DESMISTIFICANDO AS EMERGÊNCIAS ONCOLÓGICAS NA...

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Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde | Salvador, v. 7, n. 7, p. 07-32, jan./jun. 2018 | 07 DESMISTIFICANDO AS EMERGÊNCIAS ONCOLÓGICAS NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Castro* Resumo O câncer ocupa uma posição de destaque no atual processo de adoecimento da população a ní- vel mundial, sendo responsável por um elevado índice de mortalidade e um número exorbitan- te de internações. Inexplicavelmente, ainda é dada pouca atenção ao estudo da oncologia nos cursos de enfermagem e o profissional entra no mercado de trabalho despreparado para lidar com a complexidade dos quadros emergenciais oncológicos, onde surgem inúmeras alterações clínicas resultantes da evolução da doença e dos efeitos agressivos dos tratamentos. Como con- sequência, multiplicam-se os riscos de ocorrerem erros ou atrasos no atendimento, que podem resultar em danos irreversíveis ou mesmo levar o paciente a óbito. Numa tentativa de minimizar a referida lacuna curricular, este artigo foi elaborado para ser um instrumento facilitador da ca- pacitação do enfermeiro para atuar nas salas de triagem dos centros de referência em oncologia ou nas enfermarias da especialidade. Foram selecionados os aspectos principais das emergên- cias oncológicas, no âmbito da sua classificação, sintomatologia, fisiopatologia e causas relacio- nadas ao câncer; a seguir, a revisão dos critérios para o atendimento inicial, métodos de diag- nóstico e tratamento; por último, foi aplicada a Sistematização da Assistência de Enfermagem às condições emergenciais em foco, destacando os pontos relevantes de atuação do enfermeiro. A metodologia utilizada foi: revisão de literatura em livros da especialidade e fontes on-line re- conhecidas cientificamente; elaboração de quadros-resumo para exposição de resultados; e aná- lise descritiva dos assuntos de interesse para a enfermagem. Conclui-se que o enfermeiro tem, imperativamente, que se capacitar para realizar um atendimento efetivo ao paciente oncológico, mas, enquanto os cursos de enfermagem não incluem a oncologia na sua grade curricular, ele é responsável por buscar, de forma autônoma, a sua qualificação, sendo importante o desenvolvi- mento de instrumentos que facilitem a agregação de conhecimento atualizado, fomentando uma prática resolutiva e segura. Palavras-chave: Emergências oncológicas. Fisiopatologia do câncer. Métodos de diagnóstico e tratamento oncológico. Sistematização da Assistência de Enfermagem. * Enfermeira pela UESC, especialista em Emergência pela FMT e em Enfermagem oncológica pela Atua- liza Cursos. Enfermeira nos setores de Clínica Médica e Clínica Oncológica no HSL/SCMI, coordenadora da Comissão de Feridas. E-mail: [email protected]

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Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 07

DESMISTIFICANDO AS EMERGEcircNCIAS ONCOLOacuteGICAS NA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Castro

Resumo

O cacircncer ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no atual processo de adoecimento da populaccedilatildeo a niacute-vel mundial sendo responsaacutevel por um elevado iacutendice de mortalidade e um nuacutemero exorbitan-te de internaccedilotildees Inexplicavelmente ainda eacute dada pouca atenccedilatildeo ao estudo da oncologia nos cursos de enfermagem e o profissional entra no mercado de trabalho despreparado para lidar com a complexidade dos quadros emergenciais oncoloacutegicos onde surgem inuacutemeras alteraccedilotildees cliacutenicas resultantes da evoluccedilatildeo da doenccedila e dos efeitos agressivos dos tratamentos Como con-sequecircncia multiplicam-se os riscos de ocorrerem erros ou atrasos no atendimento que podem resultar em danos irreversiacuteveis ou mesmo levar o paciente a oacutebito Numa tentativa de minimizar a referida lacuna curricular este artigo foi elaborado para ser um instrumento facilitador da ca-pacitaccedilatildeo do enfermeiro para atuar nas salas de triagem dos centros de referecircncia em oncologia ou nas enfermarias da especialidade Foram selecionados os aspectos principais das emergecircn-cias oncoloacutegicas no acircmbito da sua classificaccedilatildeo sintomatologia fisiopatologia e causas relacio-nadas ao cacircncer a seguir a revisatildeo dos criteacuterios para o atendimento inicial meacutetodos de diag-noacutestico e tratamento por uacuteltimo foi aplicada a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem agraves condiccedilotildees emergenciais em foco destacando os pontos relevantes de atuaccedilatildeo do enfermeiro A metodologia utilizada foi revisatildeo de literatura em livros da especialidade e fontes on-line re-conhecidas cientificamente elaboraccedilatildeo de quadros-resumo para exposiccedilatildeo de resultados e anaacute-lise descritiva dos assuntos de interesse para a enfermagem Conclui-se que o enfermeiro tem imperativamente que se capacitar para realizar um atendimento efetivo ao paciente oncoloacutegico mas enquanto os cursos de enfermagem natildeo incluem a oncologia na sua grade curricular ele eacute responsaacutevel por buscar de forma autocircnoma a sua qualificaccedilatildeo sendo importante o desenvolvi-mento de instrumentos que facilitem a agregaccedilatildeo de conhecimento atualizado fomentando uma praacutetica resolutiva e segura

Palavras-chave Emergecircncias oncoloacutegicas Fisiopatologia do cacircncer Meacutetodos de diagnoacutestico e tratamento oncoloacutegico Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Enfermeira pela UESC especialista em Emergecircncia pela FMT e em Enfermagem oncoloacutegica pela Atua-liza Cursos Enfermeira nos setores de Cliacutenica Meacutedica e Cliacutenica Oncoloacutegica no HSLSCMI coordenadora da Comissatildeo de Feridas E-mail atactcgmailcom

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 08

1 IntroduccedilatildeoEmergecircncias oncoloacutegicas satildeo condiccedilotildees agudas cau-sadas pelo cacircncer ou pelo seu tratamento que re-querem raacutepida intervenccedilatildeo por envolverem risco de vida iminente ou risco de dano grave permanen-te (CERVANTES CHIRIVELLA 2004 apud PAI-VA et al 2008) Com a evoluccedilatildeo do conhecimento das neoplasias e a melhoria das opccedilotildees terapecircuticas a sobrevida dos pacientes com cacircncer aumentou mas isso resultou em um crescimento proporcional na frequecircncia com que essas emergecircncias ocorrem (MARADEI et al 2010)

Compreender os quadros destas condiccedilotildees agudas eacute essencial para o enfermeiro emergencista e para aquele que trabalha em enfermaria oncoloacutegica pois satildeo eles que fazem a triagem tomam as condutas iniciais na anamnese e exame fiacutesico e satildeo respon-saacuteveis por passar informaccedilotildees concisas ao meacutedico plantonista ou assistente A formaccedilatildeo acadecircmica do Enfermeiro contudo eacute ainda muito escassa no que diz respeito agrave oncologia o que faz com que mui-tos profissionais se sintam despreparados para lidar com a complexidade dos agravos oncoloacutegicos em que as alteraccedilotildees cliacutenicas se misturam com os qua-dros evolutivos das neoplasias e com os efeitos da agressividade dos seus tratamentos (CAMARGOS et al 2011)

Erros ou atrasos no atendimento podem resultar em oacutebito ou danos irreversiacuteveis A capacitaccedilatildeo dos profissionais para identificar rapidamente o proble-ma e instituir a terapecircutica adequada pode modi-ficar o prognoacutestico ou melhorar significativamen-te a qualidade de vida desses pacientes (MANZI et al 2012)

Com este artigo pretendeu-se alertar o enfermei-ro para a situaccedilatildeo negligenciada da oncologia na sua formaccedilatildeo e criar recursos que facilitem a com-preensatildeo dos quadros emergenciais do paciente on-coloacutegico permitindo agilizar a associaccedilatildeo dos si-nais e sintomas com as patologias identificar os ca-sos que necessitam de intervenccedilatildeo prioritaacuteria e for-necer orientaccedilotildees resolutivas

2 MetodologiaFoi realizada uma revisatildeo integrativa de literatu-ra em livros da especialidade e fontes on-line reco-nhecidas cientificamente acessando artigos origi-nais e de revisatildeo nas bases de dados Scientific Ele-tronic Library Online (SciELO) Literatura Latino Americana do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede (LI-LACS) e Biblioteca Virtual em Sauacutede (MEDLINE BVS) e ainda dissertaccedilotildees de mestrado em onco-logia publicaccedilotildees do Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) e do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) No proces-so de pesquisa foram utilizadas as palavras-chave emergecircncias oncoloacutegicas fisiopatologia do cacircncer meacutetodos de diagnoacutestico e tratamento oncoloacutegico e sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem ten-do como criteacuterios de inclusatildeo o periacuteodo entre 2004 e 2014 e os idiomas portuguecircsinglecircs Foram ex-cluiacutedos os artigos que natildeo estavam disponiacuteveis na iacutentegra no Brasil

Os resultados obtidos foram organizados em qua-dros visando agrave construccedilatildeo de instrumentos facili-tadores do estudo para a enfermagem e que orien-tem os profissionais na triagem dos centros de pron-to atendimento em oncologia ou nas enfermarias da especialidade Esses instrumentos resumem os aspectos principais das emergecircncias oncoloacutegicas no acircmbito da sua classificaccedilatildeo sintomatologia fi-siopatologia causas diagnoacutestico e tratamento e procuram direcionar as intervenccedilotildees prioritaacuterias pelos criteacuterios ABCDE agrave semelhanccedila do Advan-ced Trauma Life Suporte (ATLS) e Advanced Car-diologic Life Suport (ACLS) Por uacuteltimo foi aplica-da a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) aos agravos em foco atraveacutes de anaacutelise des-critiva dos principais diagnoacutesticos de enfermagem relacionando as intervenccedilotildees pertinentes

3 Resultados e discussatildeo O cacircncer eacute hoje a segunda causa de morte no Bra-sil logo apoacutes as doenccedilas cardiovasculares (PAIVA et al 2015) Natildeo eacute uma doenccedila isolada mas uma coleccedilatildeo de muitas doenccedilas que partilham caracte-

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riacutesticas comuns (BOWER WAXMAN 2006) As emergecircncias oncoloacutegicas tecircm caraacuteter multissistecirc-mico e podem surgir tanto na fase inicial do cacircn-cer sendo a causa do diagnoacutestico como no avan-ccedilar da doenccedila ou mesmo durante o tratamento antineoplaacutesico em curso sendo efeito colateral do mesmo Por vezes demoram meses a desenvolve-rem-se outras se manifestam em horas poden-do evoluir rapidamente para estados irreversiacuteveis (FORTES 2011)

31 Classificaccedilatildeo fisiopatologia sintomatologia e causas

A revisatildeo bibliograacutefica mostra diversas formas de classificaccedilatildeo dessas emergecircncias Alguns autores restringem a divisatildeo em dois grandes grupos mdash os agravos relacionados ao tumor e os provocados pelo seu tratamento (LEMME LEISTER 2010) outros fazem a divisatildeo em trecircs tipos mdash emergecircncias es-truturais metaboacutelicas e secundaacuterias ao tratamento (CERVANTES CHIRIVELLA 2004 apud PAIVA et al 2008 e MANZI et al 2012) tem ainda ou-tros que propotildeem a divisatildeo de acordo com os sis-temas acometidos (FORTES 2011) e por uacuteltimo haacute aqueles que consideram os sintomas e as con-

sequecircncias dos agravos como verdadeiras emer-gecircncias (HALFDANARSON et al 2006) Elegeu--se uma que permitiu englobar as condiccedilotildees agu-das duma forma abrangente e elucidativa dividin-do-as em quatro grupos distintos mdash 1) infecciosas inflamatoacuterias 2) metaboacutelicas 3) hematoloacutegicas e 4) mecacircnicas (VICTORINO 2014) O grupo das infecciosas inflamatoacuterias abrange a neutropenia febril a cistite actiacutenica e a retite o das metaboacutelicas conteacutem as siacutendromes de lise tumoral hipercalce-mia e secreccedilatildeo inapropriada do hormocircnio antidiu-reacutetico (ADH) o das hematoloacutegicas abrange a siacuten-drome de hiperviscosidade sanguiacutenea coagulaccedilatildeo intravascular disseminada e a trombose embo-lia e por fim o grupo das emergecircncias mecacircni-cas envolve a compressatildeo medular compressatildeo da veia cava superior hipertensatildeo intracraniana tam-ponamento cardiacuteaco e as obstruccedilotildees estruturais O Quadro 1 a seguir mostra esta divisatildeo e faz o elo da sintomatologia de cada emergecircncia com os ti-pos de cacircncer ou terapia antineoplaacutesica que ge-ralmente a causam explicando resumidamente o processo fisiopatoloacutegico dos agravos Este quadro seraacute posteriormente complementado com outro que compila os meios de diagnoacutestico e tratamento para formar o produto final

Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

CC

IOSA

S I

NFL

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RIA

S

NEU

TRO

PEN

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EBRI

L A maioria dos quimioteraacutepicos afeta a me-dula oacutessea que deixa de produzir os ele-

mentos do sangue reduzindo a produccedilatildeo de neutroacutefilos Como satildeo eles que combatem as bacteacuterias invasoras os viacuterus e os fungos agrave medida que a sua contagem cai o risco

de infecccedilatildeo eleva-se Abaixo de 100mm3 o risco de sepse eacute grande A radioterapia e al-guns tipos de cacircncer tambeacutem podem afetar

diretamente a medula

Alteraccedilotildees laboratoriais (con-tagem de neutroacutefilos menor que 500mm3 ou menor que 1000mm3 com tendecircncia agrave

queda) febre (temperatura axi-lar maior que 378degc) calafrios sudorese dor de garganta tos-se mucosite dor abdominal

diarreia feridas em acircnus disuacute-ria piuacuteria vocircmitos dispneia oliguacuteria sinais flogiacutesticos em ferida ou cateter candidiacutease

hipotensatildeo hiperglicemia al-teraccedilotildees de consciecircncia

Quimioterapia radioterapia

leucemia linfo-mas mieloma

metaacutestases

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e

causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

CC

IOSA

S I

NFL

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ATOacute

RIA

S

CIS

TITE

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TIacuteN

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RRAacute

GIC

A A irradiaccedilatildeo dos tumores peacutelvicos pode cau-sar lesatildeo irreversiacutevel na bexiga que se desen-volve em trecircs fases A fase inicial ocorre de 4 a 6 semanas apoacutes o teacutermino da radioterapia e se caracteriza por inflamaccedilatildeo da mucosa De seis meses a dois anos depois ocorrem necrose do endoteacutelio vascular e fibrose Na 3ordf fase a bexiga contrai e torna-se friaacutevel

Edema hiperemia e dor na mucosa da bexiga progredin-

do para disuacuteria severa e he-matuacuteria persistente disfunccedilatildeo

vesical e anemia

Radioterapia cacircncer de colo do uacutetero bexi-

ga proacutestata qui-mioterapia

RETI

TE A

CTI

NIC

A Lesatildeo no reto causada tambeacutem pela irradia-ccedilatildeo dos tumores peacutelvicos Pode ser aguda se

ocorre durante o tratamento ou logo apoacutes com alteraccedilotildees histoloacutegicas limitadas agrave mu-cosa ou crocircnica quando aparece ateacute 2 anos

apoacutes o tratamento tendo alteraccedilotildees mais graves de natureza vascular e fibrose da ca-

mada subiacutentima

Diarreia urgecircncia retal perda de muco e sangue dor anor-retal tenesmo estenose he-morragia anal formaccedilatildeo de

telangiectasias uacutelceras e fiacutestu-las retovaginais

Radioterapia cacircncer de bexi-

ga reto proacutestata testiacuteculos e gine-

coloacutegicos

MET

ABOacute

LIC

AS

LISE

TU

MO

RAL

A quimioterapia em tumores altamente sen-siacuteveis ou de crescimento raacutepido causa des-truiccedilatildeo celular acelerada com liberaccedilatildeo na corrente sanguiacutenea de grandes quantidades de foacutesforo potaacutessio e aacutecidos nucleicos (que

se transformam em aacutecido uacuterico) Os trecircs cristalizam e causam obstruccedilotildees nos tuacutebulos

renais levando agrave insuficiecircncia renal Tam-beacutem se depositam nas articulaccedilotildees e no co-

raccedilatildeo originando gota e arritmias

Hiperuricemia hiperfosfate-mia hipercalemia hipocal-

cemia anuacuteria oliguacuteria urina turva com sedimentos dor em flancos naacuteusea vocircmito diarreia dor articular disp-

neia arritmias letargia con-vulsotildees tetania parada car-

diacuteaca

Quimioterapia linfomas leuce-

mias

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A

80 dos casos ocorrem por secreccedilatildeo tumo-ral de um peptiacutedeo relacionado ao parator-mocircnio (PTH-rP) que estimula a reabsorccedilatildeo do caacutelcio pelos ossos e pelos tuacutebulos renais A reabsorccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por su-

perproduccedilatildeo da vitamina D (comum nas neoplasias hematoloacutegicas) ou por accedilatildeo os-

teoliacutetica neoplaacutesica

Alteraccedilotildees laboratoriais (caacutel-cio seacuterico acima de 105 mgdL ou 262 mmolL) obsti-

paccedilatildeo letargia confusatildeo dor oacutessea e abdominal naacuteuseas e vocircmitos poliuacuteria desidrata-

ccedilatildeo arritmias

Mielomas cacircn-cer de mama

pulmatildeo rim ca-beccedila e pescoccedilo

SEC

RECcedil

AtildeO

INA

PRO

PRIA

-D

A D

E A

DH

Siacutendrome de hiponatremia dilucional devi-do agrave produccedilatildeo anormal de ADH tambeacutem

conhecido por vasopressina Ele age sobre os tuacutebulos renais distais aumentando a permea-bilidade resultando em maior reabsorccedilatildeo de aacutegua pelo rim A osmolaridade da urina au-menta muito em relaccedilatildeo ao plasma havendo reduccedilatildeo do soacutedio e dificuldade de excreccedilatildeo

