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REVISTA ONLINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE - ANO II– Nº 4 FEVEREIRO A MAIO DE 2013 Palavras de: Helena Jefferson de Souza (Digníssima esposa de Henrique José de Sou- za, Fundadores da So- ciedade Brasileira de Eubiose. 1906-2000) “A Maternidade é a coisa mais linda que existe na face da Terra e em outros planos também. São as três pessoas que se tornam um só ser.”

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REVISTA ONLINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE - ANO II– Nº 4FEVEREIRO A MAIO DE 2013

Palavras de:

HelenaJefferson deSouza(Digníssima esposa de Henrique José de Sou-za, Fundadores da So-ciedade Brasileira de Eubiose. 1906-2000)

“A Maternidade é a coisa mais linda que existe na face da Terra e em outros planos também. São as três pessoas que se tornam um só ser.”

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Outubro/2012 a janeiro/ 2013 02

O conhecimento espiritual esotérico não se contrapõe ao exotérico, ao formulado pelas religiões para os homens comuns, que compõem a maioria da humanidade. Ele é um complemento, algo a mais, destinado àqueles que desejam aprofundar-se nos conhecimentos milenares, deixados pelos Avataras e repassados, apenas, a pequenas minorias, através de Sociedades Iniciáticas. A esse conhecimento espiritual e iniciático, denominamos, na Sociedade Brasileira de Eubiose, de Sabedoria Iniciática das Idades.

Esse acervo gigantesco de sabedoria é estudado, pesquisado e transmitido, de forma sintética e analógica, aos integrantes da Sociedade Brasileira de Eubiose, através de um sistema iniciático, elaborado pelo seu fundador, Henrique José de Souza, que tem, como três grandes pilares, a Escola, o Teatro e o Templo.

A Escola tem, como escopo, a pesquisa individual e grupal dos conhecimentos tradicionais da Sabedoria Iniciática das Idades, acrescidos de novas abordagens iluminadoras do passado, presente e futuro, trazidas e reveladas por Henrique José de Souza. Com a Escola, busca-se expandir o denominado mental concreto até os limites do mental abstrato, portal de acesso ao entendimento das coisas singulares e universais mais profundas.

O Teatro, da forma como é concebido na Sociedade Brasileira de Eubiose, visa não só à “espetacularização” de aspectos da vida individual e coletiva, mas também a uma sutil educação da sensibilidade, das percepções emocionais e das emoções corriqueiras, para elevá-las através de processos iniciáticos de sublimação a patamares superiores. Nesses últimos, as energias psíquicas, oriundas de carências emocionais, são transformadas naquilo que a Sabedoria Iniciática das Idades chama de Amor Universal.

A concepção eubiótica de Templo supera, em muito, as ideias corriqueiras de que seja um local sagrado, em que se realizam cerimônias sagradas, que atualizam, no eixo do tempo, também, práticas sagradas. Para nós, eubiotas, é uma verdadeira usina transformadora de energias divinas em humanas, e de energias humanas em divinas. Em outras palavras, traz o divino até o humano da face da Terra, e eleva o humano para o divino.

Com as atividades templárias, criam-se processos espirituais de transformação das tendências negativas, oriundas dos carmas individual e grupal de cada um, em tendências positivas, que levam à aceleração do processo de evolução. Esse mesmo mecanismo age em termos coletivos, atuando de forma geral sobre toda a humanidade. É por isso que, dentro do acervo de ensinamentos eubióticos, o Templo não é considerado um local de adoração, aqui, vista como uma ligação emotiva, cega e passional. Mas um espaço-tempo em que são geradas energias sutis a serviço da evolução humana, do projeto evolucional do Avatara do Terceiro Milênio.

A integração das atividades de Escola, Teatro e Templo no cotidiano de cada eubiota possibilita, juntamente com a interação grupal, a evolução do estado de consciência de cada um de per si, da família, da sociedade como um todo e com refl exos em toda a humanidade.

A Sociedade Brasileira de Eubiose trabalha, portanto, para o aprimoramento físico, ético-moral e espiritual de seus membros e de toda a humanidade. Tal trabalho não signifi ca, contudo, conceder ou receber “graças” ou “favores” de toda a ordem. Mas, sim, inserir seus membros na corrente evolucional inaugurada pelo Avatara do Novo Ciclo.

EDITORIALEDITORIALEDITORIAL

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REALIZAÇÃO Sérgio Adir Tambosi

O termo realizar está expresso nos dicionáriossob seus múltiplos signifi cados, todos referentes

ao cotidiano humano, na relação do homem com o mundo. Já o Professor e Mestre Henrique

José de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, deixou escrita essa

passagem: “Realizar o Buda ou o Cristo em si mesmo, eis a verdadeira Realização...”, em clara referência à relação do homem consigo

mesmo.

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SUMÁRIO

A EUBIOSE Henrique José de Souza

A Sociedade Teosófi ca Brasileira não pretende implantar um sistema. Ela é uma entidade

espiritualista, cujas cogitações e atividades são dirigidas inteiramente para o aperfeiçoamento

interno dos homens.

VALQUÍRIAS Iara Fortuna

Um dos arquétipos que tão bem descreve a eterna saga em busca de nossa Divindade Interna,

está expresso numa fi gura que encontramos na Mitologia Escandinava, nos “EDAS”, O LIVRO SAGRADO DOS NÓRDICOS, e que se chama

“VALQUÍRIA”.

OS QUATRO TEMPERAMENTOS

Ricardo FeraTrata-se de

um assunto milenar nas tradições inciáticas, estudadopor grandes vultos da história

da humanidade.

ECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO

Eduardo Nunes de CarvalhoIndagações: Grandes nações cuja costa marítima é banhada pelas águas do Oceano Atlântico têm suas principais cidades situadas justamente no litoral. Estados Unidos, Argentina e Uruguai

se encaixam nesse cenário. No Brasil, Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís são alguns dos

exemplos da força econômica centrada no litoral. Quem vive em São Paulo usualmente indaga o que esta cidade tem, pois, mesmo não sendo litorânea,

possui a força econômica, política e social no estado.

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MÚSICA, MISTÉRIO E PODER

Renato Dantas JúniorA música pode ser dividida,

dentre outras formas, em dois grandes grupos: sacra, com a missão de nos fazer voltar

nosso pensamento à divindade; profana, dedicada ao nosso

cotidiano.

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O PODER OCULTO DA MÚSICA Waldinei Smith

Faz alguns anos que a SBE vem oferecendopalestras públicas sobre esse tema, que abordaos princípios básicos da aplicação terapêutica da música, sempre levando em conta o aspecto

trino (harmonia, melodia e ritmo) e seus efeitos para sanar/atenuar problemas de ordem

emocional, entre eles, o “stress” e a depressão, assim como problemas físicos, a dor no ciático,

por exemplo...

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Por HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA(Fundador da atual Sociedade Brasileira de Eubiose)

janeiro a abril de 2013 04

A EUBIOSEA EUBIOSEA EUBIOSE

Afi m de preparar a Humanidade para um novo ciclo que vicejará após os cataclismos que advirão neste “fi m de ciclo apodrecido

e gasto”, cataclismos econômicos, já em franco desenvolvimento, sociais , em elaboração de há muito, e telúricos, - não duvide o leitro desta afi rmação – é necessário que a Sociedade Teosófi ca Brasileira, cumprindo um dever, também indique uma nova didática, um novo processo de educação e formação das gerações futuras. Trata-se de uma ciência universal, de um processo para a implantação progressiva da Gupta Vidya em todas as mentes. Diz respeito ao homem sob o ponto de vista individual e coletivo. Não é um programa ou doutrina forjada por um grupo de intelectuais românticos. Sabemos que o mundo não a quererá aceitar agora, pois é uma ciência para uso no próximo século. Contudo, os homens são livres desde já para abraça-la ou não. Esta ciência, esta orientação, é sugerida pelos Adeptos da Boa Lei, pelos Dirigentes Espirituais do Mundo, pouco importa se incógnitos para ele. Nossas afi rmações são categóricas: não se fundam em uma fé ou numa convicção formal, mas numa base intrínseca, num conhecimento objetivo. Trata-se da EUBIOSE, ciência da vida bem vivida, isto é, harmônica com a Natureza. É um programa de trabalho, um processo de fazer a Humanidade evoluir e melhorar. Segundo os seus autores, EUBIOSE é sinônimo de Naturismo Espiritual. A nossa civilização afastou e continua cada vez mais afastando o homem da Natureza. O naturismo vulgar, tentativa moderna inócua para resolver um problema ainda não percebido, tem descambado naturalmente para o nudismo, e daí para a concupiscência. Mesmo o moderno naturismo mais sério e interessantíssimo, ainda não é a EUBIOSE porque se orienta quase somente para o aperfeiçoamento físico, para saúde. É uma tentativa muito fl uida da Hatha Yoga, yoga do Bem-estar físico, cujos métodos são “muito perigosos”, dizem os Adeptos e verdadeiros yogis. Não se trata na EUBIOSE de uma comunhão com a Natureza, exclusivamente do ponto de vista da saúde e da eugenia. A EUBIOSE é um naturismo que atende a estes aspectos, e visa – e isto é que é importante – a evolução interna e espiritual da Humanidade. Cogita do seu melhoramento; é um sistema de vida que pretende

orientar a ciência e a educação, estabelecer a harmonia social, a política, a didática, a moral e o bem estar dos povos, para haver felicidade.

O homem moderno, que criou para si tantos instrumentos de conforto, não poderia mais volver ao seio das fl orestas como os seus ancestrais, vivendo primitivamente. Seria um retrocesso, e a EUBIOSE não preconiza retrocessos. O homem moderno criou uma literatura, possui teatros, cinemas, rádios, geladeiras, fogões elétricos, aviões, máquinas de lavar e passar roupa, telefone, automóveis etc. Ser-lhe-ia impossível prescindir de tudo isso. A fi nalidade da EUBIOSE é tornar o homem feliz integrando-o harmonicamente nessa civilização, com um novo caráter impresso em sua mentalidade: o do homem viver procurando a felicidade alheia. É uma afi rmação que à primeira vista parece um tanto utópica, considerando a posição atual do homem em meio das suas próprias contradições internas e externas, que caracterizam o nosso ciclo, e que são os frutos da nossa formação didática errônea, da perda da Tradição, e portanto, do meio social distorcido e, porque não dizer, pervertido, em que vivemos.

À base da evolução para a EUBIOSE reside numa nova didática. O homem terá que ser encarado normalmente, no seu aspecto interno, possuindo, como realmente possui, três potencialidades do Ser. Estas são a VONTADE, a INTELIGÊNCIA e o AMOR, três possibilidades, cujas expressões na alma se desenvolvem ou se deturpam. A harmonia destes três princípios desenvolvidos é que torna o homem eubiótico.

A VONTADE é o EU do homem, o Espírito nele manifestado. Não se confunde com a volição, o desejo, que encerra a dúvida e a tergiversação, que depende da decisão da mente, decisão que pode ser errada ou certa. Trata-se da Vontade como atualização na alma da suprema potencialidade do Ser. A Vontade na sua acepção profunda é o poder mais elevado do homem. Aliás o notável fi lósofo alemão, Arthur Shopenhauer, o entreviu muito bem, em sua fi losofi a.

Podemos investigar esta Vontade Superior?

Não. Ela escapa á experimentação; ela é quem

A Sociedade Teosó� ca Brasileira não pretende implantar um sistema. Ela é uma entidade espiritualista, cujas cogitações e atividades são dirigidas inteiramente para o aperfeiçoamento interno dos homens.

24 de junho de 1948

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individual, dando à pessoa a capacidade de se tornar autodidata.

O trabalho, em vez de ser um fardo e uma pena, como é hoje, deverá trazer felicidade pela seleção das tendências individuais para cada atividade. Ele deve dar prazer; do contrário, não será absolutamente eubiótico, como indica a própria etimologia desta palavra.

O trabalho, sendo feliz, é fecundo, porque aperfeiçoa a vontade e auxilia o equilíbrio interno, fazendo predominar, no Eu, a Super-vontade e a Auto--vontade. Traz espírito de unidade e fraternidade, que é da esfera da Devoção-mística na potencialidade Amor, Devoção-mística que se não deve confundir com misticismo, mas que é uma sensação interna em que o egoísmo desaparece, sentindo-se a alma infusa num estado particular de simbiose com a natureza (Bakti-Yoga).

O equilíbrio social e econômico, a paz e o trabalho fecundo e feliz, têm que se traduzir inevitavelmente por uma política saudável, que seja a representação do Estado equilibrado dentro de formas que traduzam a aplicação harmônica dos três aspetos da Vontade, da Inteligência e o do Amor.

Num estado social desta ordem, a fi losofi a, que tem de ser universal, e as religiões, estariam apaziguadas entre si, formando um só corpo místico-científi co. A ciência então já não seria instrumento de dominação, da esfera exclusiva da Pré-vontade, mas expressão do equilíbrio dos três estados da Inteligência.

Tudo isso será a objetivação da FRENTE ÚNICA ESPIRITUALISTA, pela qual tanto se tem batido a Sociedade Teosófi ca Brasileira, por escrito, em sua revista Dhâranâ, pela imprensa em conferências, manifestos, e até pelo Rádio.

A saúde pública e a eugenia, pouco a pouco, concomitantemente com o desenvolvimento progressivo da aplicação dos princípios da EUBIOSE também irão melhorando até que a Humanidade chegue ao ponto de atingir a máxima longevidade saudável, estatisticamente falando (Hatha-Yoga). A doença e a fadiga são indubitavelmente óbices para o desenvolvimento espiritual. Um homem feliz em seu trabalho, é certo que tem mais possibilidades de aperfeiçoamento interno, do que um homem esmagado pela miséria, o tédio e o desgosto.

Com a Natureza se desenvolve de conformidade com um plano do Logos, embora sujeita a acidentes, obstáculos, obstruções e tropeços que ao cabo não impedem a execução do plano em si; como esse plano se manifesta como Leis da Natureza, as quais consistem em adaptar a vida às formas e transformá-la

investiga, ela é o sujeito; não participa do resultado das decisões que este toma em seu arbítrio, mas podemos nos harmonizar com ela. O arbítrio transforma-se em decisão, porque ela, Vontade, existe como energia que impulsiona a decisão tomada.

A Vontade tem três aspectos, segundo a EUBIOSE:

• A Pré-vontade, instinto de querer, força que cria as ideias, que se manifesta no homem como desejo de domínio, de jugo. Quando predomina, produz os tiranos.

• A Auto- Vontade gera o sentimento da liberdade, que dá ao indivíduo a noção da egoidade. É origem da política com todos os seus males, quando se apossam da sua direção pessoas em que preponderam estes dois aspectos da Vontade.

• A Super-Vontade é a manifestação na alma do próprio Espírito. Nela se manifesta, como ausência de desejo egoísta e como desejo de benefi ciar o alheio. Deu origem à ética, à moral; é a fonte de renúncia.

A Pré-vontade e a Auto-vontade em suas aplicações, deram nascimento à indústria, às invenções, à maquinaria, à civilização ocidental moderna, com toda sua pujança tecnonológica.

Tudo isso, porém, não foi realizado eubioticamente. O ideal da EUBIOSE é que os três aspectos da Vontade se manifestem no homem harmonicamente para que haja felicidade. O trabalho fecundo aperfeiçoa a vontade e desenvolve a EUBIOSE. A harmonia entre o Capital e o Trabalho só terá lugar quando o técnico que a dirige e os operários que realizam se harmonizarem. Mas o trabalho não pode ser realizado, se não encontrar apoio na Inteligência. Da mesma forma que a Vontade tem três aspectos, o mesmo acontece com a Inteligência.

• A Pré-inteligência caracteriza-se pela sensação;

• A Inteligência-mentalidade é a que investiga, experimenta e observa;

• A Inteligência – superior é a esfera das abstrações e da Ciência pura...

A terceira potencialidade do Ser é o AMOR, que também é tríplice: traduz-se pela

• Pré-emoção, a sensibilidade, os sentidos;

• o Amor propriamente dito, que deu origem à estética e à arte em todos os seus aspectos;

• e a Devoção-mística, que traz a sensação de unidade. Esta acarreta o sentimento de fraternidade.

Como se a desenvolve? Pela educação, pela instrução, que orienta a Inteligência e dá sentido à Ciência. O fi m da educação deverá ser a felicidade

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em consciência, assim também na sociedade humana cabe ao homem, pelo emprego da Super-vontade, da Inteligência-superior e da Devoção-mística, adaptar-se à sua forma, e em si despertar a mais alta consciência.

Eis a Lei para o homem, idêntica à que rege a Natureza, da qual ele é parte integrante.

Adaptar-se às formas signifi ca, em síntese, tornar o corpo um organismo adequado às energias internas, harmonizando-o com estas. Despertar a mais alta consciência consiste em equilibrar a Pré-vontade e a Auto-vontade com a Inteligência-mentalidade com a Inteligência-superior; a Pré-emoção e o Amor com a Devoção-mística. Em suma, equilibrar a Alma com o Espírito (Râja Yoga).

Eis um rápido e sumaríssimo bosquejo da EUBIOSE. Nem poderíamos fazer de uma mensagem um tratado dessa ciência. Esta síntese, porém, é sufi ciente para dar um delineamento do sistema de vida mundial do futuro. Antevê-se imediatamente que a EUBIOSE transformará radicalmente o estado humano; que a didática será profundamente modifi cada.

A Sociedade Teosófi ca Brasileira não pretende implantar um sistema. Ela é uma entidade espiritualista, cujas cogitações e atividades são dirigidas inteiramente para o aperfeiçoamento interno dos homens. Quanto às desgraças atuais da Humanidade, correm por conta do “carma” por ela criado. Cabe à S.T.B. mostrar-lhe o caminho para o desenvolvimento de causas propícias a efeitos benéfi cos. Jesus Cristo já dissera: “quem com ferro fere, com ferro será ferido.”

Como entidade espiritualista, e detentora lídima da Gupta Vidya na face da terra, cumpre à Sociedade Teosófi ca Brasileira fazer as advertências contidas nesta sincera mensagem. Está ela convencida de que a maioria, por enquanto, não pensará em Eubiose mas está também convencida de que muitas mentes serão despertadas, fazendo por que frutifi que em seu Eu interno as potencialidades acima mencionadas, no sentido do Bem, do Belo e do Bom. Quando nada, escrito fi cará para a posteridade que, após as vicissitudes anunciadas para breve em completo das que estão se sucedendo, e em pleno desenvolvimento, há de gozar uma vida eubiótica, fruto das amarguras.

