DESPORTO ENTREVISTA “O voleibol em Viseu tem futuro” No voleibol do Inatel há três equipas...

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DESPORTO | ENTREVISTA Esta novidade do volei feminino sénior, pretende ser o quê? “Uma lança em África?” Liliana Soares – Quere- mos implementar o volei- bol em Viseu. Acreditamos que é um projecto que veio para ficar. É isso que o clu- be (Lusitano de Vildemoi- nhos) quer, e é isso que nós pretendemos. Queremos também dar seguimento ao que o CARDES faz na formação e depois não tem aproveitamento. Em mas- culinos, em Viseu, só há a PT e também vamos tentar alterar essa situação. É então um projecto que não se esgota com esta equipa feminina? LS – De todo. Além de uma equipa masculina, para competir no Inatel, no futuro vamos também procurar apostar na for- mação. A nossa ambição passa pelo máximo de es- calões e em masculinos e femininos. Como surgiu este projec- to? Em que momento e de que forma é que decidiram avançar para a criação desta equipa? Teresa Lima – Algumas de nós já nos conhecíamos, outras foram aparecendo e o grupo foi crescendo. Co- meçámos também a trei- nar com a equipa mascu- lina da PT e depois deci- dimos que tínhamos que formar uma equipa, por- que a nossa vontade e o nosso objectivo era jogar, era competir. E no Inatel porquê? TL - Além de algumas de nós já ter uma certa ida- de (risos)… no Inatel por- que uma equipa federada é muito dispendioso. Op- támos por entrar na com- petição do Inatel e tivemos a colaboração do Lusitano que nos integrou na es- trutura do clube de forma efectiva e com total apoio, e depois o Inatel conseguiu integrar-nos na competi- ção da zona Norte. Ainda há não muito tempo o presidente do Lusitano nos afirmava que modalidades extra-futebol só as “auto- suficientes”. Como é que conseguem? Carmo Batista – Em primeiro lugar através de um pequena mensalidade que todas nós pagamos. Ti- vemos também patrocina- dores, que deram um apoio importante, mas precisa- mos de mais, até porque as nossas idas ao Norte vão ser muito dispendiosas e não temos qualquer tipo de apoio institucional. Temos ainda o clube que nos ajuda naquilo que pode. TL – Temos também realizado alguns eventos, como foi o caso da I Mara- tona de Voleibol Indoor, e que são uma forma de an- gariar algum dinheiro para nos ajudar, principalmente, nas deslocações que vai ser o mais caro. Quanto vai custar esta épo- ca? LS – Fizemos essa esti- mativa, mas depois alterá- mos porque o que seria o custo principal, com o pa- vilhão, devido ao protocolo que o Lusitano tem com o Inatel, acabámos por não o ter. Assim, temos uma esti- mativa que aponta para os 3 mil euros. São custos com deslocações, portagens, equipamentos, bolas, e as próprias inscrições que fo- ram dispendiosas e total- mente a cargo das atletas. CB – Os próprios equi- pamentos foram pagos por nós. Cada uma pagou o seu próprio equipamento. Quanto atletas tem a equi- pa? TL – São 16… Suficientes? LS – Penso que sim, mas todas serão bem-vindas. Se houver quem queira prati- car a modalidade as por- tas estão abertas. Mas que tenham a noção que isto é um compromisso sério a que queremos dar conti- nuidade, e que não somos apenas um grupo de ami- gas que se junta e vez em quando para jogar volei. Há uns anos, quando se fala- va das competições do Inatel, havia um pouco a noção de que eram competições para amadores, para a diversão… LS – Ainda no verão pas- sado ouvi isso mesmo, mas posso dizer-lhe que exis- tem atletas a deixar o des- porto federado e a optarem pelo Inatel. No caso con- creto do voleibol há atle- tas que jogavam na A1, a divisão de topo da moda- lidade em Portugal, e que optaram pelo Inatel. Isto porquê? Porque fica mais barato. Mas isto para de- mostrar que o Inatel é hoje em dia uma competição com nível e qualidade. No voleibol do Inatel há três equipas masculinas do distrito, mas feminina são a única. TL – Exactamente. Fi- cámos integradas na zona Norte que é onde há com- petição, onde há mais equi- pas. Falaram no projecto que têm para a formação. No caso concreto das raparigas, como é que vão conseguiu captá- las para a prática desportiva sabendo-se do estigma que há ainda da “maria-rapaz”? LS – Eu penso que no caso do voleibol não há esse problema porque con- sidero que é uma modali- dade extremamente ele- gante e feminina. Quem são a mais velha e a mais nova da equipa? CB – A mais velha é a Né (risos…) e a mais nova a Rita, com 17 anos. TL – Temos atletas ainda juniores porque, lá está, não há equipas em Viseu para esse escalão etário. O Cardes vai ape- nas até aos juvenis. Apesar de este ser uma es- pécie de ano zero, vocês já vão competir a sério. Quais as expectativas? CB – Temos nossa equi- pa atletas que nunca jo- garam volei. Para elas vai ser especial, uma adrena- lina diferente das outras mais habituadas a prati- car a modaldiade. TL – Queremos ga- nhar que conseguirmos ganhar, Queremos tam- bém aprender, porque temos muito ainda que aprender. E o futuro? LS – Nós este ano va- mos ser um bocadinho a cara da modalidade. Mostrar que ela existe, está em Viseu e é para ser praticada também por mulheres. TL – Penso que o volei- bol em Viseu tem futuro. Cada vez mais temos con- tactos de pessoas mais no- vas que querem aderir, e até por parte de crianças. É aí que entra o vosso pro- jecto para a formação. Em concreto, o que pretendem alcançar no curto e médio prazo? TL – Temos andado a fazer, diria, uma “prospec- ção de mercado”. Ver da adesão que podermos ter e do interesse que exista para que no próximo ano possamos então avançar com as escolinhas de for- mação. O número de es- calões que possamos vir a ter depende então da ade- são que venha a haver, seja em masculinos seja em fe- mininos. LS – Penso que os mas- culinos também seriam uma boa aposta já que não existe nenhum clube em Viseu a fazer essa forma- ção. A PT só tem seniores, não faz formação. Gil Peres “O voleibol em Viseu tem futuro” Começaram por ser três, são já 16, mas esperam no futuro ser muitas mais. São a equipa de voleibol do Lu- sitano de Vilde- moinhos, a única que no distrito faz competição. No ano da es- treia vão jogar no Inatel, mas além desta com- petição o objec- tivo é apostar na formação e em desenvolver a modalidade. A Carmos Batista, Liliana Soares e Teresa Lima, as promotoras do projecto de voleibol no Lusitano Nuno André Ferreira Jornal do Centro 06 | Janeiro | 2012 20

