Deusa e Vadia - SOARES, 2014
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IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
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Deusa e Vadia:A rede social I nstagramcomo ambiente performtico da cantora Rihanna 1
Hedilberto Pessoa BERTO JNIOR2
Thiago SOARES3
Universidade Federal da Paraba, Joo Pessoa, PB
RESUMO
Desde sua gnese, as indstrias culturais (cinema, msica, etc) sempre ancoraram seusdiscursos em torno da noo de divindades. Integra uma mxima neste contexto, a
ideia de pessoas que at pouco tempo eram comuns, mas logo estampam veculosmiditicos por todo o mundo, arrastando consigo uma legio de seguidores, que em um
processo de projeo e identificao constroem fortes laos afetivos com seus dolos.
Este artigo pretende analisar a relao de representao e apropriao imagtica que tmos indivduos com seus objetos de culto, usando o Instagram como caminho para aconstruo mtua de subjetividades. O objeto de estudo ser a conta da cantora Rihanna(@badgalriri) com seus seguidores.
PALAVRAS-CHAVE:identificao; representao; projeo; dolo;Instagram.
INTRODUO
A aproximao entre celebridade e f acompanha os desdobramentos
tecnolgico dos meios de comunicao. Atravs das ondas hertzianas, no incio do
sculo passado, foi possvel sentir-se pela primeira vez prximo aos dolos, devido a
entrada dos programas musicais de rdio nos lares de todo o mundo. Nos anos 30, com
a sonorizao do cinema, a sensao de aproximao entre espectador e dolo ainda
maior. A unio da imagem em movimento com a sonorizao da narrativa flmica foi
capaz de aumentar a empatia de quem assistia as produes, que podiam enxergar seus
dolos com maior humanizao, menos marmreas, como ressalta Morin (1989).J nos anos 80 e 90, com a exploso dos programas televisivos musicas, os
dolos ganharam um novo espao de exposio. Emissoras como a Music Television,
mais na frente chamada apenas pelo acrnimo MTV, dedicavam 24 horas de
1Trabalho apresentado no DT 5 Multimdia do XV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Nordesterealizado de 12 a 14 de junho de 2013.2Estudante de Graduao 7. semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal da Paraba (UFPB), email:[email protected] Professor do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Culturas Miditicas, do Mestrado Profissional emJornalismo e do Curso de Jornalismo da UFPB, email:[email protected]
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected] -
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programao voltada apresentao desses artistas, com programas que mostravam
desde os videoclipes e shows at os bastidores da vida dos cantores. Para sentirem-se
mais prximos desses seres ainda intocveis, os fs deveriam comprar CDs, revistas,
jornais, psteres, dentre vrios outros produtos que tivessem a estampa de seu dolo
evidenciada, uma forma de ter ali, perto do idlatra, uma fatia imagtica de seu adorado.
Na contemporaneidade, as personalidades miditicas operam em torno da
visibilidade. Mostrar-se ao mundo, hoje em dia, tarefa fcil, graas s inmeras
formas de sociabilizao trazidas com as redes sociais. Facebook, Twittere Instragram
so vitrines virtuais onde as celebridades podem expor suas realidades, produzindo e
reproduzindo ao mundo suas ideias, trabalhos e opinies, por mais moldados que esses
discursos possam ser.
Esta aproximao torna-se fcil para ambas partes: os fs usam as redes sociais
como caminhos para se chegar as suas estrelas, espaos onde ele poder acompanhar em
tempo real, ou melhor dizendo, tempo real da estrela, a vida do seu objeto de culto; e,
do outro lado, as estrelas permitem tal aproximao, fazem bom uso dela, alimentando-a
para que seu amante no se sinta repelido, ignorado.
A aproximao entre personalidade miditica e seus fs no objeto do acaso e
tampouco por simples compaixo com aqueles que esto do outro lado da tela. O
feedbackdo artista pelas redes sociais antes de tudo ferramenta de empatia, moeda de
troca para barganhar a afeio do outro. Ao mostrar ateno ao seu f, o dolo alimenta
a empatia do mesmo, caracterstica essencial para fidelizao daquele indivduo, ou
daquela massa de indivduos, com aquela celebridade.
