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Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao
Imaculado Coração de Maria
pelo Padre Nicholas Gruner, S.T.L., S.T.D. (Cand.)
Numa alocução proferida perante os Bispos, padres e leigos reunidos na conferência
Última Oportunidade para a Paz Mundial, em Tuy, Espanha, em 6 de Outubro de 2006, o
Padre Nicholas Gruner, estudioso de Fátima de reconhecido mérito, fez uma apresentação
geral da Mensagem de Fátima, e mostrou como a chave da Mensagem é a devoção ao
Imaculado Coração de Maria. Se persistirmos nesta devoção, a Rússia será consagrada ao Seu
Imaculado Coração e convertida à Fé Católica e à sua prática fervorosa, e teremos um período
de paz como nunca foi conhecido desde o nascimento de Cristo.
Segue-se uma transcrição editada da alocução do Padre Gruner.
A Santíssima Virgem Maria foi enviada por Deus para o nosso século, para ajudar
as pessoas do tempo presente. E Ela foi enviada numa situação muito histórica. Nesta
alocução, gostaria de lhes explicar algum do contexto. Não posso mesmo fazer-lhe
justiça, porque todos nós estamos demasiado próximos da situação, mas vou tentar,
porque todos precisamos da Sua ajuda para ouvir e compreender e pôr em prática a Sua
Mensagem de Fátima.
A chave de toda a Mensagem de Fátima é a devoção ao Imaculado Coração de
Maria. É simples, mas, apesar da sua simplicidade, podemos não dar por ela.
Recordemos as palavras de Nosso Senhor: “A não ser que vos torneis como criancinhas,
não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt. 18:3)
A Mensagem de Nossa Senhora é da maior simplicidade.
Vejamos a visão do inferno em 13 de Julho de 1917. Esta é a primeira parte do
Segredo. A Santíssima Virgem abriu as mãos. Das Suas mãos saiu uma luz, e esta luz
caiu no chão à Sua frente, entre Ela e os três pastorinhos.
A Irmã Lúcia descreveu assim esta visão: “vimos como que um mar de fogo.
Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas
transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio,
levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo
para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso
nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia
estremecer de pavor.”
Lúcia disse que olharam em súplica para a Santíssima Virgem, porque teriam
morrido de medo se Nossa Senhora não lhes tivesse prometido levá-los para o Céu, e se
a visão não fosse tão breve.
As primeiras palavras da Santíssima Virgem, depois de mostrar a visão aos
pastorinhos, foram estas: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres
pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado
Coração.”
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Portanto, para salvar os pecadores, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao
Imaculado Coração de Nossa Senhora.
Acho que, mesmo que tenha acontecido no passado que a devoção ao Santíssima
Virgem tenha sido praticada melhor e mais frequentemente do que é praticada hoje, esta
devoção não foi suficientemente estabelecida, na opinião de Deus. Acho que, no plano
de Deus, ainda não foi estabelecida no mundo, nem agora nem em qualquer outra altura
da história da Igreja. Por isso, Deus quer que a devoção ao Imaculado Coração seja
estabelecida em todo o mundo.
A salvação das nossas almas
Deus tem várias razões para isto. Uma, que nos foi explicada, é a salvação das
almas. Muitas almas se salvarão quando esta devoção for estabelecida. Isto quer dizer
que, enquanto não for estabelecida, estas almas não serão salvas. Portanto, aqui está
mencionado o objectivo salvífico de Deus.
Claro que há outras razões, além desta. Uma, certamente, é que Jesus quer honrar
a Sua Mãe. Santo Afonso disse-nos que a devoção à Santíssima Virgem Maria é
necessária para a salvação.
Hoje em dia, dizer tal coisa a um grupo de Católicos não é sempre aceite. Gostaria
de pôr esta afirmação em perspectiva.
Em primeiro lugar, a salvação das almas é a lei suprema da Igreja. Sabemos disso
como um axioma da lei. Também sabemos que é um axioma da teologia pastoral. Até
aparece também no novo Código de Direito Canónico, no último Cânone, que a lei
suprema da Igreja é a salvação das almas.
Foi Nosso Senhor quem disse: “O que serve a um homem ganhar todo o mundo,
se perder a sua alma?” (Mt. 16:26) Portanto, no decurso da vida de uma pessoa, a coisa
mais importante é salvar a sua alma.
S. Paulo disse-nos que se a salvação vier da lei — da prática cerimonial — ou se a
salvação vier de qualquer outro lado, então Cristo morreu em vão. Cristo morreu para a
nossa salvação.
Nosso Senhor disse-nos que “Ninguém tem um amor maior do que quando um
homem dá a vida pelos seus amigos.” (Jn. 15:13) Nosso Senhor deu a Sua vida por nós
e pela salvação de todos. Não teria dado a Sua vida se houvesse outra maneira de o
fazer.
Além disso, a nossa salvação é da maior importância. E por isso, devemos ter
presente que este é o primeiro objectivo da Mensagem de Fátima.
Mas porquê a devoção à Santíssima Virgem? Não haverá outras coisas
importantes de que temos necessidade para a salvação, além da devoção ao Imaculado
Coração?
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Primeiro que tudo, sabemos que não há salvação fora da crença em Deus. Como S.
Paulo disse aos Hebreus: “Porque quem vem para Deus deve acreditar que Deus existe e
dá uma recompensa a quem O procura.” (Hebr. 11:6)
Também não há salvação fora do nome de Jesus. Não há outro nome, debaixo do
Céu, a quem se atribua a salvação, como se lê nos Actos dos Apóstolos.
A Igreja declarou e definiu isto em três ocasiões distintas: no IV Concílio de
Latrão de 1215; na Bula Unum Sanctum, em 1302; e na Bula Cantate Domino do
Concílio de Florença, em 1441. A última declaração é aquela em que o Papa Eugénio
IV disse: “Fora da Igreja Católica não há salvação.” Não é uma coisa que se diga muito
nos dias que correm, mas o facto é que se trata de um dogma infalível da Fé, que não
pode ser mudado.
Por isso, é importante reparar na progressão, na mesma progressão que o Papa
Leão XIII nos deu. Toda a graça chega-nos de Deus através da humanidade sagrada de
Jesus Cristo, através da Igreja. Mas falta um pormenor, e isto é o que não é sublinhado.
A progressão é Deus, Jesus, a seguir a Santíssima Virgem, e depois a Igreja, nessa
ordem de importância. A Santíssima Virgem é a Rainha da Igreja. É a Mãe da Igreja.
Santo Afonso prova que, fora da devoção à Santíssima Virgem Maria, também
não há salvação. Por isso, é importante compreendermos estas outras verdades: a
existência de Deus e que Deus recompensa quem O procurar; que Jesus é o nosso
Salvador; e que não podemos salvar-nos a não ser pelo Seu Sangue, pelo Seu
oferecimento por nós, e invocando o Seu nome.
Mas o que não tem sido compreendido e sublinhado suficientemente — e isto não
é só a minha opinião, mas o ensinamento de Deus — é que Deus quer estabelecer no
mundo a devoção ao Imaculado Coração, para que as almas se salvem.
S. Tomás diz-nos que Deus envia profetas a cada geração, não para dar uma
doutrina nova, mas para recordar aos fiéis o que devem fazer para salvarem as suas
almas. Assim, para salvar as almas de hoje, Deus enviou a Sua Mãe a Fátima para dar
ênfase a uma doutrina que não era suficientemente compreendida. E por isso é que
Nossa Senhora disse: “Deus quer”.
Algumas traduções dizem que Deus “deseja”, mas, como S. Francisco de Sales
sublinha, há uma grande diferença entre desejar e querer alguma coisa. Ele até dedica
bastante espaço a este tema no seu livro A introdução à vida devota.
Não é só que Deus “deseja”. Deus espera. E Deus cumprirá a Sua vontade. Deus
estabelecerá no mundo a devoção ao Imaculado Coração. A única questão perante nós é
se aprenderemos a lição a tempo para salvar a nossa geração.
Dizem-nos que no fim o Imaculado Coração de Nossa Senhora triunfará. E
algumas pessoas perguntam-me: “Para que havemos de maçar-nos a promover a
Mensagem de Fátima, se Deus há-de fazê-la cumprir-se de qualquer maneira?” A razão
é esta: cada um de nós só viverá um certo tempo. Alguns de nós vivem vinte, trinta,
quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta ou noventa anos, mas em certa altura a
nossa vida chega ao seu termo.
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A importância da Mensagem de Fátima
A Mensagem de Fátima foi dada em 1917 — há 89 anos. Durante esse tempo,
muita gente nasceu e morreu, e há-de chegar a altura em que todos nós havemos de
morrer. A questão perante nós é se faremos o que nos compete para estabelecer esta
devoção ao Imaculado Coração antes que seja tarde demais para muitos de nós e para
milhões, se não milhares de milhões, dos nossos contemporâneos.
