode contudo, complicar-se progredindo para um volvo abomasal ou volvo intestinal severo. É recomendada a monitorização da vaca durante estas manobras. O rolamento tem a vantagem de ser rápido e de fácil execução, mas apresenta, em contrapartida taxas de recidiva altas (na ordem dos 80%) sendo necessários ajudantes e tranquilização/sedação do animal.

8.Correção cirúrgica

O objetivo da correção cirúrgica da deslocação do abomaso é tornar a coloca-lo na sua posição normal, ao mesmo tempo, que deve evitar novas deslocações do órgão.

Qualquer que seja o método utilizado, este deve ser executado de forma a causar o menor stress ao animal e deve impedir recidivas.

Existem diversos métodos descritos na literatura. O método utilizado pode ser qualquer um, desde que respeite os pressupostos acima enunciados.

A quebra da produção leiteira, que acompanha a deslocação de abomaso e o risco que representa para a vida do animal, faz com que o médico veterinário tenha que estar em condições, não só de diagnosticar esta afecção, bem como de atuar cirurgicamente de forma a corrigir a alteração de posição do órgão.

Geralmente como já referimos, o diagnóstico no campo assenta quase exclusivamente no exame clinico, (auscultação, percussão e exame retal).

O exame clinico é o método mais freqüente, porém é possível o uso de outros exames tais como, ecografia,, parâmetros sanguíneos, (packed cell volume), excesso ou deficiência de base (pH), iões cálcio, Cloro, sódio etc... e em caso de dúvida a laparotomia exploradora torna-se essencial.

9. Causas 9.1. Causas diretas da deslocação de abomaso:

A deslocação do abomaso dá-se geralmente, quando há interferência sobre a motilidade do órgão, que resulta na acumulação de gás. Esta acumulação de gás produz bolhas de ar, criando-se como que uma situação de gás em movimento. Como conseqüência o abomaso pode deslocar-se para cima ao longo da parede abdominal esquerda, o que resulta em deslocação de abomaso à

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esquerda (DAE), ou por outro lado enche-se de gás e liquido e pode deslocar-se para a direita apresentando ou não torsão à esquerda ou à direita (DAD).

Pela nossa experiência a deslocação à esquerda do abomaso é muito mais freqüente, que a deslocação para a direita. A deslocação do abomaso interfere com a digestão normal e passagem dos alimentos através do aparelho digestivo.

Um animal com deslocação de abomaso apresenta sintomas clínicos adicionais que podem e devem ser reconhecidos pelo produtor, tais como : Ausência/ diminuição do volume das fezes, que podem ser pastosas (pela nossa experiência o aspecto das fezes pode ser muito diverso, porém o seu cheiro é geralmente bastante peculiar, (que só por si permite avançar para o diagnóstico clinico com rapidez), diminuição da motilidade ruminal, desidratação (mais grave quando da deslocação é para a direita e se esta estiver associada a torção).

Geralmente os animais apresentam cetose, diminuição da ruminação e da produção leiteira. É comum a sua associação / relação por exemplo ; com endometrites puerperais, metrites, mastites, retenção placentária, hipocalcémia, quer dizer à uma relação muito estreita com as doenças despoletadas pelo parto (anamnese).

A deslocação de abomaso para a esquerda ou para a direita não complicada, não representa geralmente um risco imediato de vida para o animal, excepção feita quando existe torsão do órgão, contudo a correção da posição do órgão resulta sempre melhor, quanto mais precocemente for efetuada. Uma deslocação de abomaso com torsão extra, resulta em risco grave de vida para o animal de caráter mais ou menos imediato. A torsão do abomaso quando completa provoca uma supressão da irrigação do órgão, como os riscos de necrose, produção de toxinas e geralmente o animal apresenta grave alteração do estado geral.

A deslocação de abomaso dá-se quase que exclusivamente em animais adultos, com mais de uma lactação / parto, no entanto é também possível em animais jovens (fica muitas vezes por diagnosticar) A sua relação com o momento do parto / produção tem sido bem discutida (). Como referimos a acumulação de gás no órgão facilita a sua deslocação.

