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DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL DO LUGAR EM QUE VIVEM OS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL PAPA JOÃO PAULO I

Autora: Prof.ª Angela Wobeto da Costa 1

Orientadora: Prof.ª Elaine de Cacia de Lima Frick 2

RESUMO

A finalidade deste artigo é apresentar os resultados da implementação do projeto “Diagnóstico socioambiental do lugar em que vivem os alunos do Colégio Estadual Papa João Paulo I”, esta prática pedagógica objetivou buscar e oferecer aos estudantes e professores de Geografia, instrumentos e critérios para avaliação das condições do lugar onde vivem, diagnosticando os impactos no seu espaço vivido e a relação com o processo ensino/aprendizagem, propondo soluções e alternativas para melhoria de sua qualidade de vida. Nesse sentido, o bairro Boa Vista onde o colégio está localizado foi o ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa, utilizando recursos da leitura, escrita, observação, relato, fotografias, pesquisas, questionários, gráficos, entrevistas, analisando, levantando e registrando qualitativamente e quantitativamente as atividades desenvolvidas em sala de aula e com a comunidade do entorno da escola, para detectar e avaliar a qualidade de vida dos moradores e as condições sociais e ambientais do bairro. Procurou contribuir com a conscientização dos alunos e para a melhoria da qualidade de ensino, com uma maior compreensão dos problemas ambientais/sociais da região, uma vez que esses envolvem os aspectos do meio físico e também dos socioeconômicos. Ofereceu subsídios para a construção da consciência cidadã, com atividades educativas mais condizentes à busca de soluções dos problemas ambientais e sociais da comunidade onde a escola está inserida. Com isso, verificou-se também o grau de satisfação dos alunos com o Colégio e seu envolvimento emocional com a escola bairro/comunidade.

Palavras-chave: Qualidade de vida; cidadania; espaço vivido; aprendizagem; Diagnostico socioambiental.

______1 Pós-graduação em Geografia Física pela FIES, graduação em Geografia pela FIES, graduação em Estudos Sociais pela UFPR, professora no Colégio Estadual Papa João Paulo I e Colégio Estadual Prof. Loureiro Fernandes.2 Mestre em Ciências Florestais pela UFPR, Especialista em Análise Ambiental pela UFPR, Licenciada e Bacharel em Geografia pela UTP e Professora do departamento de Geografia da UFPR ([email protected]).

ucacao-ambiental-no-ensino-da-geografia/50506/#ixzz1y3fp9cWp

1 INTRODUÇÃO

Este artigo descreve os resultados da realização do diagnóstico socioambiental

do espaço geográfico representado pelo entorno do Colégio Estadual Papa João Paulo I,

localizado no bairro Boa Vista em Curitiba/PR, o qual buscou identificar os problemas

relacionados à ocupação e uso do solo urbano na região.

O objetivo principal foi estudar a realidade vivenciada pelos alunos do colégio e,

com base neste estudo, propor o desenvolvimento de atividades didáticas dentro e fora da

sala de aula, abordando temas como: conservação ambiental, infraestrutura urbana,

desemprego, saneamento básico, lixo, transporte coletivo, espaços de lazer. O fio

condutor da pesquisa foi à questão: de que maneira os alunos percebem e se identificam

com o espaço em que vivem? A partir dessa questão, desenvolveu-se a pesquisa cuja

primeira etapa foi à realização do diagnóstico socioambiental da região onde se localiza o

colégio. A segunda etapa foi o desenvolvimento de atividades que promoveram a

interação entre o conteúdo curricular e a realidade do ambiente onde os alunos vivem.

Como principal resultado esperou-se, através do diagnóstico dos problemas do bairro,

apontar em que medida as relações sociais produzidas no espaço cotidiano dos alunos

afetam suas condições de vida.

Como contribuição pretendeu-se agregar aos alunos a obtenção de informações

básicas para uma melhor compreensão das relações sociais que se estabeleceram na

sociedade local, assim como a reflexão a respeito das diferenças sociais entre os diversos

grupos na comunidade escolar, avaliando as consequências que interferem no seu dia-a-

dia, refletindo sobre a necessidade de conhecimento do meio em que vivem os alunos,

em benefício à sua qualidade de vida.

Partiu-se do pressuposto que a Geografia deve fornecer ao aluno as bases para o

entendimento concreto da realidade em que este vive, de modo a contribuir para a

formação de um cidadão consciente e que venha a ser um agente de mudança dessa

realidade.

Outro assunto descrito nesse artigo, foi o curso desenvolvido no GTR (Grupo de

Trabalho em Rede), onde a professora PDE foi Tutora do curso e os professores/alunos

são professores da rede estadual de ensino, onde foram realizadas atividades referentes

Projeto de Intervenção Pedagógica e da Produção didático-pedagógica, por meio de

encontros virtuais.

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O conceito adotado para o objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico,

entendido como o espaço produzido e apropriado pela sociedade (LEFEBVRE, 1974),

composto pela inter-relação entre sistemas de objetos – naturais, culturais e técnicos – e

sistemas de ações – relações sociais, culturais, políticas e econômicas (SANTOS, 1996).

(DCE Geografia, pg. 51).

O crescimento exagerado e descontrolado das cidades brasileiras vincula-se

também ao ritmo e estrutura da urbanização brasileira referida aqui ao aumento da

população urbana e a expansão ou crescimento de cidades que pode ser entendida

também como a expansão do modo de vida urbano para além dos limites da cidade.

Segundo dados da PNAD 2007 (ano-base 2006), o país conta hoje com 83% de sua

população vivendo em cidades, algo em torno de 140 milhões de habitantes.

Em decorrência disso, houve o aumento dos problemas urbanos nas grandes

cidades. Para Corrêa (2005):

A rede urbana brasileira sofreu expressivas transformações determinadas por mudanças ocorridas na organização sócio-espacial. Dentre elas, destacam-se: ampliação e diversificação das atividades industriais; processo de modernização no campo; inovações organizacionais junto aos setores econômicos; ampliação de uma base técnica ligada aos transportes e às comunicações; incorporação de novas áreas ao processo produtivo global e a re-funcionalização de outras áreas; novos padrões de mobilidade espacial da população; aumento quantitativo e qualitativo da urbanização; e uma estratificação social mais ampla e complexa, gerando maior fragmentação social, ampliação das classes médias e aumento do consumo.

