DIAGNÓSTICO DA INADIMPLÊNCIA DA CARTEIRA DE CLIENTES DA EMPRESA X · 2019. 9. 12. · Dessa forma...
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DIAGNÓSTICO DA INADIMPLÊNCIA DA CARTEIRA DE CLIENTES DAEMPRESA X
Fabiane Schmiedel de Andrade1Carina Inês Panke da Silva2
RESUMO
Este estudo tem foco em diagnosticar a inadimplência apurada pela área financeirada empresa “X” do ramo de refeições suas causas e também analisar formas deminimizar esta inadimplência. Metodologicamente, trata-se de um estudo de casode natureza descritiva e exploratória e foi elaborado à partir de documentoscontábeis e relatórios internos fornecidos pela empresa. Neste sentido, o objetivogeral do trabalho centrou-se em evidenciar a relevância do sistema de controlesfinanceiros adotados pela empresa, seu desenvolvimento e resultados alcançados.Constatou-se que os índices de inadimplência encontravam-se altos, porém com aimplementação de algumas medidas, como readequação do quadro funcional einclusão de cláusulas contratuais, estes índices apresentam sensível redução. Palavras-chave: Inadimplência. Controle Financeiro. Fluxo de Caixa.
ABSTRACT
This study intents to analize the default indexes, searched by the financial area ofthe company “X”, its causes and also to analize ways of minimizing these indexes.About the motodology, this is a discriptive and exploratory case study and it hasbeen done by using accounting documents and internal reports provided by thecompany. In this way, the purpose of this study was focused on showing therelevance of the financial control’s system of the company, it’s development and theresults. So, we found out that the default indexes were very high, but with somemeasures implementation, these indexes showed significant reduction.
Key-words: Searched. Financial Control’s. Credit Risk
1 INTRODUÇÃO
A administração financeira representa uma das principais atividades da
empresa e por isto se fazem necessários o planejamento e controle dos créditos
concedidos aos clientes.
1 Acadêmica do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto2 Orientadora, Professora do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto
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Porém para adaptarem-se à nova economia, as empresas precisam
conscientizar-se de que a inovação é a chave para competitividade, exigindo-se dos
administradores atitudes e técnicas cada vez mais eficazes.
Neste sentido e frente a este ambiente cada vez mais competitivo, dinâmico e
instável, justifica-se a necessidade da análise do percentual de inadimplência de
clientes, suas causas e as medidas a serem adotadas para minimização dos
impactos que esta inadimplência poderá causar ao setor financeiro da empresa “X”.
do ramo de refeições.
Diante deste cenário a administração de contas a receber tornou-se um fator
fundamental e de relevância na busca da sustentabilidade e competitividade das
empresas no mercado. Com base neste contexto, o problema de estudo é: Quais
são as causas da inadimplência de clientes na Empresa “X” do ramo de refeições ?
O objetivo geral deste trabalho resume-se em analisar causas da
inadimplência de clientes da empresa “X”, e identificar medidas a serem adotadas
para redução desta inadimplência, identificando até que ponto a análise de crédito e
a política de cobrança interferem nos resultados e como deverão ser as políticas
adotadas que visam maximizar o valor de mercado da empresa. Além disso,
também apurar percentual de inadimplência que clientes representam em
comparação ao total faturado em um período na empresa “X” e identificar fatores
que possam influenciar na inadimplência de clientes.
Nesta perspectiva é importante salientar que a realização do estudo pode
trazer algumas contribuições e que a investigação surge pelo motivo de que o
desenvolvimento de um comportamento operacional compatível com a estratégia
definida é fortemente influenciado pelo acompanhamento de indicadores de
desempenho que monitoram as atividades que agregam valor aos negócios.
Dessa forma o tema proposto no trabalho possui relevância ao refletir o valor
da empresa “X” do ramo de refeições no mercado, suas políticas financeiras e
entraves comerciais.