Fatores que possam influenciar a motilidade do órgão;

• Concentrações muito elevadas em ácidos gordos voláteis e fermentação microbiana do alimento ingerido.

• Dietas muito ricas em concentrados e ou deficientes em fibra • Alterações bruscas da alimentação • Úlceras do abomaso • Modificações da posição das vísceras no final da gestação, e no início do puerpério • Distúrbios pos-parto como retenção placentária, metrite, mastite, cetose, hipocalcémia tendo

sido descrita também uma provável predisposição genética.(20)

Na deslocação à direita com torsão a análise do sangue permite confirmar a existência de uma alcalose metabólica com hipoclorémia. As proteínas totais tal como o hematócrito estão aumentados. Posteriormente e mantendo-se esta situação desenvolve-se uma acidose metabólica grave.

É necessário distinguir claramente a deslocação de abomaso, com o timpanismo ruminal, abcessos abdominais, pneumoperitoneu, dilatação/torsão do ceco, diarreia ou íleo do intestino delgado e distensão do colon proximal e peritonite.

10. Tratamento

Antes de tratar qualquer deslocação de abomaso é necessário analisar os passos a seguir : Reposição do órgão na sua correta localização e sua fixação, reposição o mais rápido possível do status eletrolítico e equilíbrio ácido- básico.

Há porém um aspecto muito importante a considerar, que nunca deve ser esquecido, a análise económica, isto é a análise de custos-benefício da intervenção cirúrgica. (valor do animal,

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estado geral deste, idade, produção leiteira a esperar). Estes aspectos podem condicionar a intervenção cirúrgica, bem como a técnica a utilizar.

11. Pós-Operatório

No pós-operatório pode ser necessário, a utilização de fármacos que estimulem a motilidade do órgão, o que se torna imprescindível na deslocação à direita, particularmente com torsão. Pessoalmente consideramos que a utilização de borogluconato de cálcio é geralmente, muito benéfica.

Parasimpaticomiméticos (neostigmina, fisioestigmina, carbamilcolina) bem como inibidores das prostaglandinas têm sido usados com resultados controversos. Os espasmolíticos têm sido descritos como úteis, quando há espasmo do piloro.

12. Material e métodos Neste trabalho são consideradas 899 deslocações de abomaso, (quadro 1), abrangendo os

anos de 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001. As explorações são todas de Bovinos leiteiros.Distribuem-se, por diversas zonas da nossa área de assistência, tendo sido divididas por 2 zonas de forma a podermos tratar os dados de 2 estações climatéricas (Lisboa e Leiria).

Estas estações estão situadas dentro a área de intervenção clínica e distanciam-se cerca de 100 Km. Uma outra estação meteorológica foi excluída por apresentar dados meteorológicos considerados insuficientes, particularmente a pressão atmosférica.

São considerados os anos civis entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro.

Os diagnósticos foram todos baseados em exame clinico tendo-se procedido à reposição do órgão na sua posição anatômica correta por método cirúrgico. O exame clinico incluiu auscultação, percussão e auscultação e exame retal sem esquecer a anamnese.

Como se pode observar pelo quadro 1 é nítido um aumento do número de deslocações de abomaso, nos últimos anos. Isto deve-se como referimos, não só a uma maior sensibilidade da parte dos produtores, como também ao incremento da produção individual e das explorações. Também deve ser considerado que é principalmente desde o inicio dos anos 90 que se assistiu a um aumento muito significativo da média da produção leiteira em Portugal.

13. Casuística Este estudo abrange 45 explorações (houve uma certa flutuação dos clientes).

Apesar de prestarmos serviços de consultadoria (herd helth management) nas áreas de maneio, reprodução e gestão em cerca de 15 000 bovinos leiteiros, distribuídos pelas zonas da Beira Litoral, Ribatejo e Oeste, Estremadura, Vale do Tejo e Alentejo, não intervimos em todas as explorações na nossa actividade clínica, pelo que não foram incluídos neste estudo essas explorações.

