Deusa Ala e Ostara - Teia de Thea · esposa de Amadioha, o Deus do Céu, também citado como Deus...

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Deusa Viva Um informativo do Círculo de Mulheres da Teia de Thea Plenilúnio .:. Equinócio .:. Março 2020 .:. nº 249 DECEMBER 2016 Ala: a Deusa-Mãe do povo Igbo Por Shirley de Medeiros 1 onsiderada a Deusa mais importante para as tribos do povo Igbo na Nigéria, Ala é a mãe de todas as coisas: tanto da terra fértil que traz a abundância e o alimento, quanto do campo vazio após a colheita e do submundo. Ela rege as estações do ano, gentilmente nos lembrando da transitoriedade de tudo. Ala está presente no início da vida, cuidando dos bebês que crescem no útero materno, orientando as crianças até a fase adulta e, ao final da jornada, recebendo as almas dos mortos em seu próprio ventre para o descanso. Criadora da vida, Senhora da morte e Guardiã da terra, esta Deusa-Mãe cuida e protege seu povo, providenciando tudo o que favoreça e sustente a vida, como a alimentação, os recursos naturais, a saúde e a justiça. Também conhecida como Ani, Ana, Ale ou Ali - de acordo com cada dialeto Igbo -, seu nome é a tradução da palavra terra como o próprio solo. Na mitologia, Ala seria filha de Chukwu, o Deus Supremo, e esposa de Amadioha, o Deus do Céu, também citado como Deus Trovão em alguns registros. C

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Deusa VivaUm informativo do Círculo de Mulheres da Teia de Thea

Plenilúnio .:. Equinócio .:. Março 2020 .:. nº 249

DECEMBER 2016

Ala: a Deusa-Mãe do povo Igbo

Por Shirley de Medeiros

1

onsiderada a Deusa mais importante para as tribos do povo Igbo na Nigéria, Ala é a mãe de todasas coisas: tanto da terra fértil que traz a abundância e o alimento, quanto do campo vazio após a colheita edo submundo. Ela rege as estações do ano, gentilmente nos lembrando da transitoriedade de tudo. Ala estápresente no início da vida, cuidando dos bebês que crescem no útero materno, orientando as crianças até afase adulta e, ao final da jornada, recebendo as almas dos mortos em seu próprio ventre para o descanso. Criadora da vida, Senhora da morte e Guardiã da terra, esta Deusa-Mãe cuida e protege seu povo,providenciando tudo o que favoreça e sustente a vida, como a alimentação, os recursos naturais, a saúde ea justiça. Também conhecida como Ani, Ana, Ale ou Ali - de acordo com cada dialeto Igbo -, seu nome é atradução da palavra terra como o próprio solo. Na mitologia, Ala seria filha de Chukwu, o Deus Supremo, eesposa de Amadioha, o Deus do Céu, também citado como Deus Trovão em  alguns registros.

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celebram os ancestrais e rogam àAla boas colheitas e prosperidade. Os templos dedicados à Deusa-Mãe e lugares sagrados sãobanhados no último dia dasfestividades para lavar as dores dotempo e as memórias ruins. Nestafase, podemos nos conectar à Alalimpando nossos altares e objetosmágicos, tomando banhos deervas e pedindo à Deusa que nosproteja e abra nossos caminhospara o novo ano. Sorte, colheita,fertilidade, alimento, celebração,justiça, leis, purificação, morte eciclos são alguns dos temasregidos por Ela. Seus símbolosprincipais são o inhame e a LuaCrescente, esse último como umareferência às crianças. Ainda hoje, anualmente, érealizado na África Ocidental -especialmente na Nigéria e emGana o Festival New Yam do povoIgbo, que ocorre no final daestação chuvosa, começo deagosto. A celebração marca o fimda colheita e o início do próximociclo de trabalho, unindo as tribosque cultivam e dependem doplantio do inhame. Na fase lunar crescente,conecte-se com a simbologiaainda viva de Ala e suas dádivasde abundância, incluindo essa raizem sua alimentação. Antes decomer, faça uma prece pedindo asbênçãos de prosperidade daDeusa: “Ala, seja bem vinda à minhacasa! Peço que abençoe estealimento sagrado com saúde,prosperidade, sorte e proteçãopara os próximos meses. Queseja assim!” * Com informações da Internet