No Brasil, qualquer comunidade urbana caracterizada como sede de município é

considerada uma cidade, independente do seu número de habitantes. Assim, todas as

cidades deveriam ter um planejamento urbano adequado. Conforme

Ross (2006, p. 53):

Dentro da perspectiva do planejamento econômico e ambiental do território, quer seja, municipal, estadual, federal, bacia hidrográfica, quer seja qualquer outra unidade é absolutamente necessária que as intervenções humanas sejam planejadas com objetivos claros de ordenamento territorial, tomando como premissas a potencialidade dos recursos naturais e humanos, de um lado, e as fragilidades dos ambientes naturais, de outro. É, portanto, preciso pôr em prática as políticas públicas com vistas ao ordenamento territorial que valorize a conservação e a preservação da natureza, na perspectiva do desenvolvimento sustentável. É imprescindível a pesquisa sobre as fragilidades e potencialidades ambientais integradas das relações da sociedade com a natureza.

O processo de urbanização é um meio de organizar e adequar às pessoas num

determinado espaço físico. Quando esse processo não é feito pelo Poder Público

(Prefeitura, Governo Estadual e Federal) de forma adequada, planejada e organizada, a

cidade sofre um crescimento desordenado e desenfreado, sem infraestrutura adequada,

gerando muitos problemas para a cidade/bairro/ comunidade.

Na visão de Santos (1996), o Espaço Geográfico ”é formado por um conjunto

indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de

ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se

dá”. Portanto, pode-se dizer que os alguns dos problemas urbanos e ambientais são

consequência de vários fatores, como: desemprego, falta de oportunidades, baixa

escolaridade e de estruturas públicas que garantam uma vida digna aos cidadãos,

causando além de outras consequências, a degradação ambiental.

Segundo o Glossário Ambiental do IBAMA (2012), a degradação ambiental pode

ser definida como:

... (1) Prejuízos causados ao meio ambiente, geralmente resultante de ações do homem sobre a natureza. Um exemplo é a substituição da vegetação nativa por pastos. (2) Termo usado para qualificar os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais. (3) Degradação da qualidade ambiental – a alteração adversa das características do meio ambiente (Lei nº 6.938/81, art.3º,II).(4) A degradação do ambiente ou dos recursos naturais é comumente considerada como decorrência de ações antrópicas, ao passo que a deterioração decorre em geral, de processos naturais. (5) Processo gradual de alteração negativa do ambiente, resultante de atividades humanas: esgotamento ou destruição de todos ou da maior parte dos elementos de um determinado ambiente; destruição de um recurso potencialmente renovável; o mesmo que devastação ambiental.

A transformação do espaço geográfico como resultado do trabalho humano, deve

ser estudada como um meio de interagir e identificar todos os elementos que compõem

esse espaço, a paisagem (com suas formas naturais e construídas) e as relações sociais,

e perceber que o lugar onde se vive é um espaço onde se estabelecem as relações entre

os seres humanos e esses com a natureza. A desigualdade social se materializa no

espaço geográfico, em decorrência do desenvolvimento da sociedade.

Quando se fala em cidade, pressupõe-se que são os bairros que formam esta

cidade, e são eles que representam uma escala de referência do espaço, o bairro é o

lugar onde se dá a relação da sociedade com a natureza, seja ela modificada ou não.

Segundo GEORGE (1983):

O bairro é: a unidade de base da vida urbana. [...] O morador refere-se ao seu bairro, quando quer situar-se na cidade; tem a impressão de ultrapassar um limite quando vai a um outro bairro. [...] É com base no bairro que se desenvolve a vida pública, que se organiza a representação popular. Finalmente, e não é o menos

importante, o bairro tem um nome que lhe confere uma personalidade dentro da cidade (p.76).

O Bairro é uma comunidade ou região, sendo a unidade mínima de urbanização

dentro da cidade. Estão espalhados em diversas áreas, desde o centro da cidade, até as

periferias, alguns possuindo planejamento urbano, associações de moradores, parques,

praças, dentre outras características, outros com falta de estruturas públicas. (Origem:

Wikipédia, a enciclopédia livre.) SOUZA (1989):

Esclarece ainda que: As pessoas inconsciente ou conscientemente sempre “demarcam” seus bairros, a partir de marcos referenciais que elas, e certamente outras antes delas, produzindo uma herança simbólica que passa de geração a geração, identificam como sendo interiores ou exteriores a um dado bairro. Os limites do bairro podem ser imprecisos, podem variar um pouco de pessoa para pessoa. Mas se essa variação for muito grande, dificilmente estar-se-á perante um bairro, porque dificilmente haverá um suporte para uma identidade razoavelmente compartilhada, ou um legado simbólico suficientemente expressivo. Para existir um bairro, ainda que na sua mínima condição de referencial geográfico, é necessário haver um considerável espaço de manobra para a intersubjetividade, para uma ampla interseção de subjetividades individuais (p.150).

Os bairros possuem um papel de localização, não têm uma função administrativa

específica, geralmente com definição territorial definida quanto aos limites, outros apenas

em decorrência do uso popular.

Segundo Castrogiovanni (2007, p. 106), ainda algumas palavras...

O Ensino da Geografia deve operar no Espaço Geográfico, através de diferentes caminhos, mas sem esquecer do encanto. Assim, (en) caminha para a formação do sujeito cidadão! Cada momento pedagógico tem o seu tempo, cada tempo o seu contexto... Cada contexto deve ser entendido por um caminho. Todos os caminhos serão bem-vindos, basta adaptá-los ao contexto, assim, não perdem o Encanto!

Contribuir com a conscientização dos alunos e para a melhoria da qualidade de

ensino, com uma maior compreensão dos problemas ambientais/sociais da região, uma

vez que esses envolvem os aspectos do meio físico e também dos socioeconômicos.