2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Para que a empresa se torne eficaz, eficiente e efetiva, ela deve medir o
desempenho atual da organização. Todavia, para mensurar o valor de cada
informação o gestor precisa dispor da informação de modo que ela reduza as
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incertezas e que aumente a qualidade da decisão além de uma boa política de
cobrança (DIAS et al, 2003).
Muitos empreendedores não percebem que o controle financeiro pode ser
mais importante quando um negócio está indo bem, do que em um momento crítico.
Por isso, enfatizar o controle do fluxo de caixa é fundamental. A finalidade da política
de cobrança existe para que as vendas já efetuadas efetivamente transformem-se
em recebimentos (DIAS et al, 2003).
2.1 Risco de Crédito
A política de crédito de uma empresa define os parâmetros com os quais a
empresa irá trabalhar para realizar vendas a prazo sem afetar os níveis de capital de
giro de suas atividades e a sua rentabilidade. Nesse contexto, facilitar o fechamento
das vendas por meio de concessão de crédito tem sido uma estratégia cada vez
mais utilizada pelas empresas, para manter uma carteira de clientes fiéis e alavancar
suas receitas.
Conforme Gitman (2001), risco pode ser definido como “possibilidade de
prejuízo financeiro”, ou seja, a possibilidade que os resultados realizados sejam
diferentes daqueles esperados, afetando os lucros.
Blatt (1998) complementa que os créditos mal analisados podem trazer
grandes problemas financeiros à empresa. É na análise de crédito que uma
empresa pode aumentar sua receita e minimizar os riscos associados às vendas a
prazo. O prazo concedido aos clientes para fazer seus pagamentos é um dos pilares
da política de crédito de uma empresa, pois afeta vários de seus parâmetros
econômicos.
2.2 Fluxo de Caixa
No contexto mundial, em virtude da complexidade da economia, da expansão
e competitividade dos mercados, verifica-se uma crescente necessidade das
empresas em buscarem instrumentos que as auxiliem no planejamento e controle de
seus recursos para que estes sejam usados de maneira adequada, a fim de alcançar
o objetivo almejado pela empresa. O sucesso empresarial demanda cada vez mais o
uso de práticas financeiras apropriadas, como o fluxo de caixa (SANTOS, 2001).
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Segundo SEBRAE (2004), o fluxo de caixa retrata o movimento real do caixa
no mês, necessário para complementar a análise financeira da empresa, evitando
assim ajuste de caixa por meio de empréstimos a bancos, os quais se realizados as
pressas, acabam tornando-se dispendiosos para a empresa. É um dos instrumentos
mais eficientes de planejamento e controle financeiro, o qual poderá ser elaborado
de diferentes maneiras, a fim de permitir que visualize os futuros ingressos de
recursos e os respectivos desembolsos.
2.3Inadimplência
O cenário contemporâneo, esta vivenciando aceleradas e profundas
transformações, e para que as empresas adaptarem-se a nova economia é exigido
dos administradores atitudes e técnicas cada vez mais eficientes e eficazes que
propiciem respostas com alternativas rápidas, tangíveis e claras, pois o fracasso
organizacional muitas vezes pode depender da aplicação desses elementos para a
solução de problemas.
Segundo Blatt (1998), inadimplente é quando uma pessoa não cumpre as
suas obrigações contratuais, é a falta de cumprimento do contrato ou de qualquer de
suas condições.
Guimarães et al. (2002) ressalta que a inadimplência é um dos maiores
problemas hoje enfrentados pelos administradores. É importante que se utilizem
instrumentos de apoio às empresas para que, tanto no aspecto gerencial quanto
financeiro, possam sanar esse mal que atinge muitas empresas.
Para evitar alguns problemas futuros como a inadimplência, é preciso ser
cauteloso no momento da venda, sendo necessário seguir algumas regras como:
exigir a apresentação do CNPJ, efetuar a confirmação dos dados do cliente,
consultar o SERASA, atualizarem dados cadastrais de clientes antigos e políticas de
crédito bem estruturadas, onde fique assegurada à empresa o recebimento de
créditos no futuro. O SEBRAE (2004) orienta empresários no sentido de evitarem a
inadimplência como à cobrança instantânea onde quanto menos tempo estiver
vencida a dívida, mais eficaz será a redução da inadimplência.