Por enquanto, portanto, cabe à Sociedade Teosófi ca Brasileira :

1. Divulgar tanto quanto possível estas idéias de aperfeiçoamento da Humanidade;

2. Preparar os defensores desses ideais no futuro, quando os nossos descendentes, mais compreensivos que os contemporâneos, encontrarem as condições adequadas para não os interpretar, como este o fazem

hoje, como devaneios românticos impraticáveis.

3. Cabe à S. T. B. despertar nas almas de seus membros e de quantos a queiram seguir ou ouvir, as faculdades que os possam tornar capazes, nesta e em outras vidas, de acordo com a lei das “skandas” ou do “carma”, de ser lídimos defensores e aplicadores de tais princípios elevados e necessários. Daí o lema da S. T. B.: “Spes messis in semine”, defi nindo, por um lado, a preparação da Mônadas humanas que, pela aquisição de novas “skandas”, em função do conhecimento e prática da Gupta-Vidya dela aprendida, serão a safra do futuro, já que do ponto de vista cíclico no presente cuida-se do porvir, ou seja das sexta e sétima sub-raças do ciclo Aryo; e de outro lado, a obra manúsica que diz respeito ao novo ciclo em que fl orescerão pujantes e adultos os Lotos Sagrados, vicejando nos remansos incólumes deste mundo atormentado, para onde os trouxe o Bom Semeador de todas as Eras.

Como resolver a situação atual? Que providências se devem tomar diante de tantas desgraças existentes e por vir?

Impedir o desastre é já a esta altura impossível. O fi m do ciclo está pendente e o “carma” da Humanidade produzindo seus efeitos fatais. Nada mais resta fazer senão conclamar os “raros náufragos nadando no abismo” a se identifi carem com o supremo ideal espiritualista, afi m de que venham, como no mito bíblico, que é uma versão do desastre atlante, espontaneamente, em busca da Arca, vencedora sobre as ondas encapeladas desta época de materialismo bravio e fatal.

É impossível impedir o desastre, repetimos, mas é possível salvar-se dele, tomando cada um a iniciativa de uma profunda meditação, de um exame imparcial, de uma observação objetiva e calma, afastando as ideias preconcebidas, plantas daninhas que são fruto das sementes de uma didática errônea e falsa, consequência de fi losofi as periféricas e de religiões sem esoterismo, já que os seus próprios representantes ofi ciais são os primeiros a repudiar a pura doutrina dos seus fundadores.

Como edifi car uma sociedade nos moldes magnífi cos exigidos e delineados pela Eubiose? Dizendo apenas que são necessárias tais ou quais medidas? Isto pouco adianta no estado de desintegração moderno, a não ser como um ensinamento, uma advertência e uma diretriz. O prático é que essas diretrizes se objetivem, e para isso é necessária a ação de Alguém. Palavras e

Como resolver a situação atual? Que providências

Profecia que se vai realizando - Esperanças Profecia que se vai realizando - Esperanças Profecia que se vai realizando - Esperanças ConclusãoConclusãoConclusão

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avisos apenas, não bastam; são ouvidas e aceitas por muitos, mas o resultado prático, o estabelecimento universal de um novo estado de coisas, exige medidas que produzam resultados positivos.

A Humanidade só aprende com fatos concretos, pois estamos na fase cíclica do desenvolvimento dessa capacidade do nosso Eu. Os evoluídos espiritualmente, ou seja aqueles que pressentem os vislumbres de faculdades superiores a esse estágio, são os únicos que deles prescindem. “Felizes os que não viram e creram”, lá está nas escrituras para todos os homens, sejam cristãos, budistas, shintoistas, maometanos ou protestantes.

A Humanidade quer experiências, sem lhes medir as consequências: e por isso é que os tempos esperados já chegaram, que o “fi m do ciclo apodrecido e gasto” traz consigo a dor e o ranger de dentes: que à última guerra que abalou o mundo, sucedem se, dia a dia, maiores difi culdades; outra guerra há de vir, e, com ela, novas misérias, com desgraças muito piores; instituições serão sacudidas em suas bases, aparentemente defi nitivas, e desmoronar-se-ão. As profecias se estão realizando; os homens só as aceitam, quando elas dizem respeito muito de perto a cada um, individualmente, preconizando-lhes bens e riquezas. Os homens não dão apreço às profecias, e por isso não percebem que o que sofrem já fora vaticinado há muito tempo. Sofrem na carne e não se convencem; sofrerão mais e se convencerão.

Até mesmo as forças telúricas explodirão, devido ao acúmulo na terra de TAMAS, a energia que é a base da concreção externa e da inércia interna, e, portanto, da concupiscência e do vício, do egoísmo e da inveja, da vaidade e da cupidez.

Muitas e muitas vezes, há mais de vinte e quatro anos, a Sociedade Teosófi ca Brasileira tem chamado a atenção do mundo por meio de publicações, de sua revista Dhâranâ, da imprensa, de conferências públicas e pelo Rádio, para os acontecimentos que se precipitam, usando também para esse fi m da célebre profecia do Rei do Mundo, tal como foi narrada a Ferdinand Ossendowsky pelo Hutuktu de Narabanchi-Kure, na Mongólia, e por ele transcrita em seu livro “Bêtes, Hommes et Dieux”. Foi feita em 1890 e ouvida pelo famoso autor polonês em 1921. Mais uma vez é oportuna a sua transcrição:

“Cada vez mais os homens esquecerão as suas almas, preferindo ocupar-se de seus corpos. A maior corrupção reinará sobre a terra. As coroas dos reis grandes e pequenos cairão, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito... Haverá uma guerra terrível entre todas as nações. Os oceanos se tingirão... A terra e o fundo dos mares fi carão cobertos de ossadas. Reinos

serão divididos. Povos inteiros morrerão de fome, pro moléstias e pela prática de crimes não previstos pelos códigos, por nunca na terra se terem vistos outros iguais. Virão então os inimigos de Deus e do Espírito Santo no homem. Aqueles que manietam a mão dos outros também morrerão. Os abandonados, os perseguidos se levantarão e chamarão a atenção do mundo. Nevoeiros e tempestades se desencadearão. Montanhas desnudas se cobrirão de fl orestas. A terra tremerá. Milhões de homens despedaçarão as cadeias da escravidão e das humilhações pela fome, a doença e a morte. Os velhos caminhos se cobrirão de multidões, fugindo de um lugar para outro. As maiores, as mais belas cidades, serão destruídas pelo fogo... Uma, duas, três... O pai se revoltará contra o fi lho, o irmão contra a irmã, a mãe contra a fi lha. O vício, o crime, a destruição do corpo e da alma continuarão sua rota... As famílias serão divididas... Em dez mil homens só um viverá, mesmo assim louco e em forças... não encontrando habitação nem com que se alimentar. E como os lobos, uivará furioso, devorando cadáveres, mordendo as próprias carnes, desafi ando Deus para a luta... Toda a terra fi cará deserta. Deus lhe voltará as costas. Sobre a terra cairá o espesso véu da noite e da morte. Então enviarei um povo agora desconhecido, que com mão fi rme arrancará as más ervas da loucura e do vício, e conduzirá aqueles que fi caram fi eis ao Espírito do Homem na batalha contra o Mal. Fundarão uma nova vida sobre a terra, purifi cada pela morte das nações. No qüinquagésimo ano três grandes reinos apenas se levantarão e serão felizes durante setenta e um anos. Haverá então dezoito anos de guerra e destruição. Então os povos da Agarta sairão de suas cavernas subterrâneas e aparecerão na superfície da terra.”

Povos, pensai nos fatos que já sucederam, no que já foi cumprido. Porque não meditar nas palavras do Rei do Mundo, um Sábio e um Santo? Porque não acreditar no que vos tem tantas vezes afi rmado, advertido e prevenido, uma entidade sábia e responsável como a Sociedade Teosófi ca Brasileira que de vós só quer a vossa própria salvação, dirigida que é pelas mais supremas expressões da espiritualidade no mundo, ocultas por traz do tradicional véu necessário para que a iniciação se processe?

Entretanto, acreditais piamente logo à primeira vista, numa notícia de jornal, muitas vezes forjada numa agência telegráfi ca, ao sabor dos interesses de um indivíduo ou grupo de indivíduos. Pois vos afi rma a S. T. B., que expressa a tradicional Confraria Branca dos Bhante Jaul, das Tradições transhimalayanas, apoiada

Povos, pensai nos fatos que já sucederam, no que já

Simbolismo cabalístico do Governo Simbolismo cabalístico do Governo Simbolismo cabalístico do Governo Espiritual do Mundo Espiritual do Mundo Espiritual do Mundo

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nas revelações do Manu, do Chacravarti, que ocorrerão horrores, que a profecia do Rei do Mundo vem se realizando a se realizará absolutamente.

Galeria dos Budas, no mosteiro de Gyang-tsé - “Os povos da Agarta sairão de suas cavernas subterrâneas”, e aparecerão na superfície da terra dentro de 70 anos, para sobre as cinzas do passado, implantar a Tradição, a harmonia e a felicidade. “Fundarão uma nova vida sobre a terra, purifi cada pela morte das nações”: e aí está a resposta à indagação feita acima; realizarão a tarefa que a própria Humanidade inconscientemente exige pelas suas próprias dissídias como agentes legítimos da Lei de “Dharma”. A Revelação, a Tradição, a Gupta Vydia, será novamente patrimônio dos povos na proporção em que eles evoluírem nas trilhas da Eubiose.

Que é essa Revelação? Não se trata de uma divindade antropomorfa, que fale das nuvens a um profeta privilegiado, mas a Verdade que se acha resguardada, como tesouro, nas mentes dos Adeptos da Boa Lei, e em seus Anais Secretos; é a Verdade velada pelas formas materiais e intelectuais ou místicas que constituem, respectivamente, as ciências e as religiões do mundo em que vivemos. Ela é do domínio dos Supremos Instrutores da Humanidade, e pertence à esfera das faculdades superiores a essa nossa vulgaríssima inteligência, da qual tanto se jacta a ignorância humana.

Revelação, posse das faculdades espirituais conquistáveis por qualquer ser humano pela vontade: aquisição da Verdade de modo direto por todos quantos nos “fi ns de ciclos apodrecidos e gastos” reconhecem a Voz que profere, voz dos vinte e dois Arcanos Maiores, Luzes vivas guardadas na Arca ou Agarta. É também a Voz que falará sob a abóbada do templo que a Sociedade Teosófi ca Brasileira inaugurará em Fevereiro do ano de 1949, em São Lourenço, dedicado, numa antecipação eubiótica, a todas as religiões do Mundo. O futuro consagrará no novo ciclo outros monumentos expressivos dos rutas, as vinte e duas Fraternidades que construíram a Obra em que a S. T. B. está empenhada, enviando-lhe há muitos anos mensagens, materializadas à vista de grande número de pessoas, vibrações e “revelações”. Sim! Templos que se levantam, Templos redimidos!

Redimidos são os que fi carem fi eis à palavra do “Espírito de Verdade”.

Neste, “fi m de ciclo apodrecido e gasto” rasgam-se os véus do Templo para que a Luz se derrame iluminando as trevas, e “Dharma”, a Lei justa, se restabeleça na hora H das decisões irrevogáveis.

Não é por outro motivo que a grande Blavatsky, autora do maior livro escrito nestes últimos séculos,

profetizou com a certeza de uma sibila das mais elevadas que “no século XX algum discípulo mais instruído e mais apto será talvez enviado pelos Mestres de Sabedoria para dar as provas fi nais e irrefutáveis de que existe uma ciência chamada Gupta-Vydia, e que, como as fontes misteriosas do Nilo, berço de todas as religiões e fi losofi as atualmente conhecidas, esquecida e perdida durante Idades pela Humanidade, será enfi m novamente descoberta.”

Voltará uma época como a de Ram, com as vantagens de um ciclo mais avançado na espiral da evolução humana. A Gupta Vydia harmonizará as contradições. As religiões serão uma só religião de amor universal, de acordo com as palavras de Cristo, ao ordenar: “Amai-vos uns aos outros”. A Ciência então não fabricará mais bombas atômicas. Maytreia virá com seu povo num mundo purifi cado pela dor.

A sorte está lançada. Decidi-vos.

A Sociedade Teosófi ca Brasileira cumpre mais uma vez o seu Dever, com esta mensagem, movida pela Vontade, pela Inteligência-Superior e pela Devoção-Mística dos seus Dirigentes Espirituais. Está defi nido de há muito o seu transcendente papel no mundo . Há muitos anos, quando usava o nome de Sociedade Dhâranâ, nome que ainda conserva como título de sua revista, viera de uma Fraternidade mística do oeste do Tibete, da Fraternidade de Srinagar, uma mensagem dos grandes Adeptos que a compõem. Dizia:

“Salve Dhâranâ, rebento novo, mas vitalizando pela uberdade do tronco gigantesco donde nasceste. Vieste do Oriente, como uma rama extensa, fl orescer nas mentes dos fi lhos desse país predestinado, que já tiveram a dita de ouvir o cantar mavioso da Ave Canora, que lhes segreda internamente amor a todos os seres. Os teus triunfos já são cantados em melodiosa estrofes no grande concerto universal da cadeia setenária, porque tu, Dhâranâ, excelsa potência criada por teus próprios esforços, começaste a dar crescimento nas tuas frágeis hastes, às folhagens verdejantes, onde amarelados frutos serão colhidos por todos aqueles que se acham famintos e perdidos na grande fl oresta da vida. E assim, com as esplendorosas cores do pavilhão da pátria de teus fi lhos, também tu, oh! Dhâranâ, terás o teu hino glorioso, cantado pelos Querubins que adejam em torno da silhueta majestosa do supremo Instrutor do Mundo.”

Era a afi rmação do “Ecce Occidente Lux”. A transposição clara para o Ocidente dos Valores Espirituais perenes no mundo. E isso porque o fi m do ciclo se aproximava, fi m de ciclo que demarca o término do desenvolvimento da chamada quinta sub-raça da raça ariana, para preparação das sementes do porvir, pelo decantamento dos valores, de conformidade com

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o “carma” da Humanidade. Sim, estamos já no ciclo preparatório do próximo ramo sub-racial, que construirá uma nova civilização, as sexta e sétima sub-raças do grande ciclo ário, cujas sementes começam a produzir os “amarelados frutos” respectivamente na América do Norte e no Brasil. São sementes, cuja disseminação lenta dará origem à safra do futuro longínquo. O Semeador sofre na lavra da terra dura e inóspita, mas a colheita virá após a separação do joio e das “mas ervas que serão arrancadas por um povo agora desconhecido, que conduzirá aqueles que fi caram fi éis ao Espírito do Homem na batalha contra o mal”.

H. P. Blavatsky, sempre oportuna de ser citada, diz em relação ao desabrochar da sexta sub-raça que “a fi losofi a oculta ensina que agora mesmo, aos nossos próprios olhos, a nova raça está em vias de formação, e que a transformação se fará na América, onde já começa silenciosamente a se operar. Os americanos do Estado Unidos eram há 300 anos da mais pura raça anglo-saxônica, e formam hoje um povo à parte”.

Isto não quer dizer que o povo americano atual seja a expressão da sexta subraça, e nem que o atual povo brasileiro, da sétima e última do grande ciclo ariano. Mas signifi ca que os primeiros sinais começam a aparecer, que estão surgindo os primeiros representantes; signifi ca o anúncio do futuro, porque a evolução é lenta. A natureza semeia em excesso e com antecedência, para garantir o mínimo de colheita. Da mesma maneira em relação ao Brasil, o famoso teósofo, polígrafo, astrônomo e sábio espanhol, Mario Roso de Luna, em suas “Conferências Teosófi cas na América do Sul” já dissera há muitos anos:

“... O país de Pinzon, Cabral, Lepe e Souza, por sua maior vizinhança com Europa e África, por sua mescla de raças e por inúmeras outras razões, demonstra excepcionais características que nos dão o direito de dizer que seus futuros destinos são semelhantes aos de Norte América: que em cultura no litoral nada fi ca a dever à Europa, do mesmo modo que em belezas naturais e espiritualidade, recorda o berço do povo ário, a Índia, como se no desenvolver dessa nobre raça, Ásia e Europa e desta à América, coubesse ao Brasil a gloria de ser o remate e epílogo daquele grande povo, com uma civilização fl uvial e costeira igual à de todos os grandes rios chamados Ganges, Hindus, Oxus, laxartus, Nilo, Tigre, Eufrates, Danúbio, Rodano, Reno Mississipi, etc.; cada um deles legando ao futuro humano um fl orão de sua coroa... Não resta a menor dúvida que as BACIAS DO AMAZONAS E DO PRATA, COM O DECORRER DO TEMPO, SELARÃO EM SUAS RIBEIRAS OS DESTINOS DO MUNDO”.

Sim, o futuro está apontado pelos ciclos; as profecias são incisivas e os acontecimentos positivamente premonitórios.

Os tempos esperados já chegaram. O Maitréia das Tradições já se apresenta para surgir com sua corte dos mundos do Amenti. Será o São Jorge de todas as tradições. A Obra do Cristo estará redimida com a pura doutrina do Amor Universal, esquecida pela posteridade do Nazareno. Eis uma afi rmação categórica e consciente, que traz em si uma advertência e um apelo, uma conclamação e um aviso, uma súplica fraterna e uma Estrela Flamejante, que iluminará os caminhos do mundo do porvir. A sua frente encontra-se a “Gema mais preciosa do diadema do Adi Buda”!.

Caros irmãos em Humanidade, a quem dirigimos todo amor e devoção, ouvi a voz de “La Boca de la Veritá”, que “segreda internamente amor a todos os seres”:

“Nos dias atuais Índia e Egito despertam. Ambos estão repletos de enigmas... como única solução às questões impostas pelos destinos humanos, uma, através dos seus pontífi ces misteriosos, seus deuses vivos, Mahatmas, homens que lêem no livro terrível do “carma”. O outro, através dos túmulos profanados de seus Reis e sua esfi nge, pirâmides milenares... e dos seus imensos areais testemunho mudo de toda uma civilização prodigiosa que já se foi!... Assim, esse oceano de centenas de milhões seres humanos ergue-se em vagas monstruosas como se fosse sorver a Humanidade inteira...”