da urina diluiacuteda

Alteraccedilotildees laboratoriais (niacute-veis seacutericos de soacutedio menores que 136 mmolL) fadiga ce-

faleia dificuldades de concen-traccedilatildeo e memoacuteria anorexia sede naacuteuseas vocircmito diar-

reia mialgia catildeibras letargia oliguacuteria ganho de peso con-vulsotildees alucinaccedilotildees psicose

coma e morte

Cacircncer de pul-matildeo proacutestata

gastrointestinais timoma linfo-

mas mesotelio-ma quimiotera-pia (cisplatina

vincristina ifos-famida)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

HIP

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ISC

OSI

DA

DE

SAN

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IacuteNEA

Variaccedilotildees de concentraccedilatildeo em qualquer um dos componentes do sangue (hemaacutecias leu-coacutecitos plaquetas liacutepidos e proteiacutenas) resul-tam em alteraccedilatildeo da viscosidade do sangue Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-guiacuteneo ocorre a siacutendrome de hiperviscosi-dade As imunoglubulinas IgM IgG ou IgA satildeo proteiacutenas plasmaacuteticas associadas a esta

siacutendrome no cacircncer A IgM por ter um alto peso molecular e as outras pela tendecircncia a se polimerizar Excedendo o valor de 5 g

dL ocorre hiperviscosidade O aumento dos leucoacutecitos acima de 100000mcL (hiperleu-cocitose) tambeacutem pode levar agrave agregaccedilatildeo de blastos nos capilares causando leucostase e

hiperviscosidade

Letargia cefaleia nistagmo alteraccedilatildeo do niacutevel de cons-

ciecircncia vertigem surdez ata-xia parestesia convulsotildees

alteraccedilotildees visuais como papi-ledema dilataccedilatildeo dos vasos retinianos reduccedilatildeo da acui-dade visual ou cegueira san-gramentos (gastrointestinal nasal gengival ou uterino)

anemia dilucional trombose hipertensatildeo priapismo insu-

ficiecircncia cardiacuteaca e renal

Mieloma muacutelti-plo leucemias

macroglobuline-mia de Waldens-

trom

CO

AG

ULA

CcedilAtilde

O IN

TRAV

ASC

ULA

R

DIS

SEM

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Proteiacutenas especiacuteficas procoagulantes do cacircn-cer secretadas por ceacutelulas malignas ativam o sistema hemostaacutetico de forma descontro-lada resultando na deposiccedilatildeo intravacular generalizada de fibrina na microvasculatu-ra Isto leva agrave formaccedilatildeo de microtrombos e oclusatildeo vascular comprometendo o fluxo sanguiacuteneo para diversos orgatildeos Por outro

lado a contiacutenua ativaccedilatildeo da cascata de coa-gulaccedilatildeo leva agrave sua falecircncia pelo consumo e consequente depleccedilatildeo dos fatores de coagu-laccedilatildeo e plaquetas levando agraves manifestaccedilotildees

hemorraacutegicas

Eventos tromboemboacutelicos e sangramentos em vaacuterios lo-cais (pele nariz gengivas pulmotildees sistema nervoso

central locais de punccedilatildeo etc) equimoses peteacutequias puacuter-

puras Se atingir a pleura ou pericaacuterdio dispneia e dor to-raacutecica Pode levar ao choque Alteraccedilotildees laboratoriais em

plaquetas niacutevel de fibrinogecirc-nio proteiacutena C antitrombi-na tempo de protrombina e trombina tempo parcial de

tromboplastina ativada entre outros

Adenocarcino-mas secretores

de mucina cacircn-cer de proacutestata

pulmatildeo gas-trointestinais leucemias em

especial a leuce-mia promielociacute-tica quimiote-

rapia

TRO

MBO

SE

EMBO

LIA

O cacircncer eacute um estado preacute-tromboacutetico por causar distuacuterbios na hemostase que resultam em hipercoagulabilidade Ceacutelulas malignas

induzem a ativaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo atraveacutes de moleacuteculas com propriedades procoagulan-tes como o fator tecidual (FT) o proacute-coa-

gulante neoplaacutesico (CP) e diversas citocinas inflamatoacuterias como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) Vaacuterias reaccedilotildees em cadeia culminam com a trans-formaccedilatildeo da protrombina em trombina e a atuaccedilatildeo desta sobre o fibrinogecircnio geran-

do a fibrina para a formaccedilatildeo do coaacutegulo Por outro lado a fibrinoacutelise eacute inibida O fluxo de

Acomete geralmente um dos membros inferiores (embo-

ra tambeacutem possa ocorrer nos membros superiores) cau-sando dor intensa aumento de temperatura local edema hiperemia rigidez muscular dificuldade de locomoccedilatildeo e formaccedilatildeo de noacutedulos dolo-rosos em varizes Se ocorrer

embolismo pulmonar o qua-dro evolui com dispneia dor toraacutecica hemoptise taquicar-

dia hipotensatildeo e choque

Todos os tipos de cacircncer qui-mioterapia ra-dioterapia tera-pia hormonal agentes antian-

giogecircnicos imo-bilidade (acama-

dos)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

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PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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1 IntroduccedilatildeoEmergecircncias oncoloacutegicas satildeo condiccedilotildees agudas cau-sadas pelo cacircncer ou pelo seu tratamento que re-querem raacutepida intervenccedilatildeo por envolverem risco de vida iminente ou risco de dano grave permanen-te (CERVANTES CHIRIVELLA 2004 apud PAI-VA et al 2008) Com a evoluccedilatildeo do conhecimento das neoplasias e a melhoria das opccedilotildees terapecircuticas a sobrevida dos pacientes com cacircncer aumentou mas isso resultou em um crescimento proporcional na frequecircncia com que essas emergecircncias ocorrem (MARADEI et al 2010)

Compreender os quadros destas condiccedilotildees agudas eacute essencial para o enfermeiro emergencista e para aquele que trabalha em enfermaria oncoloacutegica pois satildeo eles que fazem a triagem tomam as condutas iniciais na anamnese e exame fiacutesico e satildeo respon-saacuteveis por passar informaccedilotildees concisas ao meacutedico plantonista ou assistente A formaccedilatildeo acadecircmica do Enfermeiro contudo eacute ainda muito escassa no que diz respeito agrave oncologia o que faz com que mui-tos profissionais se sintam despreparados para lidar com a complexidade dos agravos oncoloacutegicos em que as alteraccedilotildees cliacutenicas se misturam com os qua-dros evolutivos das neoplasias e com os efeitos da agressividade dos seus tratamentos (CAMARGOS et al 2011)

Erros ou atrasos no atendimento podem resultar em oacutebito ou danos irreversiacuteveis A capacitaccedilatildeo dos profissionais para identificar rapidamente o proble-ma e instituir a terapecircutica adequada pode modi-ficar o prognoacutestico ou melhorar significativamen-te a qualidade de vida desses pacientes (MANZI et al 2012)

Com este artigo pretendeu-se alertar o enfermei-ro para a situaccedilatildeo negligenciada da oncologia na sua formaccedilatildeo e criar recursos que facilitem a com-preensatildeo dos quadros emergenciais do paciente on-coloacutegico permitindo agilizar a associaccedilatildeo dos si-nais e sintomas com as patologias identificar os ca-sos que necessitam de intervenccedilatildeo prioritaacuteria e for-necer orientaccedilotildees resolutivas

2 MetodologiaFoi realizada uma revisatildeo integrativa de literatu-ra em livros da especialidade e fontes on-line reco-nhecidas cientificamente acessando artigos origi-nais e de revisatildeo nas bases de dados Scientific Ele-tronic Library Online (SciELO) Literatura Latino Americana do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede (LI-LACS) e Biblioteca Virtual em Sauacutede (MEDLINE BVS) e ainda dissertaccedilotildees de mestrado em onco-logia publicaccedilotildees do Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) e do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) No proces-so de pesquisa foram utilizadas as palavras-chave emergecircncias oncoloacutegicas fisiopatologia do cacircncer meacutetodos de diagnoacutestico e tratamento oncoloacutegico e sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem ten-do como criteacuterios de inclusatildeo o periacuteodo entre 2004 e 2014 e os idiomas portuguecircsinglecircs Foram ex-cluiacutedos os artigos que natildeo estavam disponiacuteveis na iacutentegra no Brasil

Os resultados obtidos foram organizados em qua-dros visando agrave construccedilatildeo de instrumentos facili-tadores do estudo para a enfermagem e que orien-tem os profissionais na triagem dos centros de pron-to atendimento em oncologia ou nas enfermarias da especialidade Esses instrumentos resumem os aspectos principais das emergecircncias oncoloacutegicas no acircmbito da sua classificaccedilatildeo sintomatologia fi-siopatologia causas diagnoacutestico e tratamento e procuram direcionar as intervenccedilotildees prioritaacuterias pelos criteacuterios ABCDE agrave semelhanccedila do Advan-ced Trauma Life Suporte (ATLS) e Advanced Car-diologic Life Suport (ACLS) Por uacuteltimo foi aplica-da a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) aos agravos em foco atraveacutes de anaacutelise des-critiva dos principais diagnoacutesticos de enfermagem relacionando as intervenccedilotildees pertinentes

3 Resultados e discussatildeo O cacircncer eacute hoje a segunda causa de morte no Bra-sil logo apoacutes as doenccedilas cardiovasculares (PAIVA et al 2015) Natildeo eacute uma doenccedila isolada mas uma coleccedilatildeo de muitas doenccedilas que partilham caracte-

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riacutesticas comuns (BOWER WAXMAN 2006) As emergecircncias oncoloacutegicas tecircm caraacuteter multissistecirc-mico e podem surgir tanto na fase inicial do cacircn-cer sendo a causa do diagnoacutestico como no avan-ccedilar da doenccedila ou mesmo durante o tratamento antineoplaacutesico em curso sendo efeito colateral do mesmo Por vezes demoram meses a desenvolve-rem-se outras se manifestam em horas poden-do evoluir rapidamente para estados irreversiacuteveis (FORTES 2011)

31 Classificaccedilatildeo fisiopatologia sintomatologia e causas

A revisatildeo bibliograacutefica mostra diversas formas de classificaccedilatildeo dessas emergecircncias Alguns autores restringem a divisatildeo em dois grandes grupos mdash os agravos relacionados ao tumor e os provocados pelo seu tratamento (LEMME LEISTER 2010) outros fazem a divisatildeo em trecircs tipos mdash emergecircncias es-truturais metaboacutelicas e secundaacuterias ao tratamento (CERVANTES CHIRIVELLA 2004 apud PAIVA et al 2008 e MANZI et al 2012) tem ainda ou-tros que propotildeem a divisatildeo de acordo com os sis-temas acometidos (FORTES 2011) e por uacuteltimo haacute aqueles que consideram os sintomas e as con-

sequecircncias dos agravos como verdadeiras emer-gecircncias (HALFDANARSON et al 2006) Elegeu--se uma que permitiu englobar as condiccedilotildees agu-das duma forma abrangente e elucidativa dividin-do-as em quatro grupos distintos mdash 1) infecciosas inflamatoacuterias 2) metaboacutelicas 3) hematoloacutegicas e 4) mecacircnicas (VICTORINO 2014) O grupo das infecciosas inflamatoacuterias abrange a neutropenia febril a cistite actiacutenica e a retite o das metaboacutelicas conteacutem as siacutendromes de lise tumoral hipercalce-mia e secreccedilatildeo inapropriada do hormocircnio antidiu-reacutetico (ADH) o das hematoloacutegicas abrange a siacuten-drome de hiperviscosidade sanguiacutenea coagulaccedilatildeo intravascular disseminada e a trombose embo-lia e por fim o grupo das emergecircncias mecacircni-cas envolve a compressatildeo medular compressatildeo da veia cava superior hipertensatildeo intracraniana tam-ponamento cardiacuteaco e as obstruccedilotildees estruturais O Quadro 1 a seguir mostra esta divisatildeo e faz o elo da sintomatologia de cada emergecircncia com os ti-pos de cacircncer ou terapia antineoplaacutesica que ge-ralmente a causam explicando resumidamente o processo fisiopatoloacutegico dos agravos Este quadro seraacute posteriormente complementado com outro que compila os meios de diagnoacutestico e tratamento para formar o produto final

Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

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L A maioria dos quimioteraacutepicos afeta a me-dula oacutessea que deixa de produzir os ele-

mentos do sangue reduzindo a produccedilatildeo de neutroacutefilos Como satildeo eles que combatem as bacteacuterias invasoras os viacuterus e os fungos agrave medida que a sua contagem cai o risco

de infecccedilatildeo eleva-se Abaixo de 100mm3 o risco de sepse eacute grande A radioterapia e al-guns tipos de cacircncer tambeacutem podem afetar

diretamente a medula

Alteraccedilotildees laboratoriais (con-tagem de neutroacutefilos menor que 500mm3 ou menor que 1000mm3 com tendecircncia agrave

queda) febre (temperatura axi-lar maior que 378degc) calafrios sudorese dor de garganta tos-se mucosite dor abdominal

diarreia feridas em acircnus disuacute-ria piuacuteria vocircmitos dispneia oliguacuteria sinais flogiacutesticos em ferida ou cateter candidiacutease

hipotensatildeo hiperglicemia al-teraccedilotildees de consciecircncia

Quimioterapia radioterapia

leucemia linfo-mas mieloma

metaacutestases

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e

causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

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U H

EMO

RRAacute

GIC

A A irradiaccedilatildeo dos tumores peacutelvicos pode cau-sar lesatildeo irreversiacutevel na bexiga que se desen-volve em trecircs fases A fase inicial ocorre de 4 a 6 semanas apoacutes o teacutermino da radioterapia e se caracteriza por inflamaccedilatildeo da mucosa De seis meses a dois anos depois ocorrem necrose do endoteacutelio vascular e fibrose Na 3ordf fase a bexiga contrai e torna-se friaacutevel

Edema hiperemia e dor na mucosa da bexiga progredin-

do para disuacuteria severa e he-matuacuteria persistente disfunccedilatildeo

vesical e anemia

Radioterapia cacircncer de colo do uacutetero bexi-

ga proacutestata qui-mioterapia

RETI

TE A

CTI

NIC

A Lesatildeo no reto causada tambeacutem pela irradia-ccedilatildeo dos tumores peacutelvicos Pode ser aguda se

ocorre durante o tratamento ou logo apoacutes com alteraccedilotildees histoloacutegicas limitadas agrave mu-cosa ou crocircnica quando aparece ateacute 2 anos

apoacutes o tratamento tendo alteraccedilotildees mais graves de natureza vascular e fibrose da ca-

mada subiacutentima

Diarreia urgecircncia retal perda de muco e sangue dor anor-retal tenesmo estenose he-morragia anal formaccedilatildeo de

telangiectasias uacutelceras e fiacutestu-las retovaginais

Radioterapia cacircncer de bexi-

ga reto proacutestata testiacuteculos e gine-

coloacutegicos

MET

ABOacute

LIC

AS

LISE

TU

MO

RAL

A quimioterapia em tumores altamente sen-siacuteveis ou de crescimento raacutepido causa des-truiccedilatildeo celular acelerada com liberaccedilatildeo na corrente sanguiacutenea de grandes quantidades de foacutesforo potaacutessio e aacutecidos nucleicos (que

se transformam em aacutecido uacuterico) Os trecircs cristalizam e causam obstruccedilotildees nos tuacutebulos

renais levando agrave insuficiecircncia renal Tam-beacutem se depositam nas articulaccedilotildees e no co-

raccedilatildeo originando gota e arritmias

Hiperuricemia hiperfosfate-mia hipercalemia hipocal-

cemia anuacuteria oliguacuteria urina turva com sedimentos dor em flancos naacuteusea vocircmito diarreia dor articular disp-

neia arritmias letargia con-vulsotildees tetania parada car-

diacuteaca

Quimioterapia linfomas leuce-

mias

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A

80 dos casos ocorrem por secreccedilatildeo tumo-ral de um peptiacutedeo relacionado ao parator-mocircnio (PTH-rP) que estimula a reabsorccedilatildeo do caacutelcio pelos ossos e pelos tuacutebulos renais A reabsorccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por su-

perproduccedilatildeo da vitamina D (comum nas neoplasias hematoloacutegicas) ou por accedilatildeo os-

teoliacutetica neoplaacutesica

Alteraccedilotildees laboratoriais (caacutel-cio seacuterico acima de 105 mgdL ou 262 mmolL) obsti-

paccedilatildeo letargia confusatildeo dor oacutessea e abdominal naacuteuseas e vocircmitos poliuacuteria desidrata-

ccedilatildeo arritmias

Mielomas cacircn-cer de mama

pulmatildeo rim ca-beccedila e pescoccedilo

SEC

RECcedil

AtildeO

INA

PRO

PRIA

-D

A D

E A

DH

Siacutendrome de hiponatremia dilucional devi-do agrave produccedilatildeo anormal de ADH tambeacutem

conhecido por vasopressina Ele age sobre os tuacutebulos renais distais aumentando a permea-bilidade resultando em maior reabsorccedilatildeo de aacutegua pelo rim A osmolaridade da urina au-menta muito em relaccedilatildeo ao plasma havendo reduccedilatildeo do soacutedio e dificuldade de excreccedilatildeo

da urina diluiacuteda

Alteraccedilotildees laboratoriais (niacute-veis seacutericos de soacutedio menores que 136 mmolL) fadiga ce-

faleia dificuldades de concen-traccedilatildeo e memoacuteria anorexia sede naacuteuseas vocircmito diar-

reia mialgia catildeibras letargia oliguacuteria ganho de peso con-vulsotildees alucinaccedilotildees psicose

coma e morte

Cacircncer de pul-matildeo proacutestata

gastrointestinais timoma linfo-

mas mesotelio-ma quimiotera-pia (cisplatina

vincristina ifos-famida)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA

Variaccedilotildees de concentraccedilatildeo em qualquer um dos componentes do sangue (hemaacutecias leu-coacutecitos plaquetas liacutepidos e proteiacutenas) resul-tam em alteraccedilatildeo da viscosidade do sangue Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-guiacuteneo ocorre a siacutendrome de hiperviscosi-dade As imunoglubulinas IgM IgG ou IgA satildeo proteiacutenas plasmaacuteticas associadas a esta