É difícil exagerar a importância de Fátima. É igualmente difícil exagerar o
significado de Fátima, não só para o nosso tempo mas também para toda a história da
humanidade, quer encaremos a história do ponto de vista temporal, quer do espiritual.
Vou tentar dar algum contexto a isto. Tenho a certeza que já ouviram falar dos
Maçons. Um dos Grão-Mestres mais notórios do Século XIX foi Albert Pike. Pike foi
um General da Confederação, que, no seu tempo, era o Maçon mais importante da
América. Re-escreveu pessoalmente os Rituais do Rito Escocês, e em 1859 foi eleito
Soberano Grande Comendador do Conselho Supremo da Maçonaria do Rito Escocês na
Jurisdição do Sul dos Estados Unidos. Foi também um dos fundadores do Ku Klux
Klan.
Nos seus escritos, Pike desejou três guerras mundiais. Não viveu para as ver, mas,
de facto, a Maçonaria conseguiu fomentar duas guerras mundiais. E agora, os líderes
mundiais não estão a discutir se mas quando começará a 3ª Guerra Mundial. E, a
propósito, está predito que a 3ª Guerra Mundial dar-se-á entre o Cristianismo e o Islão,
o que resultará no enfraquecimento de ambos, o que levará ao reinado do Anticristo.
A 1ª Guerra Mundial e a 2ª Guerra Mundial são história. A própria Nossa Senhora
falou da 1ª Guerra Mundial. Disse que “A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de
ofender a Deus, no reino de Pio XI começará outra pior.”
Disse isto para evitar o castigo da guerra, fome, perseguição da Igreja e
perseguição do Santo Padre; e pedia duas coisas: a Comunhão de Reparação nos
Primeiros Sábados, e a Consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração.
Um pedido muito importante
A maior parte das pessoas nesta cidade de Tuy ainda hoje não sabem que o pedido
mais importante de Fátima foi recebido nesta cidade. É uma cidade muito histórica, que
vem do tempo anterior ao nascimento de Cristo. Foi desta cidade que o Rei de Espanha,
Fernando III, recuperou aos Mouros a terça parte de Espanha no seu longo reinado de
quarenta e cinco anos. Demorou ao todo 770 anos para completar a reconquista de toda
a Espanha. E também havia a Rainha Católica, Isabel, que lançou o chamado
descobrimento do novo mundo, se não a partir de Tuy, nesta região, creio eu.
Esta cidade está sob uma promessa concedida por S. Pedro Gonzalez Telmo: que
embora esta cidade, como todas as cidades, mereça castigo, receberá de Deus uma
protecção especial, não só para o tempo de S. Telmo, mas para os séculos futuros.
Esta cidade foi escolhida para o pedido mais importante de Fátima, porque este
pedido é o fulcro. Não pode acontecer sem se cumprirem os outros pedidos. Mas todos
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os outros pedidos não poderão realizar-se, nem cumprir-se a devoção ao Imaculado
Coração, sem antes se fazer a Consagração da Rússia.
Como todos nós sabemos, não importa de que parte do mundo tenhamos vindo,
que houve dois aviões que chocaram contra o World Trade Center em Nova Iorque.
Fosse quem fosse o responsável por isso — e, de facto, há na América do Norte uma
controvérsia sobre quem realmente o fez — fez uma declaração profunda e pública
através dos seus actos.
Se o homem sabe estabelecer ou explicar uma posição de forma muito pública,
Deus sabe muito melhor o que se deve fazer. Deus tenciona estabelecer no mundo a
devoção ao Imaculado Coração. E isso acontecerá quando Deus o declarar, não tanto
pelas Suas palavras como pelas Suas acções, o que será — todo o mundo há-de ver —
muito mais dramático do que qualquer coisa que o homem possa fazer.
Há alguns paralelos na história. No Velho Testamento, temos o relato de Moisés, a
guiar o então povo de Deus do Egipto para a Terra Prometida. Os egípcios então
mudaram de ideias e decidiram massacrar os israelitas enquanto fugiam do Egipto. Os
exércitos egípcios foram em sua perseguição. Moisés e o seu povo não tinham protecção
e estavam encurralados. Estavam à beira do Mar Vermelho e não tinham para onde ir.
Se se recordam, Deus deu ordem a Moisés — a um só homem — que estendesse o
seu varapau sobre o Mar Vermelho. Quando isso aconteceu, o mar abriu-se e eles
passaram, dirigidos por nada menos que Maria (Miriam), a irmã virgem de Moisés. E
quando chegaram ao outro lado, Moisés baixou a sua vara e a água esmagou os
inimigos que vinham a persegui-los através do Mar Vermelho.
Os perigos que ameaçam a Fé
Foi um acontecimento histórico, mas também é um símbolo da nossa situação
hoje. Os fiéis católicos estão cercados. Podemos recorrer ao Cardeal Ratzinger — hoje
Papa Bento XVI — para compreendermos isto, quando ele disse, em 1984, que o
Terceiro Segredo refere-se aos “perigos que ameaçam a Fé e a vida do Cristão e,
consequentemente (a vida) do mundo.” (Cf.
http://www.fatima.org/port/thirdsecret/pratzinger.asp)
Em italiano, quando uma pessoa fala de um “Cristão”, só há um Cristão, que é o
Católico, porque a Itália é quase toda católica, pelo menos de nome. Portanto, eles não
se referem, com o é o caso nos países protestantes, a “Cristãos” como membros de
outras denominações religiosas.
Portanto, vou dizer de outra maneira. O Terceiro Segredo refere-se aos “perigos
que ameaçam a Fé e a vida do Cristão e, consequentemente (a vida) do mundo.”
O Cardeal Ratzinger usou a palavra dunque, que é uma maneira bastante formal de
dizer “portanto”. Porque é que ele disse “consequentemente (a vida) do mundo”?
Podemos encontrar a resposta no Sermão da Montanha, em que Nosso Senhor disse:
“Vós sois o sal da terra. Mas se o sal perde o sabor, como é que se salgará? Só serve
para ser deitado fora e para ser pisado pelos homens.” (Mt. 5:13)
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Assim, o Cardeal Ratzinger começa por falar nos perigos para a Fé, para a Fé
Católica. E a seguir aos perigos para a Fé temos, pois, os perigos para a vida do
Católico, e a seguir a isso os perigos para a vida do mundo.
Quando Nosso Senhor disse: “Vós sois o sal da terra”, estava a referir-se não só ao
clero católico, mas também a todos os Católicos baptizados. Se os Católicos perdem a
sua Fé em Cristo, se cometem uma apostasia, são como o “sal da terra” que “perde o
sabor”, e então não servem para nada mais do que para serem deitados fora e pisados
aos pés.
E assim, quando o Católico cai numa tentação contra a Fé, e por conseguinte falha
na prática da sua religião; por outras palavras, quando é dominado pelos “perigos que
ameaçam a Fé”, então já não serve para nada, e portanto a sua vida está em risco de ser
calcada aos pés, como Nosso Senhor disse do sal que perde o seu sabor. O
“consequentemente (a vida) do mundo” refere-se a quando a maioria dos Católicos
perdem o seu sabor, como na Grande Apostasia predita nas Sagradas Escrituras (em que
aparentemente já estamos agora); então deixa de haver sal que faça o mundo agradável a
Deus, e portanto não resta nada no mundo para desviar o castigo enviado por Deus à
humanidade pecadora, que, como disse o Papa Pio XII, é agora pior do que antes do
Dilúvio.
Isto concorda exactamente com o que o Cardeal Ciappi disse sobre o Terceiro
Segredo de Fátima: “No Terceiro Segredo está predito, entre outras coisas, que a grande
apostasia na Igreja começará pelo cimo.”
No Capítulo 18 do Génesis lemos que Deus disse a Abraão que, se ele pudesse
encontrar cinquenta homens justos — ou quarenta e cinco, ou quarenta, ou vinte e
cinco, ou dez, ou até mesmo cinco homens justos — em Sodoma, Ele pouparia a cidade,
por sua causa. Mas como não pôde encontrar cinco homens justos, a cidade foi
castigada por Deus.
Temos também o exemplo de Moisés: o seu exemplo de obediência às ordens de
Deus. E um simples acto de obediência salvou o povo.
É por isto que todos nós estamos, de certa maneira, nas mãos do Papa. Porque foi
dito: “É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer e ordene a
todos os Bispos Católicos do mundo que façam a Consagração da Rússia…prometendo
salvá-la por este meio.” De facto, Ele salvará todo o mundo por este meio.
Porquê a Consagração da Rússia?
As pessoas perguntam por que razão a Consagração da Rússia é necessária. Para
compreendermos isto, vejamos o exemplo de David. (1 Reis 17) David tinha à volta de
18 anos, e tinha sete irmãos. O profeta Samuel veio e disse ao pai de David: “Um dos
teus filhos vai ser ungido rei.” E Jessé, o pai de David, levou os sete filhos mais velhos
ao profeta. Este olhou para o primeiro e disse: “não, este não.” E depois o segundo:
“não, não é este.” E o terceiro também não. E o mesmo aconteceu ao quarto filho, e ao
quinto, e ao sexto, e ao sétimo. Nenhum deles era digno de tal.