“Carma vai abrir uma nova página na História!Os tempos esperados já chegaram!

Descubramo-nos: OM MANI PADME HUM!”

Salve Brasil, Santuário da Iniciação do gênero humano a caminho da sociedade futura!

Salve, oh Jóia preciosa dentro do Loto Sagrado!

O ciclo de Aquarius já se dá a perceber

Salve MAITRÉIA!

OM, OM, OM, - PAX!

São Lourenço, 24 de Junho de 1948.

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VALQUÍRIAS

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Nas lendas universais, o mito da VALQUÍRIA está reproduzido até o infi nito, especialmente naquelas que se

referem a esforços e batalhas. Por exemplo, na lenda grega, Ela é o divino EROS, cobiçando, no silêncio e na obscuridade, PSIQUE. Na fábula ocidental da Europa, na galega e na asturiana, é SÃO TIAGO, SÃO JORGE ou SÃO GIÁCOBO milagroso, cujo cavalo branco guerreiro se mostrava em todas as batalhas difíceis aos seus protegidos, animando-os para o combate.

Portanto, sobre elas, é aludir a batalhas. Mas a que batalha, especifi camente, esse mito se refere? Obviamente, à única e possível ao HOMEM, o eterno confronto de nossas duas naturezas: a Divina (Superior) e a Humana (Inferior).

Na Mitologia Nórdica, eram as nove fi lhas do Deus WOTAN e da UR-VALA (a primitiva ERDA, ou a MÃE-TERRA), a mais sábia sibila do mundo, encarregadas de despertar o heroísmo no peito dos homens e os fazer dignos de serem levados, após sua morte em combate, até o WALHALLA, a morada dos deuses, o Campos Elíseos grego, ou o Céu cristão

Um dos arquétipos que tão bem descreve a eterna saga em busca de nossa Divindade Interna, está ex-presso numa figura que encontramos na Mitologia Escandinava, nos “EDAS”, O LIVRO SAGRADO DOS NÓRDICOS, e que se chama “VALQUÍRIA”.

▪ IARA FORTUNA

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UMA INTERPRETAÇÃO INICIÁTICA DA LENDA NÓRDICA

A Doutrina Oculta fala de WELSUNGOS e VALQUÍRIAS, e a lenda tem sua origem no PLANO DIVINO, onde encontramos WOTAN (ou ODIN), o Deus Soberano, o maior do WALHALLA. WOTAN é o Pai gerador dos lobos rebeldes, os Welsungos, a Raça Heroica, assim chamada porque, como lobos, são tratados e perseguidos por toda a Humanidade.

WOTAN é o deus peregrino, o viajante, que caminha de sistema em sistema, de cadeia em cadeia, de globo em globo, o 1º rebelde. Caminha pelo mundo com sua “LANÇA”; nesse sentido, personifi ca o passado, uma ordem já superada, uma Raça com um Estado de Consciência já conquistado, algo que está para trás, roto, já visto, leis que se ajustavam e tônicas que diziam respeito às antigas Raças, Lemuriana e Atlante, e não mais à Raça do Futuro.

Correndo pelos bosques, como os lobos o fazem, sob o nome de WELSO, violenta a TERRA, a ERDA, ou a NATUREZA, gerando, assim, as nove virgens--guerreiras, ou VALQUÍRIAS, cuja missão, como já vimos, é conduzir os heróis mortos em combate ao WALHALLA, a mansão dos deuses.

E quem são esses Heróis? São, em verdade, toda uma Raça, a dos Siegfrieds e Sigmundos, a Heroica sucessora, de WOTAN, a dos Homens do Futuro, a Humanidade dos Andróginos Divinos, dos Redentores do Mundo. Nos arquétipos de SIEGFRIED e SIGMUNDO, estão representados todos os AVATARAS, que se dão em holocausto pela Humanidade e que não são reconhecidos nem compreendidos, sendo tratados

como LOBOS, e perseguidos. Daí o codinome de WELSUNGOS para todos esses grandes seres. São a Raça Redentora do Mundo, por nos mostrar, um caminho, um NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA. Esses redentores são chamados de “guerreiros”, mas não usam armas em suas batalhas. São guerreiros contra os poderes da maldade, da involução, do atraso evolutivo, da incompreensão humana, e são heróicos, exatamente, por isso: porque suas lutas são absolutamente silenciosas, suas armas são a renúncia, o sofrimento, a abnegação e as dores mudas. São os WELSUNGOS.

No PLANO DIVINO, encontramos as fi lhas de WOTAN; a mais amada pelo PAI, a mais amorosa e inteligente, é a Valquíria BRUNHILDE. Na sua QUEDA (descida vertiginosa ao Mundo dos Mortais, por desobediência a uma ordem do PAI) e na sua redenção está estampado todo o DRAMA DA HUMANIDADE. A VALQUÍRIA mais amada, que está no PLANO DIVINO, cai no PLANO HUMANO. Por quê?

No PLANO TERRENO, há uma grande árvore, um vigoroso FRESNO, o “FRESNO DA VIDA”, ou a “ÁRVORE DO MUNDO”, cujas raízes proeminentes sobressaem do solo, enquanto a parte de cima, a sua copa, perde-se no infi nito. A ÁRVORE é o SÍMBOLO UNIVERSAL DA VIDA; e cravada nela, bem no tronco até a empunhadeira, há uma espada, a ESPADA NOTHUNG.

Cravada pelo próprio deus WOTAN, a ESPADA DO CONHECIMENTO INTUITIVO, capaz de ser arrancada de lá tão sómente por um Welsungo, um herói de si mesmo, um rebelde divino, um redentor, ansiosamente esperado por toda a Humanidade. Esta ESPADA DO CONHECIMENTO INTUITIVO nada mais é do que o 5º Princípio, apanágio da Humanidade atual no presente estágio evolutivo, o MENTAL ABSTRATO ou SUPERIOR. A ESPADA é o oposto da LANÇA de WOTAN: esta representa princípios já desenvolvidos e trabalhados pelo Homem; aquela é o

O GRANDE WELSO

WOTAN LANÇA

O PAI GERADOR DOS LOBOS REBELDES WELSUNGOS - RAÇA REBELDE

9 FILHAS - WALKIRIAS - FILHAS DE WOTAN E ERDA

BRUNHILDEBRUNHILDE

GERHILDEORTLINDEWALTRAUTESCHWERTLEITEHELMWIGE GRIMGERDEROSSWEISSE BRUNHILDE

SCHWERTLEITE

SCHWERTLEITE VIRGENS GUERREIRAS

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próximo princípio, o 5º, a MENTE SUBLIME. Só conseguiria retirá-la do tonco do vigoroso

FRESCO, a grande árvore, um super-homem, ou um homem que represente a Raça Futura, o Homem do Mental Superior, um Mercuriano Perfeito, que, na história narrada, é SIGMUNDO, o fi lho DE WOTAN e ERDA (a UR-VALA primitiva). Sigmundo, o “fi lho do LOBO”, é o Welsungo, o protótipo da força espiritual e da independência rebelde. Ele tem a sua contraparte em sua irmã SIGLINDA, a mulher espiritualmente legítima de SIGMUNDO, que ele não sabe onde está, porque dela foi separado na infância e, um dia, sem querer, reencontra ao adentrar, cansado, o interior de uma cabana, no bosque, depois de tanto caminhar com as roupas em frangalhos. SIGMUNDO, ao adentrá-la, jamais poderia se dar conta de que ali encontraria sua alma gêmea-espiritual, casada à força com HUNDING, por quem fora raptada.

HUNDING é, na história, a personifi cação de tudo o que é grosseiro, vil, involutivo; a representação humana de toda a nossa própria natureza inferior, ainda tão suscetível às quedas e paixões vulgares.

SIGMUNDO chorava a perda da irmã que agora reencontra; como GÊMEOS ESPIRITUAIS, redentores de toda a Humanidade, condutores, manus da Raça Futura, não podem, jamais, fi car separados, dissociados. Mas ela está casada com HUNDING; aqui começa toda a tragédia Valquíriana.

O casal divino se reencontra na feroz cabana de HUNDING e se percebe parte inseparável um do outro, impossível de serem dissociados. Sigmundo, então, instigado por Siglinda, retira, da ÁRVORE, a ESPADA cravada por WOTAN e foge com ela. Só ELE conseguiria retirá-la; Sigmundo e sua contraparte representam a RAÇA HERÓICA SUCESSORA DE WOTAN, a Raça Futura dos Andróginos Divinos, os Redentores do Mundo, capazes de conduzir a HUMANIDADE inteira à uma NOVA IDADE, a IDADE DE OURO, ou “SATYA YUGA”, onde os homens já deverão ter dominado completamente o MENTAL ABSTRATO, o 5º Princípio, apanágio desta Raça Futura, da qual Ele é o condutor e como a ESPADA representa exatamente isso, o Conhecimento intuitivo, só mesmo Ele, Sigmundo, poderia retirá-la da árvore onde fora cravada.

Agora, a luta feroz entre as duas forças se aproxima, pois Hunding sai à procura do casal de amantes. Entre essas duas polaridades, HUNDING x SIGMUNDO, está condensada a História inteira da Humanidade, desde a Lemúria, passando pela Atlântida, chegando até a nossa atual Raça Ariana, e já prevendo a Raça Futura. A união desse casal (SIGMUNDO/SIGLINDA) é crucial para a evolução da Humanidade,

porque eles são a Pedra Angular da nova Raça, a Raça dos SIGFRIEDS, já que SIGLINDA espera um fi lho do WELSUNGO, SIEGFRIED. A Raça será protegida pelas próprias VALQUÍRIAS.

Em virtude da luta, que Sigmundo travará com Hunding (o esposo traído), o pai WOTAN ordena à VALQUÍRIA mais amada, “BRUNHILDE”, que desça, saia do Walhalla, para proteger Sigmundo, o welsungo, “seu fi lho”; ela, então, feliz, monta em seu cavalo Grane e parte pelos ares, lançando seu acostumado grito de guerra, onomatopéias incompreensíveis para nós: HOI TO HÓ! HEYA HÁ! HÁ HEI! HEYA HÁ! Estas palavras parecem, na verdade, um jogo de vogais aspiradas, como o que vemos empregado em algumas das Estâncias de Dzyan.

FRIKA

Tudo caminhava para um desfecho promissor ao WELSUNGO, quando adentra a lenda, fazendo parte intrínseca do Mito da VALQUÍRIA, um outro personagem importantíssimo dentro desse contexto, uma outra deusa conhecida como FRIKA, a inexorável, possessiva e ciumenta esposa do deus Wotan, a protetora de toda a vulgaridade humana, por quem o gênio, o heroísmo e as altas virtudes não são jamais compreendidos. FRIKA representa a falsa moralidade e a oposição à iniciativa da vontade livre e da emancipação através do conhecimento intuitivo. É o passado, a opressão, a anti-intuição, as convenções todas, os hábitos negativos cristalizados, as nidanas que relutamos em trabalhar, transformar.

Ela vem até WOTAN para exigir-lhe, em nome do casamento, que proteja HUNDING e abandone SIGMUNDO, que, a cometer adultério e incesto, violou todas as leis divinas e humanas. O deus resiste em vão, alegando que não pode haver lei alguma contra as sagradas leis do AMOR, nem juramento algum

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válido, que não se fundamente no maior de todos os sentimentos.

FRIKA, que se assemelha, na história, à JUNO grega contra o nascimento de HÉRCULES, amaldiçoa toda a SUPER-RAÇA WELSUNGA, vista por ela como símbolo da suprema vilania de um deus, que desceu até a baixeza inaudita de procriar uma “parelha humana”, ao buscar, em sua mente transcendente, nada menos que um homem, um herói, capaz de criar uma ORDEM DESCONHECIDA, de trazer um NOVO ESTADO DE CONSCIENCIA PARA A HUMANIDADE, de, sem a proteção divina, saber “REDIMIR-SE POR SI MESMO” e cumprir, assim, o seu destino. Wotan desejava, ao conceber a parelha SIGMUNDO-SIGLINDA, fazer nascer um novo homem, capaz de trazer uma NOVA TÔNICA EVOLUTIVA PARA O MUNDO, o futuro fi lho de SIGMUNDO E SIGLINDA: SIEGFRIED. Era o desejo secreto de WOTAN, contra o qual FRIKA se insurgia. Ela é, como se vê, o símbolo da negra reação, sempre presente e sempre oposta a todas as exaltações dos movimentos redentores.

WOTAN tem que se dobrar, servil, ao jugo das Leis que ele mesmo criou. Nesse sentido, ele não pode, realmente, proteger o próprio fi lho, já que a Divindade cria leis, a que todos estão atados, até mesmo seus fi lhos mais divinos. Nem o Divino pode escapar às suas próprias leis. Por isso, ele não pune, nem aplaude. Ele nada faz, apenas, observa. A Divindade nada pode fazer, porque, nesse plano de manifestação, todos estão, igualmente, sujeitos às mesmas leis. Todos: santos e pecadores, bons e maus, sábios e medíocres. Não há como escapar das leis universais que WOTAN engendrou e a que encadeou o mundo.

Ele aparece aqui como o ABRAÃO BÍBLICO, o pai dolorido, que vai sacrifi car seu próprio fi lho SIGMUNDO, sob a insistência cruel de FRIKA. É o glorioso símbolo do PAI SACRIFICADOR e do FILHO SACRIFICADO, base de tantas teogonias, inclusive o Cristianismo. O Pai, fi el a essa Lei e à Ordem, por ele mesmo estabelecidas, se vê obrigado a retirar toda a sua proteção ao amado de sua alma, abandonando-o ao seu próprio e cruel destino. WOTAN retira, assim, sua proteção ao fi lho (símbolo de toda a Humanidade) e ordena à VALQUÍRIA que lute contra SIGMUNDO, protegendo o repugnante HUNDING. Esta não é a vontade interna de WOTAN. A ordem externa do Deus é que esse casal divino deve sujeitar-se às leis implacáveis do nosso baixo mundo, mas sua vontade interna é outra, é a de protegê-los, pois representam a Raça mais amada do PAI.

E, nessa oposição, nesse confronto interno, entre a ORDEM IMPERIOSA DO DEUS E SUA LANÇA, e sua vontade amorosa mais recôndita, se desenrola toda a

saga e o destino dessa VALQUÍRIA. O HERÓI, o ELEITO, será, portanto, aquele que,

sozinho, livre, sem interferência de ninguém, sem a ajuda de quem quer que seja, por seus próprios esforços, seja capaz de criar uma NOVA ORDEM, uma NOVA HUMANIDADE, uma NOVA IDADE sobre a Terra.

A VALQUÍRIA fi ca estupefata, aterrada ante a ordem de lutar contra o fi lho de WOTAN, o mais amado, o WELSUNGO SIGMUNDO, protegendo HUNDING. É a Ordem do Pai, que a ameaça com o terrível anátema: “Se me desobedecer, perderá sua condição de deusa e cairá no mundo dos mortais, tornando-se um deles”. Sai, então, a VALQUÍRIA, montada em seu inseparável cavalo, ao encontro do casal SIGMUNDO E SIGLINDA, e, frente a frente com aquele, pede-lhe que a mire face a face, porque, logo mais, irá segui-la até o WALHALLA, que o aguarda, como aguarda como a todos os guerreiros heróis que sucumbem. BRUNHILDE diz a ele: “ALI ENCONTRARÁS A TODOS OS HERÓIS QUE TE PRECEDERAM E A TEU PAI E TUA MÃE”. Mas SIGMUNDO se nega a segui-la, por ter que se separar de SIGLINDA. Em vão, a VALQUÍRIA tenta vencer sua resistência, cominando com a Lei de que “todos os que a veem cara a cara têm que, forçosamente, morrer”. Ninguém a mira e continua vivo. Isso tem um simbolismo profundo. Ninguém consegue se colocar face a face com seu Eu Divino, atingir seu EGO IMORTAL sem matar, no sentido de sublimar, ou transformar sua Natureza Inferior, humana.

Mas SIGMUNDO, ao negar-se confi a em sua ESPADA, NOTHUNG, que ele mesmo retirou do Fresno do Mundo, e se prepara para lutar com HUNDING, que chega nesse momento sob forte tempestade.

MOMENTO CRUCIAL PARA A VALQUÍRIA – A DESOBEDIÊNCIA

As VALQUÍRIAS, como todas as Imortais, não conheciam o sentimento humano da piedade, a compaixão pelo caído, pelo débil. Elas jamais sentiam coisa alguma, pois estão num outro plano, muito acima dos sentimentos humanos. A VALQUÍRIA, que representa, intimamente, nosso EU DIVINO, IMORTAL, está acima de qualquer emoção humana. Ela é neutra, imparcial. Mas, nessa lenda, algo acontece de inovador: um raio de luz, a primeira palpitação do sentimento de compaixão pelos humanos, começa a iluminá-la. Ao ver a fragilidade da mulher-heroína SIGLINDA, que leva, em seu ventre, um fruto de bendição, pois está grávida, a antes impassível e fria guerreira, começa, agora, a sentir-se humanizada pela

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dor que redime. Esse sentimento estranho, intenso, de piedade e compaixão, que, pela primeira vez, BRUNHILDE começa a sentir em seu ser, será a CAUSA DE SUA QUEDA: A QUEDA DA FILHA PREDILETA DE WOTAN.

Em um arranque humano, como tal, bem contrário à sua excelsa origem, depreciadora de todo sentimento piedoso, a VALQUÍRIA, sentindo transformado já em humano seu coração antes divino, pelo mágico poder da piedade redentora, se decide a DESOBEDECER AO PAI, e a amparar, com sua égide, o welsungo SIGMUNDO.

A batalha entre SIGMUNDO E HUNDING se desencadeia, sempre, com BRUNHILDE protegendo SIGMUNDO e evitando os golpes mortais de HUNDING. SIGMUNDO e sua ESPADA, NOTHUNG, iria desferir o golpe mortal sobre o inimigo, no exato momento em que chega WOTAN, que não pode consentir (com todo o seu pesar) que as LEIS sejam rompidas, conforme vimos. Ele surge de improviso entre os dois combatentes e, com sua LANÇA INVENCÍVEL, faz saltar, em dois pedaços, a ESPADA do fi lho que ele tanto ama, e o herói, assim desarmado e desprotegido, cai ao fi m sob o golpe mortal de HUNDING, que, também, morre, ante a presença de WOTAN.