Oferecer subsídios para a construção da consciência cidadã, com atividades

educativas mais condizentes à busca de soluções dos problemas ambientais e sociais da

comunidade onde a escola está inserida. Para isso, é importante que o aluno conheça o

lugar onde vive. Lugar é definido por Santos como uma "porção discreta de espaço total",

ou como "uma porção da face da terra identificada por um nome" (SANTOS, 1978, p.121).

Entrikin (1999, pg. 26) destaca que:

Uma diferença entre a visão do agente da vida cotidiana e a visão do geógrafo tende a se apresentar através da gradação entre a distinção destes dois polos. O geógrafo realiza uma tentativa autoconsciente de separar estes dois polos e de ocupar uma posição relativamente objetiva em algum lugar entre aquela do agente e a do teórico. Deste ponto privilegiado, o geógrafo ganha uma compreensão do lugar como o contexto das ações e eventos humanos.

A importância do aluno conhecer o seu lugar de vivência e o conhecimento social

em que ele está inserido, visa melhorar seu desenvolvimento humano e social.

Para Merrifield (1993, pg.525):

O lugar é o terreno onde são vividas as práticas sociais, é onde se situa a vida cotidiana, é o espaço praticado. A especificidade do lugar age deste modo, ativamente sobre o espaço social geral capitalista. No lugar estão presentes processos conflituosos e heterogêneos que, frequentemente, operam em escalas mais amplas. O lugar seria uma parada nos fluxos de capital, dinheiro, bens e informações representadas pelo espaço hegemônico. O lugar é mais do que a vida diária vivida. Ele é "o 'momento' quando o concebido, o percebido e o vivido atingem uma certa 'coerência estruturada’.

Conforme (AGRA FILHO, 1993 apud OLIVEIRA, 2003), um dos objetivos do

diagnóstico ambiental é interpretar a realidade das condições ambientais, identificando a

dinâmica dos processos que interferem na sua qualidade. Já no entender de Leal (1995)

apud Alves e Leal (2003), a etapa de diagnóstico ambiental permite avaliar os principais

problemas e as perspectivas de soluções, que subsidiam os planos de trabalhos e

propostas de intervenções posteriores. Como salienta o autor, trata-se de um trabalho

complexo, pois depende de uma capacidade de percepção, observação, interpretação e

sistematização dos vários processos sociais e naturais presentes e que muitas vezes têm

causas, efeitos e abrangência maiores que a área estudada.

3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

O Bairro Boa Vista tem uma área de 5,14 km2, com uma população de 29.391

habitantes e densidade demográfica de 57,23 hab/km2, segundo o IPARDES (Instituto

Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). Os bairros limítrofes são: Ahú,

Barreirinha, Bacacheri, Cabral, Santa Cândida e São Lourenço.

O Colégio Estadual Papa João Paulo I está localizado na Rua Maria Geronasso

do Rosário, s/n. no Bairro Boa Vista em Curitiba - PR (Figura 1).

No ano de 2012, até o mês de março, o número de alunos regularmente

matriculados no Colégio é de 1185. O Colégio conta ainda com: 62 professores, 6

pedagogas, 19 funcionários entre serviços gerais e administrativos, 16 salas de aula, 2

laboratórios de informática (sendo 1 Paraná Digital e 1 PROINFO), 1 cantina, 1 refeitório,

1 biblioteca, 1 sala de artes, 1 laboratório (Física, Química e Biologia), 1 quadra coberta, 1

pátio coberto e 2 pátios descobertos para Educação Física, 1 sala de aula descoberta

(chamada Sala Verde), além de salas administrativas (direção, sala dos professores,

secretaria).

Figura 01 – Localização do Colégio Estadual Papa João Paulo I no Bairro Boa Vista

Fonte: Secretaria Estadual de Educação PR (SEED)

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os resultados apresentados neste artigo referem-se à implementação do projeto

na escola com a participação dos alunos da 8ª série (9º ano) Turma A, de professores do

colégio e da comunidade externa (moradores do bairro), e os trabalhos realizados com os

professores da rede estadual de ensino no GTR (Grupo de Trabalho em Rede), referente

ao mesmo tema.

A metodologia adotada na implementação do projeto na escola, desenvolveu-se a

partir do trabalho coletivo empreendido tanto pela professora quanto pelos alunos

pesquisadores. Por essa razão, as relações estabelecidas na pesquisa são orientadas

pela busca do conhecimento e da autonomia no processo educativo. Isso pressupõe

envolvimento da professora no processo de investigação, estimulada a pensar sobre seu

trabalho, sobre as dificuldades existentes, mas disposta a contribuir com sua

interpretação dos problemas e análise do trabalho coletivo.

Cabe salientar que essa metodologia trouxe para o trabalho de pesquisa um

material que, expressado em um coletivo de alunos, surge de suas análises como sujeitos

envolvidos: conhecimentos, conceitos, expectativas, dúvidas, opiniões, atitudes, práticas,

conflitos, etc. Nesse sentido, a metodologia oferece aos pesquisadores a oportunidade

para desenvolver teorizações que dão suporte a novas e proveitosas análises e

conclusões relacionadas com o problema em questão. O envolvimento dos alunos, na

análise de seu trabalho não retira deles e da professora a preocupação com o

conhecimento a respeito do tratamento da realidade analisada e a preocupação

metodológica em torno da fundamentação teórica.

3.2.1 Implementação do projeto na escola

Como atividades desenvolvidas na implementação do projeto têm-se:

Atividade 1 - Envolvimento dos alunos no projeto.

Atividade 2 - Diagnóstico local.

Atividade 3 - Pesquisa e questionário realizada com os alunos da 8ª A, com moradores

do bairro e com professores do Colégio.

Atividade 4 - Conhecer os principais anseios e preocupações dos moradores do bairro.

Atividade 5 - Caracterização do perfil dos alunos do Colégio Estadual Papa João Paulo I.

Atividade 6 - Qualidade de vida do entorno escolar e sugestões de como deveria ser

desenvolvido o conhecimento socioambiental no entorno da escola.

Atividade 7 – Avaliação e participação dos alunos no projeto.

O lugar estudado é um lugar a ser relatado. Quando esse relato é feito por

pessoas que vivem nesse lugar, o que é vivenciado e o que for descrito por eles são

importantes para o conhecimento da realidade local.

