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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO – CEP
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE FALHA PARA O
MÉTODO DE BOMBEIO MECÂNICO
Eliara de Melo Medeiros
Orientadora: Prof. Dra. Carla Wilza Souza de Paula Maitelli
Junho de 2016
ELIARA DE MELO MEDEIROS
DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE FALHA PARA O
MÉTODO DE BOMBEIO MECÂNICO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte
dos requisitos para obtenção do Grau em Engenharia de
Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por me dar forças e por me guiar no decorrer da
minha caminhada.
A toda minha família, em especial meu pai, minha mãe, minhas irmãs e meus
sobrinhos pelo incentivo, apoio e carinho.
À minha orientadora, Prof. Dra. Carla Wilza Souza de Paula Maitelli, por seus
ensinamentos, conselhos e orientação.
Ao Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa, pelo incentivo e pelas orientações.
Às minhas queridas amigas, em especial Crislany Cunha e Geniffer Martins pelo
companheirismo, parceria e pelos momentos de dificuldade superados juntos.
Aos meus queridos amigos do Curso de Engenharia de Petróleo, por toda
parceria, determinação, companheirismo, ajuda e atenção durante todo curso.
Aos meus companheiros do Núcleo de Inovação Tecnologia (NIT), por todo
companheirismo e atenção ao longo da minha jornada.
Aos meus companheiros de pesquisa, Raphael Eliedson e Harlene Soares por
toda parceria e empenho, para que pudéssemos entregar os nossos melhores resultados.
Aos professores do Departamento de Engenharia de Petróleo, pelo valioso
ensinamento e conhecimento compartilhado.
Ao Laboratório de Automação em Petróleo (LAUT/UFRN), pela parceria para o
desenvolvimento da pesquisa.
MEDEIROS, E. M.–Determinação dos Parâmetros de Falha para o método de Bombeio Mecânico. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN, Brasil.
Orientador: Prof. Dra. Carla Wilza Souza de Paula Maitelli
RESUMO
Na maioria das vezes, no início da vida produtiva dos poços de petróleo, os fluidos
alcançam a superfície por elevação natural. Quando esses poços param de produzir
naturalmente e “morrem”, surge a necessidade de uma suplementação de energia através
dos métodos de elevação artificial. A escolha de determinado método de elevação
artificial para operação irá depender da aplicabilidade para aquele campo ou poço. O
método mais utilizado e predominante em número de poços é o bombeio mecânico.
Diante desse predomínio do método, faz-se necessário compreender melhor o seu
funcionamento e suas limitações. Apesar de todo projeto realizado e do trabalho do
engenheiro durante as etapas, falhas poderão ocorrer seja na parte mecânica ou na parte
de bombeamento do fluido. Devido a isso, faz-se necessário estudar com maiores
detalhes as falhas presentes nesse método. Diferentes tipos de falhas poderão ser
diagnosticadas para o método de BM: haste partida, pistão preso, interferência de gás,
eficiência da bomba e pancada de fluido, sendo que, a identificação das mesmas poderá
ser feita através das cartas dinamométricas, principal ferramenta utilizada para
diagnosticar e detectar possíveis anomalias no sistema. Esse trabalho, a partir de
parâmetros iniciais, desenvolveu uma ferramenta computacional capaz de determinar e
diagnosticar três das falhas abordadas (haste partida, pistão preso e interferência de gás)
e consequentemente, a previsão das suas respectivas cartas dinamométricas. Por fim, os
resultados foram comparados com cartas dinamométricas obtidas em simulação e com
modelos padrões da literatura para efeito didático.
Palavras-chave: Elevação Artificial, Bombeio Mecânico, Falhas, Haste partida, Pistão
preso, Interferência de gás.
MEDEIROS, E. M.–Determinação dos Parâmetros de Falha para o método de Bombeio Mecânico. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN, Brasil.
Orientadora: Prof. Dra. Carla Wilza Souza de Paula Maitelli
ABSTRACT
At the beginning of the productive life of oil wells, fluids reach the surface by natural
flow. When these wells stop producing naturally and die, the need for supplemental
energy arises through the artificial lift methods. The choice of a particular method of
artificial lift for operation will depend on the applicability to that field or well. The most
common and predominant method in number of wells is sucker rod pumping. Given this
predominance of the method it is necessary to better understand its operation and
limitations. Although all the project undertaken and the engineer's work through the
steps, failures may occur either in the mechanics or in the pumping of the fluid. Because
of this, it is necessary to study in greater details the failings of this method. Different
types of faults can be diagnosed for the BM method: parted rod, locked plunger, gas
lock, pump efficiency and fluid pounding, with their identification through the
dynamometer card, the main tool used to diagnose and detect possible anomalies on its
system. This work, from initial parameters, developed a software tool able to determine
and diagnose three of covered faults (parted rod, locked plunger and gas lock) and
consequently obtaining their respective dynamometer cards. Finally, the results were
compared with dynamometer cards in simulation and with literature models for didactic
purposes.
_____________________________________________________________________
Keywords: Artificial Lift, Sucker-Rod Pumping, Failure, Parted rod, Locked plunger,
Gas lock.
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................ 14
1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15
1.1.1 Objetivos específicos ................................................................................ 15
1.2 Divisão do trabalho .......................................................................................... 15
2. Aspectos Teóricos ................................................................................................... 18
2.1 Bombeio Mecânico .......................................................................................... 18
2.2 Cartas Dinamométricas .................................................................................... 23
2.2.1 Carta Dinamométrica de Superfície (CDS) .............................................. 23
2.2.2 Carta Dinamométrica de Fundo (CDF) .................................................... 24
2.3 Comportamento do Sistema de Bombeio Mecânico ........................................ 24
2.3.1 Pistão Preso ............................................................................................... 25
2.3.2 Haste partida ............................................................................................. 26
2.3.3 Bloqueio de gás ........................................................................................ 28
2.3.4 Pancada de Fluido ..................................................................................... 29
2.3.5 Eficiência da Bomba ................................................................................. 30
2.3.6 Parafinação ............................................................................................... 31
2.4 Modelagem do sistema .................................................................................... 33
2.4.1 Solução numérica ..................................................................................... 35
2.4.1.1 Pistão preso ............................................................................................... 36
2.4.1.2 Haste Partida ............................................................................................. 37
3. Metodologia e Desenvolvimento ............................................................................ 39
3.1 Interface ........................................................................................................... 39
3.2 Módulo de falhas .............................................................................................. 41
3.2.1 Haste Partida ............................................................................................. 42
3.2.2 Pistão Preso ............................................................................................... 44
3.2.3 Interferência de Gás .................................................................................. 45
4. Resultados e Discussões .......................................................................................... 47
5. Conclusões e Recomendações ................................................................................. 55
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 57
Lista de Figuras
Figura 2-1 Unidade de bombeio mecânico ..................................................................... 19
Figura 2-2 Bomba de Fundo ........................................................................................... 20
Figura 2-3 Curso ascendente .......................................................................................... 21
Figura 2-4 Curso descendente ........................................................................................ 21
Figura 2-5 Carta Dinamométrica de Superfície .............................................................. 23
Figura 2-6 Carta de superfície para pistão preso ............................................................ 25
Figura 2-7 Carta de fundo para pistão preso ................................................................... 26
Figura 2-8 Carta de superfície para haste partida ........................................................... 27
Figura 2-9 Carta de fundo para haste partida ................................................................. 27
Figura 2-10 Carta de fundo para interferência de gás .................................................... 28
Figura 2-11 Carta de fundo para pancada de fluido ....................................................... 29
Figura 2-12 Carta de fundo para vazamento da válvula de passeio ............................... 30
Figura 2-13 Carta de fundo para vazamento da válvula de pé ....................................... 31
Figura 3-1 Interface ........................................................................................................ 40
Figura 3-2 Interface Carta dinamométrica ..................................................................... 40
Figura 3-3 Fluxograma indicando o funcionamento geral da ferramenta computacional.