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DESPORTO | ENTREVISTA

Esta novidade do volei feminino sénior, pretende ser o quê? “Uma lança em África?”Liliana Soares – Quere-

mos implementar o volei-bol em Viseu. Acreditamos que é um projecto que veio para ficar. É isso que o clu-be (Lusitano de Vildemoi-nhos) quer, e é isso que nós pretendemos. Queremos também dar seguimento ao que o CARDES faz na formação e depois não tem aproveitamento. Em mas-culinos, em Viseu, só há a PT e também vamos tentar alterar essa situação.

É então um projecto que não se esgota com esta equipa feminina?LS – De todo. Além de

uma equipa masculina, para competir no Inatel, no futuro vamos também procurar apostar na for-mação. A nossa ambição passa pelo máximo de es-calões e em masculinos e femininos.

Como surgiu este projec-to? Em que momento e de que forma é que decidiram avançar para a criação desta equipa?Teresa Lima – Algumas

de nós já nos conhecíamos, outras foram aparecendo e o grupo foi crescendo. Co-

meçámos também a trei-nar com a equipa mascu-lina da PT e depois deci-dimos que tínhamos que formar uma equipa, por-que a nossa vontade e o nosso objectivo era jogar, era competir.

E no Inatel porquê?TL - Além de algumas

de nós já ter uma certa ida-de (risos)… no Inatel por-que uma equipa federada é muito dispendioso. Op-támos por entrar na com-petição do Inatel e tivemos a colaboração do Lusitano que nos integrou na es-trutura do clube de forma efectiva e com total apoio, e depois o Inatel conseguiu integrar-nos na competi-ção da zona Norte.

Ainda há não muito tempo o presidente do Lusitano nos afirmava que modalidades extra-futebol só as “auto-suficientes”. Como é que conseguem?Carmo Batista – Em

primeiro lugar através de um pequena mensalidade que todas nós pagamos. Ti-vemos também patrocina-

dores, que deram um apoio importante, mas precisa-mos de mais, até porque as nossas idas ao Norte vão ser muito dispendiosas e não temos qualquer tipo de apoio institucional. Temos ainda o clube que nos ajuda naquilo que pode.