Protetora das mulheres e dascrianças, a Deusa é quem governaainda o equilíbrio ético e moraldas tribos, julgando as açõeshumanas de acordo com as leis eos costumes Igbo, conhecidoscomo “Omenala”. Aqueles que cometem crimescontra Ala profanam sua própriaterra, o que traria consequênciaspara as plantações e o clima, porexemplo. Um dos castigos daDeusa seria engolir as pessoaslevando-as para o subsolo, crençaque pode simbolizar seu podersobre a morte - seja por fome,catástrofes naturais ou doenças –como resultado também das máscondutas. Daí a importância paraestas comunidades de se manter ahonestidade e o respeito às regrasdefendidas pela Deusa. Segundo a tradição, acredita-seque as formigas serviriam à Ala,atacando quem desrespeita as leisou aparecendo em seus sonhospara alertá-los sobre os mauscomportamentos. Ainda hoje, templos chamadosMbari são construídos no centrodas aldeias e em praças parahonrar a Deusa. Nestas estruturas,é possível encontrar figuras de Alaem cores brilhantes ou esculpidasem argila, com imagens decrianças, outros deuses damitologia africana e de animais. As estátuas costumam retratarAla com um tronco longo e opescoço longo e grosso, sinais debeleza para o povo Igbo. Nesteslocais e em árvores sagradasdedicadas a Ela, as pessoas areverenciam e fazem oferendascom os primeiros frutos dascolheitas. Com a pobreza e asguerras na região, o povo têmerguido as estruturas com menos

Imagem de Ala em um templo Mbari

frequência e em tamanhosmenores. O número de pessoaspraticando a religião Igbo tambémdiminuiu de forma significativadesde o início século 20 com achegada dos padres britânicos, ademonização dos ritos e osincretismo com a religião cristã. Conexão com Ala – Se você seidentifica com os mitos africanos,pode incluir em seus rituaispessoais a reverência à Deusa Ala.O povo de Gana, por exemplo,estende a celebração do ano novopor 13 dias, período em quedançam para limpar as energias

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8 de março - Dia Internacional da Mulher

Parabéns mulheres, f i lhas da Grande Mãe, responsáveis pela volta da Deusa à Terra e pela manutenção da chama do amor

e da fé no coração da humanidade! (Mirel la Faur)

"Eu uno minhas mãos às suas, eu uno meu coração aos seus, para que juntas possamos fazer aqui lo que sei

que não posso fazer sozinha."

África: Brasil no meio do caminho

or conta da escravidão, o território brasileirotambém começou a ser povoado pelos africanos.Vindos de diferentes regiões e com vivênciasdiversas, eles traziam consigo uma ampla gama deculturas. Os portugueses, é verdade, fizeramgrande esforço para “branqueá-los”, forçando aconversão ao catolicismo e a adoção de língua enomes portugueses, além de castigar os que serecusavam a abandonar os costumes nativos. Masos escravizados não cederam. Além da resistênciafísica, com os quilombos, emboscadas e motins, osnegros que forjaram o nosso país foram mantendoviva a memória de suas raízes. Iorubás também chamados de nagôs sãooriginários da região que hoje engloba o sul daNigéria, o Togo e Benim, principalmente. Oanimismo Iorubá – a visão de que animais e plantase entidades não humanas têm essência espiritual –é um dos pilares do candomblé, baseado no culto aorixás, como Iemanjá, Xangô e Ogum. Para evitar afúria cristã, os nagôs batizaram suas divindadescom nomes de santos católicos, como São Jorge.Foi nesse Brasil colonial cada vez mais impregnadopelo imaginário africano que surgiram religiõescomo a Umbanda e o Candomblé, seguidas hoje pormilhões de brasileiros.