Neste sentido, segundo Gitman (2001) política de cobrança são
procedimentos utilizados pelas empresas para cobrar contas vencidas de seus
clientes, e de acordo com Blatt (1998) o profissional de cobrança deve sempre estar
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atento a sinais de mudança no comportamento do cliente como, solicitações de
prorrogações no vencimento, pequenos atrasos, pagamento de títulos em cartório,
atitudes que demonstram que o cliente está passando por dificuldades financeiras,
por outro lado a política de crédito também deve estabelecer ações a serem
tomadas em relação aos clientes inadimplentes, como método de cobrança e
critérios para protesto de duplicatas, bem como definir uma filosofia de negociação.
A formalização do acordo de crédito por meio de um contrato bem elaborado é uma
condição fundamental para assegurar ao credor o direito de receber.
Apesar da possibilidade de que fatores inesperados e adversos possam
ocorrer e inviabilizar o cumprimento da obrigação, não há dúvida de que a análise de
crédito presta grande contribuição para a manutenção e o gerenciamento de uma
carteira de crédito saudável.
A inadimplência, esta cada vez mais presente nas organizações devido a
fatores como: má concessão de crédito, legislação vigente, falta de adaptação das
organizações à nova realidade de mercado, e cabe a cada empresa se organizar
para minimizar a inadimplência de seus clientes.
2.4 Como lidar com a inadimplência
Para lidar com a inadimplência, é preciso antes conhecê-la bem, sabendo
quais os fatores que a ocasionaram. A partir daí, deve-se utilizar práticas
preventivas, podendo desta forma controlá-la. Desta maneira o empresário deve
verificar: sazonalidade, ou seja, em que épocas do ano a inadimplência é maior ou
menor, quantidades de faturamentos em atraso e valor médio dos faturamentos em
atraso (BLATT, 1998).
Conforme levantamento do SEBRAE (2004), as empresas dos setores de
comércio e de serviços, sofrem um aumento nos índices de inadimplência de
clientes nos três primeiros meses do ano, em decorrência das vendas efetuadas no
mês de dezembro. E é justamente nestes meses iniciais que ocorrem as quedas nas
atividades destes setores empresariais.
A inadimplência pode causar dificuldades financeiras, provenientes de fluxos
de caixa onde as operações geradas na empresa não são suficientes para cobrir as
operações correntes, forçando a empresa a tomar providências corretivas que são
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diferentes das que seriam adotadas caso o fluxo de caixa fosse suficiente. (Ross et
al, 2002).
Segundo orientações do SEBRAE (2004), as empresas que conseguem maior
sucesso na recuperação de crédito são aquelas que adotam "ações de cobrança”.
Deve-se questionar o motivo do atraso, ouvir suas alegações e utilizar argumentos
para tentar convencê-lo a quitar o débito imediatamente.
Outro fator é a flexibilidade, a empresa deve ser flexível na hora de cobrar,
apresentando alternativas negociais que visem facilitar a recuperação dos créditos,
por meio de acordos e renegociações que interessem ao cliente e à empresa.
Critérios e parâmetros muito rigorosos podem inviabilizar o recebimento.
O objetivo principal das ações de cobrança é recuperar o crédito sem causar
constrangimento e conflitos desnecessários.
Uma das grandes vantagens é padronizar os procedimentos de cobrança,
pois é a garantia de que serão utilizados mecanismos uniformes nesse trabalho,
fazendo com que os clientes sejam atendidos da mesma forma e com os mesmos
critérios por todos os colaboradores, o que contribui para a efetividade na
recuperação do crédito.
3 METODOLOGIA
Metodologicamente, este estudo se caracteriza por ser um estudo de caso,
onde a pesquisa será bibliográfica documental, em caráter descritivo e exploratório.
Documental, porque se baseia em documentos contábeis e relatórios financeiros
internos da empresa “X”, que dizem respeito ao objeto de estudo.