Morrem os dois: a personifi cação do Bem e do Mal, as duas forças opostas, BRUNHILDE, a VALQUÍRIA HUMANIZADA, recolhe os dois fragmentos da ESPADA rompida, coloca, em seu cavalo, a infeliz SIGLINDA, e, montando nele, segue com a futura Mãe até o Walhalla. Em pleno horror da tempestade, o DEUS SUPREMO, que acaba de sacrifi car, contra toda a sua vontade, o próprio fi lho, lança seu veloz cavalo em perseguição da fi lha desobediente e rebelde, a VALQUÍRIA, para castigar sua inaudita rebeldia contra as Leis com que Ele mesmo teceu as malhas cármicas da vida e contra as quais nem mesmo ELE pode se insurgir.

A QUEDA E REDENÇÃO VALQUIRIANA O FEDRO, de Platão, uma das obras em que se

insiste sobre o famoso lema de que toda a vida humana não é senão uma Grande Queda(a Ciência Oculta nos diz o mesmo), apresenta a Natureza Humana, claramente dividida em duas partes: o THUMOS, ou a natureza fenomênica, ilusória, mayávica; e o THUMOEIDES, ou AUGOEIDES, a essência divina e eterna, em que um raio do Supremo Atmã se revestiu da essência búdica, e, através da mente superior, ou MENTAL ABSTRATO, ao longo de várias reencarnações, vai acumulando abstrações, experiências consolidadas para esse EGO, e isso ao longo de várias vidas.

A VALQUÍRIA, no sentido oculto, iniciático, é a nossa Tríade Superior, Divina. Quando nos referimos ao

mito, dizendo que as VALQUÍRIAS são absolutamente insensíveis a todas as misérias desse nosso mundo e que essas Virgens Guerreiras são frias e impassíveis diante do sofrimento humano, é nesse sentido: essa natureza humana nossa, esse quaternário inferior é quem sofre, nossa “persona”, a veste, que usada para entrar nesse palco, que é a vida em uma encarnação, essa máscara, colocada para viver cada uma de nossas vidas. Em nosso EGO DIVINO, IMORTAL, não há sofrimento, porque a VALQUÍRIA, o AUGOEIDES, de Platão, é a realidade única em nossa vida, é o Deus em nós, é a centelha da chama, é o melhor do melhor em nós mesmos, o mais perfeito em cada ser, é AGNI, a centelha divina, que arde em tudo o que existe, o Fogo Purifi cador, que arde em todas as coisas. Essa chama é a VALQUÍRIA.

No Homem, o despertar dessa VALQUIRIA constitui o fi m supremo da peregrinação humana, o objetivo último de nossas sucessivas reencarnações, para que possamos voltar, retornar à nossa condição pura de deuses, que éramos antes da QUEDA. Então, a ascensão constante RUMO à VERDADE e ao BEM, até A atingirmos, chegando mesmo a nos confundir com Ela, é a tarefa suprema e missão última de todos nós para que possamos voltar a vermo-nos “cara a cara” com a Divindade, de quem, um dia, saímos.

BRUNHILDE se via “face a face” com seu pai WOTAN, antes da separação (“EXPULSÃO SIMBÓLICA DO PARAÍSO”), esta separação que os budistas chamam de “ahankara”. Assim como a VALQUÍRIA perde sua condição de deusa, por desobedecer ao PAI, e desce à forma humana, assim nós descemos e perdemos o contato direto, que tínhamos com os deuses, mas trazemos, adormecida dentro de nós, essa VALQUÍRIA, esse princípio crístico.

AS DUAS NATUREZAS Há, em toda a natureza, duas qualidades distintas: a) uma ativa, que ascende por seu esforço próprio

(SIGMUNDO e SIGFRIED); b) outra passiva, que, de divina que era, desce

pouco a pouco ao estado humano. Exatamente, como a VALQUÍRIA BRUNHILDE, conjugada em razão inversa com o elemento inferior, que ascende como herói à conquista de seu céu.

A vida vai do infi nitamente grande ao infi nitamente pequeno. Na Mitologia, que estamos analisando, o infi nitamente grande é a VALQUÍRIA , ou seja, a origem, a “casa paterna”, o “Logos”, quando a mesma saiu, como a MINERVA grega, da mente divina. E o infi nitamente pequeno é o “homem”, nós, a Humanidade como ínfi ma criatura, escrava nesse quaternário como HUNDING, presa ao cavalo de suas

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paixões e ilusões todas. Esse é o HOMEM, escravo e servo de todos os seus desejos, de quem WOTAN nos fala. O tempo corre, a evolução não cessa, se desenvolve, e, enquanto esse infi nitamente pequeno vai crescendo por suas próprias rebeldias evolutivas, aquele infi nitamente grande decresce, harmonicamente conjugados. No simbolismo do mito da VALQUÍRIA, BRUNHILDE se separa, se distancia cada vez mais da vontade de seu PAI e do céu do WALHALLA, para aproximar-se mais e mais da Terra, e, assim, unir-se ao guerreiro que se eleva. Vai crescendo o guerreiro, e decrescendo a deusa, até que chegam a igualar-se ambos no AMOR, o “grande nivelador de tudo quanto vive”, pois, sem esse sentimento, nem manifestação haveria, nem vida alguma, formando esse símile de suprema perfeição: EROS E PSIQUE; TRISTÃO E ISOLDA; O HOMEM-DEUS ou o HOMEM transformado em DEUS, como SIEGFRIED/BRUNHILDE.

O mito da VALQUÍRIA, seu enlace protetor com o Herói, exige que la desça até a HUMANIDADE e que a HUMANIDADE se eleve até Ela com suas rebeldias. É a razão inversa da matemática.

A VALQUÍRIA traz, então, sem seu cavalo, a carga santa da mulher que vai ser MÃE, e MÃE do redentor do mundo, “SIEGFRIED”, já que o PAI SIGMUNDO morreu em combate. E, assim, BRUNHILDE, fugindo da perseguição de WOTAN, compassiva, mais sublime que nunca, compartilhando as dores com a pobre HUMANIDADE, dominada já pela mais humana das ternuras, procurando abrigo para a pobre Mãe perseguida, coloca SIGLINDA junto a uma GRUTA, uma COVA OCULTA, segura de que ali não a alcançarão os furores de WOTAN. Nela, SIGLINDA dará à luz SIGFRIED e morrerá em seguida no parto. E essa GRUTA também tem um simbolismo profundamente iniciático, como todas as grutas, covas ou fl orestas, que aparecem em diversos Mitos: eterna gruta ou Templo da Iniciação, onde só essa Raça de Siegfrieds heróicos, ou Cavaleiros do Ideal só podem nascer. Todos eles nascem duas vezes, como dwijas, com a Iniciação no grande mistério da vida. BRUNHILDE entrega à futura mãe os dois pedaços da gloriosa ESPADA, NOTHUNG, partida por WOTAN, com a augusta profecia do Destino:

“ - O FRUTO DE TUAS ENTRANHAS, SIE-GFRIED, SERÁ O REDENTOR DO MUNDO, O ÚNICO CAPAZ DE JUNTAR, PARA SEM-PRE, OS DOIS PEDAÇOS DA FAMOSA ES-PADA, RECONSTITUINDO-A E TRAZENDO, PARA A HUMANIDADE, UM NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA”.

E, assim, cumprindo sua missão protetora com a serenidade do dever cumprido, Ela vai encontrar-se com seu indignado PAI, para dele receber o mais terrível dos castigos, por sua redentora rebeldia:

“ - NÃO SOU EU QUEM TE CONDENA. TU MESMA TE CONDENASTE POR TUA DESO-BEDIÊNCIA. ENCARREGADA DE EXECU-TAR MEUS DECRETOS, OBRASTE CONS-CIENTE CONTRA ELES. TUA ALMA INSPI-RAVA A MEUS HERÓIS. ISSO ERA ANTES. VÊ O QUE SERÁS AGORA... JÁ NÃO PODES MAIS SER A FILHA DO MEU DESEJO!...SEGUE SENDO MULHER: JÁ NÃO ÉS VAL-QUÍRIA. JÁ NÃO VOLTARÁS A BUSCAR, ENTRE OS COMBATENTES, OS HERÓIS POR MIM ESCOLHIDOS PARA LEVÁ-LOS AO WALHALLA, NEM VOLVEREI A BEIJAR TEUS LÁBIOS INFANTIS... NOSSA ALIANÇA ESTÁ QUEBRADA, E TU, EXCLUÍDA, CAI-RÁS PARA SEMPRE DO DIVINO TRONO DO QUAL TOMAVAS PARTE”.

Esse castigo de WOTAN à fi lha predileta, essa queda da VALQUÍRIA é o próprio mito de PROMETEU em seu aspecto feminino.

O mito da VALQUÍRIA é a transposição para o Universo Feminino da queda dos deuses. É a versão feminina de Lúcifer, porque, na mitologia escandinava, nos EDAS, a mulher ocupa alto lugar de destaque.

O ROCHEDO E O FOGOWOTAN, cuja vontade é absolutamente paradoxal,

como paradoxal e incongruente é a própria vida, decide colocar a fi lha, que acaba de punir e que é a mais amada, no alto de um rochedo, cercada, envolta por uma muralha de fogo e adormecida, para ser despertada

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um dia, talvez, pelo único HOMEM, da linhagem dos HERÓIS, que desconheça o MEDO e que, por seus próprios esforços, luta constante e sacrifícios, consiga vencer e transpor aquele fogo inextinguível e sagrado que a cerca. Só esse HERÓI poderá, um dia, despertá-la, e nenhum outro, nenhum mortal vulgar.

Com um beijo, em que leva consigo a Divindade da Filha, um beijo em ambos os olhos que se cerram, WOTAN coloca, amorosamente, a FILHA sobre a rocha, dobra-lhe as asas sobre o rosto até ocultá-la totalmente, cobre-a com escudo e lança da mesma e despede-se, assim, da fi lha, que deixa de ser IMORTAL E DEUSA, passando à condição de MORTAL. Exatamente, aqui, percebe-se o ponto crucial da lenda. WOTAN deixa em aberto a possibilidade de REDENÇÃO, uma LUZ no fi nal do Túnel, porque a deixa ADORMECIDA, apenas, para que, um dia, o HERÓI de si mesmo possa despertá--la.

O sono não é eterno, irredutível ou inexorável. Por isso se diz que o Evangelho de todas as Teogonias e religiões não termina no SACRIFÍCIO, na CRUZ ou na FOGUEIRA, mas na REDENÇÃO.

Essa VALQUÍRIA caída, nada mais é do que nosso PRINCÍPIO CRÍSTICO, DIVINO, SUPERIOR, “Adormecido” em cada um de nós à espera de ser despertado pelo HOMEM INFERIOR que somos. Transformando-nos por nossos próprios esforços e batalhas, difíceis e infi ndáveis, podemos despertá-lo, isto é, acordar a DIVINA VALQUÍRIA de nossos anseios, aquela que dorme e sonha dentro de nós.

Esse CÍRCULO DE FOGO, que a separa e a isola do mundo inferior, é o que o Ocultismo chama de FIO DE SUTRATMA. É o que separa nossas duas NATUREZAS: a Divina e a Terrena. Só AQUELE que tenha vencido o MEDO, que não tenha MEDO de se defrontar face a face com suas mazelas todas, seus defeitos, suas nidanas, que tenha coragem de enfrentar seus monstros e dragões internos, consegue transpor esse CÍRCULO DE FOGO e chegar a despertar a VALQUÍRIA adormecida. É o ADEPTO, o HOMEM PERFEITO, o INICIADO, o grande vencedor de si mesmo, daquela única, íntima e solitária batalha. É O HOMEM DIVINIZADO POR SEU PRÓPRIO ESFORÇO.

No mito nórdico, que estamos analisando, esse Herói, esse Homem destemido e despertador de BRUNHILDE, é SIEGFRIED, o fi lho de SIGMUNDO E SIGLINDA, de estirpe divina, de dinastia divina. SIEGFRIED não conheceu os pais, mortos, como já foi dito.

Agora os GÊMEOS ESPIRITUAIS reaparecem no mundo, no casal SIEGFRIED/ BRUNHILDE, porque

a Humanidade não pode fi car sem a presença dessas consciências, ou desses fachos de luz entre nós.

Então, SIEGFRIED, após muitas e muitas vidas, sacrifícios e renascimentos, põe-se a forjar e a reconstruir a ESPADA NOTHUNG, com os dois pedaços, que estavam em poder de sua Mãe. Ele representa toda a HUMANIDADE FUTURA, dos ANDRÓGINOS DIVINOS, dos HOMENS PERFEITOS, dos HOMENS DA MENTE ABSTRATA, DO SUPRA-MENTAL. Ao fi nal, um dia, ele chega ao cimo do rochedo onde a VALQUÍRIA dorme. Ultrapassa, sem receio, o círculo de fogo e, debruçando-se sobre ela, abre-lhe as suas asas, retira-lhe o escudo e a lança e, fi nalmente, desperta-a de seu sono secular. Naquele momento de absoluta transcendência, readquire o “status” de deusa e, fi tando o herói nos olhos, diz:

“ - SALVE, Ó SOL! SALVE, Ó LUZ! SALVE, ESPLENDOR DESTE DIA ENTRE OS DIAS! EU JÁ TE AMAVA ANTES QUE TU EXISTIS-SES, EU SOU TEU PRÓPRIO SER, EU SOU TU MESMO”.

E esse é o Idílio Imortal de nossa Alma, o símbolo da augusta união do EGO INFERIOR do HOMEM com sua ESSÊNCIA SUPREMA, ou TRÍADE DIVINA. É a excelsa REDENÇÃO pelo AMOR, que a Divindade deixa entrever após nossa Queda, que é necessária para que a mesma Divindade adquira a Experiência que não tem. É o AMOR INCONDICIONAL a essa VALQUÍRIA, ainda dormente dentro da maioria de nós, esperando, ansiosamente, ser despertada, para, despertando-a, podermos, então, retornar ao SEIO DO PAI, de onde todos saímos um dia, no supremo êxtase, na beatitude infi nita do LOGOS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. LUNA, Mario Roso de. Wagner, mitólogo e oculti sta. 1ª Ed. Buenos Aires: Editorial Glem, 1958.

2. SADIE, Stanley. The new grove book of operas. 3ª Ed. Londres: Ed. Macmillan, 1996.

3. SOUZA, Henrique José de. O Verdadeiro Caminho da Iniciação. 6ª Ed. São Lourenço: Editora CEP, 2001.

4. BLAVATSKY, Helena Petrovna. A Doutrina Secreta. VOL II. 5ª Ed. SIMBOLISMO ARCAICO UNIVERSAL. Brasil: Ed. Pensamento.

5. WAGNER, Richard. Der Ring Des Nibelungen. Die Walkirie. DVD gravado no Metropolitan Opera House. Regência James Levine. Nova Iorque, 2002.

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OS QUATRO OS QUATRO OS QUATRO TEMPERAMENTOSTEMPERAMENTOSTEMPERAMENTOS

Esse tema, OS QUATRO TEMPERAMENTOS, parece recorrente, mas é sempre novo e atual.No entanto,

em nossos contatos, percebemos como, ainda, é desconhecido, ou até superfi cial o conhecimento que a maioria dos iniciados tem dele. Que dirá a humanidade desinformada!

Fui convidado, provocado a escrever sobre o tema: “Os Quatro Temperamentos Humanos”. Pensei sobre o assunto, verifi quei minhas pesquisas e notas, busquei outras. Notei que o assunto, embora falado em diversos locais, era ilustrativo, mas pouco prático na sua aplicação. Foi, então, que resolvi como escrevê-lo. Organizei de forma facilmente inteligível e comparada. Assim, os leitores vão poder usar para seu próprio autoconhecimento.

Em minhas pesquisas identifi quei que se trata de um assunto milenar nas tradições inciáticas, estudado por grandes vultos da história da humanidade, como Platão, Aristóteles, Galeno, Paracelso, Adickes, Sprãnger, Kretschmer, Jung, entre outros. Há trabalhos sobre o tema em todos os tempos. Mesmo hoje, é muito usado pela psicologia Junguiana, quando aplicada nas organizações.

Ocorre é que, em cada época, deu-se um nome para os temperamentos, o que passa despercebido para o pesquisador que não estiver atento. E, embora todos os trabalhos publicados sejam válidos, são incompletos, pois não têm as chaves iniciáticas! Quem as trouxe e revelou sua aplicação para a evolução humana, foi o nosso Mestre, o Professor Henrique José de Sousa.

Fica claro que nós, como Ele, temos os quatro temperamentos. Apenas, para Ele, já estavam equilibrados; para nós, não. A saber, temos um predominante (mais facilmente notado), dois auxiliares e um oculto (a desenvolver). As pessoas, que têm, apenas, um temperamento, suprimindo ou anulando todos os demais, estão em desequilíbrio. Ex.: Hitler, Napoleão Bonaparte, etc.

Se estamos no quarto globo, temos quatro estações (climáticas),quatro pontos cardeais, quatro animais da esfi nge, quatro evangelhos na bíblia, quatro elementos da matéria (terra, fogo, água e ar); em muitos outros casos, esse número (quatro) se faz presente. Assim,

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também, são os temperamentos humanos.O trabalho mais antigo sobre tal assunto foi o de

Platão (340 a.C.). Usava os nomes: Idealista, Artesão, Racional, Guardião.

Adotaremos a sequência de apresentação: Colérico, Sanguíneo, Fleumático e Melancólico. Isso só para facilitar as explanações. Imaginemos um quadrado, com quatro partes (como uma janela), em que se apresentam, em sentido horário, iniciando pelo canto superior esquerdo, tais temperamentos.

Colérico, Sanguíneo, Fleumático e Melancólico• Colérico (ou Nervoso): Grande energia e grande

excitação. Elemento Fogo. Tempo futuro.• Sanguíneo (ou Pletórico): Pouca energia e grande

excitação. Elemento (Ar). Tempo presente ativo.• Fleumático (ou Linfático): Pouca energia e pouca

excitação. Elemento (Água). Tempo presente passivo.