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“Tens outros filhos?” perguntou o profeta. “Sim,” disse o pai de David, “Tenho
mais um; está em casa a guardar as ovelhas.” “Trá-lo cá,” disse o profeta. E quando o
profeta viu David, reconheceu-o como aquele que Deus escolhera.
Portanto, estamos a falar de uma consagração em particular. Usámos este
exemplo de David porque, se recordarmos a história de Golias, foi depois de David ter
sido consagrado que foi capaz de matar Golias.
Golias, segundo as Sagradas Escrituras, era um gigante de tamanha altura, levava
armadura e era mais alto do que a maior parte das pessoas. Este gigante passou quarenta
dias e quarenta noites a provocar os israelitas e a dizer: “Não encontrais entre vós um
homem que possa combater comigo, um contra o outro?” Passaram quarenta dias e
quarenta noites e não se achava um só homem em Israel que aceitasse o desafio.
E Golias blasfemou contra Deus, dizendo qualquer coisa como isto: “Pensava que
tinham dito que Deus estava do vosso lado. Então, onde está Ele? Não aceitam o meu
desafio?”
David aceitou o desafio de Golias. E, claro está, David era muito mais pequeno;
ainda não tinha atingido a estatura de um adulto. Saul deu-lhe a sua armadura, mas a
armadura era pesada demais para David a usar. David era de menor estatura que quase
todos os soldados de Israel. Mas foi a David que coube a tarefa de matar Golias. Ora ele
não o podia ter feito sem ser primeiro consagrado.
A Consagração da Rússia é como um exorcismo. É como uma rededicação. Mas é
mais do que isso. A Rússia, depois de consagrada, ficará com o encargo de matar a
besta do Apocalipse.
Se estudarmos cuidadosamente o que os Papas nos disseram quando foram a
Fátima, eles tentaram dizer-nos o Terceiro Segredo. Mas o Segredo é tão potente que a
maior parte de nós ficaria tonta da primeira vez que o ouvíssemos.
O Padre Malachi Martin disse que, quando o Terceiro Segredo for finalmente
revelado, as igrejas irão encher-se, e toda a gente se porá de joelhos e a bater no peito, e
irá pôr-se em longas filas para se ir confessar.
Disse isto num programa de rádio transmitido para milhões de pessoas. (Eu sei
que milhões de pessoas ouvem esse programa, porque quando colaborei nele tínhamos
900.000 pessoas a visitam o nosso site num só dia.) O Padre Martin falou neste
programa cerca de um ano antes de morrer em 1999.
“O Segredo é tão potente”, disse ele, “que, embora haja homens muito importantes
e poderosos, e homens muito inteligentes e dotados, no Vaticano, nem sequer um quer
tocar nisto, nem de longe. É tão potente como isto.”
O Papa Pio XI disse que os erros da Rússia — isto é, o Comunismo — não vieram
da Rússia. O Comunismo foi importado do exterior. Penso que saberão alguma coisa
sobre a história da revolução russa. O dinheiro que pagou a revolução russa, a revolta
das tropas russas, foi dos Estados Unidos, do bairro oriental de Nova Iorque.
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Esse dinheiro foi mesmo apreendido e ficou durante algum tempo a cargo da
Marinha canadiana. A Marinha canadiana foi criada em 1917, e a sua única acção
significativa durante a 1ª Guerra Mundial foi capturar o navio que levava Leon Trotsky,
com 25 milhões de dólares em ouro. (Trotsky, a propósito, era acompanhado por
trezentos criminosos, entre os quais o Presidente do Partido Democrático dos Estados
Unidos.)
Esse dinheiro vinha dos banqueiros internacionais, cujos nomes foram publicados
pelo Padre Denis Fahey, um sacerdote irlandês de grande coragem, no seu livro The
Rulers of Russia. Ele publicou a lista dos indivíduos que estavam por detrás da
revolução comunista na Rússia. Dá os seus nomes, os seus novos nomes e que posição
ocupavam na Rússia em 1938. Estes dirigentes da Rússia chegaram lá porque a
revolução foi paga com ouro ido da cidade de Nova Iorque.
Isto requer uma explicação. Poderão perguntar porque é que capitalistas, homens
ricos, quereriam pagar uma revolução, pagar um sistema que ataca a riqueza e quer
apoderar-se dela e colocá-la sob o controlo do Estado. Parece uma contradição, mas não
é.
Antes de ter estudado para me ordenar, estudei Economia durante cinco anos. Essa
parte da minha educação ajudou a preparar-me para compreender o seu motivo, quando
finalmente o li. Hilaire Belloc escreveu um livro chamado The Servile State em que
explica que, à medida que a difusão da propriedade é mais espalhada, há mais liberdade.
Mas quando a propriedade privada está nas mãos de poucos, nós ficaremos cada vez
mais reduzidos a servos, e finalmente a escravos.
É uma relação directa. A liberdade política não pode exercer-se sem liberdade
económica. E porquê? Simplesmente porque a maior parte dos homens e mulheres
preocupam-se seriamente sobre de onde virá a sua próxima refeição. Portanto, se
alguém nos ameaça que nos vai cortar a comida, a maior parte das pessoas fará o que
esse alguém quiser.
Belloc sublinha que o controlo da propriedade e o controlo da riqueza económica
compreendem três elementos: mão de obra, recursos naturais e maquinaria. Mas a
maquinaria não pode existir se não houver reservas. Chamemos-lhe “reservas de
maquinaria”. Quem controla os recursos naturais, e controla as finanças e as invenções,
pode controlar o resto da humanidade.
Assim, que diferença faz ao Sr. Rockefeller se a sua mão direita, controlando o
mercado bolsista, manobra para dominar toda a espécie de riqueza que não lhe pertence,
ou se usa a sua mão esquerda para financiar a revolução que se apodera da riqueza em
nome do povo e acaba por a dar aos mesmos senhores?
Deixem que eu recomende o excelente livro de Deirdre Manifold, Fatima and the
Great Conspiracy. Nele encontrarão essa ligação.
Também encontrarão uma ligação entre o Comunismo e a Maçonaria. Embora a
maior parte dos Maçons não o saibam, o Papa Leão XIII indica que, no cimo, a
Maçonaria e o Comunismo têm os mesmos princípios, as mesmas ideias.
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As Sagradas Escrituras dizem-nos que a iniquidade mentiu a si própria. Isto está
bem caracterizado na Maçonaria. Os níveis inferiores não sabem o que realmente são os
níveis superiores. Como sublinhou Leão XIII, no nível mais alto, o deus da Maçonaria é
Lúcifer, que é Satanás.
Ora bem, assim como Golias desafiou os Israelitas, a Igreja foi também desafiada.
Toda uma fase da história avança para uma confrontação em Fátima. E é apenas pela
intercessão do Imaculado Coração de Maria que a Igreja pode vencer.
O Papa Pio XII declarou que, em 1517, Martinho Lutero disse sim a Deus, sim a
Cristo e não à Igreja. Em 1717, duzentos anos mais tarde, a Maçonaria apareceu em
Londres e disse sim a Deus — não queriam tal, mas enfim, disseram sim a Deus — não
a Cristo e não à Igreja. Duzentos anos mais tarde, em 1917, Marx, através do seu
discípulo Lénine, disse não a Deus. Cada um destes ‘nãos’ será derrubado através da
Consagração da Rússia.
Como eu disse no início, a Mensagem de Nossa Senhora é estranhamente simples,
e tanto assim é que podemos não dar pelo seu essencial se não pensarmos bem nela.
Permitam que retroceda mais um pouco. Em 1054, os Ortodoxos disseram sim a
Deus, sim a Cristo, e sim à Sua Igreja, mas não ao Papa. Dizem que Pedro tem a
primazia de honra, mas não a primazia da jurisdição. A sua falsa crença sobre a
primazia do Papa será abatida pouco depois de o Papa ordenar aos Bispos que façam a
Consagração da Rússia e eles obedecerem.
Os Bispos obedecerão, e pela obediência dos Bispos e do Papa a Nossa Senhora
— Que é Rainha da Igreja e Que pode mandar no Papa e nos Bispos, porque é mais
importante do que eles — o Comunismo será derrubado, a Maçonaria será derrotada, e o
Protestantismo será também destruído.
Cada um destes grupos disse que aniquilaria a Igreja. Com certeza o Comunismo
disse que fosse a matar a Igreja. A Maçonaria disse a mesma coisa. E o Protestantismo,
pelo menos nos seus primeiros tempos, disse a mesma coisa. A perseguição anglicana
aos Católicos na Inglaterra, nos Séculos XVI e XVII, é um exemplo claro.
