Diario_de_Bordo (1)

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Pioneiros DIÁRIO DE BORDO

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Pioneiros

DIÁRIO DE BORDO

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Nome:

Totem:

Agrupamento:

Grupo Pioneiro:

Equipa:

Cargo:

Identificação

FOTO

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“ O Senhor que outrora abriu um caminho no mar, uma estrada nas águas im-petuosas; e que pôs em marcha carros e cavalos, os exércitos com as suas tropas mais valentes, que os fez cair para nunca mais se levantarem, e extinguir-se como um pavio que se apaga, é Ele que agora vos declara: «Não recordem mais acontecimentos do passado, é que Eu vou realizar algo de novo, que já está a aparecer. Será que não notais?»

Is 43; 16-20

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Indice

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Como funciona?

Etapas de Progresso

O que se espera de ti?

Organização do CNE

Baden-Powell

Lei, Princípios e Promessa

Os três Princípios

Oração do Escuta

Escutismo para Rapazes

Beato Nuno de Santa Maria

Organização da IIIª Secção

Cargos das Equipas

Mística e Simbologia da IIIª Secção

Patrono dos Pioneiros – São Pedro

Vivência em Equipa

Áreas Concretas para Alcançares os Objectivos

O Meu Sistema de Progresso

Bibliografia

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Olá, como sabes o CNE está a passar por uma fase de Renovação da Acção Pedagógica, o RAP. O teu agrupa-mento aderiu a este grande projecto de forma voluntária. Desde já, os Parabéns pelo desafio aceite. Este folheto, que agora recebes, fará parte do teu “Diário de Bordo” e vai acompanhar-te em cada ano da tua vida na secção. É ainda uma versão de teste, mas achamos importante que sejas tu a ver o que estará bem ou mal. Por isso lê-o com atenção e tira as dúvidas com os teus dirigentes. Obrigado por ajudares a melhorar o escutismo que todos fazemos.

Diário de BordoComo funciona?

O Escutismo é um “jogo”. A vantagem de seres Escuteiro é que jogas esse jogo em conjunto com pessoas da tua idade. Todos os jogos que já jogaste têm regras e estas ajudam-te a perceber o jogo e a poderes jogá-lo de forma igual e justa, para ti e para quem joga contigo.

Etapas de PRogressoAdesão — Desprendimento

Nesta fase, estejas tu a entrar para o CNE ou a entrar para a III Secção, vindo dos Exploradores, vais começar a per-ceber o que se espera de um Pioneiro. Só assim poderás jogar o “jogo”ao mesmo nível de todos.

Promessa

Esta é uma fase muito importante no teu percurso. Quando ultrapassares a fase de adesão — a etapa Desprendimento —, deves reflectir e ver se te sentes preparado para assumir o compromisso de seres Pioneiro do CNE. Usar um lenço ao pescoço ou mudar de cor de lenço é para cada um de nós Escuteiros uma marca na nossa vida.

Etapas — Conhecimento, Vontade e Construção

Em cada uma destas etapas cada Escuteiro deve crescer Física, Intelectual, Social, Afectiva e Espiritualmente e ao

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nível do Carácter. É esta a proposta do CNE para todas as etapas. É a proposta que te fazemos: seres mais e melhor e criares tu o teu próprio percurso.

Tens um sistema de progresso com três etapas, és tu que escolhes o teu percurso, com apoio da equipa de anima-ção, da tua Equipa e do teu Guia. Confuso? Vais perceber melhor esta “regra do jogo” após a tua promessa.

Passagem

Acabaste o teu percurso na secção. Estás preparado para dar um passo em frente na tua caminhada escutista? Sa-bes que na próxima secção vais iniciar pela adesão – que se chama Caminho - um repetir de caminho com um nível de dificuldade bem maior. Mas já cresceste…

O que se espera de ti?Chegaste aos Pioneiros!

Quando chegas a um novo sítio, deves primeiro conhecê-lo! Deves conhecer a sua história, quem lá esteve, como funciona... Então, no fundo, o que esperam de ti depois de estares integrado algum tempo nesta secção é que saibas responder a algumas perguntas:- Quando e como surgiu o Escutismo e o CNE?- Como se organiza o CNE?- Quem foi Baden-Powell?- Conheces os Princípios, a Lei e a Oração do Escuta?- Conheces o livro “Escutismo para Rapazes”?- Quem foi o Beato Nuno de Santa Maria?- Como se organizam os Pioneiros?- Quais são os Cargos dentro das Equipas de Pioneiros?- Quais os Símbolos e qual a Mística dos Pioneiros?- Conheces o Patrono dos Pioneiros e o do teu Grupo Pio-neiro?- Já sabes trabalhar e viver em Equipa?- Já conheces as Áreas e os Trilhos que terás de Escolher na tua Etapa do Conhecimento?- Já pensaste nas acções concretas que pretendes levar a cabo na Etapa do Conhecimento?

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Organização do CNEO Corpo Nacional de Escutas está organizado em vários níveis:• Nacional• Regional• Núcleo• Local

Nacional (Losango Branco) A nível Nacional existe a Junta Central onde opera o Exe-cutivo Nacional composto pelo Chefe Nacional, o Chefe Nacional Adjunto, o Assistente Nacional e os Secretários Nacionais.

Regional (Losango Roxo)A nível Regional existe a Junta Regional onde opera o Exe-cutivo Regional composto pelo Chefe Regional, o Chefe Regional Adjunto, o Assistente Regional e os Secretários Regionais. Ao todo existem 21 Juntas Regionais do CNE.

Núcleo (Losango Amarelo) Quando uma região é composta por muitos agrupamentos são formadas as Juntas de núcleo, que têm uma organiza-ção semelhante à junta Regional e à Junta Central: Chefe de Núcleo, Chefe de Núcleo Adjunto, o Assistente de Nú-cleo e os Secretários de Núcleo.

Local (Losango Vermelho e Verde)Localmente existem os Agrupamentos, compostos por 4 secções e pela direcção de Agrupamento.A direcção de Agrupamento é composta pelo Chefe de Agrupamento, o Chefe de Agrupamento Adjunto, o Se-cretário de Agrupamento, o Tesoureiro de Agrupamento, o Assistente de Agrupamento e os 4 Chefes de unidade. Para além dos elementos da Direcção existem ainda os restantes elementos das equipas de animação que podem ser: dirigentes (lenço verde), caminheiros em insígnia de ligação ou candidatos a dirigentes.

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As 4 secções dividem-se da seguinte forma:

Iª Secção: Lobitos (lenço amarelo debruado a branco) É composta por crianças dos 6 aos 10 anos e estão orga-nizados por bandos (branco, cinzento, ruivo, castanho e preto) de 4 a 8 elementos. Vivem sob o imaginário do Livro da Selva e cada elemento da equipa de chefia encarna uma personagem do mesmo, sendo o Chefe o Aquelá. O Patrono da Iª secção é S. Francisco de Assis.

IIª secção: Exploradores (lenço Verde debruado a branco)É composta por jovens dos 10 aos 14 anos que estão orga-nizados por patrulhas de 4 a 8 elementos com nomes de animais, têm como símbolos o cantil, o chapéu, a vara, a estrela e a flor-de-lis e como mística a Descoberta da Terra Prometida. O Patrono da IIª secção é São Tiago Maior.

IIIª Secção: Pioneiros (lenço azul debruado a branco)É composta por jovens dos 14 aos 18 anos que estão or-ganizados por equipas de 4 a 8 elementos com nomes de animais, heróis nacionais, santos ou beneméritos da hu-manidade. Os símbolos da IIIª secção são a machada, a rosa-dos-ventos, a gota de água e o ICTHUS e o seu pa-trono é S. Pedro. O pioneiro vive sobre a mística do con-hecimento próprio para a descoberta e construção de um mundo novo.

IVª Secção: Caminheiros (lenço vermelho debruado a branco)É composta por jovens adultos dos 18 aos 22 anos e formam o Clã, composto por equipas com nomes de heróis nacionais, santos ou beneméritos da humanidade. Os símbolos da IVª secção são: o evangelho, a mochila, o pão, a vara bifurcada, o fogo e a tenda e o seu patrono é S. Paulo. Durante toda a caminhada, e à medida que vão alcançando todos os objectivos, o caminheiro aproxima-se do Homem Novo, que é Cristo.

Sugestão: Vai conhecer o teu agrupamento e diz quem faz parte da direcção, quem compõe as equipas de animação, que bandos, patrulhas e equipas existem em cada secção e já agora, descobre qual o patrono do agrupamento e quais os patrono de cada secção do agrupamento.

