DH: Circulo de Influencia

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Círculo de Influência Aideia inicial deste artigo era escrever um balanço do ano de 2011 eco lher alguns indicadores relativos ao consumo privado e às vendas de em presas em Portugal apurar conclusões identificar tendências e explanar a minha visão para o futuro provavelmente pautada com uma nota otimista No entanto à medida que o comecei a es crever antevi a reação ao texto que iriam ter a maioria dos leitores já não posso ou vir mais isto Ouvir que estamos em reces são ouvir que vamos ganhar menos e gastar menos ouvir que ainda vamos piorar antes de melhorar Não menosprezo a necessidade de se medir e comunicar a real situação económica do país Um dos nossos maiores problemas foi mesmo o facto de durante demasiado tem po termos sido pouco exigentes com o cumprimento de objetivos críticos do Esta do como a eliminação do défice das contas públicas a reestruturaçáo do setor público empresarial e a redução das necessidades de endividamento externo Mas como sugere Covey nos seus Seven Habits of Highly Effective People o foco do nosso tempo e energia deve residir no Círculo de Influência não no Círculo de Preocupação O impacto das medidas de reequilíbrio orçamental no nosso dia a dia é grande e no caso de algumas famílias dramático Mas são medidas tomadas por um Governo eleito nem 6 meses no cumprimento de um acordo celebrado para evitar o default da nossa dívida Podemos contestar a eficácia desta ou daquela medi da mas a grande maioria concordará com a inevitabilidade da desalavancagem da nossa economia Os compromissos assumidos com a troika e as medidas daí resultantes são por isso co mo custos afundados não devem ser usados para suportar decisões futuras Estão feitos e fazem parte da nossa realidade por isso si gamos em frente Como pode então cada um de nós contri buir Não os grandes grupos empresariais públicos ou privados mas o pequeno em presário o profissional independente ou mesmo o trabalhador por conta de outrem Como é óbvio não receitas infalíveis ou soluções mágicas Qualquer ação exige es forço persistência e muitas vezes sacrifício Flexibilizar O administrador de uma empresa portugue sa presente em vários países europeus disse nos uma vez que valorizava nos seus colabo radores acima de tudo dois atributos flexi bilidade funcional e flexibilidade geográfica mobilidade É frequente ver hoje empresas fortemente estabelecidas fora de Portugal que não são contudo capazes de mobilizar os seus melhores quadros para os países que lhes geram maior crescimento e rentabilida de Vivi longe da família o tempo e a distân cia suficientes para valorizar o sacrifício que impõe e respeitar o compromisso que repre senta Mas também não tenho dúvidas que o melhor futuro que lhes posso providenciar está por vezes muito longe de casa Internacionalizar não é confortável voar pa ra países como Angola China Argélia ou Brasil à procura dos clientes e das vendas que nos escasseiam em Portugal Passar ho ras à espera de marcar uma reunião e dias a preparar uma proposta sem resultados à pri meira segunda ou terceira tentativa Apren der a lidar com contextos de negócio que não se domina e formas de relacionamento profissional que não se entende Mas a reali dade do mundo é esta os mercados crescem hoje cada vez mais a sul ea leste que têm de ser procuradas as oportunidades Note se contudo que estes países se resig nam cada vez menos a serem meros destinos de exportação Cada vez mais é exigido a pessoas e empresas um nível de investimen to e dedicação que represente um compro misso de longo prazo com o mercado re querendo a mobilização de infraestruturas conhecimento e capital humano para os países onde queremos estar presentes E sim em último caso emigrar Não sinto que procurar emprego fora de Portugal nes ta altura constitua um abandono ou uma desistência A oferta do país em gerar traba lho estará hoje porventura a ficar subdi mensionada face à nossa capacidade de qua dros qualificados Faz mais sentido aplicar esse potencial fora de Portugal em locais e funções onde possam aprender e acrescentar valor do que subaproveitá lo em Portugal em funções de menor exigência ou mesmo nas fileiras do desemprego Aos que ficam cai a incumbência de criar condições para que os que saem voltem a ter a oportunida de ea vontade de voltar vem agora a nota otimista Portugal vai continuar os Portugueses vão subsistir Muitos viveram e prosperaram em tempo mais difíceis mesmo em Portugal Gastar mais que o estritamente necessário a pensar e discutir o que não influenciamos é uma pura perda de tempo Cabe a cada um tra çar o seu caminho pela adversidade e per corrê lo sem medo ou hesitações Se atra vessámos mares e tormentas para descobrir terras do outro lado do mundo também conseguimos superar uma pequena crise económica Pedro Miguel Silva Sénior Manager de consultoria da Deloitte pmsilva @deloitte pt Distribuição Hoje 58 S/Cor 354 8000 Nacional Distribuição Mensal Página (s): Imagem: Dimensão: Temática: Periodicidade: Classe: Âmbito: Tiragem: 01122011 Distribuição