De um ponto de vista estratégico, a Igreja enfrenta inimigos mortais, que se
declararam contra ela e se comprometeram a vencê-la, a destruí-la. Esta guerra contra a
Igreja está a decorrer em frente dos nossos olhos e nem damos por ela.
Tomemos dois homens: o Sr. Caçador e o Sr. Vítima Potencial. O Sr. Caçador é
um homem forte, com vontade de matar, e que diz ao Sr. Vítima Potencial: “Vou-te
matar.” O Sr. Vítima Potencial, se quiser viver, tem três hipóteses. Pode fugir, para que
o Sr. Caçador não o apanhe. Pode lutar, com a intenção de vencer e portanto de
sobreviver. Ou pode negociar, e tentar persuadir o Sr. Caçador a não o matar.
A Igreja Católica enfrenta estas três hipóteses. Pode fugir, mas para onde há-de
fugir? Tanto a Igreja como os seus inimigos existem à escala mundial, e por isso nem se
põe essa hipótese. Portanto, resta à Igreja lutar ou negociar. Nossa Senhora veio a
Fátima e disse-nos que não devemos negociar. Não venceremos a negociação, e por isso
devemos lutar. Mas devemos lutar com a arma que Ela nos deu, que é a Consagração da
Rússia.
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A ideia que Nossa Senhora tem da retribuição para com os Seus inimigos e da
vitória final é realmente muito suave. Sua Excelência Reverendíssima o Arcebispo
Hilarion Capucci teve a amabilidade de nos oferecer um ícone da Rússia, Nossa
Senhora da Ternura, que é por vezes chamada A Senhora que Salva a Rússia. Nossa
Senhora da Ternura quer que até os Seus inimigos se aproximem do Seu Imaculado
Coração e sejam abraçados por Ela. Quer convertê-los. Assim, se usarmos a arma que
Ela nos dá, Ela converterá os Seus inimigos. É pela conversão que Ela triunfa. Mas nós
devemos dar-Lhe a vitória; não podemos atribuí-la a nós.
A graça de Nossa Senhora
Santo Agostinho explicou que Deus, no Seu grande amor por nós, quer dar-nos
graças especiais, favores especiais. Como Deus é tão bom e tão cheio de amor, quer
fazer isto por nós, embora saiba que não o merecemos. Portanto, Deus está num dilema.
Se dá essas graças à humanidade, encher-nos-emos de orgulho e procederemos contra a
nossa salvação. Mas Deus continua a querer dar-nos essas graças. Como haverá de fazer
isto? Santo Agostinho diz-nos que Deus encontrou um caminho. É pela intercessão e
pelos méritos dos santos.
Santo Afonso de Ligório diz-nos que é uma grande coisa uma pessoa ser tão boa,
com a ajuda da graça de Deus, que mereça a sua salvação. Diz que ainda é coisa maior
uma pessoa ser tão boa que mereça não apenas a sua própria salvação, com a graça de
Deus, mas ainda ajudar e merecer a salvação de outros. Isso, diz Santo Afonso, é o que
os santos fazem. E diz que a maior de todas as coisas é uma pessoa não só merecer a sua
salvação, e até mesmo a salvação de outros, mas também a de toda a humanidade. E
essa graça só foi alcançada pela Santíssima Virgem Maria.
Portanto, Deus reservou a graça da paz mundial, que a humanidade não merece, ao
Imaculado Coração. Mas insiste que Ela deve receber o crédito por isso, tanto para a
nossa humildade como em estrita justiça, porque pertence a Ela. É por isso que Ele não
concederá a paz ao mundo, nem converterá a Rússia, sem esse acto de Consagração ao
Imaculado Coração de Maria.
Algumas pessoas pensam que a Consagração da Rússia é uma espécie de acto de
magia, algo de inacreditável. Mas o facto é que a Consagração será feita à mesma, pela
graça de Deus e pelos méritos da Santíssima Virgem, mas há trabalho para todos nós
fazermos. Temos que cumprir a nossa parte.
A Irmã Lúcia disse-nos que “a Santíssima Virgem está muito triste por ninguém
fazer caso da Sua Mensagem, nem os bons nem os maus.” (Cf. a entrevista de 1957 do
Padre Fuentes com a Irmã Lúcia (em
http://www.fatima.org/port/thirdsecret/frfuentes.pdf ). Os maus, disse, continuam o seu
caminho, sem reparar que o castigo de Deus não deixará de cair sobre eles. Os bons
também têm ignorado a Mensagem de Nossa Senhora. Por isso é que aparecem imagens
e figuras de Nossa Senhora a chora lágrimas de água e lágrimas de sangue. Nossa
Senhora está triste porque ninguém presta atenção à Sua Mensagem.
Em 1951, a Conferência Episcopal Italiana publicou um folhetozinho, dizendo que
Nossa Senhora ainda estava à espera da Consagração da Rússia e que, sem essa
Consagração, a Rússia não se pode converter.
http://www.fatima.org/port/peaceconf/spainport06/transcripts/fg_1.pdf
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A queda do Comunismo: Facto ou falácia?
Não sei se algum de vós visitou a Rússia comunista. Recordo-me de quando cruzei
a fronteira da Áustria para a Hungria em 1971. E o que lhes vou contar é simbólico de
muitas outras coisas.
Quando chegávamos à fronteira, havia uma barreira que descia por detrás de nós e
que nos impedia de voltar para trás, se por acaso mudássemos de ideias. E, como é
evidente, havia uma barreira à nossa frente, para não falar do arame farpado e das torres
de vigilância. Não se podia passar por qualquer das barreiras. Estávamos apanhados no
meio delas. A guarda mudava com três homens — não um, nem dois, mas três homens.
Isto, acho eu, é simbólico de como os comunistas se conseguem instalar de tal
maneira que ninguém pode inverter a situação. E como não há um soldado, nem dois,
mas três soldados, cada um deles com uma espingarda automática, qualquer deles podia
voltar-se contra qualquer um ali presente, até mesmo contra os outros soldados. Era
muito difícil as pessoas libertarem-se.
Poderão dizer que isto já é académico, porque, afinal, o Comunismo acabou, o
Muro de Berlim já veio abaixo, e assim por diante. Acreditem nisso se quiserem. É uma
questão de opinião, que não é, de modo algum, parte da Mensagem de Fátima. Mas
Nossa Senhora disse que os erros da Rússia se espalhariam. Nossa Senhora predisse que
a Rússia havia de dominar, havia de vencer todo o mundo, incluindo os Estados Unidos
(Cf. “Declaração da Irmã Lúcia ao Professor Walsh (15 de Julho de 1946)”, em
http://www.fatima.org/port/consecrussia/srlucy1946.pdf ) — não porque os Estados
Unidos sejam mais importantes do que os outros países, mas porque a maior parte das
pessoas considera que os Estados Unidos são o país mais poderoso.
A Irmã Lúcia disse-nos: “a Santíssima Virgem repetidas vezes B tanto aos meus
primos Francisco e Jacinta como a mim B nos disse: >Que muitas nações desaparecerão
da face da terra, que a Rússia seria o instrumento do castigo do Céu para todo o mundo,
se antes não alcançássemos a conversão dessa pobre Nação.” (Cf.
http://www.fatima.org/port/thirdsecret/frfuentes.pdf ). Só podemos obter a conversão
através da Consagração. Assim, a menos que a Rússia seja consagrada a tempo, todo o
mundo será escravizado pela Rússia.
Como já mencionei, os erros da Rússia não tiveram a sua origem na Rússia;
vieram do exterior. É um facto bem sabido da I Guerra Mundial que os alemães foram
buscar Lénine à Suíça. Isto fazia parte dos seus planos de guerra contra a Rússia. E os
financeiros mandaram da América o ouro que iria pagar a revolução russa.
Mas a partir da altura em que o erro da Rússia — isto é, o Comunismo — se
estabeleceu, não podia ser removido, senão pela Santíssima Virgem, através da
Consagração da Rússia. Então como é que eu explico as alegadas mudanças na
Rússia?
Vou-lhes apresentar um livro de Anatoliy Golitsyn, chamado New Lies for Old.
Neste livro, publicado em 1984, o autor fez 148 predições sobre o que a Rússia iria
fazer. Em 1993, já 94% destas predições tinham acontecido.
http://www.fatima.org/port/peaceconf/spainport06/transcripts/fg_1.pdf
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O Sr. Golitsyn não é um profeta. Não pretende ter visões religiosas. Mas foi Major
do KGB, e, como tal, esteve envolvido no plano de 30 anos dos comunistas para a
dominação mundial. Na década de 1960, disse que, em 1988, eles fingiriam ser fracos
(Enganou-se só por um ano). Com este subterfúgio, estavam a seguir os ensinamentos
de Sun Tzu, o eminente génio chinês da arte da guerra, que disse que toda a guerra se
baseia no engano.