Cada pessoa tem um "lugar natural" considerado como o ponto inicial para suas

referências pessoais.

O estudo do lugar é a matéria-prima da Geografia, porque a consciência do lugar

é uma parte imediatamente aparente da realidade, e não uma tese sofisticada. [...] O

conhecimento do lugar é um simples fato da experiência." (LUKERMANN, 1964: 167-

168).

Segundo SILVEIRA (2009), uma forma de realizar a análise socioambiental e

conhecer as relações entre os vários aspectos do meio ambiente e das atividades

urbanas e sociais é a realização de um diagnóstico socioambiental de um lugar

específico.

Atividade 1

Para envolver os alunos da 8ª série turma A do Colégio Estadual Papa João Paulo

I, num trabalho que fosse além das atividades realizadas na sala de aula, decidiu-se

primeiro iniciar as atividades com questões que evolvessem a realidade dos alunos

levando-os a indagar sobre a necessidade de conhecer a realidade local.

Levando os alunos a construir seus próprios conhecimentos, através de

situações-problemas, possíveis de serem avaliados, onde os alunos se empenharam em

resolver uma situação, levando o educando a se sentir mais motivado e envolvido com a

aprendizagem.

O objeto de estudo colocado nessa proposta de trabalho, que é o conhecimento

da realidade do aluno, está muito próximo a ele: a educação e suas inter-relações com a

sociedade. Como o espaço de vivência se constitui num elemento fundamental para a

qualidade de vida das pessoas, o estudo da área no entorno escolar acaba por reunir

vários interesses em torno de um mesmo assunto, permitindo aos alunos, professores e

comunidade agirem localmente e pensarem de modo geral na busca de respostas aos

problemas sociais e ambientais. O desejo de pensar, agir e atuar de forma local, na busca

do saber e no exercício da cidadania não deve se manter apenas em sala de aula, nos

livros didáticos e nos programas oficiais, mas é necessário que se faça num envolvimento

diário, na participação e atuação, da família, da comunidade local e da sociedade como

um todo.

Atividade 2

A escolha de fazer um diagnóstico local deu-se por se pretender escolher um

tema significativo para os moradores do bairro, pois apresenta algumas características

que o tornam, particularmente, um espaço integrador dos diferentes elementos que

compõem a realidade local, podendo ser assim considerada como um tema que

apresenta os mesmos problemas socioambientais que se encontram em praticamente

todas as escolas da rede pública de ensino, que deve contribuir para explicar a

complexidade dessas questões. Na realidade é aí que tudo parece se entrelaçar, uma vez

que ao lado de boas infraestruturas em termos de bens e serviços, existem áreas de

moradias muito precárias, e falta de infraestruturas básicas para todos. Esse é o resultado

da organização de um espaço/lugar, que não soube respeitar os limites de suporte da

natureza e do poder público que pudessem oferecer demandas de uma vida com

qualidade para a maioria de seus moradores.

As primeiras informações do questionário aplicado mostraram que os alunos

moradores do bairro, em sua maioria, possuem casa própria, moram a mais de 5 anos no

bairro, gostam do bairro e pretendem morar a vida inteira no bairro.

A Rua da Cidadania e o Parque Bacacheri foram os mais citados como identidade

do bairro, embora o Parque se localize no bairro vizinho. Os estabelecimentos comerciais

mais frequentados também foram citados.

Os alunos apontaram os seguintes aspectos positivos do bairro: a facilidade de

meios de transporte, a boa localização, a pouca distância em relação ao centro da cidade

e o comércio acessível.

Em relação aos pontos negativos, a falta de áreas de lazer é a principal queixa

dos alunos. Ainda, alguns alunos responderam não haver nenhum ponto negativo no

bairro. Mesmo assim, quando perguntados onde deveria haver modificações no bairro,

houveram poucas respostas, como: atividades de lazer, as praças/arborização, a

conservação/limpeza, a segurança e o calçamento são os pontos que mais precisam de

modificações segundo estes alunos.

Para que houvesse avanços com relação ao diagnóstico local, foi preciso

conhecer mais e de modo mais significativo às características e especificidades do lugar.

A partir dessa aprendizagem, foi possível se aprofundar mais sobre as informações do

entorno escolar.

Atividade 3

A metodologia da pesquisa procurou perceber a interação entre os alunos e a

questão socioambiental e econômica do bairro onde está inserida a escola. Num primeiro

momento foram levantados dados quantitativos (ver gráfico 1) considerando o número de

entrevistados. Tais dados foram pensados de maneira que as informações foram

analisadas e discutidas de forma a esclarecer a contextualização geral dos problemas. As

atividades foram divididas em questionários e entrevistas com os alunos, professores e

moradores do bairro próximo à escola.

A entrevista com os moradores do bairro serviu como fonte de dados (base) para

levantamento sobre os problemas ocorridos no bairro.

A análise das informações obtidas pelos alunos deu-se a partir de uma ótica

considerada importante: a visão integradora da realidade vista pelos alunos. Isto foi

possível pela interpretação dos questionários, com os seguintes temas geradores (temas

estes levantados em sala com os alunos) apontados no Quadro 1.

Gráfico 1 – Total de entrevistados

Fonte: Autora (2012)

nº alunos da 8ª Anº de professores entrevistados

n º entrevistados por alunototal entrevistados

0

50

100

150

200

250

33

18

5

216

Quadro 1 – Temas geradores da pesquisa

TEMAS GERADORES DA PESQUISAHabitação

Educação

Transporte

Segurança

Lazer/

Atividades sociais/culturais

Coleta de lixo

Desemprego

Fonte: 8ª série Turma A (2011)

A tabulação dos dados dos questionários consistiu em contar e analisar

quantitativamente as respostas, organizando os dados, onde primeiramente foram

verificados e depois os mesmos foram organizados em gráficos.

A leitura e a elaboração dos gráficos foram úteis por diversos motivos: permitiram

uma visão de conjunto, concentrando os aspectos mais significativos das informações,

facilitaram a interpretação de dados quantitativos e qualitativos, numa perspectiva

temporal e espacial. O uso e a elaboração dos gráficos foram poderosos instrumentos de

análise e avaliação dos conteúdos das informações.