• Melancólico (ou Bilioso): Grande energia e pouca excitação. Elemento (Terra). Tempo Passado.

Levando-se em referência o triângulo eubiótico: Vontade, Mente, Emoção. Temos a Vontade como

Energia, força interior. A Emoção como Excitação. E, para unir as duas, temos a Mente para trabalhar, que, pela autoeducação e pelo autoconhecimento, levará a equilibrar os Temperamentos.

A descrição geral do tipo, não, necessariamente, é a sua, visto que se temos os quatro temperamentos, teremos características de mais de um tipo.A seguir, faremos a descrição isolada e comparada dos tipos de temperamentos, como se a pessoa fosse só aquele temperamento. Isso é meramente didático para facilitar o entendimento. Você encontrará características suas em mais de um deles e, assim, iniciará o seu processo de autoconhecimento através dos quatro temperamentos.

Descrição:• Colérico: Tipo baixo, ombrudo, peito de pombo,

enérgico, vigoroso, olhos vivos, olhar fi rme e seguro, andar rápido, cravando o salto no chão.

• Sanguíneo: Tipo mais “normal” fi sicamente, bochechas coradas, aparência saudável e alegre, confi ante e extrovertido, olhar vivo, musical, mãos leves e rítmicas, andar leve e saltitante, como se não tocasse no chão; é o que mais vê os fenômenos celestes e as estrelas.

• Fleumático: Tipo gordo, rechonchudo, pesado, queixo duplo, bonachão, mole, calmo, inerte, mãos pendentes, caídas, andar lento, pé ante pé, equilibrando seu corpo.

• Melancólico: Tipo magro, alto, arqueado para frente, ossudo, introvertido, taciturno, pensativo, melancólico, mal-humorado, abatido, olhar caído e triste,andar arrastado; é o que mais acha coisas no chão.

As mãos: • Colérico: tem a mão quadrada, palma da mão fi rme

e quente, dedos fortes e musculosos, ágeis.• Sanguínio: tem a mão alongada,palma da mão

alongada, bonita, jovem, dedos fi nos e alongados, movimento rítmico, mexe primeiro para depois olhar.

• Fleumático: tem mãos fofas, frias, moles, palma mais larga, dedos fl ácidos gordinhos, unhas moles talvez roídas.

• Bilioso: tem mãos alongadas, como as do sanguínio, porém ressecadas e pesadas, unhas duras

Comportamento (exemplos de): Na reunião de condomínio • Colérico: Chega à reunião na hora exata,

cumprimenta a todos de forma geral e, em poucos minutos, já a comanda, mesmo não sendo o síndico. Manifesta sua vontade pela ira e violência.

Nomen-clatura usada nesse arti go

COLÉRICO SANGUÍ-NIO

FLEUMÁ-TICO

MELAN-CÓLICO

Platão ~340 a.C

Idealista Artesão Racional Guardião

Aristóte-les ~325

Éti co Hedônico Dialéti co Proprie-tário

Galeno ~150

Colérico Sanguínio Fleumá-ti co

Melancó-lico

Paracelso~1550

Inspirado Mutável Curioso Diligente

Adickes 1905

Doutrina-dor

Inovador Céti co Tradicio-nal

Sprãnger 1914

Religioso Estéti co Teórico Econômi-co

Kretsch-mer 1920

Hiperesté-ti co

Hipoma-níaco

Anesté-sico

Depres-sivo

Jung 1923 Amigável Sondador Cabeça--dura

Agenda-dor

Myers 1958 - correspon-dência

xNFx xSxP xNTx xSxJ

Nomencla-tura atual 2000

Cataliza-dor

Negocia-dor/Facili-tador

Visionário Tradicio-nalista

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• Sanguíneo: Chega alegremente e traz alegria ao ambiente, cumprimenta cada um pelo nome, com seu olhar varre o ambiente. Sorri, conversa de forma superfi cial, interessa-se por tudo e, em seguida, já se desinteressa rapidamente.

• Fleumático: Chega atrasado, ou uma hora antes, para fi car parado esperando; dá um sorriso geral e fi ca parado, esperando calmamente, procura um lugar confortável para sentar; fi ca parado, mas, quando fala suas palavras têm muito peso; aparentemente vazio, sem participação exterior; na despedida, fi ca atrapalhando a saída, parado na porta.

• Melancólico: Chega pelos cantos e/ou entrada lateral, não cumprimenta ninguém, senta-se no fundo da sala, fi ca pensando: aqui só tem “panela”; se alguém contar um caso triste, tem um mais triste ainda; quando se expressa na reunião é para defender os seus interesses particulares; tipo introvertido em seus pensamentos.

A Pedra (quando encontram uma pedra no caminho, eis a reação)• Colérico: chuta, esbraveja, xinga e consegue uma

alavanca com que, com seus próprios esforços, remove a pedra do caminho e passa.

• Sanguíneo: Nem vê a pedra, envolto em seus pensamentos nas nuvens, tropeça e cai, depois levanta-se e ri da situação.

• Fleumático: para e fi ca olhando a pedra por algum tempo, depois, senta-se nela e tira um pacote de bolachas do bolso, que fi ca comendo, esperando aparecer alguém para retirá-la.

• Melancólico: ao ver a pedra diz:- “que pedra enorme, como sou azarado, tudo acontece comigo, só querem me prejudicar”; em seguida, volta para seu interior a pensar: quem o está perseguindo e prejudicando.

Nas Organizações (psicologia Junguiana e inteligência predominante)

• Colérico (Inteligência Diplomática): sua necessidade básica é por signifi cado e importância, que vêm de um sentido de propósito e de trabalho para um bem maior; precisa ter um senso de identidade única; valoriza a união, a autorealização e autenticidade; pessoa desse temperamento prefere interações cooperativas com enfoque em ética e moralidade e tende a confi ar em suas próprias intuições, antes de procura encontrar a lógica e dados para as apoiar; aprende mais rápido quando pode ensinar.

• Sanguíneo (inteligência tática): sua necessidade

básica é a liberdade para agir sem restrições e enxergar resultados claros para sua ação; valoriza altamente a estética, seja na natureza ou na arte; a energia é focada para atuar com habilidade, variedade e em estímulo; tende a atitudes pragmáticas e utilitárias, com um enfoque em técnica; confi a em seus impulsos e tem gosto em agir; aprende melhor fazendo.

• Fleumático (inteligência estratégica): sua necessidade básica é o domínio de conceitos, conhecimentos e competência; pessoa desse temperamento busca compreender os princípios operacionais do universo e a aprender ou desenvolver teorias para tudo; valoriza a consistência lógica, ideias e busca o progresso; tende a atitudes pragmáticas e utilitárias com ênfase em tecnologia; confi a na lógica acima de tudo; tende a ser cético e valoriza a precisão lingüística; possui estilo de aprendizagem conceitual; quer conhecer os princípios que geram os detalhes e os fatos.

• Melancólico (inteligência logística): sua necessidade básica é pertencer a um grupo e ter responsabilidade; precisa saber se está fazendo a coisa certa; valoriza a estabilidade, a segurança e o senso de comunidade; confi a em hierarquia e autoridade; prefere atividades cooperativas com foco em estabelecer normas e padrões; orienta-se por experiências passadas e gosta das coisas estruturadas e em sequência; tende a buscar aplicações práticas para as coisas que aprende.

Quatro variáveis da construção dos Tipos Psicológicos ou Temperamentos

A Fonte de Energia, que pode ser interna ou externa,

se interna, essa pessoa se energiza por atividades solitárias. É mais introspectiva; se externa, energizam-se pelas interações com outras pessoas. É mais comunicativa.

A Atenção, ou seu modo de perceber o mundo, que pode ser sensorial ou intuitivo. O Sensorial valoriza e usa, primeiro, os cinco sentidos. Só, depois, compara com seu interior. Já o Intuitivo faz o inverso. Primeiro, olha dentro de si mesmo – usa intuição – para depois comparar com o exterior sensorial.

A forma de tomar decisão, sua maneira de avaliar, julgar, organizar, decidir, pode ser priorizando o pensamento lógico, os critérios objetivos,ou a emoção, avaliando, baseando-se em critérios subjetivos, como valores e gosto.

Seu estilo de vida, que pode ser planejando previamente e seguindo o plano, ou por opções em

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aberto, para adaptar-se, caso necessário.

Essas quatro variáveis compõem cada um dos quatro Temperamentos em “dosagens” diferentes. Assim, de cada Temperamento, temos quatro “tons” ou nuances, que podem variar de acordo com a etapa cronológica da vida. Dessa forma, teremos 16 nuances que se interagem na vida e nas organizações. E da sua harmonia na interação, será mais ou menos adequada, interferindo nos resultados do relacionamento e das organizações.

Intuição mais sentimento inclina o temperamento para Colérico. Intuição mais pensamento inclina o temperamento para Fleumático. Sensação mais julgamento inclina o temperamento para Melancólico. Sensação mais percepção inclina o temperamento para Sanguíneo.

Quatro Posições nas organizações Cada uma, ocupada pelos quatro Tipos Psicológicos

ou Temperamentos em suas nuances. As quatro posições são: No comando; Fazendo com que as coisas andem; Os bastidores; Planejando a rota.

Ao observar as informações, você verá algumas relacionadas a você, o que permitirá autoconhecimento pela auto-observação. Ou mesmo pela observação, em outras pessoas, dessas características; isso é chamado modelagem de comportamento. E serve, também, como referência.

Reconhecimento (Colérico, Sanguíneo, Fleumático e Melancólico)

É bastante complexo o reconhecimento dos tipos para quem não está familiarizado com o assunto, embora, hoje, tenhamos testes para isso, sendo alguns confi áveis (mais precisos), e outros, nem tanto. Lembrando que todos temos os quatro temperamentos, sendo: um predominante, dois auxiliares e um oculto (seu oposto). Vamos dar algumas dicas para facilitar seu autoconhecimento.

Observando os opostos, temos alguns exemplos: uma pessoa, que nunca está parada nem cansada, não pode ser Fleumático. Será, então, seu oposto, o Colérico. Já uma pessoa, que nunca está triste, não pode ser Melancólica, será, então, seu oposto, o Sanguínio.

Podemos, também, olhar os tempos verbais mais usados pelas pessoas (por nós mesmos), identifi cando os tipos de temperamentos. Exemplo: Colérico, fala e pensa no futuro (planejamento); já o Sanguíneo,do presente ativo, moda, passeios, viagens; se for Fleumático, no presente passivo, restaurantes, descanso, conforto; e o

Melancólico, no passado, lembranças, normas.

Outra forma é observar a idade cronológica, que trará infl uências e predominâncias e devem ser consideradas com atenuantes, quando observar um indivíduo. Exemplo: As crianças têm a tendência de se manifestar como Sanguínias, o que reforça o comportamento quando for igual, e atenua quando for oposto.

Já os jovens têm a tendência Colérica, devido à fase de escolha de profi ssão e se tornar adulto, assumindo uma posição na vida. O que reforça o comportamento quando for igual, e atenua, quando for oposto.

Nos adultos de mais idade, predominam os Melancólicos, o que reforça o comportamento quando for igual, e atenua quando for oposto. Pois o tempo passa, as coisas não saem exatamente como planejadas, as pressões e desilusões trazem certa melancolia.

Nos que estão em idade mais avançada, haverá o predomínio do Fleumático, o que reforça o comportamento quando for igual, e atenua quando for oposto. Sopinha, cafezinho, chazinho, visto que, no fi m da vida, todos têm pouca energia e pouca excitação. Se o idoso for ativo, trabalhador,é Colérico; se tem rodinhas nos pés e gosta de passear, é Sanguínio; Já, o que fi ca trocando bula e receita, de remédio é Melancólico; E o pior de todos é o Fleumático, que se senta em um banquinho, esperando a morte chegar.

Aplicações PráticasEscolhas de cônjuge, de amigos, sócios,

relacionamento profi ssional. Busca do equilíbrio, educação das crianças, adequação de profi ssões.

Alimentação• Colérico: regime misto, com vegetais, folhas, raízes

e frutas, comendo, principalmente, carne de animais leves e peixe, preferindo produtos frescos e evitando carne de caça, pimenta, temperos excitantes e gorduras.

• Sanguíneo: regime misto, com raízes, vegetais baixos, bastantes frutas, carnes de animais pesados, evitando: aves, comer doce, comida muito salgada e excitante, batata e feijão.

• Fleumático: regime misto, com carne de animais ágeis e rápidos, vegetais só de crescimento rápido, comida com pimenta, louro, temperos excitantes, alimentos que exijam a mastigação, evitando: raízes, farinhas, sopas, mingaus, doces, gorduras e não dormindo depois das refeições.

• Melancólico: regime misto, com bastantes frutas, folhas, fl ores, aveia, peixes e aves; doces são

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muito bons; evitando: sal, raízes e plantas baixas, principalmente, alimentos oleosos e gorduras.

Observação: pelo equilíbrio dos temperamentos, há uma tendência à diminuição do consumo de carne, e não por imposições radicais de regimes alimentares. Sob a presença da espiritualidade, que não vem da alimentação, mas,ao contrario, do desenvolvimento espiritual, manifestado no equilíbrio dos temperamentos, resultará a mudança espontânea dos apetites, sem forçar nada.

Tratamento Pessoal• Colérico: Deixar dar vazão a sua ira, sem se

incomodar nem temer, manter-se neutro. Dar a ele bastante espaço. Quando falar com ele, ser objetivo evitando os detalhes. Usar verbos e expressões diretas: onde, quando, como, quanto e similares.

• Sanguíneo: Despertar seu interesse por algo focado e aprofundar-se, sempre com muito amor, com carinho e atenção, ao falar; usar fl oreios e linguagem fi gurativa, mas buscando objetividade para não dispersar. Procurar locais ao ar livre, jardins, parques, locais cheios de vida,

• Fleumático: Buscar agitação e movimento, falar alto e rápido, mas de maneira sintética. Mudar de assunto várias vezes para manter o seu interesse e atenção. Procurar o convívio com Sanguínios, que trazem movimento à relação.

• Melancólico: Buscar sua ajuda para ajudá-lo. Mostrar que é querido no meio que frequenta e em que trabalha; exaltar suas qualidades, minimizar seus defeitos, mas nunca negá-los. Tirar o que ele tem dentro e comentar sobre os grandes mártires por ideais nobres. Ler dramas. Criar situações, que o obrigue a expressar seus pensamentos, se mostrar e deixar de ser retraído.

Conclusão

Esse assunto, ainda, tem infi nitas possibilidades a explorar e a descobrir. Nesse breve artigo, procuramos trazer à luz aspectos práticos para assimilação e aplicação imediata. Pois de nada adianta o conhecimento, que não possa ser aplicado. Assim, permitirá a ampliação do autoconhecimento, autopercepção e autoeducação. De modo a fazer a têmpera, a mistura e a forja dos quatro temperamentos equilibrados. Isso é tomada de consciência em um novo patamar, o Aquariano, pois o seu estudo e a prática das Yogas, desde os Graus até a Série Interna, levará a tornar os Jivas equilibrados, permitindo que se tornem Jivatmãs. Jiva com a consciência de Atmã.

É tarefa de todos que se propõem ao autoaperfeiçoamento, à evolução e ao trabalho pela humanidade.

Em outras oportunidades – artigos / palestras – traremos mais informações e “provocações” para os irmãos e amigos. Dicas de como aplicar, fazer testes de indicação e confi rmação dos temperamentos. E estaremos à disposição para auxilia-los nas interpretações dos resultados, contribuindo para a melhoria de vida e da consciência de cada um. Podemos falar pessoalmente por e-mail, por Skype, etc. Meus contatos estarão ao fi nal no texto.

A você, leitor, que chegou até aqui, um fratenal abraço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. SOUZA, Henrique José de, O Verdadeiro Caminho da Iniciação; A Natureza Secreta do Homem; Eubiose – A Ciência da Vida; Os mistérios do Sexo, São Paulo, 1954, 1989, 1994, 2001;2. Livro do Ciclo de Aquário, Livro das Cadeias, Eubiose - A Verdadeira Iniciação, Oculti smo e Eubiose;3. PUTOMATTI, Cícero J. Trabalho sobre as Glândulas de Secreção Interna;4.Pesquisa sobre os Quatro Temperamentos Humanos do V.I. Miranda, Pesquisa do V.I. Adhemar da Cunha Ramos, roteiros de aulas Manu;5. Outras fontes externas com adaptações à luz da Eubiose: - GLAS, Norbert, As Mãos Revelam o Homem;- KELLER, Marti n, Os Temperamentos;- MIRANDA, Caio, Laya Yoga; - GLAS/KOENIG/HEYDEBRAND , Os QuatroTemperamentos;- G. (EMI), Norman, Fundamentos de Endocrinologia Clínica; - JUNG, C.G, Psychological Types. New York, Harcourt Brace, 1923; - MYERS, Isabel Briggs e Peter B. Myers, Ser Humano é Ser Diferente: Valorizando as pessoas por seus dons, São Paulo, Ed. Gente, 1997; - WEIL, Pierre e Tonald Tompakow, O Corpo Fala, Petrópolis, Ed. Vozes, 2010. Contatos: e-mail: [email protected] / F. Cel.(35) 8824.9580 / (11) 9 9979.9063 Site: www.ricardofera.com / contato: http://www.ricardofera.com/contato/fale-conosco.html ou [email protected]

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Pelo exposto, poderíamos, em princípio, afi rmar que existem dois tipos de realizações: a externa, ou profana, defi nida pela ciência

vulgar, e a interna, ou sagrada, indicada pela ciência esotérica. A primeira atendendo, genericamente, aos desejos do homem, e a segunda, especialmente, à sua vontade. Aquela, por vezes, puxando a alma para baixo, pelo clamor do corpo, enquanto esta, sempre, tentando elevá-la através da inspiração do espírito.

No entanto, nesse chamado terceiro trono – o mundo em que vivemos – onde tudo conspira em favor da evolução a ser alcançada pela humanidade, por intermédio da sábia via das experiências adquiridas e assimiladas, não erraremos ao afi rmar que existe uma só realização, manifestada sob dois aspectos diferentes, de acordo com o grau de consciência de cada um, realização esta que não é nada mais do que o nome dado à própria iniciação humana.