O segundo princípio de Sun Tzu é: quando estiveres fraco, finge que estás forte; e
quando estiveres forte, finge que estás fraco. Mas se vais fingir que estás fraco, deverás
estar muito forte. Os russos planearam fazer isso, e em 1989 começaram a representar
esta charada perante o mundo, fingindo que estavam fracos. Mas estão muito fortes,
muitas vezes mais do que os Estados Unidos. Estão apenas à espera do momento
adequado.
Nossa Senhora disse-nos que os erros da Rússia — o Comunismo — só serão
derrotados através da Consagração da Rússia. Assim, parafraseando o que Nossa
Senhora disse aos dirigentes da Igreja, estão rodeados por inimigos que os querem
matar, tal como aconteceu a Moisés, mas devem usar a Minha arma, tal como Moisés.
Devem consagrar a Rússia e a Rússia converter-se-á. O Mar Vermelho abrir-se-á diante
de vós. E a própria Rússia, quando for consagrada, ficará do vosso lado, e, se for
necessário, matará os vossos inimigos, se eles não se converterem mas, pelo contrário,
continuarem a insistir em matar a Igreja.
Temos também a profecia de S. João Bosco. Este Santo teve muitos sonhos
proféticos, e um deles foi uma visão da Rússia a invadir a França. Quando fazia isto,
levava uma bandeira preta. Mas quando estava em França, a bandeira ficava branca e a
Rússia mantinha-se na Europa Ocidental para a defender. S. João Bosco disse: “A
salvação é do norte, o perigo é do sul.”
Todas as profecias parecem apontar para o seguinte: se a Igreja Católica — os
Bispos, os padres, os fiéis — não prestar a devida atenção a Nossa Senhora, veremos
uma invasão bastante sangrenta da Europa. Será muito curta. Mas, finalmente, a
sabedoria dos santos — que têm, desde há séculos, apontado para o nosso tempo, para
esta geração, para estes últimos anos — conseguirá que reconheçamos finalmente que
só há uma solução, que é consagrar a Rússia ao Imaculado Coração, o que então se fará.
E isto, por sua vez, mudará a bandeira da Rússia de preta para branca. E a Rússia ficará
para salvar a Cristandade, mas apenas pelos méritos da Santíssima Virgem Maria.
A Rússia foi profanada pelo crime de homens que odeiam a Deus — os Satanistas
— que trouxeram o Comunismo para derrotarem a Igreja, para derrotarem a Fé, para
levarem à perda das almas. Quando dizem que estão a lutar pelos pobres, mentem,
porque estão realmente a lutar pelos super-ricos. O seu crime é, em primeiro lugar, não
tanto contra os homens — embora seja certamente contra os homens — mas contra
Deus.
E o que é um crime contra Deus? Se tivermos uma família com, digamos, dez
filhos, e um dos filhos decide organizar os irmãos para lutar contra os pais, usa os
recursos materiais que o pai tem em casa, e recruta os irmãos, ou parte deles, para lutar
contra os seus próprios pais. Isto é um acto de grande impiedade da parte desse filho
rebelde.
http://www.fatima.org/port/peaceconf/spainport06/transcripts/fg_1.pdf
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O que aconteceu na Rússia foi que o demónio enviou os seus homens para se
apoderarem dos recursos do povo da Rússia para lutarem contra Deus, para exportar e
difundir a doutrina satânica do Comunismo. Portanto o crime é, em primeira análise,
contra Deus.
Vemos isso na primeira visão e na terceira visão do Anjo em 1916. O Anjo
apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta antes da Santíssima Virgem, e a primeira coisa
que fez foi ensinar os três pastorinhos a rezar: “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e
amo-Vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e Vos não
amam.”
Portanto, o primeiro crime do nosso século é, em primeiro lugar, contra Deus:
falta de fé, esperança e caridade, e adoração. E nós devemos fazer actos de fé, esperança
e caridade, e adoração, em reparação pelos pecados da humanidade nos nossos dias.
Vemos isto também na terceira aparição do Anjo. O Anjo deu a Sagrada
Comunhão aos pastorinhos. Antes de lhes dar a Comunhão, deixou a Hóstia e o cálice
suspensos no ar, prostrou-se no solo, perante o Santíssimo Sacramento, e disse:
“Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e
ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo,
presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e
indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo
Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres
pecadores.”
Os fiéis — crianças ou adultos, homens ou mulheres — podem erguer um edifício,
por exemplo, oferecendo sacrifícios e orações pela conversão dos pecadores. E assim
aproveitam os méritos infinitos de Nosso Senhor, Que morreu na Cruz. Ele deixou-nos
estes méritos para nós os “trocarmos”, por assim dizer, com Deus Pai pela conversão
dos pecadores, e para compreendermos o tesouro que Ele nos deu na Mensagem de
Fátima.
Gostaria agora de lhes dar algum contexto político. Li recentemente um artigo no
Wall Street Journal que dizia que, num ano, os países do chamado Terceiro Mundo
gastaram aproximadamente 798 mil milhões de dólares na compra de armamento aos
Estados Unidos. E isto apenas num ano.
Ouvi dizer que só a China gasta 800 mil milhões de dólares por ano, apenas em
equipamento militar. Têm armamento do mais sofisticado. De facto, depois dos russos,
os chineses têm o melhor torpedo do mundo.
Em contraste, as forças armadas americanas dependem basicamente do porta-
aviões. O porta-aviões pode levar a aviação militar americana a todo o mundo.
O calcanhar de Aquiles do porta-aviões é, evidentemente, o torpedo. Os russos
têm um torpedo, o Topal, que pode ultrapassar a velocidade do som debaixo de água.
Os chineses têm um que só vai 200 nós debaixo de água. Não há defesa contra o
torpedo russo.
O submarino que se afundou em 12 de Agosto de 2000 com 118 homens a bordo,
o Kursk, continha o torpedo Topal. Tanto os ingleses como os noruegueses tinham os
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meios técnicos para conseguirem salvar o submarino, mas os russos não os deixaram,
porque não queriam que encontrassem o torpedo, porque era a chave do domínio
mundial.
A bordo do submarino estavam também alguns chineses. Os russos não queriam
que o mundo soubesse ainda que os chineses tinham uma aliança de proximidade com
eles. Ainda estavam a espalhar a falsidade de que havia uma cisão entre a China e a
Rússia desde 1967. Finalmente, em 2002, reconheceram-no perante o mundo.
O que estamos a enfrentar é a destruição maciça de (segundo alguns) até dois
terços da população mundial. Isto seria cerca de quatro mil milhões de pessoas; é muita
gente a ser morta. Nossa Senhora refere-se a isto como a “aniquilação de várias nações”.
Nós, ou seja, a humanidade, em sentido colectivo, temos os meios para destruir todo o
mundo, e sem dúvida dois terços dele.
Há um monumento da Nova Ordem Mundial erigido por um ramo da Maçonaria
em Elberton, Geórgia, que propõe a morte de toda a gente, menos 500 milhões de
pessoas, o que quer dizer que querem matar 87% da humanidade. E isto é defendido em
nome da protecção ecológica da humanidade, porque eles acham que há gente demais.
(Cf. “Exterminação de 9/10 da população mundial”, em
www.fatimacrusader.com/cr55/cr55pg02.asp). O que eles estão realmente a dizer é:
“Não podemos controlá-los a todos, queremos dominar o mundo, e portanto toda esta
gente tem de desaparecer”.
Há uma fotografia deste monumento no nosso livro Fatima Priest. É um
monumento de granito, com o peso de umas 240 toneladas, com os “Dez
Mandamentos” da Nova Era inscritos em oito línguas. O primeiro destes “Dez
Mandamentos” é “manter a humanidade em 500 milhões de pessoas”. É uma maneira
eufemística de dizer: toca a matar 5,5 mil milhões de pessoas.
Esta é a maneira de pensar com que nos defrontamos. É difícil compreender a
maldade que as pessoas podem atingir quando são comandadas por Satanás. Nosso
Senhor disse que Satanás é um assassino e um mentiroso desde o início.
Nossa Senhora contra Satanás
Fazendo frente a Satanás está a Santíssima Virgem. Foi-Lhe confiada a missão de
derrotar Satanás. Lê-se no Génesis: “Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua
geração e a Sua geração; Ela esmagará a tua cabeça, e tu farás por A atingir no
calcanhar.” (Génesis 3:15)
A Vulgata Latina de S. Jerónimo especifica que será Ela quem irá esmagar a
cabeça da serpente. Em última análise, evidentemente, é o Seu Filho, porque tudo o que
a Santíssima Virgem faz é pela graça e poder do Seu Filho. Mesmo assim, foi-Lhe
reservado esmagar a cabeça da serpente, a Ela, pessoalmente, pelo Seu Filho.
Esta profecia de há 6.000 anos será realizada no nosso tempo através da
Consagração da Rússia. Não acontecerá de mais nenhuma maneira.
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Lê-se no Salmo 32, versículo 11 que o plano no Coração de Deus é para todas as
gerações. Deus não mudou o Seu plano. O Sagrado Coração decretou que será o
Imaculado Coração que alcançará esta vitória.