siacutendrome no cacircncer A IgM por ter um alto peso molecular e as outras pela tendecircncia a se polimerizar Excedendo o valor de 5 g

dL ocorre hiperviscosidade O aumento dos leucoacutecitos acima de 100000mcL (hiperleu-cocitose) tambeacutem pode levar agrave agregaccedilatildeo de blastos nos capilares causando leucostase e

hiperviscosidade

Letargia cefaleia nistagmo alteraccedilatildeo do niacutevel de cons-

ciecircncia vertigem surdez ata-xia parestesia convulsotildees

alteraccedilotildees visuais como papi-ledema dilataccedilatildeo dos vasos retinianos reduccedilatildeo da acui-dade visual ou cegueira san-gramentos (gastrointestinal nasal gengival ou uterino)

anemia dilucional trombose hipertensatildeo priapismo insu-

ficiecircncia cardiacuteaca e renal

Mieloma muacutelti-plo leucemias

macroglobuline-mia de Waldens-

trom

CO

AG

ULA

CcedilAtilde

O IN

TRAV

ASC

ULA

R

DIS

SEM

INA

DA

Proteiacutenas especiacuteficas procoagulantes do cacircn-cer secretadas por ceacutelulas malignas ativam o sistema hemostaacutetico de forma descontro-lada resultando na deposiccedilatildeo intravacular generalizada de fibrina na microvasculatu-ra Isto leva agrave formaccedilatildeo de microtrombos e oclusatildeo vascular comprometendo o fluxo sanguiacuteneo para diversos orgatildeos Por outro

lado a contiacutenua ativaccedilatildeo da cascata de coa-gulaccedilatildeo leva agrave sua falecircncia pelo consumo e consequente depleccedilatildeo dos fatores de coagu-laccedilatildeo e plaquetas levando agraves manifestaccedilotildees

hemorraacutegicas

Eventos tromboemboacutelicos e sangramentos em vaacuterios lo-cais (pele nariz gengivas pulmotildees sistema nervoso

central locais de punccedilatildeo etc) equimoses peteacutequias puacuter-

puras Se atingir a pleura ou pericaacuterdio dispneia e dor to-raacutecica Pode levar ao choque Alteraccedilotildees laboratoriais em

plaquetas niacutevel de fibrinogecirc-nio proteiacutena C antitrombi-na tempo de protrombina e trombina tempo parcial de

tromboplastina ativada entre outros

Adenocarcino-mas secretores

de mucina cacircn-cer de proacutestata

pulmatildeo gas-trointestinais leucemias em

especial a leuce-mia promielociacute-tica quimiote-

rapia

TRO

MBO

SE

EMBO

LIA

O cacircncer eacute um estado preacute-tromboacutetico por causar distuacuterbios na hemostase que resultam em hipercoagulabilidade Ceacutelulas malignas

induzem a ativaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo atraveacutes de moleacuteculas com propriedades procoagulan-tes como o fator tecidual (FT) o proacute-coa-

gulante neoplaacutesico (CP) e diversas citocinas inflamatoacuterias como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) Vaacuterias reaccedilotildees em cadeia culminam com a trans-formaccedilatildeo da protrombina em trombina e a atuaccedilatildeo desta sobre o fibrinogecircnio geran-

do a fibrina para a formaccedilatildeo do coaacutegulo Por outro lado a fibrinoacutelise eacute inibida O fluxo de

Acomete geralmente um dos membros inferiores (embo-

ra tambeacutem possa ocorrer nos membros superiores) cau-sando dor intensa aumento de temperatura local edema hiperemia rigidez muscular dificuldade de locomoccedilatildeo e formaccedilatildeo de noacutedulos dolo-rosos em varizes Se ocorrer

embolismo pulmonar o qua-dro evolui com dispneia dor toraacutecica hemoptise taquicar-

dia hipotensatildeo e choque

Todos os tipos de cacircncer qui-mioterapia ra-dioterapia tera-pia hormonal agentes antian-

giogecircnicos imo-bilidade (acama-

dos)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

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VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 09

riacutesticas comuns (BOWER WAXMAN 2006) As emergecircncias oncoloacutegicas tecircm caraacuteter multissistecirc-mico e podem surgir tanto na fase inicial do cacircn-cer sendo a causa do diagnoacutestico como no avan-ccedilar da doenccedila ou mesmo durante o tratamento antineoplaacutesico em curso sendo efeito colateral do mesmo Por vezes demoram meses a desenvolve-rem-se outras se manifestam em horas poden-do evoluir rapidamente para estados irreversiacuteveis (FORTES 2011)

31 Classificaccedilatildeo fisiopatologia sintomatologia e causas

A revisatildeo bibliograacutefica mostra diversas formas de classificaccedilatildeo dessas emergecircncias Alguns autores restringem a divisatildeo em dois grandes grupos mdash os agravos relacionados ao tumor e os provocados pelo seu tratamento (LEMME LEISTER 2010) outros fazem a divisatildeo em trecircs tipos mdash emergecircncias es-truturais metaboacutelicas e secundaacuterias ao tratamento (CERVANTES CHIRIVELLA 2004 apud PAIVA et al 2008 e MANZI et al 2012) tem ainda ou-tros que propotildeem a divisatildeo de acordo com os sis-temas acometidos (FORTES 2011) e por uacuteltimo haacute aqueles que consideram os sintomas e as con-

sequecircncias dos agravos como verdadeiras emer-gecircncias (HALFDANARSON et al 2006) Elegeu--se uma que permitiu englobar as condiccedilotildees agu-das duma forma abrangente e elucidativa dividin-do-as em quatro grupos distintos mdash 1) infecciosas inflamatoacuterias 2) metaboacutelicas 3) hematoloacutegicas e 4) mecacircnicas (VICTORINO 2014) O grupo das infecciosas inflamatoacuterias abrange a neutropenia febril a cistite actiacutenica e a retite o das metaboacutelicas conteacutem as siacutendromes de lise tumoral hipercalce-mia e secreccedilatildeo inapropriada do hormocircnio antidiu-reacutetico (ADH) o das hematoloacutegicas abrange a siacuten-drome de hiperviscosidade sanguiacutenea coagulaccedilatildeo intravascular disseminada e a trombose embo-lia e por fim o grupo das emergecircncias mecacircni-cas envolve a compressatildeo medular compressatildeo da veia cava superior hipertensatildeo intracraniana tam-ponamento cardiacuteaco e as obstruccedilotildees estruturais O Quadro 1 a seguir mostra esta divisatildeo e faz o elo da sintomatologia de cada emergecircncia com os ti-pos de cacircncer ou terapia antineoplaacutesica que ge-ralmente a causam explicando resumidamente o processo fisiopatoloacutegico dos agravos Este quadro seraacute posteriormente complementado com outro que compila os meios de diagnoacutestico e tratamento para formar o produto final

Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

CC

IOSA

S I

NFL

AM

ATOacute

RIA

S

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L A maioria dos quimioteraacutepicos afeta a me-dula oacutessea que deixa de produzir os ele-

mentos do sangue reduzindo a produccedilatildeo de neutroacutefilos Como satildeo eles que combatem as bacteacuterias invasoras os viacuterus e os fungos agrave medida que a sua contagem cai o risco

de infecccedilatildeo eleva-se Abaixo de 100mm3 o risco de sepse eacute grande A radioterapia e al-guns tipos de cacircncer tambeacutem podem afetar

diretamente a medula

Alteraccedilotildees laboratoriais (con-tagem de neutroacutefilos menor que 500mm3 ou menor que 1000mm3 com tendecircncia agrave

queda) febre (temperatura axi-lar maior que 378degc) calafrios sudorese dor de garganta tos-se mucosite dor abdominal

diarreia feridas em acircnus disuacute-ria piuacuteria vocircmitos dispneia oliguacuteria sinais flogiacutesticos em ferida ou cateter candidiacutease

hipotensatildeo hiperglicemia al-teraccedilotildees de consciecircncia

Quimioterapia radioterapia

leucemia linfo-mas mieloma

metaacutestases

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e

causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

CC

IOSA

S I

NFL

AM

ATOacute

RIA

S

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

O

U H

EMO

RRAacute

GIC

A A irradiaccedilatildeo dos tumores peacutelvicos pode cau-sar lesatildeo irreversiacutevel na bexiga que se desen-volve em trecircs fases A fase inicial ocorre de 4 a 6 semanas apoacutes o teacutermino da radioterapia e se caracteriza por inflamaccedilatildeo da mucosa De seis meses a dois anos depois ocorrem necrose do endoteacutelio vascular e fibrose Na 3ordf fase a bexiga contrai e torna-se friaacutevel

Edema hiperemia e dor na mucosa da bexiga progredin-

do para disuacuteria severa e he-matuacuteria persistente disfunccedilatildeo

vesical e anemia

Radioterapia cacircncer de colo do uacutetero bexi-

ga proacutestata qui-mioterapia

RETI

TE A

CTI

NIC

A Lesatildeo no reto causada tambeacutem pela irradia-ccedilatildeo dos tumores peacutelvicos Pode ser aguda se

ocorre durante o tratamento ou logo apoacutes com alteraccedilotildees histoloacutegicas limitadas agrave mu-cosa ou crocircnica quando aparece ateacute 2 anos

apoacutes o tratamento tendo alteraccedilotildees mais graves de natureza vascular e fibrose da ca-

mada subiacutentima

Diarreia urgecircncia retal perda de muco e sangue dor anor-retal tenesmo estenose he-morragia anal formaccedilatildeo de

telangiectasias uacutelceras e fiacutestu-las retovaginais

Radioterapia cacircncer de bexi-

ga reto proacutestata testiacuteculos e gine-

coloacutegicos

MET

ABOacute

LIC

AS

LISE

TU

MO

RAL

A quimioterapia em tumores altamente sen-siacuteveis ou de crescimento raacutepido causa des-truiccedilatildeo celular acelerada com liberaccedilatildeo na corrente sanguiacutenea de grandes quantidades de foacutesforo potaacutessio e aacutecidos nucleicos (que

se transformam em aacutecido uacuterico) Os trecircs cristalizam e causam obstruccedilotildees nos tuacutebulos

renais levando agrave insuficiecircncia renal Tam-beacutem se depositam nas articulaccedilotildees e no co-

raccedilatildeo originando gota e arritmias

Hiperuricemia hiperfosfate-mia hipercalemia hipocal-

cemia anuacuteria oliguacuteria urina turva com sedimentos dor em flancos naacuteusea vocircmito diarreia dor articular disp-

neia arritmias letargia con-vulsotildees tetania parada car-

diacuteaca

Quimioterapia linfomas leuce-

mias

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A

80 dos casos ocorrem por secreccedilatildeo tumo-ral de um peptiacutedeo relacionado ao parator-mocircnio (PTH-rP) que estimula a reabsorccedilatildeo do caacutelcio pelos ossos e pelos tuacutebulos renais A reabsorccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por su-

perproduccedilatildeo da vitamina D (comum nas neoplasias hematoloacutegicas) ou por accedilatildeo os-

teoliacutetica neoplaacutesica

Alteraccedilotildees laboratoriais (caacutel-cio seacuterico acima de 105 mgdL ou 262 mmolL) obsti-

paccedilatildeo letargia confusatildeo dor oacutessea e abdominal naacuteuseas e vocircmitos poliuacuteria desidrata-

ccedilatildeo arritmias

Mielomas cacircn-cer de mama

pulmatildeo rim ca-beccedila e pescoccedilo

SEC

RECcedil

AtildeO

INA

PRO

PRIA

-D

A D

E A

DH

Siacutendrome de hiponatremia dilucional devi-do agrave produccedilatildeo anormal de ADH tambeacutem

conhecido por vasopressina Ele age sobre os tuacutebulos renais distais aumentando a permea-bilidade resultando em maior reabsorccedilatildeo de aacutegua pelo rim A osmolaridade da urina au-menta muito em relaccedilatildeo ao plasma havendo reduccedilatildeo do soacutedio e dificuldade de excreccedilatildeo

da urina diluiacuteda

Alteraccedilotildees laboratoriais (niacute-veis seacutericos de soacutedio menores que 136 mmolL) fadiga ce-

faleia dificuldades de concen-traccedilatildeo e memoacuteria anorexia sede naacuteuseas vocircmito diar-

reia mialgia catildeibras letargia oliguacuteria ganho de peso con-vulsotildees alucinaccedilotildees psicose

coma e morte

Cacircncer de pul-matildeo proacutestata

gastrointestinais timoma linfo-

mas mesotelio-ma quimiotera-pia (cisplatina

vincristina ifos-famida)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA

Variaccedilotildees de concentraccedilatildeo em qualquer um dos componentes do sangue (hemaacutecias leu-coacutecitos plaquetas liacutepidos e proteiacutenas) resul-tam em alteraccedilatildeo da viscosidade do sangue Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-guiacuteneo ocorre a siacutendrome de hiperviscosi-dade As imunoglubulinas IgM IgG ou IgA satildeo proteiacutenas plasmaacuteticas associadas a esta

siacutendrome no cacircncer A IgM por ter um alto peso molecular e as outras pela tendecircncia a se polimerizar Excedendo o valor de 5 g

dL ocorre hiperviscosidade O aumento dos leucoacutecitos acima de 100000mcL (hiperleu-cocitose) tambeacutem pode levar agrave agregaccedilatildeo de blastos nos capilares causando leucostase e

hiperviscosidade

Letargia cefaleia nistagmo alteraccedilatildeo do niacutevel de cons-

ciecircncia vertigem surdez ata-xia parestesia convulsotildees

alteraccedilotildees visuais como papi-ledema dilataccedilatildeo dos vasos retinianos reduccedilatildeo da acui-dade visual ou cegueira san-gramentos (gastrointestinal nasal gengival ou uterino)

anemia dilucional trombose hipertensatildeo priapismo insu-

ficiecircncia cardiacuteaca e renal

Mieloma muacutelti-plo leucemias

macroglobuline-mia de Waldens-

trom

CO

AG

ULA

CcedilAtilde

O IN

TRAV

ASC

ULA

R

DIS

SEM

INA

DA

Proteiacutenas especiacuteficas procoagulantes do cacircn-cer secretadas por ceacutelulas malignas ativam o sistema hemostaacutetico de forma descontro-lada resultando na deposiccedilatildeo intravacular generalizada de fibrina na microvasculatu-ra Isto leva agrave formaccedilatildeo de microtrombos e oclusatildeo vascular comprometendo o fluxo sanguiacuteneo para diversos orgatildeos Por outro

lado a contiacutenua ativaccedilatildeo da cascata de coa-gulaccedilatildeo leva agrave sua falecircncia pelo consumo e consequente depleccedilatildeo dos fatores de coagu-laccedilatildeo e plaquetas levando agraves manifestaccedilotildees

hemorraacutegicas

Eventos tromboemboacutelicos e sangramentos em vaacuterios lo-cais (pele nariz gengivas pulmotildees sistema nervoso

central locais de punccedilatildeo etc) equimoses peteacutequias puacuter-

puras Se atingir a pleura ou pericaacuterdio dispneia e dor to-raacutecica Pode levar ao choque Alteraccedilotildees laboratoriais em

plaquetas niacutevel de fibrinogecirc-nio proteiacutena C antitrombi-na tempo de protrombina e trombina tempo parcial de

tromboplastina ativada entre outros

Adenocarcino-mas secretores

de mucina cacircn-cer de proacutestata

pulmatildeo gas-trointestinais leucemias em

especial a leuce-mia promielociacute-tica quimiote-

rapia

TRO

MBO

SE

EMBO

LIA

O cacircncer eacute um estado preacute-tromboacutetico por causar distuacuterbios na hemostase que resultam em hipercoagulabilidade Ceacutelulas malignas

induzem a ativaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo atraveacutes de moleacuteculas com propriedades procoagulan-tes como o fator tecidual (FT) o proacute-coa-

gulante neoplaacutesico (CP) e diversas citocinas inflamatoacuterias como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) Vaacuterias reaccedilotildees em cadeia culminam com a trans-formaccedilatildeo da protrombina em trombina e a atuaccedilatildeo desta sobre o fibrinogecircnio geran-

do a fibrina para a formaccedilatildeo do coaacutegulo Por outro lado a fibrinoacutelise eacute inibida O fluxo de

Acomete geralmente um dos membros inferiores (embo-

ra tambeacutem possa ocorrer nos membros superiores) cau-sando dor intensa aumento de temperatura local edema hiperemia rigidez muscular dificuldade de locomoccedilatildeo e formaccedilatildeo de noacutedulos dolo-rosos em varizes Se ocorrer

embolismo pulmonar o qua-dro evolui com dispneia dor toraacutecica hemoptise taquicar-

dia hipotensatildeo e choque

Todos os tipos de cacircncer qui-mioterapia ra-dioterapia tera-pia hormonal agentes antian-

giogecircnicos imo-bilidade (acama-

dos)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 32

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CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

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GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e

causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

INFE

CC

IOSA

S I

NFL

AM

ATOacute

RIA

S

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

O

U H

EMO

RRAacute

GIC

A A irradiaccedilatildeo dos tumores peacutelvicos pode cau-sar lesatildeo irreversiacutevel na bexiga que se desen-volve em trecircs fases A fase inicial ocorre de 4 a 6 semanas apoacutes o teacutermino da radioterapia e se caracteriza por inflamaccedilatildeo da mucosa De seis meses a dois anos depois ocorrem necrose do endoteacutelio vascular e fibrose Na 3ordf fase a bexiga contrai e torna-se friaacutevel