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N ú m e r o d e d e s l o c a ç õ e s p o r a n o

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A n o

desl

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L e i r i a

T o t a l

L is b o

Gráfico 1. TOTAL-899, 97-103, 98-168, 99-173, 2000-203, 2001, 252

Núm e r o d e d e sl o c a ç õ e s p o r a n o

0

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50

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100

125

150

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1997 1998 1999 2000 2001

A no

desl

ocaç

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L i s b oa

Gráfico 2.

Assim e relativamente aos anos de 2001 e de 2002 abrange, cerca de 6000 a 6500 bovinos leiteiros adultos. gráfico 2 (maior número na zona de Lisboa, o que tem a ver com o maior número de animais nesta área climatérica).

13.1. Tipificação das explorações: Trata-se de explorações possuindo entre 100 e 1000 bovinos em produção (o que dá uma

média de 250 animais por exploração).

A média das produções leiteiras por exploração em 305 dias varia entre os 8000 e os 9500 litros de leite. (anexo contraste leiteiro de 2001da ANABLES e ATABLES).

Porém nem sempre podemos associar a maior produção a um maior número de deslocações de abomaso. Quer dizer, que estábulos com produções muito elevadas podem sofrer menos de deslocação de abomaso, do que explorações com produções inferiores o que comprova que um maneio adequado e uma boa alimentação são cada vez mais importantes sendo causas determinantes de ocorrência de patologias variadas, quando são inadequados.

13.1.1. Tipo de estabulação

Os estábulos são do tipo, livre com cubículos, com camas de diferentes materiais como por exemplo; serradura, tapetes de borracha, areia e palha.

13.1.2. Método de Alimentação

Todas as explorações alimentam com TMR (total mix ration). O alimento base principal é a silagem de milho. Os fenos, quer de luzerna quer de azevém são utilizados geralmente.Os

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concentrados são à base de farinha de milho, soja 44%, polpa de beterraba e de citrinos e corn glúten feed.

A variação, quer do alimento base quer das matérias primas são muito pequenas e irrelevantes. O objetivo destas explorações é manter a alimentação o mais uniforme possível durante todo o ano.As quantidades de milho- silagem oscilam entre os 20 e os 25 kg / vaca / dia. As quantidades de feno nunca são inferiores a 2 Kg/vaca /dia.A alimentação é a adequada ao nível da produção.

A alimentação das vacas secas é diferente, sendo geralmente à base de feno de azevém, palha de trigo ou de aveia e concentrado específico para vacas secas. Os animais mudam de parque cerca de 15 dias a 3 semanas antes da data prevista do parto de forma que a transição de alimentação de seca para alimentação de produção seja lenta, permitindo uma a adaptação lenta do rúmen à alimentação de produção.

13.1.3. Distribuição de partos

Os partos distribuem-se ao longo de todo o ano com algumas oscilações, quer dizer não há um época de partos muito definida, como é possível encontrar em alguns Países do Norte da Europa e em raças de Carne no nosso País.

Os partos não se concentram portanto em épocas bem determinadas do ano, em virtude de o pagamento do leite não ser sazonal e não haver recurso ao pastoreio directo por sistemas de produção intensivos.

Assim podemos considerar que as variáveis de exploração para exploração não são muito nítidas.Pretendemos com o presente estudo procurar possíveis relações entre as alterações climatéricas bruscas e o aumento em determinados momentos / períodos do número de deslocações de abomaso. (geralmente estas concentram-se em determinados períodos, quer dizer num dia ou em dias seguidos elas sucedem-se sem razão aparente havendo concentração em dias bem determinados.

13.1.4. Representatividade

Neste estudo constatamos que mais de 90 % das deslocações de abomaso são para a esquerda o que é confirmado pela literatura (Pehrson and Shaver, 1992), que referem que a deslocação de abomaso à direita varia entre 1, 4% e 5, 8%.Estes autores referem valores de 5% com variações entre 0 e 21, 7%.