Aqui em Espanha, começou uma Guerra Civil em Julho de 1936. (Todos sabemos
que a Guerra Civil de Espanha foi financiada e armada pela Rússia.) Em Maio desse
ano, a Irmã Lúcia, que então vivia nesta cidade de Tuy, compreendeu que ia dar-se uma
revolução. E Lúcia, depois de ter passado sete anos (de 1929 a 1936) a tentar que se
fizesse a Consagração, foi perguntada pelo seu confessor, um jesuíta muito inteligente:
“Será conveniente insistir para obter a Consagração da Rússia?” E Lúcia respondeu a
essa pergunta de uma maneira diferente. Considerando o que ela tinha dito no ano
anterior, quase parecia que se estava a contradizer. Disse ela: “Não sei.” No ano anterior
tinha insistido nisso sem quaisquer hesitações.
“Não sei,” disse ela, “Intimamente tenho falado a Nosso Senhor do assunto; e há
pouco perguntava-Lhe porque não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse
essa Consagração.” E Nosso Senhor respondeu-lhe. Disse: “Porque quero que toda a
Minha Igreja reconheça essa Consagração como um triunfo do Coração Imaculado de
Maria, para depois estender o Seu culto e pôr, ao lado da devoção do Meu Divino
Coração, a devoção deste Imaculado Coração.” Ele quer que tanto o Seu Coração como
o Imaculado Coração da Sua Mãe sejam venerados juntos.
Temos o exemplo de S. João Eudes, cuja festa se celebra tradicionalmente em 19
de Agosto. Foi ele o primeiro Santo a promover a devoção conjunta ao Sagrado Coração
e ao Imaculado Coração. É isto o que Deus Nosso Senhor quer, e que realizará através
da Consagração da Rússia.
Há algumas predições nas Sagradas Escrituras a que tanto o Papa Paulo VI como o
Papa João Paulo II se referiram quando foram a Fátima. Está no Apocalipse, Capítulo
12, versículos 1-4. Paulo VI, quando foi a Fátima em 1967, citou o versículo: “Um
grande sinal apareceu no Céu: uma mulher vestida com o sol e com a lua sob os seus
pés, e na cabeça uma coroa de doze estrelas.” (Apoc. 12:1) E disse-nos que é a
Santíssima Virgem.
O Papa João Paulo II voltou ao mesmo tema quando visitou Fátima em 2000.
Creio que esse versículo, na verdade os quatro primeiros versículos, estão citados no
Segredo que ainda não nos foi revelado.
Ao longo da história de que há registos, em cerca de 6.000 anos, houve mais de
14.000 guerras. Isto dá cerca de 2,5 guerras por ano. É óbvio que a humanidade não
conseguiu alcançar a paz. E no entanto, esta noção de paz, mais do que a simples
ausência da guerra, é o que Nossa Senhora prometeu: “Se atenderem a Meus pedidos, a
Rússia se converterá e terão paz.” E disse mais: “Por fim, o Meu Imaculado Coração
triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido
ao mundo algum tempo de paz.”
Ainda não foi dado à humanidade uma era de paz. Diz-se que, quando Cristo
nasceu, toda a humanidade estava em paz. Mas isso não durou muito tempo. Nossa
Senhora prometeu um tempo de paz para toda a humanidade.
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Os profetas do Velho Testamento falaram disto, mas nós ainda não vimos isto
acontecer. Disseram-nos que o leão se deitará com o cordeiro, e a criança com a víbora,
e que nem o cordeiro nem a criança serão magoados.
Dizem as Sagradas Escrituras que transformarão as espadas em arados. Os 798 mil
milhões de dólares gastos só pelos países do Terceiro Mundo na compra de armas só
aos Estados Unidos não serão gastos em armamento, mas antes em remédios, educação
ou comida ou outras coisas necessárias. Transformarão as espadas em arados.
Um dos profetas diz que não mais aprenderão a arte da guerra. A arte da guerra foi
sempre ensinada de umas gerações para as outras. Este período de paz durará mais do
que uma geração, visto que deixarão de aprender a arte da guerra. Será uma era de paz
como a humanidade nunca ainda viu. É a era de paz que virá através do Imaculado
Coração de Maria e só através do Imaculado Coração de Maria — e só através da
Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.
A Consagração da Rússia tem de ser feita pública e solenemente. Não basta, se
não dermos crédito a Quem o merece. Tem que se ver que é uma Consagração, que é
um acto público. E claro que requer toda a solenidade que a Rainha do Céu merece.
Portanto, tem de ser um acto solene e público, feito pelo Papa e pelos Bispos em união
com ele.
Os Bispos obedecerão?
Os secretários de Estado do Vaticano, o Cardeal Casaroli e o Cardeal Sodano,
disseram aos Papas — certamente ao Papa João XXIII e ao Papa João Paulo II — que
os Bispos não obedecerão, se lhes disserem para fazer a Consagração. Ora bem, quanto
a isto estou melhor informado do que estes dois Cardeais.
Agora há um novo Secretário de Estado, o Cardeal Bertone. Ainda não sei se ele
diz que os Bispos não irão obedecer. Já o ouvi dizer, no passado, que a Consagração
estava feita. Isto poderá ser porque ele não saiba que o material existente sobre este
assunto prova o contrário. Mas, seja como for, dizer que os Bispos não obedecerão é
falso.
Eu escrevo regularmente aos Bispos. Tento escrever uma vez por mês. Já escrevi
bem mais de cem vezes aos Bispos. Os Bispos, como todos nós, são mortais, e assim,
cerca de cento e dez Bispos morrem em cada ano e são substituídos por outros Bispos.
Mas tenho andado há muitos anos a escrever a todos os Bispos. E conseguimos que
mais de metade nos respondam.
Houve uma altura em que havia 1.549 Bispos que me escreveram a dizer que
fariam a Consagração. Os Bispos que se opunham a que se fizesse a Consagração — os
que tiveram a coragem de me dizer que eram contra ela — podiam-se contar pelos
dedos de uma mão.
E não foi por andar a esconder-me e não me poderem encontrar. Andava a
escrever todos os meses aos Bispos. A minha direção está aqui e qualquer pessoa, esteja
onde estiver no mundo, me pode encontrar.
http://www.fatima.org/port/peaceconf/spainport06/transcripts/fg_1.pdf
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Não mudei o que tenho dito desde 1983, quando se iniciou a controvérsia sobre a
Consagração entre Hamas Fraser e John Haffert do Exército Azul. Publiquei ambas as
suas posições e tratei de as estudar, e compreendi que Fraser tinha razão.
Hamish Fraser foi o homem em cuja cabeça aterrou uma pomba durante uma
conferência em Paris. Quando largaram as pombas, elas dirigiram-se para a imagem de
Nossa Senhora, mas uma desviou-se e foi-lhe pousar na cabeça. Fraser tinha sido
comunista, e combateu em Espanha do lado dos comunistas. Converteu-se ao ter
aceitado um desafio para provar que a Igreja Católica e o Cristianismo estavam errados.
O que aconteceu foi que ele viu que estava no erro e abraçou a Fé.
Os Bispos de Portugal consagraram o seu país ao Imaculado Coração de Maria em
1931 e novamente em 1938. O Cardeal Patriarca de Lisboa reconheceu na década de
1940 que Nossa Senhora tinha concedido a Portugal vários milagres devido a esses
actos de Consagração.
Em 1931, no ano a seguir à aprovação da Mensagem of Nossa Senhora de Fátima,
consagraram o seu país ao Imaculado Coração. Em resultado dessa consagração — e
isto foi reconhecido publicamente pelos Bispos of Portugal — foram poupados à Guerra
Civil de Espanha, que teve lugar entre os anos de 1936 e 1939. Aproximadamente 15%
da população de Espanha morreu violentamente durante essa guerra.
Os dirigentes mundiais por todo o globo acreditavam que Portugal seria arrastado
para a Guerra Civil de Espanha, com as forças dos comunistas contra a Igreja Católica,
o que fora simbolizado pela “execução” da estátua do Sagrado Coração numa praça
pública de Espanha. Os comunistas apoderaram-se da cidade, alinharam uns homens
com as suas espingardas, e estes executaram a estátua, antes de a fazerem explodir.
Bastava este acto para simbolizar que a guerra era, na realidade, contra a Igreja Católica
e a Fé Católica.
Toda a gente, de ambos os lados, sabia disto e sabia quais eram os interesses em
jogo. Todos os poderes envolvidos pensavam que a guerra alastraria para Portugal, mas
o país salvou-se devido à sua consagração pelos Bispos.
Temos também o exemplo do Bispo de Sevilha, que consagrou a sua diocese ao
Imaculado Coração de Maria. Não precisou de que os outros Bispos se juntassem a ele;
consagrou Sevilha por si próprio. E, ao contrário do resto de Espanha, não houve em
Sevilha uma única morte violenta nem uma vítima da Guerra Civil.
