Deus, Um Delírio [o Debate]

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7/26/2019 Deus, Um Delírio [o Debate] http://slidepdf.com/reader/full/deus-um-delirio-o-debate 1/24 Página | 1 WWW . D EUS E M D EBATE . BLOGSPOT . COM DEUS ,U M DELÍRIO –ODEBATE R ICHARD D AWKINS E J OHN L ENNOX PREFÁCIO Sou Larry Taunton, diretor executivo da Fundação Fixed Point, e quero lhes dizer algo sobre o debate que vocês estão prestes a assistir entre o professor Richard Dawkins e o Dr. John Lennox, ambos professores na Universidade de Oxford. Essa pergunta nos tem sido feita muitas vezes: Por que promover um debate desse tipo? Entre o novo ateísmo e a religião, neste caso mais especificamente o Cristianismo. A Fundação Fixed Point é uma organização cristã que procura se focar em questões culturais interessantes. E, desde 11 de Setembro de 2001, o novo ateísmo e suas acusações contra a religião, tem sido um desses assuntos.Interessantemente, muitos Cristãos e Ateus sentem que seus pontos de vista são freqüentemente mal interpretados numa discussão cultural. Para esse debate, procuramos encontrar os personagens que representam as crenças em seus campos específicos. Acho que temos dois dos melhores: Richard Dawkins e John Lennox. Agradecemos a ambos por suas cooperações. Foi maravilhoso trabalhar com John e Richard, que estiveram entusiasmados sobre o projeto do começo ao fim. Entendemos que vocês acharão o debate informativo, desafiador e provocante. INTRODUÇÃO Chamo-me Larry Taunton. Sou o diretor executivo da Fundação Fixed Point, os patrocinadores desse evento.Damos lhes as boas vindas aUniversidade do Alabama em Birmingham, Alan Steven Center. E damos as boas vindas àqueles que estão nos ouvindo ao redor do mundo. O debate dessa noite apresenta duas das mentes mais brilhantes da atualidade para falar sobre esse assunto. O Professor Richard Dawkins e o Dr. John Lennox. Não vamos perder tempo lhes dando a biografia deles, pois vocês as encontrarão em seus programas. Mas é um prazer conhecer esses dois homens. Trouxemos-lhes aqui esta noite com um falso pretexto, não haverá debate essa noite e Richard Dawkins gostaria de vir ao cinturão da bíblia para anunciar a sua conversão à fé cristã.Talvez eu esteja enganado. Na verdade, Richard está representando a posição ateísta nesse debate caso vocês não saibam. E o Dr. John Lennox representa a posição cristã. Há algo que eu gostariade dizer sobre o debate: achamos que, muito da discussão sobre esse assunto não tem sido muito esclarecedor. Freqüentemente chamado de "Ciência versus Religião".O que esperamos fazer essa noite é estreitar um pouco a discussãoe por isso, o nome desse debate é "Deus, um Delírio -O Debate". Então esse debate buscará refletir sobre o livro "Deus, um Delírio" e nas declarações de Richard nele encontradas contra a fé cristã. Sobre a Fundação Fixed Point, somos uma organização cristã, com orgulho. Mas também buscamos discussões racionais em assuntos significativos e as questões a respeito da eternidade nós achamos ser significativas de verdade. Esperamos que vocês respeitem esses homens, caso vocês concordem com eles ou não. Sem dúvida, muito será dito nesta noite com que vocês discordarão.Porém, esperamos que vocês dêem a eles calorosas boas vindas. Também temos conosco essa noite como nosso moderador, Juiz Bill Pryor, muitos de vocês se lembram que ele pertencia à autoridade geral do estado do Alabama e hoje é um juiz federal. Bill, muito obrigado. Também pedimos que vocês desliguem seus celulares, e cumprimentem estes homens.Passamos a palavra para Bill Pryor.

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WWW .D EUS E M D EBATE . BLOGSPOT . COM

DEUS , UM DELÍRIO– O DEBATERICHARDDAWKINS E JOHNLENNOX

PREFÁCIOSou Larry Taunton, diretor executivo da Fundação Fixed Point, e quero lhes dizer algo sobre

o debate que vocês estão prestes a assistir entre o professor Richard Dawkins e o Dr. JohnLennox, ambos professores na Universidade de Oxford.Essa pergunta nos tem sido feita muitas vezes: Por que promover um debate desse tipo?

Entre o novo ateísmo e a religião, neste caso mais especificamente o Cristianismo.A Fundação Fixed Point é uma organização cristã que procura se focar em questões culturais

interessantes. E, desde 11 de Setembro de 2001, o novo ateísmo e suas acusações contra areligião, tem sido um desses assuntos. Interessantemente, muitos Cristãos e Ateus sentem queseus pontos de vista são freqüentemente mal interpretados numa discussão cultural. Para essedebate, procuramos encontrar os personagens que representam as crenças em seus camposespecíficos. Acho que temos dois dos melhores: Richard Dawkins e John Lennox.

Agradecemos a ambos por suas cooperações. Foi maravilhoso trabalhar com John e Richard,que estiveram entusiasmados sobre o projeto do começo ao fim. Entendemos que vocês acharãoo debate informativo, desafiador e provocante.

INTRODUÇÃOChamo-me Larry Taunton. Sou o diretor executivo da Fundação Fixed Point, os

patrocinadores desse evento. Damos lhes as boas vindas a Universidade do Alabama emBirmingham, Alan Steven Center. E damos as boas vindas àqueles que estão nos ouvindo aoredor do mundo.

O debate dessa noite apresenta duas das mentes mais brilhantes da atualidade para falarsobre esse assunto. O Professor Richard Dawkins e o Dr. John Lennox. Não vamos perdertempo lhes dando a biografia deles, pois vocês as encontrarão em seus programas. Mas é umprazer conhecer esses dois homens. Trouxemos-lhes aqui esta noite com um falso pretexto, nãohaverá debate essa noite e Richard Dawkins gostaria de vir ao cinturão da bíblia para anunciara sua conversão à fé cristã. Talvez eu esteja enganado. Na verdade, Richard está representandoa posição ateísta nesse debate caso vocês não saibam. E o Dr. John Lennox representa a posiçãocristã.

Há algo que eu gostaria de dizer sobre o debate: achamos que, muito da discussão sobre esseassunto não tem sido muito esclarecedor. Freqüentemente chamado de "Ciência versusReligião". O que esperamos fazer essa noite é estreitar um pouco a discussão e por isso, o nomedesse debate é "Deus, um Delírio - O Debate".

Então esse debate buscará refletir sobre o livro "Deus, um Delírio" e nas declarações deRichard nele encontradas contra a fé cristã. Sobre a Fundação Fixed Point, somos umaorganização cristã, com orgulho. Mas também buscamos discussões racionais em assuntossignificativos e as questões a respeito da eternidade nós achamos ser significativas de verdade.Esperamos que vocês respeitem esses homens, caso vocês concordem com eles ou não. Semdúvida, muito será dito nesta noite com que vocês discordarão. Porém, esperamos que vocêsdêem a eles calorosas boas vindas.

Também temos conosco essa noite como nosso moderador, Juiz Bill Pryor, muitos de vocêsse lembram que ele pertencia à autoridade geral do estado do Alabama e hoje é um juiz federal.Bill, muito obrigado. Também pedimos que vocês desliguem seus celulares, e cumprimentemestes homens. Passamos a palavra para Bill Pryor.

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PALAVRA DO JUIZ W ILLIANPRYORSejam bem vindos ao debate. Todos vocês sabem o tema como Larry apresentou: "Deus, um

Delírio Versus Cristianismo." Haverá uma estrutura para o nosso debate essa noite.Vamos começar com declarações autobiográficas abertas de cada um de nossos debatentes.

Vamos começar com o Prof. Dawkins e então passaremos para o Dr. Lennox. Eu pedirei a cadaum deles que forneçam essas declarações, eu os pedirei para nos dizer algo sobre si mesmos, ealgo sobre o livro "Deus, um Delírio".

Então passaremos para as seis teses principais do livro do Prof. Dawkins, "Deus, um Delírio".Obviamente, o livro é extenso, não poderemos cobrir todos os aspectos dele. Mas selecionamoso que achamos que sejam os seis temas principais. E, para apresentarmos cada um desses temas,eu vou ler algumas passagens do livro do Prof. Dawkins, e então daremos a ele a chance decomentar, então daremos ao Dr. Lennox a oportunidade de responder. Cada uma dessasdeclarações devem ter cinco minutos por lado. E o que não está presente em seus programas éque cada um desses debatentes irá finalizar o programa com colocações finais, incluindoobservações.

Vamos começar com o Dr. Lennox e então passaremos para o Prof. Dawkins. Logo, Prof.Dawkins, nesta noite você terá a primeira e a última palavra. Imagino que no interesse de nossainstituição cristã. Prof. Dawkins poderia começar a nossa discussão nos dando uma reflexãoautobiográfica? Nos diga algo sobre você e sobre o livro.

PALAVRA INICIAL DERICHARD DAWKINSEu nasci na África. Sou filho do que era naqueles dias o Império Britânico, descendente de

um longa linhagem de usuários de shorts, carecas que usavam sapatos marrons, colonizadores.Tive todas as oportunidades de me tornar um naturalista, porque a África, como vocês sabem, éum lugar maravilhoso para se ser um naturalista.

Infelizmente não era assim que as coisas eram. Eu nunca fui um naturalista, para odesapontamento de meu pai, eu suspeito. Ele é um naturalista muito bom. Eu acho que isso é

um preâmbulo afirmar que meu interesse na ciência da biologia em que eu me especializei, veiomais por causa de um interesse por questões fundamentais, do que pelo amor de observarpássaros ou insetos ou apreciar flores.

Eu queria saber por que estamos aqui. Qual é o sentido da vida. Por que o universo existe,por que a vida existe. Foi isso que me conduziu para a ciência. Meus pais deixaram a Áfricaquando eu tinha cerca de 8 anos. E eu vim com eles. Fui enviado a um internato na Inglaterra.Eu acho que parte dessa autobiografia me leva a falar sobre um passado religioso, já queestamos falando sobre religião esta noite.