Jordan and Fourdraine (1993) reportam uma taxa de incidência de deslocações à direita de 3, 3%, com variações entre 0 e 14 %.(análise de 61 explorações leiteiras com produções médias por lactação de 12 000 litros).

Cerca de 90% das deslocações de abomaso são diagnosticadas no primeiro mês post-partum, variando entre 5 dias e 30 dias. (O que foi confirmado por nós ao longo dos anos de estudo). A maior proporção de diagnósticos de deslocação de abomaso dá-se cerca dos 15 dias post-parto. (Porém são referidas deslocações no período de seca, bem como no fim da lactação o que tem foi confirmado por nós).

O período de transição entre seca e parto é caracterizado por diminuição da ingestão do alimento no período imediatamente antes do parto e a seguir a este.A diminuição da quantidade de alimento particularmente fibra longa (diminuição do conteúdo do rúmen) e o parto (mais espaço intra- abdominal) favorecem a deslocação do abomaso.

A diminuição da DMI (dry matter intake) é de cerca de 35% na última semana antes do parto o que provoca um aumento dos trigliceridos hepáticos imediatamente após o parto (Bertics et al., 1992).

Doenças que ocorrem no peri-parto / parto e post- parto representam fatores de risco acrescidos para a ocorrência de deslocação de abomaso.

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Vacas com condição corporal excessiva (Body condition score – BCS) no momento do parto representam elementos acrescidos de risco de ocorrência de deslocação de abomaso.Isto pode estar relacionado diretamente com um aumento de cetose e fígado gordo, grande depressão da ingestão imediatamente antes do parto. Vacas com excesso de BCS no parto têm riscos acrescidos de cetose.

Num estudo, conduzido por Garnsworth and Topps, 1982, diversos grupos de vacas foram alimentadas de forma a apresentarem um a), BCS elevado (ajustado a uma escala de 1 a 5) no momento do parto b), de 2 até 3 (baixo), c), 3 até 4 (médio) e d), 4 até 5 (elevado) tendo constatado que nas primeiras 16 semanas post-parto, as vacas com uma BCS (condição corporal) elevado (>4) consumiram menor quantidade de matéria seca (DM) e só atingiram um maior consumo de matéria seca mais tarde (DMI). Teacher et al., 1986, usaram dois grupos de vacas e obtiveram resultados semelhantes.

Num estudo que envolveu 510 vacas Holstein, Massey et al., 1993, demonstraram que as vacas com hipocalcémia no momento do parto (cálcio sérico total < 7, 9 miligramas / 100 mililitros e cálcio sérico ionizado < 4, 0 miligrmas/100 mililitros) devem ser considerados como animais de maior risco de desenvolverem deslocação de abomaso. Este aumento do risco de ocorrência de deslocação de abomaso em vacas hipocalcémicas ao momento do parto, pode estar relacionado com uma diminuição da motilidade do rúmen e do abomaso(Goff and Horst, 1997). Geishauser (35), esta hipótese. (Rohrbach, Grymer)

13.1.5. Fatores predisponentes

O tamanho da fibra tem influência direta e Dawson et al., 1992 sugerem que animais alimentados com fibra curta têm maior propensão para apresentarem deslocação de abomaso, do que animais alimentados com fibra longa.Existe para estes autores uma nítida relação entre o tamanho das partículas alimentares no período ante e post-parto e a deslocação de abomaso.

Menor preenchimento do rúmen, menor mastigação (salivação), implica menor alcalinização do conteúdo ruminal, diminuição da motilidade e aumento de ácidos gordos voláteis no rúmen, com o conseqüente aumento da ocorrência de deslocação de abomaso.

13.1.5.1. Erros de Maneio e deslocação de Abomaso

Utilizando o TMR é freqüente a ocorrerem alguns erros que se descrevem:

- Pouca quantidade no reboque misturador o que implica partículas muito pequenas - Lote maior do que a capacidade do Unifeed o que significa mistura deficiente - Excesso de feno o que pode provocar dificuldades na mistura dos componentes mais nobres

(concentrado, minerais, vitaminas etc..). - Seqüência incorreta da colocação de nutrientes no Unifeed, o que pode implicar quer mistura

deficiente quer partículas muito pequenas (menores que a largura da placa – importante para o feno/palha e em alguns casos para a silagem de milho – e que acelera o trânsito alimentar por fibra estrutural insuficiente.