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza das contribuições dos diversos
autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental refere-se a materiais que
não receberam um tratamento analítico. Entende-se como sendo pesquisa
documental a utilização de relatórios de cunho financeiro fornecidos pela empresa,
relatórios para construção de gráficos e respectivas análises.
Foi também realizada entrevista não estruturada, que conforme Lakatos e
Marconi (2002) é onde o entrevistador tem liberdade para discorrer sobre cada
situação. Neste caso a entrevista não estruturada caracterizou-se pela realização de
diversos encontros e reuniões informais à cerca do assunto Inadimplência com
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gerente financeira do grupo.
4 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
De acordo com o que se pode verificar durante as visitas, foram observados
alguns dados relevantes para este estudo como, primeiramente, que o setor de
vendas ou comercial da empresa “X” possui um papel fundamental e de grande
importância para a saúde financeira da própria empresa, pois é nele que todo o
processo tem início, e é nesta fase que precisam ficar bem definidos os objetivos da
empresa em relação às questões financeiras, como cláusulas prevendo possível falta
de pagamento por parte dos clientes. Segundo, não havia interação entre setor
comercial e setor financeiro para pré-análise de cada cliente novo e quais os custos
incidentes a valores inadimplentes que estes clientes poderiam gerar a Empresa “X”
caso não paguem seus valores na data de vencimento.
À medida que o estudo foi avançando, já foram sugeridas pela acadêmica
algumas medidas a serem adotadas pela empresa, medidas estas que depois de
implantadas resultaram em melhorias nos percentuais de inadimplência da empresa.
Para que a empresa pudesse ter uma dimensão das dificuldades foram
criados e implantados pelo setor financeiro da empresa “X” indicadores de
desempenho, indicadores estes que podem dar a empresa uma idéia exata dos
níveis de inadimplência de seus clientes, as possíveis causas, além de demonstrar o
que estes percentuais de inadimplência representam em termos de perdas de
receita. Outro fator importante é o acompanhamento do fluxo de caixa, instrumento
que auxilia no planejamento e controle de seus recursos para que estes sejam
usados de maneira adequada, a fim de salvaguardar a atividade empresarial e
alcançar o objetivo almejado pela empresa.
A empresa também sofre com a sazonalidade dos produtos de alguns clientes,
pois possui em sua carteira clientes que trabalham com safra e entressafra, exigindo
assim um esforço e um planejamento focados em administrar o equilíbrio entre as
receitas e as despesas destes períodos. Um dos instrumentos utilizado é o fluxo de
caixa para fins de controle e planejamento, para conhecer antecipadamente o
montante de recursos a receber e quanto disto será necessário para quitar
compromissos e contas a pagar da empresa. Observa-se também deficiência no
quadro de pessoas no setor de contas a receber e cobrança, para efetivarem
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diariamente a cobrança dos clientes inadimplentes e tentar a recuperar de forma
mais rápida estes valores pendentes, reduzindo assim automaticamente estes
percentuais de inadimplência. Em função disto ocorreu a divisão das áreas de
faturamento e contas a receber, além disto, clientes inadimplentes ou com problemas
na consulta de cadastro, só recebem o produto da empresa “X” perante pagamento à
vista.
Estes índices podem ser claramente vistos nos gráficos abaixo construídos a
partir das informações e dados fornecidos pela empresa, como relatórios onde
através do total da carteira de clientes mensais apurou-se o percentual inadimplente
desta carteira.
GRÁFICO 1Percentual médio mensal de inadimplência sobre carteira de clientes Empresa
“X”
Fonte: Dados construídos segundo financeiro Empresa “X”.
Na empresa “X” no ano de 2007, ano em que foi mensurada a inadimplência
dos clientes da empresa, percebe-se que durante todo o ano os percentuais de
inadimplência se mostraram bastante elevados (gráfico 1), uma vez que a política da
empresa é de admitir no máxima de 3 a 5% de inadimplentes, e foi constatado que
este fator comprometia em torno de 20% do faturamento total mensal (gráfico 2).