Eu tive uma inofensiva criação anglicana. Eu nunca poderia dizer que tive uma religiãoempurrada garganta abaixo, como poderia ter sido, já que fui criado numa fé mais militante. O

anglicanismo, como vocês sabem, é uma versão mais civilizada do cristianismo, sem sinos eodores e nenhum lunatismo criacionista.Fui confirmado na Igreja da Inglaterra e naquela época eu sinceramente acreditava nela. Tive

um breve período de dúvida com cerca de nove anos de idade, a cerca de três anos antes deminha confirmação. Essa dúvida foi causada pelo compreensão de que existem muitas religiõesdiferentes pelo mundo, e eu reconheci que havia sido um acidente de meu nascimento, que, poracaso, eu havia nascido na fé cristã.

E eu entendi instantaneamente que se eu tivesse nascido no Afeganistão ou nascido na Índiaeu teria acreditado em coisas bem diferentes. E isso, com toda razão, balançou a minha fé nareligião onde eu havia sido criado. Estranhamente, e eu hoje entendo o porquê, eu parecia ter

perdido essas dúvidas quando eu tinha cerca de 13 anos. E fui confirmado na Igreja daInglaterra. Fui para Oxford após ter perdido minha fé com cerca de 15 ou 16 anos. E isso foiporque eu descobri o darwinismo, e eu reconheci que não havia um bom motivo para acreditar

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em nenhum tipo de Criador sobrenatural. E meu último vestígio de fé religiosa desapareceuquando eu finalmente entendi a explicação darwinista para a vida.

Fui para Oxford, fiz meu doutorado em Oxford, fui para a Universidade da Califórnia emBerkeley como assistente de professor ainda muito jovem, ensinando naqueles dias ocomportamento animal. E então voltei a Oxford, após ter passado dois anos em Berkeley. Econtinuei minha carreira como estudante do comportamento animal. Em 1972 houve uma grevegeral na Inglaterra e não havia energia elétrica, eu não podia fazer minha pesquisa, então eupensei em escrever um livro.

Comecei a escrever esse livro que mais tarde se tornaria meu primeiro livro "O GeneEgoísta". Infelizmente, a energia elétrica voltou novamente e eu guardei os primeiros doiscapítulos do livro que já havia escrito, engavetei-os e me esqueci deles. Até três anos mais tarde,em 1975, quando eu consegui um período sabático e voltei a escrever "O Gene Egoísta". Desdeentão eu escrevi outros 8 livros:

"O Fenótipo Extendido", "O Relojoeiro Cego", "O Rio Que Saía do Éden", "Escalando o MonImprovável", "Desvendando o Arco-Íris", "O Capelão do Diabo", "O Conto dos Ancestrais", emais recentemente "Deus, um Delírio", que é o assunto do debate dessa noite.

Eu considero um enorme privilégio estar vivo, e eu considero um privilégio estar vivoespecialmente no final do século XX e início do século XXI. Um privilégio de ser um cientista epor isso, de estar na posição de entender alguns dos mistérios da existência. Por que existimos.Eu acho que as explicações religiosas, embora elas tenham sido satisfatórias por muitosséculos, hoje já estão superadas e estão desatualizadas. Eu acho que elas são insignificantes eparoquiais, e que a compreensão que podemos ter na ciência de todas essas questões profundasque uma vez a religião tentou explicar são hoje mais grandemente, e de uma forma mais bela eelegante, explicadas pela ciência.

PALAVRA INICIAL DE JOHN LENNOXSenhoras e Senhores, muito obrigado por terem me convidado. Sinto muito feliz por estar

aqui. Cada um de nós possui uma biografia e uma visão do mundo. E um conjunto de respostaspara as grandes perguntas que a vida joga sobre nós.

Um pouco sobre minha biografia: Me casei com Sally, temos três filhos e quatro netos.Trabalho na Universidade de Oxford como matemático e como Filósofo da Ciência. Nasci nomeio do século passado em um país com uma reputação trágica de violência sectária: A Irlandado Norte.

Meus pais eram cristãos. Mas eles não eram sectários. No livro "Deus, um Delírio", Richard,você diz que a religião nos ensina que é uma virtude ficarmos satisfeitos com o nãoentendimento. Bem isso pode se aplicar a qualquer outra religião. Certamente isso não se aplicaao cristianismo que meus pais me ensinaram da Bíblia. Eles me ensinaram a ser umquestionador intelectual. Porque eles mesmos eram assim. Não apesar da fé cristã. Mas porcausa dela.

E eu lhes devo muito, por me deixarem à vontade para ler de tudo, de Marx e Russell a C. S.Lewis. Eu desenvolvi naqueles dias um interesse nas grandes questões da vida. Fui muitosortudo em ter a chance de deixar a Irlanda e ir pra Cambridge onde eu pude confirmar minhapaixão pela matemática e pela ciência em geral.

E Cambridge não só me deu a oportunidade de desenvolver essas buscas intelectuais. Masme deu a oportunidade de conhecer muitas pessoas com outras visões de mundo, que nãocompartilhavam de minha cultura e de minhas convicções. Como resultado eu desenvolvi uminteresse pelo ateísmo. Um interesse que me levou em seguida como bolsista da Alexander VonHumboldt a estudar na Alemanha e viajar muito frequentemente para a Europa Ocidentaldurante o período da Guerra Fria.

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Após a queda do Comunismo, eu fui muito frequentemente à Academia de Ciências eUniversidades na Rússia, para discutir e raciocinar sobre essas coisas e ver em primeira mão oefeito da exposição sistemática à doutrinação ateísta dos últimos 70 anos. Logo, eu também soumuito privilegiado por viver nesta época e por estar envolvido na discussão pública dessesassuntos.

Ao ler o livro de Richard, eu achei absolutamente fascinante, porque ele me impressinoucomo uma cruzada apaixonada para advertir seus semelhantes sobre a escravidão, a opressão, atortura mental e física impostas sobre eles pela religião. E eu sinto muito simpatia por você,neste aspecto. Porque eu mesmo sou totalmente contra qualquer religião que busca se imporpela força, ou que tenta tirar vantagem e abusar das pessoas de alguma forma. Você não podeimpor a verdade pela força. E nós dois sabemos que a religião deveria ser debatida de formaracional como qualquer outra coisa.

Eu compartilho sua paixão pela verdade. Nenhum de nós dois somos relativistas pós-modernos. Mas como um ateu apaixonado, Richard está convencido de que Deus é um Delírio.Para ele a realidade consiste de homem, matéria e a energia do universo. Eu acredito no exatooposto. Deus, longe de ser um Delírio, é real. A realidade é um Deus sobrenatural, pessoal eeterno. Que se revelou ao universo através da Bíblia e em Jesus Cristo, Seu Filho que é Senhor eo Deus encarnado.

Estou ciente de que isso me põe, de acordo com o livro, de Richard, firmemente na categoriadaqueles que sentam nos bancos dos iludidos. Chupando minha chupeta religiosa ou"pacificadora" como vocês chamam no Alabama. Você sugere que a religião levanta um murona mente contra a verdade cientifica. Isso pode ser tragicamente verdade com algumas religiõesmas não com o cristianismo bíblico.

E o motivo, senhoras e senhores, porque sou apaixonado pela verdade, é porque Deus é oDeus de todas as verdades. Uma das mais famosas colocações que Jesus já fez foi: "Eu sou aVerdade!" Uma afirmação incrível que C.S Lewis lembrou muito tempo atrás: "Ele é, ou ummegalomaníaco, patologicamente enganado ou um falso, porque ele está alegando, não somentefalar a verdade, embora elas já sejam. Mas alegando ser a verdade absoluta, ele mesmo. Averdade absoluta por detrás de tudo, desde a Andrômeda Nebular, até a vida humana, aconsciência e a mente."

Por favor, notem que o que nos divide não é a ciência. Nós dois somos compromissados comela. O que nos divide são visões de mundo. A dele ateísta, a minha teísta e cristã. O livro delenos apresenta um mundo cruel. É uma tentativa de livrar as pessoas do dragão da religião. Paraque eles possam viver uma vida de plenitude sem o medo ameaçador de um Deus imaginário.

E ele diz: "parece ser desolador e frio especialmente debaixo do seguro cobertor daignorância religiosa." Mas senhoras e senhores nós precisamos levar isso a sério, Se que ascoisas são assim, então é assim que as coisas são, e precisamos encará-las. Mas precisamosdiscutir isso seriamente e olhar para as evidências. Nenhum de nós deseja basear nossas vidasem delírios. Mas o que é um Delírio? O Ateísmo ou o Cristianismo? Isso é para cada um de nósdecidirmos, com base nas evidências, é claro.

Muito Obrigado.

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PRIMEIRATESEA primeira tese do livro do Prof. Dawkins, e cada uma que se encontra em seus programas é

um resumo, não é uma citação direta, e o resumo é:"A fé é cega, a ciência é baseada em evidência.Eu tenho citação no início da página 126 que ilustra o seu argumento, Prof. Dawkins."Um dosefeitos verdadeiramente negativos da religião é que ela nos ensina que é uma virtude nos contecom o não entendimento". Você poderia, por favor, comentar?

PRIMEIRATESE– COMENTÁRIO DERICHARD DAWKINSA ciência usa evidências para descobrir a verdade sobre o universo. Ela tem ficado melhor

nisso com o passar dos séculos, no que faz oposição a religião, embora precisamos admitir que,é claro, a ciência surgiu de uma tradição religiosa. A religião, como a citação que o juiz Pryorleu, nos ensina a nos contentarmos com o não entendimento.

Eu acho que, quando você observa a beleza do mundo e se pergunta como ele veio a ser oque é. Você naturalmente se enche com um sentimento de reverência, um sentimento deadmiração. E você sente a vontade de adorar alguma coisa. Eu sinto isso. Reconheço que outros

cientistas como Carl Sagan sentem isso, Einstein sentiu isso. Todos nós compartilhamos umaespécie de reverência religiosa para as belezas do universo, para a complexidade da vida, para amagnitude do cosmos, a magnitude do tempo geológico. E é tentador transportar essesentimento de admiração e adoração em um desejo de adorar alguma coisa em particular, umapessoa, um agente. Você quer atribuir isso a um fabricante, a um criador.