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BADEN-POWELL Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nasceu em Lon-

dres a 22 de Fevereiro de 1857. Foi o quinto dos sete filhos do Rev. Professor Baden-Powell. O filho mais velho Warington, que tinha então treze anos, entrou um ano mais tarde, para o navio-escola Conway. O seu entusiasmo pelo mar era tal que, sempre que tinha férias, levava em excursões de barco os irmãos que já tivessem idade para navegar.

Foi assim que o nosso B.P. aprendeu a manobrar um bar-co, a acampar, a cozinhar e a obedecer às ordens com ra-pidez e elegância.

Fizeram expedições por todo o país e mares vizinhos e assim B.P. aprendeu as regras de exploração da vida ao ar livre.

Em 1869 entrou na Escola da Cartuxa e dois anos mais tarde transferiu-se de Londres para Godalming. A escola possuía uma pequena mata, que estava vedada aos alunos.

B.P. costumava ir para aí observar os animais, apanhar por vezes um coelho, que assava numa fogueira sem fumo (o fumo tê-lo-ia denunciado aos mestres!) e aí desenvolvia as suas habilidades na construção de abrigos e aprendia a usar um pequeno machado.

Era muito popular na escola, mas não um estudante de grande evidência ou um grande atleta, embora tomasse parte em muitas actividades com toda a energia que tinha e esta era considerável. Tinha habilidade para desenhar, para cantar canções cómicas e para representar, e em toda a sua vida usou em cheio de todos os seus talentos.

Em 1876 fez exame de aptidão à Escola do Exército e fê-lo tão bem que imediatamente recebeu a patente de alferes do regimento de Hussardos nº 13, então colocado na Índia. Muito cedo se distinguiu não só pelo zelo no cumprimento dos seus deveres mas também nas habilidades desportivas e boa camaradagem. De tal modo que em 1883, com a idade de 26 anos, era Capitão Ajudante do Regimento. Era perito em exploração e espionagem; tanto assim que foi autori-dade reconhecida nestes assuntos. Como desportista nota-bilizou-se na montaria ao javali – desporto arriscadíssimo mas muito apreciado pela equitação e pela perspicácia que exige no seguimento das pistas. Muitas vezes vagueava so-zinho pelas regiões mais silvestres, observando os animais e aprendendo-lhes os costumes.

Como passatempo, estava sempre desejoso, tanto de cantar

ROBERT BADEN-POWELLChefe Mundial do Escutismo

Nascido a 22 de Fevereiro de 1857Faleceu a 8 de Janeiro de 1941

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uma canção e tomar parte num concerto ou numa ópera, como de pintar um cenário ou desenhar os populares.

O regimento deixou a Índia em 1884 e no regresso a via-gem foi interrompida no Natal (território da África do Sul) porque se receava um conflito com os Boers. Foi durante esta primeira visita àquela região que B.P. entrou em con-tacto com os Zulus. Começou então a colher informações secretas, disfarçado de jornalista.

Em 1887 foi de novo para África como Ajudante de cam-po do seu tio, que era Governador da Província do Cabo. B.P. satisfez o seu primeiro desejo de serviço activo numa campanha contra os Zulus. Foi então que ouviu o coro «In-goniama» cantado por uma coluna de Zulus em marcha. Os nativos deram-lhe o nome «M’hlaha Panzi» - o homem que se deita para disparar – significando que ele tinha cuidado ao apontar ou pensava antes de agir.

Em seguida fez serviço em Malta e simultaneamente foi nomeado Oficial de Informações para o Mediterrâneo. Isto deu-lhe mais aventuras como espião e ensinou-lhe ainda mais de exploração.

Em 1893 foi escolhido para uma missão especial contra os Ashanti.

O rei nativo estava a perturbar a ordem e foi enviada uma expedição para a restabelecer. Isto obrigou-o a uma mar-cha de cerca de 150 milhas através de densos bosques e florestas e a atravessar numerosos rios. Nesta expedição o trabalho de B.P. era a exploração e o pioneirismo; assim aprendeu a maneira prática e útil de construir pontes. Foi quando estava no Oeste Africano que ouviu o ditado: «deva-gar devagarinho se apanha o macaco» que veio a ser o seu ditado preferido.

Pôs um chapéu de «cowboy» pela primeira vez na ope-ração dos Ashanti e os nativos chamaram-lhe, por isso, «Kantankye» ou «chapéu grande». Terminada a expedição, foi promovido a Coronel e pouco depois punha-se a caminho do que ele dizia ser «a melhor aventura da minha vida...» a guerra dos Matabeles.

A terra de Matabeles é agora conhecida por Zimbabwe (antiga Rodésia). Estava então ainda pouco explorada, por aí haver poucos colonos brancos. Os nativos tinham-se su-blevado e massacraram alguns colonos brancos e fugiram

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depois para as montanhas. Ali havia lugares difíceis de atin-gir, pois as suas grandes rochas ofereciam muitos e bons abrigos. B.P. foi encarregado da exploração. A sua tarefa não era nada fácil pois tinha de descobrir o paradeiro do inimigo e o que era mais difícil, como atingir as suas forta-lezas. Perdeu muitas noites nas expedições de exploração mas era tão bem sucedido que quase sempre guiava os sol-dados para o lugar ideal para o ataque. Desenhou mapas absolutamente correctos, de grande valor. Foi durante esta campanha que ele se tornou conhecido como grande ex-plorador. Os Matabeles chamaram-lhe «Impisa» que quer dizer «o lobo que não dorme». Sabia que gritavam com ódio o seu nome e o ameaçavam com toda a espécie de torturas, se lhes viesse a cair nas mãos.

Muitas das suas experiências de observação e dedução, bem como muitos episódios que viveu foram por ele mais tarde aproveitados para a educação dos jovens Escuteiros.

A missão que em seguida lhe foi confiada foi o comando do Regimento de Dragões 5, então em serviço na Índia. Foi com pena que deixou o seu velho regimento; mas lançou-se no novo trabalho com todo o seu habitual entusiasmo e eficiência. Procurou que os seus soldados encontrassem a felicidade mesmo nas dificuldades e procurou conquistar-lhes rapidamente a confiança.

Mas a sua realização mais importante foi nos métodos de treino. Porque a achava importante, procurou que a explo-ração se tornasse popular. Os homens eram divididos em pequenas unidades de meia dúzia - o que nós no Escutismo chamaríamos de Patrulhas – sob o comando de um deles – o nosso Guia de Patrulha. Aqueles que melhor desempenhas-sem os seus deveres tinham o privilégio de usar uma insígnia especial – Flor de Lis – que na bússola indica o rumo Norte.

Em 1899 B.P. regressou a casa, mas logo se lançou noutro empreendimento. Trouxera consigo da Índia o manuscrito de um pequeno livro chamado «Aids to Scouting» (Auxiliar do Explorador) que continha as palestras que fizera aos sol-dados, com os muitos exemplos de observação e dedução.

Ainda antes que o livro fosse publicado já ele estava de novo a caminho da África do Sul, onde se preparava para a guerra com os Boers. A sua missão era organizar uma frente militar pronta para qualquer emergência.

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Quando a guerra estalou estava ele em Mafeking com parte das suas forças. Quase ao mesmo tempo, um exér-cito Boer de 9000 homens pôs cerco à pequena cidade. Não se pode contar aqui em tão pouco espaço, a história do famoso cerco; contudo é justo salientar que foi nele que o nome de B.P. galgou as fronteiras de todos os países, tornando-se conhecido em todo o mundo, pois defendeu a cidade durante 217 dias das poderosas forças inimigas e foi graças à sua alegria e à sua desenvoltura (ao seu «desen-rascamento») que a cidade não foi tomada. Para os Escu-teiros “Mafeking” tem uma grande importância. Os rapazes da cidade foram organizados num corpo, de mensageiros e B.P. impressionou-se pela maneira como eles levavam a cabo as suas missões. Viu que, se lhes fosse confiada qualquer responsabilidade, eles sairiam bem em qualquer ocasião.

Como reconhecimento do seu empreendimento em Ma-feking, B.P. foi promovido a Major-General sendo o mais novo do Exército, e herói do Reino Unido.

Foi-lhe então confiada a importante tarefa de organizar a Polícia Montada Sul Africana. Era um corpo de homens va-lentes, fundado para ajudar na reconstrução do sul-africano depois da guerra; e prestaram excelentes serviços, graças ao treino que B.P. lhes deu em disciplina e responsabilida-de.

Bem organizada a P.M.S.A., voltou à Inglaterra para outra importante tarefa: tinha sido nomeado Inspector Geral de Ca-valaria. De novo encetou mais esta carreira com a dedicação e perspicácia habitual para elevar o nível da Arma de Cavalaria do seu país.