- Pouco tempo de mistura, (deficiente distribuição dos componentes alimentares) - Excesso de tempo de mistura (partículas muito finas)

Para além destes erros quando se utiliza o TMR são ainda comuns :

- Não haver sempre alimento disponível na mangedoura - Distribuição irregular - Mangedoura insuficiente para o número de animais do estábulo/grupo

Martin W.1972, (Left abomasal displacement and epidemiological study) verificou uma maior ocorrência de casos de deslocação de abomaso no inicio da Primavera e inicio do Verão. (Se consultarmos os quadros 1, 2 e 3 podemos chegar a conclusão semelhante,)

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14. Métodos cirúrgicos e não cirúrgicos utilizados para reposição do abomaso deslocado

O objetivo da intervenção veterinária, na deslocação de abomaso é essencialmente a reposição do órgão na sua posição anatômica fisiológica, ao mesmo tempo que deve evitar a ocorrência de recidivas. Para isto a técnica utilizada deve ser fiável, segura e rápida. Existem diversas técnicas descritas na literatura.

Nas situações, que consideradas economicamente não rentáveis operar os animais, limitamo-nos a rolar o animal e com o auxílio da auscultação verifica-se se o órgão retoma a sua posição fisiológica. Esta prática é utilizada exclusivamente em animais de baixo valor zootécnico e que serão refugados quase que imediatamente.

Na RDA e se existe um “abomasal volvulus” este é palpável na porção direita do abdómen. Geralmente na deslocação à direita o fígado está deslocado medianamente.

Se o conteúdo do abomaso for somente gás a descompressão é suficiente para permitir a sua boa reposição. Porém se o conteúdo for líquido, o que é muito vulgar, a situação pode ser muito mais grave, estando o estado geral do animal muito alterado. Nestes casos é necessário retirar o líquido, determinar se há volvo, resolver e fixar o órgão.

16. Complicações Complicações relacionadas com a deslocação de abomaso:

Úlceras do abomaso, (pode haver perfuração do abomaso e peritonite); O s animais apresentam geralmente febre, taquicardia, e dor abdominal por vezes localizada.Se a úlcera não estiver perfurada esta deve ser identificada e deve-se actuar cirurgicamente. Há melena, perda de apetite.

Repondo o abomaso na sua posição estas úlceras desaparecem geralmente, deixando de haver sangue nas fezes, porém pela nossa experiência a intervenção deve ser efetuada numa fase muito inicial da afecção pois subsiste sempre o risco de rutura das úlceras e peritonite complicada o que limita seriamente a intervenção. A dieta tem que ser a indicada para estes casos.

17. Distribuição das deslocações de abomaso ao longo dos anos em estudo:

Número de deslocações por Mês - Total

05

10152025303540455055

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agt Set Out Nov Dez

Ano

desl

ocaç

ões

19981999200020011997

Gráfico 3

No gráfico 3 nota-se que há picos principais de deslocações, particularmente nos meses de Janeiro, Abril, Maio ou Junho , Agosto e Setembro ou Outubro, Novembro e Dezembro dependendo dos anos em estudo.

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A distribuição de partos sendo uniforme durante todo o ano não pode explicar esta situação, porém as alterações climatéricas desempenham um papel muito importante na ocorrência da deslocação de abomaso principalmente nas mudanças de estação.

Estes picos de deslocações estarão mais ou menos relacionadas com alterações ou grande instabilidade atmosférica, interferindo indiretamente na ingestão de Matéria Seca, atonia dos órgãos por influências sobre o sistema neuro-vegetativo.