O que a ciência alcançou é uma emancipação desse impulso de atribuir essas coisas a umcriador. É uma enorme emancipação. Porque os humanos tem um desejo enorme de achar queeles explicaram alguma coisa, ao atribuir isso a um Criador. Estamos tão acostumados aexplicar as coisas em nosso próprio mundo como essas cameras de tv, como as luzes, como tudoque fabricamos, as roupas que usamos, as cadeiras em que nos sentamos. Tudo que vemos ao

nosso redor é um objeto manufaturado. Então é tão tentador acreditar que isso tenha sido... queas coisas vivas, estrelas ou montanhas, ou rios tenham sido feitos por alguma coisa. Foi umaconquista suprema do intelecto humano entender que existe uma explicação melhor para essascoisas. Que essas coisas podem surgir por pura causa natural.

Quando a ciência começou, o alvo a ser alcançado existia, mas não sabíamos o suficiente.Hoje em dia, no final do século XX, início do século XXI, nós ainda não sabemos tudo. Masrealizamos uma quantidade enorme quanto à compreensão. Hoje entendemos, essencialmente,como a vida surgiu. Sabemos que somos primos de todos os animais e plantas. Sabemos quesomos descendentes de um ancestral comum provavelmente algo como uma bactéria, sabemoso processo pelo qual surgimos. Não sabemos os detalhes, mas entendemos essencialmente

como surgimos.Ainda existem lacunas em nosso entendimento. Não entendemos como o cosmos veio aexistir em primeiro lugar. Mas estamos trabalhando nisso. O empreendimento científico é umabusca ativa. Um busca ativa pelas lacunas em nosso conhecimento. Partindo da ignorância, paraque possamos acabar com essa ignorância. Mas a religião nos ensina a nos contentarmos com onão-entendimento. Cada uma dessas questões difíceis que surgem a ciência diz, "certo vamosarregaçar as mangas e trabalhar nisto." A religião diz "Foi deus quem fez". "Não precisamostrabalhar nisto, foi deus quem fez". É simples assim. Não temos nenhuma força impulsionadoraque nos empurra para que tentemos entender. A religião interrompe o impulso deentendermos, porque a religião nos fornece uma explicação superficial e fácil, como veremos

mais tarde à noite. Isso não é uma explicação. E ela nos impede de trabalhar no problema.Obrigado.

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PRIMEIRATESE– COMENTÁRIO DE JOHN LENNOXHá dois assuntos aqui, "A fé é cega.", "A ciência é baseada em evidências.". Eu não concordo

com a primeira, mas concordo muito com a segunda. Algumas fés são cegas. E a fé cega podeser muito perigosa, especialmente no que diz respeito aos obedientes cegos de uma autoridademaléfica. E nisto, senhoras e senhoras, eu gostaria de enfatizar é verdade que a fé cega existe empessoas religiosas e seculares. Mas nem toda fé é fé cega. Porque a fé, por si só, carrega a idéiade crenças, confiança, compromisso, e existe porque existem evidências para ela. A fé noMonstro Voador de Espaguete, tão querida de Richard Dawkins, (uma brilhante idéia) é cega,porque não existem evidências para o Monstro Voador de Espaguete. Mas a fé na Teoria daRelatividade não é cega porque existem evidências que a suporta. Não posso falar por outrasreligiões. Mas a fé em sentido cristão não é cego. E, na verdade, eu não conheço nenhum cristãosério que acha que é. Na verdade, como eu li, a fé cega em ídolos ou personagens da imaginaçãohumana, em outras palavras, deuses ilusórios, é altamente condenado na Bíblia.

Minha fé em Deus e em Cristo, como filho de Deus, não é uma ilusão. É racional e se baseiaem evidências. Parte dessas evidências é objetiva, algumas delas vêm da ciência, algumas vemda história, e algumas são subjetivas, vem da experiência. Mas é claro que não falamos emprova. Só temos prova em sentido estrito em meu próprio campo da matemática. Mas emoutros campos, incluindo a ciência, não podemos falar em prova. Podemos falar em evidência:O ponto em que nos convencemos além das dúvidas racionais.

Eu acho que é importante nesse contexto enfatizar que a ciência é limitada. Porque me pareceum perigo ligar a ciência à racionalidade. Mas o que está além da ciência não é necessariamenteirracional. A ciência não pode nos dizer por exemplo porque o gosto pela literatura ou pela arteou pela música, é bom ou belo. A ciência pode nos dizer que colocar veneno no chá da vovó vaimatá-la. Mas a ciência não pode te dizer se é moralmente correto fazer isso. O ganhador doprêmio Nobel Sir. Peter Medawar, que é um herói, eu acho que para nós dois, ressaltou quepodemos facilmente ver os limites da ciência. Porque ela não pode responder as perguntasbásicas de uma criança. Quem sou eu? Qual o propósito de minha existência?Para onde estouindo? Richard acabou de comparar a ciência e religião.

A religião estando satisfeita em não entender, enquanto que a ciência está desvendando umacompleta compreensão do universo. E eu compreendo o sentimento desse protesto muitofortemente porque algumas vezes os cristãos, eu admito, são culpados de um preguiçoso "Deusdas Lacunas", um tipo de solução. Eu não entendo isso, logo "foi Deus quem fez". E, é claro,Deus desaparece logo que a lacuna é preenchida. Mas eu gostaria de ressaltar que existem doistipos de lacunas, senhoras e senhores. Existem lacunas que a ciência preenche. E eu as chamo de"as más lacunas". Mas existem também lacunas que a ciência abre, voltaremos a isso mais tarde.

Mas na própria idéia, Richard se referiu a um fato muito importante: que a ciência e a ciênciamoderna como a conhecemos surgiu no séculos XVI E XVII, e ela surgiu de um meio teísta.Muitos filósofos da ciência estudaram isso e chegaram à conclusão do que hoje se chama "A tesede Whitehead" que os seres humanos se tornaram cientistas porque eles esperaram leis naturaise esperavam uma lei na natureza porque eles acreditavam naquele que deu a lei. Eu acho issoprofundamente importante. Porque isso significa que, longe da religião atrapalhar a ciência, elafoi a força impulsionadora por trás da ciência em primeiro lugar. E quando Isaac Newtondescobriu a lei da gravidade, e escreveu as equações do movimento, ele não disse "maravilhoso,agora eu entendo". "Encontrei o mecanismo, por isso eu não preciso de Deus." Na verdadeaconteceu o contrário. Foi porque ele entendeu a complexidade e sofisticação da descriçãomatemática do universo, que seu louvor a Deus aumentou. E eu gostaria de sugerir, Richard,que algumas de suas suposições te levam a um erro categórico. Porque você está confundindomecanismo com agentes: "Nós temos um mecanismo X, Y e Z, então não precisamos de umagente." Eu sugeriria que a sofisticação do mecanismo (e a ciência se deslumbra descobrindoesses mecanismos) é evidência para a engenhosidade genial e criativa de Deus.

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SEGUNDATESENossa próxima tese. É a de que a ciência suporta o ateísmo. Não o cristianismo. E nessa tese,

Prof. Dawkins, eu gostaria de ler dois trechos de seu livro. O primeiro está na página 67. Vocêcita seu colega, o geneticista de Chicago Jerry Coyne, com aprovação e ele escreve:"Paracientistas como Dawkins e E. O. Wilson o celebre biólogo de Harvard, a verdadeira guerra éracionalismo e a superstição." "A ciência é uma forma de racionalismo enquanto que a religião émais comum de superstição."Algumas páginas antes, na página 59 você escreveu:"MaNSo: a idéiade que religião e ciência não se sobrepõem, 'Magistérios Não Sobrepusentes,' é popular somentnão existe evidência para favorecer a hipótese chamada Deus."Você poderia comentar?

SEGUNDA TESE– COMENTÁRIO DERICHARD DAWKINSPrimeiro, eu gostaria de responder ao que John disse anteriormente. Eu me sentiria mais feliz

se pudéssemos ter um diálogo, melhor do que esse... Quando você diz "a fé é racional e baseadaem evidência"... Se isso fosse verdade não precisaria ser fé, não é mesmo? Quero dizer, se vocêtem evidência para isso, por que você precisaria chamar isso de fé, já que você possuievidência? Você disse que fé na Relatividade, na Teoria da Relatividade de Einstein é baseadaem evidência, isso é claro que é. Mas a evidência é importante, as previsões de Einstein se

encaixam com os fatos observados com todo o corpo da teoria. Mas só precisamos usar apalavra "fé" quando não existe nenhuma evidência.LENNOX: É claro que não. Eu acredito que você tenha fé na sua esposa, Existe alguma

evidência para isso?DAWKINS: Sim, muitas evidências. Eu... Vamos generalizar, não coloca minha esposa no

meio. Vamos generalizar.LENNOX:É a mesma coisa Richard, é a mesma coisa.DAWKINS: Digamos que... Digamos que, no geral, como sabemos que alguém nos ama?

Certo?LENNOX:Sim.

DAWKINS

: Você pode usar a palavra "fé" pra isso se você quiser, mas essa não é a formacorreta da palavra...LENNOX:Claro que é.DAWKINS: ... Porque você sabe que sua esposa te ama. Por causa de todos os tipos de sinais, o

jeito de falar, o jeito de olhar. Isso é evidência, isso é a evidência perfeita, não é fé.LENNOX:É claro que é.DAWKINS: Muito bem, estamos entrando no campo da semântica.LENNOX:Eu acho que você foi muito influenciado por Kant.DAWKINS: Não explicitamente, eu diria. Muito bem, vamos continuar. Em qual dessas

declarações estamos agora?