........................................................................................................................................ 41
Figura 3-4 Formulário para haste partida. ...................................................................... 42
Figura 3-5 Fluxograma indicando o funcionamento da falha por haste partida ............. 43
Figura 3-6 Fluxograma indicando o funcionamento da falha por pistão preso .............. 44
Figura 3-7 Formulário da falha interferência de gás. ..................................................... 45
Figura 4-1 Comparação das cartas de superfície para falha por haste partida. .............. 48
Figura 4-2 Comparação das cartas de fundo para falha por haste partida. ..................... 49
Figura 4-3 Comparação das cartas de superfície para falha por pistão preso ................. 50
Figura 4-4 Comparação das cartas de superfície para falha por pistão preso ................. 51
Figura 4-6 Comparação das cartas de fundo para interferência de gás .......................... 52
Figura 4-5 Comparação das cartas de superfície para interferência de gás .................... 52
Lista de Tabelas
Tabela 4-2 - Dados de entrada utilizados na simulação. ................................................ 47
Tabela 4-1 Dados de entrada utilizados na simulação. ................................................... 47
Tabela 4-3 - Erro relativo para Haste Partida ................................................................. 49
Tabela 4-4 - Erro Relativo para Pistão Preso ................................................................. 50
Tabela 4-5 Erro Relativo para Interferência de Gás ....................................................... 53
Lista de Símbolos e Abreviaturas
Ai Coeficientes de Fourier;
AP Área da seção transversal do pistão, m² (in²);
API Grau API do óleo;
Ar1 Área da seção transversal da haste mais próxima à bomba, m² (in²);
Ark Área da seção transversal da haste, m² (in²);
Arp Área da seção transversal da haste polida, m² (in²);
At Área da seção transversal da coluna de produção, m² (in²);
BCP Bombeio por Cavidades Progressivas
BCS Bombeio Centrífugo Submerso
Bi Coeficientes de Fourier;
BM Bombeio Mecânico
BSW Percentual de água e sedimentos do fluido produzido;
c Fator de amortecimento, 1/s;
cD Coeficiente de amortecimento adimensional;
CDF Carta dinamométrica de fundo;
CPM Ciclos por minuto;
CDS Carta dinamométrica de Superfície;
Db Profundidade da bomba, m (ft);
Dp Diâmetro do pistão, m (pol);
Ef Empuxo na coluna de hastes devido ao fluido, N (lbf);
Er Módulo de elasticidade do material das hastes, Pa (psi);
Es Eficiência de separação de gás no fundo;
Et Módulo de elasticidade do material da coluna de produção, Pa (psi);
Fac Força de aceleração, N (lbf);
Ff Força de fricção, N (lbf);
Fo Carga no pistão devido ao fluido, N (lbf);
Fs Carga nas hastes, N (lbf);
g Aceleração da gravidade, m/s2 (ft/s²);
GLC Gas-lift contínuo
GLI Gas-lift intermitente
grad Gradiente de pressão;
H Nível de fluido no anular (H=L se o nível de fluido no anular está na bomba);
IP Índice de produtividade;
K Distância do eixo da manivela ao mancal de sela, mm (in);
K1 Fator geométrico utilizado no modelo de Lea;
K2 Fator geométrico utilizado no modelo de Lea;
K3 Fator geométrico utilizado no modelo de Lea;
K4 Fator geométrico utilizado no modelo de Lea;
L Profundidade da coluna de hastes, m (ft);
Lk Comprimento da seção k das hastes, m (ft);
MPRL carga mínima (lbf)
Pd Pressão na descarga da bomba, Pa (psi);
Pe Pressão estática do reservatório, Pa (psi);
Pg Pressão da coluna de gás, Pa (psi);
PPRL Carga máxima na haste polida, N (lbf);
PRHP Potência na haste polida, (hp);
Ps Pressão na sucção da bomba, Pa (psi);
PT Torque máximo, N.m (lbf.in);
Ptf Pressão na cabeça, Pa (psi);
Pwf Pressões de fluxo no fundo do poço, Pa (psi);
pwh Pressão na coluna de produção medida na cabeça do poço, Pa (psi);
q Vazão do reservatório (m3/dia);
Qb Vazão da bomba, m3/dia;
qL Vazão de líquido, m3/dia;
qmax Vazão máxima do reservatório, m3/dia;
qsup Vazão na superfície, m3/dia;
RGO razão gás-óleo (m³/m³)
rr Diâmetro da coluna de haste, m (in);
rt Diâmetro da coluna de produção, m (in);
Sadm Tensão máxima admissível nas hastes, Pa (psi);
SF Fator de serviço;
Smax Tensão máxima presente na haste, Pa (psi);
Smin Tensão mínima presente na haste, Pa (psi);
UB unidade de bombeio
Letras gregas
ρrk – massa específica da haste (lbm/ft³)
ρw – massa específica da água (lbm/ft³)
ρf – massa específica do fluido (lbm/ft³)
µ – viscosidade do fluido (cP)
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
Eliara de Melo Medeiros 14
1. Introdução
Na maioria das vezes, no início de sua vida produtiva, os poços de petróleo possuem
a pressão do reservatório suficientemente elevada, os fluidos neles presentes alcançam
naturalmente a superfície, dizendo-se que são poços surgentes, produzidos por elevação
natural. Esses poços cumprem o pré-requisito de possuir pressão de fundo maior do que
a soma das perdas de carga que ocorrem ao longo do fluxo até a superfície.
Quando esses poços não cumprem o pré-requisito, pressão de fundo maior do que a
soma das perdas de carga, surge a necessidade de uma energia extra e técnicas de
elevação artificial deverão ser aplicadas. Essa necessidade ocorre quando as perdas de
carga são maiores que a pressão de fluxo no fundo ou quando a pressão no fundo não é
suficiente para elevar o fluido naturalmente. Em virtude disso, os poços param de
produzir e “morrem”, ou seja, poços improdutivos. Com o propósito dos poços voltarem
a produzir e serem viáveis economicamente, é necessária a utilização de métodos de
elevação artificial, métodos que irão fornecer energia ou amenizar as perdas de cargas
ao longo do poço para ocorrer a elevação do fluido até a superfície.
A escolha do método de elevação artificial depende de vários fatores, tais como:
viscosidade, presença de sólidos, composição do fluido, temperatura, profundidade,
direção (vertical ou direcional), produtividade e custo. Esses fatores são essenciais para
seleção do método a ser usado.
Os métodos de elevação artificial mais comuns na indústria do petróleo são:
• Gás-lift Contínuo e Intermitente (GLC e GLI);
• Bombeio Centrifugo Submerso (BCS);
• Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP);
• Bombeio Mecânico (BM).
No método de elevação artificial bombeio mecânico, o movimento rotativo de um
motor elétrico ou de combustão interna é transformado em movimento alternativo por
uma unidade de bombeio localizada próxima à cabeça do poço. Uma coluna de hastes
transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que
eleva os fluidos produzidos pelo reservatório para superfície (THOMAS, 2004).
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
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O bombeio mecânico é o método mais utilizado em todo o mundo, sendo ele
aplicado em apenas campos terrestres. A larga aplicação do método se dá pelo baixo
custo, se comparado a outros métodos, alta eficiência energética, possibilidade de
operação com fluidos de diferentes composições e viscosidade e em larga faixa de
temperatura. Porém, esse método é problemático em poços que produzem areia, em
poços desviados e em poços onde parte do gás produzido passa pela bomba ou
aplicações marítimas.
Ao longo da operação do sistema de bombeio, falhas poderão ocorrer, seja nos
componentes da bomba de fundo, na haste ou equipamentos de superfície, prejudicando
o desempenho do sistema e consequentemente a produção. Devido à importância da
identificação das falhas no bombeio mecânico, o previsão de falhas ou comportamento
do bombeio tornou-se o foco principal neste trabalho. O objetivo inicial foi
desenvolvimento de uma ferramenta computacional para determinação e previsão das
falhas e do comportamento do sistema de bombeio, baseado nos critérios das cartas
dinamométricas.