Outro facto, entretanto, chamou-lhe à atenção: vira que o seu pequeno livro «Aids to Scouting» tinha sido adoptado como compêndio na educação da juventude. O fundador da Brigada dos Rapazes, «Sir» William Smith, pediu-lhe que adaptasse os métodos de exploração à formação da juven-tude. B.P. estudou um plano e em 1907 fez um acampa-mento experimental na ilha de Brownsea, com duas deze-nas de rapazes de todas as classes. Este acampamento foi tão bem sucedido que resolveu escrever tudo o que tinha ensinado à volta do «Fogo de Conselho». Assim nasceu o «Escutismo para Rapazes». Foi primeiro publicado em fas-

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cículos quinzenais, nos primeiros meses de 1908. Os rapa-zes buscavam-no por toda a parte e rapidamente formaram Patrulhas com os seus amigos. O número cresceu depressa – pelos fins de 1908 havia 60 000 Escuteiros – e B.P. teve de se esforçar muito para conseguir insígnias, uniformes, cartões de alistamento, etc.

É impossível, por falta de espaço, fazer aqui uma descri-ção pormenorizada da expansão do Escutismo pelo mundo, assim como do admirável trabalho de B.P. pela juventude, nas suas viagens pelo globo.

Todavia será útil dizer uma palavra acerca de B.P.. Afinal que tipo de homem era ele?

Já não é possível vê-lo, nem ouvir a sua possante voz quando falava nos Jamborees. Algumas das suas declara-ções foram gravadas e é possível arranjar algumas delas.

B.P. era uma figura magra, franzina, mas se o visses cer-tamente te admirarias da sua bela cabeça e dos seus olhos bastante expressivos. Era um homem sociável e muitos Es-cutas se lembram ainda com saudades das conversas tidas com ele nos Jamborees. Em Gilwell Park, por exemplo, pas-seava com os seus cães pelo acampamento. E os Escutas depressa viam com profunda amizade a sua presença.

Era um homem simples no seu modo de viver. Dormia numa varanda durante quase todo o ano, levantava-se mui-to cedo, praticava exercício de ginástica depois dava um passeio com os seus cães antes de almoço.

Poucos homens terão trabalhado tanto como ele. Manti-nha uma assídua correspondência, mas nunca se esquecia dos velhos amigos quando procurava adquirir outros. A pes-ca era o seu desporto favorito.

Ocupou-lhe muito tempo e deu-lhe oportunidade de ad-mirar a natureza – um dos maiores prazeres da vida. Pos-suía um grande conhecimento da vida da natureza, sobretu-do da vida dos animais, e nos últimos anos, quando já tinha poucas forças e por isso não podia ir visitar os seus Escutas, dedicava-se ao estudo de animais selvagens e pintava qua-dros que focavam aspectos da vida desses animais.

Os últimos anos passou-os no Quénia onde veio a falecer no dia 8 de Janeiro de 1941, após uma vida inteira de dedi-cação aos jovens.

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História do C.N.E.Registamos aqui alguns factos no decorrer dos 85 anos

de vida do C.N.E

27 de Maio de 1923 – Fundação do Corpo de Scouts Católicos •

Portugueses, em Braga;

Aprovação dos Estatutos do C.S.C.P. pelo Governo Civil de •

Braga;

26 de Novembro de 1923 – A portaria 3824 aprova os es-•

tatutos do C.S.C.P.

26 de Maio de 1924 – Publicação do Decreto nº 9729 que •

confirma a aprovação já dada em Portaria dos Estatutos

referidos e alarga a todo o território nacional o âmbito da

associação;

Fevereiro de 1925 – Sai o primeiro número da «Flor de Lis»;•

25 de Fevereiro de 1925 – O Decreto nº 10589 aprova os •

Estatutos do Corpo de Scouts Católicos Portugueses;

15 de Março de 1925 – É aprovada a nova redacção do Regu-•

lamento Geral do C.N.E;

4 de Abril de 1929 – Principia em Coimbra o 1º Congresso •

Nacional de Dirigentes;

2 de Maio de 1929 – Admissão do C.N.E. no Bureau Mun-•

dial de Escutismo;

29 de Junho de 1932 – O Decreto nº 21434 regulariza a Organiza-•

ção Escutista de Portugal;

13 de Agosto de 1936 – A Organização Escutista de Portugal é •

extinta pela Portaria nº8488;

9 de Maio de 1950 – Aprovação de novos Estatutos do Cor-•

po Nacional de Escutas e Publicação de novo Regulamen-

to Geral;

24 de Setembro de 1950 – O C.N.E. é condecorado com a •

«Medalha de Ouro do Tiradentes» da União de Escoteiros

do Brasil.

5 de Novembro de1950 – A Sede Central do C.N.E. é transferi-•

da de Braga para Lisboa;

19 a 25 de Setembro de 1961 – Conferência Internacional •

do Escutismo, no Seminário dos Olivais, em Lisboa;

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21 de Junho de 1963 – Inauguração oficial do Campo Esco-•

la Nacional Calouste Gulbenkian, em Fraião – Braga;

15 de Agosto de 1966 – 1º Encontro Nacional de Dirigentes, •

em Fátima;

9 de Março de 1975 – Aprovação de novos Estatutos do •

C.N.E., no Conselho Nacional, em Fátima;

16 de Dezembro de 1982 – O C.N.E é condecorado pelo Mi-•

nistro de Qualidade de Vida com a «Medalha de Bons Ser-

viços Desportivos»;

3 de Agosto de 1983 – O C.N.E. é declarado de Utilidade Pú-•

blica, conforme despacho do Primeiro-Ministro, publicado

no Diário da República, II série, nº117 (Despacho de 20 de

Julho de 1983);

1 de Março de 1984 – Entra em vigor o novo regulamento •

Geral do C.N.E.;

31 de Janeiro de 1985 – Lavrada a Escritura dos Estatutos •

do C.N.E, no 11º Cartório Notorial de Lisboa;

12 a 18 de Abril de 1986 – Conferência Europeia do Escutismo •

e do Guidismo, em Ofir.

29 de Novembro a 1 de Dezembro de 1986 – 1º Congresso •

do Escutismo Católico Português «Que Escutismo para o

ano 2000?»;

7 de Maio de 1988 – Inauguração do Centro de Formação •

de São Jacinto – Aveiro;

28 de Maio de 1989 – Inauguração da Sede Nacional do •

C.N.E., na Rua D. Luís I, 34 – Lisboa;

Concessão ao C.N.E. da “Medalha de Honra da Cidade de Lisboa”;•

26 de Maio de 1990 – Inauguração do novo espaço do D.M.F.;•

4 a 11 de Agosto de 1992 – XVIII ACANAC no Palheirão, com •

cerca de 10 000 participantes, sob tema geral: “A Fronteira

do Homem”;

17 de Julho de 1992 – Publicação do Alvará da condecora-•

ção da “Ordem do Mérito”; é publicado no Diário da Repú-

blica nº257 – II série de 6-11-92;

28, 29 e 30 de Maio de 1993 – 70 anos do C.N.E., na feira das •

regiões em Vila Nova de Famalicão;

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Lei, Principios e PromessaNa Sociedade em que vivemos tudo o que fazemos se

rege através de leis, que nos guiam moralmente e nos in-cutem um conjunto de valores pelos quais devemos traçar o nosso caminho.

Também o Escutismo possui um quadro de valores que te procura incutir para que os utilizes na tua vida de forma a que caminhes no sentido do Bem.

Esses valores estão resumidos nos Princípios, na Lei do Escuta e na Promessa e através deles és chamado a com-prometer-te livremente com ideais que te permitem ajudar a construir um mundo mais justo e mais solidário.

Os três PrincípiosOs Princípios do Escuta definem as três dimensões da

vida com que te deves comprometer: Deus, a Pátria e a Família. Cada um deles estabelece um ideal a alcançar, criando metas específicas que visam desenvolver a tua res-ponsabilidade a nível espiritual, social e pessoal.

1.º Princípio: O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.

O verdadeiro Escuteiro assume sem reservas a sua Fé: comprometido com Cristo, em quem confia como Salvador do mundo, assume e honra esse compromisso sem hesi-tação. Toda a sua vida, assim, ilustra a certeza no amor de Deus: é a Ele que se entrega, é Ele que testemunha em todos os momentos, é Ele que o guia toda a vida. E por Ele se entrega aos outros, ajudando-os, numa atitude perma-nente de serviço.

2.º Princípio: O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.Sentir-se filho de Portugal não é assumir nenhum tipo de

nacionalismo. Pensar na pátria é pensar no nosso próximo, é assumir a responsabilidade para a construção de um país justo, economicamente equilibrado e onde a igualdade não é uma utopia.