MODERADOR: O segundo.DAWKINS:Parece-me que não está muito sincronizado com as citações de "Deus, um Delírio."MODERADOR: É porque se encaixa com...DAWKINS: Tudo bem, realmente. Você leu uma citação de Jerry Coyne sobre a verdadeira

guerra ser entre o supernaturalismo e o naturalismo. O contexto dessa citação foi o motivo prabriga de certa forma na educação dos EUA entre o criacionismo e a evolução. E dentro dessecontexto, eu tenho sido acusado de jogar de um só lado. Porque, como vocês sabem, existe umproblema com a educação americana onde muitas vezes eles tentam introduzir o criacionismonas escolas americanas. O que é obviamente muito ruim para a ciência. E meus colegascientistas estão muito preocupados com isso, e estão tentando combater isso. Todo poder a eles!

Eles reclamam que eu não estou sendo flexível, que eu estaria colocando lenha na fogueira,afirmando, bem abertamente, que foi a minha compreensão da evolução que me levou aoateísmo. E eles apontam, com razão, que, se eu fosse chamado num tribunal de justiça para

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testemunhar em favor da evolução contra o ensino do criacionismo, e o advogado dissesse: "Sr.Dawkins, é verdade que o evolucionismo o levou ao ateísmo?" Eu teria que dizer que sim. Aopasso que ele se voltaria para o Júri e diria "Caso encerrado." Não traz à causa da ciêncianenhum benefício unir a evolução com o ateísmo. Esse foi o contexto da afirmação de JerryCoyne. Coyne estava dizendo: "Ok, se você está preocupado com a pequena batalha política desalvar a ciência nas escolas, então você deveria morder os lábios e parar de falar sobre oateísmo."

Se, por outro lado, você pensa como Coyne, que a verdadeira guerra é entre osupernaturalismo e o naturalismo, então você diria que a batalha entre o evolucionismo e ocriacionismo é apenas um esquema". A verdadeira guerra é sobre algo ainda mais profundo.Era esse o contexto. MaNSo foi a segunda citação que você leu, Magistérios Não Sobrepusentes.O finado Steven Gould afirmou que não havia batalha entre a ciência e a religião porque elas setratavam de Magistérios Não Sobrepusentes. Coisas diferentes que se encontram na noite. Nãohá contato entre elas, são coisas completamente diferentes. Não pensei nisso em nenhummomento.

Eu acho que a religião por essência fala sobre ciência. Eu acho que as declarações religiosassobre o universo são declarações cientificas. Suspeito que John concorda comigo nisso.Declarações sobre o universo são declarações cientificas. O universo com um Deus, seria umtipo de universo muito diferente de um universo sem um Deus. Os métodos científicos são osmétodos apropriados, pelos menos a forma cientifica de pensar, é uma forma apropriada depensar e decidir se vivemos nesse tipo de universo com um Deus ou naquele tipo de universosem um Deus. Isso se torna ainda mais claro quando falamos sobre milagres. E embora osteólogos mais sofisticados possam professar suas descrenças em milagres, o fato é que aspessoas comuns, o comum frequentador de igreja acredita profundamente em milagres.

E são esses milagres que convencem essa pessoa a ir pra igreja inicialmente. Se houvermilagres, eles deverão ser julgados por meios científicos. Se houve nascimento por uma virgem,se alguém for ressuscitado dos mortos. Essas são tipicamente alegações cientificas que sãodifíceis de testar. Mas como eu disse no livro "Deus, um Delírio", se você puder imaginarhipoteticamente que o DNA pudesse ser descoberto mostrando que Jesus nunca teve um pai,que Jesus nasceu de uma virgem. Vocês poderiam imaginar qualquer teólogo dizendo "Oh não,isso não é relevante, são Magistérios Separados, a ciência não possui domínio nesse caso. É claroque eles não diriam. A ciência tem todo o domínio nesse assunto. Isso é tudo que eu tenho adizer sobre MaNSo. E eu acho que esgotei meus cinco minutos.

SEGUNDA TESE– COMENTÁRIO DE JOHN LENNOXBem, eu concordo e muito com você no quesito MaNSo, que a ciência e religião não são

separadas. Na verdade se você ler algo sobre MaNSo, é bem desconcertante porque ele diz quea ciência trata da realidade e a religião do resto. E é claro que eu não fico feliz com isso. Eucertamente concordo com você que os moldes da análise lógica que a ciência apresentou a vocêsão as corretas para lidar com muitos dos assuntos centrais do cristianismo. Eu vou ampliar odebate para a ciência histórica, é claro que estamos lidando com eventos do passado. Mas ocristianismo é falsificável nesse sentido técnico, e eu concordo com isso.

Agora a tese aqui é a de que a ciência apoia o ateísmo e não o cristianismo. Eu acho que oateísmo diminui o valor da ciência seriamente. Porque se vocês pensarem na suposição básicaque todos nós que somos cientistas temos: nós acreditamos na inteligibilidade racional douniverso. E é interessante pra mim que os cientistas da eminência de Eugene Wigner e AlbertEinstein usaram a palavra "fé". Eles não conseguem imaginar um cientista sem essa fé, porqueeles afirmam que você precisa acreditar numa inteligibilidade racional do universo antes devocê fazer qualquer tipo de ciência. A ciência não te dá isso.

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Uma coisa interessante é isso: Imaginemos que estamos olhando para esse assunto contra ofundo das duas visões de mundo que estamos discutindo nesta noite: Ateísmo e Teísmo. Oateísmo afirma que, pelo menos Richard nos diz em seu livro, que, já que a vida humana foiformada pela evolução cega, é improvável que a nossa visão do mundo seja precisa. Concordo.E se você for um reducionista, que você deve ser enquanto materialista. reduzindo as crenças àfísica e a química das estruturas neurológicas, assim se levantam questionamentos muitograndes, senhoras e senhores:

Se, no final, minhas crenças, minhas teorias, minhas teorias científicas são os resultados doprocesso de átomos em meu cérebro produzidos por um processo cego, aleatório e insensível,por que eu deveria acreditar nelas? Em outras palavras, é como se alguém se sentasse numgalho de uma árvore e cortasse o galho em que está sentado. E me parece que no final dascontas o ateísmo, na verdade, rebaixa o esforço científico muito seriamente. E isso, em minhaopinião, é uma falha fatal.

Um argumento que se propõe a separar a racionalidade da irracionalidade, nem mesmomerece, em minha opinião, a dignidade de ser uma ilusão inteligível. Isso é logicamenteincoerente. Mas o teísmo nos diz que o motivo pelo qual a ciência é possível, a razão pela qualeu posso acessar o universo, pelo menos em parte através da minha inteligência humana, éporque o mesmo Deus que criou o universo é o maior responsável pela mente humana aquipresente. Esse é o nível básico, mas vamos subir mais um nível, e olhar para a própria ciência,nós temos a fina sintonia do universo: o fato de que a constância básica da natureza teria que sermuito precisa a fim de termos um universo exatamente como esse.

Eu sei que algumas pessoas preferem, é a palavra usada por Sir. Martin Rees, uma explicaçãoem termos de um "multiverso" que, na verdade não resolve, em minha opinião, os problemaslógicos. Mas me interesso muito no veredicto de Arno Penzias, ganhador de um Nobel pordescobrir a radiação cósmica de fundo em microondas. Ele diz que a astronomia nos leva a umevento sem igual. Um universo que foi criado do nada, com um equilíbrio delicado necessáriopara promover as condições exatas para que vida fosse possível e possuindo um sutil, alguémpoderia dizer, plano sobrenatural. Logo, a própria física, ao olhar para a constância e para osnúmeros bem específicos que eles teriam que ter, chegam a esse tipo de conclusão, eincidentalmente a Bíblia tem sido desprezada.

Também em "Deus, um Delírio" Pansias acrescenta: "Os melhores dados que temos emrelação ao Big Bang são exatamente o que eu prediria lendo os cinco livros de Moisés, os Salmose a Bíblia como um todo. É interessante, senhoras e senhores, não é? Que apenas tivemos a idéiade que o universo teve um inicio e a evidência pra isso em 1960. Foi excitante, lembro muitobem. Porque por séculos a Europa fora dominada pelos pensamentos de Aristóteles quecolocava a Terra fixa no centro do universo, tudo girava em torno dela e tudo existiaeternamente. A coisa fascinante é que quando as evidências começaram a surgir que havia uminício para o espaço e o tempo, algumas pessoas dos jornais líderes, os editores locais disseram:isso é perigoso, não gostamos disso porque dá muito argumento para aqueles que acreditam nacriação. Mas o que eu acho muito interessante é que: A Bíblia tem sido frequentementedescartada por ser anti-cientifíca, porque ela não faz previsões. Oh não, isso não é verdade. Elafaz uma previsão brilhante: por séculos tem sido dito que houve um início, e o cientistaslevarem isso ainda mais a sério, eles podem descobrir evidências para o inicio muito mais cedodo que eles descobriram.

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TERCEIRATESEProf. Dawkins, eu entendo seu desejo de responder ao Dr. Lennox. Mas eu acho que esse

próximo tópico e a citação que lerei o permitirão fazer ambos, avançando a discussão dapróxima tese que é:"O criador está morto, do contrário alguém teria que explicar: Quem criocriador?"Eu acho que isso lhe permitirá avançar bem. A citação que vou ler está na página 109,na qual você escreve:"Todo o argumento gira em torno da conhecida pergunta 'Quem criou Deusque a maioria das pessoas pensantes descobrem sozinhas. Um Deus projetista não pode ser usaexplicar a complexidade organizada, porque qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisa teriacomplexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. A existência de coloca diante de uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir. Esse argucomo mostrarei no próximo capítulo, demonstra que a existência de Deus, embora não tecnidescartável, é muito, muito improvável."

TERCEIRATESE– COMENTÁRIO DERICHARD DAWKINSPrimeiro, não me surpreende que a Bíblia possa ser usada para prever o Big Bang. Só existem

duas possibilidades: ou o universo teve um início ou ele sempre existiu. Apenas duaspossibilidades, pegar uma delas não me impressiona.

LENNOX: Pelo menos ela acertou.DAWKINS: Joga uma moeda pra cima e você terá uma chance de acertar. 50% é a chance. Ok.O projetista está morto, do contrário teríamos que explicar quem projetou o projetista. Bem,somos imprecisos quando dizemos o projetista está morto. Eu acho que provavelmente John eeu concordaríamos que a vida foi explicada, Darwin explicou a vida, nenhum cientista sérioduvida disso.