Todos, para evoluírem, precisam realizar, sem o que permaneceriam estagnados no processo, com o risco de serem colocados à margem da corrente evolucional.

Os grandes Seres, já evoluídos, dos Adeptos aos Manus e Avataras, também, realizam, desde que consentiram em trabalhar, aqui na face da terra, em favor dos menos evoluídos. Tomemos o exemplo do maior Deles, JHS, o último Avatara Total, a parelha manúsica, que veio encerrar o ciclo de “Pisces” e abrir o de “Aquárius”. Quanto trabalho, quanta luta, quanta determinação, não esmorecendo jamais nas realizações em favor de uma, por muitas vezes, ingrata humanidade! Lembremos que seu trabalho, como sabem seus discípulos, foi o de uma Ronda inteira, em apenas uma vida!

As realizações podem conter características retrógadas. São aquelas efetivadas pelos seres humanos que estão, ainda, num patamar inferior de entendimento

O termo realizar está expresso nos dicionários sob seus múltiplos signi� cados, todos referentes ao cotidiano humano, na relação do homem com o mundo. Já o Professor e Mestre Henrique José de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, deixou escrita essa passagem: “Realizar o Buda ou o Cristo em si mesmo, eis a verdadeira Realização...”, em clara referência à relação do ho-mem consigo mesmo.

REALIZAÇÃO▪ SÉRGIO ADIR TAMBOSI

Por:

Wal

ldes

k.ne

t

das coisas do mundo, mesmo que tenham um alto grau de inteligência – mas de pouca consciência – assim, produzindo, a todo o momento, causas as mais desconcertantes, ao sabor dos seus desejos e caprichos, gerando efeitos mais ou menos devastadores sobre a vida do planeta e da própria humanidade. São eles os fanáticos de todas as épocas; são os predadores dos recursos naturais da Terra; são aqueles que se fi zeram “donos” do conhecimento em benefício próprio, adeptos da supremacia sobre outrem a qualquer custo.

Outras realizações contêm características mais progressistas. São elas levadas a efeito pelos seres humanos que já atingiram um patamar razoável de entendimento das coisas do mundo, assim produzindo, regular e conscientemente, causas em favor do bem, gerando efeitos benéfi cos em prol da vida do planeta e da humanidade, anulando, em parte, os danos causados pela categoria anterior. Aparecem, assim, os idealistas, voltados para nobres causas, os humanistas, os chefes de Estado, comprometidos com o bem-estar do seu povo, as grandes almas – ou Mahatmas – fazendo o bem, sem olharem a quem.

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Felizmente, realizações existem caracterizadas pela pura ação vanguardista. São desempenhadas pelos Seres de hierarquia espiritual superior que contribuem, diuturnamente, pelo seu modo de pensar e agir, para a geração de causas que produzem, somente, efeitos positivos em benefício da evolução, sendo os responsáveis diretos pelo fato da humanidade não ter falido, o que certamente, teria acontecido, de há muito, sem essa providência por demais oportuna. Os efeitos, oriundos das causas que produzem, calcadas estritamente nas diretrizes da “Lei que a tudo e a todos rege”, determinam e movimentam os ciclos de vida, com suas regras rígidas, em verdade, direitos e deveres, que a todos orientam e a que todos devem obediência. Eis aí os Grandes Mestres de todos os tempos, visíveis à humanidade ou anônimos, responsáveis pelo suceder do Pramantha.

Tudo é realização. Tudo é iniciação. Tudo, afi nal, resulta em evolução. Mas o processo evolutivo pode ser mais ou menos lento, mais ou menos longo, mais ou menos doloroso. Lembremos que todas as quedas humanas, constantes da história oculta da humanidade através das eras, foram motivadas por realizações falhas, chegando à omissão, bem como os fracassos atribuídos aos Avataras em suas missões – mas, em verdade, de responsabilidade da própria humanidade – e se deram por isso.

Parece-nos evidente que o desejável para esse nosso mundo são as boas realizações, aquelas voltadas para o bem. E já surge a pergunta: o que é bem? E seu oposto, o mal, o que é? Sem nos alongarmos, pois o assunto aqui é outro, aquilo que chamamos de bem e mal são duas forças que se opõem e que convivem nesse mundo e dentro de nós, como sabedoria e ignorância, mas necessárias para que haja evolução, já que são manifestações da própria Lei.

Mas, se quisermos, assim, realizar, o que faremos?... Como e quando faremos?... Poderemos seguir, simplesmente, nossa intuição e agir ao nível do nosso estado de consciência. Grandes feitos serão alcançados, mas, certamente, esse método nos fará perambular por caminhos tortuosos e demorados, entre erros e acertos, até chegarmos ao nosso mais perfeito desiderato.

Ah, como seria esplendoroso se tivéssemos alguém para nos inspirar... para seguir... alguém confi ável, que nos desse exemplos de vida, quem sabe bons conselhos para podermos, também, aplicá-los em nosso dia-a-dia... Ah, como seria produtivo se tivéssemos uma espécie de manual a que recorrer, para dali tirar as ações certas a vivenciar!...

Mas, esperemos... quanto privilégio!... nós temos!...Sim, há milênios, desde que os “Deuses” se

subtraíram ao convívio dos mortais e passaram a nos orientar por meio de seus representantes na face da Terra, sempre, o reto caminho nos é indicado, através do exemplo e da insinuação, do árduo trabalho a que esses nossos Irmãos Maiores se dispõem, à custa de enormes sacrifícios. Mas, dada a peculiar ignorância do homem, ao sabor do seu livre-arbítrio – que lhe permite agir ou se omitir livremente face às circunstâncias de sua vida – poucos são aqueles que aproveitam a oportunidade para seguir essa senda, a trilha do bem, tão estreita quanto o “fi o da navalha”, galgando, assim, mais um degrau em sua jornada evolutiva.

O Avatara de “Pisces”, Jeoshua-Ben-Pandira, o Cristo bíblico, ensinou, conforme o Evangelho de São Mateus:

“Ouvistes o que se disse: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, digo-vos que não resistais ao que é mau, mas, se alguém vos ferir na vossa face direita, apresentai-lhe, também, a outra; e ao que quer chamar-vos a juízo e tirar-vos a tua túnica, cedei-lhe, também, a capa. E, se alguém vos obrigar a dar mil passos, ide com ele mais outros dois mil. Dai a quem vos pede, e não volteis as costas ao que deseja que lhe emprestais”.

“Ouvistes o que foi dito: Amareis o vosso próximo e aborrecereis o vosso inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para que sejais fi lhos do vosso Pai, que está nos céus, e faz nascer o seu Sol sobre bons e maus, e manda a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos, também, o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem, também, assim, os gentios? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial”.

O Avatara de “Aquarius”, JHS, ao ser indagado, certa feita, por alguns de seus discípulos a respeito do verdadeiro itinerário da realização individual, respondeu-lhes, apresentando a eles o seguinte esquema, dividido em três aspectos:

1) FÍSICO: trabalhar, como faz o Adepto pela humanidade, divulgando a Obra, salvando, com o verbo, outros seres, trazendo os que foram julgados bons e que possuem direito de conhecê-la;

2) ANÍMICO: educar o caráter, não prejudicar ninguém, praticar boas ações, evitar, ao máximo, comentários que possam ferir a sensibilidade de outros irmãos;

3) ESPIRITUAL: desenvolver a inteligência, mantendo, em constante equilíbrio, as duas conchas da balança: Conhecimento e Amor Universal.

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AMOR: terna palavra sempre ausente. Um dos caminhos mais rápidos e belos, para aqueles que, sem egoísmo, procuram alcançar a verdadeira realização em seu aspecto coletivo. Ah, se os irmãos soubessem o que representa equilíbrio coletivo...

Eis sábias palavras. Pronunciadas a seu tempo, mas ainda vivas. Sempre, os Grandes Mestres nos dizem que não devemos aceitar tudo imediatamente, mesmo que Deles provenha, mas sim meditar sobre tudo antes, e aceitar, apenas, se se coadunar com a nossa razão. E, sobre essas duas mensagens, quem duvidaria?

Pois bem, feliz é a humanidade, felizes somos nós, por dispormos, assim, graciosamente, de Alguém para nos espelharmos e de um roteiro perfeito para nos realizarmos e alcançarmos o equilíbrio coletivo. Só nos resta segui-los!

Mas, será que o faremos? Nossa “vontade” prevalecerá, ou nos deixaremos dominar pelos “desejos”, pelas nidhânas – tendências negativas que trazemos das existências pretéritas, incorporadas à nossa alma – nos esquivando por detrás de sorrateiras desculpas, próprias e típicas das nossas personalidades?...

Estamos vivenciando dois grandes ciclos evolutivos: um, que se vai – Pisces; outro que se inicia – “Aquarius” – já em franca atividade. São tempos difíceis, períodos duros de ajustes com a Lei – vejam-se as mazelas por que passa o mundo – onde, talvez, mais do que em outros, são necessárias as boas realizações. Vivendo na face da Terra, nós, seres humanos, não somos, apenas, testemunhas, mas partícipes do Plano Divino. Compete-nos, sob a égide da vontade, agirmos, vivenciarmos, realizarmos bem, realizarmos o requerido. Seguirmos as leis do Pramantha – o conjunto de regras que regem a evolução – cumprindo com os nossos deveres de Obra incondicionalmente, sendo, nessa tarefa, até mais expeditos do que quando somos lépidos em reconhecer e exigir nossos direitos. De nada nos adiantaria sabermos o que precisa ser feito e, por crédito de uma vontade fraca, deixarmos de fazê-lo ou esperarmos que outros o fi zessem. Não, nesse momento, não há espaço nem tempo para omissões, queixas, vãs lamentações ou explicações tardias.

Se não procedermos adequadamente, atrasaremos os desígnios da Lei e esta, naturalmente, não se tornará refém da nossa má vontade; achará Ela outras formas de atingir seus objetivos, restando aos faltosos o ajuste evolucional, ou por outra, o peso cármico do trabalho sonegado. Lembremo-nos da antiga legenda iniciática: “a quem muito é dado, muito será pedido”.

Relativamente a tal legenda, especialmente em sua parte fi nal, a muitos poderá intimidar, por entenderem

que um pesado fardo cairá sobre si, que será exigido muito além de sua capacidade e competência quando a Lei, assim, desejá-lo.

Penso que não é esse o caso. Façamos uma analogia simples: suponhamos que alguém seja atraído pelo trabalho meritório dos bombeiros e faça o curso específi co. Ao cabo de algumas semanas, estará formado e apto para realizar as atividades de combate ao fogo. Seguir-se-á um período de trabalho nesse meio. Suponhamos, ainda, que, anos mais tarde, esteja esse alguém num recinto público qualquer e o local seja tomado pelas chamas. Ora, sob tais condições, quem dentre os presentes estará mais apto a enfrentar o problema? A tomar as decisões mais acertadas? A apresentar as melhores soluções? A orientar, corretamente, a todos nesse momento? Naturalmente, esse alguém, dado seu preparo anterior. Contando com um “fi nal feliz” para esse caso, se fi zermos uma comparação entre ele e os demais, veremos que seu comportamento foi muito mais racional, mais objetivo, mais adequado e surtiu os melhores efeitos. E sem o desgaste e o desespero, que, provavelmente, tomou conta das outras pessoas.

Assim, vejamos: ao nosso personagem, em relação aos demais, presentes no recinto, muito foi dado (o conhecimento, através do curso de combate a incêndios e a experiência de trabalho posterior) e muito foi pedido (ele se sentiu compelido a debelar as chamas e a realizar o trabalho de liderança naquela situação). No entanto, lhe foi exigido, pelas circunstâncias (a Lei), que apenas agisse aplicando em favor de todos seus conhecimentos, nada além disso. Tal trabalho, portanto, não lhe foi penoso nem o afetou em demasia, física e emocionalmente; certamente bem menos do que aos outros, exatamente, porque estava preparado para tal.

De igual forma, acontece com os trabalhos em favor da Obra de Deus. Sempre seremos “convidados” a realizar, dando ao mundo o que temos, não mais.

Ainda, com relação a essa grandiosa Obra e ao mundo, se considerarmos que as transformações se fazem sentir de dentro para fora, ou provêm daquela para este, veremos que os amargos frutos, que aqui germinam, são de responsabilidade, apenas, dos homens, provêm do falho entendimento que possuem da Lei, de seus estados de consciência, pois, naquela, somente os frutos doces são produzidos.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:1. Pe. SOARES, Matos. Bíblia Sagrada. Edições Paulinas, 1956.2. SOUZA, H. J. Cartas reservadas.

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Bombardeados por músicas, até pouco tempo, selecionadas segundo um critério meramente econômico pela indústria

fonográfi ca, que, via de regra, “revelava” “artistas” que não lhe exigiriam uma divisão justa dos lucros, mesmo, e agora, diante do fenômeno da democratização da informação, não parecemos fazer boas escolhas. E, assim, nossas fi lhas vão entrando cada vez mais cedo na puberdade e tornando-se mães sem ter deixado a infância; também, nossos meninos, vão fazendo da violência seu “melhor” divertimento sob o estímulo de músicas e sons que os arrancam da inocência.

Em nosso país, já se produziram melhores mensagens no campo da composição, e muitos de nós podemos nos lembrar de compositores que, ou por toda a sua carreira, ou em um momento de inspiração, cantaram os valores do futuro em suas poesias. Mas, para alguns artistas, isso parece, apenas, uma fase que começa, tem seu apogeu e logo termina.

Estaríamos em condições de fazermos a exata avaliação do efeito causado por aquilo que escolhemos para ouvir? Sob um ponto de vista psicológico, podemos dizer que nossa memória assume uma simbiose tal com a música, que seria difícil a qualquer pessoa, que tenha um pouco de boa vontade, dizer qual é a causa e qual é o efeito, quando introduzida a variável música no assunto.

Façamos um exercício. Ainda que um antigo amor não faça mais parte de nosso cotidiano, ao nos lembrarmos dele, automaticamente, lembramo-nos de alguma música, ou, ao escutarmos essa mesma música, somos arremessados ao passado. De qualquer forma, a junção música e memória assume uma relação simbiótica em que a memória nos deixa mais sensíveis à mùsica, e a música mais ativa à memória. Muito embora possamos não nos dar conta do processo, facilmente, uma pessoa pode fi car “presa” a uma situação do passado, podendo a música servir como elemento depressivo. O pior é que podemos “gostar” dessa situação.

MÚSICA, MISTÉRIO E PODERMÚSICA, MISTÉRIO E PODERMÚSICA, MISTÉRIO E PODER

A música pode ser dividida, dentre outras formas, em dois grandes grupos: sacra, com a missão de nos fazer voltar nosso pensamento à divindade; profana, dedicada ao nosso cotidiano.

▪ RENATO DANTAS JÚNIOR

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Não queremos, com isso, de maneira nenhuma, dizer que nossas memórias e as músicas, a elas relacionadas, devam ser banidas de nossas vidas, mas devemos dosar a exata medida.

Daqui por diante, apresentamos nossas pesquisas, buscando despertar o espírito investigativo do leitor.

Música. Devemos, antes de tudo, saber que esta não tinha por função a diversão e o entretenimento, pelo menos da forma como hoje a entendemos. E Platão em uníssono com outros sábios alertavam para a verdadeira função da música e da poesia e para o perigo de serem usadas de forma incorreta.

[...] Os poetas e músicos, pobremente educados sobre o verdadeiro objetivo dessa ciência, que é, muito mais, dominar as paixões dos homens do que exaltá-las, impulsionaram desordens ao querer mudar algumas regras que cerceavam seus desejos obstinados[...].(1) (A Música apresentada como Ciência e Arte, in Fabre D´Olivet).

Fabre D´Olivet, ao se referir a como o conhecimento musical era encarado pelos antigos governantes da China, faz a seguinte referência a esse período:

[...] de acordo com o Li Chi, ela é a expressão e a imagem da união da Terra com o Céu; seus fundamentos são imutáveis... o Shu Ching, um livro canônico de primeira ordem, datado de dois mil anos antes da época de Orfeu, conta que o imperador Shun, ao nomear um ofi cial responsável por essa ciência, disse-lhe: - eu te dou a responsabilidade sobre a música, ensina aos fi lhos dos grandes para que aprendam a unir justiça e misericórdia, gentileza e seriedade, compaixão e coragem, modéstia e gosto pelos prazeres da vida. O sábio, escolhido pelo imperador para exercer essa função, chamava-se Khwei. Quer saber - dizia ele - se um reino é bem governado, se a moral de seus habitantes é boa ou ruim? Observe a música que se toca nesse reino [...].(2)

AS SETE ARTES LIBERAIS:A música é uma das sete artes liberais que o iniciado

tinha que desenvolver durante seu processo de iniciação; era tratada como ciência da combinação dos números, indicando sua forte ligação com a matemática.

As sete artes liberais eram divididas em dois grupos: o Trivium, composto por Gramática, Lógica (ou Dialética) e Retórica; o Quadrivium, composto por Aritmética, Música, Geometria e Astronomia.

O objetivo das mesmas era que o homem, através de sua mente, se tornasse a ligação da qual a “Terra”, como trono do divino, poderia receber as informações do plano das ideias ou mente cósmica.

Johann Kepler, astrônomo, que conseguiu calcular a distância das órbitas dos planetas do sistema solar, logrou êxito, usando como base a música. Kepler foi educado em um seminário, onde o programa de estudos incluía a aprendizagem de acordo com o esquema do trivium e do quadrivium e onde era, também, obrigatório o ensino da música.

O teorema de Pitágoras tem, embutidos no seu seio, as proporções musicais; templos foram construídos com proporções numéricas, geradas com base na teoria da harmonia musical, além, é claro, da geometria.

Esotericamente, a coisa parece tomar uma proporção por poucos percebida.

O poder das palavras, do som, não deve ser desprezado.

O verbo se fez carne.

“... No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;...”.(3).

Ora, o v erbo é o som e o som é música.

Na Índia, a música chama-se Sam Veda, a Deusa do Conhecimento e da Literatura, e, t ambém, Saraswati, o grande adorador de Veena. Tudo isso mostra que todo o sistema da religião e fi losofi as indianas está baseado na Ciência das Vibrações. É por esse motivo que se lhes dá o nome de Nada Brahmã (o SOM é DEUS).