1.1 Objetivo Geral Este trabalho tem por objetivo identificar as falhas e o comportamento do bombeio
e o desenvolvimento de uma ferramenta computacional capaz de determinar e
diagnosticar algumas dessas falhas, baseados nos critérios das cartas dinamométricas.
1.1.1 Objetivos específicos
Dentre os objetivos específicos destacam-se:
• Estudar dos modelos e/ou critérios para determinar as falhas e prever o
comportamento do sistema de bombeio;
• Desenvolvimento de um software em Visual Basic for Applications (VBA) para
determinar as falhas e prever as suas respectivas Cartas Dinamométricas;
• Teste de validação.
1.2 Divisão do trabalho
Este trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro capítulo é direcionado à
introdução, ao objetivo geral e objetivos específicos. No segundo capítulo, abordar os
aspectos teóricos, para facilitar o entendimento dos capítulos seguintes. No terceiro
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capítulo, é exposta a metodologia e o desenvolvimento da modelagem. No quarto,
capítulo os resultados são expostos, e, por fim, a conclusão sobre o trabalho realizado.
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__________________________________________
Capítulo 2
Aspectos Teóricos
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2. Aspectos Teóricos
Neste capítulo, é realizado um levantamento teórico acerca dos principais tópicos
cruciais para o entendimento e desenvolvimento desse trabalho.
2.1 Bombeio Mecânico
O método de Bombeio Mecânico é considerado um método antigo, tendo
surgido pouco após o nascimento da indústria petrolífera. Apesar dos materiais e das
fontes energéticas terem evoluído, o mecanismo de funcionamento persiste. A elevação
acontece devido à unidade de bombeio que transforma o movimento rotativo de um
motor em alternativo e o transmite à bomba de fundo, instalada no fundo do poço por
intermédio de uma coluna de hastes (BARRETO FILHO, 1993).
O BM é o método de elevação artificial mais utilizado em todo o mundo, a sua
procura é devido ao projeto ser relativamente simples, baixo custo de investimento e
manutenção. A sua aplicação apresenta algumas vantagens e limitações. Segundo
TAKÁCS (2002), tem-se:
Vantagens:
• Pode ser aplicado até o fim da vida de um poço ou ainda até o abandono,
se operado em condições adequadas;
• Pode ter sua capacidade de bombeamento alterada diante de mudanças no
índice de produtividade do poço (IP);
• Seus componentes e peças de reposição estão prontamente disponíveis e
intermutável em todo o mundo.
Limitações:
• Profundidade de bombeamento limitada, principalmente devido à
resistência do material usado na fabricação das hastes;
• Presença de gás livre na sucção da bomba pode reduzir drasticamente a
produção de líquido do sistema, podendo provocar um bloqueio de gás;
• A unidade de bombeio é bastante pesada e requer um grande espaço
para suas instalações de superfície.
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Os principais componentes do BM são divididos em: equipamentos de superfície
e subsuperfície. Os principais equipamentos de superfície são: unidade de bombeio
(cabeça da UB, tripé, contrapesos, manivelas, redutor) e motor, conforme a Figura 2-1.
Fonte: (THOMAS, 2004)
A unidade de bombeio (UB) é responsável pela conversão do movimento de
rotação do motor em movimento alternativo das hastes. A UB para determinado poço é
determinada levando em consideração o máximo torque, máxima carga e máximo curso
de haste polida. A unidade escolhida deve atender as três solicitações de forma que não
ocorram falhas ou danos quando estiver em operação (THOMAS, 2004).
A estrutura da UB é composta pelos seguintes equipamentos:
• Base: Serve como base onde se prendem o tripé, caixa de redução e o
motor;
• Tripé: Composto por três ou quatro perfis de aço deve ter rigidez suficiente
para suportar toda carga da haste polida;
• Balancim: Serve para suportar a carga da haste polida e a força transmitida
pela manivela;
• Manivela: Responsável pela transmissão de movimento ao balancim.
Os contrapesos são colocados na manivela ou na viga da unidade. Os contrapesos
descem no curso ascendente, diminuindo a potência requerida do motor, já no curso
descendente o motor deve fornecer energia aos contrapesos, ocorrendo uma distribuição
Figura 2-1 Unidade de bombeio mecânico
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uniforme das cargas durante o ciclo de bombeio e o motor será exigido de forma
regular, estendendo sua vida útil. Já a caixa de redução é responsável por transformar a
energia de alta velocidade e baixo torque em energia de alto torque e baixa velocidade e
o motor pode ser elétrico ou de combustão interna. E por fim, nos equipamentos de
subsuperfície são: bomba de fundo e coluna de produção.
A bomba é constituída das seguintes partes principais: camisa, pistão válvula de
passeio e válvula de pé, conforme mostrado na Figura 2-2. A bomba de fundo é
responsável por fornecer energia ao fluido vindo da formação, elevando-o para
superfície. Essa energia é fornecida ao fluido sob a forma de aumento de pressão
Fonte: (COSTA, 2008)
Para entender como o fluido é deslocado para superfície, é necessário entender o
que é o ciclo de bombeio, na qual é dividido em curso ascendente e curso descendente.
No início do curso ascendente, Figura 2-3, o pistão encontra-se na posição mais
baixa, a válvula de passeio se mantém fechada, devido ao peso do fluido que está dentro
do tubo de produção. A baixa pressão adquirida na camisa abaixo do pistão e acima da
válvula de pé faz com que esta se abra, liberando a passagem de fluido do anular para o
interior da bomba. O fluido que está acima do pistão é levado para superfície.
Figura 2-2 Bomba de Fundo
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Figura 2-3 Curso ascendente
Fonte: (COSTA, 2008)
No curso descendente, Figura 2-4, a válvula de pé é fechada devido à compressão
dos fluidos presentes na camisa da bomba. Como o pistão continua descendo, a pressão
acima e abaixo da válvula de passeio se iguala e esta abre, ocorrendo à passagem de
fluido para cima do pistão. Com o fim do curso descendente e início do curso
ascendente, a válvula de passeio fecha e a de pé abre, iniciando um novo ciclo.
Figura 2-4 Curso descendente
Fonte: (COSTA, 2008)
A coluna de hastes é responsável por transmitir energia para a bomba de
subsuperfície, através do movimento alternativo. No topo da coluna, encontra-se a haste
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polida, chamada assim por causa da sua superfície externa ser polida. Esta haste entra e
sai constantemente do poço, devido ao movimento alternativo da coluna, na qual sua
função de proporcionar uma maior vedação.
Na coluna os maiores esforços são exercidos na haste polida, pois ocorre à
sustentação das cargas do peso das hastes, do fluido além de cargas dinâmicas geradas
pelo movimento da unidade de bombeio.
Para uma coluna de haste durar no mínimo 10 milhões de ciclos, deve seguir os
critérios de tensão:
𝑺𝒂𝒅𝒎 = 𝑻𝟒+ 𝟎,𝟓𝟔𝟐𝟓 𝑺𝐦𝐢𝐧 𝑺𝑭 (2-1)
onde: T é a tensão de ruptura mínima, Smin é a tensão mínima presente na haste, Sadm é a
tensão máxima admissível e o SF é o fator de segurança, depende do ambiente de
exposição das hastes e deve ser selecionado pelo usuário.
A tensão mínima pode ser calculada através de:
𝑺𝒎𝒊𝒏 =𝑴𝑷𝑹𝑳𝑨𝒓
(2-2)
Sendo a área Ar a área da primeira haste de bombeio, ou seja, haste polida.