Edema hiperemia e dor na mucosa da bexiga progredin-

do para disuacuteria severa e he-matuacuteria persistente disfunccedilatildeo

vesical e anemia

Radioterapia cacircncer de colo do uacutetero bexi-

ga proacutestata qui-mioterapia

RETI

TE A

CTI

NIC

A Lesatildeo no reto causada tambeacutem pela irradia-ccedilatildeo dos tumores peacutelvicos Pode ser aguda se

ocorre durante o tratamento ou logo apoacutes com alteraccedilotildees histoloacutegicas limitadas agrave mu-cosa ou crocircnica quando aparece ateacute 2 anos

apoacutes o tratamento tendo alteraccedilotildees mais graves de natureza vascular e fibrose da ca-

mada subiacutentima

Diarreia urgecircncia retal perda de muco e sangue dor anor-retal tenesmo estenose he-morragia anal formaccedilatildeo de

telangiectasias uacutelceras e fiacutestu-las retovaginais

Radioterapia cacircncer de bexi-

ga reto proacutestata testiacuteculos e gine-

coloacutegicos

MET

ABOacute

LIC

AS

LISE

TU

MO

RAL

A quimioterapia em tumores altamente sen-siacuteveis ou de crescimento raacutepido causa des-truiccedilatildeo celular acelerada com liberaccedilatildeo na corrente sanguiacutenea de grandes quantidades de foacutesforo potaacutessio e aacutecidos nucleicos (que

se transformam em aacutecido uacuterico) Os trecircs cristalizam e causam obstruccedilotildees nos tuacutebulos

renais levando agrave insuficiecircncia renal Tam-beacutem se depositam nas articulaccedilotildees e no co-

raccedilatildeo originando gota e arritmias

Hiperuricemia hiperfosfate-mia hipercalemia hipocal-

cemia anuacuteria oliguacuteria urina turva com sedimentos dor em flancos naacuteusea vocircmito diarreia dor articular disp-

neia arritmias letargia con-vulsotildees tetania parada car-

diacuteaca

Quimioterapia linfomas leuce-

mias

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A

80 dos casos ocorrem por secreccedilatildeo tumo-ral de um peptiacutedeo relacionado ao parator-mocircnio (PTH-rP) que estimula a reabsorccedilatildeo do caacutelcio pelos ossos e pelos tuacutebulos renais A reabsorccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por su-

perproduccedilatildeo da vitamina D (comum nas neoplasias hematoloacutegicas) ou por accedilatildeo os-

teoliacutetica neoplaacutesica

Alteraccedilotildees laboratoriais (caacutel-cio seacuterico acima de 105 mgdL ou 262 mmolL) obsti-

paccedilatildeo letargia confusatildeo dor oacutessea e abdominal naacuteuseas e vocircmitos poliuacuteria desidrata-

ccedilatildeo arritmias

Mielomas cacircn-cer de mama

pulmatildeo rim ca-beccedila e pescoccedilo

SEC

RECcedil

AtildeO

INA

PRO

PRIA

-D

A D

E A

DH

Siacutendrome de hiponatremia dilucional devi-do agrave produccedilatildeo anormal de ADH tambeacutem

conhecido por vasopressina Ele age sobre os tuacutebulos renais distais aumentando a permea-bilidade resultando em maior reabsorccedilatildeo de aacutegua pelo rim A osmolaridade da urina au-menta muito em relaccedilatildeo ao plasma havendo reduccedilatildeo do soacutedio e dificuldade de excreccedilatildeo

da urina diluiacuteda

Alteraccedilotildees laboratoriais (niacute-veis seacutericos de soacutedio menores que 136 mmolL) fadiga ce-

faleia dificuldades de concen-traccedilatildeo e memoacuteria anorexia sede naacuteuseas vocircmito diar-

reia mialgia catildeibras letargia oliguacuteria ganho de peso con-vulsotildees alucinaccedilotildees psicose

coma e morte

Cacircncer de pul-matildeo proacutestata

gastrointestinais timoma linfo-

mas mesotelio-ma quimiotera-pia (cisplatina

vincristina ifos-famida)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA

Variaccedilotildees de concentraccedilatildeo em qualquer um dos componentes do sangue (hemaacutecias leu-coacutecitos plaquetas liacutepidos e proteiacutenas) resul-tam em alteraccedilatildeo da viscosidade do sangue Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-guiacuteneo ocorre a siacutendrome de hiperviscosi-dade As imunoglubulinas IgM IgG ou IgA satildeo proteiacutenas plasmaacuteticas associadas a esta

siacutendrome no cacircncer A IgM por ter um alto peso molecular e as outras pela tendecircncia a se polimerizar Excedendo o valor de 5 g

dL ocorre hiperviscosidade O aumento dos leucoacutecitos acima de 100000mcL (hiperleu-cocitose) tambeacutem pode levar agrave agregaccedilatildeo de blastos nos capilares causando leucostase e

hiperviscosidade

Letargia cefaleia nistagmo alteraccedilatildeo do niacutevel de cons-

ciecircncia vertigem surdez ata-xia parestesia convulsotildees

alteraccedilotildees visuais como papi-ledema dilataccedilatildeo dos vasos retinianos reduccedilatildeo da acui-dade visual ou cegueira san-gramentos (gastrointestinal nasal gengival ou uterino)

anemia dilucional trombose hipertensatildeo priapismo insu-

ficiecircncia cardiacuteaca e renal

Mieloma muacutelti-plo leucemias

macroglobuline-mia de Waldens-

trom

CO

AG

ULA

CcedilAtilde

O IN

TRAV

ASC

ULA

R

DIS

SEM

INA

DA

Proteiacutenas especiacuteficas procoagulantes do cacircn-cer secretadas por ceacutelulas malignas ativam o sistema hemostaacutetico de forma descontro-lada resultando na deposiccedilatildeo intravacular generalizada de fibrina na microvasculatu-ra Isto leva agrave formaccedilatildeo de microtrombos e oclusatildeo vascular comprometendo o fluxo sanguiacuteneo para diversos orgatildeos Por outro

lado a contiacutenua ativaccedilatildeo da cascata de coa-gulaccedilatildeo leva agrave sua falecircncia pelo consumo e consequente depleccedilatildeo dos fatores de coagu-laccedilatildeo e plaquetas levando agraves manifestaccedilotildees

hemorraacutegicas

Eventos tromboemboacutelicos e sangramentos em vaacuterios lo-cais (pele nariz gengivas pulmotildees sistema nervoso

central locais de punccedilatildeo etc) equimoses peteacutequias puacuter-

puras Se atingir a pleura ou pericaacuterdio dispneia e dor to-raacutecica Pode levar ao choque Alteraccedilotildees laboratoriais em

plaquetas niacutevel de fibrinogecirc-nio proteiacutena C antitrombi-na tempo de protrombina e trombina tempo parcial de

tromboplastina ativada entre outros

Adenocarcino-mas secretores

de mucina cacircn-cer de proacutestata

pulmatildeo gas-trointestinais leucemias em

especial a leuce-mia promielociacute-tica quimiote-

rapia

TRO

MBO

SE

EMBO

LIA

O cacircncer eacute um estado preacute-tromboacutetico por causar distuacuterbios na hemostase que resultam em hipercoagulabilidade Ceacutelulas malignas

induzem a ativaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo atraveacutes de moleacuteculas com propriedades procoagulan-tes como o fator tecidual (FT) o proacute-coa-

gulante neoplaacutesico (CP) e diversas citocinas inflamatoacuterias como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) Vaacuterias reaccedilotildees em cadeia culminam com a trans-formaccedilatildeo da protrombina em trombina e a atuaccedilatildeo desta sobre o fibrinogecircnio geran-

do a fibrina para a formaccedilatildeo do coaacutegulo Por outro lado a fibrinoacutelise eacute inibida O fluxo de

Acomete geralmente um dos membros inferiores (embo-

ra tambeacutem possa ocorrer nos membros superiores) cau-sando dor intensa aumento de temperatura local edema hiperemia rigidez muscular dificuldade de locomoccedilatildeo e formaccedilatildeo de noacutedulos dolo-rosos em varizes Se ocorrer

embolismo pulmonar o qua-dro evolui com dispneia dor toraacutecica hemoptise taquicar-

dia hipotensatildeo e choque

Todos os tipos de cacircncer qui-mioterapia ra-dioterapia tera-pia hormonal agentes antian-

giogecircnicos imo-bilidade (acama-

dos)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA

Variaccedilotildees de concentraccedilatildeo em qualquer um dos componentes do sangue (hemaacutecias leu-coacutecitos plaquetas liacutepidos e proteiacutenas) resul-tam em alteraccedilatildeo da viscosidade do sangue Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-guiacuteneo ocorre a siacutendrome de hiperviscosi-dade As imunoglubulinas IgM IgG ou IgA satildeo proteiacutenas plasmaacuteticas associadas a esta

siacutendrome no cacircncer A IgM por ter um alto peso molecular e as outras pela tendecircncia a se polimerizar Excedendo o valor de 5 g

dL ocorre hiperviscosidade O aumento dos leucoacutecitos acima de 100000mcL (hiperleu-cocitose) tambeacutem pode levar agrave agregaccedilatildeo de blastos nos capilares causando leucostase e

hiperviscosidade

Letargia cefaleia nistagmo alteraccedilatildeo do niacutevel de cons-

ciecircncia vertigem surdez ata-xia parestesia convulsotildees

alteraccedilotildees visuais como papi-ledema dilataccedilatildeo dos vasos retinianos reduccedilatildeo da acui-dade visual ou cegueira san-gramentos (gastrointestinal nasal gengival ou uterino)

anemia dilucional trombose hipertensatildeo priapismo insu-

ficiecircncia cardiacuteaca e renal

Mieloma muacutelti-plo leucemias

macroglobuline-mia de Waldens-

trom

CO

AG

ULA

CcedilAtilde

O IN

TRAV

ASC

ULA

R

DIS

SEM

INA

DA

Proteiacutenas especiacuteficas procoagulantes do cacircn-cer secretadas por ceacutelulas malignas ativam o sistema hemostaacutetico de forma descontro-lada resultando na deposiccedilatildeo intravacular generalizada de fibrina na microvasculatu-ra Isto leva agrave formaccedilatildeo de microtrombos e oclusatildeo vascular comprometendo o fluxo sanguiacuteneo para diversos orgatildeos Por outro

lado a contiacutenua ativaccedilatildeo da cascata de coa-gulaccedilatildeo leva agrave sua falecircncia pelo consumo e consequente depleccedilatildeo dos fatores de coagu-laccedilatildeo e plaquetas levando agraves manifestaccedilotildees

hemorraacutegicas

Eventos tromboemboacutelicos e sangramentos em vaacuterios lo-cais (pele nariz gengivas pulmotildees sistema nervoso

central locais de punccedilatildeo etc) equimoses peteacutequias puacuter-

puras Se atingir a pleura ou pericaacuterdio dispneia e dor to-raacutecica Pode levar ao choque Alteraccedilotildees laboratoriais em

plaquetas niacutevel de fibrinogecirc-nio proteiacutena C antitrombi-na tempo de protrombina e trombina tempo parcial de

tromboplastina ativada entre outros

Adenocarcino-mas secretores

de mucina cacircn-cer de proacutestata

pulmatildeo gas-trointestinais leucemias em

especial a leuce-mia promielociacute-tica quimiote-

rapia

TRO

MBO

SE

EMBO

LIA

O cacircncer eacute um estado preacute-tromboacutetico por causar distuacuterbios na hemostase que resultam em hipercoagulabilidade Ceacutelulas malignas

induzem a ativaccedilatildeo da coagulaccedilatildeo atraveacutes de moleacuteculas com propriedades procoagulan-tes como o fator tecidual (FT) o proacute-coa-

gulante neoplaacutesico (CP) e diversas citocinas inflamatoacuterias como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) Vaacuterias reaccedilotildees em cadeia culminam com a trans-formaccedilatildeo da protrombina em trombina e a atuaccedilatildeo desta sobre o fibrinogecircnio geran-

do a fibrina para a formaccedilatildeo do coaacutegulo Por outro lado a fibrinoacutelise eacute inibida O fluxo de

Acomete geralmente um dos membros inferiores (embo-

ra tambeacutem possa ocorrer nos membros superiores) cau-sando dor intensa aumento de temperatura local edema hiperemia rigidez muscular dificuldade de locomoccedilatildeo e formaccedilatildeo de noacutedulos dolo-rosos em varizes Se ocorrer

embolismo pulmonar o qua-dro evolui com dispneia dor toraacutecica hemoptise taquicar-

dia hipotensatildeo e choque

Todos os tipos de cacircncer qui-mioterapia ra-dioterapia tera-pia hormonal agentes antian-

giogecircnicos imo-bilidade (acama-

dos)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (continua)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

HEM

ATO

LOacuteG

ICA

S

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

sangue fica bloqueado A estase venosa causada pela compressatildeo vascular secun-daacuteria agrave expansatildeo tumoral tambeacutem poten-cializa a formaccedilatildeo de trombos ao concen-trar os fatores de coagulaccedilatildeo numa deter-minada aacuterea Existe um risco grave de o

trombo se soltar migrar para o pulmatildeo e causar um tromboembolismo pulmonar

MEC

AcircN

ICA

S

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

As metaacutestases nos corpos vertebrais des-troem a cortical e invadem o espaccedilo epidu-

ral comprimindo a medula Podem tam-beacutem levar agrave fratura da veacutertebra e o desloca-mento dos fragmentos oacutesseos para o espaccedilo epidural causa lesatildeo direta ou compressatildeo

Ocorre edema vasogecircnico intramedular que compromete a perfusatildeo e causa necrose

Dor radicular ou local (toraacute-cica lombosacra ou cervical) fraqueza muscular paresias espasmos hiper-reflexia im-potecircncia retenccedilatildeo urinaacuteria

incontinecircncia constipaccedilatildeo in-testinal

Cacircncer de mama proacutestata pulmatildeo linfomas e mielo-

ma muacuteltiplo

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

Obstruccedilatildeo do fluxo sanguiacuteneo atraveacutes da veia cava superior impedindo o retorno

venoso ao aacutetrio direito do coraccedilatildeo A obs-truccedilatildeo pode ser causada por compressatildeo do tumor ou dos linfonodos aumentados invasatildeo ou trombose intraluminal A dre-nagem da cabeccedila pescoccedilo toacuterax e mem-bros superiores fica seriamente prejudica-da podendo causar anoxia cerebral e obs-

truccedilatildeo brocircnquica

Dispneia ortopneia edema de face pescoccedilo e membros superiores dilataccedilatildeo venosa estase jugular circulaccedilatildeo co-lateral dor toraacutecica disfagia rouquidatildeo estridor cefaleia

pletora alteraccedilotildees visuais e de niacutevel de consciecircncia

Cacircncer de pulmatildeo mama linfoma de

Hodgkin e natildeo--Hodgkin timo-

ma

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

A elevaccedilatildeo da pressatildeo no tecido cerebral pode ser causada diretamente pela massa tumoral pelo edema cerebral perilesional sangramento intratumoral e bloqueio da

circulaccedilatildeo liquoacuterica levando agrave hidrocefalia

Cefaleia resistente a analgeacute-sicos (pior em decuacutebito e ao acordar) naacuteuseas e vocircmitos

vertigem sintomas neuroloacutegi-cos focais como fraqueza mus-cular distuacuterbios da marcha al-teraccedilotildees de campo visual e afa-sia alteraccedilotildees neurocognitivas e convulsotildees que podem levar

ao status epilepticus

Metaacutesteses cere-brais sobretudo

do cacircncer de pul-matildeo mama e me-

lanoma

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O

O acuacutemulo excessivo de liacutequido ou sangue no saco pericaacuterdico (200 a 1000 ml) com-prime o coraccedilatildeo dificultando a expansatildeo

de suas paredes levando a um enchimento diastoacutelico prejudicado e a um deacutebito car-

diacuteaco diminuiacutedo Ocorre congestatildeo venosa sistecircmica e por fim colapso circulatoacuterio Aleacutem do volume de liacutequido a velocidade em que ocorre o acuacutemulo tambeacutem eacute fator

importante no tamponamento

Dor epigaacutestrica ou retroester-nal (piora na posiccedilatildeo supi-

na) sensaccedilatildeo de peito pesado fadiga disfagia tosse disp-

neia rouquidatildeo distensatildeo da veia jugular bulhas cardiacuteacas abafadas taquicardia pulso parodoxal atrito de fricccedilatildeo pericaacuterdico (quando tumor

presente)

Metaacutestases do CA de mama pulmatildeo

esocircfago cabeccedila e pescoccedilo (raro) leucemias linfo-

mas mesotelioma melanoma sar-coma radiotera-pia em mediasti-no quimioterapia

(raro)

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

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PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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Quadro 1 Classificaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas com associaccedilatildeo da fisiopatologia sintomatologia e causas predisponentes (conclusatildeo)

Emergecircncia Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

MEC

AcircN

ICA

S

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

Podem ocorrer pelo crescimento tumoral na luz de determinado orgatildeo ou por inva-satildeo de tumores oriundos de oacutergatildeos adja-centes ou ainda por metaacutestases Os mais graves satildeo os localizados nas vias aeacutereas impedindo a passagem do ar Destacam-

-se tambeacutem pela sua frequecircncia as obstru-ccedilotildees na luz intestinal e nas vias urinaacuterias

que impedem a passagem dos alimentos e a excreccedilatildeo das fezes e urina Outra obstruccedilatildeo importante eacute a das vias biliares que ocorre quando um tumor impede o fluxo da biacutelis

pelos ductos de drenagem (do fiacutegado para a vesiacutecula ou desta para o duodeno) fazendo com que a biacutelis se acumule no fiacutegado e ge-re um aumento dos niacuteveis de bilirrubina na

circulaccedilatildeo sanguiacutenea

Sintomas dependentes do local da obstruccedilatildeo VIAS AEacuteREAS mdash dispneia estridor hemop-tise tosse sibilos abafamento de sons pulmonares cianose TRATO URINAacuteRIO mdash oliguacute-ria hematuacuteria algia peacutelvica e lombar edema naacuteuseas e vocirc-

mitos alteraccedilotildees neuroloacutegicas TRATO INTESTINAL mdash obs-

tipaccedilatildeo ou diarreia dor dis-tensatildeo abdominal dificuldade de eliminaccedilatildeo de flatos febre naacuteuseas ecircmese fecaloacuteide ha-litose VIAS BILIARES mdash ic-teriacutecia prurido coluacuteria fadi-

ga perda de peso inapetecircncia dor em hipococircndrio direito

fezes claras e gordurosas

V AEacuteREAS CA de pulmatildeo brocircn-quios traqueia laringe tireoide esocircfago timo-

mas linfomas T URINAacuteRIO CA de bexiga proacutes-tata rim uacutetero TINTESTINAL