Número de deslocações por Mês - Leiria

0

2

4

6

8

10

12

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agt Set Out Nov Dez

Ano

desl

ocaç

ões

19981999200020011997

Gráfico 4

A distribuição das deslocações faz-se muito regularmente, apesar de serem em grande número durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março e Abril, voltando a ter um pico em Outubro e em Dezembro. Há variações de ano para ano mas sem grande significado

Por exemplo observando o gráfico 4 a distribuição das deslocações de abomaso apresentam picos em 1997, 1998, 1999, 2001 e 2001 nos meses de Janeiro / Fevereiro, Abril/ Março, Junho/Julho, Setembro / Outubro, Dezembro. Quer dizer que na zona em estudo de Leiria a distribuição das deslocações de abomaso não é uniforme. Existem algumas alterações incidindo em meses bem determinados, que podem estar relacionadas com as alterações climatéricas. Meses mais chuvosos têm tendência para a ocorrência de maior número de deslocações.

Já no gráfico 5 e relativamente à deslocações incluídas na estação de Lisboa, os meses são quase os mesmos : Janeiro / Fevereiro, Março/Abril, Junho/ Julho, Setembro/Outubro e Dezembro.Analisando os dois gráficos determina-se que as deslocações têm tendência para ter picos mensais. Se o número de partos não sofrer grandes oscilações como é o caso nas explorações em estudo, serão outras as causas que fazem com que isto aconteça.

Número de deslocações por Mês - Lisboa

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agt Set Out Nov Dez

Ano

desl

ocaç

ões

19981999200020011997

Gráfico 5

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A análise das alterações climatéricas permitirá acreditamos, provar haver uma relação muito próxima entre deslocação de abomaso, alterações bruscas da pressão atmosférica, bem como dos valores pluviométricos de cada ano e dentro destes em cada mês. Assim ficará demonstrado que a deslocação de abomaso pode ser indirectamente influenciada por alterações climáticas particularmente pluviosidade, pressão atmosférica etc..

17.1. Distribuição temporal

Distribuição das deslocações de abomaso por mês (dias do Mês) e sua relação com alterações climáticas.(pressão atmosférica, temperaturas máxima e mínima, horas de sol, pluviosidade, ventos direção e velocidade).

Número de deslocações por Mês - Total

05

10152025303540455055

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agt Set Out Nov Dez

Ano

desl

ocaç

ões

19981999200020011997

Gráfico 6

No Gráfico 6 apresentam-se as deslocações de abomaso por Mês e Ano, relativamente aos anos em estudo. Como se pode constatar existem variações de ano para ano, tendo aumentado o seu número nos últimos anos.

0102030405060708090

100110120

Inverno Primavera Verão Outono

Estação do Ano

desl

ocaç

ões

Leiria

Total

Lisboa

Gráfico 7

Neste gráfico apresentam-se as deslocações de Abomaso no ano de 2001, divididas por estações do ano. Como se pode verificar o Inverno é de longe a Estação com maior número de deslocações.O Verão é a estação com menor número de deslocações. A Primavera surge acima do Outono o que pode estar relacionado com a maior variação climática nessa estação. No Outono há de novo um maior número de deslocações.

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Proporção de deslocações por estação do ano

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Inverno Primavera Verão Outono

Estação do Ano

Pro

porç

ão d

e de

sloc

açõe

s

Leiria

Total

Lisboa

Gráfico 8

Como podemos constatar pelo gráfico número 8 as deslocações de abomaso em 2001 são, proporcionais ás estações do ano.Leiria apresenta uma ligeiríssima variação relativamente a Lisboa, porém no total a proporção é muito semelhante.

Precipitação por estação do ano

050

100150200250300350400450500550

Inverno Primavera Verão Outono

Estação do Ano

Pre

cipi

taçã

o

Leiria

Lisboa

Gráfico 9

A precipitação é muito semelhante no ano de 2001, em Leiria e Lisboa, porém há maior índice pluviométrico em Leiria no Inverno e Primavera do que na zona de Lisboa.