Se você curte uma roda de samba, um chorinhoou mesmo uma bossa nova, é porque tradiçõesmusicais de origem africana, em especial o lundu,deram tom e ritmo ao que viria depois. Juntandodança e arte marcial, a capoeira brasileira chegoua ser perseguida pelos portugueses e hoje épatrimônio cultural da humanidade. A feijoada, ovatapá e o azeite de dendê não existiriam noBrasil. E várias palavras foram incorporadas aonosso vocabulário, como moleque, caçula e farofa,por exemplo. * Revista África – Edição 398-A Janeiro/2019

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s mais antigas denominaçõesdas constelações são origináriasda Babilônia, mas o signo queatualmente conhecemos comoÁries não existia nos zodíacosantigos. Foram os egípcios que nosdeixaram o nome de Áries,representado ora como ovelha, oracomo carneiro. Áries representa opoder do ego individual emergindodo  oceano coletivo, o próprioimpulso de ser, por isso elesimboliza o novo, sendo oprimeiro signo na roda zodiacal. Quando o Sol, no seu movimentoaparente, passa do hemisfério sulpara o hemisfério norte e o dia éigual à noite comemora-se oEquinócio Vernal (21/03), queassinala a entrada da Primaverano hemisfério norte e do Outonono hemisfério Sul. Esta data éespecialmente valorizada pelosastrólogos, por corresponder aoinício do Novo Ano Zodiacal. Na Roda do Ano celta oequinócio vernal marca a metadedo intervalo entre dois Sabbats -Imbolc e Beltane - e representa oequilíbrio (entre luz e escuridão,dia e noite, masculino e feminino).A entrada do Sol em Áries é umaoportunidade de introspecção,avaliação e renovação antes docomeço do novo ciclo. No calendário cristão, existemduas datas adaptadas do equinóciovernal: a primeira é a “Festa daAnunciação da Virgem Maria” nodia 25 de março, escolhida paratranscorrer um prazo de novemeses até nascimento  de Jesusem 25 de dezembro. Esta data,nas antigas culturas, correspondia

para o mundo subterrâneo, ondeela permanecia três dias e depoisressurgia, devolvendo a fertilidadeda terra, no início da Primavera,após a ausência da vegetação e aaridez dos meses de inverno. Osdias correspondem à Lua Negra,período em que a Lua não é visívelno céu (representando a estadia daDeusa na escuridão). Mesmo prazofoi adotado pelo cristianismo paraa duração do sepultamento deJesus, a ressurreição se dando no3º dia, o domingo de Páscoa. O nome em inglês e alemão paraa Páscoa – Easter e Östern – foi“emprestado” da celebração pagãdas deusas Eostre (celta) e Ostara(saxão ), regentes da Primavera eda fertilidade, celebradas na LuaCheia mais próxima do equinóciode primavera. Ostara era a deusada aurora e da vitalidade, regenteda fertilidade (vegetal, animal ehumana), equivalente a Eostre, adeusa anglo-saxã da Primavera.Ambas eram representadas comojovens coroadas com flores,segurando uma cesta com ovos ecercadas por lebres, celebradascom canções, danças e procissõesde mulheres enfeitadas comguirlandas. Recebiam oferendas deovos pintados ou decorados, pãese roscas doces em forma de lebres,animais associados à Lua econhecidos pela fertilidade. Seusnomes deram origem ao hormôniofeminino (estrógeno), ao cio(estrum) e à denominação daPáscoa (Östern em alemão eEaster em inglês). * Trechos do artigo

aos festivais das deusas Ártemis eDiana, nas suas representaçõescomo “Mãe Divina, a Senhora dosMil Seios”, cuja estátua seencontrava no antigo templo deÉfeso (considerado uma das SeteMaravilhas do mundo antigo). Noano de 451, com a pressão popular,o Concílio de Éfeso proclamouMaria “Mãe de Deus”, aprovandooficialmente a sua adoração peloscristãos, antes pouco incentivadae até mesmo reprimida. O Concílioconsagrou o templo de Ártemis