CA de ovaacuterio co-loretal estocircmago V BILIARES CA hepaacutetico cabeccedila do pacircncreas co-langiocar-cino-

mas

Fontes Organizado inicialmente em CASTRO 2015 revisado e atualizado Dados de GATES FINK 2009 LOPES et al 2013 PAIVA et al 2008 VICTORINO 2014 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 CAMPOS 2014 CAMARGOS et al 2011 FORTES 2011

O conjunto de sinais e sintomas eacute vasto e por ve-zes se mistura ou repete Soacute faz sentido se houver conhecimento do histoacuterico do paciente e da fisio-patologia associada a cada uma das condiccedilotildees Is-to eacute importante para o enfermeiro emergencista eou da triagem poder levantar suspeitas diagnoacutesti-cas dirigir a sua avaliaccedilatildeo e verificar a necessida-de de intervenccedilatildeo prioritaacuteria passando informa-ccedilotildees concisas para o plantonista que iraacute atender o paciente Nas enfermarias oncoloacutegicas o conhe-cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos quadros emergenciais tem um interesse acrescido para aleacutem da passagem de informaccedilotildees ao meacutedico assistente ou ao plantonista Esse interesse eacute a ca-pacitaccedilatildeo para fornecer explicaccedilotildees seguras sobre o quadro ao paciente e agrave famiacutelia apoacutes diagnoacutestico estabelecido Muitas vezes o paciente ou familiar natildeo consegue obter do meacutedico que o assiste as in-formaccedilotildees pretendidas sobre o que estaacute acontecen-

do pela rapidez da visita ou outras dificuldades na comunicaccedilatildeo (a famiacutelia nem sempre estaacute pre-sente na visita) e procura o enfermeiro A habili-dade de fornecer informaccedilotildees eacute essencial no cui-dado pois daacute seguranccedila e tranquiliza o paciente minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-ccedilatildeo do tratamento

A literatura destaca universalmente a neutrope-nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos atendimentos emergenciais oncoloacutegicos pois eacute a principal causa das infecccedilotildees que por sua vez satildeo as maiores responsaacuteveis pela morbidade e morta-lidade em pacientes com cacircncer Diversos fatores relacionados agrave doenccedila-base ou ao tratamento pre-dispotildeem estes pacientes agraves infecccedilotildees diminuiccedilatildeo da imunidade esquemas quimioteraacutepicos intensi-vos uso de imunossupressores antibioticoterapia preacutevia exposiccedilatildeo ambiental a agentes patoacutegenos

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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lesotildees na pele e mucosas problemas anatocircmicos relacionados aos tumores e uso de dispositivos in-vasivos como sondas cateteres e acessos venosos (GATES FINK 2009) A neutropenia em si natildeo causa sintomas e soacute eacute descoberta atraveacutes do hemo-grama ou quando surge uma infecccedilatildeo A presen-ccedila de febre eacute o sinal de alarme indicativo de emer-gecircncia e a sua associaccedilatildeo agrave contagem baixa de neu-troacutefilos eacute o que define a neutropenia febril Cerca de 50 dos pacientes que fazem quimioterapia de-senvolvem este agravo uma vez que os quimiote-raacutepicos satildeo citotoacutexicos e causam mielossupressatildeo sendo mais branda nos tratamentos dos tumores soacutelidos do que nos hematoloacutegicos Apoacutes um ciclo de quimioterapia a contagem de neutroacutefilos come-ccedila a cair entre o 3ordm e o 7ordm dia (a depender da dose e tipo de medicaccedilatildeo utilizada) atingindo o valor mais baixo nomeado Nadir entre o 7ordm e o 14ordm dia momento em que o paciente fica mais susceptiacutevel agraves infecccedilotildees Depois disso a tendecircncia eacute a conta-gem de neutroacutefilos subir progressivamente Caso isso natildeo ocorra e se a neutropenia se prolongar o risco de infecccedilatildeo eleva-se A mielossupressatildeo tam-beacutem pode ocorrer por interferecircncia direta da neo-plasia como acontece com as leucemias ou com as siacutendromes mielodisplaacutesicas e com cacircnceres que fazem ocupaccedilatildeo medular (linfomas mielomas ou metaacutestases) ou induzida pela radioterapia quan-do o local irradiado eacute uma aacuterea que envolve produ-ccedilatildeo da medula oacutessea como o esterno cracircnio bacia peacutelvica e ossos dos membros inferiores Quase to-dos os pacientes que desenvolveram neutropenia apoacutes um ciclo de tratamento de quimioterapia ou radioterapia acabam desenvolvendo novamente nos tratamentos seguintes com risco aumentado a cada ciclo daiacute a grande importacircncia de se in-vestigar bem o histoacuterico na admissatildeo (CAMPOS 2014) Cerca de metade das infecccedilotildees em pacien-tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte-riana endoacutegena do proacuteprio paciente (Escherichia coli Enterobacter klebsiella etc) Com a admissatildeo do paciente no hospital esta flora pode transfor-mar-se rapidamente adquirindo em algumas ho-ras a aparecircncia das bacteacuterias multirresistentes en-

contradas no ambiente hospitalar (GATES FINK 2009) O quadro pode evoluir para sepse se natildeo for iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva Neste caso a infecccedilatildeo entra na corrente sanguiacutenea produzindo uma resposta inflamatoacuteria descontro-lada em todo o organismo ocasionando mudan-ccedilas na temperatura pressatildeo arterial frequecircncia cardiacuteaca e respiraccedilatildeo Se o quadro natildeo for rever-tido pode levar agrave lesatildeo dos oacutergatildeos gerando uma disfunccedilatildeo orgacircnica denominada choque seacuteptico em que ocorrem alteraccedilotildees na atividade mental eliminaccedilatildeo de urina niacuteveis de glicemia e conta-gem de plaquetas (SOUZA 2014) Eacute imprescindiacute-vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-cer e associar estes sinais comunicando de ime-diato ao plantonista pois o risco de oacutebito eacute extre-mamente elevado

A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-do lugar entre as emergecircncias oncoloacutegicas mais fre-quentes uma vez que as ceacutelulas malignas induzem a ativaccedilatildeo da cascata de coagulaccedilatildeo atraveacutes da se-creccedilatildeo de proteiacutenas proacute-coagulantes e da ocorrecircn-cia de eventos que inibem a fibrinoacutelise resultando na formaccedilatildeo de coaacutegulos que se depositam na vas-culatura obstruindo o fluxo sanguiacuteneo (sobretudo nos membros inferiores) O cacircncer eacute portanto um estado de hipercoagulabilidade permanente e com alguma frequecircncia eacute descoberto apoacutes a investiga-ccedilatildeo da causa de uma trombose sobretudo em jo-vens A estase venosa que ocorre pela compressatildeo da vasculatura secundaacuteria agrave expansatildeo tumoral ou a proacutepria imobilidade em pacientes acamados tam-beacutem contribui para a ocorrecircncia dos eventos trom-boacuteticos assim como alguns esquemas quimioteraacute-picos (sobretudo usados no cacircncer de mama e coacute-lon) Estudos apontados na literatura revelam que alteraccedilotildees hemostaacuteticas levando agrave hipercoagulabi-lidade ocorrem em 60 a 100 dos pacientes con-tudo nem sempre eacute constatada uma trombose e a sua frequumlecircncia nos diferentes tipos de tumores natildeo eacute a mesma Estima-se que haja uma associaccedilatildeo de neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos pacientes que apresentaram trombose se compa-rados aos pacientes com o mesmo tipo de cacircncer

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

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poreacutem sem um diagnoacutestico de evento tromboacutetico A frequecircncia do agravo tambeacutem estaacute diretamente relacionada com a evoluccedilatildeo da neoplasia ou se-ja quando mais avanccedilada mais frequente (MEIS LEVY 2006)

A trombose embora seja uma condiccedilatildeo dolorosa e capaz de interferir profundamente na qualidade de vida do paciente ao restringir a sua deambula-ccedilatildeo e consequentemente a sua autonomia natildeo se-ria considerada uma emergecircncia verdadeira se natildeo houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa-ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstruccedilatildeo nesse local cortando o suprimento sanguiacuteneo para partes do pulmatildeo e gerando um quadro de insu-ficiecircncia respiratoacuteria e cardiacuteaca (BRUNNER SU-DDARTH 2009) O enfermeiro deveraacute desconfiar de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando houver um agravamento suacutebito do estado do pa-ciente com diagnoacutestico ou sintomas de trombo-se para um quadro de dispneia dor toraacutecica he-moptise taquicardia hipotensatildeo e choque O meacute-dico deve ser acionado de imediato para iniciar a terapia tromboliacutetica pois a embolia constitui uma ameaccedila severa agrave vida Eacute considerada a segunda cau-sa mais frequumlente de oacutebito em pacientes com cacircncer (MEIS LEVY 2006)

Aleacutem da embolia pulmonar a trombose tambeacutem pode evoluir para um outro tipo de emergecircncia pela falecircncia da cascata de coagulaccedilatildeo trata-se da coa-gulaccedilatildeo intravascular disseminada (CIVD) tam-beacutem referida no Quadro 1 que apresenta sintomas tanto de eventos tromboacuteticos gerados pela deposi-ccedilatildeo intravascular generalizada de fibrina na micro-vasculatura quanto de eventos hemorraacutegicos cau-sados pelo consumo simultacircneo e depleccedilatildeo dos fa-tores de coagulaccedilatildeo e plaquetas Os sangramentos podem se tornar extensos e incontrolaacuteveis levan-do ao choque e agrave morte se natildeo houver intervenccedilatildeo raacutepida e eficiente O envolvimento da pleura ou do pericaacuterdio pode originar outros tipos de emergecircn-cias como o derrame pleural e o tamponamento cardiacuteaco (GATES FINK 2009)

Esta uacuteltima eacute uma condiccedilatildeo potencialmente fatal quando o acuacutemulo de sangue no espaccedilo pericaacuter-dico leva ao colapso circulatoacuterio Pode ser causado tambeacutem pela presenccedila de tumores toraacutecicos proacute-ximos ao coraccedilatildeo ou pelo tratamento radioteraacutepi-co na regiatildeo do mediastino Em casos raros a qui-mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-tar as fibras miocaacuterdicas provocando o derrame pericaacuterdico

As siacutendromes da compressatildeo medular (SCM) e da veia cava superior (SVCS) e a hipertensatildeo intra-craniana (HIC) satildeo as emergecircncias oncoloacutegicas mais exploradas na literatura por serem os agra-vos estruturais mais comuns A compressatildeo medu-lar eacute responsaacutevel por um nuacutemero elevado de pa-ralisias em pacientes com metaacutestase oacutessea Se natildeo for iniciado tratamento imediato a lesatildeo medular torna-se irreversiacutevel por isso eacute tatildeo importante o diagnoacutestico precoce com avaliaccedilatildeo raacutepida do on-cologista e encaminhamento emergencial para o tratamento radioteraacutepico Em alguns centros de referecircncia a irradiaccedilatildeo chega a ser proporcionada no meio da noite ou durante o final de semana a fim de se evitar sequelas neuroloacutegicas permanentes (GATES FINK 2009) A suspeita diagnoacutestica deve ser levantada sempre que houver sintomas de dor nova na coluna e o paciente ser portador de doen-ccedila metastaacutetica ou tumor primaacuterio com tropismo para os ossos (pulmatildeo proacutestata mama) Os sinais e sintomas ocorrem em sequecircncia agrave medida que aumenta a compressatildeo pela massa tumoral e pelo edema associado resultando em isquemia e dano neural Em primeiro lugar ocorrem dor e hiper-sensibilidade localizadas ao niacutevel da lesatildeo ou radi-cular Em 70 dos casos estes sintomas aparecem na coluna toraacutecica 20 na lombossacra e 10 na cervical Pioram na posiccedilatildeo supina e ao tossir es-pirrar carregar peso ou fazer esforccedilo evacuatoacuterio A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-roloacutegicos que inicialmente se manifestam atraveacutes de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-culdades motoras e posteriormente evoluem com acometimentos sensitivos como parestesia espas-mos e reflexos anormais Por uacuteltimo ocorre dis-

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

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PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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funccedilatildeo autonocircmica surgindo a impotecircncia reten-ccedilatildeo ou incontinecircncia urinaacuteria e intestinal Quan-to mais raacutepido se desenvolve o deacutefice neuroloacutegico pior o prognoacutestico Quando o tratamento eacute inicia-do antes da perda da deambulaccedilatildeo quase sempre se consegue evitar a paraplegia poreacutem apenas 10 dos pacientes que jaacute estatildeo parapleacutegicos antes do tratamento conseguem recuperar a deambulaccedilatildeo (PAIVA et al 2008) A participaccedilatildeo da enferma-gem eacute de extrema importacircncia na avaliaccedilatildeo contiacute-nua da dor e de alteraccedilotildees no funcionamento mo-tor sensorial e dos sistemas excretores A sua noti-ficaccedilatildeo pode facilitar o diagnoacutestico oportuno e evi-tar a irreversibilidade do quadro

A siacutendrome da veia cava superior embora seja con-siderada uma emergecircncia oncoloacutegica natildeo costu-ma oferecer risco de vida imediato pois a oclu-satildeo da veia cava geralmente ocorre de forma gra-dual dando tempo ao organismo de criar meca-nismos compensatoacuterios atraveacutes do desenvolvimen-to de vias circulatoacuterias colaterais Quando ocorre oclusatildeo suacutebita com sintomas neuroloacutegicos presen-tes o agravo torna-se uma verdadeira emergecircncia com ameaccedila iminente de morte (FORTES 2011) A obstruccedilatildeo eacute na maioria das vezes causada por compressatildeo extriacutenseca de massas tumorais locali-zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta-dos Em 75 dos casos estaacute associada ao cacircncer de pulmatildeo mas tambeacutem pode ocorrer com o lin-foma ou metaacutestases que resultam principalmente do cacircncer de mama (PAIVA et al 2008) A inva-satildeo por tumor no interior da veia eacute rara A oclusatildeo por trombose estaacute amplamente relacionada ao uso de dispositivos de acesso venoso central tipo por-thocath nestes pacientes O quadro cliacutenico da siacuten-drome eacute inconfundiacutevel com presenccedila de sintomas e achados fiacutesicos resultantes do deacutefice de drenagem venosa da porccedilatildeo superior do corpo como disp-neia tosse disfagia edema facial e de membros su-periores sufusatildeo conjuntival e ingurgitamento de veias colaterais do toacuterax cabeccedila e pescoccedilo A inten-sidade dos sintomas depende da velocidade grau e localizaccedilatildeo da obstruccedilatildeo da agressividade do tu-mor e da efetividade da circulaccedilatildeo colateral O des-

conforto respiratoacuterio agrava-se em posiccedilotildees que au-mentam a pressatildeo intratoraacutecica como quando o paciente se inclina curva ou deita (GATES FINK 2009) O tratamento visa ao aliacutevio da obstruccedilatildeo e dos sintomas Apoacutes as intervenccedilotildees iniciais com o uso de corticoides diureacuteticos e oxigenoterapia a radioterapia eacute o tratamento padratildeo para redu-ccedilatildeo tumoral nas obstruccedilotildees causadas pelo cacircncer de pulmatildeo e metaacutestases jaacute as causadas pelos lin-fomas satildeo tratadas com quimioterapia e na obs-truccedilatildeo por trombose eacute utilizada terapia tromboliacuteti-ca ou inserccedilatildeo de stents (quando as condiccedilotildees exi-gem o aliacutevio raacutepido) Quando a doenccedila natildeo eacute tra-tada evolui para quadros graves semelhantes aos da obstruccedilatildeo suacutebita com colapso cardiovascular e aumento da pressatildeo intracraniana levando ao ede-ma cerebral modificaccedilotildees do estado mental con-vulsotildees e morte (PAIVA et al 2008)

A hipertensatildeo intracraniana eacute a principal respon-saacutevel por alteraccedilotildees neuroloacutegicas nos portadores de neoplasias e estaacute diretamente relacionada com a metastizaccedilatildeo dos tumores para o ceacuterebro Quan-do um dos volumes intracranianos mdash sanguiacuteneo liquoacuterico ou parenquimatoso mdash aumenta progres-sivamente (devido ao efeito da massa da metaacutesta-se ao edema perilesional aos sangramentos ou ao bloqueio da circulaccedilatildeo liquoacuterica) ocorre uma des-compensaccedilatildeo que eleva a pressatildeo local tendo co-mo consequecircncia os quadros tiacutepicos de cefaleia naacuteuseas e vocircmitos crises convulsivas e sintomas neuroloacutegicos focais como a fraqueza muscular os distuacuterbios visuais de marcha e de fala A enferma-gem tem um papel importante na estabilizaccedilatildeo cliacute-nica do paciente pois existem alguns fatores que podem induzir o aumento da pressatildeo intracrania-na e precisam ser rigorosamente controlados co-mo a dor hipertermia hipotensatildeo hiperglicemia hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hiponatremia e convul-sotildees Eacute importante tambeacutem posicionar o pacien-te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-lume sanguiacuteneo cerebral O tratamento definitivo com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-res prognoacutesticos definidos pela idade do paciente estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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Status (KPS) nuacutemero de metaacutestases e doenccedila pri-maacuteria controlada ou natildeo (PAIVA et al 2008)

Entre as emergecircncias metaboacutelicas a mais comum eacute a hipercalcemia maligna (HCM) Esta emergecircncia estaacute associada a um mau prognoacutestico pois eacute mais frequente na fase terminal Ocorre em 20 a 30 dos pacientes com doenccedila avanccedilada quando o caacutel-cio liberado pelos ossos estaacute em quantidade maior que os rins podem excretar ou que os ossos podem reabsorver (SMELTZER BARE 2005 apud CA-MARGOS et al 2011) Os mecanismos envolvi-dos jaacute foram citados no Quadro 1 Sem tratamento existe um risco muito alto do paciente evoluir pa-ra insuficiecircncia renal desidrataccedilatildeo severa coma e oacutebito (GATES FINK 2009) Os sintomas satildeo muacutel-tiplos e inespeciacuteficos podendo atingir praticamen-te todos os sistemas Muitas vezes satildeo confundi-dos com outras comorbidades dos pacientes com neoplasia avanccedilada O diagnoacutestico efetivo soacute eacute ob-tido atraveacutes do doseamento dos niacuteveis seacutericos do caacutelcio e do controle da velocidade da sua elevaccedilatildeo Os bifosfonatos e a hidrataccedilatildeo rigorosa satildeo consi-derados os principais agentes terapecircuticos (FOR-TES 2011 SILVA 2012)