Segundo o ponto de vista científi co e fi losófi co, é uma verdade que as vibrações manifestam sua atividade onipresente. Como diz o sufi Shams Tabraz, em sua poesia sobre a criação: “todo o mistério do Universo reside no Som. Esse fato está consignado no Alcorão e na Bíblia”.

[...] A pessoa, que se interessa pela música, geralmente, sutiliza-se por virtude dessa, e, se as circunstâncias lho permitem, a Arte Musical a conduz ao mais elevado Mundo do Som, que exercerá um grande efeito de arrebatamento sobre ela.

Os sufi s se transportam e se perdem nesse Som chamando-o de Masti (êxtase). Os poderes psíquicos e ocultos vêm por si mesmos depois de eles experimentarem essa condição de êxtase, e todo o conhecimento da existência visível e invisível se lhes aparece. Essa beatitude de felicidade e paz só é proveitosa aos yogis e sufi s interessados na divina arte da música.

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Quase todos os grandes músicos do Oriente, chegaram a grandes Santos, pelo poder da música. Os últimos grandes músicos da Índia, como Jansen e Moula Bux, foram um belo exemplo de perfeição espiritual alcançado através da ciência musical.(4)

SHAKTIS:

São forças femininas que emanam uma energia específi ca; estão, também, relacionadas com os sete raios do saber:• Âdhishakti -força primordial que expressa o poder

da vontade;• Parashakti -força radiante, amor/sabedoria;• Jnâna-shakti -inteligência ativa;• Mantrikashakti - a força latente no som e na

palavra, a energia do logos do 4º raio ou da Harmonia;

• Ichchhâ-Shakti - ligada ao mental concreto, é a força do desejo ou poder da vontade, 5º raio que transforma o conhecimento abstrato em conhecimento objetivo, através dela o conhecimento é traduzido em uma linguagem objetiva e inteligível à humanidade.

• Kriyâsahkti -força materializante, devoção e idealismo;

• Kundalinishakti - força que adapta a forma à existência no plano físico, magia cerimonial.Das sete Shaktis, a mais atuante atualmente é a

MantrikaShakti ou poder do som; aqui, entramos em um terreno misterioso, cheio de minúcias, que leva um neófi to mais atento à refl exão.

Cabe o alerta: os detalhes parecem fazer toda a diferença, quando o assunto é som e Iniciação. Talvez, o mais importante seja saber: 1) ninguém pode afi rmar nada com absoluta certeza, que não seja um verdadeiro Mestre; 2) a falta de um Mestre não invalida a necessidade de estudo do tema, e o simples fato de ser músico não habilita ninguém a assumir um papel de orientador, quando o assunto é música e iniciação; na verdade, muitas vezes, até difi culta, já que “a pior das rotinas é a da inteligência” (JHS).

O que deve um iniciado saber sobre a música e as formas-pensamento por ela geradas? Segundo Besant e Leadbeater, a música irradia suas vibrações, em todas as direções e seus efeitos chegam a durar de duas a três horas. Também, na mesma obra, encontramos referência sobre aquilo que pode alterar a construção das formas geradas. Dela, podemos enumerar, entre outras, as seguintes infl uências:

• Resultantes do pensamento do compositor;

• Referentes ao instrumento em que é executada; • Mérito do executor;• Perfeição da execução (diretamente ligada à

medida, ao compasso).[...] A perfeição da execução é, igualmente, causa da diferença, e essa é enorme entre a radiante beleza da forma, construída pelo trabalho de verdadeiro artista, perfeita como expressão e execução, e a forma relativamente triste e confusa, produzida pelo esforço defeituoso e mecânico de um executante inábil. Cada falta de exatidão na execução se reproduz na forma, para dar ao clarividente a medida exata do talento aplicado [...].(5)

MÂTRA: Curtíssimo período de tempo, aplicado à duração dos sons, medida em geral, limite, quantidade, um pouco, um momento; átomo, partícula; signifi ca, também, manifestação, equivalente a um piscar de olhos.

Relacionada com a métrica, a proporção, a astronomia e a arquitetura.

FONTE: O ARQUEÔMETRO

Na catedral acima, as proporções foram defi nidas com base em um acorde de Lá menor.

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Segundo Pitágoras:*Para que uma corda musical se torne uníssona com

uma corda mais curta do mesmo tipo, sua tensão deve ser aumentada na mesma proporção em que o quadrado de seu comprimento se torna maior.

*A gravidade de um planeta é quádrupla em relação à gravidade de outro que esteja no dobro da distância.

A Terra gira em torno do sol a uma velocidade média de 108.000 quilômetros por hora.

Côvado: medida equivalente à medida do cotovelo à ponta do dedo médio.

METRO (MÂTRA-MANTRA-SOM):A origem da palavra é o termo grego µétpov

(metron), medida, através do francês mètre.Medida que usa como base o perímetro da terra.Perímetro:4 sobre 1.000.000, o que dá,

aproximadamente, 1,08 metro.Periélio: ponto da órbita em que a Terra está mais

próxima do sol (essa posição se repete a cada 108.000 anos).

Esotericamente, o número da Terra é 108, que equivale metricamente à nota dó.

Segundo Saint Yves D’Alveydre no Arqueômetro:

Dó = 1,08 metro;Ré = 0,96 metro;Mi = 0,864 metro;Fá = 0,81 metro;Sol = 0,72 metro;Lá = 0,648 metro;Si = 0,576 metro;Sabemos, também, que, quando dobramos o

tamanho de uma corda temos a mesma nota uma oitava abaixo, ou seja, a relação da oitava é de 2:1.

Então:18, 36, 72, 144, 288... Todas equivalem à nota Sol.27, 54, 108, 216, 432... Todas equivalem à nota Dó.

[...] Se inscrevemos, num círculo, um triângulo retângulo cujo cateto perpendicular ou altura meça 300 unidades, o cateto horizontal ou base meça 400 e a hipotenusa 500, teremos que a proporcionalidade dos lados será de 3, 4, 5. Traçando, agora, do vértice do ângulo reto, uma perpendicular à hipotenusa, e prolongando esta perpendicular até que toque a circunferência do círculo, resultará uma corda que mede 480 unidades, e as duas partes, em que fi cou dividida a hipotenusa, medirão, respectivamente, 180 e 320 unidades. Do ponto de interseção da corda com a hipotenusa, tracemos uma perpendicular ao cateto menor. Esta perpendicular medirá 144 unidades e dividirá esse cateto em duas partes desiguais, das quais a mais curta medirá 108 unidades. Assim, teremos uma série de medidas, equivalentes a 500, 480, 400, 320, 180, 144 e 108 unidades, sem a mínima fração. Supondo que a medida de 500 unidades seria o cúbito, teremos a base da grande pirâmide de Mênfi s. As 400 unidades da base do triângulo são a exata longitude do estádio egípcio. As 320 unidades nos dão o número exato de cúbitos de que constava o estádio hebreu e babilônico. O estádio de Ptolomeu está representado pelos 480 cúbitos ou longitude da perpendicular, traçada desde o vértice do ângulo reto à circunferência do círculo através da hipotenusa. O estádio de Cleomedes está representado por 360 cúbitos, duplo de 180, ou longitude da parte mais curta da hipotenusa. O estádio de Arquimedes equivale a 288, duplo de 144; o estádio egípcio, o menor de todos, mede 216 cubitos, ou duplo de 108. Desta sorte, derivam, do referido triângulo, todas as medidas lineares que usaram os egípcios.[...].(6)

RELAÇÃO COM O TEMPO (Yugas = idades)

Kaliyuga 432.000 ANOS 4 x 108000

Dwapara - Yuga 864.000 ANOS 2 x KALIYUGAS

Tetra-Yuga 1.296.000 ANOS 3x KALIYUGAS

Krita ou Sati a-Yuga

1.728.000 ANOS 4 x KALIYUGAS

Mahayuga 4.320.000 ANOS 10 x KALIYUGAS

Kalpa - Dia de Brahmâ - Manvantra

4.320.000.000 ANOS

Kalpa - Dia de Brahmâ - Pralaya

4.320.000.000 ANOS

Dia completo de Brahmâ

8.640.000.000 ANOS

Mahakalpa - Idade de Brahmâ

311.040.000.000.000 ANOS

Mahakalpa - Idade de Brahmâ

720.000.000 KALIYUGAS

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No homem, assim como no universo, existem dois ciclos constantes:“... E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, conforme à medida de homem, que é a dum anjo...”.(7)

1- Sol (do coração, 72 ciclos por minuto (Sol);

2- Dó (da respiração, 18 ciclos por minuto);24 x 60 (minutos) = 1440 (144, número recorrente na bíblia, é também a oitava da nota Sol).1440 x 18 = 25920 (dia cósmico do sol, um grau na precessão dos equinócios).25920 / 72 = 360 (graus do círculo).

No que tange aos efeitos da música, a musicoterapia infl uencia os animais, chegando a alterar a produção de leite (pesquisas do Dr. Massaru Emoto) ajuda a mudar os destinos dos jovens em nossas favelas e atua positivamente sobre células cancerosas.

Todos esses efeitos podem e devem ser estudados, e nossa intenção, aqui, é fornecer informações que despertem o gênio dos novos pesquisadores, esperando, com nossas pesquisas, contribuir para que possamos usar a força do som e da música de forma cada vez mais responsável.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. D’OLIVET, Fabre. Música apresentada como ciência e arte: estudos de suas relações análogas com os mistérios religiosos, a mitologia anti ga e a história do mundo. 1ª ed. São Paulo: Madras, 2004, PP 31 e 39.2. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. O Santo Evangelho Segundo São João. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed. revista e corrigida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Cap. 1, vers. 1.3. Dhâranâ, Prof. INAYAT KHAN da Ordem dos Sufi s. Traduzido do espanhol. Redator: Cícero dos Santos. Nº 4, ano II, p. 6, 04 abril 1926.4. BESANT, Annie; LEADBEATER, C.W.. Formas de Pensamento. Tradução: Joaquim Gervásio de Figueiredo. 1ª ed. São Paulo: Pensamento, 02-03-04-05-06-07-08-09, p. 128.5. LEADBEATER, C.W.. A vida oculta na maçonaria. Tradução da 2ª ed.: Joaquim Gervásio de Figueiredo. 17-18-19-20-21-22-23. São Paulo: Pensamento, 09-10-11-12-13-14-15, p. 87.6. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Apocalipse do Apóstolo São João. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed. revista e corrigida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Cap. 21, vers. 17.7. D’ ALVEYDRE, Saint Yves. O arqueômetro: Chave de todas as religiões e de todas as ciências da anti guidade. Tradução e comentário: Píer Campadello. Compilação, coordenação e supervisão: Wagner Veneziani Costa. Introdução: Eduardo de Carvalho Monteiro. 1ª ed. São Paulo: Madras, 2004.8.BLAVATSKY, Helena Petrovna. Glossário Teosófi co. Tradução: Silvia Branco Sarzana. Supervisão: Murillo Nunes de Azevedo. 3ª ed. São Paulo: Ground, 1995.9. ARCHANJO, Samuel. Lições Elementares de Teoria Musical. Revisão e atualização: O. Sinatra. São Paulo: Musicália, 1918.10. PAPUS. Tratado de ciências ocultas: a magia, a cabala, os espíritos, a pedra fi losofal, a maçonaria. Tradução: Luís Carlos Lisboa. 3ª ed. São Paulo: Planeta, 1983.11. BURGER, Bruce. Anatomia Esotérica: o corpo como consciência. Tradução: Martha Malvezzi Leal. São Paulo: Madras, 2004.12. LAWLOR, Robert. Geometria Sagrada. Coleção Mitos, Deuses e Mistérios. Del Prado, 1996.

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Nas palestras, na SBE, é explicada a forma como os sons atingem nosso corpo físico, também, como são distribuídas as

frequências sonoras através dos principais centros/vórtices, ou chakras, e através dos meridianos (nadis).

São sete os chakras principais, distribuídos, estrategicamente, entre a região pubiana e a cabeça. Nesses mesmos pontos, são aplicadas outras terapias: acupuntura, cromoterapia, do-in, etc.

Assim, temos:• Chakra Coronário: Localizado no topo da

cabeça, tem a cor violeta. É responsável pela energia e pelo controle do cérebro e da glândula pineal. É o maior ponto de concentração de energia, que, a partir dele, fl ui para todo o corpo, como um funil;

• Chakra Frontal: Fica na testa (entre as sobrancelhas), tem cor azul-anil. Controla a glândula pituitária, os olhos, o nariz e, também, o cérebro;

• Chakra Laríngeo: Na base da garganta, tem cor azul-claro. Controla a glândula tireoide e paratireoide, além da garganta, laringe e faringe;

• Chakra Cardíaco: Localizado no peito, na altura do coração. Tem cor verde com um brilho dourado. Revigora e controla o nervo vago, o maior nervo do sistema nervoso parassimpático. Está ligada à atividade cardíaca e respiratória;

• Chakra do Plexo Solar: Localizado na região central do peito, na altura do início do estômago. Tem a cor amarela. Controla pâncreas, fígado, estômago, intestino grosso, pulmões, coração, apêndice, diafragma e, até certo ponto, o intestino delgado. Controla, ainda, a temperatura corporal;

• Chakra Umbilical: No umbigo, tem cor laranja. Controla a parte inferior do intestino grosso, o intestino delgado, o apêndice e as glândulas suprarrenais. Afeta, também, a vitalidade geral do indivíduo;

• Chakra Básico: Localizado na região pubiana. Tem cor vermelha. Controla órgãos sexuais, bexiga e pernas. Constitui o centro inferior do corpo, também, conhecido como centro da criação física.

O PODER OCULTO DA MÚSICA A cura através das músicas dos grandes mestres

Faz alguns anos que a SBE vem oferecendo palestras públicas sobre esse tema, que aborda os princípios básicos da aplicação terapêutica da música, sempre levando em conta o aspecto trino (harmonia, melodia e ritmo) e seus efeitos para sanar/atenuar problemas de ordem emocional, entre eles, o “stress” e a depressão, assim como problemas físicos, a dor no ciático, por exemplo.

▪ WALDINEI SMITH

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Os chackras estão interligados por uma rede de meridianos (NADIS = canais). São condutores de energia e existem aos milhares; equivalem, no plano astral, à rede nervosa, espalhada pelo organismo. Seu número, no entanto, é incerto (em torno de 72000), porque nem as escrituras hindus certifi cam um número exato. Porém, alguns desses canais merecem destaque: Sushumna, Idâ, Pingala. São as três NADIS mais importantes, Sushuma corre ao centro, na localização da coluna vertebral, enquanto Idâ, ao lado esquerdo, e Pingala, ao lado direito. Esses dois últimos se erguem em linha reta ao lado do primeiro. O livro clássico Shiva Svarodaya, no sutra, faz referência a dois nadis, que correm enviesados (serpenteando em ziguezague). Grupos de videntes relatam o entrecruzamento dos nadis (ida e pingala), como mostra a fi gura abaixo:

Cada uma das frequências sonoras absorvidas é distribuída de acordo com o padrão trino:

- as ondas eletromagnéticas, recebidas através do ritmo da música, são distribuídas para os chakras básico (raiz) e o umbilical;

- ondas recebidas da parte melódica se distribuem pelos chakras plexo solar e cardíaco

- as ondas, recebidas da parte harmônica, são direcionadas para os chakras superiores: laríngeo, frontal e coronário.

Os benefícios são muitos, passando pelo controle da pressão arterial, efeito relaxante, analgésico, controle psicossomático, etc..

Hoje em dia, a musicoterapia tem muitas aplicações. Além dos benefícios já citados, tem larga aplicação em empresas, colaborando para a formação/manutenção de um clima mais calmo para o desenvolvimento do trabalho; na criação de gado confi nado, ao melhorar a quantidade e qualidade do leite; nas plantações e na melhora da própria água que bebemos.

Tendo em vista a necessidade de acrescentar mais informações, tais como uma lista apropriada de músicas para sintomas diversos e sinfonias de Beethoven e suas

aplicações, coloquei no ar um site que complementa a palestra, apresenta documentos e algumas músicas para download.

Doravante, os irmãos podem acessar o site: http://www.waldiney.com., que receberão atualizações com links interessantes para acesso e novas músicas para serem baixadas.

Criticas e sugestões podem ser enviadas para o email: [email protected]. Waldinei Smith (Ney) – SBE – Departamento Lacerda Franco. 21/08/2012

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1. WATSON, Andrew & Drury, Nevill, Musicoterapia. Nevill;2. TAME, David, O Poder oculto da música. Cultrix; 3. FREGTMAN, Carlos Daniel, O Tao da música. Pensamento 4. Textos eubióti cos – SBE;5. Textos e informações da Internet;6. Imagem ilustrati va - Internet.

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Os aspectos da fundação de São Paulo ecoam até hoje em diversos cenários, podendo contribuir na resposta à indagação do

parágrafo anterior. Em sua célula embrionária, há aspectos que vibram até hoje numa interpretação meta-histórica. São fatores geológicos, naturais e de iniciativa de povos e personalidades importantes que, de uma maneira ou outra, contribuíram para a grandeza da capital.

A manifestação Divina (Poder Espiritual) ocorre mais facilmente quando as condições materiais (Poder Temporário) facilitam as suas ações. São Paulo, a capital bandeirante, tão preconizada pelo Professor Henrique José de Souza, passou por crises e farturas que decretaram fases de expansão centrífuga (por exemplo, a atividade bandeirante nos séculos XVI e XVII para curar a cidade) e expansão centrípeta (por exemplo, quando foi o motor do desenvolvimento industrial e econômico da América do Sul no século XX, assim, ultrapassando a marca de dez milhões de habitantes).

Sobre o Poder Temporário, as bases de povoamento de uma cidade dependem dos elementos naturais, necessários à sua sobrevivência e desenvolvimento: águas piscosas e para consumo, terras férteis, localização geográfi ca propícia à defesa militar efi ciente, dentre outros fatores. O Professor Doutor Aziz Ab’Saber já apontava fatores geológicos que ajudam a compreender as facilidades da região.

ASPECTOS GEOLÓGICOSA região abrange três conjuntos de setores

diferentes: a Bacia Sedimentar de São Paulo, de idade terciária; o seu rebordo granito-xisto-gnáissico, desfeito em um sistema de blocos e cunhas em degraus, por um sistema de falhamento antigo, reativado no pré-cambriano; as coberturas aluviais e coluviões quaternários.