Seguindo o mesmo raciocínio, a Tensão máxima pode ser calculada por:
𝑺𝒎𝒂𝒙 =𝑷𝑷𝑹𝑳𝑨𝒓
(2-3)
A carga máxima na haste polida, PPRL, e a carga mínima na haste polida ,MPRL,
podem ser calculadas através da carta dinamométrica, que será explicada na próxima
seção. Portanto, se tensão máxima (Smax) for menor que a tensão admissível (Sadm) a
coluna de haste está dimensionada quanto à fadiga.
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2.2 Cartas Dinamométricas A carta dinamométrica é uma ferramenta fundamental para analisar as condições de
um poço e avaliar um sistema de bombeio mecânico através da identificação de algumas
falhas no sistema ou previsão do comportamento do sistema. A carta trata-se de um
gráfico contínuo de carga por posição. Existem dois tipos de carta: as Cartas
Dinamométricas de Superfície (CDS) e de Fundo (CDF).
2.2.1 Carta Dinamométrica de Superfície (CDS)
A carta de superfície é medida através de um dinamômetro, sensor responsável pela
medição da carga, na haste polida, representando os efeitos gerados pela carga atuante
nessa haste em função da sua posição, medida por um inclinômetro, durante um ciclo de
bombeio. A carta tem um formato que representa a condição da bomba de fundo mais
os efeitos de ruído que distorce a informação. Esse ruído aumenta com o aumento da
profundidade e consequentemente há uma dificuldade de na interpretação da CDS.
Existem diferentes formas que uma carta de superfície pode assumir. Isso é devido
a grande influência de muitos parâmetros e dos diversos tipos de falhas para um sistema
de Bombeio Mecânico. Na Figura 2-5, tem-se um exemplo típico de uma CDS.
Fonte: (THOMAS, 2004)
Figura 2-5 Carta Dinamométrica de Superfície
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2.2.2 Carta Dinamométrica de Fundo (CDF)
As cartas dinamométricas de fundo são aquelas tomadas imediatamente acima da
bomba. A sua medição direta não é economicamente viável, sendo assim pouco
utilizada. Em substituição, uma filtragem matemática permite que uma carta de fundo
seja gerada a partir de uma de superfície. Como supracitado, dificilmente uma carta de
superfície indica as mudanças de carga na bomba sem que informações sejam perdidas,
reiterando a importância de obtê-la (ARAUJO JÚNIOR, 2014).
Existem diferentes formas que a carta de fundo pode assumir, já que elas indicam
com maior precisão o funcionamento da bomba e, por conseguinte uma previsão das
falhas ou do comportamento do sistema. Para melhorar o entendimento, logo em
seguida serão estudadas com mais detalhes a modelagem empregada para previsão das
cartas dinamométricas.
2.3 Comportamento do Sistema de Bombeio Mecânico
Apesar do trabalho do engenheiro durante a fase de projeto e instalação, às vezes, o
sistema de bombeio falha, ou seja, o sistema perde a função, ficando o poço sem
produzir. Essas falhas podem ser nos equipamentos de superfície ou subsuperfície
dependendo do tipo de causa. No equipamento de superfície as falhas são corrigidas
rapidamente, pois depende apenas de operação de manutenção corretiva, nas
modalidades elétricas, mecânicas ou instrumentação.
Já no caso de falhas nos equipamentos de subsuperfície, precisa-se de um
diagnóstico ou previsão do comportamento através das cartas dinamométrica. Essa
previsão ocorre com a verificação das condições de bombeio da bomba e das válvulas,
vazamento de gás, identificação de parafinação, ou seja, o diagnóstico é feito através da
análise das falhas e da análise do comportamento do sistema. Essa análise do
comportamento do sistema é necessária devido a prejuízos ocasionados por esses tipos
de problema, podendo interromper a produção para intervenção do poço, danificar os
equipamentos e perda de eficiência.
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
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Sendo assim, as falhas e algumas condições operacionais são abordadas com mais
enfoque nesse trabalho são: pistão preso, haste partida, interferência de gás, eficiência
da bomba de fundo, pancada de fluido e parafinação. Entretanto, a ferramenta
computacional desenvolvida nesse trabalho irá abranger apenas as três primeiras.
2.3.1 Pistão Preso
A condição de pistão preso é uma situação onde o pistão da bomba permanece
sem movimento, ou seja, preso. Essa condição pode ocorrer devido à presença de
parafina na coluna de produção e consequentemente gerar um aumento das cargas
presentes no conjunto de hastes, resultando em perda total de eficiência e possibilidade
de aprisionamento do pistão. Outro fator relevante para ocorrência dessa falha é o
excesso de areia e outros tipos de sólidos, que podem se assentar no topo do pistão
durante o tempo de inatividade ou funcionamento intermitente, levando o
aprisionamento.
O diagnóstico da falha por pistão preso pode ser visto a partir da previsão das
cartas dinamométricas de superfície e fundo. Nas Figuras 2-6 e 2-7 pode-se conferir os
formatos padrão das cartas de superfície e fundo diagnosticada por falha do tipo pistão
preso.
Figura 2-6 Carta de superfície para pistão preso
Fonte: Autora (2016).
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
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Figura 2-7 Carta de fundo para pistão preso
Fonte: Autora (2016).
2.3.2 Haste partida
Como descrito em seções anteriores a coluna de hastes está submetida a muitos
esforços, sendo os maiores deles localizados na parte superior, haste polida, onde
devido a esforços excessivos na coluna, em virtude da atuação de cargas variantes a
haste estará sujeita à fadiga.
A coluna de hastes possui um comportamento elástico, o que dificulta a solução
numérica quando vai se deseja descrever o efeito dos esforços no sistema. Todo
movimento gerado na superfície em função da unidade de bombeio é transmitido para o
fundo, da mesma forma, os esforços gerados em virtude das cargas na bomba também
são transmitidos à superfície. As transmissões dos esforços na coluna de hastes são
propagadas na velocidade do som e interferências ou reflexões destes esforços podem
prejudicar ou comprometer o funcionamento do sistema (TAKÁCS, 2002).
A falha denominada haste partida é causada por diversos fatores, sendo um deles
as falhas nas conexões das seções das hastes e na própria coluna de hastes. Essas falhas
são frequentemente vistas em poços que operam por bombeio mecânico, reduzindo
substancialmente o tempo de vida em serviços das hastes, impossibilitando qualquer
planejamento relacionado com a manutenção do sistema de produção. Falhas desse tipo
ocasionam transtornos operacionais, problemas de produção do petróleo, alto custo para
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Eliara de Melo Medeiros 27
recolocar o sistema em funcionamento, consequentemente, caracterizando um grave
problema da indústria.
O diagnóstico da falha por haste partida é feito através da interpretação da carta
dinamométrica de superfície, mas a partir da carta dinamométrica de fundo, pode-se
analisar os efeitos do regime e a profundidade da falha. Nas Figuras 2-8 e 2-9, pode-se
conferir os formatos padrão das cartas de superfície e fundo, respectivamente,
diagnosticada com falha por haste partida.
Figura 2-8 Carta de superfície para haste partida
Fonte: Autora (2016).
Figura 2-9 Carta de fundo para haste partida
Fonte: Autora (2016).
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2.3.3 Bloqueio de gás
A interferência de gás é considerada uma condição operacional, pois não leva a
perda total de eficiência, mas paralisa a produção por um dado intervalo de tempo,
mesmo que posteriormente o poço volte a produzir. O seu efeito causa a redução do
espaço ocupado pelo óleo em virtude da ocupação por parte do gás no interior da
bomba, outro efeito bastante relevante é a interferência no funcionamento das válvulas
de pé e passeio.
Na carta dinamométrica apresentada na Figura 2-10, observa-se que durante o
curso ascendente, o óleo e o gás, que já preenche a camisa da bomba, penetram no
interior do pistão. No curso descendente, o gás será comprimido e a válvula de passeio
só abrirá quando a pressão do gás for igual à pressão da coluna de fluido acima do
pistão.