Então voltamos à afirmação anterior, ainda mais difícil: compreender "de onde viemos", queé a origem do próprio universo. E isso é realmente muito difícil, não sabemos, entendemosessencialmente a biologia, não entendemos a cosmologia. Poderíamos dizer que a cosmologiaestá esperando pelo seu Darwin.

John mencionou na pergunta anterior, a idéia da constância física ter uma sintonia fina. E ébem verdade que muitos cientistas... muitos físicos sustentam que a constância física, osmilhares de números que os físicos precisam pressupor a fim de conduzir o resto de suascompreensões, precisam ser pressupostas, você não pode racionalizar o motivo pelo qualaqueles números estão ali, e os físicos calcularam que se algum desses números fosse um poucodiferente, o universo como o conhecemos não existiria, nós não estaríamos aqui, o universo teriase dissolvido no primeiro segundo logo não estaríamos aqui ou outras coisas teriam dadoerrado.

É tentador, mais uma vez, importar a fácil e cômoda idéia do projetista e afirmar que oprojetista juntou as peças do universo no Big Bang e fez a coisa certa, fez a constância da

gravidade correta, fez as forças fracas e fortes corretas... Mas me parece ser manifestamenteóbvio que essa é um explicação fútil, porque, como diz a sentença, "quem projetou o projetista?"Você explicou exatamente nada. Porque, em vez de dizer "as peças de alguma forma foramcolocadas assim", Você diz "Existe um Deus que sabe como harmonizar as peças no valorcorreto".

E se vamos assumir isso, então é melhor jogarmos a toalha. Alguns físicos resolvem esseproblema, não evocando Deus, é claro, mas evocando o princípio antrópico: Aqui estamos, nósexistimos, nós teríamos que estar em um tipo de universo capaz de nos originar. Isso por si sóeu acho que é insatisfatório, e John Lennox acertadamente disse, alguns físicos respondem issousando a idéia do multiverso. A idéia de que o nosso universo é apenas um de muitos

universos, um tipo de bolha, uma espuma cheia de bolhas que são os universos, e a bolha emque estamos é apenas um em bilhões de universos. E cada um desses universos possuidiferentes constâncias fundamentais, a maioria deles têm constâncias fundamentais

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inapropriadas para dar origem a um tipo de permanência, um tipo de química, um tipo decondição que dá à evolução biológica, à evolução darwiniana a chance de agir.

Um pequena minoria desses universos tem o que precisa para originar a evoluçãodarwiniana, automaticamente a química e então a evolução, e essa minoria tem que incluir ouniverso em que nos encontramos, porque estamos aqui. O princípio antrópico, o princípio deque temos que estar em um universo que seja capaz de dar origem a nós, mais o princípio domultiverso fornece, pelo menos, uma explicação satisfatória, de forma que um criador nãopoderia ser uma explicação satisfatória para o motivo que eu dei. Então, ao estarmos em umuniverso que seja capaz de gerar estrelas, capaz de gerar química e, por fim, capaz de gerar aorigem da vida, logo a evolução biológica acontece e agora estamos seguros para falar, agoranós entendemos o que aconteceu quando a evolução biológica age, então fica fácil entender. Oque é mais difícil a maioria das dificuldades em se entender o universo se encontram na vastacomplexidade da vida.

E é isso que verdadeiramente impressiona as pessoas, é por isso que as pessoas queacreditam em Deus, acreditam em Deus porque elas olham ao redor para os seres vivos e elasvêem quão impressionante os seres vivos são. Assim, esse nível de impressão é completamentedestruído por Darwin. E Darwin, é claro, não explica a origem do universo, para isso eu invocoo princípio antrópico e o multiverso, menos satisfatório, eu admito, mas a ciência tem feitoprogresso. Uma coisa de que você pode ter a máxima certeza é que um criador não pode seruma explicação satisfatória.

TERCEIRATESE– COMENTÁRIO DE JOHN LENNOXO princípio antrópico, como você disse Richard eu acho que é algo óbvio. É claro que

precisamos estar em um certo tipo de planeta em que possamos aparecer, mas isso nãoresponde "Como viemos a existir?" E preciso discordar sobre o darwinismo. O darwinismo nãoexplica a vida, pode até explicar certas coisas sobre o acontece quando temos a vida. Mas aevolução assume a existência de um replicador mutante, mas ela não explica como essereplicador veio a existir. Mas essa não é a discussão principal. Eu quero refletir sobre a questão"Quem criou o criador?" Porque é a velha pergunta de aluno da escola, "Quem criou Deus?" Mesurpreendeu encontrar isso como argumento principal em seu livro, porque ele pressupõe queDeus foi criado. E não me surpreende que você o chamou de "Deus, um Delírio", porque Deusescriados são, por definição, um delírio.

Eu sei, e devo explicar que Richard não gosta de pessoas que não acreditam no Deus que elenão acredita. Mas eu acho que isso é possivelmente comovente um alvo a vista, porque vocêdeixa espaço aberto para a crítica. No final das contas você está afirmando que Deus é umdelírio. E afim de medir o seu argumento...

DAWKINS:Desculpa, o que você disse?LENNOX:Eu disse que é você quem está afirmando que Deus é um delírio.DAWKINS:Oh! Desculpa, não havia entendido.LENNOX:E afim de medir esse argumento, eu preciso saber o que você quer dizer por "Deus".

Se você diz, que se existe um Deus, você terá que perguntar "Quem criou Deus?", isso significaque você está reduzindo o pensamento a deuses criados, quando nenhum de nós acredita emdeuses criados! Judeus, Muçulmanos ou Cristãos. E eu acho que esse argumento não serve evocê terá que colocá-lo na prateleira junto com o do bule celeste, onde ele deve estar. O Deusque criou o universo, senhoras e senhores, não foi criado. Ele é eterno. Esse é a distinçãofundamental entre Deus e o universo isso começou a existir, Ele não. Isso é exatamente o que oapóstolo João fala no início de seu evangelho. "No inicio havia a palavra, a palavra já existia,todas as coisas vieram a existir por ele." Deus não foi criado, o universo foi criado por Ele. Eunão sei se Richard tem dificuldades com o conceito de não-criado. Eu não sei e adoraria saber seo que ele acredita enquanto materialista, que a matéria e energia e as leis da natureza sempre

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existiram. Porque se sempre existiram, ele acredita em algo eterno. Então, talvez a dificuldadese encontre em acreditar em uma pessoa eterna.

Mas quero ir mais fundo nisso, porque ele sugere que admitir Deus levaria ao fim da ciência.Deus não é explicação visto que por definição Deus é mais complexo do que a coisa que se estáexplicando". Esse é um argumento central de seu livro. Eu não estava esperando um argumentocomo esse de um cientista. Porque as explicações da ciência costumam ser em termos decomplexidades crescentes. A queda de uma maçã é um ocorrência simples. A explicação emtermos da lei da gravidade de Newton já está dando um nó na mente de muitas pessoas.

Mas a explicação referente ao espaço e tempo está dando um nó na mente dos maisinteligentes. A simplicidade não é o unico critério da verdade. Deixe-me te dar um exemplo.Suponhamos que você seja um arqueólogo, e eu vou explorar uma caverna com você. Você éum perito chinês. Nessa caverna você encontra dois arranhões e você diz: "Inteligênciahumana!" E eu digo: "São apenas dois arranhões" E você diz "Mas esse é um caractere chinêsque significa um ser humano".

Mas eu digo: "Olha Richard isso não explica nada". Você está postulando algo tão complexoquanto o cérebro humano para explicar dois arranhões. Isso significa que a sua explicação éainda mais complexa do que a coisa que você está explicando. Isso não explica nada. Me pareceque isso é exatamente o que você está dizendo em seu livro.

O motivo pelo que podemos reconhecer algo tão sofisticado como a inteligência humana dedois arranhões na parede de uma caverna é porque elas possuem uma dimensão semeiótica:Elas carregam significado. E isso me fascina como matemático. Porque os reducionistas estãocompromissados a reconhecer coisas que carregam significado; entre elas eu incluiria amolécula de DNA. Está comprometido a explicar essas coisas em termos de materiais básicos.Mas foi apontado há muito tempo, pelo ganhador do prêmio Nobel, Roger Sperry: "Osignificado da mensagem não vai ser encontrado na física e na química do papel e da tinta." Eme fascina também ver que você aprova em seu livro que os físicos procurem por uma TDT(Teoria que Explica Tudo). Mas essa é a teoria onde o livro acaba.

Incidentalmente não há esperança para um TDT, como Steven Hawking afirmou em 2004,com base nas aplicações matemáticas para os físicos. Acho interessante que você esteja pronto,pelo que eu pude entender, para concordar que uma TDT seja uma grande coisa na física.

E talvez você goste de um TOE, já que não há um Deus ligado a isso. Eu acho por fim, se éque eu devo dizer que você parece estar... Tempo acabou. Oh, meu tempo acabou, tudo bem,vou parar.

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QUARTA TESEMeu próximo trecho, vamos mudar de assunto de certa forma. A quarta tese, que diz que o

cristianismo é perigoso. Eu acho que você vai gostar dessa citação, tirada da primeira página dolivro, do prefácio. Você escreveu, e eu tenho algumas trechos para ler. Você escreveu:"Imagine, junto com John Lennon, um mundo sem religião, imagine um mundo sem ataques suicidas, semsetembro, sem o 7/7 londrino, sem as cruzadas, sem caça às bruxas, sem a conspiração da pólvo partição da Índia, sem as guerras entre israelenses e palestinos, sem massacres sérvios, cmuçulmanos, sem a perseguição de Judeus como "assassinos de Cristo", sem os problemas da IrNorte, sem assassinatos em nome da honra, sem evangélicos televisivos de terno brilhante e cabeltirando dinheiro dos ingênuos. 'Deus quer que você doe até doer.' Imagine o mundo sem o taliexplodir estátuas antigas, sem decapitações públicas de blasfemos, sem o açoite da pele feminina de ter se mostrado em um centímetro.”Então você escreve, na página 303,"até mesmo a religiãoamena e moderada ajuda a fornecer o clima de fé no qual o extremismo floresce naturalmente." Evocê escreve, nas paginas 307 e 308, Em termos mais gerais, (e isso não se aplica menos ao crisque ao islã) o que é verdadeiramente pernicioso é a prática de ensinar às crianças que a fé, por si virtude. A fé é um mal, exatamente porque não exige justificativa e não tolera nenhuma argument.