A siacutendrome da lise tumoral (SLT) tambeacutem faz par-te do grupo das emergecircncias metaboacutelicas apre-sentando-se como um distuacuterbio eletroliacutetico seve-ro Ocorre quando um grande nuacutemero de ceacutelulas tumorais eacute destruiacutedo liberando rapidamente uma quantidade elevada de substacircncias intracelulares na circulaccedilatildeo como o potaacutessio foacutesforo e o aacutecido uacuterico Os rins natildeo satildeo capazes de excretar o exces-so de metaboacutelitos provocando assim a hiperca-lemia hiperfosfatemia hipocalcemia e a hiperuri-cemia A destruiccedilatildeo celular maciccedila normalmen-te eacute induzida pela quimioterapia ou radioterapia aplicada a tumores de crescimento e divisatildeo raacutepi-dos mas tambeacutem pode ocorrer de forma espontacirc-nea em pacientes com cacircncer avanccedilado (MANZI et al 2010) Sem tratamento imediato leva agrave fa-lecircncia renal arritmias cardiacuteacas convulsotildees perda do controle muscular e oacutebito Em pacientes identi-ficados com alto risco deve-se prevenir a siacutendro-

me atraveacutes da hidrataccedilatildeo severa e do uso de me-dicamentos como o alopurinol ou rasburicase Se a prevenccedilatildeo falhar teraacute que ser instituiacuteda terapia especiacutefica para corrigir as anormalidades metaboacute-licas E se evoluir para falecircncia renal seraacute necessaacute-rio o encaminhamento para hemodiaacutelise (GATES FINK 2009) Mediante uma sintomatologia vasta a enfermagem deveraacute avaliar atentamente a funccedilatildeo renal e as alteraccedilotildees cardiacuteacas neuroloacutegicas e gas-trointestinais

A secreccedilatildeo inapropriada de hormocircnio antidiureacuteti-co (SSIHA) eacute tal como o nome indica uma siacutendro-me decorrente da produccedilatildeo anormal do hormocirc-nio ADH tambeacutem chamado de vasopressina Este hormocircnio secretado pela hipoacutefise tem a funccedilatildeo fi-sioloacutegica de reter a aacutegua no organismo e costuma ser liberado em resposta agrave hipotensatildeo ou hipovo-lemia mas alguns tumores e metaacutestases podem in-duzir a sua liberaccedilatildeo mesmo em condiccedilotildees normo-volecircmicas levando agrave reduccedilatildeo do soacutedio e agrave retenccedilatildeo excessiva de aacutegua pela incapacidade de excreccedilatildeo da urina diluiacuteda Daiacute a siacutendrome tambeacutem ser cha-mada de hiponatremia dilucional Alguns agentes citotoacutexicos e determinados medicamentos de que os pacientes oncoloacutegicos fazem uso (como a mor-fina e os antidepressivos triciacuteclicos) tambeacutem po-dem potencializar a liberaccedilatildeo de ADH A siacutendro-me eacute diagnosticada mediante anaacutelise laboratorial dos niacuteveis seacutericos do soacutedio e da osmolaridade da urina em conjunto com o exame fiacutesico para deter-minar o estado do volume intravascular A enfer-magem tem um papel fundamental na monitoriza-ccedilatildeo dos sinais de sobrecarga de liacutequidos fazendo a pesagem diaacuteria do paciente e controle da ingesta e eliminaccedilatildeo hiacutedrica

As outras emergecircncias apontadas no Quadro 1 fo-ram pouco citadas na literatura A hiperviscosida-de sanguiacutenea (HV) eacute mais rara e especiacutefica de algu-mas neoplasias hematoloacutegicas Leva agrave oclusatildeo dos vasos sanguiacuteneos e a problemas circulatoacuterios As obstruccedilotildees mecacircnicas embora frequentes nos cacircn-ceres avanccedilados podem ocorrer na luz de quase todos os oacutergatildeos e o tratamento quase sempre eacute ci-

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

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GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

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PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

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ruacutergico ou tem caraacuteter paliativo As mais impor-tantes foram referidas no Quadro 1 Por uacuteltimo a cistite e retite actiacutenica satildeo agravos inflamatoacuterios re-sultantes da lesatildeo agraves mucosas da bexiga e intestino secundaacuterias ao tratamento radioteraacutepico na regiatildeo peacutelvico-abdominal Embora tenham uma frequecircn-cia consideraacutevel poucos autores as incluem nos seus estudos sobre as emergecircncias em oncologia

32 Atendimento inicial diagnoacutestico e tratamento meacutedico

O atendimento inicial das condiccedilotildees agudas on-coloacutegicas tal como qualquer urgecircncia ou emer-gecircncia deve seguir as prioridades praacuteticas do AB-CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN HEART ASSOCIATION 2004 apud CAMARGOS et al 2011)

Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Airw

ay

1) Desobstru-ccedilatildeo das vias aeacutereas

e

2) Controle da coluna cervical

1) Obstruccedilotildees mecacircnicas das vias aeacutereas causadas por tumores localizados na re-giatildeo da cabeccedila pescoccedilo e toacuterax

11) Vocircmitos incoerciacuteveis podem obstruir as vias aeacutereas comuns nos casos de lise tumoral hipercalcemia secreccedilatildeo inapro-priada de ADH hipertensatildeo intracrania-na sepse obstruccedilotildees do T urinaacuterio e in-testinal

2) Siacutendrome da compressatildeo medular

1)

bull medir sinais vitais saturaccedilatildeo oxigecircnio iniciar oxigenoterapia administrar me-dicaccedilotildees relaxantes de vias aeacutereas

bull encaminhar para exames de imagembull casos severos encaminhar para cirurgia

de cricostomia ou traqueostomia11) aspirar orofaringe elevar e lateralizar cabeccedila passar sonda nasogaacutestrica aberta

2) imobilizar coluna administrar medi-caccedilatildeo para controle de dor e inflamaccedilatildeo

Brea

thin

g

Garantir a boa ventilaccedilatildeo

A dispneia surge nos casos de sepse lise tumoral tamponamento cardiacuteaco embo-lia pulmonar coagulaccedilatildeo intravascular disseminada compressatildeo da veia cava su-perior e obstruccedilatildeo de vias aeacutereas

bull ofertar oxigecircnio atraveacutes de cateter nasal ateacute 5L ou maacutescara de reservatoacuterio ateacute 15L consoante necessidade

bull monitorizar com oxiacutemetro de pulso ga-sometria monitor cardiacuteaco

bull encaminhar para exames de imagem e colher exames laboratoriais

Circ

ulat

ion Garantir a boa

circulaccedilatildeo sang e controle de hemorragia

A circulaccedilatildeo fica prejudicada ou ocor-rem hemorragias na cistite e retite actiacuteni-ca coagulaccedilatildeo intravascular disseminada trombose siacutendrome de hiperviscosidade sanguiacutenea e choque seacuteptico

bull conter hemorragia compressatildeo dire-ta tampotildees de adrenalina e administra-ccedilatildeo de medicaccedilotildees anti-hemorraacutegicas iniciar balanccedilo hiacutedrico colher tipagem sanguiacutenea

bull puncionar 2 acessos calibrosos e fazer reposiccedilatildeo volecircmica com soro ringer lac-tato soro fisioloacutegico 09 e hemocon-centrados (quando indicado)

Des

abili

tie Avaliar niacutevel de consciecircncia deacutefice neuro-loacutegico

Alteraccedilotildees neuroloacutegicas podem estar rela-cionadas agrave sepse hipercalcemia maligna hipertensatildeo intracraniana lise tumoral hi-perviscosidade sanguiacutenea compressatildeo da veia cava compressatildeo medular secreccedilatildeo inapropriada de ADH e obstruccedilotildees

bull aplicar escala de coma de Glasgow

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

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GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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Quadro 2 Adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades praacuteticas do ABCDE (conclusatildeo)

Prioridades Agravos Intervenccedilotildees iniciais

Expo

sitio

n

Exposiccedilatildeo

Despir o paciente permitiraacute investigar a presenccedila de feridas infectadas e peteacute-quias localizar tumores e edemas veri-ficar a coloraccedilatildeo e temperatura de mem-bros avaliar a simetria e expansibilidade toraacutecica dilataccedilatildeo de veias distensatildeo ab-dominal presenccedila de ascite etc

bull exame fiacutesico minucioso

Fontes CASTRO 2015 ATLS 2012 CAMARGOS et al 2011 BRUNNER SUDDARTH 2009

O Quadro 2 faz uma adaptaccedilatildeo das emergecircncias oncoloacutegicas agraves prioridades do ABCDE servindo para estabelecer diretrizes no atendimento e lem-brar o enfermeiro que independentemente da doenccedila-base a conduta inicial passaraacute sempre pela estabilizaccedilatildeo do paciente garantindo

a | a desobstruccedilatildeo das vias aeacutereas e o controle cer-vical

b | a boa ventilaccedilatildeo c | a boa circulaccedilatildeo e o controle de hemorragias d | a avaliaccedilatildeo do niacutevel de consciecircnciae | a exposiccedilatildeo para exame fiacutesico investigatoacuterio

O quadro destaca os agravos que poderatildeo interfe-rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-tervenccedilotildees iniciais para garantir a sobrevivecircncia do paciente e a sua estabilizaccedilatildeo ateacute ser possiacutevel o seu encaminhamento para exames e avaliaccedilatildeo com on-cologista O passo seguinte seraacute coletar o histoacuterico do paciente para direcionar as suspeitas diagnoacutes-ticas Eacute importante verificar se o paciente jaacute pos-sui diagnoacutestico confirmado de doenccedila oncoloacutegica se fez tratamento recente avaliar exames jaacute reali-zados internamentos anteriores alergias medica-ccedilotildees de uso domiciliar existecircncia de outras comor-bidades entre outros

A falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-to oportuno das emergecircncias oncoloacutegicas faz com que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se-jam confundidos com a fase terminal da vida prin-cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos Isso faz com que muitas destas condiccedilotildees natildeo te-

nham o investimento diagnoacutestico que deveriam e um problema que poderia ser tratado (mesmo sem haver a erradicaccedilatildeo da doenccedila-base) acaba levan-do o paciente a oacutebito ou a um quadro irreversiacutevel Por dificuldades de gestatildeo poliacutetico-financeira dos serviccedilos nem sempre eacute possiacutevel um encaminha-mento aacutegil para avaliaccedilatildeo com oncologista entatildeo eacute necessaacuterio que os profissionais responsaacuteveis pelo atendimento dos pacientes oncoloacutegicos conheccedilam os recursos diagnoacutesticos e as opccedilotildees terapecircuticas que satildeo utilizadas para investigar e tratar as condi-ccedilotildees emergenciais neoplaacutesicas

O Quadro 3 compila a relaccedilatildeo desses recursos tra-zendo as abordagens mais apontadas na literatura O seu interesse natildeo se destina apenas aos meacutedicos responsaacuteveis pela prescriccedilatildeo mas tambeacutem ao enfer-meiro que forma o elo entre o paciente e os demais serviccedilos eou profissionais da instituiccedilatildeo e tem co-mo funccedilotildees colaborativas ser o suporte para enca-minhamento e agilizaccedilatildeo dos exames prioritaacuterios o preparo fiacutesico-emocional do paciente a coleta de amostras laboratoriais o monitoramento dos resul-tados a avaliaccedilatildeo das alteraccedilotildees do quadro cliacutenico do paciente a administraccedilatildeo das medicaccedilotildees a ve-rificaccedilatildeo da efetividade e efeitos colaterais dos tra-tamentos os cuidados apoacutes terapecircuticas agressivas entre outros

Eacute importante salientar que as decisotildees sobre as abor-dagens diagnoacutesticas e terapecircuticas devem ser adap-tadas agrave individualidade de cada paciente com metas realistas bom senso e escolhidas com a participaccedilatildeo do paciente e familiares

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

NEU

TRO

PEN

IA F

EBRI

L bull Hemograma completo (leucoacuteci-tos lt2000 e neutroacutefilos lt1500)

bull Febre (T=378ordmC)bull Culturas de amostras de sangue

urina escarro fezes lesatildeo cutacircneabull Raio X de toacuteraxbull Outros funccedilatildeo renal hepaacutetica

coagulograma proteina C reativa

bull AntibioticoterapiaBaixo risco ciprofloxacino 500mg 1212h + amoxicilina-clavula-nato 15mgdia

Alto risco 1) monoterapia ndash cefepime ou ceftadizime ou carbape-necircmico 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-cosideo Com acreacutescimo de vancomicina quando indicado

bull Antifuacutengicos (cetoconazol)bull Antivirais (aciclovir)

CIS

TITE

AC

TIacuteN

ICA

OU

H

EMO

RRAacute

GIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Cistoscopiabull Tomografia computorizada de

pelvebull Outros urina I hemograma coa-

gulograma urocultura creatini-na citologia urinaacuteria

bull Anti-inflamatoacuterios (disuacuteria)bull Anticolineacutergicos Antimuscarinicos (urgecircncia urinaacuteria e noctuacuteria) bull Flavoxato (espasmos da bexiga)bull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Intravesical Irrigaccedilatildeo da bexiga com soro fisioloacutegico ou irriga-

ccedilatildeo com alumen de potaacutessio nitrato de prata formalina pentas-sulfonato de soacutedio

bull Coagulaccedilatildeo a laser endoscoacutepica bull Injeccedilatildeo intramural de orgotein toxina botuliacutenica A e imunomo-

duladoresbull Embolizaccedilatildeo das arteacuterias iliacuteacasbull Derivaccedilatildeo ciruacutergica bull Cistectomia

RETI

TE A

CTIacute

NIC

A

bull Quadro cliacutenico + Histoacutericobull Retosigmoidoscopiabull Colonoscopia

bull Sedativos e antiespasmoacutedicos (Buscopam)bull Formadores de massa fecal (Plantarem) bull Analgeacutesicos toacutepicos locais (Proctyl) bull Banhos de assento mornosbull Nutriccedilatildeo adequadabull Enemas de Sucralfatobull Instilaccedilatildeo de soluccedilatildeo de formalinabull Cauterizaccedilatildeo atraveacutes eletrocoagulaccedilatildeo com gaacutes de argocircnio ou

eletrocoagulaccedilatildeo endoscoacutepica bipolarbull Oxigenoterapia hiperbaacuterica bull Colostomia (casos mais resistentes)

LISE

TU

MO

RAL

bull Niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina

bull pH da urinabull Gasometria arterial

bull Hidrataccedilatildeo venosa vigorosabull Alopurinol (hiperuremia)bull Bicarbonato de soacutedio (acidose metaboacutelica)bull Diureacuteticos (sobrecarga hiacutedrica)bull Hidroacutexido de alumiacutenio (hiperfosfatemia)bull Glicose hipertocircnica e insulina regular (hipercalemia)bull Hemodiaacutelise (casos natildeo responsivos)

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 21

Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

HIP

ERC

ALC

EMIA

M

ALI

GN

A bull Doseamento do niacutevel seacuterico de caacutelcio ionizado e caacutelcio total (gt105 mgdL ou 262 molL)

bull Eletrocardiograma

bull Hidrataccedilatildeo IV com soluccedilatildeo salina 200 a 500 mlhbull Diureacutetico de alccedila (Furosemida)bull Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)bull Eliminaccedilatildeo de faacutermacos que pioram a hipercalcemia bull Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg 90min IV ou Zoledronato

4mg15min IV)bull Calcitonina (4-8 UIkg cada 6 a 12h)bull Outros nitrato de gaacutelio plicamicina

SEC

RECcedil

AtildeO

IN

APR

OPR

IAD

A D

E A

IH

bull Diminuiccedilatildeo do niacutevel seacuterico de soacute-dio (lt130 mEqL)

bull Diminuiccedilatildeo da osmolaridade seacute-rica (lt280 mOsmkg)

bull Elevaccedilatildeo de soacutedio na urina (gt20 mEq)

bull Elevaccedilatildeo da osmolaridade urinaacute-ria (gt1400 mOsmkg)

bull Diminuiccedilatildeo do nitrogecircnio da ureia sanguiacutenea da creatinina do aacutecido uacuterico e da albumina

bull Restriccedilatildeo de liacutequidos para 500 a 1000 mLdiabull Soluccedilatildeo salina hipertocircnica endovenosa com administraccedilatildeo con-

comitante de furosemidabull Interromper o uso de morfina diureacuteticos tiaziacutedicos antidepres-

sivos neuroleacutepticos e hipoglicemiantes oraisbull Quimioterapiabull Outros demeclociclina e liacutetio (inibem os efeitos renais do ADH)

HIP

ERV

ISC

OSI

DA

DE

SAN

GU

IacuteNEA bull Viscosidade seacuterica (gt5cP)

bull Doseamento de eletroacutelitos bull Niacuteveis de Igsbull Cultura de sangue perifeacuterico

bull Plasmaferesebull Hidrataccedilatildeo bull Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)bull Quimioterapia (alquilantes anaacutelogos dos nucleosiacutedeos)bull Evitar transfusatildeo de concentrados de hemaacutecias

CO

AG

ULA

CcedilAtildeO

INTR

A-VA

SCU

LAR

DIS

SEM

INA

DA

bull Diminuiccedilatildeo na contagem de pla-quetas e dos niacuteveis de fibrinogecirc-nio proteiacutena C e de antitrombina

bull Aumento dos produtos de degra-daccedilatildeo da fibrina

bull Prolongamento do tempo de pro-trombina trombina e do tempo parcial de tromboplastina ativada

bull Controle do sangramento transfusatildeo de concentrados de pla-quetas crioprecipitados e plasma fresco congelado

bull Controle de eventos tromboacuteticos heparina antitrombina III e inibidores fibrinoliacuteticos