Os grupos foram divididos em 4 a 5 alunos, e ao organizarem os dados em

gráficos, visualizaram as relações entre os diferentes componentes da informação. Os

alunos escolheram os tipos de gráficos que iam utilizar: Gráfico de barras ou gráfico de

linhas.

Através da tabulação dos questionários, constatou-se os principais interesses dos

moradores do bairro, com perguntas sobre os assuntos que mais interessam a

comunidade, onde a participação dos entrevistados foi incentivada para eles pensarem

sobre possíveis soluções para os problemas do lugar onde vivem.

O conjunto de indagações sobre um dos agentes envolvidos no processo

educativo - o aluno - se deu também em razão da preocupação em entender as múltiplas

inter-relações que se estabelecem entre o aluno com a sociedade e particularmente com

o meio em que vive. Dentre as indagações destacam-se as seguintes:

• Qual é o perfil dos alunos do Colégio Papa João Paulo I?

• Qual é o conhecimento da realidade dos alunos por parte dos professores do

Colégio?

• Que conhecimento tem o professor do ambiente físico e social do entorno escolar

onde está inserida a escola?

Enfim, diagnosticar, detectar e entender o cotidiano e a realidade dos alunos da

área em estudo. Essa análise permitiu contabilizar que dos 18 professores pesquisados,

10 responderam que são preocupados com a realidade dos alunos, 5 responderam que

isso não influencia no desempenho escolar do aluno, e 3 responderam que tanto faz

conhecer a realidade do aluno, porque o importante é o conteúdo desenvolvido.

É importante lembrar que não existe projeto sem envolvimento do(s)

professor(es). Ele também tem que pensar e criar, se sentir desafiado, senão acaba se

percebendo apenas como orientador de tarefas a serem realizadas, que foram pensadas

por outros, não havendo compromisso pelo processo, uma vez que apenas aplica

técnicas e segue roteiros.

O trabalho docente deve abranger não só o trabalho realizado em sala de aula,

mas também o processo que envolve o ensino e a aprendizagem, como o planejamento

das atividades, elaboração de propostas político-pedagógicas e na própria gestão escolar,

incluindo formas coletivas do trabalho na escola e de articulação da escola com a família

dos alunos e a comunidade.

Atividade 4

Os anseios e preocupações dos moradores mais citados foram também

analisados a partir da abrangência dos temas abordados, como mostra o gráfico 2 .

Problemas relacionados à limpeza urbana, iluminação pública, asfalto,

recolhimento de lixo, estão entre as preocupações mais recorrentes.

As relações que uma comunidade tem com o seu ambiente vivencial, buscando

entender fatores, mecanismos e processos, levam as pessoas a terem opiniões e atitudes

sobre as mudanças neste ambiente.

Percebe-se que os moradores preocupam-se com as consequências que a

ausência de um sistema efetivo do Poder Público ocasiona ao bem estar dos habitantes

do bairro, além do impacto ambiental que a falta de infraestrutura adequada proporciona

ao meio ambiente local.

Gráfico 2 – Principais preocupações dos moradores

Fonte: 8ª série Turma A (2011)

Atividade 5

A caracterização do perfil dos alunos do Colégio Estadual Papa João Paulo I,

localizado no bairro Boa Vista, desenvolveu-se com a elaboração e a aplicação de

questionários (socioeconômico/cultural/ambiental), permitindo detectar os principais

aspectos da relação entre o meio em que vivem os alunos e seu desempenho escolar.

Essa análise foi importante também para a compreensão das relações entre teorias

científicas e a realidade dos alunos.

A avaliação das necessidades sentidas pelos alunos em relação ao ambiente em

que vivem, foram elementos importantes para as inovações das atividades voltadas a

eles, para a melhoria da qualidade de ensino.

• O espaço de vivência dos alunos se configura como uma forma de entender seu

cotidiano e sua realidade?

O espaço de vivência dos alunos mostra a lacuna existente na rede oficial de

ensino com respeito à relação escola/comunidade, para entender seu cotidiano e sua

realidade, uma vez que o estudo do meio, fundamental para o conhecimento da área do

TransporteSegurança

EducaçãoMeio ambiente

desempregoMoradia

Lazerativ. culturais

0

10

20

30

40

50

60

70

80

10

67

15

58

33

7 5

Principais anseios/ preocupações dos moradores do bairro

entorno escolar, apenas é efetivamente exercido pela minoria dos professores. O

conhecimento da realidade do aluno, bem como da área onde a escola está inserida, são

trabalhados, na maioria das vezes, com conteúdos abstratos e dissociados da realidade

local.

Atividade 6

Sobre a qualidade de vida do entorno escolar, procurou-se indagar quais os

problemas socioambientais reconhecidos pelos alunos como sendo os mais graves, que

se dividiram em: segurança (11 alunos), transporte (4 alunos), lixo escolar (02 alunos),

ausência de área verde (01), saúde pública (05), drogas (8). Apenas 2 alunos

mencionaram que são todos interligados.

Como complementação da pergunta anterior foi pedido aos alunos, sugestões de

como deveria ser desenvolvido o conhecimento socioambiental no entorno da escola, o

que resultou nas seguintes respostas: nove alunos disseram que deveria ser por meio de

um trabalho (não especificando), onze sugeriram trabalho com questionário, seis alunos

foram a favor de se trabalhar o assunto em várias disciplinas, três alunos acharam que se

devia trabalhar em Geografia e Ciências, dois alunos, apenas em Geografia, e dois alunos

não responderam. Os dados mostram que esses que não responderam, ou não têm uma

opinião formada sobre o assunto, ou acreditam que não seja importante essa informação.

Um resumo das respostas a essa última questão, relacionada com as demais

informações mostradas anteriormente, subsidiou, não só para esclarecer e aprofundar o

entendimento das opiniões dos alunos sobre o conhecimento social/econômico e

ambiental no entorno da escola, e dos problemas relacionados a eles, mas também para

apontar, principalmente, para os professores e Direção da escola, uma tendência a incluir

a questão da temática socioambiental no processo educativo da escola.