O bom cidadão é aquele que contribui para o bem do país, servindo-o de todas as formas possíveis. Isto implica usar com moderação os seus recursos naturais, cumprir os de-

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veres cívicos, contribuir para o desenvolvimento da socieda-de e fomentar a solidariedade.

3.º Princípio: O dever do Escuta começa em casa. Ao escuteiro é pedido que pratique boas-acções, que au-

xilie os outros. E o bom Escuteiro compreende que essa responsabilidade começa na sua família. De facto, o Escu-teiro tem que estar, em primeiro lugar, disponível para a sua família: pais, filhos, irmãos,…

Os dez artigos da LeiTal como os 10 Mandamentos, a Lei do Escuta espelha

um conjunto de valores que se espera que desenvolvas e adquiras para a tua vida; valores como a honra, a lealdade, a amizade, o respeito pela natureza, a solidariedade, o respei-to ao próximo, a boa disposição de espírito e a pureza.

1.º A honra do Escuta inspira confiança. Para um escuteiro, ter honra é actuar com honestidade

em tudo o que diz e faz. Isto não implica apenas não mentir: é também não omitir nem actuar com subterfúgios ou às escondidas.

Na prática, significa que o Escuteiro assume que a sua liberdade o leva a agir de forma a nunca ser contrário à verdade, demonstrando a sua coerência de vida:

- aquilo em que acredito é aquilo que ponho em prática (tanto em público como em privado);

- o que eu penso e digo é o que eu faço;- o que eu digo é a verdade;- o que eu me comprometo a fazer faço-o com serieda-

de.Se actuar desta forma – demonstrando que possui uma

só palavra, cumpre as suas promessas, fala com franque-za, é coerente –, o Escuteiro é alguém digno de confian-ça, ou seja, é alguém em quem podemos acreditar e com quem é possível contar.

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2.º O Escuta é leal. Ser leal é ser honesto. É ser fiel às suas convicções, à

sua família, a Deus, aos seus amigos, à sociedade, sabendo agir de acordo com a sua consciência. Um Escuteiro leal respeita as regras do jogo da vida, actuando com coerência e respeito por si mesmo e pelos outros. Não faz batota, não engana, não atraiçoa, não desampara ninguém. “Joga com lealdade e exige jogo leal aos outros.” (B.P)

3.º O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção. Ser útil é ter a capacidade para ajudar os outros em to-

das as circunstâncias em que o auxílio pode contribuir para suprir algumas necessidades. Quem assim procura agir, habitua-se a não orientar a vida exclusivamente para os seus próprios interesses, aprendendo a viver em verdadei-ra comunidade.

Para um Escuteiro, o altruísmo aprende-se através da Boa Acção diária, cuja prática é tão importante incutir em cada Escuteiro. É ela que exercita na arte de fazer o bem; é ela que, pela repetição, acaba por criar em cada um o hábito de estar atento para o bem-estar dos outros e a dis-ponibilidade para os auxiliar. E há-de ser realizada

4.º O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.

Num mundo como o de hoje, onde o egoísmo e a exclu-são são quase banais, a amizade é um valor precioso, pelo que este artigo da Lei do Escuta, que se divide em duas partes, manifesta cada vez mais relevância.

Ser amigo dos teus amigos implica seres capaz de te co-locares no lugar deles, actuando com respeito e solidarie-dade perante as suas necessidades e diferenças e apren-dendo a perdoar. No entanto, este artigo vai mais longe, ao declarar que devemos ser amigos de todos. Com isto, pretende-se não que demonstremos uma amizade profun-da por quem não conhecemos, mas que consigamos ter a disponibilidade interior para aceitar como possível amigo aquele que ainda nos é desconhecido, pondo de lado reser-vas sem sentido relacionadas com raça, credo, sexo, cultu-ra, classe social, nacionalidade, etc.

É este mesmo sentimento de disponibilidade interior que

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nos torna capazes de nos sentirmos irmãos de outros escu-teiros. A começar pela tua própria equipa, por vezes o sítio onde é mais difícil viver a fraternidade, por ela ter de ser permanente. A partir deste valor podemos ter a certeza que podemos encontrar um verdadeiro irmão em cada escuteiro que se cruzar no nosso caminho.

5.º O Escuta é delicado e respeitador.O respeito é o sentimento que nos leva a sentir consideração

pelos outros, a ter em conta os seus direitos e a tolerar diferentes ideias e que nos inibe de qualquer vontade em lhes causar dano.

Esta consideração pela dignidade do outro traduz-se, na prática por atitudes de delicadeza, que mais não é do que a forma amável, sensível e afectuosa como tratamos os de-mais, evitando chocá-los, magoá-los ou melindrá-los. Nes-te contexto, mesmo a frontalidade é usada de forma equili-brada, sem recurso à grosseria.

Assim sendo, o Escuta deve procurar não apenas ter ati-tudes exteriores de delicadeza para com os outros, mas também sentir consideração profunda pela sua dignidade, independentemente das diferenças sociais que possam existir. Este sentimento, nem sempre fácil de inculcar, é de máxima importância: o respeito é a base a partir da qual conseguimos viver em paz com os outros.

6.º O Escuta protege as plantas e os animais. Segue os passos de S. Francisco de Assis e de S. Paulo e

concebe este artigo da lei, através do qual todo o Escuta é impelido pela consciência a assumir como seu dever a defe-sa dos outros seres que, criaturas de Deus como o Homem, habitam o planeta.

Isto não se faz apenas com grandes gestos: não pisar uma formiga, não arrancar uma flor são pequenas acções que não mudam o mundo, mas que nos permitem preservar a beleza que Deus criou para que outros usufruam dela.

Um bom escuteiro é aquele aprecia e preserva a Nature-za, servindo-se dela apenas quando tal é necessário para a sua subsistência. Assim se cultiva o sentido da responsabi-lidade perante as maravilhas de Deus, hoje tão exploradas e votadas ao desprezo.

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7.º O Escuta é obediente. Todos os grupos possuem regras que assumimos como

necessárias para o bem-comum e que evitam a anarquia e o caos. É assim que surgem as leis, os regulamentos, as normas, os valores. A obediência enquadra-se no respeito por estas regras: de facto, surge quando um indivíduo se sente completamente livre, no seu íntimo, para acatar as ordens de outro que possui uma autoridade legítima e glo-balmente aceite pelo grupo em que se insere.

É nisto que a obediência se distingue da submissão: so-mos obedientes quando, em plena consciência, reconhe-cemos como legítima e necessária uma determinada auto-ridade, aceite por todos; somos submissos quando, numa relação de poder em que a lei é a do mais forte, acatamos ordens por medo ou vergonha.

8.º O Escuta tem sempre boa disposição de espírito. A alegria é, sem dúvida, uma das características que se

deve apontar a todo o escuteiro. Aquela alegria pura de quem tem a consciência tranquila, de quem se sente bem consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. Quem assim procede consegue dominar os seus sentimentos como a raiva ou a tristeza, revelando capacidade e força interior para enfrentar os maiores desaires. Mais: vivendo assim, o escuteiro opta por viver a vida com optimismo, preferindo a esperança à preocupação e ao medo e assim, por mais difícil que seja o caminho, por mais desespero que se pos-sa sentir, um Escuteiro espera sempre, em Deus, por dias melhores e sorri.

9.º O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio. Um escuteiro sóbrio vive sem exageros, tanto a nível de

pensamento como de acções. Assim, por um lado conten-ta-se com o que tem, não tendo inveja do que os outros conseguiram; por outro lado, procura ter uma vida equili-brada, sem os exageros que todos os vícios implicam e sem desperdiçar o seu tempo.

Este comedimento envolve também o controlo do di-nheiro. Por isso defende também que o escuteiro deve ser

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económico: não gasta o seu dinheiro em inutilidades, não esbanja tudo o que tem, não arranja dívidas atrás de dívidas, é capaz de amealhar para se sustentar quando for neces-sário.

Por fim, o equilíbrio envolve também o respeito pelos bens dos outros: quem é sóbrio e económico valoriza o que faz e o que tem e, consequentemente, procede de igual forma para com os outros. Assim, protege o que lhe emprestam como se fosse seu e restitui-o quando já não precisa; devolve o que encontra ao seu legítimo dono; não rouba; não vandali-za propriedade alheia

10.º O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções.

Quando procura a pureza de pensamentos, o Escuta evita o egoísmo e a inveja e procura que todas as suas intenções e ideias sejam pautadas pela verdade, tolerância e hones-tidade.

Já a pureza nas palavras não se resume a evitar uma lin-guagem obscena e que choca os demais; implica também a capacidade de não fazer nada que possa pôr em causa a imagem de alguém: mexericos, rumores, acusações sem fundamento, chacota, etc.