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Deslocações vs Precipitação por estação do ano - Lisboa

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Inverno Primavera Verão Outono

Estação do Ano

Pro

porç

ão

Proporção dePrecipitação -Lisboa

Proporção dedeslocações -Lisboa

Gráfico 10

Pelo gráfico 10 constata-se que na zona de Lisboa, exceto na Primavera a proporção de Precipitação é acompanhada pela proporção de deslocações, isto relativamente ao ano de 2001

Deslocações vs Precipitação por estação do ano - Leiria

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Inverno Primavera Verão Outono

Estação do Ano

Pro

porç

ão

Proporção dePrecipitação -Leiria

Proporção dedeslocações -Leiria

Gráfico 11

No gráfico 11 observa-se um aumento de deslocações relativamente à proporção de precipitação particularmente na Primavera. Os valores ou a sua proporção poderão vir a esclarecer se a instabilidade do tempo terá influência no aumento do número de deslocações.

Número de deslocações por semana de 2001

02468

101214161820

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Semana

desl

ocaç

ões

Leiria

Lisboa

Gráfico 12

Existem concentrações de deslocações de abomaso em determinadas semanas, quer na zona abrangida pela estação de Lisboa, quer pela estação de Monte-Real / Leiria

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P r o p o r ç ã o d e d e slo c a ç õ e s por se m a n a d e 2 0 0 1

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

S e m a n a

Pro

porç

ão d

e

desl

ocaç

ões L e ir ia

L is b oa

Gráfico13

Proporcionalmente, há maior numero de deslocações na estação de Leiria o que é explicado pelo menor número de animais e de explorações. Os indices pluviométricos são maiores em Leiria que em Lisboa o que pode influenciar estes números.

Número de deslocações por semana de 2001

02468

101214161820

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

desl

ocaç

ões

Lisboa

Gráfico14

Lisboa apresenta no ano de 2001 maior número de deslocações nas primeiras semanas do ano (1 a 4) = maior pluviosidade, semanas 21 a 24 e semanas 44 e 45

Número de deslocações por semana de 2001

02468

101214161820

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

desl

ocaç

ões

Leiria

Gráfico15

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Leiria apresenta maior número de deslocações nas primeiras semanas do ano, semanas 22 a 26. Está em relação com a pluviosidade nessas semanas

Proporção de deslocações por semana de 2001

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

Pro

porç

ão d

e de

sloc

açõe

s

Lisboa

Gráfico 16

Em Lisboa a proporção das deslocações acompanha o número de deslocações por Semana (primeiras 4 semanas do ano e semanas 22 a 24 e novamente semana 43/44)

Proporção de deslocações por semana de 2001

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

Pro

porç

ão d

e de

sloc

açõe

s

Leiria

Gráfico 17

Em Leiria são também as primeiras semanas do ano e até meio do ano que proporcionalmente apresentam maior número de deslocações.

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Número de deslocações por semana de 2001

02468

101214161820

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

desl

ocaç

ões

Leiria

Lisboa

Gráfico 18

Nas semanas 1, 8 a 22, 28, 41 a 53 há proporção muito idêntica entre Leiria e Lisboa

Proporção de deslocações por semana de 2001

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

Pro

porç

ão d

e de

sloc

açõe

s Leiria

Lisboa

Gráfico 19

Semanas 1, 8 a 25, 28 a 53 a proporção é idêntica

Número de deslocações por semana de 2001

02468

101214161820

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

desl

ocaç

ões

Leiria

Total

Lisbo

Gráfico 20

Número de deslocações por semana em Leiria, Lisboa e Total. Note-se que é só na semana 2 a 8 que não há semelhança entre as duas zonas climáticas

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Proporção de deslocações por semana de 2001

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53

Semana

Pro

porç

ão d

e de

sloc

açõe

s Leiria

Total

Lisbo

Gráfico 21

A proporção como acontece com o número de deslocações só não coincidem entre a semana 2 e 5

18. Discussão:

A maioria dos fatores bioclimatéricos tais como, temperatura, radiação, velocidade do vento, pressão atmosférica e pluviosidade podem afetar a quantidade de leite produzido, como a sua qualidade. Um factor biometeorológico pode influenciar a produção leiteira por alteração do balanço térmico do animal, balanço hídrico e energético e actividade comportamental. Estas funções estão relacionadas entre si e envolvem o sistema neuroendócrino (Johnson, H.B 1965). Estes fatores biometeriológicos produzem efeitos negativos nos animais, alterando de forma mais ou menos negativo da sua produção de leite, pois há alterações da ingestão de alimentos e de água. Nos países tropicais está bem relatada a influência da temperatura (stress pelo calor), particularmente elevada e teores de humidade muito altos sobre a produção de leite, (Johnson et al., 1963).