Para não deixar que este percentual tomasse proporções ainda maiores algumas
atitudes foram tomadas. Foi neste ano que a empresa apurou percentuais para após
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inserir alguns planos de ação.
GRAFICO 2Gráfico de média anual dos índices de inadimplência e perdas da empresa “X”
*Ano de 2010, Primeiro semestre.Fonte: Dados construídos segundo financeiro Empresa “X”.
Na empresa “X” em 2008, percebe-se que os meses iniciais do ano em virtude
dos altos valores de 2007, da entressafra, de férias coletivas e recesso de final de
ano de muitos dos clientes da empresa “X”, estes percentuais apresentam-se ainda
bastante altos (gráfico 1). Porém nos meses de março à setembro, com a
implantação dos indicadores, da padronização dos procedimentos de cobrança
através da contratação de uma pessoas específica para esta área, do empenho em
recuperar valores e da implantação de algumas normas como o alinhamento do
contrato com as políticas de crédito da empresa, além das vendas à vista e do
período de plena safra de vários clientes, percebe-se uma considerável queda na
inadimplência, permanecendo em torno de 8% a média anual (gráfico 2). Mas nos
últimos 2 meses do ano, período de entressafra para vários clientes, pela
sazonalidade dos produtos oferecidos por estes clientes e com a chegada do final de
ano, recesso e férias coletivas, observa-se novamente elevação destes índices.
Na empresa “X” no ano de 2009 nos primeiros meses percebe-se que o
reflexo das férias coletivas, causa grande elevação nos índices novamente.
Mas verifica-se que apesar dos percentuaus ainda estarem mensalmente
elevados com a adoção de alguns planos de ação, a média da inadimplência já sofre
uma redução considerável, ficando assim em torno de 14% no ano (gráfico 2). Além
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de que nos períodos de final de ano, um grupo de clientes da empresa “X”, sofre uma
redução na produção e no consumo, ou seja, os consumidores dos produtos
fornecidos pelos clientes da empresa “X” diminuem consideravelmente a demanda de
produtos durante este período reduzindo assim, também a receita do cliente da
empresa “X”. Porém observa-se também nitidamente que nos últimos três meses do
ano de 2008 e nos primeiros meses do ano de 2009 estes percentuais estão bastante
altos devido à grande influência que a crise mundial causou ao mercado interno e
externo. Clientes se utilizam desta desculpa para justificarem uma série de atrasos
em seus pagamentos, uma vez que vários clientes têm a exportação de seus
produtos como sua maior fonte de receita, o que afeta diretamente o fluxo de caixa
da empresa causando assim reflexos e impactos na área financeira.
No ano de 2010, percebe-se que nos primeiros meses do ano (gráfico 1),
novamente os valores se apresentam elevados, mas nos meses seguintes, quando
os clientes retornam à suas atividades (início do período de safra), estes percentuais
sofrem grande redução. Além disso, nos percentuais de média anual, também há
uma grande diferença ficando este percentual em torno de 6% (gráfico 2). Assim de
ano a ano nota-se um resultado positivo na redução dos percentuais da
inadimplência.
No gráfico 3 fica claramente registrado que no período de janeiro/2007 a
julho/2010 a carteira de clientes não sofreu alterações, não sendo a perda de algum
clientes ou quantidade de clientes da empresa “X” responsável direta pela diminuição
dos percentuais de inadimplência, pois o número de clientes praticamente se mantém
na medida em que a oscilação dos percentuais de ano a ano é facilmente percebida.
GRÁFICO 3 Gráfico da carteira de clientes dos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010.
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Fonte: Dados construídos segundo financeiro Empresa “X”.