Segundo NASCIMENTO (2005), geralmente este fenômeno está associado à
presença excessiva de gás na bomba e está intimamente ligado a uma ineficiência de
separação de gás na entrada da bomba. Portanto, esta falha deve ser avaliada em
conjunto com a variável eficiência de separação de gás no fundo, na qual está presente
na interface do programa que será apresentado no próximo capítulo.
Figura 2-10 Carta de fundo para interferência de gás
Fonte: Autora (2016).
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2.3.4 Pancada de Fluido
Na análise do comportamento dessa condição operacional, o pistão colide com o
fluido no interior da camisa, resultante do enchimento incompleto da mesma no curso
ascendente. Segundo NASCIMENTO (2005), quando a capacidade de elevação da
bomba excede a vazão de alimentação do poço e o nível dinâmico se apresenta na altura
da bomba, em tal situação, a camisa da bomba não é preenchida totalmente e, no início
do movimento descendente, a válvula de passeio não abre e o pistão permanece com
todo o peso do fluido acima dele. Na sequência do movimento, o pistão entra em
contato com o fluido na camisa, porém, em alta velocidade, provocando um grande
impacto que é transmitido até a superfície pela coluna de hastes.
A ocorrência dessa falha traz grandes transtornos para o desempenho, causando
diversos danos à estrutura do sistema. Para tanto, é necessário um diagnóstico e análise
através da sua respectiva carta dinamométrica.
Nesse trabalho, o desenvolvimento dessa carta de fundo não será modelado.
Porém, para efeito didático e de conhecimento a seguir, na Figura 2-11 tem-seuma
possível carta de fundo, característica dessa falha.
Figura 2-11 Carta de fundo para pancada de fluido
Fonte: Autora (2016).
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Eliara de Melo Medeiros 30
2.3.5 Eficiência da Bomba
Em poços com elevação artificial por bombeio mecânico é comum ver
problemas com a eficiência da bomba. Sendo assim, essa condição pode simular uma
ineficiência da bomba, seja ela causada por um vazamento da válvula de passeio ou
vazamento na válvula de pé.
Os motivos que levam a vazamentos nas válvulas são o desgaste natural,
proporcional ao regime de bombeio, ou seja, quanto maior o regime, maior é o desgaste;
O desgaste prematuro possivelmente em decorrência de poços com presença de areia,
produtos abrasivos ou decorrência de produtos com alto índice de corrosão; e por fim,
desgaste por acumulo de produtos na sede ou corpo da válvula como parafina ou outros
produtos.
Segundo GOMES (2009), os problemas com essa válvula de passeio podem ser
facialmente identificados na carta de fundo, pois há uma comunicação entre a coluna de
fluido acima desta válvula com o fluido no interior da camisa causando uma
transferência gradual da carga atuante na válvula e como consequência, um
descarregamento do fluido acima da válvula de passeio. Esse vazamento pode ser
observado a seguir, Figura 2-12, através da sua respectiva carta de fundo.
Figura 2-12 Carta de fundo para vazamento da válvula de passeio
Fonte: Autora (2016).
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No vazamento da válvula de pé, ocorre o fechamento da válvula de passeio
devido a uma perda de pressão no interior da camisa e consequentemente, o fluxo de
fluido da camisa para coluna de produção é interrompido. Na Figura 2-13, tem-se a
ilustração da carta de funda desse vazamento.
Figura 2-13 Carta de fundo para vazamento da válvula de pé
Fonte: Autora (2016).
2.3.6 Parafinação
A deposição de parafina nos poços de petróleo foi estudada por muitos anos. O
fato desse problema ser conhecido não foi o suficiente para se ter soluções adequadas.
Alguns problemas como: hastes partida, pistão preso e produção perdida são alguns dos
principais efeitos da deposição de parafina. (CHARLES, 1984)
A parafinação é uma condição que pode ocorrer devido à viscosidade
extremamente elevada, o que, consequentemente dificulta a elevação dos fluidos
fazendo com que ocorra a redução drástica da carga do curso ascendente. Quando
ocorre a presença de parafina na coluna de produção, a coluna de haste tem maior
dificuldade no movimento do seu curso, ocorrendo o efeito sanfona, ou seja,
tracionando a coluna de haste no curso ascendente e comprimindo no curso
descendente.
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Essa falha é de uma alta complexidade na sua modelagem, pois é característico dela, a
consideração de viscosidades elevadas, e fluido não-newtonianos, quando as tensões de
cisalhamento não são proporcionais a taxa de deformação. Devido a complexidade de se
trabalhar com fluidos não-newtonianos optou-se por não prolongar sua abordagem
nesse trabalho.
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Eliara de Melo Medeiros 33
2.4 Modelagem do sistema
Baseado na modelagem apresentada por NASCIMENTO (2005) decidiu-se estudar
a modelagem para prever as cartas dinamométricas para as falhas de pistão preso, haste
partida. Sendo necessária uma breve introdução da modelagem do sistema de previsão
das cartas dinamométricas. O interesse na modelagem do método de bombeio mecânico,
surgiu com a necessidade da estimação de parâmetros para o projeto de novas
instalações ou otimização e análise de instalações existentes.
Dentre alguns métodos para criação de um modelo de BM presentes na literatura,
optou-se por abordar a modelagem dinâmica, que tem o intuito de simular o
comportamento dinâmico da coluna de hastes, baseado na resolução de uma equação
diferencial parcial, a equação da onda amortecida.
Na coluna de hastes todo movimento gerado na superfície em função da unidade de
bombeio é transmitido para o fundo e os esforços gerados devido às cargas na bomba
também são transmitidos à superfície. Isso é consequência do comportamento elástico
da coluna de hastes, que é onde se encontra toda dificuldade de uma solução numérica
para o problema.
Neste trabalho utilizou-se a modelagem de Lea (1990), no qual de acordo com o
modelo proposto por Gibbs (1963) à proposta para a equação da onda é descrita por:
𝝏²𝒖𝝏𝒕²
= 𝒗² 𝝏²𝒖𝝏𝒔²
− 𝒈− 𝒄 𝝏𝒖𝝏𝒕 (2-4)
Onde: u(s,t) é o deslocamento de um ponto da coluna de haste s num instante t , v é
a velocidade do som nas hastes e c é o coeficiente de amortecimento. O coeficiente de
amortecimento é função das características do poço, tais como: geometria, tipo de fluido
no poço e equipamentos e será expresso por:
𝒄 = 𝝅𝒗𝑪𝑫𝟐𝑫𝒃
(2-5)
sendo CD o fator de amortecimento e Db a profundidade da bomba. Outra equação
bastante importante para esta modelagem é o cálculo das forças de tração nas hastes, na
qual pode ser descrita através da lei de Hook:
𝑭 𝒔, 𝒕 = 𝑬𝑨 𝝏𝒖𝝏𝒔
(2-6)
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Eliara de Melo Medeiros 34
Com a solução da Equação 2-6 mais os valores de posição da haste polida u(Db,t)
durante o ciclo de bombeio, obtendo-se a carta dinamométrica de superfície. Já para a
força no pistão e conjunto de posição u(0,t) representando-se a carta dinamométrica de
fundo.
Portanto, uma expressão para o coeficiente de amortecimento em função de alguns
parâmetros como: viscosidade do fluido e dos diâmetros do pistão, tubo e hastes
(COSTA, 1995).