Por fim, a pureza das acções impele o escuteiro a evitar todos os comportamentos potencialmente prejudiciais. Isto implica a renúncia a tudo o que atenta contra a sua própria dignidade. O corpo, criado por Deus à sua imagem e se-melhança, é templo a respeitar e todos os comportamentos prejudiciais para a saúde devem ser evitados. Mas há mais. O escuteiro não se defende apenas a si: ser puro em acções é também evitar tudo o que pode atentar contra a saúde e dignidade do outro. Por isso, nunca o escuteiro compele os outros a comportamentos prejudiciais, humilhantes ou ilíci-tos. E protege todos os que não se podem defender.

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Oração do Escuta“Ser leal para com Deus significa nunca te esqueceres

Dele e recordá-Lo em tudo o que fazes. Se nunca O esque-ceres, nunca farás nada de mal. E se te lembrares Dele quando estiveres a fazer qualquer coisa errada, deixarás logo de a fazer. Deus tem sido bom para contigo, por isso cabe-te fazer alguma coisa em troca que Lhe agrade; é esse o teu dever para com Deus.”

Baden-Powell

A Oração do Escuta foi criada a partir de um texto de San-to Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e foi adaptada ao escutismo católico pelo Padre Jacques Sevin, jesuíta francês, fundador da Associação Scouts de France. É utilizada como a Oração do Escuteiro em várias associa-ções escutistas de todo o mundo.

A Oração do Escuta sintetiza dois aspectos essenciais da vida cristã, o Amor a Deus e o Amor ao próximo.

Ao longo da Oração do Escuta podemos pedir a Deus que nos conceda os valores pelos quais regemos a nossa vida enquanto escuteiros, valores esses presentes na Lei do es-cuta:

Senhor Jesus,

Ensinai-me a ser Generoso (GENEROSIDADE),

A servir-vos como vós o mereceis (SERVIÇO A DEUS)

A dar-me sem medida (SERVIÇO AOS OUTROS)

A combater sem cuidar das feridas (PERSEVERANÇA)

A gastar-me sem esperar outra recompensa (CAPACIDADE DE ENTREGA)

Se não souber que faço a Vossa vontade Santa (FÉ)

Amén

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Escutismo para rapazesO Escutismo para Rapazes é um livro escrito por Baden

Powell, fundador do escutismo, no princípio do século XX. Numa primeira fase de edição foi publicado em fascículos quinzenais, denominados Palestra de Bivaque.

Baden Powell, logo na edição original chamou-lhe: Ma-nual para Instrução do Bom Civismo, no qual através de narrações, histórias, relatos da sua experiência, B.P dá con-selhos e instruções aos escuteiros da altura auxiliando-os assim na vivência das suas actividades.

O Escutismo para Rapazes é composto por 26 Palestras de Bivaque, compiladas em 11 capítulos que fornecem a qualquer escuteiro, mesmo nos nossos dias, conhecimen-tos indispensáveis até ao escuteiro mais inexperiente.

Os capítulos do Escutismo Para Rapazes são os seguin-tes:

1.Arte do Explorador2.Actividades de Campanha3.Campismo4.Seguimento de Pistas5.História Natural6.Resistência do Escuteiro7.Fidalguia do Escuteiro8.Salvamento de Vidas9.Os Nossos Deveres de Cidadãos

Mais que um livro, o Escutismo para Rapazes, deve ser encarado como um manual do Escuteiro, de onde devemos retirar os ensinamentos que o nosso fundador nos deixou.

Sugestão: Escolhe uma palestra de Bivaque e apresenta-a à tua equipa e/ou grupo.

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Beato Nuno de Santa MariaNuno nasceu nos arredores do Crato, em 24 de Junho

de 1360, dia de S. João Baptista. Filho de Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem Militar dos Hospitaleiros ou do Crato. Em casa do pai recebeu a mais aprimorada educação.

Durante três anos, residiu na corte a pedido do pai, para que junto do rei fosse completada a sua educação. Aos 16 anos casou com D. Leonor de Alvim no dia 15 de Agosto de 1376. Deste casamento, cedo interrompido pela morte da es-posa, ficou-lhe uma filha D. Beatriz, mais tarde casada com o 1º Duque de Bragança.

Em Outubro de 1383, com a morte de D. Fernando, Nuno decidiu comprometer-se em cheio na salvação da sua Pátria.

No final de 1383, precipitam-se os acontecimentos, o Mestre de Aviz é proclamado pelo povo simples e livre, Rege-dor e Defensor do Reino. Este logo chamou o Condestável. O Alentejo era invadido pelos castelhanos e o povo pedia ajuda. D. João, conhecendo perfeitamente as qualidades de Nuno, nomeia-o “Fronteiro Mor do Alentejo”.

A 6 de Abril de 1384 dá-se a Batalha de Atoleiros. Nuno en-frentou os castelhanos que avançavam. Ele era de uma alegria irradiante, manifestando-o no sentimento seguro e tranquilo de confiança que as suas palavras despertavam no espírito de todos. E triunfaram do poderoso e bem adestrado exército invasor.

A 6 de Abril de 1385, o Mestre de Aviz é aclamado Rei de Portugal e D. Nuno recebe do soberano as funções de Condestável, comandante supremo do exército português.

Nuno esteve presente na Batalha de Aljubarrota e na Batalha de Valverde, em qualquer uma delas Nuno contribuiu imenso para a vitória, nesta última desapareceu e todos o procuravam, encontraram-no “entre dois penedos a rezar, com os joelhos postos na terra e as mãos e olhos alçados ao céu”. Nuno despediu-se da sua vida militar em 1415 na expedição militar de Ceuta.

Esta é a traços largos a sua carreira de soldado, vista por fora. Vista por dentro, como nos aparece?

Nun’Álvares Pereira era uma personalidade fortíssima e com uma força criadora impressionante. Mas tudo lhe vinha da alma treinada silenciosamente no culto dos grandes va-lores da vida. Foi um Homem do seu tempo, profundamente marcado pelo ideal da Cavalaria, então considerado uma das expressões mais belas da existência. As palavras da sua in-vestidura de cavaleiro gravam-se-lhe para sempre no espírito

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e marcaram-lhe os rumos da vida, jogado por completo entre o serviço de Deus e dos portugueses. Exigia dos soldados a afirmação de virtudes morais, que mais que ser soldados os tornassem dignos de ser homens e cristãos.

Vencidas as grandes batalhas da independência e assinado o tratado de paz e aliança perpétua com o reino de Castela em 31 de Outubro de 1411, Nun’Álvares começou a orientar a sua vida para o convento. Em Nun’Álvares, o combatente e o monge, o cavaleiro e o professo são apenas duas faces de uma só existência, superiormente inspirada por um único ideal de serviço.

Quando lhe morreu a filha D. Beatriz, único afecto humano que lhe restava no mundo, tomou a resolução de ir para o convento do Carmo que ele próprio mandara construir e que fora dedicado a Nª Sª do Vencimento, em memória da Batalha de Valverde, e entregue aos frades carmelitas.

Em 1423 entrou nos Carmelitas, onde por humildade não consentiu que lhe chamassem outro nome a não ser simples-mente Nuno. Mais tarde acrescentou de Santa Maria: Nuno de Santa Maria. No convento levou uma vida extremamente simples e modesta. Tendo antes distribuído tudo o que tinha, dava agora a sopa aos pobres à porta do convento e com eles partilhava também a única tença que recebia de D. Duarte.

Foi assim que terminou os seus dias o homem mais rico de Portugal, de mãos vazias como chegara ao mundo, em silên-cio, em simplicidade, em oração decorreram mansamente, vagarosamente os últimos oito anos da sua vida.

No dia 1 de Abril de 1431 domingo de Páscoa, com a idade de 71 anos incompletos ocorreu a sua morte. Os seus restos mortais encontram-se hoje na igreja do Santo Condestável desde 1951.

Em 23 de Janeiro de 1918, o Papa Bento XV proclamou-o Beato.Há homens que se tornam notáveis ou porque deram das

suas virtudes um grande exemplo ou pela transcendência da obra que deixaram. Beato Nuno foi-o por uma e outra causa e pelo alto exemplo da sua vida. É fácil descobrir nesta biografia as razões pelas quais o Beato Nuno de Santa Maria é o Pa-trono do C.N.E.. Nele se vê o modelo do escuteiro que quer cumprir a sua promessa: «Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria, auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias e obedecer à lei do Escuta».