Em 1938, os Bispos de Portugal consagraram de novo o seu país ao Imaculado
Coração de Maria. Em resultado disso, como a Irmã Lúcia lhes veio a dizer, o país foi
poupado aos horrores da 2ª Guerra Mundial. Nem um soldado português foi para a
guerra, e nem um português foi vítima da guerra, em resultado da Consagração de
Portugal em 1938.
Portanto, temos perante nós duas opções: podemos ignorar Nossa Senhora, ou
podemos pensar que somos mais espertos e que podemos negociar com os nossos
inimigos. Ambas as opções estão erradas. Há uma terceira hipótese. Podemos obedecer
a Nossa Senhora e fazer o que Ela pede.
http://www.fatima.org/port/peaceconf/spainport06/transcripts/fg_1.pdf
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O Acordo Vaticano-Moscovo
Até agora, os Secretários de Estado têm obrigado a Igreja a fazer tratados. Há um
acordo, chamado Acordo Vaticano-Moscovo. Que eu saiba, não está registado num
papel, mas é um facto, e já foram publicados relatos históricos sobre ele.
O Conselho Mundial das Igrejas reuniu-se em Delhi, na Índia, em Novembro de
1961. Estava presente o Patriarca russo Nikodim, que estava em segundo lugar na
hierarquia ortodoxa. Nikodim tinha naquela altura cerca de 30 anos. Alguns anos antes,
tinham demitido outra pessoa, que tinha sido identificada como oficial do KGB, a favor
do jovem Nikodim, que era considerado uma estrela em ascensão.
Foi Nikodim quem apresentou as condições para que a Rússia se fizesse
representar no Concílio Vaticano II. Ele negociou com o Cardeal Tisserant e o
Arcebispo Willebrands, que foi mais tarde o Cardeal Willebrands. As negociações
começaram em Metz, uma cidade francesa perto da fronteira com a Alemanha, e
concluíram com a ida do Arcebispo Willebrands a Moscovo. As condições do acordo
obrigavam a Igreja Católica a não denunciar os erros do Comunismo.
Os funcionários da Secretaria de Estado do Vaticano e quase toda a gente — com
algumas excepções — mantiveram esse acordo de 1962 até ao presente. Por outras
palavras, negociaram, e nas suas negociações perderam, embora muitos deles ainda não
o reconheçam.
É preciso compreender que quando os comunistas subiram ao poder na Polónia em
1949, ao princípio só faziam parte de um governo de coligação. E só pediram duas
condições: uma era que lhes dessem o Ministério encarregado da polícia e o Ministério
encarregado das forças armadas; e a segunda era que o Comunismo não fosse
denunciado no Parlamento polaco. O resultado de lhes terem satisfeito essas duas
condições foi que conseguiram dominar a Polónia.
O silêncio das cúpulas a respeito dos erros da Rússia, do Comunismo, e ainda de
outros erros, é suficiente para os Comunistas — os seus propagandistas, os seus
infiltrados, os seus proponentes — conseguirem dominar toda a restante oposição.
Isto é simbolizado pela história do padre jesuíta James Francis Carney S.J., no
prefácio (página 18) do livro de Malachi Martin The Jesuits. Carney era um sacerdote
de Chicago, jovem e com boa instrução. Mas aparentemente nunca tinha ouvido falar
dos perigos do Comunismo. Por causa do Acordo Vaticano-Moscovo, pelo qual o
Vaticano concordou em não denunciar os erros do Comunismo, este padre não
conseguiu ouvir os seus superiores do Vaticano a denunciar o Comunismo a partir de
1963.
Parece que era um bom chefe militar. Pegou em armas em 1971, inspirado pela
Teologia da Libertação, e combateu nas Honduras ao lado dos marxistas; e nos doze
anos seguintes, viveu a vida de um comandante de guerrilha, acreditando ao mesmo
tempo que estava ao serviço do Evangelho. Acabou por atingir o seu fim em Setembro
de 1983, quando as tropas hondurenhas, comandadas por um general que era o seu
oponente há muito tempo, conseguiram matá-lo, assim como mataram ou capturaram os
noventa homens da sua unidade de guerrilha. Carney pensava que estava ao serviço do
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Evangelho. Para mim, os últimos doze anos da vida do Padre Carney — doze anos
desperdiçados, uma morte inútil e trágica ao serviço do Marxismo, da revolução
comunista — demonstram a estupidez total do Acordo Vaticano-Moscovo.
Assim, vemos que os negociadores do Vaticano foram completamente enganados
pelo agentes comunistas do KGB disfarçados de religiosos da “Igreja Ortodoxa Russa”
controlada por Moscovo, que fez o truque de levar o Vaticano a subscrever este acordo
inútil e perigoso.
Como vêem, o que aconteceu foi isto. O Vaticano mantém-se calado, conforme o
Acordo Vaticano-Moscovo. Esconde a verdade acerca dos erros do Marxismo, do
Comunismo. Entretanto, os propagandistas e infiltradores comunistas — nos
seminários, nos estabelecimentos de ensino, nos jornais, nos livros, etc — propagam a
sua rede de mentiras. O Padre Carney foi apanhado intelectualmente por estes
marxistas. Os seus chefes naturais, os seus superiores religiosos no Vaticano, não o
ajudaram a libertar-se — em vez disso, fazem por silenciar os anti-comunistas dentro
da Igreja, e mantêm o silêncio. Carney nem sequer lê nada sobre os erros dos marxistas
e comunistas nos jornais católicos, ou ouve falar deles nos sermões católicos, e, ao que
parece, nem sequer sabe que caiu numa armadilha. E o resultado, uns vinte anos mais
tarde, foi ele ser morto violentamente ao serviço do demónio — pensando que estava a
servir a Jesus Cristo.
Que tragédia, que perda, que devastação — e que ainda continua, com o engano de
milhões de religiosos e leigos católicos. Os que foram enganados estão a cair no
precipício — como são cegos guiados por cegos, ambos acabam por cair no precipício.
A queda do Padre Carney foi mais dramática do que outras; mas muitos mais estão
todos os dias a cair!
Quando Pio XI foi elevado ao Papado em 1922, um dos seus primeiros
pronunciamentos foi sobre os perigos do Comunismo. Antes de morrer em 1937,
publicou a sua encíclica Divini Redemptoris. Escreveu nela: “Falei há quinze anos sobre
os males do Comunismo. Mas faltaria ao meu dever se não falasse outra vez neste
assunto.” E entre outras coisas, disse: “O Comunismo é intrinsecamente perverso, e
quem quiser salvar a civilização cristã não pode colaborar com ele, seja de que maneira
for.” Foram estas as palavras ditas pelo Papa Pio XI, mas compreendamos que houve
um período de quinze anos, de 1922 a 1937, em que se manteve em silêncio; mas apesar
disso, escreveu: “Eu, O Papa, faltaria ao meu dever se não falasse outra vez.”
Agora chegamos desde 1962 ao presente, que são quarenta e quatro anos, durante
os quais o Comunismo não foi denunciado, por causa do Acordo Vaticano-Moscovo,
que, basicamente, é imoral respeitar. Não posso comprometer-me a roubar o dinheiro de
alguém, como não posso comprometer-me a ficar calado quando o meu dever é falar.
A palavra “Bispo” significa sentinela. Deus explicou a Ezequiel quais eram os
deveres de uma sentinela. Para pormos esta história em termos modernos, Deus disse a
Ezequiel: “Eu nomeei-te sentinela, e se vires o inimigo a vir das montanhas de noite e
não deres o alarme, considerar-te-Ei a ti, sentinela, responsável pela morte dos cidadãos
teus companheiros. Se deres o alarme e eles não fizerem nada, então a culpa é deles,
Mas se não gritares e deres o alarme, então Eu (Deus) responsabilizar-te-ei pelas suas
mortes.” (Ezequiel 33.)
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Portanto, é um erro, como já disse publicamente várias vezes, nós mantermos o
Acordo Vaticano-Moscovo.
Como disse um amigo meu, um sacerdote jesuíta chamado Padre Vincent Micelli:
“Para além disso, está provado que eles não cumpriram a sua parte do acordo.” Isto é, os
comunistas — desde o início — não cumpriram o acordo que fizeram para deixar de
perseguir a Igreja Católica e os fiéis católicos.
A perseguição da Igreja Católica:
uma doutrina comunista
Em vez de dirigirem a perseguição da Igreja através do quartel-general central,
encarregaram disso os seus governadores provinciais e locais, para eles perseguirem a
Igreja a nível local, de modo que os grandes dirigentes podiam dizer que não sabiam de
nada.
A perseguição da Igreja é hoje mais subtil do que no passado, mas continua a estar
de acordo com o que Nossa Senhora disse que iria acontecer se não prestássemos
atenção: a perseguição da Igreja e a perseguição do Santo Padre. Agora é preciso mais
esforço para vermos a perseguição, porque os perseguidores sabem que, se perseguirem
abertamente, as pessoas alinharão do lado dos seus inimigos. E por isso, trabalham sem
fazer barulho, e trabalham através de intermediários, para que não se dê pela coisa com
facilidade.