Como Nascem os Novos Deuses Mitolgicos
Ao mostrar-se aos seus seguidores, o dolo abre uma brecha na construo dasubjetividade de seus fs, que, por idolatria, vo espelhar-se naquilo que representado
por seus cultuados, sentimentos incontveis que vo depender da idiossincrasia de quem
consome aquelas mensagens miditicas. A idolatria ocorre porque o dolo ganha novo
sentido para o f, deixa de ser apenas artista para adquirirstatusde divindade, deuses do
olimpo moderno, segundo pensamento de Morin (1989).
O processo de construo de uma estrela complexo e faz uso de diversos
artifcios para transformar uma pessoa comum em divindade, ou melhor dizendo, diva.
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Das vestimentas at o modo de se portar em pblico, tudo moldado para transformar
um simples artista em ser mtico.
Segundo Morin (1989), o star system o sistema que realiza essas
transformaes, capazes de metamorfosear um indivduo comum em objeto de culto da
massa. Nesta perspectiva, o mito, para o autor, (...) um conjunto de condutas e
situaes imaginrias... Quando se fala em mito da estrela, trata-se portanto em primeiro
lugar do processo de divinizao a que submetido o ator (...), e que faz dele dolo das
multides(1989, p. 26).
O novo deus ser objeto de culto da massa, ganha seguidores que por razes
especficas vo considera-lo como um ser diferente dos demais. O dolo adquire status
de deus ao tornar-se louvado pelos seus seguidores. Aos ps de cada estrela edifica-se
espontaneamente uma capela, isto , um clube (Morin, 1989, p.52) e esta legio de
adoradores vai precisar de apreenses subjetivas para construir essas capelas.
Para tornar-se dolo da massa no basta ter perfeio tcnica para a funo que
se presta afinao vocal para o cantor, boa interpretao para o ator, etc.
necessrio tambm elementos que vo permear a subjetividade de quem consome tais
produes miditicas, ou seja, elementos que vo tornar os indivduos comuns (fs)
atrados pelos artistas.
A estrela , antes de mais nada, espelho de subjetividades de quem consume-a e
o f precisa querer estar perto dela. Mesmo que no plano virtual, ela precisa transmitir
sensaes que vo permear a subjetividade de quem a assiste. Ao mostrar-se acessvel
nas redes sociais, as personalidades esto cumprindo esta que a primeira regra imposta
pela indstria cultural do entretenimento: transmitir sensaes atravs das
representaes.
O carisma da divindade miditica vai ser o elemento inicial para a empatia do f,
ela responsvel pela busca do f pelo seu dolo e as redes sociais, mais precisamente oInstagram, quem hoje em dia realiza essa aproximao. A acessibilidade oriunda
desses novos meios de socializao apetitosa para quem est do outro lado da tela,
pois quebra os limites de alcance do fe seu dolo.
Ao postar diariamente imagens pessoais em suas redes sociais, as estrelas
humanizam-se, tornando suas vidas mais prximas daquelas vividas por quem est do
outro lado da tela, ou seja, os fs.
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(...) as estrelas participam da vida quotidiana dos mortais. No somais astros inacessveis, mas mediadores entre o cu e a Terra. Moasformidveis, mulheres estrondosas, despertam um culto em que avenerao cede lugar admirao. So menos marmreas, porm maisternas; menos sublimes, todavia mais amadas. (MORIN, 1989, p. 20)
Dessa forma, o Outro, no caso, o dolo, tenta se aproximar do Eu, o f, em
um movimento de transfuso recproca, onde ele concede sua imagem e uma fatia de
suas particularidades cotidianas para que o f possa alimentar-se delas, suprindo sua
carncia afetiva e, consequentemente, aumentando o afeto pelo dolo.
O eu no Outro
Toda representao significa algo. Nas relaes miditicas, essa afirmao no
poderia ser diferente. Na construo do Eu, ou seja, na formao da identidade e
intelecto, o ser humano busca por espelhos, referenciais que vo ajudar a criar as
realidades individuais do indivduo, imagens mentais responsveis pela construo do
banco idiossincrtico do ser. No contexto miditico, essas imagens vo chegar de
diferentes formas e propores nos indivduos, criando, assim, imagens mentais
distintas, de acordo com a realidade de cada um, conforme evidencia Irene Tiski-
Franckowiak, em Homem, Comunicao e Cor (1997).