Como todo o amortecimento da equação da onda se deve ao atrito viscoso
haste/fluido. Isto pode gerar instabilidade na solução numérica, devido ao aparecimento
de coeficientes de amortecimento negativos. Devido a isso, optou-se por utilizar o
modelo de Lea com uma pequena adaptação utilizada por COSTA (1995): a introdução
do coeficiente de amortecimento, de acordo com a equação a seguir:
𝝏²𝒖𝝏𝒕²
= 𝒗² 𝝏²𝒖𝝏𝒔²
− 𝒈− 𝜼𝑼𝒓𝒌𝝆𝒓𝑨𝒓𝒌
𝑲𝟏𝒗𝒓 −𝑲𝟐𝒗𝒇𝒌 − 𝒄𝒗𝒓 (2-7)
sendo os fatores geométricos K1 e K2, dado por:
𝑲𝟏 = (𝒓𝒕𝟒!𝒓𝒓𝟒) 𝐥𝐧(
𝒓𝒓𝒓𝒕)! 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐 ! 𝟐𝐫𝐫𝟐𝐥𝐧(
𝒓𝒓𝒓𝒕)! 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐 ²
𝒓𝒓𝐥𝐧𝒓𝒓𝒓𝒕
[ 𝒓𝒕𝟒!𝒓𝒓𝟒 𝐥𝐧 𝒓𝒓𝒓𝒕
! 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐𝟐]
(2-8)
𝑲𝟐 = 𝟐 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐 𝟐𝐫𝐫𝟐𝐥𝐧(
𝒓𝒓𝒓𝒕)! 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐 ²
𝒓𝒓[ 𝒓𝒕𝟒!𝒓𝒓𝟒 𝐥𝐧 𝒓𝒓𝒓𝒕
! 𝒓𝒕𝟐!𝒓𝒓𝟐𝟐] (2-9)
A velocidade presente na Equação 2-7 é dada pela seguinte condição:
𝒗𝑷 < 𝟎 → 𝒗𝒇𝒌 = −𝒗𝑷𝑨𝒓𝒌
𝑨𝒕!𝑨𝒓𝒌 (2-10)
𝒗𝑷 ≥ 𝟎 → 𝒗𝒇𝒌 = 𝒗𝑷𝑨𝒑!𝑨𝒓𝒌𝑨𝒕!𝑨𝒓𝒌
(2-11)
onde: vp a velocidade do pistão, Ark área da seção transversal da haste e At à área da
seção transversal da tubulação.
Sendo que a aproximação assegura que a velocidade das hastes vr é
aproximadamente igual à velocidade do pistão vp. Portanto, o coeficiente de
amortecimento será:
𝒗𝒓 > 𝟎 → 𝒄 = 𝜼𝑼𝒓𝒌𝝆𝒓𝑨𝒓𝒌
(𝑲𝟏 −𝑲𝟐𝑨𝒑!𝑨𝒓𝒌𝑨𝒕!𝑨𝒓𝒌
) (2-12)
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
Eliara de Melo Medeiros 35
𝒗𝒓 < 𝟎 → 𝒄 = 𝜼𝑼𝒓𝒌𝝆𝒓𝑨𝒓𝒌
(𝑲𝟏 +𝑲𝟐𝑨𝒓𝒌
𝑨𝒕!𝑨𝒓𝒌) (2-13)
E por fim, descrevem-se todos os termos fundamentais para a equação do
movimento proposto por Lea, Equação 2-7. Sendo assim, é necessária a solução dessa
equação, na qual será descrita no próximo tópico.
2.4.1 Solução numérica
A solução numérica da equação diferencial parcial é obtida especificando
condições iniciais e de contorno, sobre a variável dependente na região na qual se quer
resolver o problema. Na qual, as condições iniciais correspondem ao sistema em
repouso e de contorno, corresponde às condições de superfície e fundo.
Segundo NASCIMENTO (2005), como na superfície a condição de contorno é
estabelecida através do movimento da haste, admitiu-se uma aproximação por série de
Fourier. Já na condição de contorno de fundo, é levado em consideração o
funcionamento da bomba que levando em conta as situações de enchimento parcial,
presença de gás, coluna de produção não ancorada e pistão preso, ou seja, as principais
situações de fundo.
Segundo COSTA (1995), Para a solução da Equação 2-7, optou-se por utilizar o
método de diferenças finitas proposta por Laine et al em 1990, em conjunto com a
derivada em relação ao tempo da Equação 2-6, correspondente a lei de Hooke e então,
criou-se um sistema de equação diferencial de primeira ordem. Portanto, para a solução
numérica, calcula-se para um dado instante de tempo a velocidade para cada ponto
discretizado na coluna de hastes, Equação 2-15, e logo em seguida realizar o cálculo das
cargas, Equação 2-14, a partir das novas velocidades.
𝑭𝒔𝒏!𝟏𝒋!𝟏 = 𝑬𝒓𝑨𝒓
∆𝒕∆𝒔
𝒗𝒓𝒏!𝟏𝒋!𝟏 − 𝒗𝒓𝒏
𝒋!𝟏 + 𝑭𝒔𝒏𝒋 (2-14)
𝒗𝒓𝒊𝒋!𝟏 =
∆𝒕𝝆𝒓𝑨𝒓∆𝒔
𝑭𝒔𝒊!𝟏𝒋 !𝑭𝒔𝒊!𝟏
𝒋 !(𝟐!𝜼𝒊𝑼𝒓𝑲𝟏∆𝒕𝝆𝒓𝑨𝒓)
𝟐!𝜼𝒊𝑼𝒓𝑲𝟏∆𝒕𝝆𝒓𝑨𝒓
(2-15)
Por fim, com o par de Equações 2-14 e 2-15, ilustram a solução numérica do
comportamento da coluna de hastes no tempo. Sendo essa coluna, não combinada, ou
seja, apenas uma seção da coluna de hastes, com único diâmetro.
Trabalho de Conclusão de Curso-Engenharia de Petróleo 2016.1 UFRN/CT
Eliara de Melo Medeiros 36
Para colunas combinadas há continuidade de velocidade e não de força, devido à
mudança de pressão. Para isso, tem-se que k designa uma seção da coluna de hastes com
nk segmentos e k+1 correspondente à próxima secção. Assim, tem-se:
𝒗𝒓𝟏,𝒌!𝟏𝒋!𝟏 = 𝒗𝒓𝒏𝒌!𝟏,𝒌
𝒋!𝟏 (2-16)
𝑭𝑺𝟏,𝒌!𝟏𝒋!𝟏 = 𝑭𝑺𝒏𝒌!𝟏,𝒌
𝒋!𝟏 − 𝒑𝒌!𝟏𝒋!𝟏 (𝑨𝒓𝒌!𝟏 − 𝑨𝒓𝒌) (2-17)
Utilizando a técnica de diferenças atrasadas para a seção k+1, as forças encontradas
nos pontos de mudança de seção, são:
𝑭𝑺𝟏,𝒌!𝟏𝒋!𝟏 = 𝑬𝒓𝑨𝒓𝒌!𝟏
∆𝒕∆𝒔𝒌!𝟏
𝒗𝒓𝟐,𝒌!𝟏𝒋!𝟏 − 𝒗𝒓𝟏,𝒌!𝟏
𝒋!𝟏 + 𝑭𝑺𝟏,𝒌!𝟏,𝒌𝒋 (2-18)
de forma equivalente, a seção K pode ser escrita :
𝑭𝑺𝒏𝒌!𝟏,𝟏𝒋!𝟏 = 𝑬𝒓𝑨𝒓𝒌
∆𝒕∆𝒔𝒌
𝒗𝒓𝒏𝒌!𝟏,𝒌𝒋!𝟏 − 𝒗𝒓𝒏𝒌,𝒌
𝒋!𝟏 + 𝑭𝒏𝒌!𝟏,𝟏𝒋 (2-19)
Por fim, a velocidade para haste não combinada com as devidas simplificações,
é:
𝒗𝒓𝟏,𝒌!𝟏𝒋!𝟏 = 𝒗𝒓𝒏𝒌!𝟏,𝒌
𝒋!𝟏 =𝑨𝒓𝒌∆𝒔𝒌
𝒗𝒓𝒏𝒌,𝒌𝒋!𝟏 !
𝑨𝒓𝒌!𝟏∆𝒔𝒌!!