Se olharmos para a história da humanidade, e para a história da Igreja, o que é que
aconteceu desde 1960? Vemos que, na história da Igreja, havia cerca de 455.000 padres
católicos em 1965. Hoje, segundo as estatísticas oficiais da Igreja, temos cerca de
405.000. Cinquenta mil padres deixaram o seu ministério durante esse período, e nunca
foram recuperados ou substituídos.
Nos Estados Unidos e no Canadá, assim como noutros países, as igrejas católicas
estão a ser vendidas. E apesar de a população ter aumentado, o número de pessoas que
vão à igreja está a diminuir cada vez mais. Consta que, na Europa, menos de 10% dos
fiéis vão à Missa todos os Domingos. Antes de 1960, 75% dos Católicos iam
regularmente à Missa dominical. Agora a percentagem — mais uma vez, segundo as
estatísticas oficiais — é apenas de cerca de 25%. Em 1960, o número de religiosas era
bem acima de um milhão. Agora, creio eu, é um pouco menos de metade. Estamos no
meio de uma guerra, cujas proporções nunca antes foram vistas. Estamos a ver a
acumulação de todos os inimigos da Igreja, que se juntam para matarem a Igreja, se isso
fosse possível.
Algumas pessoas pensam que não precisamos de nos preocupar, porque Nosso
Senhor disse que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Não quero
minimizar essa afirmação ou dizer que não é verdadeira. Claro que é verdadeira. Mas há
certos aspectos sobre os quais devemos ter muito cuidado.
Santo Agostinho, durante a sua vida, viu uma civilização cristã muito florescente,
assim como a Igreja Católica, na África do Norte. Pouco tempo depois da sua morte, a
Igreja foi varrida pelo poder militar e hoje, dezasseis séculos mais tarde, ainda não
recuperou.
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Portanto, embora Nosso Senhor tenha prometido que as portas do inferno não
prevalecerão contra a Igreja, não há uma promessa no sentido de que no meu país, ou no
vosso, a Igreja manter-se-á como hoje a reconhecemos.
Devemos ter presente que a Igreja consiste de Católicos. Mas o que é que faz de
uma pessoa um Católico? Crê no Evangelho, crê na Fé Católica, é baptizado e
reconhece a autoridade da Igreja, do Papa. São estes cinco pontos que caracterizam um
Católico. Mas se se destruir a sua Fé, se ele for levado a negar a Fé, se cair na apostasia,
já deixa de ser Católico.
A promessa já não se aplica a essas pessoas, porque deixaram a Igreja. É certo
que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Mas isso não quer dizer que
as portas do inferno não prevalecerão contra nós, individualmente, como membros das
nossas comunidades, como cidadãos do nosso país. E assim, Nossa Senhora veio
proteger as almas individuais, assim como para proteger a Cristandade e a civilização
cristã.
O lado penoso da segunda parte do Segredo é que a Rússia espalhará os seus erros,
que dominará todo o mundo. E o lado penoso da terceira parte do Segredo é que a
própria Igreja cairá na apostasia por não escutar a Nossa Senhora.
Isto não é só a minha opinião. Temos também a opinião do Cardeal Ciappi, que
foi, até à sua morte em 1996, teólogo dos Papas Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João
Paulo I e João Paulo II. O Cardeal Ciappi disse-nos que “No Terceiro Segredo está
predito, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo cimo.”
Foram estas as palavras do Cardeal Ciappi.
Há muita coisa na Mensagem de Fátima, a que dediquei vinte e nove anos para a
estudar e aprender. O facto é que a Mensagem é muito diferente do que podem esperar
encontrar nela.
A Mensagem de Fátima, na sua simplicidade, diz-nos, em primeiro lugar, para
rezarmos o Rosário. Devemos certamente rezar o Rosário todos os dias, e devemos usar
o Escapulário Castanho de Nossa Senhora do Carmo. Devemos consagrar-nos ao
Imaculado Coração de Maria. E devemos cumprir os Mandamentos e cumprir o nosso
dever quotidiano. Este é, podemos dizê-lo, o primeiro nível da Mensagem de Fátima.
Mas quando chegamos ao nível institucional ou à visão mundial, é muito mais a
dizer, e a Mensagem de Fátima é a única solução para os problemas actuais da Igreja e
do mundo.
O Presidente Bush disse-nos que pensa que teremos guerra nos próximos vinte
anos. Com a política que tem seguido, se a humanidade conseguir sobreviver, não me
parece que chegue a vinte anos. Mas o facto é que nenhum líder mundial tem um plano
para alcançar a paz. O Sr. Bush nem sequer sabe que objectivo teria quando a sua guerra
acabasse. Uma guerra contra o terrorismo é como uma guerra contra uma arma, ou uma
guerra contra uma táctica. Não se pode fazer guerra a uma táctica; é preciso que haja um
objectivo identificável.
O plano dos inimigos de Deus é transformar a Igreja noutra coisa diferente do fim
para o qual foi criada, e usá-la como parte do seu plano para dominar o mundo. O
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objectivo da Igreja é salvar as almas, mas os seus inimigos querem fazer da Igreja
qualquer outra coisa. Querem transformar a Igreja num “facilitador da cooperação
humana”, num facilitador de um sistema que procura servir primeiro o homem, em vez
de Deus, fazer um paraíso mundial na terra sem Deus, enquanto que fazem por enganar
os fiéis, convencendo-os de que ainda são Católicos.
O ideal maçónico é este: “Não queremos saber se és Católico, se és Protestante, se
és Judeu, se és Hindu, ou se és Budista; isso não nos interessa. Se o teu primeiro nome é
católico, o teu último nome é maçónico. Se o teu primeiro nome é protestante, o teu
último nome é maçónico. Se o teu primeiro nome é judeu, o teu último nome é
maçónico. Isso não nos interessa, desde que aceites a nossa doutrina como substrato,
desde que sejas fiel aos nossos princípios, antes de quaisquer outros princípios.”
Este é o ideal do inimigo jurado da Igreja, da besta do Apocalipse. Esta é a besta
que será morta pela Rússia quando for consagrada, se esses Maçons não se converterem.
A importância da
devoção ao Imaculado Coração de Maria
Mas a conversão da Rússia e a derrota de todos os inimigos da Igreja, que se
seguirá à conversão, não acontecerá sem Nossa Senhora receber o crédito por ela, visto
que é a Ela que ele pertence. Deus reservou-Lhe a graça da paz mundial e da conversão
do mundo. Nossa Senhora disse que “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O
Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo
algum tempo de paz.”
Nossa Senhora não está a falar apenas da conversão da Rússia à Fé Católica. Está
a falar da conversão de todo o mundo, que também inclui os judeus e os muçulmanos, à
Fé Católica.
Como podemos deduzir isso? É muito simples. Encontramos nas Sagradas
Escrituras que Deus quer todo o mundo para Si. O mundo é feito para o homem, o
homem é para Cristo, e Cristo é para Deus. Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos
senhores. Há-de reinar sobre os presidentes e reis do mundo, e sobre os parlamentos, e
sobre as autarquias regionais e locais, como Rei que é. Será reconhecido como Rei
porque as Suas leis reflectir-se-ão nas leis de todos eles.
Só podemos obter a paz através do Autor da criação, porque, como S. Tomás e
Santo Agostinho nos dizem, a paz é a tranquilidade da ordem. A tranquilidade da ordem
é o que Deus quis que tivéssemos, mas não podemos alcançar a ordem que Deus quer
sem o Reino de Cristo ser reconhecido publicamente.
Não podemos viver os Mandamentos de Deus sem a graça de Deus. Não obtemos
a graça de Deus se ela não vier por Nosso Senhor Jesus Cristo. E não recebemos essa
graça sem a Igreja Católica e os Sacramentos.
Por conseguinte, quando Nossa Senhora prometeu um tempo de paz, queria dizer
que todo o mundo viverá segundo as leis de Deus — a lei natural que Deus imprimiu no
coração do homem. Portanto, não haverá aborto, nem eutanásia, nem mortes, e assim
por diante, porque tudo isto é contrário à lei de Deus.
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Estamos a viver no pior período da história, em que 50 milhões de bebés são
mortos todos os anos na guerra contra o que estão para nascer. E isto não leva em conta
todas as outras guerras que estão a travar-se hoje, e que são muitas. Enquanto
estivermos a assassinar 50 milhões de bebés por ano, não podemos dizer que estamos
em tempo de paz.
Quando a Santíssima Virgem triunfar, tudo isto terminará, e começará uma era de
paz. Mas isto só pode acontecer através da devoção ao Imaculado Coração de Maria. Eis
a verdade, tão simples, que devemos fazer por que toda a gente a compreenda e aprecie,
para que possam aceitar a Mensagem completa e íntegra de Nossa Senhora de Fátima.
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