A mensagem do comercial, do filme ou da telenovela transforma-seem encenao imaginria com o indivduo presente de maneirasimblica, pelos processos defensivos e pelas fantasiasinconscientes. (...) A interpretao particular ser mais diversificada,quanto mais a mensagem for obscura. (...) mas por alguns segundoso telespectador pode fantasiosamente transportar-se para as cenas,ser to bela e desejvel quanto as modelos. (TISKI-FRANCKOWIAK, 1997, p.20)
Ao assistir a vida de seu dolo atravs das redes sociais, os fs ficam envoltos emdeterminadas subjetividades transmitidas pelas mensagens do dolo, que deixa de ser
simplesmente um artista ao qual o f acompanha o trabalho, e passa a ser objeto de
inspirao. Fora, poder, seduo e sucesso so alguns desses objetos de desejo dos
adoradores, que ao perceber tais caractersticas na vida do dolo, tentam parecer com o
mesmo, adotando as mesmas atitudes para aproximar-se imageticamente daquela
realidade.
A cantora Rihanna (@badgalriri) uma das personalidades miditicas maispopulares no Instagram, com 6.856.100 seguidores, nmero este que s cresce. Em
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mdia so duas postagens por dia, com imagens variadas, que vo desde paisagens
exticas de lugares visitados at festas e momentos ntimos da artista.
As imagens postadas pela cantora so ferramentas de aproximao com os fs,
atravs delas os seguidores podem saber o que se passa na vida da personalidade
cultuada. Poucos segundos so suficientes para que a postagem atinja milhares de
comentrios, na maior parte vindos de pessoas que tm forte admirao pela artista.
Ao alcanar os dolos, os fs constroem pactos afetivos, eles sero
eternamente fiis aos seus amados pois atravs deles conseguem absorver diversas
subjetividades. O dolo deixa de ser simples profissional musical e passa a adquirir
papel fundamental na vida do f, a fora motor para que os indivduos comuns
possam alcanar determinados ideais. Nesta perspectiva, Morin fala que (...) as estrelas
passaram a desempenhar um papel tutelar, conselheiro, consolador(1989, p. xv).
A lgica do agradecimento dos fs
Este novo papel que adquire as estrelas pode ser constado ao analisar a
resposta dos fs ao contedo divulgado pela estrela. No dia 20 de janeiro de 2013, por
exemplo, a cantora Rihanna postou uma fotografia (Fig. 1) intitulada Buckle up
bitchesApertem os cintos, vadias em portugus livre.
Figura 1
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A imagem mostra a cantora dentro de um carro, em pose espontnea, sem
mensagem direta aparente. Para os fs, entretanto, a imagem vai alm do que proposto
e abre um leque para inmeras interpretaes carregadas de subjetividades.
Uma seguidora, chamada Dora Krylov (@dora_krylov), comenta a imagem, no
se apegando a objetividade da imagem e sim todo o universo subjetivo que foi criado
naquele espao que leva a cantora aos computadores dos fs. A seguidora disse: Eu
acho que voc nunca vai perceber este comentrio, mas gostaria apenas de agradecer a
voc por ter me ensinado a ser quem eu sou hoje. Voc incrvel, espero que voc
venha se apresentar em Israel. Ns amamos voc (Fig. 2).
Figura 2
No caso em questo, a f sabe que provavelmente no ser respondida pela sua
diva, mas no se sente ignorada, tendo em vista que sua idolatria recompensada no
plano subjetivo, atravs das imagens e mensagens simblicas da cantora.
O amor do f no pode possuir, nem no sentido sociolgico nem nosentido fsico do termo. O amor pela estrela no provoca cime ouinveja, partilhvel, pouco sexualizado, ou seja, adorador. (...) O f,
por seu lado, aceita ser pura e simplesmente verme. Desejaria seramado, mas sem perder sua humildade. esta desigualdade quecaracteriza o amor religioso, essa adorao no-recproca, emboraeventualmente recompensada. (MORIN, 1989, p.52)
Ao ter acesso aos fragmentos cotidianos da artista, a f apreendeu
ensinamentos, lies que hoje fazem parte de seu modo de ser, subjetividades que por
processos de absoro imagtica estaro presentes na sua identidade, na forma pela qual
a f se mostra ao mundo. A estrela passa a desempenhar papel tutelar, tona-se guia das
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atitudes da f, ela passa a ser referencial para a construo da identidade da seguidora,
que vai mimeticamente adotar a mesma imagem mental do dolo.
Na perspectiva de Morin, isso acontece porque a alma do f, carente de
referenciais aos quais possa se apropriar de determinadas subjetividades, confunde o
real com o imaginrio e se v no direito de se apropriar da imagem mental ao qual seu
dolo passa a representar (imagem de independncia, liberdade, poder, etc.).
O mesmo movimento que aproxima o imaginrio do real aproxima oreal do imaginrio. Em outras palavras: a vida da alma se amplia, seenriquece, se hipertrofia mesmo. (...) a alma precisamente o lugarde simbiose no qual imaginrio e real se confundem e se alimentamum do outro; o amor, fenmeno da alma que mistura de maneira
mais ntima nossas projees-identificaes imaginrias e nossa vidareal, ganha mais importncia. (MORIN, 1989, p.11)
A partir do discurso de Rihanna, essas subjetividades no so fceis de ser
encontradas, entretanto algumas caractersticas apontam para ideais e ideias especficas.
No discurso verbal, a cantora preza por expresses coloquiais, que beiram a fala da
marginalia, atravs de expresses tpicas do chamado linguajar do gueto.
Referir-se aos seguidores como bitches (vadias), por exemplo, uma forma de
afirmar uma cultura de minoria, mostrar para quem est do outro lado da tela a raiz dacantora, que mesmo saindo do gueto de Barbados, ilha caribenha onde nasceu, manteve
o esprito de sua terra natal, de seus amigos e de sua vida particular.
A forma de se comunicar com seus fs cria maior aproximao, pois confere
sinceridade ao discurso da cantora. Ao chamar os fs de vadias e tambm ser
chamada de vadia pelos fs a artista aproxima os dois polos dessa relao, criada
uma identidade mtua entre dolo e seguidor.
Toda informao traz algum segredo que permite ao leitor apropriar-se de uma parcela da intimidade da estrela. Qualquer um,eventualmente, poder incorporar a si mesmo essa parcela,adaptando penteados, maquiagens, toilettes, assimilando assim amatria assimilvel por natureza, a alimentao da estrela. (MORIN,1989, p.61)
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Cigarro, anarquismo e libertinagem
Atravs do discurso no-verbal, ou seja, das imagens postadas, possvel
perceber que a ideia de transmitir sua identidade recorrente. Ao mostrar as
particularidades que constituem sua identidade e realidade, ou seja, imagens comuns do
cotidiano, a estrela se coloca no mesmo patamar que os seus sditos, que desejam fazer
parte daquela vida, se no do lado da cantora, atravs das imitaes mentais.
Uma outra seguidora, chamada de @twentiethcenturyfoxx, ao ver uma
fotografia da cantora fumando (Fig. 3), deseja alcanar esse ideal de vida,
aparentemente irregular para maior parte da sociedade, mas que para aquela f transmite
subjetividades individuais, sensaes e inspiraes que s ela ir entender.
Em traduo livre, a seguidora fala: Voc to maravilhosa (...) eu espero que
um dia, se eu conseguir ser musicalmente igual a voc, ns possamos fumar uns juntas.
Logo abaixo, um outro seguidor, chamado @alexmod1, exalta o esprito anarquista e
libertino da cantora em apenas um adjetivo: Bitch (vadia).
Figura 3
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A troca de adjetivaes, como ocorre na relao da Rihanna com seus sditos,
nada mais que o feedback emptico dos fs para com a estrela, uma das formas dos
seguidores mostrarem para a adorada que compartilham das mesmas formas culturais e
ideolgicas da diva.
A liturgia das estrelas
As estrelas deusas no tm simples admiradores, elas possuem, como em todo
culto litrgico, seguidores que acreditam no seu poder mstico, seu carter heroico de
salvador e consolador, ser alm da humanidade capaz de oferecer aos seus fiis
seguidores, que partilham das mesmas ideologias e modos de vida, conquistas
impossveis de serem alcanadas sozinhas pelo ser humano comum.
A projeo do espectador no heri corresponde a um movimento deduplicao. (...) Para alm da imagem, projees mticas se fixamnuma pessoa concreta e carnal: a estrela. (...) A estrela submerge noespelho dos sonhos e emerge na realidade tangvel. Num e noutrocaso, so os poderes da projeo que a divinizam. no instante quea projeo mtica se faz na sua natureza dupla e a unifica que serealiza a estrela-deusa. Essa deusa, porm, deve ser consumida,assimilada, integrada: o culto organizado com vistas a essaidentificao. A estrela fruto de um complexo projeo-identificao particularmente virulento. (MORIN, 1989, p. 67)
O f no ama a estrela-deusa apenas em forma fsica, ele ama sobretudo o queele representa. A inteno no consumir aquela figura e sim preencher suas almas comas subjetividades sgnicas transmitidas por aquela representao.
Neste caso, Rihanna a deusafemme fatale, ou seja, mulher poderosa e fora dos
padres socialmente imposto (sensvel, delicada, serena, etc.). Esta caracterstica
transmitida desde o apelido escolhido para nomear sua a conta. Ao se auto intitular
como @badgalriri (Bad Girl Rihanna Rihanna, Garota M), ela afirma seu
posicionamento anticonformista, aqum dos padres estabelecidos para as mulheres.
A Rihanna apresentada aos fs uma mulher livre, independente, que, graas ao
seu sucesso profissional pode fazer o que bem entender, livre para ter os pensamentos
que lhe forem plausveis e pode mostrar-se ao mundo da forma que julgar pertinente,
seja bebendo, fumando, seminua ou simplesmente em um momento de lazer (Fig. 4).
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Consideraes finais
possvel perceber a reformulao que passou a estrela miditica com o advento
das novas tecnologias comunicativas. Se antes, o estrelato era signo de superioridade e
recluso, um palcio onde poucos tinham acesso, na contemporaneidade vem
adquirindo nova significao.
A realidade dos novos deuses miditicos diferente, eles deixam e querem ser
tocados, pelo menos no plano das ideias. A estrela influencia e influenciada por seus
seguidores, que em processo de projeo e identificao apropriam-se das qualidades de
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suas estrelas, adquirem novas necessidades subjetivas que s vo ser saciadas a partir da
apreenso das significaes transmitidas pelas suas estrelas.
A cantora Rihanna smbolo da deusa e mulherps-moderna. Ela no quer
ter as relaes amorosas das tpicas narrativas flmicas do happy end, sua vida
carregada de liberdade e destruio das amarras socialmente impostas. A diva no se
incomoda em queimar dinheiro, aparecer seminua ou consumido produtos ilcitos, ela
quer mais ser exposta, se atirar no fogo miditico e sorrir do perigo de ser queimada.
Seus sditos, fiis espelhos da diva, ao consumirem diariamente essas
mensagens, so convidados a fazer parte desse universo, eles tm as mesmas
possibilidades, podem, se quiser, ser mimese do dolo.
E a maioria deles nitidamente no abre mo disso, muito pelo contrrio, as
atitudes do dolo, neste caso, so na maioria das vezes ostentadas, bandeiras que devem
ser admiradas. Quando qualquer outro resolve intervir negativamente nesse universo, ou
seja, contrariar as regras bblicas impostas pela deusa Rihanna, certamente ser
retaliado pelos fs, que no se importam em perder horas a fio para acuar quaisquer
pessoas que ousem contrariar as regras da diva.
Brigas entre seguidores so comuns nesses espaos, isso porque, como em toda
doutrina litrgica, regras devem ser respeitadas. As da deusa Rihanna so bem claras,
seu mundo aberto e convidativo. Os que se identificam com aquela realidade, so bem
acolhidos e vo fazer de tudo para seguir a risca o que lei naquela capela; os que se
chocam com aquele universo devem, por livre arbtrio, afastar-se dali, ou tero que
enfrentar a fria de uma legio de seguidores que querem to somente a liberdade de
parecer um pouco com sua deusa.
Referncias
FREUD, Singmund. Psicologia das massas e anlise do eu e outros textos (1920-1923). Traduo Paulo Csar de Souza. So Paulo: Companhia das Letras, 2011.
MORIN, Edgar. As Estrelas:mito e seduo no cinema. Traduo [da 3. Ed. Francesa]Luciano Trigo. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1989.
SANTAELLA, Lucia; NTH, Winfried. Imagem: cognio, semitica, mdia. SoPaulo: Iluminuras, 2008.
TISKI-FRANCKOWIAK, Irene T. Homem, Comunicao e Cor. So Paulo: cone,1997.