Entretanto, pôde-se concluir também com base na análise dos dados obtidos, que

existem alguns alunos conscientes e com vontade de mudar a atual realidade escolar,

pois apresentam uma visão mais ampla da questão ambiental, econômica e social,

abrangendo escola e comunidade, e mostram, com ideias, que é possível ampliar suas

ações envolvendo outros alunos para práticas que mais combinem com a realidade,

procurando algumas respostas e soluções para os problemas socioambientais do lugar

onde vivem.

Com a obtenção das informações, as entrevistas com o grupo de

professores/alunos e moradores do bairro Boa Vista, geraram uma oportunidade para

respostas a duas questões consideradas importantes para a pesquisa: Qual a relação

entre as condições sociais e ambientais do lugar onde vivem os alunos do Colégio

Estadual Papa João Paulo I e o processo de ensino aprendizagem? Há influência direta

destas condições neste processo?

Uma ótica pensada e considerada integradora da realidade por parte dos

envolvidos na educação (sociedade, escola e mantenedora (SEED)) deve incluir todos os

sujeitos envolvidos na construção do conhecimento da comunidade e de suas relações

com a sociedade como um todo, correspondente a uma concepção sobre ambiente,

sociedade e cidadania, porque torna possível indicar alternativas de transformação no

relacionamento professor/escola/aluno, voltada à comunidade onde estão os alunos e

apoio para uma integração com a realidade, condizentes com suas principais

necessidades.

Atividade 7

Durante o processo de implementação do projeto, foram feitas avaliações com os

alunos. Num primeiro momento, foi feita uma pré-avaliação dos alunos, ou seja, tentar

compreender o conhecimento já adquirido pelos alunos, tanto na escola como na

experiência pessoal. Num segundo momento, após as atividades aplicadas, foi feito uma

pós-avaliação, que se refere ao conhecimento adquirido após a aplicação do projeto.

A avaliação final e autoavaliação levaram em conta os objetivos estabelecidos

para o projeto e os processos com os quais os alunos estiveram envolvidos. Para a

avaliação de cada estudante, considerou-se as aprendizagens ocorridas ao longo do

processo e toda a produção individual e coletiva no âmbito do projeto. Contaram os

processos, os produtos e os resultados.

A autoavaliação foi fundamental para que o aluno tomasse consciência sobre o

que sabe, sobre o que precisa aprender e sobre o que precisa saber para entender

melhor seu cotidiano.

Foi verificado também se os objetivos de aprendizagem estabelecidos foram

atingidos, através de diferentes formas de avaliação, não apenas no momento da

implementação, mas durante e depois do processo, levando em consideração: interesse e

participação dos alunos; registros das aulas e organização do material; realização das

tarefas propostas e assiduidade e pontualidade na entrega dos trabalhos.

Os resultados das avaliações, além de servirem como reflexão sobre a prática

educativa do projeto, serviu também como instrumento para que os alunos tomassem

consciência não só de suas dificuldades, como também de seus avanços e de sua

consciência crítica.

3.2.2 GTR (Grupo de Trabalho em Rede)

Como atividades desenvolvidas no GTR, têm-se:

Atividade 1 – Fórum de apresentação, Fórum e Diário.

Atividade 2 – Fórum e Diário.

Atividade 3 – Diário.

Dentre as atividades previstas no PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional), o GTR (Grupo de Trabalho em Rede) destaca-se como uma das mais

desafiadoras, pois o curso possibilitou a integração do professor PDE com os demais

professores da rede estadual de ensino, com uma discussão e atividades referentes ao

projeto de implementação, por meio de encontros virtuais. Esses encontros

estabeleceram relações teórico/práticas em nossa área de conhecimento, permitindo uma

troca de experiências e um enriquecimento didático-pedagógico por meio de leitura,

reflexões, e ideias.

O GTR é uma proposta de curso à distância - EaD, onde o professor PDE

socializa o projeto de implementação, o material didático produzido e a implementação

realizada na escola com outros professores da rede estadual. O GTR foi realizado durante

o terceiro período do programa.

O GTR teve o mesmo título do projeto de intervenção, foi realizado pela

plataforma Moodle, com vários recursos como Biblioteca Virtual, E-mail, Diário, Fórum de

Discussões, os quais foram organizados pelo professor PDE, no endereço eletrônico

disponível no site da SEED-PR.

Antes de iniciar o GTR, foi encaminhado um email aos professores inscritos, com

orientações sobre as atividades, prazos de realização, tarefas a serem desenvolvidas

(fórum, diário e tarefa) e critérios de participação.

O GTR permitiu a socialização do tema de pesquisa desenvolvido pela professora

PDE, não se distanciando da realidade escolar, pelo fato de que todos os participantes

são professores da rede estadual de ensino.

Foram 13 professores inscritos e 9 professores concluintes. O grupo foi avaliado

de acordo com os critérios gerais disponíveis na área de apresentação do curso, na

plataforma dia a dia educação. Foram considerados concluintes, os professores que

fizeram as atividades propostas e com participação/respostas importantes ao projeto.

Puderam participar do GTR Professores concursados (QPM) ou Professores PSS

da rede estadual de ensino. A Carga horária do curso foi de 64 horas, e as atividades

foram à distância no ambiente E-escola (www.e-escola.pr.gov.br)

Atividades desenvolvidas no GTR

Atividade 1

Fórum de apresentação, Fórum e Diário. O objetivo desta atividade foi promover

uma discussão sobre o Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, e a interação entre

os participantes e o tutor, contribuindo para ampliação das ideias relacionadas à temática

proposta.

O Projeto de Intervenção Pedagógica na escola estava disponível na Biblioteca do

curso.

No Fórum de apresentação, cada professor se apresentou aos colegas,

principalmente com informações sobre sua disciplina, cidade, Colégio de atuação, tempo

de magistério, área de interesse, etc.

No Fórum, teve como atividade o seguinte enunciado: “O espaço de vivência dos

alunos se configura como uma forma de entender seu cotidiano e sua realidade, muitas

vezes diferente daquele que seria o “ideal” para que o processo de ensino-aprendizagem

se realize de forma a atingir os objetivos previamente estipulados pelos

professores/pedagogos/direção/escola”... A partir dessa afirmação, comente: Qual a

relação entre o meio em que vivem os alunos e seu desempenho escolar? Cada professor

participante postou suas considerações e interagiu com no mínimo 2 colegas.