CO

MPR

ESSAtilde

O

MED

ULA

R

bull Raio X de coluna (toraacutecica lom-bossacra cervical)

bull Ressonacircncia nuclear magneacuteticabull Tomografia computorizadabull Cintilografia

bull Repouso no leitobull Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de

4 a 8 mg 66h)bull Radioterapia (30 Gy em 10 aplicaccedilotildees)bull Descompressatildeo ciruacutergica laminectomia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 32

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CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

Diagnoacutestico Tratamento

TRO

MBO

SE

EM

BOLI

A

TVP ndash Exame fiacutesico

bull Ultrassonografia com doppler TEP ndash Angiotomografia computo-rizada

bull Cintilografia pulmonarbull Angiografia pulmonar bull Ecocardiograma

bull Anticoagulantes bull Tromboliacuteticos bull Analgeacutesicosbull Meias elaacutesticas compressivasbull Oxigenoterapia

CO

MPR

ESSAtilde

O D

A

VEI

A C

AVA

SU

PERI

OR

bull Raio X de toacuteraxbull Tomografia computorizada de

toacuteraxbull Broncoscopia

bull Repouso em decuacutebito elevadobull Oxigenoterapiabull Diureacuteticos de alccedila bull Corticosteroides (dexametasona)bull Anticoagulantes tromboacutelise bull Radioterapiabull Quimioterapiabull Angioplastia inserccedilatildeo de stentsbull Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

HIP

ERTE

NSAtilde

O

INTR

AC

RAN

IAN

A

bull Ressonacircncia nuclear magneacutetica de cracircnio

bull Tomografia computorizada bull Prognoacutestico de Karnofsky (KPS)

idade maior ou igual a 65 anos mais lesotildees metastaacuteticas e doen-ccedila natildeo controlaacutevel tecircm prognoacutes-tico ruim

bull Evitar dor hipoventilaccedilatildeo hipoacutexia hipotensatildeo hipertermia hi-perglicemia hiponatremia e convulsotildees

bull Cabeceira elevada entre 15 e 30ordmCbull Corticosteroides (dexametasona)bull Diureacutetico osmoacutetico (manitol)bull Derivaccedilatildeo liquoacuterica ventriculostomia se hidrocefalia obstrutivabull Ressecccedilatildeo ciruacutergica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesatildeo uacutenicabull CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3

metaacutestases cerebraisbull Apenas radioterapia se mais de 3 metaacutestases bull Quimioterapia se tumor quimiossensiacutevel

TAM

PON

AM

ENTO

C

ARD

IacuteAC

O bull Ecocardiogramabull Tomografia computorizadabull Ressonacircncia magneacuteticabull Eletrocardiograma (limitado)

bull Pericardiocentese percutacircnea bull Cirurgias colocaccedilatildeo de dreno pericaacuterdico janela pericaacuterdica pe-

ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balatildeo percutacircneobull Quimioterapia

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

1)Vias aeacutereas bull Raio X de toacuterax tomografia com-

putorizada broncoscopia

1) Vias aeacutereas bull traqueostomia (aliacutevio raacutepido) broncoscopia riacutegida (para desobs-

truccedilatildeo e colocaccedilatildeo de stents autoexpansivos) broncoplastia ou laser com CO2 (para dilataccedilatildeo provisoacuteria) radioterapia e qui-mioterapia

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Quadro 3 Recursos diagnoacutesticos e opccedilotildees terapecircuticas utilizadas atualmente para investigar e tratar cada uma das emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

Diagnoacutestico Tratamento

OBS

TRU

CcedilOtilde

ES

2) Trato urinaacuterio bull Ultrassom do aparelho urinaacuterio to-

mografia computorizada ressonacircn-cia nuclear magneacutetica funccedilatildeo renal (ureia creatinina)

3) Trato intestinalbull Raio X do abdocircmen tomografia

ressonacircncia nuclear magneacutetica he-mograma eletroacutelitos (diminuiccedilatildeo de soacutedio e potaacutessio)

4) Vias biliaresbull Tomografia computorizada do ab-

docircmen ressonacircncia magneacutetica co-langiorressonacircncia exames labora-toriais (aumento das enzimas hepaacute-ticas fosfatase alcalina bilirrubina)

2) Trato urinaacuterio bull cistostomia cateterizaccedilatildeo vesical do tipo ldquoduplo Jrsquorsquo e nefrosto-

mia percutacircnea3) Trato intestinalbull descompressatildeo por sonda nasogaacutestrica hidrataccedilatildeo intravenosa

com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos cirurgia (cecostomia colostomia ressecccedilatildeo anastomose)

4) Vias biliaresbull Ressecccedilatildeo ciruacutergica drenagem biliar percutacircnea quimioterapia

Fontes PAIVA et al 2008 BRUNNER SUDDARTH 2009 FORTES 2011 MEIS LEVY 2006 AFONSO 2012 BRASIL et al 2006 BRANDAtildeO 2015

33 Diagnoacutesticos e intervenccedilotildees de enfer-magem aplicando a SAE

A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem (SAE) eacute uma atividade privativa do enfermeiro regulamentada pelo conselho de classe que utili-za meacutetodo e estrateacutegia de trabalho cientiacutefico para a identificaccedilatildeo de situaccedilotildees de sauacutededoenccedila sub-sidiando as accedilotildees de assistecircncia de enfermagem (Re-soluccedilatildeo COFEN ndeg 2722002) que satildeo implementa-das por toda a equipe A SAE utiliza uma ferramen-ta metodoloacutegica denominada ldquoProcesso de Enfer-magemrdquo (PE) que eacute aplicada de forma sequencial e organizada agraves accedilotildees de enfermagem com o objetivo de nortear o raciociacutenio criacutetico ajudar o enfermei-ro a tomar decisotildees prever e avaliar consequecircncias oferecendo maior autonomia agrave profissatildeo (GAID-ZINSK et al 2008) O PE divide-se didaticamen-te em 5 fases ou etapas Histoacuterico de Enfermagem Diagnoacutestico de Enfermagem Planejamento de En-

fermagem Implementaccedilatildeo de Enfermagem e Ava-liaccedilatildeo ou Evoluccedilatildeo de Enfermagem Neste artigo foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do PE agraves emergecircncias oncoloacutegicas uma vez que satildeo as fases que abordam os pontos de interesse para este estudo

O diagnoacutestico de enfermagem eacute a fase do proces-so de enfermagem em que satildeo analisados os dados coletados e avaliados os problemas de sauacutede do pa-ciente servindo de base para se estabelecer o plano de accedilatildeo O Quadro 4 descreve os principais diag-noacutesticos de enfermagem passiacuteveis de serem encon-trados nas emergecircncias oncoloacutegicas e estabelece a sua relaccedilatildeo com os respetivos agravos (em siglas) apontados por X que por sua vez indica diagnoacutes-tico real ou potencial conforme eacute representado na forma escura ou clara Foi utilizado o sistema de classificaccedilatildeo da North American Nursing Diagno-sis Association (NANDA)

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 24

Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (continua)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X A Padratildeo respiratoacuterio ineficaz

X X X X X A Desobstruccedilatildeo ineficaz das vias aeacutereas

X X X X X X X X AI (Risco de) aspiraccedilatildeo

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusatildeo aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecccedilatildeo

X X X X X X I Desequiliacutebrio na temperatura corporal

X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda crocircnica

X X X X X X X X U Eliminaccedilatildeo urinaacuteria prejudicada

X X X X X X X X X X X X U (Risco de) desequilibrio do volume de liacutequidos

X X X X X X X X X X Desequilibrio eletroliacutetico

X X X X X X X X (Risco de) Integridade da pele prejudicada

X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Degluticcedilatildeo prejudicada

X X X X X X X X X X X Nutriccedilatildeo alterada menor que as necessidades corporais

X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instaacutevel

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade fiacutesica prejudicada

X X X X X X X X X X X X X X Intoleracircncia agrave atividade Fadiga

X X X X X X X X X X X X A Perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz

X X X X X X X X X X X Perfusatildeo tissular cardiacuteaca ineficaz

X X X X X X X X X X Perfusao trissular cerebral ineficaz

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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Quadro 4 Relaccedilatildeo dos principais diagnoacutesticos de enfermagem encontrados nas emergecircncias oncoloacutegicas (conclusatildeo)

NF

CA RA SLT

HCM

SSIH

A

HS

CIDV

TVP

E

SCM

SVCS

HIC TC O Diagnoacutesticos

de enfermagem

X X X X X X X U Perfusatildeo tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipaccedilatildeo

X X X X X IU Naacuteusea Vocircmitos

X X Incontinecircncia

X X X X X X X X X X Padratildeo de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Deacutefice no autocuidado

X X X X X X X Distuacuterbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo Ansiedade

X X X X X X X Depressatildeo Desesperanccedila

X X X X X X X X Sentimento de impotecircncia

X X X X X X Isolamento social

Legenda ldquoXrdquo indica diagnoacutestico real frequente ldquoXrdquo indica diagnoacutestico potencial de risco ou encontra-do quando o agravo evolui para as formas severas ldquoA I U ou Brdquo satildeo diagnoacutesticos especiacuteficos das obstru-ccedilotildees localizadas respectivamente nas vias aeacutereas intestinais urinaacuterias ou biliares

Fontes NANDA 2015 BRUNNER SUDDARTH 2009 JOMAR BISPO 2014

Os diagnoacutesticos mais apontados satildeo dor intole-racircncia agrave atividade mobilidade fiacutesica prejudicada desequiliacutebrio de volume de liacutequidos nutriccedilatildeo alte-rada perfusatildeo tissular perifeacuterica ineficaz deacuteficit no autocuidado padratildeo de sono prejudicado e risco de choque Os diagnoacutesticos de foro psicoemocio-nal satildeo mais difiacuteceis de se estabelecer pois variam muito consoante a capacidade de enfrentamento do paciente do apoio soacutecio-familiar e das crenccedilas pessoais

Estabelecidos os diagnoacutesticos inicia-se a fase do Planejamento em que o enfermeiro determina os resultados esperados e propotildee as intervenccedilotildees ne-cessaacuterias para alcanccedilar esses resultados As inter-venccedilotildees devem ajudar a prevenir melhorar ou con-trolar o quadro cliacutenico solucionando os problemas diagnoacutesticos A sua elaboraccedilatildeo exige a integraccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico sensibilidade e compro-misso Por natildeo ser objetivo deste artigo elaborar um plano de intervenccedilatildeo para cada um dos diagnoacutesticos aqui encontrados foi produzido antes um 5deg Qua-

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

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BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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dro com as principais intervenccedilotildees de cada uma das emergecircncias englobando muitos dos problemas diagnosticados Pretendeu-se com isto orientar a praacutetica assistencial do enfermeiro quanto agraves princi-

pais accedilotildees da sua competecircncia na resolutividade das condiccedilotildees emergenciais oncoloacutegicas sem excluir a individualidade de cada caso

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

NEUTROPENIA FEBRIL

bull Monitorar sinais vitais e glicemiabull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando possiacuteveis portas de entrada a patoacutegenos lesotildees de

pele sinais flogiacutesticos locais de punccedilatildeo mucosite edemas alteraccedilotildees cardiorespiratorias niacutevel de consciecircncia condiccedilotildees de higiene dejeccedilotildees aceitaccedilatildeo de dieta e queixas do paciente

bull Atentar para sinais de sepsebull Iniciar antibioticoterapia urgentebull Realizar balanccedilo hidroeletroliacuteticobull Monitorar hemograma bull Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos Evitar invasivosbull Isolar neutropecircnicos gravesbull Administrar analgeacutesicos antiemeacuteticos e outras medicaccedilotildees prescritas monitorando sua

efetividade e efeitos colaterais

CISTITE ACTIacuteNICA OU

HEMORRAacuteGICA

bull Administrar analgeacutesicos anti-inflamatoacuterios anti-hemorraacutegicos e anticolineacutergicos prescritosbull Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigaccedilatildeo vesicalbull Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no pacientebull Controlar o balanccedilo hiacutedrico bull Manter o paciente sempre bem higienizado e confortaacutevel bull Cuidar da pele Avaliar e tratar dermatites e radiodermitesbull Realizar transfusatildeo sanguiacutenea quando necessaacuterio monitorando possiacuteveis reaccedilotildees bull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedilabull Orientar acompanhamento com psicoacutelogo eou grupos de apoio

RETITE ACTINICA

bull Administrar analgeacutesicos antiespasmoacutedicos sedativos anti-hemorraacutegicos formadores de massa fecal instilaccedilotildees e enemas conforme prescrito monitorando a efetividade

bull Orientar banhos de assentobull Monitorar hemograma e eletroacutelitos bull Transfundir os casos de anemia severa conforme prescriccedilatildeo Monitorar possiacuteveis reaccedilotildeesbull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Avisar setor de nutriccedilatildeo para adequar dietabull Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites radiodermites e estomasbull Higienizar o paciente sempre que necessaacuteriobull Incentivar a verbalizaccedilatildeo de sentimentos a respeito da doenccedila e oferecer apoio emocional

LISE TUMORALbull Realizar hidrataccedilatildeo agressiva balanccedilo hiacutedrico e pesagem diaacuteria do pacientebull Observar sinais e sintomas de insuficiecircncia renal sobrecarga hiacutedrica distuacuterbios eletroliacuteti-

cos e alteraccedilotildees gastrointestinais

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

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BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 27

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

LISE TUMORAL

bull Monitorar niacuteveis seacutericos de fosfato potaacutessio aacutecido uacuterico caacutelcio creatinina pH da urina gasometria arterial

bull Monitorar funccedilotildees cardiacuteacas e neuroloacutegicas realizar ECG e aplicar escala de Glasgowbull Administrar medicaccedilotildees prescritas mdash alopurinol bicarbonato hidroacutexido de alumiacutenio

diureacuteticos antiemeacuteticos e analgeacutesicos mdash avaliando sua efetividade e efeitos secundaacuteriosbull Orientar os serviccedilos de nutriccedilatildeo para evitar alimentos ricos em potaacutessiobull Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsotildees ou parada cardiacuteacabull Fornecer oxigecircnio e aspirar vias aeacutereas se necessaacuterio evitando broncoaspiraccedilatildeobull Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

HIPERCALCE-MIA MALIGNA

bull Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhececirc-losbull Monitorar caacutelcio seacuterico Atentar gt11mgdLbull Monitorar ritmo e frequecircncia cardiacuteaca realizar ECG quando alteradosbull Realizar balanccedilo hiacutedrico e observar alteraccedilotildees renais gastrointestinais e de pensamentobull Administrar emolientes fecais e laxantes antiemeacuteticos analgeacutesicos corticosteroides diu-

reacuteticos bifosfonatos calcitoninina avaliando efetividade efeitos colaterais e toxicidadebull Incentivar a ingestatildeo de liacutequidos (2 a 3 L dia) ou fazer hidrataccedilatildeo endovenosa se natildeo

houver comprometimento cardiacuteaco ou renalbull Estimular a mobilidade fiacutesica para evitar a desmineralizaccedilatildeo e clivagem oacutesseabull Promover ambiente seguro e supervisatildeo durante deambulaccedilatildeo para evitar quedas

SECRECcedilAtildeO INAPROPRIADA

DE AIH

bull Realizar balanccedilo hiacutedricobull Orientar a restriccedilatildeo da ingesta hiacutedrica (lt1000 mL)bull Monitorar sinais vitais peso diaacuterio e densidade da urinabull Monitorar niacuteveis seacutericos de soacutedio (lt120 mmolL) e outros eletroacutelitos ureia creatinina e

albuminabull Observar alteraccedilotildees de personalidade niacutevel de consciecircncia presenccedila de edemas altera-

ccedilotildees gastrointestinais e convulsotildeesbull Se prescrito administrar soluccedilotildees salinas hipertocircnicas seguidas de furosemida avaliando

efetividade assim como antieacutemeticos e anticonvulsivosbull Discutir com o meacutedico a interrupccedilatildeo do uso de medicaccedilotildees que pioram o quadro como a

morfina diureacuteticos tiaziacutedicos e antidepressivosbull Promover a higiene oral frequente e estimular a salivaccedilatildeobull Promover medidas de seguranccedila ambiental

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Monitorar sinais vitais e hemogramabull Observar alteraccedilotildees do niacutevel de consciecircncia e queixas do paciente relativas a sangramen-

tos dor alteraccedilotildees visuais auditivas e neuromuscularesbull Supervisionar eliminaccedilotildeesbull Avaliar sinais de anemia choque hipovolecircmico insuficiecircncia renal ou cardiacuteaca presenccedila

de trombose ou priapismo

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

MEIS Ernesto de LEVY Roger Abramino Cacircncer e trombose uma revisatildeo da literatura Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 2 n 53 p183-193 2007 Disponiacutevel em ltwwwincagovbrrbcn_53v02pdfrevisao3pdfgt Acesso em 10 abr 2017

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSO-CIATION (Org) Diagnoacutesticos de enfermagem de NAN-DA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008

PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

HIPERVISCOSI-DADE

SANGUIacuteNEA

bull Orientar o paciente a fazer uma ingesta hiacutedrica adequada e a urinar regularmente pois a bexiga cheia pode precipitar o priapismo

bull Administrar analgeacutesicos e anticonvulsivantes prescritos se necessaacuteriobull Promover ambiente seguro e implementar precauccedilotildees em caso de convulsotildeesbull Oferecer assistecircncia e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

COAGULACcedilAtildeO INTRAVASCU-

LAR DISSEMINADA

bull Monitorar sinais vitaisbull Documentar balanccedilo hiacutedricobull Realizar exame fiacutesico rigoroso avaliando a cor e temperatura da pele presenccedila de ede-

mas inspecionando todos os orifiacutecios corporais locais de inserccedilatildeo de dispositivos e ex-creccedilotildees em busca de sangramentos e eventos tromboacuteticos

bull Monitorar exames laboratoriaisbull Avaliar niacutevel de consciecircncia sons cardiacuteacos pulmonares e gastrointestinais registrar

queixas de dor distuacuterbios visuais e reduccedilatildeo da diuresebull Evitar procedimentos invasivos manter compressatildeo apoacutes retirada de punccedilotildees venosas

aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lacircminas de barbearbull Assistir o paciente para minimizar a atividade fiacutesica e manter um ambiente seguro