TL – Temos também realizado alguns eventos, como foi o caso da I Mara-tona de Voleibol Indoor, e que são uma forma de an-gariar algum dinheiro para nos ajudar, principalmente, nas deslocações que vai ser o mais caro.

Quanto vai custar esta épo-ca?LS – Fizemos essa esti-

mativa, mas depois alterá-mos porque o que seria o custo principal, com o pa-vilhão, devido ao protocolo que o Lusitano tem com o Inatel, acabámos por não o ter. Assim, temos uma esti-mativa que aponta para os 3 mil euros. São custos com deslocações, portagens, equipamentos, bolas, e as próprias inscrições que fo-ram dispendiosas e total-mente a cargo das atletas.

CB – Os próprios equi-pamentos foram pagos por nós. Cada uma pagou o seu próprio equipamento.

Quanto atletas tem a equi-pa?TL – São 16…

Suficientes?LS – Penso que sim, mas

todas serão bem-vindas. Se houver quem queira prati-car a modalidade as por-tas estão abertas. Mas que tenham a noção que isto é um compromisso sério a que queremos dar conti-nuidade, e que não somos apenas um grupo de ami-gas que se junta e vez em quando para jogar volei.

Há uns anos, quando se fala-va das competições do Inatel, havia um pouco a noção de que eram competições para amadores, para a diversão…LS – Ainda no verão pas-

sado ouvi isso mesmo, mas posso dizer-lhe que exis-tem atletas a deixar o des-porto federado e a optarem pelo Inatel. No caso con-creto do voleibol há atle-tas que jogavam na A1, a

divisão de topo da moda-lidade em Portugal, e que optaram pelo Inatel. Isto porquê? Porque fica mais barato. Mas isto para de-mostrar que o Inatel é hoje em dia uma competição com nível e qualidade.

No voleibol do Inatel há três equipas masculinas do distrito, mas feminina são a única.TL – Exactamente. Fi-

cámos integradas na zona Norte que é onde há com-petição, onde há mais equi-pas.

Falaram no projecto que têm para a formação. No caso concreto das raparigas, como é que vão conseguiu captá-las para a prática desportiva sabendo-se do estigma que há ainda da “maria-rapaz”?LS – Eu penso que no

caso do voleibol não há esse problema porque con-sidero que é uma modali-dade extremamente ele-gante e feminina.

Quem são a mais velha e a mais nova da equipa?CB – A mais velha é a Né

(risos…) e a mais nova a Rita, com 17 anos.

TL – Temos atletas ainda juniores porque, lá está, não há equipas em Viseu para esse escalão etário. O Cardes vai ape-nas até aos juvenis.

Apesar de este ser uma es-pécie de ano zero, vocês já vão competir a sério. Quais as expectativas?

CB – Temos nossa equi-pa atletas que nunca jo-garam volei. Para elas vai ser especial, uma adrena-lina diferente das outras mais habituadas a prati-car a modaldiade.

TL – Queremos ga-nhar que conseguirmos ganhar, Queremos tam-bém aprender, porque temos muito ainda que aprender.

E o futuro?LS – Nós este ano va-

mos ser um bocadinho a cara da modalidade. Mostrar que ela existe, está em Viseu e é para

ser praticada também por mulheres.

TL – Penso que o volei-bol em Viseu tem futuro. Cada vez mais temos con-tactos de pessoas mais no-vas que querem aderir, e até por parte de crianças.

É aí que entra o vosso pro-jecto para a formação. Em concreto, o que pretendem alcançar no curto e médio prazo?TL – Temos andado a

fazer, diria, uma “prospec-ção de mercado”. Ver da adesão que podermos ter e do interesse que exista para que no próximo ano possamos então avançar com as escolinhas de for-mação. O número de es-calões que possamos vir a ter depende então da ade-são que venha a haver, seja em masculinos seja em fe-mininos.

LS – Penso que os mas-culinos também seriam uma boa aposta já que não existe nenhum clube em Viseu a fazer essa forma-ção. A PT só tem seniores, não faz formação.

Gil Peres

“O voleibol em Viseu tem futuro”Começaram por ser três, são já 16, mas esperam no futuro ser muitas mais. São a equipa de voleibol do Lu-sitano de Vilde-moinhos, a única que no distrito faz competição. No ano da es-treia vão jogar no Inatel, mas além desta com-petição o objec-tivo é apostar na formação e em desenvolver a modalidade.

A Carmos Batista, Liliana Soares e Teresa Lima, as promotoras do projecto de voleibol no Lusitano

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Jornal do Centro06 | Janeiro | 2012

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