QUARTA TESE– COMENTÁRIO DERICHARD DAWKINSIsso era pra ser um debate, e eu estou muito frustrado, eu vou responder ao que John Lennox

disse. Quem criou Deus? a palavra "criado" foi introduzida aqui por alguém. Não fui eu, talvezeu tenho dito "Quem criou Deus?", isso não vem ao caso. O ponto não é Deus ser um ser criadoou não. O caso é a questão da simplicidade, que você acertou em mencionar. A fim de entendera existência da complexidade, nós não podemos simplesmente postular a complexidade, nóstemos que retornar à simplicidade.

John usou o ilustração de um arqueólogo, não foi? Que encontrou uns arranhões em umacaverna, e era pra ter sido um argumento poderoso afirmar que esses arranhões são muitosimples, mas a pessoa que fez esses arranhões era complexo. Isso não tem nada a ver com oargumento que estou colocando. O argumento que estou colocando é o de que se formosexplicar a complexidade, precisamos de uma explicação final para a existência de um objetocomplexo, um objeto improvável.

Muito certamente os arranhões na caverna são simples e certamente o humano que os fez eracomplexo. Se você for a outro planeta e você encontrar alguns arranhões que indicam aexistência de vida, Nós dois postularíamos a existência de um ser vivo complexo, mas nós doisprecisaríamos de uma explicação para "de onde é que veio esse ser vivo complexo."

E eu mencionei que apenas afirmar "Ele sempre existiu" ou "aconteceu por acaso" éprecisamente o tipo de explicação nenhuma em que os criacionistas acusam os evolucionistas deestarem errados. Eles dizem "como um olho veio a surgir por puro acaso?" É claro que um olhonão poderia vir a existir por puro acaso. Ele terá que existir por um processo gradual emelhorado de início simples. E a exata coisa é verdade sobre qualquer coisa complexa. E umDeus, você não pode fugir do assunto dizendo Deus sempre existiu, você ainda precisa de umaexplicação.

Isso não te diz nada, afirmar que os arranhões na parede são simples. e a propósito a idéia deque a física é complexa porque ela é difícil, isso é uma confusão dos dois significados da palavra"simples". "Simples" significando "fácil de entender" e certamente a física moderna não é fácil deentender. Mas existe um sentido sobre o que é simples na forma de que a biologia não é. Eu nãotenho muito tempo para lidar com o...

MODERADOR: Eu vou lhe dar a mais alguns minutos extras.DAWKINS: Desculpa não era minha intenção roubar.Deixe me voltar à idéia do cristianismo ser perigoso. A leitura do prefácio, de John Lennon:

imagine nenhum talibã, nenhum... Isso eu acho que é auto-explicativo, e eu não vou me prender

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a isso. Eu acho que o que vou fazer é uma reflexão na terceira citação eu acho, que era sobre ascrianças e o mal de ensinar as crianças que certas coisas são verdades sem evidências. Ensinar aelas que a fé é uma virtude. Eu jamais diria que todas as religiões são ruins, todas as religiõessão perigosas ou o cristianismo é perigoso, certamente só uma minoria das pessoas religiosas éruim ou faz coisas ruins.

O problema de ensinar as crianças que a fé é uma virtude é que você está ensinando a elasque você não precisa justificar o que faz. Você poderá simplesmente se esconder detrás doargumento "essa é a minha fé, e você não pode questionar isso".O que estou me opondo é aconvenção de que todos possuímos, sejamos religiosos ou não, que a fé religiosa é uma coisa aser respeitada, algo a não ser questionado, e se alguém disser "essa é a minha fé", então vocêsimplesmente tem que respeitar, se retirar e não dizer nada mais.

Na maioria dos casos isso é inofensivo, mas se você é do tipo de pessoa que leva sua féliteralmente, e se acredita que Alá ordenou que você explodisse alguém. Então é por que vocêfoi educado quando criança em uma Madrasah para acreditar implicitamente na fé que lhe foiensinada e não pode questioná-la (a qual, se você for mentalmente instável ou estiver em umestado mental violento) levaria a certos atos terríveis que tem sido feitos em nome da religião.

Vou repetir, não estou dizendo que a maioria das pessoas religiosas cometem atos terríveis,estou dizendo que a fé é uma arma terrível, porque ela justifica a execução de atos terríveis quenão precisam ser justificados pela razão ou por evidência. Um presente que eu gostaria de dar aqualquer criança é o ceticismo. Não acredite em uma coisa só porque te disseram. Não acrediteem coisas só porque é sua tradição. Não acredite em coisas só porque está escrito num livrosagrado. Procure por evidências e questione ceticamente.

E se todo mundo fizesse isso, nós não estaríamos sofrendo as coisas terríveis que estãoacontecendo no mundo hoje.

QUARTA TESE– COMENTÁRIO DE JOHN LENNOXEu realmente adoraria retornar à discussão anterior, Richard. Eu acho que existe uma ligeira

obsessão do simples para o complexo. Se você estiver construindo um prédio para fabricarcomputadores, Cavar um buraco no chão é simples e vai ficando mais complexo à medida queele se eleva. Mas tudo vem da mente daquele que planeja, e o que estou falando faz inferênciapara a melhor explicação.

E a inferência, quando olhamos para a estrutura semeiótica do DNA, que carrega umainformação biológica, volta-se para um criador inteligente. Me parece ser muito mais sensato doque a inferência através de processos cegos que nós sabemos que não podem fazer tal coisa.Mas isso dá um grande debate, nós dois escrevemos sobre isso e você terá que se referir àliteratura, porque eu quero me voltar pra o tópico sobre o cristianismo ser perigoso.

E eu concordo muito com a maioria das coisas que você disse. A perigosa religião fanática

que faz uso a violência. E muito francamente eu estou envergonhado enquanto cristão, dareputação principalmente na idade média, as cruzadas e assim por diante, que elas estejamassociados ao cristianismo. Mas eu gostaria de ressaltar que aqueles que perpetram esse tipo deatrocidade não estavam seguindo a Cristo, mas eles estavam na verdade desobedecendo seusensinamentos. Porque ele proibiu muito seriamente como você sabe, seus seguidores de usararmas físicas.

"Meu reino não é desse mundo", ele disse a eles. Ele disse a Pilatos. E é muito interessantepara minha mente que Cristo foi na verdade levado a julgamento por ser um terrorista fanático.Isso é muito fácil de esquecer, ele foi publicamente exonerado do comando pelos romanos. Averdade não pode ser imposta pela violência. Principalmente a verdade de que Cristo veio ao

mundo trazer uma mensagem do amor e perdão de Deus.

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Eu concordo com você, e o perigo de treinar as crianças para serem fanáticas ao não permitirque elas questionem é um perigo muito sério. E eu fico tão feliz por ter tido pais que meencorajaram a pensar e parte da fé cristã vem desse pensamento.

Você pediu imaginássemos com John Lennon um mundo sem a religião. Eu gostaria quevocê imaginasse um mundo com John Lennox, um mundo sem o ateísmo. Sem Stalin, sem Mao,sem Pol Pot. Originadores dos três estados oficiais ateus. Um mundo sem Goulag, semrevolução cultural, sem campos de extermínio. Eu acho que esse seria um mundo para sepensar também. E eu devo dizer que fico muito perturbado em seu livro pelo que parece seruma forma de esconder as atrocidades do mundo comunista. Eu passei muito tempo visitandoaquela parte do mundo e eu não reconheci nada do que você disse.

O ateísmo não foi periférico para o marxismo. Para Marx o criticismo da religião era afundação de todo o criticismo. Então, me preocupa que um cientista que está muito interessadona ciência histórica no sentido da biologia evolutiva no decorrer da história, está satisfeito comuma análise muito superficial do período da guerra fria. E até mais perturbador ler coisas dessetipo "Mesmo se aceitarmos que Hitler e Stalin eram Ateus, ambos também possuíam bigodesassim como Saddam Hussein, e daí? É claro, todos eles possuíam narizes como o resto de nós!"Mas que tipo de raciocínio é esse?

Nós não estamos falando sobre características compartilhadas em geral. Mas sim damotivação ideológica que levou esses homens a matar milhões na tentativa de se livrarem dareligião fossem eles Judeus, Cristãs ou qualquer outra coisa. Logo, estou muito perturbado pelasua análise histórica. Você escreveu que não acredita que exista um Ateu no mundo queexplodiria Mecca, a catedral de York Minster ou a Catedral de Notre-Dame. Mas e as milharesde igrejas que foram destruídas na Rússia de Stalin e a transformação delas em museus?

Eu consigo entender porque alguém gostaria de reescrever a história do século XX para livrara cara do ateísmo. Porque alguém poderia muito facilmente fazer um paralelo entre a agendaanti-religião dos novos ateus e a tentativa do comunismo de eliminar a religião. Esse não é ocaminho certo eu acho. E eu tenho certeza que você se sentiria ofendido, e eu não sugeriria isso, jamais... Se eu dissesse que, porque você e Stalin eram Ateus, você teria aprovado a terríveleliminação de milhões. Você esperaria que eu diferenciasse entre Ateus. Eu gostaria que vocêescrevesse outro livro onde você diferenciasse as religiões. Porque elas não são iguais. Algumasdão suporte ao fanatismo, outras não.

E por final você afirma que os ensinamentos das religiões moderadas são um convite abertopara o extremismo. Bem isso não é a verdade sobre os ensinamentos de Cristo, não posso falarpor outras religiões. Mas e o ensinamento moderado do ateísmo?