Nos gráficos 1 e 2 observa-se que no ano de 2007, onde foram implantados os
indicadores de desempenho para acompanhamento dos percentuais de
inadimplência na empresa “X”, os percentuais apresentavam-se bastante elevados
pelo motivo de que até então a empresa não realizar acompanhamento destes
percentuais em relação ao faturamento mensal total, por isso não sabia o quanto
estes percentuais estavam comprometendo do total de seus valores a receber, e
ainda não acompanhavam o fluxo de caixa da empresa, instrumento este que auxilia
no planejamento e controle de seus recursos para que estes sejam usados de
maneira adequada, a fim de preservar a atividade empresarial e alcançar o objetivo
almejado pela empresa. Mas no ano de 2008, após a implantação dos indicadores,
demonstrando claramente os percentuais de inadimplência, algumas ações
corretivas, ou planos de ação, foram incorporados, para isso houve a inclusão do
setor comercial da empresa ao processo de contas a receber e cobrança. Uma das
ações tomadas foi em relação aos contratos, pois estavam sendo mal elaborados.
Foram incluídas cláusulas contratuais prevendo pagamento de juros e custos aos
valores atrasados dos clientes inadimplentes através do alinhamento do contrato com
as políticas de crédito e objetivos da empresa. A cada vencimento de contrato, as
alterações são feitas e aos poucos estas cláusulas estão sendo inseridas a todos os
clientes até que se atinja 100% dos contratos vigentes.
Também em 2008 foi contratada uma pessoa específica para a recuperação
dos valores atrasados, ficando ela responsável por todos os contatos e
renegociações de dívidas com clientes inadimplentes, ou seja, houve a padronização
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do processo de cobranças. Outra medida adotada é a de antes de fecharem contrato
com novos clientes está sendo feita uma consulta detalhada dos dados cadastrais e
atual situação financeira deste, sem aprovação de crédito não haverá fornecimento.
Além disto, para tornar a empresa mais eficiente estão sendo implantadas
políticas de equilíbrio de receitas e despesas em períodos de sazonalidade dos
clientes, ou seja, não fazer novos investimentos quando a entrada da receita diminui
em virtude da entressafra dos clientes, evitando assim utilização de empréstimos e
de capitais de terceiros associado a seus altos custos. Com a implantação destas
ações os percentuais de inadimplência reduziram consideravelmente, mantendo uma
média de 8% de inadimplência ao ano.
Mesmo com os percentuais tendo sofrido considerável redução, ao final do
ano de 2008 com o anúncio da crise mundial, várias foram as dificuldades
enfrentadas pelos clientes que tem como foco a exportação, assim estes percentuais
elevaram-se nos primeiros meses de 2009 pelo motivo de que a crise estar atingindo
a vários setores, além de férias coletivas de vários clientes, porém reduzindo nos
meses seguintes em virtude dos vários esforços dispensados na redução da
inadimplência. O mercado em geral estava bastante vulnerável durante o primeiro
semestre do ano de 2009. No segundo semestre a economia já voltava a se
estabilizar, mas mesmo assim houve um aumento na média mensal do ano ficando
esta em torno de 14%.
Para os seis primeiros meses de 2010 percebe-se que novamente os meses
de janeiro e fevereiro sofrem aumento na inadimplência, mas logo em seguida
recupera-se boa parte destes valores levando à média mensal a casa dos 7%.
Assim verifica-se que no ano de 2007, ou da inclusão dos indicadores, pouco
foram os percentuais ou valores inadimplentes recuperados da empresa “X”, porém
no ano de 2008 com a efetiva implantação de alguns planos de ação já verificou-se
uma melhora na obtenção de resultados, ou seja, uma boa redução nos percentuais
de inadimplência. Em 2009 apesar dos vários esforços e melhorias implantadas,
fatores externos, como a crise mundial, tiveram uma grande influência na elevação
dos percentuais de inadimplência, porém com a estabilização da crise, com a
padronização da cobrança através da pessoa contratada para recuperação dos
valores em atraso e com as novas políticas de crédito implantadas o primeiro
semestre mostra-se bastante positivo. O que demonstra que todos os esforços
dispensados para e redução dos percentuais de inadimplência da empresa “X” estão
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apresentando resultados, aumentando assim rentabilidade e boa saúde financeira da
empresa.
Outro fator observado e que vem ao encontro com o que foi descrito no
referencial teórico (SEBRAE, 2004), sempre ocorre um aumento de inadimplêncianos três primeiros meses do ano, tornando-se sensivelmente menor durante o ano.