TROMBOSE EMBOLIA

bull Realizar avaliaccedilatildeo dos membros buscando alteraccedilotildees na cor e temperatura da pele pre-senccedila de dor edema noacutedulos varicosos e rigidez muscular

bull Administrar analgeacutesicos anticoagulantes e tromboliacuteticos prescritos observando possiacute-veis sangramentos aquecer membro afetado ou colocar meia elaacutestica compressiva

bull Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombobull Atentar para sinais de evoluccedilatildeo para tromboembolismo pulmonar mdash dispneia suacutebita ta-

quipneia taquicardia dor toraacutecica tosse hemoptise estase jugular siacutencope mdash oferecer suporte imediato

COMPRESSAtildeO MEDULAR

bull Realizar exame fiacutesico diaacuterio avaliando queixas de dor na coluna perda de sensibilidade disfunccedilatildeo motora espasmos fraqueza incontinecircncia paralesia

bull Monitorar a progressatildeo do deacutefice motor ou sensoacuterio a cada 8hbull Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgeacutesicos e anti-inflama-

toacuteriosbull Monitorar os efeitos colaterais das medicaccedilotildees prescritas (Ex opioides constipaccedilatildeo de-

xametasona hiperglicemia)bull Instituir programas de reeducaccedilatildeo intestinal e de bexigabull Detetar sinais de infecccedilatildeo urinaacuteria e necessidade de aumentar hidrataccedilatildeobull Avaliar diariamente a integridade da pele orientando medidas para prevenccedilatildeo de uacutelceras

de pressatildeo decorrentes da imobilidadebull Instituir cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Mobilizar o paciente de forma segurabull Oferecer orientaccedilatildeo e apoio emocional ao paciente e familiares

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

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Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 30

Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

MEIS Ernesto de LEVY Roger Abramino Cacircncer e trombose uma revisatildeo da literatura Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 2 n 53 p183-193 2007 Disponiacutevel em ltwwwincagovbrrbcn_53v02pdfrevisao3pdfgt Acesso em 10 abr 2017

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSO-CIATION (Org) Diagnoacutesticos de enfermagem de NAN-DA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008

PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (continua)

Intervenccedilotildees de enfermagem

TAMPONAMEN-TO CARDIacuteACO

bull Elevar a cabeceira do leito facilitando a respiraccedilatildeobull Monitorar sinais vitais saturaccedilatildeo do oxigecircnio gasometria arterial niacuteveis de eletroacutelitos e

traccedilado do eletrocardiogramabull Avaliar pulso paradoxal abafamento de sons cardiacuteacos e pulmonares ingurgitamento

das veias cervicais coloraccedilatildeo e temperatura da pele niacutevel de consciecircnciabull Medir balanccedilo hiacutedricobull Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforccedilo fiacutesico do pacientebull Orientar o paciente a tossir e realizar inspiraccedilotildees profundas a cada 2h

COMPRESSAtildeO DA VEIA CAVA

SUPERIOR

bull Identificar pacientes em risco de SVCSbull Monitorar a progressatildeo das sequelas da siacutendrome avaliando esforccedilo respiratoacuterio aumen-

to do edema alteraccedilotildees cardiopulmonares e neuroloacutegicasbull Posicionar o paciente com cabeceira elevada remover joacuteias e roupas apertadasbull Evitar puncionar ou aferir pressatildeo em membros superioresbull Medir balanccedilo hiacutedrico Administrar liacutequidos com cautela para minimizar o edemabull Manter oxigenoterapia suplementarbull Promover repouso conservando energiabull Administrar corticoides diureacuteticos e anticoagulantes prescritos avaliando eficaacutecia e mo-

nitorando efeitos colateraisbull Assegurar que as alteraccedilotildees de autoimagem satildeo passageirasbull Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de degluticcedilatildeo poacutes-radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

HIPERTENSAtildeO INTRACRA-

NIANA

bull Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15deg e 30degbull Controlar sinais vitais glicemia dor saturaccedilatildeo de oxigecircnio e niacuteveis seacutericos de eletroacutelitos

(soacutedio) prevenindo alteraccedilotildees que causem agravamento do quadrobull Monitorar episoacutedios de vocircmitos convulsotildees alteraccedilotildees visuais neuroloacutegicas e muscularesbull Administrar corticoides diureacuteticos osmoacuteticos analgeacutesicos anticonvulsivos antiemeacuteti-

cos anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia conforme prescriccedilatildeo e de acordo com a ne-cessidade monitorando efeitos colaterais das medicaccedilotildees e efetividade

bull Manter ambiente seguro prevenindo quedasbull Promover cuidados com a pele apoacutes cirurgia ou radioterapiabull Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias aeacutereasbull Monitorar sinais vitais gasometria arterial coloraccedilatildeo e temperatura da pelebull Administrar corticoides nebulizaccedilatildeo e oxigenoterapia conforme prescritobull Aspirar vias aeacutereas sempre que necessaacuteriobull Manter traqueostomia limpa e peacutervea bull Realizar cuidados com a pele apoacutes radioterapiabull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstruccedilatildeo por tu-

mores quimiossensiveis)

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 32

revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

MEIS Ernesto de LEVY Roger Abramino Cacircncer e trombose uma revisatildeo da literatura Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 2 n 53 p183-193 2007 Disponiacutevel em ltwwwincagovbrrbcn_53v02pdfrevisao3pdfgt Acesso em 10 abr 2017

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSO-CIATION (Org) Diagnoacutesticos de enfermagem de NAN-DA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008

PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

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Quadro 5 Resumo das intervenccedilotildees de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergecircncias onco-loacutegicas (conclusatildeo)

Intervenccedilotildees de enfermagem

OBSTRUCcedilOtildeES

Vias urinaacuterias bull Medir balanccedilo hiacutedrico avaliar dor e alteraccedilotildees no niacutevel de consciecircnciabull Monitorar exames de funccedilatildeo renal alteraccedilotildees na coloraccedilatildeo da urinabull Orientar cuidados de manutenccedilatildeo dos cateteresbull Promover a limpeza e integridade da pele perioacutesteo

Via intestinalbull Avaliar distensatildeo abdominal vocircmitos incoerciacuteveis ausecircncia de eliminaccedilatildeo de flatos ou

fezesbull Realizar passagem de sonda nasogaacutestrica aberta e controlar aspecto frequecircncia e quanti-

dade de eliminaccedilotildeesbull Monitorar hemograma glicemia capilar e niacuteveis de eletroacutelitos (soacutedio potaacutessio)bull Administrar hidrataccedilatildeo venosa com reposiccedilatildeo de eletroacutelitos se necessaacuteriobull Administrar analgeacutesicos para controle da dorbull Manter o paciente limpo e confortaacutevel Orientar higiene oral frequentebull Promover cuidados poacutes-ciruacutergicos e com estomas

Vias biliaresbull Avaliar presenccedila de icteriacutecia prurido coloraccedilatildeo das dejeccedilotildees dor abdominal e alteraccedilotildees

do niacutevel de consciecircnciabull Monitorar niacuteveis de enzimas hepaacuteticas fosfatase alcalina e bilirrubinabull Promover controle da dor cuidados com drenos lesotildees ciruacutergicas e pele ao redorbull Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia se for o tratamento escolhido

Fontes BRUNNER SUDDARTH 2009 MANZI et al 2010 PAIVA et al 2008 BRANDAtildeO 2015

Muitas satildeo as dificuldades encontradas pelo enfer-meiro na aplicaccedilatildeo da SAE como falta de tempo falta de conhecimento falta de praacutetica falta de re-cursos falta de impresso adequado falta de in-centivo institucional entre outras Natildeo eacute por acaso que a falta de tempo lidera a lista cada vez mais as instituiccedilotildees reduzem o nuacutemero de enfermeiros ao miacutenimo e com um dimensionamento inadequa-do a seguranccedila do paciente fica seriamente com-prometida Profissionais esgotados e sobrecarrega-dos ao inveacutes de cuidarem do paciente na sua indi-vidualidade fazendo um bom levantamento diag-noacutestico dos problemas e planejando intervenccedilotildees resolutivas tornam-se ldquobombeirosrdquo de enfermaria tentando ldquoapagar o fogordquo quando a situaccedilatildeo atin-ge um niacutevel de gravidade severa muitas vezes irre-versiacutevel O conhecimento superficial do quadro do

paciente inviabiliza o raciociacutenio criacutetico e reduz as accedilotildees assistenciais agrave execuccedilatildeo das prescriccedilotildees meacute-dicas roubando a autonomia da enfermagem Eacute ur-gente que nas instituiccedilotildees haja supervisatildeo regular e efetiva do dimensionamento dos profissionais por parte dos conselhos de classe com atribuiccedilatildeo de penalidades mediante os desvios dos nuacutemeros con-siderados seguros de forma que a essecircncia do cui-dado natildeo seja perdida e que a SAE acabe se tornan-do uma utopia

4 ConclusatildeoO enfermeiro eacute o profissional de sauacutede que passa mais tempo com o paciente e aquele que estabelece o elo entre os demais elementos da equipe de sauacutede por isso eacute fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

MEIS Ernesto de LEVY Roger Abramino Cacircncer e trombose uma revisatildeo da literatura Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 2 n 53 p183-193 2007 Disponiacutevel em ltwwwincagovbrrbcn_53v02pdfrevisao3pdfgt Acesso em 10 abr 2017

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSO-CIATION (Org) Diagnoacutesticos de enfermagem de NAN-DA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008

PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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xidade dos processos patoloacutegicos do paciente e fa-ccedila uma boa leitura dos sinais por ele apresentados Sendo o cacircncer um conjunto de doenccedilas responsaacute-vel por um elevado nuacutemero de condiccedilotildees emergen-ciais milhares de internamentos e a segunda causa de morte no Brasil excluir a oncologia da formaccedilatildeo do enfermeiro eacute criar uma lacuna relevante na sua capacidade de atuar frente a estas condiccedilotildees po-dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que resultem em oacutebito ou danos permanentes Eacute inviaacute-vel exercer o ldquocuidadordquo sem compreender o que se estaacute passando de fato com aquele do qual se cuida

Deste modo torna-se urgente corrigir as deficiecircn-cias do ensino da enfermagem incluindo a oncolo-gia nas suas grades curriculares Mas enquanto as propostas acadecircmicas natildeo satildeo reformuladas natildeo se exime a responsabilidade do profissional pela per-manente ldquoautordquo busca do conhecimento atualizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dentro da aacuterea em que atua Este ar-tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-cilita esta busca ao dissecar resumir e direcionar o conteuacutedo relevante da literatura sobre o tema des-mistificando assim as emergecircncias oncoloacutegicas pa-ra o enfermeiro

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract

Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level being res-ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions Inexplicably still little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies arising numerous cli-nical alterations resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-ments Consequently there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care which can result in irreversible damages or even lead the patient to death In an attempt to minimize the re-ferred curricular gap this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-cialty wards The main aspects of oncological emergencies were selected within the scope of their classification symptomatology pathophysiology and cancer related causes followed by a crite-ria review for the initial care diagnostic methods and treatment finally systematization of the nursing care was applied to the emergency conditions in focus highlighting the relevant points of the nursesrsquo performance The methodology used was literature review in speciality book and scientifically recognized online sources elaboration of summary-tables for the presentation of re-sults and descriptive analysis of nursing subjects of interest The conclusion is that nurses have imperatively to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients but while the nursing courses have not oncology included in its curriculum nurses are responsible for seeking their own qualification being important the development of instruments that help to facilitate the aggregation of updated knowledge promoting a safe and resolute practice

Keywords Oncological emergencies Cancer pathophysiology Diagnostic methods and oncolo-gical treatment Nursing care systematization

ReferecircnciasAFONSO Derival Retite actinicaradiaccedilatildeo 2012 Dis-poniacutevel em ltderivalcombrgt Acesso em 26 abr 2017

BOWER Mark WAXMAN Jonathan Compecircndio de On-cologia Lisboa Instituto Piaget 2006

BRANDAtildeO Marlize Emergecircncias Oncoloacutegicas Salvador Atualiza Cursos 2016 61 slides color Aula do Curso de Especializaccedilatildeo em Enfermagem Oncoloacutegica

BRASIL Seacutergio A B et al Sistematizaccedilatildeo do atendi-mento primaacuterio de pacientes com neutropenia febril

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revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

MANZI Nataacutelia de Melo et al Nursing interventions rela-ted to the treatment of syndromic oncologic emergencies Journal of Nursing UFPE on line Universidade Federal de Pernambuco v 6 n 9 p2307-2311 set 2012 Disponiacutevel em lthttpswwwresearchgatenet267639117_NUR-SING_INTERVENTIONS_RELATEDgt Acesso em 20 mar 2017

MEIS Ernesto de LEVY Roger Abramino Cacircncer e trombose uma revisatildeo da literatura Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 2 n 53 p183-193 2007 Disponiacutevel em ltwwwincagovbrrbcn_53v02pdfrevisao3pdfgt Acesso em 10 abr 2017

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSO-CIATION (Org) Diagnoacutesticos de enfermagem de NAN-DA definiccedilotildees e classificaccedilatildeo 2007-2008 Porto Alegre Artmed 2008

PAIVA Carlos Eduardo et al O que o emergencista pre-cisa saber sobre as siacutendromes da veia cava superior Com-pressatildeo medular e Hipertensatildeo intracraniana Revista Brasileira de Cancerologia Satildeo Paulo v 3 n 54 p 289-296 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrb-cn_54v03pdf revisao_3_pag_289a296pdfgt Acesso em 10 fev 2017

PIGNATARI Suelem Cristina SILVEIRA Renata Cris-tina Campos Pereira CARVALHO Emiacutelia Campos de Oncologic emergencies nursing care proposed in lite-rature Online Brazilian Journal of Nursing Satildeo Paulo v 7 n 3 nov 2008 Disponiacutevel em ltwwwobjnursinguffbrgt Acesso em 24 fev 2017

SILVA Michelle Urgecircncias Oncoloacutegicas Metaboacutelicas e In-fecciosas Hospital Fernando Fonseca 2012 Disponiacutevel em ltrepositoriohffmin-saudepthandle10400101263-mode=fullgt Acesso em 15 abr 2017

VICTORINO Ana Paula Ornellas de S Urgecircncias On-coloacutegicas INCA Grupo Coi ndash Cli nicas Oncoloacutegicas In-tegradas 2014 60 slides color 4deg curso de Oncologia Disponiacutevel em ltdocplayercombr16624264-Urgen-cias-oncologicas-ana-paula-ornellas-de-s-victoringt Acesso em 2 fev 2017

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CASTRO ATACT | Desmistificando as emergecircncias oncoloacutegicas na assistecircncia de enfermagem

Rev Eletrocircn Atualiza Sauacutede | Salvador v 7 n 7 p 07-32 janjun 2018 | 32

revisatildeo de literatura Arquivos Meacutedicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas da Santa Casa de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 2 n 51 p 57-62 2006 Disponiacutevel em ltdocplayercombr35565419-Sistematizacao-do-a-tendimento-primario-de-pacientes-cgt Acesso em 15 fev 2017

BRUNNER SUDDARTH Tratado de enfermagem Meacute-dico-ciruacutergica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koo-gan 2009 4 v

CAMARGOS Mayara Goulart de et al Atuaccedilatildeo do En-fermeiro Frente agraves Principais Emergecircncias Oncoloacutegicas In XV Encontro Latino Americano de Iniciaccedilatildeo Cientiacute-fica e XI Encontro Latino Americano de Poacutes-Graduaccedilatildeo Universidade do Vale da Paraiacuteba Satildeo Paulo 2011 Dis-poniacutevel em ltwwwinicepgunivapbrcdINIC_2011anaisarquivosRE_0622_0710_01pdfgt Acesso em 16 fev 2017

CAMPOS Mireille Guimaratildees Vaz de Neutropenia o que ocorre quando faltam ceacutelulas da sua primeira linha de defesa Instituto Goiano de Oncologia e Hematolo-gia 2017 Disponiacutevel em lthttpsingohcombrneu-tropenia-o-que-ocorre-quando-faltam-celulas-da-sua--primgt Acesso em 20 fev 2017

CASTRO Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Emer-gecircncias Oncoloacutegicas uma abordagem para o enfermeiro com destaque para a neutropenia febril 2015 19 f TCC (Poacutes-Graduaccedilatildeo) ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Enfer-magem em Emergecircncia e Atendimento Preacute-hospitalar Faculdade Madre Taiacutes Ilheacuteus 2015

FORTES Odiacutelia da Cruz Emergecircncias Oncoloacutegicas 2011 39 f (Dissertaccedilatildeo) ndash Curso de Mestrado Integrado em Medicina Instituto de Ciecircncias Biomeacutedicas de Abel Sa-lazar Universidade do Porto Porto 2011 Disponiacutevel em lthttps sigarrauppt reitoriaptpub_geralshow_filepi_gdoc_id=598333gt Acesso em 10 fev 2017

GAIDZINSKI Raquel Rapone et al Diagnoacutestico de en-fermagem na praacutetica cliacutenica Porto Alegre Artmed 2008

GATES Rose A FINK Regina M Segredos em enfer-magem oncoloacutegica respostas necessaacuterias ao dia-a-dia 3 ed Porto Alegre Artmed 2009

JOMAR Rafael Tavares BISPO Vitoacuteria Reacutegia de Souza The most common nursing diagnosis among adultsse-niors hospitalised with cancer integrative review Ecan-cermedicalscience v 3 n 8 p 462 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwncbinlmnihgovpubmed25228918gt Acesso em 24 abr 2017

LEMME Roberto Calmon LEISTER Muacutecio Alcacircntara Emergecircncias Oncoloacutegicas 2010 Disponiacutevel em ltwwwmedicinabiomolecularcombrbibliotecapdfsCancerca-0662htmgt Acesso em 14 mar 2017

LOPES Ademar CHAMMAS Roger IYEYASU Hiro-fumi Oncologia para a Graduaccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Le-mar 2013

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