Eu me sentei do lado de uma jovem garotinha de 13 anos na Alemanha. Que foi consideradaa menina mais inteligente da escola, me disseram que ela não poderia mais estudar, porque elanão está preparada para jurar aliança pública ao estado Ateu. Eu chamaria isso de assassinatointelectual que é cometido muitas vezes em nome do ateísmo.

Mas de acordo com você a coisa é muito pior do que essas baboseiras. Mas você diz que nãoexistem evidências de que os Ateus fazem tais coisas. Mas existem. Talvez eu tenha tecompreendido errado.

DAWKINS: Eu nunca disse tal coisa. Bem eu ficaria muito feliz em avançar para o próximo e...MODERADOR: Qual você prefere?LENNOX: Por mim tudo bem. Eu gostaria de pedir a Richard pra escolher o que ele quiser,

porque eu fiz algumas declarações bem fortes.DAWKINS: Em "Deus, um Delírio" eu muito deliberadamente falei muito pouco dos males

individuais da religião. Eu mencionei ocasionalmente, mas não falei sobre as cruzadas, osconquistadores, nada desse tipo. Eu não estou tentando dizer que a religião... que as pessoasreligiosas fazem coisas ruins. Eu concordo plenamente que Hitler, Stalin, e Pol Pot e Mao,

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fizeram coisas terríveis. Pode até ser que o ateísmo fizesse parte do marxismo que os levou acometer coisas ruins. Se é que foi o marxismo que os levaram a cometer coisas más.

O que me interessa é que eu acho que existe um caminho lógico para a religião fazer coisasterríveis, e eu até mencionei isso na última resposta quando eu estava falando sobre a fé te levara fazer coisas... Existe um caminho lógico que diz: Se você realmente acredita que seu Deus, Alá,quem quer que ele seja, quiser que você faça alguma coisa, você irá para o céu ou para o paraísose você fizer isso, então é possível para um pessoa inteligente e racional fazer coisas hediondas.

Eu não consigo entender um caminho lógico que levaria alguém a dizer: "porque eu sou umAteu, quer dizer que eu posso matar", ou assassinar, ser cruel, ou fazer alguma coisa terrível. Euposso facilmente ver que existem muitos indivíduos que se dizem Ateus, até mesmo indivíduosque possui outra filosofia que por acidente aconteceu de estar associado com o ateísmo. Masnão existe caminho lógico.

Aqueles jovens que explodiram no metrô de Londres e nos ônibus. Aqueles homens de 19anos que jogaram aviões em vários alvos nos EUA em Setembro de 2001. Eles não erampsicopatas, eles não eram pessoas ignorantes, eles eram bem educados, pessoas racionais, queapaixonadamente acreditavam que eles estavam certos, eles acharam que estavam fazendo acoisa certa, eles achavam que eram bons E com a aprovação da religião deles, eles eram bons. Amesma coisa poderia ser dita sobre as coisas hediondas feitas pelo talibã, a opressão dasmulheres... Essas pessoas acreditavam profundamente no que estavam fazendo. E, quando vocêdá a eles a certeza da fé deles, então as coisas terríveis que eles fazem se surgem logicamente.As coisas terríveis que Stalin fez, não surgiram de seu ateísmo, surgiram de alguma coisaterrível dentro dele.

Christopher Hitchens afirmou que Stalin era um novo Csar de um país que por séculos foieducado para acreditar que havia um Rei semi-divino, o Csar que teria sido loucura para Stalinnão ter explorado essa lealdade servil no que havia sido por séculos subjugado aos Csars. Teriasido loucura para Stalin não ter feito aquilo. Teria sido loucura para Hitler, fosse ele religioso ounão, há discussão sobre isso. Há uma bom razão para afirmar que Hitler era religioso. Mas eunão me importo se ele era ou não.

O fato é que os terríveis atos de Hitler foram feitos por cristãos que eram... Eu acho que nemvou mencionar isso, mesmo isso é irrelevante. O ponto a que eu retornarei mais uma vez é o deque você não fará coisas terríveis porque você é um Ateu. Por nenhum motivo racional. Masvocê fará, por vários motivos racionais, coisas terríveis porque você é religioso. É disso que setrata ter fé. Isso é o que a fé significa. Eu imagino que você diria que existia uma tipo de fé quemotivou os seguidores de Hitler como também os seguidores de Stalin, mas isso é outra coisa.

MODERADOR: Vamos a uma reposta breve, porque eu quero voltar aos assuntos de hoje anoite.

LENNOX: Bem eu gostaria de acrescentar que existe um caminho lógico para qualquerideologia. Para qualquer ideologia que seja fanática e opressiva para o tipo de comportamentoque você disse, seja ele religioso ou ateísta. Porque o ateísmo é um tipo de fé também.DAWKINS:Não, não é.

LENNOX: Claro que é. Vocês não acreditam?DAWKINS:Você é Ateu em relaçãoa Thor, Wothan e ZeusLENNOX: Sim é verdade.Eu não acredito neles. Mas você acredita no ateísmo. Essa é a sua fé.DAWKINS: Eu estou na mesma posição em relação ao seu Yahweh ou seu Javé, ou como você

o chamar. Eu estou na mesma posição em relação a ele quanto você está em relação a Zeus. E eunão consigo imaginar não acreditar em Zeus, levar uma pessoas a cometer atrocidades. Éexatamente a mesma que não acreditar em Deus.

MODERADOR: Agora é sério, Dr. Lennox. Porque precisamos prosseguir com o restante dodebate.

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LENNOX: Tudo bem, vamos continuar. Eu acho que o assunto não tem nada a ver com Zeus ecompanhia, essas entidades não existem. O assunto tem a ver com as alternativas verdadeiras.Tem a ver com as duas alternativas para a explicação do universo. E cada um de nós possuímosnossa fé. Eu acredito que existe um Deus por detrás desse universo, Você acredita que ouniverso é tudo que existe, o cosmos é tudo que existe. Ambas são afirmações de fé. Você temevidências?

DAWKINS:Como poderia acreditar no cosmos me levar a matar?MODERADOR: Não, não... nós temos um limite de tempo, Prof. E Dr.

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E estamos em sérias confusões éticas eu acho em nosso mundo contemporâneo na esferalegal, na esfera médica e na esfera dos negócios porque as bases estão despedaçadas. E eugostaria de sugerir, sei que é provocativo, mas eu gostaria de sugerir que Dostoievski era muitoperceptivo, e muitos russos concordam comigo, quando ele diz que "se Deus não existe, tudo épermitido." Ele não está dizendo que as pessoas não podem ser boas, ele está dizendo que asbases da moralidade foram removidas, e Nietzche previu exatamente a mesma coisa. Logo, euacho que tirar a moral de outro lugar é algo que está fadado à destruição. Eu adoraria passarum tempo discutindo a Bíblia, eu acho que sua opinião sobre a Bíblia está equivocada existemcoisas nela que precisam ser discutidas.

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SEXTATESE"As declarações do cristianismo sobre Jesus não são reais, seus 'milagres' violam as leis da nat

Vou ler dois trechos, Prof. Dawkins. O primeiro vem dá Pág. 92 de seu livro."As evidênciashistóricas de que Jesus declarou ter status divino são mínimas."E a próxima vem da pág. 257"Jesus foi um devoto da mesma moralidade coletiva, associada a hostilidade a forasteiros, que era co Antigo Testamento. Jesus era um judeu leal. Foi Paulo quem inventou de levar a idéia do Deu para os gentios." 'Hurtung usa um tom mais duro do que eu me atreveria: Jesus teria se reviratúmulo se soubesse que Paulo estava levando seu plano para os porcos.'

SEXTATESE– COMENTÁRIO DERICHARD DAWKINSMais uma vez, eu não posso deixar passar... Aquela minha retórica sobre "as forças físicas

cegas, indiferença, o DNA não se importa e não sabe." Talvez você esteja certo de que issopersonifica um mundo terrível. Bem, talvez o mundo seja um mundo terrível. Isso não querdizer que isso não seja verdade. Esse é um ponto fundamental que eu gostaria de discutir comvocê.

Você pode falar com toda a certeza sobre como seria legal se isso ou aquilo fosse verdade.Seria legal se o mundo fosse amigável para nós. Seria legal se o mundo não fosse tão terrível.

Mas eu vejo isso como, inicialmente, não te diz nada sobre o que é verdade ou não, Nósprecisamos decidir o que é verdade ou não separadamente. Se esse for um mundo terrível, elenós dá algo para nos rebelar. E nós realmente nos rebelamos contra ele.

Você levantou a pergunta "como nos rebelamos?" E você pensou que houvesse algum tipo decontradição. Não há contradição sobre se rebelar contra o princípio darwinista. Nós fazemosisso todas as vezes que usamos contraceptivos, é fácil. Toda vez que você usa um contraceptivovocê está desafiando o imperativo darwinista para se reproduzir. Você está desfrutando dosexo. Usando o prazer que foi introduzido em seu cérebro pelo darwinismo, porquenormalmente o sexo leva a reprodução, você está cortando essa ligação, e você está usando osexo por puro prazer sem a reprodução. Isso é desafiar isso é se rebelar contra os genes egoístas.

E nós podemos fazer um trabalho incrível ao se rebelar contra as terríveis forças físicas ecegas que nos colocaram aqui. Nós entendemos o que nos colocou aqui. Nós entendemos queestamos aqui como resultado de um processo realmente terrível. Não importa os efeitos nahumanidade. A seleção natural, o processo que guia a evolução...

MODERADOR:Desculpa... Vou ter que te cortar.DAWKINS: A seleção natural é um processo feio que possui lindas conseqüências, nós

humanos podemos nos rebelar contra isso. Apenas 2.5 minutos?MODERADOR:Bem nosso tempo foi muito usado para...DAWKINS:Eu entendo.MODERADOR:Se você quiser 30 segundos para concluir.

DAWKINS:E sobre o fechamento que iremos fazer?MODERADOR:Vamos fazer isso em uma oportunidade melhor. Dr. Lennox...