Este arcabouço geológico condiciona a morfologia da região, refl etindo na existência de um relevo colinoso, com planícies aluviais e terraços dos rios Tietê, Pinheiros e afl uentes, onde se encontra assentado seu núcleo urbano mais consolidado, circundado por formas de relevo mais salientes, sustentadas por corpos graníticos

ECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULOECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULOECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULOECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULOECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULOECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO

IndagaçõesGrandes nações cuja costa marítima é banhada

pelas águas do Oceano Atlântico têm suas principais cidades situadas justamente no litoral. Estados Uni-dos, Argentina e Uruguai se encaixam nesse cenário. No Brasil, Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís são alguns dos exemplos da força econômica centra-da no litoral. Quem vive em São Paulo usualmente in-daga o que esta cidade tem, pois, mesmo não sendo litorânea, possui a força econômica, política e social no estado.

▪ EDUARDO NUNES DE CARVALHO

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(Serra da Cantareira) e lentes de metassedimentos mais resistentes. Disso, decorrem alguns destaques:

• A região foi um antigo lago (água, elemento fundamental da vida e do aspecto Mãe plasmadora), protegida por placa tectônica;

• Os índios encontraram colinas com rios piscosos, visão estratégica, abundância de água e terra fértil;

• A abundância de areia foi útil na expansão urbana;

• O Pico do Jaraguá é uma montanha “mágica” que, com a Cantareira, forma um bom cinturão frio;

• A subida da Serra do Mar se constitui em obstáculo natural contra invasões marítimas;

• O interesse na região atraiu diversas etnias na fase que antecedeu à chegada dos portugueses; assim, ela passou a integrar o circuito de Peabiru (caminhos que interligavam as regiões da América do Sul).

ItaeceráA pedra, rachada por Tupã (por meio de um

raio), simboliza a integração do céu com a terra, transformando o local em ponto sacro e ecumênico das diferentes etnias indígenas: tupiniquins, tupinambás, guarulhos, guaranis, guaianazes, maromomis, tamoios, caingangues, etc. Próxima dela, havia três cemitérios indígenas, e, no vale do Anhangabaú, xamãs realizavam rituais.

A procura dos índios por Itaecerá chamou a atenção dos jesuítas que se aproximaram da região e visualizaram as condições ideais, para se fundar uma vila.

FundaçãoVale esclarecer que a metrópole teve diversas

fundações:• Informal - entre 1510 e 1515, por João

Ramalho, nos arredores da futura Santo André da Borda do Campo;

• Segunda - Martim Afonso de Sousa, no verão de 1532, provavelmente, na colina de Tabatinguera;

• Terceira - Padre Leonardo Nunes (o Abarébebê), com a iniciativa de estabelecer a capela de Santo André da Borda do Campo, provavelmente, em junho de 1550;

• Ofi cial - A missa de fundação, rezada pelos jesuítas em 25.1.1554 no Pátio do Colégio, dia da conversão de São Paulo, o apóstolo dos gentios; tal evento foi antecedido pela conversão de cinquenta catecúmenos em 29.8.1553, data da degola de São João Batista;

• Última - Transferência dos moradores de Santo André para Piratininga, mais ou menos cinco anos depois, e assim, constituindo-se em vila e depois cidade.

ToponímiaA vila foi fundada sob o nome de São Paulo dos

Campos de Piratininga; com o passar do tempo, fi cou reduzido para São Paulo. Por essa toponímia, as pistas para uma leitura meta-histórica fi cam evidentes: o apóstolo dos gentios fi ca evocado, se encaixando a função nobre da atividade bandeirante, a de levar a “boa nova” aos povos distantes; Piratininga, que, no tupi-guarani, signifi ca algo como peixe seco. No contexto, peixe, por ser encontrado nos rios em abundância; seco, pela culinária indígena, que utiliza a farinha da mandioca, colhida da terra, garantindo o sustento de nutrientes do povo. Para o jesuíta, o peixe, em plena Era de Peixes, simboliza, dentre outras coisas, o pão como alimento espiritual para a Evolução na Terra.

Aspectos míticos na fundaçãoAdicionalmente aos aspectos geológicos, à

existência da pedra mítica Itaecerá, à toponímia denominada e às datas defi nidas para a fundação da vila, é válido destacar os cuidados simbólicos dos jesuítas para promover tão magnânimo evento.

Vale observar que os padres jesuítas eram os integrantes da Ordem dos Jesuítas, fundada em 15.8.1534, dia de Assunção de Nossa Senhora, por Santo Inácio de Loyola. Foi representada no Brasil pelo padre Manoel da Nóbrega, um líder visionário e estrategista, que em sua juventude, percorreu o Caminho de Santiago de Compostela. Ao chegar a Salvador em 1549, empreendeu os esforços para o Sul, em contraposição às determinações do Vaticano e da Coroa Portuguesa. Com isso, ele se antecipou, em mais de um século, à priorização das regiões do Paraná, Paraguai,

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Itaecerá

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El (casa de Deus) para Beith Lehem (casa do pão), e erigir a cruz no cruzamento dos eixos de construção da cidade.

Procissão fundacional e do Senhor dos Passos. Reforçam os preceitos de união do Céu com a Terra e os de Cristo-Virgem (purusha-prakriti, na tradição hindu), masculino-feminino.

“Paupercula domo”. A construção feita em um ponto alto, como a tradição já consagra, é descrita por Anchieta como “pauperrimo et vetustissimo sed felice certe tuguriolo”, ou seja, “muito pobre e muito antiga, mas pelo menos uma cabana pequena e feliz”. Há um sentido meta-histórico: “vetustíssimo” é arquetipal; “paupérrimo” não é somente pobre, mas ligação ao signifi cado de Paulo, apóstolo, e de cálice em referência ao epíteto paulino do vaso de eleição; “tuguriolo” implica proteger, cobrir, ocultar, resistir, renunciar.

Era uma cabana de pau-a-pique, coberta de folhas de palmeira ou de sapê, de cerca de 90 m², ou, como descrita por Anchieta, de 10 por 14 passos craveiros (passo craveiro era uma medida linear portuguesa), cujas paredes eram feitas com uma armação de paus e cipós, preenchida de barro socado, desprovida do mínimo conforto, abrigava, também, um seminário e uma escola.

Doze jesuítas em função de um líder. Tanto no batismo dos cinquenta catecúmenos, como na fundação em 25.1.1554, Doze estiveram presentes em função de um líder, tal como os Doze Cavaleiros da Távola Redonda, os Doze Apóstolos, os Doze Signos do Zodíaco, os Doze Pares de França etc.

Batismo dos cinquenta catecúmenos em 29.8.1553 (Dia da degolação de São João): Manuel de Paiva, superior; Afonso Braz; Vicente Rodrigues; Francisco Pires; José de Anchieta; Gregório Serrão; Manuel de Chaves; Pero Correa; Diogo Jácome; Leonardo do Vale; Mateus Nogueira; Antônio Rodrigues; João de Sousa.

São Paulo e Rio de Janeiro. Visualizou a pacifi cação dos paiaguás, guardiões das terras do rei branco (o Inca) e de sua montanha de prata, em Potosí.

Destaque jesuíta, também, ao Padre Leonardo Nunes, mais conhecido como “Abarébebê» (padre voador), nome dado pelos índios, justifi cado por uma capacidade incomum de estar em lugares diferentes, não importando a distância, em curto tempo. Ele deu mais valor aos bens espirituais do que ao conforto ou bens materiais. Gostava de cantar e tinha boa voz; usava-o para atrair a sensibilidade indígena. Sua capacidade de compreender o índio, em muito, ajudou-o no êxito como pacifi cador e catequista.

Por fi m, e não menos importante, o jovem José de Anchieta, ou Anchor (âncora), que, como apontado pelo Professor Henrique José de Souza, tão relevantes trabalhos liderou na fase embrionária da nação, a Pátria do Porvir. Por exemplo, ele lançou os fundamentos da catequese e educação, bem como foi decisivo no processo de pacifi cação dos índios.

Personagens não-jesuítas, importantes na época: Cacique Tibiriçá, João Ramalho, Bartira e Martim Afonso de Sousa. Vemos, por exemplo, o surgimento dos primeiros fi lhos na região, a mistura das raças tupi com a lusa, por meio do casal Bartira e João Ramalho.

Fatos para destaque:

Batismo dos catecúmenos no dia da degola de São João. A aposta nos jovens (“Spes Messis in Semine”) vem no marcante dia do santo anunciador (Yokanan), signifi cando:

1) profeta; 2) porta para a nova fé e para os solstícios; 3) relíquia na vinda dos valores espirituais do

Oriente para brilhar nessas plagas.

Fundação. Vem do latim (fundamentum), no sentido de fi xação de marco no tempo e no espaço. O futuro fi ca defi nido pela data de nascimento astrológico (no caso, o dia da conversão do futuro apóstolo dos gentios).

“Cipus umbilicus”, centro do mundo. Rito fundacional do pão, busca de alimento divino, para transformar o local em templo divino, ou seja, de Beith

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Fundação da Vila de Piratininga, em 25.1.1554 (Dia da conversão de São Paulo, Apóstolo dos Gentios): Manuel de Paiva, superior; José de Anchieta; Gregório Serrão; Afonso Braz; Diogo Jácome; Leonardo Nunes; Gaspar Lourenço; Vicente Rodrigues; Braz Lourenço; Pedro Corrêa; Manuel de Chaves; João Gonçalves; Antônio Blasques.

Trópico de Capricórnio. No Solstício de Verão (21 e 22 de dezembro), no Hemisfério Sul, o Sol posiciona-se, exatamente, sobre o Trópico de Capricórnio, portanto local ideal para se cultuar o Sol. Trópico vem do grego “tropos” (retornar, voltar), uma alusão ao retorno do Sol.

Rua Direita. Mais antiga rua da cidade (chamada originalmente de, Rua Direita, que vai para Santo Antônio), tal como a Madhat Pasha de Damasco, tem a ideia de caminho reto. Em várias cidades cristãs, a Rua Direita termina na igreja.

Quatro Cantos. A esquina das ruas São Bento

(antiga Rua de São Bento para São Francisco) e Direita é o único cruzamento em ângulo reto do Centro Velho. Expõe, pois, um sentido fecundador (plasmador) de manifestação. E, ainda, de uma cruz e todo o seu sacro sentido. Por exemplo: quatro anjos da face (Michael, Gabriel, Rafael e Israel) em contemplação a Deus; os princípios da Cosmogênese; ou, então, a ação divina ou dos céus, pela haste vertical norte-sul, combinada com a ação de expansão terrena, pela haste horizontal leste-oeste.

Alcance nos símbolosTanto as bandeiras do estado e de município, como

seus brasões, carregam elementos da grandiosidade e de importância da região, visualizada quando de sua fundação.

A bandeira estadual destaca o Cruzeiro do Sul, uma das mais sagradas constelações, representadas no estandarte nacional de uma maneira interessante: quatro estrelas brilhando em torno de uma quinta e central, representada pelo mapa do Brasil. Na versão exotérica, o compromisso de São Paulo de ser vigilante

quanto aos destinos da nação; na versão esotérica, o quinto elemento, o principal deles, representando, na cor azul índigo, o Brasil, a Pátria do Porvir. Ainda, as treze faixas, alternadas em sable e prata (preto e branco), coincidem com os treze jesuítas da fundação da capital, bem como o alegado número de representantes do estado, liderados pelo Regente Feijó, que foram a Portugal discutir a Constituição dos novos tempos em 1822. A força do treze fi ca mais ainda notável, ao se constatar que a versão original da bandeira tinha quinze bureias (faixas) e foi reduzida, para fi ns de maior clareza estética. Já as cores alternadas representam as mesclas raciais afro-euro-ameríndio. Tal como Bartira e João Ramalho, simbolicamente, já iniciavam esse processo nessas plagas.

O brasão estadual aponta, por fora, dois ramos de café, frutifi cados com hastes se cruzando abaixo, símbolo da riqueza da terra, que, no século XIX, forneceu mais da metade das agradáveis chávenas de café do Mundo, doses, que proporcionaram tanta adrenalina às pessoas, trabalhadores no século das transformações industriais.

No listel “PRO BRASILIA FIANT EXIMIA” (Pelo Brasil façam-se grandes coisas), o Governador Pedro de Toledo fez uma emblemática alteração sobre a versão minuta de Wasth Rodrigues: trocou o “PAULISTIA” por “BRASILIA” e assim, consolidou a vocação do estado como vigilante da nação. E reforçou o sentido de “tuguriolo”, apontado na frase do Padre Anchieta, relativo ao Pátio do Colégio.

A bandeira da capital traz a cruz pátea da Ordem de Cristo com a circunferência (símbolo do infi nito), contendo o brasão. Introduzir tal cruz, quando a versão original não tinha tal símbolo, reforça a gratidão e o reconhecimento do povo pela nação lusa e pelas ações daquela Ordem, que herdou os templários nas hábeis

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manobras do Rei Dom Dinis, no século XIV, o que resultou a Era das Grandes Navegações, criando as condições materiais e ideais para a continuidade do Itinerário de IÓ na América, séculos depois.

Já o brasão da capital, além de mostrar a bandeira da Ordem de Cristo e símbolo português (a primeira nação da Europa e fundada por templários), tem o listel “NON DUCOR DUCO” (Não sou conduzido, conduzo), representando que é a líder para as emanações do estado.

A cidade hojeA cidade cresceu e se desenvolveu, contribuindo

para o país abarcar pessoas na república da paz. Há problemas que precisam ser resolvidos e, frequentemente, lemos notícias sobre a violência, a corrupção, a falta de visão estratégica dos líderes, a insufi ciente educação de boa parte da população, dentre outros desafi os. Mas as coisas estão caminhando.

Revoltas e movimentos sociais como a Revolução Constitucionalista de 1932, a revolta anti-imperial de 1842 (que resultou no surgimento da província e, agora, estado do Paraná) e ações pela independência, imortalizadas no grito do Ipiranga mostram uma pró-atividade e atraíram líderes para a política.

Líderes estes que nasceram em outros estados e, para São Paulo, vieram e se destacaram a ponto de se tornarem presidentes da República. Como exemplo, Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Da mesma forma, movimentos sociais, também, vibraram com intensidade, como o movimento das Diretas Já e da Constituinte.

Em termos de tecnologia, além da USP, única universidade entre as setenta mais infl uentes do Mundo,

segundo a revista Times Higher Education, a FAPESP vem fomentando, cada vez mais, avanços tecnológicos. A Constituição do Estado de São Paulo assegura recursos para investimentos em ciência e tecnologia.

A Mostra Internacional de Cinema, a Virada Cultural, a SP “Fashion Week”, o Teatro Municipal, os museus MASP, MAM, da Língua Portuguesa, Pinacoteca, dentre outros, são verdadeiros tesouros intangíveis e, anualmente, atraem milhões de pessoas. E, em alguns desses tesouros, ocorreram eventos, como a Semana de 22 e o Movimento Antropofágico.

São Paulo é a única cidade do Hemisfério Sul a constar entre as 20 principais de produção científi ca, segundo “ranking” 2011 da Royal Society. Nos negócios, São Paulo é a 33ª cidade mais globalizada em 2012, segundo a AT Kearney Global Cities Index, e seu PIB é o maior da América Latina, com R$ 389 bilhões em 2011. Abriga as maiores multinacionais, bem como continua a abrigar o maior número de imigrantes de diversas nações. Também, ganhou forças com a vinda de emigrantes, em especial do Nordeste. Hoje, exerce a maior atividade de feiras e convenções e já foi sede de eventos mundiais, como a XI Conferência da ONU, para o Comércio e o Desenvolvimento – UNCTAD - em 2004.

Em outros segmentos, a cidade, também, destaca-se nos esportes, na medicina, na gastronomia, na arquitetura, nas ações de religiosidade, nas mídias sociais. Ela não está sozinha: metrópoles, como o Rio de Janeiro e Brasília, também, estão fazendo bonito.

Ecos no presente e no futuroComo relatado, elementos marcantes da fundação

ecoam até hoje. E esse impulso tende a vibrar no futuro. A vigilância de algo precioso, o “tuguriolo” da simples cabana, base da fundação pelo Padre Anchieta, presentes na bandeira (Brasil no centro do Cruzeiro do Sul) e no brasão estaduais (“PRO BRASILIA...”), a evocação da cruz como elemento de união do Céu com a Terra; a água, elemento vital e plasmador, presente na lagoa de incontáveis milhares de anos atrás, que resultou em colinas, montanhas e rios da Grande São Paulo; a localização estratégica da cidade, a ponto de Júlio Cortesão denominá-la capital geográfi ca do Brasil; a vocação bandeirante, presente em seu topônimo; a mescla racial de nativos, de emigrantes e de imigrantes como os ameríndios, os afros e os euros descendentes, os imigrantes asiáticos (sírios, libaneses, armênios, japoneses, chineses, coreanos), os imigrantes americanos (estadunidenses, paraguaios, bolivianos, etc.); são exemplos de como a cidade vibra e se transforma.

A consciência da função de São Paulo, com os ecos de sua fundação, torna-se fundamental para a consciência do Ser Humano , cidadão do Mundo, que,

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em muito, tem a contribuir com a formação da Pátria do Porvir. Portanto, se cabe à cidade estar aberta às inovações e à contínua receptividade de imigrantes, de emigrantes e das fi lhas e dos fi lhos da terra, cabe ao residente cumprir com o dever de suas funções e consciências.

As visionárias palavras do Professor Henrique José de Souza ajudam a entender melhor o presente e o futuro, onde a missão da cidade bandeirante está em prol da Obra, aquela que visa a transformar esse continente na materialização do Paraíso:

“... paulistas de outrora, desbravadores das selvas do Brasil, para hoje o serem da BRASÍLICA CONSCIÊNCIA. É preciso que os mais inteligentes da obra tomem nota de tudo isso, para depois defenderem e propagarem a Obra...”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Editada pelo Conselho de Estudos e Publicações - Setor Editorial. Ano I – edição 3 – fevereiro a maio de 2013O conteúdo dos artigos assinados é de total responsabilidade de seus autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação, em qualquer meio, sem a prévia autorização da SBE. Os trabalhos para publicação

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