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Organização da IIIª SecçãoDenomina-se Grupo Pioneiro à Unidade formada pelas

Equipas de Pioneiros e Equipa de Animação. Os Pioneiros organizam-se em equipas de 4 a 8 el-• ementos;Cada Grupo de Pioneiros tem de duas a cinco Equipas;• Aconselha-se que as Equipas sejam mistas;• Cada Equipa é efectivamente dirigida por um Guia de • Equipa, escolhido pelos seus membros, com a aprova-ção do Chefe de Grupo, que deve promover a sua no-meação em Ordem de Serviço de Agrupamento;Para o coadjuvar e substituir no seu impedimento, o • Guia de Equipa nomeia um Sub-Guia de Equipa;Quando conveniente pode o Grupo escolher um Guia • de Grupo, este deve ser eleito por voto secreto indi-vidual no Conselho de Grupo; Cada Equipa identifica-se por nome de um animal ou • Santo da Igreja, ou um benemérito da Humanidade ou herói nacional, cuja silhueta figura na insígnia respec-tiva e cujas cores distinguem os seus membros;Cada Equipa adopta um grito e um Lema;• O Grito de Equipa só pode ser usado pelos seus ele-• mentos e serve como sinal de aclamação ou reunião;O Conselho de Guias é composto por: Chefe de Uni-• dade, Chefe de Unidade Adjunto, Assistente de Agru-pamento e pelos Guias e Sub-guias das Equipas;Os Guias têm voto deliberativo; os Sub-Guias voto con-• sultivo, salvo quando substituam os respectivos guias;O Chefe de Grupo tem direito de veto, mas só o deve • utilizar em caso de estrita necessidade motivada por graves razões de ordem moral ou pedagógica;O Conselho de Guias delibera sobre todos os interesses • de carácter geral para o Grupo, como: gestão, disci-plina, formação, projectos, programação, etc…As deliberações do Conselho de Guias são registadas • em livro próprio e mantidas secretas;O Patrono da Secção é São Pedro;• A sede dos Pioneiros é chamada de Abrigo;• As actividades de secção são designam-se por: Em-• preendimento.

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Cargos das EquipasDentro da Equipa, é conveniente que todos possuam um cargo, na medida em que este constitui uma forma de mo-tivar a participação do Escuteiro e de desenvolver o seu sentido de responsabilidade individual e de utilidade para o bem-estar dos outros.Recomenda-se que existam pelo menos os seguintes cargos básicos:

> Guia,> Sub-guia,> Secretário/Cronista,> Tesoureiro,> Guarda do material.

Poderão ainda ser desempenhados os cargos complemen-tares de:

> Animador,> Socorrista/Botica,> Intendente> Informático.

Cargos Básicos

> Guia

O cargo de Guia é muito importante, pela capacidade de liderança que implica. De facto, numa unidade onde é cor-rectamente implementado o Sistema de Patrulhas, o Che-fe tem no Guia um grande aliado na condução do Grupo: ele actua como intermediário entre a Equipa de Animação e os restantes escuteiros e é a ele que compete (e nunca ao Dirigente) a liderança da patrulha.Deve:

Dirigir e animar a sua Equipa;• Distribuir tarefas e cargos;• Transportar a bandeirola da Equipa;• Representar a Equipa nos Conselhos de Guias;• Nomear o Sub-Guia, ouvida a Equipa.•

Este ‘poder’ que o cargo de Guia tem atrai, por norma, a todos os elementos da Equipa, que assim aspiram a vir a exercer tarefas contínuas de liderança. No entanto, e pelas

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consequências negativas que uma má escolha acarreta, há que ter especial atenção à sua eleição. De facto, um mau Guia, incapaz de liderar, de assumir a Lei ou de assumir responsabilidades, dá origem a Equipas fracas, desorgani-zadas ou que não conhecem o espírito de corpo.

> Sub-guia

O papel do Sub-Guia é de coadjuvar ou substituir no seu impedimento, o Guia da Equipa.As atribuições do Sub-Guia serão as mesmas do Guia, quando este estiver ausente, devendo acumular com ou-tra função, no seio da Equipa.

> Secretário/Cronista

É o escuteiro a quem compete, escrever, relatar, arquivar, anotar, etc., tudo o que se refere a vida e história da sua equi-pa.Deve:

Fazer cobertura, texto, som e imagem, de todas as activi-• dades levadas a efeito pela sua equipa, desde as reuniões até aos grandes empreendimentos, sempre que o assun-to seja tema para algum “apontamento de reportagem”.Registar o que de importante se passa nas reuniões e • conselhos, em que participa com a equipa;Ter a seu cargo o tratamento de toda a correspondên-• cia (enviada e recebida) da equipa, bem como outro tipo de documentação;Ser o correspondente da equipa na redacção do jornal • do grupo, ou noutros que porventura necessitem da sua participação ou colaboração;Ser o responsável pelos meios de comunicação da • equipa, jornal, placar, cartazes, audiovisuais, etc.

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> Tesoureiro

É o Escuteiro que trata dos problemas financeiros, mate-riais, contabilísticos da Equipa.Deve:

Gerir as receitas, orçamentar as despesas, apresentar • os seus livros e a caixa, sempre que lhe seja solicitado;Elaborar o orçamento da equipa, ouvidos todos os seus membros;• Manter actualizada a contabilidade e a conta-corrente • da equipa.

> Guarda do Material

É o escuteiro que vigia todo o material a seu cargo, que se preocupa com a sua conservação e arrumação, que o distribui e recolhe. Deve:

Inventariar e catalogar o equipamento e material da equipa;• Controlar as suas saídas e entradas;• Prever o equipamento necessário e requisitar o mesmo • para as actividades da equipa.

Cargos Complementares

> Animador

É o escuteiro que tem a difícil tarefa de “quebrar o gelo”, porque lida com pessoas e cada uma tem o seu feitio/per-sonalidade. Deve:

Sugerir várias hipóteses de animação, pode propor, • mas é o grupo que dispõe e que tem de dar a sua opi-nião sobre aquilo que o Animador propôs. Coordenar as cerimónias e rituais; • Preparar os novos elementos da equipa para estas ce-• rimónias; Transmitir o historial da equipa; • Coordenar a encenação das actividades da equipa; •

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Planificar e coordenar o protocolo da equipa;• Ser o responsável pela animação dos fogos de conse-• lho, convívios, vigílias, celebrações e outras festas;Seleccionar e preparar os diferentes tipos de anima-• ção, bem como os textos, as músicas e os equipamen-tos audiovisuais; Manter actualizado o repertório cénico da equipa, bem • como o guarda-roupa necessário à sua execução.

> Socorrista/ Botica

É o escuteiro que está “Sempre pronto” em todas as emer-gências, e se preocupa com a prevenção e segurança – o bem estar – de todos os seus companheiros.Deve:

Transportar da farmácia da equipa, sendo o responsável • pelo seu conteúdo e em renovar os produtos;Tratar de ferimentos, dos doentes e apoiar regularmen-• te o encarregado da Divisão nesta área;Conhecer as principais regras de segurança e de pro-• tecção;Ajudar a formação dos seus elementos na aquisição da • especialidade de Socorrista;Procurar obter um diploma de Socorrista (por exemplo • na Cruz Vermelha Portuguesa)

> Intendente

É o escuteiro que trata da alimentação da sua equipa.Deve:

Alimentar convenientemente os seus companheiros;• Saber tratar e combinar os nutrientes de cada uma das • receitas;Cumprir os horários;• Variar as ementas;• Elaborar as ementas das refeições para a sua equipa, • de acordo com os princípios dietéticos; Elaborar a lista dos géneros e quantidades necessárias • para a confecção das refeições;

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Distribuir tarefas na preparação e confecção das refei-• ções;Orientar a equipa de cozinha na confecção das refei-• ções.

> Relações Públicas

É o escuteiro que deve reunir algumas qualidades:Deve:

Saber falar bem;• Sentir-se à vontade para falar com outras pessoas;• Manter uma boa apresentação (imagem). •

> Informático

É o especialista da Equipa no relacionamento com pessoas e entidades exteriores.Terá como principais atribuições:

Estabelecer contactos, nos mais diversos níveis com en-• tidades exteriores;Reunir informação relativa a locais de realização de ac-• tividades (informação histórica, cultural);Manter informações sobre a Equipa na Internet; (ex: Sí-• tio da Patrulha, Blogue, Hi5, Mailing List, etc.)Gerir todos os Ficheiros Informáticos usados na Equipa • (ex: Documentos, Imagens, Cartazes, Fotografias)

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Mistica e Simbologia da IIIªSecçãoA Igreja em construçãoSinal da chegada à Terra Prometida, o estabelecimento da Nova e Eterna Aliança marca o início de um tempo novo. Cris-to, com palavras e obras, inaugura na terra o Reino de Deus e institui a Sua Igreja para ser portadora desta novidade.Pedra viva do Templo do Senhor, o Pioneiro é chamado a as-sumir o seu lugar na construção da Igreja, colocando os seus talentos ao serviço da Comunidade e assumindo a tarefa de ser construtor de comunhão.