𝒗𝒓𝟐,𝒌!𝟏𝒋!𝟏
𝑨𝒓𝒌∆𝒔𝒌
!𝑨𝒓𝒌!𝟏∆𝒔𝒌!𝟏
(2-20)
A partir da solução numérica já descrita anteriormente e com as condições
iniciais e de contorno de superfície citadas nesta seção, deve-se descrever a partir deste
conhecimento as condições das falhas do sistema do bombeio mecânico e suas
respectivas condições de fundo, na qual são nessas condições que as falhas como: Pistão
preso e haste partida se diferencial ao modelar o sistema.
2.4.1.1 Pistão preso
Como no tópico anterior foram citadas as condições iniciais e a condição de
contorno de superfície, é necessário descrever as condições de contorno de fundo e
então a modelagem para essa falha ser implementada e consequentemente se prever a
sua carta dinamométrica de superfície e fundo.
Para a modelagem condições de contorno de fundo da falha pistão preso, levou-
se em consideração que o pistão da bomba permanece preso por algum tipo de problema
mecânico, sendo assim a condição de contorno de fundo para essa falha assume que o
movimento e a velocidade devem ser zero. Portanto:
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Eliara de Melo Medeiros 37
u(0,t) =0
v(0,t) =0
A força de fundo a partir da condição de contorno é definida como:
𝑭𝒓𝒏𝒋!𝟏 = 𝑭𝒓𝒏
𝒋 −𝑬𝒓𝑨𝒓∆𝒕 𝑽𝒓𝒏
𝒋!𝟏!𝑽𝒓𝒏!𝟏𝒋!𝟏
∆𝒔 (2-21)
2.4.1.2 Haste Partida
Seguindo o mesmo raciocínio da modelagem da falha pistão preso, citada
anteriormente, para se implementar as condições de contorno da haste partida deve-se
levar em conta à ausência de carga na bomba, ou seja, as condições assumidas são
descritas como:
𝑽𝒓𝒏𝒋!𝟏 = 𝑽𝒏!𝟏
𝒋!𝟏 − (𝑭𝒓𝒏𝒋!𝟏!𝑭𝒓𝒏
𝒋 )∆𝒔𝑬𝒓𝑨𝒓∆𝒕
(2-22)
𝑭𝒓𝒏𝑱!𝟏 = − 𝑷𝒄𝒂𝒃 + 𝑹𝒐𝒇𝒈𝑫𝒃 𝑨𝒓 (2-23)
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Capítulo 3
Metodologia e Desenvolvimento
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Eliara de Melo Medeiros 39
3. Metodologia e Desenvolvimento
Este capítulo é dividido em duas partes distintas. Primeiramente é apresentada de
forma sucinta a interface, onde o usuário insere os dados solicitados. Já na segunda
parte é apresentada com mais detalhes o “módulo de falhas”, que abordará a modelagem
individual das falhas que serão desenvolvidas neste trabalho (haste partida, pistão preso
e interferência de gás) para previsão dos seus diagnósticos por meio da interpretação das
suas respectivas cartas dinamométricas de superfície ou fundo.
3.1 Interface Primeiramente decidiu-se como seria feita a implementação computacional.
Partindo dos critérios de se ter uma facilidade na criação, manuseamento e fácil acesso,
decidiu-se que a elaboração seria através do Excel, pois ele possui um ambiente de
desenvolvimento, Visual Basic for Applications (VBA), é possível escrever códigos de
programação.
A partir da interface desenvolvida por SOARES (2016), apresentada nas Figuras
3-1 e 3-2, criou-se um subitem, módulo de falhas, que seria responsável pela previsão
das cartas dinamométricas das falhas desenvolvidas neste trabalho.
Nessa interface os dados inseridos são referentes aos:
• Equipamentos instalados: Coluna de haste, haste polida e revestimento,
bomba, coluna de produção, propriedade do material da haste;
• Propriedades dos fluidos produzidos;
• Condições operacionais;
• Dados para carta dinamométrica: informações do método de Gibbs e ao
módulo de falhas.
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Figura 3-1 Interface
Figura 3-2 Interface Carta dinamométrica
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3.2 Módulo de falhas No módulo de falhas presente na interface, dispõe de quatro opções de escolha.
A primeira delas é nenhuma, ou seja, não existe falha e o resultado da carta
dinamométrica é a normal. As outras opções são: haste partida, pistão preso e
interferência de gás, na qual a partir da sua escolha, o resultado vai ser uma previsão da
carta dinamométrica característica dessas falhas. Um fluxograma do funcionamento
dessa ferramenta computacional é mostrado a seguir na Figura 3-3.
Figura 3-3 Fluxograma indicando o funcionamento geral da ferramenta computacional.
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3.2.1 Haste Partida
Baseada na equação da onda amortecida e na solução numérica proposta
COSTA(1995) e descrita no Capítulo 2, ao selecionar a opção haste partida, irá abrir
um formulário, Figura 3-4, onde o usuário deve informar à profundidade onde vai
ocorrer a ruptura da haste, na coluna de haste.
Figura 3-4 Formulário para haste partida.
Com a seleção dessa opção, serão calculadas algumas variáveis importantes
necessárias para a resolução da equação diferencial, tais como: velocidade do som,
incremento do tempo, comprimento dos segmentos acima da ruptura da coluna e
incremento da variação do ângulo da manivela.
A velocidade do som (Vsom) é dada por:
𝑽𝒔𝒐𝒎 = 𝑬𝒓𝝆𝒐𝒓
(3-1)
sendo 𝐸!, o módulo de elasticidade do material das hastes e ρor a massa específica do
material da coluna de hastes.
O incremento de tempo é utilizado na solução da equação diferencial parcial,
devido às derivadas em função do tempo.
∆𝒕 = 𝑻𝒄𝒊𝒄𝒍𝒐𝑵𝑷𝑪
(3-2)
onde: NPC é o número de pontos da carta dinamométrica, N é a velocidade de bombeio
em CPM e Tciclo o tempo de um ciclo de bombeio que corresponde a:
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𝑻𝒄𝒊𝒄𝒍𝒐 =𝟔𝟎𝑵
(3-3)
Na solução da equação diferencial parcial é necessário discretizar a malha, ou
seja, dividir a coluna de hastes em vários segmentos. O incremento mínimo para os
segmentos é dado em função de uma condição de estabilidade, onde:
∆𝒕 ≤ ∆𝑺𝑽𝒔𝒐𝒎
(3-4)
Portanto:
∆𝑺 = ∆𝒕 𝑽𝒔𝒐𝒎 (3-5)
Em seguida, são calculados os coeficientes para o ciclo de bombeio, logo após,
calcula-se o peso da coluna de hastes e são definidas as condições de contorno da
superfície, condições iniciais, já citadas no Capítulo 2, e as condições de contorno de
fundo.
Depois de definidas as condições para a solução da equação diferencial e por fim
a solução da equação diferencial e os devidos cálculos, o resultado gerado será uma
carta dinamométrica de superfície e fundo, na qual a carta de fundo será uma carta
dinamométrica sem carga de fluido.
Figura 3-5 Fluxograma indicando o funcionamento da falha por haste partida
Início Inserir
Profundidade de ruptura da haste
Cálculo das variáveis: Vsom, Δt e Tciclo.
Coeficientes Peso da coluna de hastes
Condições iniciais e contorno
Solução numérica
Exibição das CDS e CDF para
haste partida Fim
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3.2.2 Pistão Preso
Ao selecionar a opção pistão preso no módulo de falhas, afirma-se que o pistão
da bomba está sem movimento, ou seja, velocidade e movimento vão ser considerados
zeros. Este tipo de falha segue o princípio da falha anterior, envolvendo as mesmas
condições de contorno de superfície e condições iniciais, diferenciando nas condições
de contorno de fundo, vista no Capítulo 2.
O resultado desta simulação para um pistão sem movimento será uma carta
dinamométrica de superfície e fundo bem característica desse tipo de falhas, ou seja,
sem alterar sua posição.
Início Cálculo das
variáveis: Vsom, Δt e Tciclo.