No Diário, cada professor descreveu suas impressões sobre o projeto, onde

apenas o professor e o tutor trocaram ideias.

Atividade 2

Fórum e Diário. O objetivo desta atividade foi à discussão onde os professores

postaram suas observações referentes à Produção Didático-Pedagógica. A Produção

Didático-Pedagógica estava disponível na Biblioteca do curso.

No Fórum, cada professor participante postou suas considerações e interagiu com

no mínimo 2 colegas.

No Diário, cada professor descreveu suas impressões sobre a Produção Didático

Pedagógica, onde apenas o professor e o tutor trocaram ideias. Cada atividade teve o

Feedback postado em no máximo 2 dias.

Atividade 3

Fórum. O objetivo desta atividade foi socializar com os professores os avanços e

desafios enfrentados na fase de Implementação Pedagógica. Os professores leram o

texto do resultado das ações de implementação, produzido pela professora PDE e

disponibilizado na biblioteca do curso, onde refletiram e opinaram sobre os resultados

apresentados, trazendo contribuições para o debate. A atividade utilizando o fórum

pressupôs a discussão de ideias e a interação com os demais cursistas. Cada professor

postou no mínimo 2 considerações.

Avaliação

Como avaliação do GTR, os professores tiveram que ter no mínimo 75% de

atividades cumpridas, com interações relevantes para o projeto.

A proposta do GTR de uma maneira em geral, foi cumprida, em grande parte,

devido à contribuição dos professores participantes. Seus relatos foram muito

importantes, pois, expressaram suas experiências, propostas e anseios, muitas vezes não

ditos nem discutidos, talvez pela falta de tempo ou até mesmo de oportunidade.

Esse momento foi bem aproveitado por todos os professores, porque além de

poder cumprir uma atividade em local diferente da sala de aula ou do colégio, conseguiu-

se parar e discutir algumas questões ligadas ao nosso cotidiano, à aprendizagem dos

alunos, e da nossa própria aprendizagem, de maneira diferente e porque não dizer,

prazerosa, coisa que não está muito presente em nossas atividades do dia-a-dia escolar.

Ao final do curso, a professora PDE/Tutora, fez uma síntese geral do GTR,

referente à contribuição dos participantes no processo e suas considerações finais.

4. RESULTADOS DA PESQUISA, DO GTR E SUGESTÕES

4.1 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

Como resultado da pesquisa feita com os alunos/professores do Colégio Estadual

Papa João Paulo I e do moradores do bairro Vista, através de pesquisas e entrevistas,

em relação ao envolvimento dos pesquisados no projeto, possibilitou chegar a alguns

resultados reveladores em relação ao diagnóstico socioambiental, numa visão mais

integradora do ensino. Quem são esses alunos personagens dessa pesquisa que, em

seus olhares sobre a realidade e a sociedade e também sobre o mundo, se diferenciam

dos demais moradores do bairro estudados na pesquisa?

Os dados obtidos possibilitaram visualizar a atuação de grande parte dos alunos

envolvidos no projeto de diagnostico local, dentro de um panorama julgado muito diferente

do início do projeto, que nas respostas ao Questionário Socioeconômico e Ambiental,

permitiram sugerir que ainda se encontravam estudando dentro de uma visão muitas

vezes considerada muito tradicional. Esses alunos, mais produtivos e ativos, demonstram

estarem mais conscientes da sua realidade, porque posteriormente ao projeto, revelaram

um grande vínculo com o tema socioambiental da realidade, considerada nesse trabalho

como base essencial para uma mudança paradigmática do saber. Esses alunos passaram

a usar mais palavras como: cidadania, conscientização, luta, mudança da realidade,

reflexão, avanço, benefício, participação, melhoria, procura, novos valores, mudança

social, entre outras.

Dessa maneira, foi possível constatar os resultados de uma mudança de

comportamento por parte desses alunos, que desenvolveram atividades voltadas para

uma consciência social e ambiental mais integradora do ensino. Quando perguntados

sobre o que entendem por consciência social, econômica e ambiental e como os

definiriam dentro de sua própria realidade, muito interessante a fala de um aluno onde

evidenciou sua capacidade de pensar sobre sua realidade:

“Estudar sobre os problemas sociais, econômicos e ambientais no entorno da minha escola, para mim foi muito legal e também importante, porque mais do que se preocupar em definir alguma coisa, eu tenho a consciência social, econômica e ambiental do lugar onde vivo como uma forma de lutar para que o lugar onde moro seja cada vez melhor. Eu tinha vontade de interferir na organização social do lugar onde a gente mora, na qualidade de vida das pessoas, e um dos jeitos que eu posso fazer isso é através do conhecimento da realidade”.

Sobre os problemas socioambientais do bairro, os alunos e os moradores

entrevistados puderam mostrar uma visão que revela não só sua compreensão sobre as

causas da crise atual do poder público (municipal, estadual e federal) em relação à falta

de estruturas públicas, como também procuraram ampliar suas ideias e atitudes,

mostrando o compromisso na luta para buscar meios para sair dela. Ou seja, mostraram

sua vontade e o seu compromisso com a busca de soluções para os problemas.

Grande parte das atividades sobre o meio ambiente local e de percepção

socioeconômica, na escola procura resolver de forma simples, problemas ambientais e

sociais complexos. Entre eles, podemos citar: reciclagem/reutilização do lixo, coleta

seletiva do lixo, não se importando em conhecer os fatores que desencadeiam a falta de

emprego, falta de moradia digna para todos, falta de estruturas públicas de qualidade,

dentre outras, mostrando o lado simplista dos problemas, não contextualizando a relação

histórico-espacial desses problemas, deixando de lado uma discussão com os alunos

sobre as suas causas. Não se pretende afirmar que as soluções técnicas não sejam

necessárias, mas que se as práticas escolares não forem mais abrangentes, tornam-se

pouco eficientes e também pouco conscientizadoras, não permitindo aos alunos a

compreensão global da problemática socioeconômica e ambiental local.