O imaginário da Terceira Secção gira todo à volta do Pioneiro, aquele que, depois da descoberta do mundo que o rodeia, é assolado por um sentimento de insatisfação, de um ímpeto de fazer diferente, de mudar, de inovar, que o leva a soltar-se do que considera supérfluo para pôr mãos à obra na constru-ção e concretização do seu sonho, das suas ambições. Nesta tarefa preocupa-se em conhecer o que há, em saber o que já foi feito por outros, em conhecer e melhorar as suas próprias capacidades, em adquirir as ferramentas de que precisa.Reúne, a seguir, as vontades para o seu empreendimento. O Pioneiro prefere trabalhar em equipa, em conjunto, e o seu querer e o dos outros é capaz de, realmente, transformar, inovar, construir. O Pioneiro é o insatisfeito, o que primeiro inova e primeiro constrói a comunidade.Reconhecemos este perfil em Pedro, o pescador de homens e construtor da Igreja nascente,reconhecemo-lo nos primeiros navegadores e nos primeiros colonos das novas terras do Novo Mundo, mas, também, nos primeiros astronautas, nos cientistas e nos investigadores da modernidade e no rosto de cada adolescente.

O Pioneiro que vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir, sendo fiel a si próprio e aos seus sonhos, facilmente se revê nos símbolos Gota de Água, a Rosa-dos-Ventos, a Machada, e o Icthus (Peixe, símbolo dos primeiros cristãos).

Para alguém que sente necessidade de mudar, de construir o seu espaço e o seu mundo onde nada existe, estes símbo-los apresentam-se como ferramentas de transformação:

A Gota de Água é símbolo da pureza. É para nós, também, o símbolo do próprio pioneiro, do jovem enquanto pessoa, indi-víduo. Procuramos que seja transparente — consigo próprio e com os outros. Que seja alento e alimento para os que o rodeiam, Que consiga fazer parte de um grupo, juntar-se a outras gotas e tornar-se torrente. Nesta individualidade pro-curamos salientar o SABER. O saber-Ser, o saber-Estar, o saber-Fazer e todos os outros saberes que vêm ao cimo, re-

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sultado do combate que o pioneiro trava consigo próprio pela marca da individualidade.

A Rosa dos Ventos é símbolo do rumo certo, da boa escolha, da de-cisão ponderada. É para nós, também, o símbolo daquilo que é a vida do pioneiro, nas suas escolhas, na sua atitude, no que quer dos outros.Procuramos que tome sempre o rumo certo, que esteja pre-parado para optar, para escolher… que possa falhar, errar, mas em segurança, e que aprenda, que tire das experiências lições de vida. Que seja, de igual modo, portador de vontades, agregador de desejos e de disponibilidade. Procuramos, com a Rosa dos Ventos, salientar o QUERER. A importância da es-colha, das suas consequências, mas, também, a importância da vontade, da disponibilidade.

A Machada é símbolo da construção, da acção. É para nós, tam-bém, o símbolo daquilo que é o potencial do pioneiro, das suas capacidades, da sua energia transformadora, do resultado final da combinação do que quer com o que sabe... Procuramos que esteja apto a fazer, que domine a técnica, que consiga converter o sonhado, o desejado, em matéria, em realização e realidade. Procuramos, com a Machada, salientar o AGIR.

O Icthus é símbolo da presença de Jesus Cristo, entre os homens, que estabelece para sempre a nova e eterna Aliança. O peixe simboliza Jesus Cristo – a palavra peixe, em grego, escreve-se Icthus, que foi, pelos primeiros cristãos perseguidos, adoptado como acróstico de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” (Iesus Christos Theou Uios Soter), e símbolo secreto de identificação mútua. É para nós, também, o símbolo da evidência e da mate-rialização de Deus à nossa frente, como alimento do corpo e da alma. É, também, símbolo do patrono, São Pedro, um pescador que, convertido, se tornou pescador de homens e testemunho da construção do novo reino inaugurado por Cristo. Procuramos que para o pioneiro o Icthus seja símbolo de fé, mas também de lógica e racionalidade assente na incarnação do Verbo de Deus, na «materialização» de Deus em Cristo, pois fé e razão não se contrapõem. Procuramos, com o Icthus, salientar o ACREDITAR consciente.

Os Pioneiros podem ainda ser chamados a seguir o exemplo de algumas figuras bíblicas e santos que serão também para eles modelos de vida: S. João de Brito, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Catarina de Sena. E também o exemplo de gran-des Pioneiros da História, como Leonardo daVinci. Pe. Antó-nio Vieira, Einstein, Marie Curie, Florence Nightingale, Isadora Duncan, etc.

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Patrono dos PioneirosSÃO PEDROHavia em Betsaida, na margem norte do Lago de Tiberí-ades, na Galileia, um pescador chamado Jonas em ara-maico, e João em grego. Tinha dois filhos: Simão e An-dré. Estes tinham recebido alguma instrução na sinagoga onde aprenderam a Lei. Jovens associaram-se ao pai na vida de pescadores. Simão casou e instalou-se na cidade vizinha de Cafarnaum. Pelo ano 28 da nossa era, constou que tinha aparecido um profeta das margens do Jordão, era João Baptista, André e Simão foram escutá-lo e torna-ram-se seus discípulos. No dia seguinte, André encontrou o irmão Simão. Cheio de alegria confessou-lhe: - “ Encon-trámos o Messias”!E contou-lhe tudo o que se tinha passado com ele e João, na véspera. Simão, naturalmente, ficou também desejoso de se encontrar com Jesus. Então os dois foram à procura desse homem extraordinário, de quem André dissera tan-tas maravilhas. Quando finalmente O encontraram, Jesus fixou o olhar em Simão e disse-lhe: - “Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro ou Pedra…”Simão tinha uma natureza ardente, muito recta; deixou-se atrair pelo Mestre, seguiu-O pela Galileia e no decurso dum banquete de casamento, em Caná, viu o seu primei-ro milagre… Um dia mais tarde, na região de Cesareia de Filipos, Jesus perguntou aos discípulos que O rodeavam: - “E vós, quem dizeis vós que Eu sou”? Simão, tomando a palavra, em nome de todos, respondeu com toda a sin-ceridade: - “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo.” Por isso Jesus respondeu-lhe: - “Bem-aventurado és, Simão, filho de João, porque o que acabas de afirmar não te foi reve-lado pela carne nem pelo sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E Eu te digo que és Pedro, e sobre esta pedra (que és tu) edificarei a minha igreja. E as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na terra será tam-bém ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra será igualmente desligado nos céus.” (Mt. 16)

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O PECADO DE S. PEDROQuando Jesus Cristo elegeu S. Pedro para ser Papa, sabia que ele cometeria um grande pecado; e mesmo assim, não escolheu outro apóstolo mais santo. Escolheu-o a ele! Por isso, lhe disse: - “Simão! Simão! Olha que Satanás anda trás de vós para vos joeirar como se faz ao trigo; mas Eu roguei por ti, para que não pereças; e tu, quando convertido, confirma os teus irmão na fé!”- “Senhor – respondeu Pedro – eu estou disposto a ir con-tigo para a prisão ou para a morte.” Mas Jesus assegurou-lhe: - “Ó Pedro! Nesta mesma noite, antes que o galo can-te, tu me negarás três vezes!” Mas Pedro apesar dos seus protestos, esqueceu-se e, à voz de uma simples mulher que o acusava de ser discípulo do Nazareno, jurou que não O conhecia… Negou-O três vezes, e à terceira o galo cantou. Então é que se recordou das palavras do Mestre. Dando-se conta do seu pecado, chorou amargamente e Jesus perdoou-lhe. Por causa da sua tripla negação, Je-sus obrigou-o a fazer um triplo acto de amor: - “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”- “Senhor, Tu sabes bem que Te amo” – repetiu Pedro com grande humildade.

O PENTECOSTESQuando Jesus subiu ao céu, deixou na terra pouco mais de quinhentos discípulos. Estes, ao ver o que se tinha su-cedido ao Mestre, estavam naturalmente assustados. Mas aconteceu que, no dia do Pentecostes, estando os onze reunidos em oração conjuntamente com a Santíssima Vir-gem, sobreveio de repente um grande ruído, semelhante a tremor de terra, e ao mesmo tempo apareceram umas línguas de fogo que se repartiram sobre todos eles, e fica-ram cheios do Espírito Santo. Então Pedro, como chefe e superior da assembleia, apareceu na varanda e começou a pregar com grande coragem.

OBEDECER ANTES A DEUS DO QUE AOS HOMENSOs apóstolos continuavam a fazer muitos milagres e pro-dígios no meio do povo. Todos os que estavam enfermos

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procuravam Pedro para que este os curasse. Alarmados com tudo isto, os príncipes dos sacerdotes prenderam Pedro e João. Mas de noite, o Anjo do Senhor abrindo as portas, pô-los em liberdade e mandou-os voltar a pregar no Templo. Então o sumo sacerdote disse-lhes: - “Então não vos tínhamos formalmente proibido de voltar a ensi-nar nesse nome?” Pedro respondeu: - “É verdade, mas é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens…”

OUTRA VEZ NA PRISÃOHerodes mandou encarcerar Pedro e metê-lo na prisão. Para dormir, fazia-o atado a vários soldados, para terem a certeza de que não fugiria. O rei tinha pesado mandá-lo matar depois da festa da Páscoa. Entretanto toda a Igre-ja rezava incessantemente por ele. E aconteceu que, na noite anterior à data em que Herodes pensava matá-lo, enquanto dormiam, o Anjo do Senhor apareceu, tocou no ombro de Pedro, acordou-o e logo as cadeias com que estava preso aos soldados se soltaram e lhe caíram aos pés. O Anjo disse-lhe: - “Pega na capa e segue-me!” Pe-dro ia atrás do Anjo, mas não acreditava no que lhe estava a acontecer. Julgava que era um sonho…

BISPO DE ROMADepois de confirmar na fé os irmãos de Jerusalém, Pedro partiu para Roma, que era tida como a capital do mundo. Foi Bispo de Roma pelo espaço de cerca de 25 anos, até que morreu vítima do imperador Nero. Diz a tradição que, ao recear a perseguição e sabendo os cristão do interesse que o imperador tinha de encontrar o seu chefe, conven-cidos da importância da sua vida para a Igreja, já conse-guiram que saísse durante algum tempo para um lugar menos perigoso. Mas quando Pedro se dispunha a sair da cidade, eis que encontra inesperadamente o seu Senhor e Mestre Jesus, que vem em direcção a Roma com uma pesada cruz às costas. Pedro, ao vê-lO, humilde e confu-so, apenas soube dizer: - “Para onde vais Senhor? Quo vadis, Domine? O Salvador respondeu: - “Vou para Roma para ser crucificado outra vez”. A visão desapareceu, mas

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Pedro compreendeu a lição: Aquela cruz que o Mestre tra-zia era a sua própria cruz, que ele devia aceitar com toda a coragem. Regressou rapidamente, decidido a continuar em Roma e a aceitar o tormento ou a cruz que o Mestre quisesse enviar-lhe.DE CABEÇA PARA BAIXOA polícia romana não tardou a prendê-lo. O imperador Nero condenou-o ao suplício da cruz. Mas Pedro considerou que era uma honra demasiada morrer como o seu Mestre. Por isso, pediu para morrer de cabeça para baixo, o que lhe foi concedido.

S. Pedro foi o Apóstolo escolhido por Cristo para presidir à Igreja nascente, é tão importante quanto humilde. Foi Deus quem quis tornar forte o que antes era fraco e, ape-sar das limitações e debilidades humanas deste Apóstolo, quis com ele empreender a obra grandiosa de construção da Igreja de Cristo. Nesse sentido, S. Pedro é pioneiro de um tempo novo, o tempo da vida «com Cristo», o tempo das primeiras comunidades que partilharam os ensina-mentos do Filho de Deus.

E se agora fosses tentar saber mais do Patrono do teu Grupo Pioneiro?

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Vivência em EquipaJá deves ter notado que a vivência da Equipa em que es-tás integrado, tem muito a ver com o totem escolhido da mesma. Nela todos os elementos têm um cargo espe-cífico, pois só assim é possível que todas as tarefas se-jam realizadas, sem que haja atropelos. Propõe assim a definição de um cargo para ti, de modo a que sejas útil ao conjunto, e desempenha-o o melhor que souberes. Se tiveres dificuldade não tenhas vergonha de solicitar ajuda, pois só assim poderás “crescer”. Procura pois impregnar-te do espírito reinante na Equipa, para que não sejas mais um elemento mas sim um deles. Deseja-se que possas participar com a tua Equipa, num Empreendimento do Grupo. Assim estarás presente em todas as suas fases, começando por criarem um projecto, proceder à escolha do melhor num Conselho de Grupo e depois toda a sua preparação, onde de certo terás um papel importante a desempenhar. Depois do empreendimento terás também uma palavra na sua avaliação: o que gostaste mais, o que não gostaste, o que foi interessante,… Por fim, com todo o teu Grupo, estarás na festa, primeiro com Jesus para agradecer aqueles momentos e depois em comunhão com os outros Pioneiros que partilharam com alegria nas aventuras que ocorreram.

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Áreas e Trilhos educativosNo caso dos Pioneiros, os nomes propostos para as etapas de progresso são:1.ª Conhecimento (aprofundado do Mundo)2.ª Vontade (de mudar o Mundo)3.ª Construção (de uma “nova Cidade”)O Sistema de Progresso assenta em conhecimentos, com-petências e atitudes, com base das 3 vertentes do saber: o saber saber, o saber fazer e o saber ser.No caso do CNE, pretende-se que a dinâmica de progresso vá de encontro aos objectivos definidos para os trilhos e estes para as áreas de desenvolvimento.Progredir significará assim atingir objectivos, ao invés de aumentar o nível de proficiência em conhecimentos, com-petências e atitudes que o jovem já dominava.Cada uma das 3 etapas será variável e compõem-se da seguinte forma:- Existem 6 áreas de desenvolvimento: afectivo, carácter, espiritual, físico, intelectual e social.- Cada área de desenvolvimento contém 3 trilhos educa-tivos.- Cada trilho educativo contém 2 ou mais objectivos edu-cativos.Cada Pioneiro constrói a sua etapa de progresso, selec-cionando 1 trilho de cada uma das diferentes áreas de de-senvolvimento.

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Acções Concretas para alcançar os ObjectivosPois bem, chegou a altura de traçares o teu próprio Sistema de Progresso, no final do teu Diário de Bordo irás encontrar umas tabelas que têm os objectivos propostos separados por trilhos e áreas de desenvolvimento. Nas páginas seguintes (em branco) irás colocar as tabelas que correspondem ao trilho de cada área que escolheste para a tua primeira etapa: Conhecimento. Após teres escolhido quais os objectivos que te propões alcançar, define as acções concretas que te levarão a cumprir estes objectivos. Pensa nelas e escreve-as nas tabelas no espaço próprio.Deves ter sempre em conta que o sistema de Progresso assenta sempre em Conhecimentos, Competências e Ati-tudes (CCA).

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Desprendimento

Quando e como surgiu o Escutismo e o CNE?

Como se organiza o CNE?

Quem foi Baden-Powell?

Conheces os Princípios, a Lei e a Oração do Escuta?

Conheces o livro “Escutismo para Rapazes”?

Quem foi o Beato Nuno de Santa Maria?

Como se organizam os Pioneiros?

Quais são os Cargos dentro das Equipas de Pioneiros?

Quais os Símbolos e qual a Mística dos Pioneiros?

Conheces o Patrono dos Pioneiros e o do teu Grupo Pioneiro?

Já sabes trabalhar e viver em Equipa?

Já conheces as Áreas e os Trilhos que terás de Escolher na tua Etapa do Conhecimento?

Já pensaste nas acções concretas que pretendes levar a cabo na Etapa do Conhecimento?

Reconhecimento pelo Conselho de Guias

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O Meu Sistema de Progresso

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Caderno

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Tabelas do Sistema de Progresso

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«E, quando acabou de falar, disse a Simão:Faz-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram»Lucas 5 - 4,6,10-11

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BibliografiaManual do Pioneiro – Fase de Adesão / Etapa de BronzeCorpo Nacional de Escutas Outubro de 2007

Projecto Educativo dos Pioneiros/Marinheiros – Manual para DirigentesFase Piloto - RAPSetembro de 2008

Mística e simbologia do CNECorpo Nacional de Escutas Outubro de 2001

Manual do Dirigente nº 6 - Reler o Escutismo para RapazesCorpo Nacional de Escutas Junho de 1995

Escutismo para Rapazes – Robert Baden-PowellCorpo Nacional de Escutas Fevereiro de 2004

Pequenas Histórias de Santidade – São Pedro ApóstoloPaulus Editora2005

São Pedro, Apóstolo – A. Codesal MartinEditorial MissõesDezembro de 2003

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