Coeficientes
Peso da coluna de hastes
Condições iniciais e contorno
Solução numérica
Exibição das CDS e CDF para
pistão preso Fim
Figura 3-6 Fluxograma indicando o funcionamento da falha por pistão preso
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Eliara de Melo Medeiros 45
3.2.3 Interferência de Gás
Na simulação desta falha, escolhe-se um valor alto para a razão gás-óleo (RGO) do
poço e, como essa falha está relacionada à grande presença de gás na bomba e está
profundamente ligada a uma ineficiência de separação de gás na entrada da bomba, então, a
interferência de gás deve ser avaliada em conjunto com a variável eficiência de separação
de gás no fundo. Para tanto, ao se selecionar a opção interferência de gás, a partir de um
formulário, Figura 3-5, informa-se os valores de RGO e Eficiência de separação.
Portanto, ao se informar altos valores de RGO e uma baixa eficiência de
separação de gás no fundo, o resultado será uma carta dinamométrica característica
desse tipo de falha.
Figura 3-7 Formulário da falha interferência de gás.
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__________________________________________
Capítulo 4
Resultados e Discussões
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4. Resultados e Discussões
Para testar a ferramenta computacional desenvolvida para diagnosticar as falhas a
partir das cartas dinamométrica, utilizaram-se dados de um poço fictício, conforme as
Tabelas 4-1 e 4-2.
Tabela 4-2 - Dados de entrada utilizados na simulação.
Tabela 4-1 Dados de entrada utilizados na simulação.
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Eliara de Melo Medeiros 48
Com os dados obtidos, Tabela 4-1 e Tabela 4-2, foi possível gerar as cartas
dinamométricas de superfície e fundo para cada opção contida no item módulo de falha.
Analisou-se o formato obtido nas cartas e as variáveis como: máxima carga (PPRL),
carga mínima (MPRL) e o torque máximo (PT). E por fim, cartas geradas foram
comparadas com resultados do Simulador de Bombeio mecânico.
Primeiramente a partir dos dados, inseridos, analisou-se individualmente cada falha
presente no módulo de falhas. Dessa forma para Haste Partida, percebe-se nas Figuras
4-1 e 4-2, que as cartas dinamométricas de superfície e fundo apresentam semelhança
com as cartas geradas através do Simulador de bombeio Mecânico, Simulador de BM,
desenvolvido por NASCIMENTO (2005).
Figura 4-1 Comparação das cartas de superfície para falha por haste partida.
Tabela 4-2 Dados de entrada utilizados na simulação
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Figura 4-2 Comparação das cartas de fundo para falha por haste partida.
A partir das cartas desenvolvidas, calculou-se a carga máxima, carga mínima e o
peak torque (torque máximo), conforme mostrado na Tabela 4-3. Para melhor
interpretação, compararam-se as variáveis do programa desenvolvido com as variáveis
obtidas a partir do simulador e então calcular o erro relativo, a partir da Equação 4-1.
𝑬𝒓𝒓𝒐 % = |𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓𝒔𝒊𝒎𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓!𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒅𝒐|𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓𝒔𝒊𝒎𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓
(4-1)
Tabela 4-3 - Erro relativo para Haste Partida
Simulador Desenvolvido Erro (%) PPRL (lbf) 3203 3221,4664 0,576534499 MPRL (lbf) 2123 2103,85 0,902025436 PT (lbf. In) 27006 27940,316 3,459660816
Segundo NASCIMENTO (2005), a inclinação presente nas cartas com haste
partida, depende da frequência de bombeio, ou seja, quanto menor a frequência de
bombeamento, menor será a inclinação da carta. Sendo assim, conclui-se que a
inclinação de uma carta de haste partida está intimamente ligada à frequência de
bombeio.
Ao analisar a segunda falha, Pistão preso (Figuras 4-3 e 4-4), permite-se a
avaliação da carga máxima nas hastes e análise das tensões de ruptura das hastes.
Comparando as cartas dinamométricas obtidas no Simulador de BM e a ferramenta
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computacional desenvolvida, percebeu-se que o formato é o mesmo da carta padrão, já
discutida no Capítulo 2. Comparou-se os resultados a partir das variáveis escolhidos
como parâmetro e calculou-se o erro relativo, conforme a Tabela 4-4.
Tabela 4-4 - Erro Relativo para Pistão Preso
Simulador Desenvolvido Erro (%) PPRL (lbf) 35803 35749,09 0,150573974 MPRL (lbf) 9605 9618,9652 0,145395107 PT (lbf. In) 554900 653253,13 17,72447828
Figura 4-3 Comparação das cartas de superfície para falha por pistão preso
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Figura 4-4 Comparação das cartas de superfície para falha por pistão preso
Na falha, interferência de gás, Figuras 4-5 e 4-6, observou-se que para os altos
valores de RGO e para uma baixa eficiência de separação a carta dinamométrica de
fundo obtida, apresenta um aspecto parecido com a de pancada de fluido, citada no
Capítulo 2, porém com uma curva mais suave no curso descendente, devido à
compressibilidade do gás.
Ao comparar a carta dinamométrica de superfície e fundo, nota-se visivelmente
uma diferença nos formatos das cartas, isso se deve ao fato dessa falha não possuir uma
modelagem própria e depender da manipulação de variáveis. Devido a isso, para
comprovar e melhor interpretar o resultado obtido, calcularam-se os erros relativos, de
acordo com a Tabela 4-5.
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Figura 4-6 Comparação das cartas de fundo para interferência de gás
Figura 4-5 Comparação das cartas de superfície para interferência de gás
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Tabela 4-5 Erro Relativo para Interferência de Gás
Simulador Desenvolvido Erro (%) PPRL (lbf) 13168 12285,32187 6,703205715 MPRL (lbf) 9268 8304,06143 10,40071828 PT (lbf. In) 97488 99531,51103 2,096166742
Por fim, nota-se que o programa desenvolvido e o Simulador de BM ao gerar as
cartas e compará-las têm uma precisão considerável. Porém, para melhor eficácia do
programa deve-se testar um maior número de poços.
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Capítulo 5
Conclusão e Recomendações
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5. Conclusões e Recomendações
Neste trabalho foi apresentado o desenvolvimento de uma ferramenta computacional
para o método de elevação artificial de petróleo, bombeio mecânico, tal ferramenta é
capaz de apresentar através da previsão das cartas dinamométricas as falha e o
comportamento do sistema de BM. Porém, de todas as falhas e condições operacionais
citadas, apenas três foram desenvolvidas, foram elas: haste partida, pistão preso e
interferência de gás. Sendo as outras abordadas teoricamente, mas não desenvolvidas na
prática devido a uma modelagem mais complexa.
A metodologia empregada para obter as cartas dinamométricas foi baseada na
modelagem descrita (COSTA, 1995) algumas alterações, obtendo a equação do
movimento e então através das soluções numéricas em conjunto com os critérios e
condições desenvolvidas para as falhas, a modelagem do sistema.
No intuito de validar a ferramenta computacional desenvolvida, compararam-se as
cartas obtidas através dessa ferramenta com as fornecidas pelo Simulador de BM,
utilizando-se apenas os dados de um poço virtual. Todas as cartas geradas foram
similares às obtidas pelo simulador e os formatos também estavam de acordo com os
previstos na literatura, provando que o programa atingiu o objetivo proposto e podendo
ser usada para efeito didático.
Embora as cartas dinamométricas sejam facilmente obtidas, o desafio maior é a sua
interpretação, ainda mais quando essas cartas diagnosticam falhas no sistema do
bombeio mecânico, sendo necessário um maior estudo e interpretação para determinar o
tipo de falha característica.
Por fim, como recomendação para trabalhos futuros baseados na ferramenta
computacional, seria interessante rever a modelagem para melhorar a precisão das
cartas, testar a ferramenta em mais poços, para então ser validada para poço real e
incorporar as outras condições operacionais: pancada de fluido, eficiência da bomba e
parafinação.
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Referências Bibliográficas
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