O vento ou a ventilação do estábulo podem influenciar negativamente a produção de leite, pois podem interferir sobre a regulação térmica do animal com as perdas gasosas que aumentam com o incremento dos movimentos respiratórios (aumento das trocas gasosas entre o animal e o meio ambiente).A velocidade do vento pode ter efeitos negativos sobre a produção de leite (Brody et al., 1954). Para Renato A. C. Carvalho (Instituto português de meteorologia, Lisboa 1999 – simpósio “ O Tempo, o Clima e a Saúde, fórum Lisboa 23-24 de março 1999), há uma relação muito estreita entre algumas doenças humanas e as condições meteorológicas – tuberculose, asma, bronquite, doenças reumáticas, glaucoma, trombose coronária, enfarte do miocárdio, gripe, poliomielite, úlceras gástricas, pépticas, duodenais, dermatoses, cólicas hepáticas e renais etc... O médico português Joaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido como o famoso escritor Português (Júlio Dinis), defendeu tese de doutoramento em 1861 na Universidade do Porto: “Da importância dos estudos meteorológicos para a Medicina e especialmente das suas aplicações ao ramo cirúrgico”. Em 1956 realiza-se a primeira conferência Internacional de Biometeorologia com o apoio da UNESCO. Em 1975 é criado em Genebra por iniciativa da organização meteorológica mundial (MMO), da OMS e da Sociedade Internacional de Meteorologia (IMS), um grupo de trabalho sobre biometeorologia humana. Com efeito é reconhecido que as variações térmicas acentuadas são determinantes no agravamento de numerosas afecções. Descidas acentuadas da temperatura do ar provocam agravamento de algumas doenças, destacando-se as do foro respiratório. Pelo contrário as subidas acentuadas da temperatura do ar podem provocar situações críticas na saúde pública (aumento dos casos de desidratação, enfartes de miocárdio, associados a descidas significativas da pressão atmosférica).

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19. Conclusões As alterações climáticas particularmente quando são bruscas interferem negativamente no

estado hígido dos animais e do homem, como tem sido demonstrado. A sua influência sobre o sistema neuro-vegetativo (com efeitos sobre o tónus dos órgãos digestivos), diminuição da ingestão, tem sido estudada particularmente pela sua conseqüência quer na diminuição da produção leiteira, quer da fertilidade. Pelo presente trabalho e após análise estatística dos diversos parâmetros estudados, conclui-se que o clima tem influência sobre o número de deslocações de abomaso, sua ocorrência num determinado período de tempo e deve ser incluído nas causas predisponentes para a ocorrência da deslocação de abomaso. O que fazer para evitar a deslocação do órgão nestas circunstâncias? Será que o uso de substâncias tais como a Neostigmina e Fisioestigmina em animais que possam ser incluídos nos grupos de risco (entre os 5 e os 30 dias pos parto) poderá vir a evitar só por si esta situação? Provavelmente porque não será facilmente exeqüível este procedimento, a manutenção a uma alimentação equilibrada, com fibra suficiente e um bom maneio serão as únicas armas que teremos para diminuir o número de deslocações de abomaso.O bem estar animal, métodos de controlo da temperatura e ventilação adequadas dos estábulos tornar-se-ão cada vez mais importantes.

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Managing Dairy Cows to Avoid Abomasal Displacement

Digestive Diseases of Bovines

Prevention and Treatment of Postpartum Diseases

Diseases of Cattle - Digestive Module