Ostara e o início do ano zodiacalPor Mirella Faur

para Maria, acreditando-se que elateria passado seus últimos anos devida neste lugar. A segunda data do calendáriopagão adotada pela igreja cristã éa Páscoa, que guarda o antigosignificado da vitória da luz (o Solda primavera substituído porJesus) sobre a escuridão doinverno (a morte). Um antigomotivo mitológico de váriasculturas era a descida da Deusa

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o dia 20 de março de 2020ocorre o equinócio vernal, momentoem que o dia e a noite possuem amesma duração, iniciando assim aPrimavera no hemisfério Norte e oOutono no hemisfério Sul. Para aAstrologia, esta data também é oinício do ano zodiacal, momento emque o Sol entra no signo de Áriescomeçando um novo ciclo. O mapa astral desse dia, com oSol a zero grau de Áries, nos agraciacom a energia do novo, do impulso,da vontade, da coragem, da forçaque pulsa dentro da semente e que étão necessária para que os nossosprojetos caminhem. Porém, existemalguns outros pontos relevantes,

como a conjunção de Marte, Júpiter, Saturno e Plutão no signo de Capricórnio, que traz um estímulo paravalorizar o trabalho, a competência e a coerência, para eliminar o luxo e se concentrar na essência, e parainvestir em projetos que tenham solidez. Por causa da presença de tantos astros no signo de Capricórnio, éinteressante estar atenta a problemas gerados pela rigidez, pelo excesso de cobrança, de trabalho eautoritarismo, principalmente para aquelas pessoas que já se sobrecarregam, que se cobram demais e estãovivenciando um momento intenso de afazeres e responsabilidade e pouco descanso e relaxamento. Paraaquelas que possuem uma menor conexão com as energias de comprometimento, persistência,responsabilidade e planejamento, pode ser que sintam a intensidade da cobrança para se envolverem comalgo real, cumprirem o combinado, pois é um ano de se trabalhar essa energia, assim como foi em 2019. Porém, agora em 2020 haverá um tom de adaptabilidade mais acessível, pois Saturno, que é o regente deCapricórnio, ensaia sua entrada no signo de Aquário, signo da inovação e do fazer diferente. Durante todo oano de 2020, o planeta Netuno estará no signo de Peixes, facilitando a conexão espiritual e a dissolução doslimites e fronteiras, o que favorece o entendimento de que estamos todos no mesmo planeta, somos parte deum mesmo ecossistema, portanto é maravilhoso que esteja ocorrendo encontros envolvendo pessoas depaíses e culturas diferentes, voltados para a sobrevivência e o futuro da humanidade. Além disso, Urano, que entrou em Touro em 2018 e permanecerá nesse signo até 2025, favorece o encontrode novas soluções e novos conceitos de valores e sustentabilidade, além de contribuir para o despertar deuma nova realidade em relação à natureza e ao que costuma ancorar o sentimento de segurança. Uma formainteressante de aproveitar esta energia presente no mês de março, principalmente no período próximo aoequinócio - devido à energia de equilíbrio entre o dia e a noite, entre a luz e a sombra - é abrir a escutainterna para o seu atual momento, avaliar suas reais possibilidades, captar as mensagens sobre o que seránecessário renovar para, em seguida, ser capaz de realizar as mudanças necessárias para seguir com osprojetos e sonhos que fazem sentido para a sua vida.

E o ciclo recomeça!Por Léa Beatriz 

www.seguindoestrelas.org

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Próximos rituais:Equinócio: Sabbat Ostara

20 de março - 20h - Local: Unipaz .:. Aberto também aos homens .:.

Plenilúnio: Celebração da Deusa Ártemis

7 de abril - 20h - Local: Unipaz.:. Somente para mulheres .:.

Sabbat Beltane: O Casamento Sagrado

30 de abril - 20h - Local: Unipaz.:. Aberto também aos homens .:.

Deusa VivaExpediente

Edição e diagramação: Shirley de Medeiros

Imagens: InternetTextos: Léa Beatriz,

Mirella Faur eShirley de Medeiros

Contato: (61) [email protected]