A expansão do volume de crédito concedido, a formulação de contrato mal
elaborado e a falta de padronização da cobrança, além da crise econômica mundial,
combinadas com a queda no ritmo das atividades acabam sendo os principais
responsáveis pelo crescimento da inadimplência na Empresa “X”. A empresa
precisou adotar melhores práticas nos processos de concessão e gerenciamento de
crédito, de forma a equilibrar riscos assumidos com o retorno desejado, atitude esta
que foi dando resultado à medida que começaram a ser implantados os indicadores
de desempenho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se que a inadimplência é prejudicial às organizações, é
necessária a análise de suas causas para que seu índice não se eleve, para tanto se
faz necessário adotar medidas que minimizem os efeitos negativos causados pela
inadimplência.
Após o estudo, foi constatado que as maiores causas da inadimplência de
clientes da empresa “X” são:
- a falta de organização e estruturação do setor financeiro da empresa, que
não possuia um controle de entradas e saídas de capital (fluxo de caixa);
- a sobrecarga de uma só pessoa que tinha a tarefa de faturar e cobrar
clientes, deixando a desejar quanto controle e diminuição da inadimplência;
- carência de padronização dos processos de cobrança;
- a sazonalidade empresarial dos clientes;
- contratos mal elaborados com a falta de cláusulas que prevêem atrasos de
pagamento.
Neste sentido foram mensurados os percentuais de inadimplência, para que a
empresa pudesse ter uma medição exata destes percentuais e quanto eles
representam do total da carteira de clientes. Foi elaborado o Fluxo de Caixa para
verificar quais as possíveis conseqüências financeiras causadas pela inadimplência,
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como por exemplo, a necessidade de busca de recursos externos.
Para sanar mais uma das causas, foi contratado um colaborador para o Setor
Financeiro, especificamente para cobrança de forma padronizada, além da
flexibilização e renegociações das dívidas de alguns clientes no sentido de reduzir as
perdas nas receitas e os percentuais de inadimplência dos clientes.
Por parte da área comercial da empresa houve a inclusão da cláusula de juros
e custos por conta da recuperação de valores em atraso, o que acaba alinhando os
contratos com a real política de crédito da empresa, contribuindo desta forma para a
efetiva recuperação de seus créditos, tornando-se relevante na busca da
sustentabilidade e competitividade da empresa “X” no mercado.
O setor comercial tem grande importância no resultado do desempenho da
empresa, já que deveria conhecer os clientes para quem vai fornecer, ou ao menos
os mais capacitados a pagar em dia seus compromissos. Como apresentado neste
trabalho, é necessário que se utilizem medidas para a minimização dos impactos
negativos causados pelas facilidades oferecidas pelo mercado e para tornar a
decisão de crédito mais segura para ambas as partes.
Se, apesar de todas as precauções tomadas para a concessão de crédito,
ainda ocorrer à inadimplência, deverão os gestores estar preparados para a
reversão, sob pena de inviabilização do negócio, através de uma análise do
comprometimento à rentabilidade da empresa, pois os desembolsos de caixa serão
supridos pelos valores em disponibilidade.
Este estudo teve a finalidade de apresentar práticas e processos que
minimizem os riscos de inadimplência e possibilitem à empresa a sobreviver no
mercado, proporcionando condições aos gestores para através de uma forma
bastante simples, agir proativamente na qualidade de seus créditos, representando
uma fonte relevante para informar os elementos necessários ao processo decisório e
consecutivamente, ao desenvolvimento e continuidade empresarial.
REFERÊNCIAS
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BLATT, Adriano. Crédito Problemático e Inadimplência: um enfoque estratégico dacobrança e recuperação de crédito. 2 ed. São Paulo: Editora STS, 1998.
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GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7. Ed. São Paulo:Harbra, 2001.
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SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração Financeira de Pequena e MédiaEmpresa. São Paulo: Atlas, 2001.
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DIAGNÓSTICO DA INADIMPLÊNCIA DA CARTEIRA DE CLIENTES DA EMPRESA XRESUMOABSTRACT