Os problemas socioambientais e econômicos da região no entorno da escola, às

vezes não são dados como importantes, outras vezes são destacados, mas sem uma

visão histórico-espacial. Na maioria das vezes, desconsideram-se também as relações

sociais locais. Esse ponto é de fundamental importância para a discussão, pois esta, ao

mostrar a necessidade de promover uma educação criativa, capaz de formar o aluno um

cidadão do mundo, deve levar em conta o conhecimento das diferenças culturais e

sociais, buscando melhores condições de vida para os moradores, mostrando uma

mudança para a produção de novos saberes e práticas escolares, com valores baseados

numa relação de troca, entre professor, aluno, comunidade e todos os agentes envolvidos

no processo.

4.2 DISCUSSÕES NO GTR

Como resultado do trabalho no GTR, várias discussões sobre Projeto de

Intervenção Pedagógica e sobre a Produção Didático pedagógica foram levantadas, e a

participação dos professores foi bastante satisfatória, pois interagiram mais vezes do que

o mínimo necessário para a conclusão do curso. Notou-se que os professores fizeram o

curso com boa vontade e interesse, pois acharam o tema relevante e o desafio de fazer

um curso à distância foi o maior problema encontrado pela maioria.

O curso deve ser entendido como resultado de um esforço conjunto, do Governo

por ter ofertado essa modalidade, da tutora, por conseguir entender uma nova forma de

aprender e ensinar e, dos alunos-professores que em sua grande maioria, superaram os

desafios e desconhecimento dessa nova forma de curso. Portanto, as glorias e os

desafios são de responsabilidade de todos os membros envolvidos. Esse trabalho em

equipe necessitou da capacidade de pensar e da vontade das pessoas envolvidas, o que

implica em experiências e objetivos em comum, participando e compartilhando

responsabilidades e informações.

O planejamento e organização foram necessários para que o curso transcorresse

de forma coesa e eficaz, para que o grupo com suas opiniões ora semelhantes, ora

discordantes, chegassem a um denominador comum.

Cada intervenção foi pensada e avaliada como incentivo para continuar o

trabalho. Entre elas, algumas são citadas abaixo:

“Como todo e qualquer trabalho proposto por nós professores em sala de aula, o principal problema que enfrentamos é a aceitação do tema pelos nossos alunos. Já no seu trabalho de implementação a aceitação, a má vontade e até a colaboração da comunidade foram problemas que foram solucionados um a um, pois sua estratégia de implementação, que partiu principalmente do estudo do lugar onde o aluno está inserido, sua realidade social, partindo para um estudo socioambiental. A contribuição do seu trabalho para nós professores foi muito importante, pois a partir dessa investigação, podemos repensar nossa estratégia de trabalho, Parabéns e muito obrigada pela sua contribuição pedagógica”.

“O tema foi bem proposto, “Qualidade e condições de vida dos alunos que vivem no bairro...” conhecer a realidade local é um elemento chave para propor, sugerir e reconhecer ações que podem ser realizadas no lugar em que vivemos e a realidade dos alunos, rompendo com o discurso que alguns alunos apresentam, “O que estou aprendendo não serve para nada”... A justificativa apresenta bem a necessidade do estudo do lugar. Acredito que o projeto dá subsídios para todos os professores se comprometerem mais com a educação e mostrar ao aluno uma visão mais crítica do local onde cada um vive, com suas peculiaridades e individualidades”.

A finalidade do GTR foi discutir o tema do Projeto de Intervenção Pedagógica e da

Produção didático-pedagógica, contribuir e trocar experiências pedagógicas com os

professores para uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade

social dos alunos na comunidade onde estão inseridos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se que essa pesquisa seja uma alternativa que, direta ou indiretamente

colabore com a comunidade escolar, principalmente os alunos, para um maior

aproveitamento e uma menor evasão escolar, além de um maior vínculo com a escola,

conhecendo e entendendo melhor as condições de vida da comunidade.

Conscientizando os alunos sobre questões ligadas a escola e a comunidade,

espera-se que a comunidade escolar sinta orgulho em conhecer melhor a comunidade

onde vive.

As dificuldades que apareceram ao longo do processo foram sendo

diagnosticadas, algumas eliminadas, outras dificultaram o encaminhamento, mas todas

foram superadas.

O projeto foi desenvolvido fundamentalmente como uma tentativa de unir a

orientação teórica conhecida nos meios acadêmicos, com uma Geografia socioambiental

do lugar onde foi aplicado o projeto, neste caso, o bairro Boa Vista, em Curitiba.

A preocupação pedagógica de levar os alunos a construir conceitos, a refletir,

discutir e se motivar com o estudo da dinâmica do lugar onde vive, foi efetivada, assim

como o objetivo do aprendizado da cidadania pelo aluno, levando em consideração sua

história de vida no processo educativo.

Como resultado final o projeto teve resultados positivos, com uma maior

compreensão dos alunos em relação à sua responsabilidade social e sua valorização

como aluno cidadão.

Os objetivos propostos no projeto foram alcançados, pois os alunos

demonstraram interesse e compreensão sobre o assunto, posicionando-se criticamente

em relação a ele. Foram capazes de produzir todo o material pedido, como os textos,

pesquisas, tabulação de dados, produção de gráficos, confecção de cartazes.

Como sugestões para a comunidade escolar (para trabalhar questões do espaço

vivido pelos alunos) é necessário e espera-se que o tema do projeto seja discutido e

esteja presente no dia a dia dos alunos e da comunidade, e tantos outros assuntos como

as drogas e a violência, que são problemas presentes na sociedade, independentemente

de classe social, credo, raça ou opção sexual. A escola e a sociedade devem estar

preparadas para administrar e ajudar a compreender e se possível reverter esses

problemas em prol da comunidade.

Usar a realidade local como objeto de estudo para que os alunos tenham

conhecimento da realidade onde vivem, faz com que os envolvidos discutam sobre os

problemas locais e apresentem/pesquisem sugestões sobre possíveis soluções.

Em relação ao GTR, verificou-se um grande interesse por parte dos

professores/alunos. Dessa forma, o GTR deve continuar como atividade do PDE, para

contribuir com a elaboração de outras produções didático pedagógicas.

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