SEXTATESE– COMENTÁRIO DE JOHN LENNOXLENNOX:Qual pergunta você gostaria que eu analisasse?MODERADOR:É sua a escolha presumo.LENNOX: Eu acho que gostaria de fazer um comentário sobre o que Richard acabou de dizer

porque eu acho que estamos falando de duas coisas diferentes. Meu argumento é que se vocêacreditar que o universo é o poço, não há mal nem bem. Você retira de você mesmo ascategorias que você usa para se discutir a moralidade, foi isso o que eu quiz dizer. Você estáassumindo essa verdade, eu estou afirmando que você está removendo essas categorias, e porisso você deixa brechas para comentários.

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DAWKINS: Você fez uma boa observação de que eu removo as bases da moralidade, o fatoempírico é que nós, muito grandemente, compartilhamos o que chamamos de moralidade, eisso é muito interessante.

LENNOX:Mas você foi mais longe do que isso, e você deveria ter escrito. "Não há bem ou mal"é uma afirmação muito forte e absoluta, eu imagino.

MODERADOR:Que tal...LENNOX:Eu gostaria de me referir a esse...MODERADOR:E o tópico?LENNOX:Deixe me falar algo sobre essa tese, sobre a pessoa de Jesus e assim por diante.Novamente eu tenho observações sobre "Deus, um Delírio" em seu tratamento sobre a

autoridade e veracidade das escrituras. Porque aqueles que a estudaram em detalhes, e eu vimenção de alguns estudiosos em seu livro, chegaram a conclusão de que, por exemplo, ohistoriador Lucas é uma das maiores autoridades em história de toda a História Antiga.Sherman White, de Oxford, um historiador sobre Roma disse que "seria absurdo sugerir que ahistoricidade de Lucas era falsa mesmo em detalhes."

E eu fico preocupado também, não só pela sua atitude em relação a história, Richard, mas asua descrição de Jesus como uma pessoa praticante de moralidade grupal e hostilidade contraestranhos. E a sua interpretação de "Ame seu próximo" eu sei não vem de um teólogo, mas deum anestesiólogo. E eu acho que ele te fez cochilar quando você leu. Porque em Levíticos ondediz "Ame o seu próximo como a si mesmo", um pouquinho mais à frente ele diz que: "Quandoum soldado estranho entrar em sua terra, não o trate mau você deve tratar o estranho que vivecom você e o amar como a si mesmo. Porque vocês foram estranhos no Egito."

Logo no que diz respeito a historicidade, você está completamente errado, sobre as atitudesde Jesus. Na verdade, eu pensei que você sabia a parábola do bom samaritano. E na parábola foium samaritano, um dos estranhos, que mostrou piedade. E essa foi exatamente a parábola que Jesus ensinou, para ilustrar o "Ame ao próximo como a si mesmo" de Levíticos. E é um errocomo esse que me parece ser muito sério. Eu reagi mais ou menos assim: O que você acharia seeu tirasse todas as minhas opiniões sobre Darwin de um engenheiro e nunca me incomodassepara ler "A Origem das Espécies"? Eu acho que você ficaria bravo com isso.Mas por final, uma palavra sobre milagres, esse é um assunto enorme. Você citou DavidHume ao afirmar que os milagres violam as leis da natureza. Bem, David Hume é uma pessoamuito curiosa para se citar sobre esse assunto. Porque David Hume não acreditava nas leis dacausa e efeito, nas quais as leis da natureza estão fundamentadas. Ele não acreditava nacausalidade e ele parecia não acreditar no princípio da indução. Logo, ele não é uma autoridademuito confiável para se citar. Além disso, eu não acho que milagres sejam violações das leis danatureza, porque as leis da natureza descrevem o que normalmente acontece.

Deus que é o Deus desse universo, e o criou com a suas regularidades, tem liberdade paraintroduzir novos eventos no universo, Como C. S Lewis afirmou "Se eu colocar 2 dólares mais 2dólares sobre minha mesa hoje à noite, eu tenho 4 dólares. Se eu descobrir pela manhã que háapenas um dólar, eu não direi que as leis da aritmética foram quebradas, Eu diria que as leis doAlabama foram quebradas. E eu chamaria um juiz federal!

MODERADOR: Bem, o juiz federal vai te pedir para continuar sua análise entendendo quevocê realmente a precisa concluí-la nos próximos minutos, para dar ao Prof. Dawkins a últimapalavra. Há um horário a ser seguido e precisamos terminar.

LENNOX:Foram aquelas minhas últimas palavras?MODERADOR:Não. Vou te dar um minuto extra mais ou menos... para fazer sua conclusão.LENNOX: Minha última conclusão de hoje a noite. Antes de passar a palavra para o Prof.

Dawkins.MODERADOR:Tudo bem.

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PALAVRAFINAL DE JOHN LENNOXBem senhoras e senhores essa foi uma discussão muito interessante. Eu tenho que fazer

minha conclusão muito brevemente. Eu não acho que a resposta é o Ateísmo, embora euconcorde com a maioria das criticas que Richard faz à religião. Eu acho que o livro Deus, umdelírio abandona o jogo com a dedicatória no início do livro para Douglas Adams. Onde ele diz:"Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadasescondidas nele?"

Você fez um trabalho brilhante ao se livrar das fadas, porque a maioria das pessoas nãoacreditam nelas de qualquer forma. Mas quando você vê a beleza de um jardim na suaFaculdade em Oxford, você acredita que não há nenhum jardineiro, ou nenhum dono? Que abeleza sublime surgiu da natureza bruta pelo puro acaso? É claro que não! A distinção de jardins da natureza bruta é uma operação de inteligência. E o que você faz em seu livro eu achoque é nos apresentar, com uma gama falsa de alternativas.

Ou escolhemos apenas jardins ou jardineiros mais as fadas. Mas eles não surgem sozinhos.Eles possuem jardineiros e donos assim como o universo. Você disse que não existe evidênciasde Deus. E a sua própria descrição do universo como um jardim é testemunha de que todas asevidências estão ao seu redor. O ateísmo, senhoras e senhoras, não somente é falso. Ele nãocontém nenhuma mensagem a para lidar com o problema central da rebeldia humana contraDeus. A história foi construída com a intenção de construir uma utopia ateísta.

Cada uma delas presentes, como sugere no livro de Genesis, que haveria uma negação deque Deus alguma vez falou e até mesmo de que ele existe. Eu gostaria de lembrar-lhes que omundo que Richard Dawkins nos propõe não é nenhum paraíso exceto para alguns poucos. Elenega a existência do bem e do mal. Ele até mesmo nega a justiça. Mas, senhoras e senhores,nossos corações gritam por justiça.

E séculos atrás o apóstolo Paulo falou aos filósofos de Atenas, e afirmou que haveria um diaem que Deus iria julgar o mundo, pelo homem que ele apontou, Jesus Cristo, E que elecomprovou isso para todas as pessoas ao ressuscitá-lo dos mortos. E a ressurreição de JesusCristo é um milagre, algo sobrenatural. Para mim, isso confirma a evidência central em quesustento a minha fé, não apenas de que o ateísmo é um delírio, mas a de que a justiça é real.

E o nosso sentido de moral não zomba de nós. Porque se não houve a ressurreição, se nãohouver nada além da morte, no final das contas, os terroristas, os fanáticos vão se safar dessa.Obrigado.

PALAVRAFINAL DERICHARD DAWKINSBem, essa conclusão entrega o jogo, não é? Toda aquela conversa sobre ciência, física, e da

complexidade da física, a que ponto chegou? Na ressurreição de Jesus! E existe umaincompatibilidade fundamental entre um cientista sofisticado que vimos aqui, na maior partedo tempo, de John Lennox que é impressionante, estávamos interessados no argumento sobre

os multiversos e tudo mais. E tendo produzido algum tipo de caso para um tipo de Deusdeístico, talvez algum Deus que os grandes físicos que ajustou as leis e a constância douniverso, Tudo isso era muito impressionante e maravilhoso, e de repente chegamos aressurreição de Jesus. É tão insignificante, tão trivial, tão local, é tanta falta de imaginação, é tãoinjusto para com o universo.

Quando vamos a um jardim, e vemos como ele é bonito, vemos flores coloridas, vemos asborboletas e as abelhas, é claro que é natural pensarmos que deve existir um jardineiro.Qualquer tolo é capaz de pensar que deve existir um jardineiro. A grande conquista de Darwinfoi mostrar que isso não precisaria ser verdade. É claro que é difícil, é claro que tivemos queesperar até a metade do século XIX, antes que alguém pensasse nisso.

Parece tão óbvio que se tivermos um jardim deve existir um jardineiro que o criou e tudo quesurge com ele. O que Darwin fez foi mostrar o assustador fato contra-intuitivo de que isso, nãosó pode ser explicado por um processo não direcionado, não é "o acaso" à propósito, está

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totalmente errado afirmar que é o "acaso", não é o acaso. A Seleção Natural é o contrário doAcaso e essa é sua essência. Isso foi o que Darwin descobriu.

Ele mostrou não somente um jardim, mas tudo no mundo vivo e, em princípio, não somentenesse mundo, mas em qualquer outro planeta, onde quer que você veja a complexidadeorganizada que nós entendemos e chamamos de vida, que ela tem uma explicação que podesurgir de inícios simples por meios compreensíveis e racionais. Essa é provavelmente a maiorconquista que qualquer mente humana já alcançou.

Não somente ele mostrou que isso poderia ser feito. Eu acredito que podemos afirmar que aalternativa é tão exagerada e tão oposta as leis do senso comum, que relutantes como podemosser, pode ser desagradável para nós admitirmos, embora não pode provar que Deus não existe,ele é muito, muito improvável na verdade.

ENCERRAMENTO , POR LARRYTAUNTONDisseram que, no início do século passado, G. K. Chesterton e George Bernard Shaw fizeram

um eloqüente, porém amigável, debate. Talvez não seria demais afirmar que não havíamosvisto nada assim até esta noite. Senhoras e senhoras, por favor juntem-se a mim noagradecimento. Muito Obrigado, Richard. Muito Obrigado, John.

TRADUÇÃO: Dimas LuzREVISÃO:Deus em Debate