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Artigo publicado na edição de Dezembro de 2011 na revista Distribuição Hoje

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Círculo de Influência

Aideia inicial deste artigo era escreverum balanço do ano de 2011Reco lher alguns indicadores relativos aoconsumo privado e às vendas de em

presas em Portugal apurar conclusõesidentificar tendências e explanar a minhavisão para o futuro provavelmente pautadacom uma nota otimista

No entanto à medida que o comecei a escrever antevi a reação ao texto que iriamter a maioria dos leitores já não posso ouvir mais isto Ouvir que estamos em recessão ouvir que vamos ganhar menos e gastarmenos ouvir que ainda vamos piorar antesde melhorar

Não menosprezo a necessidade de se medire comunicar a real situação económica dopaís Um dos nossos maiores problemas foimesmo o facto de durante demasiado tem

po termos sido pouco exigentes com ocumprimento de objetivos críticos do Estado como a eliminação do défice das contaspúblicas a reestruturaçáo do setor públicoempresarial e a redução das necessidades deendividamento externo

Mas como sugere Covey nos seus SevenHabits of Highly Effective People o focodo nosso tempo e energia deve residir noCírculo de Influência não no Círculode Preocupação O impacto das medidasde reequilíbrio orçamental no nosso dia adia é grande e no caso de algumas famíliasdramático Mas são medidas tomadas porum Governo eleito nem há 6 meses no

cumprimento de um acordo celebrado paraevitar o default da nossa dívida Podemoscontestar a eficácia desta ou daquela medida mas a grande maioria concordará com a

inevitabilidade da desalavancagem da nossaeconomia

Os compromissos assumidos com a troika eas medidas daí resultantes são por isso como custos afundados não devem ser usados

para suportar decisões futuras Estão feitos efazem parte da nossa realidade por isso sigamos em frenteComo pode então cada um de nós contribuir Não os grandes grupos empresariaispúblicos ou privados mas o pequeno empresário o profissional independente oumesmo o trabalhador por conta de outremComo é óbvio não há receitas infalíveis ou

soluções mágicas Qualquer ação exige esforço persistência e muitas vezes sacrifícioFlexibilizar

O administrador de uma empresa portugue

sa presente em vários países europeus dissenos uma vez que valorizava nos seus colaboradores acima de tudo dois atributos flexi

bilidade funcional e flexibilidade geográfica

mobilidade É frequente ver hoje empresasfortemente estabelecidas fora de Portugalque não são contudo capazes de mobilizar osseus melhores quadros para os países quelhes geram maior crescimento e rentabilidade Vivi longe da família o tempo e a distância suficientes para valorizar o sacrifício queimpõe e respeitar o compromisso que representa Mas também não tenho dúvidas queo melhor futuro que lhes posso providenciarestá por vezes muito longe de casaInternacionalizar não é confortável voar para países como Angola China Argélia ouBrasil à procura dos clientes e das vendasque nos escasseiam em Portugal Passar horas à espera de marcar uma reunião e dias apreparar uma proposta sem resultados à primeira segunda ou terceira tentativa Aprender a lidar com contextos de negócio quenão se domina e formas de relacionamento

profissional que não se entende Mas a reali

dade do mundo é esta os mercados crescem

hoje cada vez mais a sul e a leste e é aí quetêm de ser procuradas as oportunidadesNote se contudo que estes países se resignam cada vez menos a serem meros destinos

de exportação Cada vez mais é exigido apessoas e empresas um nível de investimento e dedicação que represente um compromisso de longo prazo com o mercado requerendo a mobilização de infraestruturasconhecimento e capital humano para ospaíses onde queremos estar presentesE sim em último caso emigrar Não sintoque procurar emprego fora de Portugal nesta altura constitua um abandono ou uma

desistência A oferta do país em gerar trabalho estará hoje porventura a ficar subdimensionada face à nossa capacidade de quadros qualificados Faz mais sentido aplicaresse potencial fora de Portugal em locais efunções onde possam aprender e acrescentarvalor do que subaproveitá lo em Portugal

em funções de menor exigência ou mesmonas fileiras do desemprego Aos que ficamcai a incumbência de criar condições paraque os que saem voltem a ter a oportunidade e a vontade de voltar

Aí vem agora a nota otimista Portugal vaicontinuar os Portugueses vão subsistirMuitos já viveram e prosperaram em tempomais difíceis mesmo em Portugal Gastarmais que o estritamente necessário a pensare discutir o que não influenciamos é umapura perda de tempo Cabe a cada um traçar o seu caminho pela adversidade e percorrê lo sem medo ou hesitações Se atravessámos mares e tormentas para descobrirterras do outro lado do mundo tambémconseguimos superar uma pequena criseeconómica

Pedro Miguel SilvaSénior Manager de consultoria da Deloitte

